Concurso - 2017
Produção Textual
Concurso - 2017
Produção Textual
Equipe Sócias Fundadoras Jeannette Alicke De Vivo Maria de Lourdes Pereira Marinho Aidar Marília de Azevedo Noronha Sylvia Figueiredo Gouvêa Diretor Geral Alexandre Abbatepaulo Diretora Educacional Karyn Bulbarelli Diretora de Currículo Fabia Helena Chiorboli Antunes Diretor de Unidade - Ensino Fundamental II Antonio Sérgio Pfleger de Almeida Diretor de Unidade - Ensino Médio Alexandre Abbatepaulo Coordenadora de Língua Portuguesa Roberta Hernandes Alves ENSINO FUNDAMENTAL II PROFESSORAS: Ariadne Mattos Olímpio; Daniela de Arruda Garcia; Débie dos Santos Bastos; Larissa Teodoro Andrade MONITOR: André Luiz Rodrigues Judice ENSINO MÉDIO PROFESSORAS: Amanda Lacerda de Lacerda; Camila Flessati; Roberta Hernandes Alves EDUCADORA DE LÍNGUAS: Gabriele de Souza e Castro Schumm ESTAGIÁRIA DE LETRAS: Camila Souza Santos
Agradecimentos Nosso especial agradecimento aos colaboradores: Amanda Lacerda de Lacerda, André Luiz Rodrigues Judice, Ariadne Mattos Olímpio, Camila Flessati, Camila Souza Santos, Daniela de Arruda Garcia, Débie dos Santos Bastos, Gabriele de Souza e Castro Schumm, Larissa Teodoro Andrade, Roberta Hernandes Alves.
Prefácio [...] Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? [...]” A tarefa da leitura e da escrita não é simples. Nas palavras do poeta, o contato com a palavra deve ser mediado por uma série de atitudes. O que o poema de Drummond nos mostra, numa primeira leitura, é que a escrita não é um retrato fiel do pensamento ou da vontade de quem escreve. Deve, isso sim, ser um longo exercício de paciência, um processo que vai se constituindo ao longo do tempo e da maturidade de seu autor. Por vezes, como o próprio poema parece nos dizer, a palavra tem vontade própria: ela como que se dá ao poeta, estabelecendo a sua vontade como algo que é primordial no ato da escrita. O poeta é também um leitor de seu poema. Nele, é capaz de ver refletida a maneira como uma certa experiência se fixou em um conjunto de ritmos, versos e significações que parecem espreitar o poema como uma esfinge, cobrando dele a chave, uma interpretação. Em “O direito à literatura”, o crítico Antonio Candido aponta a importância do processo de fabulação como decisivo para a constituição dos sujeitos no mundo civilizado. Afirma que, em algum nível, todas as culturas valorizam situações em que a capacidade imaginativa
merece um determinado valor. É próprio do homem criar mundos e ampliar seus horizontes a partir da palavra e o texto escrito é um espaço de contato entre duas formas de imaginar, aquela fruto de quem cria pela escrita e aquela que se revela pela leitura. Vivemos num mundo marcado por uma cultura letrada. Em tempos de excesso de informação, cada vez mais se torna necessária a aquisição de capacidades relacionadas ao ler e escrever. Na Lourenço Castanho, a produção de texto não acontece somente em um componente, atendendo às demandas da contemporaneidade, os alunos também são produtores de texto nos demais componentes do currículo. O que cabe, especificamente ao ensino da língua portuguesa? O trabalho que é desenvolvido na produção de texto articula-se pelo estudo de gêneros que têm como objetivo a ampliação do repertório dos alunos e a problematização de níveis de complexidade distintos ao longo dos anos. O aluno recebe as ferramentas e a oportunidade de experimentar a escrita em gêneros diversos, instrumentalizando-se para o mundo. Ou seja, os gêneros textuais não são esgotados a partir de suas marcas linguísticas e sociais, mas sim, considerados o ponto de partida para a formação de um aluno autor de seus textos que ocupa a centralidade do processo ensinoaprendizagem. Trabalhar a produção de textos hoje significa trabalhar a partir das práticas sociais e dos gêneros em circulação, levando em conta a definição de objetivos para a escrita, veículo, momento histórico e o papel social do autor e do leitor. Por isso não falamos mais em redação, mas sim em produção textual. Não se trata de mera nomenclatura, mas de concepção de escrita. A redação pressupõe técnica, modelo. Como se, a partir de exercícios de repetição, fosse possível aprender a escrever qualquer texto, sobre qualquer assunto. Tal premissa se mostrou equivocada ao longo do tempo, especialmente a partir das exigências contemporâneas, que vão muito além de narrar, descrever e dissertar. Surge então uma nova perspectiva, a dos sujeitos inseridos nas situações discursivas. Escrever considerando os gêneros pressupõe mais que indicar um tema e um número de linhas. Pressupõe um percurso, que vai da leitura e compreensão do gênero em estudo (sua forma composicional, suas marcas temáticas e linguísticas, seu viés) à formação do repertório, passando pela experimentação da escrita antes da produção final do texto. Ainda que este percurso não esteja aqui completamente reproduzido, ao ler o texto dos alunos com atenção é possível entrever as etapas anteriores que o produto final revela. Como escrever uma reportagem sem pauta e pesquisa prévia? Como compor um poema sem conhecer sua estrutura rítmica e forma composicional? Como escrever uma resenha crítica sem antes ler e analisar o objeto da resenha? O papel da escola é oferecer aos alunos um conjunto de vivências que os forme como
leitores e escritores de seus próprios textos. Mais importante do que reproduzir textos que circulam socialmente de acordo com modelos fechados em que o espaço do pensar e do imaginar se restringe a uma abordagem burocrática da proposta, a ideia é, como se pode ler nos textos desta publicação, amplificar as possibilidades de protagonismo dos alunos, abrindo um espaço para que se posicionem e criem de acordo com os valores que carregam e que a escola lhes permite transformar e expressar. Neste ano da 6ª edição do Concurso de Produção Textual da Lourenço Castanho, novamente optamos por não escolher um tema que unificasse todos os anos/séries. Esta coletânea apresenta um panorama das produções de nossos alunos, do 6º ano à 3ª série do Médio. O leitor poderá, assim, conhecer alguns dos desafios enfrentados por eles no embate com a escrita e, é claro, suas conquistas. Poderá, também, se aproximar de nosso cotidiano de trabalho, no estudo de gêneros tão diversos. Convidamos os leitores a desbravar o universo da leitura e da escrita com a pertinácia de nossos alunos inspirados por Drummond e a coragem de desvendar as mil faces secretas que as palavras e os textos carregam. Roberta Hernandes Alves Coordenadora de Língua Portuguesa – Ensino Fundamental II e Ensino Médio Escola Lourenço Castanho
Sumário Poemas - 6º ano Anita Coccaro – 6º A ............................................................................................................ 12 Antonio Pedro Rezende – 6º B ............................................................................................ 13 Luiza R. Mourmouris – 6º B ................................................................................................. 14 Pedro Silva – 6º A ................................................................................................................ 15 Victoria Campos – 6º A . ...................................................................................................... 16
Reportagens - 7º ano Adriana Cerveira Cintra – 7º A . ........................................................................................... 18 Isadora Maués Marangoni – 7º A ........................................................................................ 20 Julia da Justa Berkovitz – 7º B . ............................................................................................ 22 Luisa Camarini – 7º B . ......................................................................................................... 24 Maria Elisa Fonseca de Rezende – 7º B ............................................................................... 26
Poemas - 8º ano Beatriz Silva Sandron – 8º A ................................................................................................ 30 João Vitor – 8º A .................................................................................................................. 31 Luiza Magalhães – 8º C ........................................................................................................ 32 Marcio Sequerra – 8º A ....................................................................................................... 33 Maryana D’Andrea – 8º C .................................................................................................... 34
Artigos de opinião - 9º ano Anna Luiza Trompieri – 9º A ................................................................................................ 36 Gabriel Pestana – 9º C ......................................................................................................... 37 Hélio Misan – 9º B ............................................................................................................... 38 Olivia Ayoub – 9º B .............................................................................................................. 39 Vinícius Xavier – 9º C ........................................................................................................... 41
Artigos de opinião - 1ª série Davi Arruda Bauerfeldt – 1ª A ............................................................................................. 44 Fernando Birle – 1ª A .......................................................................................................... 45 Luciana Meira de C. Baroudi – 1ª C ..................................................................................... 46 Maria Luisa Antiga – 1ª C . ................................................................................................... 47 Vinícius Vitorino – 1ª C ........................................................................................................ 48
Carta argumentativa - 2ª série Ana Carolina Bueno Gonçalves – 2ª B ................................................................................. 50 Arthur Hiei Kose – 2ª B ........................................................................................................ 51 Beatriz Bim – 2ª A . .............................................................................................................. 52 Clara Helena V. F. do Valle – 2ª A ......................................................................................... 53 Victoria Antunes – 2ª B . ...................................................................................................... 54
Dissertação - 3ª série Ana Clara Cervone – 3ª A .................................................................................................... 56 Byron Hans Brito Okenna Egonu – 3ª B ............................................................................... 57 Gabriela Maia – 3ª A . .......................................................................................................... 58 Guilherme de Mello Ferreira – 3ª A . ................................................................................... 59 Maria Luiza de Oliveira Jorge – 3ª A .................................................................................... 60
POEMAS
6º ano
A partir da leitura de poemas e também do trabalho com a linguagem conotativa e a criação de definições poéticas, a ideia foi convidar os alunos a escreverem uma adivinha em forma de poema. Produção Textual 2017
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Correções faladas O que é, o que é? Estou em todo o lugar, o limite é o espaço Rodo o mundo inteiro em um perfeito compasso Posso ser consolo, posso ser amor Posso ser a raiva com todo o seu fervor Ao longo de muitos anos fui me adaptando. Posso ser rimada, no papel sou registrada. Às vezes eu posso machucar Pois muitas pessoas não sabem me usar Palavras, é claro! Acabo com o seu desespero Muitos me adoram, gostam de falar Eu posso começar com um simples olhar. Anita Coccaro – 6º A
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Das antigas O que é, o que é? Ele é antigo Toda criança adora brincar Vai e vem sem demora Fazendo piruetas pelo ar É bem legal Seu formato é redondo Nele tem um barbante De tamanho bem longo É ele mesmo O conhecido iô-iô Eu brinco, meu pai brincava E até o meu avô Antonio Pedro Rezende – 6º B
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Como me lembrar? O que é, o que é? Registro momentos, em uma folha de papel. Imprimo sentimentos, branco e preto ou colorido. Na estrada da vida de tempos te lembro. Com um simples “clique”, a felicidade te relembro. Sou eu, a foto, que a vida te mostro. Com uma simples imagem sentimentos broto. Luiza R. Mourmouris – 6º B
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Algo incrível O que é, o que é? Para muitos serve de inspiração Tocada ao contrário vira uma conspiração Nas pessoas provoca alegria, alegria E também tem uma doce melodia Pode ser feita com flautas, gaitas e violões É internacional, de várias nações É especialmente normal, coisas do dia a dia Existem as de antigamente e existem as de hoje em dia Ela é a música Em toda sua beleza, em toda sua acústica Ela é calma e ao mesmo tempo agitada Mas por todos almejada. Pedro Silva – 6º A
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Em um outro mundo O que é, o que é? Você sente que está em um mar de palavras Imaginando um novo mundo Sonhando acordado Por sua beleza e encanto há desenhos em preto e branco Fadas e Princesas vivem lá tem duas grandes orelhas Para todos se divertirem É o livro, plantador de sentimentos Transportador para novos mundos Quieto, mas inteligente Refrescador de mentes Victoria Campos – 6º A
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REPORTAGENS
7º ano
Após um levantamento de temas que despertassem o interesse dos alunos e, ao mesmo tempo, tivessem relevância social, cada aluno definiu qual seria o tema de sua reportagem e criou a pauta, entrevistou especialistas, pesquisou, redigiu e diagramou sua reportagem autoral. Produção Textual 2017
Florescer, amadurecer e sobreviver Apesar do avanço da medicina, milhões de pessoas continuam morrendo dessa terrível doença Por: Adriana Cerveira Cintra – 7º A Até o século 19, a doença mais perigosa para a humanidade era a tuberculose, porém, nos dias de hoje, uma das doenças que causa milhões de mortes é o câncer, que não vê classe social e afeta principalmente a jovens. Apesar dos avanços na medicina, muitos tipos de tumores causados pelo câncer ainda não têm cura. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Legenda: foto de uma criança com câncer. Fonte: http://migre.me/wG3Fm
Gomes da Silva, no Brasil, a doença que
O tipo de tumor mais frequente nos
mais mata adolescentes de 15 a 29 anos é
jovens é o carcinoma, que ocorre 34% das
o câncer. No ranking geral, fica atrás apenas
vezes e foi mais encontrado no colo do
de “causas externas”, como acidentes e
útero. Outras formas recorrentes de câncer
mortes violentas. O estudo mostra que, no
entre os jovens foram o linfoma, com 12%,
período de 2009 a 2013, morreram 17.527
e os tumores de pele, com 9%.
pessoas nessa faixa etária com a doença. “Quando mais jovens, mais inocentes e com menos acesso a qualquer tipo de informação (ex. google). Quanto mais consciência, mais sofrimento. Porém, todos se perguntam porque estão passando por tudo isso. Enfim, daí a necessidade incondicional do apoio da família.”
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Segundo Wilson Cintra Jr, professor livre docente do HC da FM USP, as crianças não devem saber exatamente que podem morrer, mas devem saber que é algo grave e que precisa de tratamento - “Eles ainda são um pouco pequenos para entenderem exatamente o que é, mas é importante dizer que é um quadro grave, e que precisa de tratamento. Depende muito de cada criança, mas de maneira geral, não, isso
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não deve ser passado para eles, pois muitas
a necessidade incondicional do apoio da
vezes isso vai interferir, na própria vontade
família”- diz Renata.
de viver.” – afirma Wilson.
Quando alguém tem essa doença, fica
Porém, há muitos avanços na medicina
desestabilizado, por isso, é necessária a
sobre o câncer, que podem não chegar
ajuda, especialmente da família, pais, tios,
à cura, mas incentivam os jovens a ter a
irmãos etc. “(...)toda a família precisa estar
alegria de viver.
junto da criança, sempre acompanhando,
Muitas pessoas buscam alternativas para
sempre levando uma palavra de carinho
amenizar o sofrimento que a doença causa.
e sempre dando forças, brincando, e
Uma delas é a musicoterapia, que prova
sempre estando à disposição da criança
que, enquanto recebiam tratamento para
durante o tratamento de quimioterapia.”-
câncer, mostraram-se mais aptos a tolerar
complementa Wilson.
os rigores do tratamento, de acordo com
O câncer é uma doença difícil, mas é
um estudo publicado na revista científica
preciso persistir. Com ajuda, todos podem
Câncer. Pesquisadores da Indiana University
sair curados.
School of Nursing, em Indianapolis, nos Estados
Unidos,
acompanharam
um
grupo de pacientes com idades entre 11 e 24 anos enquanto participavam de um projeto que envolvia escrever letras, gravar música e selecionar imagens para fazer um videoclipe. A equipe concluiu que os pacientes se tornaram mais resilientes e melhoraram seus relacionamentos com a família e amigos. De acordo com a anestesista da FM USP, Renata Veloso Silva Laurino, os jovens se sentem horríveis quando descobrem que estão com câncer: “Quando mais jovens, mais inocentes e com menos acesso a qualquer tipo de informação (ex. google). Quanto mais consciência, mais sofrimento. Porém, todos se perguntam por que estão passando por tudo isso. Enfim, daí
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Afogados no mar azul Jogo chamado Baleia Azul é causa de suicídio Por: Isadora Maués Marangoni – 7º A Pessoas se suicidam de várias formas
Onde estou? Para onde vou quando morrer?
e uma que chocou a sociedade foi entrar
O adolescente também se preocupa
em um jogo chamado Baleia Azul. O jogo
muito mais com a opinião do grupo ao seu
consiste em fazer 50 desafios dados na
redor do que com a sua própria opinião.
madrugada por um administrador, sendo
Um fato surpreendente deste caso é
que o último desafio é tirar a própria vida e,
que, apesar de os jovens desconhecerem o
se por acaso, o jogador quiser sair do jogo,
administrador, eles cumprem o desafio sem
ele é ameaçado à morte, portanto, a única
questioná-lo. O jovem que não está estável
forma de sair do jogo é sem vida.
psicologicamente se torna vulnerável, e
Os adolescentes começaram a conhecer
assim, “Entra em uma busca imediata de
cada vez mais o Baleia Azul e seu último
alívio do sofrimento, sem se importar com
desafio, porém eles continuam entrando
as consequências de suas escolhas, como
no jogo. Apenas adolescentes que possuem
o mundo das drogas ou as redes sociais
uma condição mental alterada
teriam
interesse
de
o
morrer.
Segundo Simone Nutti Marangoni,
psiquiatra
“O suicídio é visto como doença, não é uma escolha. O jogo, neste caso, serve como um fator desencadeante.”, diz Marangoni.
nocivas”, explica Lilian Motta Camargo Silva, psicóloga de 64 anos. Durante
o
jogo,
ocorre o desafio de
de 44 anos, “O suicídio é visto como doença,
realizar “agressões” físicas vindas do jogo
não é uma escolha. O jogo, neste caso,
como, por exemplo, tatuar uma baleia
serve como um fator desencadeante”, diz
no próprio corpo com gilete ou com faca,
Marangoni.
passar a noite inteira vendo filme de terror,
Muitos especialistas se perguntam o
ficar ouvindo por várias horas músicas
porquê de adolescentes que estão em sua
psicodélicas. Há também as “agressões”
melhor fase da vida, que possuem alto poder
emocionais, pois se o jogador quiser sair
aquisitivo e que não têm, aparentemente,
durante o jogo, o administrador o ameaça
nada faltando, entram em depressão e
com morte e ameaça também sua família,
chegam ao ponto de se matar. Os jovens
com a intenção de inibir um pedido de ajuda
possuem um vazio existencial, dúvidas como:
do adolescente para um conhecido.
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Após o jovem completar o último desfio, a família sofre uma desestruturação total da dinâmica familiar ao perceber que seu filho estava submetido a um caso de extremo perigo sem que eles soubessem, trazendo medo, culpa e tristeza para os familiares. “Perder
um(a)
filho(a),
em
qualquer
condição e especialmente nesta, pode
Tatuagem feita com uma faca no braço do jogador. http://migre.me/wFEvRhvg
ser algo extremamente difícil de reparar emocionalmente”, argumenta Marangoni. Uma das perguntas mais frequentes que os pais fazem é como evitar que seu filho entre nesse tipo de jogo. Para fazer isso, é preciso que o adolescente tenha um diálogo frequente com seus pais sobre seu dia a dia e seu universo afetivo, pratique esportes e participe de atividades culturais. Também a socialização com as pessoas pode ajudar os jovens. Os pais precisam ficar atentos a alterações de comportamento de seus filhos, ainda mais nesta fase de muita curiosidade e de muita incerteza que é a adolescência.
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Se somos iguais, por que diferenças? Mulheres, mesmo tendo uma capacidade igual à dos homens, ainda não têm os mesmos direitos Por: Julia da Justa Berkovitz – 7º B demonstram maior escolarização feminina, com taxas de analfabetismo superiores para as mulheres somente na faixa etária de 60 anos ou mais. A taxa de frequência bruta a estabelecimentos de ensino é bastante próxima para meninas e meninos. Um dos vários símbolos usados para representar a igualdade de gêneros http://migre.me/wG83I
Algum tempo atrás as mulheres eram vistas como inferiores na sociedade. Isso mudou, mas ainda existem pessoas que acreditam nesse estereótipo, mais conhecido como machismo. Mulheres
vêm
lutando
há
muito
tempo por liberdade de expressão e por ter os mesmos direitos que homens têm. Esse movimento, mais conhecido como feminismo, começou no século XIX, quando as mulheres iniciaram sua luta contra a opressão. Existem outros motivos pelos quais esse movimento feminista surgiu, como, por exemplo, meninas querendo ir a escolas para receber uma educação igualitária. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), os indicadores
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Ainda assim, chama a atenção que há uma porcentagem maior de mulheres de 15 a 17 anos que não estudam nem trabalham (12,6%) se comparada aos homens (9,1%), e a diferença por sexo deste indicador atinge 6,3 pontos percentuais na área rural. Mas o que será que esse movimento feminista promove na sociedade? “Ele promove o debate sobre as questões históricas que até hoje oprimem as mulheres e não permitem que elas sejam devidamente valorizadas e representadas. E ajuda a criar iniciativas que acelerem a promoção da equidade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres”, afirma Neivia Justa, diretora de comunicação da Johnson & Johnson, ativista do feminismo. Temos que conscientizar todos, começando por nós.
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O machismo é algo ainda muito presente em nossa sociedade, como será que é possível mudar isso? “Precisamos começar a entender os vieses inconscientes que ditam a maneira como pensamos, agimos e fazemos escolhas. E a partir daí começar a mudar nosso padrão de comportamento. Essa mudança começa em casa, na maneira como educamos nossos filhos. As escolas têm um papel fundamental em promover essa discussão e ajudar as famílias a criar e educar indivíduos que tenham as mesmas condições de igualdade, direitos e oportunidades, independente do gênero.”, comenta Eduardo Berkovitz, diretor de empresa, apoiador do movimento feminista. O machismo está presente em vários setores da sociedade, porém o mais grave é que alguns homens acham que as mulheres têm que estar “disponíveis” a todo o momento,
principalmente
na
questão
sexual. Em alguns casos, isso leva a casos de assédio, ou, mais grave ainda, ao estupro. Em pleno século XXI, é um absurdo mulheres terem que lutar para terem os mesmos direitos que homens. Temos que conscientizar todos, começando por nós mesmos.
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Ninguém me entende! A adolescência é uma fase de transição da infância para a vida adulta que pode ser muito dura para alguns jovens porque não se entendem com os adultos e não se veem mais como crianças Por: Luisa Camarini – 7º B De acordo com a Organização mundial
anos eu não era mais criança, então tinha
da saúde (OMS), a adolescência ocorre
que fazer minhas tarefas. E se eu pedisse
entre os 12 e os 18 anos. Essa é uma
ao meu pai para sair com a minha irmã de
fase em que ocorre o amadurecimento
19 eu ainda era muito pequena”. Não se
sexual e reprodutor, os jovens passam
identificar com os mais velhos faz os jovens
a ter mais autonomia e também mais
se refugiarem para os que estão na mesma
responsabilidades e é o momento em
situação. “Nessa fase, muitas mudanças
que se encontram e criam sua própria
surgem e muitos conflitos familiares
identidade. É também uma fase de muitos
também e os amigos, tendo em comum
problemas com os pais e muita rebeldia:
gostos e interesses e até, na maioria das
as responsabilidades mudam de repente
vezes, o vocabulário, os deixam mais aceitos
e, segundo a psicóloga Marcia Cavazotti Viana, tudo isso “Gera uma confusão
em
vários
momentos porque eles gostariam de ter mais
nos grupos.”, explica a
A adolescência é considerada
psicóloga.
por alguns os anos dourados,
Quando
mas não é sempre assim.
esses
adolescentes estão com
Às vezes eles precisam de ajuda
problemas e têm uma
para passar por isso.
relação difícil com os
autonomia em muitas situações, porém
pais, a adolescência pode ser uma fase mais
não têm estrutura para isso; por outro
dura ainda. “Pais que têm dificuldade com a
lado, não querem assumir algumas das
progressiva autonomia dos filhos e atuam de
responsabilidades e sim continuar como
forma opressiva acabam gerando angústia
crianças”.
e mais rebeldia do que é característico nos
Segundo a menor L.G, 15, “Desde o começo da minha adolescência eu entrava em brigas com meus pais e minhas irmãs
jovens que estão passando por essa fase”, indica Marcia Viana. Não
se
encaixar
nos
grupos,
a
porque se pedisse para a minha mãe para
relação difícil com os pais e as maiores
ficar brincando com a minha irmã de 8
responsabilidades
24
podem
gerar
um
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afastamento das pessoas e muita rebeldia
São várias as consequências para a
nos jovens e, assim, eles têm a impressão
puberdade precoce, como, por exemplo,
de que “ninguém os entende”. E como a
a obesidade, e deixar a vida dessa criança
adolescência é a preparação para a vida
mais difícil, pois além de ela ainda não ter
adulta, tudo da adolescência reflete na vida
estrutura para enfrentar uma adolescência
adulta tornando os novos adultos às vezes
precoce, pode ainda ter como consequência
mais fechados.
a baixa estatura.
A adolescência pode se tornar mais
A adolescência é considerada por
traumática pela questão do bullying,
alguns os anos dourados, mas não é sempre
ocorrendo em ambientes como a escola. A
assim. Às vezes os jovens precisam de ajuda
depressão na adolescência também pode
para passar por isso, um apoio, e não um “eu
ocorrer em decorrência do bullying.
já passei por isso”. Eles precisam de apoio
Nessa fase, ocorre a puberdade, o
dos pais e dos amigos para, nessa fase, não
amadurecimento sexual e reprodutor, que
desenvolverem problemas maiores, graves
vem ocorrendo cada vez mais cedo. De
e para sempre.
acordo com pesquisadores da Academia Americana de Pediatria (AAP), responsáveis por um estudo sobre a puberdade precoce, os resultados indicam que a puberdade está ocorrendo, de maneira geral, de seis meses a dois anos antes do que havia sido documentado até agora - 11,5 anos para meninos brancos e hispânicos e 11 anos para os negros. E isso não ocorre
Da infância à adolescência http://migre.me/wFB2C
só com os meninos. Um estudo de um centro médico em Ohio (EUA), afirma que o corpo das adolescentes atuais está de fato amadurecendo antes do que o de suas mães amadureceu. O estudo foi divido por etnias. As meninas negras, com 23,4%, foram as que apresentaram o maior índice de início da puberdade, por volta dos 7 anos de idade. Elas foram seguidas pelas latinas (hispânicas), com 14,10%, e pelas meninas brancas, com 10,4%.
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Indefesos Os animais domésticos vêm sendo cada vez mais abandonados no Brasil Por: Maria Elisa Fonseca de Rezende – 7º B Antigamente, os cachorros viviam nos
animal. “Falta de planejamento, mudança
quintais e em hipótese alguma podiam
na condição financeira da família e mudança
entrar em casa. Sempre amarrados com
de moradia são alguns dos aspectos que
correntes, viviam limitados a esse pequeno
contribuem negativamente no abandono
pedaço de terra. Serviam apenas para
do animal”, explica o psicólogo Julio Silva,
proteger a casa e nada mais. Mas, hoje
especialista em crianças e adolescentes.
em dia, os animais estão sendo tratados
Apesar da UIPA e muitas outras ONGs
de uma forma mais respeitosa, com vários
alertarem para a adoção consciente dos
serviços ao seu dispor, como: veterinários,
animais, ou seja, não comprar ou adotar
banhos, brinquedos, espaços reservados
um animal por impulso, ainda existem
nos parques e o mais importante, estão
pessoas que não sabem cuidar de um pet.
recebendo mais carinho de seus donos.
“O animal vai depender do seu dono para
Todavia,
ainda
existem muitas pessoas que são capazes de abandonar
animais.
De
com
acordo
a
Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca
o resto da vida, ele
“O animal vai depender do seu
precisa
dono para o resto da vida, ele
médicos,
precisa de cuidados médicos,
cuidados
alimentação
adequada e ele precisa
alimentação adequada e ele precisa principalmente de carinho, como qualquer outro ser vivo.”
de
principalmente
de
carinho, como qualquer outro ser vivo”, diz Felipe
de 30 milhões de animais abandonados no
Carvalho, veterinário da União Internacional
Brasil. Destes, 20 milhões são cachorros,
Protetora dos Animais (UIPA).
enquanto 10 milhões são gatos. Todos esses
Tão grave quanto o abandono, há
animais vivem nas ruas, recebendo sol,
as agressões aos animais domésticos.
chuva e muitas vezes recebendo chutes dos
De acordo com Silva, “A pessoa que é
transeuntes.
capaz de abandonar um animal tem as
Muitas pessoas são a favor dos animais
seguintes características: dificuldade em
e ficam inconformadas ao ver esses animais
criar vínculos, egoísmo e o uso da força
nas ruas e ficam se perguntando o que faz
física para a satisfação própria”. Existem
uma pessoa ser capaz de abandonar um
pessoas que espancam, batem e deixam
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Produção Textual 2017
o animal largado em casa sem alimento algum. Há várias ONGs responsáveis pela realocação de animais cuidando de sua saúde, alimentação e higiene. “Quando algum animal chega aqui em mau estado físico, nós tratamos esse animal com a ajuda veterinária, cuidados com sua higiene e fazemos desse lugar o melhor possível Animais abandonados nas ruas. http://migre.me/wFBf2
para esse animal viver e, em alguns casos, o animal passa a vida toda com a gente”, complementa Carvalho. Campanhas educativas são cada vez mais necessárias para que as pessoas se conscientizem sobre a necessidade do respeito ao melhor amigo do homem.
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POEMAS
8º ano
A partir das reflexões sobre o olhar desencadeadas pelos diferentes trabalhos relacionados ao projeto de série, a ideia era que os alunos escrevessem um poema sobre o olhar considerando sua intencionalidade comunicativa: o que teriam a dizer sobre esse tema? Que relações de intertextualidade conseguiriam propor a partir da coletânea preparatória? Partindo de um recorte condizente com suas experiências (o olhar fotográfico; o olhar do viajante; o olhar de amor; o olhar que transforma o outro; o olhar que transforma a si mesmo) os alunos exercitaram sua escrita poética. Produção Textual 2017
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O olhar modificado Seu olhar Meu olhar tão semelhantes mas ainda tão distintos. Uma palheta de cores desconhecidas um quadro em um museu, uma coisa tão singular mas compartilhada. Tão resistente mas tão sensível um pequeno acidente uma tempestade em um dia de sol. Um olhar quebrado cores escuras um pintor limitado mas não incapacitado. Enxergar pelo som pelos sentimentos, com preto e branco criando um pintura. Beatriz Silva Sandron – 8º A
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Produção Textual 2017
O olhar que te transforma O olhar é bem volátil, ele muda sem parar alguns tentam protegê-lo mas a tendência é fracassar o seu olhar muda o meu, o meu olhar muda o seu. É uma rede de opiniões, modos diferentes de entender alguma coisa O olhar é bem volátil ele muda sem parar mas o importante é não julgar e muito menos odiar Direita e esquerda, dá tudo no mesmo, tá na hora de aceitar que gritos não vão adiantar Todos temos diferenças e isso é pra comemorar todos pensam diferente mas o importante é respeitar o olhar é bem volátil ele muda sem parar. João Vitor – 8º A
Produção Textual 2017
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A liberdade do olhar O meu olhar na cidade Nas montanhas de cimento Procurando felicidade Em um lugar de tormento Pessoas andando Sem rumo, sem tempo A minha visão construindo Um olhar nevoento Quando pisco, o mundo muda Sinto o cheiro do vento Das árvores sortudas Que escaparam do tempo Uma comunidade batalhadora Um olhar diferente De pessoas lutadoras A união surpreende O meu olhar absorve Esse mundo diferente A sensação me comove Estou livre finalmente Luiza Magalhães – 8º C
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Produção Textual 2017
O meu olhar Meu olhar, múltiplas sensações A visão perfeita como a de gaviões Quando eu vejo, eu sinto A dor de um menino faminto Meu olhar me abre para o mundo A minha janela para o outro Enxergo muito bem pelo meu olhar É como um mergulho no fundo do mar Já vi muito Montanhas, descidas, escaladas Pessoas, muitas pessoas, até sem nome E muitas morrendo de fome O meu olhar é de viajante Descobrindo novos caminhos No final eu volto como passarinho Sentindo a saudade de meu ninho Marcio Sequerra – 8º A
Produção Textual 2017
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O olhar da mudança Meu olhar se transforma Acredito que ele melhora, E, sendo assim, eu o chamaria De o olhar da mudança, eu diria. A cada paisagem visitada, A cada hora passada, Ele muda. Ele tem fases, assim como a lua. Viagem feita, Opinião desfeita. História ouvida, Experiência vivida. E isso se repete a cada viagem, Passeio ou visitação. E as fotos tiradas Servem como minha representação. E essas fotografias me trazem as lembranças, As lembranças de um olhar passado. E isso me lembra de todas as suas mudanças Dando a mim esperança De que meu olhar ainda amadureça. E que, diante de sua presença, Ele se abra ainda mais. Maryana D’Andrea – 8º C
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Produção Textual 2017
ARTIGOS DE OPINIÃO
9º ano
Depois de lerem o clássico Farenheit 451, de Ray Bradbury, os alunos refletiram sobre a importância do ato de ler – um texto, o mundo, a sociedade – e tematizaram em seus artigos de opinião a importância da leitura em suas vidas e na sociedade contemporânea. Produção Textual 2017
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Um hobby que forma a identidade Normalmente, a leitura é vista como uma chata obrigação escolar, mas, para outros, a mesma ação pode ser tornar um incrível passatempo. O ponto de vista das pessoas é alterável e alguns podem admitir que não sentem o prazer de se deitar na beira da praia e começar um livro novo. Apesar disso, o ato de ler é algo incrivelmente importante para todo mundo. Embora algumas pessoas associem a leitura somente às obras clássicas, como Dom Casmurro, de Machado de Assis, o ato de ler está presente desde a pequena descrição de um álbum de fotos até um dos maiores já escritos. Independentemente da fama e do tamanho de um livro, a leitura traz um conhecimento fundamental para quem está lendo, possibilitando o aumento do conhecimento, a aprimoração do vocabulário e o auxílio na construção textual. Ao pegar um livro para ler, você está se atrevendo a ir para um universo distante. A mágica dos livros é o fato de serem apenas folhas de papel que disponibilizam ao leitor não só entender as palavras superficialmente, mas, também, a interpretação e compreensão da história, além da grande participação e influência em nosso entendimento sobre o mundo, aumentando nosso repertório. Segundo o pedagogo e professor da UNICAMP, Paulo Freire, a leitura também nos ajuda a perceber melhor como é o mundo em que vivemos, possibilitando a formação de nossa identidade, com opiniões mais completas. Na obra Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, temos um exemplo de sociedade totalitária, em que não é permitido o acesso aos livros e, consequentemente, a população não consegue formar sua própria opinião, fazendo com que todos sejam iguais e ajam da mesma forma. Essa atitude de cada um dentro dessa sociedade influencia a indústria cultural, que consegue fazer o ciclo entre a sociedade de consumo e a moral do senso comum fluir. Em suma, percebemos que cada livro, a partir de seu interesse, possibilita a formação de sua opinião, o que torna cada ser humano diferente do outro e, infelizmente, quem não desperta em si mesmo a curiosidade da leitura, adquire um ponto de vista pior perante os outros. Anna Luiza Trompieri – 9º A
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Produção Textual 2017
Leio, logo existo Vivemos em uma sociedade que possui grafia, fomos alfabetizados quando crianças, ensinados a ler, a leitura tem especial importância em nosso mundo, mas realmente sabemos ler? O ato de ler é muitas vezes catalogado como palavras e frases, porém, o real ato de ler vem da interpretação do mundo como um todo, para além da palavra e, assim, de sua realidade. Um bom escritor registra e cria vidas, um bom leitor as entende. “Penso, logo existo”, assim disse o importante filósofo René Descartes, significa que sem interpretar e pensar, sem ler o mundo, seremos somente mais um, mais um objeto, um brinquedo padronizado e manipulado por uma indústria cultural, a indústria de padronização de ideias e ideais de seres humanos. Na realidade atual brasileira, 44% da população não lê, sendo que 30% nunca comprou um livro. Nossa sociedade segue uma linha base de “pão e circo”, se iludindo em sua felicidade devido à presença marcante da sociedade do consumo e da moral do senso comum, afinal, é muito mais fácil e divertido ver um jogo de futebol do que pensar criticamente, é mais natural o lazer à busca da verdade, da liberdade do pensamento e leitura da “palavra mundo”. Nossa realidade não incentiva a leitura, assim como dito no jornal “Estadão”, que mostra que 67% da população brasileira nunca teve tal incentivo, isso, unido à desigualdade social presente, compõe a fórmula para a fuga do pensar. O comportamento humano tende à comparação: comparamos resultados, situações, o passado e o presente, nossas experiências são comparadas, quanto mais “vida”, mais comparações, quanto mais livros mais vidas. Com livros ganhamos conhecimento. Quanto mais livros, mais experiência, menos erros, o passado tende a influenciar o futuro, realidades, conclusões. Notamos na realidade distópica de Ray Bradbury, em Fahrenheit 451, que Montag, ao abrir os olhos para sua realidade corrupta e leviana, acaba por buscar a verdade e, então, a liberdade, só sendo possível isso pela influência de livros, ou seja, de diferentes interpretações e experiências do mundo. Com o conhecimento seguido da verdade, e a verdade interpretada, uma identidade. Gabriel Pestana – 9º C
Produção Textual 2017
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Parágrafos, linhas e palavras Quando pensamos no ato de ler, imaginamos aquele monte de papel, parágrafos, linhas, palavras. Mas será que é só isso? E qual a importância desse ato para a formação de uma identidade? A leitura está presente em tudo ao nosso redor. Ao observar uma obra de arte, uma paisagem, uma imagem, um filme e, principalmente, dentro de nós como indivíduos, em nossas personalidades e relacionamentos desde quando nascemos. Sem esta, não chegaríamos ao ponto em que estamos, permitindo a evolução da humanidade. A história registrada nos livros não nos deixa cometer os mesmos erros, permitindo a evolução da humanidade. Indivíduos que leem mais são os mais avançados, os mais críticos, sábios, que, por meio da leitura, formam suas ideias e o ponto de vista da sociedade. Um mundo sem a leitura é um mundo sem informação. Como no livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, uma sociedade onde livros são proibidos. A vida das pessoas é monótona e monitorada, pois elas não têm motivo para viver, pois sem a cultura e o acúmulo de experiências lidas, os indivíduos não conseguem formar seu ponto de vista, fazendo com que eles não sejam críticos ao sistema de governo em que vivem; já Montag, ao perceber o ato de ler, não aceita mais a sociedade onde vive. Devido a toda a importância do ato de ler, ele não pode ser feito superficialmente ou mecanicamente, o leitor precisa “se fundir” à obra, esta precisa estar relacionada ao seu repertório, fazendo com que o conhecimento seja absorvido. A leitura, estando presente ao nosso redor, precisa ser valorizada, pois é um dos principais ingredientes para a formação do ponto de vista crítico, a identidade de cada indivíduo. Hélio Misan – 9º B
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Produção Textual 2017
Cegos e surdos pela indústria cultural Buscar evidenciar a real e fundamental utilidade da leitura, principalmente na sala de aula, proporciona ao educando enriquecimento cultural, práticas no contexto social através do construir criativo, elaboração de textos de forma lúdica e de formar um cidadão crítico e construtivo em uma sociedade econômica e socialmente mais justa. “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”. Essa é a importância da leitura. Dados da CBL – Câmara Brasileira do livro – mostram que o brasileiro lê em média 1,8 livros por ano, enquanto em países como França e EUA cada pessoa lê em média de cinco a sete livros por ano. A leitura é um processo de interação entre leitor e texto, porque configura o que se passa ao redor do homem, portanto tem dimensão social e cultural, provoca, enriquece e encaminha a reflexão. Ela possibilita uma melhor versão dos fatos e um melhor entendimento dos assuntos a serem abordados desde a sala de aula até a vida fora dela. Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias. O ato de ler não possui o poder de mudar as coisas, nem mesmo de acabar com a crise social do nosso país ou com os nossos grandes problemas, mas pode auxiliar a procura de soluções para esses inúmeros problemas que nos perseguem. “Na medida em que lia, fui me tornando íntimo do meu mundo, em que o melhor percebia e o entendia na ‘leitura’ que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo”. Portanto, quanto mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centímetro quadrado você conseguir captar numa folha de papel, mais “literário” você será e menos manipulado e inseguro diante da população. Hoje em dia, o desinteresse pela leitura, pelo hábito de ler, chega a níveis extremos de preocupação, e tudo por conta da falta de educação e de possibilidade da grande maioria da sociedade. E essa nova geração tecnológica auxiliou que houvesse a falta de interesse em simplesmente estar sentado ao redor de milhares de palavras mágicas que podem confeccionar um traje de retalhos do universo. As pessoas são simplesmente influenciadas por comerciais e propagandas os quais afirmam que comprar tal coisa é bom, comer aquilo
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faz bem, a falta de... faz mal, enfim não os culpo por isso, é o que a indústria cultural faz: manipula as pessoas para enriquecerem a si mesmos. Ou seja, a pessoa que não lê, mal fala, mal ouve, mal vê, essa é a principal razão e motivo de empobrecimento cultural que está nos levando para um grande poço do qual ainda há chances de sairmos, antes que todos sejamos derrotados e enfraquecidos pela indústria que tanto nos afeta. Conclui-se que a leitura, desde tempos remotos, é fundamental dentro da sociedade e, ao mesmo tempo, fonte de inspiração, conhecimento e sabedoria. Desta forma, quem tem esse conhecimento desenvolve a capacidade de entender o significado de inúmeras vozes que se apresentam e de manifestar-se com sua própria voz. Olivia Ayoub – 9º B
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Produção Textual 2017
Literatura: A arte que movimenta o mundo A literatura é uma produção artística humana que desenvolvemos há séculos. Um livro é uma poderosa “arma” que nos acompanha mesmo antes de nossa alfabetização até o fim dos nossos dias. A literatura de qualidade é crítica, nos inquieta, nos liberta e nos transforma. Ela gera medo, revoluções contra as autoridades, cria marcas e histórias. Contos surpreendentes como “As mil e uma noites” ou até mesmo a Bíblia foram capazes de transformar nossas vidas e nossas relações. A literatura, apesar de imutável, corre riscos e Fahrenheit 451 é capaz de mostrar o que seria de nós sem uma das nossas mais incríveis capacidades, o ato de ler. A obra traz um enredo em que os livros eram proibidos e o leitor é capaz de identificar como essa sociedade era impactada em todos os tipos de leitura. Costuma-se confundir o que é o ato de ler antes de lermos palavras, nós lemos o mundo, identificamos espaços e como devemos nos relacionar com eles. Montag, personagem principal do livro, é um grande exemplo desta deficiência da literatura, já que ele não é capaz sequer de identificar a manipulação através dos elementos visíveis de sua sociedade. Conforme vamos nos desenvolvendo, inovando nossa capacidade de leitura e interpretação, aos 7 anos, desenvolve-se a alfabetização, e assim começa um ciclo interminável, a leitura do mundo e a da palavra. Um exemplo deste ciclo do livro é o de Mildred. Devido a sua realidade, ela não foi capaz de desenvolver tais aspectos do ciclo, como consequência, ela não pondera a verdade, já que ela é extremamente manipulável por um forte fator cultural que a rodeia e nos rodeia. Consequência da indústria cultural, Mildred foi formada com a intenção de ser igual a todos. O que nos difere são nossas opiniões e formas de julgar os aspectos do mundo. Como todos do livro foram feitos para serem “produtos iguais”, toda e qualquer diferenciação é vista com preconceito. E tais conceitos de certo ou errado são a chamada moral ao senso comum, ou seja, pensamentos iguais. Olhando para nossa realidade, o Brasil passa por uma difícil questão relacionada à leitura. Em nossa nação, 44% das pessoas não leem e 30% não têm condições de pagar por um livro. Isso pode ser um dos motivos que fazem do Brasil um dos países mais corruptos do mundo, já que 74% de nossa nação é (ou tem tendências) de serem maleáveis e crerem em lemas e mentiras.
Produção Textual 2017
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A literatura é capaz de abrir nossos olhos, nossos pontos de vista e as formas como nos relacionamos com o mundo. Baseada em conceitos, a leitura é capaz de fazer com que julguemos nossas verdades. A leitura é inevitável, é única e cheia de significados. É uma capacidade que nossa espécie jamais abandonará, já que não vivemos sem ela. Vinícius Xavier – 9º C
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Produção Textual 2017
ARTIGOS DE OPINIÃO
1ª série
Após a leitura do conto “Na colônia penal”, de Franz Kafka, os alunos escreveram uma resenha crítica. Para isso, precisaram considerar algumas discussões e orientações feitas em classe, como produzir uma interpretação autoral da obra, utilizar elementos de análise trabalhados em sala (ironia, alegoria, intertextualidade, tensão e intensidade, construção dos elementos da narrativa) e estabelecer relações com os Direitos Humanos e/ou outros temas da atualidade estudados ao longo de todo o trimestre. Produção Textual 2017
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O profundo de “Na colônia penal” “Na colônia penal”, obra de Franz Kafka, relata uma colônia distante da sociedade que era regida por um sistema militar, no qual o indivíduo que não seguisse as regras sofria “punições” que o feriam até chegar à morte. Então, o capitão que coordenava a colônia faz um convite a um explorador para visitá-la e mostrar seu ponto de vista. No conto, Kafka constrói uma narração, tanto por parte do próprio narrador, quanto dos personagens, em que a linguagem usada é objetiva e sem qualquer tipo de sentimento quando se trata das torturas, como se fosse algo natural e comum, demonstrando a falta de noção de humanidade com o indivíduo. Essa estrutura é feita para gerar inquietude, indignação nos leitores, fazendo-os pensarem sobre o que é correto, abrindo os olhos para o que ocorre na realidade e podendo ter esta mesma indignação na vida real. A época em que o livro foi redigido se encaixa perfeitamente com o contexto da obra, pois foi produzida perto da Primeira Guerra Mundial, mostrando a genialidade crítica de Kafka já que, mesmo com o passar do tempo, a desumanização, feita por grupos, ocorreu e ocorre ainda em nossa sociedade. Kafka, com sua linguagem de medo, consegue acender uma indignação como fogo, tantos nos leitores da época como nos da atualidade, entendendo que todo indivíduo é um ser humano e tem seus direitos como ser humano. Num primeiro olhar, não é possível compreender a grandeza de “Na colônia penal”, no entanto, ao se aprofundar no porquê de o conto ter sido escrito dessa forma, ao se aprofundar na vida do próprio autor e ver o contexto em que a obra foi produzida e os valores que ela carrega em si, entendemos o motivo da fama de Kafka e o valor que seu texto, “Na colônia penal”, possui. Davi Arruda Bauerfeldt – 1ª A
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Produção Textual 2017
“Na Colônia Penal”, uma alegoria sobre a religião Franz Kafka escreveu “Na Colônia Penal” em 1914 e o publicou em 1919. Nascido na Tchecoslováquia, o escritor possui origem judaica e esse é um fator que, segundo especialistas no universo Kafkiano, apareceu em diversas obras do autor. Devido ao fato de o judaísmo nunca ter sido um elemento muito presente em sua vida, esses renomados especialistas não puderam afirmar que a simbologia religiosa era uma intenção de Kafka. As interpretações de sua obra que se vinculam a diversos assuntos e chegam até a atualidade, mas certamente uma das possibilidades de leitura da obra “Na Colônia Penal” é a partir da religião. Uma das interpretações religiosas da obra surgiu na década de 1940 e defendia que a obra poderia ser entendida como uma alegoria. Estruturalmente, de início podemos estabelecer um paralelo com outras alegorias religiosas, como o “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, peça em que as personagens não possuem nome, criando um efeito que permite que o leitor se encaixe no perfil das personagens. Na obra “Na Colônia Penal”, o antigo comandante pode representar a figura de um deus que criou a colônia penal para que aqueles que descumprissem suas leis, os pecadores, fossem punidos. O antigo comandante está presente, mas não fisicamente. A figura do oficial pode ser entendida como um seguidor fanático, já que é evidente sua devoção pelo comandante e seu legado. Isso se torna evidente por conta da máquina, que acaba sendo o meio que o oficial tem para louvar seu deus e, de certa forma, praticar a religião em si. A alegoria pode ser entendida como crítica e isso aparece na figura do explorador que seria um “não praticante” da religião em questão, que despreza o ato do oficial e acaba por se autodestruir em função da religião, de seu fanatismo. São evidentes os possíveis paralelos com a atualidade, na qual grupos extremistas tomam conta do noticiário junto ao caos. A religião está novamente em pauta no mundo, sendo que a obra foi escrita em um contexto pré-holocausto. Até que ponto chega a liberdade de praticar a religião? É correto condenar aqueles com religiões e opiniões diferentes? Essas são questões que a obra e essa interpretação levantam. Fernando Birle – 1ª A
Produção Textual 2017
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A Alma Ferida Na Colônia Penal Franz Kafka foi um escritor que teve a maior parte de suas obras publicada após sua morte, sendo que apenas algumas delas, como “Na Colônia Penal”, foram publicadas durante sua vida. Após entrar na faculdade de Química e sair depois das duas primeiras semanas, Kafka ingressou na faculdade de Direito, o que nos faz pensar que, por conhecer extremamente o mundo jurídico, o renomado escritor estava a par das injustiças que eram (e ainda são) cometidas contra aqueles que estão à mercê de qualquer privilégio. Uma de suas obras mais famosas, “Na Colônia Penal”, se passa num cenário desértico, onde um oficial que tem o desejo de honrar o antigo comandante e seu legado, pretende torturar um soldado que não estava cumprindo seu serviço. O mesmo é condenado e não lhe é informado o motivo; é submetido a uma máquina que tortura durante doze horas e mata. Um explorador, que não tem seu nome citado – assim acontece com os outros personagens – foi convidado pelo atual comandante para avaliar o processo de tortura. Kafka, com sua narrativa marcante, consegue ferir a nossa alma palavra por palavra, de uma maneira aterrorizante e profunda juntamente com o clima de suspense e tensão que paira no ar. Consegue arrastar o leitor e torturá-lo, apresentando as injustiças que ocorrem atualmente em inúmeros contextos, principalmente nas questões de desigualdade e privilégios já citadas anteriormente e no fato de como todos podem vir a ser julgados injustamente. A obra mostra diferentes pontos de vista e como os Direitos Humanos são extremamente feridos não só no julgamento como também na pena. Com suas reviravoltas, “Na Colônia Penal” é uma das obras mais marcantes de Franz Kafka. Luciana Meira de C. Baroudi – 1ª C
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Produção Textual 2017
“Na Colônia Penal”: sociedade e poder Em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial se alastrava e novos métodos de conquista de poder eram trabalhados, o jovem tcheco Franz Kafka estava de férias, as que seriam as mais produtivas de sua vida. Escreveu diversas obras e entre elas está “Na Colônia Penal”. O conto se desenvolve ao redor de quatro personagens que se relacionam com uma máquina de execução usada como punição em uma colônia francesa. As personagens são: soldado, condenado, explorador e oficial. Nota-se, claramente, que as personagens não têm nomes próprios, portanto, são generalizadas de modo que somente suas posições sociais importam. Logo no começo do conto, o oficial aparece com dois lencinhos de mulher em seu bolso, os mesmos eram do condenado, que os havia ganhado das mulheres que cuidaram dele. Ao analisar essa situação, vemos que, com o oficial pegando os objetos, há uma demonstração de divergência social, em que o mais poderoso toma poder contra os mais indefesos. Após a morte do oficial, o soldado pega os lenços, pois é, agora, o maior representante social. Com um enfoque na caracterização do oficial, temos que ele usa farda, mesmo em dias de calor, e tem grande apego à máquina de punição da colônia. A farda é mencionada durante o texto e é adjetivada como símbolo da pátria. O apego à máquina demonstra-se como a representação do poder do oficial que, ao perdê-la, prefere morrer a viver sem sua existência. O mesmo apreciava o poder que tinha de aplicar penas aos delinquentes da colônia. Essa descrição de personagem não é de se espantar se lembrarmos do contexto de produção da obra. Em tempo de guerra, a procura por novas formas de demonstração de poder e violência aumenta. Assim, vemos a máquina como uma nova forma de punição. A imagem do oficial condiz muito com o pensamento e poder jurídico atuais. Penas não são condizentes com os crimes; pessoas de classes sociais baixas não recebem o mesmo tratamento que indivíduos de classes altas; penas são dadas sem que todos os fatos sejam apurados. O pensamento e a idealização de Kafka nessa obra mostram grandes semelhanças com o século XX e, mesmo um século à frente, vemos os mesmos ideais demonstrados de outra forma. Maria Luisa Antiga – 1ª C
Produção Textual 2017
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1914 não foi apenas o ano de início da Primeira Grande Guerra, foi também o ano em que Franz Kafka escreveu o conto “Na Colônia Penal” (publicado depois de mais de trinta anos), uma das mais importantes obras do autor, por sua genialidade, e marco na história dos contos de ficção. A obra se resume basicamente a narrar a visita de um explorador estrangeiro a uma colônia penal militar, mais especificamente para assistir a uma execução em uma máquina de tortura. A tortura é tatuar nas costas do condenado o crime que foi cometido com rasgos de agulhas. O processo dura doze horas e torna-se mais cruel quando vemos que o condenado (que é executado após a tortura) não possui direito à defesa e sequer sabe a razão da condenação, que é por motivos muito fúteis, como um cochilo no trabalho. O conto, contextualizando-o com a grande guerra, traz ao leitor a discussão sobre diversos tópicos dos Diretos Humanos, como regimes ditatoriais (relacionado com a hierarquia militar), a ausência de direito à defesa judicial e tratamentos cruéis. O explorador assiste à tortura em silêncio e sem opinar de forma explícita, mas (como boa parte dos militares retratados) discorda de tal método de punição, enquanto o oficial responsável pela tortura saúda a máquina com frequência e trava uma guerra interna com os demais militares a fim de manter o legado do antigo comandante (já morto), que foi o criador da máquina. A disputa pela continuidade do uso da máquina pode terminar dependendo da opinião do explorador, por isso o oficial defensor do método tenta convencer o explorador a dar uma opinião positiva, mas o explorador, convicto, se põe totalmente contra a máquina e o oficial, sabendo que seria o fim das torturas, libera o condenado antes de sua tortura acabar e usa a máquina para pôr fim a sua própria vida. Um dos últimos momentos do conto é o explorador olhando a lápide do comandante criador da máquina - a lápide dizia que o comandante iria reencarnar. Nós podemos ler essa cena como uma metáfora que alerta para que novos adeptos da tortura e da desumanização surgiriam, e é o que de fato aconteceu: anos depois, iniciaram-se outras grandes guerras e ditaduras que usaram também tortura e desumanização, o que infelizmente não acabou até hoje. Vinícius Vitorino – 1ª C
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Produção Textual 2017
CARTA ARGUMENTATIVA
2ª série
A proposta da carta argumentativa estava relacionada à publicação de um professor da Unicamp que se referiu aos cotistas como “vagabundos”, afirmando que a universidade seria para a elite cultural do país. Os alunos deveriam assumir o papel de um professor da USP e escreverem uma carta ao colega, problematizando a posição dele sobre a Universidade e como isso se relaciona à questão das cotas. Produção Textual 2017
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São Paulo, 23 de agosto de 2017. Caro professor Paulo Paula, Enquanto navegava em minhas redes sociais nos últimos dias, o que é muito raro para mim e acredito que seja para o senhor também, me deparei com sua postagem sobre as cotas na UNICAMP. Duas coisas me chamaram a atenção: a relação feita entre cotistas e “vagabundos” e o discurso conservador em relação às universidades. E então me perguntei como nós, ambos professores de grandes universidades, podemos ter visões tão diferentes? Como um professor de Medicina, que deveria também desenvolver o lado humanitário de seus alunos, tem esse discurso? A partir de sua postagem, é possível perceber que o senhor acredita que o ensino superior seja apenas para quem faça parte da elite, tendo boas referências acadêmicas e culturais, e que as universidades deveriam seguir este pensamento conservador para a seleção de seus estudantes. Porém, ao supor que o ensino superior seja direcionado apenas para uma pequena parcela da população, o senhor retira o direito de tantos outros estudantes, sejam cotistas sociais ou raciais, ao acesso à educação superior. É uma pena que o senhor também acredite que cotistas são apenas jovens desempregados, sem olhar para o mais importante: a origem de cada um. Além do prejuízo histórico causado durante a escravidão, o povo negro continuou à margem da sociedade, com baixa renda e, consequentemente, poucas oportunidades, criando uma desigualdade e preconceito ao redor dessas pessoas. Com as cotas raciais, a população negra teria a oportunidade de ingressar em universidades com ensino de qualidade, trazendo também a oportunidade de mudar a realidade imposta a essas pessoas. Espero que o senhor repense sobre o assunto e seja mais cuidadoso ao expressar-se nas redes sociais. Atenciosamente, Ana Carolina Gonçalves Ana Carolina Bueno Gonçalves – 2ª B
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Produção Textual 2017
São Paulo, 23 de agosto de 2017 Caro colega Paulo Paula, Li seu comentário nas redes sociais e me incomodei com a sua visão sobre as cotas na nossa universidade, porém o que mais me incomodou foi o seu posicionamento e a maneira como o senhor enxerga a UNICAMP. Há uma frase na sua publicação que evidencia essa sua posição acerca da instituição: “A universidade é para a elite cultural do país”. Ao escrever isso, o senhor pressupõe que haja uma elite cultural, um grupo que possui uma cultura superior às outras, isso é muito perigoso, assim como os homens brancos europeus acreditavam que eram superiores aos negros em relação à cultura e por isso era eticamente aceitável escravizá-los. Na verdade, a universidade é para a elite intelectual do país, aqueles que, de acordo com a oportunidade que tiveram, se sobressaíram perante os outros e conquistaram sua vaga. Com os cotistas não é diferente, os mais preparados e os que mais exercitam o intelecto dentre as condições sociais que lhe são impostas são os que ingressam na faculdade. É justamente pela sua visão que as cotas devem existir, se só há uma predominância de uma classe social, ou uma “raça” que frequenta a universidade, e isso fica evidente no nosso cotidiano na UNICAMP, a impressão que se tem é de que há uma elite racial, o que na verdade só é reflexo da falta de oportunidade em geral que têm os negros e alunos de escola pública. Por fim, as cotas podem não ser a solução para a educação no Brasil, mas são a maneira mais veloz de inserir os negros e estudantes de escolas públicas nas universidades, promovendo oportunidades àqueles que precisam. Grato, Lucas Pratto, professor de História da UNICAMP. Arthur Hiei Kose – 2ª B
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São Paulo, 23 de agosto de 2017 Boa tarde, professor Paulo Paula, tudo bem? Li seu post no Facebook em relação aos cotistas que ingressam na UNICAMP e decidi, como também sou professor, me posicionar. Leciono na USP e, meu colega, sou negro. Passei por diversas discriminações ao longo da minha vida, tanto na faculdade quanto na área em que trabalho e fui privado inúmeras vezes de realizar atividades que conquistei com esforço, devido a minha etnia. Hoje, vejo nas salas onde dou aula preconceito que, quando estava sentado nas mesmas cadeiras, experimentei na minha própria pele (negra!). Agora que o STF adotou as cotas raciais na universidade como algo constitucional, o assunto que me acompanhou pela fase universitária voltou a ter destaque. Primeiro, dizem que o nosso atual sistema de vestibular é baseado na meritocracia: aqueles que se esforçam durante o período escolar passam nas melhores universidades, enquanto aqueles que não se esforçam não passam. Uma questão de capacidade. Porém, a realidade não é dessa maneira. O sistema de ingresso em universidades está atrelado a oportunidades. Aqueles que tiveram a oportunidade de ter acesso a um bom ensino ingressam em boas universidades, enquanto que os que não tiveram, não ingressam. Logo, o ensino de qualidade não é para todos e, então, o vestibular supostamente meritocrático é falho. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ipea, demorariam 50 anos para que a educação de base fosse de qualidade. Como essa melhora não ocorre do dia para a noite, seria primordial que o Estado oferecesse à população que se prejudica nessa área, por não ter prioridade, maneiras de não saírem em uma desvantagem tão discrepante: as cotas! Portanto, Paulo, a sua posição em relação à UNICAMP, afirmando que é uma faculdade para a elite cultural do país, não fere apenas o direito à igualdade presente na democracia, mas contribui para um Brasil que priva, através do racismo, o acesso à educação de qualidade a todos. Ser a favor das cotas não é como você disse, aceitar vagabundos, é dar as mesmas oportunidades aos alunos, enquanto o sistema de educação de base não fornece. Por isso, lhe digo: incentive os estudantes negros, as cotas e a igualdade e, assim, incentivará seus alunos a pensarem da mesma maneira, cumprindo sua função como um educador. Atenciosamente, Marcelo Souza Beatriz Bim – 2ª A
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Produção Textual 2017
São Paulo, 23 de agosto de 2017 Caro colega Paulo Paula, Venho, por meio desta, me posicionar em relação a um comentário feito por você para o reitor da UNICAMP, no qual você comentava que a universidade é somente direcionada à elite cultural do país, se referindo aos alunos cotistas como vagabundos. Como dois educadores e profissionais conscientes da situação atual da educação pública brasileira, fiquei intrigada com o seu descaso para com as desigualdades sociais que vemos todos os dias nas universidades. É um fato que negros, pardos e indígenas não compõem a maioria das nossas salas de aula e que a constante ignorância do corpo docente e do Estado nos trazem a verdadeira elitização da educação. Com a nossa ilusória meritocracia, muitos, incluindo você, veem as cotas como uma tentativa de roubo de vagas daqueles que tanto se esforçaram. O problemático é enxergar o privilégio que antecede qualquer entrada na universidade: o ensino básico e médio de qualidade que, no Brasil, se resume ao ensino privado. A medida das cotas é somente uma reafirmação da precariedade do ensino público brasileiro e uma tentativa de dar a oportunidade de uma boa educação para os que não tiveram a condição de arcar com as despesas de uma escola particular. É preciso criar um modelo de representação das minorias que as cotas atendem para incentivar os menos favorecidos e para mostrar que a ascensão social e intelectual é possível para todos os cidadãos, e o primeiro incentivo deveria vir de nós, professores, que nos comprometemos com a educação e a formação dos alunos brasileiros como cidadãos conscientes e indivíduos atuantes. Do contrário disso, o exemplo que estaríamos dando é o de que o mundo pertence aos privilegiados e que a educação superior brasileira é restrita a certos grupos sociais. Diante, portanto, da falta de infraestrutura do Estado, a medida provisória das cotas deve ser adotada nas universidades. Todos os cidadãos têm direito à educação e, diferentemente do pensamento elitista, excludente e preconceituoso de um professor como você, a escassez de renda não é uma razão aceitável e democrática para impedir negros, pardos e indígenas de ingressarem na educação superior. Atenciosamente, Regina Augusto, professora da USP Clara Helena V. F. do Valle – 2ª A
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São Paulo, 23 de agosto de 2017 Caro Professor Paulo Paula, Em todos os anos em que lecionei em faculdades, sempre mantive contato com todo o corpo docente e, honestamente, nunca vi uma declaração tão infundada como a sua vinda de um educador. O seu post sobre ingresso de cotistas na UNICAMP me fez imaginar quem o senhor acha que é para julgar todos os cotistas como “vagabundos”. Sua concepção de “elite cultural” é baseada num cenário usual no Brasil. Em sua maioria, aqueles que frequentam instituições de ensino de qualidade são brancos e isso se dá devido a uma herança histórica desde a época da escravidão (na qual os negros eram inferiorizados). Mas a consequência desse cenário é a desigualdade de oportunidades, na qual os brancos possuem vantagem por causa de sua base de ensino. A partir do momento em que o senhor diz que as vagas universitárias devem ir apenas para essa “elite cultural”, o senhor está consentindo com a exclusão social e negando a dívida histórica com os negros. As cotas servem para garantir que aqueles que não tiveram acesso a uma escola de qualidade possam, por mérito próprio, ter ao menos a oportunidade de concorrer de modo mais justo ao ingresso no Ensino Superior. Chamar aqueles que estão apenas tentando se igualar aos direitos de quem tem renda o suficiente para investir em estudos de algo nível de “vagabundos” me soa um tanto quanto preconceituoso, pois dessa maneira o senhor compactua com a ideia de que aqueles que têm mais dinheiro (consequentemente os brancos, em sua maioria) merecem direitos e privilégios e os negros não. Espero que com minha carta o senhor repense sua fala e veja o preconceito que está contido nela. Grato João Souza Victoria Antunes – 2ª B
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DISSERTAÇÃO 3ª série
A proposta pressupunha discutir a atualidade da corrupção no Brasil problematizando sua naturalização no cotidiano brasileiro. A ideia era os alunos discutirem por que haveria a crença de que a prática da corrupção é algo inerente à cultura brasileira. Produção Textual 2017
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A cordialidade brasileira Na atual situação política brasileira, a palavra “corrupção” estampa as manchetes de jornais com muita frequência, o que gera um sentimento de indignação na população brasileira, porém nenhuma surpresa. Isto, pois a corrupção no Congresso já era algo tido como natural e, sendo a política um reflexo da nossa sociedade, temos a corrupção fora das urnas como algo naturalizado também. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, o início da corrupção na sociedade brasileira aconteceu em seu passado colonial, quando surgiram afeto e proximidades indevidas em relações de trabalho, o que abriu brechas para a cordialidade, ou seja, tirar proveito da sua relação com o outro. Por ser uma herança tão antiga, ela foi naturalizada na forma do “jeitinho brasileiro”, uma corrupção tão comum que passa despercebida por muitos. Por vivermos em uma sociedade de privilégios, uma pequena corrupção (que nada mais é do que para sair privilegiado de alguma situação) pode passar despercebida. Isto ocorre pois a maioria dos inseridos nessa sociedade já possui ou busca por privilégios. Portanto, o primeiro passo para um possível extermínio dessa corrupção na sociedade brasileira é reconhecer sua existência como algo naturalizado, que deve ser repreendida quando for observada nos outros ou em você mesmo. É necessário também um fortalecimento do nosso Estado de direito de forma que existam regras claras de conduta e aqueles que não as seguirem sejam punidos. E, por último, devem ser realizadas companhas como a “Global Financial Integrity” que combate lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e outros diversos tipos de corrupção. Ana Clara Cervone – 3ª A
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Corrupção: um problema cultural Uma das características tipicamente reconhecidas na sociedade do Brasil é o famoso “jeitinho brasileiro”. Ser brasileiro acaba por transmitir uma ideia de um sujeito dotado de malandragem, lábia, uma pessoa que leva vantagem. Sendo isto o jeitinho brasileiro, podemos identificar na sociedade brasileira uma conduta de vida maliciosa e naturalizada, que pode ser compreendida como um fator presente na cultura nacional. Dessa forma, a corrupção na sociedade brasileira é um problema cultural. A corrupção não é exclusiva ao governo nacional; ela está presente também no cotidiano do convívio social. As pessoas nascem, crescem e morrem em meio a pequenas e grandes corrupções. Evidencia-se o “jeitinho brasileiro” como uma potencial característica a ser aderida pelo indivíduo que se insere no meio social nacional pois ele está não somente nas vivências do dia a dia, mas também no comércio, no lazer, em obras literárias como Memórias de um Sargento de Milícias e até no próprio futebol nacional, que é notório pelo drible, pela enganação e pelo jogo de cintura. A corrupção está tão fundida com a cultura nacional que as repercussões e os discursos de reprovação aos atuais escândalos de corrupção são, em certa medida e sem generalizar, um ato de hipocrisia, afinal, os processos de julgamento são demasiadamente procrastinados e muitos dos criminosos acabam em prisão domiciliar, o que transparece um certo senso de impunidade. A própria delação premiada é uma malandragem, pois é uma forma de sofrer menos por crimes cometidos. Sendo assim, para combater a corrupção, é necessário haver uma ressignificação cultural. Pode-se começar com ajustes nas produções literárias e no cinema que muitas vezes divulgam o jeitinho brasileiro como algo positivo, uma reestruturação da mídia para que ela evidencie mais os atos corruptos enfatizando sua reprovação. Por fim, com uma mudança gradual na cultura da sociedade brasileira, haverá de ocorrer uma reorganização e manutenção da gestão e da composição governamental do país. Byron Hans Brito Okenna Egonu – 3ª B
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Democracia Cordial O Brasil considera-se um país democrático e um Estado de Direito, ou seja, que garante a igualdade de todos perante a lei. No entanto, será mesmo que esse Estado de Direito é para todos? Desde os cargos mais altos até a base da sociedade brasileira existe uma confusão entre o meio pessoal e íntimo com o dever público, e assim essa característica cordial da sociedade brasileira invalida o exercício da democracia e abre brechas para atos corruptos. Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, existem dois espaços sociais: o público, teoricamente regido pela formalidade, regras e ações pragmáticas; e o privado, sendo o espaço pessoal, íntimo e cordial. O modo como isso ocorre na sociedade brasileira é que as relações do meio privado “transbordam” para o público, o que acarreta uma série de falhas no sistema democrático, pois aqueles que são amigos são privilegiados ou pouco afetados pelas consequências de seus atos em relação a outros. Basicamente, a política no Brasil não é feita com base nas normas e leis que regem uma democracia, e sim por meio das relações pessoais e de interesse que ultrapassam o compromisso com o coletivo. Infelizmente, essa característica cordial da política do país não é atual. Nas décadas de 1920 e 1930, havia a chamada política do café com leite, baseada na intercalação do poder presidencial entre Minas Gerais e São Paulo, que eram os principais polos econômicos da época. Essa centralização política era mantida a partir de alianças de interesse entre as oligarquias paulista e mineira para manterem seu poder político e econômico. O que melhor sintetiza essa situação é a frase “para os amigos tudo, aos inimigos a lei”. Esse comportamento nunca será extinguido se todas as camadas sociais não tiverem a plena clareza do que significam Estado de Direito e democracia. São necessárias campanhas que provoquem uma reflexão para todos acerca do tema para que haja uma consciência do envolvimento pessoal (e não só de políticos) na corrupção e que se perceba a necessidade de saber quando colocar as relações afetivas antes dos deveres de cidadão. Gabriela Maia – 3ª A
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Corrupção: um espelho Atualmente, encontram-se em qualquer fonte de notícias brasileira muitas informações e notícias sobre casos de corrupção na política. A população do país tem se preocupado cada vez mais com esses casos, dentre os quais podem ser citados o Mensalão e a Lava Jato, entre muitos outros. Porém, como essa preocupação se constrói, se o sistema político brasileiro é definido como uma democracia representativa? Os políticos são representantes da população que os elege. Portanto, se a grande maioria dos políticos está envolvida em casos de corrupção, significa que a corrupção está presente na sociedade. Uma definição simplória de corrupção está no campo do “levar vantagem”. Podese dizer que qualquer ato que coloca algum indivíduo em uma situação injustamente vantajosa em relação a outrem é um ato de corrupção. Porém, pequenas corrupções não são vistas na sociedade como corrupção. Na visão da sociedade, estes “pequenos” atos são normalizados, vistos como algo dentro do “jeitinho brasileiro” que “todo brasileiro possui” – fruto da cordialidade presente nessa sociedade. Porém, toda sociedade tem que visar ao bem comum e o Estado, teoricamente, garante isso pelas leis: na teoria, as leis são iguais a todos, e todos sãos iguais perante a lei. Os atos de corrupção, incluídas as pequenas corrupções muito presentes na sociedade brasileira, são atos que colocam um indivíduo acima dos demais, quebrando a equidade da lei e a própria função principal da sociedade, de visar ao bem comum, uma vez que são colocados desejos individuais, como o desejo de levar vantagem, acima dos direitos coletivos, dada pela equidade da lei. Assim, temos essa reflexão na política: primeiramente temos cidadãos corruptos, depois, políticos corruptos. Se a população é corrupta, os políticos serão corruptos, uma vez que também são parte dessa população. As únicas diferenças são a escala e o fato de que a corrupção na política é criminalizada. E é na própria criminalização que está presente a solução para este problema: como a sociedade vê o problema como atos normais, uma criminalização institucional das pequenas corrupções ajudaria a mudar a visão desta, uma vez que isso tornar-se-ia oficialmente um crime. Essa criminalização também serviria para punir aqueles que, se colocando acima das leis, vão sutilmente quebrando a lei. Guilherme de Mello Ferreira – 3ª A
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A expressão da cordialidade Os casos de corrupção que eclodiram ao longo dos últimos anos evidenciam que a corrupção presente na sociedade brasileira não se expressa em condições raras e isoladas; esta, por sua vez, revela-se enquanto um fenômeno de ordem estrutural, associado a uma lógica de formação brasileira que consolidou, com o decorrer do tempo, a sobreposição dos interesses individuais e privados em relação aos interesses coletivos e públicos. Como estudou o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o funcionamento da sociedade brasileira está intrinsecamente ligado à cordialidade, ou seja, as relações públicas estão preponderantemente marcadas pelo campo da afetividade e pelos interesses e desejos da vida privada. Esta lógica leva não apenas à construção de uma sociedade individualista – o que impossibilita o exercício da coletividade –, como também impede a atuação plena e não arbitrária das instituições do poder público – já que, inclusive, estas também são regidas por interesses individuais. Desta forma, consolida-se uma estrutura de funcionamento que é permeada de atos individuais que preconizam os interesses coletivos, associada a instituições de poder público atuantes a favor de interesses privados e, também, a um sistema que, regido pelas condições da cordialidade, não efetiva a aplicação de leis a todos – incluindo o poder público. Este conjunto impossibilita que uma sociedade coletiva e democrática, de fato, seja construída. Há, portanto, a necessidade de restabelecer uma lógica de funcionamento que abandone os princípios da afetividade e da cordialidade, possibilitando que as relações públicas sejam pautadas nos interesses coletivos e não na arbitrariedade, consolidando, assim, uma sociedade de maior liberdade e igualdade. Maria Luiza de Oliveira Jorge – 3ª A
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