FUTEBOL, CULTURA E POLĂ?TICA Ofertas Formativas Ampliadas
FUTEBOL, CULTURA E POLÍTICA
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EDITORIAL
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AS NOVAS ARENAS
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PANORAMA DO FUTEBOL FEMININO BRASILEIRO
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FUTEBOL E TRANSFERÊNCIAS
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A GUERRA ÉTNICA NO FUTEBOL
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O USO DA NEUROLINGUÍSTICA NO TREINAMENTO DE FUTEBOL
FUTEBOL, CULTURA E POLÍTICA
EDITORIAL Durante o ano de 2014, a oficina foi realizada com o objetivo de ajudar entender e refletir sobre as diversas maneiras que o futebol (esporte mais popular do país) afeta a sociedade e de que forma participa da formação de sua cultura. Nos encontros, lemos, assistimos e compartilhamos materiais que buscavam compreender o futebol como uma manifestação que vai além do jogo, serve como prisma para a compreensão do Brasil. Na visita que realizamos ao Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu, foi possível verificar uma certa adulação ao futebol brasileiro, numa provável tentativa de reforçar um sentimento nacionalista, uma vez que o museu enxerga o futebol brasileiro como o “melhor do mundo”. Ir a um jogo do Juventus, na tradicional Rua Javari, pós copa do mundo de 2014, serve como uma aula sobre cultura local e cultura global, verificando suas contradições e idiossincrasias. Depois dessas vivências e discussões, cada participante da Oficina escolheu um tema que lhe interessava, dentro de uma variedade imensa que o futebol proporciona, e escreveu um pequeno texto sobre o assunto. Os textos estão nessa publicação, primeira de muitas. Esperamos que gostem, pois afinal.... Futebol se discute. Saudações Professor Uyrá Lopes dos Santos e alunos Gabriel Brode, João Abdalla, Luigi Portugal, Maria Luíza Flório, Nicolau Frota e Tadeo Frota.
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AS NOVAS ARENAS Por João Abdalla No ano de 2014, o Brasil sediou o maior evento futebolístico do mundo, a Copa do Mundo FIFA. Grandes investimentos, com críticas proporcionais, foram feitos durante o período de preparo para o evento. Muitas das obras foram superfaturadas, algumas delas também criticadas por serem supostamente desnecessárias para o melhor andamento da Copa do Mundo no país. Sem analisar o balanço do evento em si, este artigo tratará de analisar, através de dados das regiões que receberam jogos do evento, o que ele diz sobre a disparidade de desenvolvimento em nosso país, tanto politicamente, quanto socialmente e até futebolisticamente. ARENA: ARENA AMAZÔNIA • Número de assentos: 40.549 • Custo de construção (previsto): R$ 515 milhões • Custo de construção (real): R$ 669,5 milhões • Número de jogos na copa: 4 jogos → Inglaterra X Itália; Camarões X Croácia; EUA X Portugal; Honduras X Suíça. Estado: Amazonas • População: 3.873.743 habitantes • PIB: 64,555 bilhões • Expectativa de vida: 72,2 anos • IDH: 0,674 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 0 • Times na série B: 0 • Times na série C: 0 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Nenhum
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ARENA AMAZÔNIA ARENA: ARENA FONTE NOVA • Número de assentos: 51.900 • Custo de construção (previsto): R$ 591,7 milhões • Custo de construção (real): R$ 689,4 milhões • Número de jogos na copa: 6 jogos → Espanha X Holanda; Alemanha X Portugal; Suíça X França; Bósnia e Herzegovina X Irã; Bélgica X EUA; Holanda X Costa Rica. Estado: Bahia • População:15.126.371 habitantes • PIB: R$ 159,869 bilhões • Expectativa de vida: 72,3 anos • IDH: 0,660 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 2 • Times na série B: 0 • Times na série C: 0 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Dante, Daniel Alves.
FUTEBOL, CULTURA E POLÍTICA ARENA: ESTÁDIO CASTELÃO • Número de assentos: 60.342 • Custo de construção (previsto): R$ 623 milhões • Custo de construção (real): R$ 518,6 bilhões • Número de jogos na copa: 6 jogos → Uruguai X Costa Rica; Brasil X México; Alemanha X Gana; Grécia X Costa do Marfim; Holanda X México; Brasil X Colômbia. Estado: Ceará • População: 8.842.791 habitantes • PIB: R$ 87,982 bilhões • Expectativa de vida: 72,4 anos • IDH: 0,682 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 0 • Times na série B: 2 • Times na série C: 1 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Nenhum.
ARENA: ESTÁDIO NACIONAL MANÉ GARRINCHA • Número de assentos: 69.349 • Custo de construção (previsto): R$ 745,3 milhões • Custo de construção (real): 1,4 bilhão • Número de jogos na copa: 7 jogos → Suiça X Equador; Colômbia X Costa do Marfim; Camarões X Brasil; Portugal X Gana; França X Nigéria; Argentina X Bélgica; Brasil X Holanda. Estado: Distrito Federal • População:2.852.372 habitantes • PIB:R$ 149,906 bilhões • Expectativa de vida: 75,6 anos • IDH: 0,824 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 0 • Times na série B: 0 • Times na série C: 0 • Jogadores, nascidos no estado, na seleção: Nenhum
ARENA: ARENA PANTANAL • Número de assentos: 41.112 • Custo de construção (previsto): 454,2 milhões • Custo de construção (real): 646,5 milhões • Número de jogos na copa: 4 jogos → Chile X Austrália; Rússia X Coréia do Sul; Nigéria X Bósnia e Herzegovina; Japão X Colômbia Estado: Mato Grosso • População: 3.224.357 habitantes • PIB: R$ 71,418 bilhões • Expectativa de vida: 72,5 anos • IDH: 0,725 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 0 • Times na série B: 1 • Times na série C: 1 • Jogadores, nascidos no estado, na seleção: Nenhum.
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FUTEBOL, CULTURA E POLÍTICA ARENA: MINEIRÃO • Número de assentos: 58.170 • Custo de construção (previsto): R$ 426,1 milhões • Custo de construção (real): R$ 695 milhões • Número de jogos na copa: 6 jogos → Colômbia X Grécia; Bélgica X Argélia; Argentina X Irã; Costa Rica X Inglaterra; Brasil X Chile; Brasil X Alemanha. Estado: Minas Gerais • População: 20.734.097 habitantes • PIB: R$ 351.381 bilhões • Expectativa de vida: 75,1 anos • IDH: 0,731 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 2 • Times na série B: 2 • Times na série C: 1 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Bernard, Fred. ARENA: ARENA DA BAIXADA • Número de assentos: 39.631 • Custo de construção (previsto): R$ 184,5 milhões • Custo de construção (real): R$ 326,7 milhões • Número de jogos na copa: 4 jogos → Irã X Nigéria; Honduras X Equador; Austrália X Espanha; Argélia X Rússia. Estado: Paraná • População: 11.081.692 habitantes • PIB: R$ 217,29 bilhões • Expectativa de vida: 74,9 anos • IDH: 0,749 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 2 • Times na série B: 1 • Times na série C: 0 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Henrique, Fernandinho.
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ARENA: ARENA PERNAMBUCO • Número de assentos: 42.610 • Custo de construção (previsto): R$ 529,5 milhões • Custo de construção (real): R$ 532,6 milhões • Número de jogos na copa: 5 jogos → Costa do Marfim X Japão; Itália X Costa Rica; Croácia X México; EUA X Alemanha; Costa Rica X Grécia. Estado: Pernambuco • População: 9.277.727 habitantes • PIB: R$ 104,394 bilhões • Expectativa de vida: 71,1 anos • IDH: 0,673 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 1 • Times na série B: 2 • Times na série C: 1 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Hernanes. ARENA: ESTÁDIO DO MARACANÃ • Número de assentos: 74.738 • Custo de construção (previsto): R$ 600 milhões • Custo de construção (real): R$ 1,05 bilhão • Número de jogos na copa: 7 jogos → Argentina X Bósnia e Herzegovina; Espanha X Chile; Bélgica X Rússia; Equador X França; Colômbia X Uruguai; França X Alemanha; Alemanha X Argentina. Estado: Rio de Janeiro • População: 16.471.173 habitantes • PIB: 462,376 bilhões • Expectativa de vida: 74,1 anos • IDH: 0,761 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 3 • Times na série B: 1 • Times na série C: 3 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Júlio César, Thiago Silva, Marcelo, Ramires.
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ARENA MINEIRÃO
ARENA PERNAMBUCO
ARENA: ESTÁDIO DAS DUNAS • Número de assentos: 39.971 • Custo de construção (previsto): R$ 350 milhões • Custo de construção (real): R$ 400 milhões • Número de jogos na copa: 4 jogos → México X Camarões; Gana X EUA; Japão X Grécia; Itália X Uruguai. Estado: Rio Grande do Norte • População: 3.408.510 habitantes • PIB: R$ 36,103 bilhões • Expectativa de vida:74,0 anos • IDH: 0,684 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 0 • Times na série B: 2 • Times na série C: 0 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Nenhum
ARENA ESTÁDIO DO MARACANÃ
ARENA ESTÁDIO BEIRA RIO
ARENA: ESTÁDIO BEIRA RIO • Número de assentos: 43.394 • Custo de construção (previsto): R$ 130 milhões • Custo de construção (real): R$ 350 milhões • Número de jogos na copa: 5 jogos → França X Honduras; Austrália X Holanda; Coréia do Sul X Argélia; Nigéria X Argentina; Alemanha X Argélia. Estado: Rio Grande do Sul • População: 11.207.274 habitantes • PIB: R$ 252,483 bilhões • Expectativa de vida: 75,7 anos • IDH: 0,746 Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 2 • Times na série B: 0 • Times na série C: 2 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Maicon.
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ARENA: ARENA CORINTHIANS • Número de assentos: 63.321 • Custo de construção (previsto): R$ 820 milhões • Custo de construção (real): R$ 1,2 bilhão • Número de jogos na copa: 6 jogos → Brasil X Croácia; Uruguai X Inglaterra; Holanda X Chile; Coreia do Sul X Bélgica; Argentina X Suíça; Holanda X Argentina. Estado: São Paulo • População: 44.035.304 habitantes • PIB: 1,349 trilhões • Expectativa de vida: 74,8 anos • IDH: 0,783
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Desenvolvimento do Futebol no Estado: • Times na série A: 4 • Times na série B: 4 • Times na série C: 4 • Jogadores da seleção de 2014, nascidos no estado: Jefferson, Victor, David Luiz, Luiz Gustavo, Paulinho, Willian, Oscar, Jô, Neymar.
FUTEBOL, CULTURA E POLÍTICA Como podemos observar em um panorama geral, com exceção do Castelão, no Ceará, e da Arena Pernambuco, em Pernambuco, o custo para as obras dos estádios que sediaram a copa do mundo foi altamente superfaturado. O custo para as obras no Beira Rio foi 169,2% maior em relação ao previsto (de 130 milhões para 350 milhões de reais), enquanto os custos para a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha foi 654,7 milhões de reais a mais do que o previsto (de 745,3 milhões para 1,4 bilhão de reais). Em média, o custo para a construção dos estádios (8,478 bilhões de reais) foi 42% maior do que o previsto (5,969 bilhões de reais). Isso pode nos indicar a baixa qualidade dos estudos feitos para a realização dos empreendimentos, bem como a baixa qualificação do trabalho empreendido nas obras, realizadas às pressas, o que resultou em acidentes como a queda de um guindaste durante a construção da Arena Corinthians. Não seria também exagero pensar que, na construção desses grandes empreendimentos, alguns grandes elefantes brancos, alguns dos responsáveis aproveitaram o superfaturamento iminente e desviaram parcelas das verbas para os estádios.
Com os dados coletados, podemos também observar uma grande regionalização na própria Copa do Mundo, similar à observada em relações socioeconômicas entre estados e regiões. Das 12 sedes, 5 se localizam nas regiões Sul e Sudeste, que tiveram 28 jogos no total, contando com as 2 semifinais e a final, esses 3 jogos realizados nos estados da região Sudeste. Foram empreendidos nesses 5 estádios 43% das verbas para todas as obras realizadas, sendo que em sua maioria (exceção da Arena Corinthians, em São Paulo) eram somente reformas. Também podemos observar tal regionalização na própria escalação para a seleção, na qual 19 dos 23 jogadores convocados nasceram nas regiões Sul ou Sudeste (todos os 18 citados acima e Maxwell, nascido no Espírito Santo). Todavia, essa regionalização na convocação se deve, principalmente, à disparidade no desenvolvimento futebolístico entre as regiões brasileiras. Essa disparidade entre estados brasileiros pode ser atribuída à diferença de poder econômico, histórico e social entre eles, fazendo com que as potências geopolíticas e socioeconômicas brasileiras tenham maior destaque nesse cenário. Treze dos vinte times da elite brasileira de futebol se localizam nas regiões Sul e Sudeste, e eles hegemonizam tal campeonato desde 1989, sendo sempre campeões os times dessas regiões. A Copa do Mundo serviu para mostrar não somente o atraso de nosso futebol com relação ao futebol das novas potências futebolísticas (comprovado que não somos mais o “país do futebol”), mas também para, desde seu planejamento até sua execução, mostrar que nosso país apresenta graves diferenças de desenvolvimento. Regiões mais bem desenvolvidas e com maior apelo ao estrangeiro foram, como sempre, valorizadas com relação a outros retratos da realidade regional brasileira.
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PANORAMA DO FUTEBOL FEMININO BRASILEIRO Por Maria Luíza Flório Neste ano de 2014, o Brasil sediou o maior evento futebolístico de todo o mundo: A Copa do Mundo. Tradição mundial a cada 4 anos, durante um mês, a atenção das mídias nacionais e internacionais ficaram voltadas para esse grandioso evento, que foi coberto por mais de 22 emissoras de rádio. Também tradição, um ano depois da copa do mundo, é a copa do mundo de futebol feminino. A primeira edição do evento foi realizada em 1991, reunindo 16 seleções. A seleção brasileira de futebol masculino é a seleção com maior número de campeonatos mundiais, sendo, no total, 5 vezes campeão. No entanto, a seleção de futebol feminino nunca foi campeã mundial. Em 6 edições, a seleção chegou apenas em terceiro e segundo lugar. O Brasil, em 6o lugar no ranking mundial, conta com a camisa número 10, Marta, considerada a melhor jogadora do mundo 5 vezes consecutivas. Jogando pelo FC Rosengård da Suécia, já se apresentou por alguns times brasileiros, Vasco da Gama, Santos e Santa Cruz. O futebol feminino sofre, além do preconceito, problemas de investimento, como, por exemplo, a falta de clubes. Alguns clubes possuem boas estruturas. Um deles é o Santos, porém o time de futebol feminino e o futsal foram cortados para investirem altos preços na permanência de Neymar, no time da baixada santista.
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Com condições muito limitadas e sem ao menos um campeonato brasileiro regular, algumas jogadoras são obrigadas a jogarem fora do país, em locais com mais estrutura para tal, ou até mesmo a jogar futsal (caso de Andressa, 19 anos, meia da seleção). Em entrevista, o ex-técnico da seleção de 2004, René Simões, diz que a seleção é o patinho feio da CBF. “No primeiro dia que eu queria usar a sala de musculação, eu recebi a informação do gerente da Granja (Granja Comary, local de concentração da
seleção, em Teresópolis) que a sala de musculação era para a seleção principal. Só ela que usa. Os outros deveriam usar aquela aparelhagem que está lá dentro do vestiário. Pois eu disse: ‘Então abre a porta, porque a seleção principal está aqui. Só que essa é a feminina.’ E ele ficou meio assim e eu continuei: ‘Abre a porta, senão eu arrombo!’” Vadão, atual técnico da seleção, acredita que, se o futebol feminino fosse implantado em escolas desde o infantil, o número de talentos aumentaria, a estrutura melhoraria e o preconceito diminuiria.
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FUTEBOL E TRANSFERÊNCIAS Por Gabriel Brode Um dos assuntos que gostamos muito de saber e pesquisar no futebol, além de sentir a vibração e a emoção dos jogos, são as transferências dos jogadores, de nossos clubes de coração para rivais ou até para clubes de extrema importância na Europa. Nessas transferências, ficamos chateados por jogadores que são bons e de que gostamos no nosso time saírem, pois aceitam contratos milionários e dizem que têm amor pelo time, como, por exemplo, o zagueiro Marquinhos, ex-Corinthians, que disse que nunca sairia do seu ex-clube, mas aceitou um contrato do PSG de 97 milhões de reais. Um outro exemplo é Oscar, que estava jogando bem no Internacional e havia dito que não gostaria de sair, mas aceitou um contrato com o Chelsea de 79 milhões de reais. Então pensamos...Será que é certo vender promessas do nosso futebol para o exterior, para depois serem chamados de craques de verdade? É a grande dúvida que temos hoje em dia. Pensamos que Neymar, quando estava no Santos, era chamado por alguns, como o “Pelé do futuro”. Quando foi para o Barcelona, estava abaixo de Messi e Iniesta e teve a opinião mudada por brasileiros, com algumas atuações ruins, sem a criatividade que tinha no Brasil, quando jogava por música. Agora está jogando melhor, tentando ficar no mesmo patamar das estrelas do time catalão. Ao contrario de Lucas, que no PSG, está sem espaço, porque compete vaga com Lavezzi e Pastore, além de não estar jogando bem. Ele teve uma proposta da Inter de Milão, mas não aceitou, pois disse que queria ganhar títulos com o seu clube. Um outro problema, relacionado a transferências, é o caso quando um time tem muitas estrelas juntas. Como o Real Madrid, que atualmente tem em seu elenco: Cristiano Ronaldo, James Rodriguez, Bale e Karim Benzema, realmente é um ataque muito forte.
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O problema é que, às vezes, os jogadores brigam entre si para terem um espaço no clube, o que pode acabar com a saída de um jogador ou outro, revoltando a torcida. Com essas transferências, pode-se ver que Real Madrid, PSG, Manchester City, Barcelona, entre outros grandes clubes, têm uma quantidade muito grande de dinheiro para comprar jogadores, por causa de vendas, patrocínios, propagandas dos próprios jogadores. Concluímos dizendo que transferências podem ser boas ou ruins para os clubes, dependendo de que “parte’’ o time está carente, além de pensar o quanto irá pagar por tal jogador. Tendo em conta que, se o time tiver várias estrelas, o técnico terá que quebrar a cabeça para colocar todos. E que os craques dos times devem pensar se vale a pena trocar seu clube de coração, onde está jogando bem, por um contrato milionário de um grande time, onde poderá jogar mal. O que você faria?
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A GUERRA ÉTNICA NO FUTEBOL Por Luigi Portugal e Tadeo Frota O racismo é algo que sempre se viu presente no futebol brasileiro, porém a forma como ele está presente foi se modificando com o passar do tempo.
DIAS DE HOJE Atualmente, o preconceito, além de continuar, se agravou e virou algo muito mais pesado e explícito; xingamentos e gestos tomam conta de boa parte da torcida não só brasileira, mas em todo o mundo.
O PRINCÍPIO Nos primórdios do futebol no Brasil, quando fora introduzido aqui pelos ingleses, o racismo estava presente, mas não muito claramente. Futebol era um esporte de brancos, ricos. Era algo “chique”. Por conta disso, a presença de negros em times era praticamente inexistente, assim como a sua presença nas arquibancadas.
Nessa imagem vemos o jogador Tinga chorando, após uma lamentável cena de preconceito. Em uma partida de seu time, Cruzeiro, contra Real Garcilaso, os torcedores do time peruano gritaram, em coro, barulhos respectivos a um macaco, com o intuito de provocar o jogador cruzeirense. O jogo se encerrou mais cedo por conta do ocorrido, e o time peruano teve de pagar uma multa de cerca de quinze mil reais. Nesta imagem, vemos o time inglês Corinthians Football Club, em 1906, que em uma visita ao Brasil foi fonte de inspiração para a criação do atual time brasileiro, o Sport Club Corinthians Paulista. Vê-se, na foto, que o futebol era algo de gente “chique” e quase algo exclusivo de brancos.
Há diversos casos como esse espalhados pelo mundo, ocorrendo com uma frequência cada vez maior. As fotos a seguir são dos casos com os jogadores Roberto Carlos e Daniel Alves, respectivamente, em que torcedores atiraram bananas para eles no campo.
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A PUNIÇÃO Algo que vem crescendo junto com o preconceito são os tipos de punição com os preconceituosos. Apesar de existir muitos casos de racismo, a punição é praticamente inexistente, a luta por essa resposta ser maior vem crescendo, e a raiva da população com atitudes preconceituosas também. Temos o recente caso com o goleiro Aranha, como exemplo. Em um jogo do Grêmio contra o Santos, o time gaúcho, que era o mandante do jogo, teve diversos torcedores xingando o goleiro de macaco. Uma rede televisiva flagrou uma mulher xingando e, como era de se esperar, a imagem foi parar nas redes sociais, jornais, etc. Após a imagem ser espalhada, a mulher foi enormemente xingada e houve grandes sequelas para a vida dela. Acabou por ser demitida de seu trabalho, ficou conhecida por ser uma pessoa cruel, preconceituosa. Além desse tipo de repreensão, no mesmo caso do goleiro, o time gaúcho acabou sendo eliminado do torneio por conta do fato, o que comprova que a repreensão está crescendo CONCLUSÃO No final, podemos dizer que o racismo ou o preconceito no futebol está virando algo frequente, porém, ao que parece, é algo que, com o passar dos anos, está para melhorar. Podemos dizer isso pelo próprio modo de as pessoas reagirem com o preconceito. É possível ver um avanço no modo de pensar da sociedade.
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“Nos primórdios, no nosso ‘esporte nacional’, ainda não era comum jogar banana ou xingar um jogador negro de “macaco” nos campos de futebol. Naquela época, futebol era coisa de branco e rico. Introduzido no Brasil pelos ingleses que aqui chegaram, no futebol não se admitia mulato ou negro nos campos, e nas arquibancadas eram raridade. Era o Brasil onde o futebol tinha um sentido aristocrático. Era ‘coisa de bacana’”. - Julio Ribeiro Xavier
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O USO DA NEUROLINGUÍSTICA NO TREINAMENTO DE FUTEBOL Por Nicolau Frota No futebol de hoje, fala-se muito de treino integrado, entre os quatro componentes do jogo. São eles: o físico, o técnico, o tático e o psicológico. Entretanto, quando se observa as periodizações de treinamento, nota-se uma preocupação muito grande com a integração de somente três dos componentes: o físico, o técnico e o tático, deixando o componente “psicológico” fora do contexto das atividades. A maioria dos treinadores está preocupada em melhorar o físico, o técnico e o tático, objetivando, assim, a melhora do rendimento da equipe. O aspecto mental muitas vezes é deixado de lado. Todos sabem que o lado mental pode - e muito - ajudar na melhora do rendimento da equipe. Nesse sentido é que acreditamos que o uso da neurolinguística pode ajudar muito. A neurolinguística é definida como a relação da linguagem com os neurônios. Mas como essa técnica ajuda o treinamento no futebol? Através dela, é possível “entrar” na mente do atleta. Através dela, é possível acelerar muito o aprendizado de algo através do pensamento, pois com essa técnica é possível “fazer o cérebro acreditar em algo”.
Em palestra realizada recentemente, durante o Curso Master em Técnica de Campo da Universidade do Futebol, em parceria com a Federação Paulista de Futebol, o fisiologista do Corinthians, Antonio Carlos Gomes, ao demonstrar a utilidade da biomecânica, citou o exemplo de um lateral que não conseguia cruzar com eficiência. Com a ajuda da biomecânica, Gomes procurou descobrir a deficiência do lateral. Particularmente, acredito que se, no caso em questão, fosse feito um trabalho com a neurolinguística, o processo seria acelerado, e o problema do lateral poderia ter sido resolvido com maior eficiência e velocidade. Dessa forma, o jogador poderia acelerar o processo de aprendizagem. E isso se justificaria até pelo pouco tempo que temos para treinar e qualificar equipes. Porém, o uso da neurolinguística não se resume a isto. Ela pode também ser usada para acelerar o entendimento de situações táticas e também para a recuperação de algumas lesões. É preciso, entretanto, ressaltar que o trabalho com a neurolinguística deve ser realizado por um profissional especializado que esteja presente no dia a dia do clube. Outro aspecto a se destacar é que a neurolinguística não é tudo; não substitui nenhum outro trabalho. Ela deve ser considerada apenas como mais uma ferramenta a ser utilizada em busca do alto rendimento.
É possível também visualizar algo ainda não realizado. Aplicado ao futebol, esses estímulos permitem fazer com que a mente vivencie situações que aceleram muito o processo de treino, melhorando a qualidade de desempenho de forma mais rápida.
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