Lona - Edição nº 460

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Curitiba, terça-feira, 28 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 460| jornalismo@up.edu.br| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

L BRASI

Edição Especial

Engenharias da UP promovem

gincana social

Robertson Luz/LONA

No último sábado, as gincanas promovidas pelos cursos de engenharia da Universidade Positivo proporcionaram, além da interação entre os alunos, uma ação social. Nas demonstrações dos equipamentos projetados pelos estudantes da Universidade Positivo (UP) sobrou espaço para a arrecadação de alimentos. Durante o evento, o almoço dos participantes só foi garantido quando as equipes conseguiram reunir produtos para serem doados a instituições beneficentes. Neste dia, as corridas de carrinhos e as canoas de concreto trouxeram ao campus da UP a movimentação digna de uma verdadeira competição, além do sentimento de confraternização.

Os alunos do curso de Engenharia Mecânica fabricaram carrinhos de rolimã com matéria-prima alternativa

Página 3 e 7

Reportagem conta a história da engenharia Engenheiros se preocupam com inclusão social Páginas 4 e 5

Página 6


Curitiba, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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A maçã do conhecimento Hendryo André

A personagem desta história queria saber sempre, desde quando ainda era pequena, por que nasceram os homens tão franzinos, e para fortalecê-los ofereceu-lhes maçãs – um ato cândido para a época, já que era este o fruto proibido. Via com receio a extinção da espécie e procurava algo que os favorecesse frente a natural lei da selva. De tanto pensar, concluiu – naqueles momentos de desilusão característicos a todos os sonhadores – que aquela pobre espécie estaria fadada ao desaparecimento. Afinal, como podem sobreviver aqueles que mal podiam com os pés, enquanto outros animais corriam pelo pomar como se passeassem? Da indagação fez uma promessa sem, no entanto, vincular-se ao campo da fé. Afinal, se mal podiam os homens com os pés, a saída era justamente caminhar: marchar com procedimentos para um dia voar livremente. A partir de então, a protagonista iniciou uma peregrinação descrente de que chegaria ao céu. Certo dia, já calejada e cansada, sentou-se embaixo de uma árvore e foi atingida por uma maçã – um fato que não mudaria a vida de qualquer ou-

tra espécie, menos daquela que se feria por tão pouco. A gravidade da simples descoberta de que maçãs rumavam ao centro da terra praticamente capotou o planeta. Desde então, a maçã tornou-se fruto de discussão: seria, afinal, o algoz da espécie por ter sido experimentada ainda naqueles tempos de paraíso ou o símbolo máximo do crescimento intelectual? Amadurecia a personagem e já criara ousadia suficiente para cultivar um pomar próprio – era o momento definitivo para se desvencilhar e passar a dar passos próprios. Certo dia, naqueles tempos em que os famigerados tiranos comiam maçãs por acreditarem que elas caíam do céu, resolveu que um banho era vital para o seu bem-estar. Ao deitar-se na banheira viu a água caprichosamente se espalhar para o lado de fora. Aos gritos, a personagem comemorou a arte e fez com que os céticos acreditassem definitivamente que aquela maçã havia realmente mudado a sua vida: estava maluca ao afirmar que a coroa do seu rei, até então um deus, era falsa?

Expediente Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins. Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande;; Pró-Reitora de Extensão: Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamilton Berton;

Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Elza Aparecida de Oliveira e es Marcelo Lima; Editor Editores es-chefe s : Antonio Carlos Senkovski e Hendryo André.

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”.

Até essa época os sonhos eram palpáveis e tudo pôde ser comprovado com as mãos. Até o dia em que ela resolveu estudar o fruto mais de perto. Se ele era, afinal, o motivo de debate entre os crentes no progresso e os descrentes da ciência, porque não arrancá-la a casca, analisar o processo de putrefação, ou ainda, duplicála? Era esse o tempo em que a personagem germinava e se ramificava, como faziam as maçãs que ela tanto admirava. E então se descobriu que a vermelhidão daquela casca era apenas um reflexo e que aquele fruto sólido era formado por espaços vazios. Nessa época, “o último rei [a ignorância] foi enforcado nas tripas do último padre [a teimosia]” e a personagem provou, por meios empíricos, que se as árvores de um pomar fossem dispostas paralelamente se encontrariam um dia. E desde então o mundo se tornou cada vez menor, a ponto de a personagem acreditar que poderia

abraçá-lo com seu pomar, época em que a maçã deveria ter se tornado novamente um fruto proibido: “por que não utilizar fertilizantes para deixar este pomar melhor que os outros”, pensou a personagem visionária e cega pelo progresso. Miserável percepção teve quando não percebeu que os espinhos espalhados no chão eram o ônus do avanço científico: os pomares tornaram-se comércio e seus respectivos líderes utilizaram todo o conhecimento adquirido pela personagem – naqueles tempos já apodrecida – para construir sonhos em cima de pesadelos dos outros. Apelidaram-na de ciência. O crescimento do pomar fugira do controle do dono. Engenhar voltou a ser ato de sobrevivência e, tão somente por isso, cunhavam-se pedras e paus para a 4ª Guerra Mundial, proclamada por uma das macieiras mais belas plantadas pela

ciência. A personagem, já com os resquícios da velhice, rememorou os tempos em que alguém “fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou”, fato que garantiu a fixação dos homens. Sobre tal capítulo, não foi esquecida a homenagem ao “pedreiro, [a]o arquiteto e [a]o valente primeiro morador”. A personagem ingrata “não fez a espoleta explodir na gaveta do inventor”. Falou-se tanto em maçãs, mas ainda foi rememorado do velho ditado de que uma maçã ruim estraga toda a caixa. Por outro lado, não se questionou em momento algum, uma omissão que contraria veementemente aos princípios questionadores da protagonista deste espetáculo, por que várias maçãs boas não podem consertar as poucas ruins. Foi esta a tentativa que a 10ª Gincana de Criatividade e Engenharia da Universidade Positivo buscou no último sábado. Agora é esperar o tempo passar para se colher os frutos do conhecimento de tal pomar.


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Cerca de 400 alunos dos cursos de Engenharia participaram das atividades na UP

Gincana integra alunos e professores ticipativos que logo pela manhã Flávio Freitas apenas uma equipe já havia Marisa Rodrigues arrecadado pelo menos 750 quilos de alimentos. “É uma gincana técnica, Foi realizada no último sábado a 10º Gincana de Engenha- com tarefas e dicas, mas tem o ria da Universidade Positivo. O lado social e de integração. Não evento envolveu alunos, coorde- é uma competição entre as ennadores e professores dos cur- genharias, é um momento lúsos de Engenharia Civil, Elétri- dico, que foge do normal”, afirca e da Computação. Os parti- ma o coordenador de Engenhacipantes foram divididos em dez ria da Computação, Edson Peequipes com 35 integrantes dro Ferlin. Os resultados obtidos com cada. Apenas os alunos de primeiro e segundo ano puderam essas atividades refletem direcompetir, as demais séries aju- tamente no aproveitamento dos alunos em sala de aula. Kridaram na organização. As equipes foram compos- eger observa que muitos dos estas de forma diversificada, tudantes com baixo rendimencom alunos dos três cursos e to acabam surpreendendo os de diferentes turnos e séries. colegas e professores com o Para o coordenador do curso bom desempenho durante as de Engenharia Civil e organi- provas, e isso é fundamental zador do evento, Cláudio Kri- para a motivação e integração eger, a integração de diferen- dos acadêmicos. O aluno do quarto ano do tes estudantes foi intencional. “Para desfazer as ‘panelinhas’, curso de Engenharia Civil Anmisturamos os alunos e alu- derson Mussi participou pela nas, turmas, períodos e cur- quarta vez da gincana, duas como competisos diferentes”. dor, e desde o O principal ano passado objetivo das brin- “Não é uma como organizacadeiras foi colo- competição entre dor. Ele destacar em prática os ca a troca de conhecimentos as Engenharias. experiências adquiridos em É um momento entre os estusala de aula pedantes como a los estudantes. lúdico, que foge maior recomCom tarefas prédo normal”. pensa para o definidas, como participante. a elaboração de EDSON PEDRO FERLIN, “Essa integrauma usina hi- COORDENADOR ENG. DA ção é muito imdrelétrica em COMPUTAÇÃO portante, pois miniatura (ver boxe ao lado), ou atividades que a base das engenharias é a só foram apresentadas no decor- mesma, mas cada uma tem rer do evento. Uma delas foi a suas especificidades, além da “atividade-relâmpago”, prova troca de experiências”, revela em que os alunos deveriam des- Mussi. Esse é o mesmo pensamencobrir, por meio de cálculos, o número exato de jujubas que es- to da acadêmica do segundo ano tavam em recipientes de vidro. de Engenharia Civil Leda MaAlém disso, a maratona de ria Guareschi. “O engenheiro atividades incentivou a solida- civil deve ser um profissional riedade e a responsabilidade integrado, pois o resultado do social dos acadêmicos. Para seu trabalho sempre depende de ganhar o almoço e pontos na outros profissionais, como engecompetição, as equipes arreca- nheiros elétricos, mecânicos e daram alimentos que serão do- da computação. O profissional ados a instituições beneficen- de engenharia nunca trabalha tes. Os grupos foram tão par- sozinho”, diz a estudante.

Fotos: Luciano Sarote/ LONA

Para ganhar o almoço e pontos na competição, as equipes arrecadaram alimentos

Alunos fazem projeto de mini-hidrelétrica Cristiane Kulibaba

Uma das provas mais interessantes realizadas durante a gincana foi a construção de uma mini-usina hidrelétrica em que foram utilizados materiais como CDs velhos, pedaços de madeira, um pequeno motor, mangueira, porcas, parafusos e pregos. Enquanto os alunos desenvolviam as atividades, os professores mediam o potencial elétrico real gerado pela água através de uma pequena lâmpada. Segundo o coordenador do curso de Engenharia civil e organizador do evento, Cláudio Krüger, “esta foi a tarefa mais técnica do dia”. Para a aluna do primeiro ano de Engenharia Civil Luciana Paula Miranda, as dificuldades das provas e a interação com os outros alunos ajudaram a superar as dificuldades. “A inte-

Nas demonstrações, os professores mediram o potencial energético gerado nas mini-usinas hidrelétricas dos alunos ração entre os grupos e entre as engenharias foi bem bacana. Achei que a dificuldade das provas estimula a gente a pensar mais, a correr atrás das dificuldades. Por eu ser aluna do pri-

meiro ano e ter pouca base em algumas matérias, ter que construir uma mini-usina hidrelétrica foi difícil, mas a interação com os alunos do segundo ano ajudou muito”.


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Atividade profissional foi fundamental para desenvolvimento da civilização

Eli Antonelli e Marina Dola

Pedras eram lascadas incansavelmente até formarem cunhas: era a única maneira que o ser humano encontrou para garantir a sobrevivência frente aos outros animais, ainda na Pré-História. E foi então que se criou a roda, poliuse a pedra, dominou-se o fogo e fundiu-se o metal, fatos que tornaram o homem cada vez mais agente modificador da natureza. Ao mesmo tempo em que garantia a sobrevivência, por meio de princípios da física, nascia a engenharia: o emprego dos princípios físicos aliados ao bom senso. E passou-se o tempo e o mundo ficou menor: as cunhas ficaram cada vez mais pontiagudas, o fogo passou a ser carregado sem estar acesso, o metal tornou-se artigo de luxo e, tempos depois, artefato corriqueiro – e o ser humano continuou a modificar a natureza. Houve desvios, é bem verdade, e a mesma engenharia que garantiu a vida nos tempos de barbárie foi utilizada por alguns para preconizar a morte na época de consolidação da civilização: foram armas de destruição em massa que eternizaram um projeto mal elaborado, mas a engenharia encontrou maneiras para sobreviver daqueles que tentaram a extinguir. Prova disso é a Gincana da Criatividade e da Engenharia, realizada no último sábado, no campus da Universidade Positivo (matérias sobre o evento nas páginas 3 e 7).

à Igreja. Aos poucos, houve proEngenharia no gressos. Surgiram as guildas – campo e na cidade reuniões de construtores e arteO engenheiro mecânico Fersões que criaram um núcleo de nando da Veiga Villanueva diz padronização de suas atividaque a engenharia está presente des. E a partir de 1406, em Flona agricultura, “desde o projeto rença, nasceram as primeiras agrícola, passando pelo estudo da escolas e universidades de arquiterra, de agrotóxicos e de sementetura. tes, até chegar aos equipamenMas foi apenas na segunda tos agrícolas de alta tecnologia”. metade do século XVIII, com a Em artigo publicado pelos Revolução Industrial, que a ecoassessores-técnicos do Crea/GO, nomia passou a ser impulsionao engenheiro agrônomo Ariston da com o desenvolvimento das Alves Afonso e o mecânico Nélio máquinas e com trabalho nas Fleury relatam que a história da fábricas, fatos que incentivaram engenharia data de 7 milhões de o desenvolvimento de vários anos e está interligada com a campos da engenharia. O artigo própria história do homem. Oudefende que o “termo ‘engenheitro destaque na análise dos enro’ teve seu significado ampliagenheiros é o surgimento da do, aparecendo agricultura há diversas especi12 mil anos. Por meio das técnicas alizações como Por meio das em construção, técnicas de ende engenharia, mecânica, em genharia, o hoo homem se fixou e eletricidade, mem pôde se fiembarcações e xar e, conseformou as primeiras químico”. qüentemente, civilizações No Brasil, formaram-se em 1933, foas primeiras ram regulamentadas as profiscivilizações. “Nesse momento sões de engenheiro agrônomo e certamente nascia o primeiro civil. Impulsionadas pelo proengenheiro”, destacam os engecesso de industrialização que se nheiros no artigo. iniciava no país, nasceram nesJá no Império Romano foram te período os conselhos de Enconstruídas estradas, arenas de genharia, Arquitetura e Agrojogos, sistemas de esgoto e de nomia. No Paraná, o conselho distribuição de água, casas de regional teve sua criação em banho. “Nesta época os arquite1934 e hoje tem 600 modalidatos inventaram o teto em forma des registradas e relacionadas de abóbada, eliminando a necesà área de engenharia, que insidade de apoiar grandes vãos de cluem técnicos e tecnólogos. telhados em fileiras de pilares”, revela o estudo. Ainda de acordo Tecnologia com o artigo, o nascimento dos na fiscalização conselhos profissionais que reguA principal atividade do Crea larizam as profissões se deu ainé a fiscalização da profissão. Em da na Idade Média, período em todo o Paraná são 56 agentes que que o conhecimento era restrito

realizam inspeções em obras, buscando sempre garantir o exercício de qualidade do profissional. Só em 2007, de acordo com o Crea-PR, foram 57 mil obras e serviços fiscalizados. O trabalho dos fiscais no Paraná, desde o inicio de outubro, conta com uma novidade. Os agentes fiscais passaram a utilizar o Personal Digital Assistants (PDAs), um aparelho que reúne computador um computador com GPS (Global Position System), além de uma câmera fotográfica e um aparelho celular. Com isso, a fiscalização passou a ocorrer com maior agilidade, uma vez que o profissional tem acesso de forma imediata ao banco de dados do Conselho. Outra novidade esperada é o desenvolvimento de ações na área de georeferenciamento. Será implantado ainda em 2008, um sistema de informações geográficas para um banco de dados com todo o mapeamento do Estado, levando a uma redução de prazos e maior troca de informações entre profissional e responsável pelas obras.

Ilustrações: divulgação


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Engenheiras As mulheres surpreendem a cada dia, ainda mais quando decidem optar por cursos dominados pelos homens. Os cursos de Engenharia são os grandes representantes dessa realidade. Em uma sala com aproximadamente 70 alunos, apenas dez são mulheres. Mas quem pensa que o mercado de trabalho ignora as mulheres e que a discriminação atrapalha ou as faz desistir na metade do curso está muito enganado. Aline Moraes, de 19 anos, cursa o primeiro ano de Engenharia Civil na Universidade Positivo e diz que, por mais que haja preconceito por parte dos meninos, as mulheres estão se impondo e vão conquistar o mercado de trabalho. “O que importa é você fazer o que gosta, independente do preconceito. E eu amo engenharia, adoro fazer cálculos. Por mais que a gente tenha dificuldades, até reprove; a ‘mulherada’ tem muita força de vontade para dominar e conquistar esse mercado”. Já a estudante Francielle Patrícia Lemos, de 19 anos, também cursa o primeiro ano de Engenharia Civil e concorda que as mulheres têm potencial para a área. Mas ela também não esconde que o preconceito é grande. “Os meninos ficam bem na deles, não se misturam, e quase sempre não nos ajudam. Mas é claro que alguns até gostam de ter mulheres por perto, até porque nós somos mais detalhistas, cuidadosas e gostamos de fazer tudo bem feito. Eu acho que esse é o nosso grande diferencial e, também, o que nos motiva no mercado de trabalho”.

Realmente o mercado de trabalho acolhe mulheres engenheiras por essas vantagens. Aline, por exemplo, já está empregada na Plaenge e afirma que oportunidades no mercado não vão faltar daqui para frente. “Conseguir o primeiro emprego, ou estágio, já é o primeiro passo. Daí em diante é só mostrar que você é capaz.”

Papel da mulher na engenharia Buscando discutir o papel da mulher no ramo, foi criado um grupo de trabalho de mulheres profissionais da área tecnológica (GT Mulher). No Paraná, o grupo tem representantes em seis cidades: Curitiba, Pato Branco, Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cascavel. Para a coordenadora da região de Maringá, a engenheira civil Maria Felomena Sandri, o grupo tem o objetivo de trabalhar a conscientização da participação da mulher nas diversas ações da comunidade e em entidades de classe. “A trajetória de luta das mulheres e o avanço nas conquistas sociais também são temas permanentes em nossos encontros. Podemos dizer que estamos ainda na fase preparatória, de organização de um grupo que atua como multiplicador”, conta a engenheira. A discriminação é mascarada, mas por muitas vezes alguns gestores não fazem questão de disfarçar que o mercado ainda é preferência para os homens. A engenheira civil Andrea Meister, por exemplo, passou por esta situação durante uma entrevista de trabalho. Após ser aprovada em todas as

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Robertson Luz/ LONA

etapas da seleção que incluía, concurso, dinâmica de grupo, entrevista coletiva com diretores, entrevista em inglês, foi submetida a entrevista com o diretor da área. “Ele me disse que a vaga não era para mim, pois certamente eu preferiria viajar a Paris ao invés de conhecer as questões técnicas da empresa na África. Depois ainda foi capaz de perguntar se houvesse um acontecimento sinistro se eu teria condições de atender à noite e se seria capaz de deixar meu marido esperando o jantar”.

As fiscais do Crea-PR Desde o último concurso público, em 2004, o Crea/PR teve uma significativa alteração no seu quadro de agentes de fiscalização. Atualmente, dos 52 fiscais profissionais da área de engenharia, 15 são mulheres. O gerente do Departamento de Assessoria Técnica e Fiscalização, Renato Straube Siqueira, destaca o diferencial no trabalho da mulher: “Temos observado que a fiscalização realizada pelas mulheres é um trabalho bem mais minucioso. Elas têm uma visão e uma percepção do trabalho como um todo. Há uma qualidade considerável com relação a redação dos relatórios, são mais qualificados na forma estética”. Straube revela que todo o controle da fiscalização é liderado no Conselho Regional por uma mulher: a arquiteta e urbanista Tania Squair, coordenadora da Assessoria de Planejamento e Fiscalização. “Observamos também que durante as reuniões, as mulheres são sem-

Aline Moraes, estudante de Engenharia Civil, acredita que as mulheres vão conquistar espaço no mercado de trabalho

pre mais participativas, trazendo muitas contribuições e sugestões para melhoria do trabalho da fiscalização. Elas são comprometidas integramente com os valores da fiscalização”.

Futuros Profissionais Buscando preencher uma lacuna existente na transição do acadêmico para o sistema profissional foi criado o programa Crea/Jr. A responsável pelo pro-

grama, Cacilda Redivo, destaca que uma das principais propostas é a de inteirar o jovem com a legislação profissional. “Eles passam a conhecer diretamente o órgão regulamentador da profissão e a realizar ações que vão auxiliar em seu desenvolvimento pessoal e paralelamente a isso, no decorrer de suas atividades, conhecem e praticam as ações seguindo um modelo de gestão voltado aos resultados”.


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Engenheiros da computação podem aliar acesso à tecnologia e viabilidade econômica

Projetos podem ter preocupação social Juliana Fontes Vanessa Dasko

As aplicações da ciência da informática podem contribuir para a evolução das atividades humanas. Além da importância para o cálculo e às tarefas administrativas, a informática é uma ferramenta de trabalho utilizada em diversas áreas. Os resultados dos projetos dos profissionais da informática geralmente procuram identificar melhorias e aprimorar ferramentas que sejam viáveis do ponto de vista econômico. Não é novidade que, quando lançados, esses produtos precisam de tempo para poderem ser consumidos por algumas camadas sociais. E é graças à velocidade das transformações da tecnologia que os produtos deste ramo tornamse mais “acessíveis”. Mas os engenheiros e tecnólogos também podem trabalhar para reduzir os custos de maneira que não seja somente pela lógica “natural” do mercado. É deles a tarefa de pesquisar e desenvolver ferramentas de menor custo. O tecnólogo em sistemas de telecomunicações Jean Carlos Lofrano coloca a “tecnologia reversa” como um dos meios para baratear os equipamen-

“Sem a troca de informações fica difícil de se manter atualizado. Daí a importância da melhora de ferramentas que já existem e a execução de novas idéias”. MARCOS PIECZARKA, DONO DE LOJA DE INFORMÁTICA tos. “Por meio desse recurso [tecnologia reversa] os engenheiros e os tecnólogos analisam uma tecnologia já existente, descobrem como aquilo foi feito, detectam as falhas e tentam aprimorar. Dessa forma, os produtos podem ser refeitos por um custo mais baixo”. Na última década, esses avanços na ciência proporcionaram o barateamento de produtos de informática. Essa tendência resultou na “informatização doméstica”, hoje dona de grande fatia do mercado das centrais de processamento de dados. O proprietário de uma loja de manutenção e equipamentos de informática em Curitiba Raphael Marcos Pieczarka coloca a necessidade constante do transporte de dados como um dos motivos para a informática ser fundamental no cotidiano das pessoas. “Sem a rápida troca de informações fica difícil se manter atualizado. Daí a importância pela busca do aprimoramento nas ferramentas que já existem e o desenvolvimento de novas idéias”. Segundo o empresário, os consumidores têm perfis diferentes. Os produtos que atendem as necessidades básicas são os mais vendidos em sua loja, o que

comprova aumento na acessibilidade tecnológica. “A maioria das pessoas utiliza a informática no ambiente doméstico, para trocar e-mails, fazer cálculos e navegar pela internet”. Diferente dos produtos mais potentes, que “geralmente são procurados por empresas ou pelos jovens consumidores de jogos que exigem maior capacidade de processamento”. No ramo do desenvolvimento de tecnologia de informática para empresas, a popularização da internet e o acesso às tecnologias são alguns dos destaques. Para melhorar os serviços, pequenas e grandes empresas, como escolas, bancos, lojas... informatizam os seus negócios, garantindo assim, uma melhor gestão de informações.

Engenheiros e tecnólogos podem trabalhar para reduzir os custos de computadores

Primeiro vôo do 14-bis completa 102 anos mentos, precisam ter um contato mecânico com os equipamentos. “A contribuição da O Brasil e o mundo come- engenharia na vida das pesmoraram na semana passada soas é desenvolver equipamenos 102 anos da primeira deco- tos e projetos aplicando a teclagem de um objeto mais pe- nologia para a melhora de sado que o ar. O idealizador do vida das pessoas, para que seprojeto foi o mineiro Alberto jam utilizados da melhor forSantos Dumont que, em 1906, ma possível”. Na parte de alimentação, por fez decolar o 14-bis. Tal episódio demonstra a importância exemplo, os equipamentos que da engenharia na evolução da usamos foram elaborados por engenheiros. Esses produtos história da sociedade. não poderiam Depois da existir sem o invenção, por “Santos Dumont auxílio da exaexemplo, suraplicou a ciência e tidão dos cálgiram as corculos. Até mesrentes que construiu uma mo os produculminarimáquina que o tos industriaam, mais tarlizados, como de, no que ajudasse a realizar latas de azeihoje se denoseu sonho de voar” te, são elabomina Engerados por ennharia MeEMÍLIO KAWA,IRA. genheiros cânica. Na ENGENHEIRO MECÂNICO mecânicos, época da invenção do avião não ha- juntamente com engenheiros via essa designação tal de produto e profissionais de como se conhece hoje. No outras áreas. Isso torna o proentanto, a contribuição duto com uma boa apresentadessa ciência, segundo o ção, prático e funcional para engenheiro mecânico as pessoas que utilizam. Na época da invenção do aeronáutico e professor Emílio Ka- avião não existia a designação wamura, foi o que de engenharia mecânica como ajudou o pai da se conhece hoje. No entanto, aviação a desen- a contribuição dessa ciência, volver mecanismos segundo Kawamura, foi o que e as partes da estrutura do ajudou o pai da aviação a deavião. “Dumont aplicou a ci- senvolver mecanismos que reência e construiu uma máqui- sultariam no avião. “Santos na que o ajudasse a realizar Dumont aplicou a ciência e seu sonho de voar até chegar construiu uma máquina que ao fazer levantar vôo algo mais o ajudasse a realizar seu sonho de voar”. pesado do que o ar”. O avanço tecnológico camiO professor diz que a engenharia faz a ponte entre as nha lado a lado com nossos máquinas e as pessoas, pois confortos e é através das enas pessoas, para interagirem genharias que as descobertas com variados tipos de equipa- da ciência são possíveis. Camila Pagno


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Criatividade dos alunos de Engenharia Mecânica é estimulada em evento

Evento promove diversão a estudantes Flávio Freitas Marisa Rodrigues

O curso de Engenharia Mecânica da Universidade Positivo promoveu no último sábado a quarta edição da Gincana de Criatividade. O evento contou com a participação de mais de 700 alunos, além de professores, amigos e das famílias dos estudantes. Os acadêmicos foram divididos em 37 equipes, cada uma com no máximo 20 integrantes. As equipes foram responsáveis por realizar tarefas pré-determinadas de acordo com a série. Quanto maior o nível de estudo, maior o nível de dificuldade exigido. Também voltados ao caráter social da profissão, os alunos arrecadaram alimentos que serão encaminhados a instituições beneficentes de Curitiba. Os alunos do primeiro ano foram responsáveis pela fabricação de mini-dragsters e mini-fo-

guetes. Os acadêmicos do segundo ano desenvolveram carrinhos de rolimã e barcos feitos com garrafas PET, batizados de “OFNIs”, sigla para objetos flutuadores não identificados. Já os da terceira série produziram triciclos manuais para portadores de deficiência. Os alunos do quarto e quinto ano também desenvolveram triciclos para deficientes, porém, motorizados. Ambos os modelos foram projetados com o apoio de acadêmicos do curso de Fisioterapia. Diferente da Gincana de Engenharia – dos cursos de Engenharia Civil, Elétrica e da Computação – a Gincana de Criatividade foi dividida em duas fases. Na primeira, realizada no dia 18 de outubro, os alunos apresentaram os projetos das “engenhocas”, e a segunda com competições entre os produtos desenvolvidos. Outra diferença é que, como os projetos e produtos são desenvolvidos antecipadamente,

“Para um país se desenvolver, ele precisa de engenheiros que criem novas tecnologias e melhorem as que já existem” MARCOS RODACOSKI, COORD. DE ENG. MECÂNICA DA UP

o dia da Gincana da Criatividade foi mais um momento de divertimento do que de desafio. Entre os espectadores do evento estava a coordenadora de atividades estudantis da Sociedade de Mobilidade de Engenheiros (SAE-Brasil), Vanessa Viana, que destacou a importância de fomentar a criatividade nos acadêmicos. “A Gincana é um grande diferencial, pois propicia aos estudantes um aprendizado enorme”, afirmou Vanessa. O coordenador do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Positivo, Marcos Rodacoski, lembrou do papel estratégico que os profissionais de Engenharia têm em uma nação. “Para um país se desenvolver ele precisa de engenheiros capacitados que criem novas tecnologias e melhorem as que já existem”, disse o coordenador. O estudante do primeiro ano de Engenharia Mecânica Rafael Kobashi participou da prova dos mini-dragsters. O invento de sua equipe foi um dos poucos que não conseguiu percorrer os 30 metros de pistas destinados aos carrinhos, mas mesmo assim estava satisfeito pelo envolvimento no projeto e montagem do produto. Luciano Sarote/LONA

Os alunos do primeiro ano foram responsáveis pela fabricação dos mini-dragsters

Gincana permite a prática de soluções vistas em sala de aula Robertson Luz/LONA

Diana Axelrud

A Gincana de Criatividade e Engenharia deu seqüência à série de dez anos do evento. Na competição, os alunos dos cursos de Engenharia Civil, Elétrica e da Computação foram divididos em dez equipes, as quais misturaram membros dos três cursos. O objetivo da gincana, segundo o Diretor do Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas da UP, Marcos Tozzi, é “aplicar os conceitos adquiridos em sala para pensar em soluções criativas nos problemas encontrados nas diversas áreas de atuação”. Paralelamente a essa competição, aconteceu a Gincana de Criatividade e Engenharia, que está na terceira edição. Essa gincana é promovida pelo curso de Engenharia Mecânica. Nela acontece a apresentação de trabalhos que os alunos produzem durante quatro meses. Entre os projetos apresentados estão mini-foguetes, carrinhos de rolimã e triciclos para pessoas com deficiência. O evento tem também um cunho social, já que realiza a arrecadação de alimentos, produtos de higiene e limpeza para doar a instituições de caridade.

O projeto das gincanas já foi apresentado em vários congressos nacionais e internacionais (como em Taiwan, Estados Unidos e Inglaterra). Os resultados das gincanas são positivos. Para o Professor Marcos Tozzi, isso se justifica pelo “inter-relacionamento dos conteúdos aprendidos, a interação entre as engenharias, a necessidade de se trabalhar em equipe, a liderança e a administração do tempo”. O aluno do terceiro ano de Engenharia Civil Rafael Terbai concorda com Tozzi: “foi muito positivo participar da gincana. Aprendemos muito trabalhando em equipe. Fizemos durante o ano a canoa, que usamos na competição no lago da universidade”. Segundo a aluna do segundo ano de Engenharia Civil Caroline Beckmann, as gincanas representam um modo de aprender aliado à diversão. “Com esse evento, pode-se colocar em prática o conteúdo aprendido em sala”. No futuro, o núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas da UP quer ampliar o projeto. “Em 2009 espera-se envolver diversas Instituições de Ensino Superior do Brasil em uma competição Nacional”, antecipa Marcos Tozzi.


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8 Robertson Luz/LONA

Robertson Luz/LONA

Luciano Sarote/LONA

Uma gincana de

engenheiros

Robertson Luz/LONA

Seja na simplicidade de um carrinho movido a gravidade, ou na complexidade dos motores dos triciclos para deficientes físicos, a criatividade foi o que marcou as gincanas das engenharias. Gincanas estas que pouco tiveram de competição. O espírito de equipe superou o desejo de vitória. No “sábado da criatividade”, os futuros profissionais puderam provar que na engenharia há espaço para ir além da exatidão numérica do sem fim, e que é possível aliar ao infinito dos números a inexatidão do humano.

Luciano Sarote/LONA

Robertson Luz/LONA


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