Academia Mineira de Letras - Belo Horizonte. Guia de Bens Tombados IEPHA/MG

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INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS

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BELO HORIZONTE

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Academia Mineira de Letras

Fig. 1 – Academia Mineira de Letras localizada à rua da Bahia, nº 1.466, em Belo Horizonte/MG

O tombamento do prédio da Academia Mineira de Letras e respectivo terreno foi homologado pelo Decreto nº. 27.927, de 15-3-1988, recomendando sua inscrição no Livro nº. II do Tombo das Belas Artes.

O

edifício da atual Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, foi construído na década de 1920, provavelmente em 1923/1924, para ser o consultório e residência do médico carioca, radicado na capital mineira, Eduardo Borges da Costa. Beatriz Borges Martins, filha de Borges da Costa, relata em seu livro A vida é esta, que a construção inicialmente abrigou a clínica particular de seu pai. Naquele espaço, o médico atendia, realizava pequenas cirurgias e internava pacientes de menor risco. A pequena clínica abrigava uma recepção, consultórios, dois quartos para internação de pacientes além de um laboratório, uma biblioteca e um banheiro.

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Acervo APCBH/SMARU

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Acervo APMBH

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Fig 2 – Planta baixa do projeto original

Fig. 2 – Planta baixa do projeto original

Fig. 3 – Planta baixa após modificação em 1926, apresentando dois pavimentos

Ainda segundo Beatriz, a construção foi planejada para receber ampliação e abrigar a residência da família do Dr. Borges da Costa, uma vez que a estrutura do prédio foi projetada para suportar um segundo andar. As plantas arquitetônicas existentes no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte – APCBH ratificam tais informações, tanto do projeto original quanto da ampliação feita em 1926. As análises dos projetos apresentados à prefeitura mostram o significativo acréscimo sofrido pela edificação em sua planta baixa original e passando a ter dois pavimentos. (Fig. 2 e Fig. 3) No Projecto Para Remodelação e Aumento da Residencia do Exmo. Sr. Dr. Borges da Costa, apresentado em 1926, na prefeitura de Belo Horizonte, existe a assinatura do arquiteto Luis Signorelli. Embora não exista confirmação documental, os indícios apontam que o projeto original também ficou a cargo de Signorelli. Trabalharam na obra também importantes artistas como o escultor austríaco Mucchiutti, responsável por muitas obras na cidade, e os marmoristas irmãos Natalli. A execução dos trabalhos ficou a cargo do Sr. Antônio Mias. Beatriz Borges conta uma curiosa passagem do processo de fabricação dos estuques que seriam colocados nos tetos da residência. O serviço foi executado por dois portugueses e batizado de “operação estuque”, segundo Beatriz

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“ eles faziam as formas conforme os desenhos dos ornatos, enchiam-nas de gesso, esperavam dias para secarem e, depois, retiravam delas os ornatos, com todo o cuidado. Terminada essa parte, quebravam as formas, alegando que era para ninguém tirar cópias.” 1

Fig. 4 – Desenho das Fachadas principais originais e da Secção Transversal do edifício 1

MARTINS, Beatriz Borges. A vida é esta. Belo Horizonte: B.B. Martins, 2000. p.26

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Fig. 5 – Desenho da Fachada Transversal do edifício

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Fig. 6 – Desenho da Fachada Longitudinal do edifício

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Após a ampliação, o casarão passou a reunir 44 cômodos, incluindo os pertencentes à clínica do Dr. Borges da Costa. Desde o início, a residência tornou-se ponto de referência de políticos, médicos, poetas e outras pessoas de renome que formavam a elite intelectual e política da nova capital.

Fig. 7 – Desenho do Corte Transversal da edificação com 02 pavimentos

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Segundo a descrição existente sobre a Academia Mineira de Letras, no Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Minas Gerais – IPAC/MG2, a edificação destaca-se como “um dos melhores exemplares da arquitetura residencial dos primeiros anos da capital, está implantada com afastamento frontal, onde situa-se pequeno jardim, e lateral. Desenvolve-se em dois pavimentos. O partido é irregular e o acesso é frontal, proporcionado por pequena escada em T invertido, que se volta para a varanda. O guarda-corpo é em alvenaria cheia ornada. A fachada é sóbria, ao gosto eclético, possuindo volume central que avança ladeado por panos recuados. Nestes panos recuados, o efeito decorativo é conferido por vitral de verga em arco pleno que rasga a edificação do pavimento inferior ao superior. No volume central tem-se, no primeiro pavimento, varanda pentagonal acoplada ao volume lateral. Este volume apresenta uma janela central, ladeada por colunas duplas, de verga reta com bandeira fixa e folhas de abrir em esquadria de madeira com vidro e veneziana no caixilho inferior. A sobreverga é ornada e o parapeito é vazado em balaústre de cimento. A varanda possui o guarda-corpo também em balaustre e é sustentada por seis colunas de fuste estriado e capitel coríntio. No segundo pavimento tem-se dois vãos de verga reta com folhas de abrir em veneziana de madeira e terraço com guarda-corpo parte em alvenaria e parte em gradil de ferro trabalhado. Entre os pavimentos, no coroamento superior tem-se beiral e massa com modilhões e acabamento decorativo inferior. A platibanda é em alvenaria cheia, acompanhando o movimento dos panos.”

Fig. 8 – Detalhe da escada na fachada do imóvel

Acervo IEPHA/MG

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A residência acolheu inúmeros jantares e encontros durante vários anos. Em 1987 foi passada em comodato para a Academia Mineira de Letras e posteriormente restaurada. Em 1994 foi construído um anexo para receber eventos e reuniões. Atualmente o imóvel abriga as atividades da Academia e continua como um ponto de referência da arquitetura e memória da cidade.

Fig. 9 – Foto antiga da residência

Autoria: Luis Gustavo Molinari Mundim Colaboração: Hugo Mateus Gonçalves Rocha Março, 2012 INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS: MARTINS, Beatriz Borges. A vida é esta. Belo Horizonte: B.B. Martins, 2000. 288p

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Consultar Academia Mineira de Letras no endereço http://www.ipac.iepha.mg.gov.br/


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