RIO DIÁ do
Curitiba, segunda-feira, 24 de maio de 2010 - Ano XII - Número 564 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
BRASI
L
redacaolona@gmail.com
Fernando Mad/ Lona
Luc Ferry: “A degradação da família é uma ilusão” Luc Ferry, filósofo francês que deu palestra na última quinta-feira no Teatro Positivo - Grande Auditório, afirma que a família é sagrada para os ocidentais. De acordo com ele, a família passou a ocupar o lugar que antes era da política e da religião, de forma que as pessoas não fazem mais sacrifícios por ideologias ou crenças, enquanto pela família elas estão dispostas a tudo. Pág. 3
Divulgação
Opinião Serra e Dilma: tucano diz que quer petista ao seu lado, caso seja eleito. Declaração confunde eleitores do PSDB, e o PT classifica atitude como demagogia. Pág. 2
Copa do Mundo A Seleção Brasileira está em Curitiba se preparando para o mundial da África do Sul, em junho. Jogadores e comissão técnica trabalham no CT do Caju, do Clube Atlético Paranaense até o próximo dia 26. Pág. 3
Cresce a presença de idosos na universidade Aumento da expectativa de vida é um dos fatores que estimulam o ingresso de pessoas da terceira idade no ensino superior. O contato com jovens promove o intercâmbio cultural entre gerações. Pág. 7
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Espaço do Leitor OBA! Hoje eu saí no @JornalLona em uma crônica do @ZanellaDaniel - Ok, indiretamente... mas saí! Sofia Ricciardi, estudante de jornalismo do primeiro período da UP, via twitter, sobre o texto de Daniel Zanella publicado na página literária de quinta-feira (20/5). Chega dos mesmos! Quero uma coluna do Nakad no Lona! Fernando Mad, estudante de jornalismo do terceiro período da UP, via twitter.
Expediente Reitor: José Pio Martins. ViceReitor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editores-chefes: Aline Reis (sccpaline@gmail.com), Daniel Castro (castrolona@gmail .com.br) e Diego Henrique da Silva (ediegohenrique@hotmail .com).
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 33173044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000
Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Opinião
Serra não é líder nem para seus partidários
Pior que nossos pais Fernando Mad malkmad@gmail.com Divulgação
Priscila Schip priscilaschip@gmail.com
No último dia seis, quinta-feira, os três principais précandidatos à presidência –Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV)- participaram do primeiro debate das eleições deste ano. Durante o evento, que aconteceu em Belo Horizonte (MG), Serra declarou que, se eleito, quer PT e PV no seu governo. Essa declaração ocorreu um dia depois de o candidato dizer que não se considera oposição. Estranho? Dilma também achou. Segundo a pré-candidata petista, as propostas de governo são bem diferentes e os tucanos falam mal do PT e de Lula há pelo menos sete anos. Então por que Serra quer dar as mãos? As opiniões dos partidários do PSDB a respeito da fala de Serra foram diversas. Alguns julgaram a fala de Serra uma civilidade política, algo como querer ter o PT como amiguinho para que os “baderneiros” não atrapalhem o “pacato” governo tucano. Tio Rei foi além e imaginando essa parceria indagou: “Serra conseguiria civilizá-los?”. Outros “partidários” caíram em cima do pré-candidato e chegaram a declarar que Serra havia perdido seu voto. Mas, sendo assim, vão votar em quem? O fato é que, divididos em dois grupos, uma parte se limitou a falar mal do PT e a outra simplesmente “abandonou” o candidato. Defesa de verdade ele não recebeu. E por quê? Porque em geral os adeptos da direita não são a favor de alguma coisa e sim contra. É pouco comum que a direita vote com orgulho em alguém, quem votou em FHC ou em Serra nas últimas eleições votou contra Lula. A verdade é que eles não votam em pessoas. Pode até ser pretensão minha falar isso, mas é bem comum que os anti-esquerdas não gostem de políticos porque para eles o que importa é a iniciativa privada e o governo, com todos esses projetos sociais, só atrapalha esse modelo. E é por isso que eles não conseguem entender aqueles que carregam amor pelo governo Lula, muito menos a paixão que move os de esquerda a trabalharem como voluntários militantes carregando bandeiras, distribuindo panfletos e dedicando horas do seu dia em comitês. Eles não entendem o que é ter um líder, o que é lutar e o que é ter ideais. Eles não entender o que é votar para fazer a diferença, porque não fazem a mínima ideia do que seja isso. Divulgação
Ontem é sempre melhor que hoje. Quem nunca ouviu: “Ah, no meu tempo era diferente, era melhor’’, do seu pai, do seu avô? Pois é. Mas agora parece que nem é mais necessário virar pai ou avô para aderir ao movimento nostálgico. Vejamos o culto aos anos 80. A música era simples e um tanto boba. Sintetizadores precários e bateria eletrônica cansável. Desenhos animados simples, de produção barata e roteiro limitado (eu também gostava de Caverna do Dragão, antes das chicotadas). Filmes adolescentes infames e muita nudez gratuita. Sem contar no desastre do futebol-arte e a Argentina bi-campeã mundial. Irônico é que os amantes dos anos 80 são os maiores anti-Sarney. Ah, outro ponto importantíssimo: se você nasceu nos anos 80, você NÃO viveu nos anos 80. Ou aceitamos todos que pessoas até 10 anos têm total consciência de como aproveitar a vida. Voltando para a questão da nostalgia precoce. Os jovens de hoje parecem idolatrar os ídolos do passado mais que a geração passada. Até parece que eles acreditam que viveram as épocas. Pessoal que adora Woodstock e inveja não ter vivido na época, sem ter noção real do que seria mesmo viver na época. Soa como “saudades do que eu nunca tive”. Ao menos é bonito. Na teoria. E teoria é só teoria. Desprezar o atual também não é nada novo. Elis e Raul são ótimos exemplos. Aliás, ambos estão entre os ídolos mores dos nostalgistas. Engraçado que entre os maiores sucessos dos dois existem músicas sobre uma reflexão desse sentimento. Será que esses fãs realmente entendem o que seus ditos ídolos dizem? Enfim. Tem coisa ruim na cultura atual, claro. Mas sempre teve coisa ruim. Assim como sempre teve, tem e terá coisa boa. Mas claro que eu posso estar falando bobagem. Eu posso estar por fora, ou então estar inventando...
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Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Universidade
Esporte
Família como base da sociedade
Tempo de seleção
Filósofo diz que divórcio é consequência do casamento por amor e isso fortalece a família
Cássio Bida de Araújo
Aline Reis Daniel Castro
Aos poucos, o clima de Copa do Mundo começa a se instalar pelo país. Até quarta-feira, os 23 convocados de Dunga estarão treinando em Curitiba no CT do Caju, dando início finalmente à preparação para o mundial da África do Sul. Passado o frenesi e a choradeira pela convocação, o foco agora passa a ser a preparação para o mundial que começa daqui a algumas semanas. E para que os jogadores mantenham o foco no treinamento uma receita praticamente infalível: isolamento total, inclusive da imprensa. A começar pelo desembarque. Logo na chegada os jogadores driblaram os torcedores e os repórteres, deixando todos esperando no saguão com cara de bobos. Falta de educação? Quebra de expectativa? Nem uma coisa, muito menos outra. Em tempos de concentração máxima, evitar toda e qualquer agitação é um mal extremamente necessário. Até mesmo para evitar erros em concentrações anteriores. Mais precisamente o que aconteceu há quatro anos. A exemplo de 2010, o Brasil se classificou por antecipação para o mundial e com relativa facilidade. A diferença é que a fase de preparação para a Copa 2006, realizada na Alemanha, foi aberta ao público e realizada na cidade suíça de Weggis. Foram dias de "espetáculo" e balbúrdia. Teve torcida organizada, jogadores mais preocupados
O filósofo e ex-ministro da Educação da França Luc Ferry esteve em Curitiba na última quinta-feira e deu uma palestra no Teatro Positivo - Grande Auditório. Antes, Ferry participou de uma entrevista coletiva no prédio da Pós-Graduação da Universidade Positivo, que reuniu imprensa e convidados. A Rede Teia de Jornalismo acompanhou a entrevista, que abordou aspectos educacionais, a proibição do uso dos símbolos religiosos nas escolas e o papel da família. Para o filósofo, a família é sagrada no Ocidente. Se antigamente as pessoas se sacrificavam pela religião, política ou revolução, hoje são capazes de se sacrificar apenas pelos seus parentes. Quando perguntado se a família de hoje está desestruturada, o francês foi enfático: “A degradação da família é uma ilusão. Achamos que vai mal porque há muitos divórcios”. Sobre as separações, expli-
cou ainda que o divórcio só acontece porque as pessoas se casam por amor. Para ele, em outros tempos, elas não teriam a oportunidade de optar pela separação, porque o casamento era feito por interesses e pelas escolhas de terceiros. Outro ponto muito abordado pelos jornalistas foi a proibição dos símbolos religiosos nas escolas da França, atitude tomada por Ferry quando foi ministro da Educação (20022004). Segundo o filósofo, a França possui cinco milhões de muçulmanos e a população judaica mais influente do mundo. Para ele, o objetivo do projeto não era acabar com os símbolos religiosos, mas com os símbolos militantes. “Não queria que os alunos reproduzissem o conflito do Oriente Médio em sala de aula”, disse. Questionado sobre o governo do Irã, Ferry criticou a postura do presidente Mahmoud Ahmadinejad. “Acho que o principal inimigo para o Ocidente é o presidente iraniano. O fundamentalismo equivale ao nazismo, principalmente
para mulheres”. A respeito das relações entre Brasil e Irã, ele se mostrou otimista. “Tudo o que puder contribuir para que o país entre na relação normal na lógica dos Estados é formidável”. Luc Ferry falou também sobre sua vida e sua trajetória intelectual ao responder uma pergunta sobre a educação a distância. “Eu fiz todos os meus estudos a distância até chegar à universidade, porque morava numa cidade bem pequena onde não havia escola. Mas a educação a distância não é o ideal porque todos nós tivemos a chance de encontrar dois, três, quatro professores maravilhosos que mudaram nossas vidas, todos nós temos essa experiência. Não é o ideal, mas quando não dá para fazer de outro jeito, isso acaba funcionando bem”, disse. Ainda sobre educação, o filósofo comentou o ensino religioso nas escolas. Para ele, as aulas devem trazer uma visão histórica sobre as religiões e, para isso, precisam ser ministradas por historiadores. “Você não entenderá nada de arte se não tiver conhecimento sobre a história das religiões”, explicou.
samento, Ferry colocou uma afirmação audaciosa: “Caso você acredite nas religiões, não existe a necessidade de se entender com seus pais, pois depois você pode encontrá-los na vida eterna. Entretanto, caso você acredite na filosofia, se concilie o quanto antes, porque eles são seu grande amor e a qualquer momento eles podem morrer. Daí acabou-se”. Para embasar a conversa, ele contou brevemente a história de um mito grego: Ulisses, do épico “Odisseia”, de Homero, que conta a volta do herói a sua casa, na ilha de Ítaca, onde moravam sua mu-
lher, Penélope, e o filho, Telêmaco. Ulisses tinha partido para lutar na famosa Guerra de Troia. Resumindo, Ulisses é preso numa ilha paradisíaca, longe de sua família, por uma deusa maravilhosa que o satisfazia, chamada Calipso. No entanto, Ulisses todos os dias vai até as pedras e chora pela falta da família. A deusa lhe oferece vida eterna e juventude, mas Ulisses, nesse momento, mostra qual é a base da filosofia, segundo Ferry. Ele rejeita todo prazer pelo amor à família. Melhor a vida efêmera com o amor do que a eternidade vazia.
A palestra Henrique Daher Bonacin Filho Para expor seu pensamento filosófico durante a palestra noturna, realizada às 20 horas no Teatro Positivo - Grande Auditório, Luc Ferry falou sobre o que seria uma vida boa. Resumindo o que foi dito por Ferry, a boa vida seria lamentar menos o passado, esperar menos o futuro e viver mais o presente, aceitando a mortalidade e, principalmente, ajudando o mundo. Para ele, isso seria a base da filosofia. Para convencer o público desse pen-
em dar show ao invés de se preparar e até mulheres invadindo o campo para agarrar os jogadores. O resultado disso tudo foi a eliminação precoce nas quartasde-final diante da França e a chuva de críticas que se recaiu sobre Parreira, especialmente sobre a falta de pulso do então comandante da seleção brasileira. Logo após o mundial, Dunga assumiu o desafio de treinar o escrete brasileiro. E com a linha dura, apesar da teimosia e de algumas experiências frustradas no início dos trabalhos, conseguiu bons resultados como o título da Copa América e da Copa das Confederações. Desde que assumiu o comando técnico da seleção pentacampeã, Dunga não é unanimidade entre jornalistas e torcedores. Mas uma coisa o capitão do tetra conquistou: o respeito e a confiança em seu trabalho de quatro anos, algo que será posto em prova durante os dias do mundial sul-africano. É natural que o torcedor fique frustrado ao não poder assistir aos treinos, nem ter acesso aos craques. Mas se para grandes conquistas é necessário tomar medidas impopulares, que assim seja. A linha dura de Dunga deu certo até agora. Não há por que mudar a postura nesse trabalho no CT do Caju. Até o frio em Curitiba pode ajudar a seleção. Como na África do Sul as temperaturas também estarão baixas, a seleção já vai se acostumando com o frio. Ao torcedor, resta ter paciência e aguardar o resultado do trabalho. Afinal de contas, é melhor se recolher agora para poder comemorar, e muito, com os craques depois.
É natural que o torcedor fique frustrado ao não poder assistir aos treinos, nem ter acesso aos craques. Mas se para grandes conquistas é necessário tomar medidas impopulares, que assim seja
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Revivendo Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Nathalia Cavalcante
o passado Nathalia Cavalcante Noel Rosa, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Sylvio Caldas e Francisco Alves são nomes de cantores de sucesso das décadas de 30 e 40. A famosa era de ouro. Momento da música brasileira que entrou para a história. Estes artistas são considerados grandes intérpretes, cujas vozes inesquecíveis soaram e embalaram as vidas dos brasileiros, em uma fase politicamente tensa. A censura já dava seus primeiros passos através do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), na era Vargas. Porém, canções suaves e melódicas amenizavam a repressão. A nostalgia deste período pode ser relembrada por meio da gravadora Revivendo Músicas, selo curitibano que remasteriza em CD canções desse
tempo. Foi fundada em 1987, pelo colecionador de discos Leon Barg, um apaixonado pela música popular brasileira. Nascido no Rio de Janeiro, mudouse aos três meses de vida com sua família para Recife. Em 1944, aos 13 anos, comprou seu primeiro disco, pois havia começado a trabalhar em uma loja de móveis como ajudante de limpeza. Até esse momento não tinha pretensão de colecionar. Adquiria os discos por gostar de música. O cantor Francisco Alves era o seu preferido. Em 1952, a trabalho saiu de Pernambuco. Barg passou três meses no Rio de Janeiro, depois seguiu para Porto Alegre. Em 1954, chegou a Curitiba, onde começou as atividades da Revivendo Músicas. O início A Casa Sartori – loja de instrumentos musicais –, de pro-
priedade de Leon Barg, foi a primeira sede da Revivendo Músicas. Com a loja encaminhada nas mãos de seu filho Edson, o colecionador seguiu a gravadora com Laís, sua filha. O próximo destino foi a sua casa, local que até hoje abriga o acervo de mais de 120 mil títulos. Coleção adquirida com muita persistência por Barg. A criação da gravadora nasceu da vontade de divulgar a música brasileira buscando a valorização desta que é uma identidade do Brasil. Um exemplo é a obra do cantor Vicente Celestino, conhecido cantando e atuando no filme “O Ébrio”, de 1946. Todas as gravações do cantor foram transferidas para CD. Barg também recuperou raridades, como a primeira gravação de Francisco Alves. A princípio Leon remasterizou em LPs, sendo desta forma até a década de 90, quan-
Nathalia Cavalcante
A princípio, Leon remasterizou em LPs, sendo desta forma até a década de 90, quando surgiu o CD. No início, o colecionador era responsável pelos projetos de restauração. Até então, não realizava o tratamento nas músicas, passou a fazer as remasterizações posteriormente
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Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Nathalia Cavalcante
Depois de 23 anos à frente da Revivendo Músicas, o idealizador de um projeto da memória brasileira deixa para as filhas Laís e Lilian Barg a missão de continuar as atividades
do surgiu o CD. Este trabalho restaurava as músicas dos discos de 78 rotações, cujo material de fabricação chamado goma-laca, considerado frágil, tornava-se mais suscetível a perda destas raridades. Assim, Leon Barg resgatou sua coleção, abrindo para o Brasil a possibilidade de conhecer os cantores e suas músicas. No início o colecionador era responsável pelos projetos de restauração. Até então, não realizava o tratamento nas músicas, passou a fazer as remasterizações, posteriormente. Laís ficou a par de capas e imagens. Por se tratar de uma microempresa, a gravadora tem compromisso com os direitos fonográficos das gravadoras de origem, fazendo o pagamento sobre a quantidade que é prensada. A herança Leon Barg faleceu em outubro de 2009, sem completar sua coleção. Depois de 23 anos
à frente da Revivendo Músicas, o idealizador de um projeto da memória brasileira deixa para as filhas Laís e Lilian Barg a missão de continuar as atividades. Formada em Psicologia, Lilian faz parte da Revivendo Músicas desde 1995, mas sempre acompanhou a busca incessante de Leon pelos discos. “Meu pai era um caçador de raridades”, reforça. A sua infância e de seus irmãos foi em meio à coleção de Leon. Desde crianças, os filhos ajudavam o colecionador na catalogação de seu acervo. Além de crescerem ao som dos artistas do período da era de ouro, o que contribuiu para o conhecimento das canções. Agora, com a ausência do fundador, Lilian e Laís passaram a responder pela gravadora, sendo Lilian responsável pelas áreas administrativa e comercial. Apesar de ser um projeto que visa enaltecer a história da música popular brasileira, a Revivendo Músicas não con-
ta com incentivo. A família Barg mantém a ação sem apoio externo. Com isso, Lilian ressalta esta falta de ajuda, sendo a dificuldade na divulgação um problema apontado, o que reflete nas vendas. “Nós precisamos vender, para conseguirmos lançar novos títulos”, comenta. Outro fator citado é o encolhimento do mercado. Como as grandes gravadoras sofrem com os problemas da indústria fonográfica, esta dificuldade também é enfrentada pelas pequenas gravadoras. Outro desafio a enfrentar é a falta de Leon Barg. “Ele era a pessoa que iluminava a Revivendo”, afirma. Lilian se lembra do comprometimento de Barg, já que ele deixou encaminhadas, para este ano, as atividades da Revivendo Músicas. De acordo com Lilian, o público cativo desse gênero musical diminuiu, pois os principais compradores estão fale-
cendo. Com isso, os fiéis consumidores são estudantes de música e pessoas ligadas a este meio. “Se não fosse a minissérie da Rede Globo, dificilmente as pessoas saberiam quem foi Dalva de Oliveira e Herivelto Martins”, reforça. A gravadora possuía clientes em todo o Brasil, porém a escassez de lojas especializadas em CD fez com que impulsionasse a redução nas vendas. Atualmente, este número atenuou, consideravelmente. “Hoje em dia, não temos clientes em várias capitais, por não terem lojas de CD”, ressalta. Há restrição no mercado, somente restaram as grandes lojas que têm estas seções e sites. Mesmo com dificuldades a gravadora tem reconhecimento. Uma mostra disto foi através da homenagem do Banco Bamerindus a Leon Barg, por meio da Campanha Gente que faz! Em Curitiba, a Revivendo Músicas tem como cliente a loja Arsenal do CD que, aproximadamente, há 12 anos vende os títu-
los da gravadora. Segundo a gerente da loja Cíntia Maria Lechew, são vendidos de 23 a 35 exemplares por mês. Logo, a gerente lembra a importância do trabalho da gravadora. “A Revivendo Músicas traz canções de uma época que não existe mais no mercado, por isso pode ser considerada um meio de resgate”, diz. As pessoas que fizeram parte do período das músicas são mais atraídas. “O público que procura os títulos é sempre o mesmo. As pessoas da geração dos cantores apresentam mais interesse”, reforça. A gravadora lançou 73 LPs e mais de 250 CDs. As vendas da Revivendo Músicas são realizadas através do site www.revivendomusicas.com.br, onde é possível fazer o pedido e realizar o depósito. As solicitações de CD e do catálogo com todos os títulos também podem ser feitos através do telefone (41) 3253-3035 ou do e-mail revivendo@revivendomusicas .com.br.
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Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Vanessa Dasko
Tamyres Antunes
Escreve semanalmente sobre comunicação empresarial, sempre às segundas-feiras vanessadasko@gmail.com
Escreve quinzenalmente sobre moda, sempre às segundas-feiras tamyantunes@gmail.com
Comunicação Empresarial
Moda
O jornalista e a informação para dentro das organizações
Tendências Outono Inverno 2010
As mudanças nas formas gerenciais e de administração de empresas na década de 80 trouxeram a valorização de pessoas nas organizações. A gestão participativa aliou técnica e humanização ao trabalho. Os colaboradores passaram a ser enxergados com olhos estratégicos pelos administradores e alta gerência organizacional. Afinal, eles constituem o primeiro grande público das empresas. A partir desse momento, a comunicação empresarial também é direcionada para o público interno. O funcionário, como parte de uma organização, precisa saber a importância do lugar em que trabalha e das tarefas que desenvolve para entender o papel dentro da empresa. Ao mesmo tempo, precisa se sentir valorizado e compreender a missão e valores enraizados dentro da instituição em que trabalha. Nesse processo estratégico e de novidades, as empresas estão investindo em ferramentas de co-
Criação de campanhas internas e utilização de materiais e ambiente inovadores começaram a fazer parte do grande pacote da comunicação interna. Tudo isso para integrar, engajar e valorizar o colaborador
municação interna. Fazem parte desta área os comunicadores empresariais (jornalistas, relações públicas e publicitários) e pessoas que trabalham com gestão de pessoas e recursos humanos. A comunicação dentro das organizações ajuda na obtenção dos resultados, condições de existência da empresa, sua direção e monitoramento e crescimento organizacional. Também tem o papel de ligar a organização a seus colaboradores e contribuir para a valorização do ho-
mem e da cidadania. As ferramentas de comunicação interna podem ser revistas institucionais, boletins informativos, jornais murais e intranet. Existem ainda a comunicação de normas, procedimentos e manuais explicativos sobre os processos da empresa. Mas as novidades não param por aí. Estratégias de comunicação mercadológica (endomarketing) também fazem parte da área. Criação de campanhas internas e utilização de materiais e ambientes inovadores começaram a fazer parte do grande pacote da comunicação interna. Tudo isso para integrar, engajar e valorizar o colaborador. Neste processo de informação para dentro da empresa, os jornalistas trabalham diretamente com a produção das revistas e boletins informativos. Como a comunicação vem sendo feita de forma integrada, ela auxilia os outros comunicadores na elaboração de campanhas e elaboração de estratégias, planos e políticas de comunicação empresarial. As notícias seguem o mesmo “lead”, com o qual já estamos acostumados. É uma tendência que as revistas internas tragam temas que vão além das estratégicas da organização. Os assuntos também têm que interessar à família do colaborador e ir além das portas da empresa. O jornalista comunicador empresarial precisa o tempo todo ficar atento às notícias da organização e da sociedade, aliando conteúdos e despertando interesse para assuntos gerais dentro dos materiais de comunicação interna. Para quem se interessa sobre as novas tendências na área de comunicação de empresas uma dica é o livro recém-lançado “A comunicação como fator de humanização nas organizações”, de Margarida Kunsch, mestre em Comunicação Social pela USP e autora de diversas outras obras na área, que deve chegar às livrarias até o final de maio. Vale a pena conferir a obra. Até o nosso próximo encontro!
A maior feira de tendência do mundo trouxe opções para os mais fashionistas e também para os discretos A Première Vision é a maior feira de tendências de moda do mundo que acontece desde 1973 e sempre traz o que há de mais atual em cartelas de cores, tendências têxteis e moldes. Na edição deste ano para as coleções outono/inverno, a Première trouxe algumas novidades: para as estações frias, predomina uma cartela alegre, delicada e ampla. As cores com mais ênfase são: azul marinho, vermelho vibrante e o pink. Grandes grifes já apostaram nessas novas tendências. Burberry, Balenciaga e Carlos Miele foram de azul, Valentino e Fendi de vermelho e Dior e Dolce&Gabbana apostaram no glamour do pink. As mais discretas não devem se preocupar, pois houve divulgações de cartelas mais discretas. As nuances terrosos serão muito utilizados, os tons vão do marrom queimado, passando pelo nude, verde escuro e o mel. Fotos: Dilvugação
Formas Os cortes são de contrastem mesclando androginia – cortes mais masculinizados – e amplitudes. Peças usadas em conjunto quebram a monotonia e fazem um jogo de esconde-esconde de formas e silhuetas. Sensualidade e ingenuidade são transmitidas de forma sutil, com tecidos como jérsei, seda e algodão. Para o Sul, é inevitável o uso de peças mais pesadas. Entram com força os casacos longos - chamados 7/8, que vão até os joelhos - de alfaiataria em cores vibrantes, meiascalças encorpadas e coloridas. As botas vêm em modelos variados, principalmente as ankle boots. Rapidinha A estilista Camila Albuquerque Alves está com muitas novidades no seu novo empreendimento, a “Mimô”. Ela confecciona peças em tricô e crochê além de “inventar moda” com recortes de tecidos. A marca oferece flores muito peculiares feitas a mão, como camisetas com apliques em tecidos e bolsas muito bonitas e versáteis. O atendimento é personalizado e se necessário os produtos são levados até o cliente para escolha. “Assim as pessoas tem liberdade de olhar, tocar, provar, e é muito importante esse contato, tanto para mim quanto para o cliente”, conta a estilista. Serviço Mais informações: calbuque@gmail.com e mimoartecomtecidos@gmail.com.a sociedade e quais os valores que estão em seus alicerces.
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Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Educação
Faculdades abrem suas portas para a
terceira idade Idade não é motivo para deixar de estudar; em pleno século XXI, idosos também buscam a universidade Lilian Alves A cada dia aumenta o número de cidadãos preocupados com a saúde, com o crescimento cultural e que buscam mais espaço na sociedade. As transformações causadas pelo avanço tecnológico trazem uma expectativa de vida superior àquela esperada por muitos. Assim, cada vez mais os idosos passam a representar uma parcela significativa da população e necessitam manter o seu espaço, que não é adquirido simplesmente pela experiência de vida e por toda a bagagem que os mais velhos carregam. Sem dúvida, para se tornar competitivo atualmente é necessário algo a mais. E por que não um curso superior? Nun-
ca é tarde para aprender. É o que conta Ana Maria da Silva, 54 anos, graduada em administração pela Universidade Positivo em 2009. Silva resolveu ingressar na faculdade, pois se viu na necessidade de buscar um diferencial para poder concorrer com o mercado. “Em uma época em que todo mundo tem faculdade, não é porque sou velha que vou ficar para trás. Tenho sonhos e planos como qualquer outra pessoa”, conta ela. A idade não é critério de discriminação, muito menos de condição, pois não torna um ser humano menos cidadão do que o outro. Às vezes, entretanto, esse critério acaba sendo usado para delimitar a população de um determinado estudo ou ser-
viço. Ainda assim, segundo Silva, ela nunca sofreu nenhum tipo de preconceito, mesmo sendo mais velha até mesmo que a maioria de seus professores. Essa experiência, que vem ocupando espaço gradativamente nas universidades, não acrescenta somente aos idosos. Para Raphael Alves, estudante de Direto da Universidade Positivo, a diversidade entre as faixas etárias é extremamente proveitosa. “A gente aprende com eles, e eles também aprendem conosco”, explica. Raphael considera toda experiência válida e conta que eles se dedicam, estudam e conseguem ter um rendimento igual e em alguns casos até melhor que os mais jovens. Divulgação
Cada vez mais idosos ingressam nas universidades. Com medo de ficar para trás, eles buscam o seu espaço no mercado de trabalho
Divulgação
Idosos mostram que a idade não é mais empecilho para deixar de estudar
“Em uma época que todo mundo tem faculdade, não é porque sou velha que vou ficar para trás. Tenho sonhos e planos como qualquer outra pessoa” Ana Maria da Silva, 54 anos, graduada em Administração “Eles não estão na faculdade para brincadeira, levam a sério mesmo. Toda essa dedicação, somada aos anos de experiência que eles já carregam nas costas, só tem como dar certo”, esclarece. o sociólogo Wilson Moreira explica que os jovens deveriam incentivar os mais velhos a ingressarem no ensino superior. Para ele, sempre que se tem contato com os idosos é preciso tirar o máximo de proveito e de aprendizagem. Assim, a relação torna-se uma troca de informações e co-
nhecimentos. “Os idosos devem fazer todos os esforços possíveis para morrerem jovens o mais tarde possível. O processo de envelhecimento envolve transtornos não só de ordem física, mas também psíquica e social, sendo assim, é fundamental eles conseguirem um estado harmônico entre todos os quesitos. A tecnologia e o avanço na medicina auxiliam na saúde física. Já as outras dependem somente de eles se ocuparem e correrem atrás”, ressalta.
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Curitiba, segunda-feira, 23 de maio de 2010
Menu Jornalismo político sofre influências da legislação Cultura
Aline Reis e Daniel Castro
Hip Hop e Transformação social O Instituto Wilson Picler de Responsabilidade Social, que fica na Rua Treze de Maio, 538, promove no próximo fim de semana (29) o seminário “Juventude, Cultura e Cidade”, a partir das 13h30. O debate terá as presenças do escritor Alessandro Buzo e do presidente da Posse Função Pobre Loko, DA Antiga. A entrada é gratuita. Informações pelo telefone (41) 3363 3103.
Rigidez da lei eleitoral fortalece cobertura restrita à agenda de candidatos Tálita Rasoto Entre as oficinas oferecidas na última semana, no Intercom Sul, realizado em Novo Hamburgo (RS), o tema “Jornalismo político em ano de eleição” foi destaque. A palestrante Simone Feltes, graduada em Jornalismo e repórter da TV Educativa de Porto Alegre, elaborou questões sobre a temática, partindo da Lei Eleitoral (lei 9.504/97), que norteia tanto assuntos ligados à propaganda política como o que os candidatos podem, ou não, fazer a partir do momento que saem à disputa eleitoral. Segundo ela, liberdade é a
palavra que na prática política sofreu modificação profunda depois de exageros de candidatos nas campanhas. A mídia ganhou um novo regulamento para a propaganda política e, com isso, os candidatos mudaram até a forma de abordar os eleitores. “Quem pode mais ganha mais espaço no jornal”, alertou a palestrante, ao destacar a importância dos meios de comunicação no processo eleitoral. “O cuidado deve ser redobrado, pois o jornalista pode interferir na opinião do eleitor e a responsabilidade dos veículos de comunicação adquire força maior”, argumentou o estudante de jornalismo Osires Reis, da Universidade Católica de Pelotas. Pontos como o debate na TV ou rádio, a pesquisa eleitoral e a própria propaganda antecipada também estiveram em pauta na oficina, além do papel que as novas mídias obti-
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veram desde há algum tempo nas eleições. A internet adquiriu status de um meio de comunicação livre quando se fala da propaganda eleitoral, na qual o “pode tudo” entrou com maior importância na cultura política. A mudança da postura do eleitor caminhou assim como as novas tendências da propaganda, mas o jornalismo político é muito mais do que a legislação, ponto não privilegiado por Feltes. A palestrante não contemplou os ouvintes que esperavam por uma análise mais profunda diante, por exemplo, das influências da firme legislação acerca da cobertura política nos meios eletrônicos, cujo efeito maior é uma cobertura voltada às agendas dos candidatos. A palestrante mostra a abrangência da prática política e o que a legislação sobre o assunto interfere nos meios de comunicação. Tálita Rasoto
Copa do Mundo em Curitiba Aos apaixonados por futebol fica a dica: amanhã, no Memorial Curitiba haverá a abertura da exposição “A Pátria de Chuteiras”. Entre as relíquias expostas estão a camisa do jogador Cafu (capitão do Penta), além de fotografias de todos os mundiais que o Brasil conquistou. A entrada é gratuita e a exposição vai até 11 de junho. Vale a pena conferir!
Paranaense modernos
“Quem pode mais ganha mais espaço no jornal”. Simone Feltes, palestrante no Intercom Sul 2010
A exposição de pintura “Quase Sempre...e eles construíram a Modernidade no Paraná” está em cartaz no Museu de Arte Contemporânea até o dia 13 de junho. As obras expostas são de artistas de destaque na modernidade paranaense. O professor de história da arte e crítico de arte Fernando Bini é o responsável pela organização do evento. Destacam-se nomes como Ida Hannemann de Campos, Domicio Pedroso, Fernando Velloso, Antonio Arney, Fernando Calderari e João Osório Brzezinski. Quando: Até o dia 13/6. Onde: Museu de Arte Contemporânea do Paraná – Rua Desembargador Westphalen, 16 – Centro. Quanto: Gratuito