Dez/Jan 19 Ano XII • nº 70 Publicação Bimestral
EM FOCO
A revista do negócio de lubrificantes
Motores e lubrificantes marítimos precisam se adaptar à nova realidade
O uso de combustíveis com baixo teor de enxofre (IMO-2020).
O Mercado Brasileiro de Lubrificantes Como foi o desempenho do mercado em 2018 e as peculiaridades de um ano de difícil consolidação.
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Editorial A Utilizamos ao longo do ano de 2018 os números liberados pelo Sistema Informatizado de Movimentação de Produtos – SIMP da ANP, entendendo que seria a melhor consolidação de todos os volumes envolvidos na comercialização de lubrificantes no país. A tarefa de levantar números precisos para o mercado de lubrificantes nunca foi fácil e tem sido um grande desafio até mesmo para (SIMP), que precisa ser alimentado com números enviados pelo mercado. Dessa forma, a necessidade de uma análise crítica sobre os números, aliada a uma pesquisa específica com os principais players do mercado, é imprescindível para que possamos entender melhor o ambiente e as particularidades e chegarmos a um número aproximado com mais acurácia. Um olhar para os fatores que impactaram o mercado de lubrificantes no ano de 2018, nos colocou de sobreaviso a respeito do comportamento desse mercado, que tem historicamente acompanhado o desenvolvimento do país e, mais especificamente, do setor industrial. No ano passado, com impactos da greve dos caminhoneiros e também das eleições, o PIB Nacional cresceu, embora timidamente, atingindo cerca de 1,1%, enquanto a indústria automobilística apresentou um desempenho muito bom. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o setor de veículos, motos, partes e peças teve um crescimento de 15,1% em 2018, o maior em 11 anos. A alta foi puxada pela redução de impostos e os lançamentos de carros novos. Enquanto isso, a produção do agronegócio acenou com boas perspectivas, fazendo com que a produção de máquinas agrícolas crescesse 23,8% em 2018. Outro fator importante nessa análise é o comportamento do mercado de óleos básicos no ano passado. Foi observado um crescimento de 19% no mercado total desse insumo, com recorde de importação, aumento da produção nas refinarias brasileiras e crescimento nas vendas de básicos rerrefinados. Essa observação nos levou a criticar e aprofundar ainda mais a análise dos números, para concluir que não poderia haver queda no volume de lubrificantes. Esse detalhamento nos apresentou um crescimento de vendas na ordem de 2,0% com relação a 2017, o que traz coerência e consistência entre os parâmetros adotados.
Os Editores
Publicado por: EDITORA ONZE LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 - parte CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Jornalista Responsável Angela Maria A. Belmiro - reg. 19.544-90-69
Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni Capa Gustavo Eduardo Zamboni Layout e Editoração Gustavo Eduardo Zamboni Revisão Angela Belmiro Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda
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Sumário 6 12
Lubrificantes marítimos Especialista mostra os impactos dos baixos teores de enxofre dos combustíveis nas formulações de óleos lubrificantes.
Nova tecnologia API SN-Plus - Novo desafio A questão do LSPI (Low Speed Pre Ignition), combustão descontrolada a frio, resolvida com aditivos.
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Segurança Química Especialista da CETESB nos fala da importância do conhecimento para evitar acidentes com produtos químicos.
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A escolha correta do Fluido Hidráulico O fluido hidráulico é o componente mais crítico e a que se deve dar maior atenção em qualquer sistema hidráulico.
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O Mercado Brasileiro de Lubrificantes
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O mercado em foco
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Programação de Eventos
Uma análise dos números de mercado para o ano de 2018, com pesquisa detalhada pela revista Lubes em Foco.
Um resumo do mercado brasileiro de lubrificantes e a participação das empresas do setor.
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LUBRIFICANTES
Lubrificantes Marítimos
Impacto dos Combustiveis de Baixo Enxofre nos Lubrificantes Maritimos Por: Marcos Davi Rufino dos Santos
A indústria marítima vem passando por mudanças sem pre-
Apesar da continuidade da pratica de slow steaming na
cedentes na história recente, que impactam diversos atores do
operação dos navios e redução na carga de operação, o dese-
setor. A combinação de varios aspectos, como a nova dinâmica
nho de motores mais modernos tem foco na maior eficiência
no ambiente de negócios da indústria , a evolução no desenho
de queima de combustivel, o que afeta as condições de com-
dos motores marítimos de longo curso, a necessidade de expan-
bustão, trazendo como consequência novos requisitos de de-
são na utilização de básicos Grupo II e as cada vez mais restritas
sempenho para os lubrificantes de motor.
regulações ambientais e de emissões ao redor do mundo, vem
Tradicionalmente, lubrificantes marítimos são formulados
estabelecendo novos rumos no desenvolvimento de lubricantes
com básicos grupo I, que são preferidos por seu maior poder
marítimos, aumentando significativamente sua complexidade.
de solvência e capacidade de lidar com contaminantes no lubri-
Com a implementação dos novos limites de enxofre estabecidos
cante que resultam de sua exposição a combustíveis de alto teor
pela IMO (International Maritime Organization) a partir do ano
de enxofre (High Sulfur Fuel Oils - HSFO). Esta tendência está na
2020, o tempo tornou-se curto para nos prepararmos.
contramão de outros setores da indústria, em que a utilização de básicos grupo I vem se tornando cada vez mais escassa. Ao
Condições de Mercado
longo dos anos, a produção de bãsicos grupo I vem caindo globalmente, sendo gradualmente substituída por capacidades
Já há algum tempo, as condições de competividade impostas
extras de grupo II. È cada vez mais importante que os lubrican-
pelo mercado de transporte marítimo vêm pressionando as com-
tes e pacotes de aditivos sejam desenvolvidos para manter seu
panhias de navegação a reduzir seus custos de operação. Apesar
desempenho em ambos os básicos grupo 1 e grupo II.
de alguns sinais de recuperação no comércio internacional, ainda se registra globalmente um excesso de capacidade na frota atual.
Teor de Enxofre nos Combustíveis Navais -
Outro aspecto a ser considerado são as consolidações, alianças e
A jornada para 2020
fusões, o que também contribui para um maior foco na redução de custos de operação, que impõe, entre outras coisas, o surgimento de iniciativas para a economia no consumo de lubrificantes. 6
A Figura 1 mostra a evolução na quantidade de enxofre permitido no combustivel marítimo.
A IMO, agência de transporte marítimo das Nações Unidas,
o compromisso com 2020 como ano de início da nova regu-
vem trabalhando há décadas para reduzir os impactos causados
lamentação, sem possibilidade de atrasos adicionais com novas
pelas embarcações ao meio ambiente. As regulamentações fo-
revisões. Alguns atores do setor tinham a expectativa de poster-
ram desenvolvidas com o objetivo de reduzir a poluição atmosfé-
gação para 2025, a fim de permitir mas tempo para estudos e
rica, problemas de saúde e meio ambiente. No ano de 2005 ,foi
preparaçao, mas a decisão da IMO já é aceita como final.
pela primeira vez estabelecido um limite para o enxofre no combustível marítimo (Global Sulfur Cap) em 4,5% em peso, sendo,
A distribuição dos combustiveis e o universo
em seguida, reduzido para 3.5% no ano de 2012.
dos lubrificantes marítimos serão diferente
Nos anos mais recentes, desde 2005, a expansão das zonas ECA (Emission Control Areas) começou a restringir ainda mais a
A figura 2 representa uma visão sobre os tipos de combus-
utilizaçao de HFO (Heavy Fuel Oil - bunker) em determinadas
tíveis que estarão disponíveis. Existe uma variedade de pontos
áreas geográficas: Mar Báltico, Mar do Norte, zonas costeiras dos
de vista de alguns consultores sobre a participacão relativa entre
Estados Unidos Unidos e Canadá, Caribe Americano e, mais re-
as catergorias de combustiveis. Três exemplos incluem a Wood
centemente, em algumas bacias fluviais na Ásia. Originalmente
Mackenzie, PIRA Fuel Outlook (parte da S&P Global Platts) e
as zonas ECA limitavam o teor de enxofre a 1.0 %, mas evoluíram
Marine and Energy Consulting Limited, entre outras.
para reducões maiores, chegando hoje a 0.1% de limite máximo.
A regulamentação IMO 2020 vai forçar uma mudança nas
Em 2008, a IMO estabeleceu que, em 2020, o teor de en-
opções de combustível hoje disponíveis para a indústria naval.
xofre nos combustíveis navais seja limitado em 0.5 %, reconhe-
Atualmente o fornecimento está baseado, em grande parte, no
cendo a necessidade de revisão dos impactos e disponibilidade
óleo combustivel marítimo pesado (HFO), com uma participaçao
de combustiveis de baixo enxofre por parte dos refinadores. Em
de combustiveis destilados na ordem dos 20-25% contendo 1%
outubro de 2016, a IMO comunicou sua decisão final de manter
de enxofre, ou menos. Com a implementaçao do IMO 2020, o
Figura 1 - Evolução do Teor de Enxofre - IMO Global
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Figura 2 - Representação da Distribuição de Combustiveis
que se espera é uma redução significativa na utilização do HFO,
Os operadores terão que optar entre fazer um investimento
expandindo na mesma medida o uso de combustíveis destilados
antecipado em retrofitting / instalação de lavadoires de gases
e LNG (Gas Natural Liquefeito), além de uma nova categoria de
(scrubber) ou conversão dos motores para utilizaçao de com-
combustiveis que foi introduzida no mercado para atender à espe-
bustiveis alternativos de maior custo.
cificaçao de 0.5% S. Este combustivel de 0.5% de teor de enxofre
A lubrificaçao será muito mais complexa devido à varieda-
não existe hoje em dia, e é dificil prever com o que exatamente
de de combustíveis que pode ser empregada. Muitas embarca-
ele vai se assemelhar. Eles podem ser por exemplo produtos de
ções passarão a ser dual-fuel decretando o fim do one size fits
um processo mais robusto de refino para remoção de enxofre, ou
all para um determinado tipo de motor naval. Em alguns casos,
podem ser resultado de mistura entre os já existentes HFOs com
será necessario comercializar novos aditivos e lubrificantes para
combustiveis destilados de baixo enxofre em proporções que pro-
atender a motores utilizando novos tipos de combustíveis.
duzam os 0.5% de enxofre estabelecidos na mistura final. È razoavel assumir que não haverá uma solução única, havendo certamente diversas formas de atender aos requerimentos, como por exemplo:
Motores 2 tempos Marine Cylinder Lubricant (MCL) Para motores marítimos de 2 tempos (MCL), o
yy Continuar a utilizar combustíveis de alto teor de enxofre
lubrificante é queimado na câmara de combus-
(3.5% S ou mais) em combinação com sistemas eficientes de
tão, sendo, por esta razão, caracterizado como
lavadores de gases (scrubbers) como alternativa para mitigação;
once-through . Ele tem 2 funções principais:
yy Converter as embarcações para trabalharem com combustiveis refinados de baixo enxofre ou mistura de combustiveis; yy Ampliar da utilizaçao de combustíveis alternativos, como por exemplo o LNG. 8
1) Neutralizaçao dos acidos da combustão para prevenir corrosão; 2) Detergência para prevenir a formação de depósitos dentro do cilindro.
Geralmente para a operação com combustiveis HFO
veis em conformidade com a regulaçao for limitada);
(2.0 a 3.5% S ou mais), a recomendação do fabricante do
»» Aumento na utilização dos já existentes lubrificantes
motor fala em lufrificantes entre TBN 70-100 e TBN 40 para
entre 25 e 40 TBN, hoje utilizados com combustíveis de até
combustíveis com teor de enxofre entre 1-2 %. O TBN é
0.1 % S ou motores que queimam LNG, já que esses tipos
a medida do poder de neutralização de ácidos de um lu-
de combustíveis serão mais amplamente utilizados.
brificante. Com combustíveis mais limpos, há uma menor
»» Demanda significativa por lubrificantes para trabalhar
demanda por neutralização de acidos, mas um simples
com os “novos” blends híbridos de combustível ou com os
downtreat (menor TBN e menor taxa de alimentaçaão)
ccombustíveis mais refinados que virão para atender ao li-
não é a solução adequada para prevenir a formação de
mite de 0.5% S.
depósitos no motor. O projeto de motores que trabalham
A Oronite projeta que lubrificantes entre 15 e 40
com combustíveis mais limpos ou LNG Engine também traz
TBN irão tomar uma parte significante do espaço hoje
novos e diferentes regimes de operação e, por essa razão, a
ocupado pelos lubrificantes de alto TBN nas aplicaçoes
utilização de um lubrificante padrão de 70 TBN para cobrir
de MCL, à medida que os operadores forem migrando
todos os regimes de operação não é aceitável.
do consumo tradicional de HFO para combustíveis hí-
A Figura 3 representa a visão da necessidade de expansão
bridos ou destilados.
do portfólio de lubrificantes para satisfazer à variedade de tipos de combustíveis que estarão disponíveis a partir de 2020.
Motores 4 tempos
Ainda haverá demanda para os lubrificantes entre 70-100
Trunk Piston Engine Oils (TPEO)
TBN para utilização com combustíveis de teor de enxofre em 3.5% S (por exemplo, nas embarcaçoes com scrubbers
Para aplicações de motores de 4 tempos, os combus-
ou para operações que continuem a utilizar combustivel
tíveis de baixo teor de enxofre já são utilizados em maior
mais barato de 3.5% S, se a disponibilidade de combustí-
escala quando comparados ao mercado de motores de 2
Figura 3 - Futuro da Categoria de Lubrificantes MCL
9
tempos. Uma incerteza no mercado de TPEO será quanto à
lhar com os “novos” blends híbridos de combustível ou
consistência e qualidade dos combustíveis híbridos com mis-
com os combustiveis mais refinados que virão para aten-
tura entre HFO e destilados. Pode se esperar, por exemplo,
der ao limite de 0.5% S.
uma grande variação nas condições de compatibilidade e
A Oronite projeta que lubrificantes entre 12-30 BN
propriedades de manuseio destes combustíveis que po-
irão tomar uma parte significante do espaço hoje ocu-
dem ser provenientes de diversas fontes. A utilização desses
pado pelos lubrificantes de alto TBN nas aplicaçoes de
combustíveis pode alterar de forma expressiva as condições
TPEO, à medida que os operadores forem migrando do
de operação dos motores, trazendo novos desafios para o
consumo tradicional de HFO para combustíveis híbri-
lubrifcante, como, por exemplo, a establidade oxidativa e
dos ou destilados.
maior formação de lacas e vernizes na camisa dos cilindros. A Figura 4 representa a visão do futuro do portfólio de lubrificantes para responder a esta veriedade de no-
Etapas do desenvolvimento e prazos para introdução de novas tecnologias de aditivos
vos combustíveis : »» Ainda haverá demanda por lubrificantes entre 20-
A comercialização de novos aditivos e tecnologia de
60 TBN para utilização com combustiveis de 3.5% S, se
lubrificantes depende sobretudo do aceite e aprovação
a disponibilidade de combustíveis em conformidade for
por parte dos OEMs (construtores dos motores), e o re-
limitada;
querimento atual dos fabricantes consiste em completar
»» Aumento na utilização dos já existentes lubrifican-
extensivos testes de demonstração de desempenho em
tes entre 5 e 20 BN, hoje utilizados com combustível de
campo com motores em operação. A duração de uma
até 0.1 % S ou motores que queimam LNG, já que esses
prova de mar/campo dura entre 4000-6000 horas de
tipos de combustíveis serão mais amplamente utilizados;
operação. A indústria naval não possui um padrão de de-
»» Demanda significativa por lubrificantes para traba-
sempenho ou especificação de indústria que permita sua
Figura 4 - Futuro da Categoria de LubrificantesTPEO
10
comprovação de atendimento apenas a partir de testes
»» Formulação do óleo lubrificante acabado em quan-
analíticos e de bancada. Os fabricantes requerem testes
tidade suficiente para a condução de testes em motores
no campo como único caminho para conceder a aprova-
comerciais em operação por 4000-6000 horas (algo en-
ção para uso em seus motores, garantindo desta forma
tre 6-12 meses).
a concessão de garantia e o atendimento dos níveis adequados de desempenho.
Existe um custo associado ao fornecimento e envio de quantidade suficiente de óleo lubrificante para
As empresas de aditivos e fornecedores de lubrifi-
o teste, custeio das inpeções de campo e reposição de
cantes usualmente investem algo entre 2-4 anos para
partes do motores. Isso pode representar um custo en-
desenvolver e demonstrar uma formulação de produto
tre US$300 a US$600 mil por teste de campo.
baseada em componentes existentes. Se uma aplicação
Portanto, para antecipar a identificaçÃo e o desen-
exige o desenvolvimento de uma nova caixa química e
volvimento de novas tecnologias de lubrificantes e adi-
a invenção de novos componentes para, por exemplo,
tivos para operarem em conformidade com a era pós-
garantir o atendimento de algum novo atributo, este
-IMO 2020, é fundamental que o trabalho esteja em
tempo pode se estender entre 4 e 6 anos. Há uma pro-
curso agora!
gressão natural de atividades para examinar e demonstrar uma fórmula de lubrificante acabado: »» Incia-se com testes de bancada em laboratório usando ferramentas de análise e testes de bancada representativos que possam replicar as condições encontradas nos motores em campo; »» Ensaios em protótipos de motor (podem levar dias
Marcos Davi é Gerente de Produtos para America Latina – Industriais e Especialidades na Chevron Oronite do Brasil
ou até semanas de operação contínua);
11
TECNOLOGIA
Nova tecnologia para novo desafio Resolvendo a pré-ignição a frio nas formulações API SN Plus Por: Equipe Lubrizol
Para
atender
regulatórios,
bem
aos como
exigentes à
requisitos
demanda
No entanto, todo esse poder tem um preço: um
dos
ambiente de motor muito mais severo. Na verdade,
consumidores por mais eficiência e desempenho,
a palavra severo pode até não ser suficiente,
as montadoras têm optado cada vez mais por
considerando as condições brutais criadas pela
motores menores e mais leves. Na última década,
maior pressão do cilindro, velocidades de operação
você notou, sem dúvida, uma mudança significativa
mais lentas e temperaturas mais altas quando
no mercado global de veículos de passageiros com
comparadas aos motores de injeção convencional.
respeito à adoção de motores equipados com as
Para
obter
maiores
taxas
de
potência
e
tecnologias de injeção direta de gasolina (GDI) e
compressão, esses motores de tamanho reduzido
GDI com turbocompressor (TGDI).
operam pulverizando o combustível diretamente
Segundo a IHS, a principal fonte americana
na câmara de combustão, resultando em maior
de dados de registro automotivo, a adotação de
eficiência de combustível. Fabricantes de automóveis
motores TDGI nos veiculos produzidos no Brasil
também
cresceu mais de 30% quando comparado a 2012,
motores de injeção direta (colocando o T em TGDI),
e, por mais surpreendente que seja esse número,
para recuperar energia que é perdida através de
a onda está apenas começando. A previsão é que,
sistemas de exaustão, e alcançando então uma
até 2025, 50% dos veículos saiam de fabrica com
eficiência ainda maior.
esses motores.
combinaram
turbocompressores
com
Juntamente com essas mudanças drásticas no
Esses motores mais modernos apresentam
design do motor, a indústria desenvolveu avanços
características de desempenho que são de fato
na tecnologia de óleo lubrificante para ajudar
impressionantes: um motor TGDI de 4 cilindros é
a aproveitar todos os benefícios dos motores
capaz de gerar os mesmos níveis de torque que seu
TGDI e contribuir para uma maior economia de
equivalente PFI (Port Fuel Injection) de 6 cilindros.
combustível. Isso é possivel com a nova tecnologia
12
de
aditivo
desenvolvida
especificamente
para
exclusivas de um motor TGDI, que pode ocorrer
as condições de operação severas e requisitos
muito mais rapidamente e prematuramente se nao
exclusivos de desempenho desses motores. A
houver lubrificantes especificamente projetados
viscosidade mais baixa de hoje e a demanda por
para evitá-lo.
óleos de motor com maior desempenho dependem
Embora esses problemas com motores TGDI
de aditivos mais avançados, que não sacrifiquem
sejam certamente notáveis, atualmente a questão
a capacidade fundamental dos óleos de limpar e
mais importante é o LSPI (Low Speed Pre Ignition),
proteger.
combustão descontrolada que ocorre na câmara
Embora um mecanismo TGDI promova uma
de combustão antes da ignição nos motores de
potência robusta, com mais eficiência, ele pode criar
injeção direta de gasolina (GDI) e motores GDI com
também condições potencialmente prejudiciais.
turbocompressor (TGDI).
Primeiro, há a questão de aumentar a diluição
Com
suas
altas
pressões
no
cilindro
em
de fuligem e combustível devido a mudanças
velocidades de operação lentas, um motor TGDI cria
na injeção e na combustão. Esta nova forma
um ambiente em que a combustão descontrolada
de fuligem nos motores TGDI pode causar um
(ou LSPI) é mais provável de ocorrer antes da
aumento rápido da viscosidade do óleo, enquanto
mistura de ar / combustível ser inflamada pela vela
a mudança na injeção pode aumentar a diluição
de ignição. Quando isso ocorre, os proprietários
do combustível, acelerando o desgaste. Essas
de veículos podem perceber desde o que pode
condições mais exigentes requerem lubrificantes
parecer ser uma batida de motor tradicional (dano
de alto desempenho com melhores propriedades
que geralmente se acumula ao longo do tempo)
de limpeza e proteção antidesgaste, bem como
a uma falha súbita do motor - um evento de
melhor controle de oxidação.
combustão catastrófico que destrói o motor. Não
O desgaste acelerado da corrente é outro problema
comum
causado
pelas
condições
há nenhum aviso antes de um evento catastrófico, por isso o uso do óleo adequado é necessário.
Figura 1. Dano causado no pistão devido a ocorrência de LSPI
13
As novas tecnologias presentes nos motores de veículos de passeio
Os
fabricantes
explicitamente
a
de ajuda
veículos da
buscaram
indústria
de
em todo o intervalo de drenagem de óleo, um atributo atraente para os consumidores.
lubrificantes para ajudar a resolver esse desafio. E
Qualquer consumidor pode dirigir com uma
é aí que entra a especificação API SN Plus, que foi
confiança muito maior usando apenas óleos de motor
desenvolvida especificamente visando à proteção
API SN PLUS. Lojas, frotas e funcionários do setor
dos motores com tecnologias GDI e TGDI, em
precisam estar cientes e instruídos sobre exatamente
que o lubrificante atua como uma solução para
por que o lubrificante certo é tão importante.
o problema da pré-ignição de baixa velocidade
Hoje em dia, com a proliferação de novas
(LSPI). É importante ressaltar que a tecnolgia API SN
tecnologias
Plus é retrocompatível, ou seja, pode ser utlizada
corretos nos motores é mais importante do que
em substituição às especificações anteriores como
nunca. O impacto negativo e financeiro com uso
API SL, SM e SN.
do lubrificante inadequado no motor, pode ser
Uma das características marcantes desta nova tecnologia é a proteção contra LSPI comprovada
automotivas,
utilizar
os
fluidos
muito pior do que simplesmente gastar um pouco mais na troca de óleo.
Por: Equipe técnica da Lubrizol
14
S.M.S
Segurança Química
Acidentes com produtos perigosos a importância da educação em segurança química Por: Agnaldo Ribeiro de Vasconcellos
O processo de industrialização trouxe conforto à
estejam, por força legal, sob a supervisão de técnicos
vida moderna com a produção de bens de consumo
responsáveis, como é o caso das indústrias, seguem
em larga escala. Grande parte desses insumos tem na
padrões de segurança que buscam prevenir a ocorrência
sua formulação produtos químicos, que passaram a ser
das emergências químicas. Caso ocorram, planos
produzidos em larga escala.
de intervenção são implementados com o intuito de
A despeito das etapas do processo que envolve
minimizar suas consequências.
produção e distribuição de substâncias químicas, quais
As emergências químicas não se restringem a
sejam a transformação, o transporte, o armazenamento
processos industriais, podendo ocorrer durante o
e o manuseio, apesar das ferramentas de controle
transporte em rodovias, em instituições de ensino e até
disponíveis, não é possível eliminar 100% dos riscos de
mesmo em residências. O que chama a atenção dos
ocorrência de acidentes.
especialistas é o percentual elevado de acidentes que se
Os acidentes tecnológicos, os acidentes ambientais
originam pela ausência de percepção do risco por parte
e as emergências químicas em geral, dependendo
dos envolvidos, consequência da falta de conhecimento
das características físicas, químicas e toxicológicas das
básico relacionado à segurança com substâncias
substâncias envolvidas, podem originar diferentes
químicas. Esse fato confere alta prioridade à educação
impactos, causando danos ao meio ambiente, à saúde e
em Segurança Química no país.
à segurança pública.
A CETESB participa de atendimento a ocorrências
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
envolvendo substâncias químicas desde 1978, em
– CETESB define o termo emergência química como
atividades variadas e em situações diversas. São
uma situação envolvendo produtos químicos que
comuns emergências em situações que poderiam
pode, de alguma forma, representar perigo à saúde
ser evitadas ou ter suas consequências minimizadas,
e segurança da população, ao meio ambiente e aos
se os envolvidos tivessem conhecimento básico dos
patrimônios público e privado, requerendo, portanto,
riscos associados ao manuseio inadequado dos
intervenções imediatas.
produtos químicos.
Ambientes que ofereçam riscos decorrentes das
Situação característica da ausência de educação
atividades relacionadas aos produtos químicos e que
básica em Segurança Química ocorreu, por exemplo, 15
S.M.S. em uma empresa de galvanoplastia, no município de
provocaram sério acidente. Por sorte causou-lhe apenas
São Paulo, onde 4 pessoas foram a óbito em acidente
um mal-estar.
provocado por funcionário que realizou mistura de
Fica claro ser imprescindível, à manipulação de
substâncias incompatíveis, resultando na geração de gás
substâncias químicas, conhecimento, ainda que básico,
cianídrico, que possui alto potencial de toxicidade.
de suas características e seu comportamento quando
Esse fato demonstra claramente que a ocorrência de imperícia, imprudência ou negligência do profissional
associados entre si, sob risco de ocorrerem prejuízos irreparáveis.
pode resultar em tragédia quando o assunto é a
Essas e outras histórias de acidentes envolvendo
manipulação de produtos químicos sem o conhecimento
produtos químicos demostram ser prioritária a inclusão do
elementar dos procedimentos de segurança.
tema Segurança Química na grade curricular nos níveis
Outro caso emblemático ocorreu no município de
de graduação, criando-se condição para a formação de
Taboão da Serra (SP), onde, após ter controlado incêndio
professores capacitados no tema, com olhar voltado à
em galpão de armazenamento de botijões de GLP – Gás
Educação Fundamental, intensificando assim a proteção
Liquefeito de Petróleo, o responsável pelo comando da
da saúde da população e do meio ambiente.
operação orientou sua equipe a romper as válvulas dos
A proposta é construir conhecimento específico, já na
botijões, que ainda permaneciam cheios, para liberar o
idade mais tenra, e estimular a sedimentação do conceito
gás e assim diluí-lo na atmosfera.
de sustentabilidade por meio de produtos educativos que
Por falta de conhecimento primário em química, a
permitam o aprofundamento do conhecimento sobre
ação da equipe permitiu que o gás, mais pesado que
substâncias químicas, sua importância, suas aplicações,
o ar invadisse a rede de esgoto até atingir o interior de
suas propriedades e seus efeitos adversos.
duas residências onde encontrou uma fonte de ignição, provocando explosão e morte de três pessoas. Os acidentes caseiros também são muito comuns e em sua maioria acontecem como resultado da falta de orientação quanto ao manuseio de substâncias químicas. Situação ocorreu com a funcionária de minha
Agnaldo Ribeiro de Vasconcellos é Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em
residência que ao misturar alvejante (hipoclorito de
Ciências e Membro da CONASQ - Comissão
sódio) com Ajax (produto a base de amônia), objetivando
Nacional de Segurança Química.
obter produto com maior poder de limpeza, provocou a geração de gases tóxicos (cloraminas) que quase
16
LUBRIFICAÇÃO
Fluidos Hidráulicos
Cuidados básicos na seleção
Por: Marcos Thadeu Giacomini Lobo
Fluidos hidráulicos podem ser definidos como fluidos
- adequado ponto de fluidez;
aplicáveis na transmissão de potência de baixa, média e
- boas características de demulsibilidade;
elevada intensidade gerada em sistemas hidráulicos de
- boa propriedade de proteção antiferrugem;
equipamentos móveis ou industriais. Os fluidos hidráuli-
- adequada resistência à formação de espuma;
cos mais comumente utilizados são compostos por óleos
- compatibilidade com os materiais dos retentores.
de base mineral, lubrificantes sintéticos, emulsões forma-
Fluidos hidráulicos com propriedades antidesgaste
das por óleo e água e misturas semissintéticas resistentes
(AW) são, frequentemente, utilizados em sistemas hidráu-
ao fogo à base de água e glicol.
licos que operam a elevadas pressões de trabalho e nos quais as bombas hidráulicas necessitam proteção adicional em sua lubrificação. Com toda convicção, pode-se afirmar que o fluido hidráulico é o componente mais crítico e a que se deve dar maior atenção em qualquer sistema hidráulico.
Figuras 1/2 - Fluidos hidráulicos são utilizados em transmissão de potência
Algumas características a serem consideradas quando da escolha de fluido hidráulico para bom desempenho no sistema hidráulico são: - grau de viscosidade apropriado; - elevado Índice de Viscosidade (IV); - proteção antidesgaste (AW), se necessário; - boa estabilidade quanto à oxidação;
Figuras 3/4 - Resistência à formação de espuma e boa demulsibilidade: algumas das propriedades desejáveis em fluidos hidráulicos
As funções de um fluido hidráulico podem ser resumidas em: 17
1. Transmitir potência entre pontos distintos;
cilindros hidráulicos, motores hidráulicos, válvulas dire-
2. Lubrificar e proteger os componentes móveis do
cionais e outros componentes mecânicos.
sistema hidráulico no que se refere ao atrito, desgaste e contaminação;
Adicionalmente, o fluido hidráulico protege as superfícies metálicas dos componentes móveis contra oxida-
3. Transferir e dissipar o calor gerado no sistema hidráulico;
ção, ferrugem e desgaste. Podemos dizer, ainda, sobre
4. Proporcionar selagem e manter a pressão gerada pela
os fluidos hidráulicos e suas aplicações:
bomba hidráulica.
1. Existem variados tipos de fluidos hidráulicos; 2. Existem diferentes mecanismos de desgaste; 3. Há diversos graus de severidade de desgaste em sistemas hidráulicos.
Figuras 5/6 - Transmissão de potência entre pontos distintos e refrigeração: algumas das funções dos fluidos hidráulicos
As funções do fluido hidráulico são várias, sendo produtos multifuncionais que possuem, no entanto, algu-
Figuras 11/12 - Diferentes fluidos hidráulicos para diferentes aplicações
mas limitações. Não é incomum deparar-se com fluidos hidráulicos sendo empregados em sistemas de lubrificação centralizados utilizados na lubrificação de redutores de velocidade e mancais de rolamento em plantas industriais, sites de equipamentos móveis em condições
Os fluidos hidráulicos são, geralmente, divididos em três categorias principais: 1. Óleos lubrificantes com aditivação R&O ( rust and oxidation protection ou inibido contra oxidação e ferrugem); 2. Óleos lubrificantes com aditivação AW (anti-wear protection ou proteção antidesgaste); 3. Óleos lubrificantes com aditivação antidesgaste (AW) e com multiviscosidade (HVI - High Viscosity Index ou Alto Índice de Viscosidade). Essas categorias são determinadas pelos variados ti-
Figuras 7/8 - Redutores de velocidade e mancais de rolamento: minuciosa avaliação em caso de lubrificação com fluidos hidráulicos
pos e níveis de aditivos presentes no fluido hidráulico. Por
severíssimas de carga e regime de operação, a título de
ção inibidores de ferrugem e oxidação e agentes antiespu-
uniformização do inventário de óleos lubrificantes. Essa
mantes, mas não agentes antidesgaste. Fluidos hidráulicos
prática, possível em algumas situações, deve ser analisa-
AW possuem em sua formulação agente antidesgaste, usu-
da de forma minuciosa, a fim de não se acelerar ininten-
almente à base de zinco (tipicamente compostos zinco-fos-
cionalmente o desgaste de equipamentos mecânicos.
forosos tais como o dialquilditiofosfato de zinco ou ZDDP)
exemplo: fluidos hidráulicos R&O levarão em sua composi-
juntamente com aditivação anti-ferrugem e anti-oxidante (R&O) além de aditivo antiespumante.
Figuras 9/10 - Fluido hidráulico: lubrificação de componentes mecânicos
Além de prover meios para transmissão de potência em sistemas hidráulicos, o fluido hidráulico lubrifica bombas hidráulicas, mancais de rolamento e deslizamento, 18
Figuras 13/14 - Fluidos hidráulicos podem ser aditivados com ZDDP e MIV
A aditivação antidesgaste (AW) tem a capacidade de estabelecer filmes sacrificiais bastante resistentes so-
veis, atuando também como agente antioxidante do óleo lubrificante para retardar o seu envelhecimento.
bre as superfícies metálicas das partes em movimento,
Pode-se dizer, então, que determinado fluido hi-
com vistas a reduzir o atrito e o contato metal-metal
dráulico AW pode conter ZDDP em sua formulação,
quando submetidas a elevados esforços de trabalho.
mas, ainda assim, não atender às normas de desem-
Lamentavelmente, alguns usuários quando da seleção
penho recomendadas por determinado OEM. A gene-
de fluidos hidráulicos, privilegiam o custo em detrimento
ralização no uso de fluidos hidráulicos precisa ser reali-
das necessidades técnicas. Desnecessário seria dizer que
zada com base não somente em custo ou na intenção
a economia não vale a pena, em face dos danos mecâ-
de minimizar itens no inventário de lubrificantes, mas
nicos e da indisponibilidade de equipamentos que esta
levando-se em conta, também, as especificações téc-
decisão pode causar.
nicas demandadas. Em condições de operação extremamente severas, como as encontradas em engrenagens e mancais de rolamento de redutores de velocidade, caixas de mudança manuais e diferenciais de equipamentos móveis, torna-se necessária proteção mais efetiva contra o desgaste provocado pelo contato metal-metal. Nesse caso,
Figuras 15/16 - Indisponibilidade de equipamentos é o mais caro
aditivação EP (Extrema-Pressão) fósforo-sulfurosa é utili-
A customização no uso de fluidos hidráulicos está se
zada, em face das severas cargas de trabalho e eleva-
tornando cada vez mais frequente, visto que os OEMs
das temperaturas a que são submetidos os elementos
estão desenvolvendo normas de desempenho próprias.
de máquinas em tais conjuntos de acionamento. A adi-
A título de informação, podemos citar a CATERPILLAR,
tivação EP entra em operação formando um filme de
que recomenda para uso nos sistemas hidráulicos dos
sacrifício entre as superfícies metálicas dos componen-
equipamentos móveis por ela fabricados óleos lubrifican-
tes em movimento. Após a formação deste filme sacri-
tes com níveis mínimos de zinco (Zn) e fósforo (P) de
ficial, qualquer movimento ou ação de engrenamento
0,09% m (900 mg/kg ou ppm).
entre as superfícies metálicas tende a desgastar o filme superficial criado pela aditivação EP, antes das superfícies metálicas. Não é de praxe o uso de aditivação EP (Extrema-Pressão) em fluidos hidráulicos.
Figuras 17/18 - A CATERPILLAR tem especificação própria de fluido hidráulico
Essa exigência se deve ao fato de o zinco (Zn) e o fósforo (P), como já comentado, serem componentes da aditivação antidesgaste do óleo lubrificante para
Figuras 19/20 - Óleos lubrificantes para uso em redutores de velocidade costumam demandar aditivação EP (Extrema-Pressão)
uso em sistemas hidráulicos (ZDDP – dialquilditiofosfato de zinco) e de fundamental importância na durabili-
Um bom programa de lubrificação compreende:
dade e proteção de bombas hidráulicas (palhetas ou
1. Utilizar de óleo ou graxa lubrificante adequados a cada
pistões), válvulas direcionais, válvulas proporcionais e outros componentes presentes em sistemas hidráulicos e transmissões hidrostáticas de equipamentos mó-
equipamento móvel ou industrial; 2. Efetuar a aplicação do óleo ou graxa lubrificante no local correto; 19
3. Efetuar as substituições das cargas de óleo lubrificante ou efetuar a relubrificação com graxa no momento recomen-
2. Aumento da produção, obtendo-se o máximo desempenho do maquinário; 3. Redução da indisponibilidade de maquinário móvel ou
dado pelo OEM; 4. Utilizar os volumes recomendados de óleo e graxa lu-
industrial.
brificantes pelo fabricante do equipamento com vistas a evitar excesso ou falta de lubrificação. Ao seguir-se as sugestões anteriormente apresentadas, poderemos ter como benefícios decorrente de um adequado programa de lubrificação:
Figuras 23/24 - Equipamento indisponível é motivo de preocupação para o staff de manutenção
Marcos Thadeu Giacomini Lobo Figura 21 - Máquina em operação e em máximo desempenho torna o staff de manutenção feliz
1. Prolongamento da vida em serviço do equipamento móvel ou industrial; QT_Anuncio_LF_Ed_Jan.pdf
20
1
28/01/19
09:34
é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.
MERCADO
O MERCADO BRASILEIRO DE LUBRIFICANTES Por: Pedro Nelson A. Belmiro
A tarefa de levantar números precisos para
crescimento de 15,1% em 2018, o maior em 11
o mercado de lubrificantes nunca foi fácil e tem
anos. A alta foi puxada pela redução de impostos
sido um grande desafio até mesmo para o sistema
e os lançamentos de carros novos. Enquanto isso,
informatizado
produtos
a produção do agronegócio acenou com boas
da ANP (SIMP), que precisa ser alimentado com
perspectivas, fazendo com que a produção de
números enviados pelo mercado. Dessa forma,
máquinas agrícolas crescesse 23,8% em 2018.
de
movimentação
de
a necessidade de uma análise crítica sobre os
Outro fator importante nessa análise é o
números, aliada a uma pesquisa específica com
comportamento do mercado de óleos básicos
os principais players do mercado, é imprescindível
no ano passado. Foi observado um crescimento
para que possamos entender melhor o ambiente
de 19% no mercado total desse insumo, com
e as particularidades e chegarmos a um número
recorde de importação, aumento da produção nas
aproximado com mais acurácia.
refinarias brasileiras e crescimento nas vendas de básicos rerrefinados.
Fatores relevantes em 2018 Mercado brasileiro de lubrificantes em alta O mercado de lubrificantes tem historicamente acompanhado o desenvolvimento do país e, mais
Tomando como base os movimentos mercadológicos
especificamente, do setor industrial. Em 2018, com
acima citados e efetuando uma análise detalhada dos
impactos da greve dos caminhoneiros e também
números obtidos diretamente das empresas com uma
das eleições, o PIB Nacional cresceu timidamente,
efetiva consolidação com os números contabilizados
atingindo cerca de 1,1%, enquanto a indústria
pelo SIMP da ANP, chegamos à conclusão final de que
automobilística apresentou um desempenho muito
o mercado brasileiro de lubrificantes acabados teve um
bom. De acordo com dados divulgados pelo
crescimento de 1,9% no ano de 2018, com relação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
ao ano anterior. As vendas totais de óleos atingiram o
o setor de veículos, motos, partes e peças teve um
montante de 1.299.254 m3 no ano passado. 21
Acompanhando a tendência mundial, os óleos
e Chevron, até então mostrados separadamente,
automotivos, ou seja, os utilizados em motores dos
estão consolidados sob a marca Iconic, o que
ciclos Otto e Diesel, compuseram uma fatia em torno
fez com que a disputa pela liderança ficasse bem
de 60% do volume total, enquanto os industriais,
acirrada e a nova empresa assumisse o posto mais
aqui compostos também de óleos para transmissões
alto na divisão do mercado.
e engrenagens, ficaram com os 40% restantes. Essa é uma análise também com certa dificuldade de
Distribuição por região
precisão, uma vez que empresas adotam diferentes critérios para a identificação do segmento aplicado,
A região Sudeste, como de costume, lidera o
e, por vezes, uma mesma aplicação pode ter destinos
mercado brasileiro com 46,8% das vendas de óleos
diferentes na consolidação. Aqui estamos adotando
lubrificantes, seguida da região Sul com 19,8%, a
como automotivos somente os óleos de motor.
Nordeste com 14,5%, a Centro-Oeste com 11,1% e,
As oito empresas ligadas à Associação Plural,
por fim, a região Norte com 7,8%.
antigo Sindicom, compreendendo as distribuidoras
Aproximadamente 60% das vendas de óleos
Iconic (Chevron + Ipiranga), Br Distribuidora,
lubrificantes estão em apenas cinco estados. São
Moove (Cosan), Petronas, Shell, YPF, Total e Castrol,
Paulo é o estado brasileiro que mais consome
responderam por 79,5% do mercado, ficando os
lubrificantes, respondendo sozinho por 27,7% de
outros 20,5% com os demais 265 produtores e
todo o consumo do país. A seguir vem Minas Gerais
importadores cadastros na ANP. A novidade para
com 11,6%, Paraná com 7,9%, Rio Grande do Sul
a análise deste ano é que os números de Ipiranga
com 7,2% e Rio de Janeiro com 5,6%.
Mercado brasileiro de lubrificantes Participação por empresa (%)
21,3%
20,5%
1,5% 1,6% 1,7% 20,5%
8,9%
9,2% 14,8%
22
Iconic BR Cosan Shell Petronas YPF Total Castrol Outros
Mercado brasileiro de óleos básicos
O mercado de óleos básicos
3
m
Como já é de amplo conhecimento, as refinarias
1.469.092
100,00%
Produção refinarias
602.881
41,00%
na Bahia, produzindo apenas óleos do grupo I;
Rerrefino
257.706
17,50%
e a Lubnor no Ceará, produtora apenas de óleos
Importação
616.305
42,00%
Exportação
7.800
0,50%
brasileiras que produzem óleos básicos lubrificantes são apenas três: REDUC, no Rio de Janeiro; RLAN
naftênicos. Colaborando significativamente com a oferta nacional, a indústria do rerrefino coloca
Mercado local básicos
%
no mercado óleos do grupo I e, através da Lwart
entregou ao mercado 114.400 m3, representando 44,4% das
Lubrificantes, produz óleos básicos do grupo II.
vendas, sendo 80% desse volume de básicos do grupo II. Em
Com
o
e
seguida veio a Petrolub com 16,5%, a Lubrasil com 13,0%,
questões
a Tasa com 9,8% e a Proluminas com 9,1%. Completando o
ambientais de economia de combustível e emissões
volume total, seguiram-se Lubrificantes Fenix, Petroquímica do
veiculares, as viscosidades dos lubrificantes estão
Sul, Falub, Brazão e Supply.
equipamentos
desenvolvimento em
geral,
dos
aliado
motores às
ficando cada vez mais baixas, exigindo óleos
O Brasil seguirá ainda por muitos anos sendo
básicos menos viscosos e mais resistentes. Dessa
importador de derivados e também acompanhará
forma, o consumo de óleos dos grupos II e III vem
a tendência tecnológica mundial de utilização de
subindo exponencialmente, fazendo com que as
óleos básicos de melhor qualidade e viscosidades
importações de óleos básicos aumentem na mesma
mais baixas, o que diminuirá a utilização de óleos
proporção.
do grupo I. Já existe uma grande preocupação
No ano de 2018, o mercado brasileiro de
das autoridades com relação ao setor de refino
óleos básicos situou-se em 1.469.092 m , com um
brasileiro, porém até agora todas as preocupaçõles e
crescimento de 19% em relação ao ano anterior. Esse
expectativas de possíveis parcerias futuras nessa área
aumento deveu-se principalmente ao impactante
contemplam apenas os combustíveis. É importante
volume das importações desse segmento, que
que a indústria de lubrificantes fique atenta ao
atingiram mais de 616 mil m , correspondendo
caminho a ser percorrido pelo país com relação aos
a um aumento de 48% em relação a 2017. Para
derivados, para que possa se preparar para o futuro,
se ter uma ideia da importância desse número,
tanto com logística e capacidades de armazenagem
toda a produção das refinarias brasileiras atingiu o
de importações como para lembrar aos interessados
volume de pouco mais de 603 mil m , ou seja, já
em possíveis investimentos em refinarias no país
importamos mais do que produzimos, em termos
que existe uma demanda importante para justificar
de primeiro refino.
produção de óleos básicos de grupos II e III
3
3
3
Os Estados Unidos são incontestavelmente os maiores
localmente.
fornecedores de básicos ao Brasil, com cerca de 75,5% do volume importado para o nosso mercado, seguidos de muito longe pela Coreia do Sul com 6,2%, a Itália com 4,9%, a Malásia com 4,4% e o Barein com 3,0%. A eles seguem, com
Pedro Nelson Belmiro é Engenheiro Químico,
menores quantidades, países como a Suécia, Catar, Canadá,
Consultor Técnico em lubrificantes, Co-autor
Rússia, França, Índia, Emirados Árabes e outros.
do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial
As vendas de básicos rerrefinados no Brasil superaram as do ano passado em 3,4%, com um total de 257.706 m3,
e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP.
tendo como seu maior participante a Lwart Lubrificanes, que 23
O mercado em foco agora no Portal Lubes Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desenvolveu o Sistema de Informações de Movimentação de Produtos (SIMP) que consolida as informações obrigatórias prestadas por todas as empresas registradas como produtores, importadores, coletores e rerrefinadores, além das plantas e bases de armazenamento. Para o ano de 2018, a revista Lubes em Foco sentiu necessidade de aprimorar a pesquisa junto a grandes produtores, efetuando uma análise crítica dos números consolidados com a publicação oficial. O Portal Lubes, no endereço http://portallubes.com.br, publica os principais números do mercado, com análise e comentários especializados, na velocidade que a mídia digital oferece. Apresentamos aqui um resumo dos números do mercado brasileiro de lubrificantes.
Resumo do mercado brasileiro de lubrificantes no ano de 2018 Vendas totais de óleos lubrificantes:
1.299.254 m3
Variação relativa ao ano anterior: + 1,9% Importação de óleos acabados:
57.072 m3
Exportação de óleos acabados:
62.136 m3
Óleos Básicos: Mercado Local: Produção nas refinarias: Indústria do Rerrefino: Importação: Exportação:
Obs: Valores consolidados pela revista Lubes em Foco de informações obtidas diretamente de fontes oficiais do mercado.
24
1.469.092 m3 602.081 m3 257.706 m3 616.305 m3 7.800 m3
Participação de Mercado de óleos Ano de 2017
17,6%
22,5%
1,5% 1,5% 1,8% 8,2%
14,9%
9% 9,0%
Participação de Mercado de óleos Ano de 2018
14%
21,3%
20,5%
BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Total Lubrif. Castrol YPF outros
1,5% 1,6% 1,7% 20,5%
8,9%
Iconic BR Cosan Shell Petronas YPF Total Castrol Outros
9,2% 14,8%
NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no PORTAL LUBES, em www.portallubes.com.br, na aba MERCADO.
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Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2019 Janeiro, 22 a 24
SAE International Powertrains, Fuels & Lubricants Meeting, San Antonio, Texas, USA - https://www.sae.org/attend/ipfl
Fevereiro, 18 a 22
ICIS World Base Oils & Lubricants Conference, London, UK - https://www.icisevents.com/ehome/worldbaseoils/home/
Março, 04 a 07
F+L Week 2019, Cingapura - https://www.flweek2019.fuelsandlubes.com/
Abril, 09 a 10
ICIS Indian Base Oils & Lubricants Conference, Mumbai - https://www.icisevents.com/ehome/indianbaseoils/home/
Maio, 19 a 23
STLE 74th Annual Meeting & Exhibition, Nashville, Tennessee, USA - http://www.stle.org/annualmeeting
Nacionais Data
Evento
2019 Abril, 29 a Maio 3
26ª Agrishow - São Paulo - www.agrishow.com.br
Maio, 7 a 11
Expomaf - São Paulo Expo Rod. dos Imigrantes - KM 1,5 - https://www.expomafe.com.br/pt/Home.html
Junho, 11 e 12
9º Encontro com o Mercado - América do Sul, Hotel Windsor Flórida, Rio de janeiro - RJ - www.portallubes.com.br
Junho, 25 a 29
Fispal Tecnologia - 2019 - São Paulo Expo Center - https://www.fispaltecnologia.com.br/pt/a-feira.html
Agosto, 6 a 8
Mecshow - 12ª Feira Metalmecânica- Espírito Santo - https://www.mecshow.com.br/site/2019/pt/home
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
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Reserve esta data na sua agenda 11 e 12 de junho de 2019 Rio de janeiro - Brasil
O maior evento de lubrificantes da américa latina Para mais informações: • http://portallubes.com.br • shirley@editoraonze.com.br
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