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Ano XVI >Edição 995 > Curitiba, 28 de novembro de 2016
EDITORIAL O conservadorismo tem voltado com força no Brasil e no mundo. Se no Brasil enfrentamos esse momento pelo grande apelo que situações como a Lava Jato causam em partidos progressistas, no mundo podemos destacar o contrário: Os partidos progressistas estão caindo na mesmice. p. 2
DIVERSIDADE DE GÊNERO Maite saiu de Curitiba, de madrugada e foi até o Paraguai. Foram 12 horas de viagem. A cirurgia que era prevista para durar duas horas e meia. Levou oito horas e meia. “Eu desmaiei duas vezes. Na primeira vez ele não queria continuar o processo, mas ameacei tirar meus testículos sozinha mais uma vez”. p. 2
JORNALISMO POLICIAL
Foto: Denis Arashiro. Edição: Patrícia Sankari
O jornalista perguntou se conhecia a falecida e ele disse que sim, mas apenas de vista. Ele conta que um homem naquela pequena multidão em frente à casa, com calça de moletom preta, chinelo de dedo branco e moletom verde, era o filho de Olinda. Quando ouvi aquilo, meu corpo ficou paralisado. Foram os cinco minutos mais longos da minha vida. p. 4
ABUSO DE AUTORIDADE: Quando as forças policiais ultrapassam o poder
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LONA - Edição 995
EDITORIAL
Conservando o retrocesso
Transexualidade: Uma jornada em busca da verdadeira identidade A agonia de viver em um corpo que não é seu Julia Bianchini, Letícia Neco e Raul Daniel
“Eu li sobre o assunto por alguns meses, achei que era fácil: eu tinha o fio, bisturi, busquei fazer tudo sozinha. Não deu certo”, conta Maite Schneider que, aos 30 anos, tentou cortar os próprios testículos. Inconsciente, logo foi levada para o hospital. Atriz curitibana, poetisa, depiladora e agora, mulher. As marcas no corpo revelam as dificuldades da vida de Maite. Foram mais de 14 cirurgias para mudar de sexo Hoje com 44 anos ela se sente realizada. Desde Criança Alexandre Schneider se identificava muito mais com o mundo feminino. no Começo, não havia muita diferenciação entre ela e seus dois irmãos, todos brincavam juntos, vestiam shorts e calção: “Comecei a entender que era diferente quando cresci. Algumas brincadeiras já não eram permitidas. Eu estudava em um colégio religioso. Tudo o que havia em mim era errado”, comenta Maite. “Foi neste período turbulento, entre os 14 e 16 anos de idade, que eu tentei o suicídio por duas vezes, por ver que não estava funcionando”, conta, destacando a dificuldade que enfrentou em sua adolescência, quando ainda era reconhecida como Alexandre. A agonia de ser uma mulher no corpo de um homem, a dicotomia social que divide o mundo entre meninos e meninas e o desejo de se enquadrar levaram a transsexual ao limite. Até então, ela copiava as atitudes Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
do seu irmão, mas isso já não funcionava mais. Nessa época, com o apoio de seu pai, começou a frequentar um psicólogo, que anteriormente já havia tratado de casos de hermafroditas, transsexuais e intersexuais. Foi quando Alexandre soube que não estava sozinho. A partir desse período nasce Maite Schneider. Como todo parto, não foi fácil. Alexandre era apenas uma criança se descobrindo no meio de um padrão, que ainda hoje é pouco discutido. Ele só não queria estar no meio do caminho. No choque entre a sociedade do
determinismo biológico e a realidade da diversidade de gênero, entre Maite e Alexandre, mais uma entre as milhares de vítima da falta de debate sobre pluralidade e respeito ao diferente. Uma discussão ainda prematura é a que diz respeito a sexualidade, uma divisão de gênero que desconsidera intersexuais, transsexuais, assexuais e outros indivíduos que não se enquadram no conceito simplista de gênero. A dificuldade de ter acesso a informações que podiam ajudá-lo, Alexandre teve o primeiro contaFoto: Arquivo Pessoal
Trump, Dória, Temer, “Onda Azul” são só alguns exemplos de como o conservadorismo tem voltado com força no Brasil e no mundo. Se no Brasil enfrentamos esse momento pelo grande apelo que situações como a Operação Lava Jato causam em partidos progressistas – muitas vezes em decorrência de erros cometidos pelas próprias siglas –, no mundo podemos destacar o contrário: Os partidos progressistas estão caindo na mesmice e acabam não conquistando o eleitor mais ácido, que é aquele senhor ou senhora branco (a) saudosista dos “bons tempos” e que acredita ser possível voltar a tudo como era antes. A Flórida é um exemplo claro de que esse eleitor pode sim levar um candidato a presidente, vide Donald Trump, um bilionário falastrão – que poderíamos adjetivar assim: misógino, xenofóbico, homofóbico e por aí vai – que conquistou os votos dos mais velhos e brancos e acabou levando um Estado no qual existem milhares de latinos. Esperava-se que esses povos fizessem com que a Flórida votasse no partido Democrata, mas nem a grande quantidade de latinos e negros fez com que o conservadorismo “saudosista” vencesse. O Brasil já demonstrou nas eleições municipais de 2016 o caminho que quer seguir: São Paulo = João Dória Jr (PSDB) empresário e apresentador de talk-show; Rio de Janeiro = Marcelo Crivella, (PRB) pastor licenciado da Igreja Universal; Curitiba = Rafael Greca (PMN) ex-prefeito e afiliado político de três governadores do Paraná em momento diferentes, tendo como padrinho do momento, o atual governador Beto Richa (PSDB). Na Câmara de Curitiba houve manifestação para que a página da Prefeitura de Cidade (a popular “prefs”) tirasse um post que comemorava a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Congresso Nacional, aprova-se um Estatuto da Família no qual apenas grupos familiares heterossexuais podem ser considerados famílias. No plenário da Câmara Federal, um deputado – eleito com o voto popular – afirmou que só não estupraria uma outra deputada porque ela não merecia. Talvez nas próximas eleições continuemos plantando o que parecemos e provavelmente queremos colher. Mas, o problema é que essa colheita pode significar a perda de direitos fundamentais e que foram conseguidos depois longos anos de trabalhos de várias pessoas – que pasmem, eram e são consideradas progressistas até hoje
DIVERSIDADE DE GÊNERO
EXPEDIENTE
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Hoje, Maite Schneider é militantes pelas causas LGBT
Pró-Reitora Acadêmica Carlos Longo Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Katia Brembatti
Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Diagramação Brayan Valêncio Edição Brayan Valêncio
Foto: Arquivo Pessoal
Curitiba, 28 de novembro de 2016
A atriz Maite Schneider em cena em um de seus trabalhos
to com o conceito de transsexualidade quando iniciou o acompanhamento psicológico. A partir daí começou uma longa jornada em busca da construção da própria imagem. “Foi, por um lado, legal, mas por outro, assustador! Só o que ele [psicólogo] falou que ia ter que fazer de cirurgia, tomar remédio a vida inteira, hormônios a vida inteira e os riscos que isso poderia trazer a minha saúde [...] eu perguntei se não teria como transformar o cérebro, já que é ele que está mandando essas mensagens ‘erradas’”, explica Maite sobre o processo para a mudança de sexo. Na fase adulta, não conseguindo mais lidar com a situação, Alexandre tenta sua primeira cirurgia de mudança de sexo sozinho e acaba colocando a própria vida em risco, além de deixar várias marcas físicas e emocionais do episódio frustrado. Mais tarde viaja para o Paraguai na esperança de finalmente realizar a cirurgia íntima. “Lá [no Paraguai], quando você tem os laudos, a cirurgia é gratuita, era numa clínica médica mesmo, limpa até, fiquei sabendo por uma amiga que passou pelo mesmo processo”. Maite saiu de Curitiba, de madruga-
da, foi até o Paraguai, foram 12 horas de viagem. O médico falava “portunhol”. A cirurgia que era prevista para durar duas horas e meia, levou oito horas e meia. “Eu desmaiei duas vezes. Na primeira vez ele não queria continuar o processo, mas ameacei tirar meus testículos sozinha mais uma vez”, contou Maite. Depois da cirurgia realizada, ela perguntou para o “médico” que se houvesse um imprevisto, poderia colocar os testículos novamente, ele disse que sim. Então, um testículo ela jogou fora e outro levou dentro de uma sacola plástica na bolsa. Voltou no mesmo dia para Curitiba, durante a viagem ela apertava – com raiva – o órgão que estava dentro da sua bolsa. Os testículos poderiam ser colocados novamente num período de 12 horas. Chegando à capital paranaense, ela joga o outro testículo fora. Maite não sabe se alguém pegou ou um cachorro comeu, garante ela. Este processo foi realizado totalmente em sigilo, sem sua família ficar sabendo. Desde agosto de 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza cirurgias para a mudança de sexo. Dados de 2014 mostram que em seis anos, houve
um registro de 6.724 procedimentos ambulatoriais e 243 procedimentos cirúrgicos no processo transsexualizador do SUS. As cidades que oferecem o serviço são Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Em Curitiba, ainda não há nenhum hospital que faça o procedimento. Mesmo com as cirurgias que o SUS disponibiliza, a questão de gênero ainda é um assunto delicado. Entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes entre assassinatos e suicídios, colocando o Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Em 2012, dados do Ministério das Mulheres, da Igualdade Social e dos Direitos Humanos revelaram números que mostram a violência contra a população LGBT, sendo os travestis e os transexuais os que mais sofreram: são 51% das vítimas. Os danos, geralmente, são físicos e levam à morte: 74% dos casos são homicídios. Maite é militante do movimento LGBT. Ela ministra palestras no Brasil todo. Sempre de forma gratuita, pois quase sempre é para ONG’s, escolas e faculdades que não têm condições para arcar com os custos. Acreditando na mudança dos padrões e quebrando as barreiras do preconceito, em 2016 ela lançou sua candidatura a vereadora e obteve apenas 557 votos, ficando na posição de número 256 em Curitiba. Em 2014, a atriz entrou em cartaz com um dos projetos mais ousados de sua carreira. A peça “Escravagina”,
com texto e direção de Cesar Almeida. No último mês de setembro a atriz encerrou seu monólogo. A peça recebeu ótimas críticas, sendo destacado pela crítica como um espetáculo de libertação e revolução na mente dos espectadores. Outro de seus diversos trabalhos realizados é um dos sites mais completos para o público LGBT. O “Casa da Maite” faz jus ao seu slogan: “O maior portal de diversidade da internet”. Nele, ela aborda assuntos gerais, auxiliando as pessoas que passam por dificuldades sobre sexualidade e gênero, com textos e dicas de outras pessoas que passaram por experiências parecidas. O site serve como apoio, mas também como uma forma de en-
tretenimento. Ela posta sobre lugares, e assuntos var iados, desde horóscopo até conteúdo sobre animais. Maite é uma personalidade com uma carreira profissional longa e eclética. A atriz, depiladora e palestrante, faz questão de expandir o conteúdo e as experiências que vive para seus leitores. A atriz eventualmente dá entrevista para canais e programas de televisão, como o Programa do Jô, da Rede Globo, e o Superpop, apresentado por Luciana Gimenez na RedeTV, sempre compartilhando sua histórias e superações.
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JORNALISMO POLICIAL
Cômico & Grotesco: uma noite na rotina de quem vive noticiando o crime Cigarro, palavrões e tragédia guiam a noite de repórteres policiais de Curitiba Guilherme Carraro com edição de Vitor Teixeira
rádio Banda B. Mesmo não gostando muito da ideia, diz que é extremamente eletrizante essa vida. “Isso faz lembrar aqueles jornalistas de cinema dos anos 80, que encontra cocaína na boceta de uma magrinha”. Intrigado com essa estranha relação entre o jornalista e a morte, conversei com o professor de psicologia forense da Universidade Positivo, Rodrigo Soares Santos, para ver como essa analogia funciona na cabeça do sujeito. “Mesmo que seja um estímulo muito forte, o indivíduo fica menos sensível a esse estímulo. Quando criança, você assiste um filme de terror por exemplo, e já na segunda ou na terceira vez, aquilo não te assusta tanto”. Santos explica que cada pessoa acaba ficando menos sensível a um estímulo aversivo toda vez que o presencia. Ele também comenta que ao tratar com banalidade algo tão animoso, a pessoa passa a bloquear qualquer identificação com aquele caso. “Ao longo do tempo, isso vai estressando a pessoa, e o indivíduo vai se sentindo mais frio” conta Rodrigo. Após um trajeto, chegamos a um posto de gasolina na Avenida Sete de Setembro, que segundo Ricardo, é o ponto de encontro entre os jornalistas policiais noturnos. - Como que tá aí? - Pergunta um dos frentistas do posto. - Quero quatro defuntos hoje. Não era de se esperar por menos, afinal, os índices de homicídios em Curitiba tinham crescido em 11,45% no começo do ano. Com 145 mortos entre janeiro e março, o índice é alarmante, já que foram 15 pessoas a mais que no ano anterior. Entretanto, mortes por causas violentas caíram em 6,5% em todo Estado. Era como uma pescaria. Logo depois, estacionamos o carro.
Eu e ele saímos do veículo, fomos até a cobertura do posto e conversamos um pouco sobre sua vida, enquanto ele acende um cigarro. Ricardo começou como escriturário do Banco Real. Após o impeachment do até então presidente da República, Fernando Collor de Mello, foi demitido e logo depois, arrumou um emprego como limpador de chão em um supermercado. Durante três meses, ele limpou o Carrefour Champag- Ricardo fala quase o tempo todo com jornalistas e policiais via Whatsapp. nat, até que seu gerente decidiu levá-lo Parecia que o mundo ao redor daquepara a Rádio Educativa, já que aparen- les três parou, e eles estavam ouvindo temente, ele não era de ficar limpado apenas aquele velho rádio. pisos de mercados. Ainda nos anos 90, - Mas será que não é natural? - indavirou pintor da rádio, até que em meio gou Lineu. a uma discussão entre o gerente da rá- - Vamos esperar mais uns cinco minudio e um operador de som, fez com que tinhos pra ver o que falam – completa alguém olhasse para ele e dissesse: “Até Ricardo. aquele bosta faz esse trabalho!” Ouvin- Em direção à loja de conveniências do do tudo, Ricardo decidiu perguntar para posto, Lineu exclama com animação o gerente da rádio se aquilo poderia se “Hoje o bicho vai pegar!”. Entramos na tornar uma realidade. Alguns dias de- lanchonete e escolhemos uma mesa. pois, após horas e noites investidas em Lineu comeu um quibe gorduroso, estudos sobre operação de sonoplastia com uma coxinha acompanhando. Era e técnica, Ricardo estava trabalhando o único que comia. Ricardo e Jorge escomo operador na rádio, e anos depois, tavam completamente antenados no entrava na faculdade de jornalismo. rádio em cima da mesa. De cinco em Enquanto conversávamos, dois ou- cinco minutos, pelo menos um deles tros jornalistas chegaram. Um deles se ligavam para a sala de comunicação da chama Lineu Filho, tinha uma aparência PM. Em um desses momentos Cristiano magra e largada, e era fotojornalista do Vaz entra em cena. Ele é um radialista, jornal Tribuna do Paraná. O outro, com e acabara de se tornar cinegrafista do uma aparência mais vitalizada, e mais Plantão 190. quieto, se apresentou como Jorge Pra- Em vista disso, Cristiano se mostra do. Enquanto conversavam, uma cha- um dos homens mais loucos que já mada de um C-4 no Tatuquara – bairro conheci. Em 10 minutos, ele fala mais que ostenta o quarto lugar entre os palavrões que eu já havia ouvido em locais em que mais acontecem homicí- meus 18 anos de vida. Chegou xingandios –foi ouvida, dizendo que uma mu- do todos os seus companheiros com lher encontrou a mãe morta em casa. um cigarro nos lábios e em seguida pe-
Foto: Guilherme Carraro
Uma chuva torrencial batia no para-brisa do carro de Ricardo Vieira enquanto estávamos perto do Estádio Couto Pereira. No rádio, que ele havia colocado estrategicamente embaixo do painel e estava sintonizado com o da polícia, dois oficiais falavam sobre um veículo que acabara de ser roubado. A água tamborilava pelas portas do carro, fazendo ecoar o barulho. Os velhos limpadores não estavam dando conta da água que colidia de frente. As luzes dos carros refletiam diretamente no rosto dele, e em meus óculos. “C-1 é ferimento leve. C-2 é ferimento moderado. O 3 já é grave e o 4 é morte”, me contou quando perguntei como que ele identificava os acidentes e ocorrências. Ele me explicou que os chamados C-1, C-2 e C-3 basicamente não têm muita importância para ele. Ele precisa mesmo de um C-4 para realizar uma reportagem e mandar para a redação da rádio, para daí a matéria ir ao ar. “Eu vou no local atrás de notícia, e não de fazer amigos” me diz. Segundo o repórter, ele parou de “sentir” a morte. Caso ele se envolva emocionalmente com todo acontecimento que ele se depara, seu trabalho não sai bem feito. Para ele, isso é um trabalho, entretanto, Ricardo também acredita que isso sirva para o bem. “Se não for fazer bem para a sociedade, não adianta fazer”, me fala quando o questiono sobre essa ideia do relacionamento com a matéria. Hoje com 41 anos, formado em jornalismo aos 34, Vieira já trabalhou em três veículos de comunicação, fora seus outros trabalhos como comunicador e chefe de edição. Após uma demissão, ele aceitou o emprego de repórter policial em meio período na
Curitiba, 28 de novembro de 2016
Foto: Guilherme Carraro Rua Flávio Bonat, no Tatuquara. Local do assassinato.
e da Tribuna da Massa chegaram ao local. Um grupo de uns 10 a 15 vizinhos estava na frente da casa. O local quase não tinha asfalto e cheirava urina de cachorro. Estava cheio de lama devido à falta de calçadas e à forte chuva. O frio começou a ficar mais intenso. Vários cinegrafistas se posicionaram para pegar o melhor ângulo do lugar. Ricardo foi tentar falar com os homens do Departamento de Homicídios, que deram a informação de que a senhora foi possivelmente assassinada pelo próprio filho, um homem envolvido com drogas, com sérios problemas mentais e que tinha um histórico de agredir a própria mãe. A vítima tinha 54 anos. Segundo as informações, ela estava com um sangramento terrível, principalmente na área vaginal, e também havia sangue escorrendo pela boca. Após muitas dúvidas, o IML retira o corpo de Olinda da casa, em cima de uma maca. Eu estava tremendo. E principalmente nervoso. O corpo estava rígido e branco, com as visíveis manchas de sangue quase cobrindo o tronco da mulher. Enquanto olhava a mulher sendo retirada de lá, um dos repórteres chegou perto do meu ouvido e disse: “Se liga na moreninha delícia que está atrás de você.” Fiquei meio chocado ao ver que eles ainda conseguiam desviar a
Foto: Guilherme Carraro
diu um café com leite para a atendente da lanchonete, que aparentava ter um relacionamento fraternal com todos aqueles homens. Em um dado momento, quando Cristiano estava na metade de seu café, se escuta do rádio que a PM irá chamar a criminalística para o C-4 que teve no Tatuquara. Todos se levantam da mesa em um ritmo extremamente acelerado. Ricardo paga o seu café e o de Cristiano. O último logo entra no carro com a sua câmera. Durante os 40 minutos de trajeto na Linha Verde, que se iniciou próximo das oito da noite, Ricardo e Cristiano comentam todo tipo de assuntos sórdidos que se pode imaginar. “Puta que pariu! Conheci uma gostosinha esses dias que faltou pau pra aquela boca” se vangloriou Ricardo. Percebi que a viagem toda seria à base daqueles diálogos. Eles basicamente comentaram todas as experiências sexuais que tiveram durante as últimas duas semanas. Depois de conversas detalhadas sobre boquetes, transas e trocadilhos com homossexualidade, finalmente chegamos na cena do acontecido. A criminalística, o Instituto Médico Legal (IML) e o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) estavam com os carros um atrás do outro. Mais dois carros do SBT
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Cristiano filmava a cena toda sem interrupção.
atenção daquele momento trágico. No mais, tirei fotos do ocorrido ao lado de Cristiano, que estava tentando obter algumas informações com pessoas da região. Um morador chegou ao lado de Ricardo naquele momento. O jornalista perguntou se conhecia a falecida e ele disse que sim, mas apenas por vista. Ele indicou que um homem naquela pequena multidão em frente à casa, com calça de moletom preta, chinelo branco e moletom verde, era o filho da vítima. Quando ouvi aquilo, meu corpo ficou paralisado. Passaram-se cinco minutos até saber que aquele não era o filho da falecida. Ninguém, até o final da noite, descobriu quem era ele. Foram os cinco minutos mais longos da minha vida. Logo após vermos a filha da senhora assassinada sair da casa e ir até o carro da criminalística, Ricardo e os demais repórteres vão até o perito para tirar mais informações. - Vamos ter que levar o corpo para lavar para depois vermos o que ainda aconteceu. Não podemos descartar uma morte natural, mas é bem possível que não – disse o perito. Com tais informações, eu e Ricardo retornamos ao carro, após uma dupla de homens visivelmente bêbados
chegar ao local. Felizes da vida, Cristiano e Ricardo comemoravam no carro. Quando se ajeitaram, Ricardo mandou inúmeros áudios via Whatsapp para a redação do jornal, com as informações que haviam recolhido. “Olha Felipe...” disse Ricardo. “...tinha uma ‘véia’ morta lá, sangrando pela boceta e que talvez tenha sido morta pelo filho. É isso que eu tenho de informação agora. Vou te mandar o nome dela pelo Whatsapp”. Logo depois, nos perdemos no bairro, e calafrios passaram pelo meu corpo. Sob total escuridão na rua, apenas com alguns cachorros passando na frente do carro e luzes das casas de madeira podre indicando onde estava o chão, Ricardo consegue retornar até a Linha Verde, para voltarmos para o centro da cidade. Ele me pede desculpas por todos os palavrões e piadas grotescas em nossa viagem, mas me diz que aquele é um jeito para deixar o clima mais leve e não enlouquecer naquele trabalho. No final da minha viagem com Ricardo e outros jornalistas, lembro-me de uma frase que ele me disse logo quando estávamos perto do centro, de uma pergunta que tinha feito sobre sua relação com a morte: “o problema é que poucos repórteres policiais são jornalistas”.
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ABUSO DE AUTORIDADE
Os dois lados da violência policial: opiniões de vítimas e agressores Após seis anos de engavetamento, o projeto contra o abuso de autoridade volta ao Senado Federal e discute mudar a punição em casos envolvendo policiais e juízes Brayan Valêncio
“Força policial brasileira é a que mais mata no mundo”, “Polícia brasileira mata em 6 dias o mesmo que a britânica em 25 anos” e “Para 70% dos brasileiros, policiais cometem excessos de violência” são só algumas das manchetes que os jornais veicularam recentemente. As agressões físicas ou verbais não escolhem idade, gênero ou classe social, mas claro, há uma preferência notável para um determinado segmento da sociedade. O Mapa da Violência 2016 calcula que nos últimos dez anos aumentou em 99% o índice de mortes de negros no Brasil. O relatório detalhou também que um jovem negro tem duas vezes e meia mais chances de morrer que um jovem branco. A polícia deveria ser a instituição que protege e preserva a vida, visto que segundo a Constituição Federal, o maior direito que um cidadão tem é o direito à vida. Mas, a polícia é criticada por
Infográfico: Brayan Valêncio
nem sempre cumprir com seu papel e, ao invés de garantir a segurança, acaba por ferir seu próprio objetivo fazendo com que o cidadão tenha medo e se sinta inseguro. Até que ponto os atos da polícia cumprem a lei? Existem diversos casos que mostram que há momentos em que a polícia agiu, agrediu fisicamente e verbalmente. Renato Almeida Freitas Junior, advogado, candidato ao cargo de vereador pela cidade de Curitiba nas eleições de 2016 e negro, virou notícia após ser agredido pela Guarda Municipal enquanto panfletava no centro de Curitiba. “Eu estava ali no centro da cidade de Curitiba perto do Largo da Ordem e de repente chegou a Guarda Municipal daquele jeito que eu infelizmente já tô acostumado: com a arma em punho, [um dos guardas falou] ‘mão na cabeça’. Eles apontavam as armas ostensivamente e então, eu não pensei duas
vezes, virei para a parede e coloquei a mão na cabeça. Eu acatei todas as ordens, sem questionar inclusive. Então, [um deles] pegou minha identidade e carteira da OAB e então ele já chamou o outro e falou ‘isso daqui é falsificado, pode levar que no mínimo em uma falsificação de documento a gente enquadra esse daí’. E aí eu respondi dizendo que [meus documentos] não eram falsos. Ele então gritou comigo e disse ‘mão na cabeça. Eu não falei para você olhar para trás!’, Logo após ele pegou meus dedos que estavam entrelaçados e bateu na minha nuca. Eu falei ‘isso é violência, vocês não podem bater em mim. Isso configura abuso de autoridade’. Aí ele ficou mais bravo e falou ‘você já falou demais’ e começou a entortar meu braço. Após isso ele me deu voz de prisão”, relata, com os olhos marejados. Renato ainda não se recuperou do fato que marcou sua vida e sua jornada eleitoral rumo à Câmara de Vereadores de Curitiba. Após o ocorrido, sua campanha ganhou força e ele foi o candidato mais votado pela coligação Frente de Esquerda (Psol - PCB), com 3.455 votos (0.39%). Renato inclusive ganhou mais votos do que dois dos vereadores eleitos – Drª Maria Leticia Fagundes (PV) com 3.311 (0.38%) e Ezequias Barros (PRP) com 3.006 (0.34%) – mas, não conseguiu uma cadeira na Câmara de Curitiba porque sua coligação não atingiu o coeficiente eleitoral. Ou seja, se sua coligação obtivesse pouco mais de 1.000 votos para qualquer candidato, Renato seria o primeiro a ter uma cadeira garantida. Hoje, pouco mais de dois menos do ocorrido, o advogado ainda não consegue contar o fato sem se emocionar e afirma sentir pânico
cada vez que vê uma viatura. Apesar de toda a situação e dos traumas, para Renato tudo acabou se tornando uma experiência. “Acabei saindo mais forte do que entrei” afirma.
“Ele pegou meus dedos que estavam entrelaçados e bateu na minha nuca. Eu falei ‘isso é violência, vocês não podem bater em mim. Isso configura abuso de autoridade’”. Situações como a do advogado são comuns, mas, se em alguns casos o abuso de autoridade é justificado alegando que a vítima aparentava “estar promovendo perigo” ou “estar realizando ações que poderiam prejudicar o entorno”. Não há argumentos que fundamentem a ação descontrolada da polícia. A aposentada Jovenita Cândida Gomes De Souza, hoje com 85 anos, também passou por uma situação constrangedora. Há pouco mais de dez anos, enquanto caminhava pela rua de sua casa, acompanhada por uma de suas filhas e dois neto, foi abordada pela Polícia Militar, que, sem dar nenhuma explicação, a colocou em um muro de uma casa vizinha e começou a ofendê-la e revistá-la. “O carro [da polícia] parou e mandou a gente encostar. Nós encostamos. Colocamos a mão no muro. Eles começaram a chegar perto de nós e o que nós podiamos fazer? Encostar! Aí ele chegou revistou e xingou todo mundo”. Para Jovenita, o problema maior foi a falta de diálogo por parte da polícia. Em nenhum momento os policiais buscaram se explicar: “Eu achei assim, que ele fizeram aquilo por um abuso, porque eu tava vindo lá na rua e o que
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Infográfico: Brayan Valêncio
professor Joaquim Lopes, explica que a violência policial é histórica em nosso país: “Infelizmente a violência policial é um fenômeno social com o qual nós convivemos já há bastante tempo. Não é, portanto, algo novo que a gente possa tomar como um caso isolado. Não, não é uma exceção. Para Lopes, as funções da polícia perante a sociedade estão distorcidas: “O papel inicial da polícia seria o de uma instituição voltada para a segurança pública, mas dentro de padrões de respeito a direitos fundamentais do cidadão. O direito à vida e o direito à integridade física”, comenta.
tema. Às vezes o polícia prende duas, três, quatro, seis, dez vezes o mesmo indivíduo, cometendo os mesmos crimes, no mesmo local. Chega uma hora que aquele policial não acredita mais no sistema, ele sabe que a prisão, a simples prisão do indivíduo, não vai gerar nada, nenhum prejuízo a ele. E é o momento em que o policial se acha o julgador. Ele toma para si as dores daquele crime e decide por contra própria aplicar algum tipo de sanção a esse criminoso”, relata. O soldado também reprova a forma como a polícia é críticada por ser a instituição de segurança que está mais exposta perante a sociedade: “Infelizmente o abuso de autoridade acaba sendo mais notório quando é exercido por parte das polícias. É fácil descobrir o porquê, já que a polícia está todos os dias na rua, a polícia está caracterizada, a polícia está utilizando um fardamento, está utilizando de viaturas”, conclui. Mas acima da visão da polícia ou de alguém que passou por algum tipo de agressão, há também a visão de quem busca estudar as atitudes através da racionalidade. O sociólogo e
O professor conclui seu raciocínio dizendo que a sociedade também é culpada pela forma como a polícia age devido a impunidade que o sistema judiciário apresenta em determinados
Foto: Pixabay
eu tinha que encostar na parede? Eu tava passando na rua! (...) foi uma coisa tão rápida assim que a gente fica chateada. Todo mundo que passou na rua viu”, comenta. Mas o que para muitos se configura como abuso de autoridade, para outros é algo que não é tão grave ou que na verdade ocorre de forma diferente. Um soldado da força-tarefa BOPE Paraná, que aceitou expor seu ponto de vista desde que não seja identificado, afirma que dentro da polícia há diversas linhas de pensamento sobre o abuso de autoridade. “É uma questão que não se pode generalizar, a gente tem visões distintas acerca desse mesmo tema em toda a polícia. Para a instituição polícia, certamente o abuso de autoridade é visto como um desafio a ser combatido”, afirma. O soldado relata quais são as razões por trás de uma eventual agressão física ou verbal cometida por um policial e o quão frequente o abuso de autoridade acontece dentro da corporação policial: “Acaba sendo, não comum, mas, já houve alguns casos de abusos cometidos por parceiros, por superiores e isso acaba sendo reflexo de um sis-
“Chega uma hora que aquele policial não acredita mais no sistema, ele sabe que a prisão, a simples prisão do indivíduo não vai gerar nada, nenhum prejuízo a ele. E é o momento em que o policial se acha o julgador”.
casos: “Uma característica dessa benevolência da sociedade e das autoridades ligadas ao sistema judiciário e de segurança é o fato de termos uma escalada da impunidade penal no que diz respeito a atos ilícitos ou atos de uso ilegítimo da força física praticadas por policiais. O último caso que nós temos é a suspensão do processo dos policiais que participaram do massacre do Carandiru. Então, a impunidade penal acaba passando uma mensagem muita clara para o policial que ele de fato pode agir à margem da lei, fazendo uso ilegítimo da força física, sobre indivíduos que a sociedade considera como de uma classe inferior. Basta a gente lembrar aquela famosa frase ‘bandido bom é bandido morto’’, conclui. O projeto de lei 208/2016, criado pelo Senador de Alagoas Renan Calheiros (PMDB), e que tramita de forma acelerada pelo Senado Federal, tem por objetivo fortalecer a punição nos casos de abuso de autoridade, mas, essa proposta busca realmente punir autoridades que cometem crimes ou haveria alguma outra conveniência política?
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Futebolizando Marcos Henrique
Brasil: a melhor seleção da atualidade
O
Brasil fecha 2016 sendo a melhor seleção de futebol do mundo. Parece estranho dizer isso em um ano que a esquadra verde e amarela foi eliminada de uma Copa América pelo Peru, com um gol de mão, e pasmem os senhores, dentro de um grupo com Equador, Haiti e o próprio Peru. Foi a gota d’agua para o técnico Dunga, que não suportou as derrotas – aliadas às péssimas atuações – porque a seleção do “país do futebol” não pode apenas ganhar, ela precisa dar show, proporcionar espetáculo. Após o vexame em Boston, a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol se viu obrigada a chamar Tite, o técnico mais aclamado do Brasil, desde os títulos da Libertadores e do Mundial
de clubes pelo Corinthians em 2012. O gaúcho já merecia ter assumido a amarelinha logo após a Copa do Mundo de 2014, quando Felipão largou o comando por motivos óbvios. Em 2013, Tite saiu do timão para se reciclar, visando uma possível vaga na seleção brasileira após a Copa, e assim se preparando para assumir o cargo mais importante do futebol mundial. Tragicamente a corrupta CBF tem interesses escusos e, após o maior vexame da história do futebol, viu que o nome ideal para treinar a esquadra brasileira era o de Dunga, que não exercia o cargo de treinador desde uma péssima passagem pelo Internacional, seu clube de coração, em 2013. Foi a pior decisão que a CBF tomou nos últimos anos. Dunga acumulou vitórias contra seleções fracas
e seguidos vexames. Tite voltou ao Corinthians e foi campeão brasileiro incontestável em 2011, o que gerou mais incompreensão da mídia e dos torcedores: “Como é que esse cara não está treinando a seleção?” Pois bem, Tite estreou no comando da amarelinha em um jogo duro, com o Equador, em um tabu de 33 anos sem ganhar na altitude de Quito. Nos primeiros minutos de jogo já se via um time diferente, com a armação de meio campo muito parecida com o que o gaúcho usou no Corinthians de 2015, o Brasil teve certa dificuldade, mas não passou aperto em nenhum momento. E foi na segunda etapa de jogo que a “melhor seleção de futebol do momento” começava a dar seu cartão de visitas, com 3 gols e um futebol muito ofensivo. A seleção ganhou seu primeiro jogo na era Tite. Na sequência foram mais cinco vitórias, 17 gols marcados e apenas um sofrido. Mas o que realmente impressiona é o estilo de jogo implantado pelo técnico, com um time que busca o gol a todo o momento, sempre organizado – fato estranhamente novo, levando em conta a falta de organização dos times de Dunga e Felipão. Com Renato Augusto, Paulinho e Fernandinho fazendo a trin-
ca de meio-campistas, Neymar e Coutinho com intensas movimentações que bagunçam o esquema tático adversário, auxiliados pela grande surpresa dessa nova geração canarinho que é Gabriel Jesus. A defesa reservou surpresas também: Marquinhos do PSG é o novo titular incontestável ao lado de Miranda. Pelas laterais temos Marcelo e Daniel Alves, dois dos melhores do mundo, agora fazendo funções bem parecidas com as que exercem em seus clubes, o que facilita muito a compreensão tática de ambos. Pode parecer cedo para afirmar que somos a melhor seleção de futebol da atualidade, mas temos potencial para tanto. Porém, tenho certeza absoluta que os torcedores receberam muito bem essa nova seleção e o espírito de acreditar no time voltou, graças a Tite, que é o grande responsável por uma mudança de postura nos jogadores. Se isso vai ser o suficiente para trazer a Copa do Mundo em 2018 só o tempo vai dizer, mas a seleção empolga torcedores e jogadores. Recentemente Mats Hummels, zagueiro alemão no 7x1, disse em entrevista para ao portal da FIFA que o time brasileiro é a melhor seleção da atualidade. Se até os alemães estão com medo, porque não acreditar? O hexa é logo ali.
A primavera está aí: conheça os vírus e alergias mais comuns nesta época
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omo sabemos, estamos numa das épocas mais bonitas do ano, quando as flores desabrocham colorindo nossas ruas e casas, árvores dão seus frutos e o frio já não é mais tão intenso. Mas nem tudo são só flores. Literalmente. Com a chegada da primavera, vários vírus se aproveitam desse clima, para nos incomodar: como rinite, conjuntivite, alergias, entre outras complicações. Vamos começar falando da rinite alérgica. Ela é causada principalmente pelo pólen das flores, que irritam as vias aéreas dando coceira e irritação na mucosa nasal. Uma dica para prevenir
é beber bastante líquidos, como água e sucos naturais. Já a conjuntivite também pode ser causada pela liberação do pólen das flores que ficam pelo ar, e ocasiona irritação ocular. Só quem teve sabe o quanto incomoda essa coceira nos olhos. Uma dica para evitar essa irritaçãozinha é sempre lubrificar os olhos com soro fisiológico, ou um colírio simples, que já ajuda e muito. A alergia é outro mal dessa época, que não nos deixa nem curtir o cheiro das flores. E sabem por que a alergia fica mais intensa nesse período? É porque com a temperatura aumentando, as flores desabrochando, o aumento de
+ Saúde
Bruna Rafaela
insetos, aquelas picadinhas doloridas começam a surgir juntamente com isso, e elas podem dar coceiras na pele, nariz com coriza e olhos vermelhos. A primavera também é a porta para uma doença muito preocupante: a dengue. O mosquito transmissor desse vírus, o Aedes Aegypti, começa a se proliferar nesse período e surgem os primeiros casos. Ele vem em áreas consideradas mais chuvosas e de altas
temperaturas. Só no início de 2016, foram registrados aqui no Paraná mais de 55 mil casos de dengue e 61 mortes, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa). O cuidado na hora de fazer uma viagem deve ser redobrado. E para ajudar a prevenir, o básico é essencial: Não deixar água parada em plantas, pneus, tanques, calhas e etc, além de fazer uso de repelentes.