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Ano XVI > Edição 991 > Curitiba, 03 de outubro de 2016
Greca e Leprevost no segundo turno p. 3
EDITORIAL
OPERAÇÃO SANTINHO
“As eleições diretas no país foram instituídas pela Constituição de 1988 e somente a partir de então foi definido que “todo poder emana do povo. O voto consciente, além de arma para a revolução do bem-estar social, é o incentivo para o amadurecimento da nossa democracia.” p. 2
A noite de véspera da eleição voltou a ser palco de um crime eleitoral em Curitiba. A pé e de carro, dezenas de pessoas foram flagradas pela reportagem do LONA jogando material de propaganda política em frente a locais de votação por toda cidade. O crime é passível de multa e prisão. p. 7
OPINIÃO
ABSTENÇÃO
“Ao que tudo indica, o tradicional rebuliço das ruas de Curitiba durante as campanhas migrou de vez para o mundo virtual, no qual o comportamento preconceituoso dos candidap. 2 tos não passa em branco.”
Em comparação com 2012, quase o dobro de eleitores curitibanos escolheu por não votar neste domingo. Votos brancos subiram 2%, e nulos, 4% p. 5
Mais de 150 alunos participam da cobertura das eleições municipais 2016 O trabalho envolveu todos os veículos que fazem parte da Rede Teia de jorp. 8 nalismo: LONA, Teia Notícias, Tela UN e Rádio Teia
Foto: Eduardo Vernizi
Rafael Greca - C´redito: Gazeta do Povo/Ney Leprevost - Crédito: Fernanda Anacleto
Resultado surpreende e Gustavo Fruet fica fora da disputa pela Prefeitura de Curitiba
LONA > Edição 991> Curitiba, 03 de outubro de 2016
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O papel do voto consciente no amadurecimento da democracia Neste domingo, fomos às urnas mais uma vez escolher o prefeito e os vereadores das cidades brasileiras e, por mais instável que seja o momento político no país, as eleições municipais representam a celebração da democracia. Todas as pessoas com registro eleitoral puderam votar nos candidatos que escolheram, como promessa de um futuro melhor e, por isso, nesse momento, vale a pena analisar com cuidado e serenidade o programa de governo e as propostas dos escolhidos. Eleger um prefeito para os próximos quatro anos significa entregar a chave do poder executivo para o político que será o responsável pela administração da cidade e pela elaboração de políticas públicas para a educação, saúde e habitação, entre outras áreas importantes. O prefeito é o responsável por proporcionar a assistência solicitada pelos cidadãos do município e por isso é comum que se diga que os pobres são os que mais sabem sobre a função da prefeitura. No entanto, um prefeito nunca governa sozinho, pois depende diretamente da aprovação da Câmara Municipal para a execução de projetos e daí vem a importância do papel do vereador, que é (ou deveria ser) a voz do povo diante do chefe do poder executivo. Assim sendo, escolher um candidato coerente para a assumir a prefeitura e outro para ser membro da Câmara Municipal é um exercício que exige uma postura crítica do eleitor, pois o voto consciente ainda é a melhor arma em prol de políticas públicas melhores e mais eficientes. Nunca é demais lembrar que até o movimento das “Diretas Já”, iniciado em 1983, os cidadãos brasileiros não podiam votar e escolher de forma direta os seus representantes no governo. As eleições diretas no país foram instituídas pela Constituição de 1988 e somente a partir de então foi definido que “todo poder emana do povo”. Originária da Grécia Antiga, a palavra democracia (demo = povo e kracia = governo), tal como significa, ganhou sentido literal no Brasil há menos de trinta anos e, como todo jovem, precisa de cuidado e atenção para não se desvaler em promessas falsas que desaparecem tão rápido quanto as campanhas eleitoreiras. Nesse sentido, o voto consciente, além de arma para a revolução do bem-estar social, é o incentivo para o amadurecimento da nossa democracia. E que nós não deixemos de ser críticos nesse momento.
OPINIÃO
A campanha que não animou os eleitores curitibanos Ágatha Santos
Foram trinta e cinco dias de campanha eleitoral na televisão e no rádio, com as novas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, além de diminuir dez dias de propaganda política em relação às eleições de 2012, também instituiu mudanças como a proibição do financiamento de campanha por parte de empresas, o fim do programa em bloco dos vereadores e a proibição do uso de materiais de divulgação (placas, faixas, cavaletes e bonecos) em espaços públicos, entre outras alterações. Com isso, o que se pôde ver foi uma campanha apagada e que, de forma geral, não animou os eleitores de Curitiba. Quando faltava pouco mais de um mês para as eleições municipais, uma pesquisa do Ibope revelou que 56% dos curitibanos não tinham interesse pelo pleito deste ano. Desde o dia 16 de agosto, quando as campanhas começaram efetivamente na cidade, o eleitor pôde perceber as mudanças promovidas pela reforma eleitoral realizada em 2015, durante o governo Dilma Rousseff, pois essas alterações tornaram as eleições de 2016 invisíveis para a população. Há que se pontuar o lado bom das novas regras de campanha política, como o fim das doações empresariais que eram verdadeiras amarras para os partidos e a proibição do uso de materiais de propaganda eleitoral que sujavam as ruas do município, mas é verdade que nem todas as mudanças promovidas pela reforma foram benéficas. Para pontuar apenas um dos problemas criado
EXPEDIENTE
EDITORIAL
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
por essas modificações, é justo dizer que, com o fim do programa em bloco durante a propaganda eleitoral, o eleitor não teve muita oportunidade para conhecer os mais de mil candidatos à Câmara de Vereadores. Além das restrições na divulgação de materiais de campanha, outro fator que tirou o ânimo do eleitor curitibano foi o momento de instabilidade política vivida no país. Devido à crise e as manchas deixadas pelo recente processo de impeachment no Brasil, é comum que a população, de modo geral, veja as figuras políticas com os olhos da descrença, sempre ligando seus nomes a possíveis escândalos e casos de corrupção. Em relação aos candidatos, estes também não eram animadores para os eleitores, que precisaram escolher entre nove figuras da velha e da “nova política” paranaense que concorriam a prefeitura. Entre os nomes conhecidos estavam o cansado e impopular atual prefeito Gustavo Fruet, o ultrapassado e preconceituoso Rafael Greca, o desanimador e apagado Ney Leprevost e o petista destruído pelo seu próprio partido Tadeu Veneri, enquanto a nova política (nem tão nova assim) foi encabeçada por algumas figurinhas já conhecidas pelo eleitor curitibano, como Requião Filho e Maria Victoria, ambos herdeiros de famílias tradicionais da política no Paraná. Correndo por fora e com pouca expressão desde o começo da campanha estavam Xênia Mello, Ademar Pereira e
Pró-Reitora Acadêmica Carlos Longo Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Katia Brembatti
Afonso Rangel (este acabou com a candidatura indeferida). Em todas as pesquisas eleitorais divulgadas durante a campanha dos candidatos à prefeitura, Greca apareceu em primeiro lugar e Fruet em segundo. Até o dia 19 de setembro, quando o Ibope revelou que o primeiro colocado tinha chances de vencer a eleição já no primeiro turno, o caminho parecia estar livre para a volta do candidato do PMN à prefeitura de Curitiba. Porém, na reta final de sua campanha, Rafael Greca pôde sentir na pele o que é ser rechaçado na internet após receber uma avalanche de críticas negativas por ter afirmado, ao ser sabatinado na PUC-PR, que certa vez vomitou ao sentir o “cheiro de pobre”. A internet, aliás, foi uma ferramenta amplamente explorada durante a campanha das figuras políticas que viram na web, e em especial nas redes sociais, a oportunidade para se aproximar dos eleitores curitibanos. Plataformas online como Facebook e Twitter, nas últimas semanas, estavam inundadas de propaganda eleitoral, debates acalorados entre os usuários e alfinetadas de todos os tipos entre os candidatos – principalmente entre Greca e Fruet. Dessa forma, ao que tudo indica o tradicional rebuliço das ruas de Curitiba durante as campanhas eleitorais migrou de vez para o mundo virtual, no qual o “cheiro de pobre” é bem-vindo e o comportamento preconceituoso dos candidatos não passa em branco.
Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Diagramação Fernanda Umlauf Edição Colaboração de Gustavo Panacioni
Curitiba, 03 de outubro de 2016 > Edição 991 > LONA
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OPINIÃO
GRECA X LEPREVOST
Curitiba terá segundo turno nas eleições para prefeito Ana Justi, com colaboração de Jorge de Sousa
Matheus Gripp
Como se fosse um filme repetido, mas com personagens distintos, a eleição municipal de Curitiba em 2016 teve um fim muito similar ao pleito anterior, de 2012. Naquela ocasião, Luciano Ducci, então prefeito da capital paranaense, buscava a reeleição. Não conseguiu e viu Gustavo Fruet, que posteriormente sairia como vencedor, disputar o segundo turno com Ratinho Júnior. Talvez a não reeleição de um prefeito de grande capital possa causar estranheza. No caso de Fruet, contudo, não deveria.
No dia 30 de outubro, Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD) vão disputar o segundo turno pela prefeitura de Curitiba. Ao final da apuração deste domingo, dia 2 de outubro, Greca obteve 38,38% dos votos válidos, totalizando 356.539 eleitores. Ney ficou em segundo, com 23,66%, o equivalente a 219.067 dos votos. Logo atrás, em terceiro, ficou o atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), com 20,03%, somando 186.067 votos. Os demais candidatos à prefeitura somam os 17,93% restantes. Crítico da atual gestão, Rafael Greca apareceu à frente das pesquisas desde agosto, quando assumiu a liderança das intenções de voto. O ex-prefeito reuniu seis partidos em sua coligação (PMN, PSDB, PSB, DEM, PTN, PSDC e PT do B), e foi o que teve o maior tempo durante a propaganda eleitoral de rádio e televisão: pouco mais de dois minutos. Ao longo da campanha, no entanto, sofreu uma queda nas pesquisas. Durante uma sabatina na PUC – PR, Greca afirmou: “A primeira vez que eu coloquei
Crônica de uma derrota anunciada
Ney Leprevost no TRE após apuração das urnas, neste domingo - Crédito: Eduardo Vernizi
um pobre dentro do meu carro, eu vomitei por causa do cheiro”. A declaração rendeu um pedido de desculpas e custou pontos nas intenções de voto. No TRE, o candidato afirmou que aproveitará o segundo turno para estudar mais e apresentar uma proposta de mais governabilidade. Quando questionado sobre suas declarações polêmicas, Greca afirmou: “Permanecerei sincero, minha alma é limpa, meu coração é puro e minha vontade é de
sempre dizer a verdade”. Em uma vira sobre o atual prefeito, Gustavo Fruet, Ney Leprevost deu início à campanha com a sexta colocação no ranking das intenção de votos, chegando a ficar tecnicamente empatado com o candidato à reeleição nas pesquisas mais recentes. Coligado com PSC, PSD, PEN, PTC, PPL, PC do B e PSL, o candidato teve pouco mais de um minuto a sua disposição no período de propaganda eleitoral. Em coletiva no TRE, Ney aproveitou para agradecer aos seus eleitores, afirmando que se sente honrado em estar no segundo. “Acredito estar pronto para fazer uma excelente gestão. Uma gestão, enxuta, séria, solidária e voltada para melhorar a vida – principalmente – das pessoas mais humildes”, afirmou. Quanto à estratégica para a próxima etapa, o candidato disse que continuará com uma campanha “limpa”. A capital paranaense registrou um total de 1.077.252 votos, sendo 4,78% (51.459) brancos e 9% (96.901) nulos. A porcentagem de abstenções ficou em 16,44% (211.952).
Candidato Rafael Greca também no TRE depois da apuração de 100% das urnas - Crédito: Eduardo Vernizi
As pesquisas Ibope e Datafolha que antecederam a votação em Curitiba em 2016 mostravam um dado um tanto curioso. Fruet não era exatamente bem-quisto pela população (22% aprovavam seu governo); por outro lado, o percentual de curitibanos que desaprovava a gestão do pedetista também não era elevado (28%). A maior parte dos entrevistados entendia que a administração do (agora) ex-prefeito era apenas regular, com 48%. E esse diagnóstico constatado pelas pesquisas pode ser considerado como o principal ponto negativo do governo de Gustavo Fruet: a falta de compreensão por parte da população sobre quais mudanças Gustavo promoveu em Curitiba nos 4 anos em que esteve no comando da capital paranaense. A verdade é que o perfil de Fruet sempre foi muito mais legislativo do que executivo. Até mesmo seus adversários nesta campanha reconheceram que a atuação parlamentar de Gustavo sempre foi elogiável, propondo projetos e, principalmente, participando de CPIs como a do Proer e CPMIs como a dos Correios, que, tempos depois, desembocou no escândalo do Mensalão. De certa forma, é um vexame maior do que o de Luciano Ducci quatro anos atrás. Ducci teve uma administração com diversas complicações; herdou, no começo de 2010, a prefeitura do tucano Beto Richa, que vislumbrava voos mais altos e se lançou, com sucesso, ao governo do estado do Paraná. Gustavo Fruet foi eleito pela população de Curitiba, em 2012, num segundo turno relativamente tranquilo, com mais de 10% de vantagem em relação ao adversário. Mas não surpreende. Políticos do executivo, se quiserem se manter nos respectivos cargos, devem, de uma forma ou de outra, mostrar à população por que merecem uma nova chance nas urnas. Não foi o que Fruet fez. Como em todo governo, teve seus acertos e seus erros. Se sai sem um grande legado, não se pode dizer que Gustavo manchou a imagem. Ainda há tempo para que Fruet alce voos mais altos na política.
LONA > Edição 991> Curitiba, 03 de outubro de 2016
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OPINIÃO
Os muitos desafios de quem for governar Curitiba a partir de 2017 Rodrigo Silva
Políticos estabelecem diversas metas durante a campanha eleitoral. Em Curitiba não é diferente. Todos os oito candidatos ao principal cargo do executivo municipal colocam aspectos distintos como suas prioridades. Mas quais seriam os principais desafios que o próximo prefeito terá para governar a capital paranaense? Segundo levantamento da Gazeta do Povo, o atual prefeito e candidato à reeleição Gustavo Fruet (PDT) cumpriu 47% das promessas que fez quando foi eleito em 2012. Ainda segundo o jornal, as principais conquistas da gestão do atual prefeito foram na saúde, porém muito mais ainda deve ser feito. A cobertura da saúde hoje em Curitiba atende a cerca de 59% da população, mas a ampliação do sistema necessita de um alcance ainda maior. Medidas devem ser tomadas para que haja a expansão de consultas e atendimentos, como a criação de centros de especialidades para consultas médicas, o que facilitaria o atendimento da população. A saúde é sempre um desafio para o prefeito, pois depende de suplementação de recursos por parte dos governo estadual e federal, seja a partir de verbas do SUS, seja por transferências voluntárias, como convênios. Para ampliar a infraestrutura oferecida à população
é necessário, muitas vezes, estreitar relações com as demais esferas executivas. Outra prioridade em Curitiba é segurança pública, que é área de competência estadual, mas as prefeituras podem dispor da guarda municipal. Primeiramente, para que haja uma melhora na segurança da população é primordial uma maior eficiência da iluminação pública. A capital paranaense vem sofrendo com esse problema já há algum tempo. Também é parte do trabalho dos prefeitos a criação de política públicas para a segurança, o aprimoramento de sistemas de monitoramento e controle das diversas áreas da cidade. Uma meta sempre estabelecida, não importa em qual governo, é a melhoria do sistema educacional. Entre elas a universalização da educação infantil, que é competência do município, assim garantindo a inserção de crianças entre 4 e 5 anos no sistema de ensino. Outro grande problema no Brasil há muitos anos seria a remuneração deficitária dos professores, que necessitam de melhor capacitação, para que assim a educação alcance níveis de excelência. Outra carência em Curitiba é o transporte público. Segundo a URBS, pela rede
de transporte circularam 1.746.224 pessoas no ano de 2015, o que representa uma queda de 23% se comparado aos 2.227.000 do ano anterior. É recorrente, nos últimos anos, a queda no número de usuários do transporte público. O próximo prefeito terá de avaliar novas formas de transporte. Entre as ideias dos candidatos a prefeito seriam o VLP (Veículos Leves Sobre Pneus), o VLT (Veículos Leves Sobre Trilhos), meios de locomoção em Eletro Mobilidade, entre outros. Além do modelo de transporte, também é necessário que o próximo governante de Curitiba se empenhe para aumentar a sensação de segurança para as pessoas, ampliando intervenções em equipamentos e espaços públicos. Um aspecto bastante discutido durante a campanha faz referência aos moradores em situação de rua. Segundo pesquisa realizada pela Fundação de Ação Social (FAS), há 1715 pessoas em situação de rua em Curitiba. Tal situação deve ser uma preocupação para a próxima gestão, pois é necessário garantir uma vida digna a quem mora na rua. Na gestão de Gustavo
Fruet, surgiram projetos como Condomínio Social e Consultório de Rua, mas que precisam ser aprimorados. Outras áreas merecem atenção, como a gestão de resíduos, a proteção aos direitos da criança, a transparência nas contas públicas, a regularização fundiária, entre outras. O próximo prefeito de Curitiba terá muito a fazer para que a cidade possa evoluir. Por isso, é preciso ter cautela e atuação firme, pois a crise econômica e política brasileira ainda é um obstáculo a ser superado.
Infográfico: Ana Clara Faria
PRÓXIMA FASE
Como será disputado o segundo turno na capital Rodrigo Silva
O ex-prefeito e candidato à prefeitura de Curitiba Rafael Greca irá disputar o segundo turno das eleições municipais contra o candidato Ney Leprevost. Greca liderou todas as pesquisas no ibope durante a campanha e terminou o primeiro turno com 38,3 % dos votos, contra 23,7% de Leprevost. A nova votação para o segundo turno está marcada para o dia 30
de outubro. Haverá nesse período cerca de 25 dias de campanha, iniciando no dia 3 e terminando no dia 28 de outubro. Neste ano, a campanha no primeiro turno das eleições caracterizou-se por ter sido mais curta, algo estabelecido na Lei nº 13.165/2015, durou 45 dias. Iniciou no dia 16 de agosto e teve fim no dia 29 de setembro.
Durante a campanha, especulou-se a presença do atual prefeito Gustavo Fruet no segundo turno. Mas isso não ocorreu, Fruet foi o terceiro colocado com 20,04% dos votos válidos. O candidato Rafael Greca foi ministro do esporte e turismo, deputado estadual, federal, prefeito de Curitiba. Ney Leprevost foi por duas vezes
vereador de Curitiba, foi secretário estadual de Transporte e Turismo e atualmente é deputado estadual. No segundo turno, os candidatos têm o mesmo tempo de televisão para expor as suas propostas e vários debates serão realizados, para que o eleitor possa decidir quem será o próximo prefeito.
Curitiba, 03 de outubro de 2016 > Edição 991 > LONA
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VOTAÇÃO
Renovação de vagas na Câmara Municipal de Curitiba é de 39% Camilla de Oliveira com informações do Teia Notícias
As eleições municipais de 2016 contabilizaram mais de 880 mil votos válidos para vereadores e vinte e quatro, dos 38 vereadores, foram reeleitos. Isso significa que a Câmara Municipal de Curitiba teve uma renovação de 39%. Isso é importante à medida que refresca o Legislativo e leva novas pautas à discussão. A sigla com mais representantes tornou-se o Partido Democrático Trabalhista (PDT), que conquistou cinco vagas. Além disso, cinco partidos que não tinham nenhum representante, ocupam, agora, seis cadeiras. Entre eles está o Partido Progressista (PP), que elegeu como única representante a candidata Maria Manfron, esposa de Aldemir Manfron, eleito vereador pelo mesmo partido em 2012. Com relação à presença feminina na Câmara Municipal, o crescimento foi de 13%. Mesmo assim a diferença é significativa: das 38 cadeiras, apenas oito são ocupadas por mulheres. Elas receberam um total de 42.350 votos.
Além disso, neste ano, quatro candidatas foram reeleitas: Dona Lourdes (PSB), Julieta Reis (DEM), Noemia Rocha (PMDB) e Professora Josete (PT). Entre as que ingressam na Câmara a partir de hoje, está a candidata Fabiane Rosa (PSDC), que é professora do ensino fundamental. Após a apuração das urnas de votação em Curitiba neste domingo, os partidos de direita se mantiveram em maior número na Câmara Municipal. Em sua composição, a Câmara tem 50% de vereadores de partidos da direita, enquanto o centro conta com 16% e os partidos de esquerda com 34%. Treze candidatos são de esquerda – mantendo o número de vereadores dos últimos quatro anos 2012-2016 – incluindo a Professora Josete, do Partido dos Trabalhadores (PT. Em compensação, os de direita são dezenove. As entidades de centro, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, totalizam, juntas, qua-
Infográfico representa a composição da Câmara Municipal após a apuração das urnas neste domingo - Crédito: Teia Notícias/infogr.am
Partido com mais eleitores filiados na cidade não elege candidata à prefeitura Luíza Magalhães
Com pouco mais de 14 mil eleitores filiados, o Partido Progressista - PP é o partido com mais votantes na capital paranaense. Ainda assim, na corrida eleitoral pela prefeitura, a candidata Maria Vitória alcançou apenas 5% dos votos. O Partido também elegeu uma vereadora com 1% do total de votos. O crescimento do movimento de direita, após as manifestações de 2013, pode ter influenciado pessoas a encontrar um partido com o qual se identificavam. A polarização política ajudou com que pessoas que reprimiam um pensamento caracterizado como Direita, o expusessem. “O PP, a Maria Vitória, não tem ideais
tro cadeiras. Fechando a composição, seis vereadores são de centro. Catorze vereadores vão assumir pela primeira vez um mandato político. Entre eles está o candidato Goura (PDT), de 36 anos. Além de ter mestrado em Filosofia, ele é professor de yoga e de sânscrito. Algumas de suas propostas dizem respeito à mobilidade urbana e ao parto humanizado. Outro novo nome da política é o Professor Euler (PSD), de 42 anos, que dá aulas de Física em um curso preparatório para o vestibular.
extremos, mas é conservador”, opinou Matheus Gripp, 21, estudante de jornalismo. Mas como essa ascensão influenciou nos resultados das urnas? Para a socióloga Eliane Basílio, o resultado pode ser explicado pelo comportamento dos eleitores com um posicionamento equivalente ao do partido. “Os partidos de direita não têm uma construção ideológica, militância.”, explicou. De acordo com a socióloga, estamos passando por um momento conservador que refletiu no perfil dos eleitores. “Pessoas preconceituosas, que pensam com retrocesso, estão em uma fase de emponderamento”, concluiu.
Quinze candidatos não se reelegeram vereadores nas eleições de 2016. Entre eles, o Professor Galdino (PSDB), acusado de agredir Carla Pimentel – na época vereadora pelo Partido Social Cristão e que também não se reelegeu neste domingo; Chicarelli (PSDC), Chico do Uberaba (PMN), Tiago Gevert (PSC), Dirceu Moreira (PSL), Edson do Parolin (PSDB), Jonny Stica (PDT) e Zé Maria (SD). Segundo testemunhas, Galdino passou a mão no corpo de Carla. O “primeiro lugar” das eleições foi de Serginho do Posto (PSDB), reeleito com mais de 11.272 votos válidos. Já a segunda posição ficou com Beto Moraes, também do Partido da Social Democracia Brasileira, com mais de 10 mil votos. Em contrapartida, Ezequias Barros (PRP) teve a menor votação: 3.006 pessoas escolheram o candidato.
LONA > Edição 991> Curitiba, 03 de outubro de 2016
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ELEITORES
Número de abstenções quase dobra em comparação com as últimas eleições Ana Clara Faria
Cerca de 16% dos eleitores se ausentaram neste ano; nas eleições passadas para prefeito, abstenção era de 8% As estatísticas das eleições de 2016 geraram conclusões expressivas a respeito do eleitorado de Curitiba: a apuração mostra, por exemplo, que parte significativa dos eleitores abdicou do direito ao voto neste ano. Mais de 211 mil pessoas não compareceram às seções de votação em Curitiba neste domingo (02), conforme resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em comparação aos números de 2012 – quando ocorreram as últimas eleições para a prefeitura na capital –, a taxa de abstenções praticamente dobrou; há quatro anos, cerca de 106 mil eleitores deixaram de votar. Os votos brancos e nulos também aumentaram no município em 2016: de 3% em 2012, os brancos chegaram a 4,8% este ano, enquanto os nulos cresceram de 5% para 9%.
O número de eleitores em Curitiba, este ano, é de 1,2 milhão – um aumento de 10% em relação a 2012, quando 1,1 milhão de pessoas votavam na capital. Em comparação com as eleições presidenciais de 2014, houve um crescimento de aproximadamente 4% de eleitores. O município concentra cerca de 16% do eleitorado do Paraná, que, por sua vez, tem 5% do número total de eleitores do país. A representatividade dos jovens de 16 e 17 anos, cujo voto é facultativo, diminuiu em comparação às eleições anteriores para a prefeitura: de 1% em 2012, o número dos eleitores dessa faixa etária caiu para 0,4% do eleitorado. Já a quantidade de pessoas com 70 anos ou mais aumentou de 4% para 6% nos últimos quatro anos. Dos 1.059 candidatos que disputaram as 38 cadeiras na Câmara Municipal, os homens são maioria: 743 candidatos a vereador são do gênero masculino, enquanto 316
são mulheres – o que corresponde a apenas 30% da candidatura total. Quanto à faixa etária, a maior parte dos candidatos têm entre 50 e 54 anos (173), precedidos pelos de 40 a 44 anos (171) e 45 a 49 anos (154). As legendas com o maior número de candidatos a vereador foram o Partido Verde, PROS (Partido Republicano da Ordem Social), PSDC (Partido Social Democrata Cristão), PTN (Partido Trabalhista Nacional) e SD (Solidariedade).
Infográfico revela o perfil dos eleitores de Curitiba - Crédito: Ana Clara Faria
INFRAÇÕES
Crimes eleitorais no Paraná aumentaram 53% em relação a 2012 Karina Sonaglio, com colaboração de Ana Paula Severino
O domingo de eleições municipais deste ano foi mais conturbado se comparado com a mesma ocasião quatro anos atrás. É isso o que os números de crimes eleitorais mostram no estado do Paraná. Em 2012, foram contabilizadas 174 infrações contra 267 deste ano. Os casos fazem parte da Operação Eleições, a qual conta com o policiamento intensificado em todas as cidades do Estado. Até o início da noite deste domingo, a Polícia Militar
registrou 267 ocorrências e 210 encaminhamentos no Paraná. A PM atuou com 9.948 mil militares em todo o estado. Em Curitiba, cinco pessoas foram levadas ao Fórum Eleitoral durante o dia para prestar depoimento – duas por crime de panfletagem, duas por boca de urna e uma por perturbar o pleito eleitoral. Todas elas foram interrogadas na sala da Polícia Federal e, em seguida, liberadas. A candidata à vereadora pelo PT Giane Herllain foi acusada de boca de urna e levada até o local. Se-
gundo o advogado Marcelo Veneri, a candidata estava atuando como fiscal do partido no Colégio Santo Agostinho, no Boqueirão, próximo da sua casa, e um mal entendido da lei eleitoral a fez prestar depoimento. “Disseram que ela não poderia estar como fiscal por ser candidata, sendo que o código eleitoral estabelece que mesmo candidata ela pode atuar nessa função”, comentou. O caso foi arquivado e a candidata liberada. Também na capital um homem vestido de Papai Noel foi encaminhado ao Fórum Eleitoral. Ele estava distribuindo
balas dentro do local de votação e promovendo desordem no pleito eleitoral. No sábado, por volta das 17h30, dois garotos de 11 anos foram encaminhados ao Conselho Tutelar da capital paranaense. Policiais militares flagraram os meninos atirando álcool em uma urna eletrônica e no sistema de identificação. Antes disso, os dois haviam usado uma faca para serrar os cadeados para entrar no local.
Curitiba, 03 de outubro de 2016 > Edição 991 > LONA
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VOTAÇÃO
Veja como votaram os candidatos à prefeitura de Curitiba Sarah Elisa Graçano
A Rede Teia acompanhou a chegada aos locais de votação dos oito candidatos à prefeitura de Curitiba. Foi um trabalho feito pelos alunos do curso de jornalismo da Universidade Positivo, no formato multiplataforma. O candidato do Pros, Ademar Pereira, votou na Fundação de Ação Social (FAS), acompanhado da esposa e da equipe, às 9h25. Disse que a responsabilidade agora passa a ser do eleitor. Pereira afirmou que não pretende apoiar nenhum outro candidato no segundo turno. Por volta das 11 horas e acompanhado da família, Ney Leprevost chegou à Sociedade Esportiva Iguaçu, em Santa Felicidade. O candidato do PSD se mostrou otimista em enfrentar Rafael Greca na próxima etapa da campanha. “A campanha nos últimos dias contagiou Curitiba. Estaremos no segundo turno e de lá iremos para uma grande vitória”. Primeiro colocado em todas as pesquisas, Rafael Greca votou, acompanhado da esposa, no Colégio Estadual Julia Wanderley, no Batel. Por volta das 11 horas, o candidato do PMN foi recebido pela imprensa e por um grande número de eleitores. Ele afirmou que é favorito à prefeitura por ser um candidato que já mostrou que sabe fazer. Antes de ir embora, Greca aproveitou para cantar o hino de Curitiba. Quem também votou no Julia Wanderley, um pouco antes, foi o candidato do PMDB, Requião Filho. Por volta das
9h30 ele chegou ao local de votação acompanhado do pai, senador Roberto Requião. Apesar de não estar entre os favoritos nas pesquisas, Requião se mostrou confiante. “Nós fizemos uma campanha limpa e propositiva e tenho certeza que Curitiba saberá que da para fazer diferente.” O atual prefeito Gustavo Fruet, do PDT, votou acompanhado de assessores e da esposa, na Unicuritiba, por volta das 9h30 da manhã. Ele afirmou que toda eleição é um processo de questionamento, já que acredita ser prejudicado pelas pesquisas eleitorais. Depois de registrar o seu voto, Fruet saiu fazendo o tradicional V de Vitória. Quem também fez o mesmo sinal durante a votação foi o candidato do PT, Tadeu Veneri. Ele foi acompanhado da família até o Colégio Nossa Senhora de Fátima, no Tarumã. Apesar do momento delicado que o Partido dos Trabalhadores vive, o candidato acredita que vai ao segundo turno e que a sigla vai manter o seu número de vereadores em Curitiba. Depois de acompanhar vários dos candidatos do PSOL, Xênia Mello votou, às 11 horas, no Colégio Expoente do Água Verde, acompanhada de Thiago Bagatin, candidato a vereador pelo partido. Xênia afirmou estar feliz pela campanha que fez e muito confiante na eleição de um primeiro vereador do PSOL em Curitiba.
A única candidata que deixou para votar no período da tarde foi Maria Victória. Ela foi ao Colégio Positivo Júnior, às 13 horas, acompanhada dos pais, a vice-governadora Cida Borghetti e o ministro da saúde Ricardo Barros, e de sua avó de noventa anos. Ela falou sobre a representatividade da mulher na política e afirmou que Curitiba, como uma cidade inovadora, deve eleger Alunos da Unviersidade Positivo entrevistando o candidato à Prefeitura de Curitiba, Tadeu Veneri uma prefeita. Crédito: Lucas Capanema
Santinhos jogados em frente ao Colégio Estadual Senhorinha de Moraes Sarmento - Crédito: Luis Farias
Na madrugada, propaganda é despejada nos locais de votação na cidade Amanda Carolina
A noite de véspera da eleição voltou a ser palco de um crime eleitoral em Curitiba. A pé e de carro, dezenas de pessoas foram flagradas pela reportagem do LONA jogando material de propaganda política em frente a locais de votação por toda cidade. É o terceiro ano que estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Positivo investigam a prática na cidade. A distribuição de santinhos depois das 22h do dia anterior a eleição é crime e passível de multa e prisão. Uma equipe de 40 estudantes circulou por mais de 40 pontos de votação a partir das 22 horas de sábado até a manhã de domingo. As câmeras das equipes de reportagem registraram um festival de desrespeito à cidade. As equipes da Universidade Positivo circularam por pontos de votação nos bairros Campo Comprido, Santa Quitéria, Portão, Água Verde, Batel, Batel, Círculo Militar, Rebouças, Champagnat e Centro. Os estudantes filmaram um Uno Branco próximo a Pontifícia Universidade Católica do Paraná por volta
das três da manhã. De dentro do veículo, santinhos de um candidato a vereador eram atirados na rua. A proposta era cobrir o maior número de colégios eleitorais possíveis, a fim de identificar o arremesso dos santinhos, prática considerada crime eleitoral, segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) a pena pela prática por gerar detenção, com pena de seis meses até um ano. No dia da eleição, o infrator pagará uma multa de R$ 5 mil a R$ 15 mil e responderá processo criminal. Esta é a terceira vez que os alunos investigam essas irregularidades. Flagramos uma camionete arremessando santinhos por três colégios eleitorais no Campo Comprido. O veículo estava adesivado e com bandeiras. Uma das ocupantes chegou a descer do carro para sujar a cidade” relata o aluno do terceiro ano, Murilo Prestes. Segundo uma das organizadoras da operação dos Santinhos, Thaynara Oliveira, o diferencial do projeto é justamente proporcionar a prática do jornalismo investigativo para os alunos do primeiro ao quarto ano.
Curitiba, 03 de outubro de 2016 > Edição 991 > LONA
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TEIA NAS ELEIÇÕES
Curso de Jornalismo da UP realiza cobertura eleitoral com maior equipe do Paraná Luis Izalberti
Mais de 150 estudantes participam da cobertura das eleições municipais em tempo real com repórteres espalhados pela cidade, redação e estúdios de rádio e TV Até o final de tarde de domingo, ainda antes de iniciarem a apuração dos votos para prefeito e vereadores em Curitiba, a cobertura das eleições 2016 do curso de jornalismo da Universidade Positivo transmitiu durante oito horas ininterruptas entrevistas e informações ao vivo na Rádio Teia. Além disso, a cobertura também contou com 18 reportagens de TV e 24 transmissões ao vivo na página da Rede Teia no Facebook - números que ainda aumentariam até a fim das apurações e o anúncio de que os candidatos Ney Leprevost e Rafael Greca irão disputar o segundo turno para prefeito da capital paranaense. Ana Claudia, aluna do primeiro ano de jornalismo durante a cobertura das eleições 2016 - Crédito: Thaiane França
Foi dessa forma que técnicos de laboratório, professores, egressos e alunos dos quatro anos do curso de Jornalismo da UP contribuíram para uma cobertura instantânea e imediata das eleições municipais. “A co-
bertura tem uma adesão voluntária dos alunos. Eles participam porque querem e porque veem a importância disso”, afirma Felipe Harmata Marinho, professor da instituição e res-
Equipe da Universidade Positivo durante a cobertura nas ruas - Crédito: Taisa Heimbecher
ponsável pela organização de parte da cobertura. A aluna Natalia Basso, de 18 anos, participou pela primeira vez da cobertura das eleições pela Rede Teia, acompanhando todas as pautas que envolveram o Teia Notícias. “Achei muito legal. Deu para avaliar como é o meu desempenho na produção de matérias em tempo real” conta. “Conheci pessoas que não são da minha turma, ou do meu turno, e vi que como funciona a dinâmica da cobertura das eleições.” Desde 2002, o curso tradicionalmente realiza a cobertura, acompanhando o maior número possível de candidatos em seus locais de votação e a movimentação nos principais colégios e zonas eleitorais da cidade. Desta vez, no entanto, um dos maiores diferenciais foi a intensa cobertura nas redes sociais e
o uso do Facebook Live para transmissões ao vivo. “A ferramenta não existia em 2014. Neste ano pudemos aproveitá-la e entramos ao vivo com os candidatos votando. Além da rapidez, isso tem a vantagem de atingir um público jovem que não necessariamente estaria vendo a cobertura dos meios de comunicação tradicionais”, explica Harmata. “Foi uma cobertura muito positiva e os alunos adoraram, um momento no qual conseguimos congregar as turmas de todos os anos e fazer um excelente trabalho”, avalia a coordenadora do curso, Zaclis Veiga. Além desta edição especial do LONA das eleições municipais 2016, o resultado da cobertura pode ser conferida na página da Rede Teia no Facebook (http://facebook.com/redeteia), no site redeteia.com e no canal da TV Teia no YouTube (http://youtube. com/telaUN1).