RIO DIÁ do
Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010 - Ano XII - Número 578 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
Papo político Zeca Dirceu fala sobre carreira política, desde a juventude até os projetos atuais, além do programa petista e projetos do partido. Pág. 7
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redacaolona@gmail.com
Cultura
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BRASI
Embarque no universo dos atiradores das séries de televisão, que protagonizam momentos de tensão durante os episódios. A coluna de cinema aborda uma produção nacional que, por seu conteúdo, pode ser classificada em vários gêneros diferentes. Pág. 6
Joe Roberts relembra clássicos do rock no Teatro Positivo O cantor canadense e seus amigos irão homenagear grandes ícones do cenário musical das décadas de 50 a 80, em um espetáculo especial para abrir a série de shows que a banda fará pelo país. Pág. 8
Sem brilho, Brasil vence Coreia do Norte
Fernando Mad
Depois de um primeiro tempo sem gols, equipe volta melhor e abre 2 a 0, mas deixa o time da Coreia diminuir vantagem aos 43 do segundo tempo. Próximo jogo será no domingo, contra a Costa do Marfim. Pág. 3
2 Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa e PróReitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editoreschefes: Nathalia Cavalcante (nathalia.jornal@ gmail.com), Daniel Castro (castrolona@gmail. com.br) e Diego Henrique da Silva (ediegohenrique@ hotmail.com).
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornallaboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000
Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010
A hora do voto
Opinião
Aline Reis
sccpaline@gmail.com
O pleito presidencial só acontece no dia três de outubro, mas a corrida para ocupar o Palácio do Planalto já começou. No Dia dos Namorados, o diretório nacional do PSDB lançou oficialmente a candidatura de José Serra para presidente. Os tucanos gastaram cerca de R$ 450 mil para a Divulgação
convenção, que aconteceu em Salvador. O encontro ocorreu no dia da “Marcha para Jesus” de Salvador, organizado por igrejas evangélicas, mas, ao que pareceu, estava mais para ecumênico, pois ao longo de todos os trâmites, baianas distribuíam fitinhas do Senhor do Bonfim e contavam com as bênçãos dos orixás. Serra, que é católico, esteve bem no palanque e, ao contrário do que vinha fazendo, resolveu criticar o governo petista, mas sem citar o nome do presidente Lula. No dia seguinte, e, propositalmente datando 13, o Partido dos Trabalhadores realizou a sua convenção, em Brasí-
Divulgação
lia, que começou por volta das 10h. Dilma chegou com o presidente Lula sob aplausos frenéticos da militância do PT, especialmente do movimento feminino. Os trabalhos fo-
ram transmitidos ao vivo pelo site do partido e por órgãos da imprensa como o site da UOL. A trajetória de Dilma foi lembrada ao longo da convenção, que era interrompida com frequência pelos cantos de “Olê, olá, Dilma, Dilma”, que vinham da militância. José Sarney estava presente, mas não falou e teve que ver alguns representantes da Juventude do PT (JPT) entregarem panfletos criticando a sua presença e a permanência do senador como presidente da Casa. Dilma falou do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dos salários dos professores e criticou os governos que se preocupam com o crescimento econômico, mas esquecem do social. O presidente Lula, vestido com uma camisa vermelha, assim como Dilma, pediu que os militantes não “usem sapato alto” porque nenhuma eleição é fácil. Lembrou também que esta é a primeira eleição direta na qual o seu nome não aparece entre os candidatos e para finalizar sua fala pediu que os candidatos “joguem limpo”, referindo-se aos tucanos, que , segundo ele, “inventaram dossiês”. Já a candidata Marina Silva teve sua candidatura homologada na quinta-feira passada, também em Brasília. Marina tem a difícil missão de convencer não só os eleitores, mas os próprios militantes do Partido Verde (PV) sobre sua “identificação” com o partido, já que, durante grande parte de sua história política, esteve ligada ao PT. Marina deixa explícito em todos os momentos que é extremamente grata ao PT e ao presidente Lula, e admitiu que mais de 20 milhões de pessoas deixaram de passar fome no Brasil ao longo dos quatro anos de governo petista. Em contrapartida, a candidata também falou do descomprometimento dos partidos com o Meio Ambiente, bandeira principal da luta do PV. A militância do PV estava em bom número na convenção e se articula em todo país em prol da candidata que ajudou muitos líDivulgação deres na luta por uma sociedade mais igualitária, como Chico Mendes. A sorte está lançada e agora os candidatos e candidatas vão às ruas falar com o povo e beijar as crianças. Cabe a nós, enquanto eleitores, checar as ações destes não só no período eleitoral, mas sim, ao longo do período anterior, no qual Serra governava São Paulo, Dilma era ministra da Casa Civil e Marina Silva era senadora. A decisão de quem irá conduzir nosso país só cabe à nós mesmos e deve ser tomada com cautela, no dia três de outubro.
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Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010
Rumo ao bar, casa, trabalho... Para assistir ao jogos do Brasil, cada um deu seu jeito para encontrar uma televisão Nathalia Cavalcante Todas as Copas do Mundo apresentam uma característica marcante: fazer com que as pessoas parem suas rotinas. A população vai à procura de um televisor para acompanhar os jogos do mundial. As atividades são interrompidas e o silêncio nas ruas dá a impressão de que a cidade está vazia, com exceção da Boca Maldita, onde foi instalado um telão de oito metros de comprimento por quatro metros e meio de altura. Os curitibanos,
durante toda a Copa, vão ter uma visão equivalente a 364 polegadas. Nesta terça-feira, a seleção brasileira foi a campo e a população brasileira aos lugares que ofereciam um espaço para assistir ao jogo. Para quem pôde ir para casa e relaxar no sofá, não houve grandes problemas. Mas devido aos horários dos jogos, muitas pessoas não tiveram alternativa. A solução foi ir a um bar, permanecer no trabalho ou até mesmo na faculdade. Mesmo sem conforto, esquivan-
As atividades são interrompidas e o silêncio nas ruas dá a impressão de que a cidade está vazia, com exceção da Boca Maldita, onde foi instalado um telão de oito metros de comprimento por quatro metros e meio de altura. Os curitibanos, durante toda a Copa, vão ter uma visão equivalente a 364 polegadas
Brasil não brilha, mas vence na estreia Seleção apresentou um futebol muito abaixo dos últimos anos; Maicon e Elano decidem a partida Miguel Basso Locatelli
do-se para não perder o lance, os torcedores assíduos da Copa do Mundo permaneceram atentos ao jogo. O paisagista autônomo José Francisco Nerone não se preocupou com isso. “Pude acompanhar a seleção brasileira em casa, ao lado dos amigos”, diz. Apesar da possibilidade que teve de assistir ao jogo com a família, a contadora Cristina Costa expõe uma desvantagem. “Fui dispensada do meu trabalho, mas depois precisarei repor este tempo ao banco de horas”. E para quem não foi dispensado, como a auxiliar administrativa Joyce Cristina Botelho, os colegas de trabalho foram os companheiros de torcida. “Não tive o conforto que minha casa proporciona, mas foi divertido assistir com meus amigos”, acrescenta. Lembrando que de acordo com o local de trabalho é preciso manter a linha. “Na empresa tivemos que nos conter”, reforça. Dilvugação/ Portal IG
A Seleção Brasileira venceu a Coreia do Norte na estreia da Copa do Mundo. Assim como na estreia de 2002, o placar final foi 2 a 1. Com gols de Maicon e Elano, o Brasil assumiu a liderança do Grupo G, com três pontos, já que no outro jogo do grupo, Costa do Marfim e Portugal ficaram no empate sem gols. O próximo jogo do Brasil será no domingo, também às 15h30, contra a Costa do Marfim, no estádio Soccer City, em Joanesburgo. Enquanto isso, a Coreia entra em campo na segunda-feira, às 8h30, na Cidade do Cabo. No primeiro tempo, a Seleção apresentou um futebol regular, com pouco brilho e sem inspiração da maioria dos jogadores. Robinho era um dos poucos que tentava abrir o placar para o Brasil. Além dele, Michel Bastos, com três chutes, levou mais perigo ao goleiro da Coréia do Norte. Kaká, grande aposta da equipe, pouco participou. O time coreano até tentou na base da correria, mas não levou perigos à defesa brasileira, nem a Júlio César, pois os chutes passaram longe do gol. Para o segundo tempo, Dunga voltou com a mesma formação, mas a Seleção voltou melhor. Tanto é que saiu o primeiro gol. Aos 10 minutos, em um lance de velocidade, Kaká tocou para Robinho, que tentou o lance individual e a defesa coreana tirou para lateral. Michel Bastos fez a cobrança e tocou para Felipe Melo que, rapidamente, lançou para Elano na direita; o meia esperou a passagem do lateral Maicon, que recebeu quase sem ângulo e bateu direto para o gol e surpreendeu o goleiro, que esperava um cruzamento. O primeiro gol da Seleção na Copa e no jogo. A equipe continuou com
maior posse de bola, mas não conseguia ampliar o placar. Primeiro com Michel Bastos, em chute forte de fora da área, mas o goleiro defendeu. Depois com Luis Fabiano, que acabou chutando por cima. Só que, aos 26 minutos, Robinho fez bonito lançamento para Elano que, de primeira, bateu no canto direito e fez o segundo. Dunga mudou e colocou a equipe mais ofensiva, com Ramires no lugar de Felipe Melo e Nilmar no lugar de Kaká. Nilmar teve duas chances, mas foi só. A equipe da Coreia parecia que não ia reagir, mas conseguiu o que poucos esperavam: o gol. Faltando dois minutos, aos 43, o jogador entrou na área sem marcação e bateu cruzado, sem chances para Júlio César, deixando os minutos finais dramáticos. Entretanto, não tinha mais tempo para nada. Mesmo com os dois minutos de acréscimos dados pelo árbitro, o jogo acabou 2 a 1 e o Brasil conquistou sua primeira vitória e seus primeiros três pontos, o que deu à Seleção a liderança do grupo. Após a partida, o técnico Dunga comentou a dificuldade da estreia. “A estreia é sempre difícil, tem aquela ansiedade após um longo período de treinamento. Não só eu como os jogadores esperam uma melhora na próxima partida. Todo mundo quer fazer gol e ninguém quer levar”. O lateral direito Maicon, destaque da equipe e autor do primeiro gol brasileiro na Copa, falou da emoção de marcar em um jogo tão importante. “Passou na minha cabeça tudo o que eu passei para chegar a esse momento de disputar a Copa. E logo na primeira partida fazer um gol. Não cheguei a chorar, mas fiquei feliz, beijei a minha aliança por tudo o que a minha esposa vem fazendo por mim. É um agradecimento a todos que sempre estiveram do meu lado.”
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Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010 Mateusz Stachowski/ SXC
O inimigo pode estar dentro de casa Casos de violência doméstica afetam o ambiente familiar Vanessa Dasko e Patrícia Schor Todos os dias, os noticiários trazem à tona um elevado índice de violência. Mapas sangrentos, divididos em agressões, brigas, desentendimentos, assaltos, sequestros, roubos, latrocínios e assassinatos são desenhados por diversas instituições, e tornam notório o quadro negativo de segurança a que os países ainda estão submetidos. Algumas formas de violência ainda aparecem reprimidas, o que não significa que são menos comuns na sociedade. Em ambientes onde muitos pensam ser seu “lar doce lar”, podem estar escondidos verdadeiros inimigos, que irão fazer de seus familiares suas próprias vítimas. De acordo com uma
pesquisa do DataSenado, de cada cem mulheres brasileiras, 15 sofrem ou já sofreram algum tipo de violência doméstica. A violência contra a mulher tem suas raízes na história a partir do momento em que se criou o pensamento de que os homens são mais fortes e superiores que as mulheres. Assim, alguns homens encontram nessa visão um motivo para impor suas vontades às suas companheiras. Para a psicóloga Francine Correa, a partir do momento em que crianças são educadas sob essa percepção a personalidade violenta começa a ser instituída. “Os meninos são ensinados ao revide, às lutas, à maneira física de defesa. Já as meninas são ensinadas a ficarem mais caladas e crescem achando que são mais
frágeis que os homens. Isso as prepara para situações em que se tornam suscetíveis aos desejos masculinos a curto, médio ou longo prazo”, explica. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão revela que mais da metade das mulheres agredidas sofrem caladas e não pedem ajuda. Muitas vezes a causa do silêncio é o medo de represálias ou a falsa ideia de que foi “apenas uma vez”. Para Haroldo Luiz Vergueiro Davison, delegado da delegacia de Campo Largo, é esse motivo que estimula novas agressões. “Se o homem vir que sua vítima se sente intimidada, ele sente que tem poder sobre ela e, consequentemente, a mulher pode voltar a sofrer agressões”, afirma.
Agressão X drogas
O consumo de substâncias entorpecentes e bebidas é um dos fatores que motivam o início de uma agressão. “É importante ressaltar que não são todos os alcoólatras que são agressivos, mas existem muitos homens que não aceitam que são dependentes dessas substâncias. Agressores são aqueles que apresentam distúrbios íntimos, pessoais e sexuais. Para transpassar uma falsa aparência, seja para amigos ou no ambiente de trabalho, eles acabam descontando naqueles que são mais frágeis, no caso, na família”, enfatiza o delegado. Em muitos casos, apenas a força física já é suficiente para causar traumas. Em outros, ocorre a utilização de armas ou objetos que são usados como ferramentas para aumentar o potencial diante da vítima. “Muitos casos também fazem com que as mulheres, cansadas de serem humilhadas, acabem cometendo
crimes em sua legítima defesa. Para se defenderem dos agressores, algumas acabam cometendo assassinatos e tornam-se mais agressivas que o próprio companheiro”, salienta.
O custo econômico da violência doméstica
De acordo com dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, um em cada cinco dias de falta ao trabalho no mundo é causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas próprias casas. Além disso, caso sofra violência doméstica, a mulher perde um ano de vida saudável a cada cinco anos. O estupro e a violência também aparecem como causas importantes de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva. Um estudo ainda estimou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de um país.
“Os meninos são ensinados ao revide, às lutas, à maneira física de defesa. Já as meninas são ensinadas a ficarem mais caladas, crescem achando que são mais frágeis que os homens, e isso as prepara para situações onde tornam-se suscetíveis aos desejos masculinos a curto, médio ou longo prazo”
Francine Correa, psicóloga
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Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010
Uma
história com marcas
eternas
“O primeiro tapa que levei dele foi na cara. Tinha 14 anos”. Assim começa o relato de uma jovem de 20 anos, à qual chamaremos de Alessandra (nome fictício). Uma linda menina, que dançava balé e que cresceu com sonhos de ser uma médica renomada, hoje vê a vida com cores mais sombrias, sem perspectivas de melhoras. “Não vejo mais graça em viver. Não tenho vontade de estudar, de trabalhar... Ele era o homem que eu amava”, descreve. Seu namorado, que tornou seu inimigo dentro da própria casa, era um jovem trabalhador, mas descontente com sua vida pessoal Márcio (nome fictício) também tem aspectos tristes e não possui oportunidades para o sucesso, apesar do emprego na tornearia de seu tio. Com o pai alcoólatra e a mãe dona da própria vida, Márcio não via motivos para buscar estudos que pudessem o alavancar na vida. Vivendo com companhias independentes, teve seu primeiro encontro com as drogas logo aos 13 anos. Até que o gosto se tornou dependência. Alessandra, no auge de seus 15 anos, acompanhava algumas amigas numa festa, até que achou que ‘ser rebelde poderia ser legal’. Um garoto bonito com um copo de cerveja na mão passava a impressão de virilidade para uma adolescente recém chegada no mundo adulto. “Eu não sabia direito quem ele era, mas parecia ser direito. Na nossa primeira noite, teve cuidado, mas ao mesmo tempo mostrava que quem mandava era ele. Fiquei com uma marca roxa no braço, porque eu não queria fazer o que ele me pediu. Ele me bateu. Eu fiz”, conta Alessandra. Mesmo com a família da garota contra o relacionamento, o namoro continuou. “No começo, eu achava até legal que ele fosse assim. Eu me sentia protegida do
mundo”, disse. Pouco tempo depois, o casal decidiu dividir uma casa. No começo, tudo parecia uma maravilha. Porém, depois do primeiro tapa, uma série de agressões se repetiu. Discussões, brigas e marcas que ultrapassavam os limites físicos. O ápice da relação conturbada aconteceu em uma festa. Mais uma vez, as bebidas e as drogas estavam sendo consumidas por um grupo de amigos, que incluía Márcio e Alessandra. Depois de muitos goles e algumas tragadas, o casal decidiu ir embora de carro. “Ele estava totalmente fora de si. Estávamos seguindo pela rua a 160 quilômetros por hora. Fiquei com medo e pedi para ir devagar. Ele se irritou e começou o horror”, lembra. Conturbado, Márcio parou o carro e jogou a namorada para fora. Desceu, bateu em seu rosto e seguiu seu caminho. “Fiquei caída no meio do asfalto, e quando os carros começaram a parar para me ajudar, ele voltou e me arrastou pela rua. Estava com os pés e mãos esfolados. Não tinha mais força. Até que ele me jogou no carro e começou a dar socos em minha cabeça. Fiquei totalmente desacordada”, diz. “Fui chamada pela vizinha dele. Ela me disse que tinha escutado minha filha gritar por socorro. Quando cheguei à sala, fiquei chocada. Parecia que a Alessandra estava morta”, relembra a mãe Célia (nome fictício). Imedi-
Lei Maria da Penha: em defesa das mulheres Menina é jogada para fora do carro e agredida pelo próprio marido atamente levada ao hospital, constatou-se um quadro clínico muito grave. As lesões provocadas pela fúria do namorado causaram um traumatismo craniano encefálico, além de hematomas e ferimentos por todo o corpo. Dois dias depois de permanecer na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a decisão entre a vítima e sua família foi unânime: “Foi muito triste ter que considerar o fim da relação. Mas não tinha mais jeito. Os limites estavam ultrapassados. Procurei a polícia e fiz a denúncia”, conta Alessandra. Como Márcio fugiu do local após as agressões, não era mais possível prendê-lo em flagrante. Porém, a Delegacia da Mulher de Campo Largo, município onde Alessandra vive, deu abertura a um inquérito policial. A vida de Alessandra, no entanto, pode não ser mais a mesma dali para frente. As marcas da violência sofrida podem desaparecer, mas a tristeza e os traumas parecem persistir em seu interior. “Sei que isso pode não ser para sempre, mas fico com medo. Não durmo mais, não sorrio mais. Minha vida perdeu a graça. Jamais pensei que a pessoa que eu tanto amava pudesse causar tanto mal assim. Achava que a violência só acontecia na rua. Mas ela se torna muito pior quando acontece dentro da tua própria casa, dentro do teu lar”.
Um em cada cinco dias de falta ao trabalho no mundo é causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas próprias casas Pesquisa do Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento
A Lei nº 11.340, intitulada como a Lei Maria da Penha, foi criada em sete de agosto de 2006 para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, tal como está disposto nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. A lei cria juizados especiais para o atendimento a casos relacionados a esse tipo de violência, alterando o Código Penal e estabelecendo medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Através dessa medida é que a violência doméstica passa a ser qualificada como uma das formas de violação dos direitos humanos.
Funcionamento da lei
A Lei Maria da Penha desenvolve a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, distinguindo-a como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Além disso, tornam-se proibidas medidas pecuniárias pelo agressor, como forma de reverter sua pena. Através dessa lei, as mulheres têm acesso à proteção, caso seja necessária, e de um advogado que a defenda no processo judicial. A lei ainda garante a possibilidade da prisão em flagrante sempre que as formas de agressão forem observadas, prevendo a instauração de um inquérito policial. Outras particularidades foram adequadas para que a proteção das mulheres vítimas de agressões seja garantida. A criação de instituições públicas judiciais também é prevista para que não haja a intimidação das vítimas
Maria da Penha
A lei ganhou esse nome em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes. A profissional da área da saúde lutou pela importância de proteger a mulher da violência sofrida no ambiente doméstico e causada pelo companheiro. Em 1983, Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, enquanto dormia. Ela perdeu os movimentos das pernas e ficou presa em uma cadeira de rodas. Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa e sofreu uma série de agressões. Outra tentativa de assassinato, por eletrocução, levou a vítima a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas. Maria da Penha ficou paraplégica. Em 1984, Maria iniciava a jornada em busca de justiça. Sete anos depois, seu marido foi a júri, onde foi condenado a 15 anos de prisão. A defesa apelou da sentença e, no ano seguinte, a condenação foi anulada. Um novo julgamento foi realizado em 1996, e uma condenação de dez anos foi-lhe aplicada. Porém, Viveiros ficou preso por dois anos, em regime fechado. Foi então que o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), juntamente com a vítima Maria da Penha, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Órgão Internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação de acordos internacionais. De maneira paralela. Iniciou-se um processo de discussão através de proposta elaborada por um Consórcio de ONGs, tornando o caso de repercussão internacional. Uma reformulação, feita por um grupo de trabalho interministerial, coordenado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do Governo Federal, possibilitou o encaminhamento da proposta ao Congresso Nacional. A proposta foi transformada em Projeto de Lei e em 2006, a Lei nº 11.340 foi sancionada pelo Presidente da República.
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Camila Picheth
Anna Luiza Garbelini
Escreve sobre televisão, eventualmente, sempre às quartas-feiras cpicheth@hotmail.com
Escreve quinzenalmente sobre cinema; sempre às quartas-feiras luly_amg@msn.com
Dilvugação
Televisão
As séries e seus atiradores Nada mais angustiante que ter suas personagens favoritas presas em um local com um atirador sem piedade. Isso foi provado no episódio final da sexta temporada de Grey’s Anatomy. Foram duas horas de pura tensão, esperando quem seria a próxima vítima. Essa mesma fórmula rendeu anteriormente ótimos episódios também para ER, Cold Case, House, CSI: NY e Alias. ER – 12×22: 21 Guns O ER já havia lidado com pacientes armados, mas nada como isso. A vida de todos é colocada em risco quando prisioneiros tentam fugir do hospital, resultando em um dos melhores finais de temporada já produzidos. Uma personagem é atingida, uma sequestrada e uma necessita de um procedimento de emergência. Cold Case – 4×24: Stalker Ao investigar um caso em que uma família inteira foi assassinada, a equipe é surpreendida e tomada como refém no departamento. Lilly é colocada em uma situação delicada na tentativa de salvar os outros membros envolvidos.
Alias – 1×12/13: The Box As missões de Sydney Bristow sempre foram cheias de ação, mas suas habilidades realmente são testadas quando um grupo invade a SD-6 em busca de Sloane por vingança. Sydney precisa desviar de balas enquanto trabalha com seu pai para evitar um final trágico. O episódio por si já é ótimo, e só melhora por ter Quentin Tarantino como o vilão mor da trama. House – 5×09: Last Resort Na segunda temporada, House ficou de frente com um homem armado; e o resultado não foi muito bom. Três anos depois, ele encara novamente um paciente frustrado e tenta lidar com a situação da melhor maneira possível (na perspectiva House, claro). Dessa vez não é apenas sua vida que é ameaçada, mas também de outros pacientes e a de Thirteen. CSI: NY – 3×24: Snow Day Mac e Stella resolvem semanalmente situações de reféns, mas agora eles devem resolver a sua própria quando a sede é invadida. Embora o prédio esteja cercado por policiais, cabe a eles se unirem com Hawkes e evitar que os invasores completem seu objetivo.
Cinema
Muito gelo e muitos gêneros
Embora não tenha sido registrado e reste dúvidas sobre a sua real existência, o primeiro filme brasileiro completa 112 anos no próximo sábado, 19 de maio - data em que é comemorado o dia do cinema nacional. Desde “Vista da Baía da Guanabara”, produzido pelo italiano Alfonso Segredo, muita coisa mudou nesse cenário. Os filmes já passaram, entre outras fases, pela predominância da comédia popularesca (1930 a 1940), pela ilimitada influência norte-americana e pelo engajamento político durante a ditadura militar. Atualmente, no entanto, os longas rumam para a falta de um estilo definido, ou pelo menos inclassificável enquanto estivermos vivendo nesta época. Agora ao decidir dar uma passada no cinema, o brasileiro não precisa recorrer aos filmes estrangeiros para ter, além de qualidade, opções de todos os estilos. Policiais, dramas, comédias, romances, terror, documentários, são produzidos de forma cada vez mais alucinante e aos poucos vão conquistando lugar no mercado e no gosto do público. Como dito acima, a maioria dos filmes é facilmente classificável, e já aponta o seu estilo nos traillers e sinopses para conquistarem o expectador que aprecie cada assunto. Não é isso que acontece, no entanto, com “Muito gelo e dois dedos d’água” (2006). No trailler, o longa é descrito como “Uma louca comédia”, mas não é bem isso que acontece. Odiado e amado pela crítica o filme dirigido por Daniel Filho, escrito por Fernanda Young e Alexandre Machado, pode sim ser colocado nas estantes de comédia, mas também poderia ser posto na de drama, romance e até mesmo policial. A história, politicamente incorreta, é das irmãs Roberta (Mariana Ximenes) e Suzana (Paloma Duarte), que por terem crescido traumatizadas com a avó (Laura Cardoso) resolvem sequestra-lá para a submeterem às mesmas torturas das quais foram vítimas quando crianças. Roberta, que interpreta a ovelha negra da família e é fascinada pelo efeito
do uísque, não demonstra qualquer dúvida quando quebra um elefante de porcelana na cabeça da avó e a coloca no porta malas do carro. Junto com Suzana, sua irmã aparentemente certinha, e Renato (Ângelo Paes Leme) – rapaz que Roberta acabou de conhecer- eles levam Laura Cardoso para a praia a qual eram obrigadas a irem todas as férias. A intenção inicial era cortarem as unhas da avó com cortadores enferrujados, deixarem-na no sol bastante quente, com a mesma marca de protetor solar ruim que usavam. Apesar de executado, o plano é aos poucos deixado de lado pelas discussões de relação entre as irmãs, desenterro de mágoas passadas e por um romance que está despontando.
Atualmente, no entanto, os longas rumam para a falta de um estilo definido, ou pelo menos inclassificável enquanto estivermos vivendo nesta época Preocupado com a esposa, o pernóstico médico Francisco (Thiago Lacerda) vai atrás de Suzana e acaba passando por situações tão ridículas quanto o tamanho de sua chatice, a ponto de precisar fugir da polícia o filme todo por causa de umas pílulas confundidas com alguma droga. Além da positiva mistura de gêneros, o filme ainda surpreende ao harmonizar uma trilha sonora especial - que inclui até “Odara” de Caetano Veloso -, humor negro, e rotoscopia, processo de desenhar sobre fotogramas - presente na abertura e em cenas ao longo do filme. Essa diversidade toda é justamente o que torna o longa ímpar e condizente com a nova onda de filmes nacionais.
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Andando
com as próprias pernas
Aline Reis Qual a primeira lembrança política que lhe vem à memória? Não posso dizer que me lembre muito bem da campanha das Diretas-já em 1984. Tinha menos de seis anos. Mas a efervescência daquele momento não passou despercebida, ainda mais que a luta pela democracia impregnava todo o panorama político, social e cultural do país. Depois da campanha das Diretas, veio a eleição de Tancredo Neves a presidente no Colégio Eleitoral, o governo Sarney, o Plano Cruzado, a Constituinte e a primei-
Divulgação/ Flickr Zeca Dirceu
Pingue-pongue
Depois de acompanhar a trajetória do pai, Zeca Dirceu traça seu próprio caminho
ra eleição direta para presidente da República em 29 anos. Dessa campanha, eu, que tinha 11 anos, participei ativamente, fazendo tudo para eleger Lula.
de política. Política é claro, no sentido de uma ação voltada para atender as demandas sociais, aprofundar a democracia, promover a cidadania e a inclusão social.
Quando decidiu ser político e por quê? É difícil precisar um momento exato nessa decisão. Política eu já fazia, como disse acima, desde os 11 anos. Ser político, fazer carreira política, porém, é diferente. Tive uma grande influência de meu pai, José Dirceu, fundador e presidente do PT por muitos anos. Desde muito jovem, em Umuarama, eu já me envolvia em lutas da comunidade. Fui presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola Municipal Amaral Fontoura, candidato a vereador, chefe do escritório regional da Secretaria Estadual do Trabalho, candidato a deputado federal e secretário municipal de Indústria e Comércio em Umuarama. Em 2002, candidatei-me a deputado federal. A essa altura, evidentemente, eu já havia ligado meu destino à ativida-
Há uma descaracterização do Partido dos Trabalhadores, principalmente nas questões ideológicas - vide aliança com o PL -, como os militantes e filiados veem esse posicionamento? O Partido dos Trabalhadores tem uma trajetória de 30 anos e é inevitável que tenha havido mudanças em suas posições políticas. O PT nasceu das lutas pela democracia, contra a ditadura militar, defendendo os interesses dos trabalhadores. Esse combate teve tanto êxito que, em relativamente pouco tempo, o PT tornou-se um dos principais partidos políticos brasileiros, elegeu vereadores e deputados, conquistou prefeituras, governos estaduais e, por fim, a Presidência da República. Com essas novas responsabilidades, o PT não é mais um
partido que faz oposição: Ele governa, resolve por meio do poder de Estado muitos dos problemas que colocava antes do lado, digamos assim, “de fora”. Mas não acredito que tenha havido uma descaracterização do partido. As alianças partidárias, por exemplo, não mudaram as posições do PT. Tomo o próprio exemplo que você mencionou, da aliança com o PL em 2002, quando Lula foi eleito presidente pela primeira vez: foi uma campanha marcadamente petista. Os militantes e simpatizantes do PT entendem esse movimento, tanto é que cerram fileiras em torno do governo Lula e da candidatura de Dilma Roussef à sucessão presidencial. E mesmo com a "perda da ideologia", o PT continua arrastando militantes por todo o país, como isso se explica? Continuo com a resposta à pergunta anterior. Hoje, no governo federal, o PT cumpre basicamente seu programa histó-
rico. O governo Lula promove transformações no país, nas mais diferentes áreas: economia, democracia, distribuição de renda, programas sociais, acesso aos serviços essenciais, relações internacionais. Dessa forma, o partido continua sendo uma referência não apenas para os militantes, mas para milhões de simpatizantes em todas as regiões do país. Zeca Dirceu. Hoje, esse nome, é um dos mais influentes no Norte e Noroeste do Paraná. Mesmo sendo tão jovem, como é ser tão importante na política no interior do estado? Não sei se sou tão importante assim. O fato é que faço parte de uma geração que tem participação ativa na política e nos movimentos sociais, uma geração que, além de tudo, teve a felicidade de viver este momento da história brasileira, quando todas as possibilidades estão abertas, o país se desenvolve e o povo volta a ter esperança. É claro que, sem falsa modéstia, tenho méritos. Fui eleito prefeito de Cruzeiro do Oeste duas vezes consecutivas, em 2004 e 2008. Em ambas com a maioria dos votos. Na prefeitura, fizemos um trabalho de fôlego, gerando emprego e renda, qualificando os trabalhos, desenvolvendo a saúde pública, valorizando a educação, diversificando a economia. Esse trabalho valeume este ano o prêmio Prefeito Empreendedor, oferecido pelo Sebrae. Quais são os planos daqui para frente? Ser deputado, governador, senador... Qual a pretensão de Zeca Dirceu, em 2010? Deixei a prefeitura de Cruzeiro do Oeste para ser candidato a deputado federal. Tenho certeza de que poderei ser mais útil à minha cidade, à região Noroeste e a todo o Paraná atuando em Brasília, propondo leis, atraindo projetos e recursos. Estabeleci uma rede de contatos e amigos na capital federal, conheço os trâmites legais e burocráticos. Pretendo fazer do meu gabinete um espaço para a grande política. Antes, porém, minha campanha estará diretamente vinculada à campanha Dilma Presidente. Eleger Dilma a sucessora de Lula é minha maior aspiração em 2010.
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Curitiba, quarta-feira, 16 de junho de 2010 Divulgação
Cultura
Menu Juliana Guerra
Canadense de a alma brasileir
Lendas japonesas para crianças “Lendas Japonesas” é uma peça infantil que conta a história de um garoto em busca do próprio destino. Na caminhada, ele é acompanhado por seus gatos e um ser fantástico, que o faz mergulhar no fascinante mistério das lendas japonesas. Onde: Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, Shopping Estação) | Quanto: R$ 14 Quando: De 15 de maio a 19 de junho às 16h (aos sábados e domingos) Divulgação
Jéssica Vitória Quem não tem conhecimento a respeito da vida de Joe Roberts pode afirmar categoricamente que ele é um brasileiro nato. Mas a verdade é que este apaixonado por nosso país é um canadense com alma brasileira. O músico mora há 14 anos em São Paulo, mas já se adaptou muito bem ao calor daqui. Ele que é natural de Montreal, no Canadá, cidade em que chega a fazer 27°C abaixo de zero, foi apresentado ao nosso país graças à sua ex-mulher. Joe gostou tanto daqui que adotou o Brasil como seu lar. “Para me adequar ao país e ao modo de vida, tive que me integrar na cultura brasileira, quando fiz isso a adaptação ficou muito mais fácil”, comenta. Joe Roberts é músico renomado internacionalmente e já atravessou oceanos atrás de um bom público que estivesse disposto a ouvir o seu rock’n’roll. Em 1982, ele fez parte do grupo canadense Men Without Hats, onde teve a oportunidade de viajar por 27 países para abrir shows de bandas famosas como The Police, The Sex Pistols e The Guess Who. “Foi muito prazeroso conviver com ídolos. Após um tempo, entramos na rotina de músicos em turnê e aprendemos a nos relacionar de forma reservada para não deixar o mundo lá fora afetar o nosso dia a dia”, conta Joe. Roberts, que há 48 anos está envolvido com a música, descobriu seu talento aos cinco anos de idade tocando sanfona em Montreal. A influência veio da
família, que é composta por músicos. No entanto, o seu estilo de tocar e cantar é inspirado nos Beatles, uma das bandas que ele homenageia com seus covers. Na maioria desses eventos em que o vocalista se apresentou, milhares de pessoas o assistiam atentamente e, para ele, essa experiência é maravilhosa. “A sensação é indescritível, não tem dois shows iguais, porque toda plateia reage de modo diferente de acordo com o show”. Apesar de a banda de Joe não tocar músicas próprias, o cantor possui um repertório de mais de 200 obras que ele guarda para si, pois prefere relembrar as canções de seus grandes ídolos e alimentar o público com um estilo musical clássico e de bom gosto. “Aqui no Brasil, normalmente uma banda cover homenageia um nome conhecido do mundo do rock. Logo, percebi que o rock clássico internacional era um estilo que podia ser destinado a todos os tipos de público carentes por um estilo como o nosso”, declara apaixonadamente. A Joe Roberts and Friends não é composta apenas por ele, lógico, porém possui um estilo muito peculiar. O único integrante fixo do grupo é o canadense, o restante dos músicos muda de tempo em tempo. “A seleção é feita por meio de anúncios. Logo depois de escolhidos os melhores candidatos, fazemos alguns testes práticos para decidir o que melhor se adapta”, explica Joe, que acha o Brasil um país riquíssimo em bons músicos. “Difícil é escolher o cara certo”. No momento, os amigos do cantor que estão acompanhando-o
nos shows são Edson Benatti, Naná Magnoli e Silians Fredo Silas. O músico já é tão brasileiro que possui o calor e a característica extrovertida do povo daqui. Um dos grandes motivos por ele ter escolhido Curitiba para abrir sua série de shows pelo país é a semelhança que ele vê na nossa cidade com a sua cidade natal. “Adoro esse lugar e no meu ver Curitiba é muito organizada, coisa que me faz lembrar a minha Montreal no Canadá. Sempre fui bem recebido aqui”. Os clássicos do rock que Joe apresenta são o que há de melhor das décadas de 50 a 80, passando por Elvis, The Rolling Stones até a banda Queen, claro, sem esquecer dos Beatles, seus maiores ídolos. Ainda sobre o repertório, o canadense acrescenta: “Hotel California do grupo The Eagles e Wish You Were Here de Pink Floyd são músicas que nunca deixo de tocar nos meus shows”. Joe adianta que vai terminar sua apresentação com uma surpresa e espera que o Teatro Positivo esteja lotado, pois não há nada que o satisfaça mais. “Como todo artista que vai fazer um show, nada me dá mais prazer do que subir no palco e olhar para um lugar cheio de gente bonita e participativa”. O show internacional que leva o espectador a viajar pelo passado, mergulhando em clássicos e ídolos do rock, acontecerá na sexta-feira dia 18 de junho, às 21h. “Tenho certeza de que a plateia irá guardar para sempre uma lembrança nostálgica dos melhores e maiores tempos musicais do universo”, diz o cantor.
Peça aborda tabus com humor Um Papa no Vaticano sofre de dores nas costas e recebe ajuda de uma freira. Após descobrir que ela morou na África, onde era curandeira, ele a expulsa do Vaticano. Tempos depois, a dor volta a incomodá-lo e ele a procura, disfarçado. A peça trata com humor temas como a liberalização das drogas, o celibato, o aborto e a disseminação da aids. Onde: Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280, Centro) Quanto: R$20 | Quando: Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h.
Comédia, traição e fofoca Na comédia, Nany é dona de um salão de beleza que ficou a beira da falência depois que seu marido fugiu com todo o dinheiro e a assistente, Dália, que é um travesti. Em nome da amizade, Dália volta arrependida. Em meio à confusão, surge Geovana, que não tem para onde ir e encontra no salão um lugar perfeito para fazer de confessionário. Onde: Teatro Cultura (Praça Garibaldi, 39, Largo da Ordem) Quanto: R$20 Quando: Sexta e sábado, às 21h
Daniel Boaventura apresenta show “Songs 4 U” O ator Daniel Boaventura faz show em Curitiba nessa quinta. Depois de atuar na TV e em musicais, Daniel Boaventura decide se lançar na carreira de cantor com o disco “Songs 4 U”. No álbum, o cantor regrava grandes sucessos de Frank Sinatra, Joe Cocker, Barry White, Carly Simon e de George Michael. Onde: Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade) | Quanto: de R$ 30 a R$80 | Quando: Quinta, às 21h
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