Lona - MeetCOM 2016

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Laboratório da Notícia - issuu.com/lonaup

Edição 989 - 12 de setembro de 2016

Foto: Agência Junior de Jornalismo

MeetCom 2016 promoveu o debate de temas relevantes Economia Criativa e Tecnologia pautaram oficinas e palestras da Semana de Comunicação 2016 na Universidade Positivo

TENDÊNCIAS

EDITORIAL “Com foco diferente da tradicional economia, a Economia Criativa procura identificar o potencial de uma pessoa ou um grupo .”

Foto: Agência Junior de Jornalismo

JORNALISTAS LIVRES

Cineasta conta como produziu um filme exibido em Cannes

Gustavo Minho usa baixo orçamento e, mesmo assim, teve o trabalho reconhecido em um dos principais festivais de cinema do mundo p. 7

O jornalista Leandro Taques conversou com os alunos sobre a mídia independente no país

FUTURA

Produção Cultural

p. 2

Universidade Positivo recebeu convidados para discutir a produção de conteúdos culturais com auxílio de recursos públicos

p. 4

Inovação p. 3

Em parceria com o Canal Futura, o curso de Jornalismo realizou uma palestra sobre o mercado audiovisual no Brasil p. 6

Com linguagem descontraída, Everaldo Coelho falou sobre as perspectivas do mercado de softwares e aplicativos e o poder da Economia Criativa na tecnologia p. 8


LONA > Edição 989 > Curitiba, 12 de setembro de 2016

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EDITORIAL

ABERTURA

Um novo impulso

Falando em “Economia Criativa”

A Economia Criativa é um termo que vem se tornando cada dia mais conhecido e consiste em um modelo de negócio que a partir de atividades, serviços e produtos desenvolvidos com base no conhecimento e na criatividade de um determinado indivíduo, obtém a sua própria fonte de renda.

Marcos Henrique Guérios

O documento ‘Panorama da Economia Criativa no Brasil’, elaborado em 2013 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divide a área em dois recortes, o setorial e o ocupacional. O recorte setorial é quando o foco está no ramo de atividade da empresa, enquanto o ocupacional está focado no na ocupação do trabalhador e se esta é criativa ou não. Olhando para as duas dimensões, no recorte setorial os segmentos que mais empregam trabalhadores são mídia impressa e novas mídias, serviços criativos e audiovisuais. Já no recorte ocupacional, os empregados estão muito ligados aos serviços criativos como o design. Em um cenário no Brasil, de dificuldade em relação ao trabalho e à geração de renda, a Economia Criativa surge como uma possibilidade a mais para fugir da crise. Pensando nisso, os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo trouxeram aos alunos, personagens e projetos baseados neste tipo de economia, com temas norteadores, como cultura, produção de conteúdo audiovisual, moda, música e muitos outros.

Hoje, somos quase dependentes dos nossos aplicativos. Seja do WhatsApp para nos comunicarmos com amigos, ou para pedir aquela pizza no domingo de noite, pelo Ifood. Os tempos mudaram muito e, junto com essa ascensão digital, veio um novo conceito de economia. O termo é “Economia Criativa”, mas não engloba apenas os aplicativos de celular. De acordo com o SEBRAE, diz respeito a “modelos de negócio ou gestão que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvol-

vidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual de indivíduos com vistas à geração de trabalho e renda”. Ou seja, pessoas que querem fazer dinheiro com ideias criativas. Diferentemente da economia tradicional, que se baseia em agricultura, comércio e manufaturas, a economia criativa é composta por áreas da cultura, moda, design e tecnologias. Segundo o Relatório de Economia Criativa de 2013, cerca de US$ 624 bilhões foram movimentados pelo setor, em todo mundo, representando uma ótima alternativa de negócios. Com os mercados cada vez mais saturados, é necessário ser criativo e inovar sempre. Uma boa forma de participar do setor criativo da economia é o desenvolvimento de novos aplicativos para smartphones e tabletes.

Em Curitiba existem empresas como a “Ideias ao Ar”, que cria aplicativos. “O trabalho consiste, basicamente, em desenvolver ideias de start-ups. Um exemplo disso são os aplicativos de celulares. O cliente chega na empresa com um projeto e a gente desenvolve toda a plataforma de programação e inserimos ele no mercado”, conta Rodrigo Arns, analista de mercado. Segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o setor de economia criativa brasileiro representou 2,7% do PIB nacional, dado que nos coloca entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando países como Espanha, Itália e Holanda. Uma ótima notícia para quem sempre sonhou em trabalhar com criatividade e inovação. Então, let’s be creative.

Crédito: Gabriel Santiago/Unsplash

EXPEDIENTE

Com foco diferente da tradicional economia, a Economia Criativa procura identificar o potencial de uma pessoa ou um grupo para oferecer serviços e produtos de qualidade, reunindo criatividade e valor econômico. De acordo com a Secretaria de Economia Criativa, que pertence ao Ministério da Cultura, 20 setores podem fazer parte desse sistema: artes cênicas, música, artes visuais, literatura e mercado editorial, audiovisual, animação, games, software aplicado à economia criativa, publicidade, rádio, TV, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, entretenimento, eventos e turismo cultural.

Fazemos parte da geração digital. Todos estamos conectados por meio de nossos celulares e computadores desde crianças e, diferentemente da época dos nossos pais, essas ferramentas fazem parte da dinâmica da nossa rotina.

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

Pró-Reitor Acadêmico Carlos Longo Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Katia Brembatti

Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Diagramação Fernanda Umlauf e Ana Clara Faria Edição Rede Teia


Curitiba, 12 de setembro de 2016 > Edição 989 > LONA

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1º dia

O momento da mídia independente Rodrigo Silva

Uma das primeiras oficinas do MeetCom 2016 foi ministrada pelo fotojornalista Leandro Taques. Integrante do coletivo Jornalistas Livres, Taques falou sobre as bandeiras defendidas pelo grupo e explicou também sobre a importância do nascimento e da ascensão de mídias alternativas para a preservação da democracia.

direitos de qualquer ser humano. São jornalistas que não são remunerados e que atuam unicamente pelo amor à profissão. O coletivo Jornalistas Livres tem o intuito de levar a informação ao público sem interferência de interesses de outras pessoas ou veículos de comunicação. O grupo atua como mídia alternativa com o objetivo de dar voz a quem não tem. Esse tipo de iniciativa representa novas economias criativas que surgem com o descontentamento populacional e de profissionais da comunicação com o posicionamento e a conduta de alguns veículos.

Taques trabalha como repórter fotográfico desde 1998 e já esteve em vários lugares no mundo, como Afeganistão, Angola, Paquistão, entre outros. O grupo Jornalistas Livres surgiu por meio da iniciativa de um conjunto de profissionais com o objetivo de, a princípio, realizar a cobertura das manifestações do dia 13 e 15 de março de 2015 de manei- No caso dos Jornalistas Livres, há a utilira diferenciada. zação do crowdfunding, ou seja, o financiamento coletivo, em que várias pesA iniciativa do grupo, desde o início, soas investem em uma cobertura pelas é a inserção de uma abordagem que redes sociais, contribuindo financeiraconsiste em ideais democráticos, uma mente para que uma ideia seja colocada cobertura plural feita em redes sociais, em prática. que preze pela diversidade e defesa dos direitos humanos. Esse sistema possibilitou o desenvolvimento de mídias independentes, como O coletivo, segundo Taques, represen- a Mídia Ninja – que se propõe a fazer ta uma mídia independente que quer uma abordagem diferente da convenenfrentar a narrativa de ódio, antide- cional, com o objetivo de democratizar mocrática e de grande desrespeito aos a comunicação.

Atividade realizada durante a Oficina de Giz - Crédito: Natalia Basso

Já pensou em se comunicar usando giz? Natalia Basso

No dia 24 de agosto, o MeetCom 2016 recebeu a primeira atividade prática, a “Oficina de Giz”. O conteúdo foi passado pelo publicitário Lucas Oro, egresso da Universidade Positivo, que contou um pouco sobre o seu interesse em design. Lucas disse que trabalhou em agências de publicidade, como a I-Cherry, e que a experiência resultou em conhecimento sobre lettering e arte, sendo inspirado principalmente pelo artista Sean McCabe. E, a partir disso, passou a trabalhar com direção de arte em empresas como a CCZ. Lucas explicou as diferenças entre caligrafia, tipografia e lettering: a caligrafia consiste na arte de desenvolver letras, sendo mais apropriadas para longas leituras; já a tipografia é relacionada com os tipos de letras e as formas pré-fabricadas; o lettering, por sua vez, é conhecido como a arte de desenhar letras normalmente, sendo encontrado em formas decorativas, como nomes de marcas e outros tipos de identidades visuais.

Leandro Taques conversou com os estudantes sobre o coletivo Jornalistas Livres - Crédito: Nicole Smicelato

O publicitário também mostrou alguns exemplos de como compor um trabalho, além dos diferentes estilos de fonte, como gótica, romana, serifada, entre outras. A proposta da oficina era de que os alunos também praticassem a produção de um material artístico. Por isso, foram disponibilizados quadros-negros e gizes para todos os inscritos, que puderam criar sua própria composição. Cada aluno estava livre para escolher frases, desenhos, cores e formatos no desenvolvimento da atividade, e ao final cada um levou o resultado para casa. Na linha da Economia Criativa, o objetivo principal foi trazer um novo formato de conhecimentos para dentro da Universidade e mostrar as diversas facetas da criação e da produção de conteúdo que não exigem grande estrutura ou capital financeiro. É uma maneira simples e prática de empreender e trabalhar com a criatividade.


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1º dia

Pensando em atuar com produção cultural? Como a moda está se reinventando Natalia Basso

Gabriela Menta

A palestra de moda no MeetCom contou com convidados muito especiais e cheios de informação. Tratando de assuntos como a moda para todos os públicos, redes sociais e a influência das blogueiras na comunicação, a mesa também abriu perguntas ao público, de onde surgiram questões interessantes e que geraram um debate rico.

Convidados debatem sobre produção cultural no MeetCom 2016 - Crédito: Gabrielly Domingues

O primeiro debate da Semana de Comunicação, ainda no dia 24 de agosto, foi sobre Produção Cultural e contou com a presença do presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, o diretor de comunicação da Renault, Carlos Henrique Ferreira, e a jornalista e também especialista em gestão cultural, Heloisa Garri. A conversa foi mediada pelo aluno Lucas Souza, do quarto ano de Jornalismo da Universidade Positivo, e teve como tema principal o foco nas iniciativas cultuais em Curitiba.

A Renault, uma das principais patrocinadoras da área cultural do Brasil, estava representada pelo diretor de comunicação, Carlos Henrique Ferreira. Ele falou sobre a forma como a empresa decide e divulga seus investimentos culturais. Além disso, comentou sobre os novos projetos e as parcerias que foram feitas com o governo do Estado, explicando e exemplificando como funciona a união entre público e privado, falando sobre a reforma do Teatro Guaíra e do Guairinha, e o patrocínio do Festival de Teatro de Curitiba.

Entre os assuntos abordados estiveram a união entre o público e o privado e a polêmica Lei Rouanet, explicando os conturbados detalhes do funcionamento da legislação e os cuidados que devem ser tomados ao usufruir dos recursos que ela disponibiliza.

Heloisa Garri, egressa da Universidade Positivo, enfatizou a importância de o setor poder contar com empresas e pessoas que entendam e trabalhem com a área da cultura com mais profundidade. Ela e Marcos Cordiolli comentaram sobre a falta de profissionais especializados no mercado, principalemnte para a assistência de artistas, músicos e entidades ligadas à cultura na região de Curitiba. A palestra do MeetCom mostrou que a área de produção cultural é um vasto mercado em busca de profissionais que entendam profundamente do assunto e estejam dispostos a inovar.

Marcos Cordiolli iniciou o debate falando um pouco sobre sua carreira profissional e também sobre os novos projetos e investimentos que sendo realizados pela prefeitura de Curitiba. Ele comentou sobre o crescimento do mercado para a internet e a valorização de séries e webséries.

Entre os convidados estava a consultora de imagem pessoal e executiva Mariana Assad, formada em Marketing e Fashion Design com especializações em Visagismo e Figurinismo; a blogueira de moda Vicky Christine, que divide sua vida acadêmica na Universidade Positivo com a escrita diária em seu blog; Gutyerrez Erdmann, um amante da fotografia e proprietário da revista Seven Mag; e a estudante de Direito Bruna Lessi, sócia do perfil no Instagram It.canal. A mesa foi mediada pela estudante de jornalismo e também sócia do It. canal Gabriela Menta. O bate-papo começou com uma indagação: como falar sobre moda de forma abrangente? Com o advento das redes sociais, blogueiras descontruíram os tradicionais padrões de beleza e mostraram que a moda é, sim, para pessoas com imperfeições e biótipos diferentes. Mariana frisou que a moda é para as pessoas se sentirem bem e que, independente de ser tendência ou não, é essencial olhar no espelho e

admirar-se. Vicky Christine mostrou que em seu blog há uma seção especial para homens, pois sentia a falta de um espaço que também falasse com o público masculino. A blogueira também falou sobre suas inspirações, que não vêm apenas de revistas de moda: “Tiro inspiração em todos os lugares, venho para a faculdade olhando e treinando meu olhar a cada vez ter mais inspirações. Às vezes vejo meninas da rua com algum look legal, que eu posso reproduzir ou tirar uma ideia. Isso que é legal do mundo da moda”, comentou a estudante. As idealizadoras do It.canal explicam que a ideia era ter um espaço em Curitiba que falasse sobre tudo e também mostrasse roupas mais acessíveis e para diferentes públicos. Falando em redes sociais, Gutyerrez explica como as blogueiras pautam alguns assuntos das revistas, mostrando a nova capa de sua revista Seven com as blogueiras curitibanas do site Tudo Orna: “Eu sempre fui fã dessas meninas, e gostava de tudo o que elas faziam. Sempre comentava no Instagram as coisas que elas postavam, até que surgiu a ideia de trazê-las para a capa e o resultado ficou incrível”, comentou o fotógrafo. O bate-papo foi mais um sucesso da Semana de Comunicação, que possibilita que os alunos vivenciem novas experiências e debatam sobre diversos assuntos. Trocar experiências com pessoas que já estão no mercado vale muito e é uma forma de tentar buscar uma nova visão sobre o mercado e sobre possibilidades de ocupação .

Da esquerda para a direita: Bruna Lessi, Gabriela Menta e Gutyerrez Erdmann participam de mesa redonda sobre moda - Crédito: Nicole Smicelato


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2º dia

Oficinas para todos os gostos: para cuidar da voz, aprender a desenhar ou inovar Natalia Basso e Ana Clara Faria

Na quinta-feira (25), a agenda de oficinas da Semana de Comunicação contou com a presença de Andreas Lohmann, graduado em Desenho Industrial na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR), que ministrou a oficina “Aprenda a Desenhar”. Ele mostrou um pouco de seu trabalho, que conta no portfólio com ilustrações tridimensionais. O desenhista mostrou para os alunos um pouco sobre o processo de elaboração de seus projetos visuais. Além disso, Lohmann explicou como funciona a plataforma digital usada em suas criações, realizando um tutorial de projeto gráfico 3D enquanto comentava sobre a melhor forma de empreender no ramo. Voz “O maior problema na comunicação é a ilusão de que ela foi consumada”. As palavras de George Bernard Shaw foram citadas pela fonoaudióloga Cida Stier em sua oficina ministrada no MeetCom.

Com trinta anos de experiência, Cida Stier é destaque na área por seus treinamentos com repórteres, locutores, empresários, políticos, executivos, entre outros. Na oficina, a fonoaudióloga fez exercícios de aquecimento vocal com os alunos e deu dicas para o estabelecimento de uma comunicação mais eficaz. Inovação Em uma conversa com os alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, o jornalista Michel Prado contou sobre sua trajetória e o momento em que decidiu investir em algo novo.

Cida Stier em sua oficina de Fonoaudiologia na Semana de Comunicação - Crédito: Gabrielly Domingues

Prado, que trabalhou em diversas agências, contou que é importante compreender o funcionamento do mercado,

mas, a partir do momento em que seus valores não são os mesmos que a entidade preza, é hora de pensar em saídas. Prado falou também sobre o momento atual do jornalismo, discutindo sobre como as mudanças no mercado estão interferindo no ramo da comunicação. “É triste ver o jornalismo se render aos cliques”, comenta.

O desenhista industrial Andreas Lohmann realizou um tutorial de desenho em 3D - Crédito: Gabrielly Domingues

Michel Prado acredita que o cenário atual da profissão faz com que veículos deixem de lado seus pilares éticos para promover empresas patrocinadoras, como marcas de bebidas e tabaco. Segundo ele, é a partir desse momento que o jornalismo se torna uma forma de manipulação coordenada por grandes indústrias.

“Quando a empresa impõe, a manipulação é clara. São como mães judias, que passam pelo dilema de aceitar a carne de porco para alimentar os filhos ou seguir sua tradição”, compara o jornalista. Durante a oficina, ele explica que a função social do jornalismo nasce com a profissão. O comunicador tem a obrigação de conduzir sua carreira dentro de valores éticos e pensando no bem estar social, por isso, Prado destaca a importância em expor novas ideias e empreender com seus próprios valores. Na busca por incentivar os futuros comunicadores, que serão responsáveis pelas novas formas de jornalismo. Prado fez um apelo: “Tirem as ideias do papel. Coloquem-nas no mundo para que todos possam ver”, encerrou o jornalista.


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2º dia

Mesa redonda sobre games discute o crescimento de uma nova economia

Diretor do canal Futura fala sobre o mercado de trabalho em audiovisual

Natalia Basso

Henrique Romanine

Uma mesa redonda sobre games e economia criativa foi realizada na manhã de quinta-feira (25), como mais uma atividade da Semana de Comunicação 2016. Os convidados Renato Melo, Fernando Perazolli, Gabriel Soto Bello e Matheus Zimmer discutiram sobre o mercado atual dos jogos digitais. A mesa foi mediada pelo aluno Brayan Valêncio e o humorista Pedro Lemos, formado em Jornalismo da Universidade Positivo, abriu a mesa com um pocket show de stand-up comedy. Os convidados discutiram sobre o atual mercado de games e o que o mantém em crescimento mesmo em tempos de crise. O gamer e youtuber Renato Melo, criador do blog Bunker Nerd, explicou que grandes marcas estão olhando para o mercado de jogos com mais atenção, vendo nele uma oportunidade de investimento cada vez mais atraente. Fernando Perazolli, do grupo TecMundo Games – um dos maiores portais referentes ao assunto da internet brasileira –, comentou sobre os dife-

renciais dessa área, como as diversas opções e formatos que são oferecidos para consumidores e marcas do ramo, além da possibilidade de interagir diretamente com a tecnologia. Outro fator é a vivência de realidades diferentes, como nos jogos de guerra, por exemplo. A facilidade em entrar no mundo dos games e de se tornar um youtuber ou gamer também foi colocada em pauta. A autonomia de criação é uma das grandes referências no crescimento desse mercado no Brasil. Outros assuntos abordados na mesa redonda foram o mercado de dublagens e a participação de celebridades consagradas como protagonistas de séries de games populares, como a cantora Pitty no jogo Mortal Kombat X e Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, em Battle Field Hardline. Os convidados também discutiram sobre o desenvolvimento de jogos no mercado independente, devido às atuais facilidades tecnológicas que favorecem as criações individuais.

O jornalista Márcio Rezende em bate-papo com os alunos sobre o conteúdo do canal Futura - Crédito: Nicole Smicelato

Capitaneada por Márcio Rezende, do Canal Futura, a palestra que mobilizou os alunos da Universidade Positivo, discutiu os caminhos do audiovisual e suas possibilidades. Com o aumento de matrículas na educação básica, nos últimos anos, os canais que priorizam projetos e programas educacionais, como a TV Educativa e o próprio Canal Futura, se viram diante de um desafio: conseguir realizar projetos que sirvam de aliados para a formação de professores, alunos e profissionais da educação no Brasil. A palestra, além de mostrar um pouco da história do Futura desde sua criação, serviu para situar os alunos na proposta educacional do canal, que prioriza, fora o próprio ensino, a formação de cidadãos conscientes da cidadania. O Futura, como um canal fechado e não comercial, depende da parceria com instituições mantenedoras, sem o apelo publicitário normalmente visto nos canais de TV aberta e também em canais fechados. Isso faz com que a programação do canal seja sumaria-

Os convidados Gabriel Soto Bello (à esquerda) e Renato Melo em mesa redonda sobre games - Crédito: Gabrielly Domingues

mente voltada à prestação de serviços, informação, cultura e educação. Essa programação se torna possível através de uma grade diferenciada, na qual o jornalismo é utilizado de maneira a representar determinados segmentos sociais, possibilitando a eles um espaço totalmente diferente do que é disponibilizado nos canais abertos, com uma abordagem mais ampla para a discussão de ideias e valores que condizem com a linha editorial do veículo. Com o advento da internet e novas tecnologias, o Futura começou a buscar soluções fora do próprio canal, utilizando as ferramentas disponíveis para criar novas estratégias de fidelização e buscar formas de levar informação e interagir com o público do canal. Isso ficou claro durante a palestra, com exemplos das diversas maneiras de produção de conteúdo, utilizando o audiovisual e a internet, e a abertura do canal a novas ideias e propostas, que sirvam para não só revitalizar a programação, mas buscar novas maneiras de levar a informação até o público.


Curitiba, 12 de setembro de 2016 > Edição 989 > LONA

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2º dia

É possível viver de cinema. Diretor reconhecido em Cannes conta seus segredos Ana França Teixeira

Na quinta-feira (25), aconteceu a oficina “Produção de um filme com baixo orçamento” com Gustavo Minho, o jovem roteirista e diretor de Londrina, interior do Paraná, que teve seu curtametragem selecionado e exibido em Cannes. Minho mostrou aos alunos que estavam na oficina dois curtas produzidos por ele. O primeiro que ele produziu sem qualquer custo chama-se “Junie“, é feito todo em tons quentes, apesar do clima nostálgico da personagem principal. Uma frustrada história de amor de uma pessoa complexa. Já o outro curta mostrado por Minho foi “O canto do claustro” (exibido em Cannes), que também explora um clima nostálgico, conta por meio de inúmeras metáforas a relação de uma mulher com a depressão e a ansiedade. Ambos os curtas foram escritos por Minho, que teve a ajuda de Lucas Meyer, seu amigo e diretor. No bate-papo, Gustavo Minho contou um pouco sobre o caminho até concretizar os curtas. O estudo de foto

O jovem cineasta Gustavo Minho conta aos alunos sobre a produção de seu curta-metragem exibido no festival de Cannes - Crédito: Nicole Smicelato

e de luz, a união de pessoas de áreas diferentes das artes, como um fotógrafo, uma atriz e uma designer de moda para o figurino. O trabalho foi intenso: dois dias de gravações para “Junie”: no primeiro dia, 19 horas de trabalho, e no

outro, 15 horas. Além de contar toda a parte técnica que aplica aos filmes, Minho incentivou os alunos presentes. O jovem, que tem relação com o jornalismo e alimenta o sonho de ser escritor, contou que é, sim, possível vi-

ver de arte, mas sempre sabendo aonde se quer chegar e tendo muita força de vontade para alcançar os seus objetivos. Segundo o cineasta, “se você não tem dinheiro para viver da sua arte, você não pode viver da sua arte”.

Produtor da RPC conversa com alunos sobre a produção de conteúdo multimídia Brayan Valêncio

O produtor audiovisual Felix Calderaro ministrou uma oficina sobre a produção de conteúdo para o programa Estúdio C da RPC. Felix explicou como são feitos os VT’s para um programa de entretenimento e citou as dificuldades de trabalhar com um programa semanal que tem uma certa imprevisibilidade de duração, porque a prioridade na transmissão é para os conteúdos nacionais vinculados à Rede Globo. AsFélix Calderaro conversa com os estudantes sobre seu trabalho na RPC - Crédito: Gabrielly Domingues

sim, um programa que estava previsto para ter 40 minutos, pode acabar tendo bem menos que isso. Para não tem problemas com imprevistos, cada material produzido costuma ser editado, no mínimo, em quatro versões, cada uma com tempos diferentes. Felix também apresentou aos alunos o formato que a produção da RPC usa para pautas e conteúdos multimídias, principalmente os veiculados no portal G1.


LONA > Edição 989 > Curitiba, 12 de setembro de 2016

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3º dia

A percepção da violência cotidiana salta Everaldo Coelho fala sobre o Vale do aos olhos em documentário do Sesc Paraná Silício e seus muitos produtos de sucesso Natalia Basso

Na manhã da sexta-feira (26), a oficina de produção de documentário com Haline Maia e Ana Johann – da equipe do Sesc Paraná – promoveu uma discussão sobre o universo dos curtasmetragens. O filme “Ficção das Ruas”, exibido durante a oficina, é uma produção do Sesc que fala sobre a relação entre a violência no mundo real e na ficção. O documentário reúne depoimentos de vítimas de diferentes formas de violência. “Ficção das Ruas” foi produzido durante a 33ª edição da Semana Literária Sesc Paraná – que ocorreu, entre os dias 15 e 20 de setembro de 2014, na Praça Santos Andrade, em Curitiba. O curta contém depoimentos de escritores que participaram da Semana Literária, bem como do público que visitou o evento e comentou voluntariamente sobre suas experiências com situações violentas. Um dos participantes do documentário é o músico Marcelo Yuka, um dos

Henrique Romanine

fundadores da banda “O Rappa”. Ele foi vítima de um assalto há quase dezesseis anos; atingido por nove tiros nas costas, Yuka perdeu os movimentos das pernas. O músico conta que, durante o atendimento na ambulância, nenhuma oração lhe veio à cabeça – somente a música “Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben Jor. “Ela [a canção] me mostrou que eu não estava só no momento em que mais só eu estive”, comentou. Em seu depoimento, ele ainda afirma já ter sido vítima de discriminação: Yuka diz que, por sua condição de cadeirante, passou a ser visto como “pedinte”, “assexuado” e a sofrer outras formas de preconceito. O documentário é uma homenagem ao famoso diretor do cinema brasileiro Eduardo Coutinho, assassinado pelo próprio filho em fevereiro de 2014. Com a pretensão de fazer do documentário um legado cultural, o Sesc prevê que o curta seja disponibilizado, em breve, na internet.

O designer Everaldo Coelho discute sobre o impacto de softwares e aplicativos na economia atual - Crédito: Gabrielly Domingues

Designer envolvido no desenvolvimento de produtos como iCloud, iFood e PlayKids, Everaldo Coelho falou sobre a importância dos softwares e dos aplicativos na comunicação no cotidiano. Essas e outras questões serviram de mote para a palestra realizada na manhã de sexta-feira (26), último dia da Semana de Comunicação 2016 da Universidade Positivo. Idealizador do “PlayKids” – aplicativo para celular com vídeos e jogos interativos para crianças –, Coelho conversou com os estudantes sobre suas experiências no mercado dos produtos digitais e o papel da tecnologia na sociedade atual. Coelho contou sobre a aplicação da economia criativa na criação de aplicativos e seu trabalho na Apple. O designer fez parte da equipe que ajudou a criar o iCloud, aplicativo de armazenamento de dados “na nuvem”. Everaldo também comentou sobre o

As cineastas Haline Maia e Ana Johann, do Sesc Paraná, falam sobre a produção do documentário “Ficção das Ruas” Crédito: Gabrielly Domingues

crescimento de softwares de destaque no mercado, como o “Ingresso Rápido”, aplicativo de venda de ingressos para eventos, e o “iFood”, que oferece serviço de delivery fácil e rápido. Coelho revelou o processo de criação do aplicativo “PlayKids”, ressaltando seu objetivo de entender o público-alvo e estabelecer vínculos com produtos de conteúdo infantil para poder investir no ramo. O designer, por fim, deu dicas a quem deseja criar projetos visando ao uso da economia criativa, e incentivou os estudantes a não desistirem de seus objetivos e a colocarem a criatividade no campo prático das ideias. Essas dicas são importantes para os jovens que desejam ser empreendedores. Com uma linguagem solta e com exemplos práticos de produtos bem sucedidos no mercado, a palestra de Everaldo Coelho reforça a temática da Economia Criativa abordada no MeetCom 2016.


Curitiba, 12 de setembro de 2016 > Edição 989 > LONA

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Encerramento

A criatividade além da composição: como viver de música Henrique Romanine

dos e estudos específicos sobre seu papel como geradora de emprego e renda. Outros temas discutidos foram a união entre música e tecnologia, a crise das grandes gravadoras, a popularização dos serviços de streaming e a produção independente. Assim, os convidados mostraram que música e economia andam, sim, de mãos dadas.

Semana de Comunicação MeetCom 2016 Universidade Positivo Créditos: Rede Teia de Jornalismo Agência Practice

Da esquerda para a direita: Juliana Arcangelo, Fabio Vizeu, Larissa Serafim e Francisco Mateus debatem sobre música no MeetCom - Crédito: Nicole Smicelato

E o último evento da semana do MeetCom 2016 foi sobre um assunto que todo mundo adora: música! Tendo como mediadora a jornalista e locutora da Rádio Mundo Livre FM Larissa Serafim, a mesa redonda contou com a participação de Thiago Benassi,

Lucas Pilatti, Francisco Mateus, Juliana Arcangelo e Fabio Vizeu. Os convidados discutiram, na noite de sexta-feira (26), sobre a importância da aplicação da música como elemento da economia criativa, abordando as várias áreas de atuação musical – como

a indústria fonográfica, cultural, publicitária, criativa e o uso da música no marketing político. Os participantes debateram a necessidade de analisar e aprofundar a fundamentação da aplicação da música como fator econômico, utilizando da-

Professores responsáveis: Carolina Maito Luz, Felipe Harmata Marinho e Renato Buiatti (Mineiro) Alunos responsáveis: Ana Carolina Martins, Ana Clara Faria, Brayan Valêncio e Fernanda Umlauf A Rede Teia e a Agência Practice agradecem a todos os alunos, professores, colaboradores e convidados que participaram da Semana de Comunicação e ajudaram a esclarecer, com exemplos práticos do mercado de trabalho e dicas para os estudantes e futuros profissionais, sobre o tema central do evento, que tem se mostrado uma tendência contemporânea. Acreditamos que o MeetCom proporciona uma experiência enriquecedora aos alunos para sua formação acadêmica e profissional.

O músico Thiago Benassi apresenta aos alunos detalhes de sua carreira Crédito: Nicole Smicelato

Lucas Pilatti (esquerda) e Thiago Benassi (direita) falam sobre música e economia criativa - Crédito: Nicole Smicelato


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