RIO DIÁ do
Curitiba, segunda-feira, 30 de agosto de 2010 - Ano XII - Número 581 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo -
BRASI
Edição especial
redacaolona@gmail.com
Opinião
JB coloca em discussão as necessidades de mudanças no jornalismo impresso brasileiro Pág. 2 Divulgação
É hoje
Debate promovido pelo Núcleo de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da UP discute oportunidades e ameaças com o avanço da internet Pág. 3
Entrevista
Professor Sergio Czajkowski Júnior fala sobre a influência digital no mundo real Pág. 4 e 5
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2 Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa e PróReitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editoreschefes: Nathalia Cavalcante (nathalia.jornal@ gmail.com), Daniel Castro (castrolona@gmail. com.br) e Diego Henrique da Silva (ediegohenrique@ hotmail.com).
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornallaboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000
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Opinião
FIM
de um grande jornal Maria Carolina Lippi No último mês de julho, o empresário e acionista majoritário do Jornal do Brasil, Nelson Tanure, anunciou que o periódico deixará de ser veiculado em versão impressa a partir de 1º de setembro. De acordo com Tanure, foi realizada uma pesquisa com os leitores que aprovaram a ideia de manter o jornal somente pela internet, além de ser uma medida ecologicamente correta, já que milhares de árvores serão poupadas com a não-circulação em papel. Outro fator é a longa crise financeira pela qual a empresa passa há alguns anos. Reflexo dessa crise foi a extinção de outro título de peso no ano passado, a Gazeta Mercantil, pertencente ao grupo. Com o anúncio do fim do JB na versão em papel, vem à tona uma das questões que mais se estudam nos bancos acadêmicos dos cursos de jornalismo: os jornais impressos irão acabar? Pergunta incômoda, principalmente aos amantes do jornalismo de papel. Questionamentos como esse já eram feitos há algumas décadas. Nos anos 1960, muito se falava que, com o surgimento da televisão, o rádio deixaria de existir — o que não ocorreu. Não aconteceu porque, no caso do rádio, trilhou-se um novo caminho. E uma característica marcante favoreceu a permanência do rádio: a sua rapidez ainda não foi alcançada por nenhum outro meio — nem mesmo pela internet. Sob este aspecto, os impressos acabam em desvantagem. Neste ponto surge outra questão: o que é preciso para que os impressos não percam mais espaço e conquistem mais leitores? É evidente que o impresso tem menores chances de dar furo de reportagem: enquanto os outros
meios conseguem apurar o acontecimento e divulgar com rapidez, o impresso limita-se ao prazo diário de fechamento. É barrado pela dificuldade de apurar constantemente novos dados que sucedem o primeiro. O furo só é possível em casos de investigações, como a série “Diários Secretos”, divulgada pela Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre a descoberta de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Paraná. Além de investigações e publicação de matérias especiais, outra maneira de não apenas reproduzir o que já foi divulgado pelos outros meios é contextualizar. Se houve um acidente em determinada rodovia, deve-se não somente relatar os danos, mas falar sobre por que ocorrem acidentes naquele local; o número de casos; se em toda a rodovia há grande número de colisões, entre outros fatos. Exige tempo, o que nem sempre há numa redação, mas é com a captação dessas informações que podem surgir novos enfoques e grandes matérias. É necessário que as redações pensem em mudanças. Que façam seu trabalho de maneira diferente do que vem sendo feito durante décadas da mesma maneira. Os jornais não podem ir a reboque das mudanças sociais e tecnológicas que continuam ocorrendo. Que outros impressos não sigam os passos do Jornal do Brasil.
Arquivo pessoal | Sergio Fleury
É necessário que as redações pensem em mudanças. Que façam seu trabalho de maneira diferente do que vem sendo feito durante décadas da mesma maneira Redação do JB nos anos 80
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Projeto Grandes Debates discute oportunidades e ameaças da cultura digital Evento acontece hoje em dois momentos no auditório do bloco azul da Universidade Positivo Willian Bressan Acontece hoje, às 7h30 e às 19h, mais uma edição dos Grandes Debates, promovida pelos cursos do Núcleo de Ciências Humanas Sociais e Aplicadas (NCHSA), integrante do projeto “Simpósios do Conhecimento”, da Pró-Reitoria de Graduação
da Universidade Positivo. O tema desta vez é “Cultura Digital: oportunidades e ameaças”, e pretende colocar em pauta o assunto a partir da ótica do Direito, da Publicidade e Propaganda, do Jornalismo e da Pedagogia. Pela manhã, os debatedores serão Eros Berlin de Moura (mestre em Direito das Relações pela UFPR e professor da Universidade Positivo e UniBrasil), Liliamar Hoça (Pedagoga da Rede Municipal de Ensino de Curitiba) e Nilton Cezar Tridapalli (ex-professor de Literatura e coordenador
do blog Mídia e Educação, do colégio Medianeira). À noite, a mesa contará também com o professor Nilton, mas ele terá como colegas Alexsandra Marilac Belnoski (graduada pela Faculdade de Direito de Curitiba; pós-graduada com especialização em Direito Empresarial) e Luca Rischbieter (geógrafo pela UFPR, pedagogo pela Universidade Paris V e participante do Portal Educacional do Grupo Positivo). A abordagem de Luca Rischbieter será a partir da educação, área em que é especialista. “A tecnologia abre tantas possibi-
lidades que a escola pode se tornar a maior a inimiga da educação”, afirma. Já o professor Cezar, pela experiência com a literatura, falará do futuro do livro. Afinal, com a chamada cultura digital e os famosos e-books, o livro de papel estaria mesmo fadado ao desaparecimento e esquecimento? Não, para Cezar. Segundo ele, as mídias acabam se completando. “Não creio que o livro de papel acabará, mas existem bons e fortes argumentos para defender tanto o de papel quanto o digital”, diz. Para Ana Paula Mira, pro-
fessora da disciplina de “Comunicação e Cultura Digital” do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, a espera é por um equilíbrio na hora do debate. “Espero que não haja a demonização da internet como acontece atualmente ou um endeusamento, colocando-a como a salvadora de todos os problemas”, diz. Da mesma forma, espera haver a discussão do uso que se faz da internet. “Dependendo de como se usa, aí sim, ela pode se tornar uma ameaça à privacidade da pessoa”.
educação:
Tecnologia na da imaturidade à urgência Luzimary Cavalheiro Hoje, para ser cidadão no conceito pleno da palavra, “deve o ser humano aprender e apreender as formas de manipulação do digital – ser ‘info-incluído’. A educação, por ser um processo social, está intimamente ligada a essas mudanças, fazendo surgir novas formas educacionais para responder às novas demandas do mundo e, necessariamente, às exigências de um novo ser humano, o ser humano da hodiernidade”, afirma o pesquisador Glaucio José Couri Machado, em seu texto “Educação e Ciberespaço”. Com isso, o papel da tecnologia na contemporaneidade e as novas tendências para o
aprendizado têm sido discutidas em vários setores da sociedade. O otimismo da revolução digital é predominante em um mundo cada vez mais dependente de recursos tecnológicos. A pedagoga Tania Mara Fantinato, responsável pela área de Informática Educativa do Projeto Digitando o Futuro, considera que o uso de tecnologias em salas de aula aumenta muito a motivação e participação dos alunos. “Por serem ferramentas atrativas, os alunos interagem o tempo todo, deixando as atividades realizadas mais estimulantes. É a linguagem das novas gerações”, diz. No entanto, muitos professores carecem de uma alfabetização digital para que o conteúdo
pedagógico seja efetivamente proveitoso em sala de aula. A simples utilização da tecnologia sem uma reflexão tem gerado diversas críticas por parte de alguns estudiosos. “Será fundamental que, urgentemente, se organizem cursos de alfabetização digital para os professores, cursos capazes de torná-los rapidamente aptos a lidar com as tecnologias da informação e da comunicação e, por consequência, mudar também sua maneira de relacionamento com os alunos”, afirma o jornalista e pesquisador Antonio Hohlfeldt. Sala de aula O professor de radiojornalismo Luiz Witiuk acredita que o uso de notebooks em salas de
aula ainda é muito imaturo. “Quando utilizado dentro de uma didática é uma poderosa ferramenta, mas sem um direcionamento específico só causa distração”, opina. O aluno André Rosas discorda. “Uso o notebook para fazer anotações, já que tenho mais agilidade ao digitar do que ao escrever. Acho que a responsabilidade em decidir como utilizar o computador durante a aula é do aluno”, declara. Por isso, o simples uso da tecnologia não é o responsável por resolver os problemas de imaturidade na sua utilização. “É responsável a pessoa que utiliza corretamente esta tecnologia. O computador é uma ferramenta importantíssima no processo
ensino-aprendizagem, contribui para que o aluno amplie sua bagagem científica pessoal e coletiva. Favorece, e muito, a pesquisa, a interpretação, transforma-se e transforma a realidade”, comenta a pedagoga Fantinato. Onde está então o elo perdido da funcionalidade destas tecnologias tanto na educação quanto em outros setores da sociedade? Seria o tempo um fator importantíssimo para o ganho de maturidade? E a falta de reflexão no uso das tecnologias, pode representar de alguma forma perdas para a sociedade no presente e no futuro? Estes e outros questionamentos serão discutidos no debate desta segunda-feira.
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Entrevista
O bem
mal eo
As possibilidades de usar a internet como ferramenta de comunicação podem ir desde um “cartão de visita” até um “tiro pé”
na web Imagens: Divulgação
Diego Silva Procurando abordar um pouco de tudo, no que diz respeito a coisas boas e ruins para se fazer na web, é que entrevistamos o professor Sérgio Czajkowski, dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Poitivo. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas Curitiba
(UniCuritiba), Sergio também é especialista em Marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Sociologia Política pela UFPR e em Filosofia e Psicanálise, também pela UFPR. Como se não bastasse, também tem MBA em Comunicação e Marketing (FIC), é mestre em Gestão Urbana (PUCPR) e doutorando em História (UFPR). A íntegra da entrevista você confere a seguir.
A juventude está protegendo bem os seus dados na internet? O que eu vejo, hoje em dia, é que o usuário da internet tem uma postura contraditória. Se por um lado você tem um apelo muito forte à privacidade - você quer ficar na sua casa, na sua segurança - a internet possibilita a abertura dessa sua segurança para outras pessoas. O que eu noto é que, muitas vezes, essa onda do voyerismo/ exibicionismo a pessoa deixa, por exemplo, uma foto constrangedora no seu Orkut, às vezes, não só dela, mas também do seu colega. A pessoa deixa uma senha em aberto. A pessoa não dá a devida atenção para o comércio on-line. O que vejo em especial na questão da internet é que o público jovem não está 100% consciente dos ris-
PEDOFILIA A pedofilia na internet movimenta hoje milhões de dólares em todo o mundo. Pedófilos de todos os continentes encontram, na rede mundial de computadores, um campo fértil e praticamente impune para atuar – seja para satisfazer seus fetiches, ou para aliciar suas vítimas. Fonte: Campanha MS contra a pedofilia
cos que se corre com uma exposição desnecessária. Coloca uma foto sua com o seu amigo e nem sequer imagina que o seu colega não está autorizando que a imagem dele apareça lá. A comunicação na web está roubando as relações presenciais? Se por uma lado ela aproxima – você pode conhecer alguém da Nova Zelândia –, o contato diário está sendo fragilizado. Sinto isso muito. O que se nota com a pós-modernidade é a negação do espaço público. E se o espaço público, outrora, era o espaço da relação, onde as pessoas iam se encontrar para trocar experiências, hoje você percebe que tem, não só uma privatização constante do espaço público, chegando a achar que espaço público é o shopping center. Mas, com a internet, ao mesmo tempo que se c r i a e s s a s e n s a ç ã o d e p r i v a c i d a d e, ocorre distanciamento. Quer dizer, a pessoa prefere ter um relacionamento, teoricamente mais próximo via MSN ou via Orkut. Às vezes a pessoa mora há 10 ou 15 anos num prédio, mas mal sabe o nome do cara que mora em cima ou embaixo. Mas, em compensação, ela fala todos os dias com um cara que mora do outro lado do mundo. Aí é que está a contradição. Ela aproxima, por um lado, mas distancia, por outro. Como as pessoas estão aproveitando a oportunidade de se comunicar por blogs? Acredito, particularmente, que superamos a era do acesso. O Brasil – nem todo o Brasil, mas mas em especial as regiões Sul e Sudeste – superou essa barreira do acesso. As pessoas conseguem ter acesso à informação, seja através de uma lan house, do trabalho, do estágio, alguns com internet em casa. Hoje, o grande desafio do gestor é a informação de qualidade. Temos, por um lado, uma quantidade gigantesca de blogs, sites, fóruns de discussão... Entretanto, filtrar o certo do errado, o proveitoso do não proveitoso é complicado. Cito como exemplo a Wikipédia. É um instrumento superútil para o nosso aluno, mas eu falo para eles: “Não usem isso numa monografia, nem em trabalho acadêmico, porque não tem validade científica”. É fácil de acessar, mas não há como confiar na informação. Até que algum especialista no assunto vá confirmar aquela informação, ela fica lá por meses. Nada impede que eu, que sou professor de comunicação, faça uma menção a algo de biotecnologia, escreva um monte de insanidades e aquilo fique na web até que alguém que entenda diga que está errado. Quando é a hora de abandonar uma rede social? Quando a rede está trazendo mais malefícios do que benefícios para você enquanto pessoa ou para as suas relações sociais. A internet se torna um vício quando você fica tão ansioso para saber se recebeu um email que não consegue mais viver sem isso. Quando você percebe que ao ficar um dia sem usar a internet, você se sente mal, desatualizado. Não digo se afastar por completo, mas começar a rever certas práticas, determinar
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tempos. E a melhor hora para entrar? A hora que a pessoa se sentir suficientemente confortável em adentrar nesse universo virtual, imaginando que a sua privacidade vai ser colocada em risco. Ao colocar dados na web, você estará sendo invadido. Existem mecanismos que protegem a privacidade, mas nada impede que alguém tenha acesso a uma foto sua da mesma forma. A pessoa precisa ter consciência que o que é postado na web, não é mais domínio dela. Por mais que ela queira retirar essa informação, a dificuldade é muito grande. Você conhece alguma história curiosa sobre alguém que se viciou em internet? Um dos principais países em termos de ludopatia virtual (vício em jogos virtuais) é a Coreia do Sul, que é um dos principais produtores d e j o g o s e l e t r ô n i c o s . L á existem c l í n i c a s especializadas para tratar jovens que não conseguem viver sem ficar várias horas jogando. No Brasil, não soube de nenhum caso concreto, mas existem estudos clínicos demonstrando que as pessoas têm que passar por um processo de desintoxicação parecido com uma droga. A pessoa tem que se acostumar a viver sem aquele jogo, tem que reconstituir a vida dela sem precisar atrelá-la tão fortemente à rede social. O que o impressiona com relação aos seus alunos de Comunicação e Cultura Digital? Existem muitos alunos que estão usando a web de maneira inteligente, para mostrar trabalhos, publicar crônicas, ou seja, usando com princípio construtivo, como um portfólio online, que todo mundo pode acessar e é uma alavanca importante para a carreira dele. Já que a gente tem tantos comunicólogos formados por semestre no Brasil, a internet nesse caso é interessante. Se por um lado
SAÚDE O uso do computador pode prejudicar também a saúde dos olhos, e os sintomas são conhecidos pela sigla CVS (síndrome de visão de computador). Os sintomas da CVS são olhos irritados, vermelhos, coceira, olhos secos, lacrimejamento, fadiga, sensibilidade à luz, sensação de peso nas pálpebras ou da fronte, dificuldade em conseguir foco, enxaquecas, dores lombares e espasmos musculares. Muitos indivíduos que sofrem de CVS nem mesmo sabem que têm a condição. Fonte: Grupo de Pesquisas em Informática, Bacharelado em Sistemas de Informação, Sociedade Paranaense de Ensino e Informática - Faculdades SPEI
você vê isso, por outro também há exemplos negativos, como quem fica o dia inteiro no Twitter só postando amenidades, vasculhando particularidades dos outros nas redes sociais. Existem tantos os casos positivos, quanto o bisbilhoteiro virtual, cujo principal objetivo é descobrir minúcias da vida alheia. Como a internet está ajudando as pessoas a conseguir emprego? Você pode postar seu currículo em redes como a LinkedIn, que é eminentemente focada no universo de trabalho, e ir atrás de vagas. A internet facilita bastante, mas você corre o risco. Muitas empresas, inclusive instituições de ensino, ao contratar alguém, recorrem ao Orkut para conhecer um pouco mais sobre a pessoa; o que ela faz, quais as comunidades de que participa, então tem que tomar cuidado com isso. Se por um lado é bacana você mostrar determinados trabalhos que você tenha feito, também deve cuidar para não postar dados que comprometam sua vida profissional. Qual é o principal desafio pra combater a pedofilia na internet? A internet só escancarou esse problema, que sempre existiu. O que ela fez, ao facilitar o fluxo de informação, foi tornar isso mais evidente. Não vejo a internet como um mal em si, mas como um instrumento utilizado pelo pedófilo para passar informações para os outros. O combate que a polícia tem que fazer não é à internet pura e simplesmente, é ao pedófilo. Ela tem que utilizar a internet enquanto ferramenta para descobrir onde essas pessoas se localizam, mas tomando como ponto de partida que a internet é simplesmente o espaço de troca, e não culpada pela pedofilia, como muitas pessoas pensam. Qual é o grande desafio das próximas décadas quanto ao uso da internet como meio de
SEGURANÇA FINANCEIRA Mais de 90% dos "vírus" no Brasil roubam dados bancários. A informação é do especialista em segurança e fundador da Kaspersky, Eugene Kaspersky. Fonte: Macworld Brasil/ Revista PC World comunicação? O que eu vejo como grande desafio, e que vai ganhar espaço no Brasil mais cedo ou mais tarde, é o aumento das possibilidades de interatividade. Hoje se trabalha com videoconferência, ensino a distância, e vejo que mais cedo ou mais tarde vai ser possível, por exemplo, conduzir operações de web, trocar informações de maneira mais concreta, usar uma luva que possa transmitir sensações. O desafio da web é isso, trazer sensações que você tem no dia a dia para essas trocas que se dão virtualmente. Se isso vai resultar em uma sociedade melhor ou pior, a gente vai ter que perceber. Eu tenho um pouco de medo com essas novas tecnologias, as pessoas colocam cenas da sua vida cotidianas na internet, mas é o caminho que está sendo trilhado. Em poucas palavras, você pode definir o que a internet tem de melhor? E de pior? De melhor, o acesso. De pior, a invasão de privacidade. Quando as classes sociais mais pobres terão um melhor acesso à internet? Assim como com outros meios de comunicação de massa, vejo uma contínua popularização. Nos anos 80 nem se falava de internet no Brasil, nos anos 90 era uma exclusividade da classe A, depois da classe B, agora classe C, que é o grande mercado emergente. Vejo com bons olhos as políticas governamentais para facilitar o uso da internet em colégios, não colocar mais a lan house como espaço só de entretenimento, mas de busca de informações. A tendência para os próximos anos - caso não aconteça nada de muito diferente, alguma política autoritária como são os casos da China e Irã, de restringir informações - é que as classes consideradas excluídas do universo virtual, os analfabetos digitais, consigam paulatinamente se inserir.
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Em quem você confia? Fernando Mad Todo mundo sabe que ninguém confia em grandes corporações. Mas então, em quem confiamos? Basicamente em dois tipos pessoas: especialistas e pessoas como nós. Em se tratando de mídias sociais, ninguém costuma confiar muito em textos de blogs; preferem os portais oficiais. Mesmo assim, as pessoas acabam se relacionando mais intimamente com alguns blogs de interesse, seguindo e então desenvolvendo uma confiança neles. A eMarketer fez um estudo sobre este caso, chamado “O que faz uma mídia social confiável?”, demonstrando que tipo de informação e quais fontes são merecedoras de confiança:
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Olhos abertos Exposição na rede pode trazer prejuízos à privacidade dos usuários Daniel Castro
Perceba as porcentagens acima. Menos de 30% acreditam em alguma marca, produto ou companhia baseados no Twitter e cerca de 40% acreditam em postagens de blogs ou na participação de alguma comunidade virtual das empresas. No entanto, mais de 60% das pessoas confiam nos blogs ou atualização de perfis de alguém que já conheçam. O que isso significa para as empresas? Significa que elas precisam sair de trás de suas marcas e deixem seus empregados representá-las de um jeito mais humano. Deixar claro que existem pessoais reais trabalhando e que elas podem representar suas marcas ou produtos de uma maneira autêntica em lugares que importam para o seu público-alvo. A plataforma e mesmo a personalidade são uma coisa. Mas e a forma com que a interação é conduzida nas redes sociais? É mais do que “o que você faz” e “onde você está”. É sobre o valor que você dá ao seu público além das várias plataformas que você utilizar. Os participantes da pesquisa ainda responderam:
As pessoas dizem que querem uma chance de manter um diálogo, não um monólogo de sua marca e nem mesmo um lugar onde eles apenas fazem divulgação. Elas querem conversar. Afinal, é assim que pessoas reais se comunicam. Mas os dados são apenas algumas maneiras de medir a confiança. Em quem você confia e por que você confia são conceitos que somente você pode analisar e considerar.
Oportunidades de emprego e ganho de popularidade não resumem o uso das redes sociais eletrônicas e nem discutem um dos principais problemas que elas podem causar, que é a invasão de privacidade. As facilidades encontradas pelos usuários da web para se comunicar esbarram constantemente com o roubo de senhas, que podem ser passaportes para que o usuário tenha suas mensagens e dados violados. Quem possui contas em sites como Facebook, Orkut, Twitter, ou mesmo um email, certamente já ouviu algum caso sobre a ação de hackers, que com acesso à senha de alguém, invadem as páginas dessas pessoas e podem prejudicá-las mudando informações e expondo conteúdo não autorizado; tudo isso em nome de quem sofreu a invasão. Naiana Cruz é estudante de Direito e recentemente passou por essa situação. Sua conta no Orkut foi invadida e a senha modificada. Além disso, o e-mail de cadastro foi trocado, fazendo com que ela não tivesse mais acesso ao próprio perfil. Naiana já criou uma nova página no site, mas a antiga continua disponível para todos visualizarem, mesmo com as denúncias feitas pelos seus amigos para a administração da rede, argumentando que o perfil fora hackeado e tornara-se falso. Felizmente, ela não passou por grandes constrangimentos, mas o mes-
mo não acontece em todos os casos.
Prejuízos Luzimary Cavalheiro é estudante de jornalismo e há um mês teve o seu e-mail pessoal hackeado. Como ele era vinculado à conta de trabalho, o invasor teve acesso aos seus dados profissionais, o que lhe causou grande prejuízo. “O meu material de faculdade e os contatos profissionais estavam todos no e-mail. Precisava dar respostas para os clientes e não tinha mais o contato, porque não havia nada impresso”, conta. Além de estudar, Luzimary possui um sebo que atende virtualmente. Portanto, ela não pode filtrar contatos em redes de mensagens instantâneas como o MSN, e precisa adicionar todos os possíveis clientes no programa. No dia em que teve as suas contas violadas, a estudante recebeu uma mensagem irônica de um desconhecido, que afirmou que faria as vendas do sebo aumentar. Apesar da perda parecer insignificante, para muitas pessoas pode representar uma grande baixa no que diz respeito ao trabalho. “Nesse momento você começa a dar valor a tudo o que você tem no e-mail. Eu pensava que não era nada, mas fiquei muito frustrada por perder os contatos. Agora eu vejo que poderia estar recebendo muitas informações que não recebo”, lamenta Luzimary.
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Exposição destaca
50 anos de TV
no Paraná
Memória, imagens, história: televisão e inovação contada há meio século no Paraná Tálita Rasoto Retratos dos avanços e das mazelas do povo brasileiro figuram nos meios de comunicação desde que o homem, em um anseio por interação social e ligação com o mundo, descobriu que a tecnologia seria aliada e benéfica para a sociedade. Na prática, a televisão no Brasil surgiu neste contexto e participou da modernização do país, que nos anos de 1950 assistia a conflitos em que a inteligência prevalecia sobre a força, como na Guerra Fria. Relembrar os momentos em que a TV no Paraná dava os primeiros passos em busca de espaço no cenário nacional é um bom motivo para uma exposição. Ainda mais quando se fala de uma “senhora” de 50 anos de existên-
cia. O glamour do rádio nos anos 1930 deu espaço, importância e impacto à televisão duas décadas depois, quando as primeiras transmissões foram feitas no país através de um aparelho chamado iconoscópio. No Paraná, ela chegou em 1960. É sobre essa história que o Museu de Imagem e do Som, com colaboração da Secretaria de Estado da Cultura, expõe algumas peças utilizadas nas antigas transmissões. Além do contato com equipamentos antigos, o público pode observar imagens da época e textos explicativos sobre as fases da TV no Estado. Os nomes importantes que formaram as primeiras emissoras também são lembrados na exposição, com fotos dos principais programas veiculados a partir dos
anos 1960. O caminho para conseguir a concessão para a primeira transmissão no Paraná não foi muito fácil. Nagib Chede, proprietário da Rádio Emissora Paranaense, valeu-se da influência que tinha com o governador Moysés Lupion, em 1958, além de alguns contatos com empresários dispostos a impulsionar os próprios negócios e, então, em outubro de 1960, inaugurou-se a TV Paranaense Canal 12. Acontecia a partir desse ano a tão sonhada transmissão televisiva hegemonicamente paranaense. Se essa história rendeu todo o investimento e esforço de Chede, alguns ilustres conhecidos da telinha na época podem contar. É o caso de Osires Haddad que, aos 68 anos, relembra o tempo em que era apre-
sentadora de um programa de auditório infantil chamado “Floresta Encantada”, no antigo Canal 12, em 1961. Ela interpretava uma coelhinha que contava histórias, fazia gincanas e conversava com o público e com o telespectador sobre escola e tudo o que cercava o universo infantil. Para a antiga apresentadora e garota-propaganda de alguns produtos, o “Paraná é muito tímido em relação à televisão”, mas Osires sabe o quanto era divertido e encantador o mundo por trás da telinha. Naquele mundo de inovações nas tecnologias e produções, o resultado quase sempre era inesperado. Quem figurava os programas sentia o ritmo das transmissões ao vivo, muitas vezes com o público presente. Ape-
sar de todo esse fascínio, as pressões eram inúmeras e em alguns programas uma constante ameaça, principalmente quando ficavam evidentes as pequenas falhas, que eram imediatamente visíveis. Depois do videoteipe, a televisão revolucionou-se e aquele friozinho na barriga de antes deu lugar a uma TV comercial, com formato padronizado pelas emissoras. As novas tecnologias também contribuíram para que a TV ficasse mais atraente e interativa. Serviço Onde: Ébano Pereira, 240 Horário: De segunda à sexta, das 9 horas às 18 horas. Entrada franca. A exposição vai até 15 de outubro.
No Brasil 1950 – Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi Difusora de São Paulo. 1953 - Entra ao ar o telejornal Repórter Esso. 1965 - Estreia o Programa Silvio Santos, exibido pela TV Globo. 1967 - A Rede Bandeirantes é fundada por João Saad. 1968 – Morre Assis Chateaubriand.
Os equipamentos transformavam em imagem tudo aquilo que estava apenas na imaginação das pessoas
No Paraná 1954 – Uma multidão aglomera-se diante do Edifício Moreira Garcez, no centro de Curitiba para ver dois receptores. 1960 - Inaugurada a TV Paranaense Canal 12. 1965 - A TV Paranaense começa a utilizar o videotape. 1967 - Inaugurada a TV Iguaçu, canal 4, primeira emissora a ser projetada especialmente para ser uma geradora de televisão. 1968 – TV Paranaense exibe a programação da Rede Globo, do Rio de Janeiro e começa a perder telespectadores para as novelas da TV Excelsior.
Encanto e memória de Osires Haddad ao estrelar um dos primeiros programas da TV no Paraná
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Adrenalina Adrenalina high high tech tech
Dicas de
Livros
Da Redação
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Ética, jornalismo e nova mídia: uma moral provisória, de Caio Túlio Costa (Zahar, 290 páginas) O avanço da internet trouxe um importante impacto na indústria da mídia no mundo todo. Desde o início dos anos 2000, tem havido diminuição do poder do jornalismo impresso, que tem sofrido com a diminuição das tiragens e a redução das receitas publicitárias. Considerados desde o início da modernidade como os pilares da democracia e da esfera pública, os jornais estão perdendo espaço para o entretenimento. Diante desse cenário, a pergunta é: em que medida a nova mídia é realmente democrática? Até que ponto o enfraquecimento dos veículos tradicionais não prejudica a ética da informação? Baseando-se em autores como os sociólogos Zygmunt Bauman e Octavio Ianni, o jornalista Caio Túlio Costa faz uma ampla discussão sobre a questão da ética em seu livro.
Os meios de comunicação como extensões do homem, de Marshall McLuhan (Cultrix, 408 páginas) Publicado no meio acadêmico anglo-americano na década de 1960, este livro olha os avanços tecnológicos de uma maneira otimista. Para McLuhan, os progressos realizados no âmbito da mídia — a invenção do rádio, da televisão e do computador — tiveram um impacto tão positivo que foram capazes de expandir a sensibilidade do ser humano. A maior crítica que se faz às teorias de McLuhan é a sua falta de visão crítica sobre os meios de comunicação. Mesmo assim, algumas teorias suas têm sido retomadas pelos pesquisadores, como a relação escrita-oralidade e a aldeia global.
Dialética do esclarecimento, de Max Horkheimer e Theodor Adorno (Zahar, 256 páginas) Este ensaio filosófico, lançado nos Estados Unidos logo depois da Segunda Guerra, escrito por dois intelectuais judeus refugiados na América, denuncia o uso ideológico dos meios de comunicação de massa pelos regimes totalitários. Para os autores, o projeto da modernidade — que surgiu com o Iluminismo, no século XVIII — entrou em colapso no início do século XX, com a ascensão da indústria cultural e do controle do conhecimento a partir de um viés utilitário e técnico. Para esses pensadores, a indústria cultural — tão louvada por McLuhan — está a serviço do capital e dos regimes totalitários.
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te do plano. Jobson passa pelo teste, e uma nova oferta, de Shear, fez com que o hacker entrasse de vez na jogada. Ele, agora, poderia faturar 10 milhões de dólares. Shear apostava em Jobson, pois para ele nada era impossível. A partir desse momento, ele mergulha novamente no espaço onde se manteve afastado. O seu novo desafio era descobrir o funcionamento do sistema de um banco, e tomar posse de uma quantia milionária. Swordfish é a senha para este novo desafio; o único meio de entrar na rede de computadores do alvo. No mundo paralelo de Shear, tudo é atraente. A facilidade é o carro-chefe. Mas, por ser um universo em que a clandestinidade é vigente, cada dia é uma nova vida. Sobreviver pode ser uma vitória, pois os valores em dinheiro aumentam com o perigo. Jobson deixa o trailer onde morava e sai rumo às facilidades proporcionadas pelo ciberespaço. O hacker sente-se à vontade por voltar a fazer aquilo que realmente sabe. Computadores de alta tecnologia e telas, em que códigos são os principais meios para se chegar a resultados satisfatórios, fazem parte da realidade dessa personagem. Porém, no decorrer da trama Jobson percebe que a adrenalina high tech, nem sempre, é a melhor opção. O longa, de 2001, apresenta em 99 minutos, um enredo envolvente regado a ação, suspense e tecnologia. O diretor Dominic Sena aposta em cenas marcadas pelo inesperado.
O destino do jornal, de Lourival Sant’Anna (Record, 276 páginas) Quais foram os impactos dos avanços das novas mídias nos jornais brasileiros tradicionais nos últimos anos? Para responder a esta pergunta, o jornalista Lourival Sant’Anna entrevistou diretores de dois importantes veículos impressos brasileiros — Otavio Frias Filhos, da Folha de S. Paulo; Rodolfo Fernandes, de O Globo — e de laboratórios de mídia na Espanha (Ramón Salavería) e nos Estados Unidos (Nicholas Negroponte). Embora o autor retrate um cenário pouco favorável às mídias tradicionais, os entrevistados revelam que as grandes empresas estão investindo na integração dos veículos para sobreviverem e essa estratégia tem garantido bons resultados.
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Nathalia Cavalcante É possível imaginar que haveria a possibilidade de um homem ser obrigado a manter distância de lojas de aparelhos eletrônicos? A probabilidade de encontrar casos como esse aumentaria, se ocorresse nas telonas. E, se esse empecilho é o resultado de descobertas realizadas nas operações tecnológicas do FBI, a situação pode piorar. O mundo digital fez com que o hacker Stanley Jobson, personagem de Hugh Jackman, em A senha -Swordfish, se tornasse refém deste meio. Envolvendo ação e tecnologia, o filme revela que a era ciber pode ser perigosa. Em um cenário que envolve ambição e anseio de retomar a guarda da filha, Jobson entra em um jogo, em que a vantagem sobre os outros e o dinheiro imperam. Mesmo com a proibição imposta, o hacker não encontra outra alternativa, e aceita conversar com Gabriel Shear, vivido por John Travolta. O pedido foi realizado por intermédio de Ginger, a misteriosa cúmplice de Shear, que Halle Berry interpreta. Ela oferece a Jobson, 100 mil dólares somente para ele ficar por dentro do que se trata, e mesmo não entrando no jogo, levaria as notas. A tentadora proposta não deu escolhas para o mestre da computação, e assim, o espião o atraiu para seu mundo. No encontro inusitado, Jobson foi obrigado a demonstrar as suas aptidões com as senhas. Shear mostraria que ele não poderia recusar, e deveria fazer par-
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Tecnologia e perigo do mundo paralelo