Lona - Edição nº 601

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RIO DIÁ do

Curitiba, sexta-feira, 1o de outubro de 2010 - Ano XII - Número 601 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Bienal do Livro Paraná começa hoje em Curitiba Com programação diversificada, evento vai até o dia 10

Pág. 3 Yasmin Taketani Utrabo

L BRASI

redacaolona@gmail.com

Entrevista - Eleições 2010

As políticas educacionais do Paraná na última entrevista da série Págs. 4 e 5

Coluna

Estado de Exceção no Equador

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Política

Eleitor não precisa de dois documentos para votar Pág. 3


2 Expediente Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Cosme Damião Massi; PróReitor de Pós-Graduação e Pesquisa e PróReitor de Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: Arno Antonio Gnoatto; Coordenador do Curso de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Professores-orientadores: Ana Paula Mira e Marcelo Lima; Editoreschefes: Daniel Castro (castrolona@gmail.com), Diego Henrique da Silva (ediegohenrique @hotmail.com) e Nathalia Cavalcante (nathalia. jornal@gmail.com) .

Missão do curso de Jornalismo “Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos gerais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo e empreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade social que contribuam com seu trabalho para o enriquecimento cultural, social, político e econômico da sociedade”. O LONA é o jornallaboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo – UP Redação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Curitiba, sexta-feira, 1o de outubro de 2010

Opinião

O que move um país? Ailime Kamaia Um país precisa de energia, e não digo isso apenas metaforicamente. Essa energia de que falo pode ser produzida de diversas formas. Uma das mais polêmicas é aquela que sai de usinas nucleares e quanto a isso já foram discutidos diversos aspectos, sendo que um dos principais é a questão ambiental. Não vou entrar nesses méritos hoje, pois o que tem me deixado impressionada nesses últimos tempos é a discussão sobre a usina nuclear construída no Irã. A comunidade internacional teme que o Irã use o know-how adquirido para enriquecer urânio. Essa “comunidade internacional” pode ser entendida como Estados Unidos e Rússia, lembrando que esses países juntos acumulam mais da metade de usinas nucleares existentes em seus territórios. Pois bem, cada vez que um país fora do “grupinho” decide instalar uma usina nuclear é uma gritalheira. Desde o início do projeto aparecem passeatas e manifestações contrárias, de tudo se ouve, inclusive que o país da vez não precisa daquele tipo de energia. Quando as máquinas já estão prontas para começar a funcionar, é a vez da ONU. A Organização das Nações Unidas aparece com o pedido de inspecionar o local para ver se está tudo OK. Claro que é dito que é tudo pelo bem da paz mundial, quando no fundo trabalha a serviço dos Estados Unidos e da União Europeia. Isso aconteceu com o Irã e também já aconteceu com o Brasil. Foi no longínquo ano de 2004 que inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), órgão da ONU, teimaram em fazer vistorias em uma das unidades do complexo da Usina Nuclear de Angra 2. O governo não permitiu, e muitas críticas foram publicadas na imprensa internacional.

Essa necessidade de visitas de representantes da AEIA se deve a um acordo assinado por Fernando Henrique Cardoso. O Tratado de Não Proliferação nuclear (TNP) prega justamente o ideal adorado e adotado pela ONU, que países reconhecidamente produtores de armas nucleares não precisem prestar contas sobre sua produção. Por “coincidência”, os países livres dessa prestação de contas são os que encabeçam as decisões do órgão (EUA e UE). “Mas o que tem de tão mal nisso?”, você deve estar se perguntando. O que tem de tão mal e o que tanto me incomoda é o fato de a ONU fazer essas inspeções para verificar se o país não está usando a usina como fábrica de armas nucleares. “Ah! Mas então é para o bem de todos que eles fazem isso?” Não, não é! E sabe por quê? Porque nesses países que fazem parte do tal “grupinho”, essas rigorosas inspeções simplesmente não acontecem. A questão das usinas nucleares é delicada, pois envolve duas áreas importantes da sociedade: produção de energia e arsenal bélico. Como repúdio e a crescente diminuição das reservas petrolíferas, é vital para o desenvolvimento de uma nação poder contar com variadas fontes energéticas. Já a questão militar envolve a segurança nacional. O Brasil não participa de uma guerra desde a Segunda Guerra Mundial, ou seja, teoricamente não há necessidade de possuir armamentos desse tipo. Independente disso é importante para a soberania nacional que o país tenha algum tipo de armamento, para se defender de um eventual ataque. E com o TNP do jeito que está exclui-se a possibilidade de o Brasil produzir armas nucleares. Então vamos combinar assim: o que vale pra um, vale pra outro. Quando Estados Unidos e União Europeia permitirem (e realizarem) as tais inspeções, e provarem que só utilizam as usinas nucleares para fins pacíficos, os outros países fora desse eixo também permitirão. Combinado? Fotos: Divulgação

Quando as máquinas já estão prontas para começar a funcionar é a vez da ONU. A Organização das Nações Unidas aparece com o pedido de inspecionar o local para ver se está tudo OK. Claro que é dito que é tudo pelo bem da paz mundial, quando no fundo trabalha a serviço dos Estados Unidos e da União Europeia. Em 2004, a Usina Nuclear de Angra 2 causou polêmica junto à ONU


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Literatura

Eleições 2010

Enfim, uma bienal

STF derruba exigência de dois documentos Eleitor precisará apresentar apenas documento de identidade com foto para votar

Bienal do Livro Paraná começa hoje com programação de qualidade

Daniel Castro

Yasmin Taketani Utrabo Minha carteira, quase sempre vazia, agora tem quarenta reais guardados. A soma é destinada a dez dias de meia entrada na Bienal do Livro Paraná, que começa hoje. Pode parecer exagero comparecer a todos os dias do evento, mas espere até ver a lista de autores convidados para o Café Literário, série de bate-papos com o público. O fundador do jornal literário Rascunho, Rogério Pereira, foi o curador responsável por mesclar nomes consagrados com novos autores, tornando imperdível cada uma das 17 sessões que remetem aos cafés parisienses, nos quais as pessoas se reuniam para conversar sobre literatura. Ruy Castro, João Paulo Cuenca, Laerte, Marçal Aquino, Xico Sá, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão, Felipe Pena, Fabrício Carpinejar e Cristovão Tezza são alguns dos nomes que prometem encantar os apaixonados por literatura e conquistar os que ainda não descobriram esse prazer. Somada à Semana Literária do Sesc-PR e ao Autores e Ideias (também realizado pelo Sesc), a Bienal do Livro Paraná tira o gosto amargo deixado por outro evento no ano passado: a Bienal Internacional do Livro de Curitiba, que pouco teve de internacional, nada teve de discussão sobre literatura e muito teve de livros infantis para colorir. Arthur Tertuliano, que escreve no blog ‘O Leitor Comum’ e participa de oficinas e eventos literários, acredita que os bate-papos chamarão a atenção do nãoleitor que estiver passando pela Bienal. “A seleção de temas é

bastante variada e tem bastante escritor diferente. O público vai acabar conhecendo escritor que nunca pensou que ia conhecer e, depois da palestra, talvez se interesse por comprar o livro”, diz. Com grandes expectativas, Arthur conseguiu um “passe” para entrar gratuitamente na Bienal, mas considera o preço do ingresso “proibitivo”. A localização central (o evento será realizado no Estação Convention Center, no Shopping Estação) ajuda a atrair público, inclusive quem descobre a Bienal por estar passeando no shopping. A maior dificuldade fica justamente pelo valor da entrada: oito reais. Tatiana Zaccaro, gerente de Negócios da Fagga GL | events, empresa responsável pela organização do evento, discorda: “o valor da entrada não impede a participação do público, do qual 60% são jovens estudantes que pagam meiaentrada, ou seja, apenas R$ 4,00”. A empresa também é

responsável pelas bienais do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais e se propõe a ir além da venda de livros, incentivando a leitura através de uma programação variada, para todos os gostos e idades. Além do Café Literário, haverá lançamento de livros (vários de auto-ajuda), espaços de debates voltados ao público adolescente e atividades para crianças. Serão abordados assuntos como a formação do leitor, poesia, livro digital e até mesmo a relação entre futebol e literatura. A Bienal também chega à cidade com uma forte presença na internet. Através de perfis do evento no Facebook, Twitter, Orkut e no próprio website, pode-se ver fotos, vídeos, comentários, participar de promoções e saber mais sobre os autores. Talvez, com uma boa participação da população e futuros patrocínios, o preço para conferir autores e se aproximar da literatura venha a baixar. Mas já é uma ótima iniciativa ir além da mera venda de livros e um bom caminho para formar não apenas leitores e escritores, mas também, como diz Arthur, “aumentar nossa visão de mundo”.

Bienal do Livro Paraná Quando: 1 a 10 de outubro Onde: Estação Convention Center (Shopping Estação) Quanto: R$8 inteira / R$ 4 meia entrada Horários: 9:00 às 22 horas durante a semana 10:00 às 22 horas nos finais de semana www.bienaldolivrodoparana.com.br

Divulgação

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, por oito votos a dois, pela não obrigatoriedade da apresentação de dois documentos na hora de votar. O eleitor será obrigado a levar apenas um documento que prove a sua identidade. A decisão acontece após um questionamento do PT, que discorda da necessidade de apresentação de dois documentos. “Estou convicta de que a norma jurídica contestada estabeleceu, na verdade, a obri-

gatoriedade de apresentação de um documento oficial de identificação com foto. A presença do título eleitoral, que é praxe, não é tão indispensável quanto a identificação por fotografia”, declarou a ministra e relatora do processo Ellen Gracie, no momento do voto. Com isso, o eleitor poderá votar munido de carteira de identidade, certificado de reservista, carteira de trabalho e carteira nacional de habilitação, com foto. Certidões de nascimento e de casamento não são consideradas.

LONA traz edição especial na segunda-feira Durante as últimas semanas, o jornal procurou orientar o eleitor sobre este momento fundamental para a democracia Daniel Castro Neste domingo os brasileiros comparecerão a diversas zonas eleitorais para colocar em prática sua cidadania. O LONA entende este processo como fundamental para a democracia, e por isso, durante as edições do segundo semestre, em especial nesta semana, veiculou várias matérias para orientar o eleitor em sua escolha. Foram publicadas três entrevistas com especialistas da Universidade Positivo e com temáticas relevantes para o futuro do Paraná. A primeira entrevista foi feita com o coordenador do curso de medicina Ipojucan Calixto Fraiz e levantou os desafios da saúde. A segunda abordou as deficiências da economia paranaense, e contou com a participação do coordenador do curso de economia, Jackson Bittencourt. Nesta edição, a série foi fechada com o professor de filosofia Pedro Elói Rech, que falou so-

bre políticas educacionais. Ao longo desta semana, o LONA noticiou debates entre candidatos ao governo e à Presidência República, deu dicas úteis para o eleitor na hora da votação e procurou abordar de forma isenta os bastidores da política paranaense e nacional. A cobertura continua na edição de segunda-feira, com um conteúdo especial voltado para o que aconteceu de mais importante no dia da votação. Os repórteres do LONA acompanharão o dia dos principais candidatos ao Senado e Governo Estadual, desde o momento das votações de cada um. Além disso, uma equipe na redação estará recebendo a matéria e finalizando os textos até o momento da definição dos vencedores, que ocuparão cargos públicos durante os próximos quatros anos.


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Eleições 2010 Divulgação

Candidatos ao governo têm projetos similares para a educação O professor da Universidade Positivo e filósofo Pedro Elói Rech fala sobre a situação do professor na sociedade atual

Rodolfo May A dois dias das eleições que definirão o próximo governador do Paraná, o LONA encerra a série de entrevistas com o tema educação. Entrevistamos o filósofo e professor da Universidade Positivo Pedro Elói Rech, mestre em educação pela PUCSP, que falou sobre a manutenção de projetos do governo Requião e das similaridades entre os projetos dos candidatos Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT). As questões de formação dos professores e da escola especial também são expostas pelo professor. Qual é a situação da educação no Paraná hoje? É irônico dizer que o Paraná obtém os melhores índices de avaliação do IDEB. Evidentemente são índices, ou seja, alguma coisa eles medem. Se não medem o processo subjetivo de conhecimento, medem os objetivos. Quem conhece a realidade educacional brasileira pode dizer que nós, paranaenses, estamos em uma câmara um pouco superior ao verdadei-

ro caos. Se o Paraná teve esse índice mais alto do que os outros, o que podemos afirmar da educação brasileira? Está muito ruim. Em primeiro lugar, a questão da alfabetização. Nós temos os primeiros quatro anos do ensino fundamental dedicados para alfabetizar. Eu perguntaria isso: o que se faz em uma escola que em quatro anos não consegue alfabetizar? A alfabetização seria um jogo de quarenta ou cinquenta sinais, entre números e letras, e saber ordená-los. Se durante quatro anos não consegue fazer isso, o que se faz nessa escola? E isso puxa diferentes problemas. A q u e s t ã o d a s a v a l i a ções dentro da escola, o que elas refletem? São realmente instrumentos de avaliação do ensino e correção de falhas? Ou são simplesmente mecanismos disciplinares ou de exclusão social inclusiva? Porque uma reprovação pesa sobre o psicológico da criança. Já prega nela marcas de

fracasso desde a mais tenra idade, que vai acompanhando ela por toda a vida. Aí vem um banco determinar o que uma escola deve fazer, no caso o Banco Mundial. Banco não é bom conselheiro para a educação nunca. Ele determina que a aprovação deve ser automática, sem esforço, sem luta. Não sei o que é pior: reprovar para excluir ou promover para obter índices quantitativos. Esses são problemas que se conjugam com a profissão de professor. Ele deve ser admirado pela sociedade. Tem que ter um elevadíssimo status social para que ele tenha as condições de respeito para desenvolver seu próprio trabalho. Deve ter estabilidade financeira e emocional para exercer seu trabalho. Os índices mostram que os bons alunos não querem ser professores. O professor, apesar de ainda haver dados de confiabilidade e respeitabilidade, está de mal consigo próprio, com falta de ânimo, de vontade, com todas suas energias queimadas. Isso

A alfabetização seria um jogo de quarenta ou cinquenta sinais, entre números e letras, e saber ordená-los. Se durante quatro anos não consegue fazer isso, o que se faz nessa escola? Divulgação


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Divulgação

passa pela remuneração. Na remuneração entra a questão do bônus ao professor pelo seu desempenho. O candidato Beto Richa afirma que esse pode ser um caminho de melhoria na educação, como ocorre em Minas Gerais. O bônus pode ser a solução? Definitivamente, não. Os sistemas nacionais de educação, que são criações da segunda metade do século XIX, tiveram grandes propostas, de onde surgiu a escola pública, universal, gratuita, obrigatória. Todos esses conceitos vêm nesse bojo. Nesse contexto, cria-se o conceito de educação como direito básico do ser humano. Ela cumpriu duas funções: promover a alfabetização e a socialização e, em estágio mais avançado, a questão da profissionalização. Esses problemas foram resolvidos. A escola europeia cumpriu isso. Mas existe o discurso de que tudo o que vem do público e do Estado é ineficiente e aí procuram aplicar os critérios de mercado para a escola como solução dos problemas. Nesse contexto surge a meritocracia. Os professores criaram, com essa visão de sistema nacional de educação, estrutura de carreira, salários unificados e as demais coisas que o professor busca para ter segurança em seu trabalho. A meritocracia põe uma espada na cabeça do professor: se desempenha ou não o papel. É um mecanismo de mercado, que um banco determina para os mecanismos da educação. Nas últimas gestões, desenvolveu-se o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que facilita a pós-graduação dos professores. Qual é a importância desse programa? Esse é o melhor projeto de formação de professores que o Paraná já teve. Ele é reconhecido e inclusive o candidato Beto Richa promete mantê-lo. O Osmar é continuidade do governo Requião em muitas coisas e essas experiências bem-sucedidas

serão mantidas. Coloco que o Beto irá mantê-lo justamente para destacar o sucesso do projeto. Meu mestrado foi sobre o programa de formação de professores aqui do Paraná no governo Jaime Lerner: o maior desastre. Colocaram-se as doutrinas do Banco Mundial para serem assimiladas pelos professores. Desvinculou-se a universidade da formação desse profissional. Isso é retomado com o PDE. Ele restaura a interação que existe entre a universidade e a formação permanente do professor. O professor se forma hoje, basicamente, nas piores escolas de ensino superior que existem. As licenciaturas estão nas universidades públicas com ofertas restritas e as privadas com melhor colocação não oferecem esses cursos. É uma necessidade premente que o professor tenha sua formação continuada. A sala de aula é um local extraordinário para isso. As trocas de experiências entre os professores. Isso é alimentado pelo PDE. O professor que participa desse programa é retirado de sala de aula por dois anos e frequenta um curso que equivaleria a um mestrado e tem por obrigação de repassar esses conteúdos com outros professores, que aproveitarão esse privilégio. É com certeza o melhor programa de formação de professores que já teve aqui no estado do Paraná. Tem um impasse hoje muito grande sobre a educação especial, se ela deve ser extinta ou não. Há alguma proposta interessante sobre isso? É um tema perigoso. Todos os especialistas que eu li sobre isso defendem a inclusão. O aluno da educação especial, pelo projeto do governo federal, deve estar incluído na escola normal. Não é por ser portador de necessidades especiais que ele vai ser apartado da realidade escolar e ter uma formação especifica para ele. É uma questão muito complicada, pois o professor não tem preparo para lidar com esse tipo

de aluno. Teria que se voltar para a formação do professor e de seu trabalho com esse tipo de aluno. A ideia da inclusão é muito bonita, porque a escola tem outros valores que não são só os da aprendizagem. São valores de convivência, de solidariedade. Das propostas que o senhor viu, o que lhe chamou a atenção? A do ensino integral. Os dois candidatos têm a proposta, que acabam sendo absolutamente iguais, de termos escolas nas cidades de IDH mais baixo. Então considerando a proposta desse ensino integral e a do PDE, podemos dizer que as propostas dos dois candidatos para a educação são parecidas? São iguais. O PSBD tem um projeto que faz da escola um local comunitário, o “Amigos da Escola”, que os professores repudiam por ser marca de desprofissionalização. Ninguém vai se operar, por exemplo, com os amigos do hospital. Eu quero ser operado por um médico. Na escola, eu quero lidar com um professor que cuide da questão da formação, e não com os amigos da escola, que traria os problemas do Estado para a comunidade. Uma

“Mas existe o discurso de que tudo o que vem do público e do Estado é ineficiente e aí procuram aplicar os critérios de mercado para a escola como solução dos problemas. Nesse contexto surge a meritocracia” transferência que é típica da ideologia neoliberal. Esse programa foi contestado no debate que os professores fizeram com os candidatos. Mas fundamentalmente os dois têm o PDE, têm o caminho para a escola integral, com reforço no programa do Osmar, que também insiste nas creches. Esses são os dois principais programas. Também existe uma equiparação salarial. É inacreditável que quem tem curso superior tem um nível de remuneração. O professor tem curso superior, mas a licenciatura

não é considerada curso superior para efeito de remuneração aqui no Paraná, o que dá a diferença salarial de uns 25%. Tanto o Beto como o Osmar prometeram implantar essa equiparação, o que melhora a situação do professor. O governo Requião deixou uma boa estrutura de carreira para os professores. Esses programas de educação do PDE também repercutem no salário. No governo Jaime Lerner, foram sete anos sem reajuste de salário. E esse é o grande temor dos professores com relação ao Beto, que ele siga essa política do Lerner. Divulgação


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Danilo Georgete

Thomas Mayer

Escreve quinzenalmente sobre esportes, sempre às sextas-feiras danilo_georgete@hotmail.com

Escreve quinzenalmente sobre relações internacionais, sempre às sextas-feiras thomasmr@hotmail.com

Esportes

Relações Internacionais

aplausos Entre e vaias Qual é a posição mais ingrata do futebol ? A resposta é clara, a do goleiro. Ser goleiro é tão ruim que nem grama nasce onde ele pisa. Se a bola bate na trave, foi sorte, se o atacante chuta para fora quando fica cara a cara com o goleiro, o atacante chutou errado. Quando o pênalti é defendido, a culpa é de quem não conseguiu bater direito, ou seja, nunca os méritos são do arqueiro. O goleiro pode fazer centenas de defesas milagrosas em um prélio, mas se tomar um “peru” vai ser como tirar 20 litros de leite e chutar o balde. Ô posição injusta essa, a mais importante do futebol, sem ele não começa o espetáculo, sem ele... não existe espetáculo. Os goleiros são mais marcados pelos gols que sofreram, do que pelos gols que impediram. O que dizer de Andrada, o goleiro argentino do Vasco da Gama que sofreu o milésimo gol do Pelé, ou de Magrão, do Sport, que sofreu o milésimo do Romário? E o Barbosa, o goleiro brasileiro mais injustiçado da história do nosso futebol? Se bem que a história do Barbosa, o goleiro do Brasil da trágica final da Copa de 50, foi mais uma forma de discriminação do que o fato de ele ter tomado aqueles dois gols que tiraram o primeiro mundial do Brasil. O fato de Barbosa ser negro fez com que a população o repudiasse e culpasse pela derrota. Mas os goleiros são personagens históricos e muitas vezes folclóricos. Gordon Banks ficou mundialmente conhecido – além de suas ótimas atuações - como o goleiro que fez a defesa mais bonita do sé-

culo XX. Ele defendeu uma cabeçada “indefensável” do “Rei” na Copa de 70. O Brasil venceu a Inglaterra, mas aquela defesa marcou mais do que o resultado; a defesa de Banks foi o “gol” da carreira dele. Mais um goleiro que todos conhecem é o colombiano Higuita, aquele que tentou sair jogando na Copa de 90 e tomou um gol. Mas, o atrapalhado goleiro também protagonizou um dos lances mais lembrados da história do futebol, no templo de Wembley, em um amistoso contra a Inglaterra, o colombiano fez uma defesa inacreditável, jogando o corpo para frente e defendendo com os pés em vez das mãos, a famosa defesa escorpião Um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro é Gilmar dos Santos Neves, que foi responsável por defender o gol brasileiro nas Copas de 58,62 e 66, sagrando-se bicampeão do mundo pela seleção

Resquícios do passado

nas duas primeiras. Nos dias atuais existem muitos goleiros fantásticos, mas na minha opinião o melhor goleiro do mundo nos últimos 10 anos é o eterno palmeirense Marcos, pentacampeão mundial com a seleção. O que me deixa muito indignado é o fato do goleiro ser o jogador menos valorizado na maioria dos times. A imprensa desce a lenha se o goleiro sofre um frango, a torcida o recrimina, quando na verdade o guarda traves é um ser humano como outro qualquer e comete erros. Ser goleiro é uma posição ingrata; vive numa gangorra, hora no céu e hora no inferno. É uma posição que devia ser idolatrada. Tomar um peru em uma partida acontece, fazer o que? Afinal de contas, quem nunca levou um frango para casa depois de uma “pelada”, que faça a primeira crítica.

Divulgação

O Equador decretou Estado de Exceção em todo o território nacional na quintafeira pelo período de uma semana. A medida veio em resposta a manifestações de setores policiais que protestavam contra uma lei aprovada pelo congresso que acaba com gratificações e bônus, lei que tem como objetivo principal o corte de custos do governo. O presidente equatoriano, Rafael Correa, declarou, em discurso num quartel, que não voltaria atrás da decisão e desafiou os policiais a matá-lo. Em resposta, foi atacado com bombas de gás lacrimogêneo. Hospitalizado, Correa declarou que o protesto foi organizado pela oposição, que tenta, segundo ele, articular um golpe. Devo esclarecer que decretar “Estado de Exceção” significa suspender temporariamente as garantias de direitos constitucionais, tendo como foco principal a proteção do país. Em outras palavras, o governo pode tomar atitudes que cerceiem a liberdade da população, como, por exemplo, o toque de recolher. No último domingo (26) aconteceram, na Venezuela, as eleições parlamentares para formar a Assembleia Legislativa do país. O partido de Hugo Chávez elegeu 98 dos 165 deputados, e a oposição conseguiu eleger 67. A base chavista não atingiu os dois terços esperados anteriormente pelo presidente, e, a partir de agora, terá que passar por negociação para conseguir aprovar reformas constitucionais e a nomeação de juízes da Suprema Corte. Após a divulgação do resultado, Chávez desafiou a oposição em tom de sarcas-

mo ao mencionar as eleições presidenciais de 2012: “Como dizem que são maioria, que convoquem um referendo. Por que esperar dois anos para se livrar de Chávez?”. A situação política na América do Sul vem mostrando fortes resquícios de um período negro que seus países viveram: as ditaduras. Hugo Chávez, presidente venezuelano, encabeça a lista de quaseditadores que se valem da distorção de valores socialistas e integracionistas, como acontece com o “Movimento Bolivariano”, para governar a belprazer. Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador e até a argentina Cristina Kirchner são outros membros desse grupo de presidentes com anseios totalitários, que se utilizam de medidas arcaicas, que nos fazem lembrar do século passado, como fechar jornais e dissolver congressos. “Golpe”, “Estado de Exceção”, “Censura à Imprensa” e tantas outras expressões que já não fazem mais sentido quando estudadas pelas gerações mais novas, dada a impressão que esses tempos já estão muito longe da realidade. O Brasil, como a maior economia da América do Sul e como o país da região com o maior peso político no contexto global, deve finalmente assumir seu posto como líder. Para isso, deve se impor e esquecer termos que, admitamos, nunca tiveram, em terras brasileiras, o significado que têm em nossos países vizinhos, como as famosas “Esquerda” e “Direita”. Já é passada a hora de o Brasil se impor e mostrar a força que tem, e perceber que, se quisermos ser “o país do futuro”, devemos defender a liberdade no presente.


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Alimentação

A moda do

VEGETARIANISMO Conheça esta dieta alimentar que vem conquistando muitos adeptos Sindy Suzuki Mundo atual. As preocupações do século XXI estão direcionadas à longevidade. Para isso, muitas pessoas se preocupam em obter melhor qualidade de vida. Um regime alimentar que vem ganhando adeptos é a dieta vegetariana. A prática do vegetarianismo tem suas raízes nas civilizações antigas da Índia e da Grécia. Adotou-se este tipo de alimentação como forma de respeito e defesa dos seres vivos. A partir dos anos 1960, o vegetarianismo ganhou maior projeção nos países ocidentais, e sua filosofia tornou-se cada vez mais apelativa devido à difusão dos seus benefícios. Como esta dieta é pobre em gordura animal, há maior redução calórica da refeição e isso contribui para a redução e manutenção do peso ideal, além de diminuir os riscos de doenças cardíacas e o desenvolvimento de câncer. Há também a melhoria na disposição e energia. Mas “é preciso ter um

acompanhamento profissional especializado em nutrição para se ter uma alimentação correta, pois a dieta ideal de cada pessoa é única e varia segundo fatores de ordem física e fisiológica (idade, sexo, clima, atividade, hormônios), de acordo com seu estilo de vida e objetivos”, esclarece a nutricionista Cassiana Domingues. Já em relação ao meio ambiente, estudos indicam que a dieta vegetariana ajuda na reciclagem de elementos necessários para a sobrevivência do nosso planeta, além da diminuição da devastação do meio ambiente, pois a produção de gado contribui para o desmatamento, erosão do solo, poluição das águas,

Estudos indicam que a dieta vegetariana ajuda na reciclagem de elementos necessários para a sobrevivência do nosso planeta, além da diminuição da devastação do meio ambiente Divulgação

efeito estufa, entre outros. Fernanda Anita Ramos se tornou vegetariana há quatro anos, após assistir a um documentário que mostrava a dura realidade no modo de produção de animais para consumo humano. “Decidi, por uma questão ética e de princípios, que não comeria mais nenhum tipo de carne. Preferi abdicar desse aparente prazer em prol de uma causa maior”, diz. Para ela, “os benefícios dessa dieta perpassam desde questões de saúde, econômicas, ecológicas, direitos animais, até religiosidade e espiritualidade”, afirma Fernanda. Mas é preciso tomar o cuidado com um micronutriente: a vitamina B12, que só é encontrada em alimentos de origem animal, como as carnes, leites e derivados e ovos. O não-consumo desses produtos pode acarretar deficiência dessa vitamina. Por isso, é importante o monitoramente por meio de exames periódicos e suplementação. Em Curitiba, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) trabalha na divulgação da causa vegetariana, orientando a população por meio de palestras e eventos. Há também a feira vegetariana, que ocorre todos os sábados, na Praça 29 de março. Divulgação

Divulgação/ Andy Singer

Tipos de dieta Ovo-lacto-vegetarianismo A dieta alimentar inclui ovos e derivados do leite, diminuindo o risco de a pessoa ter déficit de proteína. Lacto-vegetarianismo Permite o consumo de derivados de leite, mas não inclui ovos na dieta. Ovo-vegetarianismo Permite o consumo de ovos.

Movimentos contrários ao consumo de carne realizam diversos protestos pelo mundo; documentário “A carne é fraca” ajuda a refletir sobre a questão

Veganismo Beira o radicalismo alimentar e filosófico. Não come carnes, ovos e derivados de leite. Mais do que uma opção alimentar,

o veganismo é um estilo de vida. Crudivorismo Pessoas que não comem carne ou peixe cru e nenhum dos alimentos restantes — são cozidos acima de 48ºC, ponto a partir do qual as enzimas dos vegetais começam a ser destruídas. Frugivorismo Seus seguidores comem somente frutas, nozes e alguns legumes, pois preferem não matar as plantas, consumindo só o que elas podem repor facilmente, ou seja, seus frutos.


8 Cultura

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Desrespeito

à

democracia Manoela Militão Há quase duas semanas, o presidente da OAB de São Paulo, Luiz Flávio Borges D´Urso, divulgou uma nota pública em que pedia a proibição da exposição das obras do artista Gil Vicente. Segundo ele, as obras representam apologia ao crime, desrespeito com a democracia e com o poder instituído. Mas, não seria a censura uma forma de desrespeito ao poder instituído? Levando em consideração alguns conceitos de história da arte e análise imagética, as imagens podem, sim, ser veiculadas e tomadas como obras de arte. Elas foram feitas por métodos de criação artística, ou seja, passaram por uma série de processos artisticamente reconhecidos e aceitos para se transformarem no produto final. Não só por isso, mas estão em um ambiente artístico. Estão sendo expostas em uma bienal artística, portanto dotadas de características de uma obra de arte. Que inclui a forma de constituição da mesma, sua ideologia e seu tempo. Estas obras estão inseridas em tais categorias, elas são obras de seu tempo, expostas em um ambiente propício (diferentemente de mostrar imagens como estas na rua, escolas, outdoors, enfim, em qualquer outro lugar que a descaracterize enquanto obra de arte) e carregam uma ideologia intrínse-

ca a elas. Quando Duchamp, no início do século XX, elevou um mictório à categoria de obra de arte, ele estava propondo uma ideologia à época. Portanto, todas as obras de arte levam uma ''ideologia de seu tempo'' com elas. Quando pensamos na obra de Goya: ''Fuzilamentos em três de maio'', não é também uma apologia à violência? Além disso, Goya, mesmo sendo pintor oficial dos reis, fazia xilografias populares ridicularizando os monarcas, ou seja, desde o século XIX que as ''personas públicas'' têm suas imagens utilizadas para divulgar uma ideologia. A pessoa pública perde o poder sobre sua imagem. Até porque, a obra de arte é uma representação, e não o real. Qualquer obra de arte por mais naturalista (que tente copiar o real) que possa ser, é sempre e somente

uma representação. Neste caso, mais do que isso. É a utilização de uma representação de uma pessoa pública, para perpetuação de uma forma de pensamento. Foi a maneira encontrada pelo artista de representar seu meio e seu contexto. Estas obras deixam de se caracterizar como violência, ou apologia a violência, quando a obra está sendo divulgada em um meio artístico. A arte só é arte quando o meio afirma que é. E aqui, no Brasil, a Bienal é sem dúvida o maior salão das artes, com pessoas aptas a julgar cada obra. Qualquer obra fora de seu local, tempo, forma e pensamento será descaracterizada. Se for assim, Guernica de Picasso nada mais seria hoje do que rabiscos sem qualquer sentido. As obras só chocam, porque fazem sentido ao espectador de hoje.

A pessoa pública perde o poder sobre sua imagem. Até porque, a obra de arte é uma representação, e não o real. Qualquer obra de arte por mais naturalista que possa ser, é sempre e somente uma representação

Curitiba, sexta-feira, 1o de outubro de 2010

Menu Rodrigo Cintra

Uma grande viagem Baseado no best-seller de mesmo nome, o filme “Comer, Rezar, Amar” chega hoje às telas dos cinemas brasileiros. A história autobiográfica conta como a escritora Elizabeth Gilbert faz uma longa viagem de autoconhecimento passanDivulgação do pela Itália, Índia e Indonésia depois de um turbulento divórcio. Em cartaz no Cinemark Barigui, Cinemark Mueller, UCI Palladium, Cinema Unibanco e Cinemark São José dos Pinhais.

História de amor belga

A comédia romântica “Moscou, Bélgica”, que estreou em São Paulo semana passada, é outro longa que chega hoje a Curitiba. No bairro de Moscou, que fica na Bélgica, não na Rússia, um acidente de trânsito coloca Matty e Jhonny frente Divulgação a frente. Os dois, que até então não se conheciam, acabam se apaixonando depois de muitas brigas.

Em cartaz no Cinema Unibanco

Comédia

“Os Vampiros que se Mordam” é uma comédia para quem gosta de paródias de filmes americanos. Baseado em sucessos de bilheteria como “Alice no País das Divulgação Maravilhas” e nos longas da série “Crepúsculo”, o filme conta a história de Becca, uma humana que precisa escolher entre um vampiro e um lobisomem. Em cartaz no Cinemark Mueller, UCI Palladium e Cinemark São José dos Pinhais.

Cinema Nacional

O cinema nacional também marca presença entre as estreias dessa semana. O filme “Cabeça a Prêmio” chega hoje às telas de cinema de Curitiba. O drama conta como dois irmãos, que prosperam na agro pecuária e comandavam Divulgação uma rede de negócios ilícitos, discordam sobre a administração dos negócios de família e rompem relações. Em Cartaz no Cineplex Batel e Cinema Unibanco


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