Dez/Jan 18 Ano X • nº 64 Publicação Bimestral
EM FOCO
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A revista do negócio de lubrificantes
O Mercado Brasileiro de Lubrificantes Análise do mercado de lubrificantes, e a questão sobre qual seria a melhor estratégia para o futuro dos óleos básicos.
ICONIC: O desafio da liderança
Em entrevista exclusiva, o Diretor Presidente da nova líder de mercado fala de valores e expectativas.
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O PORTAL LUBES, o mais novo espaço na internet para a indústria de lubrificantes e também para o público interessado no segmento industrial e automotivo já está no ar. Você encontra em um único local, as mais recentes e importantes notícias relativas ao mercado de lubrificantes, eventos, guia de negócios, revista, além das colunas com opiniões e informações de especialistas do setor.
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Editorial O mercado brasileiro de lubrificantes fechou o ano de 2017 praticamente estável, interrompendo uma trajetória de queda, iniciada em 2014, e que já acumulava cerca de 16%. Os sinais positivos da Economia, com reflexo no desempenho do PIB brasileiro, foram as principais causas do pequeno fôlego que fez com que o mercado de lubrificantes conseguisse se sustentar no mesmo patamar do ano anterior. A indústria automobilística, como sempre, funcionou como o grande motor do mercado, e os crescimentos de produção, em torno dos 25%, e de vendas, em cerca de 9%, tiveram papel primordial no desempenho dos lubrificantes, e se não houvesse a expressiva perda de volume do mês de dezembro, certamente o ano de 2017 seria caracterizado pela retomada do crescimento no segmento de lubrificantes. Com a volta de uma trajetória positiva e considerando que nossas refinarias e nossa indústria de rerrefino só conseguem colocar à disposição do mercado cerca de 66% de suas necessidades, já trabalhando em um limite de capacidade considerável, podemos antever que o processo de importação de óleos básicos será cada vez mais expressivo no Brasil. Além disso, a tendência irreversível do uso de óleos lubrificantes de motor com viscosidades menores e qualidade maior dificulta, ou mesmo impossibilita, a utilização dos óleos básicos produzidos nas refinarias existentes no país. Junte-se a isso o fato de vários países terem se preparado com antecedência para o quadro atual e investido em aumento da capacidade de produção de básicos dos grupos II e III, fazendo com que a oferta mundial desses produtos pressione os preços para baixo. Chegamos à situação crítica, que nos obriga a uma definição de estratégia de abastecimento para o país. Seremos sempre importadores, ou ainda vale a pena investir em novas refinarias e infraestrutura de transporte e armazenamento? Para os combustíveis, as definições são bem mais estratégicas, e é preciso considerar o risco de desabastecimento que pode parar o país. Mas será que estariam as autoridades competentes preocupadas com os óleos básicos lubrificantes? Estariam os possíveis projetos de construção de novas unidades de refino considerando a existência de unidades de hidrotratamento próprias para a produção de básicos dos grupos II e III? São questões que precisam ser tratadas no âmbito dos programas de governo, como o Combustível Brasil e Rota 2030, que nos parecem bem estruturados e alinhados com as exigências ambientais e de mercado, mas que precisam dar a importância devida ao segmento de lubrificantes e colocar sua importância acima de um simples segmento com peculiaridades tributárias. Os Editores
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Sumário 6
O desafio da liderança.
O Diretor Presidente da ICONIC, a empresa que surgiu da fusão entre Ipiranga e Chevron, fala com exclusividade.
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O mercado brasileiro de lubrificantes.
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Monitoramento dos óleos de turbina
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O óxido de alumínio na eficiência do óleo isolante.
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O Mercado agora no Portal Lubes.
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Programação de Eventos.
Análise dos números do ano de 2017, com uma percepção crítica de um futuro ainda sem definição.
Especialista mostra os principais testes que devem ser feitos para um monitoramento confiável das turbinas a gás e vapor.
Trabalho técnico mostra como as partículas de Al2O3 podem substituir o ZnDDP, com antioxidante em óleos isolantes.
Gráfico do comportamento do mercado brasileiro que irá ser disponibilizado no Portal Lubes, na aba mercado.
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ICONIC: O desafio da liderança Por: Pedro Nelson Belmiro
Duas grandes empresas do segmento de lubrificantes formaram uma joint venture que já nasceu líder de mercado. A ICONIC, fruto da fusão de Ipiranga Lubrificantes e Chevron Lubrificantes, traz em sua essência a complexidade de duas culturas diferentes e o desafio de liderar um mercado que vem lutando há alguns anos para se equilibrar entre a manutenção de seu volume e a rentabilidade de seus produtos. Para encarar esse desafio, a ICONIC foi buscar no mercado, para seu Diretor-Presidente, um nome já bastante familiarizado com esse tipo de fusão, o gaúcho LEONARDO LINDEN, com mais de 25 anos de carreira, que chega trazendo sua larga experiência em estratégia global de mercado, uma vez que esteve presente em processos de fusão de grandes corporações. Formado em administração pela UFRGS, especializou-se nas universidades americanas Kellogs School of Management – Northwestern University e North Carolina University, o que lhe deu uma base sólida para o melhor entendimento do mundo dos negócios. Em entrevista exclusiva à revista LUBES EM FOCO, Leonardo Linden fala abertamente sobre sua experiência como profissional, o processo de criação da ICONIC, seus valores e suas expectativas para o mercado de lubrificantes brasileiro. Lubes em Foco - Como a sua experiência com fusões de empresas vai ajudar a ICONIC no nosso mercado? Leonardo Linden - Ao longo dos meus mais de 25 anos de carreira, tive muita exposição a processos de fusão. Esse é o quinto que eu realizo. Quando se tem uma fusão de grandes corporações, como é o caso da ICONIC, existe uma série de características e desafios muito específicos e muito ligados ao momento em que se dá o processo. Quando veio o convite para participar desse projeto, eu gostei muito, porque senti que tinha a possibilidade de trazer uma contribuição importante e, principalmente, porque acho que o negócio em si faz muito sentido. O lubrificante é um segmento que cativa muito por suas características, já que tem vários componentes envolvidos, como produção, tecnologia, necessidade de escala e busca constante de eficiência. Há um desafio para a indústria como um todo, que é entregar cada vez mais qualidade, especialização, de forma cada vez mais eficiente. Isso é muito atrativo a um executivo, principalmente quando se lida com equipes especializadas e muito competentes tocando esse projeto, e isso me deixa muito feliz. Lubes em Foco - Como foi o desenvolvimento desse processo de fusão entre Ipiranga e Chevron? Leonardo Linden - Como o mercado tem acompanhado, o negócio foi anunciado em agosto de 2016, e espe6
rou-se a aprovação do CADE, que se deu em fevereiro de 2017. Nesse período não se pôde avançar no processo de integração em função da restrição imposta por órgãos reguladores. A partir de fevereiro, começou então o processo efetivo de integração dos negócios. Em um primeiro momento, foram separadas as empresas que comporiam a contribuição dos acionistas para a então joint venture, agora ICONIC, e iniciou-se então a integração de sistemas, de processos, reorganização, avaliação de sinergias, oportunidades, riscos, mitigação, tudo que compõe um processo normal de integração. Não é simples integrar duas empresas consolidadas no mercado, pois demanda tempo e muito cuidado. Devemos lembrar que sempre que se faz uma fusão dessas, é prioritária a preservação do negócio, ou seja, as relações que existem, sejam clientes, fornecedores, parceiros ou equipes, porque é um momento em que se geram instabilidade, ansiedade e curiosidade. Portanto, é preciso separar as pontas do negócio, como vendas, produção etc., e trabalhar internamente com o staff executivo, para organizar o que é necessário e não passar preocupação para aquelas áreas que podem impactar o negócio. Essa tem sido a nossa prioridade, e, com a experiência que eu tenho nesses processos, posso dizer que as equipes que encontrei estão muito receptivas e colaborativas, sabendo lidar muito bem com esse momento. Estamos construindo uma base sólida para expandir e crescer.
Lubes em Foco - Como vai funcionar o equilíbrio entre as duas marcas, Texaco e Ipiranga, em termos de produção e vendas? Leonardo Linden - Olhando os números gerais, a nova empresa tem agora três fábricas, duas no Rio e uma em São Paulo, uma linha de produtos resultante da fusão que é extremamente ampla, em torno de 1.300 SKUs, um número de funcionários em torno de 700 pessoas, 50 distribuidores autorizados e 30 centros de distribuição. Então, como empresa, a ICONIC ganha um posicionamento muito relevante dos pontos de vista logístico e de capilaridade. A ICONIC é uma marca corporativa que une as duas equipes e tem o direito de uso das marcas e tecnologias Ipiranga e Texaco, que estarão preservadas e farão parte do portfólio de produtos da empresa. Então, os distribuidores que hoje trabalham com cada uma dessas marcas continuarão a fazê-lo normalmente. É óbvio que, lá na frente, pode surgir uma série de oportunidades, mas isso é algo que será visto ao longo do tempo, tudo com muito cuidado. Já está sendo conduzido um trabalho cuidadoso sobre posicionamento de marcas, preços e mercado, para saber exatamente se há otimização a fazer, mas repito que as marcas estão preservadas. Lubes em Foco - Como você explicaria melhor esse equilíbrio de forças entre as duas empresas que formaram a ICONIC? Leonardo Linden - Eu vejo que conseguimos ampliar bastante a capacidade de suprir determinados segmentos de mercado. A Ipiranga, por exemplo, é muito forte em postos de serviço, com 7.800 unidades e a maior rede de serviços automotivos do Brasil, a Jet Oil, em 1.600 estabelecimentos, tornando-se muito forte no varejo. A Texaco tem uma plataforma global com penetrações importantes em clientes internacionais. Então, nesse sentido, elas são complementares. A questão geográfica também é importante, já que as duas estão no Brasil inteiro, mas a Texaco é forte nas áreas do Norte e Nordeste, enquanto a Ipiranga tem muita força nas regiões Sul e Sudeste. Assim, vemos uma amplitude de negócios bastante positiva. Não existe hoje nenhuma pressa em procurar racionalizar linhas de produtos e sim preservar os negócios existentes e capturar novas oportunidades de ganho direto. Lubes em Foco - Como você analisa um possível choque de culturas entre uma multinacional americana e uma empresa essencialmente brasileira como a Ipiranga?
Leonardo Linden
Leonardo Linden - Eu acho que a diversidade cultural, nesse caso, é espetacular e muito proveitosa, desde que se reconheça que ela existe. Só assim pode-se olhar para o diferente e enxergar a oportunidade de se avaliar o que é feito, como é feito, de melhorar um ou outro processo etc. Se não se reconhece que a diversidade existe, o diferente passa a ser julgado como algo que não traz benefício e sim risco. Uma das grandes oportunidades de uma fusão como essa é a diversidade cultural. De um lado temos uma empresa bem brasileira, varejista, que está no coração do brasileiro, e que é também uma empresa de sucesso, como a Ipiranga, e de outro lado a Chevron, que é uma empresa americana, com outro perfil, outra forma de fazer as coisas, e uma diferente formação de profissionais, com os méritos de estar há mais de cem anos no país, com sucesso. Então, se você conseguir juntar atributos de uma e de outra em uma única empresa, você tem uma terceira empresa que é maior do que a soma de duas empresas. É a melhor oportunidade de juntar as melhores práticas e formar sua própria cultura. Além do mais, a ICONIC terá uma gestão compartilhada, e eu acabo sendo o melhor exemplo disso, pois seria mais fácil pegar um executivo de uma das empresas, mas o fato de trazer 7
alguém do mercado demonstra uma escolha de consenso e vontade de se criar uma cultura própria. Lubes em Foco - Você chega ao mercado de lubrificantes para dirigir uma empresa que se tornou líder já a partir de sua criação. Como isso impacta sua visão e que benefícios traz à sua gestão? Leonardo Linden - Ser líder de mercado realmente chama a atenção, mas eu não quero inverter os conceitos de objetivo e consequência. Ser líder é uma consequência, e eu nunca vou dizer ao time que nosso objetivo é ser o número 1. Temos sim o objetivo de ser o melhor, o mais eficiente, de ter a escala adequada, a capacidade de produzir, distribuir e comercializar produtos melhor do que os concorrentes, e naturalmente vamos ser o número 1 do mercado. Então, o foco deve ser naquilo que precisa ser feito e não em simplesmente ser o número 1. O grande benefício que a fusão nos traz hoje é a escala, o tamanho, que pode trazer mais oportunidades. Market share é bom para chamar atenção, mas é uma consequência de tudo isso. O mercado brasileiro de lubrificantes traz muito essa cultura de valorizar a participação de mercado, e isso tem um custo a ser considerado. Passamos por anos difíceis, porque os custos do negócio subiram demais, e a situação do país não permitiu que fossem repassados ao mercado. No ano passado, por exemplo, tivemos um impacto forte nos preços dos insumos, que nos trouxeram duros golpes, pois o ambiente já era de retração. Não podemos controlar os preços na rua, mas precisamos ser competitivos, então o nosso olhar tem que ser voltado para a eficiência interna, para construir a margem que pudermos com essa eficiência. Vamos respeitar o mercado e não iremos puxar nem para cima nem para baixo. Seremos competitivos para sobreviver à volatilidade típica do mercado brasileiro. Lubes em Foco - Você mencionou que muitos custos não puderam ser repassados aos preços, e isso pode afetar sensivelmente as margens das distribuidoras. Você estaria disposto a sacrificar participação de mercado em troca de rentabilidade? 8
Leonardo Linden - Como já disse, meu objetivo não é o percentual de participação de mercado e sim a saúde do negócio, por isso temos que fazer o que for saudável para o negócio. Não acredito que precisemos sacrificar rentabilidade nem market share, uma vez que temos muitas oportunidades oriundas da própria fusão. Os benefícios e as forças que vamos encontrar no nosso negócio estão diretamente relacionados à nossa capacidade de encontrar as sinergias e essas oportunidades. O que vamos fazer dependerá do mercado, mas, obviamente, ninguém irá fazer loucuras nem para cima nem para baixo. Precisamos continuar competitivos, acompanhar os movimentos do mercado e entregar aos nossos distribuidores uma base competitiva de negócio e, para isso, precisamos gerar eficiência internamente. Lubes em Foco - Falando em eficiência interna, existe alguma programação de redução de quadro de funcionários devido à fusão? Leonardo Linden - Isso é um assunto recorrente quando se fala em fusão. Não existe nenhum plano drástico de desligamento de funcionários. Qualquer negócio precisa ser reavaliado constantemente quanto aos seus investimentos, contratações, demissões etc., isso faz parte do dia a dia do negócio. Tudo o que estamos fazendo hoje na direção de encontrar as oportunidades é para formar uma base para crescer no negócio e não diminuir. Dessa forma, qualquer movimento que possa existir não será em função da fusão. Lubes em Foco - Como você vê o comportamento do consumidor desse mercado? Leonardo Linden - O consumidor automotivo costuma ir ao posto de serviço umas duas vezes por semana para colocar combustível e tem ali três ou quatro produtos a escolher, o que torna tudo mais fácil para ele. No caso do lubrificante, o consumidor vai, na melhor das hipóteses, de seis em seis meses trocar o óleo. Nesse período, já pode haver outros óleos disponíveis, inclusive novas especificações para carros novos, e a escolha requer um maior entendimento que
torna mais difícil o consumidor acompanhar. Por isso, cada vez mais aumentará a procura por trocas de óleo especializadas que possam passar a confiança de que se está recebendo o produto adequado ao veículo. A evolução das tecnologias dos lubrificantes é muito direcionada pelos fabricantes de motores, que continuam evoluindo constantemente, e, por isso, precisamos nos adequar. A ICONIC hoje é a maior consumidora de óleos básicos de grupos II e III, justamente para que nossa linha se mantenha sempre atualizada com as novas tecnologias. Isso está na história das duas empresas que se juntam hoje. Lubes em Foco - Com relação às fábricas, existirá algum processo de racionalização das produções? Leonardo Linden - É claro que existe um processo de otimização. Hoje, as três fábricas já estão produzindo produtos tanto Ipiranga como Texaco. Estamos realizando um trabalho detalhado para determinar a vocação de cada unidade para buscarmos suas especializações, como, por exemplo, a de Osasco para graxas. Isso faz parte do processo de sinergia que buscamos e também para analisarmos os investimentos, alocação de custos etc.
Lubes em Foco - Como você vê o mercado em um futuro próximo, e como a ICONIC está preparada para isso? Leonardo Linden - A recuperação do mercado de lubrificantes passa pela recuperação da economia do país como um todo. Temos pela frente um ano ainda meio incerto, devido às eleições, mas, abstraindo as questões políticas, tudo indica que o país dá sinais de recuperação, e podemos ter um ano de 2018 melhor do que 2017. Os lubrificantes estão muito conectados com a atividade produtiva do Brasil, e esperamos uma reação desse mercado. De um lado, temos um cenário econômico com sinais favoráveis e, de outro, o negócio em si, com fatores que não podem ser previstos, como preços de insumos, dólar etc., por isso precisamos cuidar dentro de casa o que precisamos fazer para sermos eficientes e acompanhar os cenários que se apresentam. O nosso grande objetivo aqui é formar uma empresa que tenha a capacidade de servir muito bem aos nossos clientes, uma empresa mais forte do que a soma das duas que compõem seu quadro acionário. Queremos, sim, ser uma referência nesse mercado pela nossa capacidade de sermos eficientes.
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O Mercado Brasileiro de lubrificantes Por: Pedro Nelson Belmiro
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expectativa era de um início de recupera expectativa era de um início de recuperação do mercado brasileiro de lubrificantes, com o ano de 2017 fechando em ligeira alta. Entretanto, alguns fatores impactantes fizeram com que os números de dezembro tivessem uma queda de quase 18%, com relação à média obtida de julho a novembro. Esse desempenho ruim no último mês do ano fez com que o mercado atingisse um volume total de 1,273 milhão de metros cúbicos, praticamente igual ao volume do ano anterior. Esta estabilidade ainda pode ser considerada uma recuperação, pois interrompe a série de quedas de quase 16% iniciada em 2014. Este desempenho está ligado diretamente às sinalizações de recuperação econômica e ao movimento do PIB brasileiro. As percentagens de participação das empresas no mercado de óleo acabado sofreram ligeiras mudanças, mas continuaram a indicar a dominân-
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cia das empresas do antigo Sindicom, agora Plural, que detiveram cerca de 82,4% do mercado. A BR Distribuidora terminou 2017 como líder, com uma participação de 22,5%, seguida de Ipiranga com 14,9%, Cosan com 14,0%, Chevron e Petronas empatadas com 9% e Shell com 8%. Note-se que não estamos considerando nessa análise a fusão entre as empresas Chevron Lubrificantes e Ipiranga, que formaram a ICONIC e iniciaram o ano de 2018 na liderança do mercado, com algo em torno de 23,9%. Exportações cresceram O Brasil aumentou significativamente suas exportações de óleo acabado, na ordem de 21%, em comparação com o ano de 2016, embora ainda em um volume pequeno de pouco mais de 52 mil metros cúbicos, com um faturamento de US$75,5 milhões. Países da América do Sul continuam sendo o desti-
Evolução das vendas nacionais, pelos Produtores e Importadores, de óleos lubrificantes acabados
Volume (m 3)
140000 120000 100000
116.795,97
113.661,11
119.016,61
118.672,40
110.033,97
112.669,79 114.261,19 104.085,95
93.855,22
93.330,65
93.653,66
85.025,94
80000 60000 40000 20000 0
01/2017
02/2017
03/2017
04/2017
05/2017
06/2017
07/2017
08/2017
09/2017
10/2017
11/2017
12/2017
Mês/Ano
no principal de quase 90% do óleo acabado enviado pelo Brasil. Caribe, China e União Europeia também aparecem na lista com pequenas quantidades. Com relação aos óleos básicos, é interessante notar que o pequeno volume de cerca de 25 mil metros cúbicos exportado teve quase um terço destinado os Estados Unidos, seguido da América do Sul com 22% e China e Oriente Médio a seguir com 18% cada. O mercado de óleos básicos O mercado de óleos básicos no Brasil continuou sua tendência importadora, uma vez que as refinarias brasileiras que produzem esses insumos não podem atender à demanda atual de óleos automotivos de alta qualidade e baixa viscosidade, que exigem básicos das classificações API grupos II e III. A RLAM, na Bahia, e a REDUC, no Rio de Janeiro, somente produzem o grupo I e a LUBNOR, no Ceará, apenas óleos naftênicos. Dessa forma, para um mercado que tem uma demanda potencial total de cerca de 1,259 milhão metros cúbicos, considerando um pequeno volume exportado de 25 mil m3, temos uma participação da produção nacional
nas refinarias, da ordem de 49%, atingindo a pouco mais de 593 mil m3. A indústria do rerrefino colocou disponível em 2017 um volume em torno dos 249 mil metros cúbicos, correspondendo a pouco mais de 20% das necessidades brasileiras. Assim sendo, o Brasil precisou importar cerca de 416 mil metros cúbicos de óleos lubrificantes básicos para seu mercado, o que corresponde a, aproximadamente, 33,7% de suas necessidades.
ÓLEOS BÁSICOS NO BRASIL (m 3) Mercado local
1.234.121
Produção refinarias
593.536
Rerrefino
249.337
Importação Exportação
416.339
25.091
Brasil continuará sendo importador Diante da política da Petrobras de não investir em seu parque de refino, não há muita esperança 11
Market share de óleos lubrificantes acabados
17,6%
22,5%
1,5% 1,5% 1,8% 8,2%
14,9%
9% 9,0%
14%
de se ver uma refinaria brasileira produzindo óleos básicos de grupos II ou III, tão cedo. Além disso, qualquer iniciativa nesse sentido, mesmo que em parceria com alguma empresa estrangeira, demoraria vários anos para entrar em operação. É necessário considerar-se também que a tendência tecnológica dos óleos lubrificantes automotivos aponta para um mercado crescente dos grupos II e III, sendo o grupo I gradualmente substituído e direcionado mais para o uso industrial. Assim, o Brasil continuará, ainda por muito tempo, sendo um grande importador de óleos básicos e, portanto, um excelente mercado para as empresas internacionais produtoras de básicos de alta qualidade. Interessante notar, que os Estados Unidos respondem por quase 71% das importações de básicos que chegam ao Brasil, sendo seguidos por Coreia do Sul com 10%, Malásia com 5% e Suécia com 4%, aproximadamente. Os demais volumes procedem de França, Canadá, Índia e Rússia, além de pequenas quantidades de outros lugares. O Brasil gastou cerca de US$252 milhões, em 2017, para importar suas necessidades de óleos básicos. 12
BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Total Lubrif. Castrol YPF outros
Qual será a melhor estratégia para o Brasil? O questionamento hoje mais importante para o país hoje está relacionado às estratégias futuras do governo e da Petrobras com relação ao parque de refino. É sabido que tanto a gasolina como o óleo Diesel tem a prioridade das entidades governamentais e agentes do mercado, uma vez que impactam diretamente a infraestrutura e a segurança do abastecimento do país como um todo. Dessa forma, possíveis projetos e investimentos em novas refinarias viriam para atender às necessidades dos combustíveis, e não se pode ter a esperança de que unidades de produção de óleos lubrificantes de grupos II e III, com suas peculiaridades e instalações próprias serão incluídas nesse contexto. Por outro lado, muitos produtores estrangeiros se prepararam para acompanhar o desenvolvimento tecnológico no setor automotivo, e também para a adaptação necessária às exigências ambientais cada vez mais rigorosas. Assim, inúmeras plantas de óleos básicos de grupos II e III, foram construídas e outras tantas de grupo I foram desativadas.
Os básicos de melhor qualidade entraram de vez no mercado, provocando uma super oferta desses produtos e jogando os preços para baixo. A realidade atual é a facilidade de se importarem básicos de é alta qualidade com valores bastante competitivos, entretanto, basta um fenômeno natural como um furacão nos Estados Unidos, com impacto nas unidades produtoras, como ocorrido em anos anteriores, para haver uma grande dificuldade de abastecimento, mesmo a preços maiores. A tendência de aumento do uso de básicos de grupos II e III é irreversível, atingindo também o segmento industrial, e, portanto, torna-se necessária uma ampla discussão entre os órgãos governamentais envolvidos, incluindo todos os agentes econômicos do segmento de lubrificantes, para definir a melhor estratégia para o mercado. É claro, que os combustíveis terão prioridades nas definições, e não poderia ser diferente, entretanto, a grande questão que trazemos aqui é se os responsáveis pelas estratégias de abastecimento do país estão realmente preocupados com o segmento de lubrificantes, a ponto de colocar em seus possíveis planos para o parque de refino um projeto de unidades de hidrotratamento e hidroisomerização, para a produção de óleos básicos de grupos II e III.
usados e contaminados, se não houver investimentos em modernização de seus processos produtivos. Com exceção da Lwart, que hoje já produz o grupo II em suas instalações, as empresas rerrefinadoras do país estão produzindo básicos de grupo I. Ora, se a tendência do mercado e utilizar cada vez mais básicos de grupos II e III, e a reciclagem desses produtos produzir, em sua maioria, apenas o grupo I, certamente chegará um momento em que a conta não fechará. A indústria de rerrefino precisa devolver ao mercado a qualidade dos produtos que foram utilizados e o ciclo se completará. As dificuldades aumentam quando os rerrefinadores enfrentam situações de variações do câmbio, da inflação e de impostos, elevando seus custos sem que consigam repassá-los ao mercado, que segue a política de preços internacional atrelada ao preço do petróleo. É uma batalha que precisa ser bem diagnosticada e estrategicamente pensada, para o bom funcionamento de toda uma cadeia, que foi uma das pioneiras no Brasil, em tratamento ambiental. Novos tempos virão, com mudanças tecnológicas e novas relações de mercado. O segmento de lubrificantes precisa estar amadurecido para seguir em frente com os novos desafios.
Rerrefino: preocupação com o futuro Imaginem um processo de reciclagem em que o retorno ao mercado da matéria prima obtida do produto tratado não atende às necessidades tecnológicas do mercado que irá utilizá-la. Assim poderá se comportar a nossa indústria de rerrefino de óleos
Pedro Nelson Belmiro é Engenheiro Químico, Consultor Técnico em lubrificantes, Co-autor do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP.
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Monitoramento dos óleos lubrificantes em turbinas a vapor e a gás natural Por: Marcos Thadeu Giacomini Lobo
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odernas turbinas movidas a vapor e a gás natural sujeitam o óleo lubrificante a severas condições de operação. Os mancais de deslizamento destes equipamentos submetidos a elevadas temperaturas de serviço, reservatórios com volumes cada vez menores que reduzem o tempo de residência do óleo lubrificante e questões relacionadas à formação de depósitos por verniz têm se tornado questões críticas. Visto que o óleo lubrificante é a pedra angular na operação confiável de turbinas movidas a vapor e a gás natural, um confiável monitoramento da condição do óleo lubrificante é necessário para garantir longos períodos de operação sem imprevistos.
Figuras 1/2 - Turbinas movidas a vapor e a gás natural.
Existem quatro razões primárias para a degradação do óleo lubrificante em turbinas movidas a vapor e a gás natural: • Oxidação: todos os óleos lubrificantes oxidam quando colocados em operação e expostos ao oxigênio do ar atmosférico. A oxidação não é acelerada somente pelo ar que se encontra dissolvido no óleo lubrificante que está no reservatório. As crescentes temperaturas de serviço em turbinas movidas a vapor e a gás natural, razões de escoamento cada vez mais elevadas e menores tempos de residência no reservatório, levam a uma maior interação entre oxigênio e óleo lubrificante. • Degradação térmica: em turbinas movidas a vapor e a gás natural, o óleo lubrificante pode ser exposto 14
a temperaturas tais que podem provocar alterações químicas no óleo básico e na aditivação, sendo o resultado das citadas reações químicas a formação de depósitos que não são prontamente solúveis no óleo lubrificante. Estes materiais insolúveis podem se depositar no sistema de lubrificação causando oscilações na operação do maquinário e, até mesmo, avarias catastróficas. • Contaminação: óleos lubrificantes em turbinas movidas a vapor e a gás natural são sujeitos a contaminação com uma larga variedade de produtos, tais como água (especialmente em turbinas movidas a vapor), material particulado sólido oriundo do ambiente, produtos químicos de lavagem e contaminantes internos, como os metais de desgaste. Embora nenhum dos citados contaminantes seja a causa primária da oxidação do óleo lubrificante, eles contribuem para a aceleração da degradação. Metais de desgaste, como o cobre, o ferro e o chumbo, são catalisadores da reação de oxidação. A água (especialmente a água tratada com produtos químicos) pode afetar adversamente a capacidade do óleo lubrificante referente à dissipação da espuma e demulsibilidade. Formação excessiva de espuma pode provocar respostas lentas em sistemas de controle hidráulico, cavitação em bombas hidráulicas e mancais de deslizamento e questões de segurança quando a espuma transborda do reservatório e contamina os pisos.
Figuras 3/4: Grandes inimigos do óleo lubrificante: água e oxigênio.
• Depleção de aditivos: depleção gradual e lenta da aditivação é algo normal e esperado. Aditivos antioxidantes, por exemplo, são consumidos à medida que desempenham a sua função. Agentes demulsificantes podem auxiliar na decantação da água, mas, se forem expostos a grandes volumes de água, podem ser removidos. Aditivos antiespumantes podem ser removidos por sistemas de filtração ultrafina ou podem aglomerar-se quando o óleo lubrificante não é circulado por extensos períodos de tempo. Todos os citados fatores devem ser consistentemente monitorados ao longo de toda a vida de trabalho do óleo lubrificante. Os ensaios a serem realizados para óleos lubrificantes utilizados em turbinas a vapor e a gás natural podem ser divididos em três categorias: - monitoramento de propriedades físico-químicas; - avaliação da contaminação; - monitoramento de propriedades de desempenho. Monitoramento da condição do óleo lubrificante • Propriedades físico-químicas Viscosidade cinemática (ASTM D445): a viscosidade é a propriedade mais importante de qualquer óleo lubrificante e é definida como a resistência ao escoamento que o óleo lubrificante possui a uma dada temperatura. A viscosidade cinemática de um óleo lubrificante é medida através do ensaio ASTM D445, e mudanças de viscosidade em óleos lubrificantes para uso em turbinas movidas a vapor e a gás natural, usualmente, indicam contaminação com outro tipo de óleo lubrificante. Em casos extremamente severos, haverá elevação de viscosidade em função de oxidação excessiva. Craqueamento térmico (geralmente oriundo do contato com superfícies muito aquecidas) do óleo básico leva a um decréscimo da viscosidade.
Figuras 5/6 - Definição de viscosidade e viscosímetro cinemático.
Os resultados da medição da viscosidade cinemática pelo método ASTM D445 é reportado em centis-
tokes (cSt) a 40 C. A variação típica aceitável de resultados, geralmente, se situa em +/- 5% da viscosidade cinemática do óleo novo. Número ácido - AN (ASTM D974/ASTM D664): o Número Ácido (AN) é a medição da acidez de um óleo lubrificante e é avaliado por titração do óleo lubrificante utilizando-se material básico (ex. KOH) para se determinar a quantidade de material básico necessária para neutralizar os compostos ácidos presentes no óleo lubrificante. Os resultados são reportados em mgKOH/g no óleo lubrificante em avaliação. O Número Ácido (AN) avalia os produtos ácidos formados durante o processo de oxidação do óleo lubrificante em uso. O protocolo de acompanhamento estabelecido pela norma ASTM D4378 (In-Service Monitoring of Mineral Turbine Oils for Steam and Gas Turbines) recomenda que a elevação Número Ácido (AN) se situe entre 0,3 - 0,4 mg KOH/g acima dos valores encontrados para o óleo lubrificante novo (Linha Base), como Limite de Advertência. Qualquer mudança significativa nos valores do Número Ácido (AN) deve ser investigada, visto que compostos ácidos em óleos lubrificantes para turbinas movidas a vapor e a gás natural podem causar desgaste corrosivo, graves e irreparáveis, nos mancais de deslizamento.
Figuras 7/8 - Óleos lubrificantes com Números Ácidos (AN) elevados podem causar desgaste corrosivo em mancais de deslizamento.
Contudo, algum cuidado deve ser tomado com respeito a se considerar isoladamente elevados valores de Números Ácidos (AN), visto que este ensaio não é completamente preciso e é sujeito a variabilidade conforme o operador que realiza o ensaio. Manutenção deficiente da solução tampão ou dos eletrodos usados na titração podem fornecer resultados imprecisos. Estabilidade à oxidação pelo Rotary Pressure Vessel Oxidation Test (RPVOT - ASTM D2272): o Rotary Pressure Vessel Oxidation Test (RPVOT), antigamente conhecido por RBOT, é uma medida da vida remanescente em face de oxidação de um óleo lubrificante em uso quando comparado com o óleo lubrificante novo. É importante frisar que a finalidade deste ensaio não é comparar dois óleos lubrificantes novos e nem comparar 15
óleos lubrificantes de diferentes composições químicas. Curiosamente, alguns óleos lubrificantes novos com elevados valores de RPVOT têm mostrado em testes laboratoriais possuir vidas úteis mais curtas que a de óleos lubrificantes com valores de RPVOT mais baixos. O protocolo de acompanhamento estabelecido pelo norma ASTM D4378 define como sendo de 25% do RPVOT do óleo lubrificante novo (Linha Base) o Limite Crítico Inferior para o RPVOT do óleo lubrificante em uso. Quando o valor do RPVOT do óleo lubrificante em uso está se aproximando de 25% do valor obtido para o óleo lubrificante novo, recomenda-se, em conjunção com a verificação dos prováveis valores crescentes que devem estar sendo verificados para o Número Ácido (AN), o planejamento da substituição da carga de óleo lubrificante.
Figuras 13/14 - Óleo lubrificante emulsionado com água.
Teste de campo simples e prático que pode ser realizado para detecção de água em óleos lubrificantes é o chamado TESTE DA CHAPA QUENTE ou TESTE DA CREPITAÇÃO, no qual algumas gotas de óleo lubrificante são salpicadas em chapa metálica aquecida. Borbulhamento ou crepitação indicam a presença de água.
Figuras 13/14 - Óleo lubrificante emulsionado com água.
Figuras 9/10 - O ensaio de RPVOT avalia a vida remanescente do óleo lubrificante em uso comparada com produto novo
• Avaliação da contaminação Conteúdo de água (análise visual e ASTM D1744): óleos lubrificantes para uso em turbinas movidas a vapor e a gás natural são sujeitos à contaminação por água oriunda de várias fontes. Turbinas movidas a vapor podem ter vazamentos através de retentores, gaxetas ou juntas. A contaminação por água pode ser originária também da condensação atmosférica no reservatório ou de vazamentos nos trocadores de calor.
Em laboratórios de análise de óleos lubrificantes, a presença de água em óleos lubrificantes é, geralmente, monitorada através do ensaio de titração pelo método de Karl Fischer (ASTM D1744) e reportada em percentual ou ppm (partes por milhão). O protocolo de acompanhamento estabelecido pelo norma ASTM D4378 recomenda como sendo 1000 ppm (0,1%) o Limite de Advertência para contaminação de água em óleos lubrificantes de turbinas movidas a vapor ou a gás natural. Porém, alguns OEMs, formuladores de lubrificantes e laboratórios de análise de óleos lubrificantes consideram o citado valor como excessivamente elevado e recomendam 200 ppm (0,02%) como Limite de Advertência. O método de Karl Fischer não mede o conteúdo de água livre, de forma que as inspeções visuais diárias através de registros de drenagem e visores de nível são indispensáveis.
Figuras 11/12 - Condensação e trocadores de calor: fontes de contaminação do óleo por água.
Os óleos lubrificantes utilizados em turbinas movidas a vapor e a gás natural devem ser monitorados diariamente com respeito à contaminação por água. Uma amostra de óleo lubrificante com aspecto leitoso ou com turbidez pode indicar a presença de água dissolvida ou emulsionada. 16
Figuras 17/18 - Inspeções diárias para monitoramento de água livre.
Metais de desgaste pelo método ICP (Inductively Coupled Plasma): a concentração de metais em óleos lubrificantes para uso em turbinas movidas a vapor e a
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gás natural dá indicação de condição de desgaste, mudanças operacionais no equipamento ou problemas de contaminação. É importante frisar, no entanto, que as dimensões das partículas metálicas detectadas por este método são muito reduzidas, tipicamente inferiores a 8 mícrons. Falhas catastróficas poderão ocorrer sem que sejam percebidas pelo citado método, sendo geradas partículas metálicas de desgaste de maior porte.
A amostra de óleo lubrificante é centrifugada a 17500 rpm por 30 minutos e, ao final desse período, o tubo de ensaio com a amostra é drenado, e o sedimento remanescente é classificado segundo escala para se obter o chamado VALOR UC. A função primária deste ensaio é dar uma indicação preliminar dos precursores de depósitos do tipo verniz presentes no óleo lubrificante. Os resultados deste ensaio (VALOR UC) são reportados em escala de 1 - 8. A graduação 8 indicará a maior quantidade de prováveis agentes formadores de depósitos em forma de verniz. Resultados no intervalo de 4 a 6 indicam estado de alerta em face do potencial de deposição que o material solúvel presente no óleo lubrificante apresenta, com consequente redução no desempenho operacional do equipamento.
Figuras 19/20 - O método ICP tem limitações referentes às dimensões de partículas.
Não há valores claros para uso como Limites de Advertência referentes à concentração de metais de desgaste em óleos lubrificantes utilizados em turbinas movidas a vapor e a gás natural. Em face disto, a elaboração de curvas de tendência com respeito à concentração de metais de desgaste é, frequentemente, a forma mais prática de se tirar proveito deste importante ensaio.
Figura 21- Curva de tendência para metal de desgaste
Ensaio de Ultra-Centrifugação (UC TEST): o ensaio da Ultra-Centrifugação (UC Test) detecta partículas finamente dispersas ou em suspensão no óleo lubrificante.
Figuras 24/25 - Monitoramento de depósitos em forma de verniz.
Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A. Figuras 22/23 - Ensaio da Ultra-Centrifugadora (UC TEST).
18
A influência de partículas de Al2O3 como barreira térmica em óleo mineral isolante Por: Marcos B. Garcia, Vagner Vasconcelos e M. Rodruigues
O
óleo mineral isolante (OMI) é o fluido dielétrico mais utilizado no setor elétrico. Suas principais características são promover o isolamento elétrico e a dissipação de calor em transformadores de potência e distribuição. A redução de tamanho o aumento do fluxo destes equipamentos nas últimas décadas vêm justificando o desenvolvimento de projetos de pesquisa com nanofluidos. Neste trabalho foram avaliados os efeitos da adição de partículas coloidais de Al2O3 modificadas com ácido oleico em um óleo mineral parafínico quanto às propriedades de atrito e temperatura do lubrificante, visando à substituição do aditivo antioxidante ZDDP. A confiabilidade no fornecimento de energia é determinada pela deterioração do sistema isolante através da oxidação devido à ação de calor, presença de água e compostos ácidos. Portanto foi avaliado o comportamento da oxidação do óleo mineral isolante por meio de ensaios realizados em tribômetro Four Ball (ASTM D4172). Os resultados mostraram que o óleo mineral com Al2O3 (OIC) apresentou menor coeficiente de atrito e variação da temperatura deste fluido ao longo do ensaio tribológico. As partículas cerâmicas apresentaram importantes vantagens em relação às moléculas orgânicas do aditivo ZDDP, pois não necessitam de período de ativação além de apresentarem excelente estabilidade química e térmica. Introdução Em muitos países, independentemente da matriz energética utilizada, seja ela hídrica, fóssil, nuclear etc., o sistema de transmissão e distribuição de ener-
gia gerada requer o uso de transformadores, conforme ilustra a Figura 1. A história dos transformadores teve início em 1885 com a construção de um transformador nos Estados Unidos, com projeto a seco e utilização de ar como dielétrico. A idéia de que transformadores usando óleo mineral como dielétrico pudessem ser menores e mais eficientes foi patenteada em 1882, pelo professor Elihu Thompson. Em 1892, a General Electric produziu a primeira aplicação reconhecida de óleo mineral em um transformador.
Figura 1 - Ilustração de transformador de potência (a) e de distribuição (b).
A principal função do óleo isolante é a refrigeração das espiras do material condutor. Além disso, quanto melhor as características isolantes deste fluido, mais econômico poderá ser o projeto deste sistema pela redução da quantidade do isolante sólido e pela diluição das distâncias entre espiras, ou seja, bobinas e núcleo, e entre estas e a parte aterrada. O desempenho de um óleo mineral (OMI) em um sistema de isolamento depende de certas propriedades, como rigidez dielétrica suficiente para suportar as tensões elétricas impostas pelo serviço, facilidade de escoamento para que sua capacidade de circular e transferir calor não seja prejudicada, e resistência à oxidação adequada para assegurar uma vida útil satisfatória. 19
As três classes de fluidos dielétricos relacionados para sistemas de papel/óleo, que podem apresentar aceitação ambiental e cumprir com os atributos e características exigidos, são: • Ésteres sintéticos; • Hidrocarbonetos sintéticos; • Óleos vegetais. Os índices de neutralização típicos do óleos do isolante vegetal (OVI) são normalmente mais altos do que os do OMI. OVI oxidado tende a formar longas cadeias de ácidos graxos, enquanto o OMI tende a formar ácidos orgânicos de cadeia curtos, mais agressivos ambientalmente. Os aditivos para lubrificantes são amplamente classificados como sendo quimicamente inertes e ativos. Aditivos inertes melhoram as propriedades físicas que são críticas para o desempenho efetivo do lubrificante, enquanto os aditivos ativos têm a capacidade de interagir quimicamente com a superfície dos metais, formando um filme protetor também conhecido como tribofilme, devido a uma oxidação polar associada a subprodutos da degradação. Os antioxidantes agem de duas maneiras diferentes: por inibição de peróxidos ou por limpeza radical. Captadores de radicais reagem com peróxidos impedindo assim a propagação da cadeia de radical livre. Inibidores de peróxido reagem com as moléculas de hidroperóxido impedindo a formação dos radicais de peróxidos. Durante muito tempo tem sido reconhecido que a suspensão de partículas sólidas em líquido pode proporcionar vantagens para a indústria de fluidos, na qual se incluem produtos para transferência de calor, fluidos magnéticos e lubrificantes. As propriedades únicas relativas a baixo peso, elevada dureza, estabilidade térmica e inércia química são os diferenciais das cerâmicas em relação a outros materiais de engenharia. Quando as partículas coloidais estão suspensas em um meio líquido, elas se movimentam de forma rápida e aleatória. Esse movimento ocorre em decorrência do impacto das moléculas do líquido contra as partículas (movimento Browniano). O deslocamento médio das partículas após certo tempo é zero, caso não ocorra sedimentação na suspensão. Polaridade e tensão superficial são importantes conceitos para subsidiar o entendimento do comportamento de tensoativos em solução. Os tensoativos são moléculas especiais na química de superfícies, pois apresentam afinidade pelos óleos, gorduras e superfí20
cie das soluções com sólidos, líquidos ou gases, mas também pela água, podendo pertencer aos dois meios. Usualmente a molécula apresenta uma parte com característica apolar ligada a outra polar. A Figura 2 representa possíveis explicações para o aumento anômalo da condutividade térmica devido ao movimento Browniano e à natureza do transporte de calor das nanopartículas, além da camada com espessura molecular de um líquido (h) na interface com a partícula (d) e os efeitos da dispersão/aglomeração de nanopartículas. Nos últimos anos, 350 mil transformadores novos e retro preenchidos com éster natural, de até 250 kV e 240 MVA (que anteriormente utilizavam óleo mineral), foram colocados em operação por todo o mundo. Os óleos vegetais isolantes (OVI) possuem propriedades ambientais que agregam valor para usuários com consciência ambiental. A sustentabilidade do produto está baseada em algumas características básicas: por ser proveniente de uma cultura renovável, biodegradável, atóxica e neutra em carbono, e por ampliar o ciclo de vida útil dos isolamentos celulósicos, e consequentemente, quanto aos transformadores, resulta em um baixo custo do ciclo de vida e extensão de manutenções. Contudo, os óleos vegetais apresentam uma baixa estabilidade térmica e à oxidação, devido à presença de insaturados. Em virtude de sua natureza química, não exibe boa característica antidesgaste quando combinado com epoxidados como óleos de girassol e soja.
Figura 2 – Condutividade térmica (k) calculada para nanofluidos em função de: (a) diâmetro da partícula “d” e espessura de tensoativo “2h”; (b) aumento efetivo de agregados.
Com a diminuição no tamanho da partícula e a tendência de aglomeração, tem-se aumento da área de superfície, proporcionando maior transferência de calor entre as fases e, portanto, aumento no transporte térmico. Materiais e métodos A necessidade de prolongar a vida útil de transformadores, assim como a redução efetiva dos custos de manutenção e do número de falhas, com consequente
ganho da disponibilidade e qualidade de fornecimento, indicam o desenvolvimento de novos materiais baseados nas seguintes propriedades físicas: • Alto ponto de combustão adequado para a operação segura do equipamento elétrico • Ponto de fluidez suficientemente baixo que permita a operação do equipamento a baixas temperaturas; • Peso específico suficiente para a efetiva transferência de calor; • Relação de viscosidade e viscosidade-temperatura que determina a transferência de calor dentro de uma variação da temperatura de operação. Óleo Básico: A Tabela 1 apresenta as propriedades químicas e físicas típicas do óleo básico (OB) mineral, tipo parafínico, grupo II (neutro leve), com teor de enxofre menor ou igual a 0,03% (em massa), percentagem de saturados menor ou igual a 90% (em volume) e índice de viscosidade entre 80 e 119 de acordo com métodos ASTM (American Standard to Testing and Materials), utilizados na preparação dos óleos isolantes com ZDDP e Al2O3. Aditivo Antioxidante: Foi utilizado o tradicional aditivo diaquil ditiofosfato de zinco (ZDDP) produzido geralmente em duas etapas. Primeiro, trata-se o pentassulfureto de fósforo com álcoois apropriados para se obter o ácido ditiofosfórico, permitindo a lipofilicidade do zinco no produto final. Em seguida o ditiofosfato resultante é então neutralizado pela adição de óxido de zinco.
Item
ASTM
Valor
Densidade 20/4°C (g/cm3)
D1298
0,852
Índice de Viscosidade
D2270
114
Viscosidade a 40°C (cSt)
D445
40,93
Viscosidade a 100°C (cSt)
D445
6,61
Nº Ácido Total, TAN (mg/KOH/g)
D664
0,02
Ponto de fluidez (°C)
D5950
-12
Tabela 1 - Propriedades do óleo básico, tipo parafínico, grupo II.
Aditivo Cerâmico: O Al2O3 é um óxido anfótero comumente conhecido como alumina, ou coríndon, amplamente usado para a produção do metal alumínio, mas também é empregado como abrasivo, devido à sua elevada dureza (9 Mohs), e como material refratário, pelo seu alto ponto de fusão. Além disso, sua baixa retenção de calor (isolante térmico) e baixo calor específico
permitem que seja utilizado em operações de retífica e ferramentas de corte. O óxido de alumínio apresenta uma incompatibilidade com matrizes orgânicas. A diferença de eletronegatividade entre seus íons é 2,0 eV, e a condutividade térmica é de 40 W/m.K em temperatura ambiente. A Figura 3a mostra a distribuição de tamanho dos aglomerados de Al2O3 com 99,99% de pureza e área de superfície de 14,95 m2/g.
Figura 3 – (a) Distribuição de tamanhos de aglomerados das partículas de Al2O3 e (b) Imagens de elétrons secundários (MEV) das partículas primárias.
Os tamanhos de aglomerados de Al2O3 foram determinados por meio da técnica de espalhamento de laser e variaram entre 0,07 e 37 µm, sendo que a maior quantidade (11%) foi de aglomerados com 0,29 µm. A Figura 3b revela através do uso de MEV, as nanopartículas primárias do pó de Al2O3 empregado. O óleo isolante cerâmico (OIC) com adição de 0,5% de partículas Al2O3 modificadas com ácido oleico em óleo básico mineral foi preparado baseado nos métodos de PENG (2010)[10] e DALTIN (2011)[5]. Tribometro Four Ball (ASTM D4172): A Figura 4 ilustra o aparato do tribômetro Four Ball, que tem sido amplamente utilizado em estudos da formação de tribofilmes (ênfase em aditivos ativos) durante a lubrificação limítrofe e de extrema pressão. Durante os ensaios tribológicos (temperatura de partida do lubrificante 75°C e três réplicas com duração de 1 hora), foram realizadas medições da força de atrito e temperatura dos óleos isolantes a cada 50 segundos. As cargas definidas para o ensaio comparativo foram 147, 392 e 588 N, em intervalos de carregamento não sujeitos a desgaste adesivo. Nessas condições, se buscaram diferentes pressões de contato deste tribosistema. Resultados e discussões Os resultados de transmitância FTIR (Fourier transform infrared spectroscopy) na faixa de número de onda (IR médio) do óleo básico, ZDDP e OIC (Al2O3) tem como intuito verificar a estabilidade dos fluidos após 21
preparação e depois de mantidos em repouso por 20 dias e, então, submetidos novamente ao ensaio FTIR. A Figura 5 apresenta gráfico comparativo de Figura 4 – Equipamento Four Ball e o esquema de montagem das esferas no reservató- transmitância (%) rio do lubrificante. na faixa de número de onda de 800 a 1000 cm-1. Observou-se que o óleo básico apresentou ligeiro aumento da transmitância após 20 dias (Fig. 5a). Os resultados abaixo indicam valores similares para o ZDDP mesmo após 20 dias de repouso (Fig. 5a), enquanto que o Al2O3, tanto modificado como sem ácido oleico (Fig. 5b), apresentou maiores variações de transmitância após repouso, sugerindo menor estabilidade dessas suspensões.
Figura 6 – Variação de temperatura do fluido com ZDDP em relação ao aumento de carga e tempo no ensaio Four Ball.
Figura 7 - Variação da temperatura do fluido com OIC em função do tempo (Four Ball) com carga de 392N. Al2O3 modificada e sem o agente tensoativo (NM).
Figura 5 – Espectros de infravermelho (FTIR) na faixa de 800 e 1000 cm-1 de óleo básico com e sem aditivo aditivos após a preparação (0d) e depois de 20 dias de repouso (20d): (a) OB e OB+0,5% ZDDP; (b) OB+0,5% Al2O3 modificado (M) e sem ácido oleico (NM).
22
No caso do OIC com partículas de Al2O3 não modificadas, o espectro após 20 dias praticamente coincidiu com o do óleo básico (Fig. 5b). O aumento da transmitância, entretanto, foi similar neste fluído com e sem adição de tensoativo. Os fluidos foram submetidos aos ensaios Four Ball, e os valores médios de coeficiente de atrito considerando o índice de Sommerfield foram menores para o OIC com adição de Al2O3, tanto no período transitório como no permanente, exceto para carga de 392 N, a qual apresentou maior atrito. As Figuras 6 e 7 apresentam os valores médios da temperatura do lubrificante com ZDDP e Al2O3, com desvio padrão de até 0,5°C. Para as cargas de 392 e 588 N, a temperatura do fluido com Al2O3 modificado (Fig. 7a) tendeu a aumentar com o tempo até os valores de 88 e 98°C, respectivamente, sendo 15 e 23% maiores que a temperatura inicial. Para a maior carga, notou-se a ocorrência de um patamar de temperatura a partir de 2450 segundos, que se manteve constante (98°C) até o término do ensaio. No caso do fluido com Al2O3 não modificado (sem ácido oleico) sob carga de 392 N (Fig. 7b), observou-se pequena oscilação da temperatura no período inicial
Figura 8 – Região da calota de desgaste (a) e o aspecto da seção transversal da esfera na região de desgaste após ensaio tribológico (b), ataque Nital 3%; (E, extremidade próximo a superfície; C, região central da calota).
de ensaio, que se manteve praticamente constante até 2250 segundos; em seguida, houve um aumento da temperatura até 86°C. Embora este período sem aquecimento tenha sido maior para o Al2O3 não modificado, a taxa de aquecimento após este período foi superior ao Al2O3 com ácido oleico, que resultou em pequena diferença de temperatura no final do ensaio (86°C contra 88°C), sendo 13 e 15% maiores que a condição inicial, respectivamente. A Figura 8 apresenta o aspecto típico de uma superfície e a alteração da microestrutura subsuperficial na região da calota de desgaste após ensaio Four Ball com carga de 588N. Ao longo do ensaio tribológico Four Ball, a temperatura na zona de contato entre a esfera rotativa (superior) e as não rotativas (inferiores) geralmente determina o desempenho de um aditivo de extrema pressão (EP), considerando a temperatura em função de outras variáveis, como a velocidade de rotação e o diâmetro da região de desgaste [BOS, 1975]. As variações da temperatura dos fluidos Al2O3 e ZDDP não apresentaram uma relação direta com os valores dos coeficientes de atrito. Pode-se notar que o OIC apresentou as menores temperaturas ao longo dos ensaios tribológicos para todas as cargas, com destaque para o lubrificante Al2O3 in natura.
uma redução da temperatura de operação, mas, por outro lado, a ausência deste pode contribuir com a aglomeração das partículas. Este aumento no tamanho dos aglomerados provavelmente aumentou a barreira térmica, resultando em temperaturas mais baixas durante o ensaio tribológico. Com a diminuição no tamanho da partícula, tem-se um aumento da área de superfície, que proporciona uma maior transferência de calor entre as faces e, portanto, aumenta o transporte térmico [DAS, 2007]. A Figura 9 apresenta a variação na temperatura dos fluidos ZDDP e Al2O3 para as diferentes cargas aplicadas e o efeito do ácido oleico nas partículas de Al2O3 ao final dos ensaios Four Ball. Conforme a curva de revenimento do material AISI 52100, os valores de microdureza entre 55 a 57 HRC oriundos da calota de desgaste das esferas após ensaios tribológicos correspondem a uma temperatura localizada da ordem de 320°C. A continuidade deste desenvolvimento seguirá com os ensaios de estabilidade à oxidação conforme NBR 10504/88, que verifica o desempenho do óleo isolante quando submetido à temperatura de 100°C e ao fluxo de oxigênio de 1L/h em presença de catalisador. Também com o método da bomba rotatória conforme ASTM D2112, que verifica o envelhecimento do óleo a partir da medida de DBPC, Diterc-butil-p-cresol (antioxidante) que vai sendo consumido. Neste, a amostra será submetida à temperatura de 140°C, a uma rotação de 100rpm num ângulo de 30° com a horizontal, na presença de oxigênio sob pressão (90 psi em temperatura ambiente) e catalisador de cobre. Conclusões Como indicado na figura 9, o óleo isolante com aditivo cerâmico Al2O3 (OIC) apresentou as menores temperaturas para as diferentes cargas ao longo do ensaio tribológico Four Ball, principalmente para a condição de partículas não modificadas, ou seja, sem a presença de tensoativo ácido oleico na superfície. Marcos B. Garcia, Vagner Vasconcelos e M.
Figura 9 – Variação de temperatura no tribossistema Four Ball com (a) lubrificantes ZDDP e OIC (Al2Op) em diferentes cargas, e (b) lubrificante OIC com e sem agente modificador para carga de 392 N.
Rodruigues são engenheiros especialistas trabalhando
Quanto ao efeito do modificador de superfície das partículas de Al2O3, pode-se considerar para este estudo que a camada de tensoativo na superfície não promoveu
Energy Consulting,
respectivamente nas empresas: Cia Piratininga de Força e Luz e Sandré Alumínios
23
O mercado em foco agora no Portal Lubes Durante muitos anos, a revista LUBES EM FOCO publicou suas pesquisas sobre os números do mercado brasileiro de lubrificantes e tornou-se uma referência para o segmento. Utilizando uma metodologia específica e compatível com as dificuladades inerentes a um mercado com elevado fator de imprecisão, e com controles oficiais ainda não bem definidos, nossos pesquisadores fortaleceram a credibilidade dos números apresentados, por meio de um esforço contínuo e minucioso de cruzamento de informações obtidas de fontes confiáveis de diversas procedências. O dinamismo e a velocidade do mundo atual, aliados a um importante movimento feito pelo órgão regulador, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP, que foi o desenvolvimento do Sistema de Informações de Movimentação de Produtos - SIMP aplicado ao mercado de lubrificantes, trouxe ao mercado uma facilidade de acesso a dados confiáveis, com uma frequência mensal. O SIMP consolida as informações obrigatórias prestadas por todas as empresas registradas como produtores, importadores, coletores e rerrefinadores, além das plantas e bases de armazenamento. Com o aperfeiçoamento do sistema e maior controle da adimplência das empresas, o mercado tem a seu dispor hoje, uma ferramenta bastante eficiente na coleta de números e dados produtivos. Pensando em atender cada vez mais às necessidades de nossos leitores, com a velocidade que a mídia digital oferece, passaremos a publicar os principais números de mercado, compilados pela ANP, em nosso portal na internet, em www.portallubes.com.br, na aba mercado, onde teremos também uma análise de comportamento buscando elaborar e disponibilizar o máximo de informações sobre a realidade e tendências do mercado.
Evolução das vendas nacionais, pelos Produtores e Importadores, de óleos lubrificantes acabados
Volume (m 3)
140000 120000 100000
116.795,97
113.661,11
119.016,61
118.672,40
110.033,97
112.669,79 114.261,19 104.085,95
93.855,22
93.330,65
93.653,66
85.025,94
80000 60000 40000 20000 0
01/2017
02/2017
03/2017
04/2017
05/2017
06/2017
07/2017
Mês/Ano
Obs: As alterações dos dados pasados foram realizadas pela ANP, em seu último boletim.
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08/2017
09/2017
10/2017
11/2017
12/2017
Participação de Mercado de óleos Ano de 2016
25,4%
16,0% 1,6% 1,9% 1,9% 7,9%
14,2% 8,4% 8,6%
Participação de Mercado de óleos Ano de 2017
14,1%
BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Castrol Total Lubrif. YPF outros
17,6%
22,5%
1,5% 1,5% 1,8% 8,2%
14,9%
9% 9,0%
14%
BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Total Lubrif. Castrol YPF outros
NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no PORTAL LUBES, em www.portallubes.com.br, na aba MERCADO.
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Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2018 Fev 21 a 23
22nd. World Base Oil & Lubricants Conference - https://www.icisconference.com/worldbaseoils
Abr 21 a 24
30th. ELGI Annual General Meeting - Londres - Inglaterra - www.elgi.org
Abr 18 e 19
The 6th ICIS Indian Base Oils & Lubricants Conference – Bombaim – Índia
Abr 21 a 24
30th. ELGI Annual General Meeting – Londres – Inglaterra: www.elgi.org
Mai 20 a 24
73rd. STLE Annual Meeting & Exhibition – Minneapolis, Minnesota – EUA: www.stle.org
Nacionais Data
Evento
2018 Abril 4 a 5
III Lean Conference Brazil - Espaço Milenium - São Paulo - http://aea.org.br/leanconference/
Abril 24 a 28
FEIMEC 2018 - São Paulo Expo Center - São Paulo - SP - www.feimec.com.br/
Abril 30 a Maio 4
25ª Agrishow - Ribeirão Preto - SP - www.agrishow.com.br
Junho, 19 e 20
8º Encontro Internacional com o Mercado - América do Sul - Rio de Janeiro - www.lubes.com.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
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Dez/Jan 17 Ano X • nº 58 Publicação Bimestral
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A revista do negócio de lubrificantes
Onde estão as evidências?
A evidência inicial de uma falha mecânica pode ficar muito descaracterizada pela falha real. Como proceder?
Monitoramento volta à cena no mercado Entrevista esclarecedora sobre a retomada do PML, seus pontos e objetivos principais para a melhoria da qualidade dos lubrificantes.
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Guia de Negócios da Indústria Brasileira de Lubrificantes Para estimular negócios e demandas, o guia divulga os principais agentes da cadeia produtiva, por meio de uma composição de empresas, segmentadas por área de atuação, divididas em seções específicas. O guia oferece informações precisas, com qualidade e constante aperfeiçoamento Sua empresa vai estar acessível e será facilmente encontrada por: • • • •
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Empresas da cadeia produtiva da indústria de lubrificantes e graxas
2018