cenas ao sul nº 1

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Django Tributo Música

As Angústias do Senhor Trinity Word Spoken

Ruas Primas Exposição de Fotografia

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N.º 1 JULHO 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

1 Ficha Técnica Título: Cenas ao Sul Editor: Associarte Data: Julho de 2014 Tiragem: 5000 exemplares Director: Pedro Miguel Comendinha Grilo, Presidente da Associ’arte. Redação: Gabinete de Comunicação de Cenas ao Sul Design Gráfico: Rui Belo, design+print Depósito Legal:

Diabo na Praça do Giraldo No próximo dia 26, a Praça do Giraldo será ocupada pelo Roque Popular dos Diabo na Cruz. A banda da braguesa com pedaleira tem músicas novas, como Vida de Estrada, e um álbum homónimo a sair até ao final do ano. “Estamos a entrar numa nova fase enquanto grupo, o entusiasmo é grande e pensamos que isso se vai sentir”, afirma Jorge Cruz. Pela primeira vez em Évora, anunciam-se como um dos pontos altos do Cenas ao Sul, materializando uma forte aposta na música intrinsecamente portuguesa, que conjuga, sem pudor, as raízes do canto tradicional e a tenacidade e irreverência do rock. Uma sonoridade alegre e descomprometida, envolvida em crítica mordaz e palavras bonitas para criar música de dançar e pular por mais. “Vamos dançar como sempre, com vontade de ver o povo dançar à nossa frente” promete o vocalista ao Cenas ao Sul.

Formados em 2009, contam com Jorge Cruz na voz e guitarra, Sérgio Pires na braguesa e voz (substituindo B Fachada), Bernardo Barata (ex-Feromona) no baixo, os irmãos João Pinheiro (Tv Rural), na bateria, e Manuel Pinheiro, na percussão, e João Gil (You Can’t Win, Charlie Brown) nos teclados, finalizando este ensemble bucólico da reinvenção musical. Em preparativos para publicar o próximo registo de longa duração, denominado Vida de Estrada, de que nos trarão alguns novos temas, não fica esquecida a discografia aclamada do colectivo lisboeta. Começando por Virou!, álbum introdutório da forma inovadora de abordar a harmonia tradicional, revelou uma maturidade para ver Portugal que há muito não se ouvia. Com influências tão díspares, desde Zeca Afonso aos The Smiths, os Diabos largaram uma pedra no charco da cena musical portuguesa.

O segundo trabalho é, muitas vezes, derradeiro, no que concerne ao futuro de uma banda, podendo confirmar ou demolir o previamente conseguido. Roque Popular alicerçou as expectativas. Quem gostava, gostou mais, quem não conhecia, passou a conhecer. De Bomba-Canção, a lembrar o longínquo A Cantiga É Uma Arma, de José Mário Branco, a Pioneiros, passando pela balada Fronteira, um lamento da geração que se vê obrigada a partir, o segundo trabalho destes jovens é uma sátira da Lusitânia, que tanto tem de refrescante quanto de nostálgica. Para Vida de Estrada espera-se mais. Só se pode esperar mais de quem, como afirma Jorge Cruz, tem como objectivo “fazer cruzar passado e futuro e, no presente, fazer parte do património cultural de Portugal”. Para sábado, é só esperar o melhor do Diabo que vem pregar aos eborenses. Mas não é pecado. w


Cenas ao Sul são um primeiro passo

Eduardo Luciano Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Évora

A dimensão dos desafios mede-se pela ambição de fazer, de fazer o melhor possível. A construção destas Cenas, que só ao Sul poderiam acontecer, deve-se à audácia da decisão política, à coragem de quem aceitou protagonizar a candidatura que permitiu o seu financiamento, ao apoio de quem vê a região como um todo, sabendo que Évora é o elemento impulsionador do todo, à disponibilidade de agentes e criadores para devolver ao espaço público o resultado do seu labor, quantas vezes menosprezado. Este projecto, viabilizado em nome da audácia, da coragem, do apoio e do trabalho, é o primeiro passo visível na construção de um projecto maior que se consubstanciará em “Évora Imaterial, Território de Encontros”. Certeza, apenas uma: continuaremos a trabalhar para concretizar o projecto de afirmar Évora como uma cidade de Cultura. w

Afirmar Évora como um território de encontros

António Ceia da Silva Presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo

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realização do “Cenas ao Sul”. Destaco a interligação entre as várias instituições que permitiram em conjunto juntar a Turismo do Alentejo, ERT, a Câmara Municipal e cerca de 25 Associações Culturais. À semelhança de todos os que ajudaram a criar este Evento, faço votos para que todos os turistas, visitantes ou curiosos fruam as Artes, o Espetáculo, a Cultura, o Património, Évora e o Alentejo. w

Évora foi a primeira cidade do Alentejo a conquistar um selo de qualidade e excelência. A atribuição, pela UNESCO, do título de Património Mundial da Humanidade tem sido ao longo dos anos uma importante alavanca de promoção e divulgação de uma cidade cujo centro histórico encerra um vasto e rico património histórico e cultural. Mas Évora, não é só Monumentalidade. Como complemento ao seu principal cartão de visita, apresenta aos turistas uma ampla e diversificada oferta de unidades de alojamento, atividades de animação turística e restaurantes de referência. Uma oferta qualificada que tem também contribuído para atrair novos investidores, que apostam na implementação de projetos inovadores ao nível do conceito e da associação à identidade e genuinidade da Região que os acolhe. Projetos diferenciadores que a juntar ao valiosíssimo património edificado, potenciam a necessidade e a vontade de criar novos palcos de atratividade. Como complemento e reforço da ampla oferta cultural que a cidade oferece ao longo do ano, surge agora um Evento que procura, acima de tudo, afirmar Évora como um território de encontros, de acolhimento e cruzamento de artes, culturas, teatralidades, espetacularidades e musicalidades. Assim, ao longo de três meses, o património edificado e toda a cidade vão ganhar vida, cor e som, através de mais de uma centena de manifestações artísticas que compõem o cartaz da iniciativa. Do cinema, à fotografia, passando pela música, teatro, dança e exposições, os criadores vão dar a conhecer múltiplas expressões artísticas, animando e enriquecendo a experiência turística de quem visitar a cidade durante a

Bem vindos a Évora, cidade de cultura

Pedro Grilo Presidente da Associarte

Évora é, foi e sempre será uma cidade de cultura! Esta é uma realidade à qual não podemos nem devemos fugir, a questão é que muitas vezes por uma razão ou outra, nem sempre esta realidade é encarada como uma oportunidade. O Cenas ao Sul, surge pela identificação desta oportunidade! Imaginem o seguinte cenário: uma das mais belas salas de espetáculos do mundo está disponível para receber artistas, sendo o requisito único a disponibilidade destes para trabalharem em conjunto, para se assumirem como uma indústria que cria e que produz, com o intuito de potenciar um património com séculos que se quer vivo, que se quer atraente e com força para atrair novos e diferentes públicos. Bem vindos à nossa realidade, a realidade da nossa cidade de Évora. Évora acolhe entre os seus, alguns dos mais brilhantes artistas e produtores de espetáculos, muitos com nome feito na praça, outros ainda a dar os primeiros passos. A realização de um projeto conjunto é algo há muito esperado e ansiado por todos. Eis que surge o Cenas ao Sul, iniciativa da Associ›arte, que desde 1994 se assume como uma das forças vivas da nossa região, e que quer dar vida à nossa cidade, ao nosso património, deixando boquiabertos todos os que se cruzarem com o Cenas ao Sul; seja num final de tarde de regresso a casa depois de um dia de trabalho, ou num serão entre amigos, durante umas relaxantes e merecidas férias. Marcada por séculos de história, com incontáveis influências de todos os que por cá passaram, Évora é uma cidade sem igual. Histórica, cultural e economicamente todos lhe reconhecemos o seu potencial. As suas ruas, cheias da calma que caracterizam as nossas gentes, são cenários saídos da mais criativa das mentes. Cenários vivos que esperam pacientemente pela sua vez de brilharem, de serem utilizados e reutilizados, para atraírem mais e mais gentes para esta indescritível maneira de viver e sentir tão própria do Alentejo e das suas gentes. Cabe-nos a nós eborenses, os nascidos, os adotados e os por afinidade, concretizarmos o potencial por que desespera a nossa história, e quem sabe se este não passará por estas chamadas indústrias criativas... Cenas ao Sul é um pequeno passo, um passo para a solução; venham connosco, venham encher as praças, as ruas, os becos, as vielas, venham viver, venham sentir emoções diferentes, em diferentes espetáculos, diferentes artistas, tudo e todos marcados pela experiência que é viver e amar a cidade que apelidamos muito carinhosamente de nossa. Bem vindos a Cenas ao Sul! w


o que há para ver Cinema de Verão

Payasos Dopados Nascidos há mais de uma década na Argentina, é deste lado do oceano que os Payasos Dopados têm contagiado diferentes públicos, numa fusão de estilos punk-rock, ska e reggae. Luis Carlos Gámez (bateria), Juan Miguel Jaramillo (baixo e coros), Pablo Vidal (guitarra e voz), Borja Duque Espino (guitarra e coros) e José António Jaramillo (percussão) estão longe de ser a formação original, num projeto que já contou com muitos músicos e que agora assenta por terras ibéricas. A noite de 25 de julho receberá ritmos eletrizantes e promete contagiar o Giraldo e arredores. w

Vozes do Imaginário

O clima alentejano combina com noites ao ar livre e as próximas quartas-feiras vão combinar com Cinema de Verão. É na Praça do Sertório, pelas 22h, que se pode marcar encontro com uma seleção de filmes dos organizadores do FIKE, Festival Internacional de Curtas-Metragens de Évora. No dia 30 de Julho, rodará o filme de ação “O Grande Mestre”, de Wong Kar Wai, que conta a história de Yip Man, um mestre chinês que vê a sua arte marcial tornar-se famosa, no conturbado período das invasões japonesas. O dia 6 de Agosto trará ao Sertório “Riddick – A Ascensão”, um filme de ficção científica do realizador David Twohy. Richard Riddick, condenado injustamente por crimes que não cometeu, é o fugitivo que todos procuram e que se esconde entre planetas e galáxias. w

Cinema no Museu Se às quartas-feiras o cinema é na Praça, as quintas-feiras reservam-nos um espaço de requinte e imponência. É nos Claustros do Museu de Évora, pelas 22 horas, que serão transmitidos um conjunto de documentários que em comum têm a língua portuguesa. João Paulo Macedo, programador da iniciativa, garante que o desafio é “o de correr o risco da escolha”. “De armas e bagagens”, de Ana Delgado Martins, coloca a questão no ar: “O que levaria consigo se tivesse que fugir de casa sem saber se regressaria?”. A noite de 31 de julho será um bom espaço de reflexão acerca da realidade dos 300 mil Portugueses que abandonaram Angola, nos anos que se seguiram à Revolução de Abril. “Quatro”, de João Botelho, chega ao Museu no dia 7 de agosto. Consigo chega a história de quatro homens, Francisco e Pedro Tropa, Jorge e João Queiroz. Um passeio pelo mundo da arte, dos artistas, do ato criativo, onde os protagonistas se tornam intocáveis. w

As Angústias do Senhor Trinity Num cenário privilegiado, a música e o teatro encontram-se para uma viagem pelo imaginário rock de um miúdo. Uma colecção de cassettes esquecida dentro de uma caixa de sapatos marca o início de uma relação com as memórias, com as experiências, com a sua vida insegura. Numa produção ExQuorum, o Templo Romano receberá o Sr. Trinity no dia 3 de agosto, pelas 22 horas. w

Django Tributo A propósito do centenário do nascimento de Django Reinhardt, em 2010, Évora vê nascer mais uma manifestação cultural, sob a forma de Quinteto de Hot Jazz. Pela

voz de Susana Bilou e pelas mãos e sopro de André Penas (violino e viola de arco), Zé Peps (guitarra acústica), Gil Salgueiro Nave (sax soprano) e Joaquim Nave (contrabaixo), a formação trará à Praça do Giraldo a improvisação e o swing tão característicos da sonoridade jazz. É caso para marcar na agenda: sábado, dia 2 de agosto, 22 horas. w

A música tradicional portuguesa é o ponto de encontro do coro feminino da Associação Cultural Do Imaginário. Com sonoridades de norte a sul do país, estas vozes desafiam o antigamente, trazendo-o até aos dias de hoje. Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça são inspirações incontornáveis desta formação, nascida em 2005. Contrabaixos, percussões ou sopros acompanham esta viagem de sons inesperados. No próximo dia 27 de julho pelas 22 horas, a Praça do Giraldo vai encher-se de vozes no feminino e de muitas outras que se queiram juntar. w

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entrevista As artes das lentes têm destaque no programa Cenas ao Sul. O ciclo da luz é o primeiro dos quatro eixos em torno dos quais se organizam as diferentes propostas. A fotografia afirma-se como uma das linguagens artísticas a merecer crescente atenção e reconhecimento no panorama das artes em Évora. É neste contexto que um grupo de sete fotógrafos da cidade inaugura “Ruas Primas”, uma exposição sobre Évora com a curadoria de José Manuel Rodrigues. António Carrapato, Luís Cutileiro, Manuel Ribeiro, Paulo Nuno Silva, Pedro Lobo, Rui Diogo Castela e Telmo Rocha encontram-se com olhares seus, convergindo entre 1 de Agosto e 13 de setembro na Casa de Burgos, sede da Direção Regional de Cultura do Alentejo.

À procura da cidade em Ruas Primas Cenas ao Sul (CS) – Como é que surge este encontro de fotógrafos? José Manuel Rodrigues (JMR) – Acontece porque Évora tem o dom de produzir um grande número de artistas. Além disso, Évora é produtora de maravilhosos conteúdos. Há aqui muita gente a procurar, a descobrir, a registar. Para além destes nomes há outros possíveis que, mais à frente, se lhes poderão juntar. Coordenar e orientar estes fotógrafos é um desafio, um investimento no futuro. CS – Qual é a ideia central que convoca aqui estes fotógrafos? JMR – O que se pretende é compreender o que é uma cidade e como fotografá-la. Estes fotógrafos dividiram Évora em fatias ou gomos e cada um tomou conta de uma dessas partes. Irá explorá-la até que queira passar esse gomo a outro fotógrafo. Pretende-se chegar a um olhar profundo e detalhado, ao resultado de um confronto pessoal com a cidade.

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CS – Como poderemos seguir os resultados desse confronto? JMR – Estamos a tentar aproximações diferentes à cidade de Évora num pré-estudo para uma exposição que poderá acontecer daqui a uns dois anos. Trata-se de um laboratório sobre “como fotografar uma cidade”. O primeiro resultado são as “Ruas Primas” para ver desde 1 de Agosto até 13 de Setembro. Ainda durante a última semana da exposição está prevista uma conferência com a participação destes fotógrafos e aberta a outras pessoas. Aqui queremos refletir sobre o que é uma cidade e particularmente sobre o que é Évora.

Curadoria de José Manuel Rodrigues Nasceu em Lisboa, no ano de 1951. O seu percurso é fortemente marcado pela passagem por França e pela Holanda, onde viveu e desenvolveu o seu trabalho. Galardoado com o Prémio Pessoa, em 1999, o seu trabalho foi distinguido pelo conjunto da sua obra artística e pela sua contribuição às artes em Portugal. Leccionou fotografia em várias instituições nacionais e estrangeiras, sendo actualmente professor na Universidade de Évora.

Os 7 fotógrafos das Ruas Primas

CS – Há cada vez mais fotógrafos profissionais ou amadores que tentam capturar, construir, revelar imagens de Évora. O que é que esta cidade guarda de tão sedutor para as lentes dos fotógrafos? JMR – Há muitas cidades que precisam de itens de referência, ou de elementos emblemáticos que as definem. Podem ser novas ou antigas obras arquitónicas, por exemplo. Évora não precisa disso. Tem uma geometria própria por ser e estar; é uma cidade de poesia. Évora cresceu com o tempo, com os tempos, com as pessoas, lentamente. É esse o maior monumento de Évora. w

António Carrapato

Luís Cutileiro

Manuel Ribeiro

Alentejano de gema, nasce em Reguengos de Monsaraz no ano de 1966. O seu percurso entre formas e luzes tem início em tenra idade, no fotojornalismo. É, contudo, a fotografia na sua prática mais pura, o destino incontornável do seu presente.

É natural de Évora mas os seus voos não se ficam por terras alentejanas. Trabalha para o canal televisivo Al Jazeera.

Nasceu em Évora, no ano de 1963. Desde os 20 anos que a fotografia faz parte do seu percurso. Especializado em fotografia de arquitetura e património, é com a divulgação e preservação do património cultural português que se sente em casa.

Paulo Nuno Silva

Pedro Lobo

Rui Diogo Castela

Telmo Rocha

Nasceu em Évora, no ano de 1958. Desenvolve trabalho em diversa áreas da imagem. Da arquitetura ao fotojornalismo, do retrato à fotografia de teatro. Autodidata nesta arte, deixa-se encantar pelos pormenores das coisas do mundo.

Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1954. Residente entre terras de Vera Cruz e a pacata Évora, é no mundo que encontra o seu lugar. Com exposições realizadas em quase todos os continentes, utiliza a fotografia de arquitetura como veículo para retratar a condição humana.

Nasceu em Angola, no ano da revolução de 74. De volta a terras lusas, um ano depois, a família deambulou pelo centro e norte do país. Évora foi, por fim, a cidade onde se sediaram. A fotografia é para ele uma via de exploração dos mundos interiores e exteriores.

Nasceu em Angola, no ano de 1974. No ano seguinte, de regresso a Portugal, a sua família escolheu Évora para se fixar. A busca de outros mundos fez-se por caminhos diversos; só em 2011 a fotografia lhe surgiu como paixão.

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o que já aconteceu Começaram as Cenas Contam as histórias do teatro que dez minutos antes de começar o espetáculo há um primeiro sinal. Cinco minutos depois um segundo. À terceira chamada apagam-se as luzes, revela-se o cenário. No silêncio que chega abre-se caminho ao sonho, à reflexão, à alegria e a tudo o que se torna possível no encontro entre os criadores e os deuses-públicos, ou sejam aqueles a quem se dedica a criação e que lhe dão sentido quando a recebem e transformam. A metáfora dos três sinais, campainhas, ou pancadas de Molière cumpriu-se no primeiro dia de CENAS AO SUL. Primeiro, o Presidente do Município, uma Associação Cultural de Évora em representação de quase três dezenas de outras, e o Presidente do Turismo do Alentejo, assinaram em ato público o acordo de viabilização do Programa CENAS AO SUL. Aconteceu a meio da tarde do dia 11 no Salão Nobre da Câmara. Ao início da noite desse primeiro dia foi dado o segundo sinal, na Praça do Sertório, com a projeção de uma sequência de imagens da autoria da Infímo Frame que anunciavam o caracter destas CENAS. O Vereador da Cultura da Câmara de Évora, Eduardo Luciano, declarou então aberto o programa. Logo de seguida, a propósito de um objeto escultórico da autoria do artista Ricardo Calero, instalado na mesma Praça, passaram por uma mesa redonda diferentes opiniões sobre a arte no espaço público. A iniciativa teve a assinatura da Trienal do Alentejo. Foi o terceiro sinal que anunciou o início de CENAS AO SUL. Sejam sinais, pancadas de Molière, ou mesmo as campainhas mais recentes, a intenção é sempre a mesma: avisar todos – públicos, artistas, até mesmo uma cidade inteira aberta ao mundo – que o encontro começou. Neste caso são Encontros com luz, sons, formas e afetos, em Évora, num Verão para viver “fora da caixa”. w

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Vou ou não vou esta noite ao Teatro? O teatro em Évora aconteceu, está a acontecer e vai continuar. Porque habita cá. Em tempo de Cenas ao Sul a pergunta se “vou ou não vou esta noite ao teatro” espalhou-se por sete freguesias rurais de Évora e por fim vai fazer-se ouvir no Pateo do Salema na noite de 30 de Julho. Karl Valentin assina um texto onde joga com as palavras com um humor verdadeiramente desconcertante. José Russo encena e representa a peça ajustando-a ao espaço de cada lugar do concelho por onde está a passar. Segundo revelou ao jornal CENAS ao SUL, José Russo sente nesta ronda pelo concelho “como que um espírito de partilha entre as pessoas que vão ao Teatro sabendo que o Teatro vai até elas, e que na noite seguinte chegará aos vizinhos da outra freguesia.” Acrescenta ainda que “é uma responsabilidade que se está a assumir para com estes públicos e à qual é preciso dar continuidade”. Só indo ao encontro dos públicos é que os artistas podem esperar que os públicos os procurem, sublinha José Russo, diretor do CENDREV. w


Música nos Claustros O programa CENAS AO SUL integrou a décima quinta edição do Música nos Claustros, uma iniciativa do Eborae Música, que decorre nos claustros do Convento dos Remédios. Num programa composto por quatro concertos, procurou-se a valorização do espaço e a comunhão do património imaterial, a música, com o património material, trazendo os eborenses para ouvir música erudita. Com um repertório que vai da ópera à música antiga, muitos são os que, ano após ano, marcam presença, bem como os turistas que aparecem por curiosidade. Integrado na programação do Cenas ao Sul, Helena Zuber, directora do Eborae Música, justifica esta adesão com a necessidade de diversificação dos públicos e de envolvimento dos vários agentes culturais, que divulgam diferentes linguagens artísticas, possibilitando partilhas entre áreas da cultura. w

Semana dos Palhaços “Abandonar a prisão do teatro formal e sair para a rua à procura de um público mais vasto e menos preconceituoso” foi o mote da Semana dos Palhaços que este ano coloriu com a sua IV edição, ruas e praças de Évora. A formação de atores em técnicas Clown por um lado, e os espetáculos de rua por outro, foram as duas dimensões estruturantes da iniciativa que decorreu em Évora entre 14 e 20 de Julho. A ambição deste ano foi “inscrever a Semana dos Palhaços na rota de festivais de palhaços na Europa” afirmou Alexandra Espiridião, diretora de Pim Teatro, a entidade organizadora. A participação de Jeff Johnson, um dos mais reconhecidos repre-

sentantes do movimento Clown contemporâneo, terá sido um contributo relevante para atingir o referido objetivo. “Há uma intenção de dinamização cultural junto da comunidade” garante Alexandra Espiridião sublinhando a função de educadores sociais que os palhaços desempenham. “O que eles fazem é destravar comportamentos, arrancar travões sociais”. A Semana dos Palhaços integrou o programa CENAS AO SUL, permitindo-lhe assim receber um apoio financeiro superior a uma dezena de milhar de euros, a que se juntaram vários outros apoios logísticos significativos. w

Andreia Barreiros 29 anos / Évora Desempregada

Melinda Conde 22 anos / Évora Desempregada

Acho que é uma coisa maravilhosa, até mesmo para o comércio, porque traz sempre pessoas, junta muitas pessoas. Por isso é que acho que deveria haver mais iniciaitivas destas.

Gostei do filme [Cinema no Museu] porque é de uma época que eu não vivi, só ouvi falar dela. Acho uma iniciativa boa para os jovens, para todas as faixas etárias, para Évora.

Baltazar Fialho 60 anos / Évora Maquinista dos caminhos de ferro

Nuno Miranda 30 anos Engenheiro Informático

É engraçado. É uma forma de entretenimento agradável nestes serões de verão. Traz outro ambiente, dá vida à cidade. Este foi o meu primeiro espectáculo, amanhã voltarei porque é muito agradável.

É bastante positivo, devia haver mais vezes. Dá dinâmica à cidade o que, nas noites de verão, é sempre uma mais valia. Vi os palhaços no ano passado e ontem voltei a estar aqui. Conheço o Cenas ao Sul, vi que tem muitas coisas, que é um programa rico.

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25 julho sexta feira São 105 convites com luz, sons, formas e afetos. Ou seja, são encontros com fotografia, cinema, música, teatro, dança, performance, artes na rua, mediados pela proximidade sugerida pelas ruas, praças, pelo património, de Évora. É uma cidade que se descobre e redescobre nas múltiplas linguagens e expressões dos criadores e produtores culturais que a habitam. Entre 11 de julho e 13 de Setembro, em Évora, há Cenas ao Sul. Para ver, ouvir, conhecer e sentir.

Cenas ao Sul é um programa de animação do património cultural proposto pela Associarte em conjunto com 25 associações culturais de Évora, financiado pelo INALENTEJO e pela ERT Alentejo, numa articulação promovida pelo Município de Évora. Esta programação construída e participada por diferentes agentes locais e regionais pretende tornar mais reconhecida e vivenciada a relação íntima e criadora entre o património construído e classificado no Centro Histórico de Évora e o valioso património manifesto nas múltiplas expressões artísticas geradas no mesmo território. PROMOTORES

PROMOTORES

Vou ou não vou esta noite ao Teatro? CENDREV

Vozes do Imaginário

31 julho quinta feira

6 agosto quarta feira

10 agosto domingo

Música

Cinema no Museu

Cinema de Verão

Orquestra Humana

Do Imaginário

FIKE / Cineclube da Universidade

FIKE / Cineclube da Universidade

Osvaldo Maggi – Música

Praça do Giraldo 22h00

de Évora / SOIR JAA / Museu de Évora

de Évora / SOIR JAA

Rua Elias Garcia 11h00

Museu de Évora Claustro 22h00

Praça do Sertório 22h00

Largo da Sé 19h00

1 agosto sexta feira

7 agosto quinta feira

13 agosto quarta feira

Ruas Primas

Cinema no Museu

Cinema de Verão

FIKE / Cineclube da Universidade

FIKE / Cineclube da Universidade

Largo da Junta de Freguesia

Exposição coletiva de Fotografia

de Évora / SOIR JAA / Museu de

de Évora / SOIR JAA

22h00

Casa da Fotografia

Évora

Praça do Sertório 22h00

Rua do Fragoso nº8 18h00

Museu de Évora Claustro 22h00

2 agosto sábado

8 agosto sexta feira

Django Tributo

On dixie

Música

Jean Marc – Música

de Évora / SOIR JAA / Museu de

CENDREV

Do Imaginário

Praça do Giraldo 22h00

Évora

Graça do Divor

Praça do Giraldo 22h00

Payasos Dopados

Vou ou não vou esta noite ao Teatro?

Música

CENDREV

Praça Giraldo 22h00

Nª Senhora de Machede

Valverde Jardim Público 22h00

26 julho sábado

Aprender a fazer velas artesanais 100 Pavor – inscrição prévia Praça do Sertório junto ao nº 25 14h30 às 18h00

Diabo na Cruz Música

29 julho terça feira

Vou ou não vou esta noite ao Teatro?

3 agosto domingo 30 julho quarta feira

CENDREV

Vou ou não vou esta noite ao Teatro?

São Manços Jardim Público

CENDREV

22h00

Évora Pátio do Salema 22h00

27 julho domingo

Cinema de Verão

Aqui há Baile Dança

Cinema no Museu FIKE / Cineclube da Universidade

Museu de Évora Claustro 22h00

9 agosto sábado

Largo 25 de Abril 22h00

Praça do Giraldo 22h00

Vou ou não vou esta noite ao Teatro?

14 agosto quinta feira

15 agosto sexta feira

Circulando na Praça

Contos de Não dizer

Círculos de Transformação

Teatro

Manuel Guerra – Música

Jardim Público Jardim Infantil

ExQuorum

Praça do Giraldo 22h00

10h00

Jardim Público Jardim Infantil

As Angústias do Senhor Trinity

Dá-te asas

11h00

16 agosto sábado

Rua Amarela

Funkytroika

Teatro

Luis Pucarinho – Música

Conrado Floridia – Música

FIKE / Cineclube da Universidade

ExQuorum

Praça do Giraldo 22h00

Praça do Giraldo 22h00

de Évora / SOIR JAA

Templo Romano 22h00

Praça do Sertório 22h00

Praça do Sertório 19h00 CO-FINANCIAMENTO

APOIOS

CO-FINANCIAMENTO

APOIOS


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