Lona - Edição nº 490

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RIO DIÁ do

Curitiba, quinta-feira, 21 de maio de 2009 - Ano XI - Número 490 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

UFPR anuncia uso do Enem para compor nota de vestibulandos A Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciou ontem que vai integrar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao resultado dos estudantes que prestarem vestibular na instituição. A medida foi divulgada pelo Conselho Universitário da instituição. A primeira e a segunda fase do processo seletivo da federal paranaense terão peso de 90% na nota final do vestibulando, cabendo os outros 10% à nota do Enem. Um dos casos que ainda não ficou resolvido é sobre os estudantes que não fizerem o Enem, já que este não é obrigatório. No último dia 15, o Ministério da Educação (MEC) tornou pública a possibilidade de tornar o Exame Nacional do Ensino Médio uma prova obrigatória a todos os estudantes. Caso seja implantada, a obrigatoriedade passaria a valer em 2010. Dentro da proposta, o aluno seria obrigado a participar da avaliação, além de ter uma nota mínima para poder receber o diploma do antigo 2º grau. Página 3

BRASI

L

jornalismo@up.edu.br

Bicicletas se tornam veículos de transporte de todos os dias O Lona publica hoje a segunda reportagem de uma série sobre bicicletas. Ontem foi publicada a primeira, que tinha o título “Bike é hype”. O tema de hoje é a transformação da bicicleta de veículo de final de semana para um meio de transporte diário.

Páginas 4 e 5 Coluna

O vai e vem das alianças entre partidos no Brasil Página 6

Pedro Henrique Kuchminski

Ensaio

Publicidade na internet representa pequena parcela de investimentos Apesar de um grande número de pessoas terem acesso à internet, esse setor, no que diz respeito à publicidade, ainda é pouco explorado. E isso tanto pelos anunciantes como, também, pelas agências. Porém, especialistas asseguram que esse meio possui um grande potencial, e que pode crescer nos próximos anos.

Ensaio mostra Las Vegas, lembrada por ser cenário de clássicos do cinema e pelos jogos de azar

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Opinião

Foto: divulgação

Comportamento

De mãos dadas com a

Tecnologia Giovanna Lima Estamos completamente conectados. Com a chegada de novas tecnologias, o processo de compartilhamento de informações cresceu de forma explosiva. Se as pessoas ou empresas quiserem informações sobre você, provavelmente irão conseguir. Isso faz com que uma maioria esmagadora reclame e bata o pé na luta por privacidade. Confesso que não concordo com todo esse medo da sociedade em existir virtualmente. Portanto, minha proposta é fazê-los pensar sobre os benefícios de vivermos nessa era de super exposição. Vou começar revelando minha experiência. Decidi passar o ano novo com meus amigos no Rio de Janeiro. Por falta de condições financeiras para encarar a compra de uma passagem de avião para o Rio, optamos por ir de carro e dividir a gasolina. O problema era que nenhum de nós conhecia a estrada e nem mesmo a maneira de chegar até lá. Se esse problema tivesse ocorrido há seis anos, provavelmente teríamos desistido. Mas, felizmente, tínhamos o Google Earth – programa construído a partir de imagens de satélites que permite identificar cidades, estados, rodovias e até mesmo pessoas – como aliado. Não tivemos dificuldade para sair da Água Verde em Curitiba e encontrar a Rua dos Inválidos, no centro do Rio. O motivo da minha viagem ao Rio de Janeiro foi conhecer uma menina que conheci pela internet há quatro anos. Mas não era uma menina qualquer. Nos conhecemos na época dos velhos fotologs e quando nos demos conta a amizade virtual havia se transformado em uma relação sólida. Obviamente, não foi da noite para o dia. A amizade faz com que o ser

humano cresça em vários aspectos. Não vou citar todos nem me prolongar nesse assunto porque seria meio cansativo. Mas opiniões diferentes e trocas de conhecimento certamente são alguns dos muitos benefícios de uma amizade. Vocês devem estar pensando agora: chega de experiências, queremos fatos conhecidos, dados históricos e todas essas coisas que dão credibilidade a um texto. Então vamos lá. O surgimento dos blogs transformou a internet. O blog permite que os usuários mostrem seu conteúdo para três, 30 ou 300 internautas. Algumas vezes, isso pode até virar profissão, bastante atual e a meu ver, inspiradora. Edney Souza, mais conhecido no mundo virtual como Interney, abandou seu emprego de gerente de sistemas em 2005 para viver no seu blog. A jogada deu certo. Dois anos depois, o blogueiro faturava com seu site o dobro do salário que tinha como gerente. Esse número deve ter crescido muito mais nos dias de hoje. Edney é celebridade na internet. Seus textos e opiniões influenciam milhares de internautas. O blogueiro acertou em apostar na nova tecnologia. Outro ponto é que o compartilhamento de informações possibilita que sejamos mais seletivos em relação ao que consumimos. Deixamos de comprar certos produtos depois que lemos opiniões negativas em alguma comunidade ou fórum. Assistimos a um filme novo, depois de uma indicação de alguma pessoa ou site. Podemos, sem muita dificuldade, até mobilizar grupos de pessoas para boicotar alguma empresa. Gostaria de me estender mais sobre esse assunto, mas sei que o espaço é limitado e não permite muitas divagações. Só queria que vocês, antes de atirarem pedras nas tecnologias, revissem todos os benefícios que já foram proporcionados por elas.

Paulicéia Curitibana Cássio Bida Uma experiência sensacional. Assim posso resumir minha primeira saída do ambiente pacato e provinciano, ao qual estou tão acostumado. Foi um impacto tremendo sair da minha zona de conforto e mergulhar na estrada por mais de seis horas, três delas mergulhadas no infernal trânsito paulistano. Logo ao chegar em Taboão da Serra, notei que o dia seria longo. A primeira atração turística foi o congestionamento, no qual ficamos presos por mais de três horas. Abri a janela para sentir o ar daquela nova cidade. E a fragrância foi das mais fortes. Um cheiro urbano, autêntico. Cheiro de vida desenfreada, acelerada, corrida, com pressa. Tudo parecia apressado. Menos o meu tempo. Meu relógio interior parecia não andar. Meu corpo estava em São Paulo, mas meu organismo ainda respirava como um curitibano. Um autêntico jacu, bestificado ao ver a Paulista, ainda que de longe. Descendo a Rua da Consolação, mesmo no ônibus, senti como se estivesse correndo a São Silvestre. A parada final foi em frente à Estação da Luz. Visita rápida ao Museu da Língua Portuguesa. E o meu relógio

não andava. Ali não senti cheiro de “velharia”, como alguns museus da minha capital. Aliás, todos os outros sentidos estavam aguçados. Menos o olfato. Os outros três: tato, visão e audição, compensaram. Era um Museu para se sentir, se tocar, e não apenas admirar. Ao parar para o almoço, hora do olfato e do paladar se aguçarem outra vez. O Mercado Municipal. Este sim, um verdadeiro paraíso das fragrâncias. Desde a incômoda nicotina até a mistura do cheiro dos peixes, queijos e outras iguarias. A mais famosa: o sanduíche de mortadela. Sair de São Paulo sem prová-lo é como ir à Roma sem ver o Papa. E mais um pastel para rebater. Só faltou o caldo de cana. O oásis em meio à

“Boca do Lixo”. Sem falar nos feirantes, autênticas figuras que batalham pelo pão de cada dia, cativando os fregueses a levar algo para casa. Na Pinacoteca o cheiro da chuva se misturava ao cheiro da história. Um passeio por Tarsila e outros grandes nomes realmente encheu os olhos de lágrimas. O nariz quase trancou tamanha a emoção. Final da tarde, hora de voltar. Mas não sem antes me despedir com as lembranças de uma metrópole. De uma visita, ainda que rápida, a uma cidade mutante e cheia de alternativas como São Paulo. Hei de um dia voltar, mas, como disse Judy Garland em O Mágico de Oz: “Não há lugar como o nosso lar”.

Expediente Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Marcelo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Camila Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP, Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000


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Educação Vestibular

Vestibular da UFPR passa a considerar nota do Enem Método de pontuação será implantado este ano; questões sobre quem não prestar o exame do ensino médio ainda não foram resolvidas Maria Carolina Lippi O Conselho Universitário da Universidade Federal do Paraná anunciou ontem (20) a decisão da utilização do Enem como parte da média final do vestibular. O peso do exame será de 10% no resultado obtido pelos vestibulandos. Segundo Laís Muratami, do departamento de comunicação da instituição, as provas de 1ª e 2ª fase permanecerão, mas com valor de 90%, os outros 10% serão do resultado do Enem. “Foi feito um estudo pelo Núcleo de Concursos (NC – UFPR) utilizando o Enem de maneira bem criteriosa”. Ainda não se discutiu como ficará a situação do concorrente caso não faça o exame. O estudo para se chegar à definição durou cerca de um mês e ainda está sendo analisado pelo NC. A reformulação do Enem foi proposta pelo ministro da educação Fernando Haddad em março, como forma de unificação dos vestibulares no país e de reestruturação na educação no Ensino Médio, já que o preparo é feito para o vestibular do próprio estado da região. A nova prova terá 200 questões de

múltipla escolha e uma redação, com aplicação em dois dias. Um dos objetivos é que com o resultado do Enem, o aluno possa concorrer a vagas em até cinco cursos e cinco instituições diferentes, competindo com estudantes de todo o país. Ainda de acordo com o ministro Haddad, a prova vai analisar a compreensão do aluno com os temas propostos, e não somente sua capacidade de memorização. É também o que diz a 2ª Tenente Debora Cristina Scremim, do Colégio da Polícia Militar: “O objetivo que a gente [colégio] observa é de ser uma prova inteligente, que a pessoa tem que estar bem instruída e ter um conhecimento básico em todas as áreas. Não é questão de saber decorar e chegar ao vestibular. E isso, com certeza, irá avaliar melhor o aluno.”.

Enem: Educação pública em cheque Resultado de exame revela disparidade entre as redes públicas e privadas de ensino O resultado das instituições de ensino no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2008, revelado no último dia 29

A prova O Enem é aplicado a estudantes que estão ou já concluíram o ensino médio. Criado em 1998, seu principal objetivo é avaliar o desempenho dos alunos da rede pública e privada ao término de sua escolaridade básica. Ele se diferencia de outras avaliações, como o vestibular, por ser um exame que exige a reflexão, e não apenas a memorização de fórmulas e conteúdos. Atualmente é usado com pré-requisito no Programa Universidade Para Todos ProUni, que oferece bolsas de estudos para alunos com renda específica, em universidades privadas.

pelo Ministério da Educação (MEC), mostra mais uma vez a diferença na qualidade do ensino entre escolas públicas e privadas no país. A média nacional na prova objetiva em 2007, que era de 51, 52, caiu para 41,69 no ano passado. A redação passou de 59,35 para 55,99 em uma escala de zero a 100. As dez piores notas no exame do Paraná são de escolas públicas, sendo o Colégio Estadual Alcindo Fanaya Júnior, de Curitiba, o de pior média (26). Entre as dez melhores médias, somente duas são de instituições públicas, as federais UTFPR de Medianeira (67,12) e o Colégio Militar do Paraná (69,79), que também tem a melhor nota de Curitiba, superando as instituições particulares. Entre as escolas estaduais o melhor desempenho foi do Colégio da Polícia Militar (60,77), ficando na 59ª posição. Na capital, além do Colégio Militar do Paraná, a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (65,16) também ficou entre os melhores classificados da cidade. Nas instituições particulares, o Marista Santa Maria ficou com a maior média (69,66). Esses dados mostram a falta de investimento em educação no nosso país. Porém, mesmo com verbas públicas reduzidas, algumas instituições de ensino alcançaram boas médias. Em Curitiba, o Colégio da Polícia Militar alcançou, pelo quarto ano consecutivo, a melhor média no exame entre as escolas estaduais paranaenses. Criada há 50 anos, a escola, inicialmente era exclusiva para filhos de policiais militares. Atualmente, aceita outros alunos, que ingressam por meio de processo seletivo. A instituição demonstra em

Divulgação/Colégio da Polícia Militar

O Colégio da Polícia Militar ficou em primeir lugar entre as escolas públicas estaduais do Paraná no Enem de 2008 seus resultados o diferencial em sua estrutura educacional. O bom desempenho não se reflete apenas no Enem, há um grande número de aprovação dos alunos na UFPR e em grandes universidades privadas do estado. Além disso, a instituição consegue os primeiros lugares nas Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas todos os anos. Segundo a Oficial de Comunicação Social do colégio, a 2ª Tenente Débora Cristina Scremim, não há somente um cuidado com o conteúdo oferecido, mas também com a formação cidadã do estudante. “Nós temos uma visão pautada de que, além da educação, é preciso também uma preocupação com

a hierarquia e a disciplina. É muito importante trazer próximo ao aluno a questão do respeito à pátria e valorização do civismo, que se tem perdido em outros colégios”. Apesar de toda rigidez que a coordenação tem com os alunos, há um clima de companheirismo entre os dois lados. “No colégio eles procuram dar uma visão maior de mundo, e também há amizade. Eles procuram manter uma relação sadia, respeitosa e ao mesmo tempo próxima. Acredito que isso nos ajuda a querer estudar mais, dar o nosso melhor.”, é o que diz a exaluna Lisiane Mari de Souza, que concluiu o Ensino Médio na instituição no ano passado.


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Especial Moda

A diversão que virou meio Cada vez mais curitibanos fazem da bicicleta seu principal veículo de transporte

Silvia Henz A bicicleta tem sido um recurso cada dia mais utilizado por pessoas que querem fugir do trânsito, do aperto e dos altos preços das passagens de ônibus. Estas pessoas são conhecidas como ciclistas urbanos, que usam a bicicleta como meio de transporte alternativo para pequenas e grandes distâncias. O ator Alexandre Zampier abandonou o carro há mais de três anos e garante que só ganhou com isso: “Com bicicleta é mais rápido, também tem toda a questão econômica. O preço da passagem pode parecer pouco, mas se for calcular todo dia, dá uma boa economia. Eu faço esse trajeto entre o Cabral e o Centro duas vezes por dia, ida e volta. Com a bike eu chego bem mais rápido, e ainda faço

exercício”. Além da questão prática e econômica, os ciclistas defendem uma questão política e ecológica contra o uso exagerado de automóveis. Para disseminar essas idéias, os ciclistas urbanos, ou “amigos da bicicleta” como também gostam de ser chamados, fazem “bicicletadas”. Esse é o nome que se dá para passeios de bicicleta sem destino programado. Todos se encontram em um determinado local e os que vão à frente fazem o caminho. Também existe a “bicicletada” noturna, que acontece toda a segunda sexta-feira do mês, saindo do pátio da reitoria. Os ciclistas urbanos saem em grupo por companheirismo, por ser mais seguro e para chamar a atenção para o problema do crescimento desenfreado do número de carros e to-

Os ciclistas defendem o uso da bicicleta pela questão ecológica; para disseminar suas ideias, realizam “bicicletadas”

das as demais dificuldades decorrentes deste aumento. Nos passeios os participantes aproveitam o momento da concentração das bicicletas para fazer protestos pacíficos. Algo como, ocupar uma vaga de carro com um sofá, um tapete e uma placa explicativa onde se lê “Um carro a menos”. A estudante universitária Raquel Rosseto viu o protesto e não achou graça. “Eles só falam isso por que não têm carro. Se tivessem a história era outra”, desabafa e dá a volta para tentar achar outra vaga. O automóvel foi uma invenção que ocupou e ainda ocupa um lugar muito importante na sociedade. Ele encurtou as distâncias, trouxe conforto, mas também trouxe e traz muitos problemas, como acidentes, poluição e estresse. Segundo psicóloga Eloá Andreassa, o carro hoje é mais do que um meio de transporte: “Ele virou uma extensão da personalidade, uma forma de ego narcisista e status para alimentar este ego. Ainda mais devido a tanto estímulo da propaganda associando o carro ao sucesso profissional e pessoal, por exemplo, homens com lindas mulheres e carros possantes. Também existe uma ligação da potência do carro com a potência sexual do homem”. Já a bicicleta, desde os seus primeiros dias, fundiu sua história com a história da classe trabalhadora. Isso resultou em uma hostilidade por parte

dos motoristas.

Cicloturismo Para fugir dessa falta de respeito do ambiente urbano, há quem prefira se refugiar no campo. São os ecoturistas, que fazem pequenas ou grandes viagens de bicicleta. José Américo Reis Vieria faz ecoturismo coletivo. Muitas vezes, eles escolhem o destino e levam a bicicleta na bagagem, não chegam pedalando, mas fazem passeios de bicicleta entre as vilas rurais. O artista e cicloativista Fernando Rosenbaum consegue pedalar grandes distâncias, sempre em grupo, e diz que as coisas mais interessantes são as trocas culturais e as diferenças que se nota entre os anfitriões: “O interessante nesse tipo de viagem é que você conhece um pouco do povo do lugar. Nas cidades do interior, quando a gente parava para pedir comida, ou pedir para usar o banheiro, as pessoas eram mais acolhedoras. Já perto das cidades elas são mais desconfiadas”. Alexandre resolveu ir mais longe: fazer uma viagem de bicicleta com a namorada para o Chile. “O plano era ir pedalando até certo ponto, pegar carona, depois vender as bicicletas para ter algum dinheiro, mas deu o maior rolo, a gente foi roubado, não deu certo”. José Américo, além de cicloturista, há mais de 10 anos ensina pessoas a andar de bicicleta. Na sua escolinha, no bairro Pilarzinho, dá aulas

práticas e ensina regras de trânsito para o ciclismo urbano. Segundo ele, carros e ciclistas podem conviver em harmonia, mas para isso, as autoridades deviam fazer um trabalho de conscientização com as pessoas que andam de bicicleta. “Você tem deveres e direitos como ciclista. Se você está andando na contramão, está infringindo a lei de trânsito. Na lei, a bicicleta é considerada um veículo, deve seguir as regras, sinalizar se vai virar.

Planos das Bikes Brancas Uma das ações que promove a visibilidade das bicicletas é o “Plano das Bikes Brancas”, criado pelo artista e cicloativista Fernando Rosenbaum. O plano foi inspirado num modelo holandês da década de 60 e funciona assim: quem tem uma bicicleta, ou parte dela, “encalhada”, largada em casa, doa para este projeto. As bicicletas ou partes recebidas são reformadas, pintadas de branco e repassadas para instituições que farão o uso coletivo, ou seja, elas voltam para a sociedade. A cada doação, uma árvore é plantada. Ano passado, foi feita a divulgação deste plano com a construção de uma árvore de natal de 7 metros de altura em frente à Casa Vermelha, no Largo da Ordem. A árvore foi montada, em cima de uma estrutura de bambu, com bicicletas e peças que vieram de doações. Em alguns casos, os or-


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Especial

Fotos: divulgação

Moda

“O interessante nesse tipo de viagem é que você conhece um pouco do povo do lugar. Nas cidades do interior, quando a gente parava para pedir comida, ou pedir para usar o banheiro, as pessoas eram mais acolhedoras. Já perto das cidades elas são mais desconfiadas” FERNANDO ROSENBAUM, ARTISTA E CICLOATIVISTA

ganizadores do plano chegaram a buscar as bicicletas na casa dos doadores.

Desafio intermodal no Trânsito

Outra ação realizada com o intuito dar visibilidade à necessidade de incentivos ao uso da bicicleta como meio de transporte, foi o Desafio Intermodal no Trânsito. Uma prova onde diferentes meios de transporte saem ao mesmo tempo de um mesmo local no horário de pico e devem chegar a um destino comum. As regras são simples, cada participante sai da Rua Augusto Stresser, 207 e deve chegar à Prefeitura, tendo que passar obrigatoriamente pela Câmara Municipal. Sempre respeitando as leis de trânsito e as regras de segurança de cada modal utilizado. Essa prova já foi realizada duas vezes, nos dois anos o modal vencedor foi a bicicleta. Em 2008, o ciclista Alex Mayer fez o trajeto, de quase sete quilômetros, em 18 minutos e foi o primeiro a chegar. O segundo colocado, Gunnar Thiessen, também é ciclista e chegou um segundo depois do primeiro. O único trecho com ciclovia, em todo o percurso, foi no Passeio Público. O carro ficou em sexto colocado - com 32 minutos -, atrás de um skatista e outros quatro ciclistas. Posição melhor que de 2007, quando ficou em último lugar. Ano passado participaram ainda uma moto, um pedestre, dois usuários de ônibus e um de táxi, que chegaram depois. O último colocado demorou 46 minutos para chegar ao ponto final,

quase meia hora depois do primeiro participante. O Desafio Intermodal foi organizado pelo grupo Bicicletada-Curitiba em parceria com o Programa Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná. A iniciativa gerou grande repercussão na mídia e uma discussão nacional sobre o tema. Tanto o desafio Intermodal, como o Plano das Bikes Brancas são tentativas de construir uma cultura favorável à utilização da bicicleta. Várias ideias vêm da Holanda, reconhecida internacionalmente como o país das bicicletas. Lá a realidade é outra, por exemplo, é comum notar nas ruas crianças, idosos, homens de terno e mulheres de saia e às vezes até salto alto se equilibrando em cima de bicicletas, é normal também levar as compras nas cestinhas.

A bicicleta no mundo Existem outros exemplos em países como França, Itália, Bélgica e Espanha. Em Barcelona existe um sistema de transporte de bicicletas pago. O cidadão compra um cartão anual ou mensal e pode emprestar uma bicicleta por duas horas e depois devolvê-la em qualquer outro bicicletário da cidade. Mas, até essa cultura se desenvolver um pouco mais no Brasil, a falta de estrutura e de respeito do motorista pelo ciclista faz com que o hábito seja uma aventura perigosa. “Eles fazem asfalto e calçada compartilhada.

Como o pedestre pode compartilhar um espaço com uma bicicleta, se uma batida a 10km/h pode ser fatal? As ciclovias daqui foram feitas com o intuito de beneficiar o lazer, não visaram a ciclovia para trabalhar. Elas são cheias de voltas, se vier a pé, chega mais rápido”, afirma Américo. Mesmo com a falta de segurança, muitos curitibanos, principalmente os jovens, investem na bicicleta e apostam nela como o veículo do futuro, que não necessita combustível, não polui o meio ambiente e promove a integração: “A gente vê uma pessoa em cada carro, sozinha, de vidro fechado, trancado em um congestionamento, cheio de barulho de buzina, gente estressada. Se a bicicleta fosse o veículo oficial, isso não aconteceria”, é o que diz o estudante universitário e “amigo da bicicleta”, Milton Fonseca Araújo. Quem resolver sair pedalando, pode ainda ter outras vantagens. Alguns bares, por exemplo, têm dias na semana em que não cobram entrada de quem chega de bicicleta. E quem, mesmo com todos os benefícios, não troca o conforto do seu carro por um passeio de bicicleta, pode fazer uma boa ação doando sua bicicleta que está parada em casa para o Plano das Bikes Brancas, e ajudar assim, a construir uma cidade mais limpa e menos barulhenta.

Em Barcelona existe um sistema de transporte de bicicletas pago. O cidadão compra um cartão anual ou mensal e pode emprestar uma bicicleta por duas horas.


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Coluna Esportes

Política

Mexer na formação, para chegar à decisão

Bem me quer, mal me quer

Luiz Fernandes Que sufoco! A classificação do Coritiba para a semifinal da Copa do Brasil foi dramática. Poderia ter sido tudo mais fácil, mas a má atuação da equipe, salvo alguns jogadores, fez os bravos ponte-pretanos crescerem no jogo e incomodarem o Coritiba. O técnico René Simões precisa acordar e mexer no time, pois ficou claro que o Coxa tem sérios problemas quanto a sua escalação. Salvo o gol de Ariel e as boas atuações de Vanderlei, Marcelinho e Leandro Donizete, os outros jogadores tiveram uma atuação razoável ou até ruim. Começamos pelo ponto mais criticado pela torcida: a lateral esquerda. Na partida contra a Ponte, Vicente começou como titular, mas em menos de 20 minutos já recebia vaias de vários torcedores. Errava passes, não cruzava, não marcava, enfim, nada fazia. Outro jogador que vem abaixo da média é o atacante Marcos Aurélio. Claro, é muito bom jogador, mas há tempos não faz um bom jogo. Na terça, não era nem atacante, nem meio de campo. Foi inoperante dentro de campo, até que foi sacado do time, para a entrada de Ramon. Aliás, quem disse que esse Ramon é jogador? Até agora não mostrou a que veio no Coritiba. Muito fraco para jogar em um grande clube do futebol brasileiro. Mas a minha maior critica vai ao técnico René Simões. Sorte, muita sorte e a competência do goleiro Vanderlei livraram o coxa do fracasso contra a Ponte. Desde o inicio da partida, o “verdão’ não jogou bem, perdeu o meio de campo, mas René

Gabriel Hamilko

preferiu manter a equipe e correr riscos. A formação que o Coritiba vem jogando, o 3-5-2, poderia dar certo se tivéssemos jogadores de mais qualidade. Ali no meio, só da Marcelinho, e quando não é ele, só dá o adversário. Com esse time, o esquema tático para a Copa do Brasil precisa ser mudado. Para começar, acredito que para o Coxa jogar a semifinal é preciso jogar no esquema 3-6-1, que seria mais ofensivo e de mais qualidade. O goleiro Vanderlei e os três zagueiros continuam na deles. Na ala, Marcio Gabriel vive bom momento e deve ficar. Na esquerda, Vicente deve ser sacado e Carlinhos Paraíba deve assumir a posição No meio de campo, faria algumas mudanças. O Coritiba precisa de mais qualidade na meia cancha. Colocaria Leandro

Donizete, Pedro Ken, Renatinho e Marcelinho, deixando Ariel somente no ataque. Essa formação seria a ideal para jogar a semifinal, que certamente será mais difícil. Assim, o Coritiba teria um meio de campo mais consistente e com mais qualidade. Alguns podem achar que Ariel ficaria muito isolado. Contra a Ponte Preta ele jogou sozinho, pois Marcos Aurélio não estava inspirado. Com Renatinho e Marcelinho no meio, eles podem encostar e jogar com Ariel. Infelizmente, Marcelinho não joga a 1ª partida da semifinal, mas para o jogo de volta essa formação é ideal. Esta é uma alternativa para que a torcida não sofra novamente. É hora de acordar, René. Serão dois jogos difíceis para o Coritiba, mas que podem glorificar o alviverde no ano do centenário.

Foi definido. Enquanto a maioria esperava uma aliança política entre Osmar Dias e Lula, o Partido dos Trabalhadores resolveu manter a estabilidade e não magoar ninguém: colocou a catarinense Ideli Salvatti, do próprio partido, na liderança do governo no Senado. A principal polêmica era em relação ao PMDB, que exigia a continuidade no comando do cargo, puxado pelo seu líder no Senado, Renan Calheiros. A cúpula governista disposta a não arriscar um racha com os peemedebistas – fundamentais para a composição de alianças para a sucessão presidencial – resolveu não colocar seu “favorito” e, de quebra, continuar com a casa sob controle, em meio a investigações que assombram o governo e a Petrobras. A própria Ideli, juntamente com o senador Aloízo Mercadante, indicaram e apoiavam a ida de Osmar Dias para a liderança do governo, fato que agradava Lula, pensando em um “bom palanque” para a sua discípula Dilma Roussef no Paraná, o que dividia o senador paranaense entre tucanos e petistas. Seria o primeiro paranaense a ser líder do governo no Senado Federal. De qualquer maneira continuam as conversas entre o PT e Osmar, mediada de perto por Paulo Bernardo, mas a “paquera” não continua a mesma como antes, apesar de ser a aliança mais suscetível, pois provavelmente os tucanos vão de candidatura própria e o PT não vai arriscar mais um resultado decepcionante. Nesse caso, melhor se aliar a quem tem condições e, ainda por cima, tentar garantir uma boa votação para Dilma aqui no Paraná.

Tucanos e Alvaro Enquanto Álvaro Dias se ilude com a pesquisa que “vai colocar” ele na frente e fazer todo o resto – seu brother e seu colega Richa – desistir, a bancada estadual do PSDB prefere o prefeito de Curitiba. Álvaro espera somente o apoio da população mesmo, pois até o momento, não teve nenhuma manifestação de apoio, mas mesmo assim, a ideia de se candidatar não é removida de seus planos. Para o senador tucano, sua candidatura seria melhor para a campanha de Serra e obteria apoio de Requião, que busca uma vaga no Senado Federal. Mas os deputados não pensam da mesma forma. Vamos ver o que o público pensa.


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Internet

Gustavo Alberge/LONA

Publicidade

Investimento com publicidade na internet ainda é discreto Desconhecimento de empresas é uma das principais causas à falta de procura Gustavo Alberge Banners, selos e botões em sites, anúncios em DHTML e, até mesmo, os famosos pop-ups são algumas das formas de anunciar na internet. Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Ibope Mídia, por meio da ferramenta Monitor Evolution, a publicidade na internet faturou quase 1,6 bilhões de reais – 2,7% do total gasto com todas as mídias em 2008. Esse meio ainda representa uma pequena parcela dos investimentos com publicidade no Brasil, mas de acordo com especialistas, esse setor apresenta grande potencial de desenvolvimento. A publicitária e mestre em Comunicação Integrada Christiane Monteiro Machado, aponta dois prováveis fatores que podem ser a causa do baixo in-

vestimento nesse setor. “O primeiro seria por parte dos anunciantes, que preferem os meios de comunicação em que eles se sintam mais seguros com relação aos resultados. E na internet ainda é difícil mensurar resultados”. O segundo ponto levantado, com cautela, por Christiane, é que existe certo “comodismo” das agências de publicidade, que acabam por utilizar apenas os meios tradicionais. Afinal, segundo a publicitária, a internet exigiria um raciocínio diferente por parte das agências. Outro fator que implica na modesta participação da publicidade na internet, de acordo com o publicitário e gerente de mídia online da agência “Mídia Digital”, Marcelo Andrade, é a carência de bons profissionais nesse campo. “Hoje sentimos

“Muitas ainda têm medo de anunciar na web, pois não conhecem os tipos de anúncio e o retorno do investimento. Mas, quando eles percebem que podem atingir o usuário diretamente os clientes passam a acreditar mais e indicar a publicidade na web” GABRIEL SOTO, COORDENADOR DE SEO

dificuldade na hora de buscar profissionais no mercado com esta capacitação”. De qualquer forma, especialistas na área afirmam que a procura por anúncios na internet ainda não é tão grande por conta do desconhecimento das empresas anunciantes. “Muitas ainda têm medo de anunciar na web, pois não conhecem bem os tipos de anúncio e o retorno do investimento. Mas, quando eles percebem que podem atingir o usuário diretamente, evitando dispersão, os clientes passam a acreditar, investir mais e indicar a publicidade na web”, diz o publicitário e coordenador de SEO (Otimização para Motores de Busca) também da empresa “Mídia Digital”, Gabriel Soto.

Perfil do anunciante O publicitário Marcelo Andrade afirma que o ranking de empresas que mais investem em internet é diferente daquele que avalia os investimentos globais em publicidade. Para ele, o setor financeiro ocupa o primeiro lugar, seguido pelo ramo automotivo. A publicitária Christiane compartilha parcialmente da visão de Andrade, apenas coloca as empresas de telefonia em segundo lugar. Ela também acredita que o varejo é um setor que poderia usar a internet o tempo todo, mas anuncia pou-

Agências de publicidade são pouco solicitadas por anunciantes que querem mostrar produtos aos internautas

quíssimo na internet, comparado com o que anunciam nas mídias tradicionais.

Perspectiva Segundo os especialistas, o setor de anúncios publicitários veiculados na internet prevê crescimento constante. “Na medida em que mais usuários acessam a internet, não importa de onde, ganhamos mais e mais pessoas com potencial de consumo, que buscam por relacionamentos mais ricos com marcas de produtos e serviços”, explica Andrade. Christiane diz não ter dúvidas de que a publicidade na internet vai crescer. Porém, para que isso aconteça, ela afirma que, antes de tudo, as pessoas devem aprender a buscar informações na internet. Depois, as empresas vão perceber que é importante anunciar na web. Por fim, as agências passam a oferecer essa possibilidade aos anunciantes. A publicitária também acredita que, aliado ao crescimento, uma série de novos formatos devem surgir. “Nós estamos longe de chegar a uma maturidade na internet, muitos formatos [de anunciar] ainda estão sendo testados”.

Com relação aos usuários buscarem informações via internet, Andrade levanta como fundamental a criação de programas de inclusão digital para que esse setor publicitário se desenvolva. “Os anunciantes precisam ver que mais pessoas acessam a internet para que se interessem”.

Os famigerados Pop-ups Ao navegar pela internet, quem nunca se deparou com uma janela com anúncios que surgiu inesperadamente na tela do computador? Praticamente, todos já estiveram nessa situação – lendo notícias, abrindo o email ou acessando sites. O problema, segundo o publicitário e pesquisador sobre a publicidade na internet Sérgio Czajkowski Júnior, é que o consumidor atual não admite que invadam o seu espaço. “Uma das coisas mais desagradáveis, e também compartilho dessa opinião, é de repente, sem você sequer imaginar, levantar três ou quatro pop-ups na sua tela. Isso tudo é muito irritante para o consumidor. O consumidor quer receber informação, mas no momento em que ele acha adequado”.


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Curitiba, quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ensaio Las Vegas

Entre luzes e jogos de

azar Texto e fotos: Pedro Henrique Kuchminski

Cenário de vários filmes e seriados, Las Vegas possui uma história marcada por espetáculos, lutas de boxe, corrupção e, obviamente, jogos de azar. Ao caminhar pela famosa Strip Avenue, é quase impossível não se deixar seduzir pelas luzes dos cassinos, que podem ser vistas do espaço. Eventos, convenções e encontros são o novo atrativo dessa cidade que não para de se renovar.


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