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Edição 1009 | Especial – Copa América Curitiba, 23 de julho de 2019
Brasil conquista a América em casa Saiba os detalhes e o que aconteceu na competição
LONA - Edição 1009
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Editorial
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Copa América voltou para o país do futebol em 2019. Foi a quinta edição do torneio realizada no Brasil, e todas vencidas pela seleção brasileira. Era a grande chance da CBF ganhar um troféu após 6 anos. O último título canarinho tinha sido a Copa das Confederações de 2013, vencida no mesmo Maracanã, palco da final da Copa América deste ano. Desde 2007, o Brasil não vencia a competição continental, o que aumentou ain-
da mais a vontade por um título. Ganhar a Copa América era tido como obrigação. Muita coisa aconteceu no tempo que o futebol brasileiro ficou sem título: 7 a 1, eliminações em torneios, resultados magros, despenhos ruins. Até o técnico Tite, que era unânime antes da Copa do Mundo de 2018, teve o trabalho questionado após jogos ruins durante e depois do Mundial. Ganhar para poder trabalhar. O lema era mais ou menos assim. A campanha ficou longe da exce-
Sumário 3
Final Melhores jogadores
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Futuro do Brasil
pedem uma futura convocação. Uma Copa América que parou o Campeonato Brasileiro, usou a tecnologia e teve convidados, ingressos caros, público pequeno e pouco futebol. A maioria dos jogos não foi um espetáculo, longe do nível de Lionel Messi, James Rodríguez, Alexis Sánchez, Luís Suárez e Edinson Cavani. Apenas James está na seleção do campeonato. A competição não pode cair na mesmice, se não o nível vai piorar. Ano que vem tem outra, na Argentina e na Colômbia.
O LONA é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O veículo integra a Rede Teia de Jornalismo. Acompanhe o curso de jornalismo pelas redes sociais. Caso tenha dúvidas sobre o curso, entre em contato.
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Clubes paranaenses
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lente. Altos e baixos, mas com evolução nos últimos jogos. Na final, um adversário mais fraco que o esperado. A seleção peruana tentou, mas não conseguiu fazer frente ao Brasil. Na hora da premiação no Maracanã, vaias e aplausos ao presidente da República Jair Bolsonaro, que, apesar de não ter esperado tamanha reação negativa, aproveitou para aparecer na foto com os jogadores campeões e comemorar o título. Agora, a seleção brasileira precisa pensar no futuro. Cabe ao técnico observar os jogadores que
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Tecnologia
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Convidados
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EXPEDIENTE
jornalismo@up.edu.br Presidência da Divisão de Ensino do Grupo Positivo Paulo Cunha
Coordenação do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira
Editor de texto Johan Gaissler
Coordenação Acadêmica Roberto Di Benedetto
Editor-chefe Johan Gaissler
Equipe de reportagem Felipe Mateus, Gabriele Bonat, Johan Gaissler, Luan Soares, Luca Bauermann, Lucas Basilio, Marcelo Costa e Pedro Henrique Talin
Reitoria José Pio Martins
Professora-orientadora Katia Brembatti
Revisão final Katia Brembatti
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Curitiba, 23 de julho de 2019
FINAL
Bastidores: Estádio lota, torcida apoia e clima colabora para o Brasil se sagrar campeão da Copa América 2019 Seleção brasileira conquista pela nona vez a competição continental. Foi a quinta edição realizada no Brasil e o quinto título brasileiro Pedro Henrique Talin
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Maracanã recebeu quase 70 mil pessoas para acompanhar a grande final da Copa América. Torcedores do Brasil inteiro foram até o Rio de Janeiro para ver a seleção canarinho voltar a ganhar um título. Era nítido que todos os brasileiros ali presentes não tinham dúvida de que o Brasil venceria, era inadmissível que a seleção fosse derrotada pela seleção peruana. O clima era de descontração, brincadeira e de muita interação entre pessoas que provavelmente nunca mais irão se encontrar. Brasileiros, peruanos, argentinos, chilenos, uruguaios... todos assistindo juntos a uma decisão continental. Aos poucos o público foi entrando no estádio, se dirigindo aos seus lugares e esperando ansiosamente o apito inicial do juiz. Quando os atletas foram para o aquecimento, a sensação era que a partida logo começaria. Jogadores que atuavam por toda a Europa encantavam torcedores que viajaram horas para aquele momento. Os protagonistas da final voltaram para o vestiário e, no gramado, começaram os preparativos para a cerimônia de encerramento. O encerramento contou com representantes de cada país que disputou a competição e no palco a cantora Anitta e o cantor porto-riquenho Pedro Capó se apresentaram pouco antes da bola rolar. Ao mesmo tempo, um vídeo de crianças representando os craques desta edição da Copa América era transmitido em todos os telões do estádio. A apresentação durou em torno de dez minutos. A hora do grande confronto se aproximava cada vez mais e os autofalantes anunciavam as escala-
ções. Todos os atletas brasileiros foram aplaudidos, menos o treinador da seleção. Tite logo ao ter o nome anunciado foi vaiado por grande parte dos torcedores. Já a seleção peruana também teve nomes que se destacaram. O lateral Trauco, que disputa o Brasileirão pelo Flamengo, foi aplaudido por peruanos e flamenguistas presentes. Ao contrário do ex-atacante do Fla, Paolo Guerrero foi vaiado durante todo o jogo. A bola rolou e a torcida entrou em campo junto com a seleção. Mesmo a postura tímida da seleção não fez com que a temperatura do jogo ficasse morna. Era uma final. Era uma decisão. A falta de criação da seleção brasileira preocupou um pouco o torcedor, mas todo o receio saiu da cabeça do torcedor quando Éverton Cebolinha balançou as redes. O Maracanã era só festa, a alegria estava estampada no rosto da torcida que passou a acreditar mais ainda no título. No entanto, toda grande história tem momentos de tensão. Toque de mão de Thiago Silva e pênalti para o Peru. A torcida parou. O nervosismo tomou conta das arquibancadas. A grande esperança e alívio da torcida foi quando o árbitro de vídeo chamou o juiz para revisar o lance. Mesmo revendo o lance, Roberto Tobar manteve sua decisão e assinalou o pênalti para o Peru. Capitão da seleção e homem mais vaiado no estádio, Paolo Guerrero foi para a cobrança e como se estivesse no treino colocou o goleiro Alisson de um lado, a bola do outro. Nesse momento, o nervosismo se tornou presente na torcida brasileira que instantaneamente se calou e trouxe esperança para os peruanos presentes. Porém, esse momento durou
pouquíssimo tempo. Gabriel Jesus colocou o Brasil em vantagem novamente e reanimou a torcida canarinho. Após o gol, fim de primeiro tempo. Jogadores vão ao vestiário na frente e o torcedor volta a ter a convicção de que o título será alcançado. Por outro lado, a seleção e torcida do Peru desanimaram. O empate que poderia mudar o jogo, não durou nem cinco minutos. E os quinze minutos de intervalo foram de conversas extremamente diferentes para as duas seleções. Na volta do intervalo as seleções inverteram os papéis. O Peru se lançou ao ataque e o Brasil esperava por um contra-ataque que fechasse o jogo. Com uma postura segura, mesmo sem encher os olhos a torcida via que o jogo não deveria mais ter problemas. Contudo, mais uma vez o árbitro foi determinante em um novo momento complicado para a seleção. Roberto Tobar mostrou o segundo cartão amarelo para o atacante da seleção brasileira, Gabriel Jesus. O lance gerou revolta na torcida, já que nenhum dos presentes conseguia enxergar claramente o motivo da expulsão. O nove da amarelinha saiu transtornado. Jesus saiu de o melhor em campo, para culpado de uma possível perda de título. A seleção peruana cresceu ainda mais no jogo. O técnico Ricardo Gareca fez trocas que levaram o Peru novamente para o ataque. Ao mesmo tempo que na seleção peruana entrava um atacante, no Brasil entrava um zagueiro e as propostas de jogo das equipes ficavam muito claras. A torcida brasileira estava tensa mais uma vez, um jogo que deveria ser tranquilo se tornou muito perigoso para o Brasil. A torcida presente no Maraca só
pode se tranquilizar aos 45 minutos do segundo tempo. Em um rápido contra-ataque, Éverton foi derrubado na área e o árbitro marcou o pênalti. Em meio às comemorações de todo o estádio, o VAR chamou o juiz de campo e os torcedores se prepararam para a anulação do pênalti. Entretanto, mais uma vez Roberto Tobar manteve sua decisão e assinalou o pênalti. Richarlison que entrou no decorrer do jogo, pegou a bola e foi para cobrança. O goleiro Pedro Gallese já havia defendido as cobranças de Gabriel Jesus no terceiro jogo da fase de grupos, de Luis Suaréz nas quartas de final e de Vargas na semifinal da competição. Porém o camisa 21 não pensou em nada disso, bateu forte, rasteiro, no canto e fez a alegria do torcedor. Antes do apito final, os torcedores presentes já gritavam “é campeão” e “o campeão voltou”. O apito do juiz foi só para confirmar o que todos os torcedores esperavam: o nono título de Copa América do Brasil. O único momento que dividiu os torcedores foi no instante em que o presidente Jair Bolsonaro entrou no gramado para a cerimônia de premiação. Na arquibancada se via de tudo, aplausos, vaias, gritos de apoio, xingamentos, porém em pouco tempo a torcida esqueceu a política e voltou a comemorar o título. A festa aumentou quando na cerimônia de premiação só jogadores brasileiros foram premiados. Éverton, melhor em campo e artilheiro. Alisson, melhor goleiro. E o lateral direito Daniel Alves foi eleito o melhor da competição. Com o resultado, o Brasil manteve a hegemonia e venceu as cinco edições de Copa América disputadas em solo brasileiro.
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MELHORES JOGADORES
Conmebol elege os melhores da Copa América Para a confederação organizadora, cinco brasileiros estão entre os protagonistas da competição. Johan Gaissler
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Conmebol elegeu os melhores jogadores da Copa América. O lateral-direito brasileiro Daniel Alves foi eleito o craque do torneio, Éverton ficou com a premiação de artilheiro e Alisson foi eleito o melhor goleiro da competição. O Brasil, campeão da competição, foi a seleção que mais teve jogadores entre os melhores da Copa América, com 5 atletas. O Peru, vice-campeão, teve dois representantes. Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai ficaram com 1 atleta entre os melhores. Goleiro: Alisson - Brasil
Alisson - BRA
Dani Alves - BRA
J. Giménez - URU
Thiago Silva - BRA
M. Trauco - PER
Lateral-direito: Daniel Alves - Brasil Zagueiros: José Maria Giménez - Uruguai
A. Vidal - CHI
L. Paredes - ARG
Thiago Silva - Brasil Lateral-esquerdo: Miguel Trauco - Peru
Arthur - BRA
Meio-campistas: Leandro Paredes - Argentina Arturo Vidal - Chile Arthur - Brasil J. Rodríguez - COL
Éverton - BRA
Atacantes: James Rodríguez - Colômbia Paolo Guerrero - Peru Éverton - Brasil
P. Guerrero - PER
Curitiba, 23 de julho de 2019
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FUTURO DO BRASIL
5 jogadores que podem estar futuramente na seleção Atletas que fizeram grande temporada merecem um olhar mais carinhoso do técnico da seleção brasileira após o título da Copa América Lucas Basilio e Gabriele Bonat
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ite convocou 23 jogadores para a Copa América. A relação foi questionada, devido a ausência de alguns nomes que ficaram de fora e que podem aparecer nas próximas listas do treinador.
ros jogos, percebeu a evolução do futebol do jogador, que ganhou status de ídolo atleticano. O nome do atleta foi especulado para ser chamado por Tite nas últimas convocações do Brasil, mas ainda não foi convocado. A comissão técnica da seleção brasileira adiantou que Lodi será testado com a amarelinha nos próximos meses.
Renan Lodi O lateral esquerdo que deixou o Athletico recentemente é considerado uma das maiores joias já reveladas no Furacão. Um dos nomes marcantes do título da Copa Sul-Americana de 2018, Renan Lodi foi vendido para o Atlético de Madrid por um valor de mais de 20 milhões de euros: a maior venda da história do clube paranaense. Quem acompanha Lodi desde os primei-
(Foto: Lineu Filho)
Vinícius Júnior
Lucas Moura
O novo xodó do torcedor brasileiro tem nome: Vinícius Junior. Criado na Gávea, base do Flamengo, o jovem jogador rapidamente se destacou jogando pelo rubro-negro ainda nos juniores, e despertou o interesse de um dos maiores times do mundo, o Real Madrid. “Vini” começou a ganhar chances no Real e logo ganhou o carinho dos torcedores madrilenhos e da imprensa espanhola - que inclusive o colocou como principal esperança na nova era sem Cristiano Ronaldo. No auge da temporada, antes da convocação final para a Copa América, lesionou o tornozelo e não foi chamado. Vinicius é um dos principais jogadores brasileiros se pensado no futuro da camisa amarela.
Lucas acabou ganhando o rótulo de eterna promessa. Surgiu com grande expectativa no São Paulo e, ainda novo, foi vendido ao Paris Saint Germain. O jogador nunca se firmou no time francês e, após quatro temporadas e meia, foi vendido ao Tottenham, da Inglaterra. Lá, o futebol dele parece ter sido recuperado - inclusive marcou um hat-trick na semifinal da UEFA Champions League
(Foto: Divulgação/Twitter)
Fabinho Talvez a maior injustiça cometida por Tite na convocação para a Copa América, Fabinho foi importantíssimo na engrenagem criada por Jürgen Klopp, no Liverpool, atual campeão da UEFA Champions League. No começo da temporada passada, as coisas pareciam que não dariam certo para o brasileiro, mas, em pouco tempo, ele se adaptou ao estilo de jogo do treinador alemão e se tornou peça importante na saída de bola dos Reds. A posição de origem de Fabinho é a lateral direita, mas se firmou como profissional como primeiro volante, no Mônaco - pela capacidade de pensar as jogadas a partir da defesa. Os concorrentes dele no Brasil são Casemiro e Fernandinho. O primeiro fez temporada apagada no Real Madrid; o segundo fez excelente campeonato pelo
(Foto: Reprodução/SuperFC) Manchester City, mas tem um péssimo histórico recente jogando pela seleção, e marcado negativamente pela torcida. O estilo de jogo do Brasil treinado por Tite não favorece as principais qualidades de Fernandinho. Até por isso, Fabinho seria escolha natural para a maioria dos brasileiros, mas não para o treinador da amarelinha que preferiu deixá-lo de fora.
Alex Telles contra o Ajax, em um jogo emocionante que culminou na classificação do clube inglês para a final da competição, ficando com o vice-campeonato. Além disso, ele acabou a temporada com 15 gols e duas assistências. A posição em que Lucas joga tem grande concorrência, mas se o desempenho for igual ao da última temporada europeia, é de se esperar uma convocação dele.
(Foto: Divulgação/Tottenham)
O lateral esquerdo de 26 anos teve grande temporada no Porto, de Portugal. Com 52 jogos, 6 gols e 13 assistências, Telles está entre os nomes cotados para o futuro da seleção brasileira. Por anos a faixa esquerda do Brasil foi comandada por Roberto Carlos e Marcelo, mas o último nunca repetiu o sucesso obtido no Real Madrid na Seleção e, até por isso, se espera que ele assuma mais protagonismo numa reestruturação brasileira pós-Copa América.
(Foto: Filipe Farinha)
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CLUBES PARANAENSES
Brasileirão parou durante a Copa América. Como foram os times paranaenses quando torneios foram interrompidos Competição continental durou quase 1 mês. No período, clubes tiveram a oportunidade de melhorar a condição física dos atletas
Athletico foi finalista da Copa do Brasil em 2013. (Foto: André Durão/Globoesporte.com)
Coritiba se livrou do rebaixamento em 2014 na penúltima rodada. (Foto: Marcos Ribolli)
Pedro Henrique Talin
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Copa América pode ter acontecido em boa hora para vários clubes. Com os campeonatos nacionais paralisados, o planejamento dos clubes foi baseado nas últimas partidas jogadas por eles no torneio, pois a partir disso, clubes demitiram e contrataram técnicos, como o CSA, que demitiu Marcelo Cabo e contratou Argel Fucks; e encerraram o contrato de jogadores, como o Coritiba, que rescindiu o contrato do zagueiro Alan Costa. O sócio torcedor do Athletico Paranaense, Thiago Oliva, de 19 anos, disse não ver pontos negativos e lembrou que foi na paralisação para a Copa do Mundo do ano passado que o Furacão se reestruturou e terminou fazendo uma grande temporada. “Para os
objetivos do Athletico, eu não encontro muitos contras com a parada não, acho bom esse tempo de descanso e ajustes. Foi onde, ano passado, o Athletico deu toda a virada de jogo que levou à campanha do título da Copa Sul-americana”, lembrou Thiago. A melhora da equipe atleticana após uma parada para competição de seleções não foi um fato isolado. Em 2013, a equipe parou para a Copa das Confederações na zona de rebaixamento e conseguiu no final da temporada uma vaga para a Libertadores, após marcar 64 pontos e ficar com a terceira colocação do Campeonato Brasileiro. Para o rival Coritiba, acaba sendo mais difícil prever algo. No histórico, a equipe alviverde já melhorou e já piorou em paralisações. Guilherme Alves, torcedor coxa-branca, acredita que neste ano será di-
fícil prever algo. “Se o Coxa estiver em um bom momento, essa pausa pode tirar o foco da equipe, mas se o momento não estiver bom, com sequência de empates ou derrotas é a chance de colocar tudo no eixo”, comentou o torcedor. Em 2013, o Campeonato Brasileiro parou com o Coritiba na liderança. Ao final do torneio, o clube quase foi rebaixado. Em 2014, durante a paralisação, o Coxa era o décimo sétimo colocado. O clube demorou para se ajustar no campeonato e se livrou da queda na penúltima rodada. Para o Paraná Clube, as paralisações para torneios de seleções não trazem boas recordações. Antes da Copa de 2014, o tricolor estava na décima quarta colocação. Após a parada, a equipe não evoluiu muito e terminou a competição em décimo primeiro com 51 pontos. No ano passado, o time da Vila
disputava a primeira divisão após dez anos, mas fez uma campanha decepcionante. Antes da parada para a Copa a equipe ocupava a décima oitava colocação, com dez pontos. O time comandado por Rogério Micale estava na frente do rival Athletico. A segunda metade do Campeonato foi ainda pior e o tricolor amargou a última posição, rebaixado com apenas 23 pontos. Mesmo com um retrospecto negativo, o torcedor Sérgio Ribeiro se mantém confiante e acredita o Paraná pode voltar a elite do futebol brasileiro: “Tem que continuar dessa forma. O técnico que subiu com o time, comissão daqui da cidade, jogadores que vieram do Athletico, estamos [torcedores do Paraná] esperançosos. Dinheiro que é bom também tem pouco. Tem que tocar com o que temos e esperar que tudo se encaixe para subir para a série A”.
Curitiba, 23 de julho de 2019
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TECNOLOGIA
VAR aparece novamente em uma competição continental, mas o sistema ainda provoca questionamentos O assistente de vídeo foi utilizado na Copa América no Brasil. Árbitros e jornalistas falam sobre vantagens e problemas Felipe Mateus e Luan Soares
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ais uma vez, o assistente de vídeo, popularizado como VAR, foi usado em uma competição oficial, desta vez na Copa América no Brasil. O sistema foi utilizado em todos os 26 jogos da competição e, apesar de cada vez mais a tecnologia estar no futebol, ainda há discussões quanto ao funcionamento ideal. As reclamações são relacionadas à demora na consulta do árbitro principal ao vídeo, a perda de autonomia do juiz de campo e em quais lances o VAR pode interferir. A Copa América é organizada pela Conmebol, que tem o VAR nas competições organizadas por ela há 2 anos, nas fases decisivas da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Alguns lances polêmicos aconteceram neste tempo, como a expulsão do jogador Dedé no jogo de ida das quartas de final da Libertadores 2018. O cartão foi retirado pelo comitê discipli-
nar da entidade após a partida. Outra polêmica envolvendo o VAR e a Conmebol foi nas quartas de final da Copa-Sul-Americana de 2018, quando o Bahia teve 2 gols anulados de forma polêmica no duelo contra o Athletico Paranaense no jogo de ida em Salvador. Em um dos lances, havia um possível impedimento de um jogador do Bahia, mas ele não estava em posição irregular. Mesmo com o uso do vídeo, o gol foi anulado. O árbitro Marcelo de Lima Henrique, que foi do quadro da FIFA até 2014, diz que ampliaria as regras sobre os lances de possível intervenção do VAR: “Para corrigir erros de todas as saídas de bola, escanteios ou tiros de meta”. Marcelo ainda falou sobre a questão da demora. Segundo ele, “quanto mais usado, menos erros e menos demora”. Ainda ressaltou que o sistema está no começo da utilização no Brasil. Quem adotaria outra forma para a utilização do VAR é o nar-
rador do Grupo Globo Daniel Pereira. Para ele, o sistema deveria ser como o “desafio” no vôlei e no tênis, em que os atletas têm um número limitado de desafios a pedir em cada set. Segundo o narrador, as polêmicas devem continuar: “O VAR não está alinhado ainda, falta muito para ficar bom, acho que as polêmicas seguem”. Quando o assunto é a autoridade do árbitro, muitas pessoas temem que, com o VAR, o árbitro do jogo, na prática, seja quem está na cabine. O jornalista do Grupo Globo Carlos Cereto se preocupa com isso: “Tem que haver ajustes para que o árbitro de campo não perca a autoridade, o VAR deve ser usado para corrigir erros graves de arbitragem, e não interferir em lances interpretativos”. Para o jornalista, o sistema deve se ajustar com o tempo: “Os erros e discussões ainda vão continuar por um bom tempo, até que o protocolo de utilização do VAR
seja ajustado”, completou Cereto. Os erros foram lembrados pelo torcedor e narrador esportivo Antônio Carlos. Ele lembrou dos erros cometidos pelo VAR no início do Campeonato Brasileiro de 2019, nas partidas entre Fluminense e Goiás na 1ª rodada e Botafogo e Fortaleza na 3ª rodada. Antônio também se mostrou favorável ao sistema: “Tem muita coisa para ser ajustada e, com o tempo, devem diminuir os erros no uso do sistema. Principalmente as injustiças que já aconteceram no futebol. Na minha opinião, o VAR veio em boa hora”. Na Copa América, foram 23 árbitros que podem fazer tanto a função de árbitro principal, quanto de árbitro de vídeo, sendo 3 brasileiros: Wilton Pereira Sampaio, Raphael Claus e Anderson Daronco. Foram 3 os brasileiros que trabalharam como assistentes: Rodrigo Correa, Marcelo Van Gasse e Kleber Lucio Gil.
Brasil campeão mais uma vez em casa: relembre as vitórias do anfitrião
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o longo da história, o Brasil já sediou duas Copas do Mundo, 5 Copas Américas e uma Copa das Confederações. Também sediou uma olímpiada e 2 jogos pan-americanos, embora nessas competições as seleções são compostas por jogadores, na maioria, jovens. Em 10 competições, o Brasil foi vencedor 7 vezes. Apesar de não ter vencido nenhuma Copa do Mundo em casa, a seleção venceu todas as edições da Copa América disputadas no país, a Copa das Confederações, a medalha de ouro dos jogos pan-americanos e
o ouro inédito nos jogos Rio 2016. Nas edições da Copa do Mundo disputadas aqui foram duas decepções para os brasileiros. Em 1950 com o famoso “Maracanaço”, quando o Brasil perdeu a final para o Uruguai, e em 2014 quando aconteceu o maior vexame da história da seleção, o histórico 7x1 da semifinal contra a Alemanha. Os resultados mudam quando a competição é Copa América. A primeira edição da competição disputada no Brasil, em 1919, foi o primeiro título da história da seleção brasileira. A competição na época se chamava Campeonato Sul-Americano
de Futebol contou com outros 3 participantes: Uruguai, Argentina e Chile. Depois dessa conquista vieram os outros triunfos nas vezes em que o país sediou a competição, em 1922, que já contou com 5 participantes, com a inclusão do Paraguai; em 1949, que contou com 8 participantes, com o Peru, a Bolívia e o Equador; em 1989 que contou com os 10 países da América do Sul (exceto as Guianas o Suriname) com a participação da Colômbia e da Venezuela; e em 2019, quando a competição teve 12 participantes e dois convidados, as seleções do Japão e do Catar. Outra conquista importante da
seleção principal foi a Copa das Confederações em 2013, quando o Brasil derrotou a então campeã do mundo Espanha, com o placar de 3 a 0 no Maracanã. Nos jogos pan-americanos e olímpicos no Brasil, o retrospecto também é bom. No Pan de São Paulo, em 1963, a seleção foi ouro. Já no Rio em 2007, o Brasil foi eliminado na fase de grupos. Uma das mais importantes conquistas brasileiras no futebol foi nas Olimpíadas do Rio em 2016, quando a seleção conquistou a primeira medalha de ouro olímpica após derrotar nos pênaltis a Alemanha.
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CONVIDADOS
Saiba por que Japão e Catar jogaram a Copa América Receber seleções de fora do continente não é novidade para Conmebol
Japão na estreia da Copa América. (Foto: Divulgação/Twitter Seleção Japonesa)
Qatar estreiou contra o Paraguai. (Foto: Twitter/Confederação do Qatar
Marcelo Costa e Luca Bauermann
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uando se pensa em Copa América, imagina-se um torneio de futebol disputado pelas seleções da América do Sul. Mas de 1993 para cá, a prática foi recorrente. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) costuma convidar seleções de outros continentes para participar da competição. Isso acontece para equilibrar o número de equipes e facilitar a logística para a disputa do torneio. O Japão participou pela segunda vez da Copa América, a primeira foi em 1999. Em 2011, a seleção nipônica foi convidada, mas não
participou devido a problemas relativos aos tsunamis que atingiram o país naquele ano, somado à dificuldade na liberação dos jogadores pelos clubes. O Catar, que está em evidência por ser o país sede da próxima Copa do Mundo de 2022, jogou pela primeira vez a competição continental. A intenção da Conmebol era ter seis convidados de outras confederações, mas seleções europeias recusaram o convite (Portugal e Espanha) e seleções norte-americanas ficaram impossibilitadas pela disputa da Copa Ouro, competição da Confederação das Américas Central e do Norte (Concacaf ).
Japão e Catar foram eliminados na fase de grupos. A seleção japonesa ficou em terceiro lugar no grupo C, com dois empates (contra o Uruguai e o Equador) e uma derrota (contra o Chile). O Catar ficou em último no grupo B, com duas derrotas (contra a Colômbia e a Argentina) e um empate (contra o Paraguai). Como a Conmebol tem dez países filiados, a competição apenas entre as equipes sul-americanas ficou dificultada pela fórmula de disputa. Em 1975, a competição foi nomeada oficialmente como Copa América e foi as dez confederações filiadas jogaram. A organização foi
obrigada a pensar em formas alternativas de selecionar ao menos quatro participantes para a fase de mata-mata, sem desequilibrar o número de partidas ou prejudicar o andamento da competição. A partir da edição da Copa América de 1993, o torneio contou sempre convidados, geralmente da Concacaf. Em fevereiro desse ano, Japão e Catar se enfrentaram na decisão da Copa da Ásia, e a seleção catari foi a campeã da Ásia pela primeira vez com uma vitória por 3 a 1 em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes. Os japoneses são os maiores campeões da Copa da Ásia com quatro conquistas.