RIO DIÁ do
Curitiba, terça-feira, 14 de setembro de 2010 - Ano XII - Número 588 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Yasmin Taketani
L BRASI
redacaolona@gmail.com
Turismo
As opções turísticas de Colombo Pág. 5
Terceira Idade
Disque Idoso recebe denúncias contra maus-tratos Pág. 4
Opinião
Articulista questiona mudança nos hábitos de crianças
Começa a Semana Literária
Pág. 4
Saúde
“Leitura e cotidiano“ é o tema da edição neste ano Pág. 3
Previna-se da tuberculose Pág. 7
2 Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa e PróReitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editoreschefes: Daniel Castro (castrolona@gmail. com.br), Diego Henrique da Silva (ediegohenrique @hotmail.com) e Nathalia Cavalcante (nathalia. jornal@gmail.com) .
Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornallaboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000
Curitiba, terça-feira, 14 de setembro de 2010
Opinião
Infân cia p erdid a
O direito da escolha Paola Rodrigues A cidadania, traduzida em palavras, são os direitos constitucionais dados às pessoas, inclusive de participar da política. Esse exercício pode se dar através do voto direto ou indireto. As pessoas podem intervir no governo da cidade em que vivem. Para isso, não existe distinção de sexo, raça ou religião. Todos têm direito ao voto e de participar das eleições. Neste ano, serão eleitos alguns representantes, entre eles o considerado “mais importante”: o presidente da República, que o cidadão escolhe dentro dos critérios que considera mais importante. Se vivemos numa república democrática em que todos têm o direito de votar e de participar, trabalhando nas eleições, onde entra a obrigação, com o exercício da cidadania? Algum tempo atrás algumas pessoas eram privadas de votar. Só podiam os intelectualmente favorecidos ou os que detinham mais posses — homens brancos que participavam de forma ativa da política. Isso, claro, em outra época. Hoje, chegou o tempo em que todos têm esse direito. Direito esse que virou obrigação. É obrigatória essa parte da cidadania, tem que votar mesmo que não queira e, ainda pior, trabalhar nas eleições, independente da disposição. Alguém que foi convocado uma vez para ser mesário provavelmente será convocado de novo, isso porque, segundo o TRE, a pessoa “já tem experiência”. O que não procede, já que tem que ser feito um “curso” para poder ser mesário. Poucos são aqueles que sentem prazer nesse exercício; muitos tentam burlar, dar um jeito de não ir. Mas é uma convocação. Caso o cidadão não compareça, e não apresente justificativa no prazo legal, sofrerá penalidades. A falta é considerada crime de desobediência; o cidadão é sujeito a processo e multa arbitrada pelo juiz eleitoral. Se é “obrigatório”, o trabalho e o voto, por que não é dado um poder maior ao povo nas decisões que são tomadas “lá em cima”, e que vão recair sobre ele? Por que não se podem votar outras leis? Os salários daqueles que representam o cidadão, por exemplo? Claro que isso, de forma instruída e com os devidos porquês, um deputado ganha em torno de R$ 27 mil por mês. Enquanto que o contribuinte ganha um salário mínimo de R$ 510 ao mês. Uma maior participação popular nesses horas faria a diferença. Não fosse tão difícil a tarefa de ser mesário, e o voto obrigatório não fosse visto dessa forma tão pesada, poderia ser um prazer trabalhar nas eleições.
Jeferson Leandro Nunes Sempre me pergunto: será que um dia teremos novamente crianças “normais”? Não me refiro à questão de saúde, penso sim na questão da mudança de cultura. Quando é que veremos novamente meninos se divertindo com as bolinhas de gude, famosas para os mais antigos como “búlicas”? Quando será que poderemos nos divertir com as disputas de “bafo” com figurinhas, ou aquelas rodas em torno das partidas de “tazo”? Na minha cabeça passam memórias de uma infância que jamais retornará, e olha que ainda tenho 19 anos. Por qual razão mudamos tão repentinamente? O máximo que consigo enxergar de promissor nessas “novas crianças” é a vontade de ficarem ricas, mas como, se nem estudar eles querem? Ah!, que saudade daquele tempo em que ficávamos horas mexendo na terra, desenhando e arquitetando as pistas para as corridas de tampinha de garrafas, muitas vezes para nos divertirmos uma meia-hora e olhe lá, pois a noite caía e as mães se preocupavam mais com os perigos da rua. Meu Deus, será que estou pensando como um velho? Será que na realidade o mundo está melhor assim, com as crianças trancadas em um quarto com apenas uma, ou duas telas em sua frente? E que só saem para ir à escola ou ao clube com seus pais? Onde estão os meninos de pés descalços que passavam horas no campinho de terra batida jogando bola, sem sequer preocupar-se com a repreensão feita pelas mães devido à roupa encardida? Onde está a alegria de ser criança? Perdeu-se? Alguém escondeu? Ver meninos de 12 ou 13 anos portando armas, sem que estas sejam de brinquedos, meninas que ainda nem viveram sua infância com barrigas enormes carregando outras crianças em seu ventre ainda mal-formado, parece que isso sim passou a ser brincadeira de criança, mas o velho aqui deve estar cego, pois não consegue enxergar graça alguma nessas “peraltices”. Divulgação
Divulgação
Quando será que poderemos nos divertir com as disputas de “bafo” com figurinhas, ou aquelas rodas em torno das partidas de “tazo”?
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Literatura para
todos
Semana Literária do Sesc Paraná já começou e segue até o dia 19 com programação gratuita e para todos os gostos
Yasmin Taketani Com o tema leitura e o cotidiano, a 29 ª Semana Literária do Sesc Paraná, no Paço da Liberdade, busca celebrar a literatura e aproximar o público desse universo através de uma programação inteiramente gratuita. A abertura, nesta segunda-feira, contou com a presença da escritora Lya Luft, que falou sobre sua experiência com os livros. Até o dia 19, curitibanos e paranaenses de outros municípios que abrigam o Sesc poderão aproveitar a vasta programação com curadoria do escritor, jornalista e crítico literário José Castello. No caso da capital, o Paço da Liberdade apresenta estandes de livros, mesas-redondas, conferências, oficinas, sessões de cinema, lançamento de livros, peças de teatro e programação infantil. Élisson de Souza e Silva, coordenador da Semana Literária, explica que o objetivo do evento, por estar localizado no centro da cidade, é “interferir no cotidiano das pessoas”. As mesas-redondas são realizadas sempre às 9h30 e 19h30, dentro da Sala de Atos. Porém, é recomendável retirar os ingressos com antecedência (eles estão disponíveis um dia antes da sessão correspondente). O evento conta, também, com telão em uma tenda montada na Praça José Borges de Macedo, próxima ao Paço. As outras atividades têm horários diversos. Além de Joca Reiners Terron e Raimundo Carrero, que conversam com o público hoje pela manhã, as mesas trazem autores como João Paulo Cuenca, Sérgio Sant’Anna e Humberto Werneck. Cada uma delas se propõe a discutir uma pequena parcela da literatura e cotidiano: “A
Yasmin Taketani
formação do leitor”, “O espaço da leitura no dia a dia”, entre outras, tratam do presente, passado e futuro da literatura, e, claro, do leitor. Afinal, um aspecto preocupante, atualmente, é a baixa frequência de leitura entre os jovens. Porém, para provar que o hábito da leitura favorece o enriquecimento intelectual, Daniele Cristina da Silva, que também trabalha no comércio da região, conta que lê bastante por causa da faculdade. “É bom sempre estar bem informado, ler alguma coisa diferen-
te para dirigir a cabeça para outro lado, porque a gente anda tão ocupado com trabalho... Então dá uma aliviada”, explica. Rosa Aparecida Baron, comerciante na Rua das Flores, não tem esse hábito. Mas sua filha é exceção entre a nova geração, e tem como brinquedo preferido o livro. “Tenho que trazer minha filha porque ela está louquinha para vir aqui. Ela ama ler”, lembra. Fátima Aparecida, vendedora de uma loja de roupas na Praça
Generoso Marques, afirma não ler nenhum livro durante o ano, por falta de tempo. Mesmo assim, acredita que a iniciativa irá incentivar a leitura. “Sempre favorece bastante”, reforça. Apesar da correria do dia a dia, a Semana Literária promete diminuir o passo dos transeuntes e fazer-se notar, mesmo em meio a toda propaganda política da região da Praça Generoso Marques. Yasmin Taketani
Hoje, quem passar pelo espaço da Semana Literária Sesc Paraná poderá acompanhar a mesa redonda que acontecerá às 9h30 e discutirá as possibilidades da formação de leitores, bem como a aproximação dos jovens da literatura. A mesa contará com a participação do escritor Raimundo Carrero, conhecido por suas ficções experimentais. Além dele, também estará presente o escritor Joca Terron. O encontro será mediado por Luis Henrique Pellanda, colunista do jornal literário Rascunho. Às 19h30 é a vez da discussão sobre a leitura na modernidade. A velocidade da informação e falta de tempo para leituras mais complexas serão discutidas pela escritora Tatiana Salem Levy e pelo escritor Altair Martins. A mediação fica por conta de Flávio Stein, pesquisador das teorias da leitura.
Semana Literária do Sesc PR Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189) Contato: 3234-4200 Entrada gratuita A programação completa está disponível no site sescpr.com.br
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O Globo / Divulgação
Maus-tratos a idosos
Qual será a melhor
idade? Carla Rocha No Brasil, todo cidadão com idade superior a 60 anos é considerado idoso e passa a fazer parte de uma parcela da população que aumenta anualmente: a terceira idade. Em Curitiba, nota-se o reflexo dessa realidade. De acordo com dados do censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem hoje na capital paranaense cerca de 150 mil idosos, que representam 8,5 % da população curitibana. A população idosa que mais cresce no mundo é a do Brasil. De acordo com o IBGE, existem mais de 20 milhões
de idosos no país e segundo estimativas do Conselho Nacional, cerca de 100 mil deles vivem em asilos. O crescimento do número de pessoas com mais de 60 anos implica uma série de adequações pertinentes, implementadas ao longo dos anos, em questões pontuais, desde o ponto de vista legal até o social. O dia do idoso comemorado internacionalmente em 1º de outubro, é um exemplo. As comemorações são marcadas por inúmeras atividades em quase todo o país. No Paraná, desde 2003 acontece a Mobilização Paranaense sobre Envelhecimento (Move). São ações promovidas na última semana do
mês de setembro com intuito de conscientizar a população quanto ao respeito à pessoa idosa. Trata-se de atividades recreativas, culturais e educativas, de acordo com informações presentes no sítio do Governo do Estado, acontecem em todos os municípios paranaenses. São almoços de confraternização, bailes comemorativos e matinês dançantes, cafés da manhã, caminhadas, campanhas de saúde, cerimônias religiosa, ciclos de palestras, concursos de beleza, jogos, oficinas, passeios e sessões culturais, tudo adequado à condição social de cada localidade. Outra ação que beneficia
Divulgação
Tipos de denúncias mais comuns
essa faixa etária é a Lei nº 10741, de 1º de outubro de 2003, denominada Estatuto do Idoso que, embora tenha tramitado sete anos pelo Congresso até ser aprovado, mostra-se mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, vigente desde 1994. O Estatuto prevê penas severas para aqueles que desrespeitarem esses cidadãos. Os principais pontos abordados pelo documento são questões sobre saúde, transporte coletivo, violência e abandono, entidades de atendimento ao idoso, lazer, cultura e esporte, trabalho e habitação. No entanto, está nítido que nem as políticas para o idoso nem o Estatuto estão sendo cumpridos. Frequentemente, a mídia divulga os casos de maus tratos a idosos. Espancamento, falta de higiene, falta de comida, rou-
bo, falta de paciência e falta de amor, são as principais ocorrências relatadas, sem contar as que ainda não foram descobertas. A maneira mais rápida e eficaz de acabar com os maus-tratos é a denúncia. No Paraná o Disque Idoso tem uma atuação importante, e serve de referência nacional. Trata-se de um serviço telefônico prestado pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP), ligado a um banco de dados a disposição da população para prestar informações, orientações e fazer encaminhamentos das reclamações e denúncias. De acordo com dados da própria Secretaria, o total de situações atendidas pelo Disque Idoso Paraná no período de outubro de 2003 a maio de 2010 foi de 22 mil situações, sendo 9 mil delas denúncias.
Serviço O Disque Idoso do Paraná atende gratuitamente de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h00 e das 13h30 às 17h30. Telefone: 0800 – 410001 Divulgação
1) Agressões verbais, psicológicas, físicas e por uso de substâncias psicoativas - 36,5%; 2) Negligência/ Abandono - 27,5%; 3) Apropriação indébita - 16%; 4) Abuso/desrespeito/ discriminação - 6%; 5) Cárcere privado - 6%; 6) Vulnerabilidade socioeconômica - 3%; 7) Ameaça de morte 2,9%; 8) Invasão de propriedade - 2,3%. Câmeras escondidas são alguns dos meios de constatação e denúncia dos mau tratos a idosos
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Turismo Gilson Camargo/ Divulgação
Um pedaço da
Itália
Museu Municipal Cristoforo Colombo Carla Rocha Em época de férias, mas de dinheiro curto, as viagens dos sonhos ficam adiadas. Felizmente, no entorno de Curitiba, nas cidades da região metropolitana, há muita opção de lazer e turismo de boa qualidade. Exemplo disso são atrações encontradas no município de Colombo. Povoado em sua grande maioria por imigrantes italianos, e situado ao norte de Curitiba, Colombo proporciona aos visitantes lazer, des-
canso, aventura, boa alimentação e uma série de produtos artesanais de boa qualidade. Arrisca-se dizer que a cidade é um pedacinho da Itália localizado há 17 km de Curitiba. Sua principal atração é o Circuito Italiano de Turismo Rural – primeiro produto turístico a agrupar atrativos e serviços –, o qual proporciona aos visitantes opções que extrapolam o turismo rural, variando entre as modalidades de turismo cultural, gastronômico e eco-
Colombo, uma das principais cidades da Região Metropolitana de Curitiba, atrai visitantes em passeio à italiana
lógico, em áreas naturais. O Circuito Italiano reúne os principais atrativos da cidade, evidencia as propriedades rurais, os empreendimentos gastronômicos e de hotelaria, e valoriza as belezas naturais. O roteiro é composto por 54 pontos turísticos, contempla várias atividades, unindo atrativos e serviços. Logo ao entrar na cidade, por qualquer um dos pontos de acesso, o turista já pode imaginar que está percorrendo um pedaço da Itália. A cultura dos imigrantes é mantida com muito vigor, Divulgação
Memorial Italiano | Colombo (PR)
demonstrado na fachada das residências de estilo colonial, os canteiros, o cultivo da terra, os objetos de cultura italiana e a nomenclatura de lojas, restaurantes e a maioria dos pontos de comércio. Nos postes de iluminação pública da principal via de acesso observam-se as cores branca, vermelha e verde pintada uma sobre a outra no sentido horizontal, representando a bandeira da Itália. A criatividade anda em alta por lá. A maioria dos proprietários é descendente de imigrantes. Chácaras, hotéis, restaurantes, vinícolas e outros empreendimentos que formam o Circuito Italiano, e mantém, além das características físicas, o sotaque típico da região de Vêneto. São receptivos, hospitaleiros, gostam de mostrar suas artes, suas produções, seus conhecimentos e dispensam ao visitante toda a atenção, respondem às perguntas oferecem produtos para degustação e contam suas mais antigas estórias. Os produtos cultivados nas propriedades rurais transformam-se em doces, geleias e conservas, além de serem consumidos in natura. Outra especialidade da população colombense é a fabricação de vinhos, espumantes e destilados de uva, disponíveis em vinícolas e adegas. Os restaurantes oferecem, além
das comidas típicas italianas, atividades com forte tendência italiana, fazendo com que os turistas interajam com a cultura da Itália, aprendam sobre ela e apreciem a gastronomia do país europeu. Um fator predominante da população é a religiosidade, demonstrada pelo grande número de igrejas, que em datas comemorativas ficam repletas de fiéis. Mas o principal ponto turístico é a Gruta do Bacaetava, que fica a 12 Km do centro de Colombo e oferece um contato direto com a natureza. Com uma população de aproximadamente 240 mil habitantes, Colombo é uma das cidades que mais cresceu na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), nos últimos anos. A taxa de urbanização da cidade excede os 90% e seu índice de desenvolvimento humano (IDH) surpreende com mais de 80%. Colombo não merece destaque apenas no turismo. A cidade também se destaca no nível de escolaridade da população, há uma Instituição de Ensino Superior instalada no município. Colombo oferece atrações turísticas de qualidade, preço acessível e bem pertinho de Curitiba. Vale a pena conferir! Serviço Secretaria Municipal de Turismo de Colombo turismo@colombo.pr.gov.br. Fone: 3656-6600
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Larissa Coutinho Beffa
Mateus Chequim
Escreve quinzenalmente sobre anos 70, sempre às terças-feiras larissa_beffa@hotmail.com
Escreve quinzenalmente sobre música, às sextas-feiras mchequim@yahoo.com.br
Anos 70
Defenestrando
Dançar para esquecer Não é possível falar dos anos 70 sem citar o ícone cinematográfico “Os Embalos de Sábado à Noite” (Saturday Night Fever, 1977). O filme, que pode ser considerado um verdadeiro guia para quem não viveu a época, mostra não só o universo de um jovem dos anos 70, mas tudo o que há de errado nele. Este universo é representado por John Travolta, que dá vida a Tony Manero, vendedor de uma loja de tintas e dançarino nas horas vagas. É através dele que nos situamos na época, em que Farrah Fawcett era símbolo sexual com o seu inocente pôster em um maiô vermelho. A ação ficava por conta de Bruce Lee; o mito das artes marciais era um herói na parede de todo garoto. As pistas eram dominadas por Tony Manero, que esperava ansiosamente os fins de semana para ir à discoteca, onde se sentia respeitado e admirado, pois ele poderia fazer sua especialidade: dançar. A dança e as músicas marcaram esta fase. Logo, a trilha sonora traz os melhores da disco music: Bee Gees, Kool & The Gang, KC and The Sunshine Band e The Trammps. Abrindo com “Stayin’ Alive”, as músicas ficam cada vez mais empolgantes, principalmente com as energéticas coreografias de Travolta. Depois do lançamento do filme várias pessoas entraram em aulas de dança, como mostra o documentário “Behind The Music: Saturday Night Fever”, presente no DVD do filme. Mas não se engane com Tony
O suposto regresso da indústria musical brasileira
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Manero. Mesmo com a dança e alegria, ele é sombrio, violento, machista e leva uma vida dura. Tal personagem só poderia ser interpretado por John, que perdeu sua namorada durante as gravações. Diana Hyland tinha câncer e foi quem o incentivou a aceitar o papel. Segundo o diretor John Badham, ele era o único que realmente entendia o personagem. Devido à segurança de Travolta com sua personagem, o ator pôde mostrar o outro lado de Manero, pois para intensificar o enredo, entre uma dança e outra, uma mulher com uma nova visão da vida aparece e o confunde, com relação ao seu futuro. Pela primeira vez ele abre seus olhos para abusos, hipocrisia e preconceito, que estão à sua volta. Infelizmente, essa realidade não é muito diferente da dos dias atuais como: drogas, sexo irresponsável e violência. Os cortes de cabelo, as roupas e as músicas podem ser outras, mas o mundo ainda é o mesmo. Dançar para esquecer os problemas é uma solução temporária, como já nos ensina Tony Manero. Tudo se resume a “Stayin Alive”, no final das contas.
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Quem gosta de boa música deve ter percebido como é difícil escutar rádio hoje em dia. Certamente, isso se deve ao fato de que as rádios mais populares são abastecidas pelas grandes gravadoras que fazem parte da indústria cultural da música atual. Convenhamos que falar sobre a influência da internet no mercado fonográfico, seja o brasileiro ou internacional, chega a ser algo meio batido. Não apenas em se tratando da indústria musical, mas discorrer sobre a influência da internet em qualquer assunto ou área não me parece muito inovador. Há, porém, certos questionamentos que fogem um pouco desse senso comum sobre o advento da internet que são interessantes de serem feitos. Sei que ao mesmo tempo que essas bandas recentes fornecidas a nós pelas grandes gravadoras e Ricks Bonadios da vida conquistam muitos fãs e atraem também uma série de críticos, como eu. As acusações são diversas, e vão de baixa qualidade musical até o forte apelo visual, passando ainda pelas letras vagas e pouco cultas. Se voltarmos não muitos anos no tempo, veríamos nas prateleiras das lojas de discos, CDs de bandas como Capital Inicial, Barão Vermelho e Legião Urbana, nos lugares hoje ocupados por Nx Zero, Fresno e Pitty. O que há de comum entre todas essas bandas é que todas têm ou tiveram contratos com grandes gravadoras. Podemos olhar para essas diferentes gerações da indústria fonográfica brasileira e dizer que ela ficou pior com o passar dos anos. Porém, dizemos isso pois, hoje, na internet temos acesso a um cenário alternativo musical que nos permite comparar esses dois movimentos: o das grandes gravadoras e o independente. Há muita indignação ao perceber que muitas vezes quem chega ao topo das paradas de sucesso, hoje em dia, não são aqueles que representam o que há de melhor na música. É claro, hoje há modos de fazer essa comparação. Mas e antes da internet, como se fazia essa comparação? No máximo, frequentando os shows independentes que aconteciam pelos cantos do país, o que era um tanto limitado. Desconhecendo o cenário alternativo da época, quem garante que o Barão representava o que de melhor acontecia na década de 80? Qual era o referencial? É justamente por conta dessa referência única que glorificamos o passado e vemos com estranhe-
za o presente. Diz-se muito que a internet trouxe uma democratização maior da informação, e acho que isso se aplica muito bem a esse tema. Hoje temos diversos movimentos acontecendo simultaneamente, seja fora ou dentro da indústria cultural. Hoje temos liberdade de escolha.fonográfica brasileira e dizer que ela ficou pior com o passar dos anos. Porém, dizemos isso pois, hoje, na internet temos acesso a um cenário alternativo musical que nos permite comparar esses dois movimentos: o das grandes gravadoras e o independente. Há muita indignação ao perceber que muitas vezes quem chega ao topo das paradas de sucesso, hoje em dia, não são aqueles que representam o que há de melhor na música. É claro, hoje há modos de fazer essa comparação. Mas e antes da internet, como se fazia essa comparação? No máximo, frequentando os shows independentes que aconteciam pelos cantos do país, o que era um tanto limitado. Desconhecendo o cenário alternativo da época, quem garante que o Barão representava o que de melhor acontecia na década de 80? Qual era o referencial? É justamente por conta dessa referência única que glorificamos o passado e vemos com estranheza o presente. Diz-se muito que a internet trouxe uma democratização maior da informação, e acho que isso se aplica muito bem a esse tema. Hoje temos diversos movimentos acontecendo simultaneamente, seja fora ou dentro da indústria cultural. Hoje temos liberdade de escolha.
Se voltarmos não muitos anos no tempo, veríamos nas prateleiras das lojas de discos, CDs de bandas como Capital Inicial, Barão Vermelho e Legião Urbana, nos lugares hoje ocupados por Nx Zero, Fresno e Pitty
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Saúde
Alvos da pneumonia
futuro Jovens mães e o Dafne Hruschka
Diair Portes
A pneumonia é uma infecção bacteriana aguda e é responsável por 960 mil internações por ano no Brasil. A doença atinge principalmente crianças e idosos, que é o grupo de maior risco de mortalidade em decorrência da infecção, mas pode também afetar jovens e adultos saudáveis. Nas crianças, a pneumonia é a principal causa de morte em todo o mundo. No Brasil, é a quarta doença que mais mata. Segundo dados do Datasus, a pneumonia atinge mais de dois milhões de brasileiros todos os anos. De acordo com os dados, dos quase 25 mil óbitos por pneumonia registrados em 2005, último levantamento sobre óbitos da doença, 70% eram de pacientes com mais de 65 anos. Essa doença atinge os pul-
mões e o sistema respiratório, onde os alvéolos, responsáveis pela absorção do oxigênio, ficam inflamados quando absorvem a infecção bacteriana. A pneumonia deriva da infecção por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Também pode ser causada por consequência de outras doenças como o câncer pulmonar ou abuso de álcool. Os sintomas típicos associados com a pneumonia incluem tosse, dor no peito, febre e dificuldade respiratória. De acordo com o infectologista Edar Gaetner, ao tossir, em alguns casos o sangue acompanha a tosse. Quando a doença é causada pela bactéria Legionella, a pneumonia provoca dor abdominal e diarreia. No caso da infecção ser causada pelo fungo Pneumocystis, pode
ocorrer perda de peso e intensa sudorese noturna. Para diagnosticar a doença, segundo o médico, os métodos mais usados são a radiografia, raio X e o exame microbiológico do catarro. Outro método é a tomografia computadorizada, usada para diferenciar a pneumonia de outras doenças respiratórias. O tratamento de uma pneumonia de origem bacteriana é realizado com antibióticos e vacinas para a prevenção de alguns tipos de pneumonia. Tratada a tempo, o risco da doença atingir os dois pulmões e causar a chamada pneumonia dupla, diminui. Quando ocorre a pneumonia dupla e os dois pulmões são infectados, a doença pode ser fatal, dependendo do estado de saúde da pessoa infectada.
Se o diagnóstico for realizado precocemente poderá Ilustração/ Banco de Saúde
impedir a evolução da doença
A quantidade de adolescentes grávidas diminuiu, comparando com os anos anteriores. Em 2009, foram registrados 444 mil partos de adolescentes de 12 a 18 anos, uma queda de 8,9%, em relação a 2008. Mesmo assim, a preocupação continua, já que o número continua alto. A psicóloga Marli Terezinha Guerbert afirma que a melhor forma de prevenir a gravidez de uma adolescente é manter o diálogo. É importante ensinar sobre tudo: o corpo, as prevenções e as consequências de uma gravidez prematura, levando em consideração que o corpo de uma menina entre 12 e 18 anos ainda está em desenvolvimento. Ela sugere também a conversa com um médico especializado – endócrino-ginecologista. Outro ponto é cuidar do que a criança recebe da mídia: a banalização que pode ocorrer nessa transição. “Claro, a proibição não é uma solução. Deve-se prestar atenção aos horários que a criança tem acesso às mídias”, diz. Adeide Fernandes Cintra, de 53 anos, entrou em desespero quando soube que sua filha, Sonia Fernandes, lhe daria uma neta. Sonia engravidou de Bruna, aos 18 anos. Os sonhos de Adeide eram diferentes, daqueles que o futuro estaria reservando para uma menina que tem um filho aos 18 anos, como Sonia. “Eu queria que ela tivesse a idade ‘normal’ para constituir família, e estudasse antes. Queria que ela tivesse filhos só no casamento,” lamenta. A família de Sonia é do interior, e mantém a tradição de convidar todos os parentes para o casamento. A psicóloga afirma que, mesmo com a ajuda da família à menina grávida, é importante deixar claro quais
serão as novas responsabilidades de mãe, que a adolescente terá, desde o início da gravidez até o nascimento, e principalmente, após isso. Marli lembra que a vida profissional e estudantil podem continuar, entretanto, serão diferentes, pois há um bebê para cuidar. “Organizando espaço e tempo para estudo e tudo o mais que for combinado e, desta forma, estabelecendo limites”, explica. A menina deve manter um compromisso com o bebê, que é um novo membro da família e precisa de cuidados especiais; cabendo à avó relembrar a importância desses detalhes. Adeide afirma que, apesar do rancor sobre a gravidez prematura, apoiou sua filha e deu assistência a ela no processo de criação de Bruna, e também no amadurecimento de Sonia com essa nova fase. Porém, não tirou qualquer responsabilidade de sua filha, sobre a criação de Bruna. “Sempre deixei claro: você vai se virar. Vai trabalhar para mantê-la, não vou fazer a parte de mãe, que é sua responsabilidade”, diz. Marli reforça que é importante reduzir os conflitos entre mãe e filha adolescente. Brigas, confusões e excesso de cobranças devem ser evitados para que o vínculo entre as duas seja o mais saudável possível. A mãe sempre deve lembrar-se da importância disso no futuro de sua filha e neto. Adeide não nega que sua vida mudou, após o nascimento da neta. “A família estava distanciada, e se uniu graças à Bruna. Hoje ela é o centro das atenções, tudo é a Bruna, tudo gira em volta dela”, conta.
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Cultura
S W Lucas Kotovicz
Três dias de shows, 26 atrações nacionais e internacionais já confirmadas, entre as quais estão grandes nomes do cenário musical, como Linkin Park, Rage Against the Machine e Kings of Leon. Todos buscando conscientizar o maior número de pessoas em torno da sustentabilidade, tema discutido veemente pelos vários líderes mundiais e que se tornou quase obrigatório ser discutido e viabilizado nos diversos ramos empresariais. Esse será o Festival SWU (Starts With You – Começa com Você), que ocorrerá entre os dias 9 e 11 de outubro na cidade de Itu, em São Paulo. Apesar disso tudo, há quem não goste. Nos bastidores, um grande esforço para viabilizar um evento desta magnitude em território brasileiro está sendo feito. Para se ter ideia, o último grande festival ocorrido no Brasil foi o longínquo Rock in Rio, em 2001. De lá para cá, apenas grandes shows individuais, caso dos Rolling Stones, U2 e Iron Maiden. E apesar disso tudo, há quem continue não gostando. A ideia inicial é do empresário Eduardo Fischer, e é muito boa. O assunto do momento é sustentabilidade (e continuará sendo por vários e vários anos, pois o “sinal vermelho” da Terra já acendeu e estamos demorando a percebê-lo). O objetivo do evento não é apenas divertir o maior número de pessoas, mas também conscientizá-las. Dizer, através do que elas gostam, algo como: “Caras! Vocês têm que fa-
Menu Rodrigo Cintra
U
Obrigado, Mr. Churchill
o festival da sustentabilidade zer a sua parte para salvar o planeta!”. Mas, apesar de tudo isso, muitos continuam não gostando do SWU. No final de cada um dos três parágrafos iniciais eu disse que há pessoas que não gostam desta ótima iniciativa. E este texto é destinado a elas. Quem foi aos últimos Rock in Rio, e até mesmo aos shows das grandes bandas, certamente criticará. Com toda a certeza, o SWU não levará nem 30% do público total do Rock in Rio, em 2001, mas devemos observar que naquele ano tínhamos um grau de exigência muito menor da que encontramos hoje, quanto à segurança dos espectadores. Questões como capacidade, segurança, comodidade e área para deficientes físicos não eram prioritárias. O importante era colocar o maior número de gente possível, independente dos riscos. Para exemplificar, a mesma exigência de capacidade acontece nos estádios de futebol. O Maracanã já chegou a comportar 194 mil espectadores em uma partida de futebol. Hoje, o número máximo do estádio é de 82 mil lugares. Não se pode mais reclamar do número de pessoas que assistirão ao evento. Os tempos mudaram e trouxeram mais racionalização por parte de quem promove espetáculos. Agora, entro no problema “bandas”. Após a confirmação de grandes nomes nacionais (Capital Inicial e Jota Quest), o mundo cibernético entrou em
colapso depois de tantas reclamações. Infelizmente Raul Seixas, Legião Urbana e Cássia Eller já não estão mais entre nós. Há quem reclame da falta de alguns nomes internacionais, como Rush e Red Hot Chili Peppers. Bandas deste porte obtêm muito mais vantagem em fazer um show fora de grandes festivais, pois, além da valorização da sua marca, não há a preocupação com a divisão de palcos (e de renda) com outras bandas. Infelizmente, é impossível agradar a gregos e troianos. Cada pessoa tem seu gosto musical, e a organização do SWU fez o possível para trazer ao Brasil artistas de diferentes estilos. E para trazer grandes nomes é preciso bancá-los. E aqui vem o questionamento sobre o preço dos ingressos. É caro, mas nada além do que poderia se esperar. Para assistir a um show do Rush, no Brasil, o preço do ingresso para a pista normal é de R$250. Para assistir a um dia do SWU, o preço da pista é de R$240. Por fim, há sim quem reclame da postura sustentável a que o SWU se dedica. Simplesmente não tenho o que falar para essas pessoas. A sustentabilidade nada mais é do que foco de todas as nações e empresas que querem um mundo melhor para se viver, e que estão preocupadas com o rumo que o planeta pode levar. Nas atuais circunstâncias, a Terra não sobreviverá muito mais do que as previsões realizadas. É preciso mudar, e o SWU dedica-se a isto.
O guitarrista inglês Peter Frampton apresenta nesta quinta o show “Thank you Mr. Churchill”, no palco do Teatro Guaíra. O repertório reúne os grandes sucessos do músico, que é um dos mais célebres astros do rock britânico. Entre outras canções, Frampton tocará “Baby I Love Your Way" e "Show Me The Way". Quando: Quinta, às 21h Onde: Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, snº, Centro) Quanto: R$ 140 a R$ 340. Divulgação
World music O grupo musical Omundô faz apresentação de world music no Teatro HSBC, também na quinta-feira. O grupo, formado pelos professores Plinio Silva e Liane Guariente e ex-alunos da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), usa instrumentos de diferentes etnias brasileiras e do mundo no show. Quando: Quinta, às 21h Onde: Teatro HSBC (Av. Luiz Xavier, 11, Centro) Quanto: R$ 24 Divulgação
Em luta consigo mesmo A peça “Habituê”, em cartaz no Minauditório do Teatro Guaíra, conta a história de um alcoólatra em luta consigo mesmo. Em um bar, ele conversa com a própria consciência, que assume as vozes de um amigo, ex-mulher, filha, amante. Seu maior temor é acabar a vida como o dono do bar que frequenta: sozinho e doente. Quando: Quinta a sexta, às 21h, e domingo, às 19h Onde: Miniauditório do Teatro Guaíra (R. Amintas de Barros, s/n, Centro) Quanto: R$ 10
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