Matéria Sepultura pg. 2 - O Tempo

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O TEMPO Belo Horizonte DOMINGO, 28 DE JUNHO DE 2015

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ERNESTO CARRIÇO / AGÊNCIA O DIA

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para o mundo VANDA GUIMARÃES/ACERVO PESSOAL

lo Xisto Jr. posam para fotos de divulgação em BH, em 1987

de entrar no circuito internacional, e agarramos com toda a energia”, relembra Paulo Xisto. “Mas foi a partir de ‘Arise’ (de 1991) que começamos a expandir, a viajar mesmo. Fomos umas quatro vezes para a Europa, tocamos em países como Rússia e Indonésia. ‘Arise’ foi o disco que teve a turnê mais longa”, afirma o baixista sobre o álbum que, ao fim da turnê, vendeu mais de um milhão de cópias. A essa altura, o Sepultura já havia tocado com muitos de seus ídolos pelo mundo afora. “O Motörhead foi uma das bandas que mais me marcaram quando conhecemos. Também teve a primeira vez com o Ozzy, com o Sabbath, todas influências fortes. Tocamos com Judas Priest, Body Count, Ministry, Destruction. Metallica, mais tarde; Slayer, com quem fizemos turnê”, re-

Novos ares. Norte-americano renovou as energias do Sepultura, com quem está junto há 18 anos

Superações

‘Refuse,resist’:Derrickea reestruturaçãodoSepultura A saída de Max Cavalera foi um baque para o Sepultura. “Ficou todo mundo sem chão, 1997 foi um ano horrível. Mas os caras sempre foram muito criativos, e se reinventaram”, relembra Silvio Gomes, o Bibika, que trabalhou com a banda até 2006. O Sepultura não se deixou abater e, após uma bateria de testes, escolheu o norte-americano Derrick Green para assumir os vocais no lugar de Max. “Não queríamos um clone de ninguém, a ideia era fazer coisa nova. E precisávamos de alguém que entendesse e respeitasse isso, que trouxesse novas energias”, afirma o baixista Paulo Xisto Jr. “No começo foi difícil, a gravadora não queria o Derrick como vocalista. E hoje ele está aí, há 18 anos com a banda, mais tempo que o Max. Nossa resposta sempre foi no palco”, crava o músico. Em 1999, o

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Sepultura lança “Against”, primeiro disco com o novo vocalista. Vieram mais três discos até 2006, quando foi a vez de “Dante XXI” – que marca a saída de Iggor Cavalera. “A saída dele foi menos conturbada, aconteceu gradativamente. O Iggor não estava mais com vontade de tocar, de fazer turnê. Então a gente já estava mais preparado”, conta Paulo. Para o lugar de Iggor foi escalado o mineiro Jean Dolabella, que ficou com o grupo por seis anos, gravando os discos “A-Lex” (2009) e “Kairos” (2011). “O Jean representou muito bem aquele momento. Mas tinha suas questões, é um cara mais caseiro, queria ficar com a família. A gente ficou chateado quando saiu, mas entendemos o lado do cara”, pontua o baixista. Para o lugar de Jean foi escolhido o jovem Eloy Casa-

grande, à época com 21 anos. “É um baterista prodígio. Um cara novo, enérgico, com um estilo bem característico e que veio da escola do metal. Engloba a raça do Iggor e a técnica do Jean. Perfeito para a banda”, afirma Paulo. Com Casagrande, o grupo lançou, em 2013, seu mais recente álbum, “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”. “É um disco fantástico, que mostra essa nova fase, que está espetacular. É o ápice do Sepultura no palco, e em termos de conforto, de tesão de tocar”, defende o baixista. “Vamos ficar até o fim do ano apresentando ele, fechando em dois anos de turnê. Aí tiramos uma folga, porque ninguém é de ferro, e ano que vem já começamos a trabalhar no disco novo. A gente não para, cara”. (LB) EDITORIA DE ARTE / O TEMPO

1998

2001

Andreas Kisser assume os vocais temporariamente e o Sepultura faz testes para escolher o novo vocalista. A banda decide pelo norte-americano Derrick Green e já começa a gravar o disco “Against”, que sai um ano depois.

Lançam “Nation”, último álbum gravado pela Roadrunner, que solta o disco ao vivo “Under a Pale Grey Sky”, não considerado parte da discografia oficial pela banda. Trata-se do registro do último show com Max Cavalera, na Inglaterra, em 1996. Dois anos depois vem “Roorback”, pelo selo alemão SPV Records.

ERNESTO CARRIÇO/O DIA

ERIC SANCHEZ/DIVULGACÃO

árcio. Um ano depois hrenia”, que marcou a uitarrista Andreas Kise Jairo Guedz. O disco último pelo selo mineiel pela introdução do indústria fonográfica. ogumelo, o Sepultura egado onde chegou. onamos o suporte inida precisava, com um dade, de produção e afirma João Eduardo rietário da gravadora. a de selo, porém, alaira da banda, que lanh The Remains”, em olandesa Roadrunner do o Sepultura fez sua pelo exterior. “Depois Brasil, com o ‘Beneahavia a possibilidade

corda Xisto. “Não foi de uma hora pra outra. Conquistamos nosso espaço a cada disco. Hoje em dia, não lembro uma banda do nosso estilo com quem a gente não tenha tocado”, diz o baixista. Na época, pipocaram queixas de que o Sepultura havia “aberto e fechado a porta”, não dando espaço para grupos conterrâneos. “O Sepultura nunca fechou portas para ninguém. Pelo contrário, só abrimos portas para o heavy metal nacional. Principalmente depois que fomos tocar fora do Brasil. O olhar dos gringos começou a se voltar para o Brasil, viram que tinha uma cena. O que conseguimos foi resultado de anos e anos de trabalho e dedicação”, lacra o baixista. Em 1993, veio “Chaos A.D.”, que solidificou de vez o Sepultura entre os grandes da música pesada. “Foi o disco que alavancou a coisa a um nível superior. Não foi uma turnê tão extensa, mas preparou o terreno para o que viria”, diz Paulo. Ninguém, porém, poderia se preparar, de fato, para o que viria no conturbado ano de 1996. Enquanto lançava “Roots”, álbum de maior vendagem da história da banda, o Sepultura se desentendia nos bastidores. “Foi o ápice da carreira do grupo. Mas, ao mesmo tempo em que a banda estava no topo, a parte de trás não funcionava mais. Fiquei até surpreso que conseguimos fazer duas turnês com esse disco”, relembra o baixista. Em dezembro, veio a notícia que estarreceu a horda de fãs: Max Cavalera estava fora do Sepultura. Depois que Iggor, Paulo e Andreas decidiram pela demissão de Gloria Cavalera, esposa de Max e então empresária da banda, o músico decidiu abandonar o barco. “Esse foi o grande baque da nossa carreira. Demoramos quase dez anos para nos reconstruir pois, quando Max saiu, levou tudo com ele. Na cabeça dos outros, ele fazia tudo, então perdemos a confiança da gravadora, mas, ao mesmo tempo, não queriam soltar a gente. Na verdade, queriam acabar com o Sepultura, o que nunca conseguiram”.

2006 Lançam o elogiado “Dante XXI”, inspirado no clássico “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. Apesar de aparecer nos créditos, Iggor Cavalera decide abandonar a banda antes do início da turnê e é substituído temporariamente por Roy Mayorga. Em seu lugar, entrou o mineiro Jean Dolabella.

2009 Lançam “A-Lex”, que, assim como “Dante”, é baseado numa obra literária: dessa vez, “A Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess. É o primeiro disco sem nenhum dos irmãos Cavalera. ERIC SANCHEZ/DIVULGAÇÃO

2011 Deixam a gravadora SPV Records e lançam “Kairos”, o primeiro lançado pela Nuclear Blast. Jean Dolabella sai da banda e é substituído pelo paulista Eloy Casagrande, então com apenas 21 anos.

2013 Lançam “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”, primeiro álbum com a participação de Casagrande, tido pelos companheiros de banda como baterista prodígio. O disco é baseado no filme “Metropolis”, de Fritz Lang.

2015 Celebram os 30 anos de carreira com shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, e lançam o single “Sepultura Under My Skin”, em homenagem aos fãs com tatuagens da banda.


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