Lona - Edição nº561

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RIO DIÁ do

Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010 - Ano XII - Número 561 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Aline Reis

BRASI

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redacaolona@gmail.com

Funcionários negociam hoje com montadoras As greves dos funcionários das montadoras da Região Metropolitana de Curitiba terão mais um capítulo hoje. Estão marcadas reuniões em todas as empresas cujos funcionários estão em greve para que sejam tomadas decisões e o trabalho possa voltar a ser realizado. As paralisações dos trabalhadores não são novidade. As primeiras manifestações desse tipo datam de 1999 na RMC. A maior parte das reuniões feitas até agora não levou as partes interessadas a um consenso. O maior motivo do conflito entre elas é a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que não agrada os trabalhadores. Pág. 3

Precisam-se bibliotecários O Paraná possui uma biblioteca para cada 26 mil habitantes, a melhor média do país. Mas o que falta no estado são bibliotecários. O Conselho Regional de Biblioteconomia do Paraná mostra que há apenas cerca de 700 bibliotecários atuantes no Estado: um para cada 14 mil habitantes. Profissionais da área estão cada vez mais escassos. Págs. 4 e 5

Painéis seguem agitando o Intercom Sul 2010 em Novo Hamburgo Três painéis foram apresentados ontem pela manhã, em Novo Hamburgo. Atenta ao tema “Comunicação, Cultura e Juventude”, a professora Saraí Schmidt falou sobre as responsabilidades dos jovens nos dias de hoje. Pág. 3


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Espaço do Leitor Eu não concordo com o que foi dito no Espaço do Leitor de ontem sobre os editores do LONA só publicarem matérias dos amigos. Estou todos os dias com os estagiários e vejo a dedicação e empenho deles em procurar matérias interessantes e em incentivar os estudantes a cada vez mais participarem do jornal. Maria Ester Niespodzinski, estudante de Jornalismo, via twitter. Na edição anterior, algumas alunas criticaram o LONA por supostamente só publicar textos dos amigos dos editores. Essas pessoas já mandaram textos para serem publicados? Acho que não... Diego Sarza, estudante de jornalismo, via twitter.

Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; PróReitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Aline Reis (sccpaline@gmail.com), Daniel Castro (castrolona@gmail.com.br) e Diego Henrique da Silva (ediegohenrique@hotmail.com).

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010

Opinião

Quando o sagrado vira profano Camila Franklin Escândalo. Mais uma vez envolvendo a Igreja Católica. Desta vez aconteceu bem debaixo do nosso nariz, no interior do estado. Humanos são humanos. Passíveis de erros. Mas quando a escolha de vida transcende, juram-se respeito e fidelidade ao que está acima dos homens, até onde é permitido errar? Ao escolher pelo clérigo, escolhe-se tornar-se um exemplo. Ganham-se discípulos e fiéis. O último erro aconteceu em Ibiporã. Silvio Andrei Rodrigues é aquele padre do tipo “Padre Marcelo Rossi”. Faz missa-show, junta multidões e prega a palavra divina. Mas atrás da batina está um homem que nem de longe pareceu servir de exemplo. Na madrugada de domingo, o padre foi preso dentro do seu carro, na entrada de Ibiporã, perto de Londrina. Segundo os policiais, o religioso estava nu, embriagado e ainda teria assediado um adolescente e o policial que fez a abordagem. Além de ter sido acusado de pedófilo, foi acusado de corrupto. Para tentar se safar, ofereceu dinheiro para o policial.A justificativa do padre? Confusão mental e remédios antidepressivos. Ele culpa um antidepressivo tomado com vinho. Tal mistura o teria levado a se perder na entrada de

Ibiporã. Mas e a falta de roupas, o jovem assediado e o suborno policial? Rodrigues justifica que estava em Londrina, onde havia trabalhado havia alguns anos, para realizar um casamento. Na festa, tomou dois copos de vinho, apesar de fazer uso de medicamento controlado para depressão e de ter tomado comprimidos para relaxamento muscular. Quando retornava para casa, teria passado mal e se perdeu no trajeto, indo parar em Ibiporã. Como teria vomitado e sujado as roupas, ele as tirou ficando apenas de camisa e cueca. Confuso, parou na cidade apenas para pedir informações. Quanto ao jovem e ao suborno, nada lembra.Acredita quem quer. Desconfia quem pode. Já que o divino está envolvido, vale lembrar três mandamentos que o policial, o jovem e o padre devem ter tido em mente ao relatar e justificar o acontecido. 3º Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão; 7º Não adulterarás; 9º Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; Que a justiça humana seja feita. A justiça divina os espera logo mais.

Humanos são humanos. Passíveis de erros. Mas quando a escolha de vida transcende, juram-se respeito e fidelidade ao que está acima dos homens, até onde é permitido errar?

O silêncio dos vencedores

Daniel Zanella A palestra está revestida de certa carga de suspeita e preocupação. E não é pra menos. Os repórteres da série Diários Secretos enumeram motivos diversos para que os estudantes não façam fotos. Seus investigados são muito perigosos, portanto, tenhamos discrição. Os repórteres que estão a dizer um pouco de seus receios são bem novos, rostos entregando cansaço, explicações calorosas sobre o perigoso ofício a que se propuseram, uma empreitada praticamente inédita em temos regionais; olhos fixos e vibrantes na plateia, também alguma coisa de um humor suicida e aventureiro. Um dos repórteres gagueja de tanta paixão. Sua prosa é um tanto confusa, mas visceral e autêntica. São palavras mais intensas que a respiração, verve que não dá conta de tanta energia. Ele está a dizer sobre a mecânica que move a corrupção. “Lançaram há pouco tempo um livro chamado ‘O Silêncio dos Vencedores’. Segundo o autor, para que a corrupção se concretize é preciso que exista uma delicada teia de conivência. Vejam só, pensemos num esquema de desvio de verbas públicas. Nós imaginamos que somente os políticos ricos são corruptos, que amealham quantias que nem saberíamos como gastar, entretanto, o que acontece é bem mais complexo. Pra que se estabeleça um esquema que beneficie um determinado grupo, é preciso que todos que pairam nesse cenário se cor-

rompam, em diversos níveis e extratos sociais, que se vendam por uma cesta básica ou trezentos reais, que aceitem dividir seu supersalário ou uma regalia polpuda, aquela velha história de ‘eu te ajudo, você me ajuda’. Só assim, esse grupo consegue vencer e solidificar as bases da corrupção, só se todos aceitarem silenciar, os ricos, os pobres, todos. Só assim eles vencem: esse é o silêncio dos vencedores.” O repórter diz o que diz e anda pra todos os lados, emenda outras teses, e não sei se as palavras que agora enfatizo são suas palavras exatas, até porque também estou a pensar em outras coisas simultâneas. Tenho alguns amigos que, de alguma forma, se beneficiam de ligações perigosas, que silenciam, gente que cresceu comigo e hoje habita as entranhas do poder, compra carro novo, bebidas caras, trabalha em funções à margem de suas qualificações oficiais e faz valer sua rede de contatos. Não sei muito que dizer a eles quando encontro-os em suas repartições ou nas cafeterias após o almoço. Diversas vezes, até me considero covarde por não expressar em letras garrafais o que penso, acabo por me sentir impotente, incapaz, emburrecido, idiotizado. Penso muito nessas coisas. Agora estou escutando os jovens repórteres a dizer de seus livros e lutas. Uma estudante pergunta se eles dormem tranquilos de noite, afinal, ameaças veladas, perigos evidentes, possíveis retaliações às famílias, essas coisas. Nunca dormi melhor, responde o mais novo.


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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010

Funcionários de montadoras da RMC mantêm greve Trabalhadores pedem maiores valores nos programas de participação nos lucros das empresas Cariem de Lucena Funcionários das montadoras de Curitiba e Região Metropolitana estão em greve para reivindicar por uma melhor participação nos lucros e resultados das empresas. A decisão pela greve ocorreu após as novas propostas das empresas terem sido rejeitas pelos funcionários. Na Renault 4 mil funcionários entraram em greve na última sexta-feira. A empresa ainda não apresentou nova proposta aos trabalhadores, e a greve continua por tempo indeterminado. Na Volvo, a reivindicação é para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 10 mil e pagamento da primeira parcela em 28 de maio, com valor semelhante a de outras montadoras. Na manhã de ontem, a empresa apresentou uma proposta que foi rejeitada pelos funcioná-

rios. Os metalúrgicos da Volkswagen-Audi reivindicam que a proposta da empresa que está localizada em São José dos Pinhais seja a mesma oferecida aos trabalhadores da fábrica de São Paulo, com valor R$ 4,3 mil para a primeira parcela da PLR. Deve ocorrer na manhã de hoje a assembleia da New Holland. A reivindicação é de que o valor seja no mínimo 80% do que for acertado nas outras montadoras instaladas no Paraná. Além das montadoras, os funcionários de outras metalúrgicas, como Bosch, localizada no bairro CIC, e a Brafer, que fica em Araucária, Região Metropolitana, também aderiram à greve. De acordo com Nelson Silva de Souza, do Sindicato dos Metalúrgicos, os trabalhadores do primeiro turno da Bos-

ch aceitaram a proposta apresentada pela empresa na assembleia que aconteceu na frente da fábrica ontem. Ficou acertado o valor mínimo da Participação nos Lucros e Resultados de R$ 4 mil e o máximo em R$ 5 mil, e o valor da primeira parcela, R$ 3,1 mil, que será paga em 29 de maio. Os demais turnos da empresa continuam as paralisações. Os 900 funcionários da Braefer rejeitam a proposta da empresa e manterão a greve por tempo indeterminado. Nelson Silva de Souza afirma que os funcionários só voltaram a trabalhar se as empresas aceitarem as propostas oferecidas por eles. Todas empresas terão novas assembleias hoje para decidirem os rumos das paralisações. Histórico As primeiras greves que ocorrem nas montadoras de Curitiba e Região Metropolitana acontece-

ram em outubro de 1999. Os funcionários das empresas Volkswagen-Audi, Renault e Volvo, entre muitos pontos reivindicavam a negociação de um contrato coletivo nacional, e um piso salarial de R$ 800 para todas as montadoras estabelecidas no país. Em abril de 2003, ocorreram várias paralisações nas montadoras Renault, Volvo e Volkswagem-Audi. As reivindicações foram por um reajuste salarial de 14,61%. Os metalúrgicos conquistaram, além do reajuste salarial, a redução da jornada de trabalho e Participação nos Lucros das Empresas. Em maio de 2004, os metalúrgicos da Volks-Audi entraram em greve reivindicando a Participação nos Lucros ou Resultados e redução da jornada de trabalho, de 42 para 40 horas semanais e o fim do banco de horas. Após a luta, metalúrgicos conquistaram PLR de R$

Na Renault 4 mil funcionários entraram em greve na última sextafeira. A empresa ainda não apresentou nova proposta

2.950 e o fim do banco de horas. Em 2006, os funcionários da Volks-Audi do Paraná iniciaram protestos contra a demissão em massa proposta pela empresa. Várias paralisações foram realizadas. Em 2009, na Volks, foram 17 dias de paralisação. Os metalúrgicos reivindicavam por reajuste salarial, abonos de até R$ 2.800 e outros benefícios.

Atividades do Intercom Sul 2010 discutem a relação da produção midiática e a recepção do jovem Aline Reis e Maria Carolina Lippi, de Novo Hamburgo (RS) No segundo dia de trabalhos no XI Intercom Sul - Comunicação, Cultura e Juventude, em Novo Hamburgo, houve três painéis no período da manhã: Novas mídias e jovens, com a professora Gisela Castro ESMP/ SP; Produção audiovisual para jovens, com o professor Valério Brittos (Unisinos) e Publicações voltadas para jovens, com a professora Saraí Schmidt, que aconteceu no auditório do bloco azul da Feevale, no qual o tema principal de apresentações de estudo foi a relação do jovem e a mídia. Saraí Schmidt, educadora na Feevale há dez anos, falou sobre um estudo que se baseou na Revista MTV, voltada ao públi-

co jovem. Para isso, foi feita uma análise na linguagem usada na mídia que remete ao universo do jovem. As características vistas por ela nos meios são de criar uma ligação do jovem com a expressão “ter atitude”, no sentido de que a sociedade acredita que o jovem deve resolver todos os problemas no meio em que está inserido. De acordo com ela, a população remete que é o dever do jovem solucionar as questões que permeiam crises no país. “O que eu tenho percebido é que não é fácil ser jovem em nosso tempo”, observou. No entanto, de acordo com a pesquisadora, a mesma sociedade que culpa os jovens por todos os problemas os incumbe de resolvê-los. “Cria-se a ideia de que hoje o jovem tem

oportunidade e só precisa ir atrás, mas sabemos que nem todos têm oportunidade. Cria-se a lógica dos vencedores e vencidos”. A professora ainda analisou a expressão “ter atitude” por meio das Revistas MTV a partir do ano de 2001. A pesquisa com a revista foi feita com seus próprios alunos, dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Feevale. Eles tiveram que analisar as publicações e responder: o que é ter atitude? As respostas foram feitas em formas de colagens. Os estudantes colaram imagens de grandes esportistas, artistas e cantores. “É a busca de um exemplo a ser seguido. Ou você tem atitude ou não tem”, diz a professora. Nesse sentido surge um questionamento no que diz respeito aos conteúdos veiculados

pelos impressos joviais. “É difícil fazer algo para os jovens porque a gente não sabe o que escrever, mas ao mesmo tempo, os jovens são interativos, então a publicação é feita por eles. Por isso não adianta colocar coisas mais de cultura se eles não querem ler”, analisa a estudante do sétimo período da Universidade de Santa Cruz do Sul (UCISC), do Rio Grande do Sul, Ananda Delevati, que participa de um projeto para uma publicação de jovens dentro da academia. Em relação à Revista MTV e outras que foram estudadas, foi visto por Saraí que, as matérias e propagandas nas publicações jovens que tratam de “ter atitude” são relacionadas à individualidade. “Há um discurso do individualismo muito forte. É necessário ser diferente para ser

igual”, explica. Sua preocupação em relação à imagem criada do jovem pela mídia, aquele que só busca estar na moda e conquistar um namorado (a) ou seja, a generalização do conceito. “Sabemos que há muitos jovens que gostam de ler e se interessar por outros assuntos”. Entre esses jovens está o estudante de Jornalismo Antonio Carlos Senkovski. Ele concorda com o estudo da professora Schmidt e percebe a responsabilidade indevida que é dada ao jovem atualmente. “O jovem carrega uma fardo muito pesado. O jornalismo também é culpado desse fardo, porque o jornalista quer fazer tudo rápido com a única intenção de vender. É a reprodução do neoliberalismo, o individualismo é fruto da lógica de mercado”, afirma.


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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010 Caroline Evelyn

Bibliotecários em extinção

Bibliotecas precisam enfrentar a falta de profissionais preparados Caroline Evelyn Caroline Evelyn

Desde pequenos pensamos em uma profissão. Ou você será apenas velho quando crescer? Pensar no futuro profissional parece inerente à cultura ocidental, assim como associar o trabalho futuro a uma faculdade. Assim, um bibliotecário seria com certeza o dono da biblioteca, já que leu todos os seus livros. Para mim, parecia a profissão perfeita. Mas, das minhas criancices, junto com o amor pelos livros veio o pavor pelos números. Desisti quando ouvi a palavra biblioteconomia pela primeira vez, afinal, qualquer coisa com economia não poderia ser bom. Não sei se outros amantes dos livros pensaram assim, mas o fato é que hoje faltam bibliotecários no Brasil. Estudos feitos com base em padrões internacionais mostram que é viável uma relação de um bibliotecário para cada dois mil habitantes, média da Austrália e dos Estados Unidos. O Brasil tem cerca de 30 mil bibliotecários. O que já seria um déficit enorme, considerando-se uma população de mais de 190

milhões, é ainda maior pelo fato de muitos desses profissionais não atuarem na área. No Paraná, o número é ainda mais preocupante. Segundo o Conselho Regional de Biblioteconomia do Paraná (CRB9), são menos de 700 bibliotecários atuantes, uma proporção de um bibliotecário para cada 14 mil habitantes. Para entrar nos padrões mundiais, só o Paraná precisaria de mais 4300 profissionais. Essa falta é sentida no mercado. Cristiane Piasecki, membro da comissão de divulgação do CRB9, considera muito difícil a situação da biblioteconomia paranaense. “Há dois anos o conselho está fazendo um trabalho de fiscalização nas instituições, e muitas não estão dentro das normas. O problema é que quando cobramos a presença de um bibliotecário, eles afirmam que não encontraram um profissional e, se pedem indicação, nós também não temos muito a oferecer”, afirma Piasecki. No Paraná, somente a Universidade

Ambiente adequado pode colaborar consideravelmente para que a leitura seja mais agradável Estadual de Londrina oferece o curso de Biblioteconomia, e forma uma média de apenas 30 profissionais por ano. Essa concentração faz com

que seja necessário contratar profissionais de outros locais, o que complica ainda mais as coisas. Bibliotecários que moram na capital dificilmente querem

mudar para o interior, que é uma área especialmente carente de profissionais. Ao mesmo tempo, Curitiba precisa atrair mão-deobra, não só porque não forma


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seu contingente, mas também porque tem um grande número de bibliotecas. Na capital, existe uma biblioteca para cada 26 mil habitantes, a melhor média do país (a média nacional é de uma para cada 33 mil habitantes). Para Nêmora Rodrigues, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Curitiba não é apenas a cidade com o maior número de bibliotecas, mas também com a melhor distribuição geográfica das mesmas. Ainda assim, a cidade está bem aquém do necessário. O total de volumes das bibliotecas públicas é de 1,2 milhão, o que corresponde a 0,67 livros por habitante. Se cada curitibano quisesse emprestar um único livro, não teria o suficiente para todos. Um estudo da Federação Internacional

das Associações Bibliotecárias (Ifla) aconselha que as bibliotecas públicas tenham uma média de 2,5 livros por habitante. A recomendação do CFB é ainda mais ambiciosa, e prevê cinco livros por pessoa. O resultado é que faltam livros, bibliotecas e bibliotecários. Para Regina Céli de Sousa, expresidente do CRB de São Paulo, o ideal seria que toda biblioteca com mais de 200 volumes tivesse ao menos um desses profissionais. No entanto, poucas bibliotecas conseguem isso no Paraná. Um exemplo contrário é a biblioteca da PUC-PR, que tem dois funcionários por andar. “Mas para conseguir isso, temos profissionais de Santa Catarina, Londrina e outros lugares”, diz a Coordenadora técnica da biblioteca, Sandra Helena.

“Sou a que só se desfaz por acidente Por incêndio - ou demente Tenho páginas de rostos no meu Ser Em belo acervo de aventura e prazer”. Trecho de “Poema da Biblioteca” Silas Corrêa Leite

Passado e futuro Em 1811, foi inaugurada a primeira biblioteca do Brasil, fundada por Dom João VI. Exatamente um século depois, surgiu o primeiro curso de biblioteconomia do Brasil, na Biblioteca Nacional. No entanto, a profissão só foi legalizada em 1962. Em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) oferecia a graduação em biblioteconomia até 1998. A partir desta data, foram mudados o enfoque e a grade. O curso passou a chamar-se Gestão da Informação, não sendo mais aceito para o cadastro no CRB9. O resultado foi a perda do espaço de formação de profissionais da área na capital. Para os futuros bibliotecários que esperam o retorno do curso, Piasecki deixa um pedido. “Vamos mudar a cara da nossa profissão. Nada do profissional egoísta e assustador. Precisamos ser cada vez mais o profissional que serve e media, e não o que atravanca a informação”.

A profissão

Tomando coragem Encarar o curso de biblioteconomia exige muita coragem. No entanto, essa visão pode revelar desconhecimento. Talvez seja medo de ser apenas um atendente de biblioteca, ou da imagem distorcida e caricata que existe do bibliotecário. “O profissional que vive atrás de sua mesa e de seus livros”. Seja qual for o motivo, ainda é difícil encontrar interessados no curso. A prova de que o medo surge da falta de conhecimento é que a maioria das pessoas que procuram o curso de biblioteconomia são as que já trabalham na área, como Dionize Zanela. Ela trabalhou 19 anos como auxiliar na biblioteca da Universidade Positivo, e se formou na primeira e única turma do curso que foi oferecido pela PUCPR. “A maioria dos alunos eram

Caroline Evelyn

Caroline Evelyn

mais velhos, já formados em outro curso, e trabalhavam há muito tempo em bibliotecas, esperando apenas uma oportunidade para se profissionalizar, conta Zanela. Atualmente, o bibliotecário possui um campo de ação muito maior do que o original, quando simplesmente catalogava livros. Ele pode trabalhar em museus, hospitais, editoras, portais de informação na internet e consultoria para arquivos pessoais ou de associações. Até mesmo empresas de grande porte precisam destes profissionais. Hoje, é necessário trabalhar com banco de dados, meios multimídia e informações on-line. “Se eu pudesse, ainda faria muito mais. Nossa profissão precisa se desligar da idéia única do impresso” afirma a membro do CRB9.

A bibliotecária Cristiane Piasecki: poucos profissionais disponíveis


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Anna Luiza Garbelini

Camila Picheth

Escreve quinzenalmente sobre cinema, sempre às quartas-feiras luly_amg@msn.com

Escreve quinzenalmente sobre televisão, sempre às quartas-feiras

cpichet@gmail.com

Televisão

Cinema

Direito, ficção, amor e história em “O Leitor” Parabéns aos acadêmicos de Direito! Hoje, 19 de maio, é comemorado o dia dos estudantes que futuramente, bem ou mal, representarão o elo entre o cidadão e o Estado. A área, apesar de muito antiga, ainda é fascinante e intrigante por estar intimamente ligado ao emocional humano e, por conta disso, com as mudanças sofridas pela sociedade. Tendo em vista tais questões e somando-as às amplas ramificações da área, é natural que existam tantos campeões de bilheteria que tratem do assunto da forma mais variada possível. É dispensável, porém, gastar muito tempo para falar sobre os filmes já consagrados como o “Advogado do diabo”, “O Júri” e “Elen Brockovich- uma mulher de talento”. Portanto, para não cair no lugar comum e nem fugir da data comemorativa do dia, acredito que exista um filme que merece ser comentado pela sensibilidade das cenas e dos diálogos, fotografia e interpretação: “O Leitor” (2008), adaptado do livro homônimo escrito em 1995 pelo alemão Bernhard Schlink. Na verdade, o Direito é só um dos temas tratados no longa dirigido por Stephen Daldry. As cenas no tribunal são ganchos para que vários outros pontos sejam expostos pelos atores e repensados pelo público. A história se passa na década de 50, em Berlim, quando Hanna Schmtiz (Kate Winsley) socorre o jovem de 15 anos, Michael Berg (o alemão David Kross), que está passando mal. Do encontro nasce uma relação não só de amor, mas de encantamento mútuo. Michael descobre o primeiro amor e o fascínio de estar com uma mulher mais velha e mais experiente, enquanto Hanna, que é analfabeta, aprecia a companhia do garoto que lhe lê vários livros como “A Odisséia” ou “As Aventuras de Hukleberry Finn”. A relação se baseia principalmente no carnal e na leitura. Também são vários encontros e desencontros até que, para o desespero do garoto, Hanna some de vez, sem deixar notícias. Anos se passam e Michael, que crescera marcado pela perda, torna-se um estudante de

direito em uma renomada universidade alemã. Durante o curso, ele tem a chance de realizar um sonho compartilhado por muitos acadêmicos de direto da época: a turma de Michael é levada para ver um julgamento de guardas nazistas. O ambiente é um verdadeiro espetáculo para aqueles que se interessam pela área: são advogados, fotógrafos, civis e testemunhas, todos eles com o objetivo de penalizar os réus ou pelo menos encontrar um bode expiatório para aliviar essa mancha negra da história alemã. Preparado para analisar friamente o julgamento, o estudante fica sem ação quando vê sua antiga amante entre as acusadas. O garoto é consumido por dúvidas e fica dividido entre a vergonha que a sua geração tinha do holocausto e os seus sentimentos, que lhe diziam que aquela mulher que conhecera anos antes não poderia ser um ser tão cruel quanto o que tentavam expor. O filme versa sobre sentimentos como amor e vergonha, fatos históricos e sociais, como a segunda guerra e analfabetismo, por meio de uma direção caprichada, interpretações excelentes - que renderam à Kate Winsley o Oscar de Melhor Atriz- e uma fotografia memorável. Como toda a boa adaptação, o filme de Stephen Daldry não tem a pretensão de copiar o livro, mas de apresentar uma possível leitura para o expectador. No caso de “O leitor”, essa leitura é sutil e, por que não dizer um tanto melancólica e inquietante?

Começa a luta contra as máquinas Desde que a Record colocou CSI em sua programação no horário nobre (21h), outros canais abertos tentam emplacar a audiência. O SBT tentou com Gossip Girl, Smallville, Cold Case, The Mentalist e agora joga com Terminator: The Sarah Connor Chronicles. A série chamada no Brasil de “O Exterminador do Futuro” é derivada do filme homônimo, que tem como ícone Arnold Schwarzenegger e a direção de James Cameron (Avatar). Os eventos do seriado se situam logo após o segundo filme e apresentam uma realidade alternativa quanto ao terceiro. A história base é praticamente a mesma – Sarah, John e um Exterminador bonzinho enviado do futuro tentam impedir que a tecnologia da Skynet se desenvolva, enquanto fogem do Exterminador malvado. A diferença do filme para a série é a mudança da perspectiva do Exterminador (assim como seu estereótipo) e a exploração da mitologia criada por Cameron. A primeira temporada possui nove episódios, e a segunda 22. Infelizmente, Terminator:SCC, que de acordo com Josh Friedman (Produtor Executivo) teria sido a melhor temporada, foi cancelada antes do terceiro ano. Mesmo com apenas 31 episódios, a série merece ser vista, pois além das lutas e explosões básicas, o roteiro mostra a difícil tarefa de Sarah - proteger seu filho do perigo e ao mesmo tempo criá-lo para ser o futuro líder da revolução contra as máquinas. Como Sarah Connor e Exterminadora Cameron (sim, uma homenagem a James Cameron) temos Lena Headey (Os Irmãos Grimm) e Summer Glau (Firefly). O elenco também conta com Brian Austin Green (Beverly Hills, 90210), como o irmão de Kyle Reese (pai de John), e a épica participação de Shirley Manson (vocalista da banda Garbage) durante a segunda temporada. Manson também coescreveu e cantou uma versão da música gospel “Samson and Delilah”, que é tocada durante os primeiros minutos do episódio de estreia do segundo ano. O resto da trilha sonora foi desenvolvida por Bear McCreary, responsável por músicas de Battlestar Galactica, Caprica e Eureka. Terminator: The Sarah Connor Chronicles já está disponível em Blu-Ray/DVD e começa a ser exibida no SBT a partir de segunda-feira (24), às 21h. Não deixem de conferir.


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Histórias de

taxista

Diair Portes Com fama de serem “clínico gerais” das pessoas e terem opinião formada sobre tudo, os taxistas, além de prestarem um serviço de interesse público, são bons ouvintes. Da política ao futebol, os taxistas têm fama no mundo inteiro por representarem a opinião do homem comum, com doses de pessimismo. Durante as campanhas eleitorais, eles são considerados termômetros do que anunciam as urnas. Aproveitam a conversa durante uma corrida pelas ruas da cidade e têm muitos segredos dos seus anônimos passageiros. Airton Coimbra Gonçalves lembra que o perfil do seu passageiro mudou muito com o passar do tempo. “Antigamente, a minha principal demanda era do cliente conhecido aqui da Lapa, que precisava fazer

algo urgente no interior ou arredor da cidade. Antes a gente fazia o dobro e percorria o interior do município. Os tempos mudaram. Hoje rodo por dia uma média de 40 quilômetros em corridas para lugares próximos, desde um trajeto simples como do mercado à casa do cliente quanto trajetos noturnos, onde dois ou mais clientes dividem o custo da corrida para irem do boteco para casa ou do boteco para outra diversão noturna. Antes a gente fazia o dobro e percorria o interior do município. Pela demanda ter diminuído, os ganhos com o táxi não trazem tanto retorno como antes, mas ainda é do ‘amarelinho’ que sobrevivo e crio meus três filhos”. Alguns taxistas passam por situações inusitadas com seus clientes. Casos de amor e traição não faltam na história profissional de Emerson Olegário Ribas,

Histórico O serviço de táxi é quase tão antigo quanto a civilização. O primeiro serviço desse géênero apareceu com a invenção do riqueço, um carro de duas rodas puxado por um só homem. Nas principais cidades da antiguidade esse serviço era exclusivo das elites, que possuía escravos para puxar esses carros. Os primeiros táxis motorizados apareceram em 1896 na cidade alemã de Estugarda. Um ano depois, Friedrich Greiner abre uma empresa concorrente na mesma cidade. O diferencial da nova empresa é que os carros estavam equipados com um sistema inovador de cobrança, o taxímetro. Na Roma Antiga o táxi era a liteira, um carro puxado por dois ou quatro escravos, os quais levavam quem quer que os

solicitasse, já que o cliente pagava pela corrida ao amo desses escravos. Na Idade Média, o transporte de pessoas era feito por carruagens movidas pela tração animal. Após o Resnacimento, esses carros ganharam acessórios como cobertura e até cortinas. No século XIX, toda grande cidade tinha centenas ou mesmo milhares de carruagens de aluguel. Em Curitiba, no ano de 1976, surge o primeiro serviço de rádiochamada (rádio-táxi) do Brasil. Todo motorista tinha um rádio em seu táxi. Com o nome de Radio Taxi Vermelha, criada por Arould Armstrong, as pessoas ligavam para a central de atendimento e a telefonista anotava o endereço do cliente e passava para um operador de rádio que transmitia os dados para os pontos táxi mais próximos do endereço.

o “Ribinha”. Com 37 anos e 19 anos de “praça”, o motorista lembra ter carregado toda “espécie de gente” que vive na Região Metropolitana de Curitiba. “Numa corrida em Campo do Tenente, carreguei dois homens bem vestidos que pediram para levá-los ao motel depois de uma festa de casamento. Até aí tudo bem. Quando fui buscá-los na volta, entraram no meu carro e começaram a se beijar. Não interferi, mas quando começaram a tirar a roupa falei que iria deixá-los na estrada e então se controlaram um pouco. Mulher com mulher também é bastante comum e até três travestis já carreguei de uma só vez. Esse pessoal é um tipo de cliente honesto, já os drogados são um grande problema.” O motorista ressalta que os bêbados são mais fáceis de controlar do que os viciados em drogas. Por muitas vezes

viu seu táxi ensopado de vômito de passageiros que exageraram na bebida. Também relata que já encontrou objetos pessoais de clientes deixados no carro como calcinha, preservativo, um pé de sapato de mulher, chaves e celulares, itens comuns esquecidos no banco de trás. Roberto da Costa Domingues, 23 anos como taxista, é especializado na noite. Seus principais clientes são garotas de programas, travestis, drogados, bêbados e maridos traídos. “Trabalhar no período noturno é muito perigoso, mas ao mesmo tempo a gente acaba participando de momentos da vida das pessoas e de seus segredos e desgraças”, conta Roberto. O motorista lembra que é muito assediado por gente de todo tipo de opção sexual. “Quando o passageiro prefere ser transportado no banco da

Diego H. Silva/ Lona

Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010

O telefone toca. É outra corrida para o taxista é mais um relato ou história pra lembrar por um bom tempo frente tem jeito de homossexual e a cantada é certa. Aí é preciso dar um chega para lá no cara. Já entre as mulheres, o perfil mais comum são as senhoras que frequentam bailes de dança no Clube Recreativo Congresso, no Centro Histórico da Lapa. Na madrugada, elas insistem para a gente entrar na casa delas, tomar um banho, relaxar e outras coisas que não posso dizer”, relata o taxista. O perfil dos principais clientes de Roberto é o do marido ou da mulher cismado com a traição do companheiro. “Não foi só uma vez que tive de seguir gente casada e até esperar o flagrante. Uma vez o marido traído seguiu a esposa e quando ela e o amante chegaram ao hotel, meu cliente não acreditava no que via, pois o amante da esposa era irmão dele. Foi uma cena de novela e a confusão foi grande”.

Táxi em dados Dois terços dos curitibanos não costumam usar táxi. O grau de satisfação do usuário chega a quase 80%, enquanto 68,6% acha a frota suficiente. A frota de mais de dois mil táxis de Curitiba é utilizada por cerca de 37% da população. Foram os dados encontrados por uma pesquisa que avaliou o comportamento do curitibano quanto ao serviço. De acordo com o levantamento realizado pela Paraná Pesquisas: 1. Entre as pessoas que utilizam táxi, 11,21% o fazem com frequência. 29,15% o fa-

zem pouco e 59,64% de vez em quando. De qualquer forma, apenas pouco mais de um terço da população utiliza esse transporte. 2. O grau de satisfação do usuário com os serviços de táxi em Curitiba: ótimo e bom: 79,51%, serviço regular: 16,03%, ruim e péssimo: 1,49% 3. Segurança: 78,92% das pessoas que costumam usar o táxi consideram o transporte seguro. Para 12,56%, a pergunta não teve resposta e apenas 8,52% não se sentem seguros andando de táxi pelas ruas da Capital. 20,66% consideram que a frota atual é insuficiente para atender a demanda de Curitiba,

enquanto 68,6% a acham suficiente, e 10,74% não souberam responder. Estas perguntas foram feitas aos usuários que responderam que costumam usar esse meio de transporte. 4. Se a tarifa fosse pelo menos 30% mais barata, 78,84% dos entrevistados falaram que usariam mais o táxi. 14,55% disseram que não; 5,62% responderam talvez. O levantamento da Paraná Pesquisas ouviu 605 pessoas maiores de 16 anos para efetuar esse pequeno diagnóstico do usuário de táxis, com entrevistas pessoais realizadas na Capital.


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Curitiba, quarta-feira, 19 de maio de 2010

Amor que vira doença

Menu Matheus Chequim

Talita Lima Fã - uma pequena palavra que pode significar muitas coisas. A música “Exagerado”, de Cazuza, pode ser um bom tema para muitos: “Eu nunca mais vou respirar, se você não me notar. Eu posso até morrer de fome, se você não me amar”. Alguns fãs podem ultrapassar todos os limites e levar seu amor às últimas consequências. A palavra fã ainda causa muita confusão. Afinal o que é ser fã? O que transforma um fã em um fanático? Normalmente, fã é aquele que admira e gosta de ter contato com o que ama — seja um artista, uma banda ou um time de futebol. O problema é quando o fã não tem limites e passa a ser denominado fanático. Os fanáticos também amam e admiram. A grande diferença é que, para eles, o objeto amado é o que existe de mais importante em sua vida. Segundo o livro “Faces do Fanatismo”, dos historiadores Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky, “há fanáticos e fanáticos. Entretanto, parece óbvio que um fanático por novela é algo bem diferente e bem menos perigoso que um nazista fanático”. A psicóloga Silvana Drabeski diz que o fanático é o fã que trouxe para si a vida do ídolo, e isso pode se tornar perigoso. Não importa o que aconteça, ele sempre estará ligado ao ídolo. “O fanático é exagerado, adere ao seu ídolo incondicional-

mente e faz tudo por ele. Dependendo do grau desse fanatismo, é perigoso porque o indivíduo para de viver a sua vida e passa a viver a do outro, e passa a sentir tudo o que a outra pessoa sente”, diz Silvana. Foi o que aconteceu com a estudante de administração Michelle Rodrigues. “Eu dormia e acordava pensando ‘Detonautas’, eu não tinha controle, era como uma droga”. Michelle, que na época estava casada havia quase três anos, diz que seu marido não podia nem ouvir falar na banda. “No início, ele até achava legal, depois ele passou a dizer que odiava o Tico, eternamente”. A situação chegou ao limite quando ela tatuou símbolos e frases da banda pelo corpo e seu casamento terminou. “Claro que a banda não foi o único motivo, tinha outras coisas, mas pelo menos 70% da culpa foi o meu fanatismo”. A diferença entre fã e fanático pode ser diferente para cada pessoa. Para o músico Tico Santa Cruz, o fã admira; já o fanático acredita que é dono do trabalho do outro. “O fanático pensa que pode mais que do quem faz o que ele, teoricamente, admira”, contou Tico ao LONA. Mesmo que a ideia de fã e fanatismo sejam diferentes para cada pessoa, fica claro que existe um limite. Esse limite existe justamente para tornar a relação entre fã e ídolo saudável. Deixar com que o ídolo tenha sua própria vida e principalmente entender a diferença entre vida pú-

blica e particular. Para o guitarrista da banda Detonautas Roque Clube, Philippe Machado Fernandes, o limite saudável é justamente entender quando se pode ou não ficar próximo ao artista. “Quando é possível um bate-papo, trocar ideias, isso é saudável, mas tem gente que passa disso e que fica seguindo o dia todo, isso incomoda e é chato.”Ter a consciência de que você tem uma vida independente da do seu ídolo faz com esses limites sejam criados naturalmente. Para a fã da banda Detonautas Anelise Brum de Oliveira é assim. Anelise é comissária de bordo, mas tem consciência de que muitas vezes muda seus planos para estar perto dos ídolos. “Eu não deixo de viver a minha vida para viver a vida do Detonautas, mas eu sei que muitas vezes eu os coloco como prioridade. Mas eu não deixo de ver minha família ou falto um dia de trabalho para estar com eles, tem pessoas que não conseguem”. Muitas vezes em busca da atenção do ídolo vale chorar, gritar, arrancar os cabelos e até roubar objetos. Uma relação que sufoca e faz mal até para quem presencia o ato. Algumas dessas reações foram presenciadas pela estudante de Rádio e TV Camila Francini Souza Gonçalves. “O que mais me assusta é que as pessoas misturam tudo, e isso faz mal. Eu não gosto de presenciar isso e confesso que até eu me sinto sufocada.”

Quinteto Helinho Brandão recebe Rogéria Holtz no jazz no campus Dilair Queiroz Eli Antonelli O quinteto Helinho Brandão se apresenta hoje pela terceira vez no Projeto Jazz no Campus. O show é baseado numa peça musical chamada Carrossel, uma homenagem às mulheres. Uma vez por mês, o intervalo das aulas na Universidade Positivo tem um gostinho diferente. Apresentações de Jazz e MPB estão no cardápio cultural da

UP sempre alternadamente. Nesta edição, a convidada especial é a cantora Rogéria Holtz, que interpretará as dez composições de autoria de Helinho. A cantora paulista mora em Curitiba há 27 anos e é reconhecida por seu trabalho inserido na cultura paranaense. Foi integrante por oito anos no Grupo Vocal Brasileirão do Conservatório de Música Popular Brasileira. Dona de uma voz potente, Rogéria

é prestigiada por músicos de todo país. “Tem cantores que usam música para mostrar toda sua técnica. Rogéria usa a técnica para mostrar sua música”, afirmou o cantor Arnaldo Antunes, no site MPBnet. Além de Rogéria, o show contará com os artistas Fabio Cardoso (piano), Mario Conde (violão), Boldrini (baixo), Endrigo Betega (bateria) e Leonardo Gorositto (percussão).

Criatura e mordida Duas bandas curitibanas se apresentam amanhã em mais uma edição da James Sessions, no James Bar. A festa marca a primeira apresentação da banda Criaturas com a formação completa, já que a vocalista, guitarrista e compositora Xanda Lemos está há mais de um ano morando nos Estados Unidos. O grupo divulga o disco “O Sexto Dedo”, gravado no fim de 2008. Também sobe ao palco a banda Mordida, conhecida no circuito alternativo da cidade, que conta com a participação do público para a gravação um videoclipe. Quando: Amanhã, a partir das 22h. Onde: James Bar, Av. Vicente Machado, 894, Batel. Preço: R$ 8 ou R$ 4 para quem enviar o nome para lista.

Assassinato no Bar Também amanhã, No Era Só O Que Faltava, a Companhia Máscaras de Teatro apresenta o espetáculo Assassinato no Bar, que mistura comédia e suspense. A peça é uma sátira dos filmes de mistério ingleses, e referencia grandes personagens do gênero, como Sherlock Holmes. O elenco é formado por Jader Alves, Erick Alessandro, Marcelo di Napoli, Mauro Muller, Stephanie Silveira, Nariman Handar e Luisa Sheide. Além de ser escrita especialmente para apresentação em bares, a peça também interage com o público, que tenta acertar quem cometeu o assassinato. Quando: Todas as quintas até 24/6, às 21h Onde: Era Só O Que Faltava, Avenida República, 1334, Água Verde. Quanto: R$ 20 a inteira e R$10 a meia-entrada.

Postais Está em cartaz no Centro Europeu de Curitiba a exposição fotográfica Postais, do jornalista Ricardo Marques de Medeiros. A mostra foi inspirada na coleção de aproximadamente nove mil cartões postais do autor, e conta com 20 fotos que mostram cidades e paisagens vistas por ângulos diferentes dos normalmente apresentados. Quando: até 31/5. Segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas, e sábado, das 8 às 13 horas. Onde: Centro Europeu, Rua Brigadeiro Franco, 1700. Quanto: Gratuito.


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