Revista Confidencial Imobiliário - JANEIRO 2021

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RESEARCH

CONSULTORAS

Janeiro 2021

A RECUPERAÇÃO DO MERCADO DE ESCRITÓRIOS POR VIA DA VACINAÇÃO Dep. de Research da Worx – Real Estate Consultants

um efeito cascata sobre os vários setores do mercado imobiliário. O mercado de arrendamento de escritórios será beneficiado sobretudo pelos estímulos gerados nas empresas e nos consumidores, no entanto, estima-se que os níveis de confiança só serão reestabelecidos no final deste ano, seguido de uma retoma gradual do sector. Desde o início do ano passado que a pandemia atenuou a procura no mercado de escritórios, provocando um atraso geral e dificultando a tomada de decisões. Este atraso deveu-se essencialmente à incerteza quanto à questão da duração da pandemia e à reavaliação da necessidade de espaço por parte das empresas. Apesar de tudo, de salientar que o valor criado no mercado imobiliário nacional tem se mantido forte e competitivo face a outras praças europeias. Nos primeiros quatro meses do ano passado, o take up no mercado de escritórios de Lisboa seguia a um bom ritmo, superando o volume homólogo acumulado do ano transato por cerca de +39p.p. No entanto, a partir de abril, a pandemia deu início a uma quebra na procura que se traduziu numa variação anual de, aproximadamente, -29p.p. (marcando cerca de 137.892 m²) face ao ano de 2019, onde foi absorvido um montante de 193.892 m². Este decréscimo na área colocada remete-nos para os níveis de 2016, onde se registou um acumulado de 140.946 m², e em linha com a média dos últimos 10 anos, como se pode observar pelo gráfico da Figura 1. Seguido deste decréscimo, é expectável que os primeiros meses deste ano voltem a registar uma nova quebra no total de área absorvida face ao ano transato, tendo em conta que os dois primeiros meses de 2020 foram imu-

FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DO VOLUME DE ABSORÇÃO (TAKE UP) DOS ÚLTIMOS 10 ANOS E A PREVISÃO DA WORX PARA OS PRÓXIMOS 3 ANOS DE PROJEÇÃO 300 000 250 000 200 000 ABL (m²)

A distribuição da vacinação continuará a ser vista como o fator chave para a recuperação da atividade económica, prevendo-se

150 000

Média (2010-20)

100 000 50 000 0

2010

2011

2012

2013

2014

Take-up (série histórica)

2015

2016

2017

Take-up (previsto)

2018

2019

2020

2021 (p)

2022 (p)

2023 (p)

Média (2010-20) FONTE WORX/LPI

nes à pandemia. Apesar disso, de acordo com as previsões efetuadas pela Worx, prevê-se que o volume de absorção anual em 2021 seja muito semelhante a 2020. Em 2022 estima-se que haverá uma subida acentuada no take up e prevendo estabilizar-se no ano seguinte. Estas projeções para os próximos três anos assetam-se sobretudo na tendência da procura de espaços novos ao invés de usados, mas as previsões estarão certamente dependentes das várias condicionantes externas, nomeadamente o tempo de mitigação do vírus. Apesar do choque no mercado, verificou-se um aumento da procura por parte de empresas na área das Farmacêuticas e Saúde, com uma variação homóloga de +137p.p. em relação à área colocada; dos Serviços Financeiros (+21p.p.); e das TMT’s & utilities (+2p.p.), sendo que este último também desempenhou o maior contributo (com cerca de 29%) para o take up anual. Relativamente às zonas que compõem o mercado de escritórios de Lisboa, a Zona 6 (Corredor Oeste) destaca-se com o maior volume de take up, somando cerca de 46.600 m² e refletindo mais uma vez o interesse

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das empresas nesta zona. De salientar também que o Corredor Oeste recebeu quatro grandes colocações, sendo que três destas se trataram de transações de venda. Entre estas operações de venda encontram-se empresas com atividades na área farmacêutica (a ocupar 6.600 m²), de produtos de consumo (tratando-se da nova sede da Auchan com cerca de 6.000 m²) e duas empresas no setor de IT: a Infosistema (com 5.279 m²) e outra de caráter confidencial (com 5.147 m²). Esta última empresa também foi responsável por outras quatro colocações, onde absorveu cerca de 15.121 m² de área bruta locável. As Zonas 1 (Prime CBD) e 5 (Parque das Nações) também se mostraram bastante ativas durante o último ano, sendo que ambas apresentaram um peso no volume absorvido muito semelhante entre si, com expressões na ordem dos 18% e 19%, respetivamente. A Zona 1 foi alvo da maior colocação do ano, situada no edifício Monumental (recentemente reabilitado), sendo que o novo inquilino – o Banco BPI – passará a ocupar cerca de 16.441 m² deste novo espaço. Com a exceção para duas operações nesta


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