03 política segundo a bíblia_Luiz Lacerda

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PALESTRA 03 LUIZ LACERDA | http://luizlacerda.com


UMA IMPORTANTE INDICAÇÃO Wayne Grudem é graduado pela Universidade de Harvard, mestre em Divindade pelo Seminário Teológico Westminster e doutor em Novo Testamento pela Universidade de Cambridge. Foi professor de teologia bíblica e sistemática na Trinity Evangelical Divinity School e atualmente leciona no Phoenix Seminary. É autor de diversos livros e artigos, vários deles disponíveis em língua portuguesa. Esta obra é uma edição parcial da que o autor publicou em inglês, pois muitos capítulos da obra original tratavam de questões específicas do contexto norte-americano. Sendo assim, fizemos uma seleção dos capítulos fundamentais para que os cristãos de língua portuguesa possam ter uma visão política segundo a Bíblia.


NAS PALESTRAS PASSADAS: CINCO VISÕES EQUIVOCADAS A RESPEITO DE CRISTIANISMO E GOVERNO: 1. O governo deve impor a religião; 2. O governo deve excluir a religião; 3. Todos os governos são perversos e demoníacos; 4. A igreja deve se dedicar ao evangelho, e não à política; 5. A igreja deve se dedicar à política, e não ao evangelismo.


UMA OUTRA PROPOSTA ESTA PROPOSTA: • Não implica imposição religiosa (primeira visão); • Não corresponde a silêncio, ou omissão (segunda visão); • Não significa retirar-se do processo (terceira e quarta visões); • Não imagina que o governo pode salvar as pessoas (quinta visão). É diferente de cada uma dessas propostas equivocadas.


UMA SOLUÇÃO MELHOR: INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA SOBRE O GOVERNO


ÍNDICE 1. Definição de termos a. O que não é “influência expressiva” b. O que é “influência expressiva”

2. A Bíblia e a influência cristã expressiva a. Exemplos do Antigo Testamento b. Exemplos do Novo Testamento c. Exemplos históricos de influência cristã sobre governos seculares

3. Implicações práticas da “Influência expressiva” a. Eleitores cristãos devem votar somente em candidatos cristãos? b. O processo eleitoral e as igrejas c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos


1. DEFINIÇÃO DE TERMOS a. O que não é “Influência expressiva” • Não é sinônimo de influência irada; • Não é influência beligerante; • Não é intolerância religiosa; • Não é influência desatinada, cheia de ódio.


1. DEFINIÇÃO DE TERMOS b. O que é “Influência expressiva” • É, sim, uma influência cativante, gentil, solícita, amável, persuasiva, própria para cada circunstância; • É, sim, uma influência que sempre protege o direito do outro discordar; • Ao mesmo tempo, é firme no que se refere à veracidade e à excelência moral dos ensinamentos da Palavra de Deus.


1. DEFINIÇÃO DE TERMOS b. O que é “Influência expressiva” • Seria algo, mais ou menos assim:


1. DEFINIÇÃO DE TERMOS b. O que é “Influência expressiva”

“De acordo com o conceito de ‘influência expressiva’, os cristãos devem procurar influenciar o governo civil conforme os padrões morais de Deus e conforme os propósitos de Deus para o governo, revelados na Bíblia (devidamente interpretada).” GRUDEM, Wayne.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA a. Exemplos do Antigo Testamento O profeta Daniel, sendo judeu, influenciou o governo da Babilônia. Ele disse a Nabucodonosor: “Portanto, aceita o meu conselho, ó rei: Abandona teus pecados, praticando a justiça, e renuncia às tuas maldades, usando de misericórdia com os pobres, se quiseres prolongar a tua tranquilidade.” (Dn 4.27 sec. XXI) É o oposto da abordagem multicultural de hoje, que talvez dissesse: “Ó rei, sou profeta judeu, mas não ousaria impor meus padrões morais judaicos em seu reino babilônico. Consulte seus astrônomos e adivinhos! Eles o guiarão em suas próprias tradições. Siga seu coração! Não cabe a mim lhe falar o que é certo e errado.”


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA a. Exemplos do Antigo Testamento Nesta época Daniel era: • Governador de toda província da Babilônia (Dn 2.48) • Estava com frequência na corte real (v. 49) Ao que parece, ele tinha um papel de conselheiro do rei Nabucodonosor. Então, é razoável concluir que esta declaração resumida de Dn 4.27 tenha sido seguida de uma conversa mais demorada, onde ele foi mais específico o que isto significava aos olhos de Deus.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA a. Exemplos do Antigo Testamento O conselho de Jeremias aos exilados judeus na Babilônia também corrobora a ideia de que pessoas fieis a Deus podem influenciar leis e governos: “Empenhai-vos pela prosperidade da cidade, para onde vos exilei, e orai ao SENHOR em favor dela; porque a prosperidade dela será a vossa prosperidade.”(Jr 29.7, sec. XXI) Para que pessoas fiéis a Deus promovam o bem de uma sociedade pagã é necessário que também tragam melhorias a seu governo (como Daniel fez). A verdadeira “prosperidade” de uma cidade é promovida por leis e políticas governamentais coerentes com os ensinamentos de Deus na Bíblia, não por leis e políticas contrárias ao ensino bíblico.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA a. Exemplos do Antigo Testamento Outras pessoas fiéis a Deus ocuparam cargos de influência no governo de nações não judaicas: • José estava abaixo somente do Faraó e exercia influência sobre suas decisões (cf. Gn 41.37-45; 42.6; 45.8,9,26); • Moisés, posteriormente, compareceu diante do Faraó e, com toda ousadia, exigiu: “Assim diz o SENHOR: Deixa o meu povo ir, para que me cultue.” (Ex 8.1b, sec. XXI); • Neemias era copeiro do rei da Pérsia, Artaxerxes (Ne 1.11); • Mordecai era o “segundo na hierarquia, depois do rei Xerxes” (Et 10.3; cf. também 9.4); • A rainha Ester exerceu influência considerável sobre as decisões do rei Xerxes (cf. Et 5.1-8; 7.1-6; 8.3-13; 9.12-15, 29-32).


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA a. Exemplos do Antigo Testamento Além disso, muitas passagens nos textos dos profetas do AT tratam dos pecados de nações estrangeiras ao redor de Israel: • Isaías (cap. 13-23); • Jeremias (cap. 46-51); • Ezequiel (cap. 25-32); • Amós (cap. 1-2); • Obadias (dirigindo a Edom); • Jonas (enviado a Nínive); • Naum (dirigido a Nínive); • Habacuque (cap. 2) • Sofonias (cap. 2). As pessoas fiéis a Deus tem a responsabilidade de dar testemunho dos padrões morais da Bíblia com base nos quais todos terão que prestar contas, inclusive quem ocupa cargos públicos.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA b. Exemplos do Novo Testamento João Batista é um exemplo neotestamentário de influência sobre o governo. João Batista repreendeu Herodes Antipas, “tetrarca” nomeado pelo imperador romano: “Assim, pois, com muitas outras exortações anunciava o evangelho ao povo; mas Herodes, o tetrarca, sendo repreendido por ele, por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que o mesmo Herodes havia feito, acrescentou ainda sobre todas a de lançar João no cárcere.” (Lc 3.18-20) Sem dúvida, “todas as maldades” incluíam muitos atos perversos como governante do império romano. João Batista repreendeu todos eles, embora isso tenha lhe custado a vida (cf. Mc 6.21-29)


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA b. Exemplos do Novo Testamento Outro exemplo é Paulo. Quando estava na prisão em Cesareia, foi julgado perante Felix, governador romano: “Alguns dias depois, Félix chegou com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar Paulo e ouviu-o acerca da fé em Cristo Jesus. E, discorrendo ele sobre a justiça, sobre o domínio próprio e sobre o juízo vindouro, Félix ficou com medo e respondeu: Basta por enquanto, retira-te! Eu te chamarei quando houver oportunidade.” (At 24.24,25) Embora Lucas não nos dê mais detalhes, podemos concluir que o fato de Félix ter ficado “com medo”, indica que Paulo disse que ele, governador romano, também deveria prestar contas a Deus, no “juízo vindouro”.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA c. Exemplos históricos de influência cristã sobre governos seculares Cristãos exerceram muita influência positiva sobre os governos ao longo da história, por causa de seus pressupostos Bíblicos. Segundo o How Cristianity changed the world, Alvin Schmidt, os cristãos influenciaram diretamente e majoritariamente em debates e na implantação de leis contra infanticídio, torturas, escravidão, sacrifícios humanos, racismo, pelos direitos humanos, liberdade, igualdade perante a lei, etc.


2. A BÍBLIA E A INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA c. Exemplos históricos de influência cristã sobre governos seculares Logo, se nós, cristãos, procuramos exercer influência cristã expressiva sobre o governo divil e sore os líderes governamentais, temos vários bons exemplos na narrativa bíblica e fora dela. Homens e mulheres que, debaixo e segundo a autoridade bíblica, aconselhavam e agiam segundo a vontade de Deus. Exercer influência positiva sobre governos com base na sabedoria da Palavra de Deus é um tema presente em toda a Bíblia.


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” a. Eleitores cristãos devem votar somente em candidatos cristãos? Não necessariamente. Há candidatos que, embora se digam cristãos, não estão de acordo com os ensinos coerentes das Escrituras. Há candidatos que, embora se digam cristãos, também não tem os melhores e mais viáveis projetos. Há candidatos que, embora se digam cristãos, não tem competência para o cargo. Precisamos ser coerentes com as Escrituras e criteriosos na escolha.


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” b. O processo eleitoral e as igrejas No Brasil, de acordo com o Art. 13 lei Eleitoral - Lei 9504/97 (resolução 22718/2008), do TSE, a propaganda eleitoral é proibida nos templos religiosos e prédios anexos, seja ela feita através de meio impresso ou verbal. A desobediência a essa determinação pode resultar em multa.


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos 1. Obrigação de se informar e votar. • • • •

Usar ferrametas digitais de acompanhamento da política; Ler bons jornais, de opiniões diferente; Ler bons livros sobre o assunto; Conhecer os candidatos.

2. Obrigação de orar

• Ninguém pode fazer isso pela nação, a não ser os cristãos.

3. Obrigação de defender os valores bíblicos em espaços públicos

• Há várias questões morais que o governo legisla (guerra, casamento, aborto, pornografia, pobreza, proteção do meio ambiente, pena de morte, ensino, padrões morais, etc.); • Quando o cristão se cala, a palavra de Deus deixa de acessar os espaços de debate. Consequentemente, a moralidade da nação entra em crise.


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos

4. Obrigação de se defender das ideologias “Uma primeira forma de proteção contra a invasão ideológica é o pensamento autônomo (pensamento por conta própria). Qualquer ideia vinda de fora, qualquer produto “pronto para usar”, qualquer “moda” lançada ciclicamente na cena pública tem de ser pesada com uma suspeição saudável. As ideologias, são, de regra, pensamento massificado. O sujeito deixa de ser o proprietário de seus próprios pensamentos.”


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos

4. Obrigação de se defender das ideologias “Um segundo exercício de proteção é o esforço de pensar as coisas até o fim., para além da evidência de primeira instância, sem atalhos e correrias lógicas ou sentimentais. As ideologias são pensamentos burocratizados, assim como fastfood é alimentação burocratizada.”


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos

4. Obrigação de se defender das ideologias “A palavra ideologia pode ser usada para designar qualquer conjunto de ideias sobre um assunto, mas também pode ter uma conotação negativa próxima à de uma palavra parecida, a idolatria. Uma ideologia, assim como um ídolo, é uma descrição parcial e limitada da realidade que foi promovida ao nível de palavra final sobre as coisas. Ideólogos acreditam que sua escola ou partido tem a resposta real e completa para os problemas da sociedade.”


3. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA “INFLUÊNCIA EXPRESSIVA” c. As obrigações de todos os cidadãos cristãos

4. Obrigação de se defender das ideologias “O evangelho nunca é hóspede da cultura, mas sempre seu juiz e redentor” (Bruce Nichols) Neste sentido, o evangelho nunca é o hospede de um partido político com sua ideologia, porque ele é sempre o juiz.


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