CONHECENDO O MUNDO DO CORDEL
A literatura de cordel vem há anos ganhando mais espaço na cultura e arte em geral, mas continua à margem das principais artes. O Acordel é revitalização. Essa exposição traz uma nova perspectiva de se ver a literatura de cordel e toda cultura que vem dela, transformando a visão ultrapassada e preconceituosa que muitos tem para uma linguagem moderna e interativa, assim revitalizando e valorizarando a cultura brasileira.
6 de Junho a 6 de Agosto no Memorial da América Latina Endereço: Memorial da América Latina Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 01156-001 - Barra Funda – São Paulo SP Horário de funcionamento: Galeria Marta Traba, Salão de Atos: das 9h às 18h, de terça a domingo. Biblioteca: de segunda a sexta, das 9h às 18h; aos sábados, das 9h às 15h
O CORDEL DO CORDEL Sua Hist贸ria e seus Her贸is Merl芒nio Maia
Permita me apresentar Com meu verso tão fiel Aos nobres pesquisadores Com meu diploma e anel Meu nome é Merlânio Maia E este é o Cordel do Cordel O que chamam de Cordel Na Vera realidade É a grande Literatura Popular de qualidade Folhetos vindos de longe Das européias cidades Já no século quatorze Na Holanda, Portugal, Espanha, França e Alemanha, Toda Europa ocidental Já havia estes folhetos Em circulação normal Músicos cavalheirescos, Sedutores Menestréis, Bardos que de vila em vila Dessa arte tão fiéis Cantavam esta bela arte Dos folhetos de Cordéis
E então quando as Caravelas Cruzaram o mar de anil Em busca do Novo Mundo Ali se introduziu Literatura em folheto A caminho do Brasil Foi assim que a Pindorama Nossa Nação adorada Conheceu estes folhetos Quando foi colonizada Por levas de Trovadores Cantando pelas estradas Dos trovadores nasceram Cantadores e Violeiros Que andavam pelas vilas E em casas de fazendeiros Levando as informações Por todo Brasil inteiro Desde lá de Portugal Todo folheto era exposto Em barbante ou cordel Bem dobrado e assim disposto E assim ganhou este nome Que o povo fala com gosto
Eram escritos em prosa Até história menor Em quadras metrificadas Em redondilha maior Sete silabas contadas Dando um ritmo melhor Na Espanha Pliegos Sueltos De poesia popular Portugal eram Cordéis Que tinha em todo lugar Aqui Folhetos de feira Que até hoje pode achar O tesouro do Cordel Adentrou nas Caravelas Atravessou sete mares Tornando as vidas mais belas Enfim chegou ao Brasil Nação verde e amarela Logo ao nascer da nação O Cordel cantou seu hino Acalentando no berço O enorme país menino Que nasceu bem no Nordeste Pois Brasil é Nordestino
E assim neste berço esplêndido O Cordel tem novo porte Foi decantado em sextilhas E na setilha tão forte Por dois poetas gigantes Paraibanos de sorte Os dois que fizeram história: Leandro Gomes de Barros Criou mais de mil folhetos Sem estanques, nem esparros E viveu de fazer versos Tantos que enchiam carros Silvino de Pirauá Foi outro paraibano Também cultuou poesia Fez do Cordel o seu plano Junto à viola e violeiros O Cordel foi soberano Este pequeno folheto Que precedeu ao jornal Divertindo a populaça Com força descomunal Também afrontou o rádio Sem apagar seu fanal
Mais tarde veio a TV Pensaram: - é a sua morte! Mas o Cordel não morreu Enfrentando toda sorte E agora usa a Internet Para ficar bem mais forte Grandes autores vieram Fazendo esta sua arte João Martins de Atayde Que não deixou um descarte José Pacheco e Dila Também fazem a sua parte E também Cordeiro Manso Joaquim Sem Fim, Antonio Cruz, Manoel V. Paraíso Joaquim Silveira conduz Patativa do Assaré Que ainda hoje reluz José Camelo de Melo, Romano Elias da Paz, Moisés Matias de Moura, José Adão, Manoel Tomás, Laurindo Gomes Maciel E centenas de outros mais
E os Cordéis de sucesso: “Juvenal e o Dragão”, “O Pavão Misterioso”, “A Sina de Lampião”, “A Princesa Teodora”, “E a Seca no Sertão” “A Mulher Que Virou Onça”, “Oliveiro e Ferrabrás”, Tem “Maria Madalena”, E “É Bom Tudo o Que Deus Faz”, “Pelé na Copa do Mundo”, Tantos que não findam mais “As Proezas de João Grilo”, “O Meu Sertão no Inverno”, “A Vida de Padre Cícero”, E “O Paraíso Moderno” Cito também: “A Chegada De Lampião no Inferno”, O Cordel de “Lampião E a Velha Feiticeira”, “A Discussão de Um Fiscal Com o Matuto na Feira”, “Lampião Fazendo o Diabo Chocar um Ovo”. Primeira!
Tem “O Pássaro Encantado Da Gruta de Ubajara”, “A Ameaça de Corisco De Atacar Ibiara”, E “A Desgraça de Um Corno Depois Que Quebrou a Cara” “O Vale das Borboletas”, “Conversa de um Xeleléu” Com o Seu Anjo da Guarda”, E “A Saga de Rapunzel”, “Zé do Brejo, o Caipora”, Pois tudo isso é Cordel E até hoje é o folheto Nossa cultura mais forte Influenciando músicos, Poetas de Sul a Norte Levando a todo o Brasil O seu ritmo e o seu porte Muitos artistas famosos Se inspiram neste celeiro Do universo do Cordel Como Jackson do Pandeiro, Elba, Geraldo Azevedo, Tom Zé e Zeca Baleiro,
Até o Chico Buarque Já buscou seu agasalho, Gilberto Gil, Gonzagão, Gonzaguinha e Zé Ramalho, Caetano e Antonio Nóbrega, Sivuca sem embaralho... Além de outros literatos: José Lins, Graciliano, José Américo de Almeida, O Suassuna, Ariano, Só para homenagear Os maiores deste plano Aqui trago a homenagem Ao grupo contemporâneo Astier, Bráulio Tavares, Daudeth e o meu conterrâneo Que é Bebé de Natércio Grande abraço de Merlânio
Minha história não termina E mantenho-me cantando Rindo-me em muitos momentos Lá na frente até chorando A levar nossa cultura Nas ondas da criação Irreverente mistura Onde derramo a emoção
faca o seu CORDEL
Para se criar um cordel é preciso seguir três regras, que são: • Rima: é a correspondência dos sons finais em palavras diferentes. Ajuda a manter a sonoridade em construções poéticas. Ex.: Brasil/ mil; flor / amor... • Métrica: é a medida das sílabas de cada verso, em determinado gênero de estrofe. Obs.: a sílaba poética é contada até a última sílaba tônica do verso. Ex.: no verso de 7 sílabas “A-se-leção-bra-si-lei (ra).” • Oração: é a coerência, encadeamento, coordenação, precisão, objetividade e fidelidade ao tema. É a capacidade de não se perder ao contar uma história ou falar sobre um assunto. Ex.: “Eu gosto muito da vida / A vida me dá prazer / E quem não gosta da vida / Não adianta viver.”
Estrutura das estrofes: Existem diversas estruturas para se montar o cordel, dentre elas a Sextilha, principal modalidade de estrofe do Cordel, ela é formada de estrofes de seis versos, onde o segundo rima com o quarto e com o sexto. Para exemplificar como ela funciona, atribui-se a letra A para cada verso que acabar com uma rima e a letra X para cada verso que não necessáriamente termina rimando. X - A sujeira aqui em baixo A - Já está fazendo mal X - E o Homem achando pouco A - Lá no Espaço Sideral X - Contamina nossa órbita A - Com o lixo espacial. (A Terra pede socorro, Izaías Gomes de Assis)
faca o seu CORDEL! X A X A X A X A X A X A X A X A X A
X A X A X A X A X A X A X A X A X A
Livreto desenvolvido para o Trabalho de conclusĂŁo de curso do curso de Design GrĂĄfico das Faculdades Metropolitanas Unidas Fontes: http://poesianordestina.blogspot.com.br/p/cordel-do-cordel.html http://www.cordelinterativo.com.br/