MercadoRP ISSN 2175-2966
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Desde 2008
Publicação Semestral dos Alunos de Relações Públicas • Ano VIII • nº 15 • março a julho de 2018
Gustavo Santana Relações Públicas
Cuidando das marcas do Grupo Mirante
MAIS: Crise Econômica e Práticas de agências de Comunicação • Arquidiocese investe em RP • Grupos de RP no Twitter • Maternidade e Vida Profissional
EDITORIAL Em suas últimas edições, a Mercado RP tem apresentado dados que revelam o cenário de crise que afeta o Brasil. Ora com números que apresentam taxas preocupantes de desemprego, ora com perspectivas de recuperação do mercado de trabalho. O fato é que, neste ano, as pesquisas ainda evidenciam um contexto de retração econômica e índices alarmantes para o trabalhador brasileiro. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, por exemplo, houve um aumento na taxa de desemprego do primeiro trimestre de 2018 (em 13,1 %) em relação ao último trimestre do ano passado (11, 8%). A comparação entre os dois trimestres demonstrou também uma redução de 408 mil pessoas (- 1,2%) no total de empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada. Há, portanto, razões para acreditar que os relações-públicas e demais profissionais da comunicação estão sendo afetados pela conjuntura descrita. Na 15º edição da Mercado RP buscamos, então, demonstrar como três agências da cidade de São Luís têm obtido sucesso mesmo diante da redução dos investimentos em comunicação causada pela crise. Apresentamos também uma entrevista com o RP Gustavo Santana, sobre a gestão de marketing e comunicação do Grupo Mirante, além de notícias que contemplam temas referentes à atuação de um relações-públicas na Arquidiocese de São Luís, a propagação de conteúdo sobre a profissão de RP no Twitter e a conciliação entre maternidade e carreira profissional em RP. Esperamos, assim, compartilhar conteúdos que permitam aos futuros relações-públicas conhecer as experiências de sucesso de profissionais já atuantes no mercado de trabalho. Desejamos a todos uma excelente leitura! Equipe Mercado RP Ana Karolina Nascimento
NEWSLETTER É um periódico enviado a um público específico de uma organização.
EXPEDIENTE Mercado RP
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Universidade Federal do Maranhão Curso de Comunicação Social – Relações Públicas Reitora: Profª Dra. Nair Portela Silva Coutinho Vice-Reitor: Prof. Dr. Fernando Carvalho Silva Diretora do CCSo: Profª Dra. Lindalva Martins Maia Maciel Chefe de Departamento: Prof. Me. Carlos Benedito Alves da Silva Junior Coordenadora de Curso: Profª Me. Luiziane Silva Saraiva
Equipe: Ana Karolina Nascimento Brenna Freire Caio Valois Emille Santos Fernanda Rego Francisco Vinícius Menezes Giovenilton Serra Hugo Guimarães Lindoso Janaina Ferreira Joenilton Rodrigues Ribeiro Maria Clara Abdalla
Editora: Profª Dra. Luciana Saraiva de Oliveira Jerônimo Projeto Gráfico: Larissa Régia Ramos da Silva Diagramação: Brenna Freire Revisão Textual: Profª Dra. Jovelina Maria Oliveira dos Reis Orientação Fotográfica: Mary Áurea de Almeida Costa Everton
E-mail: mercadorp.comunicacao.ufma@gmail.com Endereço: Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Sociais – CCSo, Departamento de Comunicação. Av. dos Portugueses, 1966 – Cidade Universitária Dom Delgado Bacanga – CEP 65080-805 São Luís - MA.
Agências de São Luís repensam suas práticas no cenário de crise econômica
Entre os dados divulgados pelo IBGE no primeiro trimestre de 2018 e analisados pela imprensa, destaca-se o empobrecimento de 48% da população de São Luís entre 2016 e 2017, segundo matéria publicada no Jornal Valor Econômico em 12/04/2018. Os dados foram extraídos de um estudo da LCA Consultores. Além dessa informação, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE (2017) aponta o Maranhão como a unidade da federação que possui a menor proporção de trabalhadores em empregos formais (percentual de 32,8%) e o menor rendimento médio do país (R$ 1.123,00). Mais do que a pobreza monetária, na qual o percentual de empobrecimento da população ludovicense se encontra, há ainda os índices da pobreza multidimensional, que mensuram o acesso do morador de São Luís aos serviços públicos como: educação, saúde, moradia, saneamento básico e internet. O conjunto de dados representa uma diminuição de renda na base da população. Isso impacta a capacidade de consumo dos ludovicenses e, consequentemente, a venda de produtos e serviços. Essa retração econômica, que chamamos de crise, é uma das responsáveis pelo medo dos empresários de investir em comunicação. Nessa situação, as agências de comunicação analisam com mais cuidado o mercado e repensam suas estratégias de ação. Agência Ideia Propaganda O relações-públicas Miguel Abdalla, sócio da Ideia Propaganda, agência de publicidade criada em 1990, em São Luís, diz perceber claramente que os investimentos em comunicação foram retirados do mercado a partir de 2016, o que para ele é um paradoxo. “Na prática, não poderia acontecer isso. As empresas que sobrevivem às crises, ao cortarem custos, geralmente não sacrificam seus investimentos em comunicação, pois a comunicação é sempre o simbólico, o que acaba aparecendo, o que é mais visível do negócio”, disse Abdalla. A prática da Ideia Propaganda é adequar-se e inovar diante dos desafios, inclusive entendendo que a iniciativa privada em São Luís é muito pequena, com investimentos em propa-
EMPOBRECIMENTO EM SÃO LUÍS E O MERCADO DE COMUNICAÇÃO DADOS REGISTRADOS PELO IBGE NOS ÚLTIMOS ANOS 2017
MARANHÃO COM MENOR PROPORÇÃO DE TRABALHADORES FORMAIS ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS
Agência Pirueta-Ideias em Movimento
32,8% R$
48%
1.123,00
E O MENOR RENDIMENTO MÉDIO DO PAÍS
TAXA DE EMPOBRECIMENTO DA POPULAÇÃO DE SÃO LUÍS ENTRE 2016 E 2017
CONSEQUÊNCIAS
COMPORTAMENTO DEFENSIVO DOS EMPRESÁRIOS REDUÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM COMUNICAÇÃO AUMENTO DO TRABALHO AMADOR NAS MÍDIAS DIGITAIS COMO SE MANTER NO MERCADO?
INVESTIR EM PESQUISA DE MERCADO ESTABELECER TÉCNICAS DIFERENCIADAS PARA CADA CLIENTE UTILIZAR ADEQUADAMENTE O DINHEIRO QUE O CLIENTE TEM PARA INVESTIR, SEJA ATRAVÉS DE UM PANFLETO OU UMA CAMPANHA INSTITUCIONAL ARTE: JUSTHON MONTEIRO SILVA
ples. Mas não é. Com essa perspectiva, surgem pequenos negócios que cobram mais barato, sem construir uma estratégia de negócio, esquecendo o posicionamento da marca. Com tantos desafios, a Quadrante Brasil investe em dados de pesquisa (da Marplan, do Ibope, do IBGE e de pesquisadores de design) para definir com mais precisão o público, a abordagem e o mercado-alvo. “A gente tem um trabalho de prospecção muito forte! Usamos algumas ferramentas de portfólio, de site, de rede social online, mesmo que de forma complementar. Fazemos o trabalho de design primeiramente, depois passamos o cliente para a área de publicidade. O trabalho profissional deve ser feito dentro de uma realidade, de um contexto e de uma lógica”, completa Raposo.
FONTES: IBGE, JORNAL VALOR ECONÔMICO, AGÊNCIAS IDEIA PROPAGANDA, QUADRANTE E PIRUETA
Quadrante Brasil Empresa maranhense criada em 1994 e que trabalha com design, publicidade e propaganda, design de produtos e mídia digital, a Quadrante Brasil também sentiu (e sente) o cenário comandado pela crise econômica e pela diminuição do consumo em São Luís. “Hoje melhorou um pouco em comparação a 2017. Em 2016, quando veio a crise, todo mundo segurou. Por exemplo, restaurantes e construtoras que tinham empreendimentos para lançar no mercado, frearam e adiaram suas ações. O empresário ficou na defensiva, esperando o que ia acontecer”, comentou João Raposo, sócio da Quadrante. Outro comportamento observado por Raposo foi o impacto da tecnologia digital no mercado publicitário, e um pouco menor no de design gráfico. Segundo ele, há uma ilusão de que a mera migração para o suporte digital é mais barata e sim-
A Pirueta é a mais nova agência de comunicação. Com apenas 2 anos no mercado, diferentemente da maioria das grandes agências de São Luís, ela cresceu. Um de seus sócios, o publicitário Edimar Filho, comenta: “a dificuldade dos outros pode ter sido uma oportunidade para que a gente chegasse e se apresentasse para o mercado”. Com o empobrecimento do mercado de consumo de São Luís, algumas grandes empresas e marcas buscaram reduzir seus custos com propaganda, suprindo essa necessidade internamente ou procurando outras opções de agências que lhes atendessem dentro dessa nova realidade. “A Pirueta, com uma estrutura mais enxuta e a qualidade de entrega das grandes agências, ocupou um espaço aberto pela crise”, afirma Edimar. O publicitário revela que nesse cenário de retração econômica, não se anuncia nem metade do que se anunciava antes do período de crise e aponta uma consequência da crise para o mercado de comunicação: os empresários começaram a migrar seus anúncios para o lado das mídias digitais (o que é bom e ruim) e diminuíram seus investimentos em mídia tradicional. As três agências, entretanto, estão incomodadas com o lado negativo dessa migração: o trabalho amador tomando espaço do trabalho profissional. Nesse cenário de redução de investimentos, em que se mesclam bons profissionais e experimentadores, Edimar afirma que está cada vez mais difícil encontrar o público em uma rede social, em um canal digital. Para o publicitário, “é preciso ser muito estrategista para alcançá-lo de fato. Nem todo mundo que está fazendo, sabe de fato o que está fazendo”. Ana Karolina Nascimento Francisco Vinícius Menezes Maria Clara Abdalla
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O empobrecimento da população de São Luís
ganda também pequenos. Somando essa situação ao empobrecimento da população e à diminuição de consumo, há redução de investimento, e com a sociedade informando-se digitalmente, os empresários migram a propaganda para as mídias digitais – Facebook, Instagram, Twitter – com a expectativa de que essa estratégia resolverá seu problema de vendas. Daí os equívocos entre postagens, engajamento, presença digital e um retorno ruim para o pequeno investimento feito. “Qualquer produto, qualquer serviço, para ele se estabelecer no mercado, ele precisa ser necessário para o consumidor. Então a necessidade é importante, é primordial para que ele se fixe no mercado”.
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Desde 2016, em São Luís, o empobrecimento da população e a crise econômica têm levado os empresários a um comportamento defensivo, o que impeliu as agências de comunicação da cidade a enfrentarem (e ainda enfrentam!) a retração dos investimentos em comunicação. Entenda a situação e veja como 3 agências encaram esse cenário.
Entrevista
Cuidando das marcas do Grupo Mirante Gustavo Santana, Relações-Públicas
Formado pela Universidade Federal do Maranhão, o Gerente de Comunicação do Grupo Mirante nos conta, em um bate-papo descontraído, detalhes sobre o seu dia-a-dia nesse ambiente empresarial, sem deixar de fora sua paixão por ilustrações.
Fotografia: Arquivo Pessoal de Gustavo Santana em um de seus projetos “Na Mira Fashion”.
MERCADO RP – Como foi sua trajetória até chegar no Grupo Mirante?
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G. SANTANA – Eu comecei com Publicidade, apesar de ter prestado o primeiro vestibular para o curso de Direito atendendo a uma suposta expectativa da família. Depois desse primeiro vestibular, uma colega de colégio me trouxe um caderno com as ementas das disciplinas do curso de Publicidade e Propaganda e disse: “Gustavo, Publicidade é a tua cara!”. Fiz o vestibular, cursei um ano, até que tive acesso às habilitações dos cursos de Comunicação da UFMA. Meu pai sempre desejou que os filhos estudassem na UFMA, por ele ter uma ligação muito grande com a Universidade (começou a trabalhar na instituição como datilógrafo e hoje é professor titular do curso de Direito). Optei então por Relações Públicas. No curso, eu tive uma ligação muito forte com a professora Éllida Guedes e com a Revista “RP Alternativo”. Passei 5 anos diagramando a revista. Nunca fechei minhas portas para a UFMA.
Apesar de não desejar dar aulas, sempre que sou contatado, sou solícito. Tenho grande gratidão à instituição e aos professores que me tornaram o profissional que sou. MERCADO RP – Quais atividades você desenvolve como RP no Grupo Mirante? G. SANTANA - Eu sou o gestor de comunicação de seis veículos e de um grupo empresarial de comunicação. A forma como todas as marcas dos veículos que compõem o grupo se comunica está sob a responsabilidade da minha área. É uma assessoria de comunicação com funções de agência de publicidade. Em termos numéricos, 95% do que a gente produz é para abastecer o setor comercial dos seis veículos. Mas nossa área é muito mais do que isso! Nós somos responsáveis pela maneira como a marca se comunica e, na era das redes sociais, isso se tornou uma tarefa muito mais complexa. Manter uma marca, dar um posicionamento a ela, expressar seu significado, seus valores e associá-la aos distintos gostos requer um fino trato hoje em dia. A qualquer momento uma colocação, um posicionamento podem
soar negativos, afetar algum segmento de nossos públicos. É um conjunto de produtos e de públicos tão distintos que acaba se tornando um desafio muito grande. Nossa equipe tem uma posição estratégica muito importante. São várias ações ao mesmo tempo: gestão da comunicação institucional e comercial, tomadas de decisão sobre os posicionamentos das marcas nos eventos etc. Todas as ações institucionais e comerciais do grupo passam pelo nosso setor. MERCADO RP – Em relação ao posicionamento do Grupo Mirante, já ocorreu algum episódio em que esse posicionamento teve de ser modificado em função de um feedback negativo do público? G. SANTANA – Sim. Não é muito comum, mas já teve. Quando estávamos no segundo ano do Projeto “Cãominhada”, eu tive uma ideia que julguei interessante, mas desconhecia o impacto dela. Sugeri fazer um mural do
G. SANTANA – Bom, se levarmos em consideração que a maioria de nossos projetos são comerciais, todos são importantes. Para mim, o “Cãominhada” é um dos projetos mais legais. Eu me envolvo muito com o evento, criei amizades que revejo todos os anos por lá. Dentro do Projeto “Vila Junina”, que é o nosso maior evento, tive a oportunidade de realizar meu primeiro projeto sozinho. Na época, o Marketing que funcionava como uma célula única para todo o grupo foi dividido em células para cada veículo. Eu fiquei responsável pelo marketing do Portal Imirante.com. Foi muito legal, porque entrei no grupo como um cara de criação e, de repente, tive que me preocupar com planilha, orçamento, gestão... um mundo muito maior do que o das experiências anteriores. Foi muito bom! Me permitiu ascender de Diretor de Arte para Gerente de Comunicação do Grupo Mirante. MERCADO RP – Como é possível inovar no Marketing das Rádios AM e FM, que são veículos bem tradicionais? G. SANTANA – Quando falamos das rádios AM e FM, temos duas realidades muito distintas. E eu estou falando do perfil de nossos ouvintes. O público da Rádio AM é muito maduro. Eu trabalho com uma equipe que também é mais madura. Não tenho muitos jovens trabalhando na AM;
MERCADO RP – Para a área de marketing do Grupo Mirante, o que é cultura organizacional e quais são as particularidades do site e das rádios AM e FM que compõem essa cultura? G. SANTANA – Cada veículo tem sua identidade. Até porque há as particularidades. Trabalhamos com públicos distintos, com culturas profissionais distintas, e, às vezes, missão e valores distintos. A maioria converge em uma coisa só: a nossa missão, que é “informar, entreter com qualidade”. Dentro das particularidades e realidades de cada veículo tentamos aplicar a unidade deste preceito de modo a sermos, de fato, identificados como um grupo. Por exemplo, a FM é uma rádio de música; a AM é uma rádio de notícias e esporte; o “Imirante” tem todo o conteúdo do Brasil e do mundo; o Jornal “O Estado do Maranhão” é o acervo, o tabloide do Maranhão; a “TV Mirante” tem a chancela da Rede Globo. Cada um tem sua cultura. São características e comportamentos muito diferentes, posturas diferentes em uma cultura organizacional própria. MERCADO RP – Mudando de assunto. Profissionais de comunicação gostam de hobbies. Soubemos que você tem um: os cartoons. Fale um pouco sobre esse hobby. G. SANTANA – O desenho é meu desafogo, o que me tira da seriedade e do estresse do cotidiano. Eu sempre desenhei muito. Meu bisavô paterno, Newton Pavão, era artista plástico. Há um busto de bronze dele em um museu da Rua Portugal. Meu pai sempre se mostrou muito contente com a minha “produção artística”. Acho que era um sentimento de continuidade (lembra quando falamos sobre prestar vestibular para Direito?). Eu tive a sorte de ter pais que sempre me incentivaram. Tudo que olhavam sobre arte, em qualquer lugar, eles me davam. Durante um tempo, eu me distanciei desse hobby e foquei muito no trabalho. Acho que voltei mesmo a me divertir com papel e lápis há uns 8 anos, quando fiz uma pós graduação em design gráfico. De lá pra cá, criei um Instagram, experimentei muitas técnicas e investi na ilustração digital direto do iPad. Ao
longo desse tempo, vi a oportunidade de ganhar dinheiro com meu entretenimento e comecei a colocar algumas ilustrações à venda em sites que produzem vestuário e adereços. Atualmente, eu tenho produtos em 4 lojas virtuais. Recentemente, participei de uma feira na Península levando vários produtos. O que mais me deixou feliz foi ver as expressões das pessoas ao verem meus desenhos, os questionamentos que me fizeram, as análises etc. Ter esse retorno foi muito bacana. Um comentário é melhor do que mil “likes”. Foi bem bacana, vendi tudo. É muito legal quando um hobby começa a virar um negócio. Hoje, não consigo viver só da minha arte, mas quem sabe um dia? MERCADO RP –Para finalizar, que dicas você daria para os estudantes de Relações Públicas que ingressarão em breve no mercado de trabalho? G. SANTANA – A última vez que fui à UFMA, eu fui fazer uma palestra para os alunos de RP. Foi a primeira vez que fiz uma apresentação pra estudante de graduação e fiquei pensando: «Como vou falar de RP? Faz tanto tempo que estou afastado da academia, do campo teórico. Minha prática é muito empresarial!” Então prefiro deixar uma mensagem de cunho mais pessoal, sem muita ligação com todos os autores que os alunos estão acostumados. Nós somos das Ciências Sociais e trabalhamos com gente, para gente. E depois de tanto tempo administrando gente, eu hoje me preocupo com um conceito bem bacana que é a “justa mediania”. O principal para o profissional ser bom, hoje em dia, é descobrir a “justa mediania”: você não pode ser quente e nem pode ser frio, você tem que ser morno; você não pode ser preguiçoso e não pode ser o workaholic. Você tem que estar ali no meio, porque se você vai para um extremo, você deixa de lado um outro. A vida é feita de várias réguas com dois opostos. Não posso ser rápido, pois ninguém me acompanha. Não posso ser devagar, pois não acompanho os outros. Então eu tenho que ficar na “justa mediania”, dialogando com todos (ou com a maioria). Caio Valois Joenilton Rodrigues
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MERCADO RP – Quais projetos significativos já foram executados por você para o Grupo Mirante?
mas todas acompanham a evolução tecnológica. Afinal, um veículo de comunicação precisa se renovar constantemente. É mais fácil falar da FM, que teve uma renovação significativa. Durante muito tempo, ela tinha um target (público-alvo) de jovens (de 13 a 29 anos, das classes A e B). Isso era o que o veículo disse que queria. No entanto, tínhamos uma grade de programação com cinco programas de flashback. Qual é o jovem de 13 a 29 anos que escuta flashback? Então, tivemos um momento muito importante que foi a reformulação da nossa grade de programação. Conseguimos atualizar nossa programação e passamos a tocar ritmos que a gente não tocava. A rádio deu uma oxigenada e uma rejuvenescida alterando o seu público.
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namoro em que os donos dos cachorros colocariam uma foto de seu animal com um número de contato para achar um outro animal para cruzar. Por causa disso, as instituições protetoras dos animais se revoltaram e começaram a boicotar o evento. Passei horas ao telefone com membros das ONGs para conseguir entender a besteira que eu estava fazendo, pedindo desculpas e me certificando de reafirmar os valores pelos quais criamos o evento, até que obtive de volta o apoio deles. Em síntese: eu estava incentivando o cruzamento dos animais de forma irresponsável. Foi horrível! Me senti muito mal. Hoje todas as ideias que temos para nossos eventos passam pela análise técnica de profissionais do setor daquele evento. No Cãominhada, por exemplo, ouvimos a ONG Amada, o curso de Medicina Veterinária da UEMA, além de nossos parceiros comerciais.
Arquidiocese de São Luís investe em RP O bacharel em Relações Públicas, pós-graduando em Marketing Digital e consultor de comunicação para pequenas empresas, Paulo Victor Silva, integra a equipe de comunicação da Arquidiocese de São Luís desde 2015. Seu trabalho segue em ritmo acelerado para atender à mudança de mentalidade e à relação com processos simbólicos dos novos sujeitos da Igreja Católica, mantendo o vínculo com a tradição e respeitando os desafios éticos na condução dos fiéis. A experiência de Paulo Victor teve início em 2014, quando foi convidado pelo padre e jornalista Gutemberg Feitosa, vice reitor do Santuário de São José de Ribamar, para trabalhar como voluntário na Pastoral da Comunicação (Pascom), no município de São José de Ribamar, quando ainda era estudante do curso de Relações Públicas da UFMA. Jovem, familiarizado com a cibercultura e com experiência vivida na Igreja e, depois, na Pascom, Paulo Victor afirma: “O que influenciou a minha contratação pela Arquidiocese foi, primeiro, ser católico engajado, depois, claro, o reconhecimento da minha experiência no mercado”.
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O contrato para prestação de serviço, com horário flexível, permite que Paulo Victor desenvolva conteúdos para difusão de informações sobre a Arquidiocese no Jornal do Maranhão, na Rádio Educadora e gestão de conteúdo no site da organização, nas redes sociais digitais, nas quais também desenvolve campanhas de relacionamento, além da participação na organização de eventos e de datas comemorativas cristãs como Corpus Christi e a abertura da Campanha da Fraternidade na igreja local. Paulo Victor afirma que a atuação do profissional de Relações Públicas dentro da Igreja Católica é relativamente nova. A instituição tem se ocupado, ao longo dos séculos e de diferentes maneiras, com o tema da comunicação. Hoje, pensa a prática da comunicação
Fotografia: Arquivo Pessoal de Paulo Victor Silva (local - Arquidiocese de São Luís)
a partir de três ações mencionadas
vela felicidade e otimismo quando
pelo Papa Francisco em sua mensagem “Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro” (2014): ouvir, acolher e dialogar. Essas ações não excluem o ambiente digital. Na Arquidiocese de São Luís, a questão da comunicação segue a linha apontada pelo Papa, e, na visão do relações-públicas, o principal problema de comunicação enfrentado hoje pela organização,
define seu ambiente de trabalho: “É um ambiente que me faz muito feliz! Essa proximidade com minha religião me faz muito bem!”. O RP enfatiza que as ações específicas de relações públicas contribuem com a missão da Igreja Católica em aproximar a evangelização e as dinâmicas pastorais da cultura contemporânea, com o desenvolvimento de campanhas de comunicação e con-
diante dos seus públicos, é conseguir que essa comunicação fomente
vergência de mídia.
o diálogo entre a Igreja e seus fiéis. Sendo pesquisador espontâneo em Cultura e Religião, Paulo Victor re-
Emille Santos Giovenilton Serra
Grupos de Relações Públicas divulgam a profissão no Twitter Informação e conteúdos exclusivos voltados para o profissional das Relações Públicas são cada vez mais visíveis no Twitter. No Brasil, o microblog tem conquistado a preferência dos grupos de RP que se dedicam a conquistar a atenção de outros relações-públicas e
@versatilrp (2009) fazem comentários sobre conceitos, práticas de RP e desafios emergentes. O @cierp preocupa-se em divulgar pesquisas e eventos científicos na área de Relações Públicas e Comunicação Institucional. O @portalrpbahia difunde novidades sobre eventos científicos e cursos de curta duração. E o @_rpbrasil aborda conteúdos
de potenciais clientes. Dentre os 10 twitters de grupos de RPs mais
variados sobre a área de Relações Públicas.
engajamento por seguir outros microblogs e ser seguido por eles, por retuitar (RT) os conteúdos e por postar links de outras redes sociais on-line e de outras mídias. Contudo, ao mesmo tempo que um microblog pode estreitar laços entre um grupo e demais
Existem ainda os microblogs: @cr-
pessoas, ele pode acabar também provocando um buzz negativo. O
pbr, com 1.456 seguidores, divulga conteúdos sobre comunicação corporativa; o @
usuário que acaba de ver um tweet de um grupo ou organização que
blogrpepp, com 1.104 seguidores, discute a relação entre RP e Publicidade; e o @rp-
segue, pode se irritar com o conteúdo da postagem. Ele tem velocida-
faz, um dos mais novos, com 320 seguidores, que divulga cursos e conteúdos para o
de para responder com uma crítica negativa e compartilhá-la, fazendo
mercado de trabalho. Este último, criado pelo relações-públicas e professor da área,
com que, em alguns casos, os produtores de conteúdo percam o con-
Samyr Paz, está contido em uma plataforma com outros canais como o YouTube e o Face-
trole da circulação da informação e a forma como ela está sendo vista.
O microblog institucional
book. “De alguma forma, as pessoas acabam comentando no Twitter. As marcas devem
Há sempre uma tensão entre quem publica e quem comenta e replica
da Seção de Comunicação da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte (@pmRN_5secao) destaca-se
achar uma maneira, uma forma de interagir com as pessoas nas mesmas práticas, e não querer inventar uma roda ou simplesmente
um comentário áspero. Mesmo em grupos despreocupados com um negócio.
pela quantidade de acessos. Interessante é que ele aparece na área
mandar mensagens fora de contexto”, afirma Samyr Paz.
seguidores), @fmundoRP (2.666 seguidores), @versatilrp (2.371 seguidores), @todomundorp (2.051 seguidores), @cierp (1.967 seguidores), @portalrpbahia (1.757 seguidores) e @_rpbrasil (1.504 seguidores).
de busca do Twitter como “Relações Públicas PM”, embora seja um canal institucional de difusão de informação à sociedade. Os microblogs @ RP_brasil e @todomundorp divulgam cursos de atualização, negócios e premiações, enquanto o @ rederp foca na difusão de vagas de estágio e editais de concurso. O @ rpmanaus (2011), o @fmundoRP, o
Fernanda Rego Hugo Guimarães Lindoso
Segundo uma pesquisa feita pelo Jornal O Estado de São Paulo, a empresa revelou que sua base de usuários ativos encerrou o mês de março com o número de 366 milhões. Com um potencial de interação rápida, qualquer microblog contido no Twitter informa em segundos, de maneira amigável, em tempo real, utilizando somente 280 caracteres. Além disso, pode provocar um bom
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(4.898 seguidores), @rederp (4.297 seguidores), @rpmanaus (3.427
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seguidos estão: @pmRN_5secao (7.239 seguidores), @RP_brasil
Relações-Públicas conciliam Maternidade e Vida Profissional A rotina da mulher que ocupa um espaço no mercado de trabalho passa a ser dividida com a preocupação com os filhos. Mulheres com filhos pequenos e que não têm com quem deixar as crianças tornam-se parte dos 54% dos 6,46 milhões de trabalhadores subocupados no Brasil que trabalham menos de 40 horas semanais, mas que gostariam de trabalhar mais e aumentar seus rendimentos. É o retrato de uma realidade apresentada pela PNAD Contínua (IBGE, 2017) sobre o quarto trimestre de 2017. Em São Luís, três profissionais de Relações Públicas que traba-
nal e maternidade, simultaneamente. “Tudo muda após o nascimento de um filho”, diz Andréa Mello, chefe do Cerimonial do Ministério Público do Estado do Maranhão, nomeada para o cargo em 2005. Formada em 2004, mãe de uma menina de 5 anos, Andréa diz que em seu ambiente de trabalho tanto os colaboradores quanto os chefes são compreensivos em relação ao papel da maternidade. Porém, o intenso trabalho que realiza ao organizar os eventos públicos exige que ela esteja presente no espaço de trabalho em horários não tão regulares, o que a afasta das atividades cotidianas exigidas pela maternidade. A relações-públicas de 40 anos conta com a ajuda do marido, tanto nas tarefas da casa quanto para cuidar da filha,
lham com carteira assinada mostram como conseguiram conciliar maternidade e vida profissional. Elas dão pistas da razão pela qual não fazem parte dessa estatística do IBGE.
inclusive quando ela viaja. “Como eu trabalho com eventos, eu não tenho muito tempo. Assim, às vezes, não tenho horários definidos durante o dia e pode ocorrer de acontecer eventos que não estão programados”, explica. A relações-públicas Giselle Colins, 44 anos, há 21 anos no mercado de trabalho e atual presidente da ABRP-MA, confidencia que sempre quis ter uma carreira profissional e ser mãe. Ela nunca viu impossibilidades em conciliar essas realidades, mesmo após o nascimento de suas três filhas, e diz que tudo é uma questão de saber lidar com as consequências de suas escolhas. Ela sugere planejamento semanal para facilitar a gestão do tempo, indica o uso da tecnologia a favor das profissionais-mães e afirma que a maturidade e a experiência adqui-
Rosemeri Barros, 29 anos, com dois filhos, formada há quatro anos, é cerimonialista do Governo do Estado do Maranhão por nomeação. Ela conta sobre o desafio de encarar a gravidez do seu primeiro filho logo no primeiro período do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA): “Eu tive apoio dos professores que me incentivaram a continuar, apesar
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das dificuldades. No início, enquanto eu estudava e enfrentava o período de amamentação, minha mãe ficava com meu filho. Ela foi meu alicerce. Na colação de grau, eu já estava com meu segundo filho”, revela Rosemeri. Hoje, depois de um fracasso em um processo seletivo de emprego por causa da maternidade, ela trabalha 8 horas por dia em São Luís ou viajando, para cumprir as ações de cerimonial ligadas à agenda do Governo do Estado. Em sua ausência, continua contando com sua mãe e, agora, com seu marido, para conciliar vida profissio-
ridas ao longo dos anos permitem que a vida
Fotografia: Áurea Costa
seja encarada com mais leveza e de maneira positiva. Sobre o ambiente de trabalho, ela afirma: “no meu trabalho, tenho uma equipe com mães que também conciliam essa dupla jornada, que se apoiam e que têm o meu apoio para fazê-lo com qualidade e equilíbrio”. As histórias são similares, e as profissionais que aparecem aqui dispõem da ajuda de seus maridos ou mães, pessoas de extrema confiança, para lidar com a rotina familiar. Condição comum que aparece em seus depoimentos sobre a relação mercado de trabalho-maternidade. Outra questão central é o amadurecimento produzido pela natureza da maternidade. “Se eu pudesse resumir essa relação maternidade-trabalho, diria que a maternidade nos prepara e ensina pra vida e ela contribuiu de maneira mais positiva do que negativa para a minha carreira. Essa força que a gente adquire sendo mãe é que eu consigo colocar no trabalho para desenvolver as atividades”, conclui Rosemeri Barros. Assim, mercado de trabalho e maternidade são conciliáveis. Brenna Freire Janaína Ferreira