Lendas do Brasil - Coletânea Folclórica - contos

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Projeto Quimera

LENDAS DO BRASIL

1ª edição

Quimera Assessoria Literária

Rio de Janeiro 2017


LENDAS DO BRASIL


Capa: Marianna Lopes Revisão: Marianna Lopes Preparação: Quimera Assessoria Literária Ano: 2017


Apresentação. O Projeto Quimera, extensão do Projeto Voo Literário, da Quimera Assessoria Literária, que visita escolas públicas em busca de novos autores, traz para você essa coletânea em homenagem ao dia do folclore. Histórias baseadas em personagens de lendas da cultura brasileira. Escritas por alguns alunos do CIEP Brizolão 320 Ercília Antônia da Silva, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, participante do Projeto.


O menino curupira. JULIA LIMA

A

ndando pela floresta ao norte da cidade

onde

morava,

um

menino apaixonado pelo fauna e flora de sua região caminha

observando cada detalhe com atenção. Havia perdido de vista, o pássaro que sempre estava ao seu lado. O menino de cabelos ruivos e sardas preferia vagar pela floresta a ficar na cidade, onde as pessoas o olham pelo canto dos olhos. Era diferente e daí? Seus pés eram para trás, mas todos não tinham suas diferenças? Caminhando entre as árvores, ouviu vozes entre os arbustos. Tomado pela curiosidade foi verificar do quê, ou melhor, de quem eram aquelas vozes. Ao chegar mais perto, notou dois homens em farrapos e sujos. Notou ao redor infinitas gaiolas cheias de animais que pertenciam à floresta, dentre eles, seu amigo pássaro, batendo asas desesperadamente nas grades.


O menino colocou a cabeça para pensar. Precisava de uma ideia, no mínimo, mirabolante, posto que estava sozinho, para salvar seu amigo e os demais animais das garras dos homens maltrapilhos. Eis que uma ideia lhe surgiu... como uma lâmpada acesa em meio a escuridão. O menino arrepiou seus cabelos, rasgou sua camisa e sua bermuda e as sujou. Tirou seus sapatos e buscou no meio da mata, um toco de madeira e tratou de pôr seu plano em prática. Assobiou várias vezes entre os arbustos. Os homens malvados ficaram intrigados, mas não com medo. O menino, então, subiu numa árvore, segurou um cipó e se jogou. "O Tarzan faz parecer tão fácil", pensou ele. Meio desajeitado, o menino caiu em pé no menino dos malfeitores. - Eu sou... o... o... – faltou pensar neste detalhe – Curupira, o guardião e protetor de todas matas! – disse ele. – Saiam e deixem esses animais... ou sofreram as consequências! Os homens começaram a rir do pobre menino, porém, ao verem seus pés invertidos, homens se entreolharam. Aproveitando esse momento de distração,


Curupira bate nos homens com seu bastão, expulsando-os da floresta. Depois disso, ninguém nunca mais se atreveu a por os pés na floresta para maltratar os animais. Curupira achou finalmente algo que lhe deixava feliz. Enquanto as pessoas que zombavam dele, passaram a vê-lo como protetor da fauna e da flora.


Lobos. WESLEY GOMES E m parte o brilho da lua cheia o escondia. Em toda lua cheia manifestava-se. Era como uma maldição. O uivo alto ecoava pelas colinas, ecoando entre as árvores e passava como um raio pelo chão da floresta. Os pássaros, negros ao pôr do sol, batiam suas asas com desespero. Tentando despistar a morte. Zebras corriam do medo com suas listras num tom de temor. Ele estava perto. Seus pelos grossos balançavam a cada fração de segundo na corrida, dentes pontiagudos brilhavam por sede de sangue. Seu salto era sobrenatural. Ele

estava

procurando

algo,

mas

não

encontrava. A cidade estremecia a cada uivo. O lobo negro corria, deixando para trás pegadas e destruição. Era só ele. Algo faltava nele. Percebia-se que uma trilha iluminada se movia pela floresta. Fogo. Garfos pontiagudos farfalhavam a


folhagem. Homens. Ia ser a caça ao lobo. O lobo correra em direção ao grupo. Derrubando 9 ou todos de uma vez, pulou ao vento e a luz da lua emanava em sua pele. Agora mais um uivo. Não era um uivo de garra, era de dor. O lobo foi atingido. Uma lança em seu peito, cortando-o. O lobo agora era vulnerável e a multidão gritava e vinha em sua direção. O lobo deixou cair um fluido azul de seus olhos obscuros. Estava só. Cada passo da multidão era um suspiro profundo. Seria seu fim? Uma luz cortou a floresta, levando o grupo de forasteiros ao ar. A mesma brilhava de uma forma que acendia aos olhos. A loba. Diferente do lobo, ela era branca, puríssima como lã. Colocando seu corpo em forma de ataque, a multidão correu e ela se virou para o animal ferido, ensanguentado e à beira da morte. A loba, por sua vez, tocou em seu peito e ali ficaram. Os dois, lado a lado. Fitando os olhos do lobo, a criatura de pelagem branca soltou um uivo de dor, não por ela, mas sim pelo seu semelhante. Uma fumaça se apoderara dos animais e os mesmos se transformavam. Começando dos pés até a


cabeça.

Percebia-se

que

estava

havendo

uma

transfiguração, agora eram humanos. Houve troca de olhares e toques. O menino, que antes era um animal, tocava no corpo da menina; uma linda garota de olhos claros e cabelos loiros, que se curvava, tocando-o com cautela. O equilíbrio voltara, a maldição que antes os prendia em uma forma avassaladora, agora tinha cessado. Ambos seguiram o bosque. Ele é a escuridão, que a protegeria em momentos peculiares e ela era a luz, que iria guia-lo, quando a escuridão se tornasse maior que o previsível.

O Fogo Vivo.


JOSUÉ DANTAS

E

m um vilarejo, no Nordeste brasileiro, havia uma floresta, porém

poucos

ousavam

se

aproximar daquele local. Diziam

que era assombrado por uma criatura mágica terrível, que eliminava qualquer um que se atrevesse a desrespeitar a natureza. Certa tarde, trabalhadores começaram a invadir a floresta com o intuito de derrubar as árvores e construir o projeto de uma empresa. Ao começarem a derrubada, começaram

sussurros, vindo a

assustar

os

do

fundo

operários.

do

local,

Movimentos

inesperados manifestaram-se nas folhas que estavam no chão, tornando o clima mais sombrio. Enquanto uns trabalhavam com certa tranquilidade, outros estavam começando a deixar o medo tomar conta de seus corpos cada vez mais trêmulos. Um grito de dor pôde ser ouvido de longe. Até quem não estava na floresta percebeu.


Todos correram para ver de onde vinha esse berro. Era um homem clamando pela volta de sua visão. Dizia algo sobre uma criatura tê-lo cegado com um fogo tão intenso que parecia mágico. No dia seguinte, todos voltaram ao trabalho. Desta vez, foram ao centro da floresta derrubar as árvores centrais, que eram as maiores da área. Lá, o trabalho começou a ser feito sem nenhum incômodo... Mas... os sussurros

e

movimentos

começaram

a

aparecer

novamente. Os homens foram surpreendidos por uma grande serpente que resplandecia em chamas intensas e ardentes, cegando-os. Os urros de aflição se tornavam mais fortes. A serpente envolveu cada um deles com seu fogo e esperou até que o último deles virasse um mero monte de cinzas... E voltou a esconder-se. Ninguém nunca mais pôs os pés naquela floresta, após saberem das notícias e ouvirem o relato do homem que ficou cego. A serpente protege seu lar, a floresta é sua casa e até hoje ela vaga pela natureza à espera de alguém que se atreva a desrespeitar suas leis, sempre com a promessa de uma morte torturante.


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