Abril/Maio 18 Ano XI • nº 66 Publicação Bimestral
EM FOCO
9 771984 144004
00066
A revista do negócio de lubrificantes
Óleo faz a diferença para o diferencial Uma explicação técnica das vantagens da nova classificação SAE J2360 para os óleos de eixo diferencial.
Brasil importará cada vez mais básicos Como o crescente aumento da demanda por óleos de mais alta qualidade contrasta com o perfil da produção local.
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2
Editorial A revista Lubes em Foco chega ao seu 11º aniversário, celebrado em grande estilo pela Editora Onze, sua criadora, durante o principal evento de lubrificantes da América do Sul, o 8º Encontro com o Mercado. Durante esse tempo, vimos o mercado brasileiro de lubrificantes seguir uma linha contínua de crescimento e atingir seu auge, ultrapassando a marca de 1,5 milhão de metros cúbicos comercializados. Nesse mesmo período, assistimos também a uma queda vertiginosa, que fez com que seu volume voltasse ao patamar de sete anos atrás. A recuperação iniciada em 2017 e consolidada nos primeiros quatro meses de 2018 ainda mostra incertezas, acompanhando o sentimento generalizado de uma economia em luta para se manter nos trilhos, apesar dos vendavais políticos, e o descrédito em sua força. É interessante notar que, mesmo em queda volumétrica, o segmento brasileiro de lubrificantes mostrou uma constante atualização técnica e uma evolução no acompanhamento dos avanços tecnológicos de máquinas, equipamentos e também das legislações ambientais mais restritivas, em nível global. Nossas empresas continuaram buscando utilizar as melhores tecnologias de aditivos e óleos básicos, e as adaptações do mercado às restrições legais formaram uma indústria competente, com laboratórios altamente especializados e centros de pesquisa muito bem aparelhados. A indústria brasileira de lubrificantes foi se preparando ao longo do tempo para acompanhar o ritmo do desenvolvimento tecnológico, e, por isso mesmo, podemos lamentar e olhar com certa nostalgia para o nosso parque de refino, que praticamente não se moveu na mesma direção, e chega ao momento atual sem perspectivas de entregar óleos básicos de qualidade superior, como a requerida pelos modernos equipamentos. O caminho da importação de óleos básicos pode ser feito com segurança e organização, desde que um debate consistente e amplo seja realizado pelos agentes econômicos envolvidos e que se consiga um resultado equilibrado entre os grandes e pequenos atores do processo, sem prejudicar a saúde e a competitividade de um livre mercado. A Lubes em Foco pretende continuar acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, colaborando com artigos técnicos relevantes, informes atualizados do mercado e promovendo debates e discussões que iluminem cada vez mais todo o processo de desenvolvimento de um segmento que acompanha firmemente a evolução industrial. Os Editores
Publicado por: EDITORA ONZE LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 - parte CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Angela Maria A. Belmiro - reg. 19.544-90-69
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Apoio de Mídia
Sumário 6 10
Brasil no caminho da importação Um panorama da situação dos óleos básicos para o mercado brasileiro, com o aumento da demanda por grupos II e III.
Efeito da temperatura no óleo lubrificante Especialista mostra como a temperatura influi no desempenho operacional dos óleos lubrificantes.
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Toxicologia: instrumento essencial à gestão da saúde A Toxicologia como principal instrumento para diagnosticar e monitorar os efeitos dos produtos químicos sobre a saúde.
16
Os básicos do grupo III em destaque nos EUA
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SAE J2360 uma especificação que faz diferença
24
O Mercado agora no Portal Lubes
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Programação de Eventos
Editora Sênior da ICIS traz informações relevantes sobre a entrada em grande escala de óleos básicos de alto desempenho.
Uma demonstração da importância de se ter um lubrificante de desempenho superior para eixo diferencial.
Gráfico do comportamento do mercado brasileiro que irá ser disponibilizado no Portal Lubes, na aba mercado.
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MERCADO
Brasil no caminho da importação Cresce demanda por óleos básicos dos grupos II e III Por: Pedro Nelson A. Belmiro
Seguindo a tendência de recuperação já deline-
alguma apreensão quanto ao desempenho final de
ada ao término de 2017, quando conseguiu se es-
um ano repleto de dificuldades econômicas, e com o
tabilizar, o mercado brasileiro de lubrificantes expe-
desafio de uma disputa eleitoral sem previsões claras.
rimentou um crescimento, no primeiro quadrimestre
A indústria brasileira cresceu 6,9% no primeiro
de 2018, perto dos 6%, com relação ao mesmo pe-
quadrimestre de 2018, em comparação ao ano pas-
ríodo do ano anterior. Foi um desempenho bastante
sado, o que alavancou o mercado de lubrificantes,
promissor, retratando uma retomada da indústria e
nesse período. A relação é óbvia: mais atividade
também do PIB Nacional, embora inspirando ainda
industrial implica mais máquinas funcionando e, consequentemente, mais lubrificantes sendo utilizados. A indústria automotiva, que é a grande impulsionadora do
Primeiro quadrimestre
mercado de óleos e graxas, produziu e vendeu, nesses primeiros quatro me-
kg 120.000
ses de 2018, algo em torno de 21% de veículos a mais do que no mesmo
100.000
período de 2017. O Brasil também viu
80.000
2016 2017 2018
60.000 40.000 20.000 0
aumentar, em cerca de 28%, suas exportações de óleos acabados, tendo como foco principal a América do Sul. A situação dos óleos básicos
JAN
FEV
MAR
ABR
mês
Todo esse crescimento vem correlacionado com a necessidade cada vez
Evolução do mercado brasileiro de óleos lubrificantes
6
maior de óleos lubrificantes de alto de-
sempenho e viscosidades mais baixas, provocando
grupo I, e tendo em vista. que a oferta do óleo rer-
diretamente o aumento do consumo de óleos bá-
refinado de grupo II, da Lwart, apesar de crescente,
sicos dos grupos II e III. O alto desempenho é re-
é ainda incipiente para as necessidades do país, é
querido pelos equipamentos mais modernos, que
fácil entender o crescimento exponencial observa-
trabalham com temperaturas e pressões elevadas,
do nas importações de óleos básicos nesse primeiro
e geralmente com reservatórios pequenos, ou seja,
quadrimestre de 2018.
pouca quantidade de óleo. Dessa forma, alguns pa-
Os números internacionais mostram que a in-
râmetros tornam-se críticos, como a resistência ao
dústria se preparou para o aumento significativo
desgaste, formação de lama e oxidação, entre ou-
da demanda por óleos básicos de grupos II e III,
tros. As viscosidades mais baixas estão diretamente
colocando uma capacidade de produção que já ul-
ligadas ao menor consumo de combustível, conse-
trapassa a demanda atual, provocando uma super
quentemente à redução de emissões veiculares, e
oferta global desses insumos. Dessa forma, vimos os
também se tornam extremamente críticas, quando
preços caírem e se tornarem até competitivos com
uma fina película de óleo precisa ter a resistência
os básicos de grupo I, facilitando a importação por
necessária para promover a lubrificação. Esses são
mercados emergentes, que não possuem essa capa-
os principais motivos da não aceitação de óleos bá-
cidade produtiva.
sicos do grupo I nas formulações mais avançadas.
Outro ponto importante que está repercutin-
Direcionando o nosso olhar para a situação bra-
do bastante nas questões técnicas é o incremento
sileira, e considerando que das três refinarias que
cada vez maior do biodiesel nos combustíveis para
produzem óleos básicos, uma delas, a Lubnor pro-
os motores pesados, causando dificuldades no con-
21/11/17 duz apenas óleo naftênico 1(grupo V), 10:47 e as outras
trole da oxidação do óleo lubrificante. É sabido que
duas (Rlam e Reduc) produzem apenas básicos do
possíveis contaminações, mesmo em pequena esca-
Anuncio_sol-lubrificantes_saida.pdf
7
la, do óleo lubrificante pela passagem de combustível
contendo
biodiesel, vindo da câmara através
de
combustão,
dos
kg 80.000.000 70.000.000 60.000.000
cilindros,
50.000.000
aumentam o processo
40.000.000
de oxidação do óleo, com consequente for-
30.000.000
mação de depósitos, es-
20.000.000
pessamento da película
10.000.000
lubrificante e prejuízos à lubrificação. Esse problema precisa ser resol-
2017 2018
0
JAN
FEV
MAR
ABR
mês
Importação brasileira de óleos básicos – 1º quadrimestre
vido com a utilização de óleos básicos com um maior índice de saturados,
seguir atender á demanda total do país. Entretanto,
ou seja, grupos II e III. Já se observa essa preocupa-
o olhar sobre os combustíveis é mais crítico, já que
ção nas especificações europeias da ACEA, em que
estrategicamente podem paralisar o país, caso não
um teste de oxidação com combustível contendo
esteja bem estruturado e não estejam definidos os
biodiesel foi introduzido. Já se pode dizer que os
sistemas de transporte, armazenagem e estoque mí-
futuros motores a diesel não aceitarão mais óleos
nimo estratégico. O Governo Federal criou então o
lubrificantes formulados com básicos do grupo I.
Programa Combustível Brasil para avaliar os riscos de
O mercado brasileiro de lubrificantes, que fe-
abastecimento e as necessidades dos derivados de
chou o ano de 2017 em um patamar em torno dos
petróleo, contra a possibilidade de construção de no-
1,276 milhão de metros cúbicos, já obteve, em sua
vas refinarias. Nesse programa, a questão do abaste-
série histórica, marca superior a 1,5 milhão de me-
cimento não contempla necessariamente o segmen-
tros cúbicos no ano 2013, com o grande desempe-
to de lubrificantes, que é avaliado pelo grupo que
nho da indústria automobilística. Naquela ocasião,
estuda os problemas de tributação.
importamos quase 40% das necessidades de bási-
Atualmente existem algumas questões que
cos do país, e a demanda por básicos de grupos II
apontam com certa clareza para uma tendência
e III ainda não se encontrava nos patamares atuais.
cada vez maior de importação das necessidades
No ano passado, por exemplo, o Brasil importou
de óleos básicos para o Brasil. Pelos sinais eco-
um volume superior a 416 mil metros cúbicos de
nômicos apresentados tanto pelo governo como
óleos básicos, em que cerca de 72,3% eram dos
pela Petrobras, a possibilidade de construção de
grupos II e III. Assim, entende-se que o possível
refinarias vai se tornando cada vez mais distante.
crescimento do mercado de óleos acabados nos
As parcerias estrangeiras para investimentos dessa
próximos anos levará a um aumento da importação
natureza certamente necessitam de uma maior es-
de óleos básicos maior do que as proporções vistas
tabilidade política, o que só poderá ter sua prática
em anos anteriores.
visível em pelo menos mais um ano, após as defi-
Uma situação semelhante acontece com os com-
nições eleitorais, dependendo ainda das propostas
bustíveis, pois o Brasil passou a grande importador de
do novo governo. Também é importante conside-
gasolina e diesel nos últimos anos, tendo suas refina-
rar o longo tempo necessário para que uma re-
rias chegado ao limite de suas produções, sem con-
finaria possa sair do papel e entrar em operação
8
normal. E, em todo esse contexto, ainda precisa-
blema ao nosso desenvolvimento, mas que necessita
mos considerar que o olhar das autoridades com-
de uma grande discussão entre todos os agentes do
petentes se volte também para o segmento de lu-
mercado e uma reflexão constante sobre os movi-
brificantes e contemple a próxima possível refinaria
mentos futuros do mercado global, tanto industrial
com, pelo menos, uma unidade de hidrotratamen-
como automotivo. Há que se pensar também nos
to, suficiente para a produção de óleos básicos de
pequenos produtores, que não possuem condições
grupo II, e quem sabe uma unidade maior para o
de importar diretamente seus insumos e serão obri-
grupo III. A opção que chegou mais próximo disso
gados a recorrer aos importadores locais, podendo,
foi o Complexo Petroquímico do Comperj, no Rio
dessa forma, ter seus custos mais elevados.
de Janeiro, que, após a total paralisação de suas
Na verdade, o Brasil não conseguiu se anteci-
obras, deverá retomar um cronograma voltado
par à realidade do avanço tecnológico de motores
apenas para o processamento de Gás Natural.
e equipamentos, por questões políticas e econômi-
Resumindo a situação dos óleos básicos no Brasil, temos o seguinte panorama:
cas, e precisa aprender com o passado para projetar um futuro mais promissor. Seremos sim, por muito tempo ainda, importadores de óleos básicos
1- Brasil só produz básicos do grupo I;
e poderemos conviver com isso, construindo uma
2- Elevação do percentual de Biodiesel no óleo Diesel;
estratégia bem definida e monitorada, para não
3- Necessidade real e crescente dos grupos II e III;
precisarmos criar pânico, com grande expectativa
4- Grande oferta no mercado global de grupos II e III;
e rezando todas as vezes que um furacão atingir as
5- Sem perspectivas para nova refinaria no Brasil;
refinarias americanas.
6- Sem previsão de produção de básicos em uma possível nova refinaria; 7- Capacidade de armazenamento e logística de
Pedro Nelson Belmiro é Engenheiro Químico,
distribuição.
Consultor Técnico em lubrificantes, Co-autor do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial
Estamos no caminho de importar cada vez mais nossas necessidades de óleos básicos lubrificantes, o
e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP.
que pode não ser necessariamente um grande pro-
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Lubrificante Sintético para Engrenagens Aprovação GE D50E35
9
TECNOLOGIA
Temperatura afeta o óleo Como a temperatura influi no desempenho operacional dos óleos lubrificantes Por: Marcos Thadeu Giacomini Lobo
As propriedades físicas primárias dos óleos lubri-
Cisalhamento e é diretamente afetado pela viscosi-
ficantes que mais são afetadas pela temperatura são:
dade do óleo lubrificante e sua temperatura de ope-
Viscosidade, Índice de Viscosidade, Ponto de Fluidez e
ração. Os óleos lubrificantes chamados “multigraus”
as relacionadas com o tipo do óleo básico.
com menor viscosidade (“mais finos”), geralmente, terão Taxa de Cisalhamento potencialmente maior,
Viscosidade
ao passo que óleos lubrificantes de viscosidade única ou “monograus”, usualmente, terão uma Taxa de
É a mais importante consideração a ser feita quando
Cisalhamento potencialmente menor.
da seleção de um óleo lubrificante, sendo a viscosidade de um óleo lubrificante a sua habilidade em fluir ou a sua resistência interna em escoar. Por exemplo, quando um filme de óleo lubrificante se forma entre as superfícies metálicas de um mancal (rolamento ou deslizamento) e do eixo, algumas moléculas de óleo lubrificante são atraídas para a superfície do eixo, enquanto outras moléculas são atraídas para a superfície do mancal (rolamento ou deslizamento). Esse fenômeno é chamado de Taxa de
Figuras 3/4 - Viscosidade de óleo lubrificante
Visto que óleos lubrificantes de menor viscosidade e Taxa de Cisalhamento potencialmente elevada: ainda mantêm película suficientemente espessa, torna-se bastante nítido que, à medida que a temperatura de operação se eleva, o filme de óleo lubrificante poderá falhar e ocorrer contato entre as superfícies metálicas em movimento. Se a viscosidade do óleo lubrificante
Figuras 1/2 - Medição de temperatura de óleo lubrificante
10
é alta demais com uma Taxa de Cisalhamento poten-
Figura 5 - Formação de cunha de óleo lubrificante em mancal de deslizamento
cialmente baixa, a resistência interna ao escoamento
Figuras 6/7 - Temperaturas de operação extremamente baixas
Ponto de Fluidez
aumentará dramaticamente a temperatura de operação do óleo lubrificante, provocando uma condição
É definido como sendo a menor temperatura em que
sobreaquecida que pode levar à ruptura do filme de
um óleo lubrificante escoará. O Ponto de Fluidez, com
óleo lubrificante e acelerar a sua oxidação. Em função
certa frequência e de maneira errônea, é utilizado como
do exposto, é crítico que os óleos lubrificantes sejam
critério de seleção de viscosidade de óleos lubrificantes.
selecionados levando-se, sempre, em consideração a temperatura estimada de operação.
Digamos, por exemplo, que determinado óleo lubrificante tenha Ponto de Fluidez de - 30ºC. Muitos supõem
A forma mais comum de se referir à viscosidade é
que isto significa que o óleo lubrificante fluirá para os
através da Viscosidade Cinemática que, geralmente,
mancais do equipamento mesmo quando a temperatura
é medida a 40ºC e 100ºC, constando estas especifica-
ambiente for de - 30ºC. Infelizmente isto não é verdade.
ções nas folhas de propriedades físico-químicas dos óleos lubrificantes.
Na melhor das hipóteses, um óleo lubrificante com Ponto de Fluidez de - 30ºC operando em tem-
11
Figura 11 - Tipos de óleos básicos
não mudam significativamente à medida que a temperatura se eleva são ditos ter altos IVs. A relação entre viscosidade e temperatura é a mais Figura 8 - Índice de Viscosidade
crítica e importante consideração ao se selecionarem óleos lubrificantes que serão operados em temperatu-
peratura ambiente de - 30ºC, apenas, será agitado
ras que mudam dramaticamente. Recomenda-se, para a
pela bomba de óleo lubrificante até que a agitação
maioria dos óleos lubrificantes de base mineral utilizados
provoque uma elevação da temperatura que levará
em equipamentos de plantas industriais em temperatu-
à diminuição suficiente da viscosidade para que, len-
ras controladas, que os IVs se situem em torno de 90
tamente, o óleo lubrificante comece a fluir através
- 100. Contudo, equipamentos que operam em locais
dos condutos de lubrificação, lubrificando, então, os
sujeitos a baixas temperaturas (TRVs - Túneis de Retenção
componentes em movimento.
Variável de frigoríficos; regiões polares e árticas etc.) po-
Frequentemente, esse processo leva de 5 a 10 mi-
dem necessitar óleos lubrificantes com IVs > 175.
nutos, ou mais. Enquanto isto, danos severos podem estar ocorrendo nos componentes móveis, porque, em
Óleos Básicos
realidade, o óleo lubrificante estará viscoso demais para escoar. Em resumo: não se deve selecionar óleo lubrificante com base, apenas, no Ponto de Fluidez.
Quando da seleção de óleos lubrificantes acabados, devemos levar em conta também o tipo do óleo básico, visto haver vários tipos de óleos de base mineral, dependendo de sua estrutura química e molecular. Óleos básicos naftênicos, por exemplo, têm baixos IVs naturais e podem ser utilizados em equipamentos em que temperaturas extremas não afetam a operação. Por outro lado, óleos básicos parafínicos tem IVs naturais consideravelmente mais elevados que os de base naftênica, tornando-se desejáveis para uso em equipa-
Figuras 9/10 - Equipamentos operando em baixas temperaturas
mentos que operam ao ar livre.
Índice de Viscosidade (IV) Termo usado para expressar “a resistência de um óleo
Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro
lubrificante a mudar de viscosidade com a mudança de
Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação
temperatura”. Por exemplo, óleos lubrificantes cujas vis-
da Petrobras Distribuidora S.A.
cosidades diminuem sensivelmente em serviço (“afinam”) à medida que a temperatura se eleva são ditos como tendo baixos IVs. Óleos lubrificantes cujas viscosidades 12
S.M.S
Toxicologia A Toxicologia como instrumento essencial na gestão de saúde
Por: Newton Richa
Em março de 2015, o Programa das Nações Uni-
Segundo o estudo da Comissão Lancet, em
das para o Meio Ambiente divulgou o alerta de que
consequência da evolução tecnológica, a partir de
a principal causa de morte no mundo, era a polui-
1950, mais de 140.000 produtos químicos foram
ção química e que 94% dessas mortes concentra-
sintetizados, sendo que os 5.000 produzidos em
vam-se nos países de baixa e média renda, como o
maior quantidade foram amplamente dispersos no
Brasil. No início de 2018, foi publicado o artigo The
ambiente e são responsáveis pela exposição huma-
Lancet Comission on Pollution and Health (Comissão
na quase universal na atualidade. Assinalam os au-
Lancet de Poluição e Saúde), com a participação de
tores que menos da metade desses 5.000 produtos
47 especialistas baseados em 418 artigos científicos.
químicos foram submetidos a testes dos efeitos da
O estudo confirma que, atualmente, a poluição
exposição prolongada a baixas concentrações (toxi-
química constitui a maior causa ambiental de doen-
cidade crônica).
ça e morte prematura no mundo, e que quase 92%
Essa lacuna decorreu da falta de percepção de
dessas mortes ocorrem em países de baixa e média
risco dos profissionais envolvidos com a produção
renda. Segundo esse estudo, muitas das doenças
química. Toda a atenção ficou concentrada na pre-
classificadas pela OMS como não transmissíveis, na
venção de acidentes, em que uma exposição úni-
verdade, decorrem da exposição crônica aos po-
ca a altas concentrações de produto químico pode causar
luentes químicos
presentes
no ar, na água, nos alimentos
Exposição única a altas concentrações
e no solo, nos diversos
am-
bientes de permanência das pessoas.
Exposições repetidas a baixas concentrações Figura 1
Efeitos Imediatos: queimadura e asfixia Efeitos tardios: Intoxicações crônicas
efeitos
imediatos como
Acidentes
queimadura ou asfixia. Foi negligenciada
a
possibilidade
Doenças
de intoxicações crônicas, decorrentes da expo13
S.M.S. sição a
repetida
Os poluentes químicos de baixo peso molecular e solúveis em gordura dispersos no ar têm acesso direto aos alvéolos pulmonares, daí ao sangue e, a seguir, à distribuição por todo o corpo.
concentra-
ções
modera-
das ou baixas de
produtos
químicos
do tórax, que lhes fornece eficiente proteção mecânica, são órgãos fisiologi-
nos
camente exter-
diversos ambientes de permanência das pessoas, como mostra a Figura 1.
nos, em contato direto com o ar ambiente. • A membrana alveolocapilar, que separa o ar ambiente do sangue, é muito delgada (4 a 6 mi-
Exposição por via respiratória
cra), o que facilita a penetração de agentes químicos dispersos no ar.
O aparelho respiratório é a principal via de ab-
• A quantidade de ar veiculada pelos pulmões
sorção de agentes químicos dispersos no ar pelas
durante uma jornada de trabalho é significativa e
seguintes razões:
aumenta diretamente com o esforço físico.
• A área alveolar, na qual ocorrem as trocas gasosas, é estimada em cerca de 140 m2.
e solúveis em gordura dispersos no ar têm acesso
• A respiração é um processo contínuo.
direto aos alvéolos pulmonares, daí ao sangue e, a
• Os pulmões, embora localizados no interior
seguir, à distribuição por todo o corpo.
QT_Anuncio_LF_Ed_Mai.pdf
14
Os poluentes químicos de baixo peso molecular
1
14/05/18
10:45
S.M.S. EXPOSIÇÃO HUMANA AOS PRODUTOS QUÍMICOS Aparelho respiratório: 140m 2
Aparelho digestivo: 250m 2
Pele: <2m 2
lhões de mortes prematuras em 2015 - 16% de todas as mortes em todo o mundo - três vezes mais mortes do que a AIDS, a tuberculose e a malária combinadas e 15 vezes mais que todas as guerras e outras for-
ÁGUA
AR
mas de violência. As intoxicações crônicas passaram a constituir prioridade na gestão de saúde, principal-
Casa
Trabalho
mente nos países de média e baixa renda. A Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos no-
Transporte
civos decorrentes das interações das substâncias quí-
Lazer
ALIMENTO
micas com os organismos vivos, abrangendo a natuAmbiente de permanência das pessoas
SOLO
reza e os mecanismos das lesões tóxicas e a avaliação quantitativa do espectro das alterações biológicas produzidas. Constitui o principal instrumento para subsi-
Figura 2
diar estudos de avaliação de risco químico à saúde e
Exposição por via digestiva
contribuir no estabelecimento de medidas preventivas e corretivas na utilização das substâncias químicas.
O aparelho digestivo ganha importância nas expo-
Deve ser concretizado no Brasil, um dos maiores
sições a água e alimentos poluídos, uma vez que, após
produtores químicos no mundo, o objetivo da Comis-
a ingestão os produtos químicos, dispõem do conta-
são Lancet de Poluição e Saúde de “aumentar a cons-
to prolongado com uma área de 250 m2 de mucosa
ciência global acerca da poluição química, superar a
intestinal. A Doença de Minamata, ocorrida no Japão
negligência com as doenças a ela relacionadas e mo-
nos anos 1950, resultou da absorção de metilmercúrio
bilizar os recursos e a vontade política necessários para
presente nos peixes ingeridos pela população.
enfrentar, efetivamente, os desafios existentes”. Nesse contexto, a seguinte recomendação da Comissão Lan-
Exposição por contato cutâneo
cet deve ser cumprida: “Estabelecer sistemas para monitorar a poluição e seus efeitos sobre a saúde”.
Em relação aos alvéolos pulmonares e à mucosa
A Toxicologia constitui o principal instrumento para
digestiva, a pele apresenta uma área muito menor,
diagnosticar e monitorar os efeitos dos produtos quí-
estimada em menos de 2 m2 e é muito mais espessa,
micos sobre a saúde. Para superar os atuais desafios
porque uma de suas funções é assegurar proteção
da ameaça química, os organismos governamentais,
mecânica ao corpo humano. No entanto, a pele ínte-
as empresas e as demais partes interessadas devem
gra é permeável a moléculas de baixo peso molecu-
incluir as competências em Toxicologia na sua Política
lar solúveis em gordura, em contato prolongado no
de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS).
estado líquido. A exposição humana aos produtos químicos pode ocorrer nos diversos ambientes de permanência das
Newton Richa é Médico do Trabalho, Mestre
pessoas (casa, trabalho, lazer e transporte) por inter-
em Sistemas de Gestão, Professor dos Cursos
médio do ar, água, alimento e solo poluídos, confor-
de Especialização em Engenharia de Segu-
me a figura 2.
rança do Trabalho e em Engenharia de Ma-
O estudo da Comissão Lancet assinala que a exposição repetida a concentrações moderadas ou baixas de produtos químicos levou a um imenso iceberg de
nutenção da UFRJ e Representante da UFRJ na Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ/MMA)
intoxicações crônicas, responsáveis por cerca de 9 mi15
LUBRIFICANTES
Grupo III é destaque nos EUA óleos básicos do Grupo III foram o destaque em 2018 Por: Judith Taylor
Os óleos básicos do Grupo III foram o destaque
básicos do Grupo II e divulgaria seus preços para o
do primeiro trimestre de 2018, e não foi surpresa
Grupo III em 2018, o que realmente aconteceu já
para quase ninguém, pois, ressaltando o que foi dis-
no início de janeiro.
cutido por vários anos, novos motores e regulamen-
É importante notar também que os óleos
tos exigem melhor qualidade dos básicos e, deste
básicos do Grupo III importados da Abu Dhabi
modo, mais uso do Grupo III.
National Oil Company (ADNOC) já estavam pre-
Ainda podemos observar que os básicos dos
sentes nos Estados Unidos, enquanto algumas
grupos II e II+ continuam a formar a espinha dorsal
outras empresas já estão importando volumes
dos óleos premium, usados em lubrificantes para
dedicados de Grupo III, ou estão silenciosamente
motor de automóveis de passageiros (PCMOs).
produzindo pequenos volumes desses básicos e
Entretanto,
trabalhando para resolver as questões de qualida-
o Grupo III não é mais apenas um
elegante coadjuvante nessa história. Ele está em destaque no palco e também muito ocupado no primeiro trimestre deste ano.
de e certificação. Não há dúvida de que os volumes de Grupo III presentes no mercado norte-americano au-
Os atores principais desse jogo iniciaram o rit-
mentaram, impulsionados pela necessidade do
mo acelerado de 2018 liderados pela PetroCanada,
setor de lubrificantes para automóveis de pas-
que, já em outubro de 2017, publicava seus preços
sageiros de incorporar óleos básicos de melhor
para os grupos II e II+, e incluía também o grupo
qualidade, a fim de atender ao ritmo dos requi-
III, comportamento que foi seguido pela Phillips66
sitos de desempenho já exigidos para este ano,
e pela SK Lubricants. Já a Motiva surpreendeu o
e daqui para frente.
mercado, quando, na conferência pan-americana
Adicionalmente aos movimentos do mercado, a
da ICIS, em dezembro de 2017, anunciou formal-
Phillips 66 anunciou mudanças, em conjunto com
mente que está produzindo e comercializando óleos
a Flint Hills Resources (FHR), que culminarão com
16
a transferência do complexo de óleo básico para
O gráfico 1 mostra um produtor do Grupo I e
uma entidade da ExcelParalubes, em algum mo-
do Grupo II apresentando tendências de preço em
mento de 2018.
dois graus leves.
Um fator importante nesse contexto aconte-
É interessante também observar as tendências
ceu na época em que o mercado estava absor-
dos preços dos óleos básicos, em comparação com
vendo essas mudanças estruturais. Os preços do
a variação do preço do petróleo bruto Louisiana
petróleo subiram para acima dos US$60 por barril
Light Sweet (LLS), utilizado como referência para
e continuaram mantendo o viés de alta. Isso pro-
esse estudo.
vocou também uma alta nos derivados, fazendo
A expectativa do mercado de óleos básicos para
com que empresas produtoras de Grupo II, como
o ano de 2017 era de um grande volume de abaste-
Chevron, Motiva, Phillips 66 e FHR anunciassem
cimento realizado sem dificuldades. Entretanto, uma
aumentos de preços dos básicos, no início de ja-
série de problemas surgidos, com a interrupção de
neiro, com as respectivas datas de vigência va-
produção de várias unidades, causou uma procura
riando entre 5 e 12 de janeiro. Os aumentos re-
em que toda molécula de óleo foi absorvida rapida-
gistrados variavam de 10 a 16 centavos por galão,
mente pelo mercado. De acordo com a consultora
dependendo do produtor.
Geeta Agashe, os participantes do mercado global
A Calumet, que é produtora do Grupo I e Grupo
de óleos básicos devem se preparar para o caso de
II, publicou aumentos de preço da ordem de 15
outra “tempestade perfeita” acontecer no mercado,
centavos por galão em todas as suas classes de pro-
como em 2017. Esse fenômeno, segundo a consul-
tudos, a partir de 15 de janeiro. Já a PetroCanada
tora, incluiu cerca de 1 milhão de toneladas de ca-
anunciou a vigência de seus aumentos a partir de
pacidade desligada, quando plantas como a Pearl,
16 de janeiro, elevando seus diversos graus de óle-
instalação de GTL da Shell, no Catar pararam, e o fu-
os do Grupo II em 13 a 16 centavos por galão, de-
racão Harvey causou estragos ao longo da região de
pendendo da viscosidade.
produção, na costa americana do Golfo do México.
O ritmo dos negócios de óleos básicos em 2018
Uma importante iniciativa foi anunciada pela
aumentou com os anúncios de janeiro e teve pe-
americana ExxonMobil, quando a empresa afirmou
quena pausa em fevereiro, à medida que os au-
que está expandindo sua base global de ações, com
mentos continuaram a surgir, impulsionados pelos
a introdução de um óleo básico neutro pesado do
preços do petróleo bruto, pela boa demanda e pe-
Grupo II. A produção desse grau será realizada na
las perspectivas oferecidas em face da recuperação
refinaria da ExxonMobil em Roterdã, na Holanda,
dos severos danos provocados pelas intempéries do
após a conclusão da expansão de sua unidade de
quarto trimestre de 2017.
3,5
Na segunda quinzena de janeiro, os preços anunciados para o Grupo I subiram e o mês de fedo aumentos em seus preços. Mas não acabou aí. A Chevron anunciou aumentos de preço no seu Grupo II, em 31 de janeiro, e, em 2 de fevereiro, a PetroCanada também elevou seu preços do Grupo II, assim como o Phillips 66 e a FHR, sendo a maio-
USD/US gal
vereiro iniciou com todos os produtores anuncian-
3,25 3 2,75 2,5 2,25 Jan 2017
ria deles em 20 a 22 centavos por gal. No decorrer
Abril 2017
Julho 2017
Out 2017
Jan 2018
de fevereiro, ainda surgiu outro aumento de preço,
Óleos Básicos Grupo I HollyFrontier Mid Cont 70/75
ficando o mercado mais estável a partir de meados
Óleos Básicos Grupo II Chevron GC 100/120
de março.
Gráfico 1
17
70
3,25
65
Além disso, a ExxonMobil também terá a capa-
3
60
cidade de produzir o grau neutro pesado do Grupo
2,75
55
2,5
50
desse local. Em uma entrevista na conferência ICIS,
45
Ted Walko, gerente de Marketing de Óleos Básicos
2,25 Jan 2017
Abril 2017
Julho 2017
Out 2017
Jan 2018
grande escala, na Europa.
USD/bbl
USD/US gal
primeira produção de óleo básico do Grupo II, em
3,5
II em sua refinaria de Baytown, no Texas, com disponibilidade comercial esperada para 2019 a partir
e Especialidades Globais da ExxonMobil, disse que
Óleos Básicos Grupo I HollyFrontier Mid Cont 70/75
está confiante: seus estoques estão bem posiciona-
Óleos Básicos Grupo II Chevron GC 100/120
dos para atender aos formuladores.
Crude LLS FIP
Gráfico 2
hidrocraqueamento, naquele local. Essa conclusão está programada para iniciar no quarto trimestre de 2018. A comercialização completa do produto Neutro Pesado de Grupo II na Europa, África e Oriente Médio está prevista para o primeiro trimestre de 2019. Já a refinaria de Roterdã terá a
18
Judith Taylor é Editora Sênior da ICIS responsável pelo mercado petroquímico incluindo óleos básicos. Especialista em dinâmica de preços e logística.
LUBRIFICANTES
SAE J2360 A importância de se ter um lubrificante com desempenho superior para eixos diferenciais Por: Edson Fonseca Junior Por: Newton Richa
Ninguém pode negar o valor de se ter maior
melhor proteção para engrenagens, rolamentos, re-
durabilidade e economia na operação de veículos
tentores e mancais, além de aumentar a eficiência do
comerciais, e o uso de lubrificantes de alta qualida-
equipamento, reduzindo o consumo de combustível.
de é um fator de importante contribuição.
Quando falamos em lubrificantes para eixos
O processo de escolha do lubrificante muitas ve-
diferenciais, logo pensamos no tradicional API GL-
zes considera apenas características físicas do produto
5, que é uma especificação comumente usada pe-
como viscosidade, ou simplesmente o desempenho do
los usuários.
nível API. No entanto, esse tipo de critério de escolha
pode
levar a um lubrificante adequado
não e
comprometer os equipamentos, causando falhas irreversíveis. O uso do lubrificante apropriado oferece
Engrenagem planetária do eixo diferencial. (1) Desgaste excessivo gerado pela utilização de lubrificante unicamente API GL-5 versus (2) Característica normal quando aplicado um lubrificante aprovado pela norma SAE J2360.
19
As características da frota atual e suas necessidades Com a modernização
da
frota e a crescente sofisticação dos equipamentos, conjunto a
em com
severidade
(1) - Evidência de degradação do retentor ocasionado pela utilização de lubrificante unicamente API GL-5, enquanto o retentor que utilizou lubrificante SAE J2360 (2) manteve suas características funcionais intactas.
do regime de utilização, notou-se um aumento da demanda por
tração, somada ao aumento da potência e torque
componentes de eixos no mercado de reposição,
dos motores, são bons exemplos de como os veículos
revelando deficiências no desempenho de lubri-
atuais imprimem maior severidade aos lubrificantes
ficantes que atendem exclusivamente ao nível de
para os eixos diferenciais.
desempenho API GL-5.
Atualmente, as prioridades no campo da lubri-
A eficiência aerodinâmica que reduz o fluxo de
ficação de eixos estão relacionadas a melhor pro-
ar e eleva as temperaturas operacionais da linha de
teção de superfície, redução da fadiga, maior durabilidade,
alta
estabilidade
tér-
mica e oxidativa e
compatibilida-
de de vedação. Todos esses fatores
contribuem
com a redução de falhas no campo e, consequentemente, nas reivindicações
de
garantia. Um
lubrifi-
cante API GL-5 pode não atender
necessaria-
mente
(1) – Nível de formação de depósitos no conjunto eixo /diferencial gerado pela utilização de lubrificante unicamente API GL-5 versus a limpeza do conjunto quando aplicado um lubrificante aprovado pela norma SAE J2360(2).
20
a
esses
critérios.
Por
exemplo,
não
há
teste
para
compatibilidade
de vedação de óleo incluído no padrão API GL-5.
Performance
Especificamente, o API GL-5 não aborda à estabili-
SAE J2360
Superior
Comprovada
com
dade ao cisalhamento, estabilidade térmica ou a danos a vedações de óleo através do acúmulo de
O SAE J2360, que tem suas raízes nas especifica-
depósitos. E talvez o mais importante, um teste
ções militares de lubrificantes que datam em torno
de campo não é nem um requisito para atender
dos anos 40, surgiu no final da década de 1990 e foi
à API GL-5.
atualizado em 2012 para garantir que acompanhas-
Especificações de desempenho mais exigentes
se as necessidades do mercado. Esta especificação
e abrangentes para os lubrificantes são necessárias
inclui um conjunto abrangente de requisitos de tes-
para garantir proteção, durabilidade e integridade
te que abordam as deficiências da API de categoria
dos equipamentos modernos.
GL-5 e garantem que os lubrificantes que atendem
Como resultado, alguns fabricantes de equipamentos, como Mercedes-Benz e MAN, estabe-
a essa especificação proporcionarão o desempenho exigido pelos mais modernos equipamentos.
leceram suas próprias especificações em relação
Dentre as inúmeras diferenças que separam o
ao desempenho dos lubrificantes, com objetivo
padrão SAE J2360 da categoria API GL-5, temos
de evitar problemas de campo com seus veículos.
o teste chamado ASTM D5662. O objetivo deste
Já a indústria de lubrificantes vem pressionando
é assegurar compatibilidade do lubrificante com
pela adoção da Norma SAE J2360 para eixos di-
os retentores de óleo, visando eliminar potenciais
ferenciais.
problemas de endurecimento, rachaduras ou mes-
21
Gráfico 1 - Nota – Há testes coincidentes (ASTM D130 e D892) entre as duas normas, sendo mais severos para aprovação SAE J2360
mo deterioração, devido à interação química com
te, e que possuam mesma classe de viscosidade,
o lubrificante, protegendo contra vazamento do
possam ser substituídos em campo sem prejuízo ou
óleo, e levando a um consequente aumento da
perda de rendimento para o equipamento.
vida útil do equipamento. Um outro teste é o ASTM D5704, também conhecido como teste L-60-1,que garante que o lubrifican-
O gráfico 1 apresenta um comparativo entre as especificações API GL-5, SAE J2360 e de fabricantes do equipamento (OEM).
te não forme depósitos potencialmente abrasivos em
Depois que todos os testes são concluídos, os re-
eixos, engrenagens e retentores. A utilização de um
sultados são revisados por um comitê independente
fluido de baixo rendimento nesse teste leva ao acú-
de especialistas do setor, para garantir que o lubrifi-
mulo de depósitos que podem não ser percebidos
cante tenha atendido a todos os exigentes requisitos
inicialmente pelo usuário final, mas que mais tarde
químicos, físicos e de desempenho da norma SAE
levariam a falhas súbitas e irreversíveis para o equi-
J2360. É essa combinação de testes estacionários
pamento, inclusive com perda de fluidos do sistema.
adicionais, testes de campo e verificação de dados
Um terceiro teste que separa o padrão SAE
de teste que separa claramente os lubrificantes de
J2360 da categoria de API GL-5 é o teste de compa-
qualidade SAE J2360 daqueles que atendem somen-
tibilidade e estabilidade de armazenamento ASTM
te aos requisitos da API de categoria GL-5.
D7603. A demonstração de desempenho aceitável
Então, como usuários finais conscientes da
nesse teste garante que o lubrificante manterá sua
qualidade identificam e encontram lubrificantes
integridade durante períodos de armazenamento
que atendem aos requisitos exigentes da norma
prolongado e que o lubrificante será compatível
SAE J2360? A resposta é bem simples. Os que de-
com outros lubrificantes aprovados pela SAE J2360.
monstraram atender a esses requisitos estão inclu-
Isso assegura que fluidos homologados nesse tes-
ídos em uma Lista de Produtos Qualificados (QPL),
22
que pode ser encontrada no site do Performance
das através do monitoramento do teste de campo
Review Institute (PRI). Essa lista fornece o nome
ocorrido no Brasil.
do fabricante, a marca do produto e o número de
Teste de campo realizado em condições operacio-
qualificação exclusivo que foi atribuído a esse lubri-
nais brasileiras, sendo que todos os fluidos testados
ficante. Além disso, cada fabricante que solicitou a
eram minerais, SAE80W-90 e formulados com básicos
inclusão do seu produto nesta lista compromete-se
comumente encontrados no mercado local.
a não alterar a formulação aprovada quando de sua comercialização. Essa é a garantia ao usuário final de estar adquirindo o mesmo lubrificante que passou pelo rigoroso processo de homologação da norma SAE J2360. Lembre-se de que ao propor esse upgrade de especificação para seus clientes, você está propor-
Edson Fonseca Junior é Engenheiro, Gerente
cionando valor aos negócios e aos seus clientes!
de produtos Driveline para América Latina Lubrizol Aditivos do Brasil
As imagens utilizadas neste artigo são de propriedade da The Lubrizol Corporation e foram obti-
23
O mercado em foco agora no Portal Lubes Durante muitos anos, a revista LUBES EM FOCO publicou suas pesquisas sobre os números do mercado brasileiro de lubrificantes e tornou-se uma referência para o segmento. Utilizando uma metodologia específica e compatível com as dificuladades inerentes a um mercado com elevado fator de imprecisão, e com controles oficiais ainda não bem definidos, nossos pesquisadores fortaleceram a credibilidade dos números apresentados, por meio de um esforço contínuo e minucioso de cruzamento de informações obtidas de fontes confiáveis de diversas procedências. O dinamismo e a velocidade do mundo atual, aliados a um importante movimento feito pelo órgão regulador, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP, que foi o desenvolvimento do Sistema de Informações de Movimentação de Produtos - SIMP aplicado ao mercado de lubrificantes, trouxe ao mercado uma facilidade de acesso a dados confiáveis, com uma frequência mensal. O SIMP consolida as informações obrigatórias prestadas por todas as empresas registradas como produtores, importadores, coletores e rerrefinadores, além das plantas e bases de armazenamento. Com o aperfeiçoamento do sistema e maior controle da adimplência das empresas, o mercado tem a seu dispor hoje, uma ferramenta bastante eficiente na coleta de números e dados produtivos. Pensando em atender cada vez mais às necessidades de nossos leitores, com a velocidade que a mídia digital oferece, passaremos a publicar os principais números de mercado, compilados pela ANP, em nosso portal na internet, em www.portallubes.com.br, na aba mercado, onde teremos também uma análise de comportamento buscando elaborar e disponibilizar o máximo de informações sobre a realidade e tendências do mercado.
Evolução do mercado brasileiro de óleos lubrificantes - 1º Quadrimestre Volume (m ) 3
120000 100000
117.042
99.802
116.512,75
94.034 93.024,12
99.792 93.615,56
84.796,15
2017
80000 60000 40000 20000 0
Janeiro
Fevereiro
Março
Mês/Ano
Obs: As alterações dos dados pasados foram realizadas pela ANP, em seu último boletim.
24
2018
Abril
Participação de Mercado de óleos Ano de 2017
17,6%
22,5%
1,5% 1,5% 1,8% 8,2%
14,9%
9% 9,0%
Participação de Mercado de óleos Ano de 2018 - primeiro quadrimestre
14%
BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Total Lubrif. Castrol YPF outros
21,3%
19,9% 1,4% 1,8% 1,8%
15,1%
8,7%
9,1% 9,1%
11,8%
BR Cosan/Mobil Ipiranga Petronas Shell Chevron Total Lubrif. YPF Castrol outros
NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no PORTAL LUBES, em www.portallubes.com.br, na aba MERCADO.
25
Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2018 Junho, 19 a 20
ICIS & ELGI Industrial Lubricants Conference - Amsterdã - Holanda - www.icisevents.com/ehome/worldlubricants
Junho, 24 a 28
ASTM Committee D2 Petroleum Products, Liquid Fuels, and Lubricants - Phoenix - EUA - https://www.astm.org
Junho, 26 a 28
ICIS Asian Base Oils & Lubricants Conference - Fairmont Hotel - Cingapura - www.icisevents.com/ehome
Nacionais Data
Evento
2018 Junho, 19 e 20
8º Encontro Internacional com o Mercado - América do Sul - Rio de Janeiro - www.lubes.com.br
Julho, 26 a 29
9ª Feira da Metalmecânica Energia e Automação - Espirito Santo - www.mecshow.com.br
Agosto, 3 ate 6
Expo Maquinas - Av. Nações Unidas, 3825 -FENAC - www.expomaquinas.com.br/
Agosto, 10 a 13
Autop 2016 - Centro de Eventos do Ceara - autopceara.com.br
Agosto, 24 a 26
10º Concrete Show - São Paulo Expo - São Paulo - www.concreteshow.com.br/pt/
Setembro, 13 a 15
China Machinex Brazil 2016 - Transamerica Expo Center - São Paulo, SP - chinamachinex.com.br/
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
26
27
Em tempos difíceis, é preciso encontrar o caminho certo!
Guia de Negócios da Indústria Brasileira de Lubrificantes Para estimular negócios e demandas, o guia divulga os principais agentes da cadeia produtiva, por meio de uma composição de empresas, segmentadas por área de atuação, divididas em seções específicas. O guia oferece informações precisas, com qualidade e constante aperfeiçoamento Sua empresa vai estar acessível e será facilmente encontrada por: • • • •
milhares de indústrias consumidoras de lubrificantes; formuladores e produtores de óleos e graxas; frotistas e transportadores; outros interessados no setor de lubrificantes e graxas.
Acesse já nossa página na internet em www.gnlubes.com.br ou faça contato por comercial@gnlubes.com.br e pelo tel:(21) 2224-0625
Empresas da cadeia produtiva da indústria de lubrificantes e graxas 28
2018