RIO Á I D do
L BRASI
Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 425| jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |
Audiência pública prevê possibilidade de proibição no uso de sacolas plásticas Exercício irregular pode ocasionar lesão
Rave reúne mais de 15 mil pessoas em Curitiba Felipe Waltrick/LONA
Amanda Ribas/LONA
A falta de tempo, muitas vezes, se torna um empecilho para a prática de atividades físicas com regularidade.
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Ontem, na Assembléia Legislativa, aconteceu uma reunião que discutiu a obrigatoriedade de os supermercados disponibilizarem sacolas plásticas que causem menor impacto ambiental. A iniciativa é do programa Desperdício Zero, da Secretaria do Meio Ambiente, e tem por objetivo reduzir 30% do lixo e eliminar lixões a céu aberto no Paraná. A discussão não implicou ações com resultados imediatos, mas o que ficou claro é que se os estabelecimentos não se adaptarem às regras, é provável que uma atitude drástica, como a proibição total do uso de plástico em sacolas, seja tomada.
ENSAIO: Tribal Tech 2008 é a maior festa rave do sul do Brasil - Página 8
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Perfil conta a história Reportagem mostra a 27 de agosto: dia do psicólogo de amante do cinema luta dos homossexuais A psicologia é uma ciência de longa exisConheça a trajetória de alguém que não gosta de se definir em uma função, mas que assume ocupações diversas como a de pesquisador, inventor, cronista e cineasta.
Os psicólogos dizem que a família costuma ser uma agência de controle de comportamento poderosa, e que o papel de apoio durante o processo de autoconhecimento é fundamental.
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tência, mas de vida curta. Isso porque os seres humanos sempre pensaram em questões como a vida, a morte, a alma e as causas de seus medos e angústias. Mas o termo psicologia só apareceu no século XVI com Rodolfo Goclénio.
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Divulgação
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Juro
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Garantia de estar aqui
Ricardo Vieira
O Brasil é o país do juro, um vilão que é acoplado no nosso cotidiano como se fosse o salvador da pátria contra a inflação. Não nos damos conta de que andamos para trás com ele. É no crediário, nos cartões de créditos, nos financiamentos, no cheque especial e, resumindo, em tudo o que consumimos. Mas o interessante é que isso parece não abalar o trabalhador. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mesmo com o aumento da taxa de juros oficial brasileira a economia cresce com venda a prazo. A indústria automobilística, que temia o aumento da taxa, continua vendendo, e muito, principalmente com os financiamentos a longo prazo. Prazos estes que chegam a 80 meses. Já é hora de dar mais atenção às letras miúdas das grandes promoções, dos empréstimos bancários e principalmente parar de analisar apenas se a parcela cabe no seu orçamento. A cultura brasileira de consumo alimenta e mantém os grandes empresários. O governo afirma que, com o aumento da taxa, diminui o consumo e conseqüentemente mantém a inflação baixa. Mas
o trabalhador muitas vezes não tem opção de esperar a compra de um eletro doméstico, por exemplo. No final das contas será que tenho que acreditar que estou sendo beneficiado pelo Banco Central? Mas o juro parece ser mais um ídolo nacional, ele faz bem para quem tem dinheiro e aplica para ganhar este fabuloso juro, faz bem também para investidores internacionais, que buscam melhores rendimentos. E o trabalhador brasileiro, que não tem o que investir, paga a conta consumindo, muitas vezes, apenas o necessário. Mas, sorria povo brasileiro: somos pentacampeões de futebol, ganhamos algumas medalhas nas Olimpíadas e, parabéns, a nossa taxa de juros está bem perto de ser a campeã mundial. Estamos em segundo lugar. Um país que quer estar entre as grandes potências mundiais não pode disputar rankings desse nível. Está na hora de pensar o Brasil para os trabalhadores brasileiros, só assim seremos vitrine para o resto do mundo. Enquanto isso não acontece, um caminho é a conscientização do consumidor. Na medida do possível, economizar e comprar a vista é uma maneira de driblar os juros.
Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Pla-
nejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Anny Carolinne Zimermann e Antonio Carlos Senkovski
O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.
Felipe Waltrick
Voltar de viagem é um ato que envolve emoções boas e ruins ao mesmo tempo. Lembrar de todas as aventuras e experiências que se passa em lugares fora de sua rotina pode se tornar uma frustração momentos após a inevitável chegada. Porém, ao mesmo tempo em que é duro pensar que já acabou, é extasiante lembrar-se de tudo que passou e conseqüentemente aprendeu. O não-viajante é uma pessoa que deseja voltar no tempo e recomeçar todos os preparativos de sua última viagem, mas quando comemora os feitos e histórias que entraram em seus contos de memórias já pensa na próxima jornada. Ser um não-viajante é apenas um estado passageiro, logo ele se torna de novo um viajante.
Aquele que se considera um morador do mundo nunca fica muito tempo parado em um só lugar. As emoções da partida e da chegada são alimentos desse tipo de pessoa. Outra coisa que alimenta a gana por viajar é obter novas informações de mundos, novas pessoas, novas culturas, novas vidas. Compartilhar seu momento de sono em um albergue, inevitavelmente com desconhecidos, faz você se sentir um nômade, pois cada dia uma pessoa diferente dorme no quarto que nunca tem um único proprietário sonhador. Ao sairmos de nossas tocas quentes e aconchegantes por um tempo considerável a procura de tudo isso, somos capazes de perceber as nossas frescuras e manias que passam despercebidas no dia-adia. É o travesseiro do albergue que é muito duro, o chuveiro que não tem a água do jeito que você gosta, a pessoa
no mesmo quarto que ronca, o outro que fede, e por aí vai. Longe afirmar que isso é um defeito do viajante, pois é inevitável estabelecer para qualquer pessoa, um laço com o seu ponto de apoio, aquele lugar que é a sua origem, mesmo sem ter nascido lá. Tem um fator muito importante no momento da volta que influencia todas as suas futuras relações. É o fator da experiência com a vivência. Sempre após uma viajem com os dias certos em lugares marcantes, as suas idéias e ideologias ganham elementos a mais nos seus pensamentos, influenciando a maneira como irá conviver como o próximo a partir daí. É engraçado como aquele frio na barriga que ataca em todos os momentos de volta acaba logo depois do primeiro abraço que se dá nas pessoas amadas. De uma forma ou de outra o primeiro abraço significa: Pronto. Parti, cheguei e estou vivo.
Razão ou emoção? Augusto Klein
As questões econômicas possuem importância mundial, mas, para muitos, suas origens poderiam ser consideradas “gregas”. Obviamente, a referência feita aqui não remete aos primórdios da economia como ciência ou organização, e sim à dificuldade de compreensão da população em relação aos acontecimentos econômicos do cotidiano. Estes desdobramentos deveriam ser facilmente absorvidos pelas pessoas, pois influenciam diretamente em suas vidas. Mas, nesta incerteza gerada por incontáveis impostos e uma constante burocracia, predominam as opiniões próprias sobre as questões econômicas, que, geralmente, levam a conclusões distorcidas sobre o assunto. Um exemplo clássico desta questão é a queda do dólar, que, apesar de ser comemorada por muitos brasileiros, não é tão benéfica para o país como aparenta. É compreensível que seja
difícil acreditar nesta afirmação no momento atual, quando a economia brasileira cresce de forma inversa à queda da moeda norte-americana. De fato, a valorização das commodities nacionais no exterior contribui para a desvalorização do dólar, mas isto também possui conseqüências. Com este crescimento econômico, o Brasil tornou-se um local mais atrativo para investimentos financeiros, abrindo espaço para a moeda norte-americana e, conseqüentemente, às importações. Resumidamente, ficou mais fácil comprar produtos importados, pois seu preço baixou. Entretanto, é neste momento que surge mais um problema. Algumas pessoas acreditam que seja excelente poder comprar a valores reduzidos. Isto é justamente o seu erro. Pode ser bom para elas, mas é péssimo para a economia nacional. A explicação é simples: com a desvalorização do dólar, as exportações brasileiras perdem competitividade e enfrentam a concorrência dos produtos impor-
tados. É interessante observar que, mesmo estando em dúvida quanto aos desdobramentos da queda da moeda norte-americana, grande parte das pessoas tende a comemorar este acontecimento. A causa para isto, entretanto, pode estar longe da área econômica, invadindo o campo do sentimento humano. Desde a posse de George W. Bush, e a invasão do Iraque, a antipatia mundial ao governo norte-americano tomou grandes proporções. Entretanto, esta aversão não se limitou à área política, mas atingiu os Estados Unidos de forma geral. Neste processo de repulsa, o Brasil não foi exceção, e muitos passaram a desvalorizar aquilo que provinha do território ianque. Dessa forma, pode-se pensar que o dólar foi, para o restante dos países, a imagem da opressão norte-americana. Talvez seja pura especulação, mas observar a vitória do herói sobre o vilão nunca vai deixar de ser um bom aditivo emocional. O patriotismo desperta quando menos se espera.
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Assembléia Legislativa não chega a acordo sobre alternativas para supermercados
Audiência prevê ultimato para o plástico Suziê de Oliveira
Foi discutido ontem, na Assembléia Legislativa, através de uma audiência pública, a obrigatoriedade de sacolas diferenciadas que causem menos impacto ambiental nas grandes redes de supermercado. Essa iniciativa é do programa Desperdício Zero, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente, que tem por objetivo reduzir 30% do volume de lixo gerado e eliminar os lixões a céu aberto no Estado. Foram convidados para a audiência vários empresários, dentre eles o diretor-presidente do Grupo Carrefour Brasil, Jean Marc Pueyo, o presidente executivo da Plastivida; o presidente da Companhia Brasileira de Distribuição, Abílio dos Santos Diniz; o presidente da Associação Paranaense de Supermercados, Everton Muffato, além do presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Paraná,
o SIMPEP, Dirceu Galléas. Um dos envolvidos no projeto, o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, destacou que a mudança de consumo é importante. “Usar carrinhos e sacolas retornáveis é uma alternativa para acabar com o problema do plástico convencional, que é recolhido em pouca quantidade”, salienta o secretário. Além disso, Rasca diz que devido ao pouco recolhimento do material (menos de 25%), a tendência é que se proiba definitivamente a sacola comum para empacotamento nos supermercados. Tanto que uma das medidas tomadas pelo Governo Estadual recentemente, já que algumas redes de supermercados não ofertaram alternativas ecologicamente corretas para as sacolas plásticas disponibilizadas em suas lojas, foi uma multa que começou a ser aplicada no mês de abril pelo Instituto Ambiental do Paraná. Com o valor de R$ 70 mil aplicados diariamente às re-
des que englobam Wal Mart, Big, Mercadorama, Carrefour, Pão de Açúcar e Extra. A dívida desses supermercados já totaliza R$ 8 milhões. Mas antes da aplicação da multa, o secretário Rasca Rodrigues discute há mais de dois anos com o setor essa questão. “Começamos com a Associação Paranaense de Redes de Supermercados e depois passamos a convocar as redes individualmente, a fim de conseguir uma solução para as sacolas que estão na boca dos caixas; uma vez que 85% das sacolas plásticas ficam na natureza, provocando enchentes, poluindo Unidades de Conservação e fundos de vale”, comentou. Apesar de as grandes redes não cumprirem as metas ambientais estipuladas pelo Estado, supermercados como o Condor, Muffato e Cidade Canção, de Maringá, já aderiram à sacola oxi-biodegradável, que se decompõem em 18 meses. Na opinião do presidente da rede de
supermercados Condor, Joanir Zonta, é importante estimular a conscientização para os problemas causados ao meio ambiente. “Devemos fazer nossa parte para colaborar não só com nossa empresa, mas com a população. Acredito que esse tipo de comportamento tenha estimulado a aprovação do uso das novas sacolas por parte dos consumidores”, destacou. Porém, o número de sacolas oxi-biodegradáveis distribuídas nos supermercados Condor equivalem apenas a 12% das 80 milhões de sacolas ofertadas mensalmente pelo setor supermercadista paranaense. Esse número corresponde a 20 toneladas de plástico lançados no meio ambiente. De acordo com levantamento da coordenadoria de resíduos sólidos da Secretaria do Meio Ambiente, as redes que ainda não colaboram com o Programa Desperdício Zero são responsáveis por 70% das sacolas disponibilizadas no mercado.
Mesmo com a discussão sobre o tema, ainda não foi definido um caminho para as redes de supermercados a respeito das sacolas comuns. Um dos únicos pontos que ficaram decididos foram as multas, que continuarão sendo aplicadas porque as iniciativas dos supermercados (pequena redução dos resíduos gerados_ 25%, entrega de menos sacolas aos clientes) não foram apresentadas oficialmente ao Ministério Público do Paraná e ao governo. O que aqueceu a discussão na Assembléia, porém, foi a opinião do presidente executivo da Plastivida, Franscisco de Assis Esmeraldo. Ele disse que a Plastivida tem um estudo comprovando que os materiais oxi-biodegradáveis são ineficientes na questão ambiental. Após esta informação, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, pediu que a Plastivida apresente o estudo à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a casa de leis.
Dia do psicólogo relembra quase meio século de regulamentação da atividade no Brasil Sílvia Henz
Hoje é comemorado o dia internacional do psicólogo. São 46 anos de regulamentação da profissão. Para não ignorar essa data é interessante lembrar do papel do psicólogo na sociedade. O psicólogo, conforme a etimologia da palavra, é um conhecedor da mente humana. A palavra deriva do grego psiché (alma) + logos (razão, estudo). Diz-se que a psicologia é uma ciência com longo passado, mas com uma curta história. A frase se refere ao fato de que todos os homens de todos os tempos e culturas refletiam e ainda refletem sobre a vida, a morte, a alma e as causas de seus medos e angústias. Mas o termo psicologia só apareceu no século XVI com Rodolfo Goclénio. A psicologia é vista como ciência a partir do século XIX, quando já havia desenvolvido e evoluído diferentes estudos e
métodos de investigação. O psicólogo estuda a personalidade, a aprendizagem, a motivação, a memória, a inteligência, o funcionamento do sistema nervoso, também a comunicação interpessoal, o desenvolvimento, o comportamento sexual, a agressividade, o comportamento em grupo, os processos psicoterapêuticos, o sono e o sonho, o prazer e a dor, além de todos os outros processos psíquicos. Segundo o psicólogo Menyr Zaitter, a sua profissão consiste em absorver, observar, orientar e, às vezes, modificar uma estrutura de pensamento que não seja considerada adequada dentro de um meio social. Como exemplo de comportamento que podemos mudar é o uso da burca: “Se pensarmos num país onde é comum o uso da burca, nós vamos entender que lá é possível, aqui não. Se essas pessoas andassem na rua pensaríamos ‘o que se esconde atrás dessa burca?’. Essa mudança de comportamento de o que tem lá para o que tem aqui é uma coi-
sa que pode ser mudada no entendimento em que entra cultura e entra o saber.” O interesse pela filosofia nos remete aos primeiros grandes pensadores, os filósofos gregos que já naquela época estavam envolvidos com os mesmos questionamentos que os psicólogos estão envolvidos hoje. Somente quando a psicologia tomou o rumo da observação e experimentação para o estudo da mente humana é que ela pode se distinguir da filosofia. Durante séculos essas duas ciências estiveram unidas. Depois da separação, a psicologia aperfeiçoou suas técnicas e métodos de estudo para ter mais precisão nas perguntas e nas respostas. Zaitter explica a origem do senso comum, que diz que a terapia causa dependência no paciente: “Freud ficou defasado num período de quase dez anos, pois ele fazia o uso de sustâncias estimulantes, ele usava cocaína. Porque ele queria descobrir algumas coisas para poder desenvolver a fala do paciente
Silvia Henz/LONA
O psicólogo Menyr Zaitter com facilidade. Nessa fase de Freud, os pacientes passaram a segui-lo, muitas vezes não pelo atendimento, mas pela dependência química. Daí aquele chavão: o paciente não resolve nada sem que tenha apoio de um terapeuta. A psicologia não causa dependência, pelo contrário, faz com que o paciente se sinta mais seguro.” Existe na psicologia posições
divergentes. Há 100 anos ela procura, aceita e rejeita diversas definições, mas nenhuma escola conseguiu unificá-la. A essência é a mesma, mas os métodos são diferentes. São escolas de pensamento da Psicologia a Psicanálise, o Behaviorismo, o Estruturalismo, o Funcionalismo, a Gestalt, a teoria Humanista e a teoria Sistêmica.
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Estudo do Grupo Gay da Bahia mostra que homossexuais excedem 15 milhões no Brasil
Fulano, homossexual. Prazer! marcadas por alegrias, angúsCarolina Adam Helm tias, traumas e tranqüilidades, exatamente como todas as pesDaniela Piva soas. A adolescência é uma fase de descobertas e buscas, e alHá quem goste de atuar. Há, guns encontram outras verdatambém, os que dançam confor- des, que não são aceitas com me a música. Paixão e desejo tranqüilidade pela sociedade. Admitir ser homossexual, são fundamentais para quem opta por tudo aquilo que lhe é às vezes, é difícil para si mesessencial. Mas não há como de- mo. Quando este estágio é sufinir o que é vital para cada um. perado, admitir para a família Oscar Wilde já disse: a vida é mais complicado. Marco, asimita a arte muito mais do que sim como a maioria, teve que a arte imita a vida. Demonstrar encarar a família. “Em casa, as a preferência não é simples, pois coisas sempre são difíceis no ela nem sempre está de acordo começo. Mas depois, o peso de com o que é moralmente aceito não esconder ou ocultar os fapela sociedade. “Nunca seria eu tos alivia a consciência e ensimesmo se a todo o momento ti- na a saber compreender suas vesse que atuar ao invés de sim- vontades e direitos”, diz. A psicóloga Giovana Libretplesmente ser quem sou”, profere Marco Antonio Andrade, de ti afirma que algumas famílias possuem tendência maior, de 23 anos. Marco é publicitário, pós- acordo com suas crenças e vagraduado em marketing pela lores, a apresentar preconceito Fundação Getúlio Vargas e tra- sobre o assunto. De acordo com a psicóloga, balha na Alemanha. Tem 1,69m de altura, mas arredonda para existem diferentes pontos de vis1,70m. Sua maior preocupação ta em relação a esse assunto. O com o físico é manter os dentes biológico, o moral, religioso, psibrancos e estar magro. Adora cossocial e o psicológico. “Do mitologia grega, Nietzsche, e ponto de vista psicológico, podeser fotografado. Seu francês não se dizer que o homossexualisé dos melhores ao cantar as mo é resultado de possíveis músicas da banda belga Vive traumas vivenciados na priLa Fête. O alemão, ele arrisca. meira infância. Então, o papel Mas é formado em inglês e es- da família está diretamente relacionado com a maneira que a panhol. Ele é extrovertido, bem-su- concepção de homossexualismo se constrói cedido, culto e em determitem relacionanada sociementos facilmen“Coube a mim dade, levante. É do tipo que prefere poucos, desmistificar a ima- do-se em consideramas bons amigem e alguns dos ção a relação gos. Foge do esteindivíduoreótipo e é até preconceitos sociedade, considerado inexistentes dentro na qual a sensível. Não gosé ta da palavra “asdo meu próprio am- influência recíproca. sumir”, por biente famíliar” Além do achar que rotula. meio social, Modificou o modo a família de encarar as coiMARCO ANDRADE também insas, e é homosseterfere na xual. “Nunca assumi, apenas passei a ser como construção da subjetividade do sujeito”, diz Giovana. sou”, diz. O desejo de se relacionar com alguém do mesmo sexo surge da Família Homossexuais têm passado, mesma maneira que o desejo de presente e futuro, como qual- se relacionar com alguém do quer um. Possuem infâncias sexo oposto. Segundo a psicólo-
Foto: Arquivo Pessoall
O publicitário Marco Antonio Andrade ga, a família deve conscientizarse que não é a preferência sexual que vai definir os valores, a personalidade, as atitudes, entre outros aspectos do indivíduo. “Não é porque um sujeito não tem a orientação sexual predominante da sociedade que ele deve ser visto de maneira diferente, inferior ou ‘anormal’”, afirma ela. A psicóloga Mariana Bueno, de 23 anos, é bissexual. De acordo com ela, a família costuma ser uma agência de controle de comportamento bastante poderosa, e é fundamental durante todo o processo de autoconhecimento e aceitação. “A família, ao apoiar o filho, transmite segurança e o ajuda a se fortalecer para encarar as dificuldades que fatalmente virão. Quando a família não aceita, pune ou transforma o assunto em tabu, é fato que o clima na casa não ficará favorável, a auto-aceitação da pessoa também pode ser comprometida”, diz Mariana. Respeitar o outro e saber até que ponto se deve exigir que o inverso também ocorra é o primeiro passo para evitar conflitos. “Ao mesmo tempo em que
eu soube a hora de conversar e são bem aceitas. O casamento estabelecer o que eu queria para civil é possível para pessoas do mim, também tive que compre- mesmo sexo na África do Sul, ender e entender que, naquela Espanha, Canadá, Bélgica e Hosituação, eu sabia muito mais landa. A adoção de crianças, pela sobre o assunto que o outro lei geral, é possível na Islândia, lado. Coube a mim desmistifi- Bélgica, Espanha, Canadá e car a imagem e alguns dos pre- Holanda. Recorrendo à via juconceitos dentro da minha pró- dicial, a adoção pode ser feita pria família”, diz Marco Anto- no Brasil, Israel e França. nio. Nos Estados Todos têm Unidos, um hoo direito de mossexual pode “Não é porque o conhecer sua prestar serviço sexualidade. militar desde sujeito não tem a Para Marco, que não assuexperimentar ma publicaorientação sexual “de tudo” é inmente a sua predominante da viável para a homossexualimaioria, devidade. Assim, os sociedade que ele do à educação serviços do deve ser visto de recebida. Ela exército não poé pouco esclamaneira diferente” dem questionar recedora e em sua preferência sua maioria sexual. Em IsGIOVANA LIBRETTI repleta de rael e no Cana“simbologidá, os homosseas”, que predeterminam qual xuais podem ingressar no serdeve ser o comportamento soci- viço militar sem restrições. almente ajustado. No Brasil, o homossexualismo é cada vez mais compreendido. Em 2006, o presidente Brasil e mundo Em alguns países, a homos- Lula emitiu uma carta em que sexualidade e a bissexualidade apoiava o movimento homosse-
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Foto: Arquivo LONA
Passeata gay para divulgar o movimento xual, durante a parada gay de Brasília. Os meios de comunicação ajudam também na compreensão da escolha, assim o que era polêmico torna-se natural. O lançamento do programa Brasil sem Homofobia, coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, ajudou na inclusão e contou com a participação de vários ministérios, entre eles o da Justiça, Saúde, Educação e das secretarias dos Direitos da Mulher e da Igualdade Racial. No Brasil o casamento gay ainda não é oficial, mas pode-se fazer um contrato de união estável para garantir o patrimônio. “A legislação é muito conservadora e na Constituição federal está escrito que casamento é entre homem e mulher”, diz a advogada Daniela Setti de Pauli. Há duas opções de adoção por pessoas do mesmo sexo: a individual (família monoparen-
tal) ou por casal. A individual é menos complicada, pois o único fator que pode influenciar na decisão é moral. “Os casais homossexuais usam isso (famílias monoparentais) para adotar crianças”, diz a advogada. No Estatuto da Criança e do Adolescente, não existe nenhum artigo relacionado à adoção por casais homossexuais. Embora a adoção por homossexuais não seja proibida por lei, no Brasil ainda há resistência. O maior motivo é o preconceito. Muitos acreditam que a criança pode ser influenciada, tornando-se homossexual por falta de referência de um dos sexos. Ou que a criança possa sofrer discriminação, especialmente na escola, por ter pais homossexuais. “Acho que o país demorará muito ainda para regulamentar a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas já existe jurisprudência de casais homossexuais que conseguiram colocar os dois
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nomes na certidão de nascimento da criança”, finaliza a advogada.
Sociedade Apesar de todo o preconceito existente, a sociedade parece estar mais tolerante em relação à homossexualidade. Em 2007, um estudo do IBGE revelou que há 17 mil casais homossexuais no Brasil. A pesquisa foi realizada em 5.435 municípios brasileiros com até 170 mil habitantes. Isso equivale apenas a 60% da população nacional. Parece haver um aumento de homossexuais, pois antigamente era comum vê-los somente em boates GLS. Não que tenha aumentado em números, apenas ficou mais fácil admitir o que querem de verdade. Para Marco, é uma questão cultural. “O que existe hoje, é mais esclarecimento e liberdade para o autoconhecimento. O que leva um número maior de pessoas a descobrirem uma outra verdade...”, diz. Os movimentos gays contribuíram para suavizar a discriminação e, conseqüentemente, a homossexualidade ganhou visibilidade. Ao tornar o assunto público, muitos homossexuais se motivaram e desprenderamse de antigos costumes e da moral social vigente para fazer valer sua vontade, sem constrangimento ou sentimento de culpa. “O que existe hoje, é mais tolerância e liberdade”, diz Marco Antonio. Há ambientes em que discriminação por parte dos outros é menor, mas depende muito da cultura dos indivíduos que o compõe. R.R., de 26 anos, é ator. Para ele, mostrar Foto: Arquivo LONA
Pesquisa mostra dados da homossexualidade De acordo com o padrão da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), que determina as classes sociais a partir de bens de consumo, o Instituto de Pesquisa e Cultura GLS realizou em 2005 um censo. A pesquisa demonstra que: • 12% dos gays pertencem à classe A1, e 24% à classe A2. São 36% que pertencem à classe A. • 26% pertencem à classe B1, e 22% à classe B2. São 48% que pertencem à classe B. •
16% pertencem à classe C.
• 69% já declararam a preferência sexual, enquanto 26% ainda não. Os que não responderam foram 5%. • 68% da classe A assume a orientação sexual. Já na classe C sobe para 74%. • 52% assumiram para amigos, 14% chefes no trabalho, 9% para a família, 6% para professores e 5% para colegas de trabalho. 14% não responderam. •
57% completaram o ensino superior.
• 55% declararam ter sofrido algum tipo de discriminação. •
42% foram motivos de piada de conhecidos. Fonte: Revista Isto é
quem realmente é, fez com que os outros o respeitassem ainda mais. De acordo com a psicóloga e bissexual Mariana Bueno, há ambientes onde as pessoas assumidas incomodam, mas há também os ambientes onde os não-assumidos incomodam ainda mais as pessoas que estão em volta. “Tenho meu espaço. Acredito que tudo venha de como você se comporta. As pessoas não são obrigadas a ver o que não querem ou o que não gostam. Hoje todos sabem da minha opção, porém respeito a todos, e os ambientes que estou. Existem lugares apropriados para um casal gay estar junto. Para ser respeitado, você precisa respeitar”, diz R.R. Tanto Marco Antonio, quanto R.R., em determinado momento da entrevista, disseram que os homossexuais são vistos como se tivessem uma doença
altamente transmissível. O caminho para a aceitação moral da homossexualidade ainda é muito longo e, mesmo com a sociedade aparentemente mais compreensiva, o convencionalismo ainda existe. “Quanto mais desprendidos dos dogmas e esclarecidos somos, nos tornamos mais predispostos a aceitar novidades. A sociedade caminha da mesma forma”, diz Marco. Para ele, as amizades são essenciais para encontrar coragem e encarar a parte difícil da situação. Ele diz que não é necessário anunciar a sexualidade. “As pessoas que se aproximam, são aquelas que estão mais preocupadas com o caráter do que com a sexualidade de quem está próximo. Ninguém se apresenta como ‘Fulano, heterossexual. Prazer! ’”, diz Marco Antonio.
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Através da telecinagem, cinéfolo converte antigos filmes às novas tecnologias
O filme que marcou minha vida de maneira profunda sua outra paixão, o cinema, que cultiva desde os nove anos de idade, quando o seu pai o Uma garagem nos fundos de levou à sessão de inauguração uma clínica odontológica. Quem do Cine Luz em Curitiba, em passa pela rua Manoel Ribas, a dezembro de 1939, conhecendo, uma quadra da igreja dos Ca- pela primeira vez, uma cabine puchinhos, alto das Mercês, e aparelhagens de projeção em nem imagina que ali se concen- funcionamento, uma experiêntra grande parte da história do cia para ele inesquecível. Mais tarde, de 1951 a 1969, cinema paranaense. Dentista aposentado, cine- foi programador e projetista do grafista e cinéfolo, amante do Clube Concórdia. Clube que frecinema e do rádio desde os tem- qüenta até hoje, e que planeja pos de menino quando era co- resgatar essas histórias em um nhecido na rádio Clube Para- projeto cultural de exibições e naense como o “Rato Branco”, debates com o cinéfolo no final que trocava as agulhas das deste ano. De lá tem imagens pick-ups; seu pai foi proprietá- da primeira festa da cerveja do rio da famosa perfumaria “Lá Brasil realizada no ano de 1938, no Luhm”, onde os pacotes de na sede social do clube, situada presentes eram uma atração; na rua Duque de Caxias, cendurante a Segunda Guerra a tro de Curitiba. “A tradição aleloja foi apedrejada, em virtude mã e as tradicionais festas da origem germânica da sua como a Festa da Cerveja e a do família, uma cena que muito Advento, o Concórdia foi pioneiro, os vídeos comprovam isso”, marcou o pequeno Harry. Harry não gosta de se defi- esclarece Harry, que já foi connir em uma função, mas assu- sultado por prefeituras de cidame que é pesquisador, inventor, des do interior de Santa Catacronista, realizador. De ascen- rina que se intitulavam por esse dência alemã, como o pai Eri- pioneirismo. Os bailes ch, que tinha de gala, tradicomo hobby a Na década de 1980, cionais e resfotografia, despeitados da cobriu ainda o pesquisador sociedade cumuito cedo o desenvolveu a ritibana, gagosto pelas nham uma imagens. Ele telecinagem, técnica atenção espetem importancial de Harry, te contribuique tem permitido a que tem arção na pesquisobrevivência em quivadas disa dos pioneiversas ediros do cinema vídeo de filmes ções dos baiparanaense. É les de debumembro do Conselho de Pesquisadores do tantes dos principais clubes da Cinema Brasileiro. Está ligado capital. “As debutantes destes às atividades do Cineclube An- filmes, hoje já são avós, e muinibal Requião (sessões na Bibli- tas delas são mulheres de desoteca Pública do Paraná) desde taque da sociedade”, ressalta com orgulho o colecionador que 1993. Estudou no Colégio Santa mantém até hoje centenas de Maria em Curitiba e formou- quilos de filmes em rolo. Pela composição do materise em Odontologia pela UFPR em 1957, exercendo esta ativi- al, o filme de rolo, composto por dade até 1994, quando se apo- acetato e celulose, merece uma sentou. Assim, passou a ter manutenção especial, o que não mais tempo para dedicar-se à é feito por muitas pessoas que
Guilherme Sell/ LONA
Guilherme Sell
Harry preserva nos fundos de casa projetores e filmes de época simplesmente guardam em qualquer lugar da casa. “O acetato é um material composto por muita química, as latas explodem”, alerta Harry, que ainda possui esse material em casa. Há relatos de pessoas que perderam seus imóveis em incêndio, pela combustão iniciada pela reação química nas latas de filme. No fim da década de 1980, o pesquisador desenvolveu uma técnica de telecinagem, que veio a ter repercussão nacional, e que tem permitido a sobrevivência em vídeo de importantes filmes e documentos cinematográficos. No início da década de 1980 já havia criado uma técnica de colocação de legendas em fitas de vídeo, até então só encontráveis na versão original em inglês, no que foi pioneiro no Brasil. Seu interesse por cinema resultou também em realizações fílmicas, de início com uma câmera 8 mm. Destas, tem por exemplo o seu registro em 1953
de alguns tópicos dos eventos comemorativos aos cem anos da emancipação do Paraná. Luhm é o realizador do curta-metragem em vídeo “Curityba, Curitiba”, concebido a propósito das comemorações do tricentenário da cidade. Neste trabalho, associa imagens feitas por ele em 1992, de locais ou pontos referenciais (praças, ruas, prédios históricos etc), com imagens antigas correspondentes, feitas pelos pioneiros, como Anníbal Requião, assim evidenciando as transformações urbano-arquitetônicas de Curitiba. “Não se pode falar de cinema no Paraná sem falar e consultar o Harry”, assim define o cineasta Maurício Appel, dono da Appel Films, idealizador do longa-metragem “O Preço da Paz”, lançado em 2006 traz fatos da história política, cultural e social do Paraná e relatos da vida do Barão do Cerro Azul, pioneiro da colonização. Trabalho recente de Luhm,
de importância para a memória do cinema local, é “Entrevista com Doris Marty”, filha de Arthur Rogge. Trata-se de uma gravação em vídeo, no ano de 2000, que traz dados importantes sobre este pioneiro, incluindo sua tentativa de fazer cinema no Paraná na década de 1920. Já “Didi Caillet, Miss Paraná 1929”, também produzido em vídeo, mostra a trajetória desta jovem curitibana. As atividades de Luhm estendem-se também a artigos e textos para a imprensa, como a coluna semanal sobre vídeo (comentários, informações sobre lançamentos e orientações didáticas para iniciantes ou interessados na aprendizagem da arte da imagem em movimento) que manteve, entre maio de 1986 e maio de 1997, no jornal Gazeta do Povo. Hoje presta consultoria em cinema e atende aos interessados em preservar e converter os filmes históricos as tecnologias atuais.
Curitiba,
quarta-feira,
Saúde
27
de
agosto
de
2008
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Toda atividade física é adequada, mas é preciso tomar cuidado com as lesões
Um tempo para fazer exercícios Os bares e a Lei Seca
Texto e fotos: Amanda Ribas
Praticar atividade física é essencial para a saúde, afinal de contas, o corpo do ser humano é todo preparado para se movimentar. Porém, alguns cuidados devem ser tomados. Quem não tem um estilo de vida ativo ou pratica atividades esporadicamente deve seguir certas orientações profissionais. Para Paola Rojas, professora de Educação Física da Universidade Positivo, a prática de exercícios físicos está intimamente ligada ao estilo de vida de cada pessoa. “Aquele que aproveita a ida ao mercado para caminhar ou sobe as escadas em vez de usar o elevador já está praticando alguma atividade. O importante é não seguir uma rotina sedentária”. A falta de tempo, muitas vezes, se torna um empecilho para a prática de alguma atividade, porém isso não pode ser desculpa. Apenas 30 minutos por dia são suficientes para se ter uma boa saúde. “Todos nós podemos reservar um tempinho para fazer algum exercício. E esse tempo não precisa ser contínuo, a pessoa pode adequá-lo às atividades do dia-a-dia. Caminhar 10 minutos de manhã e 20 minutos de tarde, por exemplo, já produzem o efeito esperado”, explica a professora. No entanto, quem não está preparado deve seguir algumas orientações para não sofrer lesões ou problemas mais graves, como acidentes cardiovasculares, por exemplo. Os “atletas de fim-de-semana” geralmente são os que mais sofrem com esses problemas. Por não praticarem atividade física regularmente pensam que em apenas um dia podem recuperar o tempo perdido.
Futebol com os amigos Quem não conhece alguém que em uma partida de futebol durante o churrasco com os amigos, machucou a perna? Ou alguém que andou longos percursos sem um calçado adequado e no outro dia não conseguia
Daniel Piva
Especialistas aconselham pelo menos 30 minutos de atividade física por dia nem andar? O representante Mauro de Oliveira pode ser considerado um desses típicos atletas de fim de semana, na verdade de meio de semana, isso porque ele joga futebol todas as terças-feiras. “Não consigo ficar sem jogar uma bolinha, como não tenho muito tempo durante a semana o futebol salva minha vida. O ruim é que como só jogo uma vez por semana, muitas vezes, sinto dores e me machuco, mas vale a pena”, diz. Todo exercício requer atenção e cuidados, não só com o físico, mas também com a alimentação e a temperatura. Segundo Paola Rojas, uma alimentação adequada faz com que a pessoa esteja mais disposta e não sentirá tanto cansaço durante a prática do exercício. Nessa época do ano é importante tomar cuidado com as baixas temperaturas também. “Não devemos fugir muito do padrão. Não tem porque correr no parque em um dia com temperaturas extremas, por exemplo. Mas se a pessoa está acostumada ou se não houver outro jeito é importante estar protegida, com luvas e gorros”, salienta a professora. Ela ainda alerta sobre o pe-
rigo de começar alguma atividade ao ar livre nessa época, em que o índice de contusões é ainda maior. O estudante Edward Moussa já sofreu por causa das baixas temperaturas. “Eu estava surfando e água ficou muito fria, de repente senti meus dedos congelados e uma dor muito forte no ouvido e taquicardia. Mesmo rolando altas ondas tive que sair da água para me aquecer”, lembra o surfista.
Aquecimento A prevenção é a principal aliada dos atletas amadores. Por isso, o aquecimento é essencial antes de qualquer exercício. Mas quando esse cuidado não é o bastante, deve-se buscar a ajuda de profissionais desportivos, como os fisioterapeutas. Para Luiz Martins Júnior, professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Positivo, a falta de aquecimento, alongamento, flexibilidade, calçado e roupas adequados, são alguns dos inúmeros fatores que podem ocasionar o aumento das lesões esportivas, por isso o acompanhamento profissional é muito importante. “A prevenção envolvendo trabalhos de força, flexibilidade, exercícios de propriocepção vol-
tado ao gesto esportivo, em conjunto com um rigoroso acompanhamento dos profissionais da área da saúde desportiva é primordial”, alerta Martins. A tecnologia também ajuda a prevenir lesões. “Nos últimos anos muitos aparelhos computadorizados foram desenvolvidos para o estudo biomecânico, para tratamento e prevenção das patologias ocorridas nos esportes”, explica o professor. Ele lembra a diferença entre os “atletas de fim-de-semana” e os profissionais, que têm todo o acompanhamento necessário para praticar exercícios físicos sem prejudicar a saúde. “Este aumento de lesões em atletas de final de semana também é mais freqüente pela grande diferença de força, flexibilidade e condicionamento físico em relação aos atletas profissionais”, lembra. Com esta preocupação, a Universidade Positivo desenvolve um projeto de extensão em fisioterapia desportiva. O projeto é voltado à assistência fisioterapêutica curativa e preventiva, para acadêmicos, atletas e comunidade em geral que realizam qualquer tipo de atividade física no campus da UP.
Os bares de Curitiba estão buscando novas alternativas para não perderem clientela por causa da Lei Seca. Estão planejando disponibilizar vans, motoristas que vão levar e buscar clientes para casa e, caso o cliente tenha bebido e não queira deixar o carro na rua, um motorista do estabelecimento o levará para casa. A idéia vai ser encaminhada para o setor jurídico da Urbanização de Curitiba (URBS). O presidente da Associação de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fabio Aguayo, salientou que alguns estabelecimentos já fretam vans há algum tempo para levar os funcionários para casa. Caso seja aprovado, o serviço será estendido aos clientes e de forma gratuita, garante Aguayo. Há em Curitiba 480 empresas de vans, totalizando 1.200 veículos. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento (Sindivan), Marcos Maia, afirma que essa alternativa é um novo mercado que pode beneficiar tanto os bares quanto os clientes com o serviço. O estudante André Luiz Herrera de Nóbrega considera essa alternativa interessante mas perigosa. “É complicado porque não conheceremos a pessoa que estará nos levando para a casa. Não sabemos qual é a sua índole e o seu caráter”, afirmou o estudante. Já o estudante Allyson Araújo acredita que essa é a medida mais sensata a se tomar. “É o jeito. Caso não façam isso as pessoas continuarão saindo com o carro e bebendo, rezando para não passar por alguma blitz; ou vão parar de sair e os bares e casas noturnas começarão a ter problemas financeiros pela perda da clientela”.
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Curitiba,
quarta-feira,
27
de
agosto
de
2008
Texto e fotos: Felipe W altrick Waltrick
Tribal Tech 2008
No último final de semana foi realizada a maior festa rave do sul do Brasil, a Tribal Tech 2008. Polêmicas à parte, pois sempre que se fala em rave surgem alguns preconceitos, a edição deste ano fez mais de 15 mil pessoas dançaram por mais de 20 horas ininterruptas com muita música eletrônica. Ao todo 30 DJs se apresentaram, mesclando psytrance, progressive, techno e eletro. O line up contou com nomes como Perfect Stranger, Wrecked Machine (Gabe), Audiojack, Dimitri Nakov, Anthony Rother, Oliver Klein, Trick and Kubic, entre outros. Com uma estrutura e decoração muito bem montada, os gringos que tocarão comentavam nos bastidores que nem na Europa tinham visto um palco como o da Tribal 2008.