Lona - Edição nº556

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RIO DIÁ do

Curitiba, quarta-feira, 12 de maio de 2010 - Ano XII - Número 556 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Otimismo da economia puxa consumo no país

BRASI

L

redacaolona@gmail.com

Especial

Pág. 3

Diego Henrique da Silva

Fotógrafo Nego Miranda fala de sua nova exposição Conheça como nasceu o projeto “Igrejas de Madeira do Paraná”, a dificuldade da preservação de algumas das igrejas e as opções estéticas do fotógrafo na composição de suas imagens. Págs. 4 e 5

Opinião

Só para os zé-ninguéns

Nossa articulista faz uma análise sobre o acadêmico que frequenta o ensino superior e não se deixa transformar. Com ironias e declarações polêmicas, ela critica o mau aproveitamento do conhecimento e a reprodução de padrões impostos pela sociedade. Pág. 2

Felipe Dana/ AP

Dunga critica imprensa e mantém sua lista de convocados

Colunas

Mundo nerd e cinema

Pág. 7

A tentativa de chegar a um consenso sobre o que leva alguém a ser um autêntico nerd e o filme com a clássica história de Robin Hood, contada com a tecnologia cinematográfica atual, são os assuntos das colunas de hoje. Pág. 6


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Espaço do Leitor Muito boa a matéria sobre o passe escolar, da Laura Bordin! Não sou de Curitiba e tenho a sensação de que muitos estudantes curitibanos não têm noção de que passe mais barato para quem estuda é direito, não favor. E para não dizer que estou generalizando, lembro do movimento curitibano pelo Passe Livre, uma mobilização importantíssima que pretende derrubar as catracas do transporte público e torná-lo efetivamente coletivo. Laura faz também uma boa comparação com a capital de Santa Catarina. Morei em Florianópolis na época da reforma do transporte coletivo e digo que foi na base de muita reivindicação dos estudantes secundaristas e universitários que o passe estudantil se estabeleceu na ilha. Em Curitiba, além de aumentar a passagem em época de férias (para desmobilizar qualquer possível reivindicação!), a Urbs é pouquíssimo acessível a esse debate. Valeu o lembrete, Laura! Luma Bendini, estudante do 5° período de jornalismo da UP

Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; PróReitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Aline Reis (sccpaline@gmail.com), Daniel Castro (castrolona@gmail.com.br) e Diego Henrique da Silva (ediegohenrique@hotmail.com).

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Curitiba, quarta-feira, 12 de maio de 2010

Opinião

O fim do preconceito? Daniel Castro castrolona@gmail.com

Na Veja desta semana, o destaque da capa fica por conta da chamada “Geração Tolerância”, tema usado pela revista para se referir aos jovens de hoje, que segundo a publicação começam a vencer o preconceito contra os homossexuais. Curioso com a escolha do tema, passei a me perguntar qual seria a motivação da revista em dar amplo destaque a essa matéria. O texto não está necessariamente apoiado nos valores-notícia estudados no curso de jornalismo, mas por ser uma revista de circulação semanal, é compreensível que utilize de outros fatores para escolher o que será publicado. A expectativa de que o gancho da matéria seria o reconhecimento do direito de adoção concedido à duas mulheres no Rio Grande do Sul no final de abril foi desfeita durante a leitura.

Muitas vezes o preconceito acontece de forma velada; reflexo de uma geração que não se manifesta por temer as reações que o seu comentário pode ocasionar, e não por de fato respeitar as diferenças. É inegável que vivemos em uma sociedade muito diferente de décadas passadas. Hoje existe uma maior compreensão quanto às diferenças entre os seres humanos, de forma que um homem vestir-se com roupas rosa, por exemplo, é encarado como um fato normal, o que certamente não aconteceria em outras épocas. O problema da matéria é encarar essas mudanças da sociedade como o começo do fim do preconceito. Não existe nada que marque a mudança de comportamento e atitude das pessoas no que diz respeito ao fim da discriminação. O fato de os jovens de hoje serem mais liberais e afeitos à mudança não justifica o otimismo da reportagem, que poderia ter abordado os problemas que ainda devem ser resolvidos e que não são poucos. Muitas vezes o preconceito acontece de forma velada; reflexo de uma geração que não se manifesta por temer as reações que o seu comentário pode ocasionar, e não por de fato respeitar as diferenças. É comum as pessoas utilizarem o conhecido discurso: “Faça, mas longe de mim”. Poucas coisas são mais absurdas do que essa afirmação. Admitir a existência de um comportamento, mas não tolerá-lo na sua frente, é querer determinar onde e quando o indivíduo pode se manifestar sem ser discriminado, o que nada mais é do que outra forma de discriminação. Ao mesmo tempo em que muitos jovens se mostram dispostos a enfrentar essa barreira, é assustador ver que pessoas instruídas e com acesso à boa educação pensem de forma tão irracional e reproduzam frases como a citada no parágrafo anterior. No fim das contas, a revista errou na condução da reportagem, que não contribuiu para a discussão dos problemas, mas sim para estereotipar uma geração que definitivamente não pode ser chamada de tolerante.

Os Zéninguéns da academia Aline Reis sccpaline@gmail.com

Terminei de ler essa semana um livro que se chama “Escute, Zé-ninguém”, de Wilhelm Reich. A princípio achei que fosse mais um best-seller, daqueles que têm a solução para todos os problemas, daqueles que são a chave do sucesso. Tolo engano. O livro é bom. E me mostrou que dentro da academia existem vários zé-ninguens. Esses habitantes que permeiam as alamedas acadêmicas são realmente uns fracos. Estão sempre cumprindo ordens sem questionar nada. Fazem tudo o que o mandam fazer. Riem nem sabem do quê. Os zé-ninguéns não precisam colar na prova. E se precisassem não colariam porque são medrosos. Os zé-ninguéns decoram as respostas. Os zé-ninguéns engrandecem os erros dos outros para compensar sua mediocridade. Sem dúvida é mais fácil se adequar a padrões impostos pelos dominantes do que refletir acerca do assunto. Em suas orações os zé-ninguéns pedem pela paz mundial, pedem pelo fim da fome, pedem para não haver mais enchentes... E no dia seguinte jogam [no lixo] o que sobrou do seu Big Mac e [no chão] o copo de coca-cola. Pobres. Mesquinhos. Coitados.

Os zé-ninguéns não precisam colar na prova. E se precisassem não colariam porque são medrosos Os zé-ninguéns tentam ser aceitos pelos outros. Para isso falam como os outros, agem como os outros, escutam a música dos outros. Mas sequer sabem quem são os outros. Nos corredores da academia existem centenas de zé-ninguéns. Milhares, talvez. A grande decepção, porém, é saber que esses zé-ninguéns serão os futuros formadores de opinião de outros zé-ninguéns, o que torna esse escrito sem sentido, porque parte uma acadêmica zé-ninguém para um monte de colegas que também o são. Por quê então escrever? Escrever para tentar evitar que outros zé-ninguéns nasçam, mas no final das contas, estou cá escrevendo sobre zé-ninguéns para zé-ninguéns que lerão esse texto e acharão ridículo. Que bom.


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Divulgação

Estabilidade

Economia estável impulsiona consumo e quitação de dívidas Diego Henrique da Silva

Sidney da Silva Os brasileiros estão conseguindo cada vez mais honrar suas dívidas. Segundo a Serasa, o crescimento da economia brasileira, sobretudo no segundo semestre de 2009, tem possibilitado o aumento de emprego e renda da população. Com isso, os brasileiros estão comprando mais e conseguindo quitar as despesas. O mercado financeiro comemora ainda o fato de que, em fevereiro, 1,6 milhão de cheques foram devolvidos. Embora pareça um número alto, a quantidade é a menor desde março de 1997. A Tele Cheque, empresa especializada em verificação de crédito em compras com cheques, afirma que do total de cheques emitidos em fevereiro, 97,41% foram honrados, 0,46% a mais do que em fevereiro do ano anterior.

A empresa acredita que os números de cheques honrados tendam a aumentar, atingindo um patamar superior em relação ao mesmo período de 2009. Outro dado que também obteve redução é a inadimplência de pessoa física, que sofreu redução em relação aos anos anteriores. Só no primeiro bimestre de 2010, houve uma queda de 5,3,% . Entre ja-

O setor externo e o agrícola são os mais sensíveis devido, principalmente, ao comportamento da economia internacional, que ainda está em fase de recuperação

neiro e fevereiro, a queda foi de 3,1%, a maior registrada desde o ano 2000. Todo este cenário favorável pode ser influenciado também pelo recuo dos juros para linha de crédito que tiveram redução em fevereiro. Entre as pessoas físicas e empresas, os juros cobrados pelas instituições financeiras caíram 41,9% ao ano em fevereiro. Trata-se da menor taxa desde 1994. “Essa reversão de tendência, após setembro do ano passado, está relacionada de um lado com a política de redução dos juros de forma geral, tendo como referência a Selic, que em dezembro de 2008 estava em 13,66 % ao ano, e chegou a 8,65% a.a. em julho de 2009, mantendo-se nesse nível até fevereiro de 2010. Embora teha aumentado em pouco em abril. Por outro lado, a recuperação do nível de emprego, consequ-

ência da retomada da atividade econômica, principalmente na indústria e no setor serviços, tem contribuído para recuperar os salários dos trabalhadores. A melhoria do emprego e dos salários contribui para que, aos poucos, a população equilibre suas finanças pessoais”, explica o economista Paulo Mello Garcias. Ainda de acordo com Mello, a perspectiva da economia brasileira para os próximos anos é boa e já deve começar a partir deste ano. “2010 apresenta dois aspectos especiais que trarão impactos sobre a atividade econômica. Ocorrerá a Copa do Mundo, que estimulará o setor de eletrodomésticos, pelo menos até o meio do ano. Também devem começar os preparativos da Copa de 2014, que demandam investimentos em diversas regiões, com datas de conclusão para 2012. Além disso, é um ano de eleições e, particularmente, os governos estaduais e federal certamente adotarão

uma política de gastos mais expansiva, que deverá elevar, pelo menos momentaneamente, a demanda, a produção, o emprego e a renda dos trabalhadores.” Para o economista, os indicadores de atividade industrial mostram que os empresários estão otimistas e que pretendem aumentar os investimentos, principalmente porque a utilização da capacidade produtiva está se aproximando do limite. O setor comércio e o setor serviços apresentam níveis de atividades que acompanham o setor industrial. O setor externo e o agrícola são os mais sensíveis devido, principalmente, ao comportamento da economia internacional, que ainda está em fase de recuperação. “Diante desse cenário as perspectivas da economia brasileira são de estabilidade, com inflação nos mesmos patamares dos últimos anos, e crescimento moderado da produção e do emprego”.

"Crédito fácil" deve ser analisado pelo consumidor na hora do empréstimo O aumento do poder de compra do consumidor e a queda da inadimplência fazem com que o mercado de empréstimos pessoais se aqueça em busca de clientes aguçados pelo desejo de comprar. Instigados pela redução da queda de juros e, com os baixos valores cobrados, as pessoas estão cada vez mais recorrendo aos empréstimos pessoais. Contudo, o professor de economia da Universidade Federal do Paraná Paulo Mello Garcias avisa que é necessário que o cliente tome cuidado na hora de realizar o empréstimo.

“O consumidor deve tomar o cuidado de comparar o valor do empréstimo e das prestações com o fluxo de renda futura e custo desse empréstimo, isto é, a taxa de juros. Em outras palavras, deve observar o valor do empréstimo, o número de prestações, o valor das prestações, a diferença entre o preço à vista e o valor da compra a prazo, bem como a previsão de renda para o período da compra. Não se pode deixar enganar pelas ofertas do mercado de maneira a comprometer a quitação do financiamento”, afirma. (SS)


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Traços e formas da cultura paranaense nas lentes de

Especial

NEGO

MIRANDA Eli Antonelli

“Os municípios quase não apoiam, e até mesmo a população não consegue valorizar essas igrejas. Elas são a história da comunidade, foram ali que os avós casaram, foram velados, onde os pais se conheceram, eles mesmos foram batizados nesses espaços. Nego Miranda

Eli Antonelli A carreira do fotógrafo paranaense Nego Miranda é marcada pela contínua atuação no registro da cultura paranaense. O curitibano de 65 anos já passou por outras áreas, como filosofia e eletrônica. Mas foi no enquadramento de formas e traços do Paraná que nasceu a arte de Nego Miranda. É neto do 3º prefeito de Curitiba, Guilherme Xavier de Miranda, dono de engenho de mate no Paraná. Os laços familiares podem ser um dos fatores para explicar o amor pelo Estado. Miranda expõe seus trabalhos desde os anos 70, participando, desde então, de eventos no Brasil, na Argentina, em Cuba, na França e em Portugal. Entre as inúmeras exposições individuais e coletivas, destacam-se “Morretes: meu pé de serra”, no Espaço Cultural BRDE, “Horizontes e Cercanias”, em

Córdoba/Argentina, “Yerba Mate” em La Plata/Argentina e “Clin D’oeil Sur La Photographie, no Musée Français De La Photographie, em Paris. Os trabalhos de Miranda já renderam premiações como II Concurso Ilford/Micro de Fotografia P&B, de São Paulo, Menção Especial II Salón Internacional de Fotografia em Havana/ Cuba, Concurso Turismo no Paraná da Paranatur 1º Prêmio Curitiba, Concurso Bienal de Fotografia Ecológica – 1º Premio de Porto Alegre e Museu do Mate – Secretaria de Cultura e do Estado do Paraná – I e III Prêmios. Entre as principais obras publicadas estão “Morretes: Meu Pé de Serra”, “Paraná de Madeira”, “A história do Mate” em parceria com Teresa Urban, “Contemporary Brazilian Photography, em parceria com a historiadora Maria Luiza Melo Carvalho, obra publicada na

Nego Miranda

Grã-Bretanha. Essa parceria rendeu mais duas obras: “Paraná de Madeira” e “Igrejas de Madeira”. O último trabalho de Miranda é “A eterna solidão do vampiro”, obra que mostra os lugares citados por Dalton Trevisan. A obra é feita em parceria com a filha Letícia Magalhães e procura mostrar um pouco do mundo daltoniano. A arte de Nego Miranda em parceria com a historiadora e arquiteta Maria Cristina Wolff de Carvalho pode ser conferida até o dia 16 de maio no Espaço Caixa Cultural com a exposição “A arquitetura sacra paranaense Igrejas de Madeira do Paraná. As fotos são resultado de 1 ano e meio de caminhadas pelos municípios paranaenses que renderam 33 fotografias de igrejas Católicas e Bizantinas. Na sequência, a exposição seguirá para São Paulo e Brasília.

“A opção por PB é porque as formas das fotografias ficam mais visíveis. A cor distrai, desconcentra a leitura” Nego Miranda


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Curitiba, quarta-feira, 12 de maio de 2010

Como nasceu o projeto “Igrejas de Madeira no Paraná”? Sempre tive uma paixão por casas e igrejas de madeira. Morava numa casa de madeira na infância e tenho boas lembranças como as brincadeiras no sótão. Durante o tempo que foi funcionário da Copel, em muitas viagens procurava observar a beleza dessas construções. Mas foi em 2003 que comecei a fazer o projeto “Paraná de Madeira” em conjunto com a historiadora Maria Cristina W. Carvalho. E a partir disso, em paralelo, começamos a pensar em fazer os registros das igrejas, também. Ela ficou responsável pelos textos, pela análise arquitetônica e histórica. E eu viajava pelos municípios conversando com as pessoas e registrando as imagens. Em 2005, foram lançados os dois projetos: “Paraná de Madeira”, mostrando as casas, paióis, e “Igrejas de Madeira”, com pequena diferença de tempo. Como é composta esta exposição? Está dividida em 3 partes. Na primeira são as igrejas católicas, na segunda são as igrejas bizantinas, que, aliás, estão em

melhor estado de conservação. Na terceira parte procurei mostrar os detalhes. Por exemplo, as igrejas bizantinas têm sempre uma cúpula redonda, influência oriental, isso é um traço característico. Outro detalhe é sua divisão interna, sempre em formato de cruz, com o altar com três saídas divididas, uma para o padre, as outras para o público. No meio do altar sempre um ícone do santo. Alguma igreja que foi demolida após esses registros? Infelizmente sim, muitas delas, principalmente as católicas não têm um bom estado de conservação. Teve uma que registrei e uma semana depois houve o último culto. Os municípios quase não apoiam, e até mesmo a população não consegue valorizar essas igrejas. Elas são a história da comunidade, foram ali que os avós casaram, foram velados, onde os pais se conheceram, eles mesmos foram batizados nesse espaço. A igreja é um centro social dessas comunidades. As pessoas não percebem que quando a igreja é demolida é um pedaço da história delas que se desfaz.

Mas há situações em que a comunidade briga para que não sejam demolidas? Houve um exemplo liderado pelo Padre Aleixo, da Igreja de Santo Antonio, de Mandirituba. A ideia era derrubar a igreja construída em 1900, para aproveitamento do material que seria usado para fazer andaime na construção de uma estrada. O padre Aleixo, que é ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico, brigou para a conservação da igreja e conseguiu. Fora essa existem outras tombadas como a Igreja de São Miguel Arcanjo de 1903, na Serra do Tigre Dorizon, em Mallet. Inclusive foi feita uma réplica desta igreja no Parque Tingui, em Curitiba. Esta foi a primeira igreja ucraniana na América Latina. Essas construções são muito antigas, no projeto “Paraná de Madeira” encontramos paióis datados de 1880, é muita história do Paraná inserida nessas construções. As fotografias não apresentam pessoas nas igrejas, por que essa escolha? Para produzir as fotografias pensei em concentrar a imagem apenas nas suas formas e no de-

senho. A captação da imagem com pessoas poderia distrair o leitor da fotografia. A presença das pessoas poderia caracterizar datas também? E por que o uso predominante de preto e branco? De certa forma sim e não. No projeto “Paraná de Madeira” há uma fotografia com uma pessoa. Mas ela foi utilizada como um elemento secundário apenas para fortalecer a imagem da neblina no local. A opção por PB é porque as formas das fotografias ficam mais visíveis. A cor distrai, desconcentra a leitura. Ela foi usada para mostrar alguns detalhes de como cada povo, os imigrantes, utilizavam as cores. Por exemplo, os poloneses, usam muito cores fortes: rosa, verde, laranja, há muitas flores também. Foi necessário produzir fotos com detalhes disso em cores para melhor passar a informação. Por que é tão forte esta característica de construção de madeira no Paraná? Isso se deve pela forte presença dos imigrantes em nossa colonização. Povos como os poloneses e ucranianos já tinham essa

tradição em seus países. Aqui, eles iniciaram as construções a partir de troncos, depois com tábuas de rachão e finalmente as tábuas comuns. A construção foi evoluindo aqui em nossa região, pois eles acharam muita matéria prima para essas construção. Tínhamos uma infinidade de florestas de pinheiros, perobas e madeiras nobres. Eles já tinham o conhecimento técnico e foram adaptando ao nosso clima e ao material disponível. A construção aqui é diferente das construções de origem desses povos. Por que não é mais comum construir casas ou igrejas de madeira no Estado? A construção de madeira tem uma forte ligação com algo transitório, não perene. A cultura de construção de madeira se perdeu um pouco. A construção de madeira está muito ligado a algo passageiro. A conservação é um processo importante também. É preciso arejar constantemente para evitar que as tabuas apodreçam. Na Europa é comum estas construções, e até muito mais antigas que as nossas, inclusive, mais de 200 anos e o processo de conservação é mais forte. Nego Miranda

Exposição

Igrejas de Madeira do Paraná Local: Galeria da CAIXA Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba Abertura: 13 de a br il 19h30, com visita guiada às 19h Data: de 14 de a br il a 16 de maio Horários: de terça a sábado das 10 às 21h e domingos das 10 às 19h Ingressos: Entrada franca Informações: (41) 2118-5114 Classificação etária: Livre para todos os públicos www.caixa.gov.br/caixacultural

“A construção de madeira tem uma forte ligação com algo transitório, não perene. A cultura de construção de madeira se perdeu um pouco. A construção de madeira está muito ligado a algo passageiro” Nego Miranda


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Curitiba, quarta-feira, 12 de maio de 2010 Felipe Santana

Fernando Favero Camilla Di Luiz Lucca Escreve quinzenalmente, às quartas-feiras,

Vinicius Stempniak Escreve quinzenalmente, às quartas-feiras, sobre cinema vinniesteps@hotmail.com | www.cinejoia.com

Cinema

Escreve quinzenalmente sobre arte, sobre o mundo nerd sempre às terças-feiras malkmad@gmail.com cami.baudelaire@gmail.com

Divulgação

O novo

Robin Hood Para começar com pé direito, vou abordar a principal estreia desta semana. A nova película da Universal Pictures traz Russel Crowe de voltas às telas. O eternizado general Maximus de “O Gladiador” desta vez vem na pele de Robin Hood, o mais famoso arqueiro de todos os tempos. O longa vai contar a história do destemido arqueiro e seu bando de saqueadores, que eram ladrões que se preocupavam somente com suas próprias vidas. Até que decidem enfrentar o poder e a corrupção que tomou conta da cidade de Nottingham, sufocada pelos altos impostos e dominada pelo xerife local. Em sua luta contra os poderosos e a favor dos oprimidos, Robin passa a ser considerado um fora da lei e, durante sua cruzada, acaba conhecendo e se apaixonando por Lady Marian, interpretada por Cate Blanchett. Inicialmente, a personagem seria interpretada pela atriz Sienna Miller, mas por problemas não revelados foi substituída por Cate. O longa vem com direção de Ridley Scott, que trabalhou junto com Russel Crowe em “O Gladiador”, “Um Bom Ano” e “O Gângster”. Além de Crowe, a produção conta com um grande elenco; entre eles estão Tony Swift, William Hurt, Vanessa Redgrave e Saoirse Ronan. Estreia sexta-feira.

Aproveitando... A coluna de hoje pega a onda de “Alice”, por isso trago uma lista com os dez melhores filmes de Tim Burton Divulgação

Tim Burton 10. Batman 9. Batman – O Retorno 8. A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça 7. Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet 6. A Fantástica Fábrica de Chocolates 5. Planeta dos Macacos 4. Os Fantasmas Se Divertem 3. Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas 2. Edward Mãos de Tesoura 1. A Noiva-Cadáver Divulgação

Mundo Nerd

A classe

Divulgação

Muito diferente dos CDs estereotipados nos filmes da década de 80, os Nerds evoluíram, ganhando status e uma espécie de orgulho de classe. Mas o que é ser nerd? É aquele sujeito que fica o dia inteiro lendo gibis e jogando videogame? Seria o amigo que entende tudo de computador e novas tecnologias? Ou talvez o sujeito isolado que não tem amigos além dos seus livros? Todos? Nenhum? Um pouco de cada? Se você concorda que todas as perguntas podem ser respondidas tanto com um sim quanto um não, possivelmente você é um nerd. Não existe um registro oficial sobre a etimologia do termo. Existe um consenso sobre a primeira aparição constar no livro do Dr. Seuss, “If I Ran the Zoo’’ (escrito em 1950), para designar uma criatura estranha, bem diferente das outras. Mas a popularização veio com o filme “A vingança dos Nerds”, de 1984. Diferente do apresentado no filme oitentista, o nerd atual é aquele sujeito que não se satisfaz simplesmente com o que é passado. Ele precisa se especializar em algo, mas não em tudo. O gênio do computador não necessariamente sabe tudo sobre o mundo dos quadrinhos. Aquele fanático por George Lucas nem sempre vai poder ajudar com a prova de matemática. Sim, a classe tem suas subdivisões e, acredite, são várias:

Existe um consenso sobre a primeira aparição constar no livro do Dr. Seuss, “If I Ran the Zoo’’ (escrito em 1950), para designar uma criatura estranha, bem diferente das outras O já citado expert da computação e novas tecnologias (também chamado de geek); o fanático por ficção, englobando a literatura fantástica e quadrinhos; o estudioso que não troca seus livros técnicos por uma noite no bar; os fascinados por cultura japonesa (otakus); e os nerds especialistas em cinema, música, ocultismo. Lembrando aqui que o nerd cinéfilo não é aquele que vai bancar o crítico dos filmes chamados cults, mas aquele que idolatra diretores como Peter Jackson, Steven Spielberg, James Cameron e, principalmente e já citado, George Lucas. Então não pense que apenas aquele sujeito calado de óculos, com notas altas e que fica o tempo todo calado é um nerd. Pode existir um na sua vizinhança, debaixo do seu teto e mesmo olhando para você no espelho. E isso é um motivo de orgulho!


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Esporte

Grafite é surpresa na seleção de Dunga Técnico mantém a coerência que teve durante os três anos e meio no comando do Brasil Divulgação

Miguel Basso Locatelli O técnico da Seleção Brasileira, Dunga, convocou na tarde de ontem os jogadores para a disputa da Copa do Mundo, que começa no dia 11 de junho. A lista não apresentou nenhuma surpresa, como boa parte da população e também da imprensa esperava. Jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Adriano e Paulo Henrique “Ganso” estão fora da Copa. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tem até o dia 1º de junho para enviar à FIFA a relação final dos 23 jogadores. Caso seja necessário, poderá haver trocas até 24 horas antes da estreia. Além disso, um jogador machucado poderá ser cortado para a entrada de outro. Dunga manteve a coerência dos três anos e meio no comando da Seleção, convocando jogadores que o ajudaram nas conquistas da Copa América, Copa das Confederações e também nas Eliminatórias – competição que levou o Brasil à Copa.

A convocação estava marcada para as 13h, e a expectativa já era grande desde as primeiras horas da manhã. O assessor de imprensa da Seleção Brasileira, Rodrigo Paiva, anunciou que os convocados seriam apresentados em slides com duração de 3 segundos para cada atleta. Depois disso, foram dados 15 minutos para os meios de comunicação divulgar e debater. Na sequência, o técnico Dunga concedeu entrevista coletiva. Aliás, Dunga criticou boa parte da imprensa, que até ontem fez diversas escalações. Explicou a ausência de jogadores como Paulo Henrique “Ganso” e Neymar, tão elogiados por parte da população e pela maior parte dos jornalistas. Dunga disse que, até dezembro, os dois eram banco da equipe do Santos. Depois, tiveram férias e em janeiro aconteceu a pré-temporada. Ambos tiveram cerca de três meses para mostrar o futebol e, para o treinador, era muito pouco para mostrarem que teriam Divulgação

A ausência de Neymar e Ganso resultou em críticas ao técnico Dunga maturidade de chegar à Copa e ajudar. Além disso, Dunga afirmou que não é momento de testar jogadores. Outro caso polêmico é o do atacante Adriano, do Flamengo. Mesmo em má fase e apresentando problemas com a falta de comprometimento no clube, muitos garantiam que ele estaria na lista, mas não foi o que aconteceu. Dunga explicou que o jogador teve inúmeras chances, mas não soube aproveitar, principalmente pela indisciplina fora de campo. A seleção vai fazer uma preparação em Curitiba, a partir do dia 21 - com a realização de exames médicos e testes físicos -, até o dia 26 deste mês, no CT do Atlético-PR. Depois disso, viaja para a África do Sul, onde ficará concentrada em Joanesburgo. A estreia acontece no dia 15 de junho, contra a Coréia do Norte, às 15h30 pelo horário de Brasília. Os outros jogos serão nos dias 20 e 25 de junho, contra a Costa do Marfim (15h30) e Portugal (11h), respectivamente. Confira a lista completa:

GOLEIROS Júlio Cesar (Inter de Milão) Gomes (Tottenham) Doni (Roma) LATERAIS Maicon (Inter de Milão) Daniel Alves (Barcelona) Gilberto (Cruzeiro) Michel Bastos (Lyon) ZAGUEIROS Lúcio (Inter de Milão) Juan (Roma) Luisão (Benfica) Thiago Silva (Milan) MEIO-CAMPISTAS Felipe Melo (Juventus) Gilberto Silva (Panathinaikos) Ramires (Benfica) Elano (Galatasaray) Kaká (Real Madrid) Josué (Wolfsburg) Júlio Baptista (Roma) Kleberson (Flamengo) ATACANTES Robinho (Santos) Luis Fabiano (Sevilla) Grafite (Wolfsburg) Nilmar (Villarreal)

A queda Daniel Castro A convocação do técnico Dunga para a Copa da África do Sul seguiu a mesma tendência da convocação de Carlos Alberto Parreira para a Copa de 2006. A campanha mal-sucedida na Alemanha teve a participação de quatro atletas que atuam no Brasil. Neste ano, o número foi ainda menor. Apenas três jogadores da lista de Dunga jogam no futebol brasileiro (Gilberto, do Cruzeiro; Kleberson, do Flamengo; e Robinho, do Santos). Em 2002, ano do último título do Brasil, esse número era muito maior. Nada menos que 12 jogadores convocados por Felipão atuavam em seu país de origem. Apesar dos quatro atacantes que jogaram na Copa de 2006 terem retornado ao futebol brasileiro após passagens pela Europa, apenas Robinho foi convocado. Ronaldo, Adriano e Fred ficaram de fora e assistirão a Copa do Mundo pela televisão.


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Cultura

Tradição e inovação juntas para fomentar a cultura paranaense O espaço Paço da Liberdade SESCPR já tem mais de um ano de funcionamento, proporcionando à população curitibana atividades culturais em constante inovação Gabriela Junqueira Uma das principais referências arquitetônicas da cidade, o Paço da Liberdade faz parte do patrimônio histórico Curitiba. Sede da prefeitura por 53 anos, o antigo Paço Municipal é a única construção da cidade tombada na instância municipal, estadual e federal. Construído em 1916, foi considerado o prédio mais inovador da época, com o primeiro elevador da cidade, referências de Art Nouveau e ecletismos de estilos arquitetônicos. Com grande importância histórica e cultural, um acordo firmado entre o Estado e o Município definiu que a antiga prefeitura seria a sede do Museu Paranaense, já que representava um marco zero para a cidade. O espaço foi ocupado de 1974 até 2002, quando passou a enfrentar dificuldades estruturais. Após a saída do Museu do local, o prédio foi abandonado. A revitalização do Paço surgiu a partir do interesse mútuo entre o Serviço Social do Comércio do Paraná (SESCPR) e a prefeitura. A falta de recursos municipais para viabilizar a reforma do prédio fez com que fosse cedido ao SESC, que estava à procura de um espaço onde pudesse ser criado um centro cultural, educacional, de inovação e acesso, uma proposta diferente das já existentes em Curitiba. Em junho de 2008 iniciaram-se as obras e, em 29 de março de 2009, o Paço da Liberdade foi entregue totalmente revigorado. O local onde se encontra o Paço da Liberdade era uma região complicada da cidade, com altos índices de criminalidade e prostituição. Um dos papéis do Paço foi revitalizar seu entorno. Uma pesquisa realizada

por quase dois anos foi indispensável para que o SESC pudesse reconhecer os anseios e necessidades do público. Neste primeiro ano de funcionamento que acaba de ser completado, o centro cultural abriga o LAB_Paço (acesso à internet), um estúdio para a gravação de bandas, salas de aula, a Livraria SESCPR - que privilegia escritores e músicos paranaenses -, uma biblioteca atualizada com um acervo de 6 mil títulos, salas de exposições, além do Café do Paço. Existem atividades gratuitas e pagas, e para ambos os casos é necessário cadastro. São diversos os formatos de eventos: workshops, palestras, shows, exposições, lançamentos de livros, apresentações no café. De acordo com Daniel Ferrarezi, técnico do Paço, o espaço proporciona atividades para todos os perfis. A rotatividade de público em 2009 foi grande, mais de 600 mil visitas. “Tem bastante turista porque arquitetonicamente é a referência mais forte da cidade. Mas o pessoal que mora aqui visita muito e participa bastante das atividades”. O aposentado Enir Dias se lembra como o Paço era antigamente e afirma serem de suma importância iniciativas

como esta, que resgatem a história de Curitiba. “Já vim em várias exposições que ocorreram aqui, desde quando era o Museu Paranaense”, conta. “O espaço ficou muito bonito e o café muito agradável”, completa a aposentada Semirames Melo. O público jovem também tem um grande potencial na programação. “Muitos universitários vêm assistir palestras sobre filosofia e ciências sociais. Nas atividades que a gente faz na internet, normalmente o público jovem está bastante presente. As exposições e as palestras sobre inovação e tecnologia têm despertado uma curiosidade bem grande nesse perfil de público”, afirma Ferrarezi. Para a estudante Thaís Domingues, as apresentações musicais no café são de grande qualidade, além de cursos e palestras, que contribuem com sua formação. Vale ressaltar que a curadoria do Paço da Liberdade SESCPR está aberta a propostas de novas bandas que estejam interessadas em tocar no local, basta procurá-la e mandar um projeto e algo gravado. A programação anual já é montada no início do ano, mas nada impede que seja reavaliada.

Menu Rodrigo Cintra

Última oportunidade Este é último fim de semana para ver a peça “Elizaveta Bam”, em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas até domingo. O espetáculo retrata um drama familiar protagonizado pelos irmãos Petr e Elizaveta. As cenas são apresentadas em diferentes cômodos do casarão onde está o teatro. Durante a apresentação, o público é convidado a um passeio pela casa para acompanhar a peça, mas também pode fazer seu próprio trajeto. Onde: Teatro Novelas Curitibanas (R. Presidente Carlos Cavalcante, 1.222, São Francisco). Quando: Quinta a domingo, às 20h. Quanto: R$ 10. Divulgação

Clássico do teatro A peça clássica Medeia, escrita por Eurípedes em 431 A.C., será apresentada no Guairinha a partir de amanhã. A história é sobre uma mulher que traiu a família e matou o irmão pelo amor de um homem. Onde: Guairinha (R. XV de Novembro, s/n°, Centro). Quando: Quinta a sexta, às 21h; domingo, às 19h. Quanto: R$ 20.

Autor que vira personagem Baseado em um fragmento do livro “Kafka de Crumb”, a peça “Kafka - Escrever é um Sono Mais Profundo do que a Morte” retrata o início da vida do escritor tcheco. Usando as obsessões e jogos de palavras do autor, o espetáculo traz um Kafka com características semelhantes às dos seus personagens. Onde: Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655, Centro) Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h Preço: R$ 20 Divulgação

Gabriela Junqueira

Mostra “aparências” O designer Claudio Alvarez expõe dez obras de catálogo e duas inéditas no espaço de arte Ybakatu, no Alto da XV. As obras foram feitas de materiais diversos e mesclam luz, movimentos e fotografias. Onde: Ybakatu Espaço de Arte (R. Itupava 414, Alto da XV). Quando: Terça a sexta, das 4h às 19h; sábado, das 10h às 13h. Quanto: Gratuito


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