LONA Liberdade de Expressão

Page 1


LONA EXPEDIENTE Reitoria José Pio Martins Pró-reitoria Roberto Di Benedetto Coordenadoria de Integração da Escola de Comunicação e Desing Marcelo Catto Gallina Coordenadoria do Cursode Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

O LONA é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O veículo integra a Rede Teia de Jornalismo. Acompanhe o curso de jornalismo pelas redes sociais. Caso tenha dúvidas sobre o curso, entre em contato.

https://redeteia.com facebook.com/RedeTeia youtube.com/TelaUN1 www.mixcloud.com/RedeTeia/ jornalismo@up.edu.br

Professores-orientadores Felipe Harmata Katia Brembatti Editores-Chefes Luan Fernandes Victória Gobbo Equipe de Reportagem Tiago Carraro,João Ferreira,Lennon Andra- de,Gabriely Nunes,Maria Paula Alves,JanaínaDrongek,Maria Eugênia Zarpellon,Victória Gobbo,Carolina Portes,Yasmin Luz

EDITORIAL Discurso de ódio, o limite das brincadeiras, definição de arte, pro- testos e letras de funk. Estes e outros assuntos foram apresentadosnessa edição do LONA. O tema principal escolhido foi Liberdade de Expressão. Éimportane refletir sobre isso pois além da atualidade, o tema está presente em várias ocasiões diferentes, abordadas nesse trabalho. A pincipal definição de liberdade de expressão é Liberdade de ex- pressão é um conceito que prevê a oportunidade de uma ou mais pessoas expressarem suas ideias sem medo de coerção ou represá-lias.


3

LONA - Edição 1004

Liberdade de expressão no funk Pautas sobre liberdade de expressão e o que pode ou não pode ser dito em músicas, se tornaram pauta de discussão recentemente no cenário do funk no Brasil. por Tiago Carraro e Joao Ferreira “Então deixa os Mc’s cantar, que a favela hoje vai escutar, nós é inspiração pra molecada, dentro da quebrada, o funk merece o seu lugar’’ Este é o refrão da música, O Funk Merece Seu Lugar de Mc Lukeba e Mc Fael, a música retrata o preconceito e repressão que Mc’s sofrem. Conversamos com o Lukeba sobre a criação dessa música. O Mc nos conta que criou a música a partir do acontecimento com outro Mc de proporção nacional, o Salvador da Rima, ser detido por policias em São Paulo de maneira violenta, foi registrado em uma transmissão via a rede social Instagram, nesses vídeos apresentam cenas forte de violência e o Mc de 19 anos sofrendo um ”mata leão” sendo conduzido para dentro da viatura. Lukeba fez a música como uma homenagem e protesto ao caso do Mc Salvador Da Rima, Lukeba ainda afirma que foi difícil e traumático ver o que aconteceu com o cantor e o preconceito no funk. ‘’A criação da música foi referente ao salvador pelo o que aconteceu, o povo acha que Mc é bandido MC é aquilo, mas não é, o funk sempre foi criticado e merece um pouco de paz’’ afirmou o Mc. Sobre a parte de deixar os Mc’s cantar foi uma falou sobre o funk consciente como de

Salvador e afirmou que muitos Mc’s falam da realidade que já passaram, Lukeba também falou sobre como as crianças se inspiram no funk e buscam cantar ao invés de ‘’ir para o lado errado’’ segundo o próprio Mc. O caso do Salvador, gerou uma repercussão e divisão de opiniões pelo o que é cantado pelo Mc, ser considerado polêmico. Salvador da Rima ou Fabio Gabriel Araújo, de 19 anos iniciou sua carreira musical cantando nas famosas batalhas de rima de São Paulo e cantando nos metrôs paulistas. O Mc obteve seu sucesso na música ‘’Vergonha Pra Mídia’’ faixa em que Salvador é idealizador do projeto e já conta com mais de 100 milhões de acessos no YouTube, Salvador também tem participação na música ‘’Ilusão Cracolândia’’ do DJ Alok que contabiliza 160 milhões de visualizações no YouTube e passou meses no TOP 50 da plataforma Spotify. Em suas músicas, Salvador critica deliberadamente a polícia,

(Divulgação – Salvador da rima) exemplo disso é a música ‘’Estilo Coyote’’ em que o funkeiro diz ‘’Outro dia na quebrada eu logo fui enquadrado Minhas prata' 'tava brilhando e o verme ficou atacado’’ e ‘’Nós é folgado memo, os gambé' goste ou não goste’’ além disso Salvador fala sobre o sistema e o estado em algumas música como em Vergonha Pra Mídia em que ele fala ‘’Cês não aguenta tudo que eu vivi, Não imagina o que eu vi e os amigo' que eu perdi nós vive um tipo de coisa que só sabe quem é daqui, Os menor cresce revoltado contra o Estado e depois a mídia passa como se nós fosse errado, O seu sistema é de safado, aperta pro meu lado.

Já críticas ao Mc, são frequentes e direcionadas as suas letras e atitudes, conversamos com um policial (que preferiu não se identificar), que acompanha o cenário do funk, e já vinha observando as letras e atitudes do Salvador da Rima antes do acontecimento, perguntamos para ele como ele via o caso e ele nos respondeu, ‘’O policial quando sai de casa em tempos de tensão como esse que nós vivemos hoje, não sabe o que espera nas ruas, todos os dias minha mãe rezando para eu não levar um tiro, minha mulher na esperança de eu não contrair o vírus, enquanto tudo isso que vivemos, temos que ouvir de Mc’s, que somos, ‘’vermes, a escória da sociedade’’ enquanto só estamos nas ruas arriscando nossas vidas tentando proteger a população, e ter que ouvir tudo isso de um marginal que só fala de drogas e sexo, fazendo apologia’’ o policial ainda afirma que a Polícia tem problemas mas não deve ser generalizado a todos os agentes.


Curitiba, 2 de outubro de 2018

4

Escultura de vulva agita debate recorrente na internet Diva, a escultura de Juliana Notari, incomodou diversas pessoas e levantou conversas sobre expressão pessoal, propósito e a validade disso tudo quando a arte incomoda Por Gabriely Nunes e Maria Paula Alves. No dia 31 de Março de 2021 é a data, na qual se completa 57 anos do início da Ditadura Militar no Brasil, o assunto continua a polarizar o país radicalmente. Porém, mesmo entre os dois lados, é unânime o fato do período foi marcado por uma grande imigração de artistas brasileiros para o exterior. A censura, tão comum na época, assustava — e incentivava a arte ao próximo nível, trazendo mudanças significativas regentes até hoje no cenário nacional. Com a liberdade de expressão comprometida, os artistas eram obrigados a encontrar saídas cada vez mais criativas, o grito sufocado tornando-se uma das principais formas de oposição ao regime governante. Ir para as linhas de frente dos protestos apresentava-se como inviável para algumas pessoas que, mesmo assim, desejavam participar da movimentação. Novas formas de arte foram pensadas, visando o povo além das galerias e museus — a pichação, por exemplo, foi promovida ao seu âmbito artístico na época. No artigo Gritam os Muros, de Thiago Nunes Soares, relatos revelam a preferência de estudantes à frases curtas e de efeitos, escrevendo-as de trás para frente para garantir

que as palavras mais impactantes ficassem nos muros em caso da chegada da polícia. Uma das obras dessa época que sobreviveu ao passar dos anos, de autoria de Rubens Gerchman, retrata bem o depoimento. Posicionada de forma atravessada na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, atrapalhava o trânsito com o propósito de chamar atenção para a luta contra a ditadura. As letras gigantescas, por sua vez, formavam apenas uma palavra: Lute. Por outras revoluções ao redor do mundo e história, a arte foi uma importante mensageira de ideais da época. Na Revolução Francesa, cada parte significativa é representada por um quadro; a pintura ainda era um hobby da burguesia, porém, os artistas começaram a olhar para o povo, invés de figuras divinas e da realeza. E não para por aí: “Hoje, mais do que nunca, a arte é usada como uma forma de oposição“, diz Clara Rodrigues, estudante de história na UFES. Igualmente, hoje em dia os artistas estão mais do que nunca expostos às críticas e a desvalorização de seu trabalho, graças às redes sociais que proporcionam maior acesso e maior voz a quem costumava observar de longe.

(Max Muselmann) Raquel Monari rabisca desde os 3 anos de idade, e hoje, com 18, diz que todas suas obras tem algo a contar. Para a artista mais conhecida por Bolarida na divulgação de seu trabalho, a arte está de mãos dadas com a política “desde o dinheiro usado para as tintas, da composição delas, de eu poder pintar sendo uma mulher”. Se não fosse pela liberdade de se expressar do artista, não existiriam as grandes mudanças e vanguardas artísticas. Parece estranho a arte ainda ser considerada um ato infantil e sem frutos para alguns, então, quando é uma das mais importantes formas de expressão humana. Enquanto até mesmo profissionais da saúde indicam a prática como uma forma de terapia, muitos debates surgem na internet sobre o que é arte e o que não é, quando o público não concorda com a mensagem por trás e a realização da obra — fator que potencializa a tentativa de censura no mundo artístico. De acordo com o The State of Artistic Freedom de 2021, em 2020 foram registrados 978 atos violência contra a liberdade artística em 89 países e online, sendo entre estes 17 assassinatos de artistas, 82 prisões e 133 detenções. Em dezembro de 2020, a artista pernambucana Juliana Notari construiu Diva — uma escultura vermelha de 33 metros em forma de vulva e deferida no alto de uma montanha em Água Preta, município próximo a Recife. A obra levou 11 meses para ser


5

LONA - Edição 1004

construída e foi notícia não só no Brasil, como também em outros países e foi alvo de duras críticas. Para Juliana, a polêmica acerca de Diva está no que ela representa “(...) Quando você vê uma obra dessa, que se coloca com a força, você vai contra toda essa lógica da mulher que tem que ser subserviente, da mulher que tem que ser a subalterna, a frágil, a que precisa de ajuda, a louquinha, a que não tem racionalidade… É tudo isso que está em jogo. Então eles não querem isso. (...) Então isso mexeu, né? Ficou como Olavo de Carvalho falou: ‘Por que estão falando mal da buceta de 33 metros em vez de enfrentá-la com um pirocão?’ — Combater com pirocão, você pode ampliar e pensar “combater com arma’, os que não são como a gente ”. Arte é política mesmo quando não quer ser, passa mensagens até quando não é feita com tal objetivo. Seja pela mensagem da obra, pela discussão e reações provocadas, seja intencionalmente ou não. Segundo Juliana, a arte por si só já diz isso: “Quanto menos utilidade, mais poderosa ela é. Se você já parte desse pressuposto, se você já tem essa característica, você já está indo contra todo um sistema que quer produtividade, que quer utilidade. Então já é uma atitude, já é uma forma de estar no mundo que se coloca como política mesmo. E a arte trabalha com a sensibilidade e sensibiliza as pessoas e quando você sensibiliza as pessoas, você cria empatia, você cria outra forma de ver o mundo e tudo isso é um gesto político.”

(Kevin Grieve) (Heather M. Edwards)


6

Curitiba, 2 de outubro de 2018

O papel das plataformas digitais diante da disseminação de notícias falsas e discursos de ódio O banimento de publicações feitas por líderes de grandes nações acentuou a discussão sobre a liberdade de expressão e o papel das redes sociais em casos de disseminação de notícias falsas e propagação de discursos de ódio. Por: Janaína Drongek, Maria Eugênia Zarpellon e Victória Gobbo O banimento de publicações feitas por líderes de grandes nações acentuou a discussão sobre a liberdade de expressão e o papel das redes sociais em casos de disseminação de notícias falsas e propagação de discursos de ódio. Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e Snapchat foram algumas das plataformas que tomaram medidas mais rígidas contra Donald Trump, depois que seus apoiadores invadiram o Congresso dos Estados Unidos, durante a sessão que legitimava a eleição presidencial nacional, em 6 de janeiro. A remoção de posts e até mesmo o banimento temporário ou permanentemente das contas do ex-presidente norte-americano após a invasão ao Capitólio levantou diversas questões acerca da democracia e da liberdade de expressão, principalmente sobre seus limites. Durante todo seu mandato, Trump sempre esteve muito presente em suas redes sociais. Fazia do Twitter um de seus principais meios de comunicação com seus apoiadores e um verdadeiro campo de guerra com seus adversários.

(Jair Bolsonaro/Instagram) . Diante do acontecimento, o Twitter declarou que os tweets de Trump traziam riscos “de mais incitação à violência”. Para eles, Trump incitou seus apoiadores a invadirem o Capitólio. O presidente do Brasil passou por uma situação parecida. No dia 29 de março de 2020 Jair Bolsonaro, teve duas publicações excluídas em sua conta oficial no Twitter. No lugar dos posts aparece a mensagem “Este tweet não está mais disponível porque violou as regras do Twitter”. Em resposta ao acontecimento, a rede social não informou quais pontos das publicações levaram a exclusão “O Twitter

anunciou recentemente em todo o mundo a expansão de suas regras para abranger conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir COVID-19.” O banimento está ligado ao papel das redes sociais. Criadas com o objetivo de favorecer a comunicação entre pessoas, por muito tempo, essas plataformas agiram de forma neutra em situações como essa, e não se posicionavam quando se deparavam com situações que incitavam a violência.

Recentemente, o YouTube divulgou que vai remover vídeos que incentivam tratamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, com o intuito de reduzir a propagação de Fake News. As políticas da plataforma para combater informações falsas osobre a doença já fizeram com que 850 mil vídeos fossem retirados do serviço. Essas regras foram atualizadas para serem mais específicas no que diz respeito a tratamentos. Apesar de as novas diretrizes serem globais, elas têm um maior efeito sobre o Brasil. No país, o incentivo ao “tratamento precoce”, que inclui o uso de Ivermectina e Hidroxicloroquina, ainda é bastante divulgado como eficaz mesmo sem nenhuma comprovação científica. O limite à liberdade de expressão, segundo o especialista, é a fronteira com algum outro direito, ou seja, é aquela velha frase: seu direito acaba quando o do outro começa. Por exemplo, você tem o direito de expressar sua opinião sobre alguém ou algum grupo, mas se fizer isso de forma difamatória ou desrespeitosa, você estará infringindo o direito dessa pessoa e poderá ser julgado por isso.


7

Liberdade de Expressão ou Hate Speech? Alexandre Domit explica até que ponto nosso direito a liberdade de expressão é assegurado. Por: Lennon Andrade

Um casos recentes trouxe o debate sobre a liberdade de expressão a tona novamente, e para entendermos tudo de um ponto jurídico, entrevistamos o advogado criminal Alexandre Domit, sócio proprietário da empresa Silveira & Domit – Advocacia e Assessoria Jurídica.

Caso Felipe Neto Aqui temos algumas diferenças, o youtuber chamou o Presidente Jair Bolsonaro de genocida em suas redes sociais e foi indiciado a depor, pois sua fala teria sido um crime contra a Lei de Segurança Nacional. O Doutor Domit novamente defende a liberdade de expressão a todo custo, menos quando se torna discurso de ódio, o que não ocorreu neste caso: “Tendo em vista que a liberdade de expressão nos permite fazer críticas e usar alguns adjetivos, os quais podem ser mais ou menos graves aos olhos de quem recebe a informação. Críticas estas que podem ser feitas em relação a opiniões divergentes, inclusive sobre visões políticas. ” O advogado afirma que a fala de Felipe foi somente ao presidente e não um discurso de ódio, porém uma má escolha de palavras que não deve ser comparado a um crime. Alexandre ainda faz um adendo sobre a comoção que este caso tomou, pois Felipe somente foi “indiciado”, gerando uma comoção exagerada de ambas as partes. Este termo se refere a interpretação de um delegado de polícia, não uma condenação ou uma denúncia pelo Ministério Público. (Acervo pessoal/Alexandre Domit) A Constituição Federal de 1988 garante a nossa liberdade de se expressar como um direito fundamental. De acordo com seu Art. 5º, inciso IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Porém é justamente daí que se surge o principal debate, até onde posso me expressar sem propagar discurso de ódio? Alexandre diz que nosso direito de se expressar é garantido pelo artigo de nossa constituição, citado anteriormente e pela Lei 5.250 de 1967, que traz preceitos sobre a liberdade de manifestação do pensamento, mas constando novamente a vedação ao anonimato. Além disto, esta Lei prevê alguns crimes passiveis de serem come-

tidos, como ser exercido em excesso ou ao divulgar informações ou conteúdos ilegais, como por exemplo propaganda de guerra, disseminação de preconceitos, crimes contra a honra, publicar notícias falsas ou argumentos para subversão da ordem pública. Para leis externas ao nosso país, a Declaração Universal do Direitos Humanos e o Pacto de San José da Costa Rica asseguram nosso direito de se expressar, mas novamente não para fazer de maneira irrestrita e absoluta.


8

Como a influência dos pais afeta a liberdade de expressão dos filhos Uma análise do ponto de vista educacional e psicológico na instrução familiar Carolina Portes e Yasmin Luz A pedagoga italiana Maria Montessori desenvolveu um grande método, estudado e utilizado até os dias atuais por pais e institutos educacionais, envolvendo a psicologia para uma boa educação infantil. Ao que diz respeito à personalidade, ela fala que o entendimento de uma criança será através da vivência e observação para seus familiares. Então, ao crescer em um ambiente onde um dos familiares tem determinada paixão, costume ou mania, é comum que a criança pegue para si estas mesmas características. Exemplificando, se temos pais que adoram música clássica, muito possivelmente o filho também adorará músicas clássicas. A chave da questão é exatamente essa, pois é importante lembrar que os filhos não devem ser cópias de seus pais, e que cada um tem uma personalidade. Assim sendo, a psicóloga afirma que os pais devem dar a liberdade para que o filho explore seus próprios interesses, os permitindo observar e ter a autonomia de decidir sobre suas inclinações e formar o seu “eu”, como diz Maria. Dentro dos últimos séculos, após a revolução industrial e a ascensão do capitalismo, houve uma grande mudança acerca da unidade familiar, que de acordo com o estudioso Christopher Lasch (1932-1994), serviu como um refúgio para as grandes mudanças sucedidas na sociedade, tornou-se mais patriarcal e conservadora, com cada função muito bem definida para cada componente. (Gomiche/Pixabay) Contudo, hoje vem ocorrendo uma quebra deste paradigma familiar. Cada vez mais a mulher também começa a ser uma das fontes de renda da casa, formações familiares diferentes do habitual começam a ganhar visibilidade e a educação assuntos com a sua irmã, com quem costumava passar a começa a ficar por conta das escolas, resultando em uma insegurança que implicimaior parte do tempo, possui a mesma visão ideológica e tamente acaba passando para o filho e os afetando. quem a inspirou a cursar Relações Internacionais.

Filhos da comunidade LGBTQ+ e pais homofóbicos Um exemplo da quebra de paradigma é a história de Nicole, que até o começo da pandemia, a estudante fazia psicoterapia, onde tratava de assuntos os quais esconde de seus familiares, como o fato dela pertencer a comunidade LGBTQ+ e a convivência com familiares que possuem uma ideologia diferente. Tendo um pai e um tio mais conservadores, Nicole tenta não se posicionar quando o assunto é política, não pelo medo de ser julgada, mas por ela saber que a discussão não levará a lugar algum. Ela conta que diversas vezes já se sentiu inferiorizada e teve sua opinião desvalorizada por ser jovem, e de acordo com os familiares, sem experiência. Antes de Nicole começar a fazer sessões de psicoterapia, a família evitava assuntos considerados como “tabus”, ela só se sentia à vontade de conversar sobre esses

Confiança Marcia Acolina e seu marido Stefan possuem uma posição mais centro-conservadora e mostram isso através das regras criadas em casa e do exemplo que dão a sua filha Gabrielle, de 16 anos. A bacharel em Direito afirma que as regras e os combinados que possui com a filha nunca foram impostos, mas sim baseados através da confiança e transparência no relacionamento com a filha. A criação das regras, foi com o intuito de orientar a sua filha da melhor maneira, sendo o principal combinado a transparência total uma com a outra.


9

Hacktivismo: O que é e quais são os impactos de difundir informações sigilosas Entenda a relação entre a liberdade de expressão dentro da mídia e como profissionais lutam para sua autonomia. Por Carolina Portes e Yasmin Luz Neste exato momento, há mais de 400 jornalistas presos ao redor do mundo. Somente em 2021, 10 já foram mortos. Estes dados são divulgados e atualizados constantemente pelo Reporters Without Borders (Repórteres Sem Fronteira) Dentro da internet há espaço para tudo e todos, e mesmo assim, ainda há grupos severamente perseguidos, como a imprensa e os jornalistas. Para combater este fato, muitos desses profissionais encontram meios alternativos de se expressar e liberar informações, conhecido como hacktivismo. Entendendo a deep web Quando você usa um navegador comum como google chrome, internet explorer e afins no seu computador ou dispositivo móvel, você está acessando o que se chama surface web (internet da superfície). Isso significa que você está na ponta do ice Berg, ou seja, você só está vendo o que é de fácil acesso e “permitido” na internet. A deep web (internet profunda) é exatamente o oposto disso, para ter acesso, o usuário deve ter um navegador específico, como o Tor Browser, que abre todas as portas da internet. Portanto, você verá tudo o que você vê na surface web mais o que está na deep web. Como a deep web é menos supervisionada e pouca gente sabe acessá-la, é possível encontrar de tudo um pouco. Um dos intuitos da deep web é de manter certos bancos de dados ocultos do público, e proporcionar uma certa anonimidade para seus usuários. Devido a isso, muitos a usam como uma ferramenta para atividades ilegais, como a divulgação de conteúdo censurado por algum governo ou até mesmo para a venda de drogas ilícitas.

A deep web então, possui diversos sites que propagam e realizam o hacktivismo, e divulgam notícias e informações de grande sigilo ou censuradas por algum governo. Um desses sites, por exemplo, se chama We Fight Censorship (Nós Lutamos contra a Censura), onde muitos jornalistas e pessoas da área, publicam matérias e reportagens que foram censuradas dentro de vários países. O site foi criado pelo Reporter Without Borders (Repórteres sem Fronteira), que é a maior organização sem fins lucrativos especializada em liberdade da mídia, liberdade de expressão e informação gratuita. O RWB também mostra o número de pessoas da imprensa já foram mortos ou que estão atualmente presos por saberem ou tentarem publicar alguma informação que algum governo categorizou como sigiloso, censurado ou proibido. São referência justamente por promover a emancipação dos jornalistas, para que sejam livres e possam publicar tudo aquilo que descobrirem. Também incentivam os leitores a combater a privação de informação.

O Hacktivismo Hacktivismo pode ser definido como crime cibernético causado por razões políticas e sociais, ou seja, hackear algum sistema como forma de manifestação. É praticado por pessoas que possuem conhecimento avançado em tecnologia, e usam isso a fim de delatar assuntos de interesse público. Para isso, utilizam de meios ilegais para realizar as denúncias, visto que as informações conseguidas muitas vezes são roubadas de campos privados e confidenciais, e assim as publicando. (Homepage do site da deep web We Fight Censorship)


10 Censura De acordo com o portal We Fight Censorship, há diversos países que proíbem conteúdos por conter informações consideradas uma ameaça. Dentre eles assuntos como corrupção, sociedade e política e segurança. São vídeos, áudios e artigos censurados dentro da China, França, Irã, Jordânia, Singapu-

ra, Síria, Turquia, Venezuela e Zâmbia. Impacto Político e efeitos na sociedade Em “contra-ataque” à morte de George Floyd, um grupo de hacktivistas chamado Anonymous (anônimos) hackeou o website da polícia de Mineapolis, nos Estados Unidos. O grupo possui um grande número de atuantes, sendo o maior grupo de hacktivismo do mundo.

Devido ao tamanho e impacto desses ataques, todos ficaram conhecidos pela mídia, o que não só deixou o nome do grupo mais notável, como também trouxe repercussão para essas causas, assuntos e documentos que antes eram censuradas e/ou sigilosas, o que influenciou mais pessoas a batalharem pela sua liberdade de expressão.

Uma via de mão dupla Há dois lados da moeda, o primeiro a favor dos hacktivistas, entendendo que suas ações são para um bem maior; já o outro lado mostra que para chegar ao resultado, diversas leis são burladas, deixando de lado a juridicidade. Vale colocar numa balança e analisar o que pesa mais: a verdade, com os fins justificando os meios ou seguir as regras e fechar os olhos para os crimes.

Publicação do site We Fight Censorship mostra as notícias que foram censuradas, mas que conseguiram ser publicadas na deep web (edição da imagem, Carolina Portes)


11

Ofensa ou liberdade de expressão? 4 vezes em que o humor ultrapassou o limite da liberdade Entenda a linha tênue entre o humor e o discurso de ódio travestido de piada e suas consequências.

Por Gabriely Nunes e Maria Paula Alves

Desde seu anúncio como um dos participantes do BBB21, o comediante Nego Di se tornou uma das personalidades mais polêmicas da edição, graças a comentários e piadas feitas ainda fora da casa. Di construiu sua carreira em cima de um humor provocativo, minorias e situações delicadas: em um vídeo de 2019, ele aparece zombando de Arlindo Cruz, cantor que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2017 e, desde então, encontra-se em recuperação. Após o filho de Arlindo, Arlindinho, declarar que processaria Nego Di, ele veio a público pedir desculpas pelo ocorrido. Ainda assim, Di nunca explicou-se pelas falas problemáticas dentro do reality. Em um dos casos, o comediante insinuou em meio à risadas que, se deitasse ao lado de Carla Diaz, “tocaria a flauta” — alusão à masturbação masculina. Segundo matéria do jornal ConJur, em 2010 os programas humorísticos lideravam a lista de processos. O Pânico na TV! (Rede TV) era o primeiro em números de ações movidas contra os comediantes, porém, um dado merece atenção: Só em 1997, o Casseta & Pla-

neta (Rede Globo) contava com 130 ações movidas por policiais militares de Diadema, e cada uma pedia R$200 mil por danos morais. Já na Band, em entrevista com Danilo Gentili, revelou-se que a ordem da casa era não se importar com o IBOPE ou com a Justiça. No site do Jusbrasil, é possível encontrar 62 processos contra Danilo Gentili Junior, nome completo do humorista. Para o psicólogo, palestrante e roteirista de stand-up comedy, Fernando Botto, o humor precisa ser cuidadoso “O humor deixa de ser humor a partir do momento em que ele fere o caráter dos outros”. 1.“COMERIA ELA E O BEBÊ!” RAFINHA BASTOS, 2011 A frase se deu durante o programa CQC quando Marcelo Tas elogiou a beleza da cantora Wanessa Camargo enquanto gestante. Durante o ocorrido, o comediante ainda afirmou “não estar nem aí” — a repercussão, porém, o levou a fazer um pedido de desculpas ao marido de Wanessa, como ele revelou ao Flow Podcast anos depois. Ainda assim, Bastos foi processado pela cantora, e a pena veio em

(Bogomil Mihaylov) 2015: foi condenado a pagar uma indenização de R$150 mil para Wanessa, seu marido e filho. Para os estudantes Jenny Oliveira (24) e Willian Rangel (21), ambos telespectadores de stand-up há, respectivamente, 3 e 10 anos, o caso só tomou a proporção que tomou por ter sido uma piada direcionada a Wanessa Camargo. “Isso só tem algum impacto quando envolve pessoas conhecidas, com algum poder” afirma Willian, que defende a liberdade para ambos os lados: os comediantes devem ser livres

para fazerem suas piadas, e as pessoas devem ser livres para se ofenderem sem serem acusadas de “mimimi”. 2 .“ENTENDO OS VELHOS DE HIGIENÓPOLIS TEMEREM O METRÔ. A ÚLTIMA VEZ QUE ELES CHEGARAM PERTO DE UM VAGÃO FORAM PARAR EM AUSCHWITZ” DANILO GENTILLI, 2011 Em meio a polêmica do bairro habitado por judeus, o antigo integrante do CQC e atual apresentador do programa The Noite publicou a frase no Twitter e, em minutos, recebeu milhares


12 de críticas pela mesma, fazendo com que o humorista apagasse o tweet e recebesse ainda mais críticas. Após toda a repercussão negativa, Gentili pediu perdão através da mesma rede social e até encontrou-se pessoalmente com a sociedade judaica para se desculpar. 3. ISLAMISMO x CHARLIE HEBDO,

2015 Após publicar uma charge de Maomé, a sede do jornal satírico francês Charlie Hebdo foi alvo de um atentado realizado pelos irmãos Chérif e Said Kouachi. O ataque, que aconteceu no dia 07 de janeiro, resultou na morte de 12 pessoas e desencadeou mais dois atentados nos dias 08 e 09 de janeiro, resultando em mais 5 vitimas fatais, totalizando assim, 17 mortes durante os três dias. O atentado ao jornal deu origem a inúmeras manifestações, incluindo a Je Suis Charlie, uma mobilização em prol da liberdade de expressão. A OBSCENIDADE DE LENNY BRUCE O comediante norte-americano tornou-se um símbolo da liberdade de expressão dentro do humor ao ser preso várias vezes entre 1961 e 1964 pelo uso de palavrões e obscenidades. A primeira detenção ocorreu em São Francisco, quando Bruce usou a palavra “cocksucker” e outras construções frásicas com segundo sentido — este sendo um sentido vulgar. Em 4 de novembro do mesmo ano, entre protestos de celebridades — os mais notáveis sendo Woody Allen e Bob Dylan — o comediante acabou sendo condenado por atentado à moral. Então, foi encarcerado em um reformatório por quatro meses até pagar fiança para aguardar o recurso em liberdade. Contudo, morreu de overdose sem ver o fim do processo. 4.

(Imagem pixabay/Emoji sorriso)

(Imagem pixabay/Humor)


13

Lewis Hamilton aproveita de seus pódios para protestar Piloto inglês usa camisetas com mensagens envolvendo temas polêmicos durante a premiação das corridas. Por: Lennon Andrade

Durante o GP da Toscana de 2020, Lewis Hamilton usou uma camisa com a frase “Prendam os policias que mataram Breonna Taylor” protestando contra a decisão tomada pela Justiça americana de prender somente um, dos três policiais envolvidos no caso. Esta atitude do heptacampeão foi contestada pela FIA a Federação Internacional de Automobilismo, que alegou ser uma manifestação política e ameaçou investigá-lo. A investigação não chegou a ser aberta, pois a Federação cedeu à pressão popular, mas algumas regras foram alteradas. Sérgio Siverly, dono do Boteco F1, o primeiro canal brasileiro especializado na categoria rainha, explicou que a mudança no regulamento impede os pilotos de usarem camisas e acessórios durante o pódio, somente o macacão: “É uma busca mercadológica da F1 para que todas as marcas apareçam na hora do pódio. Mas, ao mesmo tempo, é preciso buscar uma forma mais inteligente de trabalhar ao lado de Hamilton para não proibir os pilotos de fazerem suas manifestações e de mandarem suas mensagens, sem interferir nos patrocinadores. ” Hamilton se manifesta em todas as corridas, seu capacete contem a frase a frase “black lifes matter” que está estampada na parte de cima. Vettel, tetracampeão mundial que atualmente pilota uma Aston Martin, também se manifesta sempre pelas mesmas causas de Lewis. Durante o GP da Turquia, o piloto alemão mudou as tracionais faixas vermelhas e pretas em seu capacete, para faixas das cores de um arco-íris, apoiando a causa LGBT. Além disso, durante a execução do hino do país que cedia o GP da vez, Hamilton começou a se ajoelhar, influenciando outros pilotos a fazerem o mesmo. A F1 conta com 20 pilotos em 10 equipes, a metade deles se ajoelha em protesto, mas todos usam uma camisa com o nome do movimento. Siverly acredita que é de extrema importância os pilotos se manifestarem, pois eles geram conscientização sobre problemas importantes na sociedade: “Lembro de um caso muito famoso de uma atriz francesa que andou de calça em Paris e foi abordada pela polícia, pois isso era proibido. Essas pessoas tem que aproveitar o espaço que tem e realmente promover mudanças na sociedade, mudanças para o melhor. ” Lewis Hamilton é o primeiro e único negro a pilotar um carro de F1, seu Instagram conta com mais de 21,9 milhões de seguidores, por la ele segue passando suas mensagens. O britânico detém todos os principais recordes da categoria rainha, conquistando 96 vitorias e 99 pole

positions, com sete campeonatos mundiais ele está empatado com Michael Schumacher. O piloto foi coroado cavaleiro pela rainha da Inglaterra e foi eleito uma das cem pessoas mais influentes de 2020 pela revista Forbes. A maior categoria de automobilismo do mundo criou a #weraceasone para promover a igualdade entre gêneros, porém marcou um Grande Premio na Arábia Saudita, país extremamente machista. Esta decisão gerou muita polêmica, mas Sérgio vê com bons olhos uma corrida neste local. Ele acredita que assim a ideia de igualdade irá gerar um impacto muito maior, espalhando melhor a mensagem. A F1 precisa lucrar, mas não se vende, e está conseguindo unir lucro e impacto social de maneira positiva.

(Divulgação/F1)


14

A Liberdade de expressão no cinema, e a maneira como ela é abordada Culturalmente a sétima arte, sempre foi maneira de documentar e refletir a realidade no mundo e seus acontecimentos, com a liberdade de expressão e a censura não foi diferente.

Por João Ferreira e Tiago Carraro “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobre tudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” esta frase do livro clássico de George Orwell 1984, o qual foi imortalizado nos cinemas pelo diretor Michael Radford, retrata perfeitamente o conceito de liberdade de expressão, garantida por lei Art . 1º “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer.” A liberdade de expressão já foi tema de diversas artes como músicas, poesias, series, livros e filmes. Filmes como o já citado 1984, O Povo Contra Larry Flint e a serie The Handmaid’s Tale estão entre os melhores exemplos de liberdade de expressão ou da falta dela. Tanto 1984 quanto The Handmaid’s Tale retratam um poder opressor, um culto religioso na série e governo ditatorial no filme, que busca a total alienação de sua população por meio de censura, monitoração da população e combate a qualquer forma de pensamento que seja diferente do pregado pelo opressor. Já O Povo Contra Larry Flint vai totalmente contramão dos outros dois ao contar a história de Larry Flint, homem que lutou para publicar a revista pornográfica “Hustler” nos Estados Unidos, uma versão mais radical da “Playboy” após ter sua revista proibida Larry decide ir para a justiça em um caso que se tornaria referência na Justiça norte-americana para processos que envolvem liberdade de expressão.

(Poster/O bandido da luz vermelha)

Já no contexto brasileiro durante a ditadura militar se nota um paradoxo ao mesmo tempo que o governo militar investe no cinema eles regulam suas produções por meio de censura. Principalmente após 1975, o governo militar passou a financiar obras que não necessariamente eram voltadas para a ideologia que lhes agradava. A Embrafilme, responsável por distribuir e produzir filmes, foi um dos responsável na participação dos filmes nacionais no mercado cinematográfico, conseguindo inclusive inserir os filmes nacionais no mercado internacional, fazendo-os ter um relativo sucesso. (Cena do filme, Terra em Transe)


15

Nessa época também surge o cinema marginal movimento que usava do humor e do grotesco para criar relações com estado em que estava o país entre as principais obras deste movimento está O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, Matou a Família e foi ao Cinema, de Júlio Bressane e A Margem, de Ozualdo Candeias. Outro movimento menos comentado mas que também surge durante o governo ditatorial é o Pornochanchada característico por possuir baixo orçamento, geralmente atores que não atuavam muito bem mas possuíam algum atributo físico chamativo, as histórias costumavam ter algum tema sexual. Este movimento foi responsável pela adaptação de alguns contos de Nelson Rodrigues como, Os sete gatinhos, Bonitinha mas ordinária. Próximo ao fim da ditadura começaram a surgir obras que retravam os horrores do governo como retratado no filme de Roberto Rodrigues, Pra frente Brasil, lançado em 1982, O filme traz um homem que, ao ser confundido com um guerrilheiro, é capturado e torturado pelos militares. O filme tenta ser o mais realista o possível e não poupa detalhes para isto, a obra de roberto rodrigues chegou perto de ser censurado, mesmo a ditadura estando no fim. Com o intuito de descobrir mais sobre este período sur- ge o projeto Memória da Censura no Cinema Brasileiro que busca digitalizar documentos relativos à Censura do Cinema no Brasil, que apresentam repressão às liberdades individuais e negação do direito de livre expressão, com manipulação de informação. Os documentos incluem filmes, processos de censura, documentos do DEOPS-SP e material de imprensa. O projeto surgiu de um trabalho de Leonor Souza Pinto, Doutora em Cinema pela Universida- de de Toulouse, França, produtora cultural e pesquisadora da censura imposta ao cinema brasileiro entre 1964 e 1988. Leonor pesquisou os processos da censura sobre 444 filmes brasileiros, revendo a obra que foi censurada de cineastas de várias tendências e expressões, entre eles: Cacá Diegues, Leon Hirszman, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro, Glauber Rocha, José Mojica Marins entre outros. Em 2005, o projeto disponibilizou mais de seis mil documentos sobre 175 filmes brasileiros, e mais de quatorze mil documentos sobre a censura no cinema brasileiro durante os anos mais duros da ditadura, já em 2007, o projeto colocou gratuita- mente para o público mais 269 filmes adicionais de trinta e cinco cineastas brasileiros.

(Capa do filme Matou a Família e Foi ao Cinema)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.