LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 1
Curitiba, 20 de abril de 2006
Curitiba, quinta-feira, 20 de abril de 2006 Ano VIII - Nº 205 Jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo - UnicenP - jornalismo@unicenp.edu.br
Programas asseguram acesso de negros na universidade Silvia Pugsley/ LONA
Três programas de inclusão racial garantem o acesso de estudantes negros ao Ensino Superior no Paraná: o Projeto Adebori, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o sistema de cotas em universidades públicas. Até 2003, em média 42 estudantes negros ingressavam na Universidade Federal do Paraná (UFPR) por ano, para um total de 4 mil vagas. Apenas com o sistema de cotas, o quadro mudou: em 2005, 573 alunos negros entraram na UFPR por esse programa. Página 3
Campanha de vacinação de idosos começa segunda
O governador Requião reuniu-se ontem na FIEP com empresários para discutir acordos com a Venezuela
Inscrições do Enem 2006 abrem pela internet Página 4
Empresas analisam Orkut de candidatos para contratar Página 7
Página 3
Reportagem especial retrata vida de jornalista viajante Página 8
Inicia na próxima segunda-feira em todo o país a campanha de vacinação para idosos. No Paraná, cerca de 860 mil pessoas serão vacinadas, sendo 150 mil da capital. A campanha que pretende proteger pessoas com mais de 60 anos de doenças do inverno, como a gripe. Página 5
Opinião discute nepotismo Página 2
2 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 20 de abril de 2006
EDITORIAL
A ditadura da tradição
Reconstrução corrupta O jornal americano “The governo de George Bush obteWashington Post” apresentou ve com a invasão ao país então ontem uma importante reve- comandado por Saddam Huslação referente à ocupação no sein - elemento que traz à tona Iraque. O impresso trouxe em os verdadeiros motivos da suas páginas a confissão de guerra empreendida pelos Esum empresário americano que tados Unidos. admitiu suborA invasão nar governanestadunidentes estadunises foi feita Um empresário denses para sob circunstânamericano admitiu cias muito faobter favorecimento nas ope- subornar governantes voráveis a sua rações de reenconomia. O construção do para obter vantagens Iraque é um país. dos maiores nas obras de O empresáprodutores de reconstrução do rio em questão petróleo do Iraque é Philip Bloom, mundo, enque possui três quanto a ecoempresas trabalhando no pro- nomia norte-americana não jeto norte-americano. Bloom consegue produzir todo o comjá havia sido preso em virtude bustível que seus cidadãos conde denúncias de corrupção, e somem: a combinação desses agora reconheceu ter ofereci- fatores pesou na decisão de do US$ 2 milhões em dinheiro ocupar o território iraquiano. e presentes para obter vantaOutro elemento que levou gem nas obras que estão reer- Bush e seus comandados à inguendo o Iraque. Em troca da vasão foi a capacidade de expropina, ele era favorecido em pansão ecônomica que a recontratos de licitação. construção de um país signifiBloom não é o único acusa- ca. A tarefa de reedificar a indo de corrupção no Iraque. O fra-estrutura de cidades destenente-coronel Michael Whetruídas garante um grande eler e o ex-funcionário civil das mercado às indústrias que a forças de ocupação Robert executam. Não coincidenteStein também são apontados mente, elas são americanas. como responsáveis por irreguAlém disso, a demonstração laridades no processo de re- de poder e força bélicos expliconstrução do país. De acordo citados no Iraque é um elecom as acusações, eles come- mento de intimidação a todos teram crimes como roubo, la- que se opõem às políticas do vagem de dinheiro e fraude governo Bush. administrativa. As denúncias de corrupção Em caso de condenação, fecham esse conjunto, e reforcada um dos três acusados pode çam a idéia de que a invasão pegar até 40 anos de prisão e americana foi movida somenpagar multas e indenizações no te por interesses econômicos. valor de US$ 8 milhões. O valor A guerra é o principal investié insignificante quando compa- mento financeiro do governo rado ao exorbitante lucro que o Bush. (Renan Colombo)
Marcio Laurindo
Vanessa Ramos/ LONA
A forma como foi engavetada a lei antinepotismo proposta pelo deputado estadual Tadeu Veneri (PT) demonstra o quanto o tema incomoda os políticos mais tradicionais do Estado. A oposição do projeto, escancaradamente liderada pela figura do governador Roberto Requião, moveu mundos e fundos para derrubar a emenda de Tadeu Veneri. Isso, para defender a votação de uma outra lei antinepotismo de autoria do próprio governador. Esta apresenta a possibilidade de contratação de parentes para secretarias desde que comprovada a capacidade técnica do familiar. O governo do Estado, diferentemente de quando o tema do nepotismo estava em discussão no Ministério da Justiça, se mostrou bastante interessado em debater o assunto quando a Assembléia definiu a data da votação de autoria do parlamentar petista. O governador certamente utilizou-se deste intervalo entre a discussão nacional e o debate estadual para construir sua defesa frente aos cargos públicos exercidos por seus irmãos e parentes da tradicional família Requião. Um aliado importante desta batalha do governador foi o recém-empossado secretário da casa Civil, Rafael Iatauro. Sua missão foi a de fazer com que pelo menos nove secretários que votaram a favor da emenda de Veneri no primeiro turno
voltassem atrás e se posicionassem a favor do governador. Iatauro, a base de muita ameaça aos integrantes da base governista, conseguiu reverter o placar e diminui para 29 o número de parlamentares a favor da emenda, número inferior aos 33 necessários. Outro fator decisivo para a votação foi a flexibilização de parte da bancada petista, que, abandonando o barco do companheiro de partido, preferiu não desafiar o governador e não participar da votação se dizendo partidários de uma terceira proposta que não seria nem de Requião nem de Veneri.
O fato foi que a Assembléia Legislativa demonstrou o quanto é manipulável pelo poder executivo do Estado, pois uma proposta que em primeiro turno foi vencedora com uma considerável margem, ao ir de encontro com os interesses do governo do estado, perdeu totalmente sua força e acabou caindo por terra. Assim, com o arquivamento da emenda antinepotismo, Requião terá mais chances de opinar sobre a nova legislação do assunto e as famílias que há tempos alternam-se no poder do Paraná correm menos riscos de ver seus integrantes no olho da rua.
O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo –
UnicenP
Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000
Reitor: Oriovisto Guimarães, ViceReitor: José Pio Martins, Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto, Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães, Pró-Reitor de PósGraduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Bastos Massi; Dire-
tor do Núcleo de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Euclides Marchi, Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro, Professor-orientador: Marcelo Lima. EQUIPE (ALUNOS) Editor-chefe: Renan Colombo. Fechamento: Renan Colombo e Guilherme Guinski. Alunos
do 2.º ano noturno A: Adriano Artur Timm, Adrielly Aparecida Silva Slesinski, Adryan Rodrigues Santos, Alexandre Fernandes da Silva, Aline Sajnaj Ferreira, Amanda Krause Guidolin, Ana Claudia Maia, Ana Claudia Rocha Rodovanski, Ana Luisa Toledo Alves, Andre Luis Gedeon de Melo, Antonio da Silva Junior, Beatriz Junqueira de Carvalho Kunze, Carolina Knopfholz, Caroline Augusta de
Andrade Michel, Debora Bueno Adams, Edson Luiz Alves Filho, Eduardo Carneiro de Almeida, Eduardo Macarios Goncalves e Silva, Fernanda Cequinel dos Santos, Gabriel Franco Lopes, Greyce Bruna Farias, Jean Wilson Martins de Oliveira, Jordana Girardi Feller, Juliana Carla Bauerle Motta, Lais Cristina Machado, Marcio Laurindo M. Silva.
LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 3
Curitiba, 20 de abril de 2006
Programas de inclusão asseguram o acesso de negros ao Ensino Superior
Negros conquistam mais vagas nas universidades Taianá Martinez Atualmente, tem aumentado a inclusão de estudantes negros na universidade. Eles têm o acesso facilitado por programas de inclusão, como o sistema de cotas em instituições públicas e o Programa Universidade para Todos (ProUni). Projetos anteriores a esse também também beneficiavam os alunos negros, embora de forma menos efetiva. Até 2003, a realidade dos estudantes era outra. Em média, cerca de 42 estudantes negros ingressavam na Universidade Federal do Paraná (UFPR) a cada ano, para um total de 4 mil vagas disponibilizadas anualmente pela instituição. Com o sistema de cotas, o quadro mudou: em 2005, 573 alunos negros entraram na UFPR por essa via. Antes do governo federal criar projetos como o ProUni e o sistema de cotas sociais e raciais nas universidades federais, o Projeto Adebori, desenvolvi-
Até 2003, a realidade dos estudantes era outra. Em média, cerca de 42 estudantes negros ingressavam na UFPR anualmente do pelo Instituto de Pesquisa da Afrodescendência (IPAD), beneficiava 15 estudantes negros, garantindo-lhes o acesso ao Ensino Superior. Em 2003, 15 alunos entraram em três instituições do ensino superior particulares do Estado e na UFPR por meio do projeto. No ano seguinte, o número de atendidos pelo programa subiu para 22. A presidente do IPAD e coordenadora do Projeto Adebori, Marcilene Garcia de Souza, explica que o trabalho consiste em entrar em contato com as instituições, mostrar a necessidade e o desejo dos estudantes e so-
Requião abre encontro com a Venezuela Silvia Pugsley Começa ontem a rodada de negócios entre paranaenses e venezuelanos, com a abertura do 2º Encontro Inter-regional de Integração com Paraná-BrasilVenezuela. Pela manhã, estiveram presentes no auditório da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) o governador Roberto Requião e seu vice, Orlando Tessuti, o embaixador da Venezuela no Brasil, Júlio Montoya, e o presidente da FIEP, Rodrigo da Rocha Loures, entre outros representantes. A integração firma o bom relacionamento do Paraná com a Venezuela, que começou em 1º de novembro, quando Requião e representantes do governo visitaram o país. Entre os termos de relacionamento, constam a plataforma de comér-
cio entre os países, incluindo a preferência nos portos para ambos. O governador Roberto Requião fez um pronunciamento, afirmando que a presença do presidente venezuelano Hugo Chávez e sua comitiva em Curitiba firma o bom relacionamento existente entre os dois países. “Nosso cenário está completo e tem como principais personagens o empresariado do Brasil e da Venezuela”, afirmou o governador. Na parte da tarde, aconteceram as rodadas de negociações dos representantes da Venezuela com órgãos privados e do governo. As rodadas antecederam a chegada do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Hoje, Chávez assina acordos, convênios e negócios com diversos órgãos.
licitar uma bolsa de estudos ou uma vaga. O programa também pede a empresas bolsa-auxílio aos estudantes, para que eles não tenham dificuldades financeiras em se manter na graduação. O projeto promove aulas sobre direitos humanos e relações raciais, como história da África e cultura africana. A intenção é que os estudantes compreendam a importância de ações afirmativas e sejam futuros intelectuais ativistas na produção de pesquisa científica - trabalhando como agentes de transformação. O programa, que é reconhecido nacionalmente, ganhou neste ano outro objetivo: ele oferece também atendimento psicológico a estudantes beneficiados pelo ProUni. Para isso, o Projeto Adebori conta com 14 psicólogos cadastrados no IPAD, que estudam situações de racismo, e com advogados preparados a atender casos de discriminação racial de estudantes.
Arquivo LONA
No ano passado, 573 alunos negros ingressaram na UFPR
Crystal Fashion começa segunda Larissa Marieli Gercheski O maior evento de moda da região Sul acontecerá entre os dias 24 e 29 de abril em Curitiba. O Crystal Fashion Week, desfile de moda realizado pelo Shopping Crystal Plaza, está em sua 14ª edição, trazendo as principais tendências da coleção outono/inverno 2006 das maiores grifes nacionais e internacionais. O evento acontece desde 1999 e é realizado duas vezes ao ano, trazendo coleções de várias marcas. Um fato marcante é a presença de uma celebridade em cada desfile — como a modelo e apresentadora da MTV Daniella Cicarelli, que vai participar do desfile da Rosa Chá. Uma das novidades é que nesta edição as grifes que participaram das outras 13 edi-
A modelo e apresentadora da MTV Daniella Cicarelli participará do desfile da grife Rosa Chá ções do evento anteriores farão uma exposição conceitual do que foi apresentado anteriomente. As marcas integrantes são: Le Lis Blanc, Triton, Patachou, Bob Store, Lilica & Tigor, Rosa Chá, Cori, Sexxes, Calvin Klein, Algodão Doce, TNG e VR. Quem irá estrear nesta edição é a marca internacionalmente conhecida Lancôme, que é a responsável pela maquiagem, e a equipe do Professional School Lady e Lord, ficará responsável pela produção dos cabelos dos modelos. Este ano a organização do
evento espera a presença de 40 mil pessoas durante os seis dias de desfiles. A infraestrutura do evento conta com lugar para 450 convidados sentados e outros 450 em pé. São três mil metros quadrados de espaço físico reservado para o evento localizado no piso G1 do shopping. A passarela é divida em três partes e permanece na sala de desfile como na 13ª edição. São 600 colaboradores e 450 modelos envolvidos em todo o evento. O maior patrocinador é a empresa Natura, e o evento também conta com outros grandes patrocinadores como as empresas Coca-Cola e a Volkswagen. São muitos os colaboradores e patrocinadores desta edição, que recebeu investimentos de cerca de R$ 1,8 milhão.
4 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 20 de abril de 2006
O exame é destinado a aluno que concluiu ou vai concluir o ensino médio em 2006
Enem de 2006 abre inscrições pela internet sejam participar do Enem, as inscrições podem ser feitas pela internet ou nas agências dos CorO Exame Nacional de Estureios. dantes do Ensino Médio (Enem) Os estudantes chega neste ano à do ensino público nona edição. Em isentos da 2006, o exame teve O período de estão taxa de inscrição, e duas mudanças nas inscrições é os de ensino partiinscrições, que vão de 2 de maio a 2 de entre 2 de maio cular têm que pagar a taxa de R$35 no junho. Quem termie 2 de junho ato da inscrição. nou ou vai concluir o Alunos bolsistas Ensino Médio pode também estão isentos da taxa fazer as inscrições pela internet. de inscrição, mas para isto têm O Instituto Nacional de Esque assinar uma declaração de tudos e Pesquisas Educacionais carência. Anísio Teixeira (Inep/MEC) inforAs provas acontecem no dia mou que basta a escola pedir 27 de agosto, e serão aplicadas uma autorização junto ao Inep em mais de 800 municípios do para que os estudantes do últiBrasil. mo ano do Ensino Médio possam O Enem é obrigatório para fazer as inscrições pelo enderequem quer disputar uma das vaço da internet. A escola deve ingas do Programa Universidade formar ao aluno o seu número Para Todos (ProUni). no Censo Escolar. Mais informações no site: Para os estudantes que já http://www.inep.gov.br/ concluíram o Ensino Médio e de-
Victor Paulino
Arquivo LONA
Alunos bolsistas e de escolas públicas não pagam taxa de inscrição para o exame
UnicenP promove Semana de Atividades Complementares Karina Draczynski Vai ser realizada de 24 a 28 de abril a Semana Acadêmica de Atividades Complementares do Centro Universitário Positivo (UnicenP). As atividades são destinadas aos alunos dos cursos de administração, comércio exterior, contábeis, economia, direito, jornalismo, marketing, turismo, informática, pedagogia, e publicidade e propaganda - para esse último é opcional. Essa é mais uma oportunidade oferecida aos alunos para enriquecer sua formação. As inscrições foram feitas até ontem pelo portal educacional, e o aluno pôde optar por cursos de 20, 12 e oito horas. Os cursos de 20 horas são disponíveis somente no turno em que o aluno está matriculado. Se o estudante escolheu um curso de 12 ou 8 horas, teria que escolher outro que completasse as 20 horas exigidas para a semana acadêmica.
Agência de intercâmbio faz seleção em Curitiba Phillipe Halley
Arquivo/ LONA
As informações sobre datas, local e instrutor podem ser vistas no momento em que o aluno efetua a inscrição no portal. Depois de confirmada a participação do aluno, ela não pode mais ser alterada. O aluno recebe, depois de fazer a sua inscrição, um e-mail confirmando a participação e divulgando as informações do curso escolhido. Caso algum curso não preencher a quantidade de vagas necessárias, o aluno receberá um e-mail ou telefonema avisando
que o curso foi cancelado, e pode, assim, escolher outro curso. Outra possibilidade para essa situação é participar do curso escolhido como segunda opção. A solicitação de certificados tem que ser feita pelo aluno na intranet ou pelo protocolo, e poderá ser retirada em 15 dias pelo aluno no mesmo. Só vai poder receber o certificado o aluno que tiver freqüência acima de 75% das aulas. Para mais informações www.unicenp.edu.br.
A agência AFS Intercultura Brasil está com suas inscrições abertas para estudantes interessados em participar de programas de intercâmbio cultural. O programa é direcionado para intercâmbio em 17 países com programas de high school (ensino médio). Sem fins lucrativos, a AFS realiza intercâmbios com a finalidade de promover a interação cultural entre as pessoas de diversos países. “Com esta proposta social, nossa agência já concedeu mais de 400 bolsas no Brasil, entre bolsas integrais e parciais”, ressalta Caroline Cordeiro, diretora de seleção de estudantes para intercâmbio da AFS em Curitiba. O custo para realizar o programa é de US$ 5 mil a US$ 7 mil, valor que inclui passagens aéreas, escola e seguros. A hospedagem e a alimentação ficam a cargo da família
que recebe o estudante. “O intercâmbio está sendo muito bom, pois além de aprender uma nova língua e uma nova cultura, fazemos novos amigos e conhecemos melhor o país que muitas vezes vemos apenas na televisão”, relata a estudante alemã Deborah Naumann, que está fazendo intercâmbio no Brasil desde abril de 2005. A duração do programa varia de 8 meses a 1 ano. A única obrigação do intercâmbista é a prática de alguma atividade voluntária ou a participação nas reuniões da AFS no país em que for estudar. “Tenho certeza de que o intercâmbio só trará coisas boas para minha vida, tanto pessoais como profissionais”, diz a estudante Francine Rakssa, que já fez inscrição no programa. A seleção da agência ocorre no dia 13 de maio. Para mais informações basta acessar o site da agência (www.afscuritiba.org).
LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 5
Curitiba, 20 de abril de 2006
O objetivo é proteger pessoas acima de 60 anos da gripe e de doenças do inverno
Campanha de vacinação para o idoso começa segunda-feira Danielli Artigas Oliveira “Viva melhor. Vacine-se contra a gripe” é o slogan da campanha de vacinação para o idoso que começa segunda-feira. Serão vacinados idosos acima de 60 anos, que representam cerca de 860 mil pessoas no Paraná e cerca de 150 mil em Curitiba. O objetivo da campanha é proteger os idosos da gripe e outras doenças que ela possa causar. O dia D da campanha será no próximo dia 29, quando os postos de saúde estarão oferecendo as vacinas à população. Mas segundo a auxiliar de enfermagem da Unidade de Saúde Santa Cândida, Eliane Ribeiro, diversos representantes dos postos de saúde estarão reunidos na Boca Maldita a partir de segunda-feira, das 9 às 17 horas, para dar informações e vacinar os idosos. “Os idosos com alergia às proteínas do ovo não podem tomar a vacina, pois podem ter alguma reação a ela”, afirma Eliane Ribeiro. A vacinação vai até o dia 5 de maio, e mesmo os idosos que tomaram a vacina no ano passado precisam se vacinar novamente, pois seu efeito é de apenas um ano. Além desta vacina, os postos
também vão oferecer as vacinas duplas contra difteria e tétano, que têm que ser tomadas com intervalos de 60 dias. Segundo a Cláudia Gabardo, assessora de imprensa do vice-prefeito e secretário de saúde Luciano Ducci, a meta do Ministério da Saúde é atingir 70% da população, mas devido a bons resultados de anos anteriores serão oferecidas para Curitiba quantidades mais que suficientes. Se no final da campanha sobrarem vacinas e todos os idosos interessados já estiverem imunizados, os postos de saúde poderão vacinar pessoas de outras idades que queiram se proteger da doença. Doença A gripe é causada pelo vírus Influenza, e a gravidade da doença pode variar muito. Os piores casos são em pessoas acima de 65 anos. A gripe é transmitida pela saliva, em espirros, tosses ou até mesmo pela fala, e seus sintomas começam com febre, dor de cabeça e de garganta, coriza, cansaço, inflamações da mucosa, tosses e dores musculares. Ela dura cerca de uma semana e o tratamento varia bastante com cada caso.
Danielli Artigas Oliveira/ LONA
A auxiliar de enfermagem da Unidade Santa Cândida, Eliane Ribeiro
Lei facilita residência de argentinos no Brasil Priscila Ramos de Mello No Brasil, moram por volta de 20 mil argentinos, de acordo com dados do Clube Argentino Nuevos Aires — sem contar os que estão irregulares no país. Eles passam por muita burocracia para permanecer no Brasil. O tempo máximo de permanência é de 90 dias, que pode se estender por mais 90 dias. Após essa data, a pessoa é obrigada a retornar ao seu país de origem e voltar somente depois de um ano. Caso ela não retorne, deve pagar um multa diária. As pessoas geralmente dizem que quem está em situação irregular no país são “ilegais”, embora o termo não seja correto, pois por tratados assinados entre governos e portarias do Ministério da Justiça, os argentinos com visto vencido não podem ser obrigados a deixar o Brasil. O termo correto para essa situação é “irregular”, pois não têm documento legal (RNE-Registro Nacional de Estrangeiro). “A situação é muito incômoda para nós, e acho que também é injusta, pois nós não estamos pedindo que nos dêem
nada de graça, simplesmente que nos deixem viver uma vida normal neste maravilhoso país”, comenta a argentina Adriana Weingast, de 50 anos, que está no Brasil desde 2002. Para os argentinos poderem residir no Brasil, é preciso que tenham carteira de trabalho assinada ou estejam com visto de estudante, casem ou tenham filhos com uma pessoa naturalizada brasileira ou estejam há mais de 30 anos no país. Caso contrário, elas não podem tirar o Registro Nacional de Estrangeiro, e sem o RNE, não podem tirar o CPF, identidade e carteira de trabalho, por isso muitos se tornam irregulares no país. Essa situação mudou, no entanto, neste mês, quando entrou em vigor uma nova lei, declarada no Diário Oficial da União, entre Argentina e Brasil, para acabar com as restrições impostas para argentinos permanecerem no país, e regularizar a situação das pessoas com visto vencido. É a Lei de Residência Mercosul, acordo sobre residência para nacionais dos estados que fazem parte do Mercosul e os argentinos poderão permanecer no
Brasil por dois anos (com RG) e logo o interessado poderá transformar a residência em permanente. “As exigências são muitas para permanecer no Brasil. Você precisa de visto de trabalho, de estudos, ser casado ou ter filhos com um brasileiro, mas agora com o novo tratado tudo fica mais fácil, é só apresentar os papéis (passaporte, certidão de nascimento e antecedentes criminais) e aí você já tem RG de estrangeiro, CPF e cart ei r a d e t r ab al ho p o r d o i s ano s , podendo estender esse prazo”, diz Sol Viola, de 27 anos, que trabalha em uma rede de hotéis argentina atuando no Brasil. Está com o visto vencido desde dezembro de 2005, devido à burocracia brasileira para obtenção dos documentos. Os imigrantes terão benefícios como igualdades de direitos civis, sociais, culturais e econômicos do país de recepção, terão o direito de trabalhar e exercer uma profissão ou atividade lícita; poderão entrar permanecer, transitar e sair do território; aos membros da família que não têm a nacionalidade brasileira, será concedida uma autorização
de residência idêntica a da qual dependam. Sempre e quando apresentarem a documentação necessária serão tratados igualmente entre os brasileiros, especialmente em matéria de remuneração, condições de trabalho e seguro social; poderão transferir livremente para a Argentina sua renda e suas economias pessoais, valores necessários para o sustento da família. Para Adriana Weingast, a nova lei vai ajudar em tudo: “Meus filhos terem direito a estudo público se desejarem (Faculdades Federais, estaduais, etc.); eu posso investir o meu dinheiro em alguma empresa e dar trabalho a alguns brasileiros; se sofrer um acidente na rua e for conduzida a um hospital público, não serei deixada na porta por não ter direito de ser atendida por ser estrangeira irregular; poderei sair do Brasil sem pensar que sou delinqüente, escondendo-me da polícia; e muito, muito mais. Esta lei está reconhecendo que somos seres humanos e temos direitos, e que também podemos ser bons cidadãos se nos permitem ficar. Pagar impostos e INSS entre outras coisas”.
6 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 20 de abril de 2006
Empresa oferece várias opões de ambientes decorativos românticos para casais
Uma noite à luz de velas Maureen Bertol Um novo conceito de arte decorativa chega a Curitiba para surpreender a todos os apaixonados. A idéia é trazer aos casais uma noite temática, buscando o romantismo. Essa idéia surgiu de um bate-papo entre amigos. Como não existe nada parecido no mercado, “à Luz de Velas” vem para inovar. Michele Maeda Rodrigues e Fábio Rodrigues, designers, juntaram a experiência no ramo de decoração e a vivência de diferentes culturas para oferecer um serviço diferenciado especificamente para casais. “As noites temáticas foram definidas e depois disso iniciamos a compra de materiais e a transformação em almofadas, luminárias, etc... O cliente escolhe o tema que mais lhe agrada e nós montamos, podendo ser em motéis ou hotéis parceiros da empresa e até mesmo na própria residência da pessoa. Faz parte do pacote a desmontagem e a limpeza do local”, conta Michele. Até agora a produtora tem 4 noites definidas, que são: Noite à Luz de Velas (estilo romântico), Noite Tokyo (estilo oriental), Noite Bagdá (estilo Árabe) e Noite Kerala (estilo indiano). Em cada uma delas há uma cor predominante e a idéia é buscar o romantismo e a sensibilidade das diferentes culturas, proporcionando uma noite de sonhos, um momento inesquecível, marcante e de muita felicidade. O preço de cada noite depende do tamanho do local escolhido e características solicitadas, daí a necessidade de um orçamento prévio. A produção de um quarto leva de uma a cinco horas para ficar pronta. “No momento temos parceria com o Motel Tai-yo, mas estamos buscando outros contatos. Dependendo da empresa parceira, haverá almoço de cortesia, mas o jantar e as bebidas serão pagos no ato da saída do local. O horário é restrito, sendo permitido um pernoite”, diz Fábio. “Os detalhes foram cuidadosamente pensados. Batalhamos muito para que a empresa surgisse e agora estamos trabalhando na divulgação. Vamos falando para um ou outro, que
vai passando a informação para frente. Fizemos cardápio, compramos todos os objetos de decoração e iluminação. E para terminar com chave de ouro, oferecemos lembranças dessa noite especial aos casais. Com tudo isso a nossa vontade é despertar nas pessoas um sentimento de extrema alegria com muito requinte, que irá demonstrar o quanto a pessoa presenteada é especial”, comenta a designer. Os melhores momentos para a utilização deste serviço são as datas mais marcantes: aniversário de casamento/namoro, aniversário da pessoa amada, dia dos namorados, noite de núpcias, datas especiais para o casal. Para os mais românticos, uma surpresa ao parceiro é a melhor pedida. “Este é um serviço que além de vivenciar uma produção temática em um lugar bacana, a pessoa não irá se preocupar com nada. Tudo será escolhido ao seu gosto e será concretizado pela empresa nos mínimos detalhes”, dizem.
Maureen Bertol/ LONA
Um dos ambientes românticos oferecidos pela empresa
Prédio da CEU faz 50 anos mas não ganha reforma Márcio Laurindo O prédio da CEU, a casa do estudante universitário, completa no mês de abril 50 anos de sua fundação. Se de um lado o tempo de vida do prédio lisonjeia seus moradores, de outro mostra o quanto suas instalações necessitam de reformas. Inaugurado pelo presidente Jucelino Kubitschek em 1956, o prédio nunca passou por uma reforma significativa. O resultado disso são instalações hidráulicas e elétricas bastante precárias e que trazem diversos transtornos aos estudantes. A falta de manutenção é apontada pelo ex-morador da casa e agora professor Cristiano Melo como um dos principais agravantes para a situação do prédio. “Durante todo o tempo em que morei aqui na CEU nunca vi acontecer reformas na estrutura, apenas pequenos reparos”, comenta. Outro local onde a casa dos estudantes precisa de refor-
mas é a quadra de esportes, que, com o piso bastante irregular, já não atrai os estudantes. “É preciso a reforma da cancha para que os moradores possam praticar esportes dentro da CEU. O ideal seria cobrir a quadra”, palpita o morador e estudante de Filosofia Danilo Pereira. O novo presidente da casa, Bohdan Metchko, eleito há três semanas, pretende utilizar o cinqüentenário para chamar a atenção da comunidade para a importância social da casa, que já abrigou figuras importantes da sociedade curitibana, como o vice governador do estado, Orlando Pessuti. “Estamos buscando reivindicar os fundos da reforma ao governo do Estado e a UFPR, já que é onde estudam 60% dos moradores da casa”, disse Metchko. Há algum tempo a Federal desenvolveu junto a CEU um orçamento com os custos para uma grande reforma no prédio. O documento que prevê um gasto de R$ 3 milhões foi enviado há mais de 30 dias ao ministro
da educação, Fernando Haddad, que ainda não enviou uma resposta para a diretoria da CEU. Alimentação Outra reivindicação dos moradores da casa é com relação à alimentação. Atualmente, os estudantes contribuem com um valor de R$ 105 por mês e têm direito a um modesto café da manhã com café e pão. A idéia do novo presidente da CEU, Bohdan Metcheko, é a
de lutar por um café da manhã mais completo e ampliar o número de refeições. “Pensamos que o café da manhã poderia ser mais completo contando com algumas frutas, por exemplo, também iniciamos com a UFPR uma conversa a fim de permitir com que os estudantes de outras faculdades que moram na CEU possam se alimentar em seu Restaurante Universitário.” Márcio Laurindo/ LONA
Moradores esperam aprovação de projeto de obras
LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - 7
Curitiba, 20 de abril de 2006
Cada vez mais candidatos a emprego têm vida pessoal analisada na internet
Empresas pesquisam perfis no Orkut para contratar Reprodução Orkut
Beatriz Kunze O site de relacionamentos Orkut, que virou febre no Brasil, tornou-se também uma importante ferramenta de análise comportamental de funcionários e candidatos a empregos. A prática, cada vez mais comum entre profissionais de RH, visa ir além de currículo e entrevista na hora de contratar. Perfis pessoais podem mostrar comportamentos que possam ser inadequados dentro dos padrões das empresas. O cirurgião dentista Sérgio Daroli, de 33 anos, tomou a iniciativa de procurar o perfil de uma funcionária que estava em vias de ser efetivada. "O período de experiência estava acabando e eu tinha ainda algumas dúvidas a respeito do comportamento dela", afirmou. "Ela chegava atrasada constantemente, e isso estava desagradando a administração da clínica". Em menos de um minuto, o perfil da moça foi encontrado e as suspeitas confirmadas. Segundo o cirurgião dentista, as comunidades as quais a moça pertencia eram motivos de constantes piadas dentro do ambiente de trabalho, desmoralizando a empresa. Entre as comunidades, algumas de nomes curiosos, como "Só mais 5 minutinhos", "Bom dia, o c., tô com sono", "Eu me nego", "Se nada der certo, viro hippie!" e "Meninas malvadas". O profissional afirma que a direção optou por dispensá-la. Tal atitude é polêmica entre especialistas em recursos humanos e profissionais em geral. "Eu jamais entregaria meu currículo numa empresa que avalia o potencial do candidato pelo Orkut. Lá é área de lazer, tudo é brincadeira e gozação", afirma o professor Sérgio Lima, de 32 anos. "Independente do meio ou local, seja no trabalho ou numa festa, as pessoas são totalmente responsáveis pelo que falam ou escrevem. E não há como saber os meios que uma empresa usa para definir a contrata-
ção de um funcionário", rebate o administrador Osvaldo Batista, de 32 anos. A gerente de recursos humanos Gilsiane Fortes, de 46 anos, atesta que a privacidade das pessoas deve ser respeitada. "Contudo, o Orkut é público, e há cada vez mais comunidades de cunho racista, ou que incitam a violência. As empresas têm todo o direito de checar as posturas de seus empregados nesses sites de relacionamento." Não é só na iniciativa privada que a vida digital está se tornando uma dor de cabeça para funcionários descuidados. Em dezembro último, um scrap (recado pessoal do Orkut que é público para todos os usuários) motivou a abertura de uma sindicância na prefeitura de Pinhais. E, mês passado, em decisão inédita, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) de São Paulo declarou que usar e-mails da empresa para fins ilícitos ou em desacordo com a postura da empresa é motivo de demissão por justa causa.
Lula quer que notebook de US$ 100 seja produzido no Brasil Beatriz Kunze O notebook de U$ 100 do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets) já é realidade. O pai do laptop popular, Nicholas Negroponte, afirmou à imprensa que o presidente Lula já acertou para ano que vem a distribuição de 1 milhão desses computadores portáteis para as escolas públicas, num investimento de U$ 100 milhões. Lula já manifestou desejo de vê-los produzidos aqui. Negroponte, até então chefe do Media Lab do Massachussets Institute of Technology (MIT), deixou o cargo para dedicar-se exclusivamente ao projeto de inclusão digital de sua organização OLPC, ou One Laptop Per Child (um laptop por criança).
Focada em ferramentas educacionais e baseada em software livre, a máquina não possui disco rígido O Brasil é um dos principais interessados no projeto da OLPC e já entrou em uma fase de cooperação técnica com o MIT para trazer o notebook popular logo ao país. O primeiro protótipo do dispositivo foi apresentado em 16 de novembro na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, na Tunísia, e seu objetivo é viabilizar a inclusão digital em países do terceiro mundo. Focada em ferramentas educacionais e baseada em software livre, a máquina não
possui disco rígido. Apresenta processador de 500 MHz, memória RAM de 128 MB, quatro portas USB e memória flash de 500 MB. O dispositivo apresenta uma manivela para funcionar em locais sem energia elétrica. O presidente da Microsft, Bill Gates, criticou o notebook de US$ 100 durante o fórum Microsoft Government Leaders, promovido em Washington. Entre as deficiências citadas por Gates estão a ausência de disco rígido, a tela reduzida e o uso compartilhado. Porém o compartilhamento de máquinas não consta no projeto original da OLPC. “Os laptops serão capazes de fazer quase tudo, exceto armazenar enormes quantidades de dados”, afirma o site oficial da organização, no endereço: http:// www.laptop.org.
8 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA
Curitiba, 20 de abril de 2006
Jornalista percorre ruas de diversas cidades do país atrás de conhecimento
Aventuras urbanas Daniel Leitner Carboni Viajar é um dos maiores prazeres do ser humano. Quem não sonha em viajar para outra cidade, para outro estado e para outro país? Quem não gosta de dizer que já viajou para este ou para aquele lugar, para amigos ou conhecidos? Era isso o que fazia um idoso, em 1996, ao conversar com um jovem, que ansiava ter muitas viagens em sua bagagem. O senhor se vangloriava em dizer que conhecia o mundo quase inteiro, mas quando questionado se conhecia a rua atrás da sua casa não sabia nem o nome dela. A partir dessa resposta, o jovem jornalista paranaense Eduardo Fenianos teve uma idéia de como viajar. Nada de pegar um ônibus ou um avião. O meio de transporte ideal: as suas pernas, tênis, um automóvel modificado — o qual ele chamou de Urbenave — e muita vontade. E foi isso o que fez. Destino da viagem: as ruas de cidades brasileiras. Assim nasceu o Urbenauta. Da idéia até hoje, quatro expedições foram realizadas. O Urbenauta, agora com 34 anos, percorreu oito anos atrás todas as ruas de Curitiba, em 100 dias. São Paulo foi a segunda cidade a receber as pegadas do aventureiro urbano, em viagem que durou 120 dias — nos 13 primeiros dias ele navegou nos rios da cidade e nos 107 restantes conheceu todos os bairros da cidade. A aventura teve um saldo de quatro pares de tênis a menos no armário, 200 km percorridos a pé, 6.4420 km de Urbenave e 7.920 fotos em slide. Florianópolis foi a terceira capital do país a receber o viajante, em expedição que durou duas semanas, em 2003. Um detalhe chama a atenção nas viagens do Urbenauta: a sua bagagem. Na mochila ele leva um saco de dormir, mudas de roupa, carteira de identidade, bússola, máquina fotográfica e filmadora. Nada de dinheiro, cartão de crédito, bebida e comida. O Urbenauta é um viajante que depende da solidariedade das pessoas, que estiverem dispostas a dar abrigo e refeição. Desta forma, “entrando na casa dos diferentes tipos de gente, consigo viver outras vidas e captar a realidade e o cotidiano que os cerca”, explica Fenianos. A última expedição deste desbravador de selvas de pedra foi ao centro de Curitiba. Nesta viagem, que iniciou no dia 1.º de abril e terminou no dia 8 do mesmo mês, o Urbenauta, que teve apoio do projeto Centro Vivo, da Associação Comercial do Paraná (ACP), pesquisou o comércio, os monumentos, os prédios antigos e a gastronomia da região, somente a pé. O relato da viagem, batizada por ele de “Viagem ao Centro de Curitiba”, em homenagem à obra de Julio Verne, “Viagem
ao Centro da Terra”, está disponível no site www2.uol.com.br/urbenauta/, e irá virar um livro, como a sua expedição em São Paulo relatada no livro “Expedições Urbenauta – São Paulo: Uma Aventura Radical”. “No mundo urbano, há uma relação estética entre o local e quem o usa, ou seja, uma praça mal cuidada receberá quem gosta de praças mal cuidadas”. Este é um pequeno trecho do relato do segundo dia da viagem, do diário de bordo, que está no site do Urbenauta. A seguir, entrevista que Fenianos concedeu ao Lona.
Daniel Leitner Carboni/ LONA
Como surgiu a idéia da expedição pelo centro de Curitiba? Observei que as pessoas estão muito afastadas da região central, que é o berço de Curitiba. Ironicamente, lembrei do livro de Júlio Verne, “Viagem ao Centro da Terra”, e assim resolvi fazer a “Viagem ao Centro de Curitiba”. Como estão o comércio, os monumentos, os prédios históricos e a gastronomia da região? Há pontos positivos e negativos. Negativamente o que me surpreendeu foi a Praça Tiradentes, que não honra hoje o fato de ser o local onde a cidade foi fundada. É muito acanhada, tímida e feia. O que mais me surpreendeu positivamente foi a Rua Barão do Rio Branco, que, ainda de maneira incipiente, está passando por um processo natural de revitalização que está partindo da própria iniciativa privada. É interessantíssimo. É como se estivéssemos voltando ao ano de 1885, quando foi construída a Estação Ferroviária. O mesmo está acontecendo agora. A rua parece estar voltando a ser um espaço de requinte como foi no início do século 20. O Hotel Jonscher, de 1917, foi restaurado pelo Grupo San Juan. Ao seu lado, um casarão antigo se tornou o Zea Mais, do empresário Marcos Muller e do chef Celso Freire. Em frente à Câmara Municipal você tem a Casa do Barão, um espaço multicultural também de muito bom gosto e com uma proposta muito avançada. Estes empresários, além de vislumbrarem um bom negócio nesta rua, demonstraram na prática amor e crença na rua que, no início do século 20, era a mais sofisticada e importante da cidade. Para você o que é necessário fazer para o centro de Curitiba atrair mais pessoas, que queiram não somente passar pelo local, mas conhecer sua cultura, como você fez? Além de um processo de revitalização, de mudança no código de posturas municipais, de união entre a prefeitura, o governo do Estado e o Ministério Público para inibir o tráfico que existe em
O jornalista Eduardo Fenianos no marco histórico da cidade algumas regiões, é necessário que o curitibano, como qualquer outro morador das grandes cidades, abandone um pouco o sofá e a TV e volte a exercitar o hábito de caminhar, de se encontrar, de ir ao “centrum” (do latim – lugar de aglutinação, ponto de encontro). Qual a contribuição que você acha que essa sua expedição ao centro trará para os curitibanos? A viagem foi montada para chamar a atenção das pessoas e do poder público sobre a realidade e a riqueza cultural da região central. Creio que a expedição também contribuirá na produção de material informativo (mapas e livros) para que sejam utilizados tanto em escolas quanto para os turistas que chegam à cidade. Isto trará reforço na preservação de nossa memória e identidade cultural e fortalecimento de nossa cidade no setor turístico. Após expedições por Curitiba, São Paulo e Florianópolis, quais as principais diferenças e afinidades culturais que você sentiu?
Primeiramente, esta foi uma viagem em que dormi muito bem, ao contrário das outras em que tive que dormir na rua, às margens do rio Tietê ou em redes de selva na Serra da Cantareira. Como pretendia pesquisar a vida dos moradores da região central e nosso potencial turístico, mesclei abrigos em hotéis e casas de moradores. Esta também foi a primeira viagem que fiz totalmente a pé. Também foi uma viagem muito curta. As outras levaram em média quatro meses de contato direto com a cidade. O cidadão comum também pode ser um urbenauta, ao desvendar a sua cidade, o seu bairro? Claro. Basta se despir dos medos, colocar uma roupa simples, um tênis, esquecer do dinheiro, se abrir para conversar com todo mundo e olhar o lugar em que vive como se fosse um país distante. Garanto que todos vão descobrir lugares, pessoas e paisagens que nunca haviam notado. Sempre procuro lembrar que para ir longe é preciso enxergar antes o que está perto.