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Próximos da paranóia conseguir algo. A violência está num olhar reprovador, em pequenas atitudes ou na falta deÀs vezes tenho a sensação de las, na indiferença, no preconque há mais medo do que vio- ceito. O que realmente me deixa lência efetiva no Brasil. É melhor nem sair de casa, porque com medo é que o medo gera lá fora, na primeira esquina, mais violência. Com medo, as pessoas se isovocê poderá ser lam, não se abordado, assal- Com medo, as aprofundam tado, seqüestrapessoas se isolam, nas relações do, espancado. com o diferenAs modalida- não se aprofundam te, cercam-se des de violência de grades não são várias, e pa- nas relações com o somente onde rece ser difícil es- diferente, cercammoram, mas capar – todo também colomundo conhece se de grades não cam barreiras alguém que já somente onde no coração. Aí, passou por algo então, entraparecido. Resta, moram, mas mos em um cientão, a precau- também colocam clo vicioso: a ção: levar a sério desconfiança e recomendações barreiras no o preconceito que circulam na coração geram o medo internet, ouvir os e a violência conselhos das pessoas próximas e enfrentar a torna-se justificativa para comselva de humanos violentos. Tal- batê-lo. A psicologia já explicou que vez. Não acredito neste mundo ninguém nasce bom ou mau: a que estão falando por aí, nas “maldade” no indivíduo é forrodas informais de conversa, na mada pelo meio em que ele vive. tevê. Também não acredito que E quem será “bom” em uma o mundo seja cor-de-rosa. O que sociedade que não pensa no coeu sei é que todos fazemos a vi- letivo e prefere julgar antes olência, não apenas aqueles que mesmo de se conhecer? Estamos próximos de uma empunham armas de fogo para Taianá Martinez
Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães, Vice-Reitor: José Pio Martins, Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto, Pró-Reitor Acadêmico: José Pio Martins, Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães, Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Bastos Massi; Diretor do Núcleo de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas: Euclides Marchi, Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro, Professores-orientadores: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima. Produção: alunos da segunda e da terceira série do curso de Jornalismo. Editores-chefes: Eloisa Parachen e Hendryo André. Projeto gráfico: Carlos Guilherme Rabitz Neto, Eloisa Parachen e Hendryo André (colaboração).
O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo – UnicenP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3044.
Missão do curso de Jornalismo do UnicenP “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.
paranóia social já que a violência é o tema central das notícias e das conversas diárias, se refletindo no alto consumo de equipamentos de segurança privada. A paranóia virou obsessão. Há até indignação em alguns casos mais específicos de violência (leia-se quando prati-
cados contra membros das classes média ou alta da sociedade), mas não há nem sinais de mudança de atitude. O que eu sei, e parece que poucos querem enxergar, é que a violência é reflexo direto da desigualdade social, mas também é conseqüência do medo, do
desconhecimento e do preconceito. Seria muito mais inteligente se parássemos de tentar mostrar o quanto o mundo está “perigoso”, parássemos de nos colocarmos como vítimas e assumíssemos a responsabilidade sobre a sociedade que construímos.
HISTÓRIA E JORNALISMO POLÍTICA 1930 – Fraudes Durante a contagem dos votos, nos dias que se seguiram às eleições presidenciais de 1º de março, o Estado do Paraná foi coadjuvante nos conflitos nacionais que culminaram com a Revolução de 1930. Na ocasião, jornais locais como a Gazeta do Povo e A República denunciavam irregularidades na contagem dos votos, que oficialmente dariam a vitória a Júlio Prestes. As matérias acusavam a Aliança Liberal, de Getúlio Vargas, de anular mais de mil votos na capital curitibana. Os votos destinados ao candidato governista foram considerados “inválidos” devido à falta de indicação para o cargo nas cédulas. Sob a acusação de fraude, Julio Prestes não chegou a tomar posse. Fonte: Gazeta do Povo (04/03/ 1930) e A República (06/03/ 1930). (Rosangela Gerber) CULTURA 1949 – A “Garaginha” Maria Violeta Franco entrou para o mundo das artes de uma maneira extremamente precoce. Na época de sua juventude, Curitiba não passava de uma pequena vila, e os projetos da artista iam muito além do que aquele ambiente provinciano poderia oferecer. Guido Viaro foi quem primeiramente orientou a jovem na área da pintura, mas foi o curso de gravuras ministrado por Poty Lazzarotto que impulsionou o caminho artístico que Violeta viria a seguir em sua carreira. Em 1949, o atelier da ar-
tista transforma-se na chamada “Garaginha”, servindo como ponto de encontro de diversos artistas responsáveis pela renovação das artes plásticas no Estado, como Fernando Velloso, Paul Garfunkel, Alcy Xavier e Emilio Romani, dentre outros. Fonte: Internet (Raphael Moroz Teixeira). INTERNACIONAL A morte de Gandhi No dia 30 de janeiro de 1948, um hindu enfurecido assassinou uma das figuras mais importantes da história: Gandhi foi executado aos 79 anos, em Nova Délhi, pelo pistoleiro Nathuram Godse, que disparou três tiros do meio da multidão. Nascido em 2 de outubro de 1869, na Índia Ocidental, Mahatma - “grande alma”Gandhi passou por um longo processo de aprendizagem até se tornar uma figura histórica conhecida pelo seus atos pacifistas. Formado em Direito, tinha dificuldades em exercer a profissão por conta de sua timidez. Observador, desenvolveu com o tempo uma consciência social. Daí para frente Gandhi abraçou várias causas, liderou marchas, foi preso e teve grande importância na independência da Índia. Até hoje é lembrado como símbolo de resistência pela não violência. Fonte: Internet. Gabrielle Chamiço.
EDUCAÇÃO Analfabetismo no Brasil na Primeira República Durante a Primeira República, as questões educacionais ganharam grande destaque por parte dos governantes, principalmente nos discursos, e a confiança e os investimentos nas escolas eram plenos. Esta “esperança” no trabalho das escolas e professores como responsáveis pela ordem, pelo progresso e pelo desenvolvimento do país era tão ampla quanto a utopia dos republicanos. Assim, resultados de pesquisas na década de 1920 mostraramse grandes fr u st r a ç õ e s para a utopia republicana de um Brasil educado e desenvolvido: No ano de 1890 o índice de analfabetismo no país era de 67,2% e, para a decepção dos republicanos, em 1920, havia caído apenas 1%, chegando aos 66,2%. O número de alunos matriculados em escolas subiu apenas 18% em 40 anos, indo de 12%, em 1889, para 30% em 1930, mesmo com as reformas educacionais efetuadas nos estados, entre elas a de Lisímaco Costa no Paraná. Fonte: pedagogiaem foco.pro.br. (Luis Felipe Deon) Coluna elaborada pelos alunos de História Contemporânea do Brasil sob a orientação da professora Solange Stecz.
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O tema desta nona edição é Ecoturismo e Turismo de Aventura
Abertura
Diretor ressalta caráter científico do seminário Camila Pichete/LONA
Graciele Muraro
Aconteceu ontem, no Teatro Positivo, a abertura do IX Seminário Internacional de Turismo – SIT, que tem como tema o Ecoturismo e o Turismo de Aventura. O evento, que vai até domingo, dia 16 de setembro, tem o objetivo de promover discussões nacionais e internacionais entre pesquisadores, profissionais e estudantes de turismo. O evento conta com uma programação de palestras, inclusive de profissionais do exterior, mini-cursos, apresentação de trabalhos científicos, vivência de acampamento, feira comercial, exposição institucional, espaço ecoaventura, festa de encerramento, sit-tour ecológico. Os participantes também poderão fazer passeios pela Serra do Mar e participar de mais de quinze atividades de aventura como rapel, paredão de escalada, tirolesa, paintball, mergulho, entre outras. Na cerimônia de abertura
na noite de ontem, compuseram a mesa o diretor do Núcleo de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Centro Universitário Positivo, Euclides Marchi, o coordenador do curso de Turismo, Dario Luiz Dias Paixão, além de representantes do estado e da cidade de Curitiba e parceiros do seminário. Em sua colocação, Euclides Marchi destacou a vontade que os idealizadores do evento tiveram desde sua primeira edição em 1999. “O que será que os professores pensavam nove anos atrás, quando este evento era só uma atividade do curso de turismo?” E falou sobre o fato do seminário ser um evento científico, mostrando que a atividade não é só lazer. Segundo Marchi, o turismo é muito bom para a economia. “Ao olharmos as estatísticas vemos que o turismo no país poderia crescer mais, se não fossem os aviões caindo e os apagões aéreos”, afirmou ele. Para o coordenador do curso de Turismo, Dario Paixão, o
Manhã
fato de unir tantas pessoas, mostra que o evento é um dos principais do país. Segundo ele, já passaram pelo seminário congressistas de mais de 20 países. “Neste evento, ficamos impressionados com o número de trabalhos científicos inscritos. Foram cerca de 150 enviados, e mais de 90 selecionados”, ressalta. Os temas de cada ano são escolhidos pelos alunos do curso de turismo, e são conseqüência de suas curiosidades, que normalmente refletem a situação atual. Para a professora do curso de Turismo do UnicenP, Henreitte Cordeiro Guérios, o tema mais falado hoje é a preservação do meio ambiente. “Esta idéia foi muito interessante, justamente por sua atualidade. Basta olharmos as manchetes dos jornais. Ou você convence a população mundial que é necessário cuidar do seu local, ou teremos cada vez mais manchetes ruins”, afirma. A aluna e membro da equipe organizadora do evento, Stephanie Yuri Mitsui, considera
Evento é um dos principais do país para convidados o seminário importante, pois os alunos ‘colocam a mão na massa’. “A gente coloca em prática o que vê na sala de aula, e conhece de perto como é organizar um evento”. Stephanie lembra que o tema Ecoturismo e Turismo de Aventura, foi escolhido pelos alunos por se tratar de algo diferente nunca visto antes no SIT. “Nenhum outro
Seminário teve essa magnitude. Nós agregamos palestras e feira, e vimos que tinham mais coisas que podíamos trabalhar”, afirma. Os alunos do segundo ano escolhem o tema para o próximo evento, pois são eles que irão organizá-lo. Em 2008, o evento tratará de novas tecnologias no turismo.
C ronograma do IX SIT - S eminário I nternacional de T urismo Manhã
8h30 - Início das vivências de atividades de Aventura (1ºdia)
7h30/17h - Passeio de trem
9h - Abertura da Feira (2º dia)
9h - Início das vivências de atividades de aventura
Tarde
10h - Abertura da Feira (3º dia)
14h - Apresentação de trabalhos (pós-graduação) 17h Tour pelo câmpus
Noite 19h Encerramento da Feira (2º dia) 19h15 Palestras internacionais 23h Festa de confraternização ”Keep Jumping”
Dia 16 - Domingo
Dia 15 - Sábado
8h30/12h30 - “SIT” Tour Ecológico
10h/12h - Minicursos (carga horária - 6 horas)
Tarde 14h/18h - Minicursos (carga horária - 6 horas) 17h30 - Encerramento da Feira 17h30 - Encerramento das vivências de atividades de aventura 18h00 - Término do IX SIT
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4 Trabalhos
Evento traz alunos de todo o Brasil para participarem do SIT
Acadêmicos de Turismo apresentam trabalhos científicos no UnicenP Robertson Luz/LONA
Verônica Medeiros
O primeiro dia do IX Seminário Internacional de Turismo (SIT), promovido pelo Centro Universitário Positivo (UnicenP) com o apoio da Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (ABETA), começou às 14 horas com apresentações de trabalhos científicos de alunos de todo o Brasil. Neste ano foram inscritos 150 trabalhos. Foi feita uma seleção bastante rigorosa e apenas 97 foram escolhidos para serem apresentados no evento. Os trabalhos são divididos em graduação e pósgraduação. O evento é muito importante na área de turismo e conhecido em todo o país, por isso há a mobilização de muitos estudantes para participar não só na Numa seleção rigorosa, 97 trabalhos foram escolhidos entre 150 inscritos apresentação de trabalhos, mas O aluno do 4º ano da Unisul, em relação ao seminário. “Pou- de “Um inventário dos atrativos também para assistir e acrescentar conhecimento científico de Santa Catarina, Érico Rodri- cos alunos da Unisul se interes- histórico-culturais da praia do dentro da área em que vão atu- gues Machado Junior saiu de sam em desenvolver trabalhos ci- Forte”. Florianópolis e veio até Curitiba entíficos. Até mesmo a procura ar. “A escolha dos alunos da “No caso de apresentação de para apresentar seu trabalho ci- por estágios é pequena. Há um nossa universidade foi feita trabalhos científicos, a idéia sur- entífico intitulado “Elaboração de desinteresse muito grande em se através daqueles que se integiu há quatro anos, quando nós Inventário e cadastro turístico no envolver mais na área”, reclama ressaram pelo evento e que elavimos que precisávamos ampli- Distrito Santo Antônio de Lis- Érico. boraram, como eu, artigos A aluna do 4º ano do curso de para que fossem mandados ao ar o número de pesquisas que os boa”. Érico compara a realidade alunos estavam fazendo. Querí- de turismo dos dois estados e Turismo do UnicenP, Morgana Congresso. Assim que foi aproamos trazer também pesquisa- acredita na importância de even- Toaldo Guzela, está participan- vado, já me organizei para vir dores de outras universidades tos como este para o futuro den- do do evento com a apresentação a Curitiba. Essas publicações de dois trabalhos: “O estudo su- de artigos em seminários, conpara dentro do UnicenP para tro da profissão. “O foco de turismo em Santa perior do turismo – disciplinas, tam muito para um futuro debater com os nossos alunos soCatarina é volta- academia e mercado” e “Fotogra- mestrado ou bolsa no exteribre o que se está do para as praias. fia e suas interfaces para o de- or”, diz Tiago. pesquisando na “A idéia [de apreCuritiba já tem senvolvimento de imagem de um área e aumentar Os melhores trabalhos são a qualidade de sentação de traba- uma ar mais in- destino turístico”. classificados para entrar no li“Essa é uma oportunidade vro que está saindo sobre esse telectualizado, ensino, conse- lhos] surgiu há 4 atraindo outro única de trazer o que a gente está evento. qüentemente”, diz Dario Paixão, anos, quando nós vi- tipo de turista. pesquisando, estudando e a nosOs prêmios para os primeiTer essa visão di- sa área de interesse, além de po- ros lugares de graduação e póscoordenador do mos que precisávaferente dos dois der produzir conhecimento e não graduação são de R$ 400 e R$ curso de Turismo do UnicenP. mos ampliar o núme- lugares é bastan- só assimilar o que é feito em sala 1000, respectivamente. A este importante. de aula”, complementa Morgana. colha é feita por professores Não só os alu- ro de pesquisas” O bacharel em Turismo, for- doutores de várias regiões do Esse evento, que nos daqui, mas também os que vêm de outros es- é o segundo mais importante do mado pela Unisul e pós-graduan- Brasil, que recebem os trabatados têm a chance de apresen- Brasil, faz a gente se deslocar. As do em turismo, lazer e hospitali- lhos da comissão organizadotar suas idéias e tornam-se “pro- melhores cabeças pensantes es- dade, Tiago Born Jaeger vai par- ra do evento. ticipar do seminário e apresentagonistas” do evento, além de re- tão aqui”, comenta Érico. Após as notas dadas para váApesar de ser um evento tar um artigo que tem como base rios quesitos, três avaliadores ceberem o retorno de outros pesquisadores de turismo para me- muito bem conceituado, ainda há sua monografia de conclusão de decidem quais foram os melhoo desinteresse dos alunos da área curso de graduação com o título res dentre os selecionados. lhorar e enriquecer o trabalho.
A tividades nos grupos de v i v ê n c i a Rapel Tirolesa Pêndulo Ponte tibetana Slide / Preguiça Slack Line Salto da fé Mergulho Tryke Caminhão Terral Expedições Balonismo Futebol inflável Guerra de cotonetes Paintball Paredão de escalada esportiva Atividades circenses Cama elástica Escada maluca High jump Botes de rafting e duck Skate Jeep Gestão da Segurança
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Representantes internacionais vêm a Curitiba discutir ecoturismo
Palestrantes falam sobre ecoturismo no cenário internacinal Anaisa Lejambre/LONA
meira é contar um pouco sua experiência na Costa Rica no processo de evolução. “Meu país tem um turismo alternativo e sustentável. Mostrar como foi a evolução de quando começou o turismo e como está agora, e por que chama tanta atenção das pessoas. Como lidar com o turismo internacional, tendo uma diferenciação no modo de trabalho”, conta Ana. Outro ponto a ser abordado é o fato do ecoturismo ter encontrado um mecanismo para desenvolver toda a conservação dos recursos naturais culturais e patrimônios que o país tem. “Costa Rica não tem praias que possam competir, por exemplo, com o Caribe. Mas temos as nossas praias, oferecemos a cultura e a natureza com a biodiversidade”, disse ela. No final da palestra serão tratados alguns casos referentes. Como este evento que está acontecendo em Curitiba, e também os programas de boas práticas em nível nacional, como o processo de certificação turística. Este processo hoje é trabalhado com certificação para hotelaria, operadores, transportes, etc. “Estas práticas garantem que sejam implementadas, criando um mercado para o consumidor que pode identificar o grupo importante de provedores: os que estão no sistema de certificação, pode-se confiar”, comenta Ana. Outro grande programa que será enfocado na palestra é o “limpe sua viagem”, uma proposta inovadora que pretende diminuir a quantidade de CO2 emitido no ar, pelo transporte utilizado pelo turista.
Jefferson Zapelaro e Anaisa Lejambre
Três convidados estrangeiros compõem a mesa de palestras do IX Seminário Internacional de Turismo na noite de hoje no Teatro Positivo: a embaixadora da Nova Zelândia, Alison Mann, falará sobre o turismo de aventura no seu país; o professor da Faculdade de Turismo da Universidade do México, Marcelino Castilho Nechar, vai abordar a pesquisa turística na América Latina, e a bióloga costa-riquenha Ana Báes tratará das práticas sustentáveis para fortalecer iniciativas de ecoturismo. Em entrevistas exclusivas ao LONA, concedidas na tarde de ontem, os palestrantes anteciparam uma síntese das colocações que farão durante a sessão desta noite. Marcelino Nechar informou que, na primeira parte da palestra, será discutida a situação e a experiência que a universidade mexicana vive e como é feita a pesquisa sobre o ecoturismo e o turismo de aventura. “Temos que analisar as concepções e as estratégias que se passam na edição oficial do ecoturimo e turismo de aventura”, disse ele. A segunda parte será mais para analisar sobre o que está acontecendo com algumas pessoas e empresas voltadas ao ecoturismo. O professor, que tem doutorado em Ciências Políticas e Sociais, faz uma análise do que aprendem nas universidades mexicanas, mostrando o que eles acreditam apresentar para a América Latina. “Os aprendizados que os alunos possuem são pelas várias revistas pesquisadas, nas quais especialistas publicam suas idéias e os alunos podem utilizar esse trabalho. Estas revistas são excelentes”, conta Nechar, acrescentando que sua vinda ao Brasil tem objetivo básico de trocar conhecimentos sobre turismo. A bióloga Ana Báes, autora de livros sobre o assunto e presidente da empresa Turismo e Conservación, explicará sobre as práticas sustentáveis para fortalecer iniciativas de ecoturismo, com base em lições aprendidas na Costa Rica. Ela está gostando de sua vinda ao Brasil e de poder mostrar um pouco mais sobre seu conhecimento. Com um caderninho nas mãos, dividiu em três fases sua palestra. A pri-
Ana Báes e Marcelino Nechar: praticas sustentáveis e turismo de aventura
Busca de conhecimento O congresso trata sobre temas de relevância para a sociedade, e jovens estudantes de Turismo participam das palestras para compreenderem melhor os assuntos. Entre os acadêmicos de outras instituições que vieram a Curitiba participar do IX SIT está Jakson Aver, aluno de Turismo em Caxias do Sul (RS). Matriculado no 2º semestre do curso, este é o primeiro congresso do qual ele participa e comenta que pre-
tende se especializar no turismo de aventura e ecoturismo. “O objetivo de estar participando deste congresso é a procura por mais conhecimento, pois qualquer informação é válida. Além de conseguir novos contatos com pessoas diferentes e no caso daqui, com pessoas de outros países”, afirma Jakson. Ele vai assistir todas as palestras e ficará na cidade até segunda-feira. O estudante demonstra o fascínio que tem
pelo ecoturismo e diz: “Gosto muito da parte do meio ambiente, que acho que hoje em dia é muito importante, devido aos grandes acontecimentos na atualidade relacionados com a natureza. É preciso que haja a conservação da mesma. Isso acaba sendo um dos conceitos do ecoturismo: a relação da pessoa com o meio ambiente, sempre em busca da conservação ambiental”.
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6 Meio Ambiente
No Paraná, destinados mais procurados são o litoral e as Cataratas do Iguaçu
500 mil praticam ecoturismo no país, apenas 30% são brasileiros Samuel Berger/ Praia Secreta
Hendryo André e Michel Prado
Destruir a monotonia e desfrutar belas paisagens. Queimar calorias e respirar o ar puro que só a natureza pode oferecer. Devastar o conhecimento da história de uma região e ajudar a reconstruí-la para gerações futuras daquela comunidade. Estes são os princípios do ecoturismo, o ramo do turismo que mais cresce no mundo. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o mercado do ecoturismo expande, em média, 20% ao ano, contra apenas 7% do ramo convencional. A Organização estima ainda que 10% dos turistas que viajam pelo planeta são ecoturistas – só no Brasil meio milhão de pessoas praticam a modalidade todos os anos. No cenário nacional, aliás, o estado que mais se destaca é o Amazonas. No entanto, a participação de brasileiros na região é pequena, apesar das estimativas da OMT apontarem que a porcentagem triplicou nos últimos anos, atingindo 30%.
Ecoturismo “Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas” Fonte: Embratur
Paraná Quando se pensa em ecoturismo no Paraná, logo se pensa no litoral – em especial na Ilha do Mel –, na Serra do Mar e em Foz do Iguaçu. Entretanto, algumas regiões desconhecidas oferecem belas paisagens e até mesmo aventura para os amantes dos esportes de aventura. Segundo a Orion Turismo, uma das 190 agências afiliadas à Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) no Paraná, as empresas do ramo devem ter res-
O rafting pode ser praticado em diversas regiões do Paraná, inclusive no Vale da Ribeira ponsabilidade na conduta dos visitantes. Para a agência, não tem como existir o ecoturismo sem que ele seja sustentável. Deve-se gerar renda para as famílias das regiões, mas sem degradar o meio ambiente. Portanto, é importante uma união no setor de turismo como, por exemplo, o trabalho das ongs. De acordo com a representante da empresa, faltam investimentos para que o Estado consiga competir igualmente com outras regiões do Brasil. O Paraná não tem atrativos consolidados fora Foz do Iguaçu e a Ilha do Mel. Não existe como concorrer com regiões que, às vezes, nem são tão bonitas como as paranaenses, mas que são di-
vulgadas. Um exemplo é o Canyon Guartelá, o sexto maior do planeta em extensão, localizado entre os municípios de Castro e Tibagi. O lugar é fantástico, mas mas pouco conhecido, garante a assessora da Orion. Não é este o pensamento de Daniel Spinelli, proprietário da Praia Secreta, uma operadora de turismo de aventura. Para ele, é melhor que não se divulgue este tipo de lugar: “Aí vai uma pessoa por conta lá e picha uma rocha, joga lixo, pega uma bromélia para levar para casa. E estas atitudes fogem da proposta do ecoturismo”, explica.
Spinelli também discorda da Orion quando o assunto é investimento: “O que falta é mão-de-obra qualificada. Falta gente séria. Tem um monte de picaretas que ‘pegam uma onda’ e querem abrir um negócio. Mas estas empresas não duram muito”. Para que a divulgação do Estado pudesse ser feita, segundo Spinelli, seria necessário os órgãos públicos mudarem de visão: “O Brasil tem pouco dinheiro em todos os serviços, principalmente os ambientais. Por isso, eles preferem controlar as empresas de turismo e não os indivíduos que vão aos locais por conta própria”, desabafa.
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Categorias
Setor de turismo gera U$ 70 bilhões no Brasil por ano
Rafting Prática de descida em corredeiras em equipe utilizando botes infláveis e equipamentos de segurança. A primeira viagem de barco em corredeiras foi registrada em 1869, no Rio Colorado, nos Estados Unidos. No Brasil, os primeiros botes para rafting só chegaram em 1982.
Hendryo André/LONA
Hendryo André
Balonismo
Michel Prado
O turismo é uma das áreas que mais promovem desenvolvimento no mundo. De acordo com a OMT, a receita gerada pelo ecoturismo é estimada em U$ 260 bilhões, sendo, destes, U$ 70 bilhões produzidos no Brasil. Calcula-se que, no geral, o turismo seja responsável por 11% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o que representa U$ 3,4 trilhões por ano – cifras que implicam no desenvolvimento de vários países. No Paraná, algumas regiões já têm a possibilidade de almejar o crescimento. “A região do Vale do Ribeira [localidades com o menor Índice de Desenvolvimento Humano] está tendo a oportunidade de se desenvolver com o turismo. O ecoturismo contribui na região com o rafting no rio Cerro Azul”, conta Daniel Spinelli, da agência Praia Secreta.
A primeira demonstração com balões foi feita 1709, pelo padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão. Na época ele demonstrou ao Rei João V de Portugal um balão que subiu de cerca de 4 metros, mas pegou fogo logo em seguida. Hoje existem campeonatos de balonismo em todo o mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Balonismo organiza competições desde 1987.
Escalada A escalada esportiva usa técnicas e movimentos do motanhismo e exige o máximo de força e concentração do atleta. Uma das principais vantagens da escalada é que ela pode ser praticada em qualquer lugar, pois só utiliza uma parede e os equipamentos de segurança.
Serra do Mar é um dos locais mais visitados no Estado
Rappel
Cuidados necessários com o ambiente Ao visitar uma unidade de conservação, o turista deve estar atento às exigências do local. Nos parques nacionais, estaduais e municipais é permitida a visitação para a prática de atividades recreativas como caminhadas, montanhismo, canoagem, mergulho e observação de animais, entre outros. Nas reservas biológicas e estações ecológicas, a visitação só é permitida para pesquisa e educação ambiental. Nesses lugares, alguns cuidados são necessários:
Entre em contato com a administração da área que você vai visitar previamente; Nada do parque deve ser levado embora: tudo no local faz parte do meio ambiente. Observe os animais à distância e não os alimente. Além do risco de doenças que alguns bichos silvestres podem transmitir, a proximidade pode ser encarada como ameaça;
Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água. Não cave valetas nem arranque a vegetação ao acampar; Para cozinhar utilize um fogareiro próprio para acampamento. A iluminação deve ser feita com um lampião ou uma lanterna; Tire fotografias, só deixe leves pegadas e leve para casa apenas suas memórias;
Não queime nem enterre o lixo produzido durante a viagem. Traga tudo de novo com você. Se você pode levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, pode trazê-la vazia na volta; Aprenda as técnicas básicas de segurança, como usar um mapa e uma bússola, e primeiros socorros.
O termo “rappel” vem do francês e significa trazer e recuperar. Não se sabe exatamente quando foi criado, mas foi muito utilizado por arqueólogos na exploração de cavernas. O rappel é uma técnica de descida usada para atravessar obstáculos como cachoeiras e paredões.
Trekking Caminhar por trilhas naturais, desfrutando do contato com a natureza e, ainda por cima, cercado de belas paisagens em locais pouco conhecidos. Quem pratica o trekking ou caminhada, tem essa oportunidade, e esse é sem dúvidas o principal motivo que faz do esporte um dos que mais cresce dentro do ecoturismo.
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8 Geral
Feira de Ecoturismo e Turismo de Aventura é a novidade do IX SIT
Empresas e instituições expõem produtos Mariliza Bonesso
Foi aberta no final da tarde de ontem a Feira de Ecoturismo e Turismo de Aventura que integra a programação ao IX Seminário Internacional de Turismo (SIT), promovido pelo Centro Universitário Positivo (UnicenP). A Feira, montada no centro esportivo do campus, é uma das novidades da edição deste ano. São 20 estandes de empresas e instituições que expõem diversos produtos e serviços relacionados ao turismo, principalmente ao de aventura, esportes de aventura e ecoturismo. Todos os trabalhos da feira são pensados e organizados pelos alunos do 3º ano de Turismo do UnicenP, que ficaram responsáveis tanto pela escolha do tema, como pela organização do evento. Segundo o coordenador do curso de Turismo, Dario Paixão, a feira vai desenvolver atividades paralelas no mesmo local:
“Além dos expositores, teremos outras atividades, como pista de skate, palco com apresentações de malabarismo, equilíbrios circenses e presença de DJs”. O professor explicou que esta é uma feira comercial e é aberta ao público: “Os expositores apenas pagaram pelo espaço e vieram aqui expor e vender produtos de ecoturismo às pessoas que estiverem presentes no evento”. Um dos estandes é o da Casa da Montanha, que vende equipamento para escalada, camping e montanhismo. Rafael Wojcik, consultor técnico da loja, diz que já participou de outros eventos: “É a primeira vez que expomos nossos produtos neste evento, mas como a empresa é conhecida entre os adeptos do turismo de aventura fomos convidados para mostrar aqui nossos produtos, vender e instruir como é feito o uso dos equipamentos”. A turismóloga Cláudia Malachini, formada há três anos, abriu a agência Kirra, de intercâmbios, viagens e cursos jun-
Camila Pichete/LONA
Feira composta por 20 estandes é novidade no seminário to com um colega de classe. “Eu fui convidada a participar da feira por uma pessoa que faz o curso aqui no UnicenP”, disse
Cláudia, manifestando uma boa expectativa em relação ao sucesso do empreendimento. Os estandes ficam abertos duran-
te todo o dia de sábado, junto às atividades paralelas do SIT, e no domingo até às cinco e meia da tarde.
Geólogo defende potencial do geoturismo Gláucia Canalli
O Brasil conta com uma grande diversidade de elementos geológicos com potencial de exploração turística. Trata-se de um segmento que, se tiver investimentos, poderá trazer ótimos resultados, tanto para empresários quanto as administrações municipais. Quem defende esta idéia é o geólogo e fotógrafo curitibano Antonio Liccardo, que desenvolveu recentemente uma iniciativa pioneira na área: a criação de um site com informações sobre o geoturismo no Brasil (www.geoturismo brasil.com). Além de sítios geológicos e paleontológicos, pequenos municípios ou propriedades particulares podem apresentar pontos de interesse geoturístico. “Palavras ‘mágicas’ como vulcão, terremoto, diamante e esmeralda atraem os
turistas”, afirma Liccardo. De acordo com o geólogo, os trabalhos de levantamento geoturístico crescem numa velocidade significativa. Os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia e Paraná apresentam planos de estudo em andamento. No Paraná, Liccardo participou da criação e instalação de painéis em pontos de interesse geoturístico e da pesquisa de novos locais para trilhas de turismo. Um exemplo citado pelo geólogo é a cidade de Tibagi, a 220 quilômetros de Curitiba. Estudos realizados na região indicaram a existência de sítios arqueológicos, cujas características foram evidenciadas em nove painéis. Atualmente, guias recebem capacitação para atender turistas que visitam a cidade. Hoje, o município é o quarto mais importante do Paraná em ecoturismo.
Em 2003, a Mineropar iniciou o projeto Sítios Geológicos e Paleontológicos do Paraná com o objetivo de integrar a geologia ao turismo, tanto levando o conhecimento geológico aos atrativos turísticos naturais, quanto tornando a geologia um atrativo turístico, transformando pontos notáveis em produtos turísticos. Com vários projetos estruturais em andamento, a companhia interage em parceria com profissionais e empresas, fomentando a atuação neste setor. Ela pretende, ainda, lançar um atlas geoturístico do Paraná bilíngüe. O Paraná é o segundo estado com o segmento de geoturismo mais desenvolvido, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Há 31 painéis que trazem informações geológicas espalhados por pontos de visitação turística em todo o Estado.“O turismo bem gerenciado só traz benefícios para a localidade,
pois serve de fonte de renda para a conservação”, diz Liccardo. E acrescenta: “O geoturismo causa sensibilidade e então melhora a consciência ambiental”.
Atualmente, Liccardo está desenvolvendo um guia de geoturismo em Curitiba, que será lançado no começo do próximo ano. Gláucia Canalli/ LONA
Liccardo: divulgação do potencial turístico da geologia
Curitiba, sábado, 15 de setembro de 2007 Meio Ambiente
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Ainda pouco explorada pelos viajantes, Superagüi reúne fauna e flora diversificadas
O paraíso do ecoturismo no Paraná Texto e fotos: Gabriel Lopes
A Ilha de Superagui fica localizada a três horas de barco de Paranaguá. É um lugar maravilhoso que tem atraído um número crescente de visitantes, adeptos do turismo de aventura e do ecoturismo, embora seja pouco explorada. A grande diversidade de animais, como aves, botos, focas e às vezes até baleias, é uma atração adicional, ao lado da flora belíssima. A população da ilha é muito receptiva, simples e vive apenas da pesca. O lugar mais visitado é a Praia Deserta, com 38 quilômetros de extensão, que faz divisa com a ilha do Cardoso, já no litoral Sul de São Paulo. Para os praticantes do surfe, sempre há boas ondas e ninguém dentro do mar, algo quase impossível hoje em dia em praias mais badaladas. Outra grande atração é o final de tarde, com um pôr-do-sol inesquecível em frente à vila dos pescadores. Para quem gosta de frutos do mar, Superagüi oferece grande diversidade como peixes, camarão, ostras por preços muito baixos. Uma refeição completa de salada e frutos do mar não passa de R$ 10 por pessoa. As acomodações também são baratas: por R$ 25 é possível pernoitar em uma pousadinha confortável e tomar café-da-manhã. É um lugar que chove pouco. Faz bastante calor durante o dia, proporcionando noites com um dos céus mais estrelados do litoral paranaense. As opções de lazer noturno são raras, porém uma vez por mês, acontece a famosa dança típica dos pescadores, o fandango. A festa é comandada pelos pescadores mais idosos da ilha, que cantam e tocam violão feito por eles mesmos. Para acrescentar a alegria da festa, a bebida pode ser cerveja ou a cataia, que é típica de Guaraqueçaba, feita com folhas curtidas com cachaça, com forte teor alcoólico.
Curitiba, sábado, 15 de setembro de 2007
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São Bento do Sul, em Santa Catarina, celebra festa tradicional da Alemanha
30 mil pessoas na Schlachtfest Fotos: Diego Ramos/ Lona
A praça de alimentação foi montada exclusivamente para o evento Diego Ramos
Uma antiga tradição germânica, a Schlachtfest, ou festa da carne, é preservada por descendentes de imigrantes alemães que colonizaram a região de São Bento do Sul, em Santa Catarina. Todos os anos, no início de setembro, a comunidade organiza a festa que lembra as atividades de estocagem na entrada do inverno quando os homens da casa saíam à caça para guardar os alimentos. Após o sucesso da caçada, as famílias se encontravam para celebrar a fartura de comida. Segundo a organização do evento, que neste ano alcançou a sua 26ª edição, cerca de 30 mil pessoas compareceram à Schlachtfest, e pouco mais de 25 mil litros de chope foram consumidos nos quatro dias de comemoração, de 6 a 9 de setembro. Além de bebida, os festeiros encontraram alimentos em fartura na ampla praça de alimentação montada dentro da Sociedade Ginástica e Desportiva São Bento, palco principal da Schlachtfest. As ruas e praças da cidade, que receberam deco-
ração especial para a celebra- 5,4 mil litros de chope fizeram ção, foram tomadas pela multi- a festa dos presentes. Ao meio dia da sexta, a banda de Jaradão durante o feriado. Na quinta-feira dia 6, uma guá do Sul, Tal´s Baum tocou missa às 19h na Igreja Matriz no coreto montado no pátio. Às Puríssimo Coração de Maria quatro horas da tarde foi a vez deu início à comemoração. Após das apresentações folclóricas a cerimônia, a Banda Treml, animarem os convidados. O Trio tradicional na cidade, abriu as Edelweiss tocou às seis horas, festividades no clube. À meia finalizando a tarde de sexta. Durante a noite, o Baile da noite, foi aberto o primeiro baiRainha era o le, movido ao mais aguardado som do grupo “O melhor de tudo da festa. Várias Os Sonatas. “É garotas disputadificil eu sair é o almoço no vam o lugar de na quinta-fei- domingo aqui na Rainha da Schlara, porque chtfest. O evento acordo cedo e ‘Sclacht’, pois é teve início às trabalho o dia tradição na minha nove horas da noiinteiro. Mas a te e a eleita foi Schlachtfest família se reunir e Becker. merece, é a confratenizar com Monique O público vibrou melhor festa com o baile, uma do ano, com nossos amigos” das mais animacerteza”, contou a secretária Michele Mi- das era a empresária Anete Bochels, 22 anos, natural de São llman Garcia, que freqüenta a festa desde a primeira edição. Bento. No primeiro dia 3,4 mil li- “Não perco a Schlachtfest por tros de chope foram consumi- nada. O primeiro baile que fui dos. A sexta-feira amanheceu na minha vida foi aqui. Meu pai em São Bento com um sol de 30 era muito rigoroso e eu nunca graus, o que contribuiu para o podia sair, até que um dia ele sucesso nas vendas de bebidas. resolveu liberar”, lembra a emDurante o dia 7 de setembro, presária, que todo ano veste seu
traje típico para ir ao evento. À meia-noite, a Banda do Barril, de Blumenau, agitou o baile, que durou até as cinco horas da manhã, encerrando mais um dia de alegria na cidade.
Desfile O penúltimo dia da Schlachtfest foi marcado pelo desfile de carros nas ruas. Cerca de 60 entidades de São Bento e região desfilaram para os espectadores. O desfile começou às três horas da tarde e teve como principal objetivo mostrar as tradições germânicas encontradas na cidade. Foram distribuídos chope, bolachinhas caseiras, balas, vinhos e até mesmo preservativos. Durante o sábado, também ensolarado, várias bandas e grupos culturais apresentavam-se no pátio do clube. Às onze horas da noite, começou o baile que, novamente, vai até a manhã seguinte. No encerramento, mais uma tradição foi seguida. Às sete horas da manhã, os jovens foram tomar café da manhã na Fendrich, lanchonete da cidade. “Estou muito cansado, mas não perdemos um lanchinho aqui. Sem contar que é o último dia que venho, então vale a pena”, conta o estudante Miguel Baptista, de 19 anos, com um copo de chope, colaborando para os 10 mil litros consumidos no dia. Na última etapa dos feste-
jos, a programação era mais leve. O baile começou às cinco horas da tarde e terminou à meia-noite. “A festa é boa demais. É a primeira vez que venho. Vim de Curitiba com um amigo meu que namora uma menina daqui mesmo. Ia ficar só até sexta e depois iria para Piçarras, no Bali Hai, mas resolvi ficar, porque vale muito a pena, é um carnaval fora de época”, disse o estudante de Marketing Lucas Lambertucci, que ainda completou aos risos, “tem que ser guerreiro para agüentar o feriado aqui, mas a recompensa vem com as alemoas (sic)”. É um carnaval fora de época, mas as músicas são todas típicas da Alemanha.
Comida A gastronomia também é marca registrada da Schlachtfest. Espetinho, doces caseiros, cachorro-quente, pratos típicos e café colonial fizeram muitas pessoas se deliciarem. “O melhor de tudo é o almoço no domingo aqui na ‘Sclacht’, pois é tradição minha família se reunir e se confratenizar com nossos amigos”, diz a estudante Fernanda Just, de 15 anos, que ainda ressalta: “Mas além do almoço também tem os docinhos de sobremesa, que são maravilhosos”. Agora só ano que vem. A data está marcada: setembro de 2008. Na cidade de característica alemã somente a arquitetura e a forte colônia germânica ficaram. Até lá!
O baile de sábado recebeu o maior público do feriado
Curitiba, sábado, 15 de setembro de 2007
Serra guarda a maior reserva de floresta de araucária do Paraná
Área de proteção da Serra da Esperança sai do papel
Fotos: Mariana Pizzato/LONA
Meio Ambiente
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Ana Luisa Toledo
A Área de Preservação Ambiental (APA) da Serra da Esperança está efetivamente saindo do papel depois de 14 anos de constituição.Trata-se da maior reserva contínua de floresta de araucária que ainda existe no Paraná, faz parte do projeto de preservação e desenvolvimento que contempla dez municípios na região centro-sul do Estado e tem parceria do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria Estadual do Meio Ambiente e a organização não governamental Mater Natura. Para os pequenos agricultores, a iniciativa foi recebida com esperança de que suas atividades possam melhorar. O presidente da Associação dos Moradores, Pecuaristas e Agricultores de Rio do Areia, Ambrósio Malko, afirma que a apresentação de novas alternativas para as pequenas propriedades irá facilitar as atividades da agricultura local. “Ter nosso representante na discussão irá melhorar o processo de elaboração do plano de manejo, beneficiando os pequenos agricultores sem deixar de lado a preservação da área”, disse Malko. A Serra da Esperança totaliza 206,5 mil hectares, é dividida entre o segundo e terceiro planaltos paranaenses. Na porção que corresponde ao segundo planalto, a estrutura é sedimentar, e a fundiária é marcada por pequenas propriedades, predominando a colonização de ucranianos e poloneses, onde se desenvolve uma agricultura de subsistência. Localizam-se ali os municípios de Prudentópolis, Irati, Mallet e Paulo Frontin. Na área relativa ao terceiro planalto, formado por basalto, predominam as grandes propriedades e desenvolvem-se as atividades extrativistas, de exploração da madeira e erva-mate e a pecuária extensiva. Os municípios abrangidos são Guarapuava, Cruz Machado, União da Vitória, Inácio Martins e Paula Freitas. A área sofre atividades predatórias, extrativismo vegetal e notadamen-
te a extração de madeira e xaxins. É justamente o problema das atividades predatórias uma das maiores preocupações do projeto. Além dos danos ecológicos, aspectos econômicos também estão envolvidos. Com os problemas analisados, surgiu a oportunidade da ong Mater Natura enviar uma proposta para o Ministério do Meio Ambiente. “Concorremos com ongs de todo o país, e fomos aprovados. Em seguida fizemos uma parceria com
o IAP”, comentou Pollyana Born, bióloga da Mater Natura. O projeto foi aprovado e a parceria concretizada. O programa já está na segunda fase. Germano Toledo Alves, agrônomo do IAP e gerente da APA, explica que o programa precisa ter continuidade e para isso será formado um conselho gestor participativo, com representantes de cada município.
Salto de São Francisco Considerado o salto mais alto da região Sul, com aproximadamente 196 metros de queda livre, o São Francisco atrai turistas da região. Localizado na Serra da Esperança, uma área natural de grande apelo cênico, tem uma beleza impressionante. Além de sua altura, o volume de águas, a formação rochosa, a água límpi-
da e a queda do salto são espetaculares. O local é favorável a caminhadas, observações, prática de rapel. Para a estudante Mariana Pizzato, que visita a serra com freqüência, a iniciativa do projeto é muito importante tanto para proprietários da região, quanto para os turistas. “O projeto, além das atividades dos pequenos agricultores melhor, as condições turísticas da Serra também vão ganhar e o local vai ser preservado”. Para chegar ao Salto São Francisco é necessário passar por um trecho de terra batida e pedras com aproximadamente 15 quilômetros. A visão da paisagem no caminho para o salto é linda, contornando e subindo parte da Serra da Esperança conhecida localmente por “Serra das Pombas”.
“Este conselho irá levantar os problemas da região e, com o auxílio da comunidade, apresentar soluções viáveis. Os representantes serão escolhidos pela população, com democracia e participação”, afirma. Na primeira etapa do projeto foi realizado um levantamento dos proprietários de áreas localizadas na região da APA, seguido de reuniões para explicar o funcionamento do plano de preservação. “Participei da primeira reunião, agora vou fazer a oficina de capacitação. Vamos ajudar para que aconteça o que precisamos, beneficiando os pequenos agricultores e também os municípios”, afirmou Pedro Lucidio, proprietário de uma área no município de Inácio Martins. Nas oficinas de capacitação, são explicados detalhes do projeto, de como funciona a APA e de como será o conselho gestor e seu desenvolvimento. Na segunda etapa, serão realizadas 16 oficinas. “Daremos mais explicações para eles nessas oficinas que vão acontecer durante um dia inteiro. Nós vamos entregar o assunto para que eles saiam de lá com uma noção maior do que realmente vai ser o projeto”, explicou Pollyana. Uma terceira etapa será direcionada à formação do conselho gestor que terá a representatividade da sociedade civil nas decisões para o desenvolvimento do projeto. Os participantes das oficinas, junto com as prefeituras, irão indicar os seus representantes no conselho, que depois de formado e com o estatuto pronto, elaborarão o plano de manejo. De posse destes dados será realizada com o conselho da APA uma oficina de planejamento, que terá vários objetivos como a discussão a proposição do zoneamento ambiental e o planejamento da APA, que inclui o turismo na Serra da Esperança.
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Curitiba, sábado, 15 de setembro de 2007
Volpi, o mestre dos mestres Eduardo Betinardi
Um passeio entre obras originais, dinâmicas, vibrantes e expressivas, que despertam as mais variadas sensações. Assim podemos definir a exposição de Alfredo Volpi. Filho de imigrantes italianos, Volpi desembarcou no Brasil aos dois anos de idade e nunca mais abandou a pátria que adotou de corpo e alma. Alfredo Volpi destaca-se por produzir uma arte original, com uma linguagem exclusiva desenvolvida na base de muitas experimentações e mutações, o que torna as obras incomparáveis, diferente dos artistas da mesma época, que não conseguiam fugir da influência européia. Essa distinção de estilo foi motivada principalmente pela diferença social entre Volpi e os outros artistas. Enquanto Volpi era de uma família humilde que lutava para sobreviver em solo brasileiro, seus contemporâneos tinham contato direto com a produção artística e com os movimentos artísticos europeus. As obras de Alfredo Volpi ficarão expostas até o dia 30 de setembro no Museu Oscar Niemayer. São 117 pinturas que exibem toda a exuberância do artista com obras produzidas entre os anos de 1920 e 1970.