RIO Á I D do
L BRASI
Curitiba, quinta-feira, 28 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 426| jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |
CUT comemora 25 anos e relembra repressão imposta pelo regime militar Arquivo Pessoal Marcelo Leôncio
Na década de 80, o Brasil chegava à reta final da Ditadura Militar. E foi num período de transição de regimes, quando os sindicatos ainda eram perseguidos pelo governo, que surgiu a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O órgão sindical luta pelos direitos dos trabalhadores brasileiros até hoje, e nesses 25 anos de existência já participou da história do país em várias manifestações. Uma delas foi o movimento das “Diretas Já”. A CUT é a maior central de trabalhadores da América Latina. Além disso, a organização tem ligações com outras instituições que defendem os direitos do trabalhador no mundo inteiro.
Página 3 Desativação da antiga “Penitenciária do Estado do Paraná” completa dois anos e mantém polêmica - Página 8
Encontro ambiental discute zoologia do solo Reportagem especial O principal tema do evento que acontece entre os dias 27 e 29 deste mês é discutir a biodiversidade, a conservação e o desenvolvimento sustentável de animais do solo. Entre os fatores que mais prejudicam as espécies está o uso de herbicidas.
No dia internacional do voluntariado, o Lona traz uma matéria especial sobre os principais aspectos do tema.
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Serviço telefônico dá apoio psicológico Página 7
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Voluntários: uma ajuda necessária
Quando pensamos em saúde sabemos que é um bem que toda a população necessita. Mas como anda o sistema público de saúde e quais mudanças estão sendo feitas? Vamos fazer um apanhado geral para que os caros leitores possam entender como funciona esse sistema, ou melhor, o que não funciona. Infelizmente o atendimento público não dá conta da demanda da população, ou seja, os médicos não são o bastante para os doentes, os leitos não são o suficiente para os que necessitam de internamento. As pessoas são obrigadas a sair de suas casas quando precisam de atendimento hospitalar de madrugada e ainda correm o risco de não serem atendidas. Quantos foram os casos noticiados nos meios de comunicação de que o doente ficou várias horas em tal posto esperando atendimento e veio a falecer porque não foi atendido, ou ainda não havia vagas ou equipamentos necessários para o seu tratamento? Um caso entre tantos que acompanhamos na mídia é de um paciente de
73 anos que morreu depois de esperar quatro dias por uma sessão de hemodiálise. E o que fazemos para mudar a situação da saúde pública? Talvez façamos nada ou muito pouco. Mas existem os exemplo de ajuda ao próximo: os voluntários. Ser voluntário é ter, de livre vontade, uma atitude responsável, criativa, comprometida e transformadora para com o próximo. Trabalho do voluntário é muito importante. É uma responsabilidade assumida com outro ser humano e, quando este é o foco, a preocupação deve ser bem maior. Não é que os médicos, ou até mesmo o sistema público não se interesse. O problema é que somente eles não dão conta de tantos pacientes e é aí que grupos de voluntários fazem a diferença. Sua dedicação com o paciente vai desde alimentar, levar para fazer exames, dar banho. O simples fato de escutar o paciente e dar a devida atenção, que muitas vezes os médicos não têm tempo de dar, ajuda e muito. O voluntário participa da melhoria na saúde dos pacientes com essas pequenas atitudes.
Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Pla-
nejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Anny Carolinne Zimermann e Antonio Carlos Senkovski
O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.
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Maioridade do ECA x maioridade penal Gabriela Ramos
Vanessa Ramos
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Criado para assegurar o direito de cidadãos que ainda não podiam se defender, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou no dia 13 de julho seus 18 anos. Após 18 anos de Estatuto, é importante pensar o que aconteceu com as crianças que já nasceram com seus direitos garantidos. Esse ano elas também completam maioridade, e o que é discutido hoje? A maioridade penal. O que aconteceu então? O estatuto não funcionou? Por que as crianças que tinham uma vida digna garantida entraram no mundo da marginalidade, e ago-
ra o que boa parte da população anseia é que muitos desses adolescentes possam ser presos? O ECA é uma grande vitória. Muitas crianças foram salvas e só a partir dele conseguiram o mínimo para viver e se tornarem jovens e adultos dignos. Mas vejo que ele ainda não consegue abraçar todas as crianças. Em ano de comemoração pelo maioridade do Estatuto as pessoas querem reduzir a maioridade penal, para que os infratores adolescentes possam pagar suas dívidas com a sociedade. É uma questão para se pensar: quem realmente tem dívidas com a sociedade? Talvez a sociedade como um todo tenha começado essa dívida.
Acredito que em vez de lutarmos contra a redução da maioridade penal, se lutássemos a favor da garantia de vida digna para as crianças, o bem gerado seria muito maior. Quem criou esses “monstrinhos” infratores por aí, fomos todos nós enquanto sociedade. Agora é a vez dessa mesma sociedade, criar novas políticas públicas e desenvolver ações para educar e garantir a qualidade de vida das crianças e adolescentes. Todos estamos cansados de dizer que para se resolver um problema, temos que pegá-lo na raiz. Se cuidarmos de nossas crianças, não vamos ter que prendê-las aos 16 anos para nos defendermos delas..
tido tiver, mais votos de legenda ele poderá conseguir, engordando suas bancadas. Nesse sistema, o número total de votos é dividido pelo número de cadeiras existentes, depois, é calculado o total de votos que cada partido ou coligação recebeu e quantas cadeiras são de seu direito. Por fim, essas cadeiras são dividias pelos candidatos mais votados dos partidos. Dessa vez, serão 22 candidatos para cada uma das 38 cadeiras. Dados do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE) mostram o predomínio dos homens como candidatos, são 3,54 homens para cada mulher. Outro dado interessante revela a existência de 104 profissões na disputa de uma vaga, os empresários e comerciantes são maioria, mas também existem representantes de profissões diferentes como auxiliar de laboratório, manicure, modelo, estofador, motoboy,
entre outros. Este ano, os conhecidos candidatos do postinho de saúde, da farmácia e do suco têm uma forte concorrência, são candidatos como Lentilha (PPS), Grillo (PDT), Giló (PP), Mister Bim (PDT) e Papagaio (PP). Entre eles, um palhaço – Varderli Couto Hartcopff, que se auto-intitula “Palhacinho do Batel” – que pede dinheiro há oito anos aos motoristas que param na esquina das ruas Carlos de Carvalho com Francisco Rocha. Ele se candidatou pelo PMDB após receber um convite de Maurício Requião (um pouco depois de pedir sua colaboração monetária pede seu voto). Palhaçada! Os próprios homens do poder riem da cara dos eleitores. A seriedade das eleições parece estar cada vez mais longe das urnas. Uma nova forma de escolha de governantes deve ser planejada, antes que animais e vegetais tomem o poder.
A título de sugestão poderia existir um espaço ‘Vida acadêmica’, que torne público e com diferentes olhares o cotidiano de pessoas, cursos, setores etc., de uma verdadeira cidade que é o nosso campus. Outra sugestão é que o jornal seja distribuído fora do ambiente do campus, por exemplo,
em escolas de ensino médio públicas e privadas. Acredito que seria um excelente meio de divulgar o curso, nossa instituição e levar leitura de qualidade a uma parte dos adolescentes de Curitiba” (Antonio Carlos Nascimento – professor do curso de Odontologia da UP)
Palhaçada Ana Cláudia Gonçalves Pereira
No próximo dia 5 de outubro mais de um milhão de pessoas vão às urnas em Curitiba para escolher seus candidatos a prefeito e vereador. Esse ano não faltam escolhas. O número de candidatos a vereador é recorde em relação às últimas três eleições – em 2004 havia um candidato para cada 2.083 eleitores e neste ano são 1.472 eleitores para cada candidato. Mas como quantidade nada tem a ver com qualidade, são apenas números arrecadando votos a favor de seu partido. Por mais que alguns candidatos saibam que não têm chances de se eleger, estão incluídos na estratégia dos partidos para conseguir mais cadeiras na Câmara Municipal. Isso acontece porque os vereadores são eleitos pelo sistema proporcional, ou seja, quanto mais candidatos o par-
Carta do leitor “Parabéns pelo LONA. A qualidade textual, a pauta contextualizada, independente e com questões de nossa sociedade demonstra que o curso certamente formará profissionais diferenciados e que compreendem a informação e o jornalismo como instrumento de mudança através das idéias.
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Central Única dos Trabalhadores surgiu em 1983, ainda sob o regime militar
CUT completa 25 anos de sindicalismo Beatriz Boz Henrique Bonacin
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) completa hoje 25 anos. Fundada em São Bernardo do Campo (SP) durante o primeiro Congresso Nacional da Classe trabalhadora (Conclat), a quinta maior central sindical do mundo tem como objetivo e compromisso defender os interesses dos trabalhadores. A CUT surgiu em 1983 quando os sindicatos estavam sofrendo intervenções do governo militar. Militantes do Brasil inteiro se uniram para atuar contra essa pressão exercida pela ditadura. Segundo Marisa Stedile, uma
das primeiras militantes da CUT, a central se organiza a partir de dois conceitos: o primeiro, que abrange sindicatos, federações, confederações e a central hierarquicamente; e o segundo, que parte da regra de que todos os sindicatos filiados têm o mesmo poder voto. A militante também afirma que a CUT “quebrou paradigmas da ditadura ao conseguir unificar várias categorias trabalhadoras”. Uma das primeiras atuações da CUT foi nas “Diretas Já!” e contra o arrocho salarial do Plano Bresser. Ela vem atuando até hoje em campanha de conscientização dos trabalhadores ativos e inativos. Conforme o presidente da CUT/PR, Roni Anderson Barbosa, a Central é “o grau máximo de representação dos traba-
lhadores”. Além de ser a maior central da América Latina, a CUT está ligada a centrais de outros países, como França, Bélgica e Itália. Essas centrais articulam para formar um consenso e poder agir em conjunto em prol do trabalhador, tanto do brasileiro quanto do estrangeiro. As centrais de todo mundo tem a liberdade de ir contra isso. Em 2002, com a posse do presidente Lula, a CUT ganhou um novo significado tornando possível uma transformação em entidade sindical legalizada pelo Ministério do Trabalho. Porém, o órgão não deixou de ter autonomia para divergir fazendo protestos em Brasília no caso em que o Banco Central aumentou os Juros, por exemplo.
Pesquisas mostram os efeitos da degradação do solo Janaine Stoco
Na última terça-feira, aconteceu o segundo dia de atividades do 15º Colóquio Internacional sobre Zoologia do Solo. O evento acontece de 25 a 29 de agosto na Universidade Positivo. Na ocasião, foram realizadas palestras sobre o principal tema do evento, que é discutir biodiversidade, conservação e desenvolvimento sustentável de animais do solo. Na palestra realizada por Roman Kuperman, da Edgewood Chemical Biological Center, o tema discutido foi como usar os animais do solo para avaliar o nível de contaminação por pesticidas, metais pesados, mineração, resíduos industriais e esgotos, entre outros. De acordo com pesquisas realizadas na Europa, é preciso estudar melhor as regiões de agricultura e as espécies de animais que nela vivem, para um melhor aproveitamento do solo sem causar danos ambientais. As pesquisas com animais do solo foram o tema da palestra de Jérôme Cortet, que tra-
balhou os impactos que as plantas transgênicas podem causar nos animais. Segundo as pesquisas de Cortet, realizadas na Europa, o uso de herbicidas e de aragem podem causar mais efeitos ruins para estas espécies do que o milho transgênico, por exemplo. “Quando surge algum efeito, ele é discreto e transitório”, afirma ele. O uso de herbicidas na agricultura e suas conseqüências foram analisados por Jean-Pierre Lumaret, do Instituto de Ecologia do México. Ele realizou um estudo em que analisa a aplicação de herbicidas no México e seu impacto para os besouros, que vivem naquele meio. Segundo Lumaret, a presença do remédio pode afetar na fertilidade destes animais, que são fundamentais no equilíbrio ecológico deste tipo de solo. A bióloga Izabel Baorez apresentou um trabalho em que também foram realizadas pesquisas sobre os impactos ambientais causados no solo. De acordo com ela, alguns animais contribuem bastante para que os estudos do solo sejam realizados. “Algumas espécies são
bastante sensíveis, o que faz com que contribuam bastante como indicadores para as pesquisas”, conta Izabel. De acordo com o professor da Universidade Positivo Klauss Sauter, os estudos que tratam dos animais no solo cultivado pela agricultura são de grande importância. “O solo é um ecossistema bastante complexo e pode ser facilmente afetado. Nós devemos saber o que estamos jogando no chão e como isso pode agir”, ressalta Sauter. O professor ainda conta que, no Brasil, as pesquisas sobre zoologia do solo estão se difundindo cada vez mais. “Antes eram grupos pequenos que trabalhavam os animais no solo aqui no Brasil”. Para Sauter, a melhor solução contra a degradação do solo com um bom resultado na agricultura é a diminuição de impactos ambientais. “O homem, pela sua própria presença, já é um impacto ambiental. Tudo o que ele fizer contra a natureza, também é. O que deve ser feito é a diminuição de impactos causados pelo homem, que agridem o solo”, analisa Sauter.
Henrique Bonacin
Roni Arthur Barbosa é o atual presidente da CUT/PR Depois de ser legalizada, a CUT passou a receber o imposto sindical, que é retirado de um dia de trabalho do mês de todos trabalhadores, seja filiado ou não. Entretanto, a
CUT não concorda com esse imposto e está querendo tornar esse imposto obrigatório e facultativo, decidido pelos próprios trabalhadores em assembléias.
Maria Rita se apresenta em Curitiba depois de passar por várias capitais Danielly Ortiz Divulgação
Maria Rita traz para Curitiba seu novo show “Samba Meu”. Depois de passar por várias capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, entre outras, neste sábado a cantora se apresenta no Teatro Positivo.Com o CD que já vendeu 125 mil cópias, Maria Rita faz a direção geral de seu show e mostra a banda completa, composta por Jota Moraes, no piano; Sylvinho Mazzuca, no baixo acústico; Tuca Alves, no violão; Camilo Mariano, na bateria; Márcio Almeida, no cavaquinho; e Neni Brown e Miudinho, na percussão. O show contará com novos sucessos como “Tá perdoado” e “O Homem Falou”. A produção é de RTM Marketing e Produções Culturais.
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Hoje é Dia do Voluntariado, que tem como lema “fazer o bem sem olhar a quem”
Você tem tempo? Divulgação
Amanda Lara Vanessa Ramos
Mesmo com a correria do dia-a-dia, com as inúmeras responsabilidades que as pessoas têm e com todos os seus afazeres, ainda existem aquelas que dedicam uma parte de seu tempo em prol de outras que necessitam, ou seja, os voluntários. Os voluntários são atores sociais e agentes de transformação que prestam serviços não remunerados em benefício da comunidade, doando seu tempo e conhecimentos, atendendo tanto as necessidades do próximo ou os imperativos de uma causa, como as suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional. O trabalho de voluntário pode ser realizado em diversos lugares, como creches, escolas, asilos e hospitais. Lia Mara Hirata, médica do Hospital Cajuru, destaca o trabalho voluntário realizado em hospitais de Curitiba. “Para nós, médicos, é essencial esse
trabalho, tanto para aprendi- to emocional. “Muitos volunzado em termos de rotina e tários não têm um suporte técconduta médica, quanto para nico para oferecer cuidados conhecimento pessoal e vivên- médicos ou de enfermagem cia. De nada adianta saber ideais, mas estão lá à disposicomo se cura uma doença sem ção dos pacientes para ouvir saber como lidar com o paci- e acolher. Obviamente todo este processo é fundamental ente”, diz ela. O Hospital Evangélico do Pa- na recuperação do doente”. No Evangéraná conta com lico acontecem alguns progra“Muitos voluntários muitos projemas de assistência, tanto à insnão têm um suporte tos como Arte e Saúde, que detituição, quanto técnico para oferecer senvolve a haaos pacientes que fazem tracuidados médicos ou bilidade para a pintura, desetamento. de enfermagem nho, escultura, O atendimento aos paciideais, mas estão lá à tomando por base o trabalho entes se dá no disposição dos de artistas do auxílio à alimentação, ajupacientes para ouvir” Paraná. Há o projeto Suporda na higiene te Pedagógico pessoal como cortar cabelos, unhas e fazer às Crianças, que promove a barba, encaminhá-los para exa- atualização e acompanhamenmes, proporcionando entreteni- to escolar durante o período de mento e fazendo recreações nas hospitalização. O projeto Medienfermarias, conversando, con- camentos, que procura doar refortando e principalmente “ou- médios acompanhados pela receita médica; enquanto o Sono vindo”. A médica Lia ressalta ain- Não Vem, que utiliza histórias da que o paciente internado e brincadeiras para as crianças muitas vezes requer não só cui- antes de dormir; Sala de Espedados médicos como acolhimen- ra, que enquanto as crianças
esperam suas consultas reali- de que dedicam parte do seu zam tarefas para ocupar seu tempo dando atenção a pacientempo. tes que ficam distante de seus Porém, as iniciativas tam- familiares devido a procedimenbém procuram fazer com que as tos hospitalares prolongados. crianças adquiram conhecimen- Todos os dias da semana, duto humanístico, como o projeto rante três horas, elas se reúRecicláudio, nem para conque ensina a ree disAs iniciativas fazem versar ciclar o lixo, retrair os intercom que as crianças nados. vertido em benfeitorias. Em O outro tipo adquiram conhecidatas especiais de atividade como o dia Inmento humanístico, realizado pelas ternacional da voluntárias são como o projeto que Mulher, Páseventos que lecoa, Dia das vantam verbas ensina a reciclar o Mães, Dia da para que, tanlixo e o reverte em Criança, Natal to o Hospital e Ano Novo, as quanto a Fabenfeitorias comemorações culdade Evanenvolvem os pagélica do Paracientes atendidos pelo Sistema ná, realizem as reformas e inoÚnico de Saúde. vações. Atualmente esse grupo As atividades também vi- de voluntárias desenvolve um lisam os funcionários da institui- vro de receitas que será vendido ção, como Escolarização na Em- em papelarias e livrarias e seu presa, que dá suporte aos em- lançamento será nas Livrarias pregados para que continuam Curitiba. Toda verba levantada seus estudos. Um grupo de vo- será destinada às obras que beluntárias que chama a atenção neficiarão a Faculdade Evangéé composto por senhoras de ida- lica e o Hospital.
Kátia (à direita) com as companheiras em arrecadação de materia
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Voluntários quebram clima pesado de ambiente hospitalar Vários quartos um ao lado do outro, distribuídos em um longo corredor, frio e silencioso. Em cada quarto uma vida, em cada vida, muitas vezes, a solidão. Assim é o cenário na maioria dos hospitais. Mas os voluntários arranjam tempo e fazem a diferença no atendimento. Uma delas pessoas é Kátia de Oliveira Machado, 38 anos, casada há 20, mãe de dois filhos. Nascida no Rio de Janeiro, na cidade de São Gonçalo, e criada no Rio Grande do Sul, em Esteio. Assim como muitas mulheres, Kátia concilia os afazeres domésticos com a vida profissional e a de estudante. Dona de duas copiadoras e cursando o 6° período de Administração na Faculdade SPEI, ela ainda arranja tempo para trabalhar como voluntária no Pró Renal. Com a correria do dia-a-dia de uma copiadora para outra, a futura administradora reserva um espaço para se dedicar a outros afazeres e a outras pessoas
ais para os pacientes
O poder da transformação Gabriela Ramos
Fotos: Kátia de Oliveira Machado/ Arquivo pessoal
Kátia (à esquerda) em assistência a paciente na Pró-Renal Há um ano Kátia faz trabalho voluntário. Atarefada por causa da faculdade e da copiadora, ela deixou o sábado justamente para dedicar seu tempo às pessoas que têm muito mais problemas do que os dela, o que torna suas dificuldades pequenas. “Comecei por causa das atividades complementares da faculdade, para fazer um relatório a respeito. Não sabia, mas acabei ganhando 25% de bolsa de estudo, porém com o passar do tempo graças ao meu desempenho e comprometimento com o trabalho voluntário passei a ganhar 50%, que é o valor máximo da bolsa. Aprendi a gostar muito do que faço”. A maior motivação para Kátia é saber que está fazendo o melhor para tornar essas pessoas mais felizes e que suas necessidades básicas estão sendo atendidas. Preparando risoto, fazendo lanches e enfrentando mais uma noite. Assim foi o trabalho desenvolvido por Mariangela Kamiski e seu marido por 15 anos. Todas as noites, o casal e mais um grupo de amigos se reuniam para fazer comida e entregá-las a pessoas carentes nas regiões mais po-
bres de Curitiba. Hoje Mari, como é chamada, faz parte do grupo de funcionários do Hospital Evangélico que atuam na área de voluntariado. Ela explica como funciona a seleção de novos agentes e a distribuição de tudo que conseguem arrecadar. A funcionária comenta que o setor de voluntários existe há mais de 20 anos. Para ser voluntário precisa ser maior de 18 anos, ter horário disponível e, acima de tudo, ter boa vontade. O treinamento é composto por palestras e uma visita ao hospital. Infelizmente, muitas vezes essas pessoas vão como voluntário achando que mais tarde poderão ser contratados como funcionários do hospital, mas essa não é a função do programa de voluntários. E, vendo isso, muitos acabam desistindo da atividade. O programa é direcionado para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e a funcionária comenta que são muito carentes e muitas vezes os pacientes são abandonados, ou a família não pode permanecer com eles. Então, os volun-
tários internos têm como missão acompanhá-los em procedimentos médicos, fornecer materiais de higiene e roupas. Outra coisa que os voluntários também fornecem aos pacientes é atenção, cuidados, carinho e uma palavra amiga. Mari diz que é uma satisfação muito grande ver o sorriso no rosto da pessoa, por ter dado atenção, ou alguma coisa material que ela não tinha e que realmente estava necessitando. Dentro do sistema de voluntariado existem ainda os chamados voluntários externos, que têm a função de arrecadar doações, confeccionar roupas ou kits para recém-nascidos, pois muitas vezes as mães não têm roupas para levá-los para casa.São cerca de 50 grupos de voluntários esternos, que funcionam em igrejas, condomínios e empresas, também na função de ajudar quem precisa.
Serviço
O Brasil tem motivos para celebrar o Dia Nacional do Voluntariado, pois cada vez mais esse movimento se torna expressão de solidariedade e cidadania. O voluntariado é uma oportunidade de exercer a cidadania, de participar da comunidade, além de ser uma grande oportunidade de se fazer amigos e conhecer outras realidades. “Foram grandes os avanços alcançados pela sociedade no que diz respeito ao voluntariado. O voluntário tem nas mãos o poder da transformação social. É ele quem doa tempo, trabalho e talento em benefício da comunidade”, afirma Fernanda Rocha dos Santos, coordenadora do Centro de Ação Voluntária de Curitiba (CAV). O CAV desenvolve o trabalho de gestão de voluntários e assessoria para as instituições cooperadas. A partir da palestra informativa “O que é ser voluntário?”, as pessoas ficam sabendo a respeito do trabalho voluntário e como elas podem colaborar. Depois, com a ajuda do auto-encaminhamento online, cada pessoa pode procurar a vaga que mais se adapte ao seu perfil. O campo para a atuação voluntária é amplo. As 85 instituições cooperadas ao CAV de Curitiba mostram as diversas áreas de atuação para o voluntário, uma vez que ele pode exercer sua cidadania em organizações sociais, projetos, programas comunitários, além de poder ser voluntário com uma atividade simples. Dirceu Vieira, 22, é voluntário na Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (Afece) e dá aulas de informática para as crianças: “Um amigo meu indicou e vi que a causa era importante. Não há dificuldade alguma. Ver a satisfação das pessoas ao receber meu trabalho é o mais gratificante”.
Quem quiser ser voluntário, pode procurar o CAV de Curitiba pelo telefone (41) 3322-8076.
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Tiro livre e paintball: duas formas diferentes de aliviar o estresse
Duas formas de atirar a última, praticar esportes. Dados do IBGE mostram quem 80,8% dos brasileiros podem ser Há vários estudos que reve- considerados sedentários – peslam que o estresse pode deter- soas que participam de atividaminar em até 60% o surgimen- des físicas por tempo inferior a to de doenças para as pessoas e 20 minutos diários, menos de mesmo assim o número de pes- três vezes por semana. Sedentário e estressado, o soas estressadas cada dia aumenta mais. Segundo o Inter- agrônomo Caetano Junior achou national Stress Management uma forma de aliviar a tensão Association (Isma) cerca de 70% que vem ganhando adeptos no dos brasileiros economicamen- Brasil. Começou a praticar tiro (com arma de fogo) em locais te ativos sofrem de estresse. No ranking dos países com especializados em Curitiba. Pouco mais de quamaior número tro anos se passade estressados ram desde que o Brasil perde O Tiro Prático é Caetano entrou apenas para o um esporte desde em um clube esJapão. Mas afipecializado e desnal, como se li- 1992, organizado de então pratica vrar ou como na Confederação o esporte três vese precaver do Brasileira de Tiro zes por semana. estresse? Esporte? Seria A psicóloga Livre e com 25 fedar tiro um esTerezinha Neporte? grão afirma derações, mais de O Tiro Prátique desde o am- 320 clubes co é um esporte biente mais tudesde 1992, orgamultuado como o do trabalho, até no aconchego nizado na Confederação Brasileida casa existem maneiras de ra de Tiro Livre e com 25 fededriblar esse “mal” da sociedade rações, mais de 320 clubes e moderna. “Só o fato de colocar aproximadamente cinco mil um porta-retrato ou uma plan- atletas registrados. Guido Scotti, proprietário do ta na sua mesa de trabalho já quebra um pouco aquele ambi- Clube Orion, explica que a práente sério e muitas vezes ten- tica de tiro é aberto ao público, sendo ele praticante ou não, so”, afirma Terezinha. Ouvir músicas, descansar o associado ou não. Existem remáximo possível em casa e pra- gras como “ser obrigatoriamenticar esportes ajudam a pessoa te maior de 18 anos, fazer um a se precaver de futuros estres- pré-cadastro na secretaria do clube e portar documentos orises. Todas as dicas da psicóloga ginais”, explica Scotti. Para começar a praticar o podem ser aplicadas sem nenhuma complicação a não ser tiro não é necessário ter uma Caio Derosso
Tiro Livre: 5 mil atletas federados
arma, pois existe a opção de locar os equipamentos necessários que podem ser revólveres, pistolas e arco e flecha. A estudante de Direito Mariana Stievens passa todos os dias em frente ao clube de tiro e não concorda com essa prática. Para ela, só o fato de uma pessoa gostar de dar tiros pode já ser considerado um comportamento perigoso. “As armas foram feitos para a polícia e para serem usadas somente em último caso. Não se pode banalizar uma prática tão séria assim”, afirma Mariana. Banalizado ou não, o tiro é uma prática que vem crescendo. O estudante Samuel Pereira, praticante de Paintball (ver matéria ao lado), conta que está juntando dinheiro para conhecer como é o Tiro Livre. “Faltam 30 reais, acho que mês que vem consigo dar os primeiros tiros”, afirma Samuel. O alto custo para praticar esse esporte explica por que ainda são poucos adeptos. Os sócios gastam no mínimo R$ 80,00 para dar 50 tiros, isso incluída mensalidade, munição e alvos. A pessoa não-sócia gastará em torno de R$ 95 com aluguel de arma, alvos e 50 tiros. O fato de o preço ser elevado faz com quem os clubes busquem mais qualidade no serviços. Scotti explica que os clubes em todo o Brasil contam com instrutores, professores e monitores especializados que auxiliam no manuseio das armas e isso cada dia mais chama a atenção das pessoas. “E temos duas psicólogas a disposição aqui no clube para eventuais problemas” Tiro colorido Em meados dos anos 60 o pintor Charles Nelson desenvolveu para a Guarda Florestal dos Estados Unidos um equipamento para demarcar algumas árvores com tinta não prejudicial à saúde e nem ao meioambiente. Pensando em utilizar esse equipamento em matas de difícil acesso e para demarcar gado, Nelson desenvolveu um projétil de tinta que pudesse ser disparado por uma arma de
Divulgação
Paintball: mais de 30 mil praticantes no Brasil pressão. Nascia ali o Paintball, um dos esportes mais praticado no mundo, que consiste em um jogo onde duas equipes carregadas com bolas de tinta tentam atingir seus adversários e tem como objetivo final buscar a bandeira do QG(quartel-general) inimigo. Nos últimos dez anos o esporte deu um verdadeiro salto no número de praticantes. De dois milhões de praticantes em 1998, o Paintball conta hoje com cerca de 15 milhões de pessoas que jogam freqüentemente. E o esporte virou profissão: países como Estados Unidos, França e Portugal contam com ligas desenvolvidas que pagam mais de 200 mil dólares de prêmio e têm a veiculação dos campeonatos sendo feita por canais dedicados ao esporte como a ESPN, maior rede de canais esportivos do mundo). No Brasil o esporte só chegou em 1990 e primeiramente em São Paulo, para depois ganhar todas as regiões. Estimase que mais de um milhão de brasileiros já tenham tido contato com o esporte sendo que há por volta de 30 mil praticantes freqüentes do Paintball. Em Curitiba existem seis locais para a prática que conquis-
ta o público jovem. O estudante Samuel, que está juntando dinheiro para o Tiro Livre, é um freqüente jogador das pistolas com tinta. “Comecei a jogar com 15 anos e fui me interessando, comprei uma arma melhor, proteções e jogava duas a três vezes por mês”, conta Samuel que parou de jogar porque a prática estava consumindo muito dinheiro. De fato, a “profissionalização” envolve um investimento alto. Coletes de proteção custam entre R$ 100 e R$ 40 e a arma mais avançada do mercado não sai por menos de R$ 5 mil.. Para quem gostaria de jogar esporadicamente, o investimento é menor que o do Tiro Livre. Com R$ 30 dá para jogar uma hora com direito a equipamentos de segurança e 100 bolinhas de tinta. Convidei Caetano Junior para participar de uma partida de Paintball e com o desafio aceito jogamos por mais de uma hora numa competição de cinco contra cinco. Tinta pra lá e tinta pra cá o resultado foi de empate entre as duas equipes e quando perguntei sobre qual dos esportes era mais divertido a resposta foi simples, “muito legal, muito divertido, mas não é a mesma coisa”.
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Centro de Valorização a Vida visa ajudar pessoas prestes a cometer suicídio
Por uma ajuda sem recompensas Paula Just
dar, ouvir e aconselhar se possível”, conta.
Luciana Dobeck é mãe de Anonimato Uma característica do produas crianças, uma boa esposa e uma excelente advogada. Leva grama é o anonimato por parte uma vida normal, agitada e res- de quem liga e o sigilo absoluto ponsável. Mas ela não é apenas do voluntário. “Os voluntários mais uma. Luciana dedica seis são identificados apenas pelo horas de sua semana para tra- primeiro nome e não devem se envolver 100% balhar como com o caso da pesvoluntária no Centro de Valo- A idéia começou em soa do outro lado da linha”, diz rização a Vida 1962, em São Dagostin. Em (CVV). Curitiba, são em “Sou volun- Paulo, após um média mil ligatária há pouco aumento nas ções por mês, mais de um atendidas por 47 ano e a partir ocorrências de voluntários. “O do momento nosso atendiem que me ins- suicídio nas crevi, sou ou- grandes metrópoles mento funciona 24 horas pelo tetra pessoa”, diz lefone 141 e há também atendiela. O Centro de Valorização a mento em nossa sede ou por corVida é uma instituição que pre- respondência, sempre de forma vine o suicídio e valoriza a vida. gratuita”, diz Dagostin. Para tornar-se voluntário, o A pessoa que estiver necessitada de ajuda, de atenção ou de interessado deve ter mais de 18 alguém para conversar liga anos, espírito solidário e dispopara o 141 e conversa com os nibilidade de quatro horas e voluntários para desabafo ou meia por semana. “O voluntário não precisa de formação proconselhos emocionais. “Trabalhar no CVV mudou fissional. O atendimento feito a minha vida. As pessoas que pelo CVV é estritamente emoligam para lá precisam real- cional. Nenhum voluntário é mente de ajuda e esse depósito terapeuta ou diagnostica algum de confiança e a vontade de mu- caso”, afirma Dagostin. Os interessados em trabadar a vida de alguém me faz sentir bem”, relata. lhar fazem curso de três dias, A idéia começou em 1962, em que explicam como o volunem São Paulo, após um aumen- tário pode ajudar o necessitado. to nas ocorrências de suicídio “As pessoas deveriam ser volunnas grandes metrópoles. Inici- tariados do programa. A sensaava-se o programa CVV, que ção de desligar o telefone e ver hoje mantém 57 postos espalha- que a pessoa que minutos atrás dos pelo Brasil e 2.500 voluntá- estava desesperada, agora está rios. Em Curitiba, o primeiro calma e tranqüila, é inexplicáatendimento aconteceu em vel”, relata Luciana. “Minha mãe teve depressão 1980. O porta-voz da instituição por muitos anos. Eu tentava com sede em Curitiba, Quinti- ajudar, mas ela não aceitava. no Dagostin, diz que o atendi- Já no CVV é diferente: as pesmento feito pelo CVV consiste soas estão procurando melhorar não somente às pessoas que es- suas vidas, estão procurando tão prestes a cometer o suicí- uma luz, que muitas vezes pode dio, mas também às que estão ser você”, finaliza ela. passando por alguma situação que as esteja deixando emocio- Ser viço nalmente abaladas e fragilizaPara os interessados, o pródas. ximo curso para voluntariados “Muitas pessoas têm medo acontece nos dias 29 e 30 de sede procurar ajuda e encontram- tembro e 1° de outubro, às 19h, se sozinhas, desesperadas. O no CVV de Curitiba (Rua CarCVV está disponível para aju- neiro Lobo, 35, Água Verde).
Arquivo LONA
O CVV de Curitiba funciona 24 horas por dia e conta com 47 voluntários
Comerciantes reclamam de falta de segurança na Ceasa de Curitiba Clarissa Ferreira Caroline Balan
Os comerciantes da Ceasa Curitiba estão aflitos com a falta de segurança. Isso aumentou após a decisão da diretoria e do governo do Estado em proibir armas para os seguranças do local. A decisão aconteceu na semana passada e trouxe mais incertezas. Em cinco dias de vigência da medida ocorreram quatro assaltos a compradores, além de assaltos a comerciantes, que já são constantes desde o início do ano. O vendedor José Pereira testemunhou um dos assaltos, que acabou como vitima. “Três bandidos pararam um comprador, logo após sair do veículo, reagiu e acabou sendo baleado”, conta o vendedor. Ele não soube informar o estado atual da
vítima, mas ressalta que os bandidos já sabem quais são os compradores com grandes quantias em dinheiro. “Já é predeterminado”, afirma o vendedor, que está assustado. O comerciante Claudemir Correa da Conceição tem medo. Há seis meses, foi assaltado e teve um prejuízo de R$ 15 mil. Na época a gerência da Ceasa se comprometeu em criar uma guarita no local. Porém, ainda não houve nenhuma solução. Além da falta de guarita, o comerciante questiona agora a falta de iluminação. Para ele, esse é um dos motivos que afasta a clientela. “Muitos clientes estão com medo, preferem realizar suas compras ou carregar seus caminhões em Florianópolis, onde há mais segurança” explica. Para o chefe da segurança da Ceasa, Anísio Nazário, os seguranças não têm condições de
defender os comerciantes se não conseguem defender nem a si mesmos. “Sem armamento não há condições de manter tranqüilidade para os comerciantes e também para os compradores”, afirma. Além disso, o chefe da segurança ressalta a falta de recursos, para que as rondas no local sejam realizadas. São necessários financiamentos, de que o governo e a empresa de segurança não disponibilizam. Desses, muitos são financiados por ele. “Se não fosse dessa maneira não existiriam rondas”, afirma Anísio. Na última terça-feira, Anísio liberou 50% do porte de armas para os seguranças. Mas a gerência da Ceasa garantiu que eles continuaram trabalhando sem armas. Porém, informou que já comprou as lâmpadas para iluminar os locais de maior risco.
Curitiba,
8 Comunidade
quinta-feira,
28
de
agosto
de
2008
Depois de desativação, presídio divide opiniões sobre segurança do bairro
Desativação do Presídio do Ahú completa dois anos Cristiane Kulibaba
A antiga Penitenciária do Estado do Paraná, depois Prisão Provisória de Curitiba (PPC), popularmente conhecida como “Presídio do Ahú”, em outubro completará dois anos de desativação. Inaugurado em 5 de janeiro de 1909, o presídio recebeu o nome de Penitenciária do Estado do Paraná e foi denominado mais tarde de Prisão Provisória de Curitiba. Fugas e rebeliões marcaram o local e a vizinhança ao redor. Uma fuga bastante comentada entre os moradores é a que ocorreu em 2000. Cerca de 16 presos de uma facção criminosa, o Primeiro Comando da Capital (PCC), roubaram o caminhão do lixo que estava dentro do presídio e o utilizaram para quebrar o muro e posteriormente fugir. Durante a fuga, um policial foi morto a tiros pelos bandidos, que somente anos mais tarde foram recapturados. Alguns voltaram ao Presídio do Ahú. No dia 31 de agosto de 2006, o Presídio foi desativado, devido à modernização do Sistema Penitenciário do Estado do Paraná. A construção é muito antiga e não condiz com os padrões das novas cadeias, além de não oferecer a segurança exigida. A superlotação também contribuiu para sua extinção: o local possui 174 celas para 350 presos, mas chegou a comportar 874. Quase dois anos depois, as opiniões sobre a segurança após a desativação divergem. O agente penitenciário Marcelo Leôncio trabalha há 16 anos no local onde funcionava o presídio e diz que a segurança era maior quando estava em funcionamento, pois havia rondas policiais 24 horas dentro do presídio e nas ruas, dando maior segu-
rança ao comércio e às pessoas. Segundo Leôncio, a criminalidade aumentou no bairro, gerando mais assaltos e roubos de carros. “A reação que se nota nas pessoas varia. Há pessoas que passam e dizem: ‘Pena que saiu o presídio’, outras dão graças a Deus, porque tinham medo de que os presos pulassem para dentro de seus quintais, como a gente vê na televisão”, afirma. Ele comenta como era a vida no presídio em funcionamento: “O filme Carandiru era a realidade deste presídio”. A empregada doméstica Maria da Conceição Flores diz que se sente mais confortável e segura ao andar nas ruas e trabalhar no bairro. “Ainda tenho medo, mas antes o medo era maior por causa do funcionamento do presídio”, diz.
Assaltos Para a comerciaria Maria da Glória Kaniak, que trabalha numa casa lotérica em frente ao prédio do presídio, a segurança caiu com a desativação: “O bairro não está tão seguro. Antes da saída era melhor, agora há mais assaltos na região”. A opinião do aposentado Algacir Pizzatto não é diferente da de Maria da Glória, mas ele acrescenta que o problema com a segurança não está só no bairro: “A segurança não está ruim só no Ahú, ou só em Curitiba, mas em todo o Brasil”. As opiniões são favoráveis quando se fala na valorização do bairro com a saída do presídio e com a nova utilização do espaço, que abrigará o Complexo Judiciário do Estado do Paraná. O prédio onde funcionava o presídio não será demolido e contará com os museus penitenciário e judiciário, lojas e centro cultural. Estima-se que a obra custe cerca de R$ 250 milhões e que fique pronta até 2010.
Fotos: Arquivo pessoal Marcelo Leôncio
Imagens do presídio registradas pelo agente penitenciário Marcelo Leôncio