Lona - Mostra de Profissões 2016

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Especial Mostra de Profissões 2016 - Edição 988

O Jornalismo avança para novas fronteiras


LONA > Edição 988 > Curitiba, 23 de agosto de 2016

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EDITORIAL

A saída para o bombardeio

PRIMEIROS PASSOS

Afinal, o que um jornalista faz? Fernanda Umlauf

A noção de excesso de informações começou não muito tempo depois da invenção da prensa – pense na quantidade de livros que foram reproduzidos. Mas a coisa toda se intensificou com o advento do rádio e, depois, da televisão – imagine o número de emissoras com programação quase ininterrupta. Já era impossível acompanhar tudo. Mas aí chegou a internet e tornou tudo ainda mais sobrecarregado. A rede mundial de computadores, com a possibilidade praticamente inesgotável de “estocar” conteúdo, provocou transformações não apenas do ponto de vista do receptor. Também se reconfigurou a noção de quem é emissor. Se até pouco mais de uma década o jornalista – e os meios de comunicação tradicionais – detinham o monopólio da informação, agora eles “concorrem” com pessoas que postam vídeos no YouTube, comentam situações no Twitter, registram momentos em fotos no Instagram e no Facebook e fazem transmissões ao vivo pelo Snapchat. Seria o fim do jornalista? Não. Nunca a profissão foi tão necessária. O jornalista é o sujeito que detém o conhecimento técnico e teórico, que reflete eticamente diante dos fatos, que tem o dever legal e moral de dar amplo espaço para as pessoas citadas no material divulgado. Para além da busca por likes, o jornalista tem o compromisso com a proposição do debate de temas socialmente relevantes. Além dessa função social e do caráter reflexivo da profissão, o jornalista exerce também o trabalho de filtro. É quem faz a curadoria do que merece a atenção do público, diante da mencionada avalanche de informações despejadas todos os dias até nos seres menos conectados. Tanto em meios corporativos, como nos veículos tradicionais e, principalmente, nos ambientes digitais, cada vez é imprescindível que alguém tenha “autoridade”, conquistada com respaldo técnico e moral, para selecionar o que vale a pena ser lido, visto e ouvido.

O jornalista é o profissional da informação. Faz um “recorte” do mundo e o entrega às pessoas. Apura, checa e escreve, atuando em veículos como televisão, rádio, revista, jornal e em meios digitais. Entrevistas, elaboração de pautas e coberturas de grandes eventos fazem parte do cotidiano do jornalista, além do trabalho de edição de fotos e vídeos. Do esporte à moda, da política à cultura, o jornalista seleciona o que deve ser levado ao público. Além disso, os formados em jornalismo podem atuar na comunicação interna de corporações e em assessorias de imprensa. Es-

sas áreas de atuação têm como foco os clientes, que podem ser empresas, organizações, ou até mesmo pessoas, como políticos e atletas. Para ser jornalista é preciso ter senso crítico, vontade de aprender e a sensação de dever social, para contribuir para um mundo melhor. A verdade e a ética devem sempre acompanhar o jornalista, que caminha em busca da versão mais precisa dos fatos. O jornalista tem papel fundamental dentro da sociedade, já que é ele quem “traduz” para o público as informações relevantes, fazendo com que as pessoas consigam

compreender um acontecimento. A formação permeia disciplinas teóricas, que permitem uma compreensão mais aprofundada da vida em sociedade, como História e Sociologia, e disciplinas práticas, como Redação Jornalística, Radiojornalismo, Telejornalismo e Fotojornalismo. Para ser jornalista – em grandes veículos ou na comunidade em que você mora, em portais de internet ou nas mídias sociais – é essencial ser curioso, não gostar de rotina e querer mudar o mundo. É o seu caso?

Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF, atendendo a imprensa durante congresso de jornalismo investigativo no Rio de Janeiro - Crédito: Daniel Castellano/Gazeta do Povo.

EXPEDIENTE

O mundo vive uma avalanche de informações. Uma estimativa, que tem ares de lenda urbana, indica que uma pessoa recebe mais conteúdo em um único dia do que um indivíduo durante toda a vida na Idade Média. Diante do bombardeio de dados, ao menos duas questões surgem muito fortemente: como selecionar o que será visto, ouvido e lido e quem fará esse serviço. As respostas não são fáceis e óbvias, mas indicam caminhos e tendências.

Reitor José Pio Martins

Pró-Reitor Acadêmico Carlos Longo

Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Professora orientadora Katia Brembatti

Edição Rede Teia Diagramação Fernanda Umlauf , Ana Clara Faria e Brayan Valêncio


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#ZACLISEXPLICA

Tire as dúvidas sobre o curso de Jornalismo e saiba os diferenciais da UP Ana Clara Faria e Brayan Valêncio

O curso de Jornalismo da Universidade Positivo tem diferenciais que o tornam um dos mais relevantes do Brasil. O aluno que decide percorrer os 4 anos da graduação vai se deparar com diversas oportunidades de aprender, na teoria e na prática, uma das mais importantes profissões para a sociedade. Quem garante é a coordenadora Maria Zaclis Veiga Ferreira, que é também professora de Fotojornalismo. Nesta entrevista, ela esclarece algumas das eventuais dúvidas dos futuros alunos:

Qual o perfil esperado para um estudante de Jornalismo? Ele deve ser curioso, gostar de ler e de escrever. Mas acho que, acima de tudo, ele precisa gostar das pessoas. E também saber ouvir mais do que falar: no nosso curso, por contarmos as histórias dos outros, somos mais ouvintes do que falantes. Que diferenciais o curso da UP tem a oferecer?

Temos várias práticas laboratoriais, em todas as áreas [do Jornalismo] já consolidadas. Mas é um curso bastante inovador que, além de trabalhar com os conceitos básicos, também dedica esforços para as novas práticas jornalísticas. Como exemplo temos o núcleo de aplicativos, coordenado pela professora Rosiane Freitas. Apesar de o diploma não ser exigido para exercer a profissão, por que recomenda a graduação em Jornalismo? Primeiramente, porque é essencial que a pessoa entenda o que é o jornalismo a partir de suas teorias. É preciso aprender a fazer jornalismo. Além disso, os veículos tradicionais e as grandes corporações exigem o diploma em seus processos de seleção. O próprio mercado prioriza jornalistas formados. Isso porque a profissão exige conhecimentos muito específicos, e não é qualquer pessoa que vai conseguir exercer o jornalismo sem ter passado pela universidade. Em que momento o estudante de Jornalismo da UP tem contato com a prática da profissão? No primeiro ano, ele já experimenta esse contato. Na cobertura do Festival de Teatro de Curitiba, por exemplo, que é a primeira oportunidade que o calouro tem de sentir a profissão. E há ainda as práticas internas, ou seja, nas próprias disciplinas. O aluno também pode participar do projeto de vivência em jornalismo, que acontece dentro dos nossos veículos laboratoriais. Há oportunidades de intercâmbio?

Coodernadora do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, Maria Zaclis Veiga Ferreira, apresentando trabalho em Portugal. Crédito: Arquivo pessoal

Sim. Temos parcerias, no curso de Jornalismo, com universidades do Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Irlanda, Israel, México e Portugal.

Quais atividades e projetos desenvolvidos pelos alunos do curso, mais recentemente, pode citar como destaque no meio acadêmico? Temos grandes coberturas, que são atividades que têm muita repercussão, como o trabalho que fazemos no dia das eleições, envolvendo todo o curso. Nossos alunos ganharam prêmios muito importantes, como o Expocom (da Sociedade Brasileira de Estudos de Comunicação, concorrendo com todas as instituições do país), o Prêmio Sangue Novo (do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, que é disputado por instituições do estado). Também já ganhamos o prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo. Temos vários projetos interessantes, como o “Nascer Bem” (de jornalismo de dados), que foi fantástico. Há iniciativas na linha cultural, como o especial que foi feito para os 90 anos do escritor Dalton Trevisan, e as atividades na área política – como as entrevistas com os pré-candidatos que disputam a prefeitura de Curitiba. Temos, todos os anos, vários projetos de iniciação científica, que são transformados em artigos e apresentados em congressos – isso, com certeza, amplia o conhecimento do aluno, dando condições para que se torne um profissional mais completo. O aluno sai realmente preparado para o mercado de trabalho? Sim. O aluno que aproveita todas as práticas e as oportunidades que o curso oferece sai, com certeza, preparado para o mercado de trabalho. O mercado, hoje, está se modificando: é mais exigente e se abre para os novos formatos de comunicação. Além disso, aos poucos, a ideia de que o jornalista podia ser apenas um empregado está se alterando. Técnicas empreendedoras, ensinadas no curso, permitem que o estudante seja dono do seu próprio negócio.


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REDE TEIA

#DESCUBRA o espaço que conecta conhecimento, emoções e realizações Ana Martins, Ana Clara Faria, Brayan Valêncio, Fernanda Umlauf e Nicole Smicelato

O espaço da Rede Teia, no segundo andar do Bloco Azul da Universidade Positivo, funciona como um local de interação e de troca de ideias, sempre aberto para os alunos do curso. - Crédito: Ana Justi

A Rede Teia concentra a produção do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Criada em 2007, reúne todos os veículos laboratoriais. Em 2010, a Rede Teia se tornou o primeiro laboratório universitário do Brasil a ter uma produção multimídia, ou seja, foi pioneira ao tratar de um mesmo assunto nos mais diversos meios.

conteúdo para o telejornal começa nas salas de aula, nas disciplinas de Captação Audiovisual (1º ano), Telejornalismo (2º ano) e Práticas Contemporâneas do Audiovisual (3º ano).

Tudo o que é feito pela Rede Teia é fruto da atividade dos alunos do curso, desde a escolha das pautas até a edição. Todos os alunos contribuem com conteúdos para a Rede Teia, mas há também um grupo de estagiários, que atua nos diversos veículos laboratoriais e, assim, tem a oportunidade de experimentar várias áreas profissionais, exercitando habilidades e vivenciando a rotina de um jornalista.

Um dos espaços preferidos dos alunos de jornalismo, a Rádio Teia é o veículo laboratorial voltado para as atividades práticas de radiojornalismo. Inaugurada em 2004, conta com dois estúdios de gravação. Antenada com o momento digital, a Rádio Teia transmite via internet, ao vivo, programas produzidos e apresentados pelos próprios alunos. Além de programas de música, esporte e variedades, a rádio também veicula diariamente o noticiário Jornal da Teia.

TelaUn Inteiramente feito com material produzido por alunos do curso, o telejornal da Universidade Positivo já recebeu prêmios no Expocom, como o de melhor telejornal acadêmico do Brasil, e no Sangue Novo, premiação do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, como melhor telejornal universitário do estado.

Luiz Witiuk, professor de Radiojornalismo e coordenador da Rádio Teia, afirma que a experiência prática proporcionada pela universidade é um grande estímulo para os estudantes: “Ao mesmo tempo em que desafia o aluno, permite que ele descubra seu potencial e suas habilidades”. O curso mantem parcerias com emissoras de rádio da capital – como a é-Paraná, a RB2 AM e a BandNews FM.

O TelaUn já foi diário, como uma experiência semelhante a um telejornal profissional, que precisa lidar com as pressões do tempo e ser abastecido pelas notícias quentinhas do dia. A periodicidade foi alterada – virou semanal – para dar aos estudantes também a oportunidade de trabalhar em produtos especiais, mais aprimorados. Todo o material feito para o TelaUn é veiculado no Youtube, pelo canal TV Teia, que abriga as demais produções audiovisuais do curso. O

A Rádio Teia também revela talentos. Em 2016, o programa esportivo “Prorrogação”, no ar desde 2013, foi vencedor do Prêmio Sangue Novo – organizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná e que reconhece o trabalho estudantes de jornalismo das instituições de ensino superior do estado. Criado por cinco alunos, o programa conta, hoje, com doze apresentadores que têm a oportunidade de desenvolver um jeito próprio de fazer jornalismo esportivo.

Rádio Teia


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Agência Júnior O curso de Jornalismo da Universidade Positivo oferece o contato intenso com uma das áreas que mais emprega jornalistas: a assessoria de imprensa. Para aproximar o aluno dessa realidade, várias disciplinas enfocam o trabalho de um assessor. O estudante também pode experimentar a rotina por meio da Agência Junior de Jornalismo. Hoje quatro estagiários atuam diretamente na cobertura de eventos, divulgações institucionais, boletins internos para os demais alunos, além de se envolver na produção de conteúdo para outros cursos e instituições.

No estúdio de rádio, os estudantes aproveitam para treinar a desenvoltura diante dos microfones - Crédito: Ana Justi

Os produtos criados e alimentados pela Agência Junior de Jornalismo são, por exemplo, o Teia na Parede, um jornal mural semanal que leva aos alunos as novidades do curso, e o Acontece na UP, com coberturas – em texto, vídeo e foto dos eventos realizados na Universidade. Além disso, os estagiários ajudam em outras formas de divulgação e trabalhos institucionais, como a Poc News, a diagramação e a curadoria da Revista Entrelinha, além da administração das redes sociais do curso, interagindo com alunos, professores e com a própria instituição. É também uma oportunidade de vivenciar, bem mais de perto, o que acontece em outros cursos da Universidade, durante a cobertura dos diversos eventos que agitam o ambiente acadêmico.

Laboratórios Fernando Fogaça, aluno do 3º ano e produtor do “Prorrogação”, conta que o programa o ajudou em diversos aspectos da vida pessoal e acadêmica: “Aprendi a trabalhar melhor em grupo, sabendo que existem diferenças – mesmo sendo todos amigos e tendo uma relação fora da faculdade”, diz. Ele comenta que ter conquistado um prêmio pelo programa traz um sentimento de dever cumprido. “Abrimos mão de muitas coisas para tocar o projeto em frente”, afirma. “Hoje, posso dizer que tenho muito orgulho de cada integrante. E sei que eles serão grandes jornalistas”.

Lona O LaboratóriO da NotíciA”, conhecido pela sigla Lona foi criado em 1999 e é o veículo mais antigo do curso. Foi o primeiro e, por muito tempo, o único jornal laboratório diário do Brasil. Atualmente, é produzido seguindo os moldes do jornalismo impresso, mas é distribuído por meio digital. A divulgação é feita pelo Issuu. O periódico também é vencedor de diversos prêmios Sangue Novo. O Lona aborda os mais variados assuntos em uma só edição, a partir do material produzido nas disciplinas do curso. Mas, em algumas situações, o jornal é temático, como é o caso dessa edição que está em suas mãos. Neste ano, também foram realizados o Lona do Maio Amarelo e o Lona Especial dos Jogos Olimpícos, ambos disponíveis para consulta na internet.

A estrutura laboratorial do curso de Jornalismo da Universidade Positivo permite aos estudantes o contato com equipamentos similares aos encontrados nos veículos de comunicação de Curitiba. Nos dois estúdios de rádio, com o auxílio dos técnicos, é possível gravar entrevistas, realizar debates e fazer programas ao vivo, divulgados pela internet. O laboratório de fotografia, também com o suporte de técnicos, tem um estúdio para a realização de imagens com luz artificial e também uma sala escura – espaço utilizado para a revelação de fotos. Já no laboratório de TV, além das ilhas de edição, os alunos encontram um estúdio equipado para a realização de programas gravados e ao vivo, entrevistas e debates. O curso conta ainda com dois laboratórios de informática, usados durante as aulas práticas. Toda a estrutura é utilizada ao longo da semana em todos os turnos para aprofundar a formação dos estudantes.

Teia Notícias É um portal online que hospeda o conteúdo voltado para o meio digital, desde grandes reportagens multimídias até boletins informativos com atualizações sobre grandes eventos ou acontecimentos na cidade e na região metropolitana. Um exemplo foi a cobertura do dia 29 de abril de 2015, quando o Teia Notícias foi atualizado a cada nova informação passada pelos estudantes que estavam na Praça Nossa Senhora de Salete, em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, enquanto era votado o projeto de lei que alterou o ParanáPrevidência. A manifestação dos professores virou alvo de intensa repressão policial, com dezenas de feridos, amplamente divulgada pela mídia nacional, marcando para sempre a história do Paraná.

Já no primeiro ano do curso, os alunos passam a usar o laboratório de fotografia - Crédito: Ana Justi.


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REALIZAÇÃO

Ontem, alunos da UP; hoje, jornalistas que nos enchem de orgulho Atuando nas mais diversas áreas, os formados pela instituição se destacam no mercado de trabalho. Confira o que eles contam sobre a profissão Ana Martins, Fernanda Umlauf, Brayan Valêncio e Ana Clara Faria

RÁDIO

IMPRESSO

Angelo Sfair

Estelita Hass Carazzai

Uma das vozes que o ouvinte da BandNews FM escuta todas as manhãs é a de Angelo Sfair. Ele tem 23 anos e se formou na Universidade Positivo em 2014. Trabalha na emissora há um ano, mas já atuou também na CBN de Curitiba e como assessor de imprensa na Secretaria de Estado do Esporte e do Turismo.

Estelita Hass Carazzai, 30, se formou na Universidade Positivo em 2007 e há sete anos trabalha na Folha de S. Paulo, atualmente como corresponde em Curitiba. Passou também pela Agência Folha em São Paulo e pela Gazeta do Povo, como repórter de economia. Estelita entrou na Folha de S. Paulo Estelita Hass Carazzai (ao centro), jornalista da Folha de S. Paulo, entrevistando o goveratravés do programa de nador Beto Richa na Universidade Positivo. Crédito: Divulgação/UP trainee. Recentemente ela voltou de um estágio na Universidade do Texas, enviada pela Folha de S. Paulo. Estelita também reuniu experiência nos primeiros anos de faculdade nos veículos laboratoriais da Universidade e em assessorias de imprensa.

Angelo realizou diversas atividades dentro do curso e destaca que foram momentos importantes da sua formação, que acabaram mostrando outras oportunidades do mundo jornalístico. Ele participou da cobertura realizada pela Rede Teia nas eleições de 2012 e de 2014 e também do documentário produzido em Adrianópolis. Para o repórter, esse envolvimento com os projetos foi fundamental. “Foi com esses trabalhos que eu comecei a formar minha rede de contatos, e de alguns projetos surgiram convites profissionais.” Angelo entrou no curso com um desejo similar ao de muitos outros calouros: ser um jornalista esportivo. Porém, ao ter contato com outras áreas, um novo interesse surgiu: o amor pelas notícias diárias, o hard news. Ele garante que as possibilidades são tantas que é preciso ter “a cabeça mais aberta para não perder oportunidades”.

Angelo Sfair na Rede Teia. Crédito: Arquivo pessoal

O egresso diz que o mais importante é estar por dentro dos mais variados assuntos, do que está acontecendo – principalmente em Curitiba, Região Metropolitana e em todo Paraná – e não apenas em assuntos do seu interesse. Atualmente, ele monitora, por exemplo, os desdobramentos da Operação Lava Jato e volta e meia conversa ao vivo com o apresentador Ricardo Boechat. Angelo cursa pós-graduação em Mídias Digitais na UP e trabalha com outros formados na instituição, como Lorena Pelanda, Thaissa Martiniuk e Felipe Harmata, que é professor na UP.

A jornalista produz grandes reportagens sobre assuntos regionais e também casos de repercussão nacioanal, como a Operação Lava Jato e o massacre aos professores no dia 29 de abril. Em agosto, ela foi à Venezuela, relatar a crise de abastecimento – e também política – que afeta aquele país Daniel Emmendorf de Castro. Estelita nunca pensou em outra opção para a vida profissional. Descobriu o amor pelo jornalismo aos 13 anos de idade quando escreveu um artigo sobre globalização para uma disciplina e ele foi publicado no jornal da escolano qual estudava, “me senti bem informando as pessoas sobre algo que elas ainda não sabiam”. A jornalista relata que a formação acadêmica na Universidade Positivo a ajudou muito em relação à prática, antecipando o que aconteceria no mercado de trabalho. As orientações éticas e profissionais repassadas em sala de aula são ressaltadas por ela, revelando que se sentiu muito mais preparada para atuar na profissão. “Para ser jornalista tem que ter sensibilidade, empatia. É algo que ganha cada vez mais importância em um momento que há uma polarização de opiniões na arena pública, e nesse meio, o jornalismo tem o papel essencial de manter a pluralidade nessa arena pública, e para isso acontecer, o profissional tem que estar sempre disposto a ouvir o outro e a conhecer os vários universos que existem em nosso país. Para os interessados em cursar o jornalismo eu recomendo: nunca perca o interesse pelo outro.”


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TELEVISÃO

WEB

Mariana Macedo

Augusto Klein

As transformações do jornalismo estão criando novos modos de trabalho para o profissional da área, a partir da massificação da internet e do conceito de segunda tela. Entre os jornalistas formados pela Universidade Positivo que trabalham na área digital está Mariana Macedo, social media no Grupo NZN, responsável pelo sites Baixaki, Click Jogos, Mega Curioso, Robô Laranja, Tecmundo Games, além de outros sete sites.

Augusto Klein, hoje repórter da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), formou-se em 2009 pela Universidade Positivo. Ele comenta que escolher Jornalismo foi uma decisão natural: “Desde pequeno, era comunicativo, desinibido e curioso. Além disso, sempre gostei de contar histórias e de ouvir o que as pessoas têm a dizer”, conta. Klein afirma que sempre quis trabalhar em televisão – na faculdade, as disciplinas favoritas eram Rádio e Telejornalismo.

A jornalista Mariana Macedo (à esquerda) apresentando um live no Facebook. Crédito: Arquivo pessoal

Voltado para o público jovem, o Grupo NZN, que está no mercado digital desde os anos 2000 e é uma marca genuinamente brasileira, viu a oportunidade de atuar mais próximo do público ao agregar, além do Baixaki, outras vertentes. É exatamente essa a função de Mariana, que produz conteúdos diários para as redes sociais (Facebook, Intagram, Twitter e Pinterest) do Mega Curioso. Ela explica que o material tem um formato único para cada veículo e que de acordo com o que é publicado, a repercussão é diferente: “Existem alguns detalhes que fazem muita diferença no resultado - fotos mais ‘toscas’ desempenham muito melhor no Facebook do que fotos bonitas de banco de imagens, por exemplo. Enquanto no Instagram é essencial que a imagem seja maravilhosa!”. A jornalista relata que o mercado digital é promissor e abre oportunidades para profissionais que querem fugir do tradicional. Para ela, é uma satisfação: “Eu amo trabalhar com isso! A maior realização é conseguir atuar com o que há de mais novo na comunicação - o

Mega Curioso foi a primeira página do segmento a postar uma imagem em 360 graus no Facebook, por exemplo. A gente tem a oportunidade de pegar as informações que todo mundo também tem, mas entregar de diferentes formas - vídeo, imagem, link, infográfico, GIF, quadrinhos. As possibilidades são infinitas! Além disso, o público que a gente tem bate de frente com os grandes veículos de comunicação - só no Facebook, temos mais de 1.6 milhões de seguidores. Ou seja, dá pra falar com um público muito maior do que nas mídias tradicionais, inclusive pessoas de outros países.” Mariana está no grupo NZN desde dezembro do ano passado. Antes, atuou na assessoria de imprensa Excom Comunicação por um ano, na qual começou a ter interesse por trabalhar com mídia digitais e social media. Mariana participou de diversas atividades extracurriculares durante o período em que cursava Jornalismo. Ela também escreveu um livro sobre mulheres vítimas de violência intitulado “Porque sou mulher”.

O jornalista explica como o curso da UP contribuiu para a sua formação: “Acho que a postura dos professores e a estrutura do curso, em termos de laboratórios e equipamentos, foram os principais diferenciais”, comenta. Há quatro anos na RPC, ele conta que seu trabalho anterior foi uma “porta de entrada” para a emissora: em 2011, Klein foi aprovado na seleção para o programa “Passaporte Sportv”, mudando-se para o Rio de Janeiro. “Tive treinamento no canal e na Globo, e fui escolhido para ser correspondente do programa na Alemanha. Passei sete meses na Europa, produzindo e gravando reportagens esportivas”, relata. “Era produtor, cinegrafista e repórter ao mesmo tempo.”

Augusto e o atleta Emanuel - Crédito: Messias Rodrigues

Klein cita o conflito do dia 29 de abril de 2015, no Centro Cívico, como o episódio mais marcante de seu trabalho como repórter. “Durante semanas, acompanhei diariamente a greve dos servidores da rede estadual de ensino e suas repercussões”, comenta. “Durante quase duas horas [no dia 29], estive no meio da confusão. Eram bombas de gás lacrimogênio, disparos de bala de borracha, pessoas feridas e passando mal para todo o lado. Foi um grande desafio relatar o episódio em meio a essa situação”, observa o jornalista. Quanto ao mercado de trabalho, Klein destaca que é necessário lidar com algumas peculiaridades do momento – dentre elas, o excesso de informação ocasionado, principalmente, pela expansão da internet e das redes sociais: “As pessoas acreditam no que querem, julgam e têm certeza de fatos que não sabem se são verdadeiros”, analisa. “E essa verificação, hoje em baixa, é a essência do jornalismo”. No entanto, o repórter televisivo observa que essa lacuna é preenchida, justamente, pela atuação de bons profissionais da área: “O cenário é desafiador, mas também é oportuno, porque a presença de jornalistas competentes no mercado se torna ainda mais necessária”, pondera Klein. Em poucas palavras, ele define o perfil ideal de um jornalista: “Acho que um bom profissional da área precisa ser curioso, bem informado, saber ouvir (todos os lados), ter discernimento e, principalmente, ser justo”, conclui.


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EXPECTATIVAS

O que esperar do Jornalismo Leia quais são as expectativas de um calouro e um veterano do curso de Jornalismo Ana Clara Faria e Ana Martins

O ensino superior reúne pessoas vindas de vários lugares, com diferentes visões de mundo e que são levadas a escolher um curso por diferentes razões. Ao longo da graduação, as percepções e objetivos traçados pelos estudantes são moldados a partir da experiência no ambiente acadêmico. O Lona entrevistou alunos do primeiro e do último ano de Jornalismo da Universidade Positivo. Os depoimentos são uma amostra das expectativas de calouros e veteranos prestes a receber o diploma. Natalia Basso, de 18 anos, conta que decidiu cursar Jornalismo por influência familiar: “Eu tenho um jornalista na família e sempre admirei o trabalho dele”, diz a estudante do 1º ano. Ela afirma que está gostando das novas experiências que o curso proporciona, e também das pessoas que conheceu na faculdade. Ela espera ampliar o conhecimento nos mais diferentes assuntos. Também caloura, Ana Tereza May Pereira, de 18 anos, inicialmente queria seguir outro caminho: o objetivo era cursar Psicologia para trabalhar com Recursos Humanos em uma empresa de moda. A decisão de fazer Jornalismo veio ao acaso, por sugestão de uma estilista com quem havia, uma vez,

conversado sobre o mercado de trabalho no ramo do vestuário. Desde então, Ana Tereza planeja trabalhar como jornalista especializada em moda. Ela cita a disciplina de Design Gráfico como uma de suas preferidas: “Eu gosto desse compromisso com a nova estética do Jornalismo”, reflete. Assim como Natalia, Ana Tereza espera ampliar seu conhecimento geral ao longo do curso e ressalta, também, o viés social como uma das características mais interessantes: “A visão de mundo que você aprende a ter é muito abrangente”, comenta a estudante. “O Jornalismo tem esse lado humano. Você aprende a contar a história do outro”, conclui. E uns quatro anos depois Com o passar do tempo muita coisa muda, pensamentos, sentimentos e até mesmo opiniões, e no âmbito acadêmico isso não é diferente. Quem passa muitos anos dentro de um único curso enfrenta os mais variados momentos, sejam esses de alegria, de desespero e até mesmo de dúvida, mas em jornalismo, devido as mais diversas áreas, é possível se apaixonar dia após dia. Algo dentro do curso vai te chamar atenção e toda vez que você pensar em desistir, você vai ter algo que vai te

O aluno do quarto ano Guilherme Dea na Mostra de Profissões de 2015 - Crédito: Ana Clara Faria

lembrar do porque você ainda continua no curso. O estudante do 4º ano de Jornalismo, Guilherme Zaleski Dea, de 22 anos, conta que quando entrou no curso, em 2013, não tinha muita pretensão na área e acabou optando por Jornalismo após se ver insatisfeito no curso de Engenharia da Computação e uma amiga, que já tinha interesse na área de comunicação, insistir para que o mesmo desse uma chance ao curso. Na época, Guilherme estava começando a acompanhar o futebol americano e conseguiu uma vaga para escrever em um blog sobre o assunto, ficou um período escrevendo sobre e um dia realizou uma cobertura de uma seletiva de novos jogadores, e foi nessa experiência que decidiu de vez apostar no jornalismo, sem grandes expectativas, “eu entrei no jornalismo sem conhecer o jornalismo, minha ideia de do que era o curso foi sendo construída ao longo das minhas aulas”, diz Dea.

A estudante do 1o ano Natalia Basso em aula prática de Fotojornalismo. Crédito: Italo Sasso

Com o passar do tempo, o veterano foi conhecendo, experiência atrás de experiência, tanto os pontos negativos, como os positivos da futura profissão

e garante que a melhor coisa que poderia ter acontecido foi ele entrar na área sem a menor ideia do que encontraria pela frente, “pois se eu já entrasse com uma ideia pré-concebida, eu talvez não teria tido tantas experiências boas”. Estando agora no último ano do curso, já tendo passado por todas as áreas, experimentado cada vertente do jornalismo, com experiências que o tornaram, não só aluno, mas, uma pessoa ainda melhor. Atualmente Guilherme tem o plano de começar um veículo novo e diferente dos atuais: um site de tecnologia que utiliza características do jornalismo literário para dar notícias de forma mais aprofundada. Plano esse que diverge bastante do que ele queria nos primeiros anos, “eu só me imaginava tentando entrar em algum veículo de comunicação, hoje penso em entrar em outras áreas, outras posições, desejo continuar adquirindo habilidades novas e melhorando as que já aprendi”, diz o graduando. Quanto ao futuro, Dea não se mostra preocupado com o mercado de trabalho, e sabe que o que aprendeu lhe garante infinitas possibilidades, “no final, tudo depende do que fazemos com o que aprendemos”.


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RECONHECIMENTO

Prêmios que coroam muito trabalho Victória Pagnozzi

Todo ano, o curso de Jornalismo da Universidade Positivo é premiado. E é claro que em 2016 não foi diferente. Na Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação da Região Sul, a Expocom, a série “Descobrindo Curitiba”, apresentada pela estudante Daniele Vieira e com orientação da professora Sandra Nodari, foi a vencedora na modalidade Programa Laboratorial de TV, como melhor no Sul do Brasil. O principal objetivo da série é mostrar a história da cidade através da apresentação de personalidades que dão nomes a ruas e praças. Os episódios são produzidos por todos os alunos na disciplina de Práticas Contemporâneas do Audiovisual. Como vencedor da modalidade na região sul, o projeto está concorrendo na Expocom Nacional, que ocorrerá em São Paulo nos dias 5 a 9 de setembro. Daniele Vieira mal vê a hora: “É a primeira vez que participo de um evento desse porte, então imagino que a troca de conhecimento será muito bacana”. Outra aluna que também irá representar a UP em setembro é Uliane Tatit. Ela foi a vencedora da Expocom Sul 2016 na modalidade Website com o “Via Palermo 42”, que trata sobre cinema, comportamento, música, moda e muito mais. Uliane contou que o site foi reformulado em agosto do ano passado na disciplina de Jornalismo Digital, da professora Rosiane Correia de Freitas. A aluna, com ajuda de outros dois colegas, pensou em algo diferente para o site: “A gente queria escrever coisas que não fossem factuais, com o nosso estilo de escrita e sem ter alguém falando o que a gente deveria fazer”. Hoje, o VP42 tem 16 colaboradores, sendo que 14 destes são estudantes de jornalismo da UP. Além da Expocom, o site também foi o vencedor do 20º Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense (do Sindicato dos Jornalistas do Paraná) na categoria Produto Jornalístico Para Web – Blog de Notícias. Aliás, a UP ficou em 1º lugar em várias

Alguns dos prêmios conquistados pelos alunos de Jornalismo da Universidade Positivo - Crédito: Katia Brembatti

categorias do Sangue Novo neste ano! O trabalho “Religiões invisíveis: a umbanda e o candomblé em Curitiba” dos alunos Hannah Cliton e Luis Izalberti, orientado pela professora Rosiane Correia de Freitas, venceu na modalidade Reportagem Escrita Digital. Hannah contou que a ideia do trabalho surgiu quando ela e Luis conversaram com umbandistas e candomblecistas, que relataram o preconceito que sofriam. Por isso, a reportagem teve como principal objetivo mostrar a grande força das religiões afrobrasileiras em Curitiba. “Ter um trabalho que fiz escolhido como melhor reportagem digital foi um marco muito importante por me fazer perceber que eu tinha a capacidade de produzir jornalismo de qualidade e relevância”, afirmou Luis. Outro trabalho que se destacou na última edição do Prêmio Sangue Novo foi a revista “Entrelinha: viver sem violência”, vencedora da categoria Produto Jornalístico – Jornalismo Impresso. O trabalho foi organizado pelos estudantes Ana Justi, Bruna Teixeira e Fernando de Souza e orientado pelo professor Hendryo André. “A revista é fruto de uma parceria com a I Jornada Mulher Viver sem Violência, o professor Hendryo propôs que fizéssemos um material sem o viés de assessoria e que abordasse questões de gênero que seriam debatidas durante o evento”, disse Ana Justi. Mais de 60 alunos participaram do desenvolvimento do material, que ficou pronto em apenas 30 dias. Bruna Teixeira destacou: “Só consegui-

mos concluir por causa do comprometimento de todos os envolvidos”. Já o “Prorrogação: o futebol além dos 90 minutos” foi escolhido como o melhor Programa de Rádio no Sangue Novo. Segundo o aluno Jorge de Sousa, a ideia surgiu após várias conversas na cantina, com outros quatro colegas que também gostam de esporte. Com a aprovação do professor Luiz Witiuk, o Prorrogação passou a ser transmitido na Rádio Teia no final de 2013. O programa vai ao ar todas as segundas, quartas e sextas-feiras às 18h30, e atualmente conta com 10 colaboradores. “Se não fosse pelas pessoas que se dedicaram e entraram com a gente nessa, talvez a gente não teria nenhum prêmio. A felicidade de ganhar é por saber que você está fazendo um bom trabalho”, contou Roberty de Souza. Além destes, outros dois projetos ficaram em primeiro lugar no Sangue Novo este ano: “Jornalismo Analógico na era da internet: desafios e pressões na rotina de trabalho”, do aluno Lucas Karas – orientado pelo professor Hendryo André –, venceu a categoria Monografia; já o trabalho “Ideia de Jerico: Reportagem sobre os inconvenientes da loucura – e as verdades que eles revelam”, de João Angelo Soares Lemos, com a orientação do professor Emerson de Castro, foi escolhido como o melhor Livro Reportagem. A monografia da egressa, Renata Silva Pinto, foi finalista do prêmio Intercom

Júnior em 2015 e no inicio deste ano foi indicada como finalista ao prêmio Vera Giangrande. O trabalho, que foi orientado pela professora Rosiane Correia de Freitas, abordava a ferramenta Basômetro do jornal Estadão, ferramenta essa que ajudava a medir o apoio dos parlamentares ao governo. O resultado será anunciado no XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em São Paulo no mês de setembro. A monografia se destaca por, segundo a orientadora, ser uma das primeiras pesquisas do país que envolva igualmente programação e jornalismo. Sangue Novo 2015 Os principais vencedores da edição passada do Prêmio Sangue Novo foram “Crack: o drama de uma escolha”, da ex -aluna Isadora Nicastro, na categoria Reportagem Escrita: Meio Impresso e “No olho da rua”, vencedor da modalidade Videodocumentário, produzido por Juliana Cordeiro, Paula Nishizima e Isabella Mayer de Melo. Nesse ano, a Rede Teia – que une os veículos laboratoriais do curso de Jornalismo da UP – foi a primeira colocada na categoria Produto Jornalístico para web – Gestão de Mídias Sociais. A estudante Ana Mayer, na época responsável pela função, ficou surpresa com o prêmio: “Eu nunca tinha trabalhado com redes sociais e internet, então foi uma escola pra mim. Hoje, no último ano do curso, acho que sei um pouco de tudo por causa da Rede”.


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REDE TEIA DE OLHO NA POLÍTICA

A oportunidade de mostrar o que pensa quem quer governar Curitiba Giovana Canova

Campanha eleitoral de 2016 movimenta alunos do curso de Jornalismo em série de entrevistas com précandidatos a Prefeitura de Curitiba O curso de Jornalismo da Universidade Positivo está sempre antenado com o que acontece de mais relevante em Curitiba. E entre os principais pontos de 2016 está a campanha eleitoral que vai escolher o prefeito da cidade. Para saber como pensam os candidatos que concorrem ao cargo, os estudantes da UP organizaram uma rodada de entrevistas. Os prefeituráveis estiveram na Rede Teia, em junho e julho, e foram entrevistados pelos próprios alunos, também responsáveis pela elaboração das perguntas. Além de vídeos editados que foram divulgados posteriormente, as entrevistas foram transmitidas ao vivo, pelo Facebook. A iniciativa foi uma oportunidade para entender o trabalho de um jornalista profissional.

PRÁTICAS EXTERNAS

Apesar da ansiedade, tudo correu como planejado. Ao total foram sabatinados dez pré-candidatos, entre eles sete se tornaram efetivamente candidatos. A Rede Teia foi o primeiro veículo a entrevistar os prefeituráveis. Os alunos também tiveram a chance de conhecer um pouco sobre cada um, participar ativamente da construção do cenário eleitoral de Curitiba e, o melhor, levar informações para esclarecer o público. O conteúdo ainda vai ser usado de uma nova forma. A cada semana, trechos das falas dos candidatos serão usados para apresentá-los à população. O material produzido conta ainda com um site explicando o que é permitido e o que é proibido nesta campanha eleitoral. E vem mais por aí: em outubro, o curso todo se envolve na cobertura do domingo de votação. Acompanhe! Pré-candidatos à prefeitura de Curitiba, durante série de entrevistas na Rede Teia de Jornalismo - Crédito: Denis Arashiro.

Parcerias fortes para praticar o que foi ensinado Brayan Valêncio

Entre os diferenciais do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, que permitem associar teoria e prática, está uma gama enorme de parcerias com outras instituições. Esses contatos levam os alunos a terem marcantes experiências profissionais e pessoais. A parceria com a TV Futura possibilita que os alunos realizem pautas e reportagens que acabam sendo divulgadas em rede nacional. A UP é a única universidade do Paraná que produz conteúdo para a Futura. “Os editores do Futura participam das reuniões de pauta com os alunos, então o aluno tem que defender

a pauta para os jornalistas, lembrando da linha editorial do veículo, que propõe jornalismo cidadão, educativo. Esse modelo prevê que as reportagens discutam, analisem, apresentem uma solução para os problemas. Os alunos acabam entendendo como fazer telejornalismo de qualidade, e não só do ponto de vista técnico. Sempre que tem uma boa reportagem em sala de aula eu ofereço para eles e via de regra eles tem usado”, conta Sarah Menezes, ex-estagiária do Projeto Futura na Universidade Positivo. Os estudantes têm a oportunidade de testar na prática seus conhecimentos, vivenciando o funcionamento de uma redação de televisão. “Aprendemos

muito sobre a relevância das nossas ideias. Aprendemos a pensar de acordo com o público do canal. É uma experiência que nos coloca em um lugar mais próximo da “vida real” de jornalista. O exercício de pensar em pautas que sejam relevantes não só para Curitiba, mas também para o resto do país faz a gente sair da zona de conforto. E eu acho que estágio é para isso, sabe? Para conhecer áreas e assuntos que a gente não conheceria sozinhos”, comenta. Outros veículos que reproduzem o que é feito pelos estudantes são a TV e a Rádio Educativa, a Rádio BandNews Fm, a Rádio Banda B, a Rádio 96,1, a Gazeta do Povo e o Bem Paraná. Assim, os alu-

nos de Jornalismo da Universidade Positivo têm diversas possibilidades de experiência e contato direto com os veículos de comunicação de Curitiba. Os alunos também são incentivados a desenvolver pesquisas acadêmicas, por meio do Programa de Iniciação Científica (PIC), e apresentá-las em congressos de comunicação. Para 2017, os professores, funcionários e alunos do curso de jornalismo terão um grande desafio pela frente. É que a UP vai sediar o maior evento de comunicação do Brasil, o Intercom Nacional. Oportunidade de aprender é o que não falta!


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NOVOS OLHARES

Há muitas novas formas de fazer jornalismo O jornalismo, assim como outras profissões, tenta se reinventar a cada dia e abre horizontes aos futuros profissionais Fernanda Umlauf

No imaginário das pessoas, a palavra jornalismo é imediatamente associada com reportagens de TV, como as divulgadas no Jornal Nacional, ou com textos de jornais impressos. O que muita gente não sabe é que, ao cursar jornalismo, um enorme leque de opções se abrem na carreira profissional que escapam aos dois exemplos citados anteriormente. Os tradicionais meios de comunicação estão se reinventando com recursos tecnológicas e, ao mesmo tempo, muitos espaços para jornalistas surgem nas empresas e nas assessorias de imprensa, que têm o foco em fortalecer a imagem dos clientes, fugindo da área restrita do jornalismo tradicional. Cada vez mais veículos tradicionais se veem obrigados a repensar as formas de atuação. Estelita Hass Carazzai, correspondente da Folha de S. Paulo em Curitiba e repórter há 7 anos, conta que no início da carreira no veículo toda a lógica de produção era voltada para o jornal impresso, com duas redações que trabalhavam separadamente, uma para a portal online e outra para o papel. Aos poucos, esses espaços foram se fundindo. Estelita, que é formada pela Universidade Positivo, comenta que já fez até mesmo matérias para a TV Folha e diz que o ideal é ser um profissional polivalente. “Agora, a lógica de produção está totalmente diferente. A gente mede nosso sucesso pelo número de recomendações que a reportagem teve nas redes sociais. Claro que a edição impressa continua sendo muito importante, mas a cobertura factual do dia a dia é totalmente voltada para o online”, conta a jornalista.

Portais de Notícias Um estudo feito pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015, revelou que a

internet é o terceiro meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros com 42%, ficando atrás do rádio (46%) e da televisão (93%), sendo que dentro do percentual de acesso à internet, 67% disseram que estão em busca de informações. O jornalismo está cada vez mais presente nas ondas virtuais, com diversos blogs, portais e sites de notícias que ampliam a gama de informação para os usuários. Jordana Martinez, editora chefe do Paraná Portal, conta que o veículo também trabalha com ferramentas, como vídeo, Facebook com transmissões ao vivo, Periscope, entre outras.

Assessoria de Comunicação Assim como os veículos tradicionais, a comunicação organizacional e a assessoria de imprensa, também se renovam constantemente. O mercado de trabalho vem crescendo gradualmente na área das empresas que têm como objetivo promover a imagem de uma empresa/entidade ou até mesmo de uma pessoa. Claudio Stringari Marques, diretor da Central Press – Agência de Comunicação que atua no mercado curitibano há 17 anos – revela que apesar da redução da tiragem dos veículos impressos, os meios de comunicação não estão perdendo força, pois estão se fortalecendo nas redes sociais. “E no meio de tudo as assessorias de comunicação também estão tendo que se atualizar para poder seguir essa tendência, essa mudança de canais, e principalmente a forma como as pessoas consomem informação”, destaca. Segundo o diretor, apenas a mera produção de releases está fora de questão na Central Press. A empresa está tentando olhar o mundo da comunicação de uma maneira diferente, integrando os canais e alguns temas que muitas vezes não têm espaço na

Ilustração: Ana Clara Faria

mídia tradicional, mas que encontram espaço de repercussão nas mídias sociais, utilizando recursos visuais como infográficos e vídeos, para poder dar vazão aos assuntos corporativos. “É uma brincadeira que eu, que estou formado há 20 anos, faço: a gente não precisa aprender o novo, e sim ‘desaprender’ o velho, porque esse é o grande desafio.”

Jornalismo Colaborativo Em um momento em que o fluxo de informações acontece numa velocidade e em quantidade sem precedentes na história, o jornalismo colaborativo torna-se uma tendência. Esse modelo de produção traz para perto o cidadão leitor, aproxima o

“Eu acredito que as novas iniciativas jornalísticas que estão se importando de fato com o leitor são exatamente aquelas que vão ser ou estão sendo bem sucedidas.”

processo de produção das notícias daqueles que a consomem e para os quais elas são importantes. Emissão e recepção se misturam dando mais qualidade, representatividade e reputação ao veículo. Mariana Castro, jornalista e sócia da produtora de conteúdo F451, fez uma reflexão no 11º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em junho. Ela salientou que o jornalista já não é mais o detentor do monopólio da informação. Existem inúmeros canais e a informação nunca foi tão fácil, acessível e barata. Contudo, o papel do jornalista continua essencial, para checar, apurar, selecionar, organizar e hierarquizar as notícias importantes. “Eu acredito que as novas iniciativas jornalísticas que estão se importando de fato com o leitor são exatamente aquelas que vão ser ou estão sendo bem sucedidas”, comenta Mariana, que cita o exemplo do ‘Correspondent’, um jornal holandês que teve seu início com um financiamento coletivo, conseguindo arrecadar mais de um milhão de Euros com cerca de 19 mil doadores. A iniciativa holandesa compartilha o segredo do sucesso que está entrando no terceiro ano: ele tem uma estrutura leve, mais colaborativa e menos competitiva, prestando contas aos seus leitores, como por exemplo, fazendo listas das matérias que mudaram leis e que de alguma forma impactaram a vida das pessoas.


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EXPERIÊNCIA

Como o jornalismo é capaz de transformar a realidade O curso de Jornalismo da Universidade Positivo ajudou a construir a História de Adrianópolis. Um documentário com depoimentos dos moradores mais antigos da cidade foi realizado por estudantes, professores e formados pela UP para uma parte dos acontecimentos locais. O município da Região Metropolitana de Curitiba não tem imprensa – como rádio e jornal. Para passar o conhecimento de geração em geração, a única solução era depender das lembranças dos moradores mais velhos, que, quando morriam, levavam consigo a memória da cidade. Foi então que surgiu a ideia de registrar esses depoimentos em vídeo.

ambientais, problemas de saúde e desilusões – e sobre o momento atual, com a instalação de uma grande cimenteira, que voltou a agitar o pacato município. O documentário faz parte de um projeto da UP, realizado por vários cursos da instituição, que se propõe a auxiliar no desenvolvimento local e é coordenado pelo Laboratório das Cidades. Nas palavras de Ana Krüger e Lis Cláudia Ferreira, estudantes que se formaram em meio à conclusão do documentário, foi o trabalho mais legais que fizeram durante a graduação. O projeto permitiu não só que os mora-

dores locais divulgassem para parte da sua história, como também contribuiu para a formação dos alunos, que tiveram a oportunidade de experimentar o poder transformador do jornalismo. Enquanto o material estava sendo editado, a morte levou dois moradores que participaram das gravações. A situação deixou todos os participantes emocionados, e mais ainda os familiares, que puderam rever os parentes no telão, durante a exibição do documentário, na Câmara Municipal de Adrianópolis, em junho de 2016. Eles se foram, mas as memórias ficaram para as gerações futuras.

Durante um final de semana, um grupo de 20 pessoas ficou alojado em uma escola de Adrianópolis. Equipes percorreram a área urbana e rural para colher depoimentos. Os moradores contaram sobre a origem do local, a escolha do nome da cidade, a exploração de chumbo – que movimentou a economia, mas também deixou um rastro de danos

A maior cobertura do Festival de Teatro Com mais de 100 pessoas envolvidas, o curso de Jornalismo da Universidade Positivo realiza a maior cobertura do Festival de Curitiba, evento que acontece entre março e abril e é o mais importante do teatro no Brasil. Os estudantes têm a oportunidade de acompanhar as peças, entrevistar atores e diretores, fazer textos e vídeos para prestar um serviço ao público e ainda descrever a efervescência da cidade durante os 10 dias de apresentações. Para muitos calouros, é o primeiro contato com a profissão. Já no primeiro mês de aula, eles se deparam com a experiência da cobertura de um grande evento. Em 2016, foram mais de 200 textos produzidos. O material é divulgado nos canais do curso e também por meio de parcerias com a Gazeta do Povo (em versão impressa e digital) e com o Curitiba Cult.

OLIMPÍADAS 2016

A oportunidade de sentir a presença do espírito olímpico Brayan Valêncio

Mesmo sem disputar nenhuma modalidade esportiva, o curso de Jornalismo da Univeridade Positivo não deixou de participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Em meio ao centro de imprensa que recebeu 25 mil jornalistas de 105 países diferentes, estava o estduante Luís Izalberti, voluntário na área de comunicação: “ter sido selecionado para a área de imprensa me deixou bem animado, já que é uma oportunidade de conhecer profissionais do mundo todo e de ajudar na cobertura de um evento internacional.

A capa da edição especial do Lona é um desenho da estudante Ana Clara Faria, do 2º ano, e celebra os primeiros Jogos Olímpicos realizados no Rio de Janeiro. O material foi divulgado às vésperas do início da competição como uma forma de serviço ao leitor, destacando modalidades, o calendário do evento, a preparação dos atletas e a expectativa da participação brasileira na Rio-2016.

Também como voluntária, a aluna Karina Sonaglio auxiliou no Complexo de Deodoro e diz ter sido um prazer imenso acompanhar tão de perto os jogos olímpicos, participando como agente e espectadora de um momento histórico para o Brasil.

Na cobertura da Olimpíada também havia representantes do curso de Jornalismo da UP. Por iniciativa própria, Guilherme Dias e Guilherme Coimbra se credenciaram para o evento e foram para o Rio de Janeiro pelo portal de notícias Conexão News. Coimbra conta que participar da cobertura junto com toda a imprensa mundial foi uma experiência única e incrível. “O crescimento não vem sendo só profissional, mas também pessoal. Conhecendo novas culturas, estando próximos aos meus ídolos tanto no esporte quanto no jornalismo e aprendendo cada vez mais”, comenta. Já Guilherme Dias relata o desafio de registrar imagens do evento ao lado de alguns dos profissionais mais conceituados do mundo: “Aqui a novidade é estar fotografando, coisas que eu nunca tinha feito. E estar dividindo o espaço com caras que são

profissionais e trabalham para grandes agências, é [uma grande] responsabilidade”, admite. O Lona, jornal laboratorial do curso, também não ficou de fora das Olímpiadas. Uma edição especial, com 23 páginas foi inteiramente produzida pelos alunos da disciplina de Redação Jornalística II e de Jornalismo Esportivo. Use o QRcode abaixo para acessar o material especial.


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