CONTOS IMAGINÁRIOS, PESADELOS REAIS... Páginas 12, 13 e 14
CONFIRA A SITUAÇÃO DAS CICLOVIAS EM S. JOSÉ Página 5
CONHEÇA HISTÓRIAS DE QUE NÃO VIVE SOB UM TETO Página 15
ENTREVISTA COM CLARISSA SALLES, DA TV GLOBO Páginas 21 e 22
REVISTA LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO FCSAC/UNIVAP - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - ANO 16, EDIÇÃO 2 - 2015
Essa edição é dedicada à Flávia Barreto, uma menina que espalhou sorrisos por onde passou e sempre será uma inspiração para todos por sua dedicação e esforço. Flávia ensinou para nós, comunicólogos, que um sorriso vale mais do que mil palavras. De todos os estudantes de comunicação da UNIVAP.
#FLAVIA ETERNA
coloboradores da edição
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2015 REITOR Prof. Dr. Jair Cândido de Melo DIRETOR DA FCSAC Prof. Dr. Manoel Otelino da C. Peixoto COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE PROF. ESP. Fredy Cunha (Mtb 47292) PROJETO GRÁFICO Alunos do 5º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Prof. Esp. Lucaz Mathias Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947h-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: focaemfoco@univap.br. CAPA: foto shutterstock.com
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FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
NESTA 7 EDIÇÃO 8 4 10 12 5 6 15 Dois minutos de ódio
CRÔNICA
quando o agressor é da família
VIOLÊNCIA
Intolerantes à lactose atraem novo mercado
CHOCOLATE
Da Univap para o sucesoo
PROFISSÃO
O desafio cicloviário de São josé
A bela e a fera da vida real
Cidade modelo
Invisíveis
MOBILIDADE LIXO LIMPO
EDITORIAL
UM NOVO VISUAL PROF.º FREDY CUNHA
CAPA
MAZALAS SOCIAIS
16 10 19 20 21
Rotina cronometrada, dieta e saúde
BEM ESTAR
Todo artista de ir aonde o povo está
NOTAS MUSICAIS Ganhar dinheiro no Instagram é possível
REDES SOCIAIS Uma brasiliera estrangeira
PING PONG
Solucão na web
CONSUMIDOR
O Foca 2015 está de cara nova! Por
ceitos que, às vezes, são desconsidera-
uma iniciativa dos alunos, decidimos re-
dos até por jornalistas mais experien-
modelar o visual de nosso jornal para a
tes? Exatamente pelo compromisso de
temporada 2015. Num formato menor,
formar uma nova geração de profissio-
mais semelhante ao tamanho de uma re-
nais de Comunicação responsáveis e
vista, entregamos a você, caro leitor, um
que sempre levem em consideração a
material visualmente mais simpático e
importância de nossa missão de repor-
de fácil manuseio.
tar histórias que podem gerar impactos
Quanto ao conteúdo, seguimos pri-
significativos na vida de muitos.
mando pelos princípios básicos e pri-
Ainda que um ou outro assunto seja
mordiais do bom jornalismo. Apesar de
mais espinhoso e com cunho negativo,
o nosso jornal ser totalmente produzido
nossa intenção é a de informar os nossos
pelos alunos do 3º ano de Jornalismo da
leitores e a de permitir que cada um, a
Univap (com acompanhamento, à mar-
partir de nosso material, tenha a possi-
gem, dos professores), nossa equipe de
bilidade de tomar suas próprias decisões
repórteres já é instruída, desde o princí-
e posicionamentos, munidos de infor-
pio, a seguir, com rigor, o passo a passo
mação de qualidade. É assim que cami-
de um jornalismo de qualidade, que não
nharemos ao longo de mais este ano. E
se cansa de buscar e contar boas e rele-
é assim que desenvolveremos as edições
vantes histórias.
do jornal Foca em Foco 2015.
E por que primamos tanto por con-
Desejamos uma excelente leitura!
FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
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CRÔNICA
DOIS MINUTOS DE ÓDIO
conhecidos é como os Dois Minutos
farçado de jornalismo.
de Ódio descritos pelo autor distópico
Nós, espectadores, assim como
em sua obra-prima, “1984” (é sobre um
Winston e seus colegas, gritamos mal-
mundo que conhecemos e adoramos).
dizeres e mandamos ao inferno nossos
Sinto-me como um Winston moder-
Goldsteins. Fazemos isso por puro pra-
no, nós dois podemos vivenciar nossos
zer catártico – vem do âmago da huma-
dois minutos de ódio e gritar contra
nidade. Gostamos de ver o outro sofrer.
uma tela emoldurando o personagem
Não sinta vergonha em admitir, amigo.
vilanesco.
Alguns vão dizer: mas são crimino-
Ficamos estáticos em frente a nos-
sos, eles merecem ter as vidas expostas
sa própria teletela, assistindo aos des-
para que suas vítimas sejam justiçadas.
conhecidos, enquanto a vida deles é
Para vocês, meus amigos, eu digo: o
O ódio move o mundo, sendo a dor
exposta em nome da justiça - ou da di-
mundo não é um filme da Disney, não
alheia – aquela que machuca o outro
versão? Casos violentos e trágicos são
existe bem e mal, o maniqueísmo pro-
sem causar danos aos algozes – um dos
dissecados em plena tarde, para saciar
vem da sua visão egoísta de mundo que
componentes primordiais dessa estrutu-
a vontade carnívora e o desejo impro-
te faz achar ser “uma pessoa de bem”.
ra unilateral e narcisista que compõe o
nunciável pelo sangue e pela morte.
Você é só mais um sádico romano as-
POR MARIA THERESA E RICARDO MIGUEL
homo sapiens pós-moderno.
sistindo homens sendo destroçados por
Não me venha falar em amor, vocês
Bruno, Elize, Nardoni, anônimos que
leões no Coliseu. Você não quer ver jus-
não assistem à televisão? Não veem o
tiveram mais do que os quinze minu-
tiça, quer ver sangue.
sangue jorrar da tela? É deslumbrante e
tos de fama previstos por Warhol ou os
Se soou como um sofista, é por que
extremamente recreativo, até parece um
dois minutos de ódio de Orwell. Eles
sou um. Mas pelo menos eu sei do que
filme do Tarantino – exceto que é real,
ganharam os próprios shows pitorescos
estou falando, vivo há anos sorrindo
pessoas realmente morrem para produ-
e especulativos. Com direito a capítu-
para a televisão e para essas mortes do-
zir aquele espetáculo sanguinário.
los e capítulos do sofrimento de suas
loridas. Gosto disso, assumo que gos-
Vivo há anos nesse mundo, muitos
vítimas sendo explorados sem censura,
to. Por que você não assume que gosta
destes vendo televisão, assistindo aos
por puro entretenimento psicótico dis-
também?
mais distintos programas dos mais diversos gêneros. Porém, nada me deixa mais fascinado que os atuais programas jornalísticos. Não parece jornalismo, é puro entretenimento. Chega a ser divertido assistir aos criminosos sendo publicamente linchados por multidões ferozes e ávidas pelo sofrimento do outro. Peço perdão pelo sadismo mórbido e exagerado, mas gosto de ser sincero com meus amigos. E eu já sinto que somos melhores amigos. Não somos? George Orwell escreveu sobre a necessidade que temos de exteriorizar nossas frustrações contra a televisão. Julgar e criminalizar completos des-
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FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
ILUSTRAÇÃO: MAY CAVALCANTI
Meu Emmanuel Goldstein é Suzane,
MOBILIDADE Prefeitura entrega mais de 4 mil metros de ciclovias em 2015 POR GUSTAVO MELLO E PEDRO JUNQUEIRA
O DESAFIO CICLOVIÁRIO EM SÃO JOSÉ
baseado no uso democrático do espaço urbano”, diz a diretora. Para alguns dos ciclistas que utilizam o serviço, a interligação não é o único problema que as ciclofaixas da cidade apresentam. Outra reclamação recorrente é a falta de bicicletários para estacionar e prender as bicicletas em vários pontos da cidade. Má sinalização, falta de educação dos motoristas e pedestres, e faixas que já estão apaga-
FOTO POR PEDRO JUNQUEIRA
das também são queixas constantes dos usuários. PROBLEMAS – Eduardo Pereira, engenheiro, 30 anos, mora no Bosque dos Eucaliptos, na zona sul de São José e relata que a interligação entre a zona sul e o centro é um dos maiores problemas. Segundo ele, a ciclovia termina próxima ao Vale Sul Shopping e, a partir dali, o ciclista que segue sentido centro tem que enfrentar o trânsito por conta própria, correndo riscos ao dividir espaço com motoristas, vendo-se obrigado a usar a pista marginal da Via Dutra para seguir o trajeto. Segundo Eric Sousa, engenheidos quais 28 km foram construídos nos
ro cartógrafo, 27 anos, idealizador do
últimos dois anos. Ainda assim, muitos
mapeamento de ciclovias da cidade, é
A cidade de São José dos Campos
usuários criticam a eficiência do siste-
importante uma reeducação dos moto-
passa, atualmente, por um processo de
ma cicloviário da cidade e apontam vá-
ristas e pedestres, para que haja maior
implementação do sistema de ciclovias,
rias falhas no serviço.
respeito ao ciclista. Para ele, a maioria
Ciclovia na Avenida Andrômeda, zona sul de São José.
o que tem gerado polêmicas e opiniões
Segundo a diretora do Departa-
das pessoas ainda vê a bicicleta como
divididas nos cidadãos. Entre as prin-
mento de Trânsito da Secretaria de
uma atividade de lazer e não como um
cipais reclamações, está a interligação
Transportes joseense, Athanasia Janet
meio de transporte.
dessas ciclovias, para que o trajeto en-
Michalopoulos, essa é uma das priori-
“O primeiro passo é uma mudança
tre diferentes bairros e regiões da cida-
dades no projeto, não apenas expan-
de pensamento da cidade e da prefeitu-
de seja uniforme, tornando a bicicleta
dindo a extensão das ciclovias, mas
ra, para que a bicicleta seja vista como
um meio de transporte mais rápido e,
também interligando as ciclovias já
um meio de transporte, como é o carro,
principalmente, mais seguro para seus
existentes. “O objetivo é ampliar o uso
o ônibus e a moto. Existe muita falta de
usuários.
da bicicleta como meio de transportes e
respeito com o ciclista nas vias de São
De acordo com a Secretaria de
não só como lazer, garantindo seguran-
José e este é o principal causador dos
Transportes do município, a cidade tem
ça para o ciclista em um modelo de mo-
acidentes graves e mortes de ciclistas”,
hoje 68,3 km de pistas para bicicletas,
bilidade urbana moderno e sustentável,
conta o engenheiro.
FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
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LIXO LIMPO São José dos Campos se torna referência em coleta seletiva no Brasil
CIDADE MODELO
DIFICULDADES – Seu Rubens, como é conhecido, conta que foi muito difícil implantar a coleta seletiva, porque as pessoas não se preocupavam em ajudar. Conforme os moradores foram vendo que a coleta estava funcionando naquele bairro, começaram a solicitar que passasse por outras regiões da ci-
POR DANIELLE DOMICIANO, IZADORA RIBEIRO E SUELI NASCIMENTO
dade. E, assim, a coleta seletiva foi se expandindo, atendendo hoje cerca de
Uma das primeiras cidades do país
a implantar esse sistema. A partir daí,
a implantar a coleta seletiva, São José
a prefeitura viu o trabalho dele, e deci-
dos Campos se tornou referência em
diu colaborar oferecendo todo o supor-
limpeza pública. Manter a cidade limpa
te como: caminhão, barracão e espaço,
6ª EDIÇÃO DO FÓRUM INTERNACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
é essencial para a saúde da população
deixando ele responsável por toda a
Pelo fato de se destacar na coleta
e para o meio ambiente, por isso a pre-
parte operacional.
95% da cidade de São José dos Campos.
seletiva, São José dos Campos foi esco-
feitura, em parceria com a Urbam (Ur-
“Foi quando reunimos com as ins-
lhida para receber a 6ª Edição do Fó-
banizadora Municipal), executa esse
tituições Etep e escola Saloninho, do
rum Internacional de Resíduos Sólidos
trabalho com sucesso.
Jardim Esplanada (região oeste de São
(FIRS), que será realizado de 10 a 13 de
O processo da coleta teve início em
José), fizemos uma quantidade de fo-
junho, no Parque Tecnológico. O even-
1990, quando foi implantado o sistema
lhetos e nos reunimos na praça Cruzeiro
to é organizado pelo instituto Venturi e
com a coleta porta a porta, utilizando
do Sul. Com os alunos da Etep, saímos
pela Urbam, e seu principal objetivo é a
caminhões compactadores, no qual
da praça e visitamos todos os morado-
busca do desenvolvimento sustentável.
cada região da cidade tem um dia para
res do Esplanada. Peguei um caminhão
Esta é a primeira vez que o Fórum será
a coleta ser realizada. Nas regiões de di-
no lixo que não prestava mais, refor-
realizado fora de Porto Alegre (RS).
fícil acesso existe uma parceria com co-
mamos o veículo e colocamos um sino
Mais informações sobre o Fórum
operativas, que vão até os demais locais
nele, para que, toda vez que tocasse, as
podem ser acessadas no link: www.
para fazerem a coleta, o que também
pessoas levassem o lixo para fora”, dis-
6firs.institutoventuri.org.br/br/forum/
acaba beneficiando os moradores da ci-
se Rubens.
inscricoes.html
dade, gerando mais empregos e renda. Rubens Dalprat, de 82 anos, que trabalha na Urbam há 32, foi um dos criadores da coleta seletiva, a ideia surgiu quando ele caminhava pelas ruas de São José e via a quantidade de material nas calçadas da cidade. Ele se questionava sobre o porquê desses materiais irem para os aterros e sumirem, sendo que os cidadãos poderiam estar sobrevivendo com isso. Até então só existia uma cidade a fazer esse tipo de coleta (Niterói, RJ). Depois, com a ideia de seu Rubens, São José se tornou a segunda cidade do país
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“O fórum é importante pelo fato de juntar as melhores cabeças que estão pensando e falando de resíduo e fazer essa troca grande de experiências. Somos hoje uma das cidades modelo na questão de gestão de resíduos no país. Temos muito trabalho ainda sendo realizado e temos o que mostrar. Nada melhor do que a pessoa vir para ouvir e assistir às palestras, e também para vivenciar e ver os resultados na prática” Boanésio Cardoso Ribeiro, diretor-presidente da Urbam
VIOLÊNCIA Um fato assustador nos faz refletir sobre um crime que, muitas vezes, é invisível à sociedade POR NATÁLIA RIBEIRO E LARISSA AMADO
QUANDO O AGRESSOR É DA FAMÍLIA
começou com os xingos e, hoje, sou espancada todos os dias. Minha casa tem só um quarto e à noite, quando quero dormir e ele assistir à televisão, ele não me deixa dormir. Chama-me de inútil e manda calar a boca. Estava com muito medo e foi então que recorri à Delegacia do Idoso, mas por não ter hematomas e nem testemunha, desisti na porta. Tinha medo do que poderia acontecer comigo”, conta Madalena.
Filhos, netos, genros e noras são os
suas contas contribuíram para o início de
MEDO – “Já a orientei a fazer a de-
principais agressores de idosos. A cada
um ciclo de agressões. Estas que partiam
núncia, mas ela se recusa, assim como re-
uma hora, cinco denúncias são registra-
de sua própria filha.
cusa a minha ajuda. Quando orientei as
das no Brasil e, em 50% dos casos, são
Após um acidente doméstico, Marilda
filhas dela sobre o acontecido, ouvi que a
seus próprios filhos os suspeitos. Esses
foi morar com a filha. Alojada no quarto
idosa tem pena do filho e não quer fazer
são os últimos dados da Secretaria de
dos fundos da casa, ela sofria diariamen-
nada que possa prejudicá-lo”, explicou a
Direitos Humanos, da Presidência da
te maus tratos psicológicos, agressões fí-
psicóloga Eugênia Daquina, que acom-
República.
sicas e até abuso financeiro. Marilda não
panha o caso. “Muitas vezes, só é feita a
teve coragem de fazer a denúncia.
notificação compulsória, após a vítima
Segundo estatísticas, o estado de São Paulo é o que mais recebe denúncias, sen-
“Em casos isolados, muitos idosos ao
procurar uma Unidade de Pronto Aten-
do que em São José dos Campos, mais de
sofrer algum tipo de violência e por ter li-
dimento por sofrer uma agressão física
400 idosos foram violentados por seus fi-
mitações específicas se torna uma pessoa
grave”, disse a enfermeira e responsável
lhos e esposas em 2013. Estamos falando
frágil e indefesa em relação ao seu agres-
pela Vigilância às Violências e Acidentes
de mais de 22 mil denúncias em todo o
sor e acaba retirando ou nem fazendo a
da Secretaria Municipal de Saúde de S.
país e podemos contabilizar 125 queixas,
denúncia”, explica a assistente social da
José dos Campos, Júlia de Fátima.
em média, por dia, o que totaliza cinco a
Prefeitura de São José dos Campos, Diva
cada uma hora. De acordo com a prefeitu-
Maria da Silva.
O Ministério de Saúde define maus tratos contra o idoso como “ações únicas
SEM LIMITES – Outro relato é o
ou repetidas que causam algum tipo de
de Madalena*. “Eu sou violentada pelo
sofrimento ou angústia, ou ainda, ausên-
A dependência física ou mental faz
meu próprio filho. Quando ele ficou de-
cia de ações que são devidas pelas limita-
com que o idoso seja alvo de agressores e
sempregado e voltou a morar comigo,
ções do idoso”.
ra de São José, foram recebidas, em 2014, 328 demandas de suspeita de violência.
é responsável por altos índices de morte. Vale lembrar que, além da violência física, também é considerado crime não dar apoio ao idoso que tem limitações para realizar suas necessidades. TRISTE CASO – Foi o caso de Ma-
DENUNCIE
Centro de Referência Especializado de Assistência Social 3909-2633 Conselho Municipal do Idoso 3909-8616 Delegacia de Proteção ao Idoso 3913-1723 Ligue 190 ou 156
rilda*, que após sofrer a perda do marido quando os seus três filhos ainda eram pequenos, teve que aprender a ser pai e mãe FOTO: NATÁLIA RIBEIRO
para sustentar a casa. Com o passar dos anos, suas limitações e dependência para andar, comer, tomar banho e até pagar *os nomes das personagens foram omitidos por questões de segurança FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
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CHOCOLATE Sem opções nas prateleiras, consumidores recorrem a doces caseiros POR AMANDA PIMENTEL E GUILHERME PRUDENTE
AtençãoAnalisar sempre os rótulos dos produtos é indispensável para quem tem algum tipo de alergia.
INTOLERANTES ATRAEM NOVO A Páscoa passou e datas como Dia
sem deixar de comer algo gostoso e que
das Mães e Dia dos Namorados também
faça bem ao organismo. “Descobri minha
estão aí. Os supermercados e lojas já es-
alergia à lactose há dois anos. A partir daí,
tão com seus estoques abarrotados de
passei a produzir meus próprios chocola-
chocolates para todos os gostos. Porém,
tes, já que minha mãe fazia para vender.
uma parte da população estará limitada
Porém, com o aumento de pessoas ade-
de provar essas delícias. Segundo dados,
rindo a uma dieta sem propriedades do
40% da população brasileira têm alguma
leite, resolvi entrar neste ‘negócio’ com
intolerância ao leite, que é presente na
ela, produzindo os chocolates especiais”,
maioria dos chocolates industrializados.
explica a nova empreendedora. A mãe,
Pensando nessas pessoas, a empre-
Rita Linhares, se diz entusiasmada com
sária Mariane Linhares, que também é
este novo mercado. “Adoro todo tipo de
alérgica à lactose, desenvolveu junto com
novidade, e conseguir atender a este pú-
sua mãe chocolates especiais sem lactose.
blico, que inclui minha filha já é um gran-
Segundo ela, a ideia foi aproveitar a épo-
de passo. As lojas que vendem este tipo
ca e o momento de reeducação alimentar
de chocolate cobram preços abusivos,
que muitas pessoas estão aderindo, mas
aliás, os chocolates tradicionais já estão super inflacionados.” Uma pesquisa realizada em março deste ano pela ACI (Associação Comercial e Industrial),
FOTO:GUGO GALVANI
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FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
À LACTOSE MERCADO de São José dos Campos, constatou que o aumento foi de 10,8% em relação ao do ano passado. ESTÉTICA – Já para outras pessoas, o problema não é a limitação que os ingredientes de um chocolate tradicional oferecem e, sim, a preocupação em manter a boa forma como no caso da publici-
como fazer chocolate sem lactose
tária Lucila Kawoai, que nas horas vagas pratica musculação e Muay Thai. Ela se-
INGREDIENTES
ra para ver se ela está boa para o seu
gue uma dieta que passa longe da lactose
2 colheres (sopa) de óleo de coco
paladar. Caso esteja muito amarga
e do glúten. “Hoje em dia, comparado há
(precisa estar líquido), 2 colheres
ainda, acrescente mais meia colher
alguns anos, temos um mercado mais
(sopa) de cacau em pó, meia colher
(chá) de mel à mistura.
amplo, com opções de chocolates sem de-
(chá) de mel (ou agave se você for ve-
Agora chegou a hora de modelar o
rivados do leite e até a novidade da linha
gano) e sementes de chia (opcional) .
chocolate. E você tem duas opções: utilizar fôrmas de silicone para bom-
fitness, que são chocolates preparados com Whey Protein, ou a alfarroba que
MODO DE PREPARO
bons e cupcakes ou utilizar um prato
tem gosto e cor de chocolate, mas não é.
Misture os três ingredientes em
e pôr em cima dele papel vegetal. Co-
É uma vagem que se extrai a polpa que é
uma tigela e mexa até criar uma tex-
loque a mistura nas forminhas ou no
torrada e moída para se obter o pó, usado
tura pastosa. Experimente a mistu-
prato e aguarde endurecer.
na substituição do cacau. Então, dá para acharmos opções saudáveis.” O mercado para estes chocolates especiais é ainda muito restrito e com elevado preço, mas que tende a crescer
Afinal, o que é lactose?
muito, criando assim variedades de sa-
A lactose é o açúcar do leite e derivados. Esse açúcar quando ingerido sofre
bores e maneiras de se manter saudável
uma digestão por meio de uma enzima chamada lactase. Ela é responsável pela
sem restringir-se das guloseimas. Bas-
quebra da glicose que é absorvida pelo intestino delgado.
ta ficar atento e fazer as melhores esco-
Quando há uma deficiência, ou quando não há essa enzima, ocorre diarreia,
lhas para controlar esses problemas, vi-
flatulência, dores de barriga e inchaço. Essa intolerância pode ser genética ou
vendo feliz e saudável, sem sofrimento
adquirida por outros fatores.
na hora de comer.
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PROFISSÃO Ex-alunos de Jornalismo compartilham suas experiências profissionais e o que fizeram para chegar ao topo POR EDUARDA TOLEDO E TOMAS LOURENÇO
Bruno Kelly é fotógrafo freelancer para a agência internacional de notícias Reuters. Formou-se em Comunicação Social – Jornalismo na UNIVAP em 2008, onde participou da TV UNIVAP por dois anos, o que considera o “start” de sua carreira.
DA UNIVAP PARA O SUCES Os cursos de Comunicação Social
nos cursos extracurriculares, especiali-
sempre foram muito concorridos nos
zações ou workshops rápidos e outros
vestibulares, estando sempre entre os
acreditam que a experiência profissio-
top 5 com mais candidatos por vaga.
nal vale muito mais no dia a dia. O que
Apenas no ano de 2013, quase 40
se sabe é que não existe uma receita
mil alunos se formaram em Comuni-
certa para o sucesso, mas sim diversos
cação Social em todo o Brasil, segundo
caminhos que podem te levar a ter êxi-
dados divulgados pelo Inep/Mec (Ins-
to, independente do que deseja, das di-
tituto Nacional de Estudos e Pesquisas
ficuldades, contratempos e desafios.
Educacionais/ Ministério da Educa-
Esses ex-alunos de Comunicação
ção). São, precisamente, 38.216 comu-
da Univap (Universidade do Vale do
nicadores ingressando oficialmente no
Paraíba) descobriram o significado do
grande, e talvez maior, desafio da vida:
sucesso e hoje tem uma carreira profis-
o mercado de trabalho.
sional que sai do convencional.
Como se destacar em meio a tantos profissionais da área? Como escolher a
Foca: Qual foi a sua primeira expe-
carreira certa entre tantas áreas da Co-
riência profissional nesse ramo que teve
municação? Alguns estudantes focam
alguma relevância e que mostrou que você estava no caminho certo, em meio a tantas áreas possíveis do jornalismo? Bruno: Trabalhei como estagiário no departamento de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos quando ainda cursava a faculdade. Essa experiência foi super relevante para minha carreira, pois pude me relacionar com grandes jornalistas e observar como eles se portavam em coberturas de momentos importantes para a região. Foi assim que consegui fazer meu primeiro freela como fotógrafo para uma agência internacional durante uma greve de
ACERVO PESSOAL
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ACERVO PESSOAL
SO
Wilson Araujo é repórter cinematográfico com extensa experiência profissional pela Vanguarda e TV Globo São Paulo. Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UNIVAP, ganhador do Prêmio Embratel, hoje tem um plano bem diferente para o seu futuro.
trabalhadores da GM. Wilson: Comecei a trabalhar como office boy na Tv Vanguarda em 1991, lá dentro fiz vários cursos, quando fiz 18 anos fui promovido a operador de câmera ,depois fui promovido a auxiliar de externa, dirigia e iluminava as ma-
para chegar onde está agora? Você fez
e pretendo fazer uma especialização o
térias. Quando estava no segundo ano
algum curso ou alguma especialização
quanto antes.
de Jornalismo fui promovido a repórter
para se destacar dos demais?
cinematográfico na Tv Vanguarda.
Bruno: Logo que me formei tomei a decisão de tentar sair da zona de con-
Foca: Como você decidiu seguir essa área tão incomum da comunicação?
Foca: Durante a faculdade alguns
forto e busquei ir a algum lugar onde
Bruno: Desde o inicio sempre me
alunos são desmotivados, seja pelos
poderia instigar mais meu faro jorna-
identifiquei com a imagem e a força
pais ou professores que não apostam
lístico, algo como uma imersão. Foi
que ela tem em provocar emoções nas
na profissão de comunicador, com
quando recebi a proposta de fazer uma
pessoas. Costumo dizer que nós pro-
você aconteceu algo semelhante que te
experiência de três meses no jornal A
fissionais de imagem escrevemos com
levou a pensar em desistir ou mudar
Critica de Manaus. Na época, dois gran-
a luz. A oportunidade de eternizar um
de curso?
des fotógrafos deste jornal, Clovis Mi-
momento é algo que me encanta dia-
Wilson: Durante a faculdade ouvi
randa e Luis Vasconcelos, estavam em
riamente. Cada dia é um novo dia, um
de muitos colegas de profissão que era
destaque no cenário nacional e mundial
novo olhar, uma nova cena, um novo
melhor mudar de ramo,que o profissio-
por terem recebido os prêmios ESSO e
retrato. Fotografia é um eterno apren-
nal do Jornalismo não é bem remunera-
o World Press Photo daquele ano, no
dizado.
do ,trabalha muito,principalmente nos
mesmo momento percebi que seria
feriados ,ouvi também de professores
uma honra e um grande aprendizado
Foca: Pensando além, você pre-
que era melhor trabalhar em assessoria
trabalhar ao lado destes profissionais.
tende experimentar outras áreas da
de imprensa,não ganha muito mas tra-
De três meses acabei ficando por cinco
comunicação?
balha pouco ,e hoje tenho certeza,todos
anos no jornal A Critica, onde puder
Wilson: A partir deste mês não faço
estavam certos e também tenho certeza
realizar grandes trabalhos e cobertu-
mais parte da empresa que trabalhava
que precisava viver o que vivi no jorna-
ras como a Copa das Confederações em
e vou fazer documentários pelo Brasil.
lismo para ser uma pessoa melhor
2013 e Copa do Mundo no ano passado.
Vou ganhar menos, mas vou fazer aquilo
Sempre que posso participo de cur-
que sempre preguei, porque “a vida gos-
Foca: Qual foi o seu diferencial
sos e palestras com outros fotógrafos
ta de quem gosta da vida”.
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CAPA Quando o conto de fadas se transforma em pesadelo GABRIELLE PRADO E PATRÍCIA STAFFA
A BELA EA FERA DA VIDA REAL *Os nomes das personagens foram omitidos pela reportagem, por questões de segurança
Quem não se lembra da história da Bela jovem que, para salvar seu pai da tirania de uma Fera, entregou-se como prisioneira e descobriu sua grande paixão, transformando a Fera em um príncipe com um beijo de amor verdadeiro? Histórias assim se repetem muito em contos de fadas e clássicos da Disney, mas, na vida real, nem sempre têm um final feliz. A vida amorosa de Mariana*, 20 anos, não foi nada fácil. Apesar da pouca idade, passou por dois relacionamentos destrutivos. O primeiro namoro durou dois anos. Neste período, agressões físicas e psicológicas eram frequentes na vida da jovem. Ao contrair uma DST (Doença Sexualmente Transmissível) do agressor, Mariana entrou em coma, decorrente de uma grave infecção. Ainda assim, o plano era prosseguir com o relacionamento, até porque, segundo a jovem, ela era a culpada por tudo. Após um término conturbado, outro namoro começou. Como sempre, o começo tinha o encanto da novidade e da paixão, até começarem as primeiras agressões com um ano de namoro, que deram abertura para outras piores no decorrer do tempo. Com encontros baseados em boletins de ocorrência, proibição da família, traições e agressões, a vítima acredita que tem sua parcela de culpa nos acontecimentos. Não podemos dar continuidade na história de Mariana, pois o amor ainda é vivo e a jovem preferiu não prosseguir com a história, mas sim com uma possível reconciliação. Já Fernanda* conheceu sua grande paixão no começo da adolescência, aos treze anos. Sentiu o desamparo ao ver seus pais partindo para outro país e ela
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FOTO: GUIGO MOREIRA
permanecendo no Brasil com seus avós.
15 anos mais velho, seu primeiro amor
mou o celular e expulsou minha mãe da
era muito galanteador e atraente, en-
nossa casa”, contou a vítima.
quanto ela era muito frágil, cedendo aos
As agressões foram se agravando e
encantos. A paixão foi avassaladora, o
Fernanda decidiu divorciar-se e rumar
relacionamento começou a surgir e sem
para a Austrália, uma vez que seus pais
se dar conta, ela já se enxergava uma
residiam neste país.
mulher entregue aos braços do príncipe encantado.
Síndrome de Estocomo
“Ele sabia que a qualquer momento iria sair a decisão da imigração e me
Depois de repetidas crises de ciúmes,
convidou carinhosamente para almoçar
traições e humilhações, o mundo da prin-
e para falar sobre a criança. Eu fui e de-
cesa desabou ao saber que, na verdade, o
pois do almoço ele seguiu rumo à estra-
príncipe era um plebeu. Ela se relembra
da. Eu comecei a ficar nervosa, ele não
de um fato que foi o estopim para seu des-
falava nada e acelerava muito o carro.
pertar: “um dia, estávamos passeando de
Eu só sabia chorar e pedir que ele vol-
carro em frente a alguns restaurantes e
tasse. Imaginei que ele iria me abando-
bares e eu olhei o movimento. Ele freou o
nar na beira da estrada. Mas, não. Ele
carro e começou a gritar comigo ‘desce e
entrou mato adentro e tirou debaixo do
vai procurar quem você está procurando’”.
banco do carro um revólver. Dizia que
Noiva aos 16 anos, o receio da futura
se eu não fosse dele, não seria de mais
infelicidade veio à tona. Seu pai, ao per-
ninguém. Parou o carro e apontou a
ceber o rumo que os acontecimentos es-
arma na minha testa. Ele mantinha uma
tavam tomando, foi contra o casamento,
aparência calma, fria. Eu gritava e cho-
o que resultou em uma agressão física
rava muito. Mas ele não conseguiu ati-
ao patriarca. Após términos e voltas, in-
rar. Nesse momento, ele ficou nervoso,
sistências e perdões uma gravidez veio
agressivo. E para tentar acalmá-lo, eu
como uma esperança de renovação. O ca-
dizia que estava passando uma borra-
samento no civil foi realizado, alimentan-
cha no passado e que queria ele de volta.
do um sonho que já havia se dissipado.
Que eu o amava e até pedi perdão. Por
PESADELO – “Com quatro meses
fim, disse que eu iria para casa arrumar
convivendo juntos, o que era para ser
as roupas e nosso filho e avisar para a
mil maravilhas, na verdade foi um ter-
família que eu estava voltando com ele
ror. Ele saia e passava a noite fora, não
e, dessa vez, para sempre. Depois que
me deixava sair. Tomou a minha chave
ele me deixou em casa, foi a última vez
de casa, cortou o fio do telefone, me to-
que nos viu. Eu dormi em minha cidade
É o nome utilizado a um estado psicológico em que o indivíduo, submetido a um tempo longo de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amizade e amor pelo seu agressor. Isso pode acontecer com pessoas que passaram por sequestros, mas também com casos de agressões entre casais, maus tratos de idosos, entre outros. NOME - A origem vem do Assalto de Norma- mstorg, que durou seis dias em 1973 na cidade de Estocolmo, capital da Suécia. As vítimas defenderam os sequestradores, em vez de julgá-los ou de procurarem as autoridades.
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e não amanheci. Fugi com a proteção do meu pai, até receber os passaportes.” Fernanda mora na Austrália há cinco anos e teme voltar à sua cidade natal. Ao ser questionada sobre o novo relacionamento, ela respondeu: “não é o amor da minha vida, mas sim uma pessoa que me ama”.
Casos famosos NATASCHA KAMPUSCH, 2006 Natascha, com dez anos idade, vivia na Áustria em 1998 e desapareceu quando estava a caminho da escola. Oito anos depois, a adolescente conseguiu escapar do sequestrador. A jovem ressaltou que sua vida não foi ruim, apenas incomum. “Minha juventude foi bastante diferente. Mas também evitei diversas coisas, não comecei a fumar ou beber, ou a andar em más companhias”. PATRÍCIA ABRAVANEL, 2001 A filha de Sílvio Santos passou pelo trauma de um sequestro de sete dias. Após ser libertada, Patrícia surpreendeu a imprensa nacional com suas declarações. Ela sempre demonstrava afeto aos sequestradores durantes suas entrevistas. PATRÍCIA HEARST, 1974 A jovem passou por um sequestrou durante um assalto a banco, situação complicadas para qualquer garota. Para a surpresa de todos, após a libertação do cativeiro, a jovem passou a viver e ser cúmplice de seus raptores.
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LOUCAS DE AMOR No livro “Loucas de Amor” são retratadas histórias de mu-
Foca: Em algum caso você identificou a Síndrome de Estocolmo?
lheres que se apaixonaram e se
Gilmar: O maníaco do parque
envolveram com serial killers e
(caso conhecido no Brasil: maníaco
criminosos sexuais. Algumas das
estuprava e matava as vítimas) foi o
entrevistadas da obra sofriam de
que mais me chamou a atenção. Era
Síndrome de Estocolmo.
Síndrome de Estocolmo porque ela
De maneira receptiva, o autor do livro, Gilmar Rodrigues, acei-
dizia que não tinha medo, ela tinha uma obsessão por ele.
tou ceder uma entrevista ao Foca Foca: O que caracteriza essas
em Foco.
vítimas? Foca: Por que esse tema des-
muito sofrimento, as vítimas tiveram
pertou seu interesse? Gilmar
Rodrigues:
Gilmar: Uma história de vida de
Meu
um relacionamento ruim na infân-
primeiro contato foi lendo a nota
cia, uma convivência familiar instá-
de um jornal sobre a história do
vel. A parte efetiva não é saudável.
maníaco do parque, que foi bem conhecido na época. O maníaco recebeu várias cartas de amor,
Foca: Essa pesquisa mudou sua visão de mundo?
quando eu li aquilo eu pensei: será
Gilmar: Mudou, comecei a ver o
que isso é possível? A partir daí
mundo de outra forma. Dá um certo
resolvi pesquisar sobre o assunto,
desencanto. Por isso, deixo um reca-
pois pra mim era um fenômeno
do para os alunos que fazem jorna-
inacreditável.
lismo: Façam tudo ao contrário do que a vida faz! Defendam o jornalis-
Foca: Qual foi abordagem utilizada?
As mulheres aceita-
ram falar sobre isso? Gilmar: Nem todas. Quando são assassinos em série, os serial
mo de pesquisa, de todos os lados, o jornalismo que aproxima as várias fontes, o jornalismo que busca em livros. Façam matérias com aprofundamento, que gerem discussões.
killers, elas levam um tempo para falar. O mais fácil foram às presidiárias.
*Gilmar Rodrigues é formado em jornalismo e, atualmente, trabalha como roteirista da Globo em programas infantis e de humor.
MAZELAS SOCIAIS Existe uma história atrás de cada morador de rua
INVISÍVEIS
de trabalho que o ameaçava. Após sair da prisão, não encontrou amparo nos familiares e se viu sem suporte de um Estado que não dá oportunidades a ex-detentos. “Ninguém está livre disso”, ressalta, com a voz calma, referindo-se à situação que o levou a morar na rua.
POR FERNANDA NASCIMENTO, MARIA THERESA FERREIRA E RICARDO MIGUEL
Pessoas como Francisco deram origem a uma página com mais de 100 mil
Muitas vezes invisíveis aos olhos e
José dos Campos aponta que a maioria
curtidas no Facebook, o SP Invisível. Vi-
tratados como sub-humanos, eles ocu-
deles teve seus vínculos familiares in-
nicius Lima, um dos criadores da página,
pam as ruas das cidades e vivem às cus-
terrompidos, sucumbiram ao desem-
explicou: “Pensamos em contar histórias
tas do que os pedestres querem dar ou
prego ou têm problemas com substân-
de moradores de rua, uma vez que invisí-
do que o Estado tem a oferecer.
cias psicoativas.
vel não é a pessoa, mas sua história. Mui-
Alguns desses indivíduos têm his-
SEM DESTINO – Francisco de
tos até veem o morador de rua, mas só
tórias que são longínquos relatos de vi-
Jesus, 41 anos, é uma dessas pessoas.
veem o seu ‘hoje’, não veem seu passado”.
das que parecem ser de outras pessoas.
Nunca frequentou a escola, prestou
Sobre o tratamento do Estado com
Porém, são histórias reais de homens
serviço militar, trabalhou em um sítio
os moradores de rua, Vinicius afirmou
e mulheres que, por algum desalento
em São Francisco Xavier e está na rua há
“tem uns programas legais, porém,
do destino, foram parar nas ruas, suas
cinco anos. Ele não mostra resistência
acredito que muitos programas estão
“novas casas”.
em contar sua história, mas está perdido
muito engessados e pecam muito já no
Na Praça da Igreja Matriz, em São
em datas e memórias que pareciam es-
começo por achar que o cara pode sair
José dos Campos, pedestres passam
quecidas. Enquanto fala, mantém o olhar
da rua só pelo trabalho. Acho que o bu-
sem perceber a presença de um senhor
sempre atento aos policiais que estão de
raco é bem mais embaixo do que sim-
sentado, de cabeça baixa. Ele conta
guarda poucos metros à frente dele.
plesmente um problema financeiro.”
uma história que há muito está perdi-
Ex-presidiário, Francisco cumpriu
Ao ver um morador de rua, ligue
da no tempo. Os barulhos do cotidiano
pena de seis anos por homicídio. “Era
para o disque denúncia do COI (153),
fizeram o nome dele ficar perdido entre
ele ou eu”, conta. Em uma briga no últi-
oferecido pela prefeitura de São José
as palavras que se repetiam sem sen-
mo emprego, atacou a facadas o colega
dos Campos, para ajudá-lo. FOTO: FERNANDA NASCIMENTO
tido. Em São José desde 1965, ele não soube precisar há quanto tempo está na rua, mas disse que ainda anseia pelo dia que conseguirá voltar a Fortaleza, sua terra natal. Atualmente, segundo dados do último censo realizado em 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, há 32 mil moradores de rua no Brasil. Pessoas que vivem à margem da sociedade e do convívio social por diversos motivos. Entre os principais motivos para essas pessoas viverem nas ruas, a Secretaria de Desenvolvimento Social de São
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BEM ESTAR Engana-se quem pensa que corpo ideal é sinônimo de métodos cirúrgicos e dietas malucas. POR AGDA OLIVEIRA E PALOMA SAMPEDRO
ROTINA CRONOMETRAD DIETAS E SAÚDE Quando se fala em corpo ideal ou corpo perfeito, o que se passa na cabe-
Mas a academia mesmo, só foi en-
tão famoso e conhecido “fechar a boca”.
trar em sua vida quase um ano e meio
Isso era antes da moda fitness invadir o
depois. Ele afirma que o que o ajudou a
pensamento e ritmo de muitas pessoas.
emagrecer dos 13 anos em diante foi a
A proposta reúne o útil ao agradável. É
fase de crescimento, que é quando a pes-
possível auxiliar boa forma, alimentação
soa dá aquela famosa esticada, e ajuda
e saúde. É nessa rotina cronometrada
no processo.
que as pessoas buscam métodos saudá-
“Eu passei dos 84 kg para os 68 kg,
veis, com boa alimentação balanceada,
foram 16 kg perdidos em um ano. No
práticas de exercícios físicos e até mes-
começo, foi só alimentação, eu também
mo superação.
jogava bola, mas foi mais a alimentação mesmo.”
22 anos, estudante de Educação Física
Com 15 anos quando resolveu entrar
da Univap e personal trainer. Ele con-
na academia, ele passou dos 68kg para
ta que nunca foi tão magrinho, mas, a
78kg. Mas a diferença de peso foi trans-
partir dos 11 anos, ele começou a ganhar
ferida para ganho de massa e músculo.
um pouco mais de peso. Entre os 13 e
“Entrei na academia mais por con-
14 anos, ele já estava pesando 84kg. Foi
ta própria mesmo, para melhorar. Eu
quando começou a ficar com vergonha
emagreci, mas ficou aquele corpinho
de seu peso e resolveu começar pelo bá-
meio feio. Queria uma coisa mais boni-
sico: a diminuição da comida.
tinha. Agora, já tenho esse peso de novo
“Eu já não estava muito bem comigo,
(84 kg). Só que é totalmente diferente.
não estava muito satisfeito, aí chegou
Transformei a gordura em músculo e
essa época do interesse das meninas,
cresci uns 20 cm nessa fase, então aju-
do acampamento que costumava ir. An-
dou”, afirmou.
tes de chegar, eu já estava ficando meio
Douglas também conta que no co-
grilado, com vergonha, é uma sensação
meço o processo acabou sendo um pou-
bem ruim. E, realmente, quando che-
co fácil por conta dele sempre estar fora
CRÉDITO DA FOTO
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Piñero.
ça das pessoas? A resposta é unânime, o
E esse é o caso de Douglas Piñero de
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gou, eu fiquei com vergonha”, afirmou
CRÉDITO DA FOTO: PALOMA SAMPEDRO
Douglas Piñero, 84kg hoje
DA, E jogando bola, então não estava perto quando sua mãe resolvia pedir as tão gostosas guloseimas. “Nunca fui um gordinho sedentário, sempre pratiquei exercícios, jogava bola desde os quatro anos de idade, mas sempre tive um peso a mais.” MEDO – A preocupação de voltar a engordar ainda existe por conta de uma
passo fome. Acredito que, hoje, como
é só coisa para marombeiro, e sim para
até melhor do que antes. Carne e prote-
quem quer cuidar da saúde”. Ele ressal-
ína não podem faltar de jeito nenhum.”
ta que está com a sua academia há dois
certa tendência ao efeito sanfona (ema-
PESQUISA – Uma pesquisa divul-
grece e engorda em curto espaço de tem-
gada pelo Ministério da Saúde no início
po). “Essa é uma preocupação sempre
do mês, indica que 33,8% dos brasileiros
“Vejo o aumento na procura da es-
presente. Eu tento comer sempre pouco
praticam algum tipo de atividade física
colha fitness, o que é uma coisa muito
carboidrato e coloco mais proteína na
regularmente, o que representa um au-
positiva para todos, não só pela estética,
minha alimentação, uma vez que ela é
mento de 12,6% nos últimos cinco anos.
mas pela saúde e qualidade de vida, que
essencial.”
O estudo Vigilância de Fatores de Risco
são os pontos principais que englobam
Hoje, ele continua mantendo a sua
e Proteção para Doenças Crônicas por
o mundo hoje, onde a maior queixa é o
rotina de exercícios e alimentação e,
Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta
estresse causado pela vida ritmada”, diz
como um bom profissional, faz tudo da
ainda que a prática de exercícios em aca-
ele. O profissional afirma que é impor-
forma mais simples e saudável.
demias foi a que mais cresceu no país.
tante cuidar da saúde e que apesar da dar
anos, mas que já trabalha nesse ramo, um pouco mais de seis anos.
“Atualmente, treino todos os dias.
De acordo com o empresário e pro-
Por conta da correria, só consigo treinar
fessor de Educação Física, Renato
No município de São José dos Cam-
de 30 a 40 minutos, diariamente. Faço
Willians Jr, de Jacareí, o físico ideal está
pos, cerca de 120 academias privadas
a alimentação correta e saudável, aque-
na satisfação do indivíduo com a esté-
são registradas na região com propósi-
la famosa de 3 em 3 horas. Se não como
tica do seu corpo. Com a evolução das
to de atender a procura de alunos com
no horário certo, sinto-me mal”, afirma
pesquisas em prol do condicionamento
interesse de melhorar a estética e como
Douglas. “Como eu gasto muita energia,
físico, elas comprovam que a teoria faz
resultado beneficiar a saúde por meio
tenho que comer um pouco mais para
jus à prática. “A procura aumentou logo
de uma rotina com séries de exercícios
suprir minhas necessidades nutricio-
após a mídia divulgar pesquisas e resul-
acompanhada de uma alimentação nu-
nais. Se eu comer o que comia antes,
tados comprovados que a academia não
tritiva e balanceada.
trabalho, a área fitness é algo rentável.
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NOTAS MUSICAIS Não é preciso sair do interior para alavancar a carreira POR RAFAEL FREITAS
TODO ARTISTA TEM DE IR AONDE O POVO ESTÁ músicos na pequena cidade de Pirenó-
quência na capital, mas fora essa facilida-
polis, no interior de Goiás. No entanto, o
de resta apenas o marketing e o glamour
sucesso alavancou quando enfim se mu-
de dizer que mora na “cidade grande”.
ACERVO PESSOAL
daram para a cidade de São Paulo.
OPORTUNIDADES – Atualmente,
É notório que a “grande cidade das
o mercado está se ampliando cada vez
oportunidades” abre muitas portas para
mais aqui no Vale. Com o avanço da tec-
os músicos iniciantes, porém há outros
nologia e a facilidade de poder produzir
que seguem o caminho na contramão,
e gravar o disco sem sair de casa, muitos
como é o caso do cantor Peleco, de São
novos nomes surgiram nas paradas de
José dos Campos.
sucesso. O grande desafio que os artis-
A frase que dá título a esta matéria,
Peleco iniciou a carreira artística em
tas da região sofrem é: como conseguir
música interpretada por Milton Nasci-
1990, cantando e tocando bateria nos ba-
atrair um público que admira apenas o
mento em 1981, de tão tocada, tornou-se
res e restaurantes da região. Aos poucos
que vem da capital e que a cada dia está
roteiro e a referência de toda pessoa que
seus trabalhos iam ganhando mais con-
mais disperso?
imagina ser um grande artista. A neces-
sistência e reconhecimento. Durante o
Segundo estudos publicados pelo
sidade de ir para uma cidade de oportu-
trajeto, o cantor percebeu que não havia
Centro Nacional de Biotecnologia dos
nidades, ampla visibilidade e promissor
a necessidade de se mudar para São Pau-
EUA, a capacidade de atenção – o tempo
caminho artístico fez com que jovens que
lo para “alçar voos mais altos”, nem de
em que cada pessoa consegue se concen-
sonham em se tornar artistas abandonas-
ter que procurar por grandes nomes ou
trar em algo até ter a atenção desviada
sem sua cidade natal e migrassem para as
profissionais renomados que pudessem
para outra coisa – caiu em 2013 de 12 se-
grandes capitais, em busca do tão sonha-
auxiliá-lo nessa caminhada. “Nunca me
gundos para 8 segundos.
do estrelato.
pluguei nessa questão. As coisas foram
Apesar das dificuldades e da falta de
O filme “2 Filhos de Francisco” con-
acontecendo naturalmente, sempre achei
mão-de-obra qualificada tecnicamente,
ta muito bem esse caminho de sair do
que São José tinha bons profissionais e
os artistas regionais têm encontrado o
interior e partir para a capital em busca
ainda têm”, afirma o cantor.
“seu lugar ao sol”. Nesse caminho existi-
da carreira artística. Lançado em 2005 e
De fato, São José dos Campos é berço
rão diversos obstáculos, mas nada é im-
baseado na vida da dupla sertaneja Zezé
de grandes nomes da música nacional e
possível. Peleco deixa ainda um recado
Di Camargo e Luciano, o filme conta a
internacional, mas em uma cidade como
para quem quer se aventurar na carreira
história dos irmãos Mirosmar e Emival
São Paulo, o reconhecimento, às vezes,
artística: “faça tudo com amor e, prin-
(que faleceu), conhecidos como Camar-
torna-se ainda maior. Peleco reconhece
cipalmente, com conteúdo, pois o que é
go e Camarguinho, que tiveram muitas
que o acesso à informação e as grandes
bom permanece, já o que não tem conte-
dificuldades em começar a carreira como
oportunidades aparecem com maior fre-
údo torna-se apenas dinheiro”.
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REDES SOCIAIS Lucrar com as fotografias tiradas no dia a dia é cada vez mais possível e tem se tornado uma profissão de sucesso para os chamados instagrammers. POR GABRIEL NASCIMENTO E PEDRO LUVIZOTTO
GANHAR DINHEIRO NO INSTAGRAM É POSSÍVEL
Criado e lançado há 5 anos, o Insta-
dá pelas postagens e incentivos às ami-
marcas de olho em pessoas famosas na
gram é utilizado por milhões de usu-
gas e, também, rapazes. Muita gente
rede social e que querem vincular sua
ários no mundo todo e se tornou uma
gosta do que eu escrevo: curtem, co-
imagem ao perfil.
das maiores e principais redes sociais
piam, compartilham e isso gera visibi-
para compartilhar fotografias. Além de
lidade”, explica Thyssen.
interação entre os usuários, muitos têm lucrado com esta mídia social.
que carrega milhares de seguidores no
RENTÁVEL – Com toda sua creconquistada
agora,
Instagram é o Blog da Jé (@blogdaje),
ela
da joseense Jéssica Gomez. Com 145 mil
Diversas empresas têm criado apli-
também é responsável por manter a
seguidores (dado também extraído no
cativos destinados exclusivamente às
imagem de empresas e marcas que
dia 16/4/2015), a instagrammer, que en-
vendas nessa rede social, que permi-
patrocinam seus posts
trou na rede social há três
te que os usuários comprem produtos
que aparecem para 454
anos, destaca a principal
pelo celular. O potencial desse tipo de
mil seguidores de sua
vantagem e desvantagem.
investimento é enorme, podendo au-
página (dado extraído
“A maior vantagem é
mentar o faturamento em até 41%, de
no dia 16/4/2015).
acordo com uma pesquisa realizada em
dibilidade,
SUCESSO LOCAL – Outro perfil
conhecer muita gente do
A mulher que de
2015 pelo Instituto Brasileiro de Inteli-
sedentária
a
riamente e palavras que
gência de Mercado (Ibramerc).
malhar quase que 30
me inspiram a continuar!
Não só é possível ganhar dinheiro
passou
bem, receber carinho dia-
horas semanais, con-
A instagrammer Jéssica Gomez
A pior parte é que a liber-
com o Instagram, como existem diver-
ta que na maioria de suas publicações
dade é menor. Você tem sempre que pen-
sas formas de se fazer isso. Um perfil na
aparece marcas de roupas para ginás-
sar mil vezes antes de postar, ver se não
rede social de fotos é como um progra-
tica, comidas, bebidas saudáveis, entre
há a possibilidade de interpretarem erra-
ma de televisão: se tiver audiência, vai
outros itens, tudo isso patrocinado. São
do, etc!”, diz ela.
ter gente querendo investir um dinheiro ali. Como é o caso da blogueira Adriana Thyssen (@blogdadrika), de 35 anos, de Uberlândia, interior de Minas Gerais. Adriana pesava 107kg e, depois de muito sofrer, decidiu adotar uma vida saudável. E é no Instagram que a assistente contábil mostra seus resultados
O Instagram em números Fonte: pesquisa encomendada pela Samsung, na Inglaterra
300mi 8,5K DE USUÁRIOS
LIKES POR SEGUNDO
1K
COMENTÁRIOS POR SEGUNDO
lucrativos. “Acredito que a minha influência se
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PING-PONG Com um currículo bem diversificado, a jornalista Clarissa Lyra-Salles, correspondente de cinema da Globo News em Nova Iorque, conta sua trajetória (cheio de carimbos no passaporte) até chegar ao link ao vivo da emissora POR ELISA VEECK
UMA BRASILEI ESTRANGEIRA Foca: Onde você cursou jornalismo
giários¨. Inscrevi-me e fiz uma prova de
e outras coisas mais antes de chegar em
conhecimentos gerais. Fui super bem,
Nova Iorque?
mas não passei pra vaga que havia. Segui
Clarissa: Eu nasci no Rio, tenho 36
o conselho de um amigo e liguei no RH
anos e fiz jornalismo na Facha (Faculda-
dizendo que eu continuava interessada.
des Integradas Hélio Alonso). No meio da
É importante mostrar interesse e insistir.
faculdade eu fiz um intercâmbio com uma
Um tempo depois apareceu uma oportu-
faculdade da Espanha. Voltei, terminei a
nidade lá dentro para o Canal Brasil e eu
graduação e fui para Paris - onde traba-
entrei. Aprendi a editar, escrever, fazer
lhei ¨freelando¨ em jornalismo e até com
grade de programação... Foi uma escola!
assessoria de imprensa de estilistas bem conhecidos, como Yves Saint Laurent.
Foca: Como surgiu a oportunidade de produzir a coluna Pré-Estreia no ca-
Foca: Você conhece São José?
nal Globo News?
Clarissa: Já fui muito para São José,
Clarissa: Depois na Globo eu passei
adoro a cidade! Minha família tem gran-
4 anos em Paris. Foi quando trabalhei fa-
des amigos aí. Um deles é a estilista
zendo freelas para radio França-Brasil e
Emannuelle Junqueira.
depois assessoria de imprensa em moda. Quando eu voltei ao Rio, voltei pra Globo-
Foca: Onde foi seu primeiro estágio?
sat, mas senti vontade de fazer uma pós
Clarissa: Foi na rádio Tupi do Rio
e escolhi NY. Eu queria trabalhar, então
antes de ir para Madrid. Eu comecei
avisei aos colegas do Rio que eu poderia
atendendo telefone. Depois fui para pro-
enviar conteúdo de Nova Iorque. Comecei
moções, produção... Na verdade eu mais
a colaborar com canais da Globosat e com
paguei do que recebi (risos). Gastava toda
o G1. Quando eu comecei a fazer cinema
grana para voltar de taxi já que a rádio
para o site, o pessoal do Globo News viu e
ficava entre favelas e à noite não tinha
gostou. Pensaram em fazer a coluna, con-
ônibus por causa do perigo. Mas foi muito
versamos e topei!
bacana. Às vezes é preciso investir. Foca: Como entrou para a Globo?
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Foca: Como é a sua rotina? Clarissa: Em NY o estúdio fica aqui
Clarissa: No mural da faculdade
no bairro de Tribeca. Eu não vou todos os
tinha um ¨Globo está recrutando esta-
dias, mas sexta é obrigatório, já que entro
RA
Entrevistando a atriz Andrea Riseborough no lançamento do filme Birdman
ao vivo no jornal das 10h. Quando viajo gravamos ou fazemos via “santo” Skype. Foca: Você deve viajar muito para produzir sua coluna de cinema, não é? Clarissa: Sim, muito. Essa época do
NY e é sempre a mesma. Helen Mirren,
na barriga... mas a prática é a melhor
ano (março) é mais calma, mas em ou-
Julienne Moore, Cate Blanchett e Kate
coisa. Hoje já é bem tranquilo.
tubro começa a temporada de prêmios e
Winslet também nunca decepcionam
toda a correria rumo ao Oscar. Vou muito
pela atitude.
para Los Angeles o ano todo. O ritmo é cansativo, mas a troca é incrível. Foca: Já que você entrevista muitos atores, deve ter várias curiosidades so-
Foca: Muito obrigada por esse papo, ligando Nova Iorque a São José dos
Foca: Você entrevista muita gente
Campos. Qual recado você deixa aos es-
que os amantes do cinema adorariam
tudantes da UNIVAP e, principalmente,
conhecer. Tem algum ator que não curte
aos de jornalismo?
falar com a imprensa?
Clarissa: A gente tem que estar liga-
Clarissa: Tem uns atores que são
do no que acontece no mundo em geral
Clarissa: Quando me perguntam:
mais difíceis, mas, vai muito do dia, sabe?
e tem que cavar as oportunidades, sabe?
¨O Tom Cruise é baixinho?¨... Eu digo
Bruce Willis é uma pessoa difícil porque
Muitos como a Joana Calmon são exem-
não, não é tão baixinho. Ele é mais alto
ele não gosta de dar entrevista. É sempre
plos (jornalista ex-correspondente da
que eu. E eu tenho 1,64. E dai me dizem:
um suspense. Mas eu tive sorte nas duas
Globo News na França): não existia a vaga
¨Olha pro sapato dele, tem um saltinho!¨
vezes que o entrevistei.
de correspondente em Paris no canal, as-
bre eles! Conta alguma?
sim como a de outros correspondentes
Encontrei com ele outras vezes e esqueci de olhar (risos). Já o Daniel Radcliffe (de HarryPotter) é bem baixinho mesmo.
Foca: Não bate um frio na barriga
que estão fora. Essas pessoas correram
na hora de entrevistar alguns atores-ce-
atrás, gravaram um piloto, produziram
lebridades?
ou escreveram uma matéria. Não se pode
Foca: E das atrizes, quem você esco-
Clarissa: Eu lembro que uma das
desistir se essa é uma vontade. É impor-
lheria como uma mulher elegante, boni-
primeiras pessoas que entrevistei foi o
tante também não deixar o ego afetar a
ta, gentil...?
Denzel Washington e ai fiquei nervosa.
profissão. Jornalista não é celebridade.
Clarissa: Tem umas pessoas que
A Oprah (apresentadora) foi outra. Está-
Jornalista tem que estar à disposição de
são incríveis. A Uma Turmann é uma
vamos em uma premiere e quando vi ela
qualquer notícia, precisa ter conteúdo,
mulher impressionante. Ela é ainda mais
parou na minha frente. Eu rapidamente
deve provocar, tentar mostrar a realidade
bonita pessoalmente. É superelegante,
peguei o microfone e fiz uma pergunta.
e, sobretudo, fazer refletir! Esse deve ser o
simpática. Já a encontrei na rua aqui em
Repórter tem que ser rápido. Dá um frio
objetivo maior!
FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
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CONSUMIDOR Consumidores insatisfeitos utilizam a internet para reaverem seus direitos POR ERICK SPROVIERI, FELIPE KYOSHY E LUCAS DE ABREU
Poucos dias depois da queixa, a loja
SOLUÇÃO NA WEB
entrou em contato com a consumidora para solucionar o problema. “Foi muito prático, rápido e eficaz, a reclamação no site surtiu o efeito desejado”, afirmou. Em nota, a loja comunicou que este tipo de atendimento e o encaminhamento do consumidor a uma solução é o procedimento padrão. Afirmou, também, que sempre monitora as redes so-
Reclame Aqui: Os Números Fonte: Reclame Aqui
90K
EMPRESAS CADASTRADAS
ciais e os sites de reclamações, visando eficiência nas resoluções de problemas. 100% - Segundo dados do site Re-
2
APENAS, COM 100% DA RECLAMAÇÕES ATENDIDAS
clame Aqui, a empresa com maior eficácia na solução dos casos é a revendedora de peças automotivas Jocar, com 100% das ocorrências atendidas. O ranking ainda coloca a empresa Net Serviços de Comunicação como a instituição que mais recebeu reclamações nos últimos 12 meses, com 80.171 registros durante o período.
DAS 10 EMPRESAS COM MAIORES ÍNDICES DE RECLAMAÇÕES REGISTRADAS NOS MESES DE MARÇO E ABRIL DE 2015, 5 SÃO DO RAMO DE TELEFONIA
Após a reclamação, o consumidor ainda pode qualificar a empresa e apontar se voltaria ou não a fazer negócio após a resolução do problema. Neste
Atualmente, a internet é a principal
competente para notificar algum pro-
quesito, Cartões Submarino lidera. Se-
ferramenta de uso de todas as pessoas
blema, relatam o caso no site, na qual
gundo o site, 99,9% das pessoas que re-
em todas as partes do planeta. A rapi-
a reclamação fica mencionada na pági-
clamaram da empresa falam em voltar
dez e a praticidade fazem com que todos
na da empresa e outras pessoas podem
a fazer negócio. O site também expõe o
busquem este caminho, sendo também
visualizar e comentar sobre a situação.
ranking das empresas mais reclamadas do dia e da semana.
utilizado para resolver muitos proble-
Um exemplo é o da professora Ali-
mas, como por exemplo, reivindicar o
ne, de 27 anos, que fez uma compra
O diretor do Procon de Jacareí, Ru-
direito do consumidor. Um dos princi-
nas Lojas Renner em um shopping de
berci Batista de Morais, aprova o site
pais canais utilizados é o site Reclame
São José dos Campos. A consumidora
Reclame Aqui e incentiva a população
Aqui que recebe diariamente milhares
não se satisfez com a posição dada pelo
utilizar essa ferramenta. “É um canal
de relatos de consumidores que procu-
vendedor da loja física, que se recusou
que tem ajudado muito os consumido-
ram solução para algum problema em
a trocar a peça de roupa que tinha com-
res na hora de decidir pela compra, mes-
relação à compra, aos serviços.
prado dias antes. “Então fui procurar
mo não sendo um órgão oficial. Este site
A ferramenta foi criada no início dos
meus direitos”, disse ela. Em seguida,
trabalha de forma conciliadora entre os
anos 2000, cresceu com a internet e ga-
expôs toda a situação na página da em-
reclamantes e empresas”, disse ele.
nha muita força a cada ano e virou uma
presa nas redes sociais e se cadastrou
O Procon de Jacareí tem conseguido
verdadeira referência na área. Muitos,
no site Reclame Aqui para formalizar a
resolver cerca de 80% das reclamações
antes mesmo de procurar um órgão
reclamação.
pleiteadas a favor do consumidor.
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FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014
LAVAR O CARRO COM MANGUEIRA: 600L DE ÁGUA EM 30 MIN
ECONOMIA DE ÁGUA, ESCOLHA O MELHOR CAMINHO:
UMA TORNEIRA PINGANDO PODE DESPERDIÇAR 16 MIL LITROS DE ÁGUA POR ANO.
UM BANHO DE CHUVEIRO ELÉTRICO, DE 15 MIN, CONSOME 94 LITROS DE ÁGUA.
CADA DESCARGA GASTA, EM MÉDIA, 9L DE ÁGUA
UMA MÁQUINA DE LAVAR ROUPA (5KG) GASTA 135 LITROS POR CICLO.
RESERVATÓRIO
GAME OVER! SUA PROCURA FOI PELO RALO.
ÁGUA NÃO É BRINCADEIRA, REVEJA SEUS HÁBITOS.