CIÊ NCIA S HUMANA S HISTÓRIA Capítulo 1 - A cidadania na Antiguidade Capítulo 2 - As várias Idades Médias Capítulo 3 – O nascimento do mundo moderno Capítulo 4 – A Era das Revoluções Capítulo 5 – Consolidação do capitalismo e suas contradições Capítulo 6 – As marcas da colonização do Brasil Capítulo 7 – História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio Capítulo 8 – Império Brasileiro Capítulo 9 – Brasil República: o domínio das oligarquias Capítulo 10 – Brasil República: modernização e atraso
2 9 16 23 31 40 48 57 66 75
GEOGRAFIA Capítulo 1 - Espaço Geográfico Capítulo 2 - Cartografia Capítulo 3 – Dinâmica Terrestre Capítulo 4 – Domínios Morfoclimáticos Brasileiros Capítulo 5 – Impactos Ambientais Capítulo 6 – Recursos Energéticos Capítulo 7 – Dinâmica Populacional Capítulo 8 – Urbanização
90 95 107 128 152 168 176 1 92
Capítulo 10 – Agropecuária
202 213
Capítulo 11 – Globalização, Comércio e Transporte
223
Capítulo 9 – Industrialização
FILOSOFIA Capítulo 1 - A Síntese Filosófica
236
Capítulo 2 - Filosofia Medieval à Filosofia Moderna
246 26 8
Capítulo 3 - Exercícios
SOCIOLOGIA Capítulo 1 - Socioantropologia Capítulo 2 - Ciência Políticas Capítulo 3 - Ciências Sociais em Temas
312 35 6 380
HISTÓRIA Capítulo 1 - A cidadania na Antiguidade Capítulo 1 - A cidadania na Antiguidade - Exercícios Capítulo 2 - As várias Idades Médias Capítulo 2 - As várias Idades Médias - Exercícios Capítulo 3 – O nascimento do mundo moderno Capítulo 3 – O nascimento do mundo moderno - Exercícios Capítulo 4 – A Era das Revoluções Capítulo 4 – A Era das Revoluções - Exercícios Capítulo 5 – Consolidação do capitalismo e suas contradições Capítulo 5 – Consolidação do capitalismo e suas contradições Exercícios Capítulo 6 – As marcas da colonização do Brasil Capítulo 6 – As marcas da colonização do Brasil - Exercícios Capítulo 7 – História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio Capítulo 7 – História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio Exercícios Capítulo 8 – Império Brasileiro Capítulo 8 – Império Brasileiro - Exercícios Capítulo 9 – Brasil República: o domínio das oligarquias Capítulo 9 – Brasil República: o domínio das oligarquias - Exercícios Capítulo 10 – Brasil República: modernização e atraso Capítulo 10 – Brasil República: modernização e atraso - Exercícios
2 5 9 12 16 19 23 25 31 33 40 42 48 50 57 60 66 69 75 79
CAPÍTULO 1
A cidadania na Antiguidade
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 1
A cidadania na Antiguidade Ao abordar o vasto período da História Antiga, as questões do ENEM costumam concentrar-se em um tema, a construção da cidadania na Antiguidade. Dessa forma, são privilegiados temas relativos às histórias da Grécia e da Roma antigas em detrimento da Antiguidade Oriental. Além desse, outros dois temas menos abordados são a expansão imperial romana e a escravidão antiga. Antes de tratarmos desses temas de forma específica, é necessária uma reflexão sobre a construção da História Antiga. As civilizações que se constituíram ao longo do Mar Mediterrâneo têm origens diversas e muitas vezes mitológicas. Os estudos mais recentes tendem a abordar a diversidade e as relações entre esses universos, substituindo a tradicional divisão entre mundo Oriental, Grécia e Roma. Em muitos casos, essa divisão serviu para se estabelecer uma visão de superioridade da civilização Ocidental sobre a Oriental, constituindo uma visão pautada pelos valores ocidentais. A globalização e os estudos multiculturais do século XXI proporcionaram aos historiadores uma visão menos compartimentada sobre as sociedades que se constituíram na região nos períodos entre, aproximadamente, os séculos XX a.C. ao século V d.C. Dessa maneira, uma história totalizante foi substituída por uma visão que busca entender a complexidade das relações estabelecidas pelas civilizações mediterrâneas, realçando a diversidade de sociedades que coexistiram de forma concreta no interior desse espaço geográfico.
1. A construção da cidadania antiga O primeiro grande marco da história da cidadania antiga foi o surgimento da cidade-estado. Esse fenômeno, em geral associado ao surgimento das poleis gregas, foi comum em boa parte o mundo mediterrâneo antigo. Em um período de tempo relativamente próximo, foram formadas, por exemplo, Atenas e Roma. Pode-se dizer que a cidade-estado mediterrânea foi uma invenção dos homens da época ao buscarem novas formas de resolver problemas relacionados ao crescimento populacional, disputa por terras e avanço das relações comerciais. Antes de seu surgimento, as comunidades eram controladas por uma parcela pequena dos indivíduos da aristocracia local. Com o crescimento demográfico, as novas técnicas militares e a privatização de terras, as disputas tornaram-se mais frequentes. Sendo assim, em boa parte dos casos, a organização da cidade-estado foi uma solução tecnológica para os conflitos constantes. Para finalizar, a
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História | Curso Enem 2019
O mundo antigo mediterrâneo. GUARINELLO, N. L. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013
necessidade de defesa das comunidades perante o avanço de outros povos também teria sido um fator para o surgimento das cidades. Sintetizando, a busca por administrar conflitos, função primordial dos homens reunidos nas cidades-estado, marcou o início dessa história. Ou como afirma Vernant: “O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária proeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.” VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 Apesar do ambiente diverso em torno do Mar Mediterrâneo, é possível definir alguns elementos comuns às cidades-estados ou poleis: Eram um pequeno estado soberano Compreendiam uma área urbana e o campo ao seu redor Eram caracterizadas pela coletividade de indivíduos submetidos aos mesmos costumes fundamentais Em geral, os habitantes eram unidos por um culto comum às mesmas divindades protetoras. Entre as cidades-estados, duas merecem destaque: Atenas e Roma. A história da cidadania deve muito a elas. Da primeira, conhecemos a noção original de Democracia e, da segunda, a concepção de República.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA AAcidadania cidadaniana naAntiguidade Antiguidade
CAPÍTULO 1
2. A Democracia Ateniense
3. A cidadania em Roma
A pólis de Atenas passou por um processo longo de transformações políticas até alcançar a democracia. Naquele contexto, ocorreu um tumultuado processo de ampliação da cidadania. Pode-se afirmar, portanto, que a democracia ateniense foi fruto da limitação do papel político das aristocracias tradicionais e da entrada na política de grupos até então afastados desse meio. O crescimento da cidade e as novas necessidades decorrentes desse fato fizeram surgir novos grupos que contribuíam para a produção, a proteção e o abastecimento da polis. Esses novos indivíduos, até então excluídos da política, passaram a exigir participação. Se eram tão importantes para a cidade, desejavam participar das decisões relativas a ela, queriam ser cidadãos.
A cidade-estado de Roma surgiu no século VIII a.C. e, durante os seus dois primeiros séculos de história, foi governada por reis de origem etrusca. No século VI a.C. a elite patrícia destituiu o último rei dos etruscos, dando início a Republica Romana.
Foi nesse ambiente em que a cidadania se ampliou na Atenas Antiga. Entre as várias medidas tomadas, estavam o fim da escravidão por dívidas e a obrigatoriedade da redação das leis. As leis escritas foram um fator fundamental para a ampliação da cidadania, pois retiravam das elites tradicionais o controle sobre o conhecimento da legislação. Se ele se limita ao mundo da oralidade, pode ser facilmente manipulado pelos interesses dos poucos membros das elites que o domina. “O mundo grego, ou helênico, se compunha de cidades independentes. Inicialmente eram governadas por reis: assim lemos em Homero. Mas com o tempo ocorre uma mudança significativa. O poder, que ficava dentro dos palácios, oculto aos súditos, passa à praça pública, vai para tó mésson, "o meio", o centro da aglomeração urbana. Adquire transparência, visibilidade. Assim começa a democracia: o poder, de misterioso, se torna público, como mostra Vernant. Em Atenas se concentra esse novo modo de praticar – e pensar – o poder.” RIBEIRO, Renato Janine. A democracia. São Paulo: Publifolha, 2013.
Após esse processo, Atenas deixou de ser governada por um pequeno grupo, uma oligarquia, e conheceu a forma da Democracia, que teve o seu auge no século V a.C. Podemos definir a Democracia Ateniense a partir das seguintes características: tendia à democracia direta, ou seja, era oposta à democracia representativa; nas reuniões na Ágora, prevalecia um princípio, o da isonomia. Isso significa que todos os que eram considerados cidadãos possuíam os mesmos direitos no momento da Assembleia. Entre os mais importantes, estavam o de falar e ser ouvido e o de votar; a cidadania era excludente, em contraste com as democracias contemporâneas, de tendência universal. Apenas homens livres nascidos em Atenas eram considerados cidadãos. Consequentemente, estavam excluídas mulheres, estrangeiros residentes na cidade e escravos; existia uma relação entre a cidadania e o ócio. Apenas aqueles atenienses livres do trabalho poderiam dedicar o seu tempo à política. Dessa forma, a posse de escravos permitiria a participação na administração da polis.
Essa nova e complexa forma pode ser caracterizada a partir de duas perspectivas: o princípio republicano é aquele que determina que os interesses públicos (a coisa publica, res publica, em latim) estão acima dos interesses privados; como forma de governo, uma república é caracterizada pelo fato de o governante ocupar o poder por um período de tempo limitado. Sendo assim, a republica opõe-se à monarquia, forma em que o poder é ocupado de forma hereditária e vitalícia. Um fenômeno semelhante ao descrito anteriormente em Atenas começou a afetar a Republica Romana a partir do século V a.C. Com a expansão territorial e a diversificação de atividades econômicas e militares, surgiram novos grupos interessados em participar da política. Nesse caso, foram os plebeus que passaram a exigir a possibilidade de participação nas decisões das cidades, até então restrita aos patrícios no Senado Romano. Naquele contexto, a ampliação da cidadania em Roma também se deu por meio do estabelecimento das leis escritas, como no caso da Lei das Doze Tábuas. O tribunato da plebe, cargo de representação exclusiva dos plebeus, foi mais uma conquista nesse processo. Na sequencia, a Lei Licínia permitiu a eleição de um plebeu para o cargo de Cônsul da república e acabava com a escravidão por dívidas. Por fim, a Lei Canuleia terminava com a proibição do casamento entre patrícios e plebeus. Foi dessa forma, por meio de um processo que também envolveu lutas e pressões, que a cidadania se ampliou em Roma. Não se deve entender, entretanto, que tenha surgido um governo de uma maioria. O que acabou se formando foi um governo mais abrangente, mas ainda formado por um grupo pequeno da elite de patrícios e, agora, da elite plebeia.
4. O papel da mulher no Mundo Antigo Se um dos legados fundamentais da Antiguidade Ocidental foi a construção da ideia de cidadania, para as mulheres tais direitos não eram garantidos. As decisões políticas eram tomadas pelos homens, únicos considerados cidadãos naquele contexto. Sendo assim, o principal papel da mulher restringia-se ao cuidado dos assuntos do mundo privado. Havia diferenças entra a vida da mulher no mundo romano e grego, como as mencionadas pela historiadora Mary Beard: “Fica claro, porém, que a mulher romana em geral tinha maior independência do que as mulheres do mundo grego e do Oriente próximo da época, por mais limitada que pareça pelos padrões atuais. Há um contraste particularmente marcante com a clássica Atenas, onde as mulheres das famílias ricas de-
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 1
A cidadania na Antiguidade
TRODUÇÃO À FILOSOFIA viam viver isoladas, longe dos olhares alheios, largamente segregadas dos homens e da vida social (os pobres, desnecessário dizer, não tinham suficiente dinheiro ou espaço para impor essas divisões). Havia, sem dúvida, restrições desconfortáveis também sobre as mulheres em Roma: o imperador Augusto, por exemplo, relegou-as às fileiras do fundo nos teatros e nas arenas de gladiadores; as suítes femininas nos banhos públicos eram geralmente mais apertadas do que as dos homens; e na prática as atividades masculinas dominavam as áreas mais nobres de um lar romano. Mas isso não significava que as mulheres fossem publicamente invisíveis, e a vida doméstica não parece ter sido formalmente dividida em espaços masculinos e femininos, com áreas restritas em função do gênero.” BEARD, Mary. SPQR – Uma história da Roma Antiga Mesmo assim, alguns traços comuns poderiam ser vistos naquelas sociedades, como aqueles que diziam respeito à função da mulher após o casamento. Como o casamento entre as elites tinha como função primordial a geração de filhos e a consequente produção de novos cidadãos, cabia à mulher o cuidado da casa, do marido e da criação dos filhos. A partir dos epitáfios de homens e mulheres da Antiguidade, é possível perceber a diferença dos papéis de homens e mulheres daquele período. Enquanto o do homem ressaltava os cargos políticos ocupados e suas conquistas militares, o da mulher refletia a função no mundo privado já mencionada.
A resposta para a pergunta final proposta pelo autor seria “não”. A peregrinação por áreas tão diversas como as mencionadas no trecho só pode ocorrer depois da relativa unidade garantida pelo Império Romano, construído ao redor do Mar Mediterrâneo. Apesar de conviver com múltiplas sociedades e culturas, a expansão romana deu um sentido ao mundo antigo.
Epitáfio de Cipião Barbato:
6. A expansão romana
“Homem corajoso e sábio, de aparência a par com sua virtus. Foi cônsul e censor e edil entre vocês. Tomou Taurasia e Cisauna de Sâmnio. Submeteu toda a Lucânia e fez reféns. ”
A escravidão antiga esteve intimamente ligada à expansão das grandes cidades. Atenas e Roma, por exemplo, tornaram-se dependentes desse tipo de mão de obra. No caso de Roma, a expansão territorial alimentou a sociedade escravista e a dependência em relação a essa forma de trabalho. São características da escravidão antiga:
Epitáfio de Cláudia: “Ela amou o marido de todo coração. Deu à luz dois filhos. A filha vive na terra, o filho, sob a terra. Ela foi graciosa no falar e elegante no andar. Cuidou bem da casa. Ela teceu lã. É isso o que se pode dizer sobre ela. ” BEARD, Mary. SPQR – Uma história da Roma Antiga.
5. A expansão romana A diversidade e a fragmentação do mundo mediterrâneo foi substituída por uma relativa unidade durante a expansão territorial romana. Iniciada ainda na República e consolidada durante o Império, a conquista romana marcou a história europeia até o século III d.C. O trecho a seguir ilustra a extensão e diversidade desse Império. "O apóstolo Paulo era cidadão de Tarso, uma pequena cidade, muito antiga, que era a capital provincial da Cilícia. Mas Paulo era também judeu, membro de uma etnia que se reproduzia por laços familiares e pela aderência a uma religião, cujo templo se encontrava distante, em Jerusalém. Era um judeu da diáspora. Numa viagem para Damasco, Paulo se tornou cristão e, entre os cristãos, apóstolo. Nessa condição, assumiu a identidade de apóstolo dos não judeus e viajou, por terra e por mar, por boa parte do Mediterrâneo oriental. Foi a Chipre, à Panfilia, passou pela Capadócia, pelo centro da Anatólia, e morou em Éfeso, onde foi confrontado pelos artesãos locais, escapando apenas pelo medo geral de uma intervenção do poder romano. Muitas vezes estabeleceu-se com o apoio
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das comunidades judaicas locais. Morou na cidade de Felipe, visitou a Macedônia e a Acaia e, segundo os Atos, passou por Corinto, capital provincial, onde exerceu outra de suas identidades — a de artesão. Chegou a Atenas e discutiu com os filósofos da cidade. Passou também por Mileto, Rodes, Tiro, Cesareia, Jerusalém e outras cidades. Ao ser perseguido em Jerusalém, refugiou-se em Cesareia, onde foi preso. Fez, então, uso de sua identidade de cidadão romano, que também possuía, e de seu conhecimento da língua grega, para não ser espancado e executado. Para ser julgado, atravessou todo o Mediterrâneo, com uma escala em Malta, após um naufrágio, tendo vivido em Roma com amigos e fiéis. Suas cartas mostram um amplo círculo de relações e de influências em Roma e no Mediterrâneo oriental. O ponto central é: teria sido a carreira de Paulo possível ou verossímil 500 anos antes?" Norberto Luiz Guarinello. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013, p. 157-158. Adaptado
História | Curso Enem 2019
• não era vinculada a uma etnia específica, contrastando com a moderna, essencialmente ligada a escravização de africanos; • os escravos na Antiguidade eram em sua maioria prisioneiros feitos em guerras. Havia também escravos por dívidas, por nascimento e voluntários; • a escravidão não se resumia ao trabalho braçal, e ofícios que hoje são considerados mais sofisticados poderiam ser realizados por escravos. Havia escravos médicos, professores, artistas e funcionários públicos.
7. A Crise do Império Romano A extensão atingida pelo Império gerou uma série de dificuldades em relação a sua própria administração. Além disso, o tamanho de Roma impediu a manutenção de sua expansão, acarretando, desse modo, uma crise em relação a obtenção de mão de obra escrava. Como o Império havia se tornado bastante dependente desse tipo de trabalhador, a instabilidade econômica se intensificou. Somada a esse contexto, as migrações dos povos germânicos, tradicionalmente nomeadas como as “invasões bárbaras”, colaboraram para a desagregação do mundo romano. A queda do Império Romano é considerada o marco final da Antiguidade, dando início ao Mundo Medieval.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A cidadania na Antiguidade
EXERCÍCIOS 01. (Fuvest 2019) (…) o “arco do triunfo” é um fragmento de muro que, embora isolado da muralha, tem a forma de uma porta da cidade. (...) Os primeiros exemplos documentados são estruturas do século II a.C., mas os principais arcos de triunfo são os do Império, como os arcos de Tito, de Sétimo Severo ou de Constantino, todos no foro romano, e todos de grande beleza pela elegância de suas proporções.
CAPÍTULO 1
03. (Fuvest 2016) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançará todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e formas variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar entre os séculos VIII e VII a.C., marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos.
PEREIRA, J. R. A., Introdução à arquitetura. Das origens ao século XXI. Porto Alegre: Salvaterra, 2010, p. 81.
Jean-Pierre Vernant. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel,
Dentre os vários aspectos da arquitetura romana, destaca‐se a monumentalidade de suas construções. A relação entre o “arco do triunfo” e a História de Roma está baseada
De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi
a) no processo de formação da urbe romana e de edificação de entradas defensivas contra invasões de povos considerados bárbaros.
1981. Adaptado.
a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens.
b) nas celebrações religiosas das divindades romanas vinculadas aos ritos de fertilidade e aos seus ancestrais etruscos.
b) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos.
c)
c)
nas celebrações das vitórias militares romanas que permitiram a expansão territorial, a consolidação territorial e o estabelecimento do sistema escravista.
a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca.
d) na edificação de monumentos comemorativos em memória das lutas dos plebeus e do alargamento da cidadania romana.
d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais.
e) nos registros das perseguições ao cristianismo e da destruição de suas edificações monásticas.
e) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros.
02. (Unicamp 2018) Os gregos sentiram paixão pelo humano, por suas capacidades, por sua energia construtiva. Por isso, inventaram a polis: a comunidade cidadã em cujo espaço artificial, antropocêntrico, não governa a necessidade da natureza, nem a vontade dos deuses, mas a liberdade dos homens, isto é, sua capacidade de raciocinar, de discutir, de escolher e de destituir dirigentes, de criar problemas e propor soluções. O nome pelo qual hoje conhecemos essa invenção grega, a mais revolucionária, politicamente falando, que já se produziu na história humana, é democracia.
04. (Fuvest 2016) Os impérios do mundo antigo tinham ampla abrangência territorial e estruturas politicamente complexas, o que implicava custos crescentes de administração. No caso do Império Romano da Antiguidade, são exemplos desses custos:
(Adaptado de Fernando Savater, Política para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 77.)
Assinale a alternativa correta, considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a Grécia Antiga. a) Para os gregos, a cidade era o espaço do exercício da liberdade dos homens e da tirania dos deuses. b) Os gregos inventaram a democracia, que tinha então o mesmo funcionamento do sistema político vigente atualmente no Brasil. c)
Para os gregos, a liberdade dos homens era exercida na polis e estava relacionada à capacidade de invenção da política.
d) A democracia foi uma invenção grega que criou problemas em função do excesso de liberdade dos homens.
a) as expropriações de terras dos patrícios e a geração de empregos para os plebeus. b) os investimentos na melhoria dos serviços de assistência e da previdência social. c)
as reduções de impostos, que tinham a finalidade de evitar revoltas provinciais e rebeliões populares.
d) os gastos cotidianos das famílias pobres com alimentação, moradia, educação e saúde. e) as despesas militares, a realização de obras públicas e a manutenção de estradas. 05. (Fuvest 2015) Em certos aspectos, os gregos da Antiguidade foram sempre um povo disperso. Penetraram em pequenos grupos no mundo mediterrânico e, mesmo quando se instalaram e acabaram por dominá-lo, permaneceram desunidos na sua organização política. No tempo de Heródoto, e muito antes dele, encontravam-se colônias gregas não somente em toda a extensão da Grécia atual, como também no litoral do Mar Negro, nas costas da atual Turquia, na Itália do sul e na
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 1
A cidadania na Antiguidade
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Sicília oriental, na costa setentrional da África e no litoral mediterrânico da França. No interior desta elipse de uns 2500km de comprimento, encontravam-se centenas e centenas de comunidades que amiúde diferiam na sua estrutura política e que afirmaram sempre a sua soberania. Nem então nem em nenhuma outra altura, no mundo antigo, houve uma nação, um território nacional único regido por uma lei soberana, que se tenha chamado Grécia (ou um sinônimo de Grécia). FINLEY M. I. O mundo de Ulisses. Lisboa: Editorial Presença, 1972. Adaptado.
Com base no texto, pode-se apontar corretamente a) a desorganização política da Grécia antiga, que sucumbiu rapidamente ante as investidas militares de povos mais unidos e mais bem preparados para a guerra, como os egípcios e macedônios. b) a necessidade de profunda centralização política, como a ocorrida entre os romanos e cartagineses, para que um povo pudesse expandir seu território e difundir sua produção cultural. c)
a carência, entre quase todos os povos da Antiguidade, de pensadores políticos, capazes de formular estratégias adequadas de estruturação e unificação do poder político.
d) a inadequação do uso de conceitos modernos, como nação ou Estado nacional, no estudo sobre a Grécia antiga, que vivia sob outras formas de organização social e política. e) a valorização, na Grécia antiga, dos princípios do patriotismo e do nacionalismo, como forma de consolidar política e economicamente o Estado nacional. 06. (Enem PPL 2012) Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas. BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In: Meus caros amigos,1976. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez. 2011 (fragmento)
Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, em razão de a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses. b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento. c)
seu rebaixamento de status social frente aos homens.
d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra. e) sua igualdade política em relação aos homens. 07. (Enem 2017) TEXTO I Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo depois de 600
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História | Curso Enem 2019
a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou de pequenas concessões. FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013 (adaptado)
TEXTO II A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das principais heranças romanas que chegaram até nos. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um instrumento favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na ideia de que a a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia. b) invenção de aristocracias c)
códigos
jurídicos
desarticulou
as
formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses. e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento. 08. (Enem 2016) Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de não desejar saber como e sob que espécie de constituição os romanos conseguiram em menos de cinquenta e três anos submeter quase todo o mundo habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca antes ocorrido? Ou, em outras palavras, quem seria tão apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou estudos a ponto de considerar qualquer outro objetivo mais importante que a aquisição desse conhecimento? POLÍBIO. História. Brasília: Editora UnB, 1985.
A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse texto escrito no século II a.C., é a a) ampliação do contingente de camponeses livres. b) consolidação do poder das falanges hoplitas. c)
concretização do desígnio imperialista.
d) adoção do monoteísmo cristão. e) libertação do domínio etrusco. 09. (Enem PPL 2016) Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si própria com a finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude da lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que foram
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A cidadania na Antiguidade
capturados na guerra e aqueles que são filhos de nossas escravas. CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.
A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga. No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma a) mão de obra especializada protegida pela lei. b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos. c)
categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.
d) condição legal independente da origem étnica do indivíduo. e) comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas. 10. (Enem 2ª aplicação 2016) A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fixou por escrito um velho direito costumeiro. No relativo às dívidas não pagas, o código permitia, em última análise, matar o devedor; ou vendê-lo como escravo “do outro lado do Tibre” – isto é, fora do território de Roma. CARDOSO, C. F. S. O trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou que os plebeus a) modificassem a estrutura agrária assentada no latifúndio. b) exercessem a prática da escravidão sobre seus devedores. c)
conquistassem a possibilidade de casamento com os patrícios.
d) ampliassem a participação política nos cargos políticos públicos. e) reivindicassem as mudanças sociais com base no conhecimento das leis. 11. (Enem 2015) O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.
CAPÍTULO 1
12. (Enem 2014) TEXTO l Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a) a) prestígio social. b) acúmulo de riqueza. c)
participação política.
d) local de nascimento. e) grupo de parentesco. 13. (Enem 2013) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à
Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função
a) adoção do sufrágio universal masculino.
a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade. b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados. c)
constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade.
d) reunir os exercícios para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra. e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.
b) extensão da cidadania aos homens livres. c)
afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais. e) tripartição dos poderes políticos. 14. (Enem PPL 2012) No contexto da polis grega, as leis comuns nasciam de uma convenção entre cidadãos, definida pelo confronto de suas opiniões em um verdadeiro espaço público, a ágora, confronto esse que concedia a essas convenções a qualidade de instituições públicas. MAGDALENO, F. S. A territorialidade da representação política: vínculos
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 1
A cidadania na Antiguidade
TRODUÇÃO À FILOSOFIA territoriais de compromisso dos deputados fluminenses. São Paulo:
a)
possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
b)
era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
c)
estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
d)
tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
e)
vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
Annablume, 2010.
No texto, está relatado um exemplo de exercício da cidadania associado ao seguinte modelo de prática democrática: a) Direta. b)
Sindical.
c)
Socialista.
d)
Corporativista.
e)
Representativa.
15. (Enem 2012)
GABARITO
A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma característica política dos romanos no período, indicada em: a)
Cruzadismo — conquista da terra santa.
b)
Patriotismo — exaltação da cultura local.
c)
Helenismo — apropriação da estética grega.
d)
Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
e)
Expansionismo conquistados.
—
diversidade
dos
territórios
16. (Enem 2009) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania
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C
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA As várias Idades Médias
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
As várias Idades Médias Ao abordar o período medieval, as questões do Enem visam mostrar as múltiplas faces da Europa e sua sociedade, concentrando-se em duas vertentes. A primeira busca entender a construção do conceito de Idade Média formado ao longo dos séculos posteriores ao mundo medieval. A outra é apresentar um outro lado daquele mundo, menos lembrado do que o dos feudos, servos, nobres e castelos. Dessa forma, além do mundo rural do feudalismo, faz-se necessário entender um outro universo, marcado pelas transformações ocorridas devido à ampliação do comércio e da vida urbana durante a Baixa Idade Média.
Foi somente no século XIX, com o romantismo e os movimentos nacionalistas, que a visão sobre aquele mundo começou a se modificar. Os intelectuais românticos, ao criticarem o racionalismo exagerado do período imediatamente anterior, passaram a recuperar e valorizar a Idade Média. Já os nacionalistas, identificaram naquele momento, a origem de elementos que viriam a formar as nações. Dessa forma, não foi à toa que o II Reich, o Império Alemão formado em 1871, buscou retomar a história do I Reich, o Sacro Império Germânico, surgido na Idade Média. Enquanto isso, na França, a figura da heroína medieval, Joana D’arc, começou a ser revalorizada:
1. O conceito de Idade Média
“Pela primeira vez, sente-se, a França é amada como uma pessoa, e ela torna-se tal desde o dia em que a amam. Até ali era uma reunião de províncias, um vasto caos feudal, um país imenso, de ideia vaga. Mas desde esse dia, pela força do coração é uma pátria”.
Durante muito tempo, o período medieval foi reconhecido como sendo o da Idade das Trevas. Tal nomenclatura se derivaria do fato de o período ter sido marcado por ignorância, atraso e guerras. Essa visão, entretanto, é injusta e fruto de uma percepção parcial daqueles homens que viveram no período posterior ao medieval. Foram os humanistas do Renascimento que associaram o homem da Idade Média a ignorância e ao pouco progresso. Tal classificação se deveu ao fato de que os homens da idade moderna, ao valorizarem de forma crescente a visão racional sobre o mundo, identificarem a percepção teocêntrica do medievo como ausência de conhecimento. Durante o século XVIII, com os pensadores do Iluminismo, a situação não foi muito diferente. Um outro fator, menos conhecido, para o surgimento da chamada “lenda negra” foi descrito pelo estudioso, Jonathan Lyons “Durante o período da Renascença, houve uma tentativa deliberada e consciente da crescente classe de “humanistas” de criar uma linhagem nova para a cultura ocidental que ignorasse a contribuição árabe, bem como a experiência da Europa medieval que muito dependia dos muçulmanos. Quando se olha, por exemplo, para o jeito como esses humanistas recontaram a história da álgebra, uma invenção árabe com nome árabe, podemos ver um lento, mas contínuo processo de apagamento dos traços da influência muçulmana. Isso permitiu aos humanistas avançar posições como pretensos fornecedores de uma nova cultura pura do Ocidente, sem a mácula da influência externa árabe. Fruto do empreendimento pró-saber dos árabes, a chamada Renascença é mais uma continuidade do que uma revolução cultural.” http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/como-os-arabes-salvaram-a-cultura-ocidental-8211-parte-1/
MICHELET, Jules. Joana D ìArc. São Paulo: Fulgor, 1964, p. 16.
Com a profissionalização dos estudos históricos no século XX, os exageros sobre a Idade Média foram relativizados e sua compreensão facilitada. Dessa forma, chega-se a conclusão, de acordo com o maior historiador medievalista, de que: “A Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que os humanistas e os iluministas quiseram propagar.” Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro.
2. O mundo rural medieval A Europa Ocidental assistiu, durante a Alta Idade Média (séculos V a IX d.C.), à formação do feudalismo. Esse fenômeno, predominante na porção oeste do continente, deu origem à estrutura feudal. A lenta fusão de elementos do decadente Império Romano e dos povos germânicos (chamados “bárbaros” pelos romanos) gerou o universo político, social, econômico e cultural do feudalismo. Apesar de o mundo urbano nunca ter sido completamente abandonado e ter passado por um período de expansão na Baixa Idade Média (séculos X-XI ao XIV), a Europa feudal foi basicamente rural. O mundo do homem medieval, nesse contexto, era definido pelo feudo e pela Igreja. Do ponto de vista da economia rural, é possível definir as seguintes características básicas:
História Curso Enem | Curso 2019 Enem | História 2019
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CAPÍTULO 2
As várias Idades Médias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a predominância da base rural; o feudo era a unidade básica de produção; a mão de obra era predominantemente servil; o servo deveria trabalhar nas terras do senhor e pagar taxas para ele; até os séculos X e XI, a produção de excedentes era reduzida;
to de novas técnicas agrícolas permitiu o aumento da produção e a geração de excedente; já a diminuição das mortes por guerra e fome levou ao crescimento demográfico. A realidade das cidades e do mundo do comércio acarretou uma série de transformações no mundo feudal. As grandiosas catedrais góticas são exemplo desse novo ambiente; os vitrais, expressão artística e religiosa, muitas vezes refletiam esse novo universo.
as trocas, a produção artesanal e o uso de moeda eram limitadas. Já a política, era marcada: pela fragmentação política, em contraste com a antiga unidade do Império Romano; por relações de dependência pessoal entre os nobres, como no caso das relações de vassalagem e suserania; pela de forte interferência da Igreja nos assuntos políticos. A sociedade feudal se organizava da seguinte forma: era considerada estamental, ou seja, as possibilidades de ascensão social eram restritas; a posição social ocupada pelos indivíduos era determinada pelo nascimento, e não pelo esforço ou enriquecimento; durante boa parte da história feudal da Europa Ocidental, foi dividida em: Clero, Nobres e Servos. A maneira de enxergar a realidade do europeu medieval não pode ser entendida sem a compreensão da presença do cristianismo na vida dessas pessoas. A visão de mundo da época era marcada por: uma percepção teocêntrica. A partir dela, as relações sociais e políticas, os fenômenos naturais, os eventos cotidianos da vida dos indivíduos e as guerras eram vistos como manifestações dos desígnios de Deus; o controle da Igreja sobre determinados campos da cultura. Além de determinar certas formas de entender o mundo, a Igreja controlava boa parte da cultura escrita e monopolizava a leitura e a interpretação da Bíblia; uma visão natural do tempo, relacionada ao cotidiano do mundo rural. O homem medieval marcava a passagem do tempo de acordo com as necessidades do universo do campo. Esse ritmo era determinado pelas estações, pelo nascer e pelo pôr do sol, pelo o canto do galo e pelos sinos da Igreja.
3. O mundo urbano medieval A partir dos séculos XI e XII, a Europa ocidental passou por um processo de expansão comercial e urbana. O desenvolvimen-
10 História | Curso Enem 2019
Vitral da Catedral de Chartres, na França, retratando as relações comerciais.
Foram características do mundo urbano medieval: o surgimento de novos atores sociais, como a burguesia e os artesãos; a formação de novos laços entre os indivíduos, como aqueles entre os artesãos, nas Corporações de Ofícios, ou o dos comerciantes, nas Guildas; a expansão do uso da moeda e das atividades financeiras: empréstimos, bancos e seguros; o surgimento das universidades; a expansão de uma visão de mundo mais racional, matematizada e individualista; o seu caráter comercial. Enquanto as cidades da Antiguidade, como as poleis, funcionavam como centros políticos, as medievais foram centros de troca e produção. Simultaneamente ao desenvolvimento comercial e urbano, e, para muitos autores, impulsionado por tal desenvolvimento, houve o início das Cruzadas. As guerras religiosas ocorreram devido à tentativa dos cristãos europeus de retomar Jerusalém do controle dos muçulmanos. No entanto, um dos fatores que impulsionou o movimento foi a tentativa de intensificar as relações comerciais com o mundo árabe. Se, por um lado, a reconquista da Terra Santa não foi concretizada de forma
TRODUÇÃO À FILOSOFIA As várias Idades Médias
CAPÍTULO 2
As relações comerciais e o mundo urbano na Baixa Idade Média. MCEVEDY, Colin. Atlas de História Medieval. Cia das Letras, 2007. definitiva, por outro, as trocas comerciais se consolidaram. As relações entre as cidades italianas e os muçulmanos pelo Mar Mediterrâneo cresceram e a Europa passou a ter contato crescente com as especiarias trazidas da Ásia.
4. O imaginário medieval A visão de mundo do homem medieval era marcada pela presença da religião. As explicações para o funcionamento da sociedade e dos fenômenos naturais eram misturadas à fé cristã e à interpretação dos textos sagrados. Catástrofes naturais, epidemias como a da Peste Negra, e eventos astronômicos eram entendidos como manifestações da autoridade divina. A perspectiva religiosa também foi determinante para construir uma visão sobre a mulher naquele universo. Em parte, seu papel continuava relacionado ao mundo privado, como na Antiguidade: “No século XII, padres e guerreiros esperavam da dama que, depois de ter sido filha dócil, esposa clemente, mãe fecunda, ela fornecesse em sua velhice, pelo fervor de sua piedade e pelo rigor de suas renúncias, algum bafio de santidade à casa que a acolhera. Ela, por certo, era dominada. Entretanto, era
dotada de um singular poder por esses homens que a temiam, que se tranquilizavam clamando bem alto sua superioridade nativa, que a julgavam contudo capaz de curar os corpos, de salvar as almas, e que se entregavam nas mãos das mulheres para que seus despojos carnais depois de seu último suspiro fossem convenientemente preparados e sua memória fielmente conservada pelos séculos dos séculos.” Georges Duby, Damas do século XII. Adaptado. Junto a essa concepção, estava presente uma outra, muito influenciada pelo pensamento cristão da época. Além de ressaltar sua fragilidade, a mulher era associada ao pecado, já que teria levado os homens a condenação: “Até o século XII, a mulher era desprezada por ser considerada incapaz para o manejo de armas; vivendo num ambiente guerreiro, não se lhe atribuía outra função além de procriar. A sua situação não era mais favorável do ponto de vista espiritual; a Igreja não perdoava Eva por ter levado a humanidade à perdição e continuava a ver em suas descendentes os acólitos lúbricos do demônio.” (Adaptado de Pierre Bonassie, Amor cortês, em Dicionário de História Medieval. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1985, p. 29-30.)
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 2
As várias Idades Médias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
EXERCÍCIOS 01. (Fuvest 2019) Os comentadores do texto sagrado (…) reconhecem a submissão da mulher ao homem como um dos momentos da divisão hierárquica que regula as relações entre Deus, Cristo e a humanidade, encontrando ainda a origem e o fundamento divino daquela submissão na cena primária da criação de Adão e Eva e no seu destino antes e depois da queda. CASAGRANDE, C., A mulher sob custódia, in: História das Mulheres, Lisboa: Afrontamento, 1993, v. 2, p. 122‐123.
O excerto refere-se à apreensão de determinadas passagens bíblicas pela cristandade medieval, especificamente em relação à condição das mulheres na sociedade feudal. A esse respeito, é correto afirmar: a) As mulheres originárias da nobreza podiam ingressar nos conventos e ministrar os sacramentos como os homens de mesma condição social. b) A culpabilização das mulheres pela expulsão do Paraíso Terrestre servia de justificativa para sua subordinação social aos homens. c)
As mulheres medievais eram impedidas do exercício das atividades políticas, ao contrário do que acontecera no mundo greco-romano.
d) As mulheres medievais eram iletradas e tinham o acesso à cultura e às artes proibido, devido à sua condição social e natural. e) A submissão das mulheres medievais aos homens esteve desvinculada de normatizações acerca da sexualidade. 02. (Unicamp 2018) Estamos acostumados a considerar que o sistema centro/periferia, ao menos no Ocidente, é um eixo essencial da estrutura e do funcionamento no espaço das economias, das sociedades, das civilizações. O historiador Fernand Braudel estimou que tal sistema só existiu e funcionou plenamente a partir do século XV. Essa definição não se aplica à Cristandade Medieval sem importantes correções. A noção de centro e a oposição centro/periferia são menos decisivas que outros sistemas de orientação espacial. O principal sistema é o que opõe o baixo ao alto, quer dizer, o Aqui, esse “mundo” imperfeito e marcado pelo Pecado Original, ao céu, morada de Deus. (Adaptado de Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt, “Centro/Periferia”, em Dicionário temático do ocidente medieval, v. 2. São Paulo: Edusc, 2002, p. 203.)
A partir do texto acima, assinale a alternativa correta.
d) O sistema centro/periferia aplicado durante a Era Medieval espelhava o sistema de orientação baixo e alto, sendo o baixo o mundo do pecado e o alto o mundo da virtude cristã. 03. (Fuvest 2018) Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos férteis, tal é o aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de oásis em meio a desertos. Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização, noutro a madeira é abundante e sinaliza a barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento das árvores, refúgio dos gênios pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente. J. Le Goff. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado.
Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar que a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana teve como base inicial as cidades e os povoados da península arábica. b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam como células econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã. c)
a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos mercantis e transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas.
d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs muçulmanas, arraigadas nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental. e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo, em detrimento das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente medieval. 04. (Unicamp 2016) Reproduz-se, abaixo, trecho de um sermão do bispo Cesário de Arles (470-542), dirigido a uma paróquia rural. “Vede, irmãos, como quem recorre à Igreja em sua doença obtém a saúde do corpo e a remissão dos pecados. Se é possível, pois, encontrar este duplo benefício na Igreja, por que há infelizes que se empenham em causar mal a si mesmos, procurando os mais variados sortilégios: recorrendo a encantadores, a feitiçarias em fontes e árvores, amuletos, charlatães, videntes e adivinhos?” (Fonte: http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=co_ content&view=article&id=1397:sao-cesario-de-arles-sermao-13-paraumaparoquia-rural&catid=28: outros-artigos&Itemid=285.)
a) Usada nas Ciências Humanas para a compreensão de períodos históricos desde a Antiguidade, a noção de centro/periferia perdura até a atualidade e estrutura o sistema econômico global contemporâneo.
A partir desse sermão, escrito no sul da atual França, é correto afirmar que:
b) As noções de baixo e alto têm um sentido histórico mais preciso para a compreensão da Cristandade Medieval do que o sistema centro/periferia.
a) A Igreja Católica assumia funções espirituais e deixava à nobreza o cuidado da saúde dos camponeses, através de ordens religiosas e militares.
c)
b) O cristianismo tinha penetrado em todas as categorias sociais e era interpretado da mesma forma através da autoridade dos bispos.
O sistema centro/periferia é aplicável ao estudo da Cristandade Medieval, já que os feudos constituíam o centro da vida econômica e cultural naquele contexto.
12 História | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA As várias Idades Médias
c)
Práticas consideradas menos ortodoxas por Cesário de Arles ainda encontravam espaço em setores da sociedade e a elite da Igreja tentava se afirmar como o único acesso ao sagrado.
CAPÍTULO 2
a) crescimento do trabalho escravo. b) desenvolvimento da vida urbana. c)
padronização dos impostos locais.
d) O avanço do materialismo estava afastando da Igreja os camponeses, que, com isto, deixavam de pagar os dízimos eclesiásticos.
d) uniformização do processo produtivo.
05. (Fuvest 2016) Assim como o camponês, o mercador está a princípio submetido, na sua atividade profissional, ao tempo meteorológico, ao ciclo das estações, à imprevisibilidade das intempéries e dos cataclismos naturais. Como, durante muito tempo, não houve nesse domínio senão necessidade de submissão à ordem da natureza e de Deus, o mercador só teve como meio de ação as preces e as práticas supersticiosas. Mas, quando se organiza uma rede comercial, o tempo se torna objeto de medida. A duração de uma viagem por mar ou por terra, ou de um lugar para outro, o problema dos preços que, no curso de uma mesma operação comercial, mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem _ tudo isso se impõe cada vez mais à sua atenção. Mudança também importante: o mercador descobre o preço do tempo no mesmo momento em que ele explora o espaço, pois para ele a duração essencial é aquela de um trajeto.
07. (Enem 2015)
e) desconcentração da estrutura fundiária.
Jacques Le Goff. Para uma outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013. Adaptado.
O texto associa a mudança da percepção do tempo pelos mercadores medievais ao a) respeito estrito aos princípios do livre comércio, que determinavam a obediência às regras internacionais de circulação de mercadorias. b) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver territórios mais amplos e distâncias mais longas. c)
aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de relações comerciais regulares com a América.
d) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a partir de contatos com povos do leste desse continente e da Ásia. e) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a duração das viagens ultramarinas. 06. (Enem 2017) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento. DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado).
O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a)
Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. c)
escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.
d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade. 08. (Enem 2015) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz. ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em:
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 2
As várias Idades Médias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas. b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica. c)
Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.
d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária. e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica. 09. (Enem 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.
termos favoráveis para comerciar com Constantinopla, mas também se relacionaram com mercadores do islã. FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo de islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
A expansão das atividades de trocas na Baixa Idade Média, dinamizadas por centros como Veneza, reflete o(a) a) importância das cidades comerciais. b) integração entre a cidade e o campo. c)
d) controle da atividade comercial pela nobreza feudal. e) ação reguladora dos imperadores durante as trocas comerciais. 12. (Enem PPL 2013)
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010
Queixume das operárias da seda Sempre tecemos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor [...] Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida [...] Pois a obra de nossas mãos Nenhuma de nós terá para se manter [...] E estamos em grande miséria Mas, com os nossos salários, enriquece aquele para quem trabalhamos Grande parte das noites ficamos acordadas E todo o dia para isso ganhar Ameaçam-nos de nos moer de pancada Os membros quando descansamos E assim, não nos atrevemos a repousar.
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. c)
importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 10. (Enem 2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999.
Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c)
educar os fiéis através do olhar.
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos. 11. (Enem PPL 2014) Veneza, emergindo obscuramente ao longo do início da Idade Média das águas às quais devia sua imunidade a ataques, era nominalmente submetida ao Império Bizantino, mas, na prática, era uma cidade-estado independente na altura do século X. Veneza era única na cristandade por ser uma comunidade comercial: “Essa gente não lavra, semeia ou colhe uvas”, como um surpreso observador do século XI constatou. Comerciantes venezianos puderam negociar
14 História | Curso Enem 2019
dinamismo econômico da Igreja cristã.
CHRÉTIEN DE TROYES apud LE GOFF. J. Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Edições 70, 1992.
Tendo em vista as transformações socioeconômicas da Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média, o texto apresenta a seguinte situação: a) Uso da coerção no mundo do trabalho artesanal. b) Deslocamento das trabalhadoras do campo para as cidades. c)
Desorganização do trabalho pela introdução do assalariamento.
d) Enfraquecimento dos laços que ligavam patrões e empregadas. e) Ganho das artífices pela introdução da remuneração pelo seu trabalho. 13. (Enem 2011) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 2
As várias Idades Médias
As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com a)
o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
b)
a migração de camponeses e artesãos.
c)
a expansão dos parques industriais e fabris.
d)
o aumento do número de castelos e feudos.
e)
a contenção das epidemias e doenças.
d)
afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual.
e)
criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano.
GABARITO 1
B
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14. (Enem 2009) A Idade Média é um extenso período da História do Ocidente cuja memória é construída e reconstruída segundo as circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Renascimento, esse período vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o contexto histórico em que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo. Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é a) a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich e o Sacro Império Romano Germânico. b)
o retorno dos valores cristãos medievais, presentes nos documentos do Concílio Vaticano II.
c)
a luta dos negros sul-africanos contra o apartheid inspirada por valores dos primeiros cristãos.
d)
o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte, que se justificava na amplitude de poderes que tivera Carlos Magno.
e)
a tradição heroica da cavalaria medieval, que foi afetada negativamente pelas produções cinematográficas de Hollywood.
15. (Enem 2018) A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele, sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu. DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).
O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do (a) a)
surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas.
b)
descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo.
c)
alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial.
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CAPÍTULO 3
O nascimento do mundo moderno
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 3
O nascimento do mundo moderno
A surgimento do mundo moderno ocorreu entre os séculos XV e XVI e foi marcado por transformações na economia europeia, na forma de organização política da região, no campo artístico e no religioso. Apesar das aparentes novidades, vale ressaltar, portanto, que as origens desse novo mundo estavam relacionadas ao período anterior. Isso significa que, mesmo que afirmassem estar rompendo com o mundo medieval, os homens modernos ainda carregavam a herança daquele período, e foi ela que colaborou para o nascimento dos tempos modernos. A prova do Enem pode abordar qualquer um dos grandes marcos desse período: a política do Absolutismo e o Antigo Regime, as práticas econômicas mercantilistas, o Renascimento, a Reforma e a Expansão Marítima.
1. Absolutismo e o Antigo Regime As transformações políticas ocorridas a partir da Baixa Idade Média colaboraram para o enfraquecimento gradativo do poder militar e local da nobreza feudal, culminando na transferência desses poderes aos reis. Apesar de os nobres ainda controlarem o poder político junto ao rei, a centralização promoveu uma profunda transformação na nobreza. Até então militar, especialista na guerra, a nobreza europeia passou a viver próxima ao monarca, de forma parasitária. Dessa forma, para alguns historiadores, o Absolutismo teria sido uma continuidade da organização feudal. Entretanto, nessa nova forma, enquanto o poder do rei acentuou-se, o da nobreza apenas se transformou. A partir dessa concepção, a concentração de poder nas mãos do soberano teria se intensificado até se tornar absoluto. O absolutismo foi caracterizado pela hipertrofia do poder do rei, de forma que as funções executivas, legislativas e judiciárias dependeriam todas de sua autoridade. Não se pode, no entanto, pensar em um poder sem limites. De acordo com Perry Anderson:
Outro fator importante colaborou para o reforço do poder dos reis europeus, a crença no poder divino dos reis. A noção da sacralidade do poder real era de origem medieval e tornou-se ainda mais relevante no início do Idade Moderna. Pensadores como Jacques Bossuet e Jean Bodin teorizaram sobre esse poder conhecido como o Direito Divino dos Reis. Para além da teoria, os súditos do rei, de fato, acreditavam nesse poder sobrenatural. A influência dessa visão sobre o poder colaborou para que ele fosse tido como quase inquestionável. Marc Bloch, em um clássico dos estudos históricos, afirma que a compreensão dessa noção é tão importante quanto analisar as questões econômicas e políticas que levaram ao poder exacerbado dos reis: “Da Idade Média aos tempos modernos, os reis eram considerados personagens sagrados. Os reis da França e da Inglaterra “tocavam as escrófulas”, significando que eles pretendiam, somente com o contato de suas mãos, curar os doentes afetados por essa moléstia. Ora, para compreender o que foram as monarquias de outrora, não basta analisar a organização administrativa, judiciária e financeira que essas monarquias impuseram a seus súditos, nem extrair dos grandes teóricos os conceitos de absolutismo ou direito divino. É necessário penetrar as crenças que floresceram em torno das casas principescas.” Adaptado de Marc Bloch, Os reis taumaturgos. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. A sociedade que se constituiu em torno das monarquias absolutistas ficou conhecida como a do Antigo Regime. Essa sociedade também manteve traços do mundo feudal ao preservar as distinções baseadas no nascimento, sendo ainda uma sociedade estamental, portanto. Nela, clero e nobreza mantiveram os seus privilégios, em especial o da isenção de impostos. Ainda nesse período da história europeia, predominavam formas de marcar as distinções sociais, como a etiqueta. Esse conjunto de práticas e regras que regia as relações cotidianas funcionava como um reforço visual e constante das hierarquias naquela sociedade, formada, em sua maioria, por analfabetos. A forma de se comportar a mesa, diante do rei, de cumprimentar, de se vestir e de manifestar as emoções em ambientes públicos colaboravam para reforçar a influência do rei sobre a nobreza, bem como para a distinção entre esses grupos privilegiados e o restante da sociedade.
“De fato a monarquia absoluta no ocidente foi, portanto, sempre duplamente limitada: pela persistência de corpos políticos tradicionais colocados abaixo dela e pela presença de uma lei moral situada acima. Por outras palavras, a dominação do Absolutismo exerceu-se, no fim das contas, necessariamente nos limites da classe cujos interesses ele preservava.” ANDERSON, Perry.
2. Mercantilismo
“Classes e Estados – problemas de periodização.” In: HESPANHA, António Manuel. Poder e instituições na Europa do Antigo Regime.
O mercantilismo foi o conjunto de práticas econômicas dos Estados Modernos. Seu objetivo principal era o de fortalecer
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA O nascimento do mundo moderno
os Estados em construção naquele período. O principal traço do mercantilismo era a crença de que os Estados deveriam interferir na economia, característica duramente criticada pelos liberais do a partir século XVIII. Entre as principais características do mercantilismo, destacamse: a busca pela balança comercial favorável; o metalismo: a valorização do acúmulo de metais amoedáveis; o protecionismo alfandegário; o estabelecimento de monopólios; a exploração de colônias por meio do exclusivo colonial;
CAPÍTULO 3
Para alguns historiadores da arte, a própria ideia do que é “ser um artista” originou-se nesse momento. Enquanto, na Idade Média, os artistas podiam ser vistos como artesãos, com o Renascimento, teriam surgido os grandes nomes da arte. Na Península Itálica, Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael foram expoentes da arte da época. Ao assinarem as suas obras, conferiram a elas grande valor e passaram a ser financiados por nobres, burgueses e clero. A prática do patrocínio das obras, o mecenato, caminhou junto com o Renascimento. antropocentrismo, em oposição ao Teocentrismo medieval; individualismo, em contraste com a tendência coletivista de da Idade Média; valorização da razão; universalismo; naturalismo;
o incentivo às manufaturas; o fortalecimento da marinha mercante e de guerra.
3. Renascimento O conjunto de transformações pelos quais a arte e a ciência passaram no início da Idade Moderna recebeu o nome de Renascimento. Apesar de terem o objetivo de romper com o mundo medieval - foram os homens do renascimento que difundiram a visão negativa sobre o período – a origem desse movimento encontra-se nas mudanças ocorridas na Baixa Idade Média. Naquele contexto do mundo medieval, a crescente realidade urbana gerou uma atitude mais racional e matematizada entre os indivíduos. As necessidades ligadas ao comércio e a vida na cidade levaram ao reforço da uma postura mais individualista. Já no início da Idade Moderna, essa forma de compreender o mundo foi expressa nas obras e descobertas dos homens do Renascimento.
hedonismo; valorização do corpo humano; construção de representações harmônicas, simétricas, equilibradas; aperfeiçoamento das técnicas do afresco, perspectiva, volumetria.
4. Reforma Protestante e Contra-Reforma A Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, foi o processo de ruptura definitiva da cristandade ocidental. Os fatores responsáveis por essa divisão estão vinculados às transformações ocorridas na Europa entre o final da Idade Média e início da Idade Moderna. O crescente fortalecimento do poder dos reis, entrando em choque com o poder universal da Igreja, foi um primeiro elemento que colaborou para a eclosão do movimento. A expansão de uma visão mais crítica e individualista, reforçada no contexto do Renascimento, também impulsionou os questionamentos a Igreja. O desenvolvimento da prensa de tipos móveis permitiu a ampliação do público leitor, da divulgação de textos escritos e das leituras individuais, fomentando as críticas ao clero. A expansão de práticas comerciais e financeiras, muitas vezes condenadas pela Igreja, colocava os indivíduos ligados a essas atividades em oposição a certos preceitos religiosos. Também por razões econômicas, muitos homens possuíam interesse nas terras e bens da Igreja. Por fim, a venda das indulgências desencadeou uma onda de críticas à Igreja no início da Idade Moderna. A Reforma teve seu início no Sacro Império Germânico com o monge agostiniano Martinho Lutero e logo se expandiu por outras áreas da Europa. As três grandes Igrejas que surgiram nesse contexto foram a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. Os traços mais marcantes de cada um desses processos e suas doutrinas podem ser definidos da forma a seguir. Luteranismo:
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
manifestações do individualismo no nível religioso, como a crença na salvação pela fé, a defesa sacerdócio universal e a consequente abolição da hierarquia eclesiástica, e a proposta de tradução e livre leitura da Bíblia;
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O nascimento do mundo moderno
TRODUÇÃO À FILOSOFIA condenação do culto dos santos e das relíquias; fim do celibato clerical; existência de apenas dois sacramentos: batismo e eucaristia; negação da transubstanciação e da infalibilidade papal.
dos a crenças também de origem medieval, como a busca pelos reinos mágicos e as utopias, impulsionaram os homens modernos nessa empreitada. Para terminar, o aprimoramento de técnicas de navegação e da cartografia, em um contexto de reforço da postura racional e do empirismo, foi de extrema importância para garantir a precisão das navegações.
valorização do trabalho e da riqueza como possíveis sinais exteriores da salvação;
Naquele momento, foram os países ibéricos os pioneiros nas grandes navegações. Portugal, o primeiro a se lançar nesse empreendimento, contava com um ambiente propício para a execução de um evento de tamanha dimensão. Entre os fatores que permitiram o pioneirismo português nesse processo estavam:
presença de uma extrema rigidez moral e condenação dos prazeres mundanos;
• a centralização precoce do Estado português e a relativa estabilidade interna alcançada após a Revolução de Avis;
Calvinismo: crença na predestinação da alma,
difusão da ética calvinista entre os grupos de comerciantes devido à valorização do trabalho e do enriquecimento e, dessa forma, segundo alguns autores, isso teria colaborado para a expansão das práticas que deram origem ao capitalismo; expansão do calvinismo, que deu origem a grupos diversos em outras regiões da Europa, como os Huguenotes, na França, e o Puritanos na Inglaterra. Anglicanismo: a Igreja Anglicana, ou Igreja da Inglaterra, foi criada por Henrique VIII com o objetivo de reforçar o poder dos reis ingleses, uma vez que o rei é o chefe da Igreja Anglicana;
• a necessidade de fortalecimento diante das ameaças de anexação pelo reino Castela, que incentivava a busca por recursos; • o desenvolvimento das atividades comerciais e da burguesia durante a Baixa Idade Média; • a localização geográfica e características de sua costa favoreceram o desenvolvimento da navegação de cabotagem ao longo do litoral; • o incentivo dos reis ao desenvolvimento das técnicas de navegação.
a Igreja Anglicana combina a hierarquia, os rituais e as formas da Igreja Católica com os princípios teológicos do Calvinismo; Henrique VIII aproveitou-se da ruptura com a Igreja para confiscar terras e bens do clero na Inglaterra, reforçando, dessa forma, o seu poder como monarca. A resposta da Igreja diante do avanço do protestantismo ficou conhecida como Contrarreforma. O principal evento, símbolo desse processo, foi o Concílio de Trento. As medidas mais importantes tomadas pela Igreja Católica naquele contexto foram manutenção da liturgia e de grande parte dos dogmas católicos; reconhecimento da Companhia de Jesus; criação do Index, uma lista de livros proibidos aos católicos; reorganização da Inquisição e estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício; condenação da venda de indulgências.
5. Expansão Marítima
A Expansão Marítima europeia dos séculos XV e XVI deu início ao processo de mundialização da economia. As grandes navegações deram continuidade a expansão do comércio iniciada na Baixa Idade Média, e, dessa forma, foram incentivadas por necessidades materiais como a busca por uma nova rota para o comércio das especiarias, a procura de novas terras e de acesso a novas formas de mão de obra, o interesse em fontes de metais preciosos. Além dos fatores materiais mencionados, compreender a mentalidade do homem europeu, é fundamental para entender o início da Expansão. Fatores religiosos, como o desejo de expansão da fé e combate aos considerados infiéis, mistura-
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A observação das transformações ocorridas na cartografia europeia atesta a expansão do conhecimento sobre o mundo a partir da Expansão Marítima.
A chegada à América promoveu o início da colonização sobre o continente e um fluxo de riquezas em direção a Europa. Além disso, deu-se início a um processo de expansão da influência cultural europeia no mundo ocidental; a persistência da visão eurocêntrica ainda hoje demonstra a força desse processo cultural.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O nascimento do mundo moderno
EXERCÍCIOS 01. (Unicamp 2019) Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito, civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos fenômenos naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios. Nas costas do Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras explicações dos fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de Alexandre permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o dos antigos impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas científicas e culturais com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o herdeiro desse legado científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus aportes ao longo da Idade Média. (Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 200-201.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural implementada nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na cosmologia ocidental. b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império Bizantino, chegando à Espanha. c)
Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos, egípcios, macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã Medieval, marcado pelo fundamentalismo religioso.
d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo ele a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia greco-romana para o Oriente. 02. (Unicamp 2018) Na formação das monarquias confessionais da Época Moderna houve reforço das identidades territoriais, em função de critérios de caráter religioso ou confessional. Simultaneamente, houve uma progressiva incorporação da Igreja ao corpo do Estado, através de medidas de caráter patrimonial e jurisdicional que procuravam uma maior sujeição das estruturas e agentes eclesiásticos ao poder do príncipe. Na busca pela homogeneização da fé dentro de um território político, a Igreja cumpria também papel fundamental na formação do Estado moderno por meio de seus mecanismos de disciplinamento social dos comportamentos. (Adaptado de Frederico Palomo, A Contra-Reforma em Portugal, 1540-1700. Lisboa: Livros Horizonte, 2006, p.52.)
Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a Europa Moderna, assinale a alternativa correta. a) Cada monarquia confessional adotou uma identidade religiosa e medidas repressivas em relação às dissidências religiosas que poderiam ameaçar tal unidade. b) Monarquias confessionais são aquelas unidades políticas
CAPÍTULO 3
nas quais havia a convivência pacífica de duas ou mais confissões religiosas, num mesmo território. c)
São consideradas monarquias confessionais os territórios protestantes que se mostravam mais propícios ao desenvolvimento do capitalismo comercial, tornando-se, assim, nações enriquecidas.
d) As monarquias confessionais contavam com a instituição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em seu território, uma forma de controle cultural sobre religiões politeístas. 03. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2018) No dia 31 de Outubro de 1517, o monge e doutor em teologia Martinho Lutero publicou em Wittemberg as suas 95 teses sobre questões a serem debatidas com outros teólogos católicos. Entre as posições defendidas, e que acabaram por levar ao rompimento de Lutero com a Igreja Católica, estavam a) a afirmação de que todo cristão batizado poderia ser o seu próprio sacerdote, o questionamento do dogma da infalibilidade papal e o princípio da salvação pela fé. b) o reconhecimento apenas do batismo, da eucaristia, do casamento e da extrema unção como sacramentos cristãos válidos. c)
a reafirmação do culto aos santos locais e da Virgem, e a validação do casamento de qualquer membro da Igreja.
d) o uso da Inquisição e do Index como instrumentos de combate aos desvios doutrinais e o reconhecimento da infalibilidade papal na orientação teológica da cristandade. 04. (Unicamp 2016) A teoria da perspectiva, iniciada com o arquiteto Filippo Bruneleschi (1377-1446), utilizou conhecimentos geométricos e matemáticos na representação artística produzida na época. A figura a seguir ilustra o estudo da perspectiva em uma obra desse arquiteto. É correto afirmar que, a partir do Renascimento, a teoria da perspectiva
a) foi aplicada nas artes e na arquitetura, com o uso de proporções harmônicas, o que privilegiou o domínio técnico e restringiu a capacidade criativa dos artistas. b) evidencia, em sua aplicação nas artes e na arquitetura, que as regras geométricas e de proporcionalidade auxiliam a percepção tridimensional e podem ser ensinadas, aprendidas e difundidas. c)
fez com que a matemática fosse considerada uma arte em que apenas pessoas excepcionais poderiam usar geometria e proporções em seus ofícios.
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O nascimento do mundo moderno
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) separou arte e ciência, tornando a matemática uma ferramenta apenas instrumental, porque essa teoria não reconhece as proporções humanas como base de medida universal. 05. (Fuvest 2017) Em uma significativa passagem da tragédia Macbeth, de Shakespeare, seu personagem principal declara: “Ouso tudo o que é próprio de um homem; quem ousa fazer mais do que isso não o é”. De acordo com muitos intérpretes, essa postura revela, com extraordinária clareza, toda a audácia da experiência renascentista. Com relação à cultura humanista, é correto afirmar que a) o mecenato de príncipes, de instituições e de famílias ricas e poderosas evitou os constrangimentos, prisão e tortura de artistas e de cientistas. b) a presença majoritária de temáticas religiosas nas artes plásticas demonstrava as dificuldades de assimilar as conquistas científicas produzidas naquele momento. c)
a observação da natureza, os experimentos e a pesquisa empírica contribuíram para o rompimento de alguns dos dogmas fundamentais da Igreja.
07. (Enem 2014) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. J. PT. “Histoire de plusieurs voyages aventureux”. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo Cia. das Letras. 2009 (adaptado).
Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de a) gosto pela aventura. b) fascínio pelo fantástico. c)
temor do desconhecido.
d) interesse pela natureza. e) purgação dos pecados. 08. (Enem 2012)
d) a reflexão dedutiva e o cálculo matemático limitaram-se à pesquisa teórica e somente seriam aplicados na chamada Revolução Científica do século XVII. e) a avidez de conhecimento e de poder favoreceu a renovação das universidades e a valorização dos saberes transmitidos pela cultura letrada. 06. (Enem PPL 2012) Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar. GALILEI, G. Carta a Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009. (adaptado)
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Oficio, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A declaração de Galileu defende que a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se guia para a ciência. b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira. c)
as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os dogmas da Igreja.
Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real. b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado. c)
o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte.
d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade natural.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado imediato das palavras.
08. (Enem 2011) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA O nascimento do mundo moderno
invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
c)
CAPÍTULO 3
indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do terceiro Estado.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.
d) distinguir, dentro do 30 Estado, as condições em que viviam os "criados de libré" e os camponeses.
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores manuais.
a) fé e misticismo.
11. (Enem 2001) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e também por introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que permitam ir ao fundo dos mares e dos rios"
b) ciência e arte. c)
cultura e comércio.
d) política e economia. e) astronomia e religião. 09. (Enem 2009) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais. ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é a) o palácio de Versalhes.
los XV-XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3).
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon a) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade. b) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.
b) o Museu Britânico. c)
(apud. BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: sécu-
a catedral de Colônia.
c)
d) a Casa Branca. e) a pirâmide do faraó Quéops. 10. (Enem 2006) O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com as outras pessoas de "classe média" na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar. Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero e 30 Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência a "classe média", descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social a fim de a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 30 Estado. b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais trabalhadores manuais.
opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.
d) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles, como também baseavam-se na tradição e na teologia. e) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das invenções. 12. (Enem PPL 2017) O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não o garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750. BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado).
o processo de transição para a modernidade, o uso do objeto descrito relaciona-se à a) construção de hábitos sociais. b) introdução de medidas sanitárias. c)
ampliação das refeições familiares.
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CAPÍTULO 3
O nascimento do mundo moderno
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d)
valorização da cultura renascentista.
e)
incorporação do comportamento laico.
GABARITO 1
D
5
C
9
B
2
A
6
E
10
A
3
A
7
C
11
C
4
A
8
E
12
E
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13
A
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A Era das Revoluções
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
A Era das Revoluções Entre os séculos XVII e XIX a Europa presenciou uma onda revolucionária que provocou uma transformação nas estruturas do continente. Do ponto de vista político, pode-se afirmar que o modelo liberal foi lentamente substituindo o do Antigo Regime. Já no aspecto econômico, a Revolução Industrial abriu espaço para a consolidação do modo capitalista. Essas duas perspectivas são as mais abordadas na prova do Enem. Antes de tratar de detalhes específicos desse evento, é importante, no entanto, tentar compreender o conceito de “revolução”. Para isso, é possível recorrer a formulações de pensadores políticos, como Norberto Bobbio e Hannah Arendt: “A Revolução é a tentativa, acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas existentes e de as substituir, a fim de efetuar profundas mudanças nas relações políticas, no ordenamento jurídico-constitucional e na esfera socioeconômica. ” BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política.
"Só se pode falar de Revolução, quando a mudança se verifica com vistas a um novo início, quando se faz uso da violência para constituir uma forma de Governo absolutamente nova e para tornar real a formação de um novo ordenamento político, e quando a libertação da opressão visa pelo menos à instauração da liberdade. " ARENDT, Hannah. Da Revolução.
Vale lembrar que as Revoluções deram início a uma Era de Direitos, e conhecê-los é fundamental para a compreensão de várias questões do ENEM. Para alguns cientistas políticos, eles dividem-se em: Direitos civis: relativos as liberdades individuais, como o direito a inviolabilidade da propriedade privada, o da livre expressão e organização, o de ir e vir, o habeas corpus; Direitos sociais: ligados à busca da justiça social. Entre eles estão o direito à educação, ao trabalho, ao salário mínimo, à saúde e à aposentadoria.
1. Revolução Inglesa O processo revolucionário inglês foi marcado por uma luta política e, simultaneamente, religiosa. O movimento, divido em Revolução Puritana e Revolução Gloriosa, foi uma disputa entre o Parlamento e os reis da família Stuart. Na Revolução Puritana, após uma longa guerra civil, que culminou na morte de
Carlos I, a tentativa de governo pessoal e as perseguições religiosas sofridas pelos puritanos tiveram o seu fim. Em meio ao longo processo revolucionário, a Inglaterra ainda passou por uma experiência republicana liderada por Oliver Cromwell, e assistiu ao retorno dos reis Stuart. Com a Revolução Gloriosa, a instabilidade chegou ao fim e, após a ascensão de Guilherme de Orange e a assinatura do Bill of Rights, teve início a história da monarquia parlamentar na Inglaterra.
2. Liberalismo e Iluminismo As ideias liberais e do Iluminismo são caracterizadas por questionar as bases da sociedade do Antigo Regime. Muitas dessas ideias serviram de influência e foram de grande importância para impulsionar as Revoluções. Apesar de constituírem um grupo heterogêneo, é possível afirmar que o os pensadores da época apresentam alguns pontos em comum: valorização da razão, experiência e observação; crítica às autoridades tradicionais, como aos reis e à Igreja; crença na ideia de progresso; valorização da educação. Ainda que apresentem esses pontos em comum é importante ressaltar algumas especificidades nas obras de alguns autores liberais e iluministas. John Locke Considerado o “pai do liberalismo político”, o pensador inglês do século XVII estabeleceu a sua teoria a partir da noção do Contrato. De acordo com Locke, os indivíduos possuem direitos naturais como a propriedade, a vida e a liberdade, e os governos são estabelecidos entre os indivíduos com o objetivo de garantir tais direitos. O autor ainda defende o direito à resistência. Ou seja, caso os governos atentem contra os direitos naturais, os governados podem destituir os seus governantes. Voltaire Crítico das autoridades constituídas, como as da Igreja e do Absolutismo.
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CAPÍTULO 4
A Era das Revoluções
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Defensor das liberdades individuais. Em, Cândido, seu livro mais conhecido, Voltaire reflete sobre a crença nas verdades estabelecidas. Montesquieu Em O Espírito das Leis, elaborou a noção da divisão dos poderes. Para Montesquieu, aquele que detém o poder sempre tende a abusar deste. Dessa forma, seria necessário estabelecer um sistema de pesos e contrapesos em que o poder pudesse frear o poder. Rousseau Considerado o “pai da democracia moderna”, em suas obras, baseava-se na concepção do Contrato Social Para Rousseau, o homem, no Estado de Natureza, teria uma tendência à bondade e desfrutaria de uma vida livre e igualitária. A vida em sociedade e a introdução da propriedade privada geraria a desigualdade e a perda dessa tendência natural. Ainda de acordo com o autor, seria necessário um Contrato formado entre os homens para que fosse estabelecida a Vontade Geral e para que a desigualdade fosse reduzida. Enciclopédia Organizada por Diderot, tentava reunir o conhecimento humano em uma só obra. Com a Enciclopédia, a busca pelo conhecimento poderia se tornar livre da influência do Clero e dos poderosos do Antigo Regime. Fisiocratas Formaram uma corrente do liberalismo econômico francês, promovendo críticas às práticas mercantilistas, ainda comuns na França no século XVIII. Defendiam a tese do livre mercado, sintetizada na máxima “laissez faire”. Acreditavam que a principal fonte de riqueza era a extração e a produção ligada a terra.
3. A Independência dos Estados Unidos O processo de ruptura entre as Treze Colônias e a Inglaterra foi o primeiro bem-sucedido da América. Além desse aspecto simbólico outros pontos desses eventos merecem destaque. A luta pela Independência dos Estados Unidos ocorreu após os ingleses limitarem a relativa autonomia política e econômica desfrutada pelos americanos durante o século XVII, o primeiro da colonização. A Lei do Chá - que estabeleceu o monopólio da venda do produto pela Companhia das Índias Ocidentais - e a consequente Festa do Chá de Boston foram os fatos mais célebres desse processo. Outro fator para o rompimento da relação entre metrópole e colônia foi a influência das ideias liberais e iluministas. A Declaração de Independência dos Estados Unidos mostra claramente a inspiração do pensamento de John Locke: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade.” Com a Declaração de Independência em 1776 e a vitória na guerra contra a Inglaterra em 1783, a ruptura se concretizou. A Constituição Americana, promulgada em 1787, também se baseou nos ideais iluministas ao estabelecer a divisão entre os poderes. Além disso, trouxe a inovação do Federalismo, garantindo a autonomia para os estados recém-criados. Importante ressaltar que, apesar do caráter revolucionário de parte desse processo, a Independência americana não aboliu a escravidão. Sendo assim, tal instituição persistiu em um país fundado em meio a ideais de igualdade e liberdade.
4. Revolução Francesa O movimento revolucionário francês é considerado pela maioria dos historiadores como a Grande Revolução. Sua tendência universal e os efeitos que gerou em todo o mundo reforçam essa concepção.
Em A Riqueza das nações, defende que a ação na busca pelos interesses dos indivíduos não pode sofrer interferências externas e que, dessa forma, o trabalho é a maior fonte de riquezas.
O início da Revolução ocorreu devido à crise econômica e financeira pela qual a França passava no século XVIII. A influência das ideias iluministas também colaborou para o processo, como pode ser comprovado pelos principais documentos produzidos pela Revolução. O caminho para o processo, no entanto, foi aberto, pela resistência do Alto Clero e Nobreza diante das tentativas de reforma do Estado francês e a consequente perda de seus privilégios. Nesse caso, o maior temor desses grupos era perder a regalia da isenção de impostos.
Adam Smith foi um grande crítico da intervenção do Estado na economia. Ao defender que as relações econômicas se organizam de maneira natural, afirmou que uma “mão invisível” regula o mercado.
Entre os anos de 1789 e 1791 a Revolução se caracterizou pelo desmonte do Antigo Regime e pelo início do estabelecimento do modelo liberal. As estruturas da sociedade estamental e do absolutismo foram sendo destruídas simultaneamente à eliminação de práticas feudais ainda existentes.
Adam Smith Smith é considerado o “pai do liberalismo econômico” e maior representante da Escola Clássica do Liberalismo.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA A Era das Revoluções
Nesse contexto, destacou-se, entre as várias realizações, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. O documento, símbolo da Revolução Francesa, atacava a sociedade de privilégios do Antigo Regime francês e estabelecia as bases para a igualdade jurídica. A proteção dos direitos naturais, como a vida, a liberdade e a propriedade estão presentes na Declaração. Junto a ela, figura a defesa da divisão dos poderes e a necessidade de garantir os interesses da vontade geral. Em um segundo momento, entre 1793 e 1795, a Revolução assumiu um tom mais radical. Após o fim da monarquia e a morte do Rei Luís XVI, os grupos de tendência mais popular ditaram os rumos da política revolucionária. O jacobino Robespierre é o símbolo da Primeira República Francesa, momento em que medidas como o voto universal, a proposta de Reforma Agrária, o limite máximo para o preço do pão e a abolição da escravidão nas colônias francesas foram tomadas. Outro fato associado ao mesmo momento foi o do Terror Jacobino. Sob a justificativa de eliminar os inimigos da Revolução, a perseguição política e as execuções na guilhotina tornaram-se recorrentes. O final da Revolução caracterizou-se pela contenção do radicalismo popular. Com a retomada do controle pelos Girondinos, ligados à alta burguesia, a tendência liberal da Revolução se consolidou. Os grupos populares foram contidos, e a maioria das medidas do período anterior, anuladas. A última Constituição da Revolução estabeleceu o voto censitário, limitando o acesso dos mais pobres a política. A tomada de poder por Napoleão Bonaparte, no golpe do 18 Brumário, reforçou essa tendência. Entre 1799 e 1815, a expansão napoleônica fez com que a obra da Revolução se ampliasse pela Europa. Entretanto, o século XIX no continente europeu seria ainda marcado pela luta entre aqueles que defendiam a ascensão dos ideais liberais e da noção de um mundo baseado nos direitos e entre aqueles que desejavam a manutenção da sociedade de privilégios.
5. Revolução Industrial e suas repercussões Foi na Inglaterra, em fins do século XVIII, que teve início a Revolução Industrial. A presença de um forte mercado consumidor interno e externo somada à ação do governo na defesa dos interesses da economia inglesa foram fatores determinantes para o seu pioneirismo na industrialização. O processo dos cercamentos que, além de reforçar o consumo interno, promoveu a formação de uma força de mão de obra no mundo urbano também colaborou para essas transformações econômicas. A presença de recursos naturais como o carvão e minério de ferro aumentaram as possibilidades no interior da economia inglesa. Para terminar, a visão de mundo, influenciada pelo calvinismo e pelo liberalismo, auxiliou a constituição de um ambiente propício para tais eventos. Apesar das transformações técnicas com a expansão do maquinismo, as mudanças no mundo do trabalho alteraram a forma de os homens se relacionarem com a produção. Na fábrica, o trabalhador passou por um processo em que gradativamente foi perdendo o domínio da técnica e a noção do valor do seu trabalho. Se, em momentos anteriores, ele podia dominar a técnica de todas as etapas do processo produtivo e ser dono do produto realizado, após a Revolução Industrial essa situação se alterou.
CAPÍTULO 4
No entanto, a industrialização possibilitou a produção em série e em escala até então nunca atingida. Somado a isso, o consumo ampliou-se, e grupos excluídos da economia de mercado passaram a participar desse universo. A expansão da industrialização e as condições de trabalho dos primeiros operários levaram à formação do movimento operário. As primeiras grandes manifestações organizadas foram as dos Ludistas, os quebradores de máquinas. Ainda na Inglaterra do início do século XIX, os cartistas passaram a se organizar em busca de direitos políticos para os trabalhadores. No mesmo contexto, formaram-se, ainda, as trade unions e os sindicatos. Ainda no século XIX, surgiram as primeiras ideologias ligadas ao operariado. As principais foram: Socialismo Utópico: de tendência reformista, propunha que as melhorias na condição do operário poderiam ocorrer no interior da sociedade capitalista. sta. Socialismo Utópico: de tendência reformista, propunha que as melhorias na condição do operário poderiam ocorrer no interior da sociedade capitalista. Socialismo Científico: baseado na obra de Karl Marx e Friedrich Engels, estabelecia um método para a análise da história, o materialismo dialético-histórico. Acreditava que a superação da sociedade capitalista ocorreria por meio de uma revolução, a partir da qual seria estabelecida a ditadura do proletariado. Após esse estágio, conhecido como socialista, seria possível alcançar o comunismo, uma sociedade sem luta de classes, sem propriedade dos meios de produção, sem Estado e sem desigualdade. Anarquismo: rejeitavam as principais formas de hierarquia geradas pela existência do Estado, da propriedade privada e da Igreja. Propunham, portanto, a destruição deles. Em 1871, a França passou pela primeira experiência de tomada de poder pelo operariado. A breve experiência da Comuna de Paris foi um marco na história do movimento operário e das ideias sociais.
EXERCÍCIOS 01. (Fuvest 2019) Sob qualquer aspecto, este [a Revolução Industrial] foi provavelmente o mais importante acontecimento na história do mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades. E foi iniciado pela Grã‐Bretanha. É evidente que isto não foi acidental. Eric Hobsbawm, A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2005. 19ª edição, p. 52.
A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra nos decênios finais do século XVIII, a) deveu‐se ao pioneirismo científico e tecnológico dos britânicos, aliado a uma grande oferta de mão de obra especializada e a uma política estatal pacifista e voltada para o comércio. b) originou‐se das profundas transformações agrárias expressas pela concentração fundiária, perda da posse da terra pelo campesinato e formação de uma mão de obra assalariada.
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CAPÍTULO 4
A Era das Revoluções
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
vinculou-se à derrocada da aristocracia e à ascensão da burguesia, orientada pela política mercantilista e sintetizada na filosofia de Adam Smith.
d) resultou da supressão de leis protecionistas de inspiração mercantilista e do combate ao tráfico negreiro, com vistas à conquista de mercados externos consumidores. e) decorreu da ampla difusão de um ideário Ilustrado, o qual teria promovido aquilo que o sociólogo alemão Max Weber descreve como o “espírito do capitalismo”. 02. (Fuvest 2019) É difícil acreditar que a Revolução Francesa teria sido muito diferente, mesmo que a Revolução Americana nunca tivesse acontecido. É fácil mostrar que os americanos não tentaram uma semelhante ruptura substancial com o passado, como fizeram os franceses. No entanto, (...) as duas revoluções foram muito parecidas. Robert R. Palmer, The Age of The Democratic Revolution: The Challenge, Princeton, Princeton University Presse, vol. I, 1959, p.267.
Com base no texto e em seus conhecimentos acerca da Revolução Francesa e do revolucionário processo de independência dos Estados Unidos, assinale a afirmação correta. a) A revolução norte-americana repercutiu pouco nos movimentos liberais da Europa e, mesmo na França da época da Ilustração, seu impacto foi mais de ordem econômica do que política. b) O processo de independência dos Estados Unidos foi marcado pela ausência de divisões internas entre os colonos e pela exclusão das camadas populares da sociedade no processo político. c)
O processo de independência dos Estados Unidos foi consumado pela redação de uma Constituição, cuja elaboração ficou a cargo de notáveis, que representavam os interesses das classes proprietárias.
Assinale a alternativa correta. O documento acima integra a) a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, baseada nos princípios de Jean-Jacques Rousseau e do Pacto Social. b) a Declaração da primeira Convenção dos Direitos das Mulheres nos Estados Unidos da América, que reconhece os princípios liberais de John Locke e o direito à propriedade privada, ampliando-os. c)
a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, baseada nos princípios de Thomas Paine, que reconhece como direitos inalienáveis a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
d) a Declaração da primeira Convenção dos Direitos das Mulheres nos Estados Unidos da América, baseada nos princípios de Alexis de Tocqueville, que se opunha à democracia na América. 04. (Fuvest 2015) O desenvolvimento de teorias científicas, geralmente, tem forte relação com contextos políticos, econômicos, sociais e culturais mais amplos. A evolução dos conceitos básicos da Termodinâmica ocorre, principalmente, no contexto a) da Idade Média. b) das grandes navegações. c)
da Revolução Industrial.
d) do período entre as duas grandes guerras mundiais. e) da Segunda Guerra Mundial. 05. (Unicamp 2014)
d) A guerra da independência norte-americana caracterizou-se pela ausência de radicalismo político e social, o que se deveu à menor penetração dos ideais Ilustrados nos últimos anos do período colonial. e) A revolução norte-americana repercutiu não só na Ilustração europeia e na Revolução Francesa, como demonstrou de modo teórico e prático a viabilidade de um grande Estado republicano e democrático. 03. (Unicamp 2018) Consideramos estas verdades como autoevidentes: que todos os homens e mulheres foram criados iguais; que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis. Entre os direitos inalienáveis estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para garantir esses direitos, os governos são instituídos. Os poderes do governo emanam do consentimento daqueles que são governados. Qualquer governo que se torna destrutivo para os direitos inalienáveis pode ser destituído por aqueles que sofrem. Os que sofrem podem recusar lealdade e exigir a instituição de um novo governo. E assim tem sido o sofrimento das mulheres sob este governo. E, por isso, é necessário exigir uma mudança. (Adaptado de Elizabeth Cady Stanton, A History of Woman Suffrage, v. 1. Rochester: Fowler and Wells, 1889, p. 70-71.)
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Observe a obra do pintor Delacroix, intitulada A Liberdade guiando o povo (1830), e assinale a alternativa correta. a) Os sujeitos envolvidos na ação política representada na tela são homens do campo com seus instrumentos de ofício nas mãos. b) O quadro evoca temas da Revolução Francesa, como a bandeira tricolor e a figura da Liberdade, mas retrata um ato político assentado na teoria bolchevique.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A Era das Revoluções
c)
O quadro mostra tanto o ideário da Revolução Francesa reavivado pelas lutas políticas de 1830 na França quanto a posição política do pintor.
d) No quadro, vê-se uma barricada do front militar da guerra entre nobres e servos durante a Revolução Francesa, sendo que a Liberdade encarna os ideais aristocráticos. 06. (Enem 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o iluminismo. FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).
Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a a) modernização da educação escolar. b) atualização da disciplina moral cristã. c)
divulgação de costumes aristocráticos.
O texto indica que houve uma transformação dos espaços urbanos e rurais com a implementação do sistema capitalista, devido às mudanças tecnossociais ligadas ao a) desenvolvimento agrário e ao regime de servidão. b) aumento da produção rural, que fixou a população nesse meio. c)
07. (Enem 2ª aplicação 2016) Em virtude da importância dos grandes volumes de matérias-primas na indústria química – eram necessárias dez a doze toneladas de ingredientes para fabricar uma tonelada de soda –, a indústria teve uma localização bem definida quase que desde o início. Os três centros principais eram a área de Glasgow e as margens do Mersey e do Tyne. LANDES, D. S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa ocidental, desde 1750 até a nossa época. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
A relação entre a localização das indústrias químicas e das matérias-primas nos primórdios da Revolução Industrial provocou a) a busca pela isenção de impostos. b) intensa qualificação da mão de obra. c)
diminuição da distância dos mercados consumidores.
d) concentração da produção em determinadas regiões do país. e) necessidade do desenvolvimento de sistemas de comunicação. 08. (Enem PPL 2013) O servo pertence à terra e rende frutos ao dono da terra. O operário urbano livre, ao contrário, vende-se a si mesmo e, além disso, por partes. Vende em leilão 8,10,12,15 horas da sua vida, dia após dia, a quem melhor pagar, ao proprietário das matérias-primas, dos instrumentos de trabalho e dos meios de subsistência, isto é, ao capitalista. MARX, K. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
desenvolvimento das zonas urbanas e às novas relações de trabalho.
d) aumento populacional das cidades associado ao regime de servidão. e) desenvolvimento da produção. 09. (Enem PPL 2013) TEXTO I O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala, representando um aumento tremendo na produção, abrindo caminho na direção dos lucros, resultado do aumento da procura. Eram forças abrindo um novo mundo.
d) socialização do conhecimento científico. e) universalização do princípio da igualdade civil.
CAPÍTULO 4
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1974 (adaptado).
TEXTO II Os edifícios das fábricas adaptavam-se mal à concentração de numerosa mão de obra, reunida para longos dias de trabalho, numa situação árdua e insalubre. O trabalho nas fábricas destruiu o sistema doméstico de produção. Homens, mulheres e crianças deixavam os lugares onde moravam para trabalhar em diferentes fábricas. LEITE, M. M. Iniciação à história social contemporânea. São Paulo: Cultrix,1980 (adaptado).
As estratégias empregadas pelos textos para abordar o impacto da Revolução Industrial sobre as sociedades que se industrializavam são, respectivamente, a) ressaltar a expansão tecnológica e deter-se no trabalho doméstico. b) acentuar as inovações tecnológicas e priorizar as mudanças no mundo do trabalho. c)
debater as consequências sociais e valorizar a reorganização do trabalho.
d) indicar os ganhos sociais e realçar as perdas culturais. e) minimizar as transformações sociais e criticar os avanços tecnológicos. 10. (Enem PPL 2012) O Estado sou eu. Frase atribuída a Luís XIV, Rei Sol (1638-1712). Disponível em http:// wwwportaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em 30 nov. 2011.
A nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua vontade é sempre legal: na verdade é a própria lei.
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CAPÍTULO 4
A Era das Revoluções
TRODUÇÃO À FILOSOFIA SIEYÈS, E. J. O que é o Terceiro Estado. Apud ELIAS, N. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus no século XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
Os textos apresentados expressam alteração na relação entre governantes e governados na Europa. Da frase atribuída ao rei Luís XIV até o pronunciamento de Sieyès, representante das classes médias que integravam o Terceiro Estado Francês, infere-se uma mudança decorrente da a) ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado guardião da tradição e protetor de seus súditos e do Império.
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX? a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista. b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial. c)
b) associação entre vontade popular e nação, composta por cidadãos que dividem uma mesma cultura nacional. c)
reforma aristocrática, marcada pela adequação dos nobres aos valores modernos, tais como o princípio do mérito.
d) organização dos Estados centralizados, acompanhados pelo aprofundamento da eficiência burocrática. e) crítica ao movimento revolucionário, tido corno ilegítimo em meio à ascensão popular conduzida pelo ideário nacionalista. 11. (Enem 2012) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis. Declaração dos Direitos. Disponível em http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em:
A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística. e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene. 13. (Enem 2ª aplicação 2010) Os cercamentos do século XVIII podem ser considerados como sínteses das transformações que levaram à consolidação do capitalismo na Inglaterra. Em primeiro lugar, porque sua especialização exigiu uma articulação fundamental com o mercado. Como se concentravam na atividade de produção de lã, a realização da renda dependeu dos mercados, de novas tecnologias de beneficiamento do produto e do emprego de novos tipos de ovelhas. Em segundo lugar, concentrou-se na inter-relação do campo com a cidade e, num primeiro momento, também se vinculou à liberação de mão de obra. RODRIGUES, A. E. M. “Revoluções burguesas”. In: REIS FILHO, D.A.etal (Orgs.). O século XX, v. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000 (adaptado).
Outra consequência dos cercamentos que teria contribuído para a Revolução Industrial na Inglaterra foi o a) aumento do consumo interno. b) congelamento do salário mínimo.
a) Redução da influência do papa — Teocracia.
c)
b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo.
d) enfraquecimento da burguesia industrial.
c)
e) desmembramento das propriedades improdutivas.
Ampliação da dominação da nobreza — República.
d) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo. e) Restrição da competência Presidencialismo.
do
congresso
—
12. (Enem 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder. DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
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fortalecimento dos sindicatos proletários.
14. (Enem 2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A Era das Revoluções
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante. b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado a alta burguesia. c)
A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente.
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos políticos. 15. (Enem 2007) Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França. Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações).
Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção correta. a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos. b) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de independência norte-americana no apoio ao absolutismo esclarecido. c)
Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana.
d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no desencadeamento da independência norte-americana. e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as independências das colônias ibéricas situadas na América. 16. (Enem 2004) Algumas transformações que antecederam a Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de significado da palavra "restaurante". Desde o final da Idade Média, a palavra 'restaurant' designava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos, usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos
CAPÍTULO 4
'restaurateurs', que serviam pratos requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com o sentido atual. A mudança do significado da palavra restaurante ilustra a) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da nobreza. b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos populares e dos valores da nobreza. c)
a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da visão de mundo da burguesia.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média. e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma visão de mundo igualitária. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: O texto abaixo, de John Locke(1632-1704), revela algumas características uma determinada corrente de pensamento. "Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade." (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)
17. (Enem 2000) Analisando o texto, podemos concluir que se trata de um pensamento: a) do liberalismo. b) do socialismo utópico. c)
do absolutismo monárquico.
d) do socialismo científico. e) do anarquismo. 18. (Enem 2000) Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa justificar:
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CAPÍTULO 4
A Era das Revoluções
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a)
a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b)
a origem do governo como uma propriedade do rei.
c)
o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
d)
a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
e)
o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.
19. (Enem 1999) A revolução industrial ocorrida no final de século XVIII transformou as relações do homem com o trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX. Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século de decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas com a)
expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais.
b)
a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à demanda por trabalhadores especializados.
c)
a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses.
d)
o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária nos parlamentos.
e)
a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais europeias.
GABARITO 1
B
6
E
11
B
16
B
2
E
7
A
12
E
17
A
3
B
8
D
13
A
18
D
4
C
9
B
14
E
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Consolidação do capitalismo e suas contradições O final do século XIX e o início do XX assistiram à consolidação do mundo capitalista e as contradições geradas pelo mesmo processo. Enquanto parte da sociedade europeia vivia um período de progresso e encanto com esse mesmo desenvolvimento, a Belle Epoque, uma outra parte do mundo sofria com a expansão imperialista. Os conflitos gerados pelo Imperialismo estão na base das Grandes Guerras do século XX. De acordo com Eric Hobsbawm, a eclosão da Primeira Guerra marca o início desse curto século, que teria o seu fim com a Queda do Muro de Berlim e o final da Guerra Fria. No Enem, as questões sobre esse período se concentram nos aspectos centrais do Imperialismo, da Primeira Guerra, da Segunda Guerra e da Guerra Fria. Outro ponto recorrente são os movimentos sociais que marcaram o século XX.
1. Imperialismo A necessidade de exportação do capital excedente gerado pela Segunda Revolução Industrial impulsionou a expansão imperialista a partir da segunda metade do século XIX. Os países europeus e, posteriormente, os EUA e Japão, passaram a buscar na América, na África e na Ásia áreas para investir recursos, conquistar matéria prima e mão de obra barata, ter acesso a mercados consumidores e dominar áreas estratégicas para o comércio internacional. Somados aos interesses materiais, caminhava uma justificativa de cunho científico, pelo menos para aquela época. Baseados nas concepções do Darwinismo Social, os europeus acreditavam estar levando o seu modo de vida para as regiões dominadas, consideradas inferiores. A expansão europeia atingiu o interior do continente africano bem como regiões na Índia e China. Já os Estados Unidos se concentraram em áreas na América Central, no Caribe e no Oceano Pacífico. O grande marco do Imperialismo e das disputas geradas pela tentativa de domínio dessas áreas de dominação foi a Conferência de Berlim realizada em 1884-85. A partir dela, ficaram definidas as regras para a futura divisão do continente. As disputas entre os países europeus, no entanto, persistiram. Novos acordos foram firmados, mas tiveram pouca eficácia,
acirrando os conflitos até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
2. Primeira Guerra Mundial O conflito, que marcou o fim da Belle Époque, teve como um dos fatores as disputas imperialistas. Além disso, tais rivalidades foram acentuadas pelo nacionalismo crescente no mesmo período. O investimento na indústria bélica mesmo em um período sem guerra, a Paz Armada, colaborou para o potencial destrutivo do das batalhas. A política das alianças fez com que uma disputa que se iniciou localmente tomasse proporções internacionais. Já a Questão Balcânica e o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando fizeram com que a Grande Guerra começasse. No início da guerra, colocaram-se França, Inglaterra e Rússia, de um lado, a Alemanha, Áustria e Império Turco Otomano, do outro. Os primeiros meses do conflito foram marcados pela Guerra de Movimento. Entretanto, ainda no primeiro ano da Guerra, teve início a fase das Trincheiras. A experiência traumática das trincheiras marcou o violento século XX. Em 1917, os EUA entraram no conflito, enquanto a Rússia, após a Revolução, saiu. Ocorrida depois de três anos de Guerra, a entrada americana ao lado de Inglaterra e França garantiu sua vitória e o fim da luta. Em 1919, o Tratado de Versalhes determinou que a culpa da Guerra teria sido da Alemanha e impôs uma série de limitações e pagamento de indenização. Estava aberto o caminho para a ascensão do Nazismo, com o surgimento do revanchismo alemão. Para finalizar, a Primeira Guerra impulsionou a entrada da mulher no mercado de trabalho. A partir disso, a luta por direitos das mulheres ganhou força; um exemplo disso foi o crescimento do movimento das sufragistas e a busca pelo direito político do voto.
3. Revolução Russa Em 1917, em meio a Primeira Guerra Mundial, eclodiram as revoluções de Fevereiro e de Outubro na Rússia. A crise do regime czarista havia se agravado após a entrada dos russos no conflito mundial e, após a destituição do Czar e a formação de um governo provisório em fevereiro, os bolcheviques chegaram ao poder em Outubro.
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Consolidação do capitalismo e suas contradições
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Liderados por Lenin, os bolcheviques retiraram a Rússia da Primeira Guerra e passaram a lutar uma guerra civil contra os opositores do regime recém-estabelecido. A Guerra Civil, que opôs o Exército Vermelho ao Branco, terminou com a vitória dos Bolcheviques. A vitória dos vermelhos só pôde ocorrer graças às práticas do comunismo de guerra. Com o fim do conflito, a situação econômica na Rússia era grave. Visando solucionar o problema, Lênin adotou um conjunto de medidas que associava práticas da economia socialista com as da economia de mercado, política conhecida como NEP. Em 1924, com a morte de Lenin, iniciou-se uma disputa entre Trotsky e Stalin pelo controle do poder na URSS. A vitória de Stalin marcou o começo de um longo período no poder. Durante o regime stalinista, a União Soviética viveu sob o totalitarismo e, ao mesmo tempo, completou o seu processo de industrialização no interior de uma economia socialista planificada, transformando-se na terceira maior potência do mundo as vésperas da Segunda Guerra Mundial.
4. Crise de 1929 A Grande Depressão iniciada nos EUA em 1929 alastrou-se por quase todo o mundo. Os fatores principais para a sua eclosão foram a superprodução não acompanhada pelo consumo e a especulação na Bolsa de Nova York. Após o Crash da Bolsa, os Estados Unidos enfrentaram onda de desemprego, falência de empresas, ruína dos bancos e miséria no campo. Na sequência desses eventos, a crise produziu graves efeitos na Europa e América.
criação do salário mínimo e de garantias mínimas aos aposentados e aos desempregados.
5. Nazismo e Fascismo No período entre as guerras, a Europa presenciou a ascensão de regimes de tendência fascista. Itália, Alemanha, Portugal e Espanha passaram a se submeter a práticas políticas que apresentavam alguns pontos em comum como: o culto ao líder, como no caso de Hitler, na Alemanha, e Mussolini, na Itália; o anticomunismo e o antiliberalismo; o culto ao Estado e o nacionalismo; a utilização da propaganda; a defesa de um projeto expansionista; a existência do partido único. O nacionalismo exacerbado e o projeto expansionista do fascismo Italiano e do Nazismo na Alemanha são fatores fundamentais para explicar a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
6. Segunda Guerra Mundial O maior conflito do século XX teve como principais causas as rivalidades acentuadas depois da Primeira Guerra, as disputas imperialistas, o acirramento das disputas econômicas geradas pela Crise de 1929 e pela ascensão e expansionismo dos regimes fascistas e do nazismo. De um lado, no conflito, estavam os aliados, formados por Inglaterra, França, EUA e URSS. Já seus opositores compunham o Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Se, entre 1939 e 1941, a Guerra foi caracterizada pelo avanço do Eixo, a situação reverteu-se a partir de 1942. A contenção das forças rivais pelos aliados teve como marco a Batalha de Stalingrado e o Dia D. Próximo ao final da Guerra, o Japão ainda resistia, mesmo após a derrota da Itália e da Alemanha, recorrendo aos ataques suicidas dos kamikazes. A rendição só ocorreu com o bombardeio atômico sobre Hiroshima e Nagasaki.
Legenda: As contradições da economia americana no contexto da Grande Depressão. .
Ainda durante o período da Grande Depressão, os norte-americanos elegeram o presidente Franklin Delano Roosevelt. Assim que tomou posse, colocou em prática o New Deal. Baseado nas ideias do Keynesianismo, o programa previa o abandono da postura liberal clássica, dando início a uma maior intervenção do Estado na economia americana. O objetivo dessas medidas era o de promover a recuperação e a reforma da economia americana, e, entre elas, é possível destacar: maior controle sobre bancos e instituições financeiras; construção de obras de infraestrutura com o objetivo de gerar empregos e aumentar o mercado consumidor; concessão de subsídios às indústrias e crédito agrícola visando ao controle da produção;
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Legenda: No caso da Espanha, o regime fascista do General Franco só alcançou o poder após a Guerra Civil Espanhola. O quadro Guernica, de Pablo Picasso, expressa a violência desse conflito.
7. Guerra Fria Entre o fim da Segunda Guerra e final dos anos 1980 ocorreu a bipolarização da geopolítica mundial. Durante a Guerra Fria, EUA e URSS buscaram manter um sistema para atender os seus interesses políticos e econômicos por meio do estabelecimento de áreas de influência. A polarização teve seu início ainda no final da Segunda Guerra e materializou-se na divisão
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Consolidação do capitalismo e suas contradições
dos blocos capitalista e socialista: EUA – Bloco Capitalista
URSS – Bloco Socialista
Doutrina Truman
Kominform
Plano Marshall
Comecon
OTAN
Pacto de Varsóvia
A construção do muro de Berlim completou essa tendência e tornou-se o grande símbolo do período. Apesar da rivalidade entre os dois lados, da corrida armamentista nuclear, da propaganda e da corrida espacial, o conflito direto entre os dois nunca ocorreu. Os principais lances da Guerra Fria, portanto, ocorreram, em sua maioria, nas áreas periféricas dos mundos capitalista e socialista. Como exemplo disso, pode-se citar:
CAPÍTULO 5
o movimento hippie, surgido nos EUA, que questionava a violência da Guerra do Vietnã. O Festival de Woodstock foi o maior símbolo dessa cultura que pregava a paz, o amor e a não-violência. o movimento liderado por Nelson Mandela na África do Sul, que lutava pela política de segregação oficial promovida pelo Estado, o Apartheid.
EXERCÍCIOS 1. (Unicamp 2019) A propaganda através de inscrições e desenhos em muros e paredes é uma parte integrante da Paris revolucionária de Maio de 1968. Ela se tornou uma atividade de massa, parte e parcela do método de autoexpressão da Revolução. (Adaptado de SOLIDARITY, Paris: maio de 68. São Paulo: Conrad, 2008, p. 15.)
a Revolução Comunista Chinesa, liderada por Mao Tsé-Tung; a Guerra da Coreia, que confirmou a divisão entre o Norte (socialista) e o Sul (capitalista); a Guerra do Vietnã, entre o Norte (socialista) e o Sul (capitalista); a Revolução Cubana, que levou ao poder Fidel Castro e a sequente associação de Cuba à URSS. A rivalidade entre os dois países (EUA e URSS) acentuou-se com a questão de Cuba e provocou um dos momentos mais tensos do período, a Crise dos Mísseis; o apoio norte-americano às Ditaduras da América do Sul. Em 1989, em meio à decadência e à fragmentação da URSS e ao fim da Cortina de Ferro no Leste europeu, a queda do muro de Berlim e a posterior reunificação da Alemanha colocaram fim à Guerra Fria.
8. Movimentos políticos e sociais do século XX Alguns movimentos de grupos minoritários, excluídos ou pouco valorizados também marcaram a história do século XX. Entre eles, pode-se citar: as Sufragistas, mulheres que defenderam o direito de voto feminino nas primeiras décadas do século. Mesmo com a conquista desse direito, a luta das mulheres por igualdade perpassou todo o século em busca da igualdade de direitos, por meio das várias ondas feministas; o movimento pelos direitos civis dos negros nos EUA. Tendo como figura principal o Reverendo Martin Luther King, lutava pelo fim da segregação racial presente nos EUA mesmo quase cem anos após a abolição da escravidão; os movimentos estudantis do ano de 1968. Influenciados pela Contracultura e pela Revolução Sexual, os jovens do mundo inteiro passaram a exigir novas formas de ação política, a questionar a sociedade patriarcal e a criticar a sociedade materialista e consumista. Naquele contexto, o grande marco foi o Maio de 68 em Paris;
Considerando o texto e a imagem anteriores, assinale a alternativa correta sobre o movimento de Maio de 1968. a) Influenciado pela política de Estado da União Soviética, as manifestações de 1968 foram desencadeadas pelos operários franceses, que exigiam melhores condições de trabalho, por meio das pichações em muros espalhados pela cidade. b) Influenciado pelo contexto cultural da Guerra Fria, as manifestações de 1968 tinham como palavras de ordem a liberdade de expressão política e sexual, como se via nas inscrições nos muros de Paris. c)
Influenciado pelos movimentos punk-anarquistas ingleses, as manifestações de 1968 na França foram responsáveis pelo enfraquecimento do então presidente Charles De Gaulle e seu lema aparecia em inscrições nos muros.
d) d) Influenciado por ideias esquerdistas, comunistas e anarquistas, as manifestações de 1968 ficaram restritas às camadas populares francesas, sendo que as inscrições nos muros das cidades indicavam o grupo social responsável.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA 2. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2018) “Com o recrudescimento das questões raciais e da violência contra os negros por organizações racistas como Klu Klux Klan, surgiram lideranças negras que enfrentaram as questões dos direitos civis e reagiram contra a violência policial. [...] Martin Luther King e Malcolm X, entre outros, tornaram-se essa voz e, atuando de formas diferentes, foram ambos revolucionários em suas ações em prol da causa dos negros e dos direitos civis nos EUA. Apenas as balas, os pararam. (...)” https://anos60.wordpress.com/2008/02/04/direitos-civisnos-eua-black-power/
da em que o consenso sobre sua validade e sua capacidade de reger os destinos da comunidade futura de todos os homens foi explicitamente declarado. [...] Somente depois da Declaração Universal é que podemos ter a certeza histórica de que a humanidade – toda a humanidade – partilha alguns valores comuns; e podemos, finalmente, crer na universalidade dos valores, no único sentido em que tal crença é historicamente legítima, ou seja, no sentido em que universal significa não algo dado objetivamente, mas algo subjetivamente acolhido pelo universo dos homens.
Acesso em: 03/11/2017
Sobre as estratégias utilizadas por esses líderes é CORRETO afirmar que elas eram: a) análogas, em razão das formas variadas de luta, que iam desde a união entre brancos e negros nos movimentos de rua, até ações para o convencimento de grupos de congressistas brancos, capazes de defender os direitos constitucionais dos negros. b) complementares, na medida em que as ações de Martin Luther King buscavam apaziguar os negros depois do enfrentamento nos movimentos de rua liderados por Malcolm X, e permitiam as mudanças constitucionais necessárias. c)
divergentes pois, enquanto Martin Luther King pregava a convivência entre brancos e negros e o pacifismo, com base em princípios cristãos, Malcolm X incitava a luta aberta dos negros contra os brancos, orientado por uma forte espiritualidade muçulmana.
d) convergentes, já que partiam do princípio da nãoviolência e apenas interferiam no andamento dos processos constitucionais através da representação de congressistas negros e, eventualmente, de senadores brancos democratas. 3. (Fuvest 2018) O futurismo de Marinetti e o fascismo de Benito Mussolini têm em comum a) a constatação da falência cultural da Itália, que se agarrou ao passado romano e ignorou os grandes avanços da Primeira Revolução Industrial. b) o desejo de proporcionar aos cidadãos italianos o acesso aos bens de consumo e a implantação do Estado de bemestar social. c)
o esforço de modernização cultural e a tentativa de demolir as edificações que restaram do passado romano.
d) a valorização e a adoção das bases e dos princípios das teorias revolucionárias anarquistas e socialistas. e) a glorificação da ideologia da guerra e da velocidade proporcionada pelos avanços técnicos e militares. 4. (Fuvest 2018) [...] a Declaração Universal representa um fato novo na história, na medida em que, pela primeira vez, um sistema de princípios fundamentais da conduta humana foi livre e expressamente aceito, através de seus respectivos governos, pela maioria dos homens que vive na Terra. Com essa declaração, um sistema de valores é – pela primeira vez na história – universal, não em princípio, mas de fato, na medi-
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N. Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
A Declaração Universal mencionada no texto a) foi instituída no processo da Revolução Francesa e norteou os movimentos feministas, sufragistas e operários no decorrer do século XIX. b) assemelhou-se ao universalismo cristão, que também resultou no estabelecimento de um conjunto de valores partilhado pela humanidade. c)
desenvolveu-se com a inclusão de princípios universais pelos legisladores norte-americanos e influenciou o abolicionismo nos Estados Unidos.
d) foi aprovada pela Organização das Nações Unidas e serviu como referência para grupos que lutaram pelos direitos de negros, mulheres e homossexuais na década de 1960. e) originou-se do jusnaturalismo moderno e consolidou-se com o movimento ilustrado e o despotismo esclarecido ao longo do século XVIII. 5. (Enem 2012)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Consolidação do capitalismo e suas contradições
Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Furer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar. COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: www. revistastart.com.br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado).
c)
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morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
d) execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas. e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças norte-americanas. 8. (Enem 2ª aplicação 2016)
A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial. b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. c)
o poder soviético, durante a Guerra Fria.
d) o movimento comunista, na Segunda Guerra do Vietnã. e) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001. 6. (Enem 2017) O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno – o único que é importante – pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições de emprego. CROUZET, M. Os Estados perante a crise, In: História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1977 (adaptado).
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela a) ampliação da Guerra do Vietnã. b) construção do muro de Berlim.
Tendo como referência os condicionantes históricos do entreguerras, as medidas governamentais descritas objetivavam
c)
a) flexibilizar as regras do mercado financeiro.
e) invasão do território do Afeganistão.
b) fortalecer o sistema de tributação regressiva. c)
introduzir os dispositivos de contenção creditícia.
d) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical. e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal. 7. (Enem 2017) Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria dos próprios cientistas europeus passou a reconhecer o caráter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem branco e a condenar as aberrações cometidas em seu nome. SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, nº 23, 1999(adaptado).
A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948 foi motivada por acontecimentos então recentes, dentre os quais se destacava o(a) a) ataque feito pelos japoneses à base militar americana de Pearl Harbor. b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
instalação de mísseis em Cuba.
d) eclosão da Guerra dos Sete Dias.
9. (Enem PPL 2016) A Guerra Fria foi, acima de tudo, um produto da heterogeneidade no sistema internacional – para repetir, da heterogeneidade da organização interna e da prática internacional – e somente poderia ser encerrada pela obtenção de uma nova homogeneidade. O resultado disto foi que, enquanto os dois sistemas distintos existiram, o conflito da Guerra Fria estava destinado a continuar: a Guerra Fria não poderia terminar com o compromisso ou a convergência, mas somente com a prevalência de um destes sistemas sobre o outro. HALLIDAY, F. Repensando as relações internacionais. Porto Alegre: EdUFRGS, 1999.
A caracterização da Guerra Fria apresentada pelo texto implica interpretá-la como um(a) a) esforço de homogeneização do sistema internacional negociado entre Estados Unidos e União Soviética. b) guerra, visando o estabelecimento de um renovado sistema social, híbrido de socialismo e capitalismo. c)
conflito intersistêmico em que países capitalistas e socialistas competiriam até o fim pelo poder de influência em escala mundial.
d) compromisso capitalista de transformar as sociedades homogêneas dos países socialistas em democracias liberais.
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Consolidação do capitalismo e suas contradições
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e) enfrentamento bélico entre capitalismo e socialismo pela homogeneização social de suas respectivas áreas de influência política. 10. (Enem PPL 2016) No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma, em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell Impero; a nova Vida Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo italiano. Às sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma, que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens fortes; seus grandes poetas e apólogos como Horácio e Virgílio. SILVA, G. História antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado).
12. (Enem 2015) A participação da África na Segunda Guerra Mundial deve ser apreciada sob a ótica da escolha entre vários demônios. O seu engajamento não foi um processo de colaboração com o imperialismo, mas uma luta contra uma forma de hegemonia ainda mais perigosa. MAZRUI, A. “Procurai primeiramente o reino do político...” In: MAZRUI, A., WONDJI, C. (Org.). Historia geral da África: África desde 1925. Brasília: Unesco, 2010.
Para o autor, a “forma de hegemonia” e uma de suas características que explicam o engajamento dos africanos no processo analisado foram: a) Comunismo / rejeição da democracia liberal. b) Capitalismo / devastação do ambiente natural.
A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de
c)
a) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida.
e) Colonialismo / imposição da missão civilizatória.
b) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político. c)
Fascismo / adoção do determinismo biológico.
d) Socialismo / planificação da economia nacional.
13. (Enem PPL 2014)
difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais.
d) refazer o urbanismo clássico para favorecer a participação política. e) recompor a organização republicana para fortalecer a administração estatal. 11. (Enem PPL 2015) A conquista pelos ingleses de grandes áreas da Índia deu o impulso inicial à produção e venda organizada de ópio. A Companhia das Índias Orientais obteve o monopólio da compra do ópio indiano e depois vendeu licenças para mercadores selecionados, conhecidos como “mercadores nativos”. Depois de vender ópio na China, esses mercadores depositavam a prata que recebiam por ele com agentes da companhia em Cantão, em troca de cartas de crédito; a companhia, por sua vez, usava a prata para comprar chá, porcelana e outros artigos que seriam vendidos na Inglaterra. SPENCE, J. Em busca da China moderna. São Paulo: Cia. das Letras, 1996 (adaptado).
A análise das trocas comerciais citadas permite interpretar as relações de poder que foram estabelecidas. A partir desse pressuposto, o processo sócio-histórico identificado no texto é
Nos quadrinhos, faz-se referência a um evento que correspondia a um dos grandes medos da população mundial no período da Guerra Fria. Durante esse período, a possibilidade de ocorrência desse evento era grande em função do(a)
a) a expansão político-econômica de países do Oriente, iniciada nas últimas décadas do século XX.
a) acirramento da rivalidade Norte-Sul.
b) a consolidação do cenário político entreguerras, na primeira metade do século XX. c)
o colonialismo europeu, que marcou a expansão europeia no século XV.
d) o imperialismo, cujo ápice ocorreu na segunda metade do século XIX. e) as libertações nacionais, ocorridas na segunda metade do século XX.
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b) intensificação da corrida armamentista. c)
ocorrência de crises econômicas globais.
d) emergência de novas potências mundiais. e) aprofundamento de desigualdades sociais. 14. (Enem PPL 2014) Em busca de matérias-primas e de mercados por causa da acelerada industrialização, os europeus retalharam entre si a África. Mais do que alegações econômicas, havia justificativas políticas, científicas, ideológicas e até
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filantrópicas. O rei belga Leopoldo lI defendia o trabalho missionário e a civilização dos nativos do Congo, argumento desmascarado pelas atrocidades praticadas contra a população. NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente mutilado. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 75, dez. 2011 (adaptado).
A atuação dos países europeus contribuiu para que a África – entre 1880 e 1914 – se transformasse em uma espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi motivado pelo(a) a) busca de acesso à infraestrutura energética dos países africanos. b) tentativa de regulação da atividade comercial com os países africanos. c)
resgate humanitário das populações africanas em situação de extrema pobreza.
d) domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias. e) necessidade de expandir as fronteiras culturais da Europa pelo contato com outras civilizações. 15. (Enem 2014) Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que a) difundiu as teorias socialistas. b) acirrou as disputas territoriais. c)
superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenófobos. 16. (Enem PPL 2014) Em dezembro de 1945, começou uma greve de dois meses no principal porto da África Ocidental Francesa, Dacar. As autoridades só conseguiram levar os grevistas de volta ao trabalho com grandes aumentos de salário e, o que é ainda mais importante, pondo em prática todo o aparato de relações industriais usado na França – em resumo, agindo como se os grevistas fossem modernos operários industriais.
c)
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resistência organizada dos trabalhadores nativos.
d) concessão pessoal dos empresários imperialistas. e) baixa lucratividade dos empreendimentos capitalistas. 17. (Enem PPL 2013) A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor; o poder deve ser usado; seus concorrentes imperiais não são dignos; suas colônias devem crescer, prosperar e continuar ligadas a ela. Somos dominantes, porque temos o poder (industrial, tecnológico, militar, moral), e elas não; elas são inferiores; nós, superiores, e assim por diante. SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995 (adaptado).
O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências europeias para dominação de regiões na África e na Ásia, a partir de 1870. Tais argumentos justificavam suas ações imperialistas, concebendo-as como parte de uma a) cruzada religiosa. b) catequese cristã. c)
missão civilizatória.
d) expansão comercial ultramarina. e) política exterior multiculturalista. 18. (Enem 2013) As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo — incluindo 40 brasileiros — tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas. SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).
A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a) a) crítica ao stalinismo. b) combate ao fascismo. c)
rejeição ao federalismo.
d) apoio ao corporativismo. e) adesão ao anarquismo. 19. (Enem 2018)
COOPER, F.; HOLT, T.; SCOTT. R. Além da escravidão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005 (adaptado).
Durante o neocolonialismo, o trabalho forçado – que não se confunde com a escravidão – foi uma constante em diversas regiões do continente africano até o século XX. De acordo com o texto, sua superação deriva da a) crítica moral da intelectualidade metropolitana. b) pressão articulada dos organismos multilaterais.
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CAPÍTULO 5
Consolidação do capitalismo e suas contradições
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais. b) à organização partidária da juventude comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado. c)
à unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.
d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais. e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes. Esse ônibus relaciona-se ao ato praticado, em 1955, por Rosa Parks, apresentada em fotografia ao lado de Martin Luther King. O veículo alcançou o estatuto de obra museológica por simbolizar o(a) a) impacto do medo da corrida armamentista. b) democratização do acesso à escola pública. c)
preconceito de gênero no transporte coletivo.
d) deflagração do movimento por igualdade civil. e) eclosão da rebeldia no comportamento juvenil. 20. (Enem 2012)
21. (Enem PPL 2012) A primeira produção cinematográfica de propaganda nitidamente antissemita foi Os Rotschilds (1940), de Erich Waschneck. Ambientado na Europa conturbada pelas guerras napoleônicas, o filme mostrava como essa importante família de banqueiros judeus beneficiou-se das discórdias entre as nações europeias, acumulando fortuna à custa da guerra, do sofrimento e da morte de milhões de pessoas. O judeu é retratado como uma criatura perigosa, de mãos aduncas, rosto encarniçado e olhar sádico e maléfico. PEREIRA, W. “Cinema e genocídio judaico: dimensões da memória audiovisual do nazismo e do holocausto”. In: Educando para a cidadania e a democracia. 6ª Jornada Interdisciplinar. Rio de Janeiro: SME; UERJ, jun 2009 (fragmento).
Os Rotschiids foi produzido na Alemanha nazista. A partir do texto e naquela conjuntura política, o principal objetivo do filme foi a) defender a liberdade religiosa. b) controlar o genocídio racial. c)
aprofundar a intolerância étnica.
d) legitimar o expansionismo territorial. e) contestar o nacionalismo autoritário. 22. (Enem PPL 2012) Em 1937, Guernica, na Espanha, foi bombardeada sob o comando da força aérea da Alemanha nazista, que apoiou os franquistas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como ”Quando penso em revolução quero fazer amor“, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Consolidação do capitalismo e suas contradições
CAPÍTULO 5
A pintura-mural de Picasso e a fotografia retratam os efeitos do bombardeio, ressaltando, respectivamente: a)
Crítica social – conformismo político.
b)
Percepção individual – registro histórico.
c)
Realismo acrítico – idealização romântica.
d)
Sofrimento humano – destruição material.
e)
Objetividade artística – subjetividade jornalística.
23. (Enem 2018) Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela imediata hostilidade norte-americana em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio econômico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos – e depois com seus herdeiros russos – por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era oferecido em nome da solidariedade socialista tinha um preço definido. PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul 2014 (adaptado).
O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a) a)
busca da neutralidade política.
b)
estímulo à competição comercial.
c)
subordinação à potência hegemônica.
d)
elasticidade das fronteiras geográficas.
e)
compartilhamento de pesquisas científicas.
GABARITO 1
B
7
D
13
B
19
D
2
C
8
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14
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20
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16
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D
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B
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CAPÍTULO 6 As marcas da colonização do Brasil TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 6
As marcas da colonização do Brasil Entre a chegada de Cabral em 1500 e a vinda da família real portuguesa em 1808, o Brasil foi colonizado por Portugal. Para muitos historiadores, esse foi um período em que a economia e a política brasileira foram ditadas pela lógica da colonização portuguesa, ou seja, o Brasil estava submetido exclusivamente aos interesses impostos por sua metrópole. No entanto, como afirmam outros especialistas, apesar das determinações portuguesas, a vida na colônia era mais complexa e determinada também por forças ligadas aos grandes proprietários de terra, aos grupos médios, aos escravos, aos homens livres pobres e aos grupos indígenas. O período colonial, um dos temas mais cobrados no ENEM, é bastante longo. Entretanto, alguns temas são mais recorrentes nas questões do exame. Alguns aspectos da economia, da sociedade, da política e da religião são privilegiados e serão abordados a seguir.
1. O encontro entre as culturas O primeiro contato entre portugueses e nativos foi marcado pela incompreensão da cultura por parte dos dois lados. Não havia como indígenas e europeus explicarem a novidade com a qual se depararam naqueles primeiros momentos. Sendo assim, não foi possível entender aquilo que era específico da cultura do outro, e é comum a afirmação de que não houve alteridade nesses contatos inicias. Quando isso ocorre, a tendência é de que a cultura do outro seja negada ou considerada inferior. É possível perceber esse fato nas palavras de um dos primeiros cronistas dessa história, Pero de Magalhães Gândavo: “A língua de que usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente.” GANDAVO, P M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil.
Dessa forma, o nativo e a nova terra foram descritos a partir dos quadros mentais dos próprios europeus. Os recém-chegados buscaram naquilo que já acreditavam as explicações para o novo mundo com que se deparavam. Por isso, são comuns descrições associando o Brasil e os povos nativos a Adão e o Paraíso, ao mesmo tempo em que os nativos também foram retratados como infernais e monstruosos.
40 História | Curso Enem 2019
2. Política Colonial A história da política e da administração no Brasil Colonial foi marcada por uma disputa constante entre as forças do poder público e do privado. A distância de Portugal e a extensão do território dificultavam a atuação dos representantes da Coroa. Dessa forma, as determinações metropolitanas nem sempre foram cumpridas, e o que se viu, em muitos momentos, foi a predominância dos interesses privados locais em detrimento do poder público. Por um lado, a Coroa esforçava-se para se fazer presente, criando estruturas de poder como as Capitanias Hereditárias, o Governo Geral e as Câmaras Municipais. Em contrapartida, os poderes particulares apropriavam-se dessas mesmas estruturas em benefício próprio. Esse embate deu origem ao conceito do “homem cordial”. Para Sérgio Buarque de Holanda, o homem cordial é aquele que privilegia os interesses privados acima dos demais. As relações pessoais de proximidade e as familiares são, para o homem cordial, mais importantes do que as demais. O termo cordial foi utilizado por sua etimologia ser a mesma da palavra coração; o brasileiro seria, então, afetuoso e emotivo. A grande crítica do autor, entretanto, encontra-se no fato de que esse apego pelo privado é nocivo às relações no mundo público, em especial na política. Para ele, o homem cordial é avesso às regras e às normas e nem sempre age de acordo com o que seria o interesse público, devido a essa supremacia dos valores do mundo privado. Dessa forma, a cordialidade do brasileiro é vista com prejudicial e pode ser associada a práticas comuns na política nacional, como a corrupção e o nepotismo, já que os limites entre público e privado não são tão nítidos por aqui. Em outras palavras: “Dominado pelo coração, mobilizado pelo fundo emotivo de seus afetos, o homem cordial é uma anomalia política por sua particular compreensão do mundo público, contaminada, desde o início, pela compulsão que ele sente de estender seus direitos individuais sobre esse mundo, fazendo dele um mero apêndice, o prolongamento de seus interesses particulares e de suas relações pessoais.” (STARLING, Heloísa; SCHWARCZ Lília Moritz. Medos privados em lugares públicos. Homem cordial assombra biografias)
Em vários momentos, a Coroa buscou reforçar a opressão sobre o Brasil visando suprimir essas forças locais. A administração do ministro português Marquês de Pombal foi um desses momentos. No entanto, essas tentativas nem sempre foram efetivas e, quando muito excessivas, geraram diversos movimentos de contestação à ordem colonial. As revoltas do
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Asmarcas marcasda dacolonização colonizaçãodo doBrasil Brasil As
período colonial são o lado mais evidente desse choque. As duas mais importantes foram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. A primeira, reprimida em 1789, foi um movimento de membros da elite descontentes com práticas consideradas injustas ou excessivas por parte da Coroa no contexto da exploração do Ouro em Minas Gerais. O alferes Tiradentes é lembrado até hoje como o grande ícone desse movimento. Vale recordar que, no entanto, a sua imagem heroica foi construída apenas no período republicano da história do Brasil. Parte dos inconfidentes defendiam ainda a separação da região em relação a Portugal e a proclamação de uma República em Minas. Na Bahia, o movimento de 1798, foi mais radical. Apesar de contar com a participação da elite local, a Conjuração apresentou um caráter popular. A participação de homens pobres livres, ex-escravos e escravos fez com que os rebeldes questionassem não apenas os excessos da Coroa, mas também a própria ordem escravista.
3. Economia Colonial A economia colonial deveria obedecer à lógica determinada pelas práticas mercantilistas. Dessa forma, a produção da colônia deveria atender às necessidades de Portugal, oferecendo melhores condições comerciais do que os demais países. As primeiras relações econômicas entre os dois mundos só puderam acontecer a partir do momento em que uma pequena compreensão das realidades tão distintas passaram a ocorrer. Entre 1500 e 1530, tupis e portugueses estabeleceram relações políticas e econômicas que giravam em torno de dois eixos. Politicamente, as tradições de associação já existentes entre as tribos locais foram mantidas nas relações com os portugueses. Na economia, a troca do pau brasil por instrumentos de metal, machados em sua maioria, foi a base das relações entre europeus e ameríndios. A madeira, de alto valor na Europa devido à tinta dela extraída, era levada até o litoral pelos nativos, trocada com os portugueses pelos materiais supracitados, armazenada nas Feitorias e posteriormente levada a Portugal. Apesar de a extração do Pau Brasil ter prosseguido até o século XIX, ainda em meados do século XVI, a produção do açúcar ganhou impulso na colônia. A agromanufatura do açúcar predominou na região Nordeste e caracterizou-se, basicamente, pela estrutura latifundiária, escravista e exportadora. O trabalho escravo do nativo foi utilizado até o fim do século XVI, quando começou a ser substituído pelo trabalho do escravo africano. Os engenhos eram complexos e empregavam trabalhadores livres, especializados, homens e mulheres. A riqueza gerada pelo açúcar no Nordeste despertou atenção dos rivais europeus de Portugal. No século XVII, os holandeses invadiram duas vezes a região, e, no caso da invasão iniciada em Pernambuco, dominaram a área entre 1630 e 1654. Antigos aliados dos portugueses, os holandeses ameaçaram as áreas coloniais no contexto da União Ibérica, enquanto o trono da Espanha controlava os dois reinos ibéricos. Naquele momento, a rivalidade entre Holanda e Espanha levou ao ataque do Nordeste brasileiro e das posses portuguesas na África. O período de ocupação holandesa ficou marcado pelas realizações do representante da Companhia das Índias Ocidentais, Maurício de Nassau.
CAPÍTULO 6
No século XVIII, a região de Minas Gerais transformou-se em um importante centro econômico da colônia em decorrência da extração do ouro. Os bandeirantes, originários de São Paulo, ao saírem em busca de metais preciosos e da captura de nativos, acabaram descobrindo ouro nessas regiões do Brasil. A descoberta do metal promoveu um grande afluxo populacional para a região, impulsionou a interligação entra várias áreas da colônia e a construção de estradas para facilitar o transporte de pessoas e mercadorias até as regiões de mineração. A participação dos tropeiros foi fundamental para efetivar essa aproximação naquele contexto. A sociedade formada em Minas foi mais urbana do que as do restante da colônia e, como consequência, havia maior diversidade social e mobilidade espacial. As crises de abastecimento e os altos impostos também eram comuns, colaborando para revoltas e agitação social. Apesar de a lógica do colonialismo basear-se nas relações de dependência entre Portugal e Brasil, os historiadores têm revelado novos aspectos desse universo. Com o avanço tecnológico, que permite uma análise mais minuciosa das estatísticas da economia colonial, perspectivas desconhecidas abriram-se para o estudo das relações econômicas. Dessa forma, a diversidade da economia colonial vem sendo descoberta. Em muitos momentos, foi possível observar que a geração de riqueza no interior da colônia independia da relação com a metrópole e que a riqueza interna no Brasil superava aquela produzida por Portugal. O historiador Jorge Caldeira afirma: "Com a acumulação dos dados, ficou cada vez mais evidente que, no final do século 18, a economia colonial brasileira era pujante, e pujante em decorrência do crescimento do seu mercado interno. Mais ainda, era uma economia bem maior que a da metrópole" CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil
4. Sociedade Colonial A sociedade formada durante os séculos de colonização tentava reproduzir os padrões da sociedade do Antigo Regime europeu. Os princípios aristocráticos influenciaram a elite colonial e, na ausência de uma nobreza de sangue no Brasil, o status era determinado pela posse de escravos. A clássica passagem a seguir comprova essa noção: "Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda." (Antonil, Cultura e Opulência do Brasil, 1711.)
Outra marca do mundo colonial presente até a atualidade é a do patriarcalismo. O poder político e econômico, a influência e a autoridade sobre trabalhadores e dependentes estavam, em geral, concentrados naqueles homens, chefes de família e proprietários de terra. De acordo com a historiadora Mary Del Priore: “Tanto no interior quanto no litoral, ele garantia a união entre parentes, a obediência dos escravos e a influência política de um grupo familiar sobre os demais. Uma grande família impunha sua lei e ordem nos domínios que lhe pertenciam. O chefe cuidava dos negócios e tinha absoluta autoridade sobre a mulher, filhos, escravos, empregados e agregados. Essa autoridade se estendia também a parentes, filhos ilegítimos ou os de criação, afilhados. Sua influência era enorme e se esten-
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CAPÍTULO 6
As marcas da colonização do Brasil TRODUÇÃO À FILOSOFIA
dia, muitas vezes, aos vizinhos.” (DEL PRIORE, Mary. Histórias da Gente Brasileira - Colônia - Vol. 1. Casa da Palavra)
O pintor francês, Jean Baptiste Debret, expressou em suas obras diversos aspectos da vida no Brasil do século XIX e, na aquarela Um funcionário brasileiro a passeio com sua família, conseguiu representar sua visão sobre a sociedade da época.
5. Religião no Brasil Colonial As práticas religiosas na colônia deveriam seguir as determinações do Concílio de Trento, realizado no contexto da Contrarreforma. Dessa forma, a religião católica era a única permitida na colônia. Enquanto práticas como as dos cristãos novos, dos protestantes, dos nativos e dos povos africanos deveriam ser reprimidas, o catolicismo romano deveria ser disseminado. Os principais responsáveis por essa expansão foram os jesuítas. A Companhia de Jesus enviou religiosos para o Brasil com o objetivo de catequizar os povos nativos e controlar da educação dos colonos. O esforço dos jesuítas nas Missões acabou promovendo a aculturação dos indígenas e a consequente perda de traços das culturas nativas. Apesar da violência envolvida nesse processo, os religiosos foram muitas vezes responsáveis pela defesa dos índios diante das tentativas de escravização promovidas pelos colonos. A força do catolicismo não impediu, no entanto, a disseminação de práticas de origem africana e ameríndia. A presença reduzida de padres em uma área tão extensa fez com que muitas das práticas desses povos sobrevivessem ou se fundissem com as do cristianismo por meio do sincretismo. O culto das Santidades é um desses exemplos: “O culto da Santidade parece ter sido uma combinação da crença dos tupinambás em um paraíso terrestre com a hierarquia e os ícones do catolicismo. Centrava-se em ídolos feitos de cabaças ou pedras, dos quais se dizia possuírem poderes sagrados. Em honra aos santos entoavam novos cânticos e realizavam cerimônias que podiam durar dias a fio e onde se consumia grande quantidade de bebida alcoólica e infusões de tabaco. Aparentemente esses rituais visavam a introduzir transes catatônicos nos participantes." (SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos. Companhia Das Letras.)
6. O papel da mulher no mundo colonial Em grande parte, a atuação da mulher no período colonial restringiu-se ao mundo privado. Apesar de alguns registros li-
42 História | Curso Enem 2019
gados à atuação das mulheres como figuras políticas públicas e de papel relevante nas atividades econômicas, sua posição ainda era tida como inadequada para tais atividades. Sendo assim, como descreve a historiadora Mary Del Priore, o cotidiano da mulher era caracterizado da seguinte forma: “A educação das meninas devia evitar que elas se tornassem "um instrumento do demônio" - como dizia um padre da época. Por isso mesmo deveriam seguir regras particulares que lhes dariam certos "divertimentos e a certos pecados ocultos". Já um manual pedagógico de 1783 recomendava às mães que amassem "o retiro de sua casa e a ocupação", pois apenas o trabalho e o enclausuramento serviriam como remédio para o seu temperamento desregrado. As mães deveriam, também, conservar as meninas em sua companhia, evitando o contato com outras meninas "que lhes ensinem o que nunca devem saber sobre os meninos"! Deveriam ensinar-lhes a falar pouco, com discrição e apenas sobre assuntos "úteis e honestos". Não podiam vestir-se para agradar os rapazes, nem ler "romances, nem comédias, nem poesias perigosas onde se pintam as paixões com representações imodestas". Dançar seria considerado "indigníssimo", pois a dança é um "laço do Demônio do qual raramente se sai tão puro quanto se entra". A mãe que conduzisse sua filha a espetáculos, como a ópera ou o teatro, a estaria "conduzindo a um precipício". Era, ainda, considerado um defeito gravíssimo uma menina olhar fixamente um homem. A preocupação em preservar a pureza da jovem relacionava-se com a preocupação em torná-la um "bom partido", sobretudo se pertencesse à elite senhorial. Mantendo-a alheia a toda informação que o teatro ou a leitura pudesse trazer, a família garantia seu comportamento submisso ao pai, e, mais tarde, ao esposo.” https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/antes-lei-palmadas-mary-del-priore.phtm
Exercícios 01. (Unicamp 2019) Tanto que se viu a abundância do ouro que se tirava e a largueza com que se pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às Minas Gerais o melhor que chega nos navios do Reino e de outras partes. De todas as partes do Brasil, se começou a enviar tudo o que dá a terra, com lucro não somente grande, mas excessivo. Daqui se seguiu, mandarem-se às Minas Gerais as boiadas de Paranaguá, e às do rio das Velhas, as boiadas dos campos da Bahia, e tudo o mais que os moradores imaginaram poderia apetecer-se de qualquer gênero de cousas naturais e industriais, adventícias e próprias. (Adaptado de André Antonil, Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia-Edusp, 1982, p. 169-171.)
Sobre os efeitos da descoberta das grandes jazidas de metais e pedras preciosas no interior da América portuguesa na formação histórica do centro-sul do Brasil, é correto afirmar que: a) A demanda do mercado consumidor criado na zona mineradora permitiu a conexão entre diferentes partes da Colônia que até então eram pouco integradas. b) A partir da criação de rotas de comércio entre os campos do sul da Colônia e a região mineradora, Sorocaba e suas feiras perderam a relevância econômica adquirida no século XVII.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA As marcas da colonização do Brasil
c)
O desenvolvimento socioeconômico da região das minas e do centro-sul levou a Coroa a deslocar a capital da Colônia de Salvador para Ouro Preto em 1763.
d) Como o solo da região mineradora era infértil, durante todo o século XVIII sua população importava os produtos alimentares de Portugal ou de outras capitanias. 02. (Fuvest 2018) A respeito dos espaços econômicos do açúcar e do ouro no Brasil colonial, é correto afirmar:
a) Trata-se de uma característica central do sistema colonial moderno e um elemento constitutivo das práticas mercantilistas do Antigo Regime, que considera fundamental a dinâmica interna da economia colonial. b) Definia-se por um sistema baseado em dois polos: um centro de decisão, a metrópole, e outro subordinado, a colônia. Esta submetia-se à primeira através de uma série de mecanismos político-institucionais. c)
a) A pecuária no sertão nordestino surgiu em resposta às demandas de transporte da economia mineradora. b) A produção açucareira estimulou a formação de uma rede urbana mais ampla do que a atividade aurífera. c)
O custo relativo do frete dos metais preciosos viabilizou a interiorização da colonização portuguesa.
d) A mão de obra escrava indígena foi mais empregada na exploração do ouro do que na produção de açúcar. e) Ambas as atividades produziram efeitos similares sobre a formação de um mercado interno colonial. 03. (Fuvest 2015) Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes. ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.
CAPÍTULO 6
Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a presença do Marquês de Pombal na colônia.
d) A noção de pacto colonial é um projeto embrionário de Estado que acomodava as tensões surgidas entre os interesses metropolitanos e coloniais, ao privilegiar as experiências do “viver em colônia”. 05. (Enem 2018) Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens brancos. CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013 (adaptado).
A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava um(a) a) expressão do valor das festividades da população pobre. b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.
O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que
c)
a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar.
d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.
b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole.
e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.
c)
06. (Enem 2016)
não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior.
d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas. e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados internacionais. 04. (Unicamp 2016) Os estudos históricos por muito tempo explicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da noção de pacto colonial ou exclusivo comercial. Sobre esse conceito, é correto afirmar que:
estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
Texto I Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro. SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
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CAPÍTULO 6
As marcas da colonização do Brasil TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Texto II Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas. SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado. b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias. c)
compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval. e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza. 07. (Enem 2ª aplicação 2016) Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia tinha acabado de passar por uma explosão populacional. Em pouco mais de cem anos, o número de habitantes aumentara dez vezes. GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008 (adaptado).
A alteração demográfica destacada no período teve como causa a atividade a) cafeeira, com a atração da imigração europeia. b) industrial, com a intensificação do êxodo rural. c)
mineradora, com a ampliação do tráfico africano.
d) canavieira, com o aumento do apresamento indígena.
a) eliminar a hierarquia militar. b) abolir a escravidão africana. c)
anular o domínio metropolitano.
d) suprimir a propriedade fundiária. e) extinguir o absolutismo monárquico. 09. (Enem 2015) A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida. GÂNDAVO, P M. A primeira historia do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).
A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras. b) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização. c)
superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses. e) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa. 10. (Enem PPL 2014) Os holandeses desembarcaram em Pernambuco no ano de 1630, em nome da Companhia das Índias Ocidentais (WIC), e foram aos poucos ocupando a costa que ia da foz do Rio São Francisco ao Maranhão, no atual Nordeste brasileiro. Eles chegaram ao ponto de destruir Olinda, antiga sede da capitania de Duarte Coelho, para erguer no Recife uma pequena Amsterdã. NASCIMENTO, R. L. X. A toque de caixas. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 6, n. 70, jul. 2011.
e) manufatureira, com a incorporação do trabalho assalariado.
Do ponto de vista econômico, as razões que levaram os holandeses a invadirem o nordeste da Colônia decorriam do fato de que essa região
08. (Enem 2016) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contestação política na América Portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua decorrência.
a) era a mais importante área produtora de açúcar na América portuguesa.
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000.
d) representava o principal entreposto de escravos africanos para as Américas.
A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de
44 História | Curso Enem 2019
b) possuía as mais ricas matas de pau-brasil no litoral das Américas. c)
contava com o porto mais estratégico para a navegação no Atlântico Sul.
e) constituía um reduto de ricos comerciantes de açúcar de origem judaica.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA As marcas da colonização do Brasil
11. (Enem PPL 2014) Áreas em estabelecimento de atividades econômicas sempre se colocaram como grande chamariz. Foi assim no litoral nordestino, no início da colonização, com o pau-brasil, a cana-de-açúcar, o fumo, as produções de alimentos e o comércio. O enriquecimento rápido exacerbou o espírito de aventura do homem moderno. FARIAS, S. C. A Colônia em movimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).
O processo descrito no texto trouxe como efeito o(a) a) acumulação de capitais na Colônia, propiciando a criação de um ambiente intelectual efervescente. b) surgimento de grandes cidades coloniais, voltadas para o comércio e com grande concentração monetária. c)
concentração da população na região litorânea, pela facilidade de escoamento da produção.
d) favorecimento dos naturais da Colônia na concessão de títulos de nobreza e fidalguia pela Monarquia. e) construção de relações de trabalho menos desiguais que as da Metrópole, inspiradas pelo empreendedorismo. 12. (Enem PPL 2014) Quando Deus confundiu as línguas na torre de Babel, ponderou Filo Hebreu que todos ficaram mudos e surdos, porque, ainda que todos falassem e todos ouvissem, nenhum entendia o outro. Na antiga Babel, houve setenta e duas línguas; na Babel do rio das Amazonas, já se conhecem mais de cento e cinquenta. E assim, quando lá chegamos, todos nós somos mudos e todos eles, surdos. Vede agora quanto estudo e quanto trabalho serão necessários para que esses mudos falem e esses surdos ouçam. VIEIRA, A. Sermões pregados no Brasil. In: RODRIGUES. J. H. História viva. São Paulo: Global, 1985 (adaptado).
No decorrer da colonização portuguesa na América, as tentativas de resolução do problema apontado pelo padre Antônio Vieira resultaram na a) ampliação da violência nas guerras intertribais. b) desistência da evangelização dos povos nativos. c)
indiferença dos jesuítas em relação à diversidade de línguas americanas.
d) pressão da Metrópole pelo abandono da catequese nas regiões de difícil acesso. e) sistematização das línguas nativas numa estrutura gramatical facilitadora da catequese. 13. (Enem 2013) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.
CAPÍTULO 6
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos. b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa. c)
Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia. e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho. 14. (Enem PPL 2013) Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que aprendam a falar. COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.
O documento destaca um aspecto cultural relevante em torno da conquista da América, que se encontra expresso em: a) Deslumbramento do homem branco diante do comportamento exótico das tribos autóctones. b) Violência militarizada do europeu diante da necessidade de imposição de regras aos ameríndios. c)
Cruzada civilizacional frente à tarefa de educar os povos nativos pelos parâmetros ocidentais.
d) Comportamento caridoso dos governos europeus diante da receptividade das comunidades indígenas. e) Compromisso dos agentes religiosos diante da necessidade de respeitar a diversidade social dos índios. 15. (Enem PPL 2013) É preciso ressaltar que, de todas as capitanias brasileiras, Minas era a mais urbanizada. Não havia ali hegemonia de um ou dois grandes centros. A região era repleta de vilas e arraiais, grandes e pequenos, em cujas ruas muita gente circulava. PAIVA, E. F. O ouro e as transformações na sociedade colonial. São Paulo: Atual, 1998.
As regiões da América portuguesa tiveram distintas lógicas de ocupação. Uma explicação para a especificidade da região descrita no texto está identificada na a) apropriação cultural diante das influências externas. b) produção manufatureira diante do exclusivo comercial. c)
insubordinação religiosa diante da hierarquia eclesiástica.
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 6
As marcas da colonização do Brasil TRODUÇÃO À FILOSOFIA
d) fiscalização estatal diante das particularidades econômicas.
18. (Enem PPL 2012)
e) autonomia administrativa diante das instituições metropolitanas. 16. (Enem PPL 2012) Em teoria, as pessoas livres da Colônia foram enquadradas em uma hierarquia característica do Antigo Regime. A transferência desse modelo, de sociedade de privilégios, vigente em Portugal, teve pouco efeito prático no Brasil. Os títulos de nobreza eram ambicionados. Os fidalgos eram raros e muita gente comum tinha pretensões à nobreza. FAUSTO, B. História do Brasil. (São Paulo: Edusp; Fundação do Desenvolvimento da Educação).
Ao reelaborarem a lógica social vigente na metrópole, os sujeitos do mundo colonial construíram uma distinção que ordenava a vida cotidiana a partir da a) concessão de títulos nobiliárquicos por parte da Igreja Católica. b) afirmação de diferenças fundadas na posse de terras e de escravos. c)
imagem do Rei e de sua Corte como modelo a ser seguido.
d) miscigenação associada a profissões de elevada qualificação. e) definição do trabalho como princípio ético da vida em sociedade. 17. (Enem PPL 2012) Dos senhores dependem os lavradores que têm partidos arrendados em terras do mesmo engenho; e quanto os senhores são mais possantes e bem aparelhados de todo o necessário, afáveis e verdadeiros, tanto mais são procurados, ainda dos que não têm a cana cativa, ou por antiga obrigação, ou por preço que para isso receberam. ANTONIL, J. A. Cultura e opulência no Brasil [1711]. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1987 (adaptado).
Segundo o texto, a produção açucareira no Brasil colonial era
O desenho retrata a fazenda de São Joaquim da Grama com a casa-grande, a senzala e outros edifícios representativos de uma estrutura arquitetônica característica do período escravocrata no Brasil. Esta organização do espaço representa uma a) estratégia econômica e espacial para manter os escravos próximos do plantio. b) tática preventiva para evitar roubos e agressões por escravos fugidos. c)
forma de organização social que fomentou o patriarcalismo e a miscigenação.
d) maneira de evitar o contato direto entre os escravos e seus senhores. e) particularidade das fazendas de café das regiões Sul e Sudeste do país. 19. (Enem 2012) A experiência que tenho de lidar com aldeias de diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados, como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos. NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan. 1751. Apud CHAIM, M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983 (adaptado).
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina que incentivava a criação de aldeamentos em função a) das constantes rebeliões indígenas contra os brancos colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões mineradoras. b) da propagação de doenças originadas do contato com os colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena.
a) baseada no arrendamento de terras para a obtenção da cana a ser moída nos engenhos centrais.
c)
b) caracterizada pelo funcionamento da economia de livre mercado em relação à compra e venda de cana.
d) da política racista da Coroa Portuguesa, contrária à miscigenação, que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos brancos.
c)
dependente de insumos importados da Europa nas frotas que chegavam aos portos em busca do açúcar.
d) marcada pela interdependência econômica entre os senhores de engenho e os lavradores de cana. e) sustentada no trabalho escravo desempenhado pelos lavradores de cana em terras arrendadas. 46 História | Curso Enem 2019
do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração colonial.
e) da necessidade de controle dos brancos sobre a população indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho regular. 20. (Enem 2018) A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em 13 de junho de 1645, dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 6
As marcas da colonização do Brasil
João Fernandes foi decretar nulas as dívidas que os rebeldes tinham com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta proclamação heroica.
era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido).
VAINFAS. R Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.
O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi o resultado do(a)
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
a)
fraqueza bélica dos protestantes batavos.
Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. | Acesso em: 27 nov. 2008.
b)
comércio transatlântico da África ocidental.
c)
auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
d)
diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à a) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.
e)
interesse econômico dos senhores de engenho.
b)
atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
21. (Enem 2018)
c)
atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.
TEXTO I
d)
atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
e)
atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.
E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio, admoesto da parte da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia final, os acusar de mais devotos do pau-brasil que dela. BARROS, J. In: SOUZA, L M. Inferno atlântico: demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
TEXTO II E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar a dizer como os papagaios, aos quais a primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem para lá.
23. (Enem 2ª aplicação 2010) O alfaiate pardo João de Deus, que, na altura em que foi preso, não tinha mais do que 80 réis e oito filhos, declarava que “Todos os brasileiros se fizesse franceses, para viverem em igualdade e abundância”. MAXWELL, K. Condicionalismos da independência do Brasil. SILVA, M. N. (Org.). O império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
O texto faz referência à Conjuração Baiana. No contexto da crise do sistema colonial, esse movimento se diferenciou dos demais movimentos libertários ocorridos no Brasil por a)
defender a igualdade econômica, extinguindo a propriedade, conforme proposto nos movimentos liberais da França napoleônica.
SALVADOR. F. V In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
b)
As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na América estavam relacionadas à
introduzir no Brasil o pensamento e o ideário liberal que moveram os revolucionários ingleses na luta contra o absolutismo monárquico.
c)
propor a instalação de um regime nos moldes da república dos Estados Unidos, sem alterar a ordem socioeconômica escravista e latifundiária.
d)
apresentar um caráter elitista burguês, uma vez que sofrera influência direta da Revolução Francesa, propondo o sistema censitário de votação.
e)
defender um governo democrático que garantisse a participação política das camadas populares, influenciado pelo ideário da Revolução Francesa.
a)
utilização do trabalho escravo.
b)
implantação de polos urbanos.
c)
devastação de áreas naturais.
d)
ocupação de terras indígenas.
e)
expropriação de riquezas locais.
22. (Enem 2010) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros
GABARITO 1
A
7
C
13
A
19
E
2
C
8
B
14
C
20
E
3
E
9
D
15
D
21
E
4
B
10
A
16
B
22
C
23
E
5
E
11
C
17
D
6
C
12
E
18
C
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio Seguindo as tendências recentes da historiografia e dos estudos culturais, a prova do ENEM aborda temas ligados às noções das diferentes formas do patrimônio cultural e temas ligados às histórias de nativos, africanos e seus descendentes no Brasil. Com isso, tenta-se romper com uma história contada apenas pela perspectiva do europeu, que valoriza as grandes conquistas e os grandes monumentos, e compreender a relevância dessas outras culturas na formação da sociedade brasileira.
1. Patrimônio Material e Imaterial A preocupação com a preservação do patrimônio artístico e cultural passou a ser uma política constitucional do Estado brasileiro a partir da Carta de 1937. No contexto do Estado Novo de Vargas, a intenção era de preservar obras que exaltassem a grandeza da História do Brasil. Atualmente, a Constituição de 1988 traz no artigo 216 a necessidade de se conservar tanto os bens materiais quanto os imateriais. Essa diferenciação entre tipos de bens é fundamental, já que muitas marcas da cultura popular, de origem africana e indígena, não sobreviveram até a atualidade de forma física, como em edificações ou monumentos. Por isso, é necessário compreender a diferença entre essas duas noções. Para o IPHAN, instituto responsável pela preservação e tombamento desses bens, o Patrimônio Cultural Material seria:
gares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas)(...)O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. É apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade.” http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao. do?id=10852&retorno=paginaIphan
2. História dos povos indígenas no Brasil Estudos mais recentes afirmam que a chegada do primeiro homem na América pode ter ocorrido aproximadamente em 130.000 anos a.C., questionando a data mais comum que seria a de 15.000 a.C. No entanto, quando os europeus chegaram na América, no século XV, encontraram um universo de diversos povos ao longo do continente. No caso do Brasil, esses grupos eram divididos basicamente em dois troncos linguísticos, o dos tupis-guaranis e o dos Jês, com uma população somada de 2.000.000.
“O patrimônio material protegido pelo IPHAN, com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.” http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao. do?id=12297&retorno=paginaIphan
Já o Patrimônio Cultural Imaterial: “Os Bens Culturais de Natureza Imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lu-
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Os povos Jês e Tupis-guaranis
TRODUÇÃO À FILOSOFIA História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
Algumas características dos Tupis eram: o grupo reunia povos diferentes, como os tupinambás, os caetés, os guaranis e os potiguares; ocupavam a área litorânea do Brasil no momento da chegada dos portugueses; eram semissedentários, ou seja, não tinham estabelecido uma comunidade fixa de forma definitiva; praticavam a poligamia e a antropofagia. Essa última era, em geral, a prática ritual de devorar os inimigos derrotados em guerras. Já os povos não tupis, em maioria do tronco linguístico Jê, eram chamados de Tapuias por tupis e portugueses. Suas principais caraterísticas eram: entre os grupos que faziam parte, estavam os charruas, os aimorés, os tremembés e os goitacases; como, em maioria, ocupavam áreas do interior, tiveram menor contato com os portugueses durante os primeiros séculos da colonização; eram nômades ou semissedentários e também praticavam a antropofagia; esses povos eram vistos como mais violentos e selvagens do que os tupis pelos portugueses, por isso, eram muitas vezes denominados bárbaros. As representações da época demonstram a maneira como o europeu entendia os nativos e as formas como diferenciavam os dois principais grupos. As obras a seguir, do holandês Albert Eckhout, retratam os nativos a partir da perspectiva europeia ao mesmo tempo em que apresentam os tupis como menos selvagens do que os chamados tapuias.
CAPÍTULO 7
A ação das ordens religiosas, como a dos jesuítas, provocou não apenas a conversão ao cristianismo como a imposição da língua e dos costumes da Europa. Já ações, como as da administração do Marquês de Pombal, aceleraram esse processo. Um dos exemplos dessa política foi a criação do Diretório dos Índios e a proibição da língua geral, falada pelos nativos e outros habitantes do interior da colônia, junto com as demais línguas de origem indígena. Em relação as terras, o avanço mais sistemático em territórios nativos deu-se a partir do século XIX. De acordo com as noções de progresso econômico e científico da época, era necessário expandir as áreas de exploração econômica e fazer com que os nativos incorporassem os padrões sociais e econômicos dos brancos. Esse processo perpassou todo o século XX e ainda repercute no século XXI. De acordo com o site da FUNAI, o órgão do governo brasileiro que estabelece e executa a Política Indigenista no Brasil, o resultado dessa história foi: “Os povos que habitavam a costa leste, na maioria falantes de línguas do Tronco Tupi, foram dizimados, dominados ou refugiaram-se nas terras interioranas para evitar o contato. Hoje, somente os Fulniô (de Pernambuco), os Maxakali (de Minas Gerais) e os Xokleng (de Santa Catarina) conservam suas línguas. Curiosamente, suas línguas não são Tupi, mas pertencentes a três famílias diferentes ligadas ao Tronco Macro-Jê. Os Guarani, que vivem em diversos estados do Sul e Sudeste brasileiro e que também conservam a sua língua, migraram do Oeste em direção ao litoral em anos relativamente recentes. As demais sociedades indígenas que vivem no Nordeste e Sudeste do País perderam suas línguas e só falam o português, mantendo apenas, em alguns casos, palavras esparsas, utilizadas em rituais e outras expressões culturais. A maior parte das sociedades indígenas que conseguiram preservar suas línguas vive, atualmente, no Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Nas outras regiões, elas foram sendo expulsas à medida em que a urbanização avançava. ” (http://www.funai.gov.br/)
Na tentativa de reparar os efeitos desse longo processo, a Constituição de 1988 criou mecanismos para proteger os nativos, suas terras e suas culturas. De acordo com especialistas: “A Constituição instaurou um novo marco conceitual, substituindo o modelo político pautado em noções de tutela e assistencialismo por outro, que afirma a pluralidade étnica como direito e estabelece relações protetoras e promotoras de direitos entre o Estado e comunidades indígenas.” http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/noticias/2017/abril/ constituicao-consagra-direito-indigena-de-manter-terras-modo-de-vida-etradicoes REFERÊNCIA INCOMPLETA
O Artigo 231 da Constituição reafirma essa concepção:
A chegada dos portugueses e a posterior colonização levou à imposição dos valores europeus sobre esses grupos nativos. Junto com o processo de aculturação, ocorreu o avanço sobre as terras dos nativos durante o mesmo período.
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” As notícias recorrentes, no entanto, mostram que esses conflitos ainda estão longe de terminar.
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
3. História dos povos africanos e seus descendentes no Brasil Os principais povos africanos que foram trazidos para o Brasil são de origem da África Ocidental. No Norte daquela região, existiram durante séculos grandes civilizações como as de Gana, Mali e Songhai. A principal cidade dessa área era a de Tombuctu. De uma área mais ao Sul, das regiões do antigo Reino do Congo e de Angola, também foram enviados muitos indivíduos para o território brasileiro.
parte dessas pessoas. A atividade mais conhecida realizada pelos escravos era a do trabalho braçal na lavoura, realizado pelos escravos de campo ou de eito. No mundo urbano, eram mais comuns os escravos de ganho, que podiam ser remunerados por tarefas prestadas ou vendendo produtos, contanto que transferissem parte do ganho para o seu proprietário. Um exemplo dessa prática era o das negras de tabuleiro. A cena a seguir, pintada por Debret, representa um escravo de ganho vendendo flores.
O mapa a seguir apresenta um panorama geral da influência do comércio de escravos sobre o continente africano.
http://atlas.fgv.br/sites/atlas.fgv.br/files/02_04_trafico_full.png
Enquanto a maioria dos negros vindos das áreas mais ao Norte eram do grupo linguístico Iorubá, os demais eram Bantos. As contribuições desses povos para a cultura brasileira são visíveis até a atualidade. Conhecidos no Brasil como Nagôs, os Iorubás deixaram marcas como o Candomblé, religião baseada na crença da intervenção dos Orixás sobre a vida dos homens. Como alguns eram provenientes de áreas islamizadas, muitos também trouxeram as tradições muçulmanas para o Brasil. Provenientes das áreas do Congo e da Angola, chegaram ao país os Bantos. Uma de suas contribuições foi o Jongo, dança que teria dado origem ao samba. Muitas das palavras do vocabulário cotidiano também são provenientes dessa influência, e alguns exemplos são: farofa, moleque, neném, quitanda, samba. Além disso, das tradições desses povos, surgiram as festas do Congado, que servem de exemplo de como culturas se entrelaçaram durante a História do Brasil. Nessas festas, a coroação do Rei do Congo é encenada numa forma de recriar laços entre os negros e o continente natal. Ao mesmo tempo, em meio à celebração, as práticas ganham novos significados ao se misturarem a representações ligadas à história da Península Ibérica, como a Reconquista. Esse processo, em que duas culturas se fundem desenvolvendo uma nova forma, é conhecido como o de hibridismo cultural. Evidentemente, ao se mencionar a história dos africanos e seus descendentes no Brasil, é inevitável a abordagem do tema da escravidão. O lucrativo tráfico de escravos fez com que cerca de 12 milhões de africanos tenham sido deslocados para todo o continente americano. O Brasil absorveu uma boa
50 História | Curso Enem 2019
A escravidão e a violência a que foram submetidos os negros geraram uma série de reações a essa condição. As principais formas de resistência eram os suicídios, fugas, revoltas e formação de Quilombos. O mais famoso deles, o de Palmares, é símbolo da resistência dos afrodescendentes e tem como símbolo a figura de Zumbi. No século XIX, a luta dos negros se concentrou na conquista da abolição, alcançada em 13 de maio de 1888. Apesar da conquista liberdade, não foram criadas condições para que os ex-escravos e seus descendentes obtivessem cidadania plena e fossem incorporados de forma digna à sociedade livre. Dessa forma, persistem até hoje o racismo e as diferenças de tratamento em relação ao negro ao mesmo tempo em que a luta por ampliação por direitos se mantém contínua.
EXERCÍCIOS 1. (Unicamp 2019) Entre os séculos XVII e XVIII, o nheengatu se tornou a língua de comunicação interétnica falada por diversos povos da Amazônia. Em 1722, a Coroa exortou os carmelitas e os franciscanos a capacitarem seus missionários a falarem esta língua geral amazônica tão fluentemente como os jesuítas, já que em 1689 havia determinado seu ensino aos filhos de colonos. (Adaptado de José Bessa Freire, Da “fala boa” ao português na Amazônia brasileira. Ameríndia, Paris, n. 8, 1983, p.25.)
Com base na passagem acima, assinale a alternativa correta. a)
Os jesuítas criaram um dicionário baseado em línguas indígenas entre os séculos XVI e XIX, que foi amplamente usado na correspondência e na administração colonial nos dois lados do Atlântico.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
b) O texto permite compreender a necessidade de o colonizador português conhecer e dominar a língua para poder disciplinar os índios em toda a Amazônia durante o período pombalino e no século XIX. c)
O aprendizado dessa língua associava-se aos projetos de colonização, visando ao controle da mão de obra indígena pelos agentes coloniais, como missionários, colonos e autoridades.
d) A experiência do nheengatu desapareceu no processo de exploração da mão de obra indígena na Amazônia e em função da interferência da Coroa, que defendia o uso da língua portuguesa. 2. (Unicamp 2019) Os viajantes, missionários, administradores coloniais e etnógrafos europeus, no passado, tenderam a fundir múltiplas identidades em um único conceito de tribo. O uso da palavra tribo para descrever as sociedades africanas surgiu de um desejo de enaltecer o Estado-nação, ao mesmo tempo em que sugeria a inferioridade inerente de outros. Em resumo, conotava políticas primitivas que eram menos desenvolvidas do que as políticas dos Estados-nação. (Adaptado de John Parker e Richard Rathbone, “A ideia de África”, em História da África. Lisboa: Quimera, 2016, p. 56-58.)
Baseado no texto acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. a) A formação e a difusão do conceito de tribo no pensamento europeu acompanharam os avanços do colonialismo na África no século XIX, legitimando o domínio de seus povos por agentes oriundos de nações que se consideravam civilizadas e superiores. b) O conceito de tribo ganhou força no pensamento ocidental, porque na África não havia formações políticas que cobriam grandes extensões territoriais como na Europa. Ou seja, os europeus não encontraram estruturas políticas acima das unidades tribais. c)
As sociedades africanas eram organizadas a partir de pequenas tribos lideradas por chefes guerreiros, o que gerava fragmentação política e guerras, inviabilizando nesse continente a formação de unidades políticas complexas nos moldes europeus.
d) Em razão das tradições milenares e do respeito aos ancestrais, as tribos eram unidades sociais e políticas estáticas assentadas em uma identidade homogênea. Os europeus comumente desrespeitavam todas essas características na colonização. 3. (Fuvest 2015) A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana – que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X d.C. e continua até hoje. FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
CAPÍTULO 7
Com base no trecho acima, é correto afirmar que a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até mesmo valorizou várias culturas indígenas. b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador europeu, como a xinguana. c)
a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador europeu. e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade indígena e a perda de sua identidade cultural. 4. (Fuvest 2015) Uma observação comparada dos regimes de trabalho adotados nas Américas de colonização ibérica permite afirmar corretamente que, entre os séculos XVI e XVIII, a) a servidão foi dominante em todo o mundo português, enquanto, no espanhol, a mão de obra principal foi assalariada. b) a liberdade foi conseguida plenamente pelas populações indígenas da América espanhola e da Américaportuguesa, enquanto a dos escravos africanos jamais o foi. c)
a escravidão de origem africana, embora presente em várias regiões da América espanhola, esteve mais generalizada na América portuguesa.
d) não houve escravidão africana nos territórios espanhóis, pois estes dispunham de farta oferta de mão de obra indígena. e) o Brasil forneceu escravos africanos aos territórios espanhóis, que, em contrapartida, traficavam escravos indígenas para o Brasil. 5. (Enem 2012) Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e
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CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
a) ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.
c)
o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos. e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar. 6. (Enem 2016) A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referências às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade, é tão típico da região. HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes.
b) integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial. c)
d) esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes. e) distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem. 8. (Enem 2013) Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. “Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia apud DEL PRIORE, M.
b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas origens, no pequeno comércio. c)
presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos produtos e alimentos.
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de origem dos escravizados. e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano. 7. (Enem 2017)
melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.
Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de a) exclusão social. b) imposição religiosa. c)
acomodação política.
d) supressão simbólica. e) ressignificação cultural. 9. (Enem 2014) Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”. Folha de S. Paulo, 15 maio 2008.
Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em:
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
CAPÍTULO 7
a)
e)
b)
10. (Enem 2ª aplicação 2016) As convicções religiosas dos escravos eram, entretanto, colocadas a duras provas quando de sua chegada ao Novo Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente “para a salvação de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas religiosas de seus mestres. lemanjá, mãe de numerosos outros orixás, foi sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Buruku, a mais idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria. VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. São Paulo: Corrupio, 1981.
O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estratégia utilizada pelos negros escravizados para a) compreender o papel do sagrado para a cultura europeia. b) garantir a aceitação pelas comunidades dos convertidos. c)
c)
preservar as crenças e a sua relação com o sagrado.
d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo. e) possibilitar a adoração de santos católicos.
11. (Enem 2016)
TEXTO I
d)
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
TRODUÇÃO À FILOSOFIA TEXTO II Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida dos santos, a Igreja transmitia aos fiéis os ensinamentos que julgava corretos e que deviam ser imitados por escravos que, em geral, traziam outras crenças de suas terras de origem, muito diferentes das que preconizava a fé católica. OLIVEIRA; A. J. Negra devoção. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 20, maio 2007 (adaptado).
Posteriormente ressignificados no interior de certas irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII relacionados a um esforço da Igreja Católica para a) reduzir o poder das confrarias. b) cristianizar a população afro-brasileira. c)
espoliar recursos materiais dos cativos.
d) recrutar libertos para seu corpo eclesiástico. e) atender a demanda popular por padroeiros locais. 12. (Enem 2014) O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos. CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).
Sem formação acadêmica específica em artes visuais, Heitor dos Prazeres, que também é compositor e instrumentista, é reconhecido artista popular do Rio de Janeiro. Suas pinturas de perspectivas imprecisas e com traços bem demarcados são figurativas e sugerem movimento. Essa obra retrata a) a confraternização de uma população socialmente marginalizada. b) o inconformismo da população de baixa renda da capital. c)
o cotidiano da burguesia contemporânea da capital.
d) a instabilidade de uma realidade rural do Brasil e) a solidariedade da população nordestina. 14. (Enem 2012) Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos. SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n.º 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível a a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira. b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias. c)
reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela
d) manutenção das características culturais específicas de cada etnia.
a) demarcação do território indígena.
e) esistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
b) manutenção da organização familiar.
15. (Enem 2016) TEXTO I
c)
valorização dos líderes religiosos indígenas.
d) preservação do costume das moradias coletivas. e) comunicação pela língua geral baseada no tupi. 13. (Enem PPL 2012)
TEXTO II A eleição dos novos bens, ou melhor, de novas formas de se conceber a condição do patrimônio cultural nacional, também permite que diferentes grupos sociais, utilizando as leis do Estado e o apoio de especialistas, revejam as imagens e alegorias do seu passado, do que querem guardar e definir como próprio e identitário.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
ABREU, M.; SOIHET, R.; GONTIJO, R.(Org.). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
O texto chama a atenção para a importância da proteção de bens que, como aquele apresentado na imagem, se identificam como: a) Artefatos sagrados.
pelo antigo senhor e fazendeiro, pouco antes da Abolição, em 1888. Nessas terras, seus moradores plantam milho, feijão e mandioca e criam galinhas e porcos. Tudo em pequena escala. Sua língua materna é o português, uma variação regional que, sob muitos aspectos, poderia ser identificada como dialeto caipira. Usam um léxico de origem banto, quimbundo principalmente, cujo papel social é, sobretudo, de representá-los como africanos no Brasil.
b) Heranças materiais. c)
CAPÍTULO 7
Disponível em: <http://www.revista.iphan.gov.br>. Acesso em: 6 abr. 2009 (adaptado).
Objetos arqueológicos.
d) Peças comercializáveis.
O bairro de Cafundó integra o patrimônio cultural do Brasil porque
e) Conhecimentos tradicionais.
a) possui terras herdadas de famílias antigas da região.
16. (Enem simulado 2009) A Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desenvolveu o projeto “Comunidades Negras de Santa Catarina”, que tem como objetivo preservar a memória do povo afrodescendente no sul do País. A ancestralidade negra é abordada em suas diversas dimensões: arqueológica, arquitetônica, paisagística e imaterial. Em regiões como a do Sertão de Valongo, na cidade de Porto Belo, a fixação dos primeiros habitantes ocorreu imediatamente após a abolição da escravidão no Brasil. O Iphan identificou nessa região um total de 19 referências culturais, como os conhecimentos tradicionais de ervas de chá, o plantio agroecológico de bananas e os cultos adventistas de adoração.
b) preservou o modo de falar de origem banto e quimbundo. c)
d) pertence a uma comunidade rural do interior do estado de São Paulo. e) possui moradores que são africanos do Brasil e perderam o laço com sua origem. 18. (Enem PPL 2016) Ô ô, com tanto pau no mato Embaúba* é coroné Com tanto pau no mato, ê ê Com tanto pau no mato Embaúba é coroné
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo. do?id=14256&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia>. Acesso em: 1 jun. 2009. (com adaptações).
O texto acima permite analisar a relação entre cultura e memória, demonstrando que a) as referências culturais da população afrodescendente estiveram ausentes no sul do País, cuja composição étnica se restringe aos brancos. b) a preservação dos saberes das comunidades afrodescendentes constitui importante elemento na construção da identidade e da diversidade cultural do País. c)
a sobrevivência da cultura negra está baseada no isolamento das comunidades tradicionais, com proibição de alterações em seus costumes.
d) os contatos com a sociedade nacional têm impedido a conservação da memória e dos costumes dos quilombolas em regiões como a do Sertão de Valongo.
tem origem no período anterior à abolição da escravatura.
*Embaúba: árvore comum e inútil por ser podre por dentro, segundo o historiador Stanley Stein. STEIN, S. J. Vassouras: um município brasileiro de café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990 (adaptado).
Os versos fazem parte de um jongo, gênero poético-musical cantado por escravos e seus descendentes no Brasil no século XIX, e procuram expressar a a) exploração rural. b) bravura senhorial. c)
resistência cultural.
d) violência escravista. e) ideologia paternalista. 19. (Enem PPL 2012)
e) a permanência de referenciais culturais que expressam a ancestralidade negra compromete o desenvolvimento econômico da região. 17. (Enem cancelado 2009) O Cafundó é um bairro rural situado no município de Salto de Pirapora, a 150 km de São Paulo. Sua população, predominantemente negra, divide-se em duas parentelas: a dos Almeida Caetano e a dos Pires Pedroso. Cerca de oitenta pessoas vivem no bairro. Dessas, apenas nove detêm o título de proprietários legais dos 7,75 alqueires de terra que constituem a extensão do Cafundó, que foram doados a dois escravos, ancestrais de seus habitantes atuais,
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CAPÍTULO 7
História dos povos indígenas, africanos e de seu patrimônio
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O arrojado projeto arquitetônico e urbanista da nova capital federal fez com que Brasília fosse, no ano de 1987, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, porque o Plano Piloto de Brasília concretizava os princípios do a)
urbanismo modernista internacional.
b)
modelo da arquitetura sacra europeia.
c)
pensamento organicista das metrópoles brasileiras.
d)
plano de interiorização da capital.
e)
projeto nacional desenvolvimentista do governo JK.
GABARITO 1
C
6
C
11
B
16
B
2
A
7
A
12
E
17
B
3
B
8
E
13
A
18
C
4
C
9
C
14
A
19
A
5
E
10
C
15
E
56 História | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Império Brasileiro
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 8 Império Brasileiro O século XIX foi palco do processo de independência e de formação do Estado Nacional brasileiro. O processo foi longo e marcado por muitas contradições. Enquanto novas estruturas e instituições foram sendo criadas, muitos traços do período colonial persistiam, fazendo com que a feição da nova nação combinasse tentativas de modernização em meio à manutenção do atraso, em especial, o da escravidão. A prática permaneceu por quase todo o período imperial, e as suas consequências ainda tiveram uma duração muito longa. Entre os temas privilegiados nas provas do ENEM, estão a vinda da corte portuguesa, as características da Constituição Imperial, a Guerra do Paraguai e a decadência do Império.
1. Transferência da Corte e a Independência do Brasil O processo de independência brasileiro foi peculiar. Em comparação com o restante da América, foi um dos poucos que manteve a unidade territorial e a forma de governo monárquica. Além disso, foi caracterizado pelos eventos relacionados à transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro. A vinda da família real, devido à invasão Napoleônica sobre Portugal, transformou a realidade da colônia. Para muitos historiadores, esse evento representou o início do processo de independência. Entre as transformações ocorridas durante da presença de D. João VI no Brasil, podem ser citadas: abertura dos portos as nações amigas, pondo fim ao exclusivo colonial; Tratados de 1810, com a Inglaterra, estabelecendo tarifas mais baixas para a entrada de produtos ingleses no Brasil; criação do Banco do Brasil, do Horto Real, da Biblioteca Real, do Observatório Astronômico e da Escola de Belas Artes; permissão para a instalação de manufaturas no Brasil; criação da primeira universidade no Brasil, a escola de medicina de Salvador; vinda de pintores franceses, entre eles Jean Baptiste Debret; anexação da Guiana Francesa e da Província Cisplatina, atual Uruguai; criação da Imprensa Régia;
em 1815, elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal. Em 1817, D. João VI enviou tropas para reprimir a Revolução Pernambucana, movimento que questionava a importância crescente da região centro-sul e o aumento de impostos após a chegada da corte. Naquele momento, o Brasil havia se transformado em Reino Unido, e o Rio de Janeiro era sua capital. Aparentemente, esse seria um caminho natural a ser mantido na relação entre Brasil e Portugal. No entanto, em 1820, inspirada pela onda revolucionária que assolava a Europa, a Revolução do Porto modificou esse cenário. Os revolucionários portugueses tinham as seguintes intenções: exigir o retorno de D. João VI com sua submissão a uma Constituição de tendência liberal e retomar as relações de monopólio comercial com o Brasil. Foi o movimento em Portugal que levou à precipitação da ruptura. Naquele contexto, a elite proprietária e escravista se aliou a setores ligados à corte e a D. Pedro, príncipe regente após a volta de D. João para Portugal. Em 1822, o Brasil conquistou a sua independência.
2. Primeiro Reinado O Primeiro Reinado foi curto e marcado por conflitos entre o Imperador e a elite regional. Entre 1822 e 1831, D. Pedro reinou de acordo com os princípios da primeira Constituição do país, a de 1824. Entre suas características podem ser destacadas: foi outorgada pelo Imperador; estabelecia a divisão em quatro poderes: legislativo, judiciário executivo e moderador, esse último de uso exclusivo do Imperador. A presença de um quarto poder promoveu o reforço do poder dos monarcas no Brasil Império; o voto era censitário, indireto e aberto. Isso significa que o voto, portanto, não era universal, e só votavam aqueles que possuíssem determinada renda; só votavam homens livres, sendo eles alfabetizados ou analfabetos; a religião oficial do Brasil continuava sendo o catolicismo; o modelo estabelecido foi o unitário, oposto ao do federalismo.
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CAPÍTULO 8
Império Brasileiro
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ainda em 1824, eclodiu em Pernambuco a Confederação do Equador. O movimento republicano e liberal questionava o autoritarismo e o centralismo de D. Pedro. Mesmo após a repressão aos rebeldes, as disputas entre o Imperador e os poderosos locais permaneceram e foram um dos fatores fundamentais para o fim do Primeiro Reinado. Somando-se a isso, outros fatores colaboraram para a abdicação de D. Pedro I. Em primeiro lugar, durante o Primeiro Reinado, o Brasil vivia uma crise econômica que afetou a popularidade do Imperador. Além disso, os gastos e a derrota na Guerra Cisplatina influenciaram os rumos políticos do país. Por fim, a crise sucessória em Portugal, criada após a morte de D.João VI, fez com que D. Pedro, diante das pressões no Brasil e da possibilidade de perda do trono português para o seu irmão, abdicasse e voltasse à Europa.
3. Período Regencial Ao deixar o Brasil, D. Pedro I deixou o trono ao seu filho, menor de idade. Como previsto pela Constituição, o governo do país deveria ficar a cargo de regentes até o momento em que D. Pedro II viesse a se tornar imperador. Desse modo, pela primeira vez, as elites brasileiras poderiam controlar o poder político central por meio do poder legislativo, representado pelos Deputados e Senadores, e executivo, representado pelos Regentes. As Regências - Trina Provisória, Trina Permanente, Una do Padre Feijó e Una de Araújo Lima - foram um período conturbado na história do Brasil. Entre 1831 e 1840, a nação recém-independente sofreu com revoltas, com guerras e com a ameaça da fragmentação territorial. O contexto também se caracterizou por agitações políticas. Em um primeiro momento, o da Maré Liberal, a excessiva centralização do Primeiro Reinado foi substituída por uma maior autonomia para as Províncias. As elites locais desfrutaram, portanto, de maior poder, em um período no qual a tendência federalizante se fez presente no Brasil. O marco dessa postura foi o Ato Adicional a Constituição, publicado em 1834, e a Regência do Padre Feijó. Entretanto, essa tendência abriu espaço para a disputa entre as elites locais das províncias e entre essas e o poder central. Muitos desses conflitos, influenciados por uma realidade de desigualdade social e escravidão, tomaram um rumo mais radical a partir da entrada de homens livres pobres, ex-escravos e escravos. A turbulência dessa época fica clara ao se enumerar as revoltas ocorridas durante a Regência: Balaiada, no Maranhão, Cabanagem, no Pará, Sabinada, na Bahia, e o conflito que promoveu a Proclamação da República no Sul do país, a Revolução Farroupilha. Diante da ameaça popular, as elites políticas iniciaram um processo de retomada da ordem centralizadora, o chamado Regresso Conservador. A Regência de Araújo Lima e a Lei Interpretativa do Ato Adicional foram responsáveis por efetivar o processo. A Maré Liberal e o Regresso podem ser sintetizados nas palavras de um importante político da época, Bernardo Pereira de Vasconcelos: “Fui liberal, então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações de todos, mas não nas leis, não nas ideias práticas; o
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poder era tudo; fui liberal. Hoje, porém, é diverso o aspecto da sociedade: os princípios democráticos tudo ganharam e muito comprometeram; a sociedade que até então corria risco pelo poder, corre agora risco pela desorganização e pela anarquia. Como então quis, quero hoje servi-la, quero salvá-la e por isso sou regressista. Não sou trânsfuga, não abandono a causa que defendi no dia do seu perigo, de sua fraqueza: deixo-a no dia que tão seguro é o seu triunfo, que até o excesso a compromete.” O desfecho dessa história só se deu, no entanto, com a antecipação da maioridade de D. Pedro e sua ascensão ao trono com o Golpe da Maioridade.
4. Segundo Reinado D. Pedro II ficou no poder entre 1840 e 1889. O imperador ficou famoso por seu interesse nas artes, nas ciências e por sua habilidade política ao lidar com a diversidade de interesses existentes entre a elite brasileira e os novos grupos em ascensão no período. Do ponto de vista político, a desordem das Regências foi substituída por uma relativa estabilidade, só abalada pela única grande revolta do Segundo Reinado, a Revolução Praieira de 1848, em Pernambuco. Para conseguir tal feito, Pedro II fez-se valer das atribuições do poder moderador, promovendo o revezamento entre os dois principais grupos políticos da época, os conservadores e liberais. Chamado de Parlamentarismo as avessas, o modelo garantia que nenhum dos dois grupos ficasse muito tempo distante do poder e, dessa forma, reforçou a soberania do Imperador diante dessas forças. Como consequência, a instabilidade e a ameaça ao poder do Imperador só se concretizou nos anos de 1870, com o surgimento de uma nova força, a dos republicanos. Já no plano econômico, o Segundo Reinado foi o momento de consolidação da economia cafeeira. Após a expansão inicial na região do Vale do Paraíba, o café passou a ser cultivado em larga escala no Oeste Paulista, marcando a ascensão da elite cafeicultora local. A expansão da lavoura do café preservou em grande parte as estruturas econômicas do latifúndio, da escravidão e da agroexportação. Isso não impediu diferenças em relação à tradição da economia brasileira. Um exemplo disso foi a presença cada vez maior do trabalho livre do imigrante nas lavouras de café. No momento em que a escravidão se encaminhava para o fim, muitos proprietários passaram a explorar a mão de obra de italianos, alemães e espanhóis vindos da Europa. Naquele contexto, a busca por branquear a população, fruto das concepções do Darwinismo Social, também motivaram a busca pelo trabalho do imigrante europeu. A garantia de que teriam mão de obra disponível, mesmo com a adoção do trabalho livre, foi confirmada com a Lei de Terras de 1850. A lei, além de colaborar para o reforço da concentração de terra no país, dificultava o acesso dos imigrantes à propriedade de terras ao estabelecer que elas deveriam ser obtidas apenas pela compra. A modernização de alguns setores também caracterizou o Segundo Reinado. A indústria no Brasil deu os seus primeiros passos, tendo como destaque a iniciativa individual do Barão de Mauá. As ferrovias interligando as áreas produtoras de café ao litoral reforçaram essa tendência. No mundo urbano, as novas sociabilidades fizeram-se presentes, influenciadas, principalmente, pelo que ocorria na França.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Império Brasileiro
Ainda durante o Reinado de D. Pedro II, o Brasil se envolveu na Guerra do Paraguai. O conflito, que durou de 1865 a 1870, mudou a história do Império. Os fatores para a Guerra foram alvos de diversas interpretações, algumas já ultrapassadas, como a de que a Inglaterra teria sido a principal interessada com o objetivo de enfraquecer o Paraguai. Os estudos mais recentes demonstram que as razões para esse evento se encontram nos conflitos gerados pelos interesses geopolíticos do Brasil, do Paraguai, da Argentina e do Uruguai na região da Bacia Platina. Apesar da vitória brasileira, a Guerra do Paraguai proporcionou transformações que levaram ao declínio do Império. As duas principais repercussões relacionadas a esse fato são ligadas ao impulso da questão abolicionista e da questão militar, ambas fundamentais para a queda de D. Pedro. Os historiadores costumam associar o fim do Segundo Reinado a alguns elementos principais, a questão militar, a republicana e a abolicionista. Os pontos mais importantes de cada uma delas são: - Questão Republicana: Desde o período colonial ao início Império, vários movimentos, como as Inconfidências ou a Confederação do Equador, haviam defendido o ideal republicano no Brasil. No entanto, foi com o Manifesto Republicano de 1870 que um movimento organizado e que pretendia ser de abrangência nacional começou a tomar vulto. Os republicanos criticavam o autoritarismo do Imperador, os excessos do poder moderador, os privilégios do regime monárquico e o centralismo.
CAPÍTULO 8
mais de 60 anos ao ser assinada em 1885. Até a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, em 1888, as fugas, revoltas e a campanha abolicionista foram fundamentais para pôr fim a escravidão. A abolição, portanto, não pode ser vista como uma concessão da monarquia aos escravos. A abolição sem indenização aos proprietários fez com o que uma das últimas bases da Monarquia, os cafeicultores do Vale do Paraíba, retirasse o seu apoio à monarquia brasileira. Esses formaram o grupo conhecido como o dos “republicanos de última hora”, nome dado por terem aderido ao republicanismo apenas após a Lei Áurea. - Questão Militar: Foram os militares junto aos republicanos, em especial os cafeicultores de São Paulo, que proclamaram a República. O principal fator que motivou a politização das Forças Armadas foi a participação na Guerra do Paraguai. Nos momentos posteriores ao conflito, o espírito de corporação dos militares se fortaleceu. A busca por reconhecimento e participação política, no entanto, não foi bem-sucedida, agravando o descontentamento do setor com a Monarquia. Influenciados pelas ideias republicanas positivistas, os militares passaram a acreditar na necessidade de intervenção na política a partir dos anos de 1870 e 1880.
O grupo dos republicanos dividia-se em três correntes: a dos liberais ou históricos, a dos positivistas e a dos jacobinos. - Questão Abolicionista: A luta pelo fim da escravidão foi contínua durante toda a história do Brasil Colônia e do Império. O movimento abolicionista, entretanto, ganhou força maior após a Guerra do Paraguai. O temor da “haitização” sempre esteve presente entre as elites brasileiras. O medo de uma revolta generalizada de escravos, como a ocorrida durante a Revolução de Santo Domingo no Haiti, aumentou com o impulso do movimento abolicionista. Muitos acreditavam, dessa forma, que a libertação dos escravos impediria um mal maior. A participação de escravos na Guerra do Paraguai fez com que o movimento se intensificasse. Para alguns, o país não poderia manter a escravidão de um grupo fundamental para a vitória no conflito. Os militares brancos que lutaram na guerra começaram a apoiar a campanha pela libertação dos negros. O movimento abolicionista contou com a participação da imprensa, de elementos ligados a própria monarquia, dos advogados, dos escravos e dos ex-escravos. Entre os abolicionistas mais famosos, destacam-se: Luís Gama, André Rebouças, Joaquim Nabuco. Algumas leis marcaram o processo gradativo de abolição no Brasil. Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós proibiu a entrada de africanos no Brasil, pondo fim ao tráfico atlântico que havia durado mais de 300 anos. A Lei do Ventre Livre, assinada em 1871, considerava livres todos os nascidos a partir daquela data. Por fim, a Lei dos Sexagenários libertou os escravos com
A figura de D. Pedro II foi alvo de diversas construções e desconstruções. Se as primeiras representações o apresentam como a criança, quando estava no início de seu reinado, em um período posterior, tem-se a imagem de um rei sábio e de um reinado estável. No fim do Império, entretanto, a idade avançada e a fragilidade diante da crise que se aprofundava passaram a ser comuns.
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CAPÍTULO 8
Império Brasileiro
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O papel da imprensa foi fundamental na desconstrução da imagem de D. Pedro e na divulgação das ideias durante o Segundo Reinado. Além das críticas políticas e da defesa do republicanismo, os jornais contribuíram para a difusão das ideias abolicionistas. A imprensa negra, que não era novidade no país, atuou como elemento importante naquele contexto. “No início do século 19, o Rio de Janeiro respondia pela maior população negra livre das Américas. O primeiro periódico negro, ‘O Mulato’, de 1833, nasceu no estado com foco no reconhecimento da cidadania da população afro-brasileira em tempos de escravização (...) O jornal ‘Homem de Cor’, de 1833, já denunciava que uma resposta contra o aumento da população negra livre no Rio de Janeiro era a criação de mecanismos para que os negros não chegassem aos altos postos sociais (...) Do Rio de Janeiro para Recife, que já vivia uma crise no sistema escravista, o periódico ‘O Homem’, na segunda metade do século 19, trazia em seus artigos que os negros acreditaram e se dedicaram à proposta de nação, mas que logo viram que estavam sendo preteridos dos espaços públicos e discriminados racialmente. Já em São Paulo (...) o ‘A Pátria’, era publicado por um grupo de pensadores que colocaram o desafio da abolição e apostam na República como resolução final do que era proposto pelos abolicionistas. “Eles combatiam qualquer tentativa de apoio ao regime monárquico, dando visibilidade aos processos que a historia apagou como o Clube Republicanos dos Homens de Cor”. A pesquisadora Ana Flávia Magalhães, avalia que essas ações revelam o protagonismo dos homens negros na trama social do Brasil do início do século 19.” Adaptado de:http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/05/historicoda-imprensa-negra-no-brasil-pauta-seminario-de-comunicacao
Em 15 de Novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República no Brasil e colocou fim ao Império.
EXERCÍCIOS 1. (Fuvest 2019) Observe as imagens das duas charges de Angelo Agostini publicadas no periódico Vida Fluminense. Ambas oferecem representações sobre a Guerra do Paraguai, que causaram forte impacto na opinião pública. A imagem I retrata Solano López como o “Nero do século XIX”; a imagem II figura um soldado brasileiro que retorna dos campos de batalha.
Sobre as imagens, é correto afirmar, respectivamente: a) Atribui um caráter redentor ao chefe da tropa paraguaia; fixa o assombro do soldado brasileiro ao constatar a persistência da opressão escravista.
60 História | Curso Enem 2019
b) Denuncia os efeitos da guerra entre a população brasileira; ilustra a manutenção da violência entre a população cativa. c)
Reconhece os méritos militares do general López; denota a incongruência entre o recrutamento de negros libertos e a manutenção da escravidão.
d) Personifica o culpado pelo morticínio do povo paraguaio; estimula o debate sobre o fim do trabalho escravo no Brasil. e) Fixa atributos de barbárie ao ditador Solano López; sublinha a incompatibilidade entre o Exército e o exercício da cidadania. 2. (Enem 2018) A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas. Aquelas “angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para comprar liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem alforrias gratuitamente. MIRANOA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015.
As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento a) feminista. b) sufragista. c)
socialista.
d) republicano. e) abolicionista.
3. (Enem 2ª aplicação 2016)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Império Brasileiro
Na imagem, o autor procura representar as diferentes gerações de uma família associada a uma noção consagrada pelas elites intelectuais da época, que era a de a) defesa da democracia racial. b) idealização do universo rural. c)
crise dos valores republicanos.
d) constatação do atraso sertanejo.
CAPÍTULO 8
e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas. 6. (Enem 2017) Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade. OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.
e) embranquecimento da população.
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
4. (Enem 2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos
a) reforma agrária.
"barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
7. (Enem 2ª aplicação 2016)
b) expansão mercantil. c)
concentração fundiária.
d) desruralização da elite. e) mecanização da produção.
O contexto do Período Regencial foi marcado a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia. b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central. c)
pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida.
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café". e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais. 5. (Enem 2010) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato?
Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também os tons da natureza do “Novo Mundo”, cravejado de estrelas representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca jamais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco, coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras, D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade.
a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.
No Segundo Reinado, a Monarquia brasileira recorreu ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A análise da imagem e do texto revela que o objetivo de tal estratégia era
c)
A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.
d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional.
a) exaltar o modelo absolutista e despótico. b) valorizar a mestiçagem africana e nativa. c)
reduzir a participação democrática e popular.
Curso Enem 2019 | História
61
CAPÍTULO 8
Império Brasileiro
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano. e) obscurecer a origem portuguesa e colonizadora. 8. (Enem PPL 2016) Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: – Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. E, sentando-se, pensou com tristeza: – Não dou três anos para que isso seja uma República! AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto Alegre, s.e, 1901 (adaptado).
A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imediatos à instauração da República no Brasil, refere-se ao(à) a) ausência de participação popular no processo de queda da Monarquia. b) tensão social envolvida no processo de instauração do novo regime. c)
mobilização de setores sociais na restauração do antigo regime.
d) temor dos setores burocráticos com o novo regime. e) demora na consolidação do novo regime. 9. (Enem 2ª aplicação 2016)
b) atividades intensas realizadas pelo Conde D’Eu, numa tentativa de salvar o regime monárquico. c)
revoltas populares em escolas, com o intuito de destituir o monarca do poder e coroar o seu genro.
d) críticas oriundas principalmente da imprensa, colocando em dúvida a continuidade do regime político. e) dúvidas em torno da validade das medidas tomadas pelo imperador, fazendo com que o Conde D’Eu assumisse o governo. 10. (Enem PPL 2016) As camadas dirigentes paulistas na segunda metade do século XIX recorriam à história e à figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da colonização, os habitantes de Piratininga (antigo nome de São Paulo) tinham sido responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integração territorial que promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda fundadores da unidade nacional. Representavam a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil. ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 34, 1 jul. 2008 (adaptado).
No período da história nacional analisado, a estratégia descrita tinha como objetivo a) promover o pioneirismo industrial pela substituição de importações. b) questionar o governo regencial após a descentralização administrativa. c)
recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café com leite.
d) aumentar a participação política em função da expansão cafeeira. e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise do escravismo. 11. (Enem PPL 2016) É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da capital do Império a mais remota e insignificante de suas aldeolas, congrega-se unânime para comemorar o dia que o tirou dentre as nações dependentes para colocá-lo entre as nações soberanas, e entregou-lhe os seus destinos, que até então haviam ficado a cargo de um povo estranho. Gazeta de Notícias, 7 set. 1883.
As festividades em torno da Independência do Brasil marcam o nosso calendário desde os anos imediatamente posteriores ao 7 de setembro de 1822. Essa comemoração está diretamente relacionada com a) a construção e manutenção de símbolos para a formação de uma identidade nacional. b) o domínio da elite brasileira sobre os principais cargos políticos, que se efetivou logo após 1882. Segundo a charge, os últimos anos da Monarquia foram marcados por
c)
a) debates promovidos em espaços públicos, contando com a presença da família real.
d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo imperial para a expulsão de estrangeiros do país.
62 História | Curso Enem 2019
os interesses de senhores de terras que, após a Independência, exigiram a abolição da escravidão.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Império Brasileiro
e) a consciência da população sobre os seus direitos adquiridos posteriormente à transferência da Corte para o Rio de Janeiro. 12. (Enem 2015)
14. (Enem 2015)
CAPÍTULO 8
TEXTO I
Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras. ALBUQUERQUE. W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
TEXTO II
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável. b) imperador adulto que governaria segundo as leis. c)
líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal. e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo. 13. (Enem PPL 2015)
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresentados no Texto II é o(a) a) variedade das estratégias de resistência dos cativos. b) controle jurídico exercido pelos proprietários. c)
inovação social representada pela lei.
d) ineficácia prática da libertação.
Estimativa do número de escravos africanos desembarcados no Brasil entre os anos de 1846 a 1852 Ano
Números de escravos africanos desembarcados no Brasil
1846
64.262
1847
75.893
e) significado político da Abolição. 15. (Enem PPL 2015) Decreto-lei 3.509, de 12 de setembro de 1865
1848
76.338
1849
70.8272
1850
37.672
1851
7.058
Art. 1º – O cidadão guarda-nacional que por si apresentar outra pessoa para o serviço do Exército por tempo de nove anos, com a idoneidade regulada pelas leis militares, ficará isento não só do recrutamento, senão também do serviço da Guarda Nacional. O substituído é responsável por o que o substituiu, no caso de deserção.
1852
1.234
Arquivo Histórico do Exército. Ordem do dia do Exército, n. 455, 1865
Disponível em: www.slavevoyages.org. Acesso em 24 fev. 2012 (adaptado)
a) A mudança apresentada na tabela é reflexo da Lei Eusébio de Queiróz que, em 1850, a) aboliu a escravidão no território brasileiro. b) definiu o tráfico de escravos como pirataria. c)
Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte.
elevou as taxas para importação de escravos.
d) libertou os escravos com mais de 60 anos. e) garantiu o direito de alforria aos escravos.
(adaptado).
No artigo, tem-se um dos mecanismos de formação dos “Voluntários da Pátria”, encaminhados para lutar na Guerra do Paraguai. Tal prática passou a ocorrer com muita frequência no Brasil nesse período e indica o(a) a) forma como o Exército brasileiro se tornou o mais bem equipado da América do Sul. b) Incentivo de grandes proprietários à participação dos seus filhos no conflito. c)
solução adotada pelo país para aumentar o contingente de escravos no conflito.
Curso Enem 2019 | História
63
CAPÍTULO 8
Império Brasileiro
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) envio de escravos para os conflitos armados, visando sua qualificação para o trabalho.
e) Implementação do republicanismo – Continuação da monarquia constitucional.
e) Fato de que muitos escravos passaram a substituir seus proprietários em troca de liberdade.
18. (Enem 2014)
16. (Enem PPL 2015) É simplesmente espantoso que esses núcleos tão desiguais e tão diferentes se tenham mantido aglutinados numa só nação. Durante o período colonial, cada um deles teve relação direta com a metrópole. Ocorreu o extraordinário, fizemos um povo-nação, englobando todas aquelas províncias ecológicas numa só entidade cívica e política. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
Após a conquista da autonomia, a questão primordial do Brasil residia em como garantir sua unidade político-territorial diante das características e práticas herdadas da colonização. Relacionando o projeto de independência à construção do Estado nacional brasileiro, a sua particularidade decorreu da a) ordenação de um pacto que reconheceu os direitos políticos aos homens, independentemente de cor, sexo ou religião. b) estruturação de uma sociedade que adotou os privilégios de nascimento como critério de hierarquização social. c)
realização de acordos entre as elites regionais, que evitou confrontos armados contrários ao projeto luso-brasileiro.
d) concessão da autonomia política regional, que atendeu aos interesses socioeconômicos dos grandes proprietários.
De volta do Paraguai Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver sua mãe amarrada a um tronco horrível de realidade!...
e) Afirmação de um regime constitucional monárquico que garantiu a ordem associada à permanência da escravidão.
AGOSTINI. “A vida fluminense”, ano 3, n. 128, 11 jun. 1870. In: LEMOS, R. (Org). Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro: Letras & Expressões, 2001 (adaptado).
17. (Enem PPL 2014) Enquanto as rebeliões agitavam o país, as tendências políticas no centro dirigente iam se definindo. Apareciam em germe os dois grandes partidos imperiais – o Conservador e o Liberal. Os conservadores reuniam magistrados, burocratas, uma parte dos proprietários rurais, especialmente do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e os grandes comerciantes, entre os quais muitos portugueses. Os liberais agrupavam a pequena classe média urbana, alguns padres e proprietários rurais de áreas menos tradicionais, sobretudo de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.
Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de parte dos “Voluntários da Pátria” que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), evidenciada na
FAUSTO, B. História do Brasil. S Paulo: Edusp, 1996.
No texto, o autor compara a composição das forças políticas que atuaram no Segundo Reinado (1840-1889). Dois aspectos que caracterizam os partidos Conservador e Liberal estão indicados, respectivamente, em: a) Abolição da escravidão – Adoção do trabalho assalariado. b) Difusão da industrialização – Conservação do latifúndio monocultor. c)
Promoção do protecionismo – Remoção das barreiras alfandegárias.
d) Preservação do unitarismo descentralização provincial.
64 História | Curso Enem 2019
–
Ampliação
da
a) negação da cidadania aos familiares cativos. b) concessão de alforrias aos militares escravos. c)
perseguição dos escravistas aos soldados negros.
d) punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente. e) suspensão das prejudicados.
indenizações
aos
proprietários
19. (Enem PPL 2014) Passada a festa da abolição, os ex-escravos procuraram distanciar-se do passado de escravidão, negando-se a se comportar como antigos cativos. Em diversos engenhos do Nordeste, negaram-se a receber a ração diária e a trabalhar sem remuneração. Quando decidiram ficar, isso não significou que concordassem em se submeter às mesmas condições de trabalho do regime anterior. FRAGA, W; ALBUQUERQUE, W. R. Uma história da cultura afro-brasileira. São Paulo: Moderna, 2009 (adaptado).
Segundo o texto, os primeiros anos após a abolição da escravidão no Brasil tiveram como característica o(a)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 8
Império Brasileiro
a)
caráter organizativo do movimento negro.
imagem evoca é, respectivamente
b)
equiparação racial no mercado de trabalho.
a)
Habilidade militar — riqueza pessoal.
c)
busca pelo reconhecimento do exercício da cidadania.
b)
Liderança popular — estabilidade política.
d)
estabelecimento do salário mínimo por projeto legislativo.
c)
Instabilidade econômica — herança europeia.
e)
entusiasmo com a extinção das péssimas condições de trabalho.
d)
Isolamento político — centralização do poder.
e)
Nacionalismo exacerbado — inovação administrativa.
20. (Enem 2014) Respeitar a diversidade de circunstâncias entre as pequenas sociedades locais que constituem uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam as cartas de cada povoação doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento, alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a que jamais se atingirá de outra sorte.
22. (Enem PPL 2013) A cessação do tráfico lançou sobre a escravidão uma sentença definitiva. Mais cedo ou mais tarde estaria extinta, tanto mais quanto os índices de natalidade entre os escravos eram extremamente baixos e os de mortalidade, elevados. Era necessário melhorar as condições de vida da escravaria existente e, ao mesmo tempo, pensar numa outra solução para o problema da mão de obra.
BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937 (adaptado).
Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós determinou a extinção do tráfico transatlântico de cativos e colocou em evidência o problema da falta de mão de obra para a lavoura. Para os cafeicultores paulistas, a medida que representou uma solução efetiva desse problema foi o (a)
O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil, tinha como meta a implantação do a)
regime monárquico representativo.
b)
sistema educacional democrático.
c)
modelo territorial federalista.
d)
padrão político autoritário.
e)
poder oligárquico regional.
21. (Enem 2013)
COSTA, E. V. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Unesp, 2010.
a)
valorização dos trabalhadores nacionais livres.
b)
busca por novas fontes fornecedoras de cativos.
c)
desenvolvimento de uma economia urbano-industrial.
d)
incentivo à imigração europeia.
e)
escravização das populações indígenas.
23. (Enem 2014) A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808. NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem a)
incentivado o clamor popular por liberdade.
b)
enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
c)
motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
d)
obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
e)
provocado os movimentos separatistas das províncias.
GABARITO
As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas acerca dos dois monarcas e seus contextos de atuação. A ideia que cada
1
D
7
E
13
B
19
C
2
E
8
A
14
E
20
C
3
E
9
D
15
E
21
B
4
E
10
D
16
E
22
D
5
B
11
A
17
D
23
B
6
C
12
B
18
A
Curso Enem 2019 | História
65
CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias Entre a proclamação da República, em 1889, e 1930, a história do Brasil passou por um período de consolidação do domínio das oligarquias rurais. Essa fase foi conhecida, durante muito tempo, como a República Velha, e ficou marcada pelas práticas políticas do Café com Leite e do Coronelismo, temas recorrentes nas provas do ENEM. As contradições entre uma república proclamada em nome da ordem e progresso e a realidade das classes pobres se materializaram nos diversos conflitos e revoltas daquela época, outro tema também bastante abordado nas questões do exame.
1. Política A política na República Oligárquica pode ser caracterizada a partir de três eixos que se inter-relacionam, a política do Café com Leite, a Política dos Governadores e o Coronelismo. Entretanto, para compreender essa dinâmica é necessário conhecer as características da segunda Constituição da História do Brasil, promulgada ainda no governo provisório do Marechal Deodoro. São características da Constituição de 1891: estabelecimento da república presidencialista e federalista, modelo inspirado na Constituição dos EUA; garantia da divisão entre os três poderes: executivo, legislativo e judiciário; o voto deixava de ser censitário e indireto. O sufrágio direto e aberto, no entanto, era permitido apenas aos homens alfabetizados; ficava determinada a separação entre Igreja e Estado, marcando o início do Estado laico no Brasil. A influência do PRP (Partido Republicano Paulista) e PRM (Partido Republicano Mineiro) sobre a escolha do cargo de presidente da república foi a principal característica da Política do Café com Leite. O poder econômico ligado ao café e a força do numeroso eleitorado garantiram que os candidatos escolhidos pelos dois grupos fossem sempre os vencedores nas eleições. Não é possível afirmar, no entanto, que a harmonia foi completa entre os políticos mineiros e os paulistas. Em mais de um momento, as duas elites entraram em conflito sobre a escolha do próximo candidato. A ruptura mais conhecida foi a que levou à Revolução de 30 e ao fim da República Oligárquica.
66 História | Curso Enem 2019
A relação entre o poder central e os poderes locais foi conflituosa desde a Independência do Brasil. As elites regionais, em vários momentos, representaram uma ameaça à centralização política. Esse convívio tornou-se mais complexo com a Proclamação da República. O estabelecimento de uma república presidencialista e federalista garantia a existência de um poder central forte ao mesmo tempo em que concedia autonomia para os estados. A Política dos Governadores foi a forma de resolver esse impasse. Com ela, ficava reduzido o embate do poder executivo do presidente com os do legislativo e dos governadores, representantes das forças regionais. Dessa forma, enquanto o poder central recebia apoio de deputados e governadores, concedia em troca favores que perpetuavam no poder os grupos mais poderosos em cada região. Caso um deputado eleito não fosse ligado aos grupos já estabelecidos no poder, ocorria a “degola”. A Comissão Verificadora dos Poderes, formada por membros do legislativo, negava a entrega do diploma do candidato vencedor e impedia a sua posse. De acordo com Boris Fausto, o objetivo era: “...chegar a um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim às hostilidades existentes entre o Executivo e o Legislativo, domesticando a escolha dos deputados. O governo central sustentaria assim os grupos dominantes dos Estados, enquanto estes, em troca, apoiariam a política do presidente da República.” FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP.
No nível local, predominavam as práticas do Coronelismo. Os coronéis eram grandes proprietários de terra que exerciam o domínio sobre o voto de seus dependentes por meio do voto de cabresto. A coerção sobre os eleitores e as fraudes eram comuns e facilitadas pela existência do voto aberto. O poder econômico e político dos coronéis, portanto, garantia o seu controle sobre o chamado curral eleitoral.
2. Economia Na economia do período, ainda persistia a força do café. O produto era o de maior exportação, e a influência da elite cafeicultora sobre a política garantiu que seus interesses prevalecessem. O Convênio de Taubaté foi um exemplo disso. Diante da queda do preço do café no mercado internacional, os governos de MG, SP e RJ estabeleceram um acordo que garantia que os estados comprassem o excedente da produção e, com isso, colaborassem para o aumento do preço do produto no mercado externo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: o domínio das oligarquias
CAPÍTULO 9
Por outro lado, a riqueza proporcionada pelo café colaborou para o aumento de investimento nas indústrias. O país, entretanto, não concretizou a industrialização no período. O crescimento foi significativo durante a Primeira Guerra, quando, para muitos especialistas, a substituição de importações teria sido a razão para o impulso ocorrido na produção industrial. Para terminar, entre o final do século XIX e início do XX, ocorreu o surto da extração do látex na região Norte do Brasil. A riqueza gerada pela efêmera economia ligada à borracha promoveu transformações nas áreas da Amazônia e levou a um acordo entre o governo do Brasil e o da Bolívia para pôr fim à disputa por territórios. Pelo Tratado de Petrópolis, o Acre passou a fazer parte do Brasil.
Os mapas apresentam os tratados que deram a feição atual ao território brasileiro.
3. Movimentos Sociais As primeiras décadas da República foram marcadas pela emergência de movimentos sociais no campo e mundo urbano. Neles, as classes populares tentavam efetivar sua participação na vida de uma república que, nas palavras da época, foi proclamada enquanto o “povo assistia a tudo bestializado”. Algumas das principais características desses movimentos foram: - Canudos: A formação do Arraial de Canudos é considerada por muitos um movimento de origem messiânica. Isso significa que os seguidores de Antônio Conselheiro acreditavam que estariam prestes a serem salvos por um messias. O arraial atraiu pessoas empobrecidas de várias regiões do Nordeste, tendo a exclusão social e o latifúndio como um dos principais fatores do engajamento. O principal descontentamento dos habitantes de Canudos e de Antônio Conselheiro era com separação entre Estado e Igreja promovida pela recém proclamada república. A violenta repressão sobre o Arraial ocorreu devido a alguns fatores. Em primeiro lugar, para o governo federal, o Arraial era símbolo do atraso e se recusava a pagar impostos. Já para os coronéis, Canudos representava um perigoso foco de atração sobre os seus dependentes. Para terminar, a Igreja não via com bons olhos a influência religiosa do beato Conselheiro. - Contestado: O movimento, ocorrido na fronteira entre os estados do Paraná e Santa Catarina, é considerado messiânico ou milenarista. Os seguidores do líder José Maria eram trabalhadores locais que estavam submetidos aos coronéis ou que perderam seus empregos depois de empreendimentos fracassados na região. A repressão por parte do governo foi violenta e os participantes foram mortos ou presos. - Revolta da Vacina: O movimento ocorreu no contexto da reforma promovida pelo prefeito Pereira Passos na cidade do Rio de Janeiro. O “bota abaixo”, ao modernizar a capital da República, destruiu os cortiços do centro da cidade e fez com que seus moradores se deslocassem para as regiões periféricas.
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CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O estopim da revolta foi a decretação da vacinação obrigatória contra a varíola por orientação de Oswaldo Cruz.
João Cândido, que ficou conhecido como o almirante negro, foi o líder do movimento.
O pouco acesso ao conhecimento sobre o tema por parte da população e o incômodo gerado pela contínua intervenção do poder público na vida privada do cidadão colaboraram para a eclosão do movimento.
Após a tomada de quatro navios de guerra pelos marinheiros, o governo comprometeu-se a atender as reivindicações. No entanto, ao fim do conflito, os marinheiros foram punidos com prisão e expulsão da Marinha.
O movimento foi reprimido após um período de conflito e de destruição de parte da cida
- Movimento Operário: O crescimento da indústria no início da República foi acompanhado do aumento da mobilização do movimento operário. A chegada do imigrante europeu como mão de obra nas fábricas trouxe consigo as ideias sociais em voga na Europa desde o final do século XIX e XX, como o anarquismo e o socialismo. Até os anos de 1920, o anarquismo foi a principal corrente que inspirou o movimento operário. Associado aos sindicatos, o anarcossindicalismo mobilizou o operariado durante os seus primeiros anos de existência. O ano de 1917 marcou o auge dessas manifestações e greves.
O Malho, 31.3.1903. K. Lixto
A partir de 1922, com o surgimento do Partido Comunista Brasileiro, a influência anarquista se reduziu. O PCB, desde a sua criação, viveu longos períodos na clandestinidade, mas tornou-se a principal influência sobre o movimento operário. As greves e atos dos operários eram vistos, pelo poder político, como ameaça à ordem pública. Dessa forma, a repressão era a tônica na relação entre o Estado e o movimento operário. Uma célebre frase atribuída ao presidente Washington Luís sintetiza essa concepção: “A questão social é um caso de polícia. ”
4. Crise da República Oligárquica
Revista da Semana, outubro de 1904 As imagens tentam reproduzir a visão popular sobre a Reforma do Rio de Janeiro e a Campanha de Vacinação Obrigatória.
- Revolta da Chibata: O movimento teve como principal fator a persistência dos castigos físicos sobre os marujos no interior da Marinha. Os castigos eram mais violentos e recaíam, na maioria das vezes, sobre os marinheiros negros. Esse fato revela, portanto, práticas do cotidiano escravista presentes mesmo após a abolição. João Cândido, que ficou conhecido como o almirante negro, foi o líder do movimento.
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A década de 1920 foi acompanhada da entrada de novos atores políticos e sociais que contribuíram para a o questionamento do poder político das tradicionais oligarquias. Esse aspecto e a ruptura do acordo entre Minas e São Paulo levaram ao fim da República Oligárquica. Entre os que se posicionavam contra aquela ordem, estavam os trabalhadores ligados ao Partido Comunista, os intelectuais modernistas, os militares e os grupos médios urbanos. A moralização das eleições, decididas pelos coronéis no mundo rural, e a defesa de uma nova alternativa ao domínio das oligarquias estavam entre suas reivindicações. No meio militar, destacaram-se os tenentes. O tenentismo foi fundamental para a crise da República Oligárquica. Entre suas características estava a crítica ao controle das oligarquias sobre o poder central e a descentralização política. Além disso, esses jovens oficiais eram nacionalistas, anticomunistas e acreditavam na possibilidade de derrubar o governo a partir de suas ações. Os tenentes foram atuantes em quatro grandes episódios na década de 1920: na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, no Levante Paulista de 1924, na
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: o domínio das oligarquias
Coluna Prestes e no evento que pôs fim a esse período, a Revolução de 1930. Enquanto a oposição se fortalecia, a Crise de 1929 provocou um abalo na economia cafeeira, contribuindo para o enfraquecimento das elites que mantinham a política do Café com Leite. As discussões para a sucessão do presidente Washington Luís, indicado por paulistas, geraram uma cisão entre o PRP e o PRM. Os mineiros defendiam a indicação de Antônio Carlos e os paulistas insistiam em Júlio Prestes. A consequência dessa disputa foi a formação da Aliança Liberal, que reunia políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba e alguns paulista ligados ao Partido Democrático (PD) em torno da candidatura de Getúlio Vargas. As eleições se realizaram, e, seguindo a tradição de fraude e manipulação, consagraram a vitória de Júlio Prestes sobre Vargas. Uma reviravolta nessa situação ocorreu com o assassinato, por motivos ligados às disputas internas do seu estado, do candidato à vice-presidência de Vargas, João Pessoa, na Paraíba. O evento desencadeou a Revolução de 1930, quando políticos das oligarquias dissidentes, tenentes e PD levantaram-se contra o resultado da eleição recente. Washington Luís foi deposto, a posse de Júlio Prestes foi impedida e um governo provisório foi formado, tendo Getúlio Vargas à frente. Chegava-se, assim, ao fim a República Oligárquica
ofereciam cédulas com o nome dos candidatos oficiais a todos os eleitores que entravam. Estes, em sua quase totalidade, tomavam docilmente dos papeluchos e depositavam-nos na urna, depois de assinar a autêntica. Os que se recusavam a isso tinham seus nomes acintosamente anotados. VERISSIMO. E. O tempo e o vento. São Paulo: Globo. 2003 (adaptado).
Erico Veríssimo tematiza em obra ficcional o seguinte aspecto característico da vida política durante a Primeira República: a) Identificação forçada de homens analfabetos. b) Monitoramento legal dos pleitos legislativos. c)
Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/republica. Acesso em: 12 dez. 2008 (adaptado).
Com relação ao processo democrático do período registrado no texto, é possível afirmar que a) o coronel se servia de todo tipo de recursos para atingir seus objetivos políticos. b) o eleitor não podia eleger o presidente da República. c)
o coronel aprimorou o processo democrático ao instituir o voto secreto.
d) o eleitor era soberano em sua relação com o coronel. e) os coronéis tinham influência maior nos centros urbanos. 2. (Enem 2018) Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma das mesas eleitorais. Pôs o revólver na cintura, uma caixa de balas no bolso e encaminhou-se para seu posto. A chamada dos eleitores começou às sete da manhã. Plantados junto da porta, os capangas do Trindade
Repressão explícita ao exercício de direito.
d) Propaganda direcionada à população do campo. e) Cerceamento policial dos operários sindicalizados. 3. (Enem 2018) Os seus líderes terminaram presos e assassinados. A “marujada” rebelde foi inteiramente expulsa da esquadra. Num sentido histórico, porém, eles foram vitoriosos. A “chibata” e outros castigos físicos infamantes nunca mais foram oficialmente utilizados; a partir de então, os marinheiros – agora respeitados – teriam suas condições de vida melhoradas significativamente. Sem dúvida fizeram avançar a História.
EXERCÍCIOS 1. (Enem cancelado 2009) A figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. Normalmente, tratavase de grandes fazendeiros que utilizavam seu poder para formar uma rede de clientes políticos e garantir resultados de eleições. Era usado o voto de cabresto, por meio do qual o coronel obrigava os eleitores de seu “curral eleitoral” a votarem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas, para que votassem de acordo com os interesses do coronel. Mas recorria-se também a outras estratégias, como compra de votos, eleitores-fantasma, troca de favores, fraudes na apuração dos escrutínios e violência.
CAPÍTULO 9
MAESTRI, M. 1910: A revolta dos marinheiros – uma saga negra. São Paulo: Global, 1982.
A eclosão desse conflito foi resultado da tensão acumulada na Marinha do Brasil pelo(a) a) engajamento de civis analfabetos após a emergência de guerras externas. b) insatisfação de militares positivistas após a consolidação da política dos governadores. c)
rebaixamento de comandantes veteranos após a repressão a insurreições milenaristas.
d) sublevação das classes populares do campo após a instituição do alistamento obrigatório. e) manutenção da mentalidade escravocrata da oficialidade após a queda do regime imperial. 4. (Enem 2018) Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890 Dos crimes contra a saúde pública Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos. Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para uso interno ou externo, e sob qualquer forma preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado curandeiro. Disponível em: http//legis.senado.gov.br. Acesso em: 21 dez. 2014 (adaptado).
No início da Primeira República, a legislação penal vigente evidenciava o(a)
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CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
a) manipulação e incompetência.
b) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
b) ignorância e solidariedade.
c)
c)
preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
d) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas de magia. e) condenação pela ciência dos conhecimentos populares de cura.
d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. 7. (Enem PPL 2014)
5. (Enem 2ª aplicação 2010) Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei.
Canto dos lavradores de Goiás Tem fazenda e fazenda Que é grande perfeitamente Sobe serra desce serra Salta muita água corrente Sem lavoura e sem ninguém O dono mora ausente. Lá só tem caçambeiro Tira onda de valente Isso é que é grande barreira Que está em nossa frente Tem muita gente sem terra Tem muita terra sem gente.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa Omega.
Esse discurso, típico do contexto histórico da República Velha e usado por chefes políticos, expressa uma realidade caracterizada a) pela força política dos burocratas do nascente Estado republicano, que utilizavam de suas prerrogativas para controlar e dominar o poder nos municípios. b) pelo controle político dos proprietários no interior do país, que buscavam, por meio dos seus currais eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia brasileira. c)
pelo mandonismo das oligarquias no interior do Brasil, que utilizavam diferentes mecanismos assistencialistas e de favorecimento para garantir o controle dos votos.
hesitação e obstinação.
MARTINS, J. S. Cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979.
No canto registrado pela cultura popular, a característica do mundo rural brasileiro no século XX destacada é a
d) pelo domínio político de grupos ligados às velhas instituições monárquicas e que não encontraram espaço de ascensão política na nascente república.
a) atuação da bancada ruralista.
e) pela aliança política firmada entre as oligarquias do Norte e Nordeste do Brasil, que garantiria uma alternância no poder federal de presidentes originários dessas regiões.
c)
6. (Enem 2015)
TEXTO I
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.
Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da
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b) expansão da fronteira agrícola. valorização da agricultura familiar.
d) manutenção da concentração fundiária. e) implementação da modernização conservadora. 8. (Enem 2016) O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia ate a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto. CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (adaptado).
No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na a) coação das milícias locais. b) estagnação da dinâmica urbana. c)
valorização do proselitismo partidário.
d) disseminação de práticas clientelistas. e) centralização de decisões administrativas.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: o domínio das oligarquias
9. (Enem PPL 2015) Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma na lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto. A grande novidade, porém, ficou por conta da exigência de que os eleitores soubessem ler e escrever. As consequências logo se refletiram nas estatísticas. Em 1872, havia mais de 1 milhão de votantes, já em 1886, pouco mais de 100 mil cidadãos participaram das eleições parlamentares. Houve um corte de quase 90 por cento do eleitorado. CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
Nas últimas décadas do século XIX, o Império do Brasil passou por transformações como as descritas, que representaram a a) ascensão dos “homens bons”. b) restrição dos direitos políticos. c)
superação dos currais eleitorais.
d) afirmação do eleitorado monarquista.
CAPÍTULO 9
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi o(a) a) atração de empresas estrangeiras. b) reformulação do sistema fundiário. c)
incremento da mão de obra imigrante.
d) desenvolvimento de política industrial. e) financiamento de pequenos agricultores. 12. (Enem 2014) O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos estados é a política nacional”. CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado).
e) ampliação da representação popular. 10. (Enem PPL 2014) Na primeira década do século XX, reformar a cidade do Rio de Janeiro passou a ser o sinal mais evidente da modernização que se desejava promover no Brasil. O ponto culminante do esforço de modernização se deu na gestão do prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906. “O Rio civilizava-se” era frase célebre à época e condensava o esforço para iluminar as vielas escuras e esburacadas, controlar as epidemias, destruir os cortiços e remover as camadas populares do centro da cidade.
Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma estratégia política no sentido de a) governar com a adesão popular. b) atrair o apoio das oligarquias regionais. c)
conferir maior autonomia às prefeituras.
d) democratizar o poder do governo central. e) ampliar a influência da capital no cenário nacional.
OLIVEIRA, L. L. Sinais de modernidade na Era Vargas: vida literária, cinema e rádio. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A. (Org.). O tempo do nacional-estatismo: do início ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
O processo de modernização mencionado no texto trazia um paradoxo que se expressava no(a)
13. (Enem PPL 2013) O trabalho de recomposição que nos espera não admite medidas contemporizadoras. Implica o reajustamento social e econômico de todos os rumos até aqui seguidos. Comecemos por desmontar a máquina do favoritismo parasitário, com toda sua descendência espúria. Discurso de posse de Getúlio Vargas como chefe do governo provisório, pronunciado em 03 de novembro de 1930. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em
a) substituição de vielas por amplas avenidas.
documento. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).
b) impossibilidade de se combaterem as doenças tropicais. c)
ideal de civilização acompanhado de marginalização.
d) sobreposição de padrões arquitetônicos incompatíveis. e) projeto de cidade incompatível com a rugosidade do relevo. 11. (Enem 2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois, os produtores haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plantações de 19271928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional,
Em seu discurso de posse, como forma de legitimar o regime político implantado em 1930, Getúlio Vargas estabelece uma crítica ao a) funcionamento regular dos partidos políticos. b) controle político exercido pelas oligarquias estaduais. c)
centralismo presente na Constituição então em vigor.
d) mecanismo jurídico que impedia as fraudes eleitorais. e) imobilismo popular nos processos político-eleitorais. 14. (Enem PPL 2013) Eu mesmo me apresento: sou Antônio: sou Antônio Vicente Mendes Maciel (provim da batalha de Deus versus demônio Com a res publica marca de Caim). Moisés, do Êxodo ao Deuteronômio, Sou natural de Quixeramobim,
1997 (adaptado).
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CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O Antônio Conselheiro deste chão Que vai ser mar e o mar vai ser sertão. ACCIOLY, M. Antônio Conselheiro. In: FERNANDES, R. (Org.). O clarim e a oração: cem anos de Os sertões. São Paulo: Geração Editorial, 2001.
O poema, escrito em 2001, contribui para a construção de uma determinada memória sobre o movimento de Canudos, ao retratar seu líder como a) crítico do regime político recém-proclamado. b) partidário da abolição da escravidão. c)
contrário à distribuição da terra para os humildes.
d) defensor da autonomia política dos municípios. e) porta-voz do catolicismo ortodoxo romano. 15. (Enem PPL 2013) No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato, uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições de vida da população. BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A.N. O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
O texto refere-se à reforma urbanística ocorrida na capital da República, na qual a ação governamental e seu resultado social encontram-se na:
17. (Enem 2011) Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado).
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social a) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda. b) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes. c)
tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
d) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia. e) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional. 18. (Enem 2011)
a) Cobrança de impostos — ocupação da periferia. b) Destruição de cortiços — revolta da população pobre. c)
Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.
d) Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana. e) Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores. 16. (Enem 2013) Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se chamou “a política dos governadores”. Em círculos concêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder central que é o sol do nosso sistema. PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano brasileiro durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a) a) poder militar, enquanto fiador da ordem econômica. b) presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis. c)
domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
A imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o contexto político-social da época, essa revolta revela a) a insatisfação da população com os benefícios de uma modernização urbana autoritária. b) a consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias. c)
d) intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais.
a garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população.
e) e) isonomia do governo federal no tratamento das disputas locais.
d) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: o domínio das oligarquias
CAPÍTULO 9
e) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite.
b) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra.
19. (Enem 2011) Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.
c)
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).
A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior. TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).
Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização: a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças. b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período. c)
As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias. e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias. 20. (Enem 2010) A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento. MACHADO P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp. 2004 (adaptado).
No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina – ferrovias, serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se a) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural.
a desorganização da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região.
d) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam disputar o poder político com os novos agentes. e) o crescimento dos conflitos entre os operários empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional. 21. (Enem 2010) I – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro. II – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão! É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão. CARVALHO. J. M. C. A formação das almas: O imaginário da Republica no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
A 1ª República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado a) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes. b) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro. c)
ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação.
d) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação. e) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país. 22. (Enem 2010) O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de dois a seis meses. SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-
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CAPÍTULO 9
Brasil República: o domínio das oligarquias
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).
O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava a)
a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao controle da criminalidade urbana.
b)
a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período republicano.
c)
o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização.
d)
a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão.
e)
o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada e segregada.
Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas. Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008 (adaptado)
Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apresentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro a)
pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação.
b)
por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região.
c)
devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.
d)
em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região.
e)
pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia.
23. (Enem 2ª aplicação 2010) O mestre-sala dos mares Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo marinheiro A quem a história não esqueceu Conhecido como o almirante negro Tinha a dignidade de um mestre-sala E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas jorravam nas costas dos negros pelas pontas das chibatas... BLANC, A.; BOSCO, J. O mestre-sala dos mares. Disponível em: www. usinadeletras.com.br. Acesso em: 19 jan. 2009.
Na história brasileira, a chamada Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, e descrita na música, foi a)
a rebelião de escravos contra os castigos físicos, ocorrida na Bahia, em 1848, e repetida no Rio de Janeiro.
b)
a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de marinheiros dos navios que faziam o tráfico negreiro.
c)
o protesto, ocorrido no Exército, em 1865, contra o castigo de chibatadas em soldados desertores na Guerra do Paraguai.
d)
a rebelião dos marinheiros, negros e mulatos, em 1910, contra os castigos e as condições de trabalho na Marinha de Guerra.
e)
o protesto popular contra o aumento do custo de vida no Rio de Janeiro, em 1917, dissolvido, a chibatadas, pela polícia.
24. (Enem 2010) As secas e o apelo econômico da borracha — produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana.
74 História | Curso Enem 2019
GABARITO 1
A
7
D
13
B
19
C
2
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8
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6
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C
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 10
Brasil República: modernização e atraso
A partir da década de 1930, o Brasil aprofundou o seu processo de modernização. O fim do controle das oligarquias rurais sobre a política e a consolidação da industrialização no país são grandes sinais desse processo. A urbanização se acentuou, novos direitos surgiram, enquanto antigos foram ampliados, e a interligação do território foi facilitada pelos avanços nos transportes e comunicação. Esse processo de modernização, entretanto, não foi contínuo e nem sempre abrangeu todos os grupos sociais. Entre 1930 e hoje, ao mesmo tempo em que houve avanços em várias áreas, os retrocessos também foram muitos. Nesse período, por exemplo, o Brasil viveu duas longas ditaduras e manteve um histórico de intensa desigualdade social. Para finalizar, ainda se fazem presentes o racismo, a desigualdade entre os gêneros e a infraestrutura precária em diversos setores.
1. Era Vargas Após a Revolução de 1930, teve início a Era Vargas. Entre 1930 e 1945, o Brasil passou por transformações significativas. Além do primeiro grande impulso estatal à indústria de base no país, no período em que Getúlio Vargas esteve no poder, ocorreu uma ampliação de alguns direitos para a população brasileira. Simultaneamente, os governos de Vargas foram marcados pelo traço autoritário, fruto, tanto do seu estilo de governar, quanto pelas influências políticas internacionais. O primeiro período em que Vargas esteve no poder foi dividido em Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. Algumas das principais características de cada um deles foram: - Governo Provisório: Ao assumir o poder, Vargas dissolveu todo o poder legislativo e nomeou interventores para o lugar dos governadores dos estados. Durante os quatro anos do Governo Provisório, predominou a hipertrofia do poder executivo, concentrado na mão de Getúlio. Marcou o início da política trabalhista. No entanto, além da criação do Ministério do Trabalho e das primeiras leis que amparavam o trabalhador, houve também o controle sobre o movimento operário. Os sindicatos passaram a ser vinculados ao governo e perderam sua autonomia; surgia, assim, o sindicalismo pelego. A ideia de se controlar o operariado fazia parte das noções do corporativismo, que visavam eliminar os conflitos entres as classes por meio da ação do Estado.
Em 1932, foi criado o Código Eleitoral, promovendo grandes alterações nas práticas vigentes. A maior delas foi a permissão para o voto feminino. Acompanharam essa inovação a instituição do voto secreto e a criação da Justiça Eleitoral. Ainda em 1932, ocorreu a Revolução Constitucionalista em São Paulo. Indignados com a perda do poder e com a extensão e a tendência ditatorial do Governo Provisório, os paulistas declararam guerra contra Vargas, exigindo a democratização pela via constitucional. Apesar da derrota paulista, Vargas convocou uma Assembleia Constituinte em 1933. A Constituição foi promulgada em 1934 e manteve a organização federalista, bem como a noção de divisão entre os poderes. Em relação às eleições, incorporou as alterações recentes feitas pelo Código Eleitoral. O voto, agora secreto, era permitido a homens e mulheres, mantinha-se, entretanto, a exclusão dos analfabetos. As leis trabalhistas também foram reunidas na Carta. A Constituição determinava um mandato de quatro anos para presidente, sendo que a primeira eleição deveria ser feita de forma indireta. Ainda em 1934, Vargas foi eleito presidente pela Assembleia. - Governo Constitucional: O Governo Constitucional foi caracterizado pela forte influência da polarização internacional do período. Naquele contexto, a Europa se dividia entre os defensores das ideologias fascistas e socialistas. O reflexo no Brasil foi o surgimento de dois grupos políticos de abrangência nacional, a AIB e a ANL. A Ação Integralista Brasileira (AIB) tinha como principais características o nacionalismo, o antiliberalismo e o anticomunismo. Defendiam um Estado centralizado, autoritário, monopartidário e corporativista. Liderados por Plínio Salgado, os integralistas usavam uniformes verdes, possuíam uma saudação, o Anauê, e tinham a letra grega Sigma como símbolo. Um de seus lemas era: "Deus, pátria, família. " A Aliança Nacional Libertadora (ANL) reunia grupos antifascistas, como liberais e socialistas. A ANL, no entanto, sofreu influência crescente do PCB, ainda na ilegalidade naquela época. Entre as principais causas defendidas pelos aliancistas estavam: a luta contra o latifúndio e o imperialismo, a reforma agrária, a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionalização de empresas estrangeiras e a formação de um governo amplamente democrático. O presidente de honra da ANL era Luís Carlos Prestes, antigo tenentista, agora ligado ao PCB.
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ainda durante o Governo Constitucional, a ANL realizou uma tentativa de insurreição, o Levante Comunista de 1935. A Intentona, como também é conhecida, foi duramente reprimida. O evento, entretanto, serviu para alimentar a noção de que o comunismo soviético ameaçava tomar o país e serviu de justificativa para Vargas limitar as liberdades garantidas pela Constituição de 1934. Com isso, também pretendia manter-se no poder mesmo com a proximidade das eleições que deveriam substituí-lo.
Apesar de muitos ainda defenderem sua manutenção no poder - como aqueles ligados ao movimento Queremista, incentivado pelo próprio Getúlio - em 1945, o Alto Comando do Exército depôs Vargas, colocando fim aos seus 15 anos no poder.
Em 1937, após a divulgação do Plano Cohen, forjado para intensificar o temor em relação à ameaça comunista, ocorreu o Golpe do Estado Novo. - Estado Novo: A ditadura varguista teve como principais características o reforço das atribuições do executivo com a suspensão do poder legislativo e das eleições. A Constituição de 1937, a Polaca, determinava também o fim da autonomia dos estados, o reforço do corporativismo, a proibição de greves e o fim dos partidos políticos. Em relação à economia, garantia a possibilidade do intervencionismo estatal nos assuntos econômicos. Durante o período, houve o aprofundamento da política trabalhista de Vargas. O grande símbolo dessa aproximação entre o presidente e o trabalhador urbano foi a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Inspirado nos regimes de tendência fascista, o governo estabeleceu uma intensa campanha de propaganda e censura. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) tinha como função reforçar o culto à imagem de Vargas, criar grandes manifestações públicas, aproximando o presidente do povo, e exaltar a grandeza da nação. A postura intervencionista e nacionalista da política econômica colaborou para a expansão da indústria brasileira naquele contexto. O crescimento ocorreu em vários setores, sendo que o de maior destaque foi o da indústria de base. A Segunda Guerra também colaborou para o processo, já que, novamente, teria ocorrido o processo de substituição de importações. A estatal criada na época e símbolo desse momento foi a Companhia Vale do Rio Doce. A eclosão da Segunda Guerra levou Getúlio Vargas a adotar uma postura pragmática em relação aos países envolvidos no conflito. A economia brasileira dependia de trocas tanto com os EUA quanto com a Alemanha. Tal postura permitiu que Vargas barganhasse melhores condições para que o país entrasse na guerra a favor de um dos lados. Os recursos americanos, destinados à criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), levaram o Brasil a enfrentar o Eixo na Segunda Guerra. Em consequência, os pracinhas da FEB e a FAB lutaram importantes batalhas no continente europeu a partir de 1943. As contradições entre a luta contra os regimes fascistas na Segunda Guerra Mundial e a manutenção de uma ditadura de tendência semelhante no Brasil colaboraram para o questionamento do Estado Novo. Somado a esse fato, a longevidade de Vargas no poder aumentava a rejeição a sua figura. Na tentativa de reduzir as críticas, o presidente ainda tentou acenar com o retorno dos partidos políticos, abrindo espaço para a atuação de novas forças como a UDN, o PSD, o PTB e o antigo PCB.
76 História | Curso Enem 2019
2. República Democrática O período que se estendeu de 1946 e 1964 foi caracterizado pela retomada das práticas democráticas. Apesar de turbulento, com tentativas de golpe e até o suicídio de um presidente, a tendência daquele momento foi de manutenção das regras da democracia. A Constituição de 1946 criou as bases para isso e possuía como principais características: retomada dos princípios liberais abandonados pela Constituição de 1937. A divisão dos poderes, o direito ao voto e a liberdade de associação partidária eram garantidos. Também foi reestabelecido o modelo federalista de organização do Estado; ao mesmo tempo em que se mantinha a legislação que tutelava o trabalhador e o movimento operário, foram mantidas as conquistas trabalhistas da Era Vargas; os mandatos dos presidentes passaram a ser de cinco anos. Para muitos historiadores esse foi o Período Populista da História do Brasil. As principais características do populismo seriam: o fenômeno, típico da América Latina entre os anos 30 e 60, emerge em um contexto de abalo do domínio das oligarquias após a Crise de 1929; nessa transição, o vazio de poder deixado pelo declínio oligárquico seria ocupado por líderes carismáticos identificados com os trabalhadores em uma sociedade cada vez mais urbana; o Estado, identificado com esse líder, deveria ser um intermediário na disputa entre os grupos sociais. A concessão de benefícios aos trabalhadores seria uma forma de manter esse grupo submetido aos interesses dos populistas. Entretanto, alguns estudiosos questionam tal conceito e afirmam não ter existido um “Período Populista”. Para Jorge Ferreira, esse momento foi: “Uma experiência democrática. É isso que une o período todo. Um tempo de independência entre os poderes, imprensa livre, eleições e, talvez o mais marcante, antagonismo entre projetos políticos claros, ideológicos, que se apresentaram à população brasileira. Prefiro o conceito de projeto nacional-estatista, presente em quase todos os momentos do período: não à dependência estrangeira; defesa de um capitalismo na-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
cional; presença forte do Estado, interferindo nos mercados e no mercado de trabalho; criação de companhias estatais estratégicas; preservação do patrimônio público; e atenção à mão-de-obra.” FERREIRA, Jorge. Todos populistas. Revista Época, 22.set. 2009. Disponível em: . (Adaptado).
E, a respeito da noção de que o político populista manipulava as massas trabalhadoras, o autor diz que essa: “Foi uma construção dos liberais derrotados e, depois, das esquerdas revolucionárias. Para os liberais, eles só poderiam ter perdido porque alguém se deixou ludibriar. Para as esquerdas, que queriam primazia nos movimentos populares, os populistas eram todos os demais, inclusive outros ramos marxistas. Além da direita e da esquerda, juntaram-se nessa poderosa aliança a universidade, tentando dar uma consistência teórica à definição, e a imprensa, difundindo e popularizando a caracterização. O princípio, totalmente improvável, é da existência de uma multidão de tolos, um bando de idiotas, a seguir um líder malicioso e poderosíssimo. Um sujeito capaz de enganar milhões e milhões de pessoas durante décadas. É uma afirmação da mesma família daquela outra: 'O povo brasileiro não sabe votar'. As multidões apoiaram Vargas e outros governos ditos populistas por entender que ganhavam com isso, melhoravam de vida. Preferiam esse projeto ao outro, batido nas urnas.” FERREIRA, Jorge. Todos populistas. Revista Época, 22.set. 2009. Disponível em: . (Adaptado).
Apesar de apresentarem alguns pontos em comum, é necessário conhecer algumas características específicas de cada um dos governos da época. - Governo Dutra: A política econômica do Governo Dutra refletiu o alinhamento do Brasil aos EUA no contexto da Guerra Fria. Dessa forma, a tendência liberal permitiu a abertura dos mercados brasileiros aos externos, em especial ao norte-americano.
CAPÍTULO 10
Getúlio, estavam os trabalhadores, o PTB e militares nacionalistas. O atentado a Carlos Lacerda, jornalista e principal opositor do presidente, foi o estopim para a crise, que culminou no suicídio de Getúlio Vargas. - Governo JK: O governo de Juscelino Kubitschek foi de relativa estabilidade democrática. Eleito pelo PSD, maior partido da época, e tendo como vice João Goulart, do PTB, o presidente contou com uma ampla base de apoio do Congresso. A Campanha de JK foi baseada no slogan “50 anos em 5” e no Plano de Metas. A ideia era a de promover a modernização do país por meio do fortalecimento da indústria. Ao tomar posse, o Plano de Metas foi colocado em prática seguindo os princípios do nacional desenvolvimentismo. De acordo com essa concepção, o crescimento da economia brasileira deveria ser alcançado tendo como base o investimento do capital estrangeiro, nacional privado e estatal. As metas a serem atingidas eram nos setores da indústria de base, energia, transporte, educação e alimentação. Os três primeiros foram os que mais receberam investimentos e, consequentemente, tiveram maior crescimento. A expansão da indústria automobilística foi o grande símbolo daquele período. A meta síntese foi Brasília. A construção da nova capital atendia a vários objetivos, como a interligação do território, a busca por ocupação do Centro-Oeste e a redução da influência dos políticos do Rio de Janeiro sobre o poder central. Além disso, a capital, projetada pelos modernistas Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, encarnava o espírito empreendedor e modernizador de Juscelino. No final do governo, a economia brasileira entrou em um momento de crise. As condições para o intenso crescimento vivido durante o governo JK foram o endividamento externo, a emissão de moeda e, consequentemente, a inflação.
Apesar do caráter democrático do período, o anticomunismo da época levou à proibição da atuação do PCB. O aumento das importações provocou um desequilíbrio na balança comercial, e o final do Governo Dutra foi marcado por crise econômica. Nas eleições realizadas no final do mandato de Dutra, Getúlio Vargas foi eleito presidente da república pelo PTB. - Governo Vargas: No campo da economia, o segundo Governo de Vargas foi marcado pela retomada da política nacionalista. O grande símbolo dessa prática foi a Campanha “o Petróleo é nosso”, que culminou com a criação da Petrobras. Na política, o governo tentou aprofundar a política trabalhista e a aproximação entre Vargas e o operário. A polarização em relação à figura de Vargas colaborou para o desfecho trágico do seu governo. De um lado estavam os grupos de tendência econômica liberal e antivarguistas, como: parte dos militares, a UDN, representantes de empresas americanas e setores da imprensa. Do outro, apoiando
A charge apresenta as contradições da política econômica do Governo JK.
Governo Jânio Quadros: O político de São Paulo foi eleito por uma associação entre o seu partido, o PTN, e a UDN. Visando resolver os problemas econômicos herdados do governo anterior, Jânio adotou uma política de austeridade que acabou abalando a sua grande popularidade.
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA No plano da política externa, adotou o não alinhamento automático no contexto da Guerra Fria. A política externa independente seguia princípios como os definidos pela Conferência de Bandung, e o presidente, portanto, buscou aproximar-se tanto dos países capitalistas quanto dos socialistas. Um marco dessa política foi a condecoração de Che Guevara. Junto com a crise econômica, a política externa aumentou o descontentamento com o governo. Setores ligados à UDN, que antes apoiaram a candidatura, passaram a pressionar Jânio Quadros. Em 1961, com menos de um ano de governo, Jânio Quadros renunciou à presidência da república.
A polarização se acirrou em 1963 e 1964. De um lado, o PTB, os grupos ligados aos trabalhadores urbanos, as Ligas Camponesas e os sindicatos exigiam a execução das Reformas de Base. Do outro, UDN, parcelas da elite, grupos médios, EUA, Igreja e militares temiam o radicalismo das propostas. Dois eventos são representativos da divisão ocorrida no período: o Comício da Central, no qual Jango afirmou seu compromisso com as reformas, e a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, uma reação dos setores opositores. Em 1964, um Golpe Civil Militar colocou fim ao Governo de João Goulart e ao Período Democrático.
A charge representa a posição de João Goulart diante da polarização ocorrida em seu governo.
3. Ditadura Civil Militar
A charge ironiza a postura externa independente de Jânio Quadros.
- Governo João Goulart: Eleito pelo PTB como vice de Jânio Quadros, João Goulart era associado, por muitos, aos trabalhadores e sindicatos. No contexto da Guerra Fria, em especial após a Revolução Cubana, essa característica causou a apreensão em parte da elite política e militar no Brasil. Dessa maneira, o temor do comunismo e a busca de Jango por executar reformas sociais gerou intensa polarização. O vice-presidente só pôde assumir depois que uma Emenda Constitucional introduziu o modelo parlamentarista no Brasil. A solução de compromisso garantia a posse do presidente, temida por muitos, ao mesmo tempo em que limitava os seus poderes. Em 1963, um plebiscito colocou fim ao parlamentarismo. Jango pretendia implementar as Reformas de Base com a pretensão de reduzir a desigualdade e promover a justiça social. Entre as propostas, estavam incluídas as de Reforma Agrária, Urbana, Tributária, Bancária, Administrativa e Educacional. Além disso, João Goulart pretendia ampliar os direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais e permitir o voto dos analfabetos. As propostas de reforma foram interpretadas por muitos como uma guinada radical do país rumo ao socialismo. O anticomunismo levava ao medo de que o Brasil passasse pelo que havia ocorrido em Cuba. As reformas também atingiam interesses de grupos econômicos e políticos importantes, colaborando para o aumento das tensões.
78 História | Curso Enem 2019
Entre 1964 e 1985, o cargo da presidência da República foi ocupado, na sequência, pelos Generais Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. As eleições para presidente eram indiretas, e os direitos civis e políticos sofreram severas restrições. É possível dividir o período em três momentos, o do fechamento do Regime, o dos “Anos de Chumbo” e o da abertura. As principais características de cada um deles são: - Fechamento do regime: As primeiras medidas do governo militar pretendiam afastar a influência dos elementos considerados subversivos ao cassar cargos públicos e mandatos de políticos. Ainda em 1964, a publicação do Ato Institucional 1 ampliava de forma considerável a força do poder executivo nas mãos do presidente. Preocupada em manter uma aparência democrática, a Ditadura publicou uma série de Atos Institucionais e até uma Constituição com o objetivo de dar legitimidade ao regime. Ainda durante o governo Castelo Branco, foram editados o AI-2, AI-3 e AI-4 reforçando a estrutura autoritária imposta pelos militares. O mais importante deles foi o AI-2 que extinguiu os partidos existentes e estabeleceu o bipartidarismo. Surgiram a ARENA e o MDB, partido da situação e oposição, respectivamente. - “Anos de Chumbo”: Os governos dos Generais Artur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici representaram o auge do autoritarismo e repressão da Ditadura. Em 1968, ainda sob a presidência de Costa e Silva, foi editado o AI-5. Com o ato, ficaram suprimidas diversas garantias individuais, como a do Habeas Corpus, e consolidou-se a hipertrofia do poder executivo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
Foi também no período que a oposição à Ditadura se intensificou. A luta armada da guerrilha urbana e rural, os grupos no interior da Igreja, os políticos tradicionais – como Jango, JK e Carlos Lacerda – posicionaram-se contra a manutenção do regime. A música popular, com as canções de protesto, e o teatro, com grupos como o Arena e Oficina, são exemplos de que a oposição também vinha do campo da cultura. Os anos de chumbo foram, simultaneamente, os anos do Milagre Brasileiro. A economia brasileira passou por um período de expansão caracterizado pelo crescimento do Produto Interno Bruto e de estabilização da inflação entre 1969 e 1973. O Milagre Econômico foi possível devido à presença do capital externo somado ao estatal, sendo que as maiores taxas de crescimento foram observadas na indústria de automóveis e de eletrodomésticos. Para as classes trabalhadoras, no entanto, o milagre provocou a compressão do poder de compra dos salários, acarretando o aumento da concentração de renda na sociedade brasileira - Abertura: Os governos Geisel e Figueiredo representaram fim a Ditadura. O processo de abertura foi uma transição longa, definido à época como “lento, gradual e seguro”. Dessa forma, os militares acreditavam ser possível evitar radicalismos. A abertura coincidiu com o início da crise do milagre e dos anos 1980, a década perdida. O cenário da economia brasileira em fins da ditadura era de estagflação. Militares da linha dura, favoráveis à manutenção do autoritarismo, promoveram ações visando desestabilizar o processo de distensão. Dois exemplos disso foram: o assassinato do jornalista Vladimir Herzog e o atentado ao Riocentro, que tiveram grande repercussão à época. Os principais marcos da abertura foram o fim do AI-5, o retorno do pluripartidarismo e a Lei da Anistia. Essa última abrangia tanto os inimigos do regime quanto os militares que houvessem cometido crimes em nome do regime. O contexto de abertura impulsionou a mobilização pelo retorno das eleições diretas para presidente. O movimento das Diretas Já contou com a participação dos novos partidos de oposição, como o PMDB e o PT, da Igreja, de artistas, de intelectuais, da OAB e de atletas e realizou comícios em várias capitais. O objetivo era a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que acabaria com as eleições indiretas, pelo Congresso. A Emenda, no entanto, foi derrotada. De qualquer maneira, a eleição indireta transcorreu sem a participação de um candidato militar, e o candidato Tancredo Neves foi eleito presidente. O retorno de um civil ao poder marcou o fim da Ditadura.
4. Nova República A retomada da democracia é recente no Brasil. Após 1985, o país experimentou momentos de euforia, com a possibilidade da ampliação da participação política, e sofreu alguns tropeços enquanto as práticas democráticas começavam a se consolidar. Sobre esse período, as questões do ENEM costumam abordar temas ligados à Constituição de 1988 e suas implicações. O Exame também pode abordar as mobilizações
CAPÍTULO 10
políticas e sociais do período, como no caso do processo de impeachment do governo Collor. Sobre esses pontos, é preciso saber: - Constituição de 1988: Elaborada durante o Governo de José Sarney, antigo político da ARENA que assumiu após a morte de Tancredo Neves, ficou conhecida como a Constituição Cidadã. Foi promulgada pela Assembleia Constituinte presidida por Ulysses Guimarães. Por ela, ficou estabelecida a forma republicana federalista e foi retomado o princípio da divisão equilibrada dos poderes. As eleições seriam diretas e em dois turnos, sendo que o voto passou a ser permitido aos analfabetos. A Carta é reconhecida pelo estabelecimento de novos direitos, principalmente sociais. Entre eles constam: jornada de trabalho de 44 horas semanais, salário-desemprego, licença-maternidade e paternidade, direito de greve, liberdade sindical e criação de partidos políticos, extensão do ensino público gratuito ao nível médio, possibilidade de desapropriação de terras não produtivas. A Constituição trouxe novidades como a possibilidade de se determinar direitos específicos ligados aos nativos e às suas terras, às comunidades quilombolas, às crianças, aos idosos e ao meio ambiente. - Governo Collor: Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito diretamente pela população desde Jânio Quadros. Em sua campanha, o candidato estabeleceu uma plataforma baseada no combate à corrupção no Brasil. A vitória sobre Lula no segundo turno levou Collor à presidência. As acusações de corrupção mobilizaram a sociedade civil e a mídia contra o presidente recém-eleito. A crise econômica colaborou para o acirramento da oposição a Collor. Os símbolos dessa mobilização foram os estudantes “caras pintadas”. Em meio à votação do Impeachment pelo Congresso, Fernando Collor renunciou ao seu mandato.
EXERCÍCIOS 1. (Enem 2018) O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que não trazia qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos por mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à possibilidade desse exercício. Foi somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direito de votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação do Código Eleitoral de 1932. Disponível em: http://tse.jusbrasil.com.br.Acesso em: 14 maio 2018.
Curso Enem 2019 | História
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CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Um dos fatores que contribuíram para a efetivação da medida mencionada no texto foi a
a) conter a abertura econômica para conseguir a adesão das elites.
a) superação da cultura patriarcal.
b) impedir a ingerência externa para garantir a conservação de direitos.
b) influência de igrejas protestantes. c)
pressão do governo revolucionário.
d) fragilidade das oligarquias regionais. e) campanha de extensão da cidadania. 2. (Enem 2018)
c)
regulamentar os meios de comunicação para coibir os partidos de oposição.
d) aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização de setores trabalhistas. e) incrementar o processo de desestatização para diminuir a pressão da opinião pública. 4. (Enem 2018)
TEXTO I
Programa do Partido Social Democrático (PSD) Capitais estrangeiros É indispensável manter clima propício à entrada de capitais estrangeiros. A manutenção desse clima recomenda a adoção de normas disciplinadoras dos investimentos e suas rendas, visando reter no país a maior parcela possível dos lucros auferidos. TEXTO II Programa da União Democrática Nacional (UDN) O capital
Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a vigência do Estado Novo com o intuito de
Apelar para o capital estrangeiro, necessário para os empreendimentos da reconstrução nacional e, sobretudo, para o aproveitamento das nossas reservas inexploradas, dando-lhe um tratamento equitativo e liberdade para a saída dos juros. CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: UnB. 1981 (adaptado).
a) destacar a sabedoria inata do líder governamental. b) atender a necessidade familiar de obediência infantil. c)
promover o desenvolvimento consistente das atitudes solidárias.
d) conquistar a aprovação política por meio do apelo carismático. e) estimular o interesse acadêmico por meio de exercícios intelectuais. 3. (Enem 2018) A democracia que eles pretendem é a democracia dos privilégios, a democracia da intolerância e do ódio. A democracia que eles querem é para liquidar com a Petrobras, é a democracia dos monopólios, nacionais e internacionais, a democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem eu afirmava que a democracia jamais poderia ser ameaçada pelo povo, quando o povo livremente vem para as praças – as praças que são do povo. Para as ruas – que são do povo. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/artigosldiscurso-de-joaogoulart-no-comicio-da-central. Acesso em: 29 out. 2015.
Em um momento de radicalização política, a retórica no discurso do presidente João Goulart, proferido no comício da Central do Brasil, buscava justificar a necessidade de
80 História | Curso Enem 2019
Considerando as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos dos programas do PSD e UDN convergiam na defesa da a) autonomia de atuação das multinacionais. b) descentralização da cobrança tributária. c)
flexibilização das reservas cambiais.
d) liberdade de remessa de ganhos. e) captação de recursos do exterior. 5. (Enem 2ª aplicação 2010) Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968 Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Art. 11 -_Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos. Disponível em: http://www.senado.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010.
O Ato Institucional nº 5 é considerado por muitos autores um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos do AI-5 selecionados, o
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
governo militar procurou limitar a atuação do Poder Judiciário, porque isso significava a) a substituição da Constituição de 1967. b) o início do processo de distensão política. c)
a garantia legal para o autoritarismo dos juízes.
de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular... Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”. A Democracia. 16 set. 1945. apud GOMES. A.C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e
d) a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo. e) a revogação dos instrumentos jurídicos implantados durante o golpe de 1964. 6. (Enem 2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017.
A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre a) etnia e miscigenação racial. b) sociedade e igualdade jurídica. c)
espaço e sobrevivência cultural.
d) progresso e educação ambiental. e) bem-estar e modernização econômica. 7. (Enem 2017) No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela igreja. MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto. 2011 (adaptado).
Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a) a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado. b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército. c)
doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial. e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material. 8. (Enem 2017) Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato
CAPÍTULO 10
trabalhismo. São Paulo: Ática. 1989.
O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por a) reclamar a participação das agremiações partidárias. b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista. c)
demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
d) reivindicar a transição constitucional sob influência do governante. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social. 9. (Enem 2017) Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da empolgação e envolvimento das “multidões” através das mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o significado das palavras importa pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”. CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI. D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV. 1999.
O controle sobre os meios de comunicação foi uma marca do Estado Novo, sendo fundamental à propaganda política, na medida em que visava a) a conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo. b) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões políticas. c)
aumentar a oferta de informações públicas para a sociedade civil.
d) estender a participação democrática dos meios de comunicação no Brasil. e) alargar o entendimento da população sobre as intenções do novo governo. 10. (Enem 2016) Em 1935, o governo brasileiro começou a negar vistos a judeus. Posteriormente, durante o Estado Novo, uma circular secreta proibiu a concessão de vistos a “pessoas de origem semita”, inclusive turistas e negociantes, o que causou uma queda de 75% da imigração judaica ao longo daquele ano. Entretanto, mesmo com as imposições da lei, muitos judeus continuaram entrando ilegalmente no país durante a guerra e as ameaças de deportação em massa nunca foram concretizadas, apesar da extradição de alguns indivíduos por sua militância política. GRIMBERG, K. Nova língua interior: 500 anos de história dos judeus no Brasil. In: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000 (adaptado).
Curso Enem 2019 | História
81
CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Uma razão para a adoção da política de imigração mencionada no texto foi o(a)
A criação da referida instituição estatal na conjuntura histórica abordada teve por objetivo
a) receio do controle sionista sobre a economia nacional.
a) legitimar os protestos fabris.
b) reserva de postos de trabalho para a mão de obra local.
b) ordenar os conflitos laborais.
c)
c)
oposição do clero católico à expansão de novas religiões.
d) apoio da diplomacia varguista às opiniões dos líderes árabes. e) simpatia de membros da burocracia pelo projeto totalitário alemão. 11. (Enem 2ª aplicação 2016) Aquarela do Brasil Brasil! Meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos O Brasil, samba que dá Bamboleio que faz gingar O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil! Pra mim! Pra mim, pra mim! Ah! Abre a cortina do passado Tira a mãe preta do Cerrado Bota o rei congo no congado Brasil! Pra mim! Deixa cantar de novo o trovador A merencória luz da lua Toda canção do meu amor Quero ver a sá dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim! ARY BARROSO. Aquarela do Brasil, 1939 (fragmento).
oficializar os sindicatos plurais.
d) assegurar os princípios liberais. e) unificar os salários profissionais. 13. (Enem 2016) Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos. O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do Brasil. 15 nov. 1989.
O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas continuidades consistiu na a) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo. b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão. c)
presença de políticos com trajetórias no regime autoritário.
d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais. e) estabilidade da economia com o congelamento anual de preços. 14. (Enem 2ª aplicação 2016)
Muito usual no Estado Novo de Vargas, a composição de Ary Barroso é um exemplo típico de a) música de sátira. b) samba exaltação. c)
hino revolucionário.
d) propaganda eleitoral. e) marchinha de protesto. 12. (Enem 2016) A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais. A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa vasta engrenagem. A presença de representantes classistas na composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também resultante da montagem dessa regulação. O poder normativo também reflete essa característica. Instituída pela Constituição de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937. ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.
82 Curso Enem 2019 | História
Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
CAPÍTULO 10
a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país.
A imagem faz referência a uma intensa mobilização popular e pode ser traduzida como
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil.
a) a campanha popular que confrontava a legitimidade das eleições indiretas no país.
c)
legalização dos sindicatos no Brasil.
d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas. e) processo de redemocratização do Brasil. 15. (Enem 2016) A Operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras civil-militares que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel político das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.
b) a manifestação de milhares de pessoas em prol da realização de eleições para o Senado. c)
as passeatas realizadas em prol do fim da Ditadura Militar no Brasil e na Argentina.
d) os comícios e manifestações populares pela abertura política de forma lenta e segura. e) o movimento que exigia o direito à igualdade de voto para homens e mulheres. 17. (Enem 2016)
PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: Corag, 2009 (adaptado).
Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar a a) modificação de limites territoriais. b) sobrevivência de oficiais exilados. c)
interferência de potências mundiais.
d) repressão de ativistas oposicionistas. e) implantação de governos nacionalistas. 16. (Enem PPL 2016) No anúncio, há referências a algumas das transformações ocorridas no Brasil nos anos 1950 e 1960. No entanto, tais referências omitem transformações que impactaram segmentos da população, como a a) exaltação da tradição colonial. b) redução da influência estrangeira. c)
ampliação da imigração internacional.
d) intensificação da desigualdade regional. e) desconcentração da produção industrial. 18. (Enem PPL 2015) Em 1943, Getúlio Vargas criou o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural junto ao Ministério da Justiça, esvaziando o Ministério da Educação não só da propaganda, mas também do rádio e do cinema. A decisão tinha como objetivo colocar os meios de comunicação de massa a serviço direto do Poder Executivo, iniciativa que tinha inspiração direta no recém-criado Ministério da Propaganda alemão. CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
Curso Enem 2019 | História
83
CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA No contexto citado, a transferência de funções entre ministérios teve como finalidade o(a)
21. (Enem PPL 2015)
a) desativação de um sistema tradicional de comunicação voltado para a educação. b) controle do conteúdo da informação por meio de uma orientação política e ideológica. c)
subordinação do Ministério da Educação ao Ministério da Justiça e ao Poder Executivo.
d) ampliação do raio de atuação das emissoras de rádio como forma de difusão da cultura popular. e) demonstração de força política do Executivo diante de ministérios herdados do governo anterior. 19. (Enem 2015) Bandeira do Brasil, és hoje a única. Hasteada a esta hora em todo o território nacional, única e só, não há lugar no coração do Brasil para outras flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez com determinação de não consentir que a discórdia volte novamente a dividi-lo! Discurso do Ministro da Justiça Francisco Campos na cerimônia da festa da bandeira, em novembro de 1937. Apud OLIVEN, G. R. A parte e o todo: a diversidade cultural do Brasil Nação. Petrópolis: Vozes, 1992.
O discurso proferido em uma celebração em que as bandeiras estaduais eram queimadas diante da bandeira nacional revela o pacto nacional proposto pelo Estado Novo, que se associa à a) supressão das diferenças socioeconômicas entre as regiões do Brasil, priorizando as regiões estaduais carentes. b) orientação do regime quanto ao reforço do federalismo, espelhando-se na experiência política norte-americana. c)
Na imagem, encontram-se referências a um momento de intensa agitação estudantil no país. Tal mobilização se explica pela a) divulgação de denúncias de corrupção envolvendo o presidente da República. b) criminalização dos movimentos sociais realizada pelo Governo Federal. c)
adoção do arrocho salarial implementada pelo Ministério da Fazenda.
d) compra de apoio político promovida pelo Poder Executivo. e) violência da repressão estatal atribuída às Forças Armadas. 22. (Enem PPL 2015)
adoção de práticas políticas autoritárias, considerando a contenção dos interesses regionais dispersivos.
d) propagação de uma cultura política avessa aos ritos cívicos, cultivados pela cultura regional brasileira. e) defesa da unidade do território nacional, ameaçado por movimentos separatistas contrários à política varguista. 20. (Enem 2015) A Justiça Eleitoral foi criada em 1932, como parte de uma ampla reforma no processo eleitoral incentivada pela Revolução de 1930. Sua criação foi um grande avanço institucional, garantindo que as eleições tivessem o aval de um órgão teoricamente imune à influência dos mandatários. TAYLOR, M. Justiça Eleitoral. In: AVRITZER, L.; ANASTASIA, F. Reforma política no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2006 (adaptado).
Em relação ao regime democrático no país, a instituição analisada teve o seguinte papel:
O diálogo entre os personagens da charge evidencia, no Brasil, a(s) a) reinserção do país na economia globalizada.
a) Implementou o voto direto para presidente.
b) transformações políticas na vigência do Estado Novo.
b) Combateu as fraudes sistemáticas nas apurações.
c)
c)
d) suspensão das eleições legislativas durante o período da Ditadura Militar.
Alterou as regras para as candidaturas na ditadura.
d) Impulsionou as denúncias de corrupção administrativa. e) Expandiu a participação com o fim do critério censitário.
84 História | Curso Enem 2019
alterações em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país.
e) volta da democracia após um período sem eleições diretas para o Executivo Federal.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
25. (Enem 2014)
23. (Enem 2015)
CAPÍTULO 10
TEXTO l
O presidente do jornal de maior circulação do país destacava também os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara sua crença de que a intervenção fora imprescindível para a manutenção da democracia. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado).
TEXTO II Nada pode ser colocado em compensação à perda das liberdades individuais. Não existe nada de bom quando se aceita uma solução autoritária. FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em: www.brasilrecente.com. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).
Embora enfatizem a defesa da democracia, as visões do movimento político-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente: a) Razões de Estado – Soberania popular. No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Militar abordada na charge foi caracterizada pela a) priorização da segurança nacional. b) captação de financiamentos estrangeiros. c)
execução de cortes nos gastos públicos.
d) nacionalização de empresas multinacionais. e) promoção de políticas de distribuição de renda. 24. (Enem PPL 2014) As relações do Estado brasileiro com o movimento operário e sindical, bem como as políticas públicas voltadas para as questões sociais durante o primeiro governo da Era Vargas (1930-1945), são temas amplamente estudados pela academia brasileira em seus vários aspectos. São também os temas mais lembrados pela sociedade quando se pensa no legado varguista. D’ ARAÚJO, M. C. Estado, classe trabalhadora e políticas sociais. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A. (Org). O tempo do nacional-estatismo: do início ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
b) Ordenação da Nação – Prerrogativas religiosas. c)
d) Normatização do Poder Judiciário – Regras morais. e) Contestação do sistema de governo – Tradições culturais. 26. (Enem PPL 2013) O trabalho de recomposição que nos espera não admite medidas contemporizadoras. Implica o reajustamento social e econômico de todos os rumos até aqui seguidos. Comecemos por desmontar a máquina do favoritismo parasitário, com toda sua descendência espúria. Discurso de posse de Getúlio Vargas como chefe do governo provisório, pronunciado em 03 de novembro de 1930. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documento. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).
Em seu discurso de posse, como forma de legitimar o regime político implantado em 1930, Getúlio Vargas estabelece uma crítica ao a) funcionamento regular dos partidos políticos. b) controle político exercido pelas oligarquias estaduais. c)
Durante o governo de Getúlio Vargas, foram desenvolvidas ações de cunho social, dentre as quais se destaca a a) disseminação de organizações paramilitares inspiradas nos regimes fascistas europeus.
Imposição das Forças Armadas – Deveres sociais.
centralismo presente na Constituição então em vigor.
d) mecanismo jurídico que impedia as fraudes eleitorais. e) imobilismo popular nos processos político-eleitorais. 27. (Enem 2013)
b) aprovação de normas que buscavam garantir a posse das terras aos pequenos agricultores. c)
criação de um conjunto de leis trabalhistas associadas ao controle das representações sindicais.
d) implementação de um sistema de previdência e seguridade para atender aos trabalhadores rurais. e) implantação de associações civis como uma estratégia para aproximar as classes médias e o governo.
Curso Enem 2019 | História
85
CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de Finados de 1965. Sua relação com os direitos políticos existentes no período revela a
29. (Enem 2012)
a) extinção dos partidos nanicos. b) retomada dos partidos estaduais. c)
adoção do bipartidarismo regulado.
d) superação do fisiologismo tradicional. e) valorização da representação parlamentar. 28. (Enem 2013)
Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal. Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo revolucionário a) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a ditadura. b) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira paulista. c)
ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar que empunha a bandeira.
JK — Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gazolina brasileira. Quer mais quer?
d) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro plano.
JECA — Um prato de feijão brasileiro, seu doutô!
e) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela pequenez de sua figura no cartaz.
THÉO. In: LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura (18402001). Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras & Expressões, 2001.
A charge ironiza a política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, ao a) evidenciar que o incremento da malha viária diminuiu as desigualdades regionais do país. b) destacar que a modernização das indústrias dinamizou a produção de alimentos para o mercado interno. c)
enfatizar que o crescimento econômico implicou aumento das contradições socioespaciais.
30. (Enem 2012) Fugindo à luta de classes, a nossa organização sindical tem sido um instrumento de harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho. Não se limitou a um sindicalismo puramente “operário”, que conduziria certamente a luta contra o “patrão”, como aconteceu com outros povos. FALCÃO, W. Cartas sindicais. In: Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Rio de Janeiro, 10 (85), set. 1941 (adaptado).
Nesse documento oficial, à época do Estado Novo (19371945), é apresentada uma concepção de organização sindical que
d) ressaltar que o investimento no setor de bens duráveis incrementou os salários de trabalhadores.
a) elimina os conflitos no ambiente das fábricas.
e) mostrar que a ocupação de regiões interioranas abriu frente de trabalho para a população local.
c)
86 História | Curso Enem 2019
b) limita os direitos associativos do segmento patronal. orienta a busca do consenso entre trabalhadores e patrões.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Brasil República: modernização e atraso
d) proíbe o registro de estrangeiros nas entidades profissionais do país. e) desobriga o Estado quanto aos direitos e deveres da classe trabalhadora. 31. (Enem PPL 2012) De um ponto de vista político, achávamos que a ditadura militar era a antessala do socialismo e a última forma de governo possível às classes dominantes no Brasil. Diante de nossos olhos apocalípticos, ditadura e sistema capitalista cairiam juntos num único e harmonioso movimento. A luta especificamente política estava esgotada. GABEIRA, F. Carta sobre a anistia: a entrevista do Pasquim. Conversação sobre 1968. Rio de Janeiro: Ed. Codecri, 1980.
CAPÍTULO 10
O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas. b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia. c)
criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
Compartilhando da avaliação presente no texto, vários grupos de oposição ao Regime Militar, nos anos 1960 e 1970, lançaram-se na batalha política seguindo a estratégia de
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
a) aliança com os sindicatos e incitação de greves.
e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.
b) organização de guerrilhas no campo e na cidade.
34. (Enem 2011)
c)
apresentação de acusações junto à Anistia Internacional.
d) conquista de votos para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). e) mobilização da imprensa nacional a favor da abertura do sistema partidário. 32. (Enem PPL 2012) “É para abrir mesmo e quem quiser que eu não abra eu prendo e arrebento.” Frase pronunciada pelo presidente João Baptista Figueiredo. APUD RIBEIRO, D. Aos trancos e barrancos e o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996.
A frase do último presidente do regime militar indicava a ambiguidade da transição política no país. Neste contexto, houve resistências internas ao processo de distensão planejado pela alta cúpula militar, que se manifestaram com a) as campanhas no rádio, TV e jornais em favor da lei de anistia. b) as posições de prefeitos e governadores em apoio à instalação de eleições diretas. c)
as articulações no Congresso pela convocação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte.
d) os atos criminosos, como a explosão de bombas, de militares inconformados com o fim da ditadura. e) as articulações dos parlamentares do PDS, PMDB e PT em prol da candidatura de Tancredo Neves à presidência. 33. (Enem 2011) É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930. MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).
O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico, a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já. b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. c)
engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para agendar suas manifestações.
d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou ações revolucionárias armadas. e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou processo de impeachment do então presidente Collor. 35. (Enem 2011) A consolidação do regime democrático no Brasil contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica e permanente no sentido do aprimoramento das instituições políticas e da realização de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e social. Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) – 1957.
Curso Enem 2019 | História
87
CAPÍTULO 10 Brasil República: modernização e atraso
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remessas de Lucros. Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962. BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002.
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos usados no debate político, como democracia e reforma. Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar em a)
fim da intervenção estatal na economia.
b)
crescimento do setor de bens de consumo.
c)
controle do desenvolvimento industrial.
d)
atração de investimentos estrangeiros.
e)
limitação da propriedade privada.
Ata de reunião no Ministério da Guerra, 28/09/1937. BONAVIDES, P.; AMARAL. R.Textos políticos da história do Brasil, v. 5. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
Levando em conta o contexto político-institucional dos anos 1930 no Brasil, pode-se considerar o texto como uma tentativa de justificar a ação militar que iria a)
debelar a chamada Intentona Comunista, acabando com a possibilidade da tomada do poder pelo PCB.
b)
reprimir a Aliança Nacional Libertadora, fechando todos os seus núcleos e prendendo os seus líderes.
c)
desafiar a Ação Integralista Brasileira, afastando o perigo de uma guinada autoritária para o fascismo.
d)
instituir a ditadura do Estado Novo, cancelando as eleições de 1938 e reescrevendo a Constituição do país.
e)
combater a Revolução Constitucionalista, evitando que os fazendeiros paulistas retomassem o poder perdido em 1930.
GABARITO
36. (Enem 2011) Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”. KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popu-
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lar, 2003.
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No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políticos vinculados à União Democrática Nacional - UDN -, Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização
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a)
constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
b)
contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular.
c)
realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura.
d)
prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres.
e)
diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo.
37. (Enem 2ª aplicação 2010) Os generais abaixo-assinados, de pleno acordo com o Ministro da Guerra, declaram-se dispostos a promover uma ação enérgica junto ao governo no sentido de contrapor medidas decisivas aos planos comunistas e seus pregadores e adeptos, independentemente da esfera social a que pertençam. Assim procedem no exclusivo propósito de salvarem o Brasil e suas instituições políticas e sociais da hecatombe que se mostra prestes a explodir.
88 História | Curso Enem 2019
GEOGRAFIA Capítulo 1 - Espaço Geográfico Capítulo 1 - Espaço Geográfico - Exercícios Capítulo 2 - Cartografia Capítulo 2 - Cartografia - Exercícios Capítulo 3 – Dinâmica Terrestre Capítulo 3 – Dinâmica Terrestre - Exercícios Capítulo 4 – Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos Capítulo 4 – Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos Exercícios Capítulo 5 – Impactos Ambientais Capítulo 5 – Impactos Ambientais - Exercícios
Capítulo 6 – Recursos Energéticos Capítulo 6 – Recursos Energéticos - Exercícios Capítulo 7 – Dinâmica Populacional Capítulo 7 – Dinâmica Populacional Exercícios Capítulo 8 – Urbanização Capítulo 8 – Urbanização - Exercícios Capítulo 9 – Industrialização Capítulo 9 – Industrialização- Exercícios Capítulo 10 – Agropecuária Capítulo 10 – Agropecuária - Exercícios Capítulo 11 – Globalização, Comércio e Transporte Capítulo 11 – Globalização, Comércio e Transporte - Exercícios
90 93 95 1 02 107 121 128 144 152 158 168 17 1 176 186 1 92 197 202 20 9 213 215 223 2 27
CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
CONCEITOS - Espaço geográfico: é o espaço produzido através do trabalho humano, a partir da alteração do espaço natural ou da (re) produção do espaço geográfico pelas relações antrópicas. - Relações antrópicas: são as relações desenvolvidas pelos seres humanos, que se diferenciam por naturezas distintas: econômica, social, cultural e política. Essas relações alteram o meio de maneira:
• direta: alteração direta dos processos naturais pela ação humana, como o desmatamento.
- Lugar: é o espaço vivenciado pelas experiências humanas, produzindo uma relação de sentimento pelo meio. - Território: é o espaço delimitado pelo uso de fronteiras – físicas ou simbólicas –, que se consolida a partir de uma expressão e imposição de poder. É importante destacar que as fronteiras que definem o território podem ser respeitadas ou não, afetando a ideia de soberania de uma região. - Região: é um território que se diferencia das áreas próximas por apresentar características distintas, que podem ser de clima, solo, vegetação, produção econômica, dinâmica populacional, entre outros.
•
- Área inóspita: região que desfavorece o desenvolvimento da vida. - Área ecúmena: região com grande densidade demográfica (hab/área).
• racional: alteração de processos naturais sem o comprometimento dos recursos naturais para as próximas gerações, o que denominamos desenvolvimento sustentável.
- Área anecúmena: região com pequena densidade demográfica ou vazios demográficos.
indireta: alteração dos processos naturais realizada pela ação de um produto da ação antrópica, como o aquecimento global.
•
irracional: alteração dos processos naturais de maneira predatória, comprometendo a disponibilidade futura para as próximas gerações. Esse tipo de alteração produz os impactos ambientais. - Espaço natural: é o espaço que não sofreu intervenção antrópica, possuindo apenas a atuação dos elementos naturais (estrutura geológica, relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo e seres vivos). Atualmente, os espaços naturais inexistem, devido à atuação antrópica em escala global. O que ainda se verifica é a presença de espaços que possuem predomínio dos elementos naturais. - Meio técnico-científico-informacional: meio que dispõe de tecnologias para sua produção e reprodução, destacando o papel crescente da ciência, tecnologia e informação para a sua definição. Passou a ser produzido a partir da Revolução Técnica-Científica-Informacional, na década de 1970, que foi um período de produção de grande tecnológica para todos os setores da economia, favorecendo a transformação do espaço. - Paisagem: é a percepção que o indivíduo possui das características físicas e antrópicas de uma localidade. É o que pode ser apreendido pelo olhar.
90 Geografia | Curso Enem 2019
A NOÇÃO DE ESPAÇO GEOGRÁFICO Melhem Adas – Panorama Geográfico do Brasil
O espaço geográfico somente surge após o território ser trabalhado, usado e modificado ou transformado pelas sociedades humanas, ou quando estas imprimem na paisagem as marcas de sua atuação e organização social. Possui, além de uma dinâmica natural (ação dos ventos, da água, variações de temperatura, insolação, vulcanismo, entre outras), uma dinâmica social exercida pelas sociedades humanas ou pelas formações sociais que nele atuam. São considerados espaços naturais aqueles que não sofreram a intervenção humana. Hoje eles são inexistentes, pois o ser humano promove uma intervenção em escala global. O espaço geográfico como produto histórico e social À medida que se apropria da natureza (espaço natural) e a transforma, a sociedade cria ou produz o espaço geográfico, e o faz por meio do trabalho. Utiliza, para tanto, as técnicas de que dispõe segundo o momento histórico e segundo suas representações, ou seja, crenças, valores, normas e interesses econômicos, fatores que orientam suas intervenções e relações com os elementos naturais ou físicos do espaço.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CEspaço a pí t uGeográfico lo 1 – ESPA ÇO GE O1G R Á F I C O CAPÍTULO
Para comprovar essa afirmação, basta as da distribuição do poder político e econômico entre os observarmos seus cidades. Por é mais fácil verificarmos membros e grupos, enfivivermos m, imprime nelas, o seu modo de produção. como estão organizadas socialmente ou como se Por exemplo, se ela está dividida em classes sociais, essas distribui a rendasãoou seus “marcas” inevitavelmente as a da riqueza sociedade entre de classes ou habitantes, das classes estamentos sociais que a compõem. pois eem seu interior as desigualdades, os contrastes e
as diferenças entre as classes sociais são mais visíveis.
Para Concentradoras comprovar essa afide rmação, basta observarmos as protagonistas sociais heterogêneos, cidades. vivermos nelas, é mais fácil verifiacarmos como as Por cidades são palco propício um exame de como estãouma organizadas socialmente ou como ose distribui sociedade organiza espaçoa renda e, pela análise ou a do riqueza entre seus habitantes, em seu interior asconhecer a fenômeno espacial,poispermitem-nos desigualdades, os contrastes e as diferenças entre as classes sociedade da qual fazemos parte. sociais são mais visíveis. Concentradoras de protagonistas Aoheterogêneos, observar as ascidades características mais a imediatamente sociais são palco propício um perceptíveis dos espaços urbanos, com exame de como uma sociedade organiza o espaço percebemos e, pela facilidade, por exemplo, a existência de uma cidade análise do fenômeno espacial, permitem-nos conhecer a formal e fazemos de uma cidade informal. Esse fenômeno sociedade da qual parte.
Os elementos do espaço natural combinam-se entre si, ocorre em todo o mundo, mas é mais gritante em Os formando elementos espaço natural combinam-se uma do estrutura espacial. Possuem uma solidariedadeentre Ao observar cidades de paísesmais subdesenvolvidos, como o Brasil, as características imediatamente perceptíveis si, ou formando uma Se estrutura espacial. interdependência. ocorre modificação em um Possuem deles, disparidades sociais mais profundas. dos onde espaçosasurbanos, percebemos comsão facilidade, por o conjunto é alterado, surgindo uma nova combinação. umatodo solidariedade ou interdependência. Se ocorre exemplo, a existência de uma cidade formal e de uma cidade A cidade formal é dotada de uma infraestrutura As forças naturais erosão,todo vulcanismo etc.) são modificação em (terremoto, um deles, o conjunto é informal. Esse fenômeno ocorre em todo o mundo, mas é as responsáveis pelas modifi cações das combinações ao eficiente, ou seja, possui redes de água e de esgoto, alterado, surgindo uma nova combinação. As forças mais gritante em cidades de países subdesenvolvidos, como o longo da história geológica. Mas o ser humano, com suas de lixo, energia elétrica, rede telefônica, ruas naturais (terremoto, erosão, vulcanismo etc.) são as Brasil,coleta onde as disparidades sociais são mais profundas. intervenções muitas vezes inadequadas e desastrosas, tem pavimentadas, transportes coletivos, escolas, postos responsáveis pelas modificações das combinações provocado profundos desequilíbrios ambientais. de saúde, casas, prédios de apartamento de diversos ao longo da história geológica. Mas o ser humano, A cidade formal é dotada de uma infraestrutura eficiente, ou níveis arquitetônicos e de conforto, tamanho e comMilton suasSantos, intervenções muitas vezes inadequadas e respeitado geógrafo brasileiro, ao considerar seja, possui redes de água e de esgoto, coleta de lixo, energia satisfação, lojas, butiques, supermercados, shopping desastrosas, provocado profundos desequilíbrios que estamostem vivendo um período histórico de grandes elétrica, rede telefônica, ruas pavimentadas, transportes centers etc. É, no geral, composta dos bairros nobres, ambientais. avanços científicos e tecnológicos, destaca o papel crescente coletivos, escolas, postos de saúde, casas, prédios de bairros centrais e de classe média. da ciência, tecnologia e informação para a construção e apartamento de diversos níveis arquitetônicos e de conforto, Milton Santos, respeitado geógrafo brasileiro, reconstrução do espaço geográfico. É o que ele denomina de ao e satisfação, lojas, butiques, supermercados, Contrapondo-se a ela, ergue-se a cidade informal, considerar quecientífi estamos vivendo um período histórico tamanho meio técnico co e informacional. shopping centers etc. É, no geral, composta dos bairros e favelas composta daqueles bairros, vilas, cortiços de grandes avanços científicos e tecnológicos, destaca nobres, bairros centrais e de de classe média. que carecem todos ou de alguns serviços de Assim,crescente no processo da de produção espaço geográfi co, o ser o papel ciência,dotecnologia e informação se apropriaedo espaço natural, que pode ser chamado infraestrutura. Embora em geral localize-se na parahumano a construção reconstrução do espaço geográfico. ela, ergue-se a cidade e o transforma em umade segunda natureza, conforme suas periferia,apode situar-se ao informal, lado decomposta bairros elegantes, É o de, que ele denomina meio técnico científico e Contrapondo-se daqueles bairros, vilas, cortiços e favelas queque carecem dea população necessidades e interesses. A segunda natureza, portanto, sob a forma de favelas. É nela mora informacional. nada mais é do que a natureza humanizada. todosde ou baixa de alguns serviços de infraestrutura. Embora em renda, em casas pequenas e inacabadas, localize-se na periferia, pode situar-se ao lado de bairros Assim, no processo de produção do espaço geográfico, geral ou mesmo em barracos construídos com restos de Uma outra característica dos cos éque quepode elegantes, sob a forma de favelas. É nela que mora a população o ser humano se apropria doespaços espaçogeográfi natural, madeira, caixotes de frutas, telhados de zinco ou de e são construídos reconstruídos ao longo da história renda, em casas em pequenas e inacabadas, ou mesmoentre outros ser foram chamado de, e o etransforma em uma segunda de baixa latas utilizadas placas de propaganda, das sociedades humanas, de modo que possuem uma construídos com restos de madeira, caixotes de natureza, conforme suas necessidades e interesses. em barracos materiais improvisados. historicidade. São, portanto, realidades temporais. Para o frutas, telhados de zinco ou de latas utilizadas em placas de A segunda natureza, portanto, nada co, mais é do que a melhor entendimento de um espaço geográfi é necessário propaganda, entre outros materiais improvisados. natureza estudarhumanizada. as transformações históricas pelas quais passou e passa a sociedade ou a formação social que o habita.
Uma outra característica dos espaços geográficos é queAforam são construídos e reconstruídos ao longo cada egeração humana corresponde uma geração da espacial históriaque, das sociedades humanas, de modo em muitos casos, sobrepõe suas produções e que possuem uma historicidade. São, portanto, realidades características (estilos arquitetônicos, organização e estrutura temporais. Para oapropriações melhor entendimento um espaço agrária e urbana, da riqueza, vias dede transporte, exploração émineral, indústriasestudar etc.) a umastipo de produto geográfico, necessário transformações social: o espaço co. históricas pelas geográfi quais passou e passa a sociedade ou a formação social que o habita. Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é um produto
histórico e social. humana corresponde uma geração A cada geração espacial que, em muitos casos, sobrepõe suas O ser humano não age de forma isolada, e simarquitetônicos, coletiva, no produções e características (estilos processo de produção do espaço geográfi co. Isso nos permite organização e estrutura agrária e urbana, apropriações afirmar que este é socialmente elaborado ou produzido, o que da riqueza, vias de transporte, exploração mineral, corrobora seu caráter de produto social. indústrias etc.) a um tipo de produto social: o espaço geográfico. A sociedade, ao construir o espaço geográfico, imprime nele as “marcas” de suas formas de organização e estruturação, e
Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é um produto histórico e social. O ser humano não age de forma isolada, e sim coletiva, no processo de produção do espaço geográfico. Isso nos permite afirmar que este é socialmente elaborado ou produzido, o que corrobora seu caráter de produto
http://www.tiraduvidas.net/casa-em-condominio-fechado.htm
https://www.youtube.com/watch?v=15PvQVM9rv0
Intensivo CursoEnem Enem2018 2019 || Geografia
91
CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Comparando-se, portanto, as diferentes características ou fisionomias desses bairros, é possível afirmar, em muitos casos, que a cidade é palco do fenômeno conhecido como segregação espacial. Trata-se de um processo social no qual o acesso aos espaços de maior ou menor valorização da cidade é determinado pelo poder aquisitivo das pessoas. No contexto da produção capitalista do espaço, são reservadas às classes mais pobres as áreas impróprias à ocupação ou distantes daquelas que têm melhor infraestrutura básica, facilidade de acesso aos centros comerciais mais importantes etc. Nesse fenômeno, aliás, cabe salientar o que se chama de “especulação imobiliária”, isto é, o controle do acesso à terra por indivíduos e empresas que fazem dela uma fonte de lucros.
O espaço geográfico (e, no caso analisado, o urbano) é, portanto, a expressão visível de como a sociedade está organizada. Nele são reproduzidas as desigualdades sociais de uma determinada sociedade e, portanto, as desigualdades de renda entre as classes sociais que a compõem. A sociedade deixa, assim, no processo de produção do espaço geográfico, as “marcas” de como está distribuído o enquanto realidade física imediatamente observável um registro de época (das relações sociais de produção vigentes) e um documento de cultura, o espaço geográfico é assim capaz de comunicar àqueles que o observam e o analisam criticamente os valores e as finalidades da ação humana adotados por uma sociedade. http://geografiacp.blogspot.com.br/2011/11/problemas-urbanos-segregacao-espacial.html
Na medida em que é produto social e histórico, podemos dizer também que o espaço é político. Ou, como afirmou o filósofo francês Henri Lefebvre: “O espaço foi formado, modelado, a partir de elementos históricos ou naturais. [...] A produção do espaço não pode se comparar à produção de tal ou qual objeto particular, de tal ou qual mercadoria. E, no entanto, existem relações entre a produção de coisas e a produção do espaço. E isso devido à existência de grupos particulares que se apropriam do espaço para administrá-lo e explorá-lo. Henri Lefêbvre, citado por Robert Auzelle. In Chaves do urbanismo. p. I 15 e I 16.
Leitura Complementar
Renovação
Tradicional
Quadro síntese d a evolução do pensamento geográfico Correntes
Época/Local Surgimento
Principais Teorias
Características
Determinismo ambiental
Final do século XIX (Alemanha)
Frederic Ratzel
Condições naturais determinam o comportamento humano (Espaço vital)
Possibilismo
Final do século XIX (França)
Vidal de La Blache
Natureza fornecedora de possibilidades para que o homem a modificasse (o homem é o principal agente geográfico).
Método Regional
A partir dos anos 1940 (sec. XX) assume expressão (EUA)
Harshorne
Integração entre fenômenos heterogêneos que apresentam um significado geográfico e contribuem para a diferenciação de áreas.
Geografia Pragmática
Década de 1950 (sec. XX), simultaneamente na Suécia, Inglaterra e EUA.
Christaller Dematteis
Associa-se à difusão do sistema de planejamento do estado capitalista. Tem o positivismo lógico como método de apreensão do real, a nova geografia busca leis ou regularidades empíricas sob a forma de padrões espaciais.
Geografia Crítica
Década de 1970 (sec. XX)
Yves Lacoste Milton Santos
Ruptura com o pensamento anterior (positivismo). Análise geográfica como um instrumento de libertação do homem (materialismo dialético).
92 Geografia | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
EXERCÍCIOS 1. (Enem) A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual a sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas. AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado).
Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais vulnerável quando a)
concentra suas atividades no setor primário.
b)
apresenta estoques elevados de alimentos.
c)
possui um sistema de transporte articulado.
d)
diversifica a matriz de geração de energia.
e)
introduz tecnologias à produção agrícola.
A análise do trecho da canção indica um tipo de interação entre o indivíduo e o espaço. Essa interação explícita na canção expressa um processo de a)
autossegregação espacial.
b)
exclusão sociocultural.
c)
homogeneização cultural.
d)
expansão urbana.
e)
pertencimento ao espaço.
4. (Enem) Com um longo histórico de desencontros, o desenvolvimento econômico e o meio ambiente andam às turras no país. O noticiário dá a impressão de que se trata de diferenças irreconciliáveis, e talvez sejam. CINTRA, L. A.; MARTINS, R. Revista Carta na Escola, ago. 2009 (fragmento).
Nesse início de século XXI, um exemplo dos desencontros entre natureza e economia é o(a)
a) replantio de espécies da Mata Atlântica em substituição às lavouras de café. 2. (Enem) Portadora de memória, a paisagem ajuda a C apí tu l o 1 – E S P A Ç O G E OG R Á F I CO construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma b) derrubada de trechos de floresta para a conclusão de atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, viadutos na Rodovia Transamazônica. às comemorações. 2.
(Enem) Portadora dea memória, paisagem CLAVAL, P. Terra dos homens: geografia. SãoaPaulo: Contexto,ajuda 2010 a construir os sentimentos de pertencimento; ela (adaptado). cria uma atmosfera que convém aos momentos da vida,uma às festas, comemorações. No texto fortes é apresentada forma deàsintegração da paisagem
geográfica com a vida social. Nesse sentido, a paisagem, além CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: de existir como forma concreta, apresenta uma2010 dimensão Contexto, (adaptado). a)
política de apropriação efetiva uma do espaço. No texto é apresentada forma de integração
b)
econômica de recursos do de espaço. sentido,deauso paisagem, além existir como forma
c)
privada de limitação sobre a utilização do espaço.
d)
natural composiçãodepor elementos físicos espaço. b) deeconômica uso de recursos dodo espaço.
e)
c) privada de limitação sobre a utilização do simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço. espaço.
c)
c) expansão da fronteira agrícola na Amazônia, a fim de c) expansão da fronteira agrícola na Amazônia, expandir as áreas de plantio de soja. a fim de expandir as áreas de plantio de soja.
d)
d)redução redução da Mata de Araucárias devido à d) da Mata de Araucárias devido à urbanização urbanização descontrolada nas diferentes descontrolada nas diferentes regiões do país.
e)
e)diminuição diminuição do Pantanal, ema vista a e) do Pantanal, tendotendo em vista expansão expansãoque doscumprem latifúndios, que cumprem dos latifúndios, sua função social. sua
regiões do país.
função social.
da paisagem geográfica com a vida social. Nesse concreta, apresenta uma dimensão a)
d)
5. 5. (Enem) (Enem)
política de apropriação efetiva do espaço.
natural de composição por elementos físicos do espaço.
3. (Enem)e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo O meu lugar, com o espaço. Tem seus mitos e seres de luz, É bem perto de Oswaldo Cruz, 3. (Enem) Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. O meu lugar, O meu lugar, É sorriso,Tem é pazseus e prazer, mitos e seres de luz, O seu nome é doce dizer, É bem perto de Oswaldo Cruz, Madureira, ia, Iaiá. Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. Madureira, ia, Iaiá O meu lugar, Em cada esquina um pagode um bar, Em Madureira. É sorriso, é paz e prazer, Império e Portela também são de lá, O seu nome é doce dizer, Em Madureira. Madureira, ia, Iaiá. E no Mercadão você pode comprar Por uma Madureira, pechincha você vai levar, ia, Iaiá Um dengo, sonho pra quem quer sonhar, Emum cada esquina um pagode um bar, Em Madureira. Em Madureira.
A tirinha mostra que o ser humano, na busca de
A tirinha mostra quenecessidades o ser humano,enadebusca de atenderdos suas atender suas se apropriar necessidades espaços,e de se apropriar dos espaços,
levou
c)
dispensou o uso da tecnologia por ter um
d)
sofreu desvantagens em relação a outras
e)
utilizou o conhecimento e a técnica para criar equipamentos que lhe permitiram compensar as suas limitações físicas.
levou de vantagens relação aos de menor menorem estatura, porseres possuir um estatura, físico por possuir um desenvolvido, físico bastante desenvolvido, que lhe bastante que lhe permitia muita agilidade. permitia muita agilidade.
c)
dispensou o uso adaptável da tecnologia ter um tipos organismo organismo aos por diferentes de adaptável diferentes tipos de meio ambiente. meioaos ambiente.
d)
sofreu desvantagens em relação a outras espécies, por espécies, por utilizar os recursos naturais utilizarcomo os recursos como forma dediferentes se apropriar forma naturais de se apropriar dos dos diferentes espaços.espaços.
abr. 2010 (fragmento).
Por uma pechincha você vai levar,
vantagens
em
relação
aos
seres
Curso Enem 2019 | Geografia
Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar, Em Madureira.
b)
b)
E no Mercadão você pode comprar
Cruz, A. Meu lugar. Disponível em: www.vagalume.uol.com.br.
adotou a acomodação evolucionária como
adotou a acomodação evolucionária como forma de sobrevivência ao se dar forma contade sobrevivência se dar conta de suaspelo deficiências de suas aodeficiências impostas meio ambiente. impostas pelo meio ambiente.
Cruz, A. Meu lugar. Disponível em:também www.vagalume.uol.com.br. Império e Portela são de lá, Acesso em: 16
Em Madureira.
a)
a)
6.
(Enem) Se, por um lado, o ser humano, como animal, é parte integrante da natureza e necessita
93
CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e)
utilizou o conhecimento e a técnica para criar equipamentos que lhe permitiram compensar as suas limitações físicas.
6. (Enem) Se, por um lado, o ser humano, como animal, é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo a funcionalidade harmônica dos ambientes naturais. ROSS, J. L. S. (Org.). São Paulo: EDUSP, 2005 (adaptado).
A relação entre a sociedade e a natureza vem sofrendo profundas mudanças em razão do conhecimento técnico. A partir da leitura do texto, identifique a possível consequência do avanço da técnica sobre o meio natural. a)
O homem, a partir da evolução técnica, conseguiu explorar a natureza e difundir harmonia na vida social.
b)
A sociedade aumentou o uso de insumos químicos - e, assim, os riscos de contaminação.
c)
As degradações produzidas pela exploração dos recursos naturais são reversíveis, o que, de certa forma, possibilita a recriação da natureza.
8. (Enem) O mundo dos fatos geográficos inclui não somete o clima, as propriedades agrícolas, os povoamentos e as nações-estados, mas também os sentimentos, os conceitos e as teorias geográficas. TUAN, Y. Geografia Humanista. In: CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da geografia. São Paulo, DIFEL, 1985.
O texto apresenta uma perspectiva da análise das mudanças espaciais a partir de outros fatores que não apenas os físicos e sociais onde a)
a análise de espaço geográfico compreende os aspectos físicos, sociais e simbólicos que incidem sobre a produção das paisagens humanas.
b)
os aspectos físicos da paisagem, como o clima, revelam a dinâmica dos fatos geográficos compreendidos por uma pluralidade conceitual.
c)
a dimensão simbólica do espaço, apreendida pelos sentimentos, constitui uma nova percepção espacial no instante em que revelam as propriedades das paisagens.
d)
para se apreender o espaço geográfico em sua totalidade é necessário identificar os aspectos físicos da paisagem expressos no clima, povoamento e uso do solo.
e)
o mundo dos fatos geográficos constitui-se de elementos
Ca p ítu l o 1 – ESP AÇO G EOG R Á F IC O simbólicos apreendidos pelas teorias e conceitos d) O desenvolvimento técnico, dirigido para a recomposição geográficos que revelam a complexidade da dimensão de áreas degradadas, superou os efeitos negativos da degradação.
e)
7.
(Enem)
No
presente,
observa-se
crescente
As mudanças provocadas ações humanas sobre atenção aos efeitos pelas da atividade humana, em diferentes áreas, sobreuma o meio ambiente, sendo a natureza foram mínimas, vez que os recursos constante, nos fóruns internacionais e nas utilizados são de caráter renovável.
espacial.
9.(Enem) (Enem) 9.
instâncias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas emanam. 7. (Enem)que Nodeles presente, observa-se crescente atenção aos
efeitos daA atividade humana, em diferentes áreas, sobre o sustentabilidade explica-se pela meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e a) nacionais, incapacidade de se à manter uma atividade nas instâncias a referência sustentabilidade como econômica ao longo do tempo sem causar princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. danos ao meio ambiente. A sustentabilidade explica-se pela b)
incompatibilidade
entre
crescimento
a)
econômico acelerado e preservação incapacidade de se manter uma atividade econômica aode recursos naturais e de fontes não renováveis longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente.
b)
incompatibilidade entre crescimento econômico c) interação de todas as dimensões do bemhumanode com o crescimento acelerado estar e preservação recursos naturais eeconômico, de fontes sem de a preocupação com a conservação dos não renováveis energia.
de energia.
c)
recursos naturais que estivera presente desde a as Antiguidade. interação de todas dimensões do bem- estar humano
com d) o crescimento econômico, sem a em preocupação proteção da biodiversidade face das com a conservação naturais estiveraas ameaças dos de recursos destruição queque sofrem florestas tropicais devido ao avanço de presente desde a Antiguidade. d)
atividades como a mineração, a monocultura, de madeira de espécies selvagens. proteção o datráfico biodiversidade eme face das ameaças de
destruição que sofrem as orestas tropicais ao e) necessidade de flse satisfazer asdevido demandas avanço deatuais atividades como a mineração, a monocultura, colocadas pelo desenvolvimento o tráfico desem madeira e de espéciesaselvagens. comprometer capacidade de as e)
94
As novas tecnologias foram As novas tecnologias foram massifi cadas,massificadas, alcançando e alcançando e impactando delugares. diferentes formas os impactando de diferentes formas os A ironia proposta lugares. A ironia charge indica que o pela charge indica que oproposta acesso à pela tecnologia está acesso à tecnologia está
a)
vinculado a mudanças na paisagem. a) vinculado a mudanças na paisagem.
b)
garantido de forma aos cidadãos. b) garantido deequitativa forma equitativa aos cidadãos.
c)
c) priorizado para resolver as desigualdades. priorizado para resolver as desigualdades.
d)
relacionado a uma ação redentora na vida social.
e)
dissociado de revoluções na realidade socioespacial. e) dissociado de revoluções na realidade
d)
relacionado a uma ação redentora na vida social. socioespacial.
GABARITO
gerações futuras atenderem suas próprias
necessidade de se satisfazer as demandas necessidades nos campos econômico,atuais social ambiental. colocadas e pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos dos campos econômico, social e 8. (Enem) O mundo fatos geográficos inclui não somete o clima, as propriedades agrícolas, os ambiental.
1
A
2
E
3
E
GABARITO
1 2
4
C
5
E
6
B
7
E
8
A
9
E
A E
povoamentos e as nações-estados, mas também os sentimentos, os conceitos e as teorias geográficas.
3
TUAN, Y. Geografia Humanista. In: CHRISTOFOLETTI, A. Geografia | Curso Enem da 2019 Perspectivas geografia. São Paulo, DIFEL, 1985.
5
E
O texto apresenta uma perspectiva da análise das mudanças espaciais a partir de outros fatores que
6
B
7
E
4
E
C
CARTOGRAFIA CAPÍTULO 2
C ap ítu lo 2
Cartografia
SISTEMA DE ORIENTAÇÃO
CARTO GRAF I A CAPÍTULO 2
Indica uma direção a seguir ou oferece uma noção da localização, não permitindo a localização precisa de um ponto na superfície terrestre.
SISTEMA DE SISTEMA DE ORIENTAÇÃO ORIENTAÇÃO Indica uma uma direção direção a seguir seguir ou oferece oferece uma uma noção noção da da Indica localização, nãopermitindo permitindo a localização precisa um localização, não a localização precisa de umde ponto ponto na superfície na superfície terrestre.terrestre. Orientação pelo sol: essa orientação é possibilitada pela observação do movimento aparente do sol. Como o movimento de rotação da Terra ocorre de oeste para leste, tem-se a impressão de que o sol se move de leste para oeste. Dessa forma, para encontrar-se a direção leste basta estender a mão direita para a região onde nasce o sol e, a partir disso, encontra-se as demais direções – mão esquerda: oeste; frente do indivíduo: norte; e costas do indivíduo: sul. A partir da observação do movimento aparente do sol foi desenvolvida a Rosa-dos-Ventos que possui as quatro direções principais – norte, sul, leste e oeste – indicadaspelo pelos pontos cardeais, bem como pontos de Orientação pelo orientação é possibilitada Orientação sol:sol: essaessa orientação é possibilitada pela orientação específicos comoaparente osdopontos colaterais pela observação do movimento do sol. observação domais movimento aparente sol. Como o e subcolaterais. Como o movimento deda rotação da Terra de oeste movimento de rotação Terra ocorre de ocorre oeste para leste, para leste, tem-sedea que impressão de que o solpara se move tem-se a impressão o sol se move de leste oeste. de leste para oeste. Dessa aforma, encontrar-se Dessa forma, para encontrar-se direção para leste basta estender aa mão direção leste estender a mão para a direita parabasta a região onde nasce o sol direita e, a partir disso, região onde nasce o sol e, a partir disso, encontra-se encontra-se as demais direções – mão esquerda: oeste; frente as demais direções – mão esquerda: oeste; frente do do indivíduo: norte; e costas do indivíduo: sul. indivíduo: norte; e costas do indivíduo: sul.
A partir da daobservação observação do movimento aparente A partir do movimento aparente do sol do foi sol foi desenvolvida a Rosa-dos-Ventos possui as desenvolvida a Rosa-dos-Ventos que possui as que quatro direções quatro direções norte, sul, leste e oeste – principais – norte,principais sul, leste e –oeste – indicadas pelos pontos indicadas pelos pontos cardeais, bem como pontos de cardeais, bem como pontos de orientação mais específicos orientação mais específicos como os pontos colaterais como os pontos colaterais e subcolaterais. e subcolaterais.
Pontos Cardeais: N Norte ou Boreal ou Setentrional S Pontos Cardeais: Sul ou Austral ou Meridional E ouNL LesteNorte ou Nascente ou Oriente ou Boreal ou Setentrional S O Sul Austral Meridional W ou Oeste ouou Poente ou ou Ocidente E ou L
Leste ou Nascente ou Oriente
W ou O Oeste ou Poente ou Ocidente Pontos Colaterais: NE ou NL Nordeste NW ou NO Noroeste SE *HRJUD¿D ou SL Sudeste SW ou SO Sudoeste
Pontos SubColaterais: NNW ou NNO Nor-Noroeste NNE ou NNL Nor-Nordeste Pontos Cardeais: SSE ou SSL Sul-Sudeste N S E ou L W ou O
Norte ou Boreal ou Setentrional Sul ou Austral ou Meridional Leste ou Nascente ou Oriente Oeste ou Poente ou Ocidente
Pontos Colaterais: NE ou NL NW ou NO SE ou SL SW ou SO
Nordeste Noroeste Sudeste Sudoeste
Cartografia
Pontos SubColaterais:
NNW ou NNO Nor-Noroeste NNE ou NNL Nor-Nordeste SSE ou SSL Sul-Sudeste SSW ou SSO Sul-Sudoeste ENE ou LNL Leste-Nordeste Pontos Colaterais: ESE ou LSL Leste-Sudeste NE ou NL Nordeste WSW ou OSO Oeste-Sudoeste NW ou ou NOONO Noroeste WNW Oeste-Noroeste SSW Sul-Sudoeste SE ouou SLSSO Sudeste ENEou ouSO LNL Leste-Nordeste SW Sudoeste ESE ou LSL Leste-Sudeste Pontos WSW ouSubColaterais: OSO Oeste-Sudoeste NNW Nor-Noroeste WNWou ou NNO ONO Oeste-Noroeste NNE ou NNL Nor-Nordeste SSE ou SSL Sul-Sudeste São os de latitudeSul-Sudoeste e longitude que definem, SSW ou valores SSO conjuntamente, a posição exata um ponto qualquer ENE ou LNL Leste-Nordeste São os valores de latitude e de longitude que definem, na superfície a definição dos valores de ESE ou LSL terrestre. ParaLeste-Sudeste conjuntamente, a posição exata de um ponto qualquer na latitude longitude, é utilizado o sistema de rede de WSW oueOSO Oeste-Sudoeste superfície terrestre. Para acortam definição dos valores de latitude linhas imaginárias que o planeta – paralelos e e WNW ou ONO Oeste-Noroeste longitude, é utilizado o sistema de rede de linhas imaginárias meridianos.
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
que cortam o planeta – paralelos e meridianos.
COORDENADAS • Paralelos: são círculos imaginários horizontais que partem do Equador e se distribuem até os polos. O Equador é o paralelo principal, por ser o de maior circunferência, e divide GEOGRÁFICAS a Terra em dois hemisférios iguais, norte e sul. Dessa forma, o Paralelos: são círculos imaginários horizontais que partem do Equador e se distribuem até os polos. O Equador é o paralelo principal, por ser o de maior circunferência, e divide a Terra em dois hemisférios iguais, norte e sul. Dessa forma, o Equador é o paralelo de referência, possuindo São os valores latitude e longitude que definem, Equador é o paralelo de referência, possuindo latitude 0o, e o o último paralelo polar é demonstrado latitude 0o, ede o conjuntamente, a posição exata de um ponto qualquer último demonstrado por90 apenas um ponto de porparalelo apenaspolar um é ponto de latitude . na superfície latitude 90o. terrestre. Para a definição dos valores de latitude e longitude, é utilizado o sistema de rede de linhas imaginárias que cortam o planeta – paralelos e meridianos. ł
ł
Paralelos: são círculos imaginários horizontais que partem do Equador e se distribuem até os polos. O Equador é o paralelo principal, por ser o de maior circunferência, e divide a Terra em dois hemisférios iguais, norte e sul. Dessa forma, o Equador é o paralelo de referência, possuindo latitude 0o, e o último paralelo polar é demonstrado por apenas um ponto de latitude 90o.
Outros quatro paralelos também são considerados principais Outros quatro paralelos também são considerados delimitarem as planetárias. zonas climáticas por principais delimitarempor as zonas climáticas A escolha planetárias. A escolha paralelos teve como desses paralelos teve como desses base a inclinação da incidência basesolares a inclinação da incidência dos raios solares na dos raios na superfície terrestre. superfície terrestre.
Os Trópicos de Câncer e Capricórnio delimitam as áreas em que os raios solares incidem perpendicularmente na superfície 95 – Zona Megatérmica. Já os Círculos Polares, Ártico e Antártico, delimitam as áreas em que os raios solares apenas tangenciam a superfície terrestre em um determinado período do ano – Zona Microtérmica. E a área compreendida entre o Trópico de Câncer e Círculo Polar Ártico, bem como a área entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico recebem os raios Outros quatro paralelos também são considerados solares de maneira oblíqua – Zona Mesotérmica.
principais por delimitarem as zonas climáticas planetárias. A escolha desses paralelos teve como base a inclinação da incidência dos raios solares na superfície terrestre. Curso Enem 2019 | Geografia 95
C a p ítu lo 2 – CARTOGRAFIA Ca p ítu lo 2 – CARTOG RAFI A Os Trópicos de Câncer Capricórnio delimitam as áreas em que os raios solares incidem perpendicularmente CAPÍTULO 2 e Cartografia na superfície – Zona Megatérmica. Já os Círculos Polares, Ártico e Antártico, delimitam as áreas em que os raios Os apenas Trópicostangenciam de Câncer eaCapricórnio delimitam asum áreas em que os período raios solares incidem solares superfície terrestre determinado do ano – Zonaperpendicularmente Microtérmica. TRODUÇÃO ÀemFILOSOFIA na superfície – Zonaentre Megatérmica. Círculos Polares,Polar Ártico e Antártico, delimitam áreaso em que os E a área compreendida o Trópico Já deos Câncer e Círculo Ártico, bem como a áreaasentre Trópico deraios solares eapenas tangenciam a superfície terrestre um determinado período–do anoMesotérmica. – Zona Microtérmica. Capricórnio o Círculo Polar Antártico recebem os raiosem solares de maneira oblíqua Zona área compreendida entre o Trópico de Câncer e Círculo Polar Ártico, bem como a área entre o Trópico de ObserveEa a imagem a seguir: Observe a imagem seguir:Polar Antártico recebem os raios solares de maneira oblíqua – Zona Mesotérmica. Capricórnio e oaCírculo Observe a imagem a seguir:
Ca p í t u l o 2 – C A R T O G R A F IA
Os Trópicos de Câncer e Capricórnio delimitam as áreas em que os raios solares incidem perpendicularmente na superfície – Zona Megatérmica. Já os Círculos Polares, Ártico e Antártico, delimitam as áreas em que os raios solares apenas tangenciam a superfície terrestre em um determinado período do ano – Zona Microtérmica. E a área compreendida entre o Trópico de Câncer e Círculo Polar Ártico, bem como a área entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico recebem os raios solares de maneira oblíqua – Zona Mesotérmica. Observe a imagem a seguir:
Meridianos: são semicírculos imaginários verticais que vão de um polo ao outro e variam de 0o a 180o leste oeste. O Meridiano de Greenwich é o meridiano principal política e, porde isso, • eł Meridianos: são semicírculos imaginários verticais que vão depor umconvenção polo ao outro e variam 0o aconsidera-se, 180o oleste e oaoeste. O sãoda semicírculos imaginários verticais que vãoe de um polo aomeridiano outro e variam de 0 éa o180 partirMeridianos: dele, a divisão Terra em dois hemisférios iguais, leste oeste. Outro importante queleste Meridiano de Greenwich é o meridiano principalopor convenção políticapor e, por isso, considera-se, a partirisso, dele,considera-se, a divisão da Terra e oeste. O Meridiano de oGreenwich meridiano principalleste convenção política a , por ser o élimite dos hemisférios e oeste e por contere,apor Linha Internacional determina a longitude de 180 o em de dois hemisférios iguais, lesteda e oeste. meridiano importante que edetermina a longitude de 180 , por ser oélimite dos partir dele, a divisão Terra em dois hemisférios iguais,é o leste oeste. Outro meridiano importante o que Mudança da Data localizada no Outro oceano Pacífico. o hemisférios leste e oeste e por conter a Linha de Mudança da Data oceano Pacífi co. Internacional determina a longitude de 180 , porInternacional ser o limite dos hemisférios lestelocalizada e oeste eno por conter a Linha de Mudança da Data localizada no oceano Pacífico.
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Meridianos: são semicírculos imaginários verticais que vão de um polo ao outro e variam de 0o a 180o leste e oeste. O Meridiano de Greenwich é o meridiano principal por convenção política e, por isso, considera-se, a partir dele, a divisão da Terra em dois hemisférios iguais, leste e oeste. Outro meridiano importante é o que determina a longitude de 180o, por ser o limite dos hemisférios leste e oeste e por conter a Linha Internacional de Mudança da Data localizada no oceano Pacífico.
Latitude: distância, em graus, de qualquer ponto da Terra até a linha do Equador, que varia de 0o a 90o, tanto no hemisfério norte quanto no hemisfério sul. Latitude: distância, em graus, de qualquer ponto da Terra até a linha do Equador,O que Ovaria de 0o a 90o, tanto Latitude: em norte graus, degraus, qualquer ponto da Terra até ada linha do Equador, que variade de Greenwich, 0 a 90 , tanto no hemisfério Longitude: distância, em qualquer ponto Terra até o Meridiano que varia de norte nodistância, hemisfério quanto node hemisfério sul. o quanto sul. 0o a no 180hemisfério , tanto no hemisfério leste quanto no hemisfério oeste. Latitude: distância, em graus, de qualquer ponto da Terra até a linha do Equador, que varia de 0o a 90o, tanto Longitude: distância, em graus, de qualquer ponto da Terra até o Meridiano de Greenwich, que varia de no hemisfério norte quanto no hemisfério sul. o 180o, tanto hemisfério leste ponto quantoda noTerra hemisfério oeste. de Greenwich, que varia de 0O a 180O, tanto no 0 a distância, Longitude: emno graus, de qualquer até o Meridiano distância, em graus, hemisfério leste Longitude: quanto no hemisfério oeste. o o
de qualquer ponto da Terra até o Meridiano de Greenwich, que varia de 0 a 180 , tanto no hemisfério leste quanto no hemisfério oeste.
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96 Geografia 96 | Curso Enem 2019
*HRJUD¿D
*HRJUD¿D
*HRJUD¿D
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Cartografia
CAPÍTULO 2
Capí t u l o 2 – CA R TOGR A FIA Exemplo:
Exemplo:
Determine a localização dos pontos B e C, tendo como base o de sistema de coordenadas Determine a localização precisa precisa dos pontos A, B e C,A,tendo como base o sistema coordenadas geográfigeográficas: cas: Ponto A: Latitude - 18o Sul, Longitude - 45o Oeste
- 45O Oeste o Ponto A: Latitude - 18O Sul, Longitude - 43,5 Oeste Ponto B: Latitude - 21o Sul, Longitude O Ponto B: Latitude - 21 Sul, Longitude - 43,5O Oeste o - 42o Oeste Ponto C: Latitude 16 Sul, Longitude - 42O Oeste Ponto C: Latitude - 16O Sul,- Longitude -
Ponto antípoda
�
�uando se referir à latitude, mantenha o valor da coordenada geográfica e inverta o hemisfério: de norte para sul ou de sul para norte.
- Ponto antípoda Ponto contrário a outro ponto na superfície terrestre, determinado a partir dos valores de latitude e longitude. Ponto contrário outro ponto na superfície terrestre, determinado a partir dos valores de latitude e longitude. Para se determinar Paraase determinar o ponto antípoda, calcula-se a diferença dos valores de latitude e longitude, separadamente: o ponto antípoda, calcula-se a diferença dos valores de latitude e longitude, separadamente:
• Quando se referir à latitude, mantenha o valor da coordenada geográfica e inverta o hemisfério: de norte para sul ou de sul para norte. 30o Norte o 30o Sul o 30O Norte 15->o Sul 30O Sul -> 15O Norte 15O Sul �
15o Norte
�uando se referir à longitude, é necessário determinar o suplemento da coordenada geográfica fornecida pelo exercício e inverter o hemisfério: de leste para oeste ou de oeste para leste.
• Quando se referir à longitude, é necessário determinar o suplemento da coordenada geográfica fornecida pelo exercício e o o o - 135 45o Oeste 135o Leste inverter o hemisfério: de leste para180 oeste ou de oesteopara leste. o o o o 135o Leste 30-> Oeste 180Oo- 135O 180->- 30 45O Oeste
30o Oeste
->
180O - 30O
->
150o Leste
150O Leste
MOVIMENTOS DA TERRA
MOVIMENTOS DA TERRA •
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Rotação: é o movimento que a Terra realiza ao redor do seu eixo polar, no sentido oeste-leste. Para uma
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Translação: É o movimento que a Terra realiza em torno do sol, descrevendo uma elipse. Esse movimento
Rotação: é o movimento a Terra realiza ao redor do seu56 eixo polar, no sentido oeste-leste. Para uma rotação 360o, ela ela leva precisamente 23 horas, minutos e 4,09 segundos, arredondando-se parade24 rotação de 360o, que horas. 23 Esse movimento determina a sucessão dos dias e das noites, sucessão das horas e determina influencia ano leva precisamente horas, 56 minutos e 4,09 segundos, arredondando-se para 24ahoras. Esse movimento sucessão mecanismo da circulação atmosférica. dos dias e das noites, a sucessão das horas e influencia no mecanismo da circulação atmosférica.
• Translação: É o movimento que a Terra realiza em torno do sol, descrevendo uma elipse. Esse movimento é realizado é realizado em um período de 365 dias, 5 horas e 48 minutos, o que leva à determinação do ano bissexto a em um período 365 anos, dias, 5devido horas ao e 48 minutos, o quedeleva determinação ano de bissexto a cada quatro anos, devido ao cada de quatro arredondamento 365àdias e às sobrasdo anuais seis horas aproximadamente. arredondamento de 365 dias e às sobras anuais de seis horas aproximadamente. A principal consequência desse movimento é a A principal consequência desse movimento é a determinação das estações do ano e, concomitantemente, o graus com a linhacom um o mecanismo (quando os raios solares incidem com um ângulo deos90 determinação das estaçõesdos do equinócios ano e, concomitantemente, o mecanismo dos equinócios (quando raios solares incidem o graus com o Trópico do Equador) e dos solstícios (quando os raios solares incidem com um ângulo de 90 o ângulo de 90 graus com a linha do Equador) e dos solstícios (quando os raios solares incidem com um ângulo de 90o graus com de Capricórnio ou Trópico de Câncer). Porém, a determinação das estações do ano não se deve apenas ao o Trópico demovimento Capricórniode outranslação, Trópico demas Câncer). Porém, a determinação das estações do de anorotação não se da deve apenas ao movimento de também à inclinação apresentada pelo eixo Terra em relação ao translação, mas também inclinação apresentada pelo eixo de rotação da Terra em relação ao plano de sua órbita. plano de sua àórbita.
Observe a figura que demonstra o movimento de translação. Note que nas posições 2 (23/09) e 4 (21/03) o
Observecírculo a figura que demonstra movimento translação. que nas posições 2 (23/09) 4 (21/03) o círculo que separa a zonaoiluminada dade zona noturna Note da Terra passa exatamente peloepolos. Nessas datas,que emsepara a zona iluminada zonado noturna daaTerra exatamente peloduração polos. Nessas datas,Osem todos os pontos dodiretamente planeta, a noite e o todos os da pontos planeta, noitepassa e o dia têm a mesma – 12 horas. raios solares incidem a superfície, e o calor vaiodiminuindo em direção polos,de mas o Equador, formando um Os ângulo 90o com dia têmsobre a mesma duração – 12 horas. raiosde solares incidem diretamente sobre Equador, formando umaos ângulo 90o com a por igual. Em tais ocasiões, a Terra está nos equinócios. No dia 21 de março começa o outono para o hemisfério sul superfície, e o calor vai diminuindo em direção aos polos, mas por igual. Em tais ocasiões, a Terra está nos equinócios. No dia 21 e a primavera no norte. Já nas posições 1 (21/06) e 3 (21/12) um hemisfério - norte ou sul - recebe o máximo de março começa o outono para o hemisfério sul e a primavera no norte. Já nas posições 1 (21/06) e 3 (21/12) um hemisfério de energia solar, o que ocasiona nesse hemisfério, o início do verão. A figura mostra a diferença de energia recebida norte ou sul recebe o máximo deque energia solar, o que ocasiona nesse hemisfério, início passam do verão.por A fiuma guralonga mostra a diferença de pelos- hemisférios: repare em dezembro o Círculo polar ártico e o poloo norte noite de energia24 recebida hemisférios: reparesul que em dezembro o Círculoe polar e oum polo norte por uma horas, pelos enquanto no hemisfério o Círculo polar antártico o poloártico sul têm dia que passam dura também 24 longa horas.noite de 24 horas, enquanto no hemisfério sul o Círculo polar antártico e o polo sul têm um dia que dura também 24 horas.
�eogra�a
97 Curso Enem 2019 | Geografia
97
CAPÍTULO 2
Cartografia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Lembrete: - Os raios solares formam ângulos de 90o com a superfície terrestre apenas na Zona Intertropical, sendo essa demarcada pelos Trópicos de Câncer e Capricórnio, limites da inclinação dos ângulos retos. A Zona Temperada, por sua vez, recebe os raios solares apenas com ângulos oblíquos, demarcada pelos Trópicos de Câncer e Capricórnio e os Círculos Polares Ártico e Antártico. E a Zona Polar recebe no período do inverno os raios solares apenas tangenciando a superfície terrestre, sendo esta demarcada pelos Círculos Polares Ártico e Antártico. - Quanto maior for a latitude, maior será a variação da incidência da energia solar. Dessa forma, nas proximidades da linha do Equador, a variação será mínima, havendo, constantemente, uma grande disponibilidade de energia solar. Já nas áreas polares a variação de incidência da energia solar é máxima, havendo noites de 24 horas e em certos período anuais e dias de 24 horas em outros períodos.
FUSOS HORÁRIOS
https://www.estudopratico.com.br/fuso-horario-mapa-e-conceito-em-geografia/
•
Cálculo de Fuso Horário
Dada a longitude de duas localidades, estando elas em hemisférios diferentes – leste/oeste –, deve-se somar as coordenadas geográficas; se estiverem no mesmo hemisfério – leste/leste, oeste/oeste – deve-se subtrair as coordenadas geográficas. O resultado deve ser dividido por 15o. Exemplos: Numa determinada cidade A, localizada a 120o O, são 15 horas. Que horas serão na cidade B que se localiza a 15o O? 1o passo: Estabelecer a diferença em graus. 120o - 15o = 105o 2o passo: Estabelecer a diferença em horas. 105o / 15o = 7 horas de diferença entre as cidades A e B 3o passo: Observar se as horas serão somadas ou subtraídas. Como a cidade B se encontra a leste da cidade A as horas deverão ser somadas. Logo, 15 horas + 7 horas = 22 horas na cidade B
98 Geografia | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Cartografia
•
Fusos Horários do Brasil
O território brasileiro se localiza inteiramente no hemisfério oeste e, por isso, apresenta horas atrasadas em relação ao Meridiano de Greenwich.
CAPÍTULO 2
• Equivalente: É representada pela relação direta entre as distância real e sua equivalência no mapa. 1 cm no mapa -> 10 km no real 1 cm = 10 km
C a p íl tou l2o – 2 – ACR ATOG R TO G IA A Até meados de 2008 o Brasil apresentava quatro fusos C apí RRAAFFIde • Gráfi ca: tu É representada Cpor um segmento reta horários, e a partir desse contexto eles foram reduzidos Cque apí tu l odeterminar 2 – CaAdistância R TOG Rmapa A F IeAo graduado permite no apenas para três. Porém, um referendo realizado no ano de seu equivalente no real. 2010 com a população do Acre aprovou a retomada do antigo O mapa abaixo demonstra a nova distribuição � Gráfica: É representada por um segmento de fuso horário que abrangia a região. Dessa forma, a partir do O mapa abaixo demonstra nova distribuição � • Gráfica: representada um segmento Numérica ou fracionária: Épor representada por umade fração, dos fusos horários a brasileiros, sendo o primeiro retaÉgraduado que permite determinar a distância dia 10/11/2013 o estado do Acre e parte do oeste do estado mapa abaixo demonstra a em nova distribuição � Gráfica: por um a segmento deles atrasado duas horas ao horárioem no mapa É eque orepresentada seu equivalente no real. dos O fusos horários brasileiros, sendo orelação primeiro reta graduado permite determinar distância que o numerador corresponde à distância no mapa edeo do Amazonas voltaram a ter duasbrasileiros, horasGreenwich atrasadas emode relação do fuso Londres edenominador fusos horários sendo primeiro reta e graduado que permite a distância delesdos atrasado duashorário horas de em relação aoouhorário no mapa o distância seu equivalente no determinar real. à no real. ao horáriodeles de Brasília e cinco horas atrasadas emao relação ao adiantado uma hora em relação fuso horário de atrasado horas em relação ao horário no mapa e o seu equivalente no real. do fuso horário de duas Greenwich ou de Londres e horário de do Greenwich. Brasília. Abrange as ilhas de Fernando de Noronha, fuso horário de Greenwich ou de Londres e
adiantado uma hora em relação ao fuso horário de Trindade, Martin Vaz e os Penedos de São Pedro e adiantado uma relação aodefuso horário de Brasília. Abrange as hora ilhas em de Fernando Noronha, São Paulo. a nova distribuição dos fusos O mapa abaixo demonstra Brasília. Abrange de Fernando Noronha, Trindade, Martin Vaz easosilhas Penedos de São de Pedro e horários brasileiros, sendo o primeiro deles atrasado duas Martin Vaz os Penedos de mais São de Pedro São Trindade, Paulo. O segundo fusoe horário abrange 50%e do horas em relação ao horário do fuso horário de Greenwich � Numérica ou fracionária: É representada por São Paulo. território brasileiro, sendo o de maior importância ou deOLondres e fuso adiantado uma hora em relação ao fuso uma fração, em que o numerador corresponde à segundo horário abrange mais 50% do por corresponder ao horário dede Brasília. Possui três distância mapa e o denominador à distância no horário de O Brasília. Abrange as ilhasoem de Fernando de Noronha, Numérica ounofracionária: É representada por horas atrasadas relação ao fuso Meridiano segundo fuso horário abrange dedo50% do� território brasileiro, sendo de maior mais importância real. Eem = 1:20.000 ou E = 1/20.000 ou fracionária: É corresponde representadaà por Trindade, Vaz osao Penedos São Pedro ePossui São Paulo. umaNumérica fração, que o numerador dee Greenwich e de éde determinada como hora oficial � território brasileiro, sendo o de maior importância por Martin corresponder horário Brasília. três 1 cmfração, no mapaem 20.000àcm no real no à uma o Ea numerador corresponde O segundo fuso horário abrange mais território do país. distância no eequivale oque denominador distância por corresponder ao horário de 50% Brasília. Possui três Emapa = 1:20.000 ou = 1/20.000 horas atrasadas em relação ao de fuso dodo Meridiano distância no mapa e o denominador à distância no brasileiro, sendo o de maior importância por corresponder ao real. horas atrasadas em relação como ao fuso do oficial Meridiano de Greenwich e é determinada hora 1saber cm no mapa equivale a 20.000 cm noescala, real basta O terceiro fuso brasileiro possui quatro qual a área real representada pela horário Brasília. Possui três horas atrasadascomo em relação ao horasPara sereal. de Greenwich e é determinada hora oficial dode país. atrasadas em relação ao fuso do Meridiano deconverterEo= 1:20.000 ou E está = 1/20.000 denominador, que representado em cm, para fuso do Meridiano de Greenwich e é determinada como hora Para se saber qual a área real representada pela escala, do país.Greenwich e uma hora atrasada em relação ao fuso E = 1:20.000 oucom E =o1/20.000 metro ou quilômetro, de acordo do mapa. basta converter o denominador, que objetivo está representado oficialOdo terceiro país. 1 cm no mapa equivale a 20.000 cm no real fuso brasileiro possui quatro horas horário de Brasília. Abrange os estados de Mato em cm, no para metroequivale ou quilômetro, de acordo com o 1 cm mapa a 20.000 cm no real O terceiro fuso brasileiro possui quatro de horas e atrasadas em relação aoMato fusoGrosso, do Meridiano Grosso do Sul, Rondônia, Roraima seobjetivo saber qual a área real representada pela escala, do mapa. Lembrete: O terceiro fuso brasileiro possui quatro horas atrasadas em dePara atrasadas em relação ao em fuso do Meridiano Amazonas. Greenwich eparte uma hora atrasada relação ao fuso Para se saber a área realque representada pela escala, o qual denominador, está representado relação aoGreenwich fuso Meridiano deatrasada Greenwich uma hora e umaAbrange hora em erelação ao fusobasta converter Lembrete: horário de do Brasília. os estados de Mato basta converter o denominador, que está representado em cm, para metro ou quilômetro, de acordo com o O quarto e último fuso brasileiro abrange o Acre e Quanto maior for o denominador da fração, menor será a atrasada em relação fusoGrosso, horário de Brasília. Abrange os horário deao Brasília. Abrange os estados de e Mato Grosso do Sul, Mato Rondônia, Roraima ������ maior for o denominador da fração, menor em cm, para metro ou quilômetro, de acordo com o aGrosso porçãodo oeste doMato e possui cincoRondônia, horas atrasadas objetivo do mapa. escala e, inversamente, quanto menor for o denominador, estados de Mato Sul, Grosso, Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e parte Amazonas. será a do e, inversamente, quanto menor for o em relação a Londres e duas horas atrasadas emmaior objetivo mapa. será aescala escala. Roraima e parte parte Amazonas. Amazonas. Lembrete: denominador, maior será a escala. relação ao fuso horário de Brasília. O quarto e último fuso brasileiro abrange o Acre e Lembrete: Comparando as escalas a seguir, teremos: forduas o duas denominador da fração, menor Comparando as escalas a seguir, teremos: quarto e último fusoabrange brasileiro abrange o Acre e������ maior O quarto eOúltimo fuso brasileiro o Acre e a porção a porção oeste do e possui cinco horas atrasadas for o denominador da fração, será������ maior a escalaEscala e, inversamente, quanto menor formenor o apossui porção doatrasadas possui cinco horas atrasadas oeste em do erelação cinco horas em relação a Londres a oeste Londres ee duas horas atrasadas em A o 1:1.000.000 será a escala e, inversamente, quanto menor for o maior será a escala. Escala A -> 1:1.000.000 ematrasadas relação a Londres e duas horas de atrasadas ao fuso em horário de ao Brasília. e duasrelação horas relação fuso horário Brasília. emdenominador, Escalamaior B o 1:100.000 denominador, a escala. Escala Bserá -> 1:100.000 relação ao fuso horário de Brasília. Comparando as duas escalas a seguir, teremos: Podemos dizer que aescalas escala A menorteremos: que a escala Comparando as duas a éseguir, Podemos dizer a escala A é menor a escala B dez Escala Aque oDessa 1:1.000.000 B dez vezes. forma, a áreaque representada vezes. Dessa forma, área representada pela escala A é Escala o 1:1.000.000 pela escala A A é a maior que a área representada Escala Bo 1:100.000 maior que a área representada pela e, por isso, o pela escala B e, por isso, o escala mapa B produzido Escala aB escala o 1:100.000 considerando B apresenta riquezauma mapa produzido considerando a escala Buma apresenta Podemos dizer que a escala A é menor que a escala maior de detalhes geográficos. riqueza maior de detalhes geográfi cos. Podemos que a escala A é menor que a escala B dez vezes. dizer Dessa forma, a área representada dez vezes. Dessaque aque área representada Observe mapas aforma, seguir, demonstram a pelaBescala Aosé maior a área representada Observe os área mapas amaior seguir,que que a demonstram a mesma mesma escalas escala Arepresentada épor área diferenciadas representada pelapela escala B e, isso, em o mapa produzido área representada em escalas diferenciadas e, por isso, e, por isso, ao riqueza grau decom pela escala Bcom e, diferenças por isso, quanto o mapa produzido considerando a escala B apresenta uma diferenças quanto ao grau de detalhamento. Do mapa A para detalhamento. Do mapa A para o mapa D, a escala considerando escala B apresenta uma riqueza maior de detalhes ageográficos. o mapa D,de a escala a área representada diminui, a áreadiminui, representada aumenta e osaumenta detalhes e os maior detalhes geográficos. diminuem. detalhes diminuem. Observe os mapas a seguir, que demonstram a Observe os mapas a em seguir, quediferenciadas demonstram a mesma área representada escalas mesma escalas e, por isso,área comrepresentada diferenças em quanto ao diferenciadas grau de e, por isso, com diferenças quanto grau de detalhamento. Do mapa A para o mapa D, ao a escala detalhamento. Do mapa Aaumenta para o mapa D, a escala diminui, a área representada e os detalhes http://www.monolitonimbus.com.br/wp-content/ diminui, a área representada aumenta e os detalhes diminuem. uploads/2013/10/fusosbr2.jpg - Acessado em 03/03/2016 diminuem.
ESCALA http://www.monolitonimbus.com.br/wp-content/ Escala é a relação espacial entre as dimensões da uploads/2013/10/fusosbr2.jpg - Acessado em 03/03/2016 http://www.monolitonimbus.com.br/wp-content/ superfície terrestre e as dimensões representadas uploads/2013/10/fusosbr2.jpg - Acessado em 03/03/2016 no mapa.
ESCALAAs escalas podem ser definidas da seguinte maneira:
ESCALA ESCALA
� espacial Equivalente: É dimensões representada pela relação Escala é a relação entre as da superfície direta entre as distância real e sua equivalência terrestre e as dimensões representadas no mapa. no mapa.
Escala é a relação espacial entre as dimensões da Escala éterrestre a relação espacial entrerepresentadas as dimensões da superfície ecm asnodimensões mapa o 10 km no real As podem ser defi1nidas seguinte maneira: superfície terrestre edaas dimensões representadas noescalas mapa. 1 cm = 10 km no mapa. As escalas podem ser definidas da seguinte maneira: As escalas podem ser definidas da seguinte maneira: � Equivalente: É representada pela relação � Equivalente: É representada pela relação direta entre as distância real e sua equivalência direta entre as distância real e sua equivalência no mapa. no mapa.
Disponível em: http://www.geografia.fflch.usp.br. Acesso em: 27 jan. 2010.
Curso Enem 2019 | Geografia
99
Ca p í t u l o 2 – C AR TOG R AF IA Ca p ítu lo 2 – CARTOGRAFIA � a linha do equador é a única que se encontra na CAPÍTULO 2 Cartografia PROJEÇÕES escala real da representação; PROJEÇÕESTRODUÇÃO À FILOSOFIA � os paralelos e os meridianos são linhas retas que CARTOGRÁFICAS se cortam perpendicularmente, formando ângulos CARTOGRÁFICAS � a linha do equador é a única que se encontra na escala real da representação;
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
O globo terrestre é a forma mais fiel de representação O nosso globo terrestre é a forma mais fielode representação de planeta, mas ele apresenta inconvenientes. de nosso planeta, mas ele apresenta o inconvenientes. Recorremos então representação plana por meio de O globo terrestre é a àforma mais fiel de representação de nosso Recorremos então à representação planaem por meio de projeções consistem projetar planeta, mascartográficas, ele apresenta oque inconvenientes. Recorremos projeções cartográficas, que consistem em projetar os paralelos e meridianos da Terra umde plano. As então à representação plana por em meio projeções os paralelos e meridianos da Terra em um plano. As representações assim obtidas sempre apresentam cartográfi cas, queassim consistem em projetar os paralelos e representações obtidas sempre algumas deformações. Para minimizar essesapresentam efeitos, os meridianos da Terra em um plano. As representações assim algumas deformações. Para minimizar esses efeitos, os cartógrafos utilizam diferentes métodos de projeção. obtidas sempre apresentam algumas deformações. cartógrafos utilizam diferentes métodos de projeção.Para minimizar esses efeitos, os os cartógrafos diferentes 1. Conforme: quando ângulosutilizam são mantidos 1. idênticos Conforme: os no ângulos mantidos (na quando esfera e plano) são e as áreas métodos de projeção. idênticos (na deformadas esfera e no e as áreas apresentam-se (emplano) sua representação apresentam-se deformadas (em sua representação cartográfica). 1. Conforme: quando os ângulos são mantidos idênticos (na cartográfica). esfera e no plano) e as áreas apresentam-se deformadas (em 2. Equivalente: quando as áreas apresentam-se sua cartográfi ca). 2. representação Equivalente: quando as áreas apresentam-se idênticas, e os ângulos deformados. idênticas, quando e os ângulos deformados. 2. Equivalente: as áreas apresentam-se idênticas, e os deformados.as distâncias são preservadas, 3. ângulos Equidistante: Equidistante: as edistâncias são deformados. preservadas, apesar de osasângulos assão áreas serem 3.3.Equidistante: distâncias preservadas, apesar de os apesar de os ângulos e as áreas serem deformados. ângulos e as áreas serem deformados. 4. Afilática: quando as áreas, os ângulos e as 4. lática: quando as áreas, os ângulos e as distâncias 4.Afi Afilática: quando as áreas, os ângulos e as distâncias apresentam-se deformados. apresentam-se deformados. distâncias apresentam-se deformados. É importante destacar que, na confecção de mapas, É possível importante destacar que, na confecção de do mapas, manter-se característica real Éé importante destacar que,uma na confecção de mapas, é possível é possível manter-se uma as característica do real representada no plano. Porém, demais características manter-se uma característica do real representada no plano. representada no plano. Porém, as demais características apresentaram distorções. Porém, as demais características apresentaram distorções. apresentaram distorções. �ua��� à sua origem construtiva, as projeções �ua��� à classificadas sua origememconstrutiva, ascategorias, projeções podem ser três principais Quanto à sua origem construtiva, as projeções podem ser podem ser da classificadas em três principais categorias, em função figura geométrica adotada – cilindro, classifi cadas em três principais categorias, em função da em função da figura geométrica adotada – cilindro, cone ou plano –adotada como base de suacone transformação em fi gura geométrica – cilindro, ou plano – como cone ou plano – como base de sua transformação em mapas. base de sua transformação em mapas. mapas.
Principais figuras geométricas geradoras de Principais figuras geométricas geradoras de projeções cartográficas projeções cartográficas
1. Cilíndrica 1.Projeção Projeção Cilíndrica
1. Projeção Cilíndrica
� os paralelos e os meridianos são linhas retas que o se 90 cortam perpendicularmente, formando ângulos de graus; o de 90 • a linhagraus; do equador é a única que se encontra na escala real � daas deformações dessa projeção são tanto maiores representação; � quanto as deformações dessa as projeção são tanto mais elevadas latitudes norte e maiores sul; mais eelevadas as latitudes norte sul;se cortam • quanto os paralelos os meridianos são linhas retase que � perpendicularmente, os paralelos são dispostos linhas formando em ângulos de paralelas 90o graus;ao � Equador os paralelos sãointervalos dispostos desiguais, em linhas aumentando paralelas ao e têm Equador e têm intervalos desiguais, aumentando aos polos; • em asdireção deformações dessa projeção são tanto maiores quanto emelevadas direção as aos polos; norte e sul; mais latitudes � os meridianos distribuem-se por intervalos iguais o � • ao ososlongo meridianos distribuem-se por intervalos iguais graus deem circunferência da ao Terra, dos 360 paralelos são dispostos linhas paralelas Equador o graus de si circunferência da Terra, ao longo dos 360 com linhas paralelas entre e perpendiculares e têm intervalos desiguais, aumentando em direção aosao polos; com linhas paralelas entre si e perpendiculares ao Equador; • Equador; os meridianos distribuem-se por intervalos iguais ao o graus � longo o excesso deformação (ampliação das áreas) dos 360de de circunferência da Terra, com linhas o � paralelas o excesso de (ampliação das áreas) norte e verificado nas latitudes superiores a 80 entre si edeformação perpendiculares ao Equador; o verificado nas latitudes superiores cartográfica, a 80 norte e sul torna inviável a representação e sul tornanorte inviável a representação cartográfica, ecado • os opolos excesso de deformação (ampliação das áreas)nessa verifi e sul não são representados o norte oslatitudes polos norte e sul não representados nas superiores a 80são e sul tornanessa inviável a projeção. projeção. cartográfica, e os polos norte e sul não são representação
representados nessa projeção.
A da de questão da projeção de Mercatorde x Peters AAquestão questão da projeção projeção Mercator x Peters O cartógrafo Mercator em 1569, uma projeção cilíndrica, Mercator x criou, Peters que até hoje é uma das mais utilizadas. Ela é uma projeção
O cartógrafo Mercator criou, em 1569, uma projeção tipo conforme, ou seja, mantém a configuração das áreas O do cartógrafo projeção cilíndrica, queMercator até hoje criou, é umaem das1569, mais uma utilizadas. Ela representadas, apresenta deformações que atéporém, uma das grandes mais utilizadas. Ela no écilíndrica, uma projeção dohoje tipoé conforme, ou seja, mantém que tange à área das superfícies. projeção do conforme, ou seja, mantém aé uma configuração dastipo áreas representadas, porém, a configuração áreas representadas, apresenta grandesdas deformações no que tange porém, à área Até hoje, para as cartas náuticas, essa projeção é muito apresenta grandes deformações no que tange à área das superfícies. utilizada devido à facilidade de se traçarem as rotas das superfícies. coordenadas geográficas formarem Atémarítimas, hoje, paraem asfunção cartasdas náuticas, essa projeção é muito Atéângulos hoje, para as cartas náuticas, essa projeção é muito retos. função do se domínio europeu naquela utilizada devido àEm facilidade de traçarem as rotas utilizada devido à facilidade dedasesua traçarem as rotas no época e, consequentemente, grande influência marítimas, em função das coordenadas geográficas marítimas, emprojeção função tornou-se das coordenadas geográficas mundo, essa o momento, formarem ângulos retos. Em dominante função doatédomínio formarem ângulos retos. Em função do domínio caracterizando-se comoe, eurocêntrica. europeu naquela época consequentemente, da sua europeu naquela época e, consequentemente, da sua grande influência no mundo, essa projeção tornou-se grande influência no mundo, essa projeção tornou-se Já o estudioso desenvolveu sua projeçãocomo em 1973 dominante até o Peters momento, caracterizando-se dominante até o momento, caracterizando-se como com fortes implicações políticas. Seu objetivo era contrapor eurocêntrica. eurocêntrica. as ideias disseminadas pela projeção de Mercator, que Já demonstra o estudioso desenvolveu sua projeção em ser Peters uma projeção com tendências eurocêntricas e Já o estudioso Peters desenvolveu sua projeção em 1973 com fortes implicações políticas. Seu objetivo de forte dos países que se encontram ao norte do 1973 comvalorização fortes implicações políticas. Seu objetivo era contrapor as ideias disseminadas pela projeção – predominantemente ricos. Dessa forma, a Projeção de eramapa contrapor as ideias disseminadas pela projeção de Mercator, que demonstra ser uma projeção com dePeters Mercator, que demonstra ser uma por projeção com é considerada “terceiro-mundista”, realçar as nações tendências eurocêntricas e de forte valorização tendências eurocêntricas e ade valorização que historicamente compõem parteforte mais pobre do mundo. dos países que se encontram ao norte do mapa – dos paísesdiferença que seda encontram norte doa de mapa – A maior projeção deao Peters para Mercator é predominantemente ricos. Dessa forma, a Projeção de predominantemente ricos. forma, a Projeção de a redução do tamanho doDessa continente europeu e o aumento Peters é considerada “terceiro-mundista”, por realçar Peters é considerada “terceiro-mundista”, por realçar considerável do continente africano. as a parte parte mais mais as nações nações que que historicamente historicamente compõem compõem a pobre do A diferença da projeção projeção de de pobre do mundo. mundo. A maior maioré um diferença A Projeção de Gall-Peters tipo de da projeção cartográfi ca Peters para aa de Mercator é a redução do tamanho tamanho Peters para de Mercator é a redução do dita cilíndrica e equivalente. As retas perpendiculares aos do continente europeu e considerável do do doparalelos continente e o o aumento aumento considerável e aseuropeu linhas meridianas têm intervalos menores, o continente continente africano. africano.
Ca
que resulta numa reprodução fiel das áreas dos continentes
custa de uma maior deformação formato mesmos. AA àProjeção de é de dos projeção Projeção de Gall-Peters Gall-Peters é um umdotipo tipo de projeção cartográfica As retas retas cartográfica dita dita cilíndrica cilíndrica e e equivalente. equivalente. As Projeção deaos Mercator perpendiculares paralelos meridianas perpendiculares aos paralelos e e as as linhas linhas meridianas têm numa reprodução reprodução têm intervalos intervalos menores, menores, o o que que resulta resulta numa fiel de uma uma maior maior fiel das das áreas áreas dos dos continentes continentes à à custa custa de deformação deformação do do formato formato dos dos mesmos. mesmos.
Projeção de Mercator
3. Pro (Azim ou Po
possui características particulares, que Éplanisférios a projeção emais utilizada para representar planisférios devem devem ser ser bem bem conhecidas conhecidas para para evitar evitar frequentes frequentes e possui características particulares, que devem ser bem enganos enganosààsua suainterpretação. interpretação.Principais Principaiscaracterísticas: características: conhecidas para evitar frequentes enganos à sua interpretação.
ÉÉ aa projeção projeção mais mais utilizada utilizada para para representar representar planisférios e possui características particulares, que
Ideal para aumentam afastam do centrais, az da Terra n polares. De nas proximi
Principais características:
ł as áre represe
Disponível Disponívelem: em:http://www.lapig.iesa.ufg.br. http://www.lapig.iesa.ufg.br. Acesso Acessoem: em:28 28 jul. jul. 2009. 2009.
100 100
100 Geografia | Curso Enem 2019
Projeção de
Peters�����a�a
ł as áre distorci
ł os para ao pass
aumentam à medida que asdo regiões representadas sebem centrais, azimutais ou polares, representam superfície ł as áreas próximas centro ficam a muito afastam do num pontoplano, central dadetalhadas; projeção. As projeções da Terra localizando melhor as regiões representadas e bem centrais, ou polares, representam asão superfície polares.azimutais Dessa maneira, as deformações pequenas da Terra melhorcaracterísticas: as regiões ł as num áreasplano, distantes vãoPrincipais ficando cada vez mais nas proximidades doslocalizando polos. CAPÍTULO polares. DessaCartografia maneira, as deformações são pequenas2 distorcidas; nas dos polos.do Principais ł proximidades as áreas próximas centro características: ficam muito bem ł representadas os paralelos se e mostram como círculos concêntricos, bem detalhadas; ł asao áreas do centrosão ficam muito bem passopróximas que os meridianos linhas divergentes. e bem detalhadas; ł representadas as áreas distantes vão ficando cada vez mais distorcidas; ł as áreas distantes vão ficando cada vez mais distorcidas; ł os paralelos se mostram como círculos concêntricos, passo que os meridianos são linhas divergentes. ł osao paralelos se mostram como círculos concêntricos,
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Projeção de Peters Projeção de Peters
Projeção de Peters Projeção de Peters
ao passo que os meridianos são linhas divergentes.
Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. Acesso em: 28 jul. 2009.
2. Projeção Cônica Representa apenas um hemisfério, norte ou sul, e as imagens do globo são projetadas nas paredes de um RetrataCônica melhor a zona temperada, enquanto as 2.cone. Projeção áreas equatoriais e polares aparecem deformadas. Os meridianos se hemisfério, mostram norte comooulinhas que Representa apenas um sul, e asretas imagens convergem e os paralelos são representados como do globo sãoapenas projetadas paredes de um cone. Retrata Representa um nas hemisfério, norte ou sul, e as Representa apenas um hemisfério, norte ou sul, e as círculos concêntricos. imagens do globo são projetadas nas paredes de um melhor a zona temperada, enquanto as áreas equatoriais imagens do globo são projetadas nas paredes de ume cone. Retrata aa zona temperada, enquanto as polares aparecem deformadas. Os meridianos se mostram cone. Retratamelhor melhor zona temperada, enquanto as Essa projeção é mais apropriadas à representação áreas equatoriais ee polares aparecem deformadas. como linhas retas que convergem e os paralelos são áreas equatoriais polares aparecem deformadas. cartográfica das latitudes mais elevadas. A Europa e a Os meridianos se mostram como linhas retas retas que que Os se mostram como linhas representados como círculos concêntricos. Ásiameridianos utilizam-na com frequência. convergem como convergem ee os os paralelos paralelos são são representados representados como círculos concêntricos. círculos concêntricos. Essa projeção é mais apropriadas à representação cartográfica
2. 2.Projeção Projeção Cônica Cônica
das latitudes mais éelevadas. Europa e a Ásia com Essa projeção apropriadas à utilizam-na representação Essa projeção é mais mais A apropriadas à representação cartográfica A Europa Europaeeaa frequência. cartográficadas daslatitudes latitudes mais mais elevadas. elevadas. A Ásia Ásiautilizam-na utilizam-nacom com frequência. frequência.
Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. Acesso em: 28 jul. 2009.
Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. Acesso em: 28 jul. 2009. Acesso em: 28 jul. 2009.
3. Projeção Plana (Azimutais, Zenitais ou Polar) Ideal para as pequenas regiões, pois as deformações aumentam à medida que as regiões representadas se afastam do ponto central da projeção. As projeções centrais, azimutais *HRJUD¿D ou polares, representam a superfície da Terra num plano, localizando melhor as regiões polares. Dessa maneira, as deformações são pequenas nas proximidades dos polos. Principais características: *HRJUD¿D
*HRJUD¿D • as áreas
próximas do centro ficam muito bem representadas e bem detalhadas;
•
REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. REPRESENTAÇÃO TERRESTRE Disponível em: http://www.lapig.iesa.ufg.br. Acesso em: 28 jul. 2009.
DO RELEVO Curvas de Nível ou Isoípsas As curvas de nível são linhas que ligam pontos de mesma TERRESTRE REPRESENTAÇÃO REPRESENTAÇÃO altitude em intervalos iguais. A escolha do espaçamento, ou equidistância das linhas depende de vários fatores, como a DO RELEVO escala doRELEVO mapa, tipo de relevo, etc. DO Curvas de Nível ou Isoípsas Principais características das curvas de nível: TERRESTRE TERRESTRE Acesso em: 28 jul. 2009.
As curvas de nível são linhas que ligam pontos de mesma em intervalos iguais.a A do espaçamento, •altitude as curvas de nível tendem serescolha quase paralelas entre si; ou equidistância das linhas depende de vários fatores, •como todos os pontos de uma curva de níveletc. se encontram na a escala do mapa, tipo de relevo,
Curvas deNível Nívelou ouIsoípsas Isoípsas Curvas de mesma elevação;
Principais características das curvas de nível: As curvas nível são linhas que ligam pontos de mesma As dede nível são linhas ligam pontos mesma •curvas a equidistância entre as que curvas pode ser, dedeacordo com o altitude em intervalos iguais. A escolha do espaçamento, altitude em intervalos iguais. A escolha do espaçamento, ł as curvas de nível tendem a ser quase paralelas caso, de 10, 25, 50, 100, etc; ou linhas depende de de vários fatores, ouequidistância equidistância das linhas depende vários fatores, entre si; das como dodo mapa, tipo detanto relevo, etc.etc. como escala mapa, tipo de relevo, • asa aescala curvas de nível mostram altitude como o formato do ł relevo; todos os pontosdas decurvas uma de curva de nível se Principais nível: Principaiscaracterísticas características das curvas de nível: encontram na mesma elevação; • as curvas de nível nunca se cruzam; ł tendem a ser quase paralelas ł asascurvas curvasdedenível nível tendem a ser quase paralelas ł entre a equidistância entre as curvas pode ser, de acordo si; entre si; • quanto mais íngreme for o relevo, mais próximas estarão com o caso, de 10, 25, 50, 100, etc; as curvas de nível; Capítulo 2 – CARTOG RAFIA ł de de nível se se ł todos todos osospontos pontosdedeuma umacurva curva nível ł encontram as curvasna demesma nível mostram tanto altitude como o • quanto mais plano for oelevação; relevo, mais separadas estarão as encontram na mesma elevação; formato do relevo; curvas de nível. ł a equidistância entre as curvas pode ser, de acordo ł aas equidistância entre as curvas pode ser, de acordo ł com nunca cruzam; ocurvas caso, de denível 10, 25, 50, se 100, etc; com o caso, de 10, 25, 50, 100, etc;
Aerofoto
ł curvas mais de nível mostram altitude o Hoje em dia, o em ł asquanto íngreme for tanto o relevo, maiscomo próximas ł formato as curvas de nível de mostram doas relevo; estarão curvas nível; tanto altitude como o de aviões equipa formato do relevo; confecções de m ł curvas de nível nunca ł asquanto mais plano forseocruzam; relevo, mais separadasPara analisarmo ł as curvasasdecurvas nível nunca se cruzam; estarão de nível. conta as seguint ł quanto mais íngreme for o relevo, mais próximas ł estarão quantoasmais íngreme for o relevo, mais próximas � tamanho do curvas de nível; estarão as curvas de nível; � forma: geom ł quanto mais plano for o relevo, mais separadas 101 curvas de nível. ł estarão quantoasmais plano for o relevo, mais separadas � tonalidades estarão as curvas de nível.
cinza escur escuro (solo
101 � 101
linhas: rios
as áreas distantes vão ficando cada vez mais distorcidas;
• os paralelos se mostram como círculos concêntricos, ao passo que os meridianos são linhas divergentes.
Perfil Topográfico Curso Enem 2019 | Geografia Os perfis topográficos dão uma ideia mais nítida da inclinação e formato do relevo ao longo de uma linha do horizonte determinada pelo observador ou leitor
101
Exercí
CAPÍTULO 2
Cartografia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Perfil Topográfico
SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996.
A diferença espacial citada é causada por qual característica Perfil Topográfico Os perfi s topográfi cos dão uma ideia mais nítida da inclinação física da Terra? e formato do topográficos relevo ao longo de uma linha horizonte Os perfis dão uma ideia maisdonítida da determinada observador ou ao leitor dodemapa. Para a inclinação pelo e formato do relevo longo uma linha Achatamento de suas regiões polares. do horizonte pelo leitorde 1. a) elaboração de umdeterminada perfil topográfi co, observador parte-se dasou curvas (Enem) ��ando é meio-dia nos �s�ados �nidos� o do mapa. Para a elaboração de um perfil topográfico, nível do terreno em estudo. Na figura a seguir, pode-se ver, na Sol, Movimento todo mundoem sabe, está deitando França. b) torno deseseu própriona eixo. parte-se das curvas de nível do terreno em estudo. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao parte superior, um mapa com curvas de nível que indicam a Na figura a seguir, pode-se ver, na parte superior, um pôr do sol. elevação terreno (dois que pode ser visto na parte c) Arredondamento de sua forma geométrica. mapado com curvas de morros) nível que indicam a elevação do SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. de baixo da fi(dois gura morros) (corte). que pode ser visto na parte de terreno Rio distância de Janeiro: baixo da figura (corte). d) Variação periódica de sua doAgir, Sol.1996.
Exercícios
A diferença espacial citada é causada por qual
e) Inclinação em relação ao seu plano de órbita. característica física da Terra?
Achatamento suas regiõese polares. 2.a)(Enem) Pensandode nas correntes prestes a entrar no braço que deriva da Corrente do Golfo para o norte, lembrei-me de b) Movimento em torno de seu próprio eixo. um vidro de café solúvel vazio. Coloquei no vidro uma nota c) Arredondamento de sua forma geométrica. cheia de zeros, uma bola cor rosa-choque. Anotei a posição e d) Latitude Variação49°49’ periódica de sua distância data: N, Longitude 23°49’ W.do Sol. Tampei e joguei na Nunca imaginei que receberia uma e) Inclinação emágua. relação ao seu plano de órbita. carta com a foto de um menino norueguês, segurando a a estranhanas nota. 2. bolinha (Enem)e Pensando correntes e prestes a entrar no braço que deriva da Corrente do Golfo para o norte, lembrei-me dedois um vidro de café solúvel KLINK. A. Parati: entre polos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, uma bola cor rosa-choque. Anotei a posição e (adaptado). data: Latitude 49°49’ N, Longitude 23°49’ W.
No texto, o autor anota sua coordenada geográfica, que é Sensoriamento Remoto
Sensoriamento Remoto
“É um conjunto de tecnologias que permitem adquirir informações sobre objetos que estão presentes na “É um conjunto de tecnologias permitem superfície terrestre, sem entrar que em contato comadquirir eles, informações objetos de queatividades estão presentes na superfície ou seja, sobre ‘um conjunto relacionadas com a aquisição, registro análise dos terrestre, sem entrar eme contato comdados eles, de ousensores seja, ‘um remotos, onde o fundamento principal a detecção das conjunto de atividades relacionadas com aéaquisição, registro alterações eletromagnética, quando esta interage com e análise dos dados de sensores remotos, onde o fundamento os componentes da superfície terrestre.” (Stefen, C. A principal a detecção eletromagnética, et al eéNovo – Helder das Lagesalterações Jardim e Valéria Amorim quando esta interage com os componentes da superfície do Carmo)
terrestre.” (Stefen, C. A et al e Novo – Helder Lages Jardim e Valéria Amorim do Carmo)
Aerofotogrametria Hoje102 em dia, o emprego de fotografias aéreas adquiridas de aviões equipados para o conhecimento do terreno e confecções de mapas é bastante generalizado. Para analisarmos imagens aéreas, temos que levar em conta as seguintes observações:
•
tamanho do objeto: saber a escala;
•
forma: geométrica (criada pelo homem);
• tonalidades: espelhadas (água), branca (areia), cinza escuro (estrada asfaltada) e cinza muito escuro (solo úmido ou vegetação densa); •
linhas: rios ou estradas.
EXERCÍCIOS 1. (Enem) Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr do sol.
102 Geografia | Curso Enem 2019
Tampei e joguei na água. Nunca imaginei que receberia uma carta com a foto de um menino a) a relação que se estabelece entre nota. as distâncias norueguês, segurando a bolinha e a estranha
representadas no mapa e as distâncias reais da superfície KLINK. A. Parati: entre dois polos. cartografada. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 (adaptado).
No texto, o autor coordenada geográfica, b) o registro de anota que ossua paralelos são verticais e convergem que para é os polos, e os meridianos são círculos imaginários, a) horizontais a relação que se estabelece entre as distâncias e equidistantes. representadas no mapa e as distâncias reais
superfíciede cartografada. ada informação um conjunto de linhas imaginárias que b) permitem o registrolocalizar de queum os ponto paralelos são verticais ou acidente geográfico na e convergem para os polos, e os meridianos superfície terrestre. são círculos imaginários, horizontais e
c)
equidistantes.
d)
a latitude como distância em graus entre um ponto e o Meridiano de Greenwich, e a longitude como a distância em graus entre um ponto e o Equador. �eo��a�a
e)
a forma de projeção cartográfica, usada para navegação, onde os meridianos e paralelos distorcem a superfície do planeta.
3. (Enem) A Ema O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no anoitecer, na segunda quinzena de junho, indica o início do inverno para os índios do sul do Brasil e o começo da estação seca para os do norte. É limitada pelas constelações de Escorpião e do Cruzeiro do Sul, ou Cut’uxu. Segundo o mito guarani, o Cut’uxu segura a cabeça da ave para garantir a vida na Terra, porque, se ela se soltar, beberá toda a água do nosso planeta. Os tupis- guaranis utilizam o Cut’uxu para se orientar e determinar a duração das noites e as estações do ano. A ilustração a seguir é uma representação dos corpos celestes que constituem a constelação da Ema, na percepção indígena. A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado, como povos de culturas não-indígenas percebem o espaço estelar em que a Ema é vista.
do Amapá devem ter ligado seus televisores para assistir ao início da cerimônia de abertura?
A ilustração a seguir é uma representação dos corpos celestes que constituem a constelação da Ema, na percepção indígena.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado, como povos de culturas não-indígenas percebem o espaço estelar em que a Ema é vista.
a)
9h08min, do dia 8 de agosto.
b)
12h08min, do dia 8 de agosto. CAPÍTULO Cartografia
c)
15h08min, do dia 8 de agosto.
d)
01h08min, do dia 9 de agosto.
2
04h08min, dia 9 de agosto. c) e) 15h08min, do diado 8 de agosto.
d)
5.
Considerando a diversidade cultural focalizada no
Considerando a diversidade cultural focalizada no texto e nas texto e nas figuras, avalie as seguintes afirmativas. figuras, avalie as seguintes afirmativas. I.
A mitologia guarani relaciona a presença da Ema no firmamento às mudanças das I. A mitologia guarani relaciona a presença da Ema no estações do ano.
firmamento às mudanças das estações do ano. II.
Em culturas indígenas e não-indígenas, o
Cruzeiro do Sul, ou Cut’uxu,ofunciona como II. Em culturas indígenas e não-indígenas, Cruzeiro do Sul, de orientação espacial. ou Cut’uxu,parâmetro funciona como parâmetro de orientação espacial. III. Na mitologia guarani, o Cut’uxu tem a
III. Na mitologia guarani,função o Cut’uxu a importante importante de tem segurar a Emafunção para de segurarque a Ema para que seja preservada a água da Terra. seja preservada a água da Terra. IV.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afirmar que
As Três Maria, estrelas da constelação de
IV. As Três Maria, estrelas da constelação de Órion, compõem Órion, compõem a figura da Ema. a figura da Ema. É correto apenas o que se afirma em:
É correto apenas o que se afirma em: a)
I.
a)
I.b)
II e III.
b)
IIc)e III. III e IV.
c)
d)e IV.I, II e III. III e)
I, II e IV.
d)
I, II e III.
e)
I, II e IV.
4. (Enem) O sistema de fusos horários foi proposto na Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington, em 1884. Cada fuso corresponde a uma faixa de 15° entre dois meridianos. O meridiano de Greenwich foi *HRJUD¿D escolhido para ser a linha mediana do fuso zero. Passando-se o meridiano pela linha mediana de cada fuso, enumeramse 12 fusos para leste e 12 fusos para oeste do fuso zero, obtendo-se, assim, os 24 fusos e o sistema de zonas de horas. Para cada fuso a leste do fuso zero, soma-se 1 hora, e, para cada fuso a oeste do fuso zero, subtrai-se 1 hora. A partir da Lei n0. 11.662/2008, o Brasil, que fica a oeste de Greenwich e tinha quatro fusos, passa a ter somente 3 fusos horários. Em relação ao fuso zero, o Brasil abrange os fusos 2, 3 e 4. Por exemplo, Fernando de Noronha está no fuso 2, o estado do Amapá está no fuso 3 e o Acre, no fuso 4.
01h08min, do dia 9 de agosto.
(Enem) Na linha de uma tradição antiga, o Ptolomeu e) astrônomo 04h08min, grego do dia 9 de agosto.(100-170 d.C.) afirmou a tese do geocentrismo, segundo a qual a Terra seria o centro do universo, sendo que o Sol, a Lua 5. (Enem) e os planetas girariam em seu redor em órbitas circulares. A teoria de Ptolomeu resolvia de modo razoável os problemas astronômicos da sua época. Vários séculos mais tarde, o clérigo e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao encontrar inexatidões na teoria de Ptolomeu, formulou a teoria do heliocentrismo, segundo a qual o Sol deveria ser considerado o centro do universo, com a Terra, a Lua e os planetas girando circularmente em torno dele. Por fim, o astrônomo matemático alemão Johannes Kepler (1571- 1630), depois de estudar o planeta Marte por cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é elíptica. Esse resultado generalizou-se para os demais planetas.
a) Ptolomeu apresentou as ideiasAcesso maisem: valiosas, Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br. 12ago. 2012. por serem mais antigas e tradicionais.
A projeção cartográfica do mapa configura-se como b) Copérnico desenvolveu teoria hegemônica desde a sua elaboração, noa século XVI. Ado sua heliocentrismo inspirado no contexto político principal contribuição inovadora foi a do Rei Sol.
a) b) c) d) e)
c)
Copérnico viveu em uma época em que a
redução comparativa das terras pesquisa científica era setentrionais. livre e amplamente incentivada pelas autoridades.
manutenção da proporção real das áreas representadas.
d)
Kepler estudou o planeta Marte para atender
consolidação das técnicas utilizadas nas cartas medievais. às necessidades de expansão econômica e científica da Alemanha.
valorização dos continentes recém-descobertos pelas Kepler apresentou uma teoria científica que, Grandes Navegações.
e)
graças aos métodos aplicados, pôde ser
testada generalizada. adoção de ume plano em que os paralelos fazem ângulos constantes com os meridianos.
Capítulo 2 – CARTOGRAFIA
6. (Enem) Um leitor encontra o seguinte anúncio entre 103os
classificados de um jornal: 6.
(Enem) Um leitor encontra o seguinte anúncio VILA DAS FLORES entre os classificados de um jornal:
Vende-se terreno plano medindo 200 m2. Frente voltada VILA DAS FLORES para o sol no período da manhã. Fácil acesso. (443)06772 0032 Vende-se terreno plano medindo 200 m . Frente voltada para o sol no período da manhã. Fácil acesso. (443)0677-0032
Interessado no terreno, o leitor vai ao endereço indicado Interessado no terreno, o leitor vai aaoplanta endereço e, lá chegando, observa um painel com a seguir, indicadodestacados e, lá chegando, observa ainda um painel onde estavam os terrenos não com vendidos, a planta a seguir, onde estavam destacados os numerados de I aainda V: não vendidos, numerados de I a V: terrenos
Considerando a funcionar à investidor mo que os horár bolsas e a seq obtidas estão
A cidade de Pequim, que sediou os XXIX Jogos Olímpicos de Verão, fica a leste de Greenwich, no fuso 8. Considerandose que a cerimônia de abertura dos jogos tenha ocorrido às 20h08min, no horário de Pequim, do dia 8 de agosto de 2008, a que horas os brasileiros que moram no estado do Amapá devem ter ligado seus televisores para assistir ao início da cerimônia de abertura?
a)
Pequim horas) e
b)
Nova Ior horas) e
a)
9h08min, do dia 8 de agosto.
c)
Pequim ( e Nova I
b)
12h08min, do dia 8 de agosto.
d)
Nova Ior horas), P
e)
Nova Ior horas), L
Considerando as informações do jornal, é possível afirmar que o terreno anunciado é o a)
I.
b)
II.
c)
III.
d)
IV.
e)
V.
Curso Enem 2019 | Geografia 9.
103 (Enem) Entre
alguns estado Oeste, os rel uma hora, pa
CAPÍTULO 2
Cartografia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Considerando as informações do jornal, é possível afirmar que o terreno anunciado é o a)
I.
b)
II.
c)
III.
d)
IV.
e)
V.
7. (PUC- RJ)
Levando-se em consideração que, no dia em que esta foto foi tirada, o Sol se pôs exatamente atrás da estátua do Cristo Redentor, podemos inferir que: a)
IA
o Pão de Açúcar está situado ao norte da parte frontal da estátua do Cristo Redentor.
b)
o braço direito do Cristo Redentor está apontando para a direção sul.
c)
o leste está na direção da parte de trás da estátua do Cristo Redentor.
d)
a enseada de Botafogo está ao sul da parte frontal da estátua do Cristo Redentor.
e)
o braço esquerdo do Cristo Redentor está apontando para a direção oeste.
8. (Enem) O mercado financeiro mundial funciona 24 horas por dia. As bolsas de valores estão articuladas, mesmo abrindo e fechando em diferentes horários, como ocorre com as bolsas de Nova Iorque, Londres, Pequim e São Paulo. Todas as pessoas que, por exemplo, estão envolvidas com exportações e importações de mercadorias precisam conhecer os fusos horários para fazer o melhor uso dessas informações.
anúncio
Considerando que as bolsas de valores começam a funcionar às 09:00 horas da manhã e que um investidor mora em Porto Alegre, pode-se afirmar que os horários em que ele deve consultar as bolsas e a sequência em que as informações são obtidas estão corretos na alternativa: a)
Pequim (20:00 horas), Nova Iorque (07:00 horas) e Londres (12:00 horas).
b)
Nova Iorque (07:00 horas), Londres (12:00 horas) e Pequim (20:00 horas).
c)
Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas) e Nova Iorque (07:00 horas).
d)
Nova Iorque (07:00 horas), Londres (12:00 horas), Pequim (20:00 horas).
e)
Nova Iorque (07:00 horas), Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas).
9. (Enem) Entre outubro e fevereiro, a cada ano, em alguns estados das regiões Sul, Sudeste e Centro- Oeste, os relógios permanecem adiantados em uma hora, passando a vigorar o chamado horário de verão. Essa medida, que se repete todos os anos, visa a)
promover a economia de energia, permitindo um melhor aproveitamento do período de iluminação natural do dia, que é maior nessa época do ano.
b)
diminuir o consumo de energia em todas as horas do dia, propiciando uma melhor distribuição da demanda entre o período da manhã e da tarde.
c)
adequar o sistema de abastecimento das barragens hidrelétricas ao regime de chuvas, abundantes nessa época do ano nas regiões que adotam esse horário.
d)
incentivar o turismo, permitindo um melhor aproveitamento do período da tarde, horário em que os bares e restaurantes são mais frequentados.
e)
responder a uma exigência das indústrias, possibilitando que elas realizem um melhor escalonamento das férias de seus funcionários.
10. (Enem) “Casa que não entra sol, entra médico”. Esse ditado reforça a importância de, ao construirmos casas, darmos orientações adequadas aos dormitórios, de forma a garantir o máximo conforto térmico e salubridade. Assim, confrontando casas construídas em Lisboa (ao norte do Trópico de Câncer) e em Curitiba (ao sul do Trópico de Capricórnio), para garantir a necessária luz do sol, as janelas dos quartos NÃO DEVEM estar voltadas, respectivamente, para os pontos cardeais:
200 m2. odo da 2
a)
Sul / Norte.
b)
Leste / Oeste.
endereço inel com cados os de I a V:
c)
Oeste / Leste.
d)
Oeste / Oeste.
e)
Norte / Sul.
Considerando que as bolsas de valores começam a funcionar às 09:00 horas da manhã e que um investidor mora em Porto | Curso Enem 2019 Alegre, pode-se afirmar 104 Geografia que os horários em que ele deve consultar as bolsas e a sequência em que as informações são obtidas estão corretos na alternativa:
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
C aCartografia p ít u lo 2 – C A R T O GR 2 A FIA CAPÍTULO Cap í tu l o 2 – CAR TOGRA F I A Enunciado para e 12. Enunciado paraas as questões questões 1111 e 12. No primeiro dia do inverno no Hemisfério Sul, uma Enunciado para questões 11 e 12. No primeiro dia doasinverno no Hemisfério uma atividade atividade de observação de sombras Sul, é realizada por de observação de sombras é realizada por alunos Para deSul, Macapá, alunos de Macapá, Porto Alegre Recife. isso, No primeiro dia do inverno no eHemisfério uma Porto Alegre Recife. Para utiliza-se uma évareta de 30 cm atividade dee vareta observação de sombras realizada por utiliza-se uma deisso, 30 cm fincada no chão na fincada no na posição Para o Para tamanho alunos de chão Macapá, Portovertical. Alegre e marcar Recife. isso, posição vertical. Para marcar o tamanho e a posição da e a posição da ésombra, o de chão éuma forrado comde uma folha utiliza-se uma vareta 30 cm fincada no chãodena sombra, o chão forrado com folha cartolina, cartolina, como mostra a fi gura: posição vertical. Para marcar o tamanho e a posição da como mostra a figura: sombra, o chão é forrado com uma folha de cartolina, como mostra a figura:
13. (Enem) Existem razoável, então, afirmar que existediferentes uma localidadeformas em que a de representação plana da superfície da Terra sombra deverá estar bem mais próxima da linha pontilhada, (planisfério). Os planisférios de Mercator e de de 13. (Enem) Existem diferentes formas em vias de passar de um lado para o outro. Em que localidade, Peters são atualmente os mais utilizados. representação plana da superfície da isso Terra dentre as listadas abaixo, seria mais provável que (planisfério). Os planisférios de Mercator e de ocorresse? Peters são atualmente os mais utilizados. a)
Natal.
b)
Manaus.
c)
Cuiabá.
d)
C a p í t u lo lo Capítu Brasília.
AR TO G R AF A 2 – C CA RT OGRA FIIA C a p í t u l o 2 – C A R T O G R AF I A
Apesar Boa Vista. de usarem projeções, respectivamente, conforme e equivalente, ambas utilizam como Apesar deExistem usarem projeções, respectivamente, 13. (Enem) (Enem) diferentes formas de base da projeção 13. Existemo modelo: diferentes formas de conforme ediferentes equivalente, ambas utilizam como 13. Existem formas de representação plana 13.(Enem) (Enem) Existem diferentes formas de representação plana da superfície da representação plana da superfície da Terra Terra base da projeção o modelo: representação plana da superfície da Terra da superfície da Terra (planisfério). Os planisférios de Mercator (planisfério). Os Os planisférios planisférios de (planisfério). de Mercator Mercator ee de de (planisfério). Os planisférios de Mercator e de Peters são atualmente os mais utilizados. e de Peters Peters são atualmente os mais utilizados. são atualmente os mais utilizados. e)
Enunciadopara paraas asquestões questões11 11ee12. 12. Enunciado Enunciado para as questões 11 e 12. Noprimeiro primeirodia diado doinverno inverno no no Hemisfério Hemisfério Sul, Sul, uma uma No No primeiro dia do inverno no Hemisfério Sul, uma atividade deobservação observação de sombras sombras realizada por atividade de de éé realizada por atividade de observação de sombras é realizada por alunos deMacapá, Macapá, Porto Alegre Alegre Recife. Para isso, isso, alunos de Porto ee Recife. Para alunos de Macapá, Porto Alegre e Recife. Para isso, utiliza-se uma vareta de 30 cm fincada no chão na utiliza-se uma vareta de 30 cm fincada no chão na utiliza-se uma Para vareta de 30ootamanho cm fincada chão da na posição vertical. Paramarcar marcar tamanho posição da posição vertical. eeaano posição posição vertical. Para marcar o tamanho e de a posição da sombra, o chão é forrado com uma folha cartolina, sombra, o chão é forrado com uma folha de cartolina, sombra, o chão é forrado com uma folha de cartolina, como mostra figura: como mostra a afigura: como mostra a figura:
Peters são atualmente os mais utilizados.
Apesar de usarem projeções, respectivamente, Apesar de usarem projeções, respectivamente,
Apesar de e usarem projeções, conforme equivalente, ambasrespectivamente, utilizam comoe Apesar de usarem respectivamente, conforme conforme e projeções, equivalente, ambas utilizam como conforme e utilizam equivalente, ambas utilizam como base daambas projeção o modelo: equivalente, como base base da projeção o modelo: da projeção o modelo: base da projeção o modelo:
14. (Enem) 14. (Enem)
Nas figuras abaixo, estão representadas as sombras Nas fifiguras guras abaixo, estãoestão representadas as sombrasas projetadas Nas abaixo, sombras projetadas pelas varetas nas representadas três cidades, no mesmo pelas varetas nas três cidades, no mesmo instante, aomesmo meio projetadas pelas varetas cidades, no instante, ao meio dia. A nas linhatrês pontilhada indica a dia. A linha ao pontilhada indica a direção Norte-Sul. instante, meio dia. A linha pontilhada indica a direção Norte-Sul. direção Norte-Sul.
14. (Enem)
14. (Enem) 14. 14. (Enem) (Enem)
11. (Enem) Levando-se em conta a localização destas figurasLevando-se abaixo, estão as sombras 11.Nas (Enem) em representadas conta a localização destas três cidades no mapa, podemos afirmar que osos Nas figuras abaixo, estão representadas as sombras 11. (Enem) Levando-se em conta a localização destas três Nas figuras abaixo, estão representadas as sombras projetadas pelasno varetas três cidades, no mesmo três cidades mapa,nas podemos afirmar que comprimentos das sombras serão tanto maiores projetadas pelas varetas três cidades, no mesmo projetadas pelas varetas três cidades, no mesmo cidades no mapa, podemos afinas rmar que os comprimentos das a instante, ao meio dia. Anas linha pontilhada indica comprimentos das sombras serão tanto maiores instante, ao meio dia. A pontilhada indica aa quanto maior for odia. dada cidade em instante, ao meio A linha linha pontilhada indica direção Norte-Sul. sombras serão tanto maiores quanto maior for o afastamento quanto maior for oafastamento afastamento cidade em direção Norte-Sul. direção Norte-Sul. relação ao da cidade em relação ao relação ao a)a) litoral. a)litoral. litoral. b)b) c) c) d) d)e)
b)Equador. Equador. Equador. nível do do mar. c) nível mar. nível do mar. de de Capricórnio. d)Trópico Trópico Capricórnio. Trópico de Capricórnio. Meridiano de Greenwich. e) Meridiano de Greenwich.
11. (Enem) Levando-se em conta a localização destas
11. (Enem) Levando-se emconta contaaalocalização localização destas três cidades no mapa, podemos afirmar destas que os (Enem) Levando-se em e)11. Meridiano de Greenwich. três cidades no mapa, podemos afirmar que os comprimentos das sombras tanto maiores três cidades no mapa, podemos afirmar que os (Enem) Pelosresultados resultados experiência, num 12.12. (Enem) Pelos dadaserão experiência, num comprimentos das sombras serão tanto maiores quanto maior for o afastamento da cidade em comprimentos das sombras serão tanto maiores 12. (Enem) Pelos resultados da experiência, num mesmo mesmo instante, Recife sombra projeta mesmo instante, emem Recife a asombra seseprojeta quanto maior for oose afastamento daesquerda cidade em relação ao maior for afastamento em àquanto direita e nas outras duas cidades à da instante, emeRecife a sombra projeta à direita ecidade nas outras à direita nas outras duas cidades àda esquerda da relação ao relação ao a) litoral. linha pontilhada cartolina. razoável, então, duas cidades à esquerda da linha pontilhada na cartolina. É linha pontilhada nana cartolina. É Érazoável, então, litoral. afirmar queexiste existeuma umalocalidade localidadeem em que que a a a)a) litoral. afirmar b) que Equador. sombra deverá estar bem mais próxima da linha b) Equador. sombra estar b)c) deverá Equador. nível do mar. bem mais próxima da linha pontilhada, em vias de passardedeum umlado ladopara para pontilhada, em vias de passar c) nível do mar. c)d) nível do mar. Trópico de Capricórnio. o outro. Em que localidade,dentre dentreasaslistadas listadas o outro. Em que localidade, d) Trópico de Capricórnio. d)e) Trópico de Capricórnio. Meridiano deprovável Greenwich. abaixo, seria mais que isso ocorresse? abaixo, mais provável que isso ocorresse? e) seria Meridiano deGreenwich. Greenwich. e) Meridiano de a) Natal. a) Natal.
As real (D) (D) entre entre Asfiguras figuras representam representam a a distância distância real duas proporcional (d) (d) duas residências residências ee a a distância distância proporcional em uma representação cartográfica, as quais em uma representação cartográfica, as quais permitem espaciais entre entre oo permitem estabelecer estabelecer relações relações espaciais mapa apresentada,aa mapaeeooterreno. terreno. Para Para a a ilustração ilustração apresentada, escala escalanumérica numérica correta correta é é a) a)
1/50. 1/50.
b) b) 1/5 1/5 000. 000. c) c) 1/50 1/50 000. 000. As fiAs guras representam a distância real (D) duas figuras representam a distância real entre (D) entre d) 1/80 000. d)figuras 1/80 000. residências e arepresentam distância proporcional (d) (D) em entre uma As representam real duas residências e a distância proporcional (d) As figuras a distância real (D) entre duas residências e a distância proporcional (d) representação cartográfi ca, as quais permitem estabelecer em uma representação cartográfica, as quais duas residências e a distância proporcional (d) e) 1/80 000 000. e) 1/80 000 000. em espaciais uma representação representação quais relações entre o maparelações e ocartográfica, terreno. Para aas ilustração permitem estabelecer espaciais entre o em uma cartográfica, as quais permitem estabelecer relações entre mapa e aoescala terreno. Para relações acorreta ilustração apresentada, ao permitem estabelecer espaciais entre o apresentada, numérica é espaciais
mapa eenumérica terreno. Para a aéilustração escala correta mapa oo terreno. Para ilustração apresentada, apresentada, aa escala numérica numérica correta correta é é escala a) 1/50. a) 1/50. 1/50. a) Curso Enem 2019 | Geografia 105 b) 1/5 000. b) 1/5 1/5 000. 000. b) c) 1/50 000. c) c) d)
1/50 000. 000. 1/50 1/80 000.
CAPÍTULO 2
Cartografia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a)
1/50.
b)
1/5 000.
c)
1/50 000.
d)
1/80 000.
e)
1/80 000 000.
15. (Enem) O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras. LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado).
A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da cartografia como elemento promotor da a)
expansão da fronteira agrícola.
b)
remoção de populações nativas.
c)
superação da condição de pobreza.
d)
valorização de identidades coletivas.
a)
implantação de modernos projetos agroindustriais.
GABARITO 1
B
5
E
9
A
13
C
2
C
6
D
10
E
14
C
3
D
7
B
11
B
15
D
4
A
8
C
12
D
106 Geografia | Curso Enem 2019
Dinâmica Terrestre
CAPÍTULO 3
Ca pítulo 3
DI N Â M I C3 A CAPÍTULO Dinâmica Terrestre T ER REST RE 1. TECTÔNICA GLOBAL TECTÔNICA GLOBAL Estrutura interna da Terra Estrutura interna da Terra - Crosta: parte superficial sólida que envolve toda a estrutura interna do planeta Terra. Tendo-se como referencial o raio médio - da Terra Crosta: parte sólida que envolve toda de a estrutura interna do planeta Terra. Tendo-se como referencial (6.371 km), superficial a crosta corresponde a valores médios 40 km, com aproximadamente 70 km nas partes mais espessas e5 o raio médio da Terra (6.371 km), a crosta corresponde a valores médios de 40 km, com aproximadamente km nas menos espessas. É interessante destacar que a crosta não é contínua, ou seja, não é inteira. Ela é composta por diversos 70 km nas partes mais espessas e 5 km nas menos espessas. É interessante destacar que a crosta não é fragmentos, denominados placas tectônicas, que interagem diretamente. contínua, ou seja, não é inteira. Ela é composta por diversos fragmentos, denominados placas tectônicas, que interagem diretamente. - Manto: camada localizada entre a crosta e o núcleo, que apresenta densidade intermediária dos minerais, e onde o magma se no estado pastoso, em fusão. Suaaespessura é de 2.900 - encontra Manto: camada localizada entre crosta emédia o núcleo, que km. apresenta densidade intermediária dos minerais, e onde o magma se encontra no estado pastoso, em fusão. Sua espessura média é de 2.900 km. Ele é dividido em: Ele é dividido em: • Núcleo Externo: camada líquida composta predominantemente por ferro liquefeito, entendendo-se de aproximadamente Núcleo Externo: camada líquida composta predominantemente por ferro liquefeito, entendendo-se de 2.900 km até 5.150 km de profundidade. aproximadamente 2.900 km até 5.150 km de profundidade.
Núcleo Interno ou Nife: esfera mais interna do planeta, constituída predominantemente de ferro Núcleo Interno ou Nife: esferade mais interna do planeta, constituída predominantemente de 6.400 ferro sólido, estendendo-se de sólido, estendendo-se cerca de 5.150 km até o centro da Terra (cerca de km de profundidade). cerca de 5.150 km até o centro da Terra (cerca de 6.400 km de profundidade). Apresenta as maiores temperaturas da estrutura interna. Apresenta as maiores temperaturas da estrutura interna.
•
Lembrete
Organizador: ROSS, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil, pág. 22.
Quanto maior for a profundidade do planeta Terra, maior será a pressão, maior será a temperatura e maior será densidade dos Lembrete: minerais. �uanto maior for a profundidade do planeta �erra, maior será a pressão, maior será a temperatura e maior será densidade dos minerais.
Natureza das Placas Tectônicas
As placas tectônicas, ou seja, os Placas fragmentos da crosta terrestre dividem-se em: Natureza das Tectônicas fragmento daos crosta que compõe o chamado assoalho oceânico.em: Possui espessura média de 7 km, com As- Placa placasOceânica: tectônicas, ou seja, fragmentos da crosta terrestre dividem-se variação entre 5 a 10 km, densidade maior em relação à placa continental, em torno de 2,9 g/cm3, e composição mineralógica Placa Oceânica: fragmento da crosta que compõe o chamado assoalho oceânico. Possui espessura média de predominantemente de silício e magnésio – SIMA. 7 km, com variação entre 5 a 10 km, densidade maior em relação à placa continental, em torno de 2,9 g/cm3, e composição mineralógica predominantemente de silício e magnésio – SIMA. -
Placa Continental: fragmento da crosta que compõe as áreas continentais do planeta, ou seja, as áreas Curso 2019 |montanhosas, Geografia 107 emersas. Possui espessura média de 40 km, mas que podem atingir até 100 km Enem em áreas densidade menor em relação à placa oceânica, em torno de 2,7 g/cm3, e composição mineralógica predominantemente de silício e alumínio – SIAL.
CAPÍTULO 3
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À FILOSOFIA - Placa Continental: fragmento da crosta que compõe as áreas continentais do planeta, ou seja, as áreas emersas. Possui espessura média de 40 km, mas que podem atingir até 100 km em áreas montanhosas, densidade menor em relação à placa oceânica, em torno de 2,7 g/cm3, e composição mineralógica predominantemente de silício e alumínio – SIAL.
Ca p ítu lo 3 – DINÂMICA TER R E S TR E Ca p ítu lo 3 – DINÂMICA TE R R E S TR E
- Placa Mista: fragmento da crosta que apresenta parte de placa oceânica, com características de placas oceânicas, e parte de placa continental, com características de placas continentais. A crosta é formada por 12 grandes placas tectônicas e diversas menores que recobrem todo o manto e possibilitam
A crosta é formada por 12 grandes placasplacas tectônicas eo diversas menoresmenores que recobrem todo o manto a existência da Aa crosta é formada por 12 grandes tectônicas diversas que recobrem todoe opossibilitam manto e possibilitam existência da vida como um todo. Observe mapae abaixo: vida como um todo. Observe o mapa abaixo: a existência da vida como um todo. Observe o mapa abaixo:
O que movimenta as Placas Tectônicas? O que movimenta as Placas
Tectônicas? O que movimenta as Placas Tectônicas?
Com o aumento da profundidade ocorre ocorre um aumento da temperatura. Dessa forma, o magma queosemagma encontra próximo ao núcleo Com o aumento da profundidade um aumento da temperatura. Dessa forma, que se encontra Com o aumento da recebe profundidade um aumentodiminuída. da temperatura. Dessa forma, o magma que se em encontra próximo ao núcleo calor e,ocorre por sua consequência, apresenta sua densidade diminuída. Diante disso, o magma recebe calor e, por consequência, apresenta densidade Diante disso, o magma menos denso sobe direção à próximo ao núcleo calor e, por convectivas consequência, apresenta sua densidade diminuída. atinge Diantea disso, o magma menos denso sobe em direção à superfície, formando as chamadas correntes convectivas de magma. �uando a superfície, formando asrecebe chamadas correntes de magma. Quando a corrente magmática região de crosta, sua menos denso sobe em direção à superfície, formando as chamadas correntes convectivas de magma. �uando a corrente magmática região de crosta, suamais movimentação é alterada, das devido à presença movimentação é alterada, atinge devido àa presença dessa camada rígida, e a movimentação placas tectônicas dessa ocorre.camada Como essa corrente magmática atinge a região de crosta, sua movimentação é alterada, devido à presença dessa camada mais mais rígida, e a movimentação das placas tectônicas ocorre. Como logo, essa camada maisde aquecida se encontra agora camada aquecida se encontra agora em uma região menos profunda, em uma área menor temperatura, ela perde mais rígida, e a movimentação daslogo, placas tectônicas ocorre. Comotemperatura, essa camadaela mais aquecida se encontra em uma região menos profunda, em uma área de menor perde calor para o meio agora e sua calor para o meio e sua densidade aumenta, implicando a decida em direção ao núcleo da corrente convectiva de magma. em uma região menos profunda, logo, em uma área de menor temperatura, ela perde calor para o meio e sua densidade aumenta, implicando a decida em direção ao núcleo da corrente convectiva de magma. densidade aumenta, implicando a decida em direção ao núcleo da corrente convectiva de magma.
(a) A água fervendo é um exemplo familiar da convecção. (a)(a) A água fervendo é um exemplo familiarfamiliar da convecção. A água fervendo é um exemplo da convecção. (b) (b) UmaUma visãovisão simplifi cada das correntes de convecção no interior da simplificada das correntes de convecção noTerra. interior da Terra. (b) Uma visão simplificada das correntes de convecção no interior da Terra.
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra, pág. 39. Autores: PRESS, SIEVER, E JORDAN. Para Entender Terra, 39. pág. 39. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E GROTZINGER JORDAN. Para Entender a Terra,apág.
Movimentos das Placas Tectônicas
Movimentos das Placas Tectônicas Movimentos das Placas Tectônicas
As placas tectônicas apresentam dois grandes tipos de movimentos:
As placas tectônicas apresentam dois grandes tipos de movimentos: As placas tectônicas apresentam dois grandes tipos de movimentos: - Orogenético: movimento horizontal que se subdivide em convergente, divergente e tangencial. Orogenético: movimento horizontal que se subdivide em convergente, divergente e tangencial. - Epirogenético: movimento verticalhorizontal que se subdivide epirogênese positiva e epirogênese negativa. Orogenético: movimento que seem subdivide em convergente, divergente e tangencial. Epirogenético: movimento vertical que se subdivide em epirogênese positiva e epirogênese negativa. - de Epirogenético: que segeral, subdivide em epirogênese positiva e epirogênese Áreas contato de placasmovimento tectônicas, vertical de uma forma são consideradas instáveis tectonicamente por negativa. Áreas de contato de placas tectônicas, de uma forma geral, são consideradas instáveis tectonicamente por apresentarem, constantemente, os processos de abalos sísmicos e vulcanismo. Áreas de contato de placas tectônicas, de uma formasísmicos geral, são consideradas instáveis tectonicamente por apresentarem, constantemente, os processos de abalos e vulcanismo. apresentarem, constantemente, os processos de abalos sísmicos e vulcanismo. O abalo sísmico é gerado a partir da liberação de energia, denominada onda sísmica, produzida pelo atrito das placas Otect�nicas. �uando a onda sísmica se propaga na crosta continental, observa-se a formação de um terremoto. Já abalo sísmico é gerado a partir da liberação de energia, denominada onda sísmica, produzida pelo atrito das placas tect�nicas. �uando a onda sísmica se propaga na crosta continental, observa-se a formação de um terremoto. Já Curso Enem 2019 108 Geografia quando |ela se propaga na crosta oceânica, observa-se a formação de um maremoto ou tsunami. quando ela se propaga na crosta oceânica, observa-se a formação de um maremoto ou tsunami. O vulcanismo é o extravasamento de magma na superfície terrestre, que pode ocorrer tanto em áreas continentais Ocomo vulcanismo é ooceânicas. extravasamento de magma na superfície terrestre, que pode ocorrer tanto em áreas continentais em áreas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Terrestre C apí tu l oDinâmica 3 – D I NÂ M I C A TE RCAPÍTULO R E S TR E 3 O abalo sísmico é gerado a partir da liberação de energia, denominada onda sísmica, produzida pelo atrito das placas tectônicas. Quando a onda sísmica se propaga na crosta continental, observa-se a formação de um terremoto. Já quando ela seRE propaga na Capít ulo 3 – DI NÂMICA T ERREST Cap tu l o 3 – D I N ÂMI CA TER R ES TR E crosta oceânica, observa-se a formação de um maremoto ouí tsunami. O vulcanismo é o extravasamento de magma na superfície terrestre, que pode ocorrer tanto em áreas continentais como em áreas oceânicas.
Fonte: National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Movimentos Orogenéticos – Convergentes National Aeronautics andAdministration Space Administration Fonte: Fonte: National Aeronautics and Space (NASA) (NASA)
Movimentos Orogenéticos – Convergentes Movimentos Orogenéticos – Convergentes Placa oceânica – Placa continental: formação de Placa oceânica – Placa continental: formação de Cadeia montanhosa e Fossa oceânica. Cadeia montanhosa Fossa oceânica. Placa oceânica –ePlaca continental: formação Placa oceânica – Placa continental: formação de de Movimentos Orogenéticos – Convergentes
Cadeia montanhosa e Fossa oceânica. Cadeia montanhosa e Fossa oceânica.
Autores: PRESS,PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. ParaPara Entender a Terra, pág. 57.pág. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Entender a aTerra, 57. Autores: SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender Terra, pág. 57.
Placa continental Placa continental: formação de de Placa continental – Placa continental: formação de Placa continental ––Placa continental: formação Cadeia montanhosa. Placa continental – Placa continental: formação de Cadeia montanhosa. Cadeia montanhosa. Cadeia montanhosa.
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra, pág. 57.
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra, pág. 57. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para EEntender Terra, pág. 57. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER JORDAN.aPara Entender a Terra, pág. 57.
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Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra, pág. |57. 109 Curso Enem 2019 Geografia
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Ca p p ítu ítu lo lo 3 3 – – DINÂMICA DINÂMICA TER TER R RE ES S TR TR E E Ca
CAPÍTULO 3
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Atualmente, é é possível possível destacar destacar cinco cinco áreas áreas de de formação formação de de Cadeias Cadeias de de Montanhas Montanhas (observe (observe o o mapa mapa abaixo): abaixo): Atualmente, - Himalaia: convergência entre a Placa Euro-Asiática e a Placa Indo-Australiana.
- Himalaia: convergência Placa e a Placa Atualmente, é possível destacarentre cincoaáreas deEuro-Asiática formação de Cadeias de Indo-Australiana. Montanhas (observe o mapa abaixo): Andes: convergência convergência entre entre a a Placa Placa Sul-Americana Sul-Americana e ea a Placa Placa de de Nazca. Nazca. -- Andes:
- Himalaia: convergência entre a Placa Euro-Asiática e a Placa Indo-Australiana. Rochosas: convergência entre a Placa Placa Norte-Americana Norte-Americana ea a Placa Placa Pacífca. Pacífca. - Andes: convergência entre a Placa Sul-Americana e a Placa de Nazca. -- Rochosas: convergência entre a e - Rochosas: convergência entre a Placa Norte-Americana e a Placa Pacífca. Alpes: convergência convergência entre a a Placa Placa Euroasiática Euroasiática e ea a Placa Placa Africana. Africana. -- Alpes: - Alpes: convergência entre entre a Placa Euroasiática e a Placa Africana. - Atlas: convergência entre a Placa Euroasiática e a Placa Africana. - Atlas: convergência entre a Placa Euroasiática e a Placa Africana. - Atlas: convergência entre a Placa Euroasiática e a Placa Africana.
Autora: SIMIELLI, SIMIELLI, Maria Maria Elena. Elena. Geoatlas, Geoatlas, pág.20. pág.20. Autora:
Placa oceânica oceânica – – Placa Placa oceânica: oceânica: formação formação de de Arco Arco de de Placa Ilha e Fossa Fossa oceânica. Placa oceânica – Placa oceânica: formação de Arco de Ilha e Fossa oceânica. Ilha e oceânica.
Autores: PRESS, PRESS, SIEVER, SIEVER, GROTZINGER GROTZINGER E E JORDAN. JORDAN. Para Para Entender Entender a a Terra. Terra. Autores:
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Dinâmica Terrestre
CAPÍTULO 3
Movimentos Orogenéticos – Divergentes Movimentos Orogenéticos – Divergentes Placa oceânica Placa oceânica: Movimentos Orogenéticos– – Divergentes
formação de Dorsal Placa oceânica – Placa oceânica: formação de Dorsal Meso-oceânica. Placa oceânica – Placa oceânica: formação de Dorsal Meso-oceânica. Meso-oceânica.
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra.
Placa continental – Placa continental: formação de Placa continental – Placa continental: formação de Rift Valley. Rift Valley.
Placa continental – Placa continental: formação de Rift Valley.
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra.
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Ca p ítu lo 3 – DINÂMICA TE R R E S TR E C a p ítu lo 3 – DINÂMICA T E R R E S TR E Movimentos Orogenéticos – Tangenciais CAPÍTULO 3 Dinâmica Terrestre Movimentos Orogenéticos – Tangenciais Placa oceânica TRODUÇÃO – Placa oceânica À FILOSOFIA Movimentos Orogenéticos – Tangenciais Placa oceânica – – Placa Placa oceânica Placa oceânica continental
Movimentos Orogenéticos – Tangenciais
Placacontinental oceânica––Placa oceânica Placa oceânica continental Placa –Placa Placa continental Placa oceânica – Placa oceânica Placacontinental oceânica – – Placa continental Placa Placa continental Placa oceânica – Placa continental Placa continental – Placa continental Placa continental – Placa continental
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra. Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra.
Movimentos Epirogenéticos – Positivo e Movimentos Epirogenéticos – Positivo e Negativo Movimentos Epirogenéticos – Positivo e Negativo Movimentos Epirogenéticos – Positivo e Negativo Em áreas intraplacas oceânica e continental: de Horst e Grabem. Em áreas intraplacas oceânica e continental: formação formação de Horst e Grabem. Negativo
Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra.
Em áreas intraplacas oceânica e continental: formação de Horst e Grabem.
Em áreas intraplacas oceânica e continental: formação de Horst e Grabem.
Fontes: Autores:GROTZINGER PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra. Fontes: Autores: PRESS, SIEVER, E JORDAN. Para Entender a Terra. Fontes: Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra. Fontes: Autores: PRESS, SIEVER, GROTZINGER E JORDAN. Para Entender a Terra.
Autores: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de Toledo; FAIRCHILD, FAIRCHILD, Thomas ThomasRich; Rich;TAIOLI, TAIOLI,Fabio. Fabio.Decifrando Decifrandoa aTerra. Terra. Autores: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de Toledo; Autores: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de Toledo; FAIRCHILD, Thomas Rich; TAIOLI, Fabio. Decifrando a Terra.
2. ESTRUTURA GEOLÓGICAGEOLÓGICA 2. ESTRUTURA 2. ESTRUTURA GEOLÓGICA
Autores: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de Toledo; FAIRCHILD, Thomas Rich; TAIOLI, Fabio. Decifrando a Terra.
2. ESTRUTURA GEOLÓGICA
ÉÉaÉa composição rochosa da crosta, que sustenta as grandesas formas de relevo da de superfície rochosa da que grandes formas derelevo relevoterrestre. dasuperfície superfícieterrestre. terrestre. acomposição composição rochosa dacrosta, crosta, que sustenta sustenta as grandes formas da Ela em sua sua composição, composição,bem bemcomo comoootempo temposesesua sua Elaé éclassificada classificadade deacordo acordocom com oo tipo tipo de de rocha rocha predominante predominante em Ela é classifi cada de acordo com o tipo de rocha predominante em sua composição, bem como o tempo se sua formação – se foram É a composição rochosa da crosta, que sustenta formas relevo da superfície formação ––seseforam formadas em passadas ou as era atual. atual. Dessade forma, pode-se dividiraterrestre. aestrutura estrutura formação foram formadas em eras eras passadas nagrandes era Dessa forma, pode-se dividir formadas emem eras passadas ou na era atual. Dessa forma, pode-se dividir a estrutura geológica em três tipos: geológica geológica emtrês trêstipos: tipos: Ela é classificada de acordo com o tipo de rocha predominante em sua composição, bem como o tempo se sua formação – se foram formadas em eras passadas ou na era atual. Dessa forma, pode-se dividir a estrutura geológica em três tipos:
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Dinâmica Terrestre
CAPÍTULO 3
3 – DINÂMICA Escudo Cristalino: é formado Capítulo por rochas cristalinas – magmáticas e TERRESTRE metamórficas – datadas da era PréCambriana e Paleozoica. São áreas bastante desgastadas pela ação dos agentes exógenos, porém de extrema resistência o que explica, em algumas regiões, altitudes relativamente elevadas. Os escudos cristalinos 1) Escudo Cristalino: éa formado por de rochas cristalinas – magmáticas e metamórfi cas – datadas era Pré- Cambriana e Paleozoica. associam-se ocorrência recursos minerais metálicos, importantes para o da desenvolvimento industrial e Escudo é formado cristalinas – magmáticas e metamórficas –resistência datadas era explica, Pré- o Escudo SãoCristalino: áreas bastante desgastadas pela ação dos exógenos, porém de extrema oGuianas, que em algumas regiões, econômico da áreapor de rochas extração. Noagentes Brasil, é interessante destacar o Escudo dasda Brasileiro Cambriana ee Paleozoica. áreas bastante desgastadas pela ação dos agentes porémminerais de36% extrema o Escudo São Sul-Rio-Grandense quecristalinos associados correspondem a exógenos, aproximadamente da estrutura geológica altitudes relativamente elevadas. Os escudos associam-se a ocorrência de recursos metálicos, importantes para resistência o que explica, em algumas regiões, altitudes relativamente elevadas. Os escudos cristalinos nacional. industrial e econômico da área de extração. No Brasil, é interessante destacar o Escudo das Guianas, o Escudo o desenvolvimento 1)
1)
associam-se a ocorrência de recursos minerais metálicos, importantes para o desenvolvimento industrial e Brasileiro e o Escudo Sul-Rio-Grandense que associados correspondem adas aproximadamente 36%Brasileiro da estrutura geológica nacional. econômico da área de extração. No Brasil, é interessante destacar o Escudo Guianas, o Escudo Representação de escudo e plataforma coberta e o Escudo Sul-Rio-Grandense que associados correspondem a aproximadamente 36% da estrutura geológica nacional. Representação de escudo e plataforma coberta
ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil, pág. 331. ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil, pág. 331.
2)
2) Bacia Sedimentar: é formada pelo acúmulo de sedimentos em áreas de mais baixas, produzidos pelo intemperismo 2) Bacia Sedimentar: é formada pelo acúmulo de sedimentos emaltitudes áreas de altitudes produzidos pelo e ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil,mais pág. baixas, 331. intemperismo e erosão das áreas adjacentes, debacias altitudes mais elevadas. As bacias sedimentares associam-se erosão das áreas adjacentes, de altitudes mais elevadas. As sedimentares associam-se a ocorrência de recursos energéticos Bacia éfósseis formada pelooacúmulo de sedimentos emgás áreas defósseis altitudes maisobaixas, produzidos a ocorrência decomo recursos energéticos de combustíveis petróleo, carvão mineral, natural deSedimentar: combustíveis petróleo, carvão mineral, natural e xistocomo betuminoso. No Brasil suapelo formação gás se associa às eeras intemperismoxisto e erosão das áreas No adjacentes, de formação altitudes mais elevadas. bacias sedimentares associam-se betuminoso. Brasil sua associa àsAs eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica, que no Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica, sendo que as maisseantigas denominadas Paleo-mesozoicas – começaram a sersendo formadas a ocorrência as de mais recursos energéticos de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão mineral, gás natural e e terminaram no antigas denominadas – começaram ser formadas Paleozoico e terminaram no Mesozoicose–Paleo-mesozoicas correspondem Bacia Amazônica,aBacia Paraná,no Bacia do que Meio-Norte ou do Parnaíba xisto Paleozoico betuminoso. No Brasil sua formação associa às erasa:Paleozoica, edo Cenozoica, sendo Mesozoico – correspondem a: Bacia Amazônica, Bacia doMesozoica Paraná, Bacia do Meio-Norte ou do Parnaíba ou do ou antigas do Maranhão e BaciasPaleo-mesozoicas Litorâneas (Favor –observar a figura acima) . As bacias sedimentares em formação na era Cenozoica – as mais denominadas começaram formadas no .Paleozoico terminaram no em– formação Maranhão e Bacias Litorâneas (Favor observara aser figura acima) As baciase sedimentares – na Mesozoico – correspondem a: Bacia Amazônica, Bacia do Paraná, Bacia do as Meio-Norte ou do Parnaíba e ouBacia do da Planície Amazônica são: Bacia do Pantanal Mato-Grossense, Bacia Litorânea (formada sobre antigas Bacias Litorâneas) era Cenozoica – são: Bacia do Pantanal Mato-Grossense, Bacia Litorânea (formada sobre as antigas Bacias Maranhão e Bacias Litorâneas observar a figura acima) . As bacias sedimentares em formação – na (também formada sobre a (Favor antiga Bacia Amazônica). Litorâneas) e Bacia da Planície Amazônica (também formada sobre a antiga Bacia Amazônica). era Cenozoica – são: Bacia do Pantanal Mato-Grossense, Bacia Litorânea (formada sobre as antigas Bacias Litorâneas) e Bacia da Planície Amazônica (também formada sobre a antiga Bacia Amazônica).
3) Dobramento Moderno: é formado rochas–cristalinas – datadaseda 3) Dobramento Moderno: é formado por rochaspor cristalinas magmáticas– emagmáticas metamórficase–metamórficas datadas da era Cenozoica estáera asso-
3)
e éestá associado às tectônicas, áreas de convergência decomo placas tectônicas, constituindo-se como de a base de ciado àsCenozoica áreas de convergência de constituindo-se a base de formação dasda atuais montanhas Dobramento Moderno: formado porplacas rochas cristalinas – magmáticas e metamórficas – datadas era cadeias formação das atuais de terrestre. montanhas – áreas dedestacar maiores altitudes da superfície terrestre. É de interessante Cenozoica e de está associado às áreas de convergência de placas tectônicas, constituindo-se como a base de áreas – áreas maiores altitudes dacadeias superfície É interessante que a superfície terrestre possui dobramentos que adesuperfície terrestre possui áreas de dobramentos antigos que estão associados à antigas formação dasdestacar atuais cadeias montanhas – áreas altitudes superfície terrestre. interessante antigos que estão associados à antigas áreas de demaiores convergência de da placas tectônicas, masÉque atualmente apresentam relativa de convergência de placas mas que atualmente apresentam estabilidade. O Brasil destacar queáreas a superfície terrestre possui áreastectônicas, de dobramentos antigos que estão associadosrelativa à antigas estabilidade. O Brasil não possui Dobramentos Modernos por não se encontrar, atualmente, em áreas de convergência de placas não possui Modernos poratualmente não se encontrar, atualmente, em áreas de convergência de placas áreas de convergência deDobramentos placas tectônicas, mas que apresentam relativa estabilidade. O Brasil tectônicas. não possui Dobramentos tectônicas. Modernos por não se encontrar, atualmente, em áreas de convergência de placas tectônicas. Estrutura Geológica: América do Sul Estrutura Geológica: América do SulAmérica Estrutura Geológica: do Sul
Organizador: ROSS, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil.
Organizador: ROSS, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil.
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CAPÍTULO 3
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Eras Geológicas: resumo dos eventos gerais e do Brasil Geral
No Brasil
Aparecimento do homem (Homo Sapiens). Atuais contornos dos continentes e oceanos. Ocorrência de grandes glaciações
Formação de Bacias Sedimentares (ex.: Bacia Sedimentar do Pantanal e ao longo do vale amazônico).
Mesozoica
Grande atividade vulcânica. Formação de bacias sedimentares. Primeiros mamíferos e aves. Répteis gigantescos como o dinossauro e outros. Início da fragmentação do Pangeia.
Formação de bacias sedimentares (ex. Bacia Paranáica, Sanfranciscana, do Meio-Norte etc). Formação das ilhas Trindade, Martin Vaz, Arquipélago Fernando de Noronha e Penedos de S. Pedro e S. Paulo. Derrames basáltico na Região Sul e formação do planalto arenito- basáltico.
Paleozoica (Paleo = antiga, zoica = vida)
Glaciações e diastrofismos. Rochas sedimentares e metamórficas. Cinco continentes, entre eles o de Gondwana, formando o Pangeia. Desenvolvimento dos peixes e grande desenvolvimento da vegetação. Início do processo de formação do carvão mineral. Invertebrados.
Formação de bacias sedimentares antigas, do carvão mineral no sul do Brasil. Início da formação da Bacia Sedimentar Paranáica e Sanfranciscana.
Proterozoica (vida elementar)
Formação das primeiras rochas sedimentares. Maior desenvolvimento da vida.
Formação dos escudos cristalinos (Brasileiro e Guiano).
Arqueozoica (vida arcaica)
Aparecimento da vida nos oceanos (seres unicelulares). Formação de rochas magmáticas e metamórficas. Formação dos escudos cristalinos.
Formação dos Dobramentos Antigos que deram origem às Serras do Mar e da Mantiqueira.
Cenozoica (Ceno = recente, zoica = vida)
Quaternário Terciário
(Meso = intermediária, zoica = vida)
Pré-Cabriana (vida primitiva)
Azoica (sem vida)
Resfriamento da Terra. Solidificação de minerais e formação das primeiras rochas (magmáticas) e metamórficas. Ausência de vida.
3. RELEVO TERRESTRE Agentes endógenos Os agentes endógenos – tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos – são responsáveis pela construção do relevo presentes, de maneira mais intensa, em áreas de contato de placas tectônicas.
Agentes Exógenos Os agentes exógenos são responsáveis pela modelação ou destruição do relevo ao interagirem com o substrato rochoso e o solo que compõem a superfície planetária. Essa força externa de formação do relevo se divide em dois agentes de modelação: o intemperismo e a erosão.
114 Geografia | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Terrestre
Intemperismo: processo de destruição da rocha quando a mesma se encontra exposta continuadamente à atuação dos agentes atmosféricos e biológicos. A destruição da estrutura rochosa pelos agentes de intemperismo pode se diferenciar em intemperismo físico, intemperismo químico e intemperismo biológico que produzem como resultado a formação de sedimentos ou fragmentos de rocha. Nenhum dos processos é mais importante que o outro, variando apenas quanto às áreas de atuação. Em regiões em que os índices pluviométricos são maiores o processo de intemperismo químico tende a predominar, ao passo que em áreas com menores índices pluviométricos a atuação do intemperismo físico tende a ser predominante.
CAPÍTULO 3
A presença da vegetação na vertente é essencial para a manutenção de baixas taxas de erosão, devido ao fato desta fixar o sedimento em suas raízes, formando agregados e dificultando seu transporte. Além disso, os vegetais funcionam como um entreposto à passagem da água, promovendo a diminuição da velocidade do escoamento superficial e facilitando a infiltração da água. Essa infiltração é extremamente importante, pois ao sofrer o processo de percolação – transporte da água em profundidade – reabastece o lençol freático – que possui uma ligação direta com a rede hidrográfica -, e diminui a quantidade de água escoada superficialmente. Desta forma, o escoamento superficial possui menor velocidade e menor volume o que determina a redução da sua capacidade erosiva – capacidade de transportar sedimentos – o que contribui, diretamente, para a estabilidade da vertente.
O processo de intemperismo, que possui como resultado a destruição da rocha e a formação de sedimentos, promove o desenvolvimento dos solos. Esses por sua vez são camadas de sedimentos que recobrem a crosta, denominados mantos de intemperismo, e que apresentam uma dinâmica de vida a p ítOuesquema lo33–abaixo –DINÂMIC DINÂ M IC T EdaRágua, R E aSpartir TRE CCapítulo AATERRESTRE demonstra a dinâmica da animal e vegetal. Dessa forma, é interessante destacar que sua precipitação, ao longo da vertente. os processos erosivos, que serão analisados em seguida, normalmente ocorrem em locais que apresentam o manto de intemperismo. EROSÃO:Processo Processode detransporte transporteou oudeslocamento deslocamentode de EROSÃO: sedimentos para áreas diferenciadas da sua área de sedimentos para áreas diferenciadas da sua área de EROSÃO: Processo de transporte ou deslocamento de produção.Os Ostipos tipos de erosãose seclassificam classificam daseguinte seguinte produção. de erosão sedimentos para áreas diferenciadas da sua áreada de produção. maneira: maneira: Os tipos de erosão se classificam da seguinte maneira: Erosão Pluvial: promovida da Erosão Pluvial: promovida pelamovimentação movimentação da •-- Erosão Pluvial: promovida pelapela movimentação da água sobre superfície escoamento superficial. água sobrea superfície–– escoamento superficial. sobreágua a superfície –aescoamento superfi cial. Erosão Fluvial: promovida pelo Erosão Fluvial: promovida peloescoamento escoamento da •-- Erosão Fluvial: promovida pelo escoamento da água da em em água emredes redeshidrográficas. hidrográficas. redeságua hidrográfi cas. Erosão Eólica: promovida pela ação Erosão Eólica: promovida pelaação açãodos dosventos ventos •-- Erosão Eólica: promovida pela dos ventos (deslocamento de (deslocamento dear arhorizontalmente). horizontalmente). (deslocamento de ar horizontalmente). Erosão Glacial: promovida movimentação Erosão Glacial: promovida pela movimentação •-- Erosão Glacial: promovida pelapela movimentação das das dasgeleiras. geleiras. geleiras. Erosão Marinha: promovida movimentação Erosão Marinha: promovida pela movimentação •-- Erosão Marinha: promovida pelapela movimentação das águas das águasoceânicas. oceânicas. águasdas oceânicas. Erosão Antrópica: promovida pela ação •-- Erosão Antrópica: promovida pela ação antrópica sobre a Erosão Antrópica: promovida pela açãoantrópica antrópica sobre aasuperfície superfície terrestre. sobre superfícieterrestre. terrestre. No erosão predominante devido No Brasil, Brasil,aaaerosão erosão predominante apluvial, pluvial, devido No Brasil, predominante é éaéapluvial, devido ao ao predomínio de climas chuvosos. Sendo assim, éé ao predomínio de climas chuvosos. Sendo assim, predomínio de climas chuvosos. Sendo assim, é importante importante importantedestacarmos destacarmos esseprocesso. processo. destacarmos esse processo. esse Erosão ErosãoPluvial: Pluvial:transporte transportede desedimentos sedimentospromovido promovido
Erosão Pluvial: transporte de sedimentos promovido pelo pelo pelo deslocamento deslocamento das das águas águas pluviais pluviais sobre sobre uma uma deslocamento das águas pluviais sobre uma vertente. vertente. vertente.
GLOSSÁRIO: GLOSSÁRIO: GLOSSÁRIO: Vertente é uma forma tridimensional limitada a
Vertenteé uma é uma forma tridimensional Vertente forma tridimensional limitadae alimitada montantea montante (parte superior) pelo interflúvio montante (parte superior) pelo interflúvio ea ajusante jusante (parte superior) pelo interfl úvio e a jusante (parte inferior) (parte inferior) pelo incluindo de (parte inferior) pelo talvegue, talvegue, incluindoo omanto manto de pelo talvegue, incluindo o manto de intemperismo, modelada intemperismo, intemperismo, modelada modelada por por processos processosmorfológicos morfológicos por processos morfológicos do passado e do presente. do passado e do presente. do passado e do presente.
Vestibular UFMG 2005 Vestibular UFMG 2005 Vestibular UFMG 2005
Em Emlocais locaisonde ondea aretirada retiradadadacobertura coberturavegetal vegetalé é excessivo descrito acima é éalterado e e asaso Em locaisoonde a retirada da cobertura vegetal é excessivo excessivo oprocesso processo descrito acima alterado taxas de transporte de sedimentos são intensificadas. processo acima e as taxas de transporte de taxas de descrito transporte deé alterado sedimentos são intensificadas. Sem a apresença dadacobertura vegetal aa velocidade dodo Sem presença cobertura vegetal velocidade sedimentos são intensifi cadas. Sem a presença da cobertura escoamento superficial aumenta e a taxa de infiltração escoamento superficial e a taxa decial infiltração vegetal a velocidade doaumenta escoamento superfi aumenta diminui consideravelmente. Sendo assim, diminui consideravelmente. Sendo assim,a arecarga recarga e a taxa de infi ltração diminui consideravelmente. Sendo do lençol freático é prejudicada e o volume de água do lençol freático prejudicadaé eprejudicada o volumee de água assim, a aumenta. recarga do é lençol o volume escoado Com freático uma maior velocidade do escoado aumenta. Com Com uma uma maior velocidade do de água escoado aumenta. maior velocidade escoamento superficial e um maior volume de água do escoamento superficial e um maior volume de água escoamento superficial um maior volume denatural água escoado, escoado, associados à eperda de proteção do escoado, associados à perda de proteção natural do solo, as taxasà de erosão aumentam. O maior transporte associados perda de proteção natural do solo, as taxas de solo, as taxas de erosão aumentam. O maior transporte deerosão sedimentos podeOlevar à formação de desedimentos voçorocas pode – aumentam. de sedimentos pode maior levar transporte à formação de voçorocas – áreas intensa de erosão com –aáreas formação de grandes levarde àde formação voçorocas de intensa com áreas intensa erosão com a formação deerosão grandes sulcos no solo -, intensificação do processo natural a formação de grandes sulcos no solo -, intensifi cação do sulcos no solo -, intensificação do processo natural de assoreamento e diminuição do volume de água do processo natural dee assoreamento e diminuição volume de assoreamento diminuição do volume dedo água do lençol freático. Observe a figura. lençol freático. Observe figura. a figura. de água do lençol freático.aObserve
Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas.
Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray Autora: Dirce M. A. Suetergaray
A presença da vegetação na vertente é essencial para presença da de vegetação na vertente é essencial aA manutenção baixas taxas de erosão, devido para ao a manutenção baixas taxas de erosão, devido ao fato desta fixar ode sedimento em suas raízes, formando fato desta efixar o sedimento em suas raízes, formando agregados dificultando seu transporte. Além disso, os
Curso Enem 2019 | Geografia
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limitada a e a jusante manto de morfolĂłgicos
Em locais onde a retirada da cobertura vegetal ĂŠ excessivo o processo descrito acima ĂŠ alterado e as taxas de transporte de sedimentos sĂŁo intensificadas. Sem a presença da cobertura vegetal a velocidade do CAPĂ?TULO 3 aumenta escoamento superficial e a taxa deTerrestre infiltração Dinâmica diminui consideravelmente. Sendo assim, a recarga do lençol freĂĄtico ĂŠ prejudicada TRODUĂ&#x2021;Ă&#x192;O e o volume de ĂĄgua Ă&#x20AC; FILOSOFIA Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray. ADAS, Melhem; ADAS, escoado aumenta. Com uma maior velocidade do Sergio. Panorama GeogrĂĄfico do Brasil, pĂĄg. 325. escoamento superficial e um maior volume de ĂĄgua Aescoado, intensificação da erosĂŁo pode de ser proteção percebida,natural na figura B) Planalto: ĂĄrea de altitude mais elevada em relação Ă s Fonte: GlossĂĄrio associados Ă perda doao B) Planalto: ĂĄrea de altitude mais elevada em Autora: Dirce M. solo,pela as taxas de erosĂŁo aumentam. Oda maior transporte ĂĄreas do entorno, em que predomina processo de erosĂŁo. lado, diminuição do adensamento vegetação, o que relação Ă s ĂĄreas do entorno, em oque predomina o 0$ NSWQ]-8R 6 o) que de sedimentos pode levar Ă formação de voçorocas â&#x20AC;&#x201C; Normalmente, possui escarpas (vertentes em 90 o sugere menor proteção do solo e maior ação do escoamento processo de erosĂŁo. Normalmente, possui escarpas s320/mares+de+ ĂĄreas de intensa erosĂŁo com a formação de grandes o delimita e pode em apresentar aplainados ou irregulares o delimita e pode apresentar (vertentes 90 ) quetopos superficial, e o aumento da quantidade de sedimentos sulcos no solo -, intensificação do processo natural topos aplainados ou irregulares (se diferenciam pelo (se diferenciam pelo tipo de rocha que foram esculpidos â&#x20AC;&#x201C; arenosos no leito do rio, indicando intensifi cação do processo de assoreamento e diminuição do volume de ĂĄgua do Inselberg: tipo ou de rocha que foram esculpidos â&#x20AC;&#x201C; cristalina oucaçãocristalina sedimentar). Considerando-se a classifi de assoreamento da rede hidrogrĂĄfi relevos resi lençol freĂĄtico. Observe a figura. ca. sedimentar). a classificação das que das grandes formasConsiderando-se de relevos brasileiras constata-se grandesos formas de planaltos relevos brasileiras normalmente grandes nacionais constata-se se situam acima que normalmente os grandes planaltos nacionais de 300semetros de altitude, nĂŁo sendo uma caracterĂstica que situam acima de 300 metros de altitude, nĂŁo define sendo ĂĄrea deuma planalto. caracterĂstica que define ĂĄrea de
s Ilustradas. Suetergaray
encial para devido ao , formando m disso, os passagem ocidade do iltração da rtante, pois rte da ĂĄgua ĂĄtico â&#x20AC;&#x201C; que grĂĄfica -, e icialmente. ssui menor a a redução transportar te, para a
da ĂĄgua, a ente.
planalto.
Os principais planaltos cristalinos sĂŁo:
Os principais planaltos cristalinos sĂŁo:
- Serras: são planaltos irregulares com a presença de escarpas Serras: são planaltos irregulares com a presença que osde delimitam, a partir daformados destruição antigas escarpas formados que os delimitam, a de partir de antigas cadeias de montanhas. cadeiasdadedestruição montanhas.
I CTAE RTREERSRTR E ST CCaapĂt pĂt uulo lo 3 3â&#x20AC;&#x201C; â&#x20AC;&#x201C; D IDI N Ă&#x201A;NMĂ&#x201A;IM CA E RE
Formasde deRelevo Relevo Formas CapĂ t ul o 3 â&#x20AC;&#x201C; DINĂ&#x201A;MICA
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TER R ESTR E
CapĂ t ul oda3 erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; DINĂ&#x201A;MICA T ERRESTRE A intensificação pode ser percebida, na OO relevo terrestre ser ser dividido em em quatro relevo terrestre pode quatro figura ao lado, pela pode diminuição dodividido adensamento da Formas deo Relevo macroformas: montanha, planalto, planĂcie e macroformas: planĂcie vegetação, que montanha, sugere menorplanalto, proteção do solo e e depressĂŁo. depressĂŁo. maior ação do escoamento superficial, e o aumento Formas de Formas deserRelevo Oda relevo terrestredepode dividido em Relevo quatro macroformas: sedimentos arenosos leito do rio, A)quantidade Montanha: grande elevação dano superfĂcie A) Montanha: grande elevação da dividido superfĂcie montanha, planalto, eterrestre depressĂŁo. indicando intensificação do processo denormalmente, assoreamento O planĂcie relevo pode serquatro em quatro terrestre, em quepode as altitudes O relevo terrestre ser dividido em terrestre, em que metros. asplanalto, altitudes normalmente, macroformas: montanha, planalto, planĂcie e da rede hidrogrĂĄfica. macroformas: montanha, planĂcie e ultrapassam os 3.000 Apresentam picos ultrapassam oselevação 3.000 metros. Apresentam depressĂŁo. depressĂŁo. agudos e vales encaixados, ou que ainda nĂŁo picos A) Montanha: grande da seja, superfĂcie terrestre, em Vestibular UFMGnĂŁo agudos e vales encaixados, ou seja, queserem ainda preenchidos peloselevação sedimentos por que asforam altitudes normalmente, ultrapassam 3.000 metros. A) Montanha: da os superfĂcie A) grande Montanha: grande elevação da superfĂcie foram preenchidos pelos sedimentos por serem ĂĄreas de pequena atuação dos agentes. Ă&#x2030; formada terrestre, em terrestre, que eas altitudes emencaixados, que normalmente, as altitudes normalmente, Apresentam picos agudos vales ousendo seja, que ĂĄreas de pequena atuação dos agentes. Ă&#x2030; formada em ĂĄreas de contato de placas tectĂ´nicas e, ultrapassam osultrapassam 3.000 metros. picos os Apresentam 3.000 metros. Apresentam picos ainda assim, nĂŁo foram preenchidos pelos sedimentos por serem apresenta comoede força predominante desendo e de vales encaixados, ou seja, que ainda emagudos ĂĄreas contato placas tectĂ´nicas e, agudos vales encaixados, ounĂŁo seja, que ainda nĂŁo 115 foram as preenchidos pelos sedimentos por serem formação promovidas pelos agentes endĂłgenos. ĂĄreas de pequena atuação agentes. Ă&#x2030;pelos formada em ĂĄreas foramdos preenchidos sedimentos por seremGlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. assim, apresenta como força predominante de Fonte: ĂĄreas detectĂ´nicas, pequena atuação dos agentes. Ă&#x2030; formada Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.pisa.tur.br/ ĂĄreas de pequena atuação dosendĂłgenos. agentes. Ă&#x2030; formada As forças sentidas de maneira mais de contato placas tectĂ´nicas e, tectĂ´nicas sendo assim, apresenta formação as pelos agentes Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. emde ĂĄreas de promovidas contato de placas e, sendo destino.php?id_destino=17 â&#x20AC;&#x201C; Acessado em 27/07/2009 ĂĄreasde de contato de placas tectĂ´nicas e, sendo em em ĂĄreas contatos de placas Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.pisa.tur.br/ As assim, forças tectĂ´nicas, sentidas de maneira mais apresenta como força predominante de como significativa força predominante de formação as promovidas pelos assim, apresenta por comoproduzirem força predominante de tectĂ´nicas, sĂŁo responsĂĄveis destino.php?id_destino=17 â&#x20AC;&#x201C; Acessado em 27/07/2009 formação as promovidas pelosde agentes endĂłgenos. Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþescolinosas Ilustradas. - Mares-de-Morros: sĂŁo regiĂľes de forma significativa em ĂĄreas contatos demaneira placas agentes endĂłgenos. As forças tectĂ´nicas, sentidas de formação as promovidas pelos agentes endĂłgenos. Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. dobras e falhas que originam feiçþes complexas Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.pisa.tur.br/ As forças tectĂ´nicas, sentidas de maneira mais na cĂ´ncavo-convexa conhecidas meias-laranjas. Autora: Dirce M. A.como Suetergaray. http://www.pisa.tur.br/ tectĂ´nicas, sĂŁo responsĂĄveis por produzirem As forças tectĂ´nicas, sentidas de maneira mais â&#x20AC;&#x201C; AcessadosĂŁo em 27/07/2009 mais signifi cativanos em dobramentos ĂĄreasĂĄreas de contatos de placas tectĂ´nicas,Ă&#x2030; destino.php?id_destino=17 -relevo Mares-de-Morros: regiĂľes colinosas de forma superfĂcie, significativa em de modernos. contatos de placas destino.php?id_destino=17 â&#x20AC;&#x201C; Acessado em tĂpico de rochas cristalinas sob climas significativa em feiçþes ĂĄreas de contatos de placas - Mares-de-Morros: sĂŁo regiĂľes colinosas de27/07/2009 forma cĂ´ncavodobras e falhas originam complexas na um tectĂ´nicas, sĂŁo que responsĂĄveis por produzirem cĂ´ncavo-convexa conhecidas como meias-laranjas. sĂŁo responsĂĄveis por produzirem dobras e falhas que originam - produzirem Mares-de-Morros: sĂŁoa regiĂľes colinosas de forma tropicais Ăşmidos, exemplo de ĂĄreas prĂłximas das tectĂ´nicas, sĂŁo responsĂĄveis por Cordilheira ou Cadeia de Montanha Cordilheira superfĂcie, nos que dobramentos modernos. Mares-de-Morros: sĂŁo regiĂľes colinosas de relevo forma tĂpico dobras e falhas originam feiçþes complexas na conhecidas como meias-laranjas. Ă&#x2030; um cĂ´ncavo-convexa como meias-laranjas. Ă&#x2030;convexa um- conhecidas relevo tĂpico de rochas cristalinas sob climas
dobras e falhas que originam feiçþes complexas naserranas feiçþes complexas superfĂcie, nosmodernos. dobramentos modernos. regiĂľes do sudeste brasileiro. Andina superfĂcie,na nos dobramentos cĂ´ncavo-convexa conhecidas como meias-laranjas. Ă&#x2030; um relevo deĂşmidos, rochas cristalinas sob climas detĂpico rochas cristalinas climas tropicais a exemplo superfĂcie, dobramentos modernos. tropicais a sob exemplo ĂĄreasĂşmidos, prĂłximas Cordilheira ou Cadeia de nos Montanha - Cordilheira Ă&#x2030;a um relevodetĂpico rochasde cristalinas sob climas das tropicais Ăşmidos, exemplo ĂĄreasde prĂłximas das Cordilheira ou Cadeia de Montanha - Cordilheira de ĂĄreas prĂłximas das regiĂľes serranas do sudeste brasileiro. regiĂľes serranas do sudeste brasileiro. tropicais Ăşmidos, a exemplo de ĂĄreas prĂłximas das Andina Cordilheira ou Cadeia de Montanha Cordilheira regiĂľes serranas do sudeste brasileiro. Cordilheira ou Cadeia de Montanha - Cordilheira Andina Andina
Andina
Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas.
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regiĂľes serranas do sudeste brasileiro.
Autora: Dirce M. A. Suetergaray. ADAS, Melhem; ADAS, Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Sergio.Fonte: GeogrĂĄfico do Brasil, pĂĄg. 325. Feiçþes Ilustradas. GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Autora: Dirce M. Panorama A. Suetergaray. ADAS, Melhem; ADAS, Autora: Dirce M. A.do Suetergaray. ADAS, Fonte:ADAS, GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Sergio. Panorama GeogrĂĄfico Brasil, pĂĄg. 325. Melhem; B) Planalto: ĂĄrea de altitude mais elevada emdo Brasil, Sergio. Panorama GeogrĂĄfico pĂĄg. Dirce 325. M. A. Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ Autora: relação Ă s ĂĄreas do entorno, em que predomina o Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. 0$ NSWQ]-8R 6 <4Q -'%:, $$$$$$$$$(8 F SU KV (Z Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. B) Planalto: de altitude mais elevada em processo ĂĄrea de erosĂŁo. Normalmente, possui escarpas s320/mares+de+morros_gabriel+fernandes+22-02-09.jpg â&#x20AC;&#x201C; Autora: M. A. Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ B) Planalto: ĂĄrea de altitude mais elevada em Dirce Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. o entorno, em relação Ă s ĂĄreas do que predomina o predomina Acessado em 21/04/2010 (vertentes em 90 ) que oĂ s delimita pode apresentar 0$ NSWQ]-8R 6 <4Q -'%:, $$$$$$$$$(8 F SU KV (Z relação ĂĄreas edo entorno, em que o 0$ NSWQ]-8R 6 <4Q -'%:, $$$$$$$$$(8 F SU KV (Z Autora: Dirce M. ou A. Suetergaray. ADAS, Melhem; ADAS,s320/mares+de+morros_gabriel+fernandes+22-02-09.jpg topos aplainados irregulares (se diferenciam pelo processo de erosĂŁo. Normalmente, possui escarpas â&#x20AC;&#x201C; processo de erosĂŁo. Normalmente, possui escarpas s320/mares+de+morros_gabriel+fernandes+22-02-09.jpg â&#x20AC;&#x201C; Sergio. Panorama GeogrĂĄfico doapresentar Brasil, o -325. Inselberg: ĂŠ o termo utilizado paraAcessado caracterizar tipo de rocha que foram esculpidos â&#x20AC;&#x201C; cristalina ouepĂĄg. em 21/04/2010 ) que o delimita pode (vertentes em 90 Acessado em 21/04/2010 ) que o delimita pode apresentar (vertentes em 90oe Geografia | Curso Enem 2019 relevos residuais â&#x20AC;&#x201C; resĂduos da erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas sedimentar). Considerando-se a classificação das topos aplainados ou irregulares (se pelo topos aplainados oudiferenciam irregulares (se diferenciam pelo Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. ĂĄrido- e semiĂĄrido. A erosĂŁo predominante grandes formas de de relevos brasileiras constata-se B) tipo Planalto: ĂĄrea altitude mais elevada em Inselberg: ĂŠutilizado o termo utilizado para caracterizar -de clima Inselberg: ĂŠ o termo para caracterizar tipo de rocha que foram esculpidos ouAutora: de rocha que foram esculpidos â&#x20AC;&#x201C; cristalina ouâ&#x20AC;&#x201C; cristalina Dirce M. A. Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ ĂŠ a eĂłlica, devido aos baixos Ăndices pluviomĂŠtricos que normalmente os grandes planaltos nacionais relevos residuais â&#x20AC;&#x201C;da resĂduos daâ&#x20AC;&#x201C; erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas sedimentar). Considerando-se a das classificação das relação Ă s ĂĄreas do entorno, em que predomina o relevos residuais â&#x20AC;&#x201C; resĂduos erosĂŁo em ĂĄreas sedimentar). Considerando-se a classificação 0$ NSWQ]-8R 6 <4Q -'%:, $$$$$$$$$(8 F SU KV (Z desses tipos climĂĄticos. Sua presença ĂŠ bem se situam acima de 300 metros de altitude, nĂŁo de clima ĂĄrido e semiĂĄrido. A erosĂŁo predominante grandes formas de relevos brasileiras constata-se
de clima ĂĄri ĂŠ a eĂłlica, d desses tipo demarcada entorno do sua resistĂŞn uma rocha m
TRODUĂ&#x2021;Ă&#x192;O Ă&#x20AC; FILOSOFIA Dinâmica Terrestre
Ilustradas. em; ADAS, pĂĄg. 325.
vada em domina o escarpas presentar ciam pelo stalina ou ação das nstata-se nacionais ude, não årea de
presença s a partir tanhas.
CAPĂ?TULO 3
Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Fonte: GlossĂĄrio â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Autora: DirceGeomorfolĂłgico M. A. Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ Suetergaray. http://3.bp.blogspot.com/_ A6 ptnzJ o S0 n8JDB I AAAAAAAAA 0$ NSWQ]-8R 6 <4Q -'%:, $$$$$$$$$(8 F SU KV (Z c- pr hs8 s320/mares+de+morros_gabriel+fernandes+22-02-09.jpg s320/mares+de+morros_gabriel+fernandes+22-02-09.jpg â&#x20AC;&#x201C; â&#x20AC;&#x201C; Acessado em 21/04/2010 Acessado em 21/04/2010
ĂŠ o termo utilizado para para caracterizar relevos -Inselberg: Inselberg: ĂŠ o termo utilizado caracterizar residuais â&#x20AC;&#x201C; resĂduos daâ&#x20AC;&#x201C;erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em deâ&#x20AC;&#x201C;clima ĂĄrido e relevos residuais resĂduos da ĂĄreas erosĂŁo em ĂĄreas semiĂĄrido. A ĂĄrido erosĂŁoe semiĂĄrido. predominante ĂŠ a eĂłlica, devido aos de clima A erosĂŁo predominante baixos pluviomĂŠtricos desses tipos climĂĄticos. Sua ĂŠ a Ăndices eĂłlica, devido aos baixos Ăndices pluviomĂŠtricos desses tipos demarcada climĂĄticos.pela Sua presença ĂŠ bem presença ĂŠ bem formação de uma ĂĄrea demarcada formação de uma ĂĄrea plana eno plana no entornopela do inselberg, denominada pediplano, sua entorno inselberg, denominada e resistĂŞncia aosdo processos erosivos ĂŠ devido a pediplano, uma rocha mais sua resistĂŞncia processos erosivos ĂŠ devido a resistente aos agentesaos exĂłgenos. uma rocha mais resistente aos agentes exĂłgenos.
CapĂtu lo 3 â&#x20AC;&#x201C; D INĂ&#x201A; M ICA T E RRE STRE
C a pĂ t u l o 3 â&#x20AC;&#x201C; DI N Ă&#x201A; M I C A T E R R E S T R E
Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Ilustradas. Dirce M. A. Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Suetergaray. http://interata.squarespace. Autora: Dirce M. A. Suetergaray.com/storage/Po%20de%20Acar%20 http://interata.squarespace. Praia%20Shopping.jpg â&#x20AC;&#x201C; Acessado em 21/04/2010 â&#x20AC;&#x201C; com/storage/Po%20de%20Acar%20Praia%20Shopping.jpg Acessado em 21/04/2010
CapĂtulo 3 â&#x20AC;&#x201C; DINĂ&#x201A;MICA TER REST REFont Auto
CapĂ tul o 3 â&#x20AC;&#x201C; DINĂ&#x201A;M ICA T ERRES T RE *HRJUDÂżD
Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.island-safari. FRP 0R]DPELTXH LPDJHV 4XLULPEDV $UFKLSHODJR /RGJHV jpg - Acessado em 21/04/2010 Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.island-safari. Monadnock ou PĂŁo-de-açúcar: ĂŠ o termo FRP 0R]DPELTXH LPDJHV 4XLULPEDV $UFKLSHODJR /RGJHV utilizado para caracterizar relevos residuais â&#x20AC;&#x201C; jpg - Acessado em 21/04/2010
*HRJUDÂżD -
Coxilhas: sĂŁo planaltos formados por colinas
suavizadas, presentes em regiĂľes de clima Ăşmido. - Coxilhas: sĂŁo planaltos formados por colinas suavizadas, Normalmente formaĂşmido. de relevo associa-se com presentes em regiĂľesessa de clima Normalmente essa a presença de cobertura vegetal de pastagem. Coxilhas: planaltos colinas forma de relevo sĂŁo associa-se com a formados presença depor cobertura Este tipo de relevo ĂŠ encontrado principalmente no resĂduos da erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas de clima Ăşmido suavizadas, presentes em regiĂľes Ăşmido. vegetal de pastagem. Este tipo de relevodeĂŠ clima encontrado estado brasileiro do Rio Grande do Sul, em uma e subĂşmido. As erosĂľes predominantes sĂŁo as Normalmente essa forma dedorelevo associa-se com principalmente no estado brasileiro Rio Grande do Sul, em Monadnock ou PĂŁo-de-açúcar: ĂŠ o termo regiĂŁo de campos denominados pampas, e no Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. Autora: Dirce M. Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Feiçþes Ilustradas. pluviais e fluviais, devido aosFeiçþes elevados Ăndices a presença de cobertura vegetal de pastagem. uma regiĂŁo de campos denominados pampas, e no Uruguai, Fonte: GlossĂĄrio GeomorfolĂłgico â&#x20AC;&#x201C; Terra: Ilustradas. utilizado para relevos residuais â&#x20AC;&#x201C; A. Suetergaray. http://www.island-safari. com ozambique images uirimbasUruguai, onde estas colinas recebem o nome de Autora: Dirce M.caracterizar A. A. Suetergaray. http://www.island-safari. pluviomĂŠtricos tiposhttp://www.island-safari. climĂĄticos. A presença Autora: Dirce M. desses Suetergaray. Este tipo de relevo ĂŠo encontrado principalmente no onde estas colinas recebem nome de cuchillas. Archipelagoodges-08. jpgde - Acessado em Ăşmido 21/04/2010 resĂduos da erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas clima FRP 0R]DPELTXH LPDJHV 4XLULPEDV $UFKLSHODJR /RGJHV FRP 0R]DPELTXH LPDJHV 4XLULPEDV $UFKLSHODJR /RGJHV do PĂŁo-de-Açúcar ĂŠ bem demarcada pela formação - cuchillas. Coxilhas: sĂŁo planaltos Coxilhas: sĂŁo planaltos formados por colinasformados estado brasileiro do Rio Grande do Sul, empor umacolinas jpg -Acessado em 21/04/2010 jpg Acessado emsĂŁo 21/04/2010 e- Monadnock subĂşmido. As erosĂľes predominantes as presentes regiĂľes de clima Ăşmido. de uma ĂĄrea plana no seuĂŠ entorno, denominada ou PĂŁo-de-açúcar: o termo utilizado para suavizadas, Fonte: Geografia Geral ePaulo do Brasil. Autor: Paulo Roberto suavizadas, presentes em regiĂľes de Harbra, clima Fonte: Geografi ade Geral eem do Brasil. Autor: Roberto Moraes. Editora regiĂŁo campos denominados pampas, e noĂşmido. essa forma de relevoMoraes. associa-se com Harbra, pĂĄg. 152. pluviais e relevos fluviais, devido aos elevados Ăndices Editora Monadnock ĂŠ o â&#x20AC;&#x201C;termo pĂĄg. 152.de peneplano, e ou suaPĂŁo-de-açúcar: aos processos caracterizar residuais â&#x20AC;&#x201C;resistĂŞncia resĂduos da erosĂŁo em ĂĄreas Normalmente Normalmente essa forma de relevo associa-se com Uruguai, onde estas colinas recebem o nome a presença de cobertura vegetal de pastagem. - pluviomĂŠtricos Monadnock ou PĂŁo-de-açúcar: ĂŠ o termo desses climĂĄticos. A presença utilizado para caracterizar relevos â&#x20AC;&#x201C; erosivos ĂŠe devido atipos uma rocha maisresiduais resistente de clima Ăşmido subĂşmido. As erosĂľes predominantes sĂŁo aos as EsteOs tipo de relevo ĂŠ encontrado principalmente no a presença de cobertura vegetal de pastagem. cuchillas. principais planaltos sedimentares resĂduos da ĂŠerosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas depela clima Ăşmido utilizado para caracterizar relevos residuais â&#x20AC;&#x201C;estado do PĂŁo-de-Açúcar bem demarcada formação Os principais sedimentares sĂŁo:umasĂŁo: agentes exĂłgenos. brasileiro do Rio de Grande do Sul, em pluviais eefluviais, devido elevados Ăndices pluviomĂŠtricos Esteplanaltos tipo relevo ĂŠ encontrado principalmente no subĂşmido. As aos erosĂľes predominantes sĂŁo as resĂduos da erosĂŁo â&#x20AC;&#x201C; em ĂĄreas de clima Ăşmido de uma ĂĄrea plana no seu entorno, denominada regiĂŁo de campos denominados pampas, e Autor: no Fonte: Geografia Geral e do Brasil. Paulo Roberto pluviais e fluviais, devido do aos PĂŁo-de-Açúcar elevados Ăndices desses tipos climĂĄticos. A presença ĂŠ bem Chapadas: sĂŁo planaltos regulares esculpidos em estado brasileiro do Rio Grande do Sul,152. em uma Uruguai, onde estas colinas recebem o nome de Editora Harbra, e subĂşmido. As desses erosĂľes predominantes sĂŁo as - Chapadas: sĂŁo planaltos Moraes. peneplano, e formação sua resistĂŞncia aos no regulares esculpidos empĂĄg. baciasou pluviomĂŠtricos tiposĂĄrea climĂĄticos. A processos presença demarcada pela de uma plana seu entorno, sedimentares comdenominados camadas horizontais cuchillas.bacias regiĂŁo de campos pampas, e no do PĂŁo-de-Açúcar ĂŠ bem demarcada pela formação erosivos ĂŠ devido a umadevido rocha mais aos pluviais epeneplano, fluviais, aos resistente elevados Ăndices sedimentares com camadas horizontais eou sub-horizontais denominada suaseuresistĂŞncia aos processos sub-horizontais estratificadas escarpas as Os principais planaltos sedimentares sĂŁo: Uruguai, estas colinas recebemque o nome de de uma ĂĄrea planae no entorno, denominada Fonte: Geografia Geral e doonde Brasil. Autor: Paulo Roberto agentes exĂłgenos. pluviomĂŠtricos desses tipos climĂĄticos. A presença estratifi cadas e escarpas queadjacente. as delimitam da ĂĄrea adjacente. erosivos ĂŠpeneplano, devido a uma rocha mais resistente aos agentes Moraes. Editora Harbra, pĂĄg. 152. delimitam da ĂĄrea e sua resistĂŞncia aos processos cuchillas. do PĂŁo-de-Açúcar demarcada pela aos formaçãoerosivos ĂŠ devidoĂŠabem uma rocha mais resistente exĂłgenos. Chapadas: sĂŁo planaltos Os principais planaltos sedimentares sĂŁo: regulares esculpidos em agentes exĂłgenos. de uma ĂĄrea plana no seu entorno, denominada Geografia com Geralcamadas e do Brasil. Autor: Paulo baciasFonte: sedimentares horizontais ouRoberto Chapadas: sĂŁo planaltos regulares esculpidos Moraes. Editora Harbra, pĂĄg. 152. peneplano, e sua resistĂŞncia aos processos sub-horizontais estratificadas eemescarpas que as sedimentares com camadas horizontais ou erosivos ĂŠ devido a uma rocha mais resistente aosbacias delimitam da ĂĄrea adjacente. sub-horizontais estratificadas e escarpas que as Os principais planaltos sedimentares sĂŁo: agentes exĂłgenos. delimitam da ĂĄrea adjacente.
-
Chapadas: sĂŁo planaltos regulares esculpidos em bacias sedimentares com camadas horizontais ou sub-horizontais estratificadas e escarpas que as delimitam da ĂĄrea adjacente.
Curso Enem 2019 | Geografia
117
http://ube-164.pop.com.br/repositorio/18833/meusite/ INglossario.htm
CAPÍTULO 3
C) Planície: área de altitude mais rebaixada que as áreas do entorno, em que predomina o processo de sedimentação. Apresenta formas regulares, FILOSOFIA constituídas pela deposição de sedimentos, e no Brasil, normalmente, sua ocorrência se relaciona com a presença de água. Da mesma maneira que relaciona com a presença de água. maneira que os sedimentos, a água buscaDaosmesma pontos de menor os sedimentos, busca osque pontos menor altitude. As altitude. a Aságua planícies se de formam em áreas planícies que sesão formam em áreas lacustres sãoaluviais denominadas lacustres denominadas planícies ou de inundação. É importante ressaltar que ressaltar a planície é planícies aluviais ou de inundação. É importante que diferenciada da rededa hidrográfica. A planície é a área a planície é diferenciada rede hidrográfi ca. A planície é dededeposição redehidrográfi hidrográfica a área deposiçãode de sedimentos sedimentos eeaarede ca se se concentra e desloca porSendo essasassim, áreas. Sendo concentra e desloca por essas áreas. a presença assim,não a presença da planícieà não está condicionada da planície está condicionada presença de água. Nas à presença de água. Nas planícies de inundação planícies de inundação a região considerada margem do rio a região considerada margem do rio é também é também denominada área de várzea caracterizada pelo denominada área de várzea caracterizada pelo alagamento periódico, ocasionado pelo aumento dos índices alagamento periódico, ocasionado pelo aumento pluviométricos empluviométricos períodos chuvosos. dos índices em períodos chuvosos.
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À
Ca pítulo 3 – D I N ÂM I C A T E R R E S T R E
adas. pace. pg – 2010
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4. S
O solo é que já so por sedim denomina disso, a p definição,
A evoluçã fatores de à fragmen necessári
Os fatore o materia
Cuestas: planalto assimétrico esculpido em bacias
Cap ítu loGeomorfológico 3 assimétrico – Dapresentam I N ÂM I C Feições A T ER RESTRE Fonte: Glossário – Terra: Ilustradas. sedimentares Cuestas: planalto que esculpido inclinação em bacias das Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://images.google.com/ camadas em determinado Desenvolvesedimentares queum apresentam inclinaçãosentido. das camadas em um imgres?imgurl – Acessado em 21/04/2010 determinado sentido. Desenvolvese em rochas estratifi cadas se em rochas estratificadas de diferentes de diferentes resistências e caracteriza-sepela pela associação de resistências e caracteriza-se associação de Cuestas: planalto assimétrico esculpido em bacias duas vertentes denominadas: reverso e front. duassedimentares vertentes denominadas: e front. que apresentamreverso inclinação das
C ap ícamadas t3ul–o DI 3 –NÂ D IM NIC Â MAI CTER A TE R E SRE TRE Capítulo RREST em um determinado sentido. Desenvolve-
se em rochas estratificadas de diferentes resistências e caracteriza-se pela associação de duas vertentes denominadas: reverso e front.
HTTP://
Cuestas: planalto assimétrico esculpido em bacias
Cuestas:sedimentares planalto assimétrico esculpido inclinação em bacias das que apresentam 118 sedimentares que apresentam das camadas em um determinado inclinação sentido. DesenvolveD) Depressão: área de altitude mais rebaixada em determinado rochas estratificadas de diferentes camadasse em um sentido. Desenvolveos planaltos e mais elevada que as plan e caracteriza-se de pela diferentes associação de 117 se em resistências rochas estratificadas emárea quede predomina o processo D) Depressão: altitude mais rebaixada que de erosão. duasevertentes denominadas: e front. resistências caracteriza-se pela reverso associação de os planaltos e mais ocorre elevada que planícies, formação em as regiões de contato duas vertentes denominadas: reverso e front. em que predomina o processo de erosão. Sua
escudos cristalinos e bacias sedimentares
formação ocorre em regiões de contato entre áreas de maior facilidade escudos serem cristalinos e bacias sedimentares, por de atuação agentes exógenos maior contato serem áreas de maior facilidade– de atuação dos entre a ro agentes exógenos – maior entre a rocha e os área agentes decontato intemperismo e que erosão. Apre D) Depressão: de altitudeemais rebaixada os agentes de intemperismo erosão. Apresenta formas aplainadas e pode ser esculpida em r os planaltos e mais elevada que asemplanícies, formas aplainadas e pode ser esculpida rochas cristalinas e sedimentares. que predomina o processo de rebaixada erosão. D) Depressão: de altitude altitude mais cristalinas eárea sedimentares. D) em Depressão: área de mais rebaixada que Sua osque
formação em regiões contato entre planaltos e maisocorre elevada que as planícies,de em queas predomina os planaltos e destacar mais elevada que planícies, É importante quedestacar as depressões se É importante que as depressõe escudos cristalinos e bacias sedimentares, por o processo erosão. Sua oformação ocorre em erosão. regiõesno deSua em que de predomina processo de dividem em depressão absoluta – localizada dividem em facilidade depressão absoluta serementre áreas de maior de sedimentares, atuação dos– localizad contato escudos cristalinos e nível bacias formação ocorre regiões deentre continente, porémem do docontato mar (zeroentre agentes exógenos –abaixo maior contato ado rocha e continente, porém abaixo nível por serem áreas de maior facilidade de atuação dos agentes metros), inexistentese nobacias Brasil -, e a depressão pordo mar escudos cristalinos sedimentares, os agentes de intemperismo e erosão. Apresenta inexistentes no Brasil -,dos e a depr exógenos – maior entre a rocha ede os agentes de relativa –metros), localizada no continente, porém acima serem áreas decontato maior facilidade atuação formas aplainadas e pode ser esculpida em erochas intemperismo e erosão. Apresenta formas aplainadas pode do nível do mar (presentes no Brasil). relativa – localizada no continente, agentes exógenos – maior contato entre a rocha eporém a cristalinas e sedimentares. ser esculpida em rochas cristalinas Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. do nível do mare sedimentares. (presentes Brasil). os agentes de intemperismo e erosão. no Apresenta Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.uwgb.edu/ É importante destacar que as depressões se fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Fonte: DutchS/GeolColBk/JPGSource/Cuestas0.JPG Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. formas aplainadas e pode ser esculpida em rochas - Acessado em É importante destacar que as absoluta depressões dividem em dividem em depressão – selocalizada no Suetergaray. http://www.uwgb.edu/ DutchS/GeolColBk/JPGSource/Cuestas0. 21/04/2010 Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.uwgb.edu/ cristalinas e sedimentares. depressão absoluta – localizada no do continente, porém continente, porém abaixo nível do marabaixo (zero
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JPG - Acessado em 21/04/2010 DutchS/GeolColBk/JPGSource/Cuestas0.JPG - Acessado em do nível do mar (zero metros), -, e a inexistentes no inexistentes Brasil -, enoa Brasil depressão Tabuleiro: planalto de topografia aplainada21/04/2010 com É metros), importante destacar que as depressões se - Tabuleiro: planalto de topografi a aplainada com altitudes depressão – localizada continente,porém porém acima acima relativarelativa – localizada no no continente, altitudes relativamente baixas e limitado por dividem em depressão absoluta – localizada no relativamente e formados limitado por Quando nível do (presentes mar (presentes no Brasil). do do nível do mar no Brasil). escarpas. baixas ��a�do em escarpas. áreas oce���cas continente, porém abaixo do nível do mar (zero formados em áreas oceânicasde formam as Feições falésias.aplainada Tabuleiro: planalto com formam as falésias. Fonte: Glossário Geomorfológico –topografia Terra: Ilustradas.
metros), inexistentes no Brasil -, e a depressão Autora: Dirce M. A. Suetergaray.baixas http://www.uwgb.edu/ altitudes relativamente e limitado por DutchS/GeolColBk/JPGSource/Cuestas0.JPG Acessado em relativa – localizada no continente, porém acima escarpas. ��a�do formados em áreas oce���cas 21/04/2010 do nível do mar (presentes no Brasil). formam as falésias.
Fonte: Glossário Geomorfológico Terra: Feições aplainada Ilustradas.com Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. Tabuleiro: planalto–de topografia http://ube-164.pop.com.br/repositorio/18833/meusite/ http://ube-164.pop.com.br/repositorio/18833/meusite/ INglossario. Autora: Dirce M. A. Suetergaray. Autora: Dirce M. A. Suetergaray. http://www.uwgb.edu/ altitudes relativamente baixas e limitado por INglossario.htm DutchS/GeolColBk/JPGSource/Cuestas0.JPG - Acessado em htm escarpas. ��a�do formados em áreas oce���cas 21/04/2010 C) Planície: de altitude mais rebaixada que as áreas formam asárea falésias. C) Planície: área de altitude mais rebaixada que do as entorno, em que predomina o processo de sedimentação. áreas do entorno, em que predomina o processo Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilust Tabuleiro: planalto deregulares, topografia aplainada Apresenta formas constituídas pela com deposição de sedimentação. Apresenta formas regulares, http://ube-164.pop.com.br/repositorio/18833/meusite/ Autora: Dirce M. A. Sueter altitudesde relativamente baixas e de limitado por e no constituídas pela deposição sedimentos, sedimentos, e no Brasil, normalmente, sua ocorrência se INglossario.htm O solo é a parte inconsolidada da crosta, ou seja, Brasil, normalmente, sua áreas ocorrência se relaciona escarpas. ��a�do formados em oce���cas Fonte: Glossário Geomorfológico e, ––Terra: Feições Ilustradas. Autora: que já sofreu intemperismo por isso, é formada Fonte: Glossário Geomorfológico Terra: Feições Ilustradas. com a presença de água. Da mesma maneira que formam ashttp://ube-164.pop.com.br/repositorio/18833/meusite/ falésias. Dirce M.A. A. Suetergaray. Suetergaray. C) Planície: área de altitude mais rebaixada que as por sedimentos – essa camada também pode ser Autora: Dirce M. os sedimentos, a água busca os pontos de menor INglossario.htm denominada como manto de intemperismo. Além áreas do entorno, em que predomina o processo altitude. As planícies que se formam em áreas | Curso Enem 2019 118 Geografia disso, a presença de vida se faz necessária para a sua lacustres sãode denominadas planícies aluviais ou de sedimentação. Apresenta formas regulares, C) de Planície: área altitude mais rebaixada que as definição, podendo ser vida animal ou vegetal. inundação. É importante planície é e no constituídas pela deposição de que sedimentos, áreas do entorno, em que ressaltar predomina oaprocesso diferenciada da rede hidrográfica. A planície é a área O solo é ase parte inconsolidada A evolução do solo faz a partir da atuação da dos crosta, ou
4. SOLOS
4. SOLOS
4. SOLOS
ainada com mitado por s oce���cas
ada que as o processo regulares, entos, e no e relaciona maneira que s de menor em áreas uviais ou de a planície é ície é a área hidrográfica eas. Sendo ondicionada inundação é também rizada pelo o aumento chuvosos.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
833/meusite/ glossario.htm
Dinâmica Terrestre Fonte: Glossário Geomorfológico – Terra: Feições Ilustradas. Autora: Dirce M. A. Suetergaray.
4. SOLOS
CAPÍTULO 3
O solo inicia sua formação à partir do momento em que a rocha matriz (rochas da crosta) está exposta à atuação dos agentes de intemperismo. Nesse momento, a presença da vegetação pioneira, a incidência da energia solar, a precipitação, o vento, a água, contribuem para a desagregação e decomposição da rocha, formando uma pequena camada de sedimentos, denominada Camada ou Horizonte A – presente no esquema 1. Esse horizonte é caracterizado pela presença de matéria mineral – proveniente da rocha matriz, e matéria orgânica – proveniente dos seres vivos. É nessa parte superficial do solo que a vida animal e vegetal se fixa, de maneira predominante, sendo que quanto mais espessa for, maior será sua capacidade de comportar seres vivos de maior complexidade. É interessante destacar que alguns autores consideram a formação de um Horizonte O sobre o Horizonte A, composto por matéria orgânica proveniente dos seres vivos, principalmente vegetais. Em áreas de Florestas Tropicais normalmente a camada de matéria orgânica é denominada Serrapilheira.
4. SOLOS
O solo é a parte inconsolidada da crosta, ou seja, que já sofreu intemperismo e, por isso, é formada por sedimentos – essa camada pode ser denominada como manto de O solo também é a parte inconsolidada da crosta, ou seja, que já sofreu intemperismo e, de porvida isso, é necessária formada intemperismo. Além disso, a presença se faz por a sedimentos essa camada também pode ser para sua definição,–podendo ser vida animal ou vegetal. denominada como manto de intemperismo. Além
a presença defaz vida se fazdanecessária para a sua Adisso, evolução do solo se a partir atuação dos fatores de definição, podendo ser vida animal ou vegetal. formação que, atuando em conjunto, levam à fragmentação A evolução solo se faz a partir da atuaçãoà dos da rocha e adocaracterização química, necessária sua fatores de formação que, atuando em conjunto, levam classifi cação. à fragmentação da rocha e a caracterização química, necessária à sua classificação.
Os fatores de formação do solo são: o clima, o relevo, o material de organismos e o tempo. Osorigem, fatoresosde formaçãovivos do solo são: o clima, o relevo, o material de origem, os organismos vivos e o tempo.
No esquema 1, ainda é possível perceber a presença da Camada ou Horizonte C, que também pode ser denominado Regolito ou “Rocha Podre”, caracterizado pela já atuação dos agentes de intemperismo, ou seja, por já ser inconsolidado, mas ainda possuir as mesmas características químicas da rocha que deu origem a ele. De maneira simplificada: o Horizonte C não apresenta mais a dureza típica da rocha matriz, mas ainda não possui a presença de matéria orgânica, demonstrando uma química queRoR originou. C -apí tu l ocomposição 3 – D INÂ Mda ICrocha A TE E S TRÉEnesse HTTP://www.ofitexto.com.br/conteudo/imagens/75_1.jpg horizonte que o lençol freático é armazenado, quando o HTTP://www.ofitexto.com.br/conteudo/imagens/75_1.jpg Acessado em Acessado em 25/06/2010 clima local é úmido o suficiente para o acúmulo de água em 25/06/2010 subsuperfície.
Evolução Evolução do solodo
solo
�eo�ra�a
processo de formação do solo ocorre de maneira OOprocesso de formação do solo ocorre de maneira gradual, gradual, desde que a atuação conjunta dos fatores desde que a atuação conjunta dos fatores de evolução seja de evolução seja favorável. O aprofundamento ocorre favorável. O aprofundamento ocorre através da formação através da formação de camadas ou horizontes que de camadas ou horizontes que apresentam características apresentam características próprias, contribuindo para próprias, contribuindo para a classificação do solo. a classificação do solo. Observe o esquema:
Observe o esquema:
Vestibular UFMG 2007 Vestibular UFMG 2007
O solo inicia sua formação à partir do momento em que a rocha matriz (rochas da crosta) está exposta à atuação dos agentes de intemperismo. Nesse momento, a presença da vegetação pioneira, a incidência da energia solar, a precipitação, o vento, a água, contribuem para a desagregação e decomposição da rocha, formando
No esquema 2 é possível perceber a presença da camada solos que apresentam até estágio 1das de camadas evolução são ouOs horizonte B, último estágio deoformação dodenominados solo. Esse horizonte é caracterizado presença “Neossolo Litólicos” ou pela “Solos Rasos” ou de“Solos matéria mineral e material lixiviado do Horizonte A. Jovens”, característicos de áreas com menores índices O pluviométricos, processo de lixiviação é definidoocomo o transporte o que desfavorece intemperismo da rocha químico de macronutrientes (predominantemente matriz em profundidade. solúveis em água – C, Na, Ca, Mg, K, entre outros) do Horizonte A para o Horizonte B do solo, promovido pela No esquema 2 éno possível a presença da camada ou água. Ao infiltrar solo, aperceber água dissolve os nutrientes horizonte B, últimopermanecendo estágio de formação das camadas que são solúveis, no horizonte A do os solo. Esse horizonte é(predominantemente caracterizado pela presença matériaem mineral micronutrientes não de solúveis água – Fe, Cu, Zn, Al, entre outros), e os transporta e material lixiviado do Horizonte A. O processo de lixiviação para camadas mais oprofundas, quede a maior parte é defi nido como transportesendo químico macronutrientes da(predominantemente precipitação dessessolúveis minerais emocorre água no – C,horizonte Na, Ca, Mg, B. É interessante destacar que a classificação dos K, entre outros) do Horizonte A para o Horizonte B do solo, nutrientes em “macro” e “micro” ocorre considerandopromovido pela água. Ao infiltrar no solo, a água dissolve os se a necessidade do vegetal quanto à absorção dos nutrientes que são solúveis, permanecendo noassim, horizonte mesmos para o seu desenvolvimento. Sendo os A os micronutrientessão (predominantemente não solúveis em água macronutrientes necessários em maior quantidade – Fe, Cu, Zn, Al, entre outros), e os transportavegetal. para camadas que os micronutrientes no desenvolvimento
profundas, sendo quenos a maior parte da que precipitação O mais processo de lixiviação faz perceber os desses minerais ocorre no horizonte B. É interessante destacar macronutrientes, essenciais para o desenvolvimento que a classifi cação nutrientes em e “micro” ocorre vegetal, acabam se dos concentrando no “macro” Horizonte B, local se a necessidade vegetal à absorção deconsiderandomaior dificuldade de acessodo por partequanto do vegetal. Sendo assim, solos apresentam uma elevada dos mesmos para que o seu desenvolvimento. Sendo taxa assim, os demacronutrientes lixiviação são são classificados “Evoluídos” ou que necessárioscomo em maior quantidade “Profundos” ou “Latossolos”, por apresentarem os micronutrientes no desenvolvimento vegetal. todas as camadas de formação do solo – A, B e C, mas não são considerados solos férteis. Dessa forma, a água O infiltra processo de lixiviação faz perceber que no solo promove anos evolução do solo, que por os macronutrientes, paramatriz o desenvolvimento vegetal, entrar em contato essenciais com a rocha e promover seu acabam se concentrando no Horizonte B, local de maior intemperismo em profundidade, mas também promove culdade de acesso por parte do vegetal. Sendo assim, o difi empobrecimento em macronutrientes do Horizonte A, solos por que também ser responsável de são apresentam uma elevadapelo taxaprocesso de lixiviação lixiviação. classificados como “Evoluídos” ou “Profundos” ou “Latossolos”, É interessante destacar a diferença de solo fértil e solo produtivo: -
Solo Fértil: é o manto de intemperismo Curso Enem 2019 | Geografia 119 que apresenta, no Horizonte A, uma grande concentração de macronutrientes, essenciais para o desenvolvimento vegetal. Essa característica
CAPÍTULO 3
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À FILOSOFIA por apresentarem todas as camadas de formação do solo – A, B e C, mas não são considerados solos férteis. Dessa forma, a água que infiltra no solo promove a evolução do solo, por entrar em contato com a rocha matriz e promover seu intemperismo em profundidade, mas também promove o empobrecimento em macronutrientes do Horizonte A, por também ser responsável pelo processo de lixiviação. É interessante destacar a diferença de solo fértil e solo produtivo: - Solo Fértil: é o manto de intemperismo que apresenta, no Horizonte A, uma grande concentração de macronutrientes, essenciais para o desenvolvimento vegetal. Essa característica é percebida em Litossolos – formados em áreas com baixos índices pluviométricos -, ou em solos originados à partir da decomposição de rocha magmática basalto – promove a liberação de um grande volume de macronutrientes à partir de sua meteorização. - Solo Produtivo: é o manto de intemperismo que apresenta aproximadamente 45% de matéria mineral – proveniente da rocha matriz, 5% de matéria orgânica – de maneira a se ter a renovação dos macronutrientes no solo, e 50% de água e ar – sendo que a proporção de cada um vai variar a partir das condições climáticas locais (em locais mais úmidos, maior concentração de água e menor concentração de ar; já em locais mais secos, maior concentração de ar e menor concentração de água). Se um solo não apresentar características naturais favoráveis à sua produtividade, técnicas antrópicas podem ser utilizadas como irrigação – incremento de água, adubação – incremento de nutrientes, aragem – abertura de espaços no solo que favoreça a entra da de água e ar. Dessa maneira, um Latossolo apesar de não ser fértil, devido à intensa lixiviação promovida pela infiltração da água, pode se tornar um solo produtivo. A observação dos estágios 3 e 4 de formação do solo permite perceber que, com o passar do tempo geológico, os horizontes A, B e C se aprofundam, levando à uma evolução ou aprofundamento do solo, sendo esse processo favorável à sucessão ecológica da vegetação.
Caracterização dos solos brasileiros Os solos brasileiros são predominantemente profundos ou evoluídos, denominados Latossolos, devido ao predomínio de climas úmidos que atuam no território nacional. Sendo assim, os índices pluviométricos anuais são elevados, o que contribui para a infiltração da água e evolução do solo em profundidade. Porém, é interessante destacar, que solos evoluídos ou profundos são pobres em macronutrientes, e, por isso, inférteis. O Latossolo da região Centro-Oeste foi formado em condições climáticas de alternação dos períodos de precipitação – Clima Tropical. Sendo assim, a determinação do solo se relaciona diretamente com a dinâmica climática. Esses solos são caracterizados por serem inférteis, devido
120 Geografia | Curso Enem 2019
ao intenso processo de lixiviação, e, em muitas áreas, pela presença de lateritas ou cangas, formadas à partir do processo de laterização. Em locais em que a laterização não se mostra presente o solo se caracteriza pela grande concentração de micronutrientes, principalmente o alumínio, denominado aluminotóxico. Sendo assim, é interessante destacar que a intensa produção agrícola na região Centro-Oeste baseia-se no melhoramento químico do solo e no relevo predominante aplainado da região. O Latossolo da Região Amazônica também caracterizase pela pobreza de macronutrientes – índices elevados de pluviosidade anual -, porém sem processo de laterização que depende da alternância das estações do ano, quanto aos índices pluviométricos. Porém, é interessante destacar que o solo amazônico, mesmo possuindo elevados índices de lixiviação, ele apresenta uma disponibilidade de macronutrientes superficiais, devido à presença da Floresta Amazônica. O desmatamento intenso da Floresta Amazônica impossibilita o processo de renovação dos macronutrientes, o que expõe um solo amazônico infértil. A retirada da cobertura vegetal com a finalidade de plantio dificulta o desenvolvimento agrícola, já que para que se tenha renovação de macronutrientes é essencial a presença da floresta. Sendo assim, muitas áreas que foram desmatadas para esse fim são abandonadas por produtores, devido aos elevados gastos de fertilização do solo que a região demanda. O único Latossolo brasileiro considerado fértil é o solo de Terra Roxa, presente principalmente na região do Estado Paraná, com pequenas extensões no Estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Apesar de ser um solo profundo – por se localizar em clima com elevados índices pluviométricos, a quantidade de macronutrientes ainda é significativa, por ter sido esse solo originado pela decomposição da rocha magmática extrusiva basalto, o que disponibilizou um grande volume de nutrientes para o solo. Esse solo é marcado pela presença intensiva de atividades agrícolas que podem empobrecer o solo, caso esse não seja corrigido de maneira adequada. Sendo assim, conclui-se que mesmo o solo sendo considerado naturalmente fértil, o mesmo pode perder suas características naturais caso o seu uso não seja com técnicas antrópicas adequadas para a sua manutenção. As áreas brasileiras que possuem o clima semi- árido como principal, apresentam solos denominados Litossolos, que são caracterizados por serem pouco profundos ou jovens ou rasos, e por apresentarem baixa taxa de lixiviação e, consequentemente, serem férteis. Porém, é interessante destacar que esse solo não é caracterizado naturalmente como produtivo, devido à pequena concentração de água. Dessa forma, para que a região de Litossolo possa ser produtiva é necessária a técnica da irrigação, que implica no incremento de água ao solo. Esse solo está presente no nordeste brasileiro e a região norte e nordeste do Estado de Minas Gerais.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
E RRE S T RE
los
rofundos vido ao território métricos nfiltração Porém, é rofundos nférteis.
Dinâmica Terrestre
Exercícios EXERCÍCIOS
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul- Amazônica têm Ca p ít u lo como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por
1. (Enem)
1.
(Enem)
b)
a)
a semiminados m pouco em baixa m férteis. o não é devido à para que ecessária mento de
eiro e a
3
O gráf de form mostra de ped
Cenozoico no território brasileiro.
apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).
a)
d e
b)
tr s ro
c)
apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que b) corresponderem ao do principal originaram a maior planície país. evento geológico
d)
possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, reservasque de petróleo e gás natural. originaram a maior planície do país.
c)
d m m
e)
serem esculpidas pela intemperismo físico, d) possuírem em ação sua doextensão terrenos cristalinos ricosdeem reservas de petróleo e decorrente da variação temperatura.
d)
tr q d
e)
d p p
do Cenozoico no território brasileiro.
gás natural.
3. (Enem) De repente, sente-se uma vibração que aumenta e) serem esculpidas pela ação do intemperismo rapidamente; lustres balançam, sede movem sozinhos físico, decorrente daobjetos variação temperatura. e somos invadidos pela estranha sensação de medo do imprevisto. Segundos parecem horas, poucos minutos são 3. (Enem) De repente, sente-se uma vibração uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de umbalançam, terremoto, que aumenta rapidamente; lustres um tipo de abalo objetos sesísmico. movem sozinhos e somos invadidos
também entes – rém sem ância das métricos. mazônico, ação, ele utrientes azônica.
értil é o ente na xtensões . Apesar em clima idade de sido esse agmática grande marcado olas que corrigido i-se que e fértil, o rais caso equadas
As regiões cratônicas das Guianas e a SulAmazônica têm como arcabouço geológico apresentarem áreas de ricas em vastas extensões de intrusões escudos graníticas, cristalinos, ricos jazidas minerais (ferro, manganês). em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e corresponderem aosua principal geológico do destacam-se pela históriaevento geológica por
a)
formado períodos assim, a nte com terizados cesso de lateritas erização. presente ação de ominado destacar ro-Oeste no relevo
mazônica ão dos mazônico nalidade a, já que utrientes o assim, esse fim elevados manda.
CAPÍTULO 3
5.
(Enem
pela estranha sensação de medo do imprevisto.
Segundos horas, poucosdaminutos são ASSAD, L. Os (nãoparecem tão) imperceptíveis movimentos Terra. ComCiência:
uma eternidade. Estamos os efeitos Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, sentindo no 117, abr. 2010. Disponívelde em:
um terremoto, um http://comciencia.br. tipo de abalo sísmico. Acesso em: 2 mar. 2012. ASSAD, L. Os (não tão) imperceptíveis movimentos da
Terra. ComCiência: Revista de Jornalismo O fenômeno físico descrito no textoEletrônica afeta intensamente as Científico, no 117, abr. 2010. Disponível em: populações que http://comciencia.br. ocupam espaços próximos áreas de 2012. Acesso às em: 2 mar.
A partir da análise da imagem, o aparecimento da Dorsal Mesoatlântica estáanálise associado A partir da da ao(à) imagem, o aparecimento da a)
Dorsal Mesoatlântica está associado ao(à)
separação da Pangeia a partir do período Permiano. a)
b)
separação da Pangeia a partir do período Permiano. deslocamento de fraturas no período Triássico.
c)
b) deslocamento deperíodo fraturas no afastamento da Europa no Jurássico.
d)
formação do Atlântico Sul no período Cretáceo.
e)
constituição de orogêneses no período Quaternário. d) formação do Atlântico Sul no período
Triássico.
c)
a)
O fenômeno físico descrito no texto afeta alívio da tensão geológica.
b)
próximos áreas de cial. desgaste daàs erosão superfi
c)
a) alívio da tensão geológica. atuação do intemperismo químico.
d)
formação de aquíferos profundos.
e)
acúmulo de depósitos sedimentares. d) formação de aquíferos profundos.
intensamente as populações que ocupam espaços
b)
desgaste da erosão superficial.
c)
atuação do intemperismo químico.
e)
4. (Enem) 4.
O esqu fósseis em qu
acúmulo de depósitos sedimentares.
(Enem)
período
afastamento da Europa no período Jurássico.
a)
m a c
b)
s s s
c)
m fa fo la
d)
s e d
e)
m p
Cretáceo.
2. (Enem) As plataformas ou crátons correspondem aos e) mais constituição orogêneses no fases período terrenos antigos e de arrasados por muitas de ������������ erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (PréCambriano Médio e Inferior). em intrusivas antigas 2. (Enem) As plataformas ourochas crátons correspondem e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de aos terrenos mais antigos e arrasados por plataforma crátons no Brasil: a das Guianas, a Sulmuitas de fases de erosão. Apresentam uma grande Amazônica e a do Sãolitológica, Francisco. prevalecendo as rochas complexidade
Sul-Amazônica e a do São Francisco. metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio J. L. S. Geografi a do Brasil.rochas São Paulo:intrusivas Edusp, 1998. e Inferior). ROSS, Também ocorrem antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco.
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.
6.
Curso Enem 2019 | Geografia
121
(Enem 15 bilh história calend corresp do cal 1 bilhã univers calend 31 de
e a Sulgeológico nos, ricos empresas neração e por
O gráfico relaciona diversas variáveis ao processo de formação dos solos. A interpretação dos dados mostra que a água é um dos importantes fatores de pedogênese, pois CAPÍTULO 3 nas áreas
graníticas, anganês).
Dinâmica Terrestre
a)
de clima temperado ocorrem alta pluviosidade TRODUÇÃO À e grande profundidade de solos.
b)
tropicais ocorre menor pluviosidade, o que
c)
de latitudes em torno de 30° ocorrem as
FILOSOFIA
se relaciona comvariáveis a menor das O gráfico relaciona diversas ao profundidade processo de formação dos solos. A interpretação dos dados mostra que a água é um dos rochas inalteradas. importantes fatores de pedogênese, pois nas áreas
geológico o.
a erosão, país.
terrenos petróleo e
mperismo mperatura.
vibração balançam, invadidos mprevisto. nutos são efeitos de
a)
de clima temperado ocorrem alta e grande maiores profundidades de pluviosidade solo, visto que há profundidade de solos.
b)
tropicais ocorre menor pluviosidade, o que se relaciona com a menor profundidade das rochas inalteradas.
c)
que evidencia intemperismo químico de latitudes em torno menor de 30° ocorrem as maiores profundidades de solo, visto que há maior umidade.
d)
tropicais profundidade do solo é menor,aso que evidencia menor intemperismo químico da água sobre as rochas. e) de amenor latitude ocorrem maiores
e)
de menor latitude ocorrem as maiores precipitações, assim como a maior profundidade dos solos. profundidade dos solos.
maior umidade.
d)
tropicais a profundidade do solo é menor, o da água sobre as rochas. precipitações,
assim
como
a
maior
5. (Enem)
5.
(Enem)
imentos da Jornalismo ponível em: mar. 2012.
xto afeta m espaços
O esquema mostramostra depósitos em que em aparecem fósseis de animais do Período Jurássico. As rochas em que se encontram esses O esquema depósitos que aparecem fósseis fósseis são de animais do Período Jurássico. As rochas
s.
em que se encontram esses fósseis são
a)
magmáticas, pois a ação vulcões as maiores a) magmáticas, pois de a ação decausou vulcões causou extinções desses animais já conhecidas ao longo da história terrestre.
b)
sedimentares, poisao oslongo restosda podem ter sido soterrados e litificados com o restante dos sedimentos. conhecidas história terrestre.
c)
b) sedimentares, os restos ter sido magmáticas, pois sãopois as rochas maispodem facilmente erodidas, possibilitando a formação de tocas que foram posteriormente soterrados e litificados com o restante dos lacradas.
d)
sedimentares, já que cada uma das camadas encontradas na figura simboliza um evento de erosão dessa área representada.
e)
metamórficas, pois os animais representados precisavam estar perto de locais quentes.
as maiores extinções desses animais já
sedimentos.
c)
magmáticas, pois são as rochas mais facilmente erodidas, possibilitando a formação de tocas que foram posteriormente lacradas.
6. (Enem) Suponha que o universo tenha 15 bilhões de anos de idade e que toda a sua história seja distribuída ao longo de 1 ano -d) o calendário cósmicojá-,que de modo que cada segundo corresponda a 475 anos reais e, assim, 24 dias do calendário cósmico sedimentares, cada uma das camadas C a píequivaleriam t ulo encontradas 3a cerca – D Nfigura ÂM I Creais. A T Eevento R Rainda, E Sque TR E na simboliza um de 1I bilhão de anos Suponha, o universo comece em 1o de janeiro à zero hora no calendário de erosão dessa área representada. cósmico e o tempo presente esteja em 31 de dezembro às 23h59min 59,99 s. e)
metamórficas, pois os animais representados
A escala a precisavam seguir traz o período em que ocorreram alguns eventos importantes nesse calendário. estar perto de locais quentes.
A escala a seguir traz o período em que ocorreram alguns eventos importantes nesse calendário. 6.
(Enem) Suponha que o universo tenha 15 bilhões de anos de idade e que toda a sua história seja distribuída ao longo de 1 ano - o calendário cósmico -, de modo que cada segundo corresponda a 475 anos reais e, assim, 24 dias do calendário cósmico equivaleriam a cerca de 1 bilhão de anos reais. Suponha, ainda, que o universo comece em 1o de janeiro à zero hora no calendário cósmico e o tempo presente esteja em 31 de dezembro às 23h59min 59,99 s.
121 Se a arte rupestre representada fosse inserida na escala, de acordo com o período em que foi produzida, ela deveria ser colocada na posição indicada pela seta de número
122 Geografia | Curso Enem 2019
a)
1.
b)
2.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Terrestre
CAPÍTULO 3
C ap ítulo 3 – DINÂ
Se a arte rupestre representada fosse inserida na escala, de acordo com o período em que foi produzida, ela deveria ser colocada na posição indicada pela seta de número
processos de gênese. Além disso, o manejo das áreas agrícolas 9. (Enem) Os solos tropicais são naturalmente Há evidências mos pode conduzir os solos à acidificação. ácidos, em razão da pobreza do material de origem podem ser originá
b)
2.
c)
3.
d)
4.
boratada na produção de feijoeiro. Revista Ciência Em solos ácidos como osAgronômica, brasileiros, o método mais indicado,a) v. 42, n. 2, abr.-jun. 2011. com o elemento utilizado para a correção do problema solos ácidos como os brasileiros, o método descrito no Em texto é o(a) b) mais indicado, com o elemento utilizado para a a) descanso do solo a partir descrito da técnica de pousio. correção do problema no texto é o(a)
e)
5.
ou devido aos processos de gênese. Além disso, o
sejam, portanto,
manejo das áreas agrícolas pode conduzir os solos SOUZA, A. et al. Calagem e adubação boratada na produção de feijoeiro.de fato, tal paren upestre representada fosse inserida na escala, de acordo com o período em que foiH.produzida, ela à acidificação. Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 2, abr.-jun. 2011.possível para a sep a) 1. indicada pela seta de número colocada na posição como mostrada no SOUZA, H. A. et al. Calagem e adubação
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
����� PARA AS PR����AS � ���S���S�
b)
descanso do solo a partir da técnica de uso da a) calagem pela introdução de calcário no solo. pousio.
c)
uso da calagem pela introdução de calcário aração b) do solo para realizar a sua descompactação.
d)
plantioc)direto parado diversifi as culturas. aração solo car para realizar
e)
rotaçãod)de plantio culturas para manter os nutrientes direto para diversificar as culturas.no solo.
a
sua
na origem da de voar, o qu as águas o continentes.
c)
o ser human transportou e surgiram na diferentes con
d)
o afastament formadas pel único, dispers ambientes adj
no solo.
descompactação.
a grande ativ milhões de a Hemisfério No
de culturas para manter os nutrientes 10. (Enem)e)“O rotação continente africano há muito tempo desafiae) a existência no solo. rigorosos, no geólogos porque toda a sua metade meridional, a que fica um gradativo d ao sul, ergue-se a mais de 1.000 metros sobre o nível do mar. 10. (Enem) “O continente africano há muito tempo o Sul, mais qu (...) Uma equipe pesquisadores apresentou uma solução desafiade geólogos porque toda a sua metade a que fica ao sul, ergue-se a mais de de lava desse desafimeridional, o sugerindo a existência de um esguicho 12. (Enem) metros sobreoo planalto nível do mar. (...) Umade equipe subterrânea1.000 empurrando africano baixo para de pesquisadores apresentou uma solução desse Figura 1. Diag cima.” desafio sugerindo a existência de um esguicho de
intemperismo pa
(Adaptado da Revista Superinteressante. São Paulo: Abril, novembro 1998, p. 12.)(adaptado de Pelt lava subterrânea empurrando o planalto africano de baixo para cima.”
(Adaptado Revista Superinteressante. Considerando a formação doda relevo terrestre, é correto São Paulo: Abril, novembro 1998, p. 12.) afirmar, com base no texto, que a solução proposta é:
7. (Enem) Muitos processos erosivos se concentram nas
Considerando a formação do relevo terrestre, é
a)
corretoporque afirmar, com base nodo texto, que aterrestre solução não se improvável, as formas relevo é: modifiproposta cam há milhões de anos.
b)
terrestre não se modificam há externas, milhões decomo as pouco fundamentada, pois as forças
a)
improvável, porque as formas do relevo
uitos processosencostas, erosivosprincipalmente se concentram nas encostas, pela água 2. Mapa da aqueles motivados principalmente pela água e pelo aqueles motivados chuvas e oanos. vento, são as principais responsáveis pelasFigura do Brasil, baseado o. vento. b) pouco fundamentada, pois as forças externas, formas de relevo. como as chuvas e o vento, são as principais
responsáveis pelas formas de relevo. , os reflexos também são os sentidos áreas são de baixada, onde geralmente urbana. c)há ocupação plausível, pois as formas do relevo resultam da ação de No entanto, reflexosnas também sentidos nas áreas de c) plausível, pois as formas doimportante relevo resultam forças internas e externas, sendo avaliar os da ação de forças internas e externas, sendo movimentos mais profundos no interior da Terra. importante avaliar os movimentos mais
baixada, onde geralmente há ocupação urbana.
o desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é
Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas
profundos no interior da Terra. or ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seuspois leitos. d) plausível, a mesma justificativa foi comprovada nas cidades brasileiras é d) plausível, pois a mesma justificativa foi demaisorgânica. regiões da África. aminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria comprovada nas demais regiões da África.
a)
a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados
e) os movimentos mais e) injustifi cável, porque osporque movimentos mais profundos no gaste do solo nas áreas urbanas, causado redução pluvial nainjustificável, encosta. comportam menos água pela em seus leitos.do escoamento superficial
profundos no interior da Terra não interferem interior da Terra não interferem nosque acidentes geográficos aparecem na
acidentes geográficos or facilidade deb)captação de águada potável parapelos o abastecimento público, já queque é maior onos efeito dosuperfície. aparecem na sua sua superfície. a contaminação população sedimentos trazidos mento sobre a infiltração. pelo rio e carregados de matéria orgânica.
11. (Enem) No mapa, é apresentada a distribuição geográfica
(Enem) No mapa, é apresentada a distribuição mento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em11. do de aves dedecorrência grande porte e que voam. geográfica de aves denão grande porte e que não c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela mento de água poluída do topo das encostas. voam.
redução do escoamento superficial pluvial na encosta.
d) a maior facilidade de captação de água potável para esquema representa um processo de erosão em encosta. �ue prática realizada por um agricultor o abastecimento ar em aceleração desse processo? público, já que é maior o efeito do
o direto.
escoamento sobre a infiltração.
e)
o aumento da incidência de doenças como a amebíase ação de culturas. na população urbana, em decorrência do escoamento de água poluída do topo das encostas.
ntação de curvas de nível.
8. (Enem) O esquema representa um processo de erosão em o do solo, do topo ao vale.
encosta. Que prática realizada por um agricultor pode resultar
De acordo com a intemperismo de g qual tipo climático? a)
Tropical.
b)
Litorâneo.
c)
Equatorial.
d)
Semiárido.
e)
Subtropical.
a)
Plantio direto.
b)
Associação de culturas.
c)
Implantação de curvas de nível.
d)
Aração do solo, do topo ao vale.
Há evidências mostrando que essas aves, que podem ser originárias de um mesmo ancestral, sejam, portanto, parentes. *HRJUD¿D Considerando que, de fato, tal parentesco ocorra, uma explicação possível para a separação geográfica dessas aves, como mostrada no mapa, poderia ser: a) a grande atividade vulcânica, ocorrida há milhões de anos, eliminou essas aves do Hemisfério Norte.
e)
Terraceamento na propriedade.
b)
em aceleração desse processo? eamento na propriedade.
9. (Enem) Os solos tropicais são naturalmente ácidos, em razão da pobreza do material de origem ou devido aos
�eogra�a na origem da vida, essas aves eram capazes de voar, o que permitiu que atravessassem as águas oceânicas, ocupando vários continentes.
Curso Enem 2019 | Geografia
123
a eaadubação m evista Ciência abr.-jun. 2011.
b)
de
s, o método zado para a o é o(a)
ário
zar .
a
capazes de voar, o que permitiu que atravessassem a) a grande atividade vulcânica, ocorrida há a pítulo anos, eliminouocupando essas aves C do as milhões águas de oceânicas, vários Hemisfério Norte. continentes.
3 – DINÂMICA TE RRE ST
CAPÍTULO 3 Dinâmica Terrestre b) na origem da vida, essas aves eram capazes
c)
técnica de
sua de calcário
como mostrada mapa, poderia ser: eram na origem danovida, essas aves
c)
o ser humano, em seus deslocamentos, de voar, o que permitiu que atravessassem TRODUÇÃO À FILOSOFIA transportou aves, assim que as águas essas oceânicas, ocupando vários elas surgiram na Terra, distribuindo-as13. pelos continentes. (Enem) diferentes continentes. c) o serem humano, em seus transportou deslocamentos, o ser humano, seus deslocamentos, essas 13. (Enem)
transportou essas aves, assim que elas que elas surgiram Terra, distribuindo-as d) aves, o assim afastamento das na massas continentais, surgiram na Terra, distribuindo-as pelos pelos diferentes continentes. formadas pela ruptura de um continente diferentes continentes. sua único, dispersou essas aves formadas que habitavam d) o afastamento das massas continentais, d) o afastamento das massas continentais, pela ambientes adjacentes. pela ruptura de um continente ruptura formadas de um continente único, dispersou essas aves
ntes culturas.
único, ambientes dispersou essas aves que habitavam e) queahabitavam existência de adjacentes. períodos glaciais muito ambientes adjacentes. os nutrientes rigorosos, no Hemisférico Norte, provocou e) a existência de períodos muito rigorosos, no e) a existência de glaciais períodos glaciais muito um gradativo deslocamentoNorte, dessas aves para rigorosos, no Hemisférico provocou Hemisférico Norte, provocou um gradativo deslocamento mpo o Sul, ummais gradativo dessas aves para oquente. Sul, deslocamento mais quente. dessas aves para ade tempo muito o Sul, mais quente. ssua de metade 12. (Enem) e a mais 12. de (Enem) uipe 12. (Enem) Uma equipe esse Figura 1. Diagrama das regiões de intemperismo para as de das regiões regiões olução desse Figura Figura1. 1. Diagrama Diagrama das de brasileiras (adaptado de Peltier, 1950). oesguicho de de condições intemperismo para brasileiras intemperismo para as as condições condições brasileiras alto anoafricano (adaptado (adaptado Peltier,1950). 1950). de de Peltier,
M. A. (Org.).Terra: Terra: feições ilustradas. Porto SUERTEGARAY, SUERTEGARAY, D. M. A. D. (Org.). feições ilustradas. Alegre: EdUFRGS, 2003 (adaptado). Porto Alegre: EdUFRGS, 2003 (adaptado).
rinteressante.
nte. 1998, p. 12.) 12.) terrestre, é
ue a e, é solução ção
A imagem representa o resultado da erosão que em A imagem representa o resultado daocorre erosão que rochas nos leitos dos rios, que decorre do processo natural de ocorre em rochas nos leitos dos rios, que decorre do a) processo natural de derivado da força dos agentes fraturamento geológico,
do relevo milhões de
evo Figura 2. Mapa das regiões de intemperismo a) do Brasil, baseado no diagrama da Figura 1. de as externas, Figura 2. Mapa das regiões de intemperismo do Brasil, Figurano 2.diagrama Mapa da das regiões de intemperismo b) Figura 1. as principais baseado evo. do Brasil, baseado no diagrama da Figura 1. b) nas, c) vo resultam pais
internos.
fraturamento geológico, derivado da força solapamento de camadas de argilas, transportadas pela dos agentes internos. correnteza.
solapamento de camadas de argilas, movimento circular pela de seixos e areias, arrastados por transportadas correnteza. águas turbilhonares.
ernas, sendo entos mais
c)
tam ificativa foi ndo da África. mais
movimento circular de seixos e areias, d) arrastados decomposição das resultante da porcamadas águassedimentares, turbilhonares.
d)
mentos mais o interferem foi parecem na
e)
decomposição das camadas sedimentares, e) assoreamento no fundo do rio, proporcionado pela resultante da alteração química. chegada de material sedimentar.
.
mais distribuição rem e que não na
14.
De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau fraco é característica de qual tipo climático?
ção não
a)
Tropical.
b)
Litorâneo.
c)
Equatorial.
alteração química.
assoreamento no fundo do rio, proporcionado
14. (Enem) Os movimentos de massa constituem-se no pela chegada de (solo material sedimentar. deslocamento de material e rocha) vertente abaixo pela influência da gravidade. As condições que favorecem os movimentos dependem principalmente damassa (Enem) Osde massa movimentos de estrutura geológica, da declividade da vertente, do regime de constituem-se no deslocamento de material chuvas, da perda de vegetação e da atividade antrópica.
(solo e rocha) vertente abaixo pela influência BIGARELLA, J. J. Estrutura origem das paisagensque tropicaisfavorecem e subtropicais. da gravidade. As econdições os Florianópolis: UFSC, 2003 (adaptado). movimentos de massa dependem principalmente da estrutura geológica, dasuadeclividade da vertente, Em relação ao processo descrito, ocorrência é minimizada do em regime de há chuvas, da perda de vegetação e da locais onde atividade antrópica. a)
exposição do solo.
BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens De acordo com as figuras, a intensidade de b)tropicais d) Semiárido. drenagemeefisubtropicais. ciente Florianópolis: UFSC, 2003 De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de intemperismo de grau fraco é característica de e) Subtropical. grau fraco é característica de qual tipo climático? (adaptado). c) rocha matriz resistente. qual tipo climático? a)
a) Tropical. Tropical.
b) b) Litorâneo. Litorâneo.
agricultura Emd)relação aomecanizada. processo descrito, sua ocorrência é 123 minimizada em locais onde há e) média pluviométrica elevada.
Equatorial. c)c) Equatorial.
a) 15. exposição do (Inédita) Analise a fisolo. gura.
d)
Semiárido.
b) Evolução drenagem eficiente do uso do solo no noroeste do Estado
e)
Subtropical.
d) e)
Semiárido.
Subtropical.
suas consequências ambientais c) do Paraná rochae matriz resistente.
d) 124 Geografia | Curso Enem 2019
e) 123
agricultura mecanizada. média pluviométrica elevada.
15. (Inédita) Analise a figura.
rocha matriz resistente.
d)
agricultura mecanizada.
e)
média pluviométrica elevada.
A letra da música refere-se à região do Sertão Nordestino brasileiro, área que apresenta vários problemas socioeconômicos. Sobre essa região é possível afirmar que
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
c)
15. (Inédita) Analise a figura. Evolução do uso do solo no noroeste do Estado do Paraná e suas consequências ambientais
Dinâmica Terrestre a) devido ao fato de não
CAPÍTULO 3
apresentar nenhuma disponibilidade hídrica, o desenvolvimento de atividades econômicas é inviabilizado.
b)
apesar do reduzido volume de água, o solo
cos. Sobre região possível afirmar fértil, que fator que daessa região é éextremamente estimula obras como a Transposição do São
a)
Francisco. devido ao fato de não apresentar nenhuma hídrica, o desenvolvimento deoutras atividades c)disponibilidade o processo de migração do sertão para regiões brasileiras, principalmente o Sudeste, econômicas é inviabilizado.
b)
do país. apesar do reduzido volume de água, o solo da região éC a p í t u l o fértil, fator verificados que estimula como a d)extremamente os vários problemas na obras área são devido exclusivamente Transposição do São Francisco.ao clima semi-árido,
ainda é a principal mobilidade populacional
que determina o nível de desenvolvimento
c) o processo de migração doregião. sertão para outras regiões econômico e social da 17. (Inédita) Observe a imagem. principalmente o Sudeste, é a principal e)brasileiras, a atividade de pecuária de corteainda é histórica e mobilidade populacional do país. representa uma atividade muito rentável, por Vestibular UFMGUFMG 2000 2000 Vestibular
Na ocupação de vertentes para a implantação de atividades antrópicas se faz necessária a análise do local, de maneira a 124 os possíveis processos erosivos que possam ocorrer. reduzir A observação do processo de ocupação da vertente acima permite afirmar que
A é
ser pecuária intensiva, apesar dos problemas
a
d)
os vários problemas verifide cados na área são devido provenientes da falta água. exclusivamente ao clima semi-árido, que determina o nível de desenvolvimento econômico e social da região.
e)
a atividade de pecuária de corte é histórica e representa C apítulo 3 –b uma atividade muito rentável, por ser pecuária intensiva, apesar dos problemas provenientes da falta de água.
�eogra�a
a)
a vazão do rio foi progressivamente ampliada, em consequência da intensificação das atividades antrópicas.
b)
a deposição de sedimentos arenosos no vale aumentou consideravelmente a área ocupada pela planície de inundação.
c)
a biodiversidade foi pouco alterada, tendo-se em vista a substituição da vegetação de mata por cultivos agrícolas.
https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/masterdatastore/ penny/br/images/Sugar-Loaf.jpg - Acesso em 03/03/2016
d)
o uso do solo não foi significativamente alterado, devido a permanência, no momento II e no momento III, de atividades antrópicas.
O relevo representado na imagem se caracteriza por ser
e)
no momento I, a presença da mata primitiva, não impede o processo de erosão, sendo possível observar o início do processo de voçorocamento.
16. (Inédita) Leia o trecho da música “Asa Branca”, eternizada na voz de Luiz Bonzaga. “Quando oiei a terra ardendo Qua fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse a deus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Para eu voltar pro meu sertão
17.17. (Inédita) Observe a imagem. (Inédita) Observe a imagem.
A partir d é CORRE
uma área de planície, em que predomina o processo de sedimentação, denominada https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/masterdatastore/ planície de inundação. O relevo representado na imagem se-caracteriza por ser penny/br/images/Sugar-Loaf.jpg Acesso em 03/03/2016 b) uma área de planalto, em que predomina o O relevo na imagem se o caracteriza a) uma área derepresentado planície, em que predomina processo de processo de erosão, denominado Monadnock por ser sedimentação, denominada planície de inundação. ou Pão-de-Açúcar.
c
a)
a r imp a ár que
b)
o d g a grad cont
c)
a re a v e supe aum
d)
as indic recu pass
a)
19. ( a b v de f b)c) o p favo processo de erosão, denominado Inselberg b man b) uma área de planalto, em que predomina o ou Relevo Residual. n c) uma área de planalto, em quedenominado predomina Monadnock o processo de processo de erosão, a 19. (Inédita Inselberg ou Relevo Residual. ouárea Pão-de-Açúcar. d) erosão, umadenominado de depressão, em que predomina biosfera, o processo deplanalto, sedimentação, denominada a c) uma de que predomina o processos d) uma área de área depressão, em queem predomina o processo Depressão processo absoluta. de erosão, denominado Inselberg biológica. de sedimentação, denominada Depressão absoluta. ou Relevo Residual. no proces e) uma área de depressão, em que predomina o afirmar q d) área uma de depressão, em que predomina e) uma de área depressão, em que predomina o processo processo de erosão, denominada Depressão o processo de Depressão sedimentação, denominada a) as c de erosão, denominada Relativa. Relativa. Depressão absoluta. solob a)
uma área de planície, em que predomina uma área de planalto, emsedimentação, que predomina opredomina processo de o área processo de uma de planalto, em quedenominada planície de inundação. erosão, denominado Monadnock ou Pão-de-Açúcar.
e)
e)
elas estr
uma área de depressão, em que predomina o
(Inédita)processo Observe adeimagem. erosão, denominada Depressão 18.18. (Inédita) Observe a imagem. Relativa.
b)
de a e re físic prod c apro
c)
mui ama ph ferti de m
d)
o p no q solo mai deco
125 e)
o e s met dife prof
18. (Inédita) Observe a imagem.
[...] A letra da música refere-se à região do Sertão Nordestino brasileiro, área que apresenta vários problemas socioeconômi-
Curso Enem 2019 | Geografia
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agricultura_e_ http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agricultura_e_ meio_ambiente/arvore/CONTAG01_14_299200692526.html meio_ambiente/arvore/CONTAG01_14_299200692526.html Acessado em 26/06/2013 Acessado em 26/06/2013
d
CAPÍTULO 3
Dinâmica Terrestre
TRODUÇÃO À FILOSOFIA http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agricultura_e_ meio_ambiente/arvore/CONTAG01_14_299200692526.html Acessado em 26/06/2013
Ao inserir as atividades agropecuárias nos ecossistemas naturais, esse novo ambiente, transformado pela ação do homem e conhecido como agroecossistema, passa a ter problemas ambientais agravados. Entre tais impactos citam- se as contaminações por agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes químicos), a ocorrência de pragas e doenças das culturas, a perda de solo e de sua fertilidade, emissões de gases de efeito estufa decorrentes do manejo inadequado das culturas e da pecuária, entre outros. A partir do problema verificado na imagem acima é CORRETO afirmar que a)
a retirada da cobertura vegetal para a implantação de áreas de pastagem aumentou a área de contato do solo e da precipitação, o que favoreceu o processo de infiltração.
b)
o gado ao descolocar-se na área para a obtenção de pastagem, promoveu gradativamente a compactação do solo, contribuindo para sua fixação.
c)
a retirada da cobertura vegetal aumentou a velocidade e o volume do escoamento superficial, contribuindo diretamente para o aumento da erosão.
d)
as áreas de aumento da erosão, com indicativo de voçorocamento, são facilmente recuperáveis, por não apresentarem passagem da água de forma permanente.
e)
a vegetação de pastagem protege o solo de forma eficiente do efeito splash, sendo favorável à redução dos índices de erosão e manutenção da área.
19. (Inédita) A litosfera, associada à atmosfera e biosfera, tem uma dinâmica que envolve diferentes processos de ordem física, físico-química e biológica. Considerando a dinâmica da natureza no processo de surgimento dos solos, é possível afirmar que a) as camadas de sedimentos que formam o solo possuem uma interação intensa entre elas, apesar de todas possuírem a mesma estruturação química de nutrientes. b)
de acordo com a pedologia, o solo é complexo e resultante apenas da ação do intemperismo físico, que, em condições de normalidade, produz 1 cm de solo quimicamente rico em aproximadamente 700 anos.
c)
muitas florestas equatoriais, como a amazônica, se desenvolvem em solos de ph neutro, rico em nutrientes e de alta fertilidade, decorrente de grande quantidade de matéria orgânica.
d)
o perfil do solo é um esquema hipotético, no qual são representados os horizontes do solo desde a rocha matriz até o horizonte A, mais superficial, constituído pela rocha em decomposição.
e)
Ca p ítu loe concentração 3 – DINÂMICA profundidade de nutrientes. TE R R E S TR E
o solo é produto do intemperismo ou meteorização e podem ser classificados de diferentes maneiras, tendo como base sua
20. (Inédita) Observe o mapa.
20. (Inédita) Observe o mapa.
A análise permite constatar as principais áreas de instabilidade terrestre, sendo CORRETO afirmar que a)
as áreas destacadas no mapa correspondem aos limites de placas tectônicas, que se movimentam sobre
b)
as áreas destacadas no mapa, situadas no setor leste da América e no oeste da Ásia e a Oceania, representam o Círculo de Fogo do Pacífico, em que ocorre o arco vulcânico da Terra.
Enem 2019 126 Geografia | Curso as águas oceânicas como se estivesses à deriva, ou seja, em processo de dispersão.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Terrestre
CAPÍTULO 3
A análise permite constatar as principais áreas de instabilidade terrestre, sendo CORRETO afirmar que a)
as áreas destacadas no mapa correspondem aos limites de placas tectônicas, que se movimentam sobre as águas oceânicas como se estivesses à deriva, ou seja, em processo de dispersão.
b)
as áreas destacadas no mapa, situadas no setor leste da América e no oeste da Ásia e a Oceania, representam o Círculo de Fogo do Pacífico, em que ocorre o arco vulcânico da Terra.
c)
os dobramentos modernos da Terra coincidem com as áreas de vulcanismo e terremotos, podendo-se destacar os Andes, na América do Sul, Montes Urais, na Europa, e Rochosas, na América do Norte.
d)
ao norte da Índia, localiza-se o Himalaia, com intensas atividades sísmicas, porém com escassez de vulcanismo, em função de não existir nesse ponto a subducção de placas tectônicas.
e)
processos de vulcanismo e abalos sísmicos, causados pelo tectonismo, são verificados apenas em áreas de contato de placas tectônicas, não levando prejuízos para áreas intraplacas.
GABARITO 1
D
6
E
11
D
16
B
2
A
7
A
12
D
17
B
3
A
8
D
13
C
18
C
4
E
9
B
14
B
19
E
5
B
10
C
15
B
20
D
Curso Enem 2019 | Geografia
127
CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
C a pí tul o 4 CAPÍTULO 4 DO M Í N I O S
Dinâmica MClimática eT IC OS O R F O C L IM Á Domínios Morfoclimáticos BR ASIL E IR OS CLIMAS
CLIMAS BRASILEIROS BRASILEIROS
- Clima Tropical: possui elevada média térmica anual, sendo que nas áreas de serras as médias podem alcançar 18oC e no restante do território, sob sua atuação, 28oC. Os índices de pluviométricos são elevados, variando entre 1.000 e 1.500 mm, distribuídos de maneira irregular - primavera e verão Autor: MORAES, Paulo Roberto.eGeografia Geral e doeBrasil. chuvosos outono inverno secos – produzindo duas estações bem defi nidas. A maior parte do Brasil está sob seu Clima Tropical: possui elevada média térmica anual, sendo que nas áreas de serras as domínio, abrangendo toda a faixa do centro do país, leste do médias podem alcançar 18ºC e no restante do território, sob Maranhão, sua atuação, 28ºC. de da Bahia e Minas Gerais. O clima PiauíOse índices o oeste pluviométricos são elevados, variando entre 1.000 tropical se subdivide em- dois outros climas: Tropical de e 1.500 mm, distribuídos de maneira irregular primavera e verão chuvosos e outono eÚmido. inverno O clima Tropical Úmido estendeAltitude e Tropical secos – produzindo duas estações bem definidas. A maior parte se do pela Brasil faixa está sob seu domínio, litorânea tropical e é influenciado diretamente abrangendo toda a faixa do centro do país, leste do ação da maritimidade, que confere a esse clima uma Maranhão, Piauípela e o oeste da Bahia e Minas Gerais. O clima tropical se subdivide emdo dois maior umidade aroutros e, consequentemente, maiores índices climas: Tropical de Altitude e Tropical Úmido. pluviométricos e pela menores amplitudes térmicas. Na faixa O clima Tropical Úmido estende-se faixa litorânea tropical e é influenciado diretamente pela litorânea, os índices de precipitação variam entre 1.250 e ação da maritimidade, que confere a esse clima http://planetageo.sites.uol.com.br/brclimas.htm uma maior umidade ar e, concentrados consequentemente,no outono inverno, e as média de 2.000domm, maiores índices pluviométricos e menores Clima Equatorial: elevadas médias médias - Clima - Equatorial: possuipossui elevadas térmicas, temperatura é superior ou igual a 25oC. Sua ocorrência pode amplitudes térmicas. Na faixa litorânea, os índices térmicas, sempre superiores a 24ºC, e baixa de precipitaçãoser variam entre 1.250 eRio 2.000 mm, amplitudeatérmica aproximadamente sempre superiores 24oC,anual, e baixa amplitude 3ºC. térmica anual, percebida do Grande do Sul até o Paraná. Já o Tropical concentrados no outono inverno, e as média de Sendo assim, é possível afirmar que a definição aproximadamente 3oC. assim, é possível afirmar que a Altitude se forma temperatura éde superior ou igual a 25ºC.nas Sua áreas serranas da Região Sudeste, das estações do Sendo ano inexiste nas áreas equatoriais, ocorrência pode ser percebida domédias Rio Grande do apresentando de verão o ano todo.equatoriais, definição das estações características do ano inexiste nas áreas apresentando térmicas mais reduzidas pela ação direta Sul até o Paraná. Já o Tropical de Altitude se É interessante destacar que a amplitude térmica da altitude. EmRegião comparação apresentando de verão ano todo. formaÉ nas áreas serranas da Sudeste, com o clima tropical, o tropical de anualcaracterísticas é menor que a amplitude térmicaodiária, apresentando altitude médias térmicas reduzidas não se registrando meses tórridos ou tem o mais mesmo comportamento pluviométrico, mas as interessanteporém destacar que a amplitude térmica anual é menor pela ação direta da altitude. Em comparação com o temperaturas diárias excessivamente elevadas, médias anuais de temperatura são menores, ficando em torno clima tropical, o tropical de altitude tem o mesmo em consequência da alta umidade relativa do ar que a amplitude térmica diária, porém não se registrando comportamentodos pluviométrico, mas as médiaspode ser percebida nas áreas acima e da forte nebulosidade. Os índices pluviométricos 20oC. Sua ocorrência meses tórridos ou temperaturas diárias excessivamente anuais de temperatura são menores, ficando em são elevados, com média de precipitação anual metros do torno dos 20ºC.de Sua800 ocorrência pode serEstado percebidade Minas Gerais, Espírito Santo, Rio acima de 2.000 mm, distribuídos ao longo de relativa elevadas, em consequência da alta umidade do nas áreas acima de 800 metros do Estado de Minas todo o ano, sendo que em algumas áreas os de Janeiro e São Paulo. Gerais, Janeiro e São Paulo. ar e da forte nebulosidade. índices são Espírito Santo, Rio de totais de chuva chegamOs a um mínimopluviométricos de 1.800 Ca p í tu l o 4 – D O M Í N I O S MOR F OC L I MÁ mm e a um máximo que se aproxima de 3.500 elevados, com precipitação anual Sendo acima de 2.000 Exemplos (respectivamente): Tropical (Cuiabá), mm,média perto dade fronteira com a Colômbia. Exemplos (respectivamente): Tropical (Cuiabá), Tropical Tropical Úmido (Salvador) e Tropical de Altitude assim, não uma estação seca pronunciada, em mm, distribuídos aohálongo de todo o ano, sendo que(Ouro emPreto). Úmido (Salvador) e Tropical de Altitude (Ouro Preto). que não se registram meses com precipitações algumas áreas os totais de Sua chuva chegam a um mínimo de inferiores a 60mm. ocorrência é percebida da linha do Equador, abarcando 1.800 mm enas a proximidades um máximo que se aproxima de 3.500 mm, a Amazônia, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão. com a Colômbia. Sendo assim, não há perto da fronteira uma estaçãoExemplo: seca Manaus, pronunciada, que não se registram Amazonas em – Brasil. meses com precipitações inferiores a 60mm. Sua ocorrência é percebida nas proximidades da linha do Equador, abarcando a Amazônia, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão.
Capítulo 4
DO M Í N I O S O R F OCLI M Á T ICOS BR ASIL E IRO S
C a pítu lo 4 – DOMÍNIOS MORFOCL IMÁTICOS BRA SI L E I RO S 127
*HRJUD¿D
Exemplo: Manaus, Amazonas – Brasil.
Autor: M
-
Clima Semiárido: localizado no interior da Região Nordes térmicas anuais que variam entre 26ºC e 28ºC, com a amplitu térmica diária. Essa característica é determinada pela baixa de energia pela atmosfera durante o dia, contribuindo assim durante o período da noite. As elevadas temperaturas são e com reduzida cobertura de nuvens no céu, fator que ampl superfície e, consequentemente, promove o aquecimento da intensa, impedindo que as escassas águas de chuvas penetre Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. déficit hídrico significativo. As chuvas são escassas e irregul Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e normalmente não ultrapassa 750mm. Sua concentração ocorr Clima Tropical: possui elevada média térmica podem torrenciais e provocar inundações. Clima Semiárido: localizado no interior daser Região Nordeste, o clima semiárido Porém, possui quando elevadas anual, sendo que nas áreas de serras as poucocom intensas, instala-se um ano debaixa, seca. menor Periodicament Curso Enem 2019 128 Geografia anuaisdoque variam entre 26ºCsão e 28ºC, a amplitude térmica anual que a a médias | podem alcançar 18ºC e térmicas no restante nos quais as precipitações ficam bastante abaixo do normal. térmica diária.de Essa característica é determinada pela baixa umidade do ar que dificulta a arma território, sob sua atuação, 28ºC. Os índices de energia pela atmosfera durante o dia, contribuindo assim para a redução significativa da tem pluviométricos são elevados, variando entre 1.000 Exemplo: Juazeiro, Bahia – Brasil. durante o período e 1.500 mm, distribuídos de maneira irregular - da noite. As elevadas temperaturas são explicadas pela associação das baixas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos FOCL I MÁT ICO S BRA SILEIROS
CAPÍTULO 4
diárias. Dessa forma, é possível concluir que esse clima apresenta definição das estações do ano, o que o aproxima, em característica, dos climas temperados típicos das médias Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Ger latitudes. É interessante destacar que nas áreas serranas do sul deno Santa Catarina norte doNordeste, Rio Grandeo do Sul, latitude e possui eleva Clima Semiárido: localizado interior da eRegião clima semiárido altitude produzir as menores temperaturas térmicas anuais que variam entrecombinam-se 26ºC e 28ºC,para com a amplitude térmica anual baixa, menor que térmica diária. Essa característica é determinada baixada umidade ar que de todo país. Além disso, a pela influência mPa nosdo meses de dificulta a ar de energia pela atmosfera durante o dia, contribuindo assim para acom redução significativa da inverno provoca períodos de frio prolongados, redução o 4 – DO M ÍNIO S MORFOCLIMÁTICOS BR A S I LEAs IRelevadas OS temperaturas são explicadas pela associação durante o período da noite. das baix das temperaturas diárias para menos de 0oC, que estão com reduzida cobertura de nuvens no céu, fator que amplia a quantidade de energia solar q associadas às geadas e nevadas. Os índices pluviométricos Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral superfície do Brasil. e, consequentemente, promove o aquecimento da atmosfera. Em consequência, a e - Clima Semiárido: localizado no interiore da Região Nordeste, entre 1.250de a 2.000 mm anuais, distribuídos durante os solos e pro intensa, impedindo que asvariam escassas águas chuvas penetrem no profundamente o clima semiárido possui elevadas médias térmicas anuais todo ano, não assim uma estação de seca egião Nordeste, o clima semiárido possui elevadas médias déficit hídrico significativo. As o chuvas sãoapresentando escassas e irregulares, sendo que o índice de precip quetérmica variamanual entrebaixa, 26oC menor e 28oC,que com a amplitude térmica pronunciada. Sua concentração ocorrência pode ser percebida nas com a amplitude a amplitude normalmente não ultrapassa 750mm. Sua ocorre no período doregiões verão e início do out baixa, a amplitude térmicaserdiária. Essa e provocar da pela baixa anual umidade do menor ar queque dificulta a armazenagem ao sul do trópico de Porém, Capricórnio: sul as dechuvas São Paulo, Paraná,ou fevereiro nã podem torrenciais inundações. quando de janeiro ribuindo assimcaracterística para a redução significativa temperatura é determinada peladabaixa umidade do ar que instala-se são pouco intensas, ano de seca. Periodicamente, registram-se períodos de seca de Santaum Catarina e Rio Grande do Sul. raturas são explicadas associação baixas latitudes nos quais as durante precipitações ficam bastante abaixo do normal. dificulta a pela armazenagem dedas energia pela atmosfera or que ampliaoa dia, quantidade de energia atinge asignificativa contribuindo assim solar para que a redução Exemplo: Blumenau, Santa Catarina – Brasil. Exemplo:é Juazeiro, Bahia – Brasil. uecimento da atmosfera. Em consequência, a evaporação da temperatura durante o período da noite. As elevadas uvas penetrem no profundamente os solos e provocando um temperaturas são explicadas pela associação das baixas ssas e irregulares, sendo que o índice de precipitação anual com de nuvens no céu, fator que ntração ocorre latitudes no período doreduzida verão ecobertura início do outono, quando a quantidade de fevereiro energia solar atinge rém, quando asamplia chuvas de janeiro ou nãoque caem – oua superfície Autor: MORAES, Roberto. Geografia Geral e do Brasil. consequentemente, promove o aquecimento daPaulo atmosfera. eriodicamente,e,registram-se períodos de seca de alguns anos o do normal. Em consequência, a evaporação é intensa, impedindo que miárido: localizado no interior da Região Nordeste, o clima semiárido possui elevadas médias as escassas águas de chuvas penetrem notérmica profundamente anuais que variam entre 26ºC e 28ºC, com a amplitude anual baixa, menor que a amplitude os solos e provocando um pela déficitbaixa hídrico significativo. iária. Essa característica é determinada umidade do ar As que dificulta a armazenagem chuvas são escassas e irregulares, assim sendo para que ao redução índice designificativa da temperatura a pela atmosfera durante o dia, contribuindo período da noite. As elevadas temperaturasnão sãoultrapassa explicadas pela associação das baixas latitudes precipitação anual normalmente 750mm. Sua zida coberturaconcentração de nuvens no céu,nofator quedoamplia quantidade de energia solar que atinge a ocorre período verão eainício do outono, e, consequentemente, promove o aquecimento da atmosfera. consequência, a evaporação é quando podem ser torrenciais e provocar inundações. Em Porém, mpedindo que as escassas águasdedejaneiro chuvas no profundamente provocando um quando as chuvas oupenetrem fevereiro não caem – ou são os solos eAutor: Paulo Roberto. Geografia Ger MORAES, anual Paulo Roberto. Autor: GeografiaMORAES, Geral e do Brasil. rico significativo. As chuvas são escassas e irregulares, sendo que o índice de precipitação pouco intensas, instala-se um ano de seca. Periodicamente, nte não ultrapassa 750mm. Sua concentração ocorre no período do verão e início do outono, quando Clima Subtropical: localizado na zona mesotérmica do planeta – Região Sul do Brasil, o clima registram-se períodos de seca quando de -alguns nosdequais as ou r torrenciais e provocar inundações. Porém, as anos chuvas janeiro fevereiro não caem – ou apresenta médias térmicas reduzidas, se comparado com os demais climas brasileiros. Porém precipitações fi cam bastante abaixo do normal. intensas, instala-se um ano de seca. Periodicamente, registram-se períodos de seca de alguns anos
FORMAÇÕES VEGETAIS BRASILEIRAS
perceber dentro desse clima características de temperaturas distintas o que promove a formação as precipitações ficam bastante abaixo do normal. climáticos: clima subtropical com verões brandos, que domina as áreas mais elevadas, na po Exemplo: Juazeiro, Bahia – Brasil. no centro da região, com médias anuais inferiores a 17ºC e médias de janeiro em torno de Juazeiro, Bahia – Brasil. Cap í tul o 4 que – DOMÍNIOS MORF OCLIMÁ TICOoeste S BR ASI LEI R O subtropical com verões quentes, domina as áreas mais baixas, na porção A análise das formações vegetais brasileiras permite a e nas planície registram-se médias de temperaturas anuais superiores a 18ºC e médias de janeiro superi Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral em e doque Brasil. constatação de uma grande diversidade de paisagens. Essa De maneira generalizada o clima subtropical apresenta elevadas amplitudes térmicas, que giram variedade é devida à grande extensão latitudinal e longitudinal rmica do planeta – Região Sul do Brasil, o clima subtropical 10ºC e, em geral, superam as amplitudes diárias. Dessa forma, é possível concluir que esse clim território nacional, o que determina uma grande variedade arado com os demais climas brasileiros. Porém, édefinição possíveldas estações do do ano, o que o aproxima, em característica, dos climas temperados típicos climática consequentemente, grande vegetal. emperaturas distintas o que promove a formação delatitudes. subtipos É interessante destacar e,que nas áreas serranas do variedade sul de Santa Catarina e norte do A análise das formações vegetais brasileiras permite a constatação de uma grande diversidade de paisagens. E os, que domina as áreas mais elevadas, na porção e do leste Sul, latitude e altitude combinam-se para produzir as menores temperaturas de todo uma país.gran A variedade é devida à grande extensão latitudinal e longitudinal do território nacional, o que determina ores a 17ºC e médias de janeiro em torno de 22ºC; clima o mapaprovoca abaixo: influência da mPaclimática nos meses de inverno períodosvegetal. de frioObserve prolongados, com redução das t variedade e,Observe consequentemente, grande variedade o mapa abaixo: áreas mais baixas, na porção oeste e nas planícies litorâneas, diárias para menos de 0ºC, que estão associadas às geadas e nevadas. Os índices pluviométricos v uais superiores a 18ºC e médias de janeiro superiores a 24ºC. 1.250 a 2.000 mm anuais, distribuídos durante todo o ano, não apresentando assim uma esta esenta elevadas amplitudes térmicas, que giram empronunciada. torno de Sua ocorrência pode ser percebida nas regiões ao sul do trópico de Capricórnio: sul d s. Dessa forma, é possível concluir que esse clima apresenta Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. , em característica, dos climas temperados típicos das médias Exemplo: s serranas do sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande Blumenau, Santa Catarina – Brasil. Autor: MORAES, oduzir as menores temperaturas de todo país. Além disso, aPaulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. períodos de frio prolongados, com redução das temperaturas - Clima na Subtropical: localizadodonaplaneta zona mesotérmica btropical: localizado zona mesotérmica – Região Suldo do Brasil, o clima subtropical às geadas e nevadas. Os índices pluviométricos variam entre médias térmicas reduzidas, comparado com os demais climas brasileiros. Porém, é possível planeta – Regiãose Sulassim do Brasil, clima subtropical todo o ano, não apresentando umaoestação de seca apresenta dentro desse clima características de temperaturas distintas que promove a formação de subtipos térmicas se sul comparado com oos demais nas regiões ao médias sul do trópico de reduzidas, Capricórnio: de São Paulo, : clima subtropical verõesPorém, brandos, que domina as dentro áreas mais climascom brasileiros. é possível perceber desseelevadas, na porção leste e da região, com médias anuais inferiores a 17ºC e médias de janeiro em torno de 22ºC; clima clima características de temperaturas distintas o que promove al com verões quentes, que domina as áreas mais baixas, na porção oeste e nas planícies litorâneas, a formação de subtipos climáticos: clima subtropical com gistram-se médias de temperaturas anuais superiores a 18ºC e médias de janeiro superiores a 24ºC. brandos, que domina as áreas mais elevadas, na porção ra generalizadaverões o clima subtropical apresenta elevadas amplitudes térmicas, que giram em torno de lestease amplitudes no centro dadiárias. região, Dessa com médias inferiores a que esse clima apresenta m geral, superam forma,anuais é possível concluir 17oC médias janeiro em torno de 22oC; clima das estações do ano,e o que ode aproxima, em característica, dossubtropical climas temperados típicos das médias É interessantecom destacar nas áreas serranas sul mais de Santa e norte do Rio Grande verõesque quentes, que domina as do áreas baixas,Catarina na titude e altitude combinam-se para produzir as menores temperaturas porção oeste e nas planícies litorâneas, em que registram-se de todo país. Além disso, a Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Ger da mPa nos meses dede inverno provocaanuais períodos de frio prolongados, com redução das temperaturas médias temperaturas superiores a 18oC e médias ra menos de 0ºC, que estão associadas às geadas e nevadas. Os índices pluviométricos variam entre de janeiro superiores a 24oC. De maneira generalizada o clima .000 mm anuais, distribuídos durante todo o ano, não apresentando assim uma estação de seca subtropical apresenta elevadas amplitudes térmicas, que da. Sua ocorrência pode ser percebida nas regiões ao sul do trópico de Capricórnio: sul de São Paulo, 128 * http://aulaspaulangelica.blogspot.com/2009_02_01_archive.h em torno 10oC e, em geral, superam as amplitudes A classificação vegetal no Brasil ocorre da seguinte maneira: anta Catarina egiram Rio Grande dode Sul.
FORMAÇÕES VEGETAIS BRASILEIRAS
A classificação vegetal no Brasil ocorre da seguinte maneira:
Blumenau, Santa Catarina – Brasil.
-
Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil.
*HRJUD¿D
Floresta Amazônica ou Floresta Equatorial: localizada principalmente em território brasileiro, a Flore Amazônica distribui-se por mais oito países que são: Equador, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Peru, Surinam Guiana Francesa e Guiana. O clima atuante na Curso região éEnem o Enem clima 2019 equatorial, com elevadas 129 médias térmica Curso 2019 | Geografia | Geografia elevados índices pluviométricos.
CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
http://aulaspaulangelica.blogspot.com/2009_02_01_archive.html
A classificação Brasil seguinte maneira: A classifi cação vegetal vegetal no Brasilno ocorre da ocorre seguinteda maneira: Floresta Amazônica ou Equatorial: Floresta Equatorial: localizada principalmente em território Floresta --Floresta Amazônica ou Floresta localizada principalmente em território brasileiro, a Florestabrasileiro, Amazônicaadistribui-se Amazônica distribui-se por mais oito países são: Equador, Colômbia, Bolívia, Venezuela, por mais oito países que são: Equador, Colômbia, Bolívia,que Venezuela, Peru, Suriname, Guiana Francesa e Guiana. Peru, O climaSuriname, atuante na Guiana Francesa e Guiana. O clima atuante na região é o clima equatorial, com elevadas médias térmicas e região é o clima equatorial, com elevadas médias térmicas e elevados índices pluviométricos. elevados índices pluviométricos.
http://belezasdaamazonia.comunidades.net/ http://belezasdaamazonia.comunidades.net/
A floresta possui vegetais com predomínio de porte arbóreo, com árvores que podem atingir até 60 metros, e formando um A floresta possui vegetais com predomínio de porte arbóreo, com árvores que podem atingir até 60 metros, emaranhado de galhos dificultam de a chegada energia solar àasuperfície. também de Observa-se lianas (cipós) e formando um que emaranhado galhos da que dificultam chegadaObserva-se da energia solar àa presença superfície. e epífitambém tas (orquídeas e bromélias). Possui(cipós) grande ebiodiversidade, com vegetação com características hidrófi ta e higrófita e folhas a presença de lianas epífitas (orquídeas e bromélias). Possui grande biodiversidade, com latifoliadas, de maneira a facilitar a transpiração e a absorção delatifoliadas, energia para de a realização fotossíntese. A vegetação vegetação com características hidrófitavegetal e higrófita e folhas maneira da a facilitar a transpiração é perenifólia, não existe estação desfavorável à umidade e temperatura, e a densidade vegetal muito vegetal jáe que a absorção denenhuma energia para a realização daquanto fotossíntese. A vegetação é perenifólia, já que nãoéexiste signifinenhuma cativa, comestação elevadodesfavorável número de indivíduos área, e um número reduzido de indivíduos de cada espécie. Essa relação quanto àpor umidade e temperatura, e a densidade vegetal é muito significativa, com elevadodonúmero de indivíduos área, e um número reduzido de indivíduos cada espécie. Essa amplia o problema desmatamento, devido àpor perda de espécies que, em muitas das vezes, não foramde catalogadas. relação amplia o problema do desmatamento, devido à perda de espécies que, em muitas das vezes, não
foram catalogadas. A floresta pode ser dividida em três estratos de vegetais:
A floresta pode ser dividida em três estratos de vegetais:
•
Mata de Igapó ou Caiapó: situada junto ao rio, permanece alagada o ano inteiro.
•
desituada Várzea: situada na área várzea rio, está aOS alagamentos Mata Várzea: área de várzea do de rio,M está sujeita a alagamentos periódicos. C- a de pMata ítu lo 4 –naDOMÍNIOS OR FdoOC LI Msujeita Á TIC B R A Speriódicos. I LE IR OS
•
-
Mata de Igapó ou Caiapó: situada junto ao rio, permanece alagada o ano inteiro. Mata de Terra Firme: situada fora do alcance do rio, essa vegetação não sofre alagamentos durante o ano
Mata deeTerra Firme: situadaparte fora do do rio, essa vegetação não sofre alagamentos durante o ano e ocupa a maior parte ocupa a maior daalcance floresta. da floresta.
*HRJUD¿D
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- Atlântica Mata Atlântica ouTropical: Floresta Tropical: na faixa litorânea brasileira, atuação climas Tropical e Mata ou Floresta localizada na localizada faixa litorânea brasileira, sob atuação dos sob climas Tropicaldos Úmido, Subtropical Úmido,a Mata Subtropical Típico, a Mata pela Atlântica é influenciada diretamenteuma pela umidade oceânica. Tropical Típico, AtlânticaeéTropical influenciada diretamente umidade oceânica. Originalmente, parte da floresta estendiauma parte estendia-se para o interior de São onde influenciada peloquanto clima à se para oOriginalmente, interior de São Paulo, ondeda erafloresta influenciada pelo clima tropical e tropical dePaulo, altitude, comera estações alternadas tropical e tropical de altitude, com estações alternadas quanto à precipitação. precipitação.
A Mata Atlântica apresenta predomínio de porte arbóreo, com árvores que podem atingir 40 metros de altura – com a presença em menor expressividade dos portes herbáceos e arbustivos, elevada biodiversidade, vegetação higrófita, folhas latifoliadas e comportamento semidecíduo e decíduo. Essa última característica está relaciona com o afastamento de parte da floresta das áreas litorâneas, fator que diminui a disponibilidade de umidade para a vegetação, e ocorrência da Mata em áreas de altitudes mais elevadas, o que reduz consideravelmente a temperatura no período do inverno. A densidade vegetal também é significativa, porém menor se comparada a Floresta Amazônica, com a presença de orquídeas, bromélias e cipós, contribuindo diretamente
130 Geografia | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
C ap ít ulo 4 – DO M ÍN IO S M O R F O C LIM Á T IC O S B R AS I L E I R OS
para a alta biodiversidade local. A Mata Atlântica ocupava, área de 2 milhões quilômetros quadrados, cerca de 24% do http://spnoticias.com.br/?p=8747 originalmente, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, brasileiro. É inflmas uenciado principalmente pelo climaque surgiram A regiãoterritório apresenta elevada biodiversidade, com predomínio de algumas espécies palmáceas, pela combinação das três formações vegetais, como ade carnaúba, o babaçu, o buriti e a oiticica. Essas espécies tropical típico, com alternância estações secas e chuvosas, cerca de 13% do território nacional. No entanto, restam apenas ântica apresenta predomínio de porte arbóreo, com árvores que podem atingir metros de aaltura produzem40 matéria prima para indústria – de cosméticos, fator que indica a principal atividade econômica da região:o o extrativismo vegetal. o desenvolvimento de espécies tropófitas, 91expressividade quilômetros quadrados de mata – menos de 7% do volume que favorece sença em menor dos portes herbáceos e arbustivos, elevada biodiversidade, vegetação adaptadasestá à variação de umidade anual. Predominam os original. A vegetação remanescente ainda cerca de característica folhas latifoliadas e comportamento semidecíduo eguarda decíduo. Essa última relaciona http://mauzl.blogspot.com.br/2010/09/11-de-setembro-dia 20 mildaespécies planta – 8litorâneas, mil endêmicas. ema disponibilidade portes arbustivos e herbáceos, com galhos retorcidos, folhas stamento de parte florestade das áreas fator Apresenta, que diminui de umidade getação, e ocorrência Matamais em áreas altitudesdemais elevadas, o que reduz consideravelmente a alguns da locais, de 450deespécies árvore num único cobertas por pêlos e com raízes profundas, que ajudam a ura no período hectare do inverno. A densidade tambémlocalizado é significativa, menor seperíodos comparada - vegetal Cerrado: na porém região central do Brasil, envolve da Região suportar os de seca, e mesmoparte os incêndios comunsCentro-Oest – o que representa uma biodiversidade por hectare Amazônica, com a presença de orquídeas, bromélias e cipós, contribuindo para chuva. a bioma alta A biodiversidade sendo classificado como segundo brasileiro, ocupando uma área de superior à da Amazônia. A região reúne, ainda, centenas de o diretamente nas épocas maior sem é elevada, com dade local. A Mata Atlântica ocupava, originalmente, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, de 10 mil espécies vegetais – 44% delas principalmente endêmicas. A espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios.cerca de 24% docerca quadrados, território brasileiro. É influenciado pelo cl 13% do território nacional. No entanto, restam apenas 91 quilômetros quadrados de mata – menos fauna também é o riquíssima, com centenas de espécies de alternância de estações e chuvosas, que volume original. A vegetação remanescente guarda ainda cerca de 20secas mil espécies de planta – 8 favorece o desenvolvimento de espécie - Mata Cocais: localizada em parteespécies da de região mamíferos, aves,–répteis anfíbios. arbustivos A densidade vegetal varia variação umidade anual. Predominam oseportes e herbáceos, com g micas. Apresenta, em de alguns locais, mais àde 450 denordeste árvore num único hectare o que de acordo com características do solo e índices pluviométricos conhecidapor como Meio superior Norte,cobertas que compreende os Estados a uma biodiversidade hectare à da Amazônia. A região reúne, ainda, centenas de por pêlos e com raízes profundas, que ajudam a suportar os períodos de seca e segundo MORAES (2003) é eleelevada, pode ser dividido em: de 10 mil espécie Maranhão sofre a atuação direta doépocas clima Tropical de mamíferos, do aves, répteis eePiauí, anfíbios. http://mauzl.blogspot.com.br/2010/09/11-de-setembro-dia-nacional-do-cerrado.html comuns nas sem chuva. A biodiversidade com cerca Típico. Essa vegetação é considerada de transição, por ter Cerrado: localizado na região central do Brasil, envolve parte da Região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, endêmicas. A fauna também éque riquíssima, com centenas de espécies de mamíferos, a Cocais: localizada em parte nordeste conhecida como Meio Norte, compreende osbioma sendo classificado como o segundo maior brasileiro, uma área de 2 milhões quilômetros sido formada na da árearegião de contato com da Floresta Amazônica, - Cerradão: com predomínio do porteocupando arbóreo; quadrados, cerca de 24% do território brasileiro. É influenciado principalmente pelo clima tropical típico, com A densidade vegetal varia de acordo com características do solo e índices pluviométric o Maranhão e Piauí, sofre a atuação direta do clima Tropical Típico. Essa vegetação é considerada de alternância de estações secas e chuvosas, o que favorece o desenvolvimento de espécies tropófitas, adaptadas Cerrado e Caatinga. à variação umidade anual. Predominam os portes arbustivos e herbáceos, com galhos retorcidos, folhas por ter sido formada na área de contato com da Floresta Amazônica, Cerrado edeCaatinga. (2003) ele pode ser dividido em: - por Cerrados estritoqueou Cerrados cobertas pêlos e comsenso raízes profundas, ajudam a suportar típicos: os períodos com de seca,árvores e mesmo os incêndios comuns nas épocas sem chuva. A biodiversidade é elevada, com cerca de 10 mil espécies vegetais – 44% delas espaçadas, arbustos e vegetação rasteira; - de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. endêmicas. A fauna também é riquíssima, com centenas de espécies
- Cerradão: com predomínio do porte arbóreo; A densidade vegetal varia de acordo com características do solo e índices pluviométricos e segundo MORAES (2003) ele pode ser dividido em:
-Cerrados Campos de comárvores predomínio de arbustos e - Cerrados senso estrito -ou típicos: com espaçadas, arbustos e vege Cerradão: com predomínio docerrado: porte arbóreo; vegetação rasteira.
- Cerrados senso estrito ou Cerrados típicos: com árvores espaçadas, arbustos e vegetação rasteira;
- Campos de cerrado: com predomínio de arbustos vegetação rasteira. - Campos de cerrado: com predomínio de arbustos e e vegetação rasteira.
Nas áreas de Cerrado verificam-se as vegetações de Mata Galeria ou Mata Ciliar e, também, a vegetação de Veredas. As Matas Ciliares e Matas Galerias acompanham as redes hidrográficas, promovendo a proteção das mesmas, através da interceptação dos sedimentos que promovem o processo de assoreamento. Essas vegetais apresentam a diferença de densidade, sendo a Mata Galeria mais densa e fechada que a Mata Ciliar. As áreas próximas da rede hidrográfica favorecem o desenvolvimento das duas formações vegetais devido à maior umidade do solo e fertilização natural promovida pelo alagamento periódico das áreas de várzea. Dessa forma, disponibilizam-se para a formação vegetal os elementos necessários para o seu desenvolvimento – água e macronutrientes.
Nas áreas de Cerrado verificam-se as vegetações de Mata Galeria ou Mata Ciliar e, também, a vegetação de Veredas. As Matas Ciliares e Matas Galerias acompanham as redes hidrográficas, promovendo a proteção das mesmas, através https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1f/Carnauba_ce.jpg ítulo 4 A– região D OMÍNIO S MORFOC L I MÁ T IC OS daBR A S IL Edos IR OS interceptação sedimentos que promovem o processo apresenta elevada biodiversidade, mas com de assoreamento. Essas vegetais apresentam diferença Nas palmáceas, áreas deque Cerrado verificam-se as vegetações de Mata Galeriaa ou Mata Ciliar e, ta predomínio de algumas espécies surgiram de densidade, sendo a Mata Galeria mais densa e fechada pela combinação das três Veredas. formações vegetais, como a As Matas Ciliares e Matas Galerias acompanham as redes hidrográficas, p que a Mata Ciliar. As áreas próximas da rede hidrográfica *HRJUD¿D carnaúba, o babaçu, o buritidas e amesmas, oiticica. Essas espécies através da interceptação dos sedimentos que promovem o processo d favorecem o desenvolvimento senta elevadaproduzem biodiversidade, mas com predomínio de algumas espécies palmáceas, que surgiram das duas formações vegetais matéria prima para a indústria de cosméticos, vegetais apresentam a diferença de densidade, sendo a Mata Galerianatural mais densa e fec à maior do solo e fertilização ção das três formações vegetais, como a carnaúba, o babaçu, o buriti e devido a oiticica. Essas umidade espécies fator que indica a principal atividade econômica da região: o As áreas rede hidrográfica favorecem o desenvolvimento das duas forma promovida alagamento das áreas de várzea. atéria prima para a indústria de cosméticos, fator próximas que indica da a principal atividadepelo econômica da periódico extrativismo vegetal. maior umidade do solo e fertilização natural promovida alagamento das rativismo vegetal. Dessa forma, disponibilizam-se parapelo a formação vegetal periódico os forma, disponibilizam-se para a formação vegetal os desenvolvimento elementos necessários para o elementos necessários para o seu – água e macronutrientes. http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ água e macronutrientes. *HRJUD¿D
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http://mauzl.blogspot.com.br/2010/09/11-de-setembro-dia-nacional-dohttp://mauzl.blogspot.com.br/2010/09/11-de-setembro-dia-nacional-do-cerrado.html cerrado.html
alizado na região central do Brasil, envolve parte da Região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, na região central do ocupando Brasil, envolve parte icado como o- Cerrado: segundolocalizado maior bioma brasileiro, uma área de 2 milhões quilômetros Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, sendo classificado pelo clima tropical típico, com erca de 24% da doRegião território brasileiro. É influenciado principalmente como o segundoomaior bioma brasileiro, ocupando uma http://www.1000dias.com/an http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ e estações secas e chuvosas, que favorece o desenvolvimento de espécies tropófitas, adaptadas e umidade anual. Predominam os portes arbustivos e herbáceos, com galhos retorcidos, folhas pêlos e com raízes profundas, que ajudam a suportar os períodos de seca, e mesmo os incêndios épocas sem chuva. A biodiversidade é elevada, com cerca de 10 mil espécies vegetais – 44% delas Curso Enem 2019 | Geografia 131 A fauna também é riquíssima, com*HRJUD¿D centenas de espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. vegetal varia de acordo com características do solo e índices pluviométricos e segundo MORAES ode ser dividido em:
CapCAPÍTULO ít u lo 4 – 4D ODinâmica M Í N I O SClimática MORFOe CL I M Á T I CMorfoclimáticos O S BR A S I L E I R O S Domínios Ca p ítu lo 4 – DOMÍNIOS MOR F OC LI M Á TIC OS RR AA S ISLE C a p ítu l o 4 – DO M Í N ITRODUÇÃO O S M O R FÀ OFILOSOFIA C L I M Á T I C O SBB I LIR E IOS ROS Os maiores problemas pela últimos região são Estima-se que, noenfrentados decorrer dos 15 aanos Estima-se que, no dos últimos 15áreas. anos salinização do solo e a decorrer desertifi cação grandes do século passado, 40 milde quilômetros quadrados Estima-se que, no40decorrer dos últimos 15 anos do século passado, mil se quilômetros quadrados de caatinga tenham transformado em áreas de do século passado, mil quilômetros quadrados de caatinga tenham se40 transformado em áreas de Estima-se que, no decorrer dos dos últimos 15 anos do século desertificação. Alguns responsáveis por isso de caatinga tenham desertificação. Alguns se dostransformado responsáveis em por áreas isso de passado, 40 quilômetros quadrados a mil exploração da para por atenham produção sãosão a exploração da vegetação paradea caatinga produção desertificação. Alguns dosvegetação responsáveis isso se áreas de desertificação. Alguns dos por de lenha eem carvão, a contaminação do solo detransformado lenha e carvão, a contaminação do solo por são a exploração da vegetação para a produção responsáveis por isso são a de exploração da vegetação para agrotóxicos e o emprego de técnicas de irrigação agrotóxicos e o emprego técnicas de irrigação de lenha e carvão, a contaminação do solo por ainadequadas produção depara lenhapara e carvão, a contaminação solo tipo detipo solo existente ali –do inadequadas o solo existente alipor – raso agrotóxicos e o o emprego dede técnicas de raso irrigação e sujeito ae o grande índice de evaporação. Estimaagrotóxicos emprego de técnicas de irrigação inadequadas e sujeito a grande índice de evaporação. Estimainadequadas para o tipo de solojáexistente ali – raso se que cerca deexistente 50% do tenhaajágrande sofrido para o tipo de solo alibioma – de raso ebioma sujeito índice se que cerca deíndice 50% doevaporação. tenha sofrido ealgum sujeito a de grande Estimatipo deterioração e que 20% estejam de evaporação. Estimase que cerca de 50% do bioma já algum tipo de deterioração e que 20% estejam se que cerca de 50% do bioma já tenha sofrido completamente degradados. tenha sofrido algum tipo de deterioração e que 20% estejam completamente degradados. algum tipo de deterioração e que 20% estejam completamente degradados. completamente degradados. http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ A vegetação de Veredas se forma em áreas de http://www.1000dias.com/ana/grande-sertao-veredas/ afloramento lençol freático, o que promove AA vegetação vegetação dedoVeredas se áreas ade de Veredas se forma emforma áreas deem afloramento umidificação do solo, fator de favorecimento para odo lençol freático, o cação que áreas promove a A afloramento vegetação Veredas se aA forma em lençol freático,dedo o que promove umidifi do solo,defator desenvolvimento vegetal. espécie predominante umidificação solo, fator detipo favorecimento afloramento dodo lençol o que promove a o de favorecimento para o freático, desenvolvimento vegetal. A para espécie é o buriti, um determinado de palmácea.
desenvolvimento vegetal. espécietipo predominante umidificação doé solo, fator deAfavorecimento para o predominante o buriti, um determinado de palmácea. Caatinga: localizada na região é- o buriti, um determinado tipo depredominante palmácea. desenvolvimento vegetal. Aprincipalmente espécie nordeste, a vegetação se desenvolve em áreas de é o- buriti, umlocalizada determinado tipo de palmácea. Caatinga: principalmente na região nordeste, atuação de clima semiárido. A Caatinga apresenta Caatinga: localizada principalmente na região a vegetação se desenvolve em áreas de atuação de clima predomínio de porte sendo emde Caatinga: localizada principalmente na região nordeste, a seherbáceo, desenvolve em que áreas semiárido. A vegetação Caatinga apresenta predomínio de porte algumas áreas o porte arbustivo se concentra nordeste, ade vegetação sealgumas desenvolve em áreas de atuação clima semiárido. A áreas Caatinga apresenta herbáceo, sendo que em o porte arbustivo de maneira significativa, formando o chamado atuação de clima semiárido. A Caatinga apresenta predomínio demaneira portesignifi herbáceo, sendo em se concentra de cativa, oque chamado http://www.estudopratico.com.br/mata-de-araucariasCaatingão. Caracteriza-se porformando predomínio de predomínio de porte herbáceo, sendo que em algumas áreas o porte arbustivo se concentra exploracao-caracteristicas-e-ameaca-de-extincao/ vegetação xerófita – adaptada a regiões baixos Caatingão. Caracteriza-se por predomínio dedevegetação algumas o aporte se concentra de maneira significativa, formando odensidade chamado índices pluviométricos, possui baixa xerófi ta –áreas adaptada regiões arbustivo de baixos índices pluviométricos, Mata de Pinhais ou Mata de Araucária: deCaatingão. maneira formando o coriáceas chamadocom vegetal, folhas coriáceas com comportamento http://www.estudopratico.com.br/mata-de-araucariasCaracteriza-se por predomínio de possui baixasignificativa, densidade vegetal, folhas localiza-se na região sul do Brasil, sob a atuação http://www.estudopratico.com.br/mata-de-araucariasCaatingão. Caracteriza-se por decom decíduo, e decíduo, algumas comdefolhas exploracao-caracteristicas-e-ameaca-de-extincao/ vegetação xerófita – adaptada apredomínio regiões baixos - do Mata de Pinhais ou Mata de Araucária: na região comportamento e vegetações algumas vegetações clima subtropical. A floresta possuilocaliza-se predomínio exploracao-caracteristicas-e-ameaca-de-extincao/ em forma de espinhos, de maneira a reduzir a vegetação xerófita adaptada regiões dedensidade baixos índices possui baixa de do porte – espécie Araucária, folhas sul Brasil,arbóreo sob aPinhais atuação doou clima subtropical. AAraucária: floresta folhas empluviométricos, forma de–espinhos, de amaneira a reduzir a perda Mata de Mata de perda de água pelopossui vegetal.baixa Apresenta grande índices pluviométricos, densidade aciculifoliadas e o de comportamento perenifólio. As vegetal, folhas coriáceas com comportamento possui predomínio porte – de espécie Araucária, de água pelo vegetal. Apresenta grande biodiversidade, Mata de Pinhais ou arbóreo Mata Araucária: localiza-se na região sul do Brasil, sob a atuação biodiversidade, favorecida pelas elevadas médias vegetal, folhas coriáceas com comportamento folhas aciculifoliadas em forma dee agulha é Brasil, uma adaptação à decíduo, e oelevadas algumas vegetações com folhas folhas osul comportamento perenifólio. As favorecida pelas médias térmicas, o que possibilita o localiza-se na região do sob a atuação térmicas, que possibilita o desenvolvimento do clima subtropical. A floresta possui predomínio caracterização climática de precipitação em forma decíduo, e de algumas folhas em forma espinhos, amaior reduzir a folhas em forma de agulha é uma adaptação à caracterização desenvolvimento de meiosvegetações favoráveis anúmero umcom número maior do clima subtropical. A floresta possui predomínio de meios favoráveis adeummaneira dede de porte arbóreo espécie Araucária, folhas de neve, de maneira que o–vegetal não se quebre em forma deágua espinhos, deo desenvolvimento maneira a reduzir a perda de pelo vegetal. Apresenta climática de precipitação em forma de neve, de maneira que o espécies. Apesar disso, vegetal espécies. Apesar disso, o desenvolvimento vegetal é grande limitado de porte – espécie Araucária, o comportamento perenifólio. comaciculifoliadas o peso arbóreo da neve.e Essa característica confere àfolhas As perda de água pelo vegetal. Apresenta grande limitado pelos baixos índices da biodiversidade, favorecida pelas elevadas médias vegetal não seem quebre o peso davegetação neve. característica pelosé baixos índices pluviométricos dapluviométricos região. Diante disso, aciculifoliadas e oacom comportamento perenifólio. As Mata de Araucária definição de fóssil, folhas forma de agulha é Essa uma adaptação à biodiversidade, favorecida pelas elevadas médias região. Diante disso, que a térmicas, o destacar que possibilita o desenvolvimento confere àem Mataforma de Araucária a defi nição de vegetação fóssil, é interessante queéainteressante vegetação dadestacar região apresenta folhas de agulha é uma adaptação à por caracterização atualmente o clima subtropical não possuir climática de precipitação em forma térmicas, o que possibilita o desenvolvimento vegetação daàsregião apresenta certaprecipitação, adaptação de favoráveis a um número maior às de por atualmente o clima subtropical não possuir precipitação certameios adaptação condições de baixa com caracterização climática precipitação em aforma precipitação forma de de neve. assim, de neve,em de maneira que oSendo vegetal não se quebre condições de baixaaprecipitação, com maior aspectosde de deespécies. meios um número justificativa para a formação dessa vegetação está Apesar disso, desenvolvimento em forma neve. Sendo assim, a justifi cativa para a aspectos defavoráveis adaptação para ao manutenção do vegetalvegetal durante de neve, de maneira que o vegetal não se quebre com o peso da neve. Essa característica confere à adaptação para a manutenção do vegetal durante espécies. Apesar disso, o desenvolvimento vegetal da relacionada com antigosEssa paleoclimas, em que as éoslimitado pelos baixos índices pluviométricos formação dessa vegetação está relacionada com antigos períodos mais críticos. Sendo assim, o aspecto físico dos com o peso da neve. característica confere à os períodos mais críticos. Sendo assim, o aspecto Mata de Araucária a definição de vegetação fóssil, é limitado pelos baixos índices pluviométricos da médias menores e, vegetação com isso, afóssil, paleoclimas, em queeram as médias térmicas eram menores e, região. disso, é destacar que a vegetais Diante é muito parecido que sugere baixa Mata detérmicas Araucária a definição de dosdisso, vegetais éointeressante muito parecido obiodiversidade, que que sugere por atualmente o clima subtropical não possuir região.físico Diante é interessante destacar a precipitação era em forma de neve, apresentando com isso, a precipitação era em forma de neve, apresentando por atualmente o clima subtropical não possuir porém a diversidade dos vegetais é signifi cativa. Vivem nesse vegetação da região apresenta certa adaptação às baixa biodiversidade, porém a diversidade dos precipitação em forma de neve. Sendo assim, a a necessidade de folhas em forma de agulhas. vegetação da região apresenta certa adaptação às emfolhas forma neve. Sendo assim, ao aprecipitação necessidade de em de forma de agulhas. Durante vegetais é baixa significativa. Vivem nesse bioma cerca bioma cercade de 1,2 mil precipitação, espécies de planta, 360 delas condições comsendo aspectos de Durante o momento de a médias térmicas menores – justificativa para formação dessa vegetação está condições de baixa precipitação, com aspectos de de 1,2 epara mil espécies 360durante delas e justificativa a formação dessa está endêmicas, outras tantasdedeplanta, mamíferos, aves, répteis momento deaspara médias térmicas dos menores –brasileiros Era Glacial, as adaptação a manutenção dosendo vegetal Era relacionada Glacial, características climasvegetação com antigos paleoclimas, em que as adaptação para aemanutenção do durante endêmicas, tantas devegetal mamíferos, aves, relacionada com antigos paleoclimas, que as anfíbios. características dos climas brasileiros favoreciam aem distribuição os períodos maisoutras críticos. Sendo assim, o aspecto favoreciam a distribuição da Mata de Araucária, médias térmicas eram menores e, com isso, a os períodos mais críticos. Sendo assim, o aspecto e anfíbios. médias eram menores e, isso, a que se estendia da região da Bahia até com a região da Mata detérmicas Araucária, que sesul estendia da região sul da Bahia físicorépteis dos vegetais é muito parecido o que sugere precipitação era em forma de neve, apresentando físico dos vegetais é muito parecido o que sugere Sula do Brasil. Após a elevação das médias térmicas precipitação era em forma de neve, até região Sul do Brasil. Após a elevação das apresentando médias térmicas baixa biodiversidade, porém a diversidade dos a necessidade de folhas em forma de agulhas. baixa biodiversidade, porém a diversidade dos osclimas climas brasileiros desfavorecem a manutenção a necessidade dedesfavorecem folhas em aforma de agulhas. os brasileiros manutenção da Mata vegetais é significativa. Vivem nesse bioma cerca vegetais é significativa. Vivem nesse bioma cerca Durante o momento de médias térmicas menores – da Mata de Araucária e ela se restringiu apenas Durante o momento de médias térmicas menores – de Araucária e ela se restringiu apenas à região Sul, área de 1,2 mil espécies de planta, sendo 360 delas de 1,2 mil espécies de planta, sendo 360 delas Era Glacial, as características dos climas brasileiros à região Sul, área em que as médias térmicas Eraque Glacial, as características dos climas em as médias térmicas menores. Apesarbrasileiros de o clima endêmicas, e outras tantas mamíferos, aves, sãofavoreciam menores. Apesar de são o clima subtropical não endêmicas, e outras tantas de de mamíferos, aves, a distribuição da Mata de Araucária, favoreciam a apresentar distribuição da Mata de Araucária, répteis e anfíbios. subtropical não precipitação em forma de apresentar precipitação em forma de Bahia neve, até as neve, répteis e anfíbios. que se estendia da região sul da a região que se estendia região sul Bahia atéàs aàs região as médias térmicasda menores, em comparação médias médias térmicas menores, emda comparação Sul do Brasil. Após a elevação das médias térmicas Sul do Brasil. Após possibilitou aa elevação médias médias brasileiras, a daadaptação da brasileiras, possibilitou adaptaçãodas Mata de térmicas Araucária os climas brasileiros desfavorecem a manutenção climas brasileiros desfavorecem a destacar manutenção Mata de Araucária essa região. Dessa maneira, é que a àos essa região. Dessaàmaneira, é importante da Mata de Araucária e ela se apenas da Mata de Araucária ela seconsiderada restringiu apenas importante destacar que ae vegetação de restringiu Araucária vegetação de Araucária não pode ser vegetação à região Sul, área em que as médias térmicas não pode ser considerada vegetação equivalente à região Sul, áreadaem que as médias térmicas equivalente ecológico vegetação Coníferas, devido ao não são menores. Apesar odeclima subtropical ecológico da vegetação de Coníferas, devido ao não são menores. Apesar de odeclima subtropical não desenvolvimento das mesmas em latitudes equivalentes, não desenvolvimento das mesmas em latitudes apresentar precipitação em forma de neve, apresentar precipitação em forma de neve, as as sendo que a Mata de Araucária encontra aproximadamente equivalentes, sendo quemenores, a se Mata de em Araucária se médias térmicas comparação médias térmicas menores, em comparação às às na latitude de 30o S a vegetação Coníferas latitude de encontra aproximadamente nadelatitude de S médias brasileiras, possibilitou ana30o adaptação médias brasileiras, possibilitou a adaptação da da a vegetação de Coníferas naa biodiversidade latitude de 50o N.baixas, 50o N. A densidade vegetal e são Mata de Araucária à essa região. Dessa maneira, é Mata de Araucária à aessa região. Dessa maneira, é A densidade vegetal biodiversidade são baixas, devido à severidade doeclima de formação da vegetação. importante destacar que ade vegetação de Araucária importante destacar queclima a vegetação de Araucária devido à severidade do formação da Essa não formação vegetal considerada apresenta a maior taxa de degradação pode vegetação equivalente não pode ser ser considerada vegetação equivalente vegetação. entreecológico as vegetações brasileiras, com mais de 99% de devido ao vegetação de Coníferas, ecológico da da vegetação de Coníferas, devido ao Essa formação vegetal apresenta a maior taxa de http://www.brasilescola.com/brasil/caatinga.htm desenvolvimento mesmas latitudes nãonão desenvolvimento das das mesmas em em latitudes degradação entre as vegetações brasileiras, com equivalentes, sendo a Mata de Araucária equivalentes, sendo que que a Mata de Araucária se se Os maiores problemas enfrentados pela região são mais de 99% de degradação, fator determinado encontra aproximadamente na latitude de 30o S encontra aproximadamente na latitude de 30o S a salinização do solo e a desertificação de grandes pela expansão das atividades antrópicas na região 132 Geografia | Curso Enem 2019 áreas. a agropecuária, vegetação de Coníferas na latitude de 50o a vegetação de Coníferas nae industrialização. latitude de 50o N. N. como urbanização A densidade vegetal e a biodiversidade são baixas, A densidade vegetal e a biodiversidade são baixas, devido à severidade do do clima de formação da da devido à severidade clima de formação
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
C apít ulo 4 – DOMÍNIOS MORFOCL IMÁTICOS BRASIL EIR OS C a pí t ulo 4 – DOMÍNIOS MORFOCLIMÁ TICOS BRA S ILE IROS
vegetal, já que nesses momentos ocorre a fertilização natural degradação, fator determinado pela expansão das atividades solo comMa Á de B macronutrientes C a p ít u lo 4 – D O M Í N I OS M OR TI R O antrópicas na região como agropecuária, urbanização e C a p ít u lo 4 – D O M Í N I OS M ORdoFOCLI FOCLI M Ádeposição TI COS COS B R ASI ASI LEI LEIeR Rmatéria OS S orgânica transportados pela rede hidrográfica. O Pantanal é a industrialização. Campos ou Pradarias: localizada na região Sul, Essa formação vegetal também sofre com as únicaEssa formação, com suas características, em escala planetária Campos Pradarias: localizada na região Sul, formação vegetal sofre com as em uma ou área denominada Campanha Gaúcha, alterações antrópicas detambém maneira implacável. e, poralterações é considerado patrimônio natural da nas humanidade. em uma área do denominada Gaúcha, antrópicas deagravou-se maneira implacável. - Campos Pradarias: localizada naCampanha região Sul, uma sob ou a atuação clima subtropical. Osem Campos Aisso, degradação ambiental últimas sob a atuação do clima subtropical. Os Campos A degradação agravou-se últimas --área Campos ou Pradarias: localizada na Sul, Essa formação vegetal também com denominada Campanha Gaúcha, a região atuação do possuem de portesobherbáceo, baixa duas décadas, ambiental com o crescimento dasnas cidades Campos oupredomínio Pradarias: localizada na região Sul, Essa formação vegetal também sofre sofre com as as e possuem predomínio de porte herbáceo, baixa duas décadas, com o de crescimento das cidades uma área denominada Campanha Gaúcha, alterações antrópicas maneira implacável. Essa formação vegetal também sofre com as alterações climaem subtropical. Os Campos possuem predomínio de porte biodiversidade e baixa densidade vegetal – a ocupação da cabeceira de importantes rios quee em uma área denominada Campanha Gaúcha, alterações antrópicas de maneira implacável. biodiversidade e clima baixabaixa densidade vegetal adegradação ocupação da cabeceira deA importantes rios que sob a atuação do Os Campos A ambiental agravou-se nas últimas antrópicas deamaneira implacável. degradação ambiental considerando a de densidade pessoas animais, região. A navegação nos rios e herbáceo, biodiversidade –– sob abaixa atuação docirculação climaesubtropical. subtropical. Os evegetal Campos A cortam degradação ambiental agravou-se nasParaguai últimas considerando a circulação de e animais, cortam a região. Aduas navegação rioscidades Paraguai e possuem porte herbáceo, baixa duas décadas, com o das e devido aàspredomínio médias térmicas menores dessa região. Paraná coloca em asdécadas, frágeisnos matas Mas agravou-se nas últimas com crescimento considerando circulação de de pessoas epessoas animais, devido às possuem predomínio de porte herbáceo, baixa duas décadas, comrisco o crescimento crescimento dasociliares. cidades e devido às médias térmicas menores dessa região. Paraná em risco as frágeis matas ciliares. 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Mas da agropecuária, gerando áreas dessa de arenização das pastagens, a contaminação das águas e do devido às médias térmicas menores dessa região. Paraná coloca em risco as frágeis matas ciliares. Mas coloca em risco as frágeis matas ciliares. Mas a maior ameaça Esse bioma foi fortementegerando impactado peladeatividade da da agropecuária, áreas arenização das a contaminação dasnovamente, águas e do a ameaça sobre esse vem, pelas técnicas inadequadas de uso do solo. solo pastagens, por pesticidas e a bioma introdução de espécies a maior maior ameaça sobrenovamente, esse bioma vem, novamente, sobre esse bioma vem, da agropecuária: as agropecuária, gerando áreas de arenização pelas técnicas pelas técnicas inadequadas de uso do solo. 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http://www.ecodebate.com.br/2009/06/04/40-do-pantanalja-foi-devastado/ http://www.ecodebate.com.br/2009/06/04/40-do-pantanalja-foi-devastado/ -http://www.ecodebate.com.br/2009/06/04/40-do-pantanalPantanal: localizado na região Centro-Oeste, http://www.ecodebate.com.br/2009/06/04/40-do-pantanalja-foija-foi-devastado/ sobhttp://www.ecodebate.com.br/2009/06/04/40-do-pantanala atuação do climana tropical típico, o Pantanal Pantanal: localizado região Centro-Oeste, ja-foi-devastado/ devastado/
é considerado área detropical ecótone, ou o seja, área sob a atuação do clima típico, Pantanal -Pantanal: localizado na região Centro-Oeste, transição vegetal entre a Floresta Equatorial, édeconsiderado área de ecótone, ou seja, área Pantanal: localizado na região Centro-Oeste, - Pantanal: localizado na região Centro-Oeste, sob a atuação sob a atuação do tropical típico, Pantanal Cerrado e Estepes daentre região do Chacoo na Bolívia. de transição vegetal Floresta sob atropical atuação do clima clima tropical típico, o Equatorial, Pantanal do clima típico, o Pantanal éa considerado área de é considerado área de ecótone, ou seja, área Apresenta elevada biodiversidade, com grande Cerrado e Estepes da região do Chaco na Bolívia. é considerado área de ecótone, ou seja, área ecótone, ou seja,de área de transição vegetal entre a Floresta de transição vegetal entre a Floresta Equatorial, variação portes vegetais, sendo caracterizada Apresenta biodiversidade, grande de transição elevada vegetal entre a Floresta com Equatorial, Equatorial, Cerrado eportes Estepes da região sendo do Chaco nadifícil Bolívia. Cerrado e Estepes da região na como por ser variação de vegetais, caracterizada Cerrado evegetação Estepes dacomplexa, região do do Chaco Chaco na Bolívia. Bolívia. a Apresenta elevada biodiversidade, compor grande Apresenta elevada biodiversidade, com grande determinação de características predominantes. como vegetação complexa, ser variação difícil a Apresenta elevada biodiversidade, com grande variação de portes vegetais, sendo caracterizada de portes vegetais, sendo caracterizada como vegetação ��a��o mais �r��imo da rede hidrográfica mais determinação de características predominantes. variação de portes vegetais, sendo caracterizada como vegetação por ser difícil a complexa, por sera difícil acomplexa, determinação deaos características adaptada vegetação precisa ser períodos ��a��o mais �r��imo da rede hidrográfica como vegetação complexa, por ser difícilmais ade determinação características alagamento –de e verão, e quanto mais predominantes. Quanto mais próximo da rede hidrográfi ca adaptada a vegetação precisa serpredominantes. aos períodos de determinação deprimavera características predominantes. mais da mais afastada rede hidrográfica, mais adaptada alagamento –�r��imo primavera e verão, e quanto mais mais ��a��o adaptada adavegetação precisa serhidrográfica aos períodos de a ��a��o mais �r��imo da rede rede hidrográfica mais adaptada a vegetação precisa ser aos de vegetação precisa ser aos períodos de estiagem afastada redee verão, hidrográfica, adaptada alagamento – primavera e quanto maisperíodos afastada daa adaptada ada vegetação precisa ser mais aos períodos de alagamento – primavera e verão, e quanto mais prolongada. O alagamento vivenciado pela região vegetação precisa ser aos períodos de estiagem – primavera verão, e precisa quanto mais rede alagamento hidrográfi ca, mais adaptada ae vegetação ser aos afastada da hidrográfica, mais a é essencial para a manutenção da adaptada configuração prolongada. O alagamento vivenciado pela região afastada da rede rede hidrográfica, mais adaptada a períodos de estiagem prolongada. Operíodos alagamento vivenciado vegetação precisa ser aos de estiagem vegetal, já que nesses momentos ocorre a é essencial para a manutenção da configuração vegetação precisa ser aos períodos de estiagem pela prolongada. região é essencial para a manutenção da confi guração alagamento vivenciado pela região fertilização do solo com a deposição vegetal, jáO que nesses momentos ocorre a prolongada. Onatural alagamento vivenciado pela regiãode é essencial a macronutrientes matéria transportados natural do soloorgânica comda deposição de éfertilização essencial para para ae manutenção manutenção daa configuração configuração vegetal, já que ocorre a pela rede Pantanal é a única macronutrientes matériaOmomentos orgânica transportados vegetal, já hidrográfica. que e nesses nesses momentos ocorre a fertilização natural do solo com a deposição de formação, com suas características, em escala pela rede natural hidrográfica. Pantanal é a única fertilização do soloO com a deposição de macronutrientes e matéria transportados planetária com e, por isso,características, é orgânica considerado patrimônio formação, em escala macronutrientes e suas matéria orgânica transportados pela rede hidrográfica. O Pantanal a natural da humanidade. planetária e, por isso, éO considerado pela rede hidrográfica. Pantanal é é patrimônio a única única formação, suas natural da com humanidade. formação, com suas características, características, em em escala escala planetária e, por isso, é considerado patrimônio
- bioma Vegetação Litorânea: localizada ao longo mais do Brasil. do litoral brasileiro, bioma mais preservado preservado doessa Brasil.formação vegetal do litoral essa formação vegetal utiliza-se dabrasileiro, umidade produzida pelo dooceano - Vegetação Litorânea: localizada ao longo litoral utiliza-se da umidade produzida pelo oceano -Vegetação Litorânea: localizada ao longo através da evaporação. Por ser composta pela Vegetação Litorânea: localizada longo brasileiro, essa formação vegetal utiliza-se ao da umidade através dabrasileiro, evaporação. Por formação ser desenvolve composta pela do litoral essa vegetal vegetação de restinga, que se do litoral brasileiro, essa formação vegetal produzida pelo oceano através da evaporação. Por nas ser utiliza-se da umidade produzida pelo oceano vegetação de restinga, que se desenvolve nas areias litorâneas, e pela vegetação de Mangues utiliza-se da umidade produzida oceano composta pela vegetação depela restinga, quecomposta sepelo desenvolve nas através da evaporação. Por ser pela areias litorâneas, e vegetação de Mangues essa formação vegetal também écomposta denominada através da eevaporação. Por pelade areias litorâneas, pela vegetação de ser Mangues essa formação vegetação de restinga, que se desenvolve nas essa formação vegetal é denominada vegetação complexa. Atambém vegetação de Mangues vegetação de restinga, que se desenvolve nasde vegetal também écomplexa. denominada de vegetação complexa. A areias litorâneas, e de vegetação A vegetação vegetação Mangues caracteriza-se pelo predomínio de porte arbustivo areias litorâneas, e pela pela vegetação dedeMangues Mangues vegetação de Mangues caracteriza-se pelo predomínio de essa formação vegetal também é denominada de caracteriza-se pelo predomínio de porte arbustivo e arbóreo e vegetação halófita – adaptada à essa formação vegetal também é denominada de porte arbustivo e de arbóreo e vegetação halófi–de ta adaptada – Mangues adaptada vegetação A e arbóreocomplexa. e vegetação halófita condições extrema salinidade. áreasà vegetação complexa. A vegetação vegetação deEssas Mangues caracteriza-se pelo predomínio de porte arbustivo condições de extrema salinidade. Essas áreas condições de extrema salinidade. Essas áreas são consideradas são consideradas berçários marinhos, por serem caracteriza-se pelo predomínio de porte arbustivo e arbóreo e halófita – à consideradas berçários marinhos, por serem berçários marinhos, por serem de reprodução várias áreas de reprodução deáreas várias espécies dedepeixes e são arbóreo e vegetação vegetação halófita – adaptada adaptada à condições de extrema salinidade. Essas áreas áreas de reprodução de várias espécies de peixes marinhos e fluviais. espécies de peixes marinhos e fl uviais. condições de extrema salinidade. Essas áreas são consideradas berçários marinhos e fluviais. são consideradas berçários marinhos, marinhos, por por serem serem áreas de de reprodução reprodução de de várias várias espécies espécies de de peixes peixes áreas marinhos marinhos e e fluviais. fluviais.
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http://www2.uol.com.br/portodegalinhas/natureza_mangues. htm
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CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS A Bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, irriga uma área superior à metade do território brasileiro (6,5 milhões de km2), abrangendo outros seis países sul-americanos. De toda a água fluvial lançada nos oceanos, 20% vêm da foz do rio Amazonas. Sobretudo em território brasileiro, o rio Amazonas atravessa uma área plana e de baixa altitude. É um rio largo, o maior do mundo em extensão e volume de água. Essas também são características dos trechos de afluentes situados próximo ao Amazonas, tornando a navegação fluvial o principal meio de transporte da região. Pelo Amazonas são transportados produtos. A safra de soja do norte do Mato Grosso é transportada pelo rio Madeira (afluente do Amazonas). Como o frete do transporte fluvial custa menos que o do transporte rodoviário e ferroviário (muito usados nas zonas centro e sul do país), o custo final do produto também é menor. Além de utilizado para navegação, o rio é meio de vida para a população ribeirinha e diversos povos indígenas. Os rios da Amazônia têm a maior fauna fluvial do mundo, e o número de espécies conhecidas é surpreendente. A bacia Amazônica possui o maior potencial para geração de energia hidrelétrica do país, mas a produção de energia é pequena. Isso se explica pela distância dos grandes centros econômicos e populacionais, situados no Sul e Sudeste do país. A Bacia do Tocantins-Araguaia está ligada ao mesmo ecossistema da bacia Amazônica, e os seus rios também têm grande importância na ocupação do espaço regional da Amazônia Oriental. A sua maior extensão percorre terrenos elevados, o que garante boas possibilidades de geração de energia. Nela está situada a usina de Tucuruí, no rio Tocantins, no Pará - a maior hidrelétrica totalmente brasileira. Essa usina alimenta os projetos minerais implantados no Pará, como o Grande Carajás, e, principalmente, as grandes indústrias de alumínio, como a Alcoa, a Albrás (Alumínio Brasileiro S/A), pertencente à Companhia Vale do Rio Doce, e a Nippon, entre outros. A linha de transmissão de Tucuruí tem mais de 1200 quilômetros de extensão e abastece, além dos projetos minerais, várias cidades do Pará e da região Nordeste. Essas indústrias, que pelo enorme consumo energético são chamadas de eletrointensivas, consomem mais de 60% da hidreletricidade gerada por Tucuruí. A construção da hidrelétrica, por sua vez, exigiu vultosos investimentos do governo brasileiro no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, que favoreceram grandes grupos empresariais estrangeiros e nacionais. A Bacia do São Francisco é alongada e situa-se quase totalmente numa área de depressão, conforme classificação do professor Jurandyr Ross. O extenso São Francisco (cerca de 3 100 km) tem afluentes de pequena extensão, sendo boa parte deles temporários, ou seja, secam no período da estiagem (escassez de chuvas).
134 Geografia | Curso Enem 2019
Esse rio nasce na serra da Canastra (Minas Gerais) e deságua no Atlântico, na divisa entre Alagoas e Sergipe, depois de percorrer longo trecho do sertão nordestino. Corre no sentido geral sul-norte, e foi por longo tempo meio de ligação entre as regiões Nordeste e Sudeste, onde se estruturaram os núcleos de povoamento mais antigos do Brasil. Possui declives acentuados em trechos próximos à nascente ou à foz, o que lhe confere a posição de segunda bacia em produção energética do Brasil. Abastece tanto a região Sudeste, com a usina de Três Marias (MG), como a Nordeste, com as usinas de Sobradinho (PE/BA), Paulo Afonso (AL/BA), Xingó (ALISE), Itaparica (PE/BA) e Moxotó (AL/BA). O São Francisco também apresenta longo trecho navegável em seu curso médio. O garimpo, o uso excessivo de suas águas para irrigação, a poluição por defensivos agrícolas e a destruição da mata ciliar na cabeceira são alguns problemas que provocam forte impacto ambiental. A poluição das águas afeta diretamente os recursos da pesca e a vida da população ribeirinha do São Francisco. A Bacia Platina reúne as bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, que nascem em território brasileiro e banham também os países platinos (Paraguai, Uruguai e Argentina). Na fronteira da Argentina com o Uruguai, todas as águas se juntam no estuário da Prata e deságuam no oceano Atlântico. É a segunda bacia da América do Sul em área. A bacia do Paraná é essencialmente planáltica, ocupando o primeiro lugar em produção hidrelétrica do país. No rio Paraná estão as usinas de Ilha Solteira e Jupiá (complexo de Urubupungá), Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera) e Itaipu (usina binacional brasileira e paraguaia). A bacia do Paraguai é típica de planície. Sua maior extensão no Brasil está situada no complexo do pantanal, destacando-se pelo seu aproveitamento como hidrovia interligada a outras bacias (especialmente à do Paraná), através dos rios Pardo e Coxim. A navegação nessa bacia é internacional, pois o rio Paraguai banha terras do Brasil, da Bolívia, do Paraguai e da Argentina. Destaca-se a importância do porto fluvial de Corumbá (MS). A bacia do Uruguai abrange grande trecho de relevo planáltico. O rio Uruguai, que nasce da confluência dos rios Canoas e Pelotas, é utilizado como limite em boa parte da divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, bem como em parte do trecho da fronteira entre o Brasil e a Argentina e em toda a fronteira entre a Argentina e o Uruguai. As bacias secundárias reúnem um conjunto de bacias localizadas nas proximidades do litoral e apresentam rios de pequena extensão, geralmente com poucos afluentes. São consideradas bacias secundárias: - Bacias do Nordeste: Destacam-se os rios permanentes Mearim, Turiaçu e Itapecuru (no Maranhão); Parnaíba (Maranhão/Piauí); e Beberibe e Capibaribe (em Pernambuco). Contudo, a maior parte dos rios situa-se no sertão; eles são temporários (intermitentes), como o Jaguaribe (Ceará), considerado o maior rio temporário do mundo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
- Bacias do Leste: Destacam-se o rio Jequitinhonha, que corta uma região extremamente pobre do nordeste de Minas Gerais; o Doce, que abrange tradicional área de mineração nesse estado; e o Paraíba do Sul, que atravessa importante região industrial do Brasil e de grande concentração urbana (São Paulo e Rio de Janeiro). - Bacias do Sudeste-Sul: São importantes rios dessa bacia o Ribeira de Iguape (São Paulo, próximo à fronteira do Paraná), a região mais empobrecida econômica e socialmente do estado paulista; o Itajaí (principal região industrial de Santa Catarina) e o Tubarão (região carbonífera e industrial, também situada em Santa Catarina). No Rio Grande do Sul, destacam-se os rios Guaíba (porto Alegre) e Jacuí, além das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira.
CAPÍTULO 4
- Altitude: em áreas de altitudes mais elevadas, a temperatura é menor, ao passo que, em áreas de altitudes mais baixas, a temperatura é maior. Essa variação ocorre, devido à variação da concentração de gases e à distância da fonte doadora de energia. Sendo assim, quanto maior for a altitude, menor é a quantidade de gases que promovem a absorção de calor e, também, maior é a distância da fonte liberadora de energia para o aquecimento da atmosfera - a superfície terrestre.
Conceito: Tempo e Clima Para a melhor compreensão sobre a dinâmica climática, é necessário diferenciar conceitos básicos que orientam o pensamento científico: tempo e clima. O tempo é a condição momentânea da atmosfera quanto às características de temperatura, precipitação, pressão atmosférica, umidade relativa do ar, entre outros. Sendo assim, as características que determinam o tempo podem variar em um curto período de tempo, mostrando uma nova interação desses elementos e uma nova condição atmosférica. A observação do tempo é de extrema importância para o ser humano, já que a sua alteração pode representar uma condição atmosférica não favorável à sobrevivência antrópica. O clima, por sua vez, é a caracterização das condições atmosféricas de um determinado local, porém em um intervalo de tempo maior que, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), deve compreender 30 anos. Sendo assim, as características de um clima são determinadas pelas repetições dos elementos atmosféricos no período analisado, mesmo que, ao longo da observação, outras características se apresentem. Dessa forma, é correto dizer que tempo do verão de um determinado local foi diferenciado das características climáticas normais para a mesma área – o tempo como uma combinação aleatória e o clima como uma combinação habitual observada no período de análise.
- Latitude: em áreas de latitudes mais baixas – próximas do Equador paralelo, latitude 0o –, as temperaturas são mais elevadas, ao passo que, em áreas de latitudes mais elevadas – próximas da latitude de 90o norte e sul –, as temperaturas são mais baixas. Essa variação das médias térmicas deve-se à forma esférica da Terra, que faz com que a intensidade da radiação solar recebida seja desigual nas diferentes latitudes. Dois feixes paralelos de luz com o mesmo diâmetro ao incidirem sobre a área situada em alta latitude aquecem uma superfície mais extensa que ao incidirem sobre a área situada em baixa latitude. Em consequência, a intensidade de insolação (energia por unidade de área) é maior nas porções da superfície próximas ao Equador. As diferenças de insolação explicam tanto as elevadas médias térmicas anuais das áreas que circundam a linha do Equador quanto as baixas temperaturas das áreas próximas aos polos, onde aparecem extensas calotas permanentemente geladas.
2. Fatores e Elementos Climáticos A) TEMPERATURA A temperatura atmosférica é determinada pela quantidade de energia armazenada pelos gases atmosféricos – principalmente os gases estufa. O Sol é a principal fonte doadora de energia para o planeta Terra, porém é necessário o aquecimento da superfície para que, em seguida, tenha-se o aquecimento principal da atmosfera. Nos mapas ela é representada pelas isotermas – isolinha que une pontos de mesma temperatura no globo –, e normalmente é trabalhada em graus Celsius ou Fahrenheit. A sua variação é determinada, principalmente, pelos seguintes fatores:
- Estações do ano: a variação das estações do ano, em um determinado local, implica mudanças na temperatura. Porém, a definição das estações do ano não é a mesma em todas as áreas planetárias: em latitudes mais elevadas, a definição é maior – com destaque para a zona temperada, e, em menores latitudes, a definição é menor. Essa distribuição ocorre devido ao movimento de translação realizado pelo planeta Terra associado à inclinação do eixo terrestre em 23o27’ que juntos promovem a variação da incidência da energia solar ao longo do globo. Dessa forma, quanto maior for a latitude, maior será a variação da incidência da energia solar e maior será a varia-
Curso Enem 2019 | Geografia
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CAPÍTULO 1
Espaço Geográfico
TRODUÇÃO À FILOSOFIA ção das médias térmicas, o que define as estações do ano. Vale lembrar que, em dois momentos do ano, a radiação incide perpendicularmente ao Equador, de modo que os dois hemisférios recebem a mesma insolação. Esses momentos, chamados equinócios, marcam, no calendário, o início da primavera e do outono. Nessas datas, os dias e as noites duram 12 horas em todo o planeta. Em dois outros momentos do ano, os raios solares incidem perpendicularmente aos trópicos. São os chamados solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente ao trópico de Capricórnio. Isso significa que o hemisfério norte está recebendo menor insolação e vive sua estação fria, com dias mais curtos e noites mais longas. No solstício de verão do hemisfério norte, ao contrário, o Sol incide perpendicularmente ao trópico de Câncer, o que condiciona a estação fria no hemisfério sul. CONCEITOS - Amplitude térmica: é a variação entre a temperatura máxima e a temperatura mínima de uma determinada região, em um determinado período de tempo. A análise temporal é estabelecida pela necessidade do estudo, podendo variar desde uma questão de horas até mesmo anualmente. Sua determinação contribui para a classificação do tempo e do clima e, também, para o entendimento da atuação dos fatores e elementos climáticos na atmosfera de um determinado local. - Média térmica: é a média aritmética das temperaturas máximas e mínimas de uma determinada região em um determinado período de tempo. A análise temporal é estabelecida pela necessidade do estudo, podendo variar desde uma questão de horas até mesmo anualmente. Sua análise é importante para a classificação climática de uma região, trazendo a ideia da média de temperatura que determinará as características do clima. - Equador térmico: é a isoterma que indica as localidades que apresentam as maiores temperaturas do globo em um dado momento. O equador térmico é diferente do Equador paralelo devido à sua variação de posição de acordo com a estação do ano. Sendo assim, quando é verão no hemisfério norte, o equador térmico desloca-se para o norte e, quando é verão no hemisfério sul, o equador térmico desloca-se para o sul. - ZCIT – Zona de Convergência Intertropical: é a região em que os ventos alísios encontram-se e que apresenta a ascensão das massas de ar devido às elevadas temperaturas da área. Diante disso, pode-se afirmar que a Zona de Convergência Intertropical acompanha o Equador Térmico. Essa região onde ocorre a convecção do ar – centro de baixa pressão atmosférica – desloca-se periodicamente devido à alternância de estações do ano entre os hemisférios norte e sul. Durante o outono e a primavera, concentra-se praticamente sobre o equador paralelo, devido ao momento de equinócio, em que os raios solares incidem formando ângulos de 90o com o equador, fazendo concentrar sobre essa região o equador térmico e, consequentemente, a ZCIT. Já no verão do hemisfério sul, desloca-se para o Trópico de Capricórnio e, no verão do hemisfério norte, desloca-se para o Trópico de Câncer devido ao momento de solstício, vivenciado de maneira alternada nos dois hemisférios, em que os raios solares formam ângulos de 90o com os Trópicos de Câncer e Capricórnio, promovendo o deslocamento do Equador Térmico para essas regiões e, consequentemente, da ZCIT.
136 Geografia | Curso Enem 2019
B) PRESSÃO ATMOSFÉRICA A pressão atmosférica é definida como a pressão exercida pelo peso da coluna de ar sobre determinado ponto da superfície terrestre. Sendo assim, quanto maior for a coluna de ar e quanto maior for a concentração de gases, maior será a pressão atmosférica. Essa pressão pode variar de acordo com os seguintes fatores: - Altitude: áreas que se localizam em altitudes maiores, se comparadas com áreas que se localizam em altitudes menores, apresentam pressão atmosférica menor. Essa característica é explicada pelo tamanho da coluna de gases (uma vez que, quando fixada uma altitude para as duas regiões, em áreas de altitudes menores, ela é maior) e pela variação na concentração de gases (que, em áreas de altitudes menores, também é maior). Sendo assim, em altitudes menores, existe a soma da maior coluna de gases mais a associação dos gases que se concentram em altitudes menores – ação da gravidade mais o peso dos próprios gases.
- Temperatura: em áreas de temperaturas maiores, a pressão atmosférica é mais baixa, ao passo que, em regiões de temperaturas menores, a pressão atmosférica é mais elevada. Essa variação ocorre pela atuação da temperatura na camada gasosa, sendo que a temperatura altera a densidade dos gases e, com isso, a pressão que eles exercem sobre a superfície terrestre também é alterada. Em regiões de temperaturas maiores, a densidade dos gases é menor devido à absorção de calor e ao aumento do volume – densidade e volume são grandezas inversamente proporcionais –, promovendo o movimento ascensional dos gases (movimento de subida) devido à redução da densidade. Nessa região, forma-se um centro de baixa pressão atmosférica, já que o ar ascendeu e pressiona menos a superfície. O ar que ascende sofre influência do movimento de rotação terrestre, a aproximadamente 10.000 metros de altitude, e desloca-se para as áreas do entorno – normalmente áreas menos aquecidas.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Espaço Geográfico
Como, em altitudes mais elevadas, a temperatura é menor, o ar aquecido perde calor para o meio, promovendo a redução do seu volume e aumento de sua densidade. Dessa forma, o ar mais denso sofre o processo de subsidência (descida do ar) e promove a formação de um centro de alta pressão. À medida que o ar desce, além de pressionar mais a superfície terrestre, ele promove a expulsão do ar que se encontra sobre a superfície, que sai para dar lugar ao ar que está em movimento de descida. Sendo assim, essa região se torna uma área dispersora de ar, favorecendo a formação de ventos. Esses ventos são denominados ventos alísios e dirigem-se para os centros de baixa pressão para ocuparem o lugar do ar que subiu, favorecendo, assim, o equilíbrio atmosférico. Os ventos que se deslocam em altitudes elevadas dos centros de baixa para alta pressão são denominados contra-alísios. A associação dos centros de baixa e alta pressão formam as células de convecção do ar, que serão analisadas de maneira mais aprofundada a seguir. C) VENTOS Os ventos são originados pela movimentação do ar, influenciada diretamente pela diferença de pressão atmosférica entre áreas da superfície terrestre. A variação em centros de maior pressão atmosférica e menor pressão atmosférica é influenciada diretamente pela diferença de intensidade da energia solar entre as zonas climáticas, pela diferença de comportamento da superfície terrestre, dividida em partes oceânicas e partes terrestres – ação da continentalidade e maritimidade –, e pela movimentação das correntes marinhas que redistribuem o calor em escala planetária. A associação desses fatores promove a formação de centros de alta e baixa pressão atmosférica (que variam de localidade de acordo com a estação do ano) e, consequentemente, a formação dos ventos planetários – também denominados de circulação primária. A movimentação do Equador Térmico na zona intertropical promove a movimentação da Zona de Convergência Intertropical e, consequentemente, a localização dos centros de alta e baixa pressão atmosféricos planetários. - Circulação geral da atmosfera: movimentação dos ventos em escala planetária, que se caracteriza como primária pela circulação constante dos ventos, apresenta grande importância na caracterização climática das diversas áreas terrestres. Mesmo possuindo um comportamento predominante, vale lembrar que a superfície terrestre é dividida em áreas continentais e áreas oceânicas que, por apresentarem diferenças quanto ao calor específico, interferem na localização e formação dos centros de alta e baixa pressão atmosféricos. Observe a imagem abaixo:
CAPÍTULO 1
A partir de uma análise, é possível perceber que, na região equatorial, forma-se um centro de baixa pressão por o local apresentar médias térmicas elevadas anualmente. Sendo assim, essa área é caracterizada como região receptora de ventos, ou seja, área de chegada dos ventos alísios tropicais – provenientes dos centros de alta pressão atmosféricas. A localização desse centro de baixa pressão varia ao longo do ano de acordo com a variação das estações do ano. No período de solstício de verão no hemisfério norte e no hemisfério sul, o centro de baixa pressão desloca-se em direção ao trópico de Câncer e de Capricórnio, respectivamente, tornando essas áreas, temporariamente, receptoras de ventos alísios. São nessas regiões que ocorrem a formação dos ciclones tropicais - furacões ou tufões. Também é possível perceber centros de baixa pressão próximos da latitude de 60o, tanto no hemisfério sul quanto no hemisfério norte. A explicação para a formação desses centros de baixa pressão não pode se relacionar com temperaturas elevadas – áreas mais propícias para sua formação –, pois a latitude é muito elevada, circundando, inclusive, a zona polar. Dessa maneira, a formação está relacionada com a chegada de ventos alísios, nessa região, tanto das áreas polares como das áreas tropicais. Os alísios polares apresentam uma maior densidade dos gases, devido às menores temperaturas da sua área de origem, em relação aos alísios tropicais e, por isso, servem como rampa de subida para os ventos dos trópicos. A ascensão do ar promove uma redução da pressão atmosférica nessa localidade, o que caracteriza a região como centro de baixa pressão atmosférica. São nessas regiões que ocorrem a formação dos ciclones extratropicais. Já os ciclones chamados de tornados são formados em áreas continentais e não apresentam uma latitude definida para a sua atuação. Os centros de baixa pressão favorecem a formação de chuvas por apresentarem ascensão do ar, fator favorável à formação de nuvens – ocorre a ascensão de vapor de água para regiões de menor média térmica, promovendo sua condensação e sua precipitação. Nas regiões tropicais e polares, concentram-se os centros de alta pressão atmosférica determinados pelas menores médias térmicas se comparadas com as médias térmicas equatoriais. Sendo assim, essas áreas são dispersoras de ar e distribuem ventos alísios em todas as direções, denominadas centros anticiclonais devido ao movimento contrário ao de formação dos ciclones (recepção dos ventos). Os centros de alta pressão não favorecem a formação de nuvens e, consequente, a precipitação, devido ao predomínio da subsidência do ar, processo contrário ao de formação de nuvens. A associação dos centros de alta e baixa pressão atmosférica, em escala planetária, forma um sistema de movimentação dos ventos em células de convecção, divididos em: - Célula de Hadley: formada pela ascensão do ar nas áreas equatoriais e subsidência nas áreas próximas aos trópicos de Câncer e Capricórnio. - Célula Intermediária ou de Ferrel: formada pela ascensão do ar nas áreas próximas às latitudes de 60o Norte e Sul e subsidência nas áreas próximas aos trópicos de Câncer e Capricórnio. - Célula Polar: formada pela ascensão do ar nas áreas próximas às latitudes de 60o Norte e Sul e subsidência nas áreas polares.
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CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA É interessante destacar que o deslocamento dos ventos planetários sofre desvios, devido à influência da força de aceleração chamada Força de Coriollis, gerada pelo movimento de rotação terrestre. Essa força desloca os ventos alísios, que se direcionam para o equador em direção ao oeste, gerando, no hemisfério norte, os ventos de Nordeste e, no hemisfério sul, os ventos de Sudeste. - Brisas: ventos formados em áreas litorâneas são divididos em brisas oceânicas e brisas continentais. Elas são classificadas como circulação secundária por serem ventos periódicos, determinados pela variação de calor específico entre o continente e o oceano.
maior de abrangência – Ásia Meridional, Sudeste Asiático e Leste africano. Durante o período de primavera/verão, continente e oceano recebem uma grande quantidade de energia, porém, devido ao menor calor específico do continente, ele se aquece mais rapidamente e forma-se um centro de baixa pressão em relação ao oceano. Nesse momento, ventos aquecidos e úmidos provenientes dos oceanos Pacífico e Índico deslocam-se para o continente, promovendo um período – primavera/verão – de intensa precipitação, em que os índices pluviométricos aproximam-se dos 5.000mm.
A formação das brisas continentais e marítimas ocorre, normalmente, no período de 24 horas, alternadas entre o dia e a noite. Durante o dia, a energia solar incide de maneira igual sobre o continente e o oceano. Porém, como o calor específico do continente é menor, ou seja, ele necessita de menos energia para elevar em um grau Celsius um grama, ele aquece mais rapidamente, formando sobre ele um centro de baixa pressão atmosférica, em relação à área oceânica. Dessa forma, os ventos no período do dia sopram do oceano para o continente – brisas oceânicas. Durante a noite, sem a energia solar para o aquecimento da superfície planetária, o continente perde calor mais rapidamente que o oceano, formando um centro de alta pressão atmosférica em relação à área oceânica. Dessa forma, os ventos no período da noite sopram do continente para o oceano – brisas continentais.
Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. Pág. 125
- Monções: os ventos de monções obedecem a mesma relação de formação das brisas, porém em um período de tempo maior – primavera/verão e outono/inverno – e em uma área
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Durante o período de outono/inverno, o continente perde calor mais rapidamente que o oceano, formando um centro de alta pressão em relação à área oceânica. Nesse momento, a
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
direção dos ventos de monções se inverte, soprando do continente para oceano, quando se inicia um período de baixos índices pluviométricos – outono/inverno. D) MARITIMIDADE E CONTINENTALIDADE A continentalidade e a maritimidade são determinadas pela menor e pela maior proximidade das áreas oceânicas, respectivamente. A variação do calor específico entre o oceano e o continente bem como a dinâmica do vapor de água na atmosfera contribuem de maneira decisiva para a caracterização das temperaturas locais. Áreas próximas dos oceanos sofrem a ação da maritimidade e, por isso, apresentam uma menor amplitude térmica anual se comparadas com áreas continentais que se encontram na mesma latitude. Como o calor específico da água é maior, o oceano demora mais para poder se aquecer, mas também demora mais para poder se resfriar. Dessa forma, a variação da temperatura ao longo do ano não é tão significativa. Além da dinâmica de aquecimento determinada pelo calor específico, também é importante considerar a maior concentração de vapor de água que, normalmente, a atmosfera próxima dos oceanos apresenta – essa situação não ocorrerá se houver a passagem de uma corrente fria, que tornará a atmosfera sobre ela mais seca. Esse vapor de água armazena energia na atmosfera tanto no período do dia como no período do verão, liberando-a gradativamente para a atmosfera com a redução da temperatura local. Sendo assim, o vapor de água também contribui para a regulação da temperatura nas áreas litorâneas. Já as áreas mais afastadas dos oceanos, sofrem uma influência maior das características continentais – continentalidade, e, por isso, apresentam uma maior amplitude térmica anual. Como o calor específico do continente é menor, ele aquece e resfria mais rapidamente, promovendo uma variação significativa da temperatura. Além da dinâmica do calor específico, é interessante destacar que a menor concentração de vapor de água que, normalmente, as áreas continentais possuem dificulta a regulação térmica dessas áreas.
E) PRECIPITAÇÃO É o processo de condensação e/ou sublimação do vapor de água presente na atmosfera, que pode ocorrer em forma de chuva, granizo, geada, neve ou orvalho. O processo de precipitação irá ocorrer quando houver saturação de vapor de água na atmosfera ou quando ocorrer redução brusca da temperatura. Considerando a precipitação em forma de chuvas, podem-se destacar três tipos: - Convectiva: forma-se pela evaporação, seguida de ascensão do ar carregado de vapor de água e condensação dele quando este atingir altitudes mais elevadas, área de temperatura menor. A chuva convectiva é mais comum de ser observada na zona intertropical ou megatérmica e é caracterizada por grandes pancadas de chuvas em um curto espaço de tempo – as chuvas torrenciais
Os mapas abaixo demonstram as médias térmicas de parte do hemisfério norte, tanto no período do inverno – Janeiro –, como no período de verão – Julho. As médias térmicas são representadas pela distribuição das isotermas. Se considerarmos a mesma latitude nos dois mapas, é possível perceber que as áreas continentais apresentam maior amplitude térmica, e as áreas oceânicas, menor amplitude térmica.
Autor: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. Pág. 350
- Orográfica ou de relevo: forma-se quando uma massa de ar úmida, ao se deslocar em direção à um centro de baixa pressão atmosférica, necessita ultrapassar uma região de relevo com altitudes mais elevadas. À medida que a massa de ar ascende, ela encontra temperaturas menores, o que diminui a capacidade da atmosfera em reter vapor de água. Sendo assim, o vapor de água precipita e forma uma região mais úmida na vertente, denominada região de barlavento. Quando a massa de ar, já com pouca concentração de vapor de água, ultrapassa as altitudes mais elevadas, forma uma região mais seca na vertente, denominada sotavento.
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CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Autor: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. Pág. 351
Autor: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. Pág. 128
- Frontal: é formada pelo encontro de duas massas de ar, normalmente uma mais aquecida e úmida e outra mais fria e seca. A massa fria, por originar-se em uma região de menores médias térmicas, desloca-se em direção aos centros de baixa pressão, localizados na zona equatorial. A baixa temperatura na área de formação das massas frias confere ao ar uma maior densidade. Quando a massa fria encontra uma massa quente, devido à sua maior densidade, ela funciona como rampa de subida para a massa quente – menos densa devido à sua maior temperatura –, o que promove a ascensão de vapor de água e posterior condensação deste. Essas chuvas são caracterizadas pela precipitação, normalmente, de baixa intensidade e de longa duração – cerca de dois a três dias. Ela é mais característica nos períodos de outono e inverno, momento em que as massas frias apresentam suas características realçadas. F) CORRENTES MARÍTIMAS São porções da água oceânica que se diferenciam quanto às características de temperatura, densidade e salinidade e que apresentam uma movimentação significativa. Essas correntes podem se diferenciar em quentes – formadas na zona megatérmica –, e frias – formadas na zona microtérmica. A movimentação dessas correntes em áreas próximas às áreas continentais influencia diretamente nas condições atmosféricas locais. Observe o mapa abaixo.
As correntes marítimas quentes apresentam a água mais aquecida e, por isso, criam uma atmosfera sobre ela também mais aquecida e úmida devido aos elevados índices de evaporação. Dessa forma, elas contribuem para o aumento da umidade do ar nas áreas litorâneas e na amenização dos rigores climáticos em regiões localizadas em elevadas latitudes. Um exemplo dessa atuação é a passagem da Corrente do Golfo, depois denominada Corrente do Atlântico Norte, que eleva as temperaturas da Europa Ocidental, evitando o congelamento do oceano e contribuindo para índices pluviométricos mais elevados na região litorânea. A passagem de uma corrente fria, que cria sobre ela uma atmosfera também mais fria e menos úmida, devido aos baixos índices de evaporação, promove o processo da ressurgência e a formação de desertos litorâneos.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
A ressurgência é o processo de convecção das águas oceânicas determinado pela movimentação de uma água superficial mais fria e, por isso, mais densa, que entra em subsidência e promove a ascensão de águas mais profundas. Essa convecção acaba por trazer para a parte mais superficial do oceano nutrientes, que já se encontravam em maior profundidade, atraindo grandes cardumes para essa área e favorecendo, assim, a pesca litorânea. A formação dos desertos litorâneos ocorre devido à redução da umidade, já que a evaporação não é favorecida, associada à formação de centros de alta pressão atmosférica na região sobre a corrente. Sendo assim, o processo de formação de nuvens que levariam à precipitação é desfavorecido. Nem os índices de evaporação são significativos e nem ocorre ascensão do ar, de maneira a encontrar altitudes mais elevadas para a condensação do vapor de água. É interessante destacar que a formação dos desertos pode estar associada a outros dois processos: - Áreas tropicais com predomínio da atuação dos centros de alta pressão. Nessas áreas ocorre a chegada dos ventos contra-alísios, provenientes das áreas de baixa pressão equatorial, fator que intensifica a baixa umidade devido ao fato de serem ventos secos pois perderam sua umidade nas áreas de movimento ascensional, a partir das chuvas convectivas. Além disso, nos centros de alta pressão, o processo de subsidência do ar predomina, o que desfavorece a formação de nuvens, processo esse vinculado ao movimento ascensional do ar. A maior parte dos desertos terrestres são formados por esse processo, em que se destaca o maior dos desertos, o do Saara. - Áreas de sotavento de grandes cadeias de montanhas que recebem as massas de ar secas, pois essas perderam sua umidade na área de barlavento – área de chegada das massas de ar úmidas. Como exemplo desse deserto, destaca-se o deserto de Gobi, formado na área de sotavento da Cordilheira do Himalaia. G) MASSAS DE AR São grandes bolsões de ar que se diferenciam do todo e que possuem características de temperatura, densidade e umidade próprias, de acordo com a superfície abaixo deles. Quando formada na região equatorial, a massa de ar apresenta temperaturas maiores e, quando formada na região polar, a massa de ar apresenta temperaturas menores. Massas formadas sobre superfícies continentais tendem a ser secas, ao passo que massas formadas sobre superfícies oceânicas tendem a ser úmidas. As massas de ar normalmente encontram-se em movimento, sempre direcionadas para os centros de baixa pressão e, por isso, é comum ocorrerem mudanças nas suas características de temperatura, densidade e umidade, além de sua própria extensão. Como exemplo, podemos analisar o deslocamento de uma massa polar que, ao seguir em direção à região equatorial, encontra áreas cada vez mais aquecidas e, por isso, sofre elevação da sua temperatura e redução da sua densidade, descaracterizando-se e desaparecendo. O Brasil apresenta a atuação de cinco massas de ar: - mEc: massa Equatorial continental - mEa: massa Equatorial atlântica - mTa: massa Tropical atlântica - mTc: massa Tropical continental - mPa: massa Polar atlântica A atuação das massas de ar auxilia na classificação climática brasileira e elas serão analisadas de maneira mais aprofundada no próximo capítulo. De maneira ampla, pode-se classificar as massas de ar da seguinte maneira: Características das massas de ar Equatoriais
Formam-se ao longo da linha equatorial, portanto, em baixas latitudes, e são quentes e úmidas.
Marítimas Tipos de massas de ar e
Tropicais
suas qualidades
Polares
Formam-se sobre os mares tropicais e subtropicais (baixas e médias latitudes); são quentes e úmidas; provocam chuvas por onde passam.
Continentais
Formam-se sobre os planaltos subtropicais e desertos; são quentes e secas; levam o tempo quente e “limpo” para onde se deslocam.
Marítimas
Formam-se em altas latitudes próximas aos polos; são frias e úmidas; provocam chuvas e neves no inverno.
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CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
3. Climograma São gráficos utilizados para a representação das características que determinam o clima de um determinado local: temperatura e pluviosidade. Nas abscissas estão assinalados os meses do ano; nas ordenadas, as temperaturas médias mensais (à direita), indicadas pela linha, e o total de pluviosidade em cada mês (à esquerda), indicado pelas barras.
úmido, característico do verão, indica predomínio da mEc. Essa massa de ar é quente e, por isso, capaz de conter a umidade gerada pela intensa evaporação. Na sua trajetória ascendente, de resfriamento, ocorre condensação e desabam chuvas torrenciais. Na Amazônia, as chuvas de convecção ocorrem em todas as estações, embora no inverno sejam menos frequentes. Entre setembro e março, a ZCIT desloca-se para a parte central da América do Sul, em função do aquecimento excepcional da depressão do Chaco derivado do efeito de continentalidade. Por isso, a MEC expande-se para a Bolívia e o Brasil Central, chegando a atuar sobre São Paulo e o norte do Paraná. Os aguaceiros de verão, breves, mas violentos, ocorrem na maior parte do território brasileiro. A trajetória dos ventos contra-alísios no Brasil é representada pela massa Tropical atlântica (mTa). Durante o verão do hemisfério sul, essa massa de ar permanece mais ou menos estacionária no oceano, em latitudes subtropicais, embora atue eventualmente na faixa litorânea. No inverno, com a retração da MEC, a mTa se expande e predomina sobre grande parte do país. A mTa, quando atua no interior do país é, basicamente, uma massa seca. Seu predomínio garante tempo estável, com dias claros e ensolarados e noites límpidas, típico do outono e do inverno em vastas áreas brasileiras.
CLIMAS BRASILEIROS A caracterização dos climas brasileiros é condicionada à localização predominante do território nacional na zona intertropical, área também conhecida como zona megatérmica, o que mantém as médias térmicas elevadas na maior parte do país. Dessa forma, os climas quentes caracterizam a maior parte do território nacional, com exceções da Região Sul, que apresenta clima mesotérmico, e as áreas serranas da Região Sudeste, com médias térmicas inferiores, devido à influência das elevadas altitudes. Também influencia na caracterização dos climas brasileiros a atuação de cinco massas de ar, divididas em massas quentes – massa Equatorial Continental, massa Equatorial Atlântica, massa Tropical Continental e massa Tropical Oceânica – e massa fria – massa Polar Atlântica. A atuação dessas massas influencia principalmente os índices de precipitações locais, contribuindo para a definição das estações do ano quanto a meses secos e meses chuvosos.
Ao deslocar-se sobre o oceano, a mTa adquire maior umidade. Ao se defrontar com as escarpas dos planaltos que emolduram as planícies costeiras, descreve um movimento ascensional forçado. Durante a subida, em poucas centenas de metros, a redução das temperaturas provoca condensação e precipitação. Denominadas chuvas orográficas, essas precipitações caracterizam as escarpas litorâneas e, em geral, as vertentes de barlavento das montanhas e morros. Em trechos da serra do Mar, em São Paulo, ocorrem os maiores totais pluviométricos do país, que decorrem da influência do relevo.
“A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é a faixa onde ocorre a convecção das massas de ar, que tende a corresponder à zona da maior aquecimento atmosférico. Essa zona de baixas pressões desloca-se sazonalmente, em função da posição do Sol em relação à Terra. No outono e na primavera, fica praticamente sobre o Equador. No inverno do hemisfério sul, move-se na direção do trópico de Câncer. No verão do hemisfério sul, move-se na direção do trópico de Capricórnio.
A massa Polar atlântica (mPa) interfere na circulação atmosférica da zona intertropical. Sua origem está nas altas latitudes do hemisfério sul. Fria e densa, penetra como cunha na América do Sul, provocando a ascensão do ar quente. A superfície de contato entre essa massa de ar que avança e a massa quente em ascensão é denominada frente fria. Durante o verão, a atuação da mPa é menos intensa, geralmente restringindo-se à porção meridional do Brasil. Nessa época, a frente fria está associada à ocorrência de chuvas frontais, causadas pela condensação do vapor d’água em condições de brusca redução das temperaturas. No inverno, a retração da mEc favorece uma atuação mais ampla da mPa. Um de seus ramos, deslocando-se pelas planícies litorâneas, causa queda significativa das temperaturas e chega a atingir o litoral nordestino. Outro ramo desloca-se através do Pampa (Rio Grande do Sul) e invade os planaltos do Brasil meridional, causando geadas que prejudicam as culturas agrícolas. Um terceiro ramo penetra pelo Pantanal (Mato Grosso do Sul), atingindo, às vezes, a Amazônia ocidental. Nessa área, o brusco declínio das temperaturas associado à frente fria é conhecido como friagem. Durante o episódio de friagem, que podem chegar a sete por ano e durar cerca de três dias cada um, as temperaturas cem para até 10oC, e se registram fortes ventos. No Acre, Rondônia e sul do Amazonas já foram registradas mínimas absolutas de 8oC.
O movimento convectivo dos ventos alísios no Brasil é representado pela massa Equatorial continental (mEc). O ar parado e
A distribuição das precipitações é condicionada pela circulação geral atmosférica e por fenômenos ligados à circulação
A influência das massas de ar é muito bem descrita por MAGNOLLI (2008), a seguir:
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
regional e local. Genericamente, os totais pluviométricos permitem identificar três conjuntos climáticos no Brasil: úmido, semiúmido e semiárido. Os climas úmidos encontram-se sob a influência principal da mEc, apresentam precipitações superiores a 1.800 mm anuais e seu domínio principal abrange a maior parte da Amazônia. Os climas subúmidos caracterizam-se por precipitações entre 900 mm e 1.800 mm anuais e se encontram sob a influência alternada da mEc, que provoca chuvas abundantes no verão, e da mTa, responsável por longas estiagens de inverno. O seu domínio abrange o Brasil meridional, o Sudeste, o Centro-Oeste e a faixa litorânea nordestina. O clima semiárido apresenta precipitações superiores a 900 mm anuais. A mancha semiárida reflete condições especiais de circulação atmosférica, que dificultam a ocorrência de chuvas convectivas. Seu domínio corresponde à maior parte do Sertão nordestino.”
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CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
MINERAIS, ROCHAS E SEUS TIPOS Ao estudarmos sobre as rochas devemos antes definir aquilo que as compõem que são os minerais. Mineral é toda substância química natural, sólida, homogênea, geralmente resultante de processos inorgânicos, apresentando estrutura interna ordenada, composição química e propriedades físicas próprias e constantes. Os minerais recebem uma divisão em minerais metálicos (ferro, ouro, manganês, etc.), não-metálicos (enxofre, potássio, fosfato, etc,) e energéticos (urânio).
e) a origem da chuva está diretamente relacionada com a temperatura do ar, sendo que atividades antropogênicas são capazes de provocar interferências em escala local e global. 2. (Enem)
Uma rocha é constituída de um mineral (monominerálica) ou da associação de dois ou mais minerais mantendo certa uniformidade de composição. Ao estudarmos as rochas fazemos uma classificação geral e dividimos em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, cada uma com características diferentes em decorrência de seu ambiente de formação. •Sedimentares - Rocha constituída pela acumulação de sedimentos clásticos (detritos), químicos e orgânicas e que sofre diagênese. Como exemplo de rochas sedimentares clásticas temos o arenito, de rochas sedimentares químicas o gipso e de sedimentares orgânicas o carvão mineral. •Ígneas – Rocha originada do resfriamento e solidificação do magma, podendo consolidar abaixo da superfície (rochas ígneas intrusivas ou plutônicas) tendo como exemplo o granito ou acima da superfície (rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas) tendo como exemplo o basalto.
•Metamórficas - Rocha que sofreu metamorfismo sob a ação As temperaturas médias mensais e as taxas de pluviosidade do aumento da temperatura e/ou pressão. O metamorfismo As temperaturas médias mensais as taxas de pluviosidade no climograma apre expressas noe climograma apresentam oexpressas clima típico da pode alterar a composição química e até o estado físico da seguinte cidade: o clima típico da seguinte cidade: rocha. Como exemplo de rochas metamórficas temos o mára) Cidade Cabo (África Sul),do marcado pela reduzida amplitude more que é produto do metamorfismo do calcário e o do gnaisse a) do Cidade Cabo (África do Sul), marcado pelatérmica reduzidaanual. b) Sydney (Austrália), caracterizado por precipitações abundantes no decorrer do ano. amplitude térmica anual. que é uma rocha metamorfizada do granito.
c) Mumbai (Índia), definido pelas chuvas monçônicas torrenciais. b) Sydney (Austrália), caracterizado por precipitações As temperaturas médias mensais e as de ar pluviosidade expressas no climograma apre d) Barcelona (Espanha), afetado por massas de EXERCÍCIOS abundantes notaxas decorrer doseco. ano. o clima típico da seguinte cidade: e) Moscou (Rússia), influenciado pela localização geográfica em alta latitude. c) Mumbai (Índia), definido pelas amplitude chuvas monçônicas a)(Enem) Cidade do Cabo Sul), marcado pela reduzida térmica anual. 1. (Enem) À medida que a demanda por 3. água aumenta, as (África do torrenciais. b) Sydney (Austrália), caracterizado por precipitações abundantes no decorrer do ano. reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modd) Barcelona (Espanha), afetado por massas de ar seco. elos matemáticos que analisam os efeitosc) das mudanças Mumbai (Índia), definido pelas chuvas monçônicas torrenciais. climáticas sobre a disponibilidade de água no indicam d) futuro Barcelona (Espanha), massas de ar seco. e) afetado Moscoupor (Rússia), influenciado pela localização geográfica que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São espee) Moscou (Rússia), influenciado pela localização geográfica em alta latitude. em alta latitude. radas mudanças nos padrões de precipitação, 3.pois (Enem) 3. (Enem)
a) o maior aquecimento implica menor formação de nuvens e, consequentemente, a eliminação de áreas úmidas e subúmidas do globo. b) as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de permanência da frente em uma determinada localidade, o que limitará a produtividade das atividades agrícolas. c)
as modificações decorrentes do aumento da temperatura do ar diminuirão a umidade e, portanto, aumentarão a aridez em todo o planeta.
d) a elevação do nível dos mares pelo derretimento das geleiras acarretará redução na ocorrência de chuvas nos continentes, o que implicará a escassez de água para abastecimento.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
CAPÍTULO 4
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesquisador P2: III. “Das palmeiras que predominam nesta região podem ser extraídas substâncias importantes para a economia regional.” IV. “Apesar da aridez desta região, em que encontramos muitas plantas espinhosas, não se pode desprezar a sua biodiversidade.” Ecossistemas brasileiros: mapa da distribuição dos ecossistemas. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1885u52.jhtm. Acesso em: 20 abr. 2010 (adaptado).
Os trechos I, II, III e IV referem-se, pela ordem, aos seguintes ecossistemas: No dia em que foram colhidos os dados meteorológicos apresentados, qual fator climática foi determinante para explicar os índices de umidade relativa do ar nas regiões Nordeste e Sul?
a) Caatinga, Cerrado, Zona dos cocais e Floresta Amazônia.
a) Altitude, que forma barreiras naturais.
c)
b) Vegetação, que afeta a incidência solar.
d) Floresta Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pampas.
c)
e) Mata Atlântica, Cerrado, Zona dos cocais e Pantanal.
Massas de ar, que provocam precipitações.
d) Correntes marítimas, que atual na troca de calor. e) Continentalidade, que influencia na amplitude da temperatura. 4. (Enem)
b) Mata de Araucárias, Cerrado, Zona dos cocais e Caatinga. Manguezais, Zona dos cocais, Cerrado e Mata Atlântica.
5. (Enem) Ao destruir uma paisagem de árvores de troncos retorcidos, folhas e arbustos ásperos sobre os solos ácidos, não raro laterizados ou tomados pelas formas bizarras dos cupinzeiros, essa modernização lineariza e aparentemente não permite que se questione a pretensão modernista de que a forma deve seguir a função. HAESBAERT, R. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste: entre a globalização econômica e a reinvenção das identidades territoriais, In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org.). Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2018.
O processo descrito ocorre em uma área biogeográfica com predomínio de vegetação a) tropófila e clima tropical. b) xerófila e clima semiárido. c)
hidrófila e clima equatorial.
d) aciculifoliada e clima subtropical. e) semidecídua e clima tropical úmido.
Dois pesquisadores percorreram os trajetos marcados no mapa. A tarefa deles foi analisar os ecossistemas e, encontrando problemas, relatar e propor medidas de recuperação. A seguir, são reproduzidos trechos aleatórios extraídos dos relatórios desses dois pesquisadores.
6. (Enem) A convecção na Região Amazônica é um importante mecanismo da atmosfera tropical e sua variação, em termos de intensidade e posição, tem um papel importante na determinação do tempo e do clima dessa região. A nebulosidade e o regime de precipitação determinam o clima amazônico. FISCH, G.; MARENGO, J. A.; NOBRE, C. A. “Uma revisão geral sobre o clima da
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesquisador P1: I. “Por causa da diminuição drástica das espécies vegetais deste ecossistema, como os pinheiros, a gralha azul também está em processo de extinção.” II. “As árvores de troncos tortuosos e cascas grossas que predominam nesse ecossistema estão sendo utilizadas em carvoarias.”
Amazônia”. Acta Amazônica, v. 28, n. 2, 1998 (adaptado).
O mecanismo climático regional descrito está associado à característica do espaço físico de a) resfriamento da umidade da superfície. b) variação da amplitude de temperatura.
Curso Enem 2019 | Geografia
145
CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
dispersão dos ventos contra-alísios.
d) existência de barreiras de relevo. e) convergência de fluxos de ar. 7. (Enem)
A imagem retrata a araucária, árvore que faz parte de um importante bioma brasileiro que, no entanto, já foi bastante degradado pela ocupação humana. Uma das formas de intervenção humana relacionada à degradação desse bioma foi a) o avanço do extrativismo de minerais metálicos voltados para a exportação na região Sudeste. b) a contínua ocupação agrícola intensiva de grãos na região Centro-Oeste do Brasil. c)
o processo de desmatamento motivado pela expansão da atividade canavieira no Nordeste brasileiro.
d) o avanço da indústria de papel e celulose a partir da exploração da madeira, extraída principalmente no Sul do Brasil. e) o adensamento do processo de favelização sobre áreas da Serra do Mar na região Sudeste. 8. (Enem)
A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe a) impedir a perfuração de poços. b) coibir o uso pelo setor residencial. c)
substituir as leis ambientais vigentes.
d) reduzir o contingente populacional na área. e) introduzir a gestão participativa entre os municípios.
146 Geografia | Curso Enem 2019
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
9. (Enem) Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a outra o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado; árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante… CUNHA, E. Os sertões. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 2 jun. 2012.
Os elementos da paisagem descritos no texto correspondem a aspectos biogeográficos presentes na a) composição de vegetação xerófila. b) formação de florestas latifoliadas. c)
transição para mata de grande porte.
d) adaptação à elevada salinidade. e) homogeneização da cobertura perenifólia. 10. (Enem) As mudanças climáticas e da vegetação ocorridas nos trópicos da América do Sul têm sido bem documentadas por diversos autores, existindo um grande acúmulo de evidências geológicas ou paleoclimatológicas que evidenciam essas mudanças ocorridas durante o Quaternário nessa região. Essas mudanças resultaram em restrição da distribuição das florestas pluviais, com expansões concomitantes de habitats não florestais durante períodos áridos (glaciais), seguido da expansão das florestas pluviais e restrição das áreas não florestais durante períodos úmidos (interglaciais).
CAPÍTULO 4
guístico e cultural. Para os Yanomami, urihi, a “terrafloresta”, não é um mero cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem. A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não teriam folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar, ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede. ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 (adaptado).
De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que a) a floresta não possui organismos decompositores. b) o potencial econômico da floresta deve ser explorado. c)
o homem branco convive harmonicamente com urihi.
d) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que seu sopro vital. e) Wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por meio de processos vitais. 12. (Enem) Na figura, observa-se uma classificação de regiões da América do Sul segundo o grau de aridez verificado.
Disponível em: http://zoo.bio.ufpr.br. Acesso em: 1 maio 2009.
Durante os períodos glaciais, a) as áreas não florestais ficam restritas a refúgios ecológicos devido à baixa adaptabilidade de espécies não florestais a ambientes áridos. b) grande parte da diversidade de espécies vegetais é reduzida, uma vez que necessitam de condições semelhantes a dos períodos interglaciais. c)
a vegetação comum ao cerrado deve ter se limitado a uma pequena região do centro do Brasil, da qual se expandiu até atingir a atual distribuição.
d) plantas com adaptações ao clima árido, como o desenvolvimento de estruturas que reduzem a perda de água, devem apresentar maior área de distribuição. e) florestas tropicais como a amazônica apresentam distribuição geográfica mais ampla, uma vez que são densas e diminuem a ação da radiação solar sobre o solo e reduzem os efeitos da aridez. 11. (Enem) Os Yanomami constituem uma sociedade indígena do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto lin-
Em relação às regiões marcadas na figura, observa-se que a) a existência de áreas superáridas, áridas e semiáridas é resultado do processo de desertificação, de intensidade variável, causado pela ação humana. b) o emprego de modernas técnicas de irrigação possibilitou a expansão da agricultura em determinadas áreas do semiárido, integrando-as ao comércio internacional. c)
o semiárido, por apresentar déficit de precipitação, passou a ser habitado a partir da Idade Moderna, graças ao avanço científico e tecnológico.
Curso Enem 2019 | Geografia
147
CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) as áreas com escassez hídrica na América do Sul se restringem às regiões tropicais, onde as médias de temperatura anual são mais altas, justificando a falta de desenvolvimento e os piores indicadores sociais. e) o mesmo tipo de cobertura vegetal é encontrado nas áreas superáridas, áridas e semiáridas, mas essa cobertura, embora adaptada às condições climáticas, é desprovida de valor econômico. 13. (Enem) Umidade relativa do ar é o termo usado para descrever a quantidade de vapor de água contido na atmosfera. Ela é definida pela razão entre o conteúdo real de umidade de uma parcela de ar e a quantidade de umidade que a mesma parcela de ar pode armazenar na mesma temperatura e pressão quando está saturada de vapor, isto é, com 100% de umidade relativa. O gráfico representa a relação entre a umidade relativa do ar e sua temperatura ao longo de um período de 24 horas em um determinado local.
Leia e analise. A distribuição das chuvas no decorrer do ano, conforme mostrado nos gráficos, é um parâmetro importante na caracterização de um clima. A esse respeito podemos dizer que a afirmativa: a) está errada, pois o que importa é o total pluviométrico anual. b) está certa, pois, juntamente com o total pluviométrico anual, são importantes variáveis na definição das condições de umidade. c)
está errada, pois a distribuição das chuvas não tem nenhuma relação com a temperatura.
d) está certa, pois é o que vai definir as estações climáticas. e) está certa, pois este é o parâmetro que define o clima de uma dada área. 15. (Enem) Desde a sua formação, há quase 4,5 bilhões de anos, a Terra sofreu várias modificações em seu clima, com períodos alternados de aquecimento e resfriamento e elevação ou decréscimo de pluviosidade, sendo algumas em escala global e outras em nível menor. ROSS. J. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003 (adaptado).
Considerando-se as informações do texto e do gráfico, conclui-se que
Um dos fenômenos climáticos conhecidos no planeta atualmente é o EI Niño que consiste a) na mudança da dinâmica da altitude e da temperatura.
a) a insolação é um fator que provoca variação da umidade relativa do ar.
b) nas temperaturas suavizadas pela proximidade com o mar.
b) o ar vai adquirindo maior quantidade de vapor de água à medida que se aquece.
c)
c)
a presença de umidade relativa do ar é diretamente proporcional à temperatura do ar.
d) a umidade relativa do ar indica, em termos absolutos, a quantidade de vapor de água existente na atmosfera. e) a variação da umidade do ar se verifica no verão, e não no inverno, quando as temperaturas permanecem baixas. 14. (Enem) As figuras a seguir representam a variação anual de temperatura e a quantidade de chuvas mensais em dado lugar, sendo chamadas de climogramas. Neste tipo de gráfico, as temperaturas são representadas pelas linhas, e as chuvas pelas colunas.
na modificação da ação da temperatura em relação à latitude.
d) no aquecimento das águas do Oceano Pacifico, que altera o clima. e) na interferência de fatores como pressão e ação dos ventos do Oceano Atlântico. 16. (Enem) Sabe-se que uma área de quatro hectares de floresta, na região tropical, pode conter cerca de 375 espécies de plantas enquanto uma área florestal do mesmo tamanho, em região temperada, pode apresentar entre 10 e 15 espécies. O notável padrão de diversidade das florestas tropicais se deve a vários fatores, entre os quais é possível citar a) altitudes elevadas e solos profundos. b) a ainda pequena intervenção do ser humano. c)
sua transformação em áreas de preservação.
d) maior insolação e umidade e menor variação climática. e) alternância de prolongadas.
148 Geografia | Curso Enem 2019
períodos
de
chuvas
com
secas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
17. (Enem) A água é um dos fatores determinantes para todos os seres vivos, mas a precipitação varia muito nos continentes, como podemos observar no mapa a seguir. MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS GRANDES DESERTOS E DAS ÁREAS ÚMIDAS.
CAPÍTULO 4
19. (Enem) O bioma Cerrado foi considerado recentemente um dos 25 hotspots de biodiversidade do mundo, segundo uma análise em escala mundial das regiões biogeográficas sobre áreas globais prioritárias para conservação. O conceito de hotspot foi criado tendo em vista a escassez de recursos direcionados para conservação, com o objetivo de apresentar os chamados “pontos quentes”, ou seja, locais para os quais existe maior necessidade de direcionamento de esforços, buscando evitar a extinção de muitas espécies que estão altamente ameaçadas por ações antrópicas. PINTO, P. P.; DINIZ-FILHO, J. A. F. In: ALMEIDA, M. G. (Org.). Tantos cerrados: múltiplas abordagens sobre a biogeodiversidade e singularidade cultural. Goiânia: Vieira, 2005 (adaptado).
A necessidade desse tipo de ação na área mencionada tem como causa a a) intensificação da atividade turística. Ao examinar a tabela da temperatura média anual em algumas latitudes, podemos concluir que as chuvas são mais abundantes nas maiores latitudes próximas do Equador, porque:
b) implantação de parques ecológicos.
a) as grandes extensões de terra fria das latitudes extremas impedem precipitações mais abundantes.
d) elevação do extrativismo vegetal.
c)
exploração dos recursos minerais.
e) expansão da fronteira agrícola.
b) a água superficial é mais quente nos trópicos do que nas regiões temperadas, causando maior precipitação.
20. (Enem)
c)
TEXTO I
o ar mais quente tropical retém mais vapor de água na atmosfera, aumentando as precipitações.
d) o ar mais frio das regiões temperadas retém mais vapor de água, impedindo as precipitações. e) a água superficial é fria e menos abundante nas latitudes extremas, causando menor precipitação. 18. (Enem) Algumas regiões do Brasil passam por uma crise de água por causa da seca. Mas, uma região de Minas Gerais está enfrentando a falta de água no campo tanto em tempo de chuva como na seca. As veredas estão secando no norte e no noroeste mineiro. Ano após ano, elas vêm perdendo a capacidade de ser a caixa-d’água do grande sertão de Minas.
O Cerrado brasileiro apresenta diversos aspectos favoráveis, mas tem como problema a baixa fertilidade de seus solos. A grande maioria é ácido, com baixo pH. Disponível em: www.fmb.edu.br. Acesso em: 21 dez. 2012 (adaptado).
TEXTO II O crescimento da participação da Região Central do Brasil na produção de soja foi estimulado, entre outros fatores, por avanços científicos em tecnologias para manejo de solos. Disponível em: www.conhecer.org.br. Acesso em: 19 dez. 2012 (adaptado).
VIEIRA, C. Degradação do solo causa perda de fontes de água de famílias de MG. Disponível em: http://g1.globo.com. Acessado em: 1 nov. 2014.
As veredas têm um papel fundamental no equilíbrio hidrológico dos cursos de água no ambiente do Cerrado, pois
Nos textos, são apresentados aspectos do processo de ocupação de um bioma brasileiro. Uma tecnologia que permite corrigir os limites impostos pelas condições naturais está indicada em:
a) colaboram para a formação de vegetação xerófila.
a) Calagem.
b) formam os leques aluviais nas planícies das bacias. c)
fornecem sumidouro para as águas de recarga da bacia.
b) Hidroponia. c)
Terraceamento.
d) contribuem para o aprofundamento dos talvegues à jusante.
d) Cultivo orgânico.
e) constituem um sistema represador da água na chapada.
e) Rotação de culturas.
Curso Enem 2019 | Geografia
149
CAPÍTULO 4
Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 23. (Enem)
21. (Enem)
Qual característica do meio físico é condição necessária par representado? a) Cobertura vegetal de porte Qual característica do meioarbóreo. físico é condição necessária para a Qual característica do meio físico éespacial condição necessária para a distribuição espacial d distribuição do fenômeno representado? b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas. representado? a) Cobertura vegetal de porte arbóreo.acentuada. a) Cobertura vegetalatmosférica de porte arbóreo. c) Pressão com diferença Barreiras orográficascontinental com altitudes elevadas. b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas. d) Superfície compara refletividade Qual característicab)do meio físico é condição necessária a distribuiçãointensa. espacial do fenôme c) Pressão atmosférica com diferença acentuada. c) Pressão atmosférica com diferença acentuada. representado? d) Superfície e) Correntes marinhas com direções convergentes. continental com refletividade intensa.
a) Cobertura vegetal de portemarinhas arbóreo.com d) direções Superfícieconvergentes. continental com refletividade intensa. e) Correntes b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas. e) Correntes marinhas com direções convergentes. 24. (Enem) c) Pressão atmosférica com diferença acentuada. 24. (Enem) 24. (Enem) TEXTO Ibrisas Nas imagens constam informações sobre formação de TEXTO I comem d) Superfície continental refletividade intensa. Esse processo é m informações sobre a formação de abrisas áreas litorâneas. em áreas litorâneas. Esse processo é resultado de TEXTO I Há mais de duas décadas, os cientistas e os ambientalistas alertado para o fato têm de a á e) Correntes marinhasHá commais direções convergentes. de duas décadas, cientistastêm e ambientalistas
um recurso escasso em nosso planeta. Desde o começo de 2014, o Sudeste do Brasil a
a) uniformidade do gradiente de pressãoum atmosférica. Há mais de duasnosso décadas, planeta. os cientistas e Desde ambientalistas têm recurso escasso em o começo de 2 radiente de pressão atmosférica.clara percepção dessa realidade em ofunção seca. alertado para fato de ada água doce ser um recurso escasso em 24. (Enem) aquecimento diferencial da superfície.clara percepção dessa realidade em função da seca. rencial dab) superfície. nosso planeta. Desde o começo de 2014, o Sudeste do Brasil TEXTO I adquiriu uma clara percepção dessa realidade em função da TEXTO II c) térmicas. quedas acentuadas de médias térmicas. s de médias Há mais de duas décadas, os cientistas eseca. ambientalistas têm alertado para o fato de a água doce Dinâmicas atmosféricas no Brasil d) mudanças umidade relativa do ar.em TEXTO II dade relativa do ar. umnarecurso escasso nosso planeta. o começo de 2014, o Sudeste doa Brasil adquiriu u Elementos relevantes aoDesde transporte de umidade na América do Sul leste dos Andes pe TEXTO II clara percepção dessa em função seca. e) variações altimétricas acentuadas. cas acentuadas. Dinâmicas Baixosrealidade Níveis (JBN), Frentes da Frias (FF) e transporte de umidadeatmosféricas do Atlântico Sul,no as Dinâmicas atmosféricas no Brasil presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para um verão normal e 22. (Enem) O ganhador do Prêmio Nobel, Philip Fearnside, járelevantes ao transporte de umidade na Américap Elementos seco de 2014. do “A”desrepresenta o centro de anomalia dedealta pressão atmosférica. TEXTOdeII2004 que, como alertava em estudos consequência Elementos relevantes ao transporte umidade na América do dor do Prêmio Nobel, Philip Fearnside, já alertava em estudos de 2004 que, Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e transporte de um matamento em grande escala, menos águaBaixos da Amazônia seria Sul a atmosféricas leste dos Andes pelos de Baixos Níveis (JBN), Frentes Dinâmicas noJatos Brasil transportada pelos ventos o Sudesteescala, durante a temporaFrias (FF) de umidade do Atlântico Sul, assim como a (ZCAS), do desmatamento em para grande menos água da Amazônia presença da Zona dee transporte Convergência do Atlântico Sul Elementos relevantes ao transporte na América do Sulseria a leste dos Andes pelos Jatos da de chuvas, o que reduziria a água das chuvas de verão nos de umidade presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para entos parareservatórios o Sudeste durante a temporada de chuvas, o que reduziria a água de São Paulo. verão normal e de paraumidade ooverão seco do de 2014. “A” representa Baixos Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) “A” eumtransporte Atlântico Sul,o assim com seco de 2014. representa centro de anomalia de alta p centro de anomalia de alta pressão atmosférica. nos reservatórios de São Paulo. presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para um verão normal e para o ve SERVA, L. Para ganhador do Prêmio Nobel, cheias no Norte e seca no Sudeste seco de 2014. “A”no representa oseca centro deSudeste anomaliaestão de altaconectadas. pressão atmosférica. estão conectadas. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acessoe em: 10 nov. no nhador do Prêmio Nobel, cheias Norte 2014. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 10 nov. 2014. O fator apresentado no texto para o agravamento da seca no Sudeste está identificado no(a)
no texto para o agravamento da seca no Sudeste está identificado no(a) a) redirecionamento dos ventos alísios. dos ventos alísios. b) redução do volume dos rios voadores. De acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste, teve como c me dos rios voadores. o(a) polares. massas dec) ardeslocamento polares.das massas de ar a) constituição de frentes quentes barrando as chuvas convectivas. d) retenção da umidade na Cordilheira dos Andes. ade na Cordilheira dos Andes. b) formação de anticiclone impedindo a entrada de umidade. e) alteração no gradiente de pressão as áreas. presença de nebulosidade na região da cordilheira. ente de pressão entre as áreas. c) entre d) avanço de massas polares para o continente.
acordo Curso Enem com 2019 150 Geografia |De
23
as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste, teve como causa natu
De acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014 o(a) o(a)quentes barrando as chuvas convectivas. a) constituição de frentes
mentos relevantes ao transporte de umidade na América do Sul a leste dos Andes pelos Jatos de os Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e transporte de umidade do Atlântico Sul, assim como a 4 Dinâmica Climática e Domínios Morfoclimáticos ença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para um verãoCAPÍTULO normal e para o verão de 2014. “A” representa o centro de anomalia de alta pressão atmosférica. TRODUÇÃO À FILOSOFIA a)
intemperismo químico.
b)
rede de drenagem.
c)
degelo de altitude.
d)
erosão pluvial.
e)
ciclo hidrológico.
GABARITO
De acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste, teve como causa natural o(a)
1
E
8
E
15
D
23
C
2
E
9
A
16
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B
3
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10
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17
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4
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11
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18
E
26
E
5
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12
B
19
E
7
D
14
B
21
B
a) as constituição de frentes apresentadas, quentes barrando as chuvas acordo com informações a seca de62014, E no13Sudeste, A 20teve A como causa natural convectivas. b)
formação de anticiclone impedindo a entrada de umidade.
onstituição de frentes quentes barrando as chuvas convectivas. c) anticiclone presença de nebulosidade na região daa cordilheira. ormação de impedindo entrada de umidade. d) avanço de massas polares para o continente. resença de nebulosidade na região da cordilheira. e) atmosférica baixa pressão atmosférica no litoral. e)e)baixa no baixapressão pressão atmosférica nolitoral. litoral.para vanço de massas polares o continente. 25. 25.(Enem) (Enem)
25. (Enem)
23
Considerando as diferenças entre extrativismo vegetal e silvi-
Considerando asasdiferenças entre extrativismo vegetal e esilvicultura, variação Considerandocultura, diferenças entre extrativismo vegetal silvicultura, variaçãodas dascurvas curvasdo dográfico gráfico a variação das curvas do gráfi co foi infl uenciadaa apela foi influenciada pela tendência de tendência de foi influenciada pela tendência de a)a)conservação conservaçãodo dobioma biomanativo. nativo. conservação do bioma nativo. b)b)estagnação do estagnaçãoa) dosetor setorprimário. primário. c)c)utilização dedereflorestamento. utilizaçãodede madeira reflorestamento. b)madeira estagnação do setor primário. d)d)redução reduçãodadaprodução produçãodedemóveis. móveis. c) utilização de madeira de reflorestamento. e)e)retração indústria alimentícia. retraçãodada indústria alimentícia. d)
redução da produção de móveis.
26. 26.(ENEM) (ENEM)E EOs Osantigos antigosfilósofos, filósofos,observando observandooogrande grandevolume volumededeágua águadederios rioscomo comoooNilo, Nilo,Reno Reno e) retração da indústria alimentícia. e eoutros, imaginavam que as chuvas eram insuficientes para alimentar tão consideráveis massas outros, imaginavam que as chuvas eram insuficientes para alimentar tão consideráveis massasdede água. XVIII Pierre mediu a aquantidade de chuva água.Foi Foinonoséculo século XVIIIque PierrePernault Pernault quantidade chuvadurante durantetrês trêsanos anosnana 26. (ENEM) Eque Os antigos filósofos, mediu observando o grandede volcabeceira do rio Sena. Também mediu o volume de água do referido rio e chegou à conclusão cabeceira doume rio Sena. Também volume água doimaginavam referido rio e chegou à conclusãodede de água de rios mediu como ooNilo, Renodee outros, que apenas a sexta parte se escoava e o restante era evaporado. que as chuvas eram insufi cientes para alimentar tão que apenas a sexta parte se escoava e o restante era evaporado. consideráveis massasLEINZ, de água. no século XVIII que PierreEditora Pernault V.V.Foi Geologia geral. São Paulo: LEINZ, Geologia geral. São Paulo: EditoraNacional, Nacional,1989 1989(adaptado). (adaptado). mediu a quantidade de chuva durante três anos na cabeceira do rio Sena. Também mediu o volumediretamente de água do referido rio AAinvestigação feita contribuiu para a aexplicação investigação feitapor poràPierre PierrePernault Pernault contribuiu diretamente explicaçãocientífica científicasobre sobre e chegou conclusão de que apenas a sexta parte separa escoava a)a)intemperismo químico. intemperismo químico. e o restante era evaporado.
b)b)rede rededededrenagem. drenagem. c)c)degelo LEINZ, V. Geologia geral. São Paulo: Editora Nacional, 1989 (adaptado). degelodedealtitude. altitude. d)d)erosão erosãopluvial. pluvial. A investigação feita por Pierre Pernault contribuiu diretae)e)ciclo ciclohidrológico. hidrológico. mente para a explicação científica sobre
Curso Enem 2019 | Geografia
151
CAPÍTULO 5
Impactos Ambientais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
C a pítu lo 5
CAPÍTULO 5
I M PA CAmbientais TOS Impactos A M BI E NTAI S
1. AQUECIMENTO GLOBAL
1. Aquecimento Global
O aquecimento global é um processo natural, potencializado pelas ações antrópicas, em que se observa a intensificação do efeito estufa natural verificado no planeta. O efeito estufa é proporcionado pela interação da energia solar, que promove o aquecimento O aquecimento global é um processo natural, potencializado pelas ações antrópicas, em que se observa a da superfície terrestre edoliberação de calor paraverificado a atmosfera, e a presença de gases que captampela essainteração energia eda mantêm a intensificação efeito estufa natural no planeta. O efeito estufaestufa é proporcionado atmosferaenergia com níveis à manutenção da vida. Se armazenamento deeenergia na de baixa atmosfera não existisse as médias solar,ideais que promove o aquecimento dao superfície terrestre liberação calor para a atmosfera, e a deseriam, gases estufa que captam energia e mantêm a atmosfera com níveis manutenção da térmicas presença planetárias em média, 33o C aessa menos, em relação às verifi cada atualmente. Osideais gasesàde maior importância na Se o armazenamento de d’água, energia onametano baixa atmosfera não existisse as médias térmicas planetárias seriam, produçãovida. do efeito estufa são o vapor e o gás carbônico. Uma alteração na concentração desses gases ou na em média, 33o C a menos, em relação às verificada atualmente. Os gases de maior importância na produção do intensidade de estufa energiasão solar recebida peloo planeta mudanças nasalteração médias térmicas planetárias. efeito o vapor d’água, metano promove e o gás carbônico. Uma na concentração desses gases ou na intensidade de energia solar recebida pelo planeta promove mudanças nas médias térmicas planetárias.
https://zykonn.wordpress.com/2013/09/10/inforgraficos-almanaque-abril/aquecimento-global-grafico-01/ - Acessado emem 03/03/2016 https://zykonn.wordpress.com/2013/09/10/inforgraficos-almanaque-abril/aquecimento-global-grafico-01/ - Acessado 03/03/2016
A alteração do efeito estufa ocorre por causas naturais – sucessão de eras glaciais e interglaciais – e como sabido
recentemente pelo relatório decausas alterações climáticas (IPCC) ocorre causas, que podemos considerar: A alteração do efeito estufa ocorre por naturais – sucessão detambém eras glaciais e por interglaciais – e como sabido recentemente pelo relatório de alterações climáticas (IPCC) também ocorre por causas, que podemos considerar: - �ueima de combustível f�ssil, como o �etr�leo, carvão mineral, gás natural e o xisto betuminoso.
•
- �ueimadas de formações vegetais.
Queima de combustível como vegetais, o petróleo, carvão mineral, gásflorestais. natural e o xisto betuminoso. - Queimadas de formações - Desmatamento defóssil, formações principalmente áreas vegetais. - Criação bovina, que altera a concentração de CH4. As principais consequências que podemos observar são:
•
Desmatamento de formações vegetais, principalmente áreas florestais.
•
Criação bovina, que altera a concentração CH4. diretamente o preço dos alimentos. - Alteração na produtividade agrícola, de afetando
•
As principais consequências que podemos observar são: - Alteração do ciclo hidrológico, promovendo secas e tempestades, de acordo com o local.
•
- Inundações costeiras. Aumento do número de ciclones: furacões e ciclones extra-tropicais.
- Aumento do número de ciclones: furacões e ciclones extra-tropicais. - Derretimento acelerado das calotas polares.
- Alteração na distribuição das formações vegetais. - Elevada extinção de espécies.
152 Geografia | Curso Enem 2019
140
�eogra�a
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Impactos Ambientais
CAPÍTULO 5
•
Alteração na produtividade agrícola, afetando diretamente o preço dos alimentos.
•
Derretimento acelerado das calotas polares.
•
Alteração do ciclo hidrológico, promovendo secas e tempestades, de acordo com o local. - Inundações costeiras.
•
Alteração na distribuição das formações vegetais.
•
Elevada extinção de espécies.
2. INVERSÃO TÉRMICA
Capítulo 5 – IMPACTOS AMBIENTAIS
A inversão térmica é um processo natural, verificado principalmente nos período do inverno, em que se tem a inversão dos padrões normais de aquecimento da atmosfera: em altitudes menores a temperatura é maior – maior concentração de gases estufa e maior proximidade da superfície terrestre, fonte doadora de energia para o aquecimento – e em altitudes maiores a temperatura é menor. Quando ocorre a inversão térmica o ar menos aquecido fica próximo da superfície e o ar mais aquecido em altitudes mais A inversão térmica é um processo natural, verificado principalmente nos período do inverno, em que se tem a elevadas. ser verifi em qualquer terrestre, áreas urbanas ou rurais, mas é mais comum de ser inversãoEsse dosprocesso padrõespode normais decado aquecimento daambiente atmosfera: em altitudes menores a temperatura é maior – maior concentração de gases estufa e maior proximidade da superfície terrestre, fonte doadora de energia para percebido em centros urbanos.
2. Inversão Térmica
o aquecimento – e em altitudes maiores a temperatura é menor. �uando ocorre a inversão térmica o ar menos aquecido fica próximo da superfície e o ar mais aquecido em altitudes mais elevadas. Esse processo pode ser O processo em de inversão térmica só se terrestre, torna um problema para o ou ser humano quando verificomum cado em de áreas localem de verificado qualquer ambiente áreas urbanas rurais, mas é mais serurbanas, percebido centros urbanos. concentração de poluentes liberados pelos automóveis e indústrias. A inversão do padrão de aquecimento impede a convecção
do ar, que ocorre quando otérmica ar próximo datorna superfície absorve calor, sua densidade e, por isso, ele O processo de inversão só se um problema paracomo o serconsequência humano quando verificadodiminui em áreas urbanas, local de transportando concentraçãopara de poluentes liberados pelos e indústrias. A inversão doantrópicas. padrão deCom aquecimento ascende, altitudes mais elevadas parteautomóveis dos poluentes liberados pelas atividades a presença impede convecção dosuperfície ar, queaocorre quando ar próximo da superfície calor, como do ar maisafrio próximo da convecção do ar éoimpedida e os poluentes ficam absorve em contanto direto comconsequência a população, o sua densidade diminui e, por isso, ele ascende, transportando para altitudes mais elevadas parte dos poluentes que intensifipelas ca o desenvolvimento de doenças respiratórias. liberados atividades antrópicas. Com a presença do ar mais frio próximo da superfície a convecção do ar é impedida e os poluentes ficam em contanto direto com a população, o que intensifica o desenvolvimento de
respiratórias. Adoenças formação de uma camada de ar menos aquecida próxima da superfície pode ser causada pela presença de nuvens ou pela presença de partículas suspensão que podem ter origem – aerossóis ou origem antrópica – particulados A formação de umaem camada de na aratmosfera, menos aquecida próxima danatural superfície pode– ser causada pela presença de nuvens ou pela presença de partículas em suspensão na atmosfera, que podem ter origem natural – aerossóis – ou (camada denominada Smog). Em ambos os casos, a energia solar é amplamente refletida antes de chegar à superfície, fator que origem antrópica – particulados (camada denominada Smog). Em ambos os casos, a energia solar é amplamente impede o aquecimento da mesma e, consequentemente, impede o aquecimento da atmosfera. refletida antes de chegar à superfície, fator que impede o aquecimento da mesma e, consequentemente, impede o aquecimento da atmosfera.
3. Ilha de Calor 3. ILHA DE CALOR Ilha de Calor é o nome dado ao processo de elevação da temperatura nos hipercentros em áreas urbanas se
comparados asdado áreasaodo entorno periferias áreas rurais. processo causas completamente Ilha de Calor é ocom nome processo de–elevação da e temperatura nos Esse hipercentros emapresenta áreas urbanas se comparados com antrópicas, não sendo possível visualizá-lo em ambientes naturais, ou seja, com predomínio de atuação dos as áreas do entorno – periferias e áreas rurais. Esse processo apresenta causas completamente antrópicas, não sendo possível elementos naturais – vale lembrar que o espaço natural não é mais considerado, devido à grande intervenção visualizá-lo em ambientes naturais, ouseres seja, com predomínio de atuação dos elementos naturais – vale lembrar que o espaço direta e indireta produzida pelos humanos. natural não é mais considerado, devido à grande intervenção direta e indireta produzida pelos seres humanos. A formação das ilhas de calor se relaciona com os seguintes fatores, segundo ADAS (2005):
Curso Enem 2019 | Geografia
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3. Ilha de Calor Ilha de Calor é o 5 nome Impactos dado ao processo de elevação da temperatura nos hipercentros em áreas urbanas se CAPÍTULO Ambientais comparados com as áreas do entorno – periferias e áreas rurais. Esse processo apresenta causas completamente antrópicas, não sendo possível visualizá-lo em À ambientes naturais, ou seja, com predomínio de atuação dos TRODUÇÃO FILOSOFIA elementos naturais – vale lembrar que o espaço natural não é mais considerado, devido à grande intervenção direta e indireta produzida pelos seres humanos.
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/10/078-081_Ilhas-de-Calor_200-3.jpg?fb0eba – Acessado em 03/03/2016 http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/10/078-081_Ilhas-de-Calor_200-3.jpg?fb0eba – Acessado em 03/03/2016
• �eo�ra�a elevada capacidade de absorção de calor das superfícies urbanas, como o asfalto, os paralelepípedos, as paredes de tijolo ou concreto, as telhas de barro e de amianto, etc; • escassez de áreas revestidas de vegetação, reduzindo a quantidade de energia utilizada para a fotossíntese e aumentando a energia usada para o aquecimento da superfície, além de reduzir a absorção de CO2 da atmosfera;
para o desconforto e stress da população urbana, o que 141 afeta diretamente no bem estar populacional, bem como no aumento dos gastos energéticos pela necessidade do uso intenso de equipamentos de refrigeração, como ar condicionado e ventiladores e os gastos com saúde pública. A redução das médias térmicas nas áreas centrais pode ser alcançada com a implantação de medidas como:
- repavimentação de ruas, avenidas e tetos com substâncias impermeabilização dos solos pelo calçamento e pelas que tenham cores claras, de maneira a aumentar a taxa de edificações, rápido daAágua da E NTA IS Ca p provocando ítu l o 5 o–escoamento IMP ACTOS M BI reflexão da energia solar – albedo. Essa medida promove a chuva para bueiros, galerias e rios, o que reduz o processo de diminuição da taxa de energia absorvida pela superfície e, evaporação e o consumo de calor; consequentemente, a diminuição da energia liberada para o aquecimento da atmosfera. • concentração de edifícios que interferem na circulação A formação das ilhas de calor se relaciona com os dos ventos; seguintes fatores, segundo ADAS (2005): - ampliação da cobertura vegetal, de maneira a promover o aumento da taxa de absorção da energia solar para a • poluição atmosférica que retém radiação do elevada capacidade de a absorção de calor, calor realização da fotossíntese e, diminuição da velocidade do superfícies como o asfalto, os causandodas o efeito estufa ou ourbanas, aquecimento da atmosfera; paralelepípedos, as paredes de tijolo ou concreto, escoamento superficial, possibilitando a evaporação com a • utilização de energia veículos etc; de combustão as telhas de barropelos e de amianto, retirada de energia da superfície urbana. interna, pelas residências e pelas indústrias, contribuindo para - diminuição da liberação de partículas e gases na atmosfera escassez de áreas revestidas de vegetação, o aquecimento da atmosfera. que dificultar a dispersão para camadas “Napossam estratosfera terrestre ocorre do umacalor concentração de reduzindo a quantidade de energia utilizada para superiores da atmosfera. ozônio (O ), conhecida como camada de ozônio. Essa a fotossíntese e aumentando a energia usada para 3 Devido à maior liberação de poluentes e particulados nas camada é de fundamental importância para a existência o aquecimento da superfície, além de reduzir a áreas centrais essa região apresenta-se como uma área de da vida no planeta, pois ela desempenha o papel de absorção de CO2 da atmosfera; maior concentração de poluentes o que dificulta a dispersão filtro natural da Terra, na medida em que retém parte do calor, mesmo no períododos da noite. forma, a impermeabilização solos Dessa pelo calçamento dos raios ultravioletas (UV), impedindo-os de chegar à e pelas edificações,mais provocando o relação escoamento manutenção de temperaturas elevadas em às superfície terrestre. rápido da água da chuvamesmo para bueiros, galerias áreas do entorno é potencializado, no período sem e o que solar. reduz Aodiferença processode detemperatura evaporaçãodoe o incidênciarios, da energia consumo ar atmosférico entredeo calor; hipercentro e sua região do entorno pode-chegar de 6o a 8o C, de o queedifícios é muito signifi A maiorna concentração que cativo. interferem temperatura central, promove a formação de centros de baixa circulação dos ventos; pressão atmosférica, atraindo para essas áreas ventos do - que poluição quedas retém entorno podematmosférica trazer poluentes áreas ade radiação periferia –do calor,a poluição causandocentral o efeito ou aodispersão aquecimento intensificando e difiestufa cultando da da atmosfera; ilha de calor – e ventos carregados de umidade, considerando a presença de fontes de veículos umidade de no combustão entorno utilização de liberadoras energia pelos como vegetação de águas, o que contribui para a interna,e lâminas pelas residências e pelas indústrias, formação contribuindo de chuvas torrenciais no período doda verão. para o aquecimento atmosfera. É interessante destacar que as de ilhas de calor econtribuem Devido à maior liberação poluentes particulados
•
4. Intensificação da Rarefação da Camada de Ozônio
4. INTENSIFICAÇÃO DA RAREFAÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO
nas áreas centrais essa região apresenta-se como uma área de maior concentração de poluentes o que dificulta a dispersão do calor, mesmo no período da noite. Dessa Enem 2019 forma,| Curso a manutenção de temperaturas mais elevadas 154 Geografia em relação às áreas do entorno é potencializado, mesmo no período sem incidência da energia solar. A diferença de temperatura do ar atmosférico entre o
galerias e oração e o
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
ferem
na
Impactos Ambientais
CAPÍTULO 5
diação do uecimento
combustão indústrias, mosfera.
articulados como uma ue dificulta oite. Dessa s elevadas ncializado, ia solar. A o entre o egar de 6o mperatura de baixa sas áreas entes das ão central – e ventos presença orno como bui para a o verão.
ontribuem o urbana, pulacional, éticos pela mentos de dores e os
ntrais pode s como:
etos com e maneira ergia solar diminuição perfície e, a energia ra.
maneira a sorção da tossíntese scoamento ão com a .
gases na persão do sfera.
“Na estratosfera terrestre ocorre uma concentração de ozônio (O ), conhecida como camada de ozônio. Essa 3 camada é de fundamental importância para a existência da vida no planeta, pois ela desempenha o papel de filtro natural da Terra, na medida em que retém parte dos raios ultravioletas (UV), impedindo-os de chegar à superfície terrestre.
Por volta de 1930, foi criado o gás CFC (clorofluorcarbono)
Por volta de industriais. 1930, foi criado gás CFC (clorofl uorcarbono) para para fins A oprimeira empresa a utilizáfilonsem industriais. A primeira empresa lo emGeneral sua linha sua linha de produção foi aa utilizáamericana de produção General Motors Co. Nas décadas Motors Co. foi Nasa americana décadas seguintes seu uso ampliouseguintes seu uso ampliouse, principalmente nos países se, principalmente nos países industrializados, nos industrializados, nosde produtos de como bens de consumo,decomo produtos de bens consumo, aparelhos ar aparelhos de ar geladeiras, condicionado, geladeiras, condicionado, sprays etc. sprays etc. Durante décadas o uso do CFC pareceu inofensivo ao ambiente. Porém, Durante décadas uso estudos do CFCrevelaram pareceu uma inofensivo ao no final dos anos deo1970, significativa ambiente. dos anosa Antártica. de 1970, Através estudosde alteração naPorém, camadano de final ozônio sobre revelaram uma significativa alteração na oscamada imagens e informações fornecidas pelos satélites, cientistas de ozônio sobre a Antártica. de nessa imagens descobriram uma redução de 60%Através de ozônio área.eO informações fornecidas pelos satélites, cientistas aprofundamento desses estudos apontou aosrelação direta descobriram uma redução de 60% de ozônio nessa entre a destruição parcial da camada de ozônio e o lançamento área. desses na estudos apontou a de CFC O na aprofundamento atmosfera. O CFC liberado superfície desloca-se relação direta entre a destruição parcial dapassa camada de a para as camadas mais altas da atmosfera, onde a sofrer ozônio e o dos lançamento de CFC A napartir atmosfera. O CFC ação intensa raios ultravioletas. dessa ação, o CFC liberado na desloca-se para as camadas quebra mais rompe-se e osuperfície cloro reage com o ozônio, provocando altas da atmosfera, onde passa a sofrer ação intensa dessa molécula e a destruição da camada deaozônio. dos raios ultravioletas. A partir dessa ação, o CFC
rompe-se e o reage com o ozônio, provocando O decréscimo dacloro concentração do ozônio permite uma maior quebra dessa molécula e a que, destruição da camada de passagem de raios ultravioleta num primeiro momento, ozônio. uma incidência maior de câncer de pele, catarata provocam eO defi ciência imunológica e, em segundo momento, pode decréscimo da concentração do ozônio permite colocar em risco a vida no planeta. uma maior passagem de raios ultravioleta que, num
As atividades antrópicas que apresentam grande queima de combustíveis fósseis contribuem para a intensificação da acidez natural das chuvas. A expressão chuva ácida é justamente pela intensificação da acidez natural, mas é importante não esquecer que a chuva naturalmente é ácida. Esse fenômeno é causado, principalmente pelas emissões gasosas resultantes da queima de combustíveis fósseis. O dióxido de enxofre (SO2), lançado no ar atmosférico pelas indústrias, e o óxido de nitrogênio (NOx), proveniente de diversos combustíveis fósseis e dos veículos motorizados, combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera e transformam-se em ácido sulfúrico (H2SO4) e em ácido nítrico (HNO3). No momento da precipitação do vapor de água presente na atmosfera, esses compostos ácidos são trazidos à superfície, promovendo impactos tanto em áreas rurais como em áreas urbanas. Por ação dos ventos, as nuvens e o ar contaminado de ácidos podem se deslocar por muitos quilômetros e se precipitar em lugares bem distantes do local de origem da poluição. Como consequências da intensificação da acidez das águas das chuvas podem-se destacar a:
• deterioração de monumentos, edificações e equipamentos, visíveis principalmente nos ambientes urbanos; • destruição da vegetação e, consequente, exposição do solo aos processos de erosão, podendo gerar deslizamentos de encostas nas áreas de maior inclinação do terreno; • acidificação de ambientes aquáticos com alteração das condições naturais, o que dificulta a manutenção da vida – pesquisadores do Departamento de Geoquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro constataram a contaminação de fito e zooplâncton, que servem de alimento na cadeia alimentar para os peixes, nas barragens que armazenam água para tratamento e abastecimento da cidade do Rio de Janeiro - e manutenção das atividades antrópicas desenvolvidas nesses locais, como a produção de energia em hidrelétricas – corrosão dos equipamentos promovida pelo ácido sulfúrico e nítrico; •
prejuízos à saúde antrópica quando em contato ou
C ap de ítulo 5quando – IMP AC TOS AMB IEN TAIS ingerem água acidifi cada. primeiro momento, provocam uma incidência maior Diante do agravamento do problema, em 1987 os principais câncer de pele, catarata e deficiência imunológica e, países industrializados reuniram-se na cidade de Montreal, Os países desenvolvidos são os principais em níveis de em segundo momento, pode colocar em risco a vida Canadá, e assinaram um documento conhecido como acidificação das águas pluviais, devido ao processo de no planeta. Diante do agravamento do problema, em 1987 os prejuízos à saúde antrópica quando em contato ou
Protocolo de Montreal, pelo qual se comprometem a reduzir industrialização antigo e maior parque industrial. As principais países industrializados reuniram-se na cidade ingerem águamais acidificada. a utilização do gás CFC e, numa segunda etapa, substituí-lo quando áreas de maior destaque são: o nordeste dos EUA, o sudeste do de Montreal, Canadá, e assinaram um documento completamente. Os países desenvolvidos são os principais em níveis de conhecido como Protocolo de Montreal, pelo qual se Canadá, a Europa Ocidental e o Japão. Porém, esse processo acidificação das águas pluviais, devido ao processo de
comprometem a reduzir a utilização do gás CFC e, pode sermais observado países emergentes industrialização antigo enos maior parque industrial.– sudeste asiático, O Protocolo de Montreal vem sendo cumprido de forma numa segunda etapa, substituí-lo completamente. *HRJUD¿D As áreasChina, de maior destaque são: o nordeste dos EUA, índia, Brasil e Rússia. satisfatória, além de ter recebido a adesão de praticamente O Protocolo de Montreal vem sendo cumprido de o sudeste do Canadá, a Europa Ocidental e o Japão. todasforma as nações do mundo. satisfatória, além” de ter recebido a adesão de Porém, esse processo pode ser observado nos países No Brasil, as áreas de maior atuação das chuvas ácidas são Autor: MORAES, Paulo Roberto. do Geografi a Geral e do Brasil. Pág. 122 praticamente todas as nações mundo.” emergentes – sudeste asiático, China, índia, Brasil e o sudeste e o sul, devido à maior concentração do parque Rússia. Autor: MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. industrial. Pág. 122.
5. CHUVA ÁCIDA
http://www.apolo11.com/imagens/etc/camada_
No Brasil, as áreas de maior atuação das chuvas ácidas são o sudeste e o sul, devido à maior concentração do parque industrial.
http://www.apolo11. com/imagens/etc/camada_ozonio_1979-2009_big.jpg-Acessoem03/03/2016 ozonio_1979-2009_big.jpg - Acesso em 03/03/2016
5. Chuva ácida As atividades antrópicas que apresentam grande queima de combustíveis fósseis contribuem para a intensificação da acidez natural das chuvas. A expressão
6. DESLIZAMENTO DE ENCOSTA O deslizamento de encostas nada mais é que a intensificação de um processo natural de erosão. A fixação imprópria do ser humano em áreas extremamente íngremes, sem nenhum planejamento de construção das edificações intensifica um processo natural que promove consequências negativas, colocando em risco a vida e potencializando as perdas materiais. É interessante destacar que a fixação da população em áreas de risco se relaciona diretamente com a especulação
Curso Enem 2019 | Geografia
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Capítulo 5 – IM P A C T OS A MBIENTAIS
CAPÍTULO 5
Impactos Ambientais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Para entender o processo de deslizamento de encostas é necessário considerar a importância que a vegetação do solo. A vegetação em C aapresenta p í t uque l para o aumenta 5a estabilização – IM P AC T O S AMB IENTAIS imobiliária, o preço terrenos e moradias, As enchentes, da mesma maneira que o deslizamento de uma vertente é essencial parados a manutenção de baixas As enchentes, da mesma maneira que o deslizamento p ítu lo 5 – IMP ACTOS AMB I E NTA IS eCa ao baixo poder aquisitivo de uma parcela signifi cativa da encostas, tambémtambém é um processo potencializado taxas de erosão – transporte de sedimentos -, devido ao de encostas, é umnatural processo natural população. pelas intervenções antrópicas no solo. Em períodos de cheias fato desta fixar o sedimento em suas raízes, formando potencializado pelas intervenções antrópicas no solo. agregados e dificultando seu transporte. Além disso, os da hidrográfi ca – aumento dohidrográfica volume de água da rede Emrede períodos de cheias da rede – aumento Para entender processo de um deslizamento encostas vegetais funcionam como entrepostode à passagem Para entender oo processo de deslizamento de encostas do volume de água da rede hidrográfica, hidrográfi ca, devido ao aumento da pluviosidade – o devido volume entender o processoaa de deslizamento necessário considerar importância que aaencostas vegetaçãodo da água, promovendo aimportância diminuição dade velocidade ao água aumento da pluviosidade – oo volume de água se ééPara necessário considerar que vegetação de se intensifi ca, promovendo alagamento das áreas é necessário considerar a importância que a vegetação apresenta para estabilização solo.solo. A vegetação em uma escoamento edo facilitando infiltração da intensifica, promovendo o alagamento das áreas do apresenta paraaasuperficial estabilização do Aavegetação em do entorno – região denominada como várzea ou planície de apresenta para a estabilização do solo. de A vegetação emde vertente éEssa essencial para a para manutenção baixas taxas água. é extremamente importante, entorno – regiãodadenominada como várzea ou planície uma vertente éé infiltração essencial amanutenção manutenção de baixas As enchentes, mesma maneira que o deslizamento inundação. Nos períodos de estiagem, denominado vazante uma vertente essencial para a de baixas da mesma maneira que o deslizamento pois a de diminuição da-, devido quantidade dedesta água As enchentes, erosão –promove transporte sedimentos ao-,fato de inundação. Nostambém períodos de denominado taxas de erosão – transporte desedimentos sedimentos devido de é eestiagem, um processo natural erosão – transporte ao ao de do rio,encostas, o volume de águaédiminui as diminui áreas antes alagadas encostas, também um processo natural escoada superficialmente. Dessa formando forma,-,odevido escoamento fitaxas xar odesedimento em suas de raízes, agregados vazante do rio, o volume de água e as áreas fato desta fixar o sedimento em suas raízes, formando potencializado pelas intervenções antrópicas no solo. fato desta fixar o sedimento em suas raízes, formando potencializado pelas intervenções antrópicas no solo. deixam de apresentar a presença da água. Esse processoda se apresenta menor velocidade menor antes alagadas deixam de apresentar a presença e superficial dificultando seu transporte. Além disso,Além os edisso, vegetais agregados ee dificultando seutransporte. transporte. períodos de cheias dahidrográfica rede hidrográfica – aumento agregados dificultando seu Além disso, os os Em Em períodos de cheias da rede – aumento volume, com redução significativa de sua capacidade torna um problema quando o homem constrói edifiquando cações nas água. Esse processo se torna um problema o funcionam como um entreposto à passagem da água, vegetais funcionam como um umentreposto entreposto à passagem do do vegetais funcionam como à passagem volume de edificações água da nas rede hidrográfica, devido volume de água da rede hidrográfica, devido área erosiva, o que promove a estabilidade da vertente. Em homem constrói áreas de várzeas, áreas de várzeas, área sujeita a alagamento natural periódico. promovendo a diminuição da velocidade do escoamento daágua, água, promovendo a diminuição da velocidade do da promovendo a diminuição da velocidade do ao aumento da pluviosidade – o volume de águadeseágua se ao aumento da pluviosidade – o volume locais a retirada da cobertura vegetal éinfi excessivo sujeita alagamento natural periódico. superfi cialonde e facilitando a infi da água. Essa ltração Aintensifica, figura apromovendo acima demonstra noo Tempo Idas o processo natural do escoamento superficial ee ltração facilitando a ainfiltração da da intensifica, escoamento superficial facilitando infiltração o alagamento áreas promovendo alagamento das do áreas o processo descrito acima é alterado e as taxas de é extremamente importante, pois promove a diminuição da e no Tempo II um contexto urbanizado que favorece o água. Essa infiltração é extremamente importante, entorno – região denominada como várzea ou planície A figura acima demonstra no Tempo I o processo água. Essa infiltração é extremamente importante, entorno – região denominada como várzea ou planície transporte de sedimentos são intensificadas. O maior quantidade de água escoada superfi cialmente. Dessa forma, o de inundação. pois promove promove a diminuição da quantidade de de água Nos períodos de estiagem, denominado acontecimento das enchentes. Alguns fatores contribuem natural e no Tempo II um contexto urbanizado que pois a diminuição da quantidade água de inundação. Nos períodos de estiagem, denominado transporte de sedimentos pode levar à formação de escoadasuperficialmente. superficialmente. Dessa forma, o escoamento escoamento superficial apresenta menor velocidade e menor rio, volume de água diminui e as áreas favorece o orio, acontecimento enchentes. para ado ocorrência das escoada Dessa forma, o escoamento voçorocas – áreas de intensa erosão com a formação vazante vazante do o enchentes: volume dedas água diminui e Alguns as áreas superficial apresenta menor velocidade e menor volume, com redução signifi cativa de sua capacidade erosiva, antes alagadas deixam de apresentar a presença da fatores contribuem para a ocorrência das enchentes: superficial apresenta menor velocidade e menor de grandes sulcos no solo -, intensificação do processo antes alagadas deixam de apresentar a presença da com redução significativa de sua capacidade ovolume, que promove a estabilidade da locais onde ade água. Esse processo se torna um problema quando o volume, com significativa de Em sua capacidade natural de redução assoreamento e vertente. diminuição do volume • Ocupação humana inadequada dasvárzeas, áreas de várzeas, o água. Esse processo se torna um problema quando erosiva, o que promove a estabilidade da vertente. Em homem constrói edificações nas áreas de área Ocupação humana inadequada das áreas de várzeas, retirada da cobertura vegetal é excessivo o processo descrito água doque lençol freático. erosiva, o promove estabilidade da évertente. Em homem constrói edificações áreas de várzeas, área local favorável à presença deperiódico. águanas periódica, possibilita locais a retirada da acobertura vegetal excessivo alagamento natural favorável à presença de água que periódica, quea acima éonde alterado e as taxas de transporte de sedimentos são sujeita alocal locais onde a retirada da cobertura vegetal é excessivo sujeita a das alagamento natural periódico. o processo descrito acima é alterado e as taxas de ocorrência enchentes. possibilita a ocorrência das enchentes. cadas.descrito O maior acima transporte de sedimentos pode levar ointensifi processo é intensificadas. alterado e asO taxas transporte de sedimentos são maior de A figura acima demonstra no Tempo I o processo à formaçãode de sedimentos voçorocas – são áreasintensificadas. de intensa erosão com natural acima II demonstra no urbanizado Tempo I oque processo e no Tempo umcom contexto transporte O maior transporte de sedimentos pode levar à formação de •A- figura Diminuição dasdas áreas cobertura vegetalvegetal nos grandes Diminuição áreas com cobertura nos a formação de grandes sulcos no solo -, intensifi cação naturalo eacontecimento no Tempo II das um enchentes. contexto urbanizado que Alguns transporte deáreas sedimentos pode levar de favorece voçorocas – de intensa erosão comà aformação formaçãodo grandes centros urbanos que são substituídas centros urbanos que são substituídas por concreto e asfalto processo natural de assoreamento e diminuição do volume fatores contribuem para a ocorrência das enchentes: favorece o acontecimento das enchentes. Alguns de grandes sulcos no solo -, intensificação do processo voçorocas – áreas de intensa erosão com a formação por concreto e asfalto – processo denominado –fatores processo denominado pora impermeabilização do solo -, de água do freático. para ocorrência das enchentes: natural de lençol assoreamento do volume de de grandes sulcos no solo e-,diminuição intensificação do processo por contribuem impermeabilização do solo -, de favorecendo o favorecendo o escoamento superfi cial da água, em detrimento Ocupação humana inadequada das áreas várzeas, água dode lençol freático. natural assoreamento e diminuição do volume de escoamento superficial da água, em detrimento favorável à presença de água periódica, que da infiOcupação ltração. Nahumana figura abaixo é possível perceber a relação -local inadequada áreasperceber de várzeas, da infiltração. Na figura abaixo édas possível água do lençol freático. possibilita a ocorrência dassuperfi enchentes. existente entre escoamento cial e infi ltração da água,que local favorável à presença de água periódica, a relação existente entre escoamento superficial possibilita a ocorrência das enchentes. no momento I em áreas com grande presença de cobertura e infiltração da água, no momento I em áreas Diminuição das áreas com cobertura vegetal nos vegetal, e no momento II em áreas urbanizadas. com grande presença de cobertura vegetal, e no grandes centros urbanos que são substituídas -por momento Diminuição das áreas com cobertura vegetal nos áreas concreto II e em asfalto – urbanizadas. processo denominado centros urbanos são substituídas por grandes impermeabilização do solo -,que favorecendo o por concreto e asfalto – processo denominado escoamento superficial da água, em detrimento por impermeabilização solo -,perceber favorecendo o da infiltração. Na figura abaixodo é possível escoamento superficial da água,superficial em detrimento a relação existente entre escoamento e infiltração da água, no momento em áreas da infiltração. Na figura abaixo éI possível perceber com grande presença de cobertura vegetal, e superficial no a relação existente entre escoamento http://www.tribunahoje.com/vgmidia/imagens/21850_ext_ momento II em áreas e infiltração da urbanizadas. água, no momento I em áreas arquivo.jpg - Acessado em 03/03/2016
7. Enchentes
Enchentes 7.7.Enchentes
7. ENCHENTES
com grande presença de cobertura vegetal, e no momento II em áreas urbanizadas.
http://www.tribunahoje.com/vgmidia/imagens/21850_ext_ arquivo.jpg - Acessado em 03/03/2016
http://www.tribunahoje.com/vgmidia/imagens/21850_ext_ arquivo.jpg - Acessado em 03/03/2016 http://www.tribunahoje.com/vgmidia/imagens/21850_ext_ arquivo.jpg Acessado em 03/03/2016
Vestibular UFMG 2007 - DREW, D. Processos interativos Vestibular UFMG 2007 - DREW, D. Processos interativos Homem – Meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Homem – Meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p 91-95 (Adaptado) 1998. 1998. p 91-95 (Adaptado)
Sua análise permite constatar que em áreas urbanas,
devido à excessiva impermeabilização do solo associada Sua análise permite constatar que em áreas urbanas, devido à à diminuição da cobertura vegetal, o volume de água excessiva impermeabilização do solo associada à diminuição escoada é muito favorecendo assim a ocorrência Vestibular UFMG maior, 2007 - DREW, interativos da cobertura vegetal, o volumeD.deProcessos água escoada é muito das enchentes. Homem – Meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, maior, favorecendo assim a ocorrência das enchentes. 1998. p 91-95 (Adaptado)
156 Geografia | Curso Enem 2019
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Em muitas cidades as dragas de capitação pluvial Sua análise permite constatar que em áreas urbanas, não suportam volume decapitação água precipitado • Em muitas cidades dragas de pluvial não Vestibular UFMGoas 2007 - DREW, Processos interativos devido à excessiva impermeabilização do D. solo associada durante oMeio período deprecipitado maior pluviosidade. Esse Homem – ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand suportam o volume de água durante o período à diminuição da cobertura vegetal, o volume de água Brasil, problema é potencializado pela associação, em 1998. p 91-95 (Adaptado) de maior pluviosidade. Esse problema é potencializado escoada é muito maior, favorecendo assim a ocorrência pela muitasem áreas urbanas, das dragas pluviais e das muitas áreas urbanas, das dragas pluviais dasassociação, enchentes. Sua redes análise permite constatar que em áreas urbanas, de do oo que edevido das redes decaptação captação doesgotamento esgotamentosanitário, sanitário, que à excessiva impermeabilização do solo associada sobrecarrega a drenagem urbana. Dessa forma, o - sobrecarrega Em muitas cidades as dragas de Dessa capitação pluvial a drenagem urbana. forma, o volume ànão diminuição da cobertura vegetal, o volume de água volume de chuva precipitado nãoprecipitado é comportado suportam o volume de água de chuva precipitado nãoeéfavorecendo comportado por essas dragas e escoada éo muito maior, assim ocorrência por essas dragas acaba escoando, dea maneira durante período de maior pluviosidade. Esse acaba escoando, de maneira concentrada, sobre o asfalto. das enchentes. concentrada, sobre o asfalto. problema é potencializado pela associação, em muitas áreas urbanas, das dragas pluviais e das -redes Em cidades as dragas de capitação demuitas captação do esgotamento sanitário, o que pluvial não suportam o volume de água precipitado sobrecarrega a drenagem urbana. Dessa forma, o durante o período de maior Esse volume de chuva precipitado não é pluviosidade. comportado por problema essas dragas e acaba escoando, de associação, maneira é potencializado pela em concentrada, sobre urbanas, o asfalto. das dragas*HRJUD¿D muitas áreas pluviais e das
retirada da parte de sustentação da lavoura;
que são 9. Perda da CAPÍTULO Impactos de do Sul. http://periferiaemmovimento.com.br – Ca u lo – Ambientais IMPA CTOS A MB IEN A5I S o que - pít e acapacidade não5 infiltração de água e ar noTsolo, Acessado em 03/03/2016 inviabiliza o desenvolvimento da vegetação que produtiva: possui trocas gasosas nas raízes e absorve água elas. • O grande lançamento de lixo nas ruas dificulta a capitação por9. desertificação e PERDA DA CAPACIDADE da água da chuva, por provocarem entupimento dos bueiros. 9. Perda da erda de Sendo assim, o solo pode se tornar não favorável ao PRODUTIVA: DESERTIFICAÇÃO E arenização desenvolvimento vegetal pela ação de vários fatores. No capacidade -
O grande lançamento de lixo nas ruas dificulta a não renovação dos macronutrientes a capitação da água da chuva, por provocarem essenciais para o crescimento vegetal; entupimento dos bueiros.
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O grande lançamento de lixo nas ruas dificulta a capitação da água da chuva, por provocarem entupimento dos bueiros.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
idade mica do Solo
caso daARENIZAÇÃO sedimentos pelo erosivo, é A perda perda dede produtividade do solo pode processo estar relacionada com vários fatores como: possívelA perda ser diminuído –doconsiderando que ocom processo de produtividade solo pode estar relacionada - é natural a perda de–sedimentos promovendo a erosivo vários daerosão, utilização de técnicas fatores como: atravéspela retirada da parte de sustentação da lavoura; de plantio, como terracemento e curvas-de-nível. A não de renovação dos pela macronutrientes que são •- a aperda sedimentos erosão, promovendo a renovação dos é realizada essenciais para o crescimento vegetal; retirada damacronutrientes parte de sustentação da naturalmente lavoura; e qualidade química doSul.solo se relaciona Rio Grande do http://periferiaemmovimento.com.br pela– decomposição de matéria que pode ser e a não infiltração de águaorgânica, e ar no solo, o que em 03/03/2016 • a inviabiliza nãode renovação dos macronutrientes que são essenciais A perda produtividade do solo pode estar relacionada da de nutrientes em áreas de Acessado plantio, o desenvolvimento da vegetação que substituída antropicamente pela adubação. Já a não para o crescimento com vários fatores como: possui trocasvegetal; gasosas nas raízes e absorve água nte, de monoculturas – cultivo de apenas infiltração de água e ar pode ser conseguida pela técnica elas. -• eapor perda sedimentos erosão, promovendo a aou nãoevitada infide ltração de água a epela arutilização no solo, o que inviabiliza o -, e com a contaminação pelo uso excessivo da aragem com de técnicas que retirada da parte de sustentação da lavoura; desenvolvimento da vegetação que possui trocas gasosas nas Sendo assim, o solo pode se tornar não favorável ao cos. dificultem o de compactação do solo. -raízes a eprocesso não renovação dos macronutrientes que são absorve água por elas. desenvolvimento vegetal pela ação de vários fatores. No
produtiva: desertificação e arenização
8. Perda de caso da perda de sedimentos pelo processo erosivo, é vimento dequalidade monoculturas, principalmente A compactação é –oconsiderando processo de preenchimento Sendo o solo solo pode se tornar não ao possívelassim, serdo diminuído quefavorável o processo desenvolvimento vegetal pela ação de vários fatores. No escala, favorece a diminuição de alguns erosivo é natural da – através da utilização de técnicas espaços vazios camada superficial do manto química donutrientes. Solo dos caso da perda de sedimentos peloe processo erosivo, éA de plantio, como terracemento curvas-de-nível. e a concentração de outros de intemperismo, o que praticamente impede o possível serdos diminuído – considerando que oé realizada processo renovação macronutrientes naturalmente 8. PERDA DE QUALIDADE m, a correção do solo com incremento de desenvolvimento vegetal pela não presença, em erosivo é natural – através da utilização de técnicas de A perda de qualidade química do solo se relaciona pela decomposição de matéria orgânica, que pode ser 8. Perda de plantio, como terracemento renovação de extrema importância a manutenção com a perda DO depara nutrientes em áreas de plantio, QUÍMICA SOLO substituída antropicamente pelaeadubação. Já a não quantidades suficientes, dee curvas-de-nível. ar água.A Esse processo dos macronutrientes naturalmente é realizada pela principalmente, de monoculturas – cultivo infiltração de água e ar pode ser conseguida pela técnica acidade produtiva, ou seja, capacidade de de apenas é desencadeado por atividades antrópicas, como decomposição matériacom orgânica, que pode substituída qualidade um vegetal -, e com aquímica contaminação pelo uso excessivo da aragem oude evitada a utilização deser técnicas que A perda de qualidade do solo se relaciona com a mento vegetal. agricultura mecanizada e pecuária com pisoteio intenso antropicamente pela adubação. Já a não infi de agrotóxicos. dificultem o processo de compactação doltração solo. de água perda de nutrientes em áreas de plantio, principalmente, e ar pode ser conseguida pela técnica de da aragem ou evitada do gado. A diminuição dos índices infiltração promove de monoculturas – cultivo de apenas um vegetal -, e com a química do Solo O desenvolvimento de àmonoculturas, principalmente orreção química necessária manutenção A compactação do técnicas solo é o que processo de preenchimento com a utilização de difi cultem o processo de contaminação pelo uso excessivo de agrotóxicos. Rio Grande doRio Sul. http://periferiaemmovimento.com.br Grande do Sul. http://periferiaemmovimento.com.br– Acessado emem 03/03/2016 Acessado 03/03/2016
essenciais para o crescimento vegetal;
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e a não infiltração de água e ar no solo, o que inviabiliza o desenvolvimento da vegetação que possui trocas gasosas nas raízes e absorve água por elas.
Sendo assim, o solo pode se tornar não favorável ao desenvolvimento vegetal pela ação de vários fatores. No caso da perda de sedimentos pelo processo erosivo, é possível ser diminuído – considerando que o processo erosivo é natural – através da utilização de técnicas de plantio, como terracemento e curvas-de-nível. A o aumento dasdos taxas superficial, em larga escala, favorece a diminuição de alguns dos espaços daescoamento camada superficial manto o que renovação macronutrientes naturalmente édo realizada compactação dovazios solo.de de do solo, é também importante a relaciona nutrientes a concentração A perda dee qualidade química de do outros solo senutrientes. de intemperismo, o que praticamente impede pela decomposição de matéria orgânica, que pode sero contribui também para o aumento das taxas erosivas. desenvolvimento de monoculturas, principalmente em dos níveisOcom de usados ode plantio, Sendo assim, do solo com incremento de aagrotóxicos perda adecorreção nutrientes empara áreas desenvolvimento vegetal pela adubação. não presença, em substituída antropicamente pela Já a não A compactação do solo é o processo de preenchimento larga escala, éfavorece diminuição de –alguns ea nutrientes de extrema importância para anutrientes manutenção principalmente, de amonoculturas cultivo de apenas mento das atividades agrícolas. O lançamento quantidades suficientes, deser ar e água. Esse processo infiltração de água e da ar pode conseguida pela técnica dos espaços vazios camada superfi cial do manto de Essa perda de produtividade do solo quando presente concentração deeoutros Sendo assim, a correção do um vegetal -, anutrientes. contaminação pelo uso excessivo da sua capacidade produtiva, ou seja, capacidade de da ouoevitada a utilização técnicascomo que é aragem desencadeado porcom atividades intemperismo, que praticamente impedeantrópicas, o de desenvolvimento e insumos solo químicos nocom solo pode promover com incremento de nutrientes é de extrema importância em climas úmidos é, normalmente, denominada de agrotóxicos. desenvolvimento vegetal. dificultem o não processo de em compactação do solo. agricultura mecanizada e pecuária com pisoteio intenso vegetal pela presença, quantidades sufi cientes, de ar e para a manutenção da como sua capacidade produtiva, ou seja, amento” da lavoura, bem a poluição como processo de é desencadeado arenização do solo. No Brasil, do gado. diminuição dos índicespor deatividades infiltração promove Esse A processo antrópicas, O desenvolvimento de monoculturas, principalmente Além da correção química necessária à manutenção capacidade de desenvolvimento vegetal. Aágua. compactação do solo é o processo de preenchimento o aumento das mecanizada taxas de escoamento superficial, o que superficialem dolarga manto de intemperismo, do como agricultura e pecuária com pisoteio intenso esse se verifica, de superficial maneira escala, diminuição de alguns da qualidade do favorece solo, é a também importante a processo dos espaços vazios da camada do significativa, manto contribui também para o aumento das taxas erosivas. do gado. A diminuição índices de infiltração promove o co e da rede hidrográfica próxima às outros áreas nutrientes edos a níveis concentração de nutrientes. verificação de necessária agrotóxicos usados para Além da correção química à manutenção de intemperismo, odos que o clima nadaoRegião Sul do Brasil – praticamente região queimpede possui aumento das taxas devegetal escoamento superfi cial, o que contribui Sendo assim, a solo correção solo coma incremento de desenvolvimento das atividades agrícolas. O lançamento do solo, é também importante verifi cação dos desenvolvimento pela não presença, em Essa perda de produtividade do solo quando presente A infiltraçãoqualidade da água do e odoescoamento subtropical com índices pluviométricos anuais também para elevados osuficientes, aumento das taxas nutrientes é deinsumos extrema importância parapode a manutenção níveis de agrotóxicos usados para no o desenvolvimento das excessivo de químicos solo promover quantidades ar erosivas. e água. Esse processo em climas úmidos é, de normalmente, denominada transportam os agrotóxicos para o lençol -, na área conhecida como Campanha da sua capacidade oubem seja,como capacidade de atividades agrícolas. Oprodutiva, lançamento excessivo dea insumos o “envenenamento” da lavoura, poluição écomo desencadeado porarenização atividadesdoantrópicas, como Nessa processo de solo. Gaúcha. No Brasil, Essa perda de produtividade do solo quando presente em ara a rede químicos hidrográfica, respectivamente, o desenvolvimento no superficial solo vegetal. podedopromover “envenenamento” da camada manto deo intemperismo, do mecanizada e pecuária com pisoteio intenso esse processo se desencadeado verifica, de maneira significativa, área, oagricultura processo foi pela atividade da climas úmidos é, normalmente, denominada como processo da lavoura, bem a poluição daprática camada superfi cial lençol freático e como da rede hidrográfica próxima às áreas do gado. A diminuição dos índices de infiltração promove na Região Sul do Brasil – região que possui clima iza o uso da água. Sendo assim, a Além da correção química necessária à manutenção pecuária, desenvolvida desde o período colonial. A arenização dotaxas solo. No esse pluviométricos processo se verifianuais de do intemperismo, do lençol freático e da rede de manto plantio.de A infiltração da água do solo e o escoamento ode aumento das deBrasil, escoamento superficial, oca,que subtropical com elevados índices daquanto qualidade do solo, é também importante a de plantiohidrográfi às condições químicas Região Centro-Oeste já vivencia o problema, porém maneira signifi cativa, nacomo Região Sul do Brasil – região que ca próxima às áreas plantio. A para infiltração da superficial transportam os de agrotóxicos o lençol contribui também para o aumento das taxas erosivas. -, na área conhecida Campanha Gaúcha. Nessa verificação dos níveis de agrotóxicos usados paraoso possui clima subtropical com elevados índices pluviométricos água do esolo e o escoamento superficom cial transportam duzem problemas relacionados tanto o freático para a rede hidrográfica, respectivamente, oestágio área, o processo foi desencadeado pela atividade da em inicial. Nessa área o processo de perda de desenvolvimento das atividades O hidrográfi lançamento Essa perda de produtividade solo quando presente agrotóxicos parasi, oo lençol freático eagrícolas. para a rede ca, anuais -, na desenvolvida área conhecida desde comodoCampanha Gaúcha. NessaA que inviabiliza uso da água. Sendo assim, a prática pecuária, o período colonial. mento da lavoura em como também nos excessivo de insumos químicos no solo pode promover produtividade do solo se relaciona diretamente com a em climas úmidos é, normalmente, denominada respectivamente, que inviabiliza o uso da água.químicas Sendo área, o processo foi desencadeado pela atividade da pecuária, inadequada de oplantio quanto às condições Região Centro-Oeste já vivencia o problema, porém o “envenenamento” da lavoura, bem como a poluição e são utilizados para a atividade. como processo de arenização do solo. No Brasil, agricultura mecanizada emárea larga desenvolvida desde o período colonial. Aescala. Região Centro-Oeste assim, a prática inadequada de plantio quanto às condições do solo produzem problemas relacionados tanto com o em estágio inicial. Nessa o processo de perda de da camada superficial do manto de intemperismo, do esse processo se verifica, de estágio maneira significativa, desenvolvimento da lavoura em si, como também nos já vivencia o problema, porém em inicial. Nessacom áreaa químicas do solo produzem problemas relacionados tanto produtividade do solo se relaciona diretamente lençol freático e da rede hidrográfica próxima às áreas na Região de Sulperda do de Brasil – região do que possui clima recursos que são utilizados paraem a si, atividade. o processo produtividade solo se relaciona com o desenvolvimento da lavoura como também nos agricultura mecanizada em larga escala. de plantio. A infiltração da água do solo e o escoamento subtropical com elevados índices pluviométricos anuais diretamente com a agricultura mecanizada em larga escala. recursos que transportam são utilizados para a atividade. para o lençol superficial os agrotóxicos -, na área conhecida como Campanha Gaúcha. Nessa freático e para a rede hidrográfica, respectivamente, o área, o processo foi desencadeado pela atividade da que inviabiliza o uso da água. Sendo assim, a prática pecuária, desenvolvida desde o período colonial. A inadequada de plantio quanto às condições químicas Região Centro-Oeste já vivencia o problema, porém do solo produzem problemas relacionados tanto com o em estágio inicial. Nessa área o processo de perda de desenvolvimento da lavoura em si, como também nos produtividade do solo se relaciona diretamente com a recursos que são utilizados para a atividade. agricultura mecanizada em larga escala.
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.phuckpolitics.com/wp-content/uploads/2015/04/ farm.jpg - Acessado em 03/03/2016 *HRJUD¿D http://www.phuckpolitics.com/wp-content/uploads/2015/04/
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Curso Enem 2019 | Geografia http://www.ufrgs.br/ensinodareportagem/meiob/images/ deserto05.jpg - Acessado em 03/03/2016
C atu píltul 55IM – IM P ACT OS AMBIENTAIS CAPÍTULO Impactos Ambientais C aCa pí o 5o5– PACTOS pítulo – IMPAC TOS AMBIENTAIS A MBI ENT AI S TRODUÇÃO À FILOSOFIA Já quando a perda de produtividade é verificada em
Já quandoaa perda perda de produtividade é verifi em regiões Já Já quando de produtividade é écada verificada em quandodea clima perda de produtividade verificada em regiões semiárido, o processo é denominado de clima semiárido, o processo é denominado como regiões de clima semiárido, o processo é denominado regiões de clima semiárido, o processo denominado como desertificação. No caso brasileiro,é esse processo desertifi cação.na Noregião casoNo brasileiro, esse processo localiza-se como desertificação. caso brasileiro, esse processo localiza-se nordestina do Sertão, área em na que como desertificação. No caso brasileiro, esse processo região nordestina do nordestina Sertão, área em que a pecuária localiza-se na na região dodo Sertão, área em que a pecuária primitiva e as técnicas de utilização de uso localiza-se região nordestina Sertão, áreaprimitiva em que e as técnicas de utilização uso do solo, predominantemente a pecuária primitiva e as técnicas dede utilização de do solo, predominantemente inadequadas, favorecem a pecuária primitiva e de as técnicas utilização deuso uso do do solo, predominantemente inadequadas, favorecem inadequadas, favorecem para o processo compactação do para o processo de compactação dode solo. solo, predominantemente inadequadas, favorecem para o processo dede compactação dodosolo. solo. para o processo compactação solo.
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http://www.ebc.com.br/sites --Acessado em 03/03/2016 http://www.ebc.com.br/sites Acessado emem 03/03/2016 http://www.ebc.com.br/sites - Acessado 03/03/2016
Exercícios EXERCÍCIOS Exercícios Exercícios 1. (Enem) 1.
(Enem)
1. (Enem) 1. (Enem) http://seapac.org.br/destaques/seminario-debategovernanca-do-uso-e-conservacao-do-solo - Acessado em http://seapac.org.br/destaques/seminario-debategovernancahttp://seapac.org.br/destaques/seminario-debate03/03/2016 http://seapac.org.br/destaques/seminario-debatedo-uso-e-conservacao-do-solo - Acessado em 03/03/2016 governanca-do-uso-e-conservacao-do-solo - Acessado em
governanca-do-uso-e-conservacao-do-solo - Acessado em 03/03/2016 03/03/2016
10. MINERAÇÃO
10. Mineração 10.Mineração Mineração 10.
O processo de mineração compreende a exploração de recursos minerais, de maneira predominante, localizamO processo deque mineração compreende a exploração sede na recursos rocha matriz – base de sustentação parapredominante, o solo. Dessa minerais, que de maneira O localizam-se processo dena mineração compreende a sustentação exploração rocha matriz – base de maneira, a exploração do solo em profundidade favorece a O processo de minerais, mineração compreende a exploração depara recursos de maneira predominante, o solo. Dessa que maneira, a exploração do solo destruição de todas as camadas do solo, e impacta todas as na rocha base predominante, de sustentação de localizam-se recursos minerais, quematriz de maneira em profundidade favorece a –destruição de todas as relações, físicas e humanas, estabelecidas sobre esse solo. para o solo. Dessa maneira, a exploração do solo localizam-se na rocha matriz – base de sustentação camadas do solo, e impacta todas as relações, físicas e em favorece a adestruição todas as para o profundidade solo. Dessa maneira, exploração solo humanas, estabelecidas sobre esse solo. de do solo,favorece e impacta todas as relações, físicas emcamadas profundidade ada destruição de todas ase Para ADAS,do o desenvolvimento atividade mineradora pode Para ADAS, o desenvolvimento da mineradora humanas, estabelecidas sobre esse solo. camadas doos solo, e impacta todas as atividade relações, físicas e promover seguintes impactos: pode promover os seguintes impactos: humanas, estabelecidas sobre esse solo. Para ADAS, o desenvolvimento da atividade mineradora -
retirada da cobertura vegetal;
pode promover os seguintes impactos: Para o da desenvolvimento • -ADAS, retirada cobertura vegetal;da atividade mineradora destruição do relevo; - promover retirada da pode os cobertura seguintesvegetal; impactos: - destruição produção de rejeitos (sedimentos de restos do relevo; destruição do relevo; - -• retirada da cobertura vegetal; minerais), que são largados, em muitas vezes, produção rejeitos promovendo (sedimentosuma de fonte restos de maneira caótica, - -• destruição do de relevo; produção de rejeitos (sedimentos de restos minerais),de minerais), quepromovem são largados, em muitas dos vezes, detritos que o assoreamento rios - que produção de em rejeitos (sedimentos de caótica, restos são largados, muitas vezes,físicas de maneira de caótica, promovendo uma fonte dos de e maneira alteram as características e químicas minerais), que são largados, em muitas vezes, promovendo fonte deconsequências detritos que promovem o detritos que promovem o assoreamento dos rios cursos uma fluviais, com drásticas para de maneira caótica, promovendo uma fonte de e os alteram as rios características físicas e químicas dos ecossistemas terrestres ecaracterísticas aquáticos; assoreamento dos e alteram as físicas e detritos que promovem o assoreamento dos rios cursos drásticas para afetam ascaracterísticas populações ribeirinhas que dependem químicas dosfluviais, cursos flcom uviais,consequências com consequências drásticas e- alteram as físicas e químicas dos os ecossistemas terrestres e aquáticos; rios para sobreviver, seja drásticas como fonte para osdos ecossistemas terrestres e aquáticos; cursos fluviais, com consequências parade alimento, como meio de transporte ou, dependem ainda, para afetam as populações ribeirinhas que os ecossistemas terrestres e aquáticos; o desenvolvimento da agricultura em suas margens dos rios para sobreviver, sejadependem como fonte de • afetam afetam as populações ribeirinhas que dos rios as populações ribeirinhas dependem ou várzeas quemeio contêm depósitosque de alimento, como de transporte ou,sedimentos. ainda, para para sobreviver, seja sobreviver, como fonte deseja alimento, como meio de de doso rios para fonte desenvolvimento da agricultura como em suas margens É importante destacar que além ou, dos problemas transporte ou, ainda, para o desenvolvimento da agricultura alimento, como meio de transporte ainda, para ou várzeas que contêm depósitos de sedimentos. acima, a mineração também desencadeia a oanalisados desenvolvimento agricultura em suas margens em suas margens ou da várzeas que contêm depósitos de contaminação do solo e das águas pelos metais pesados É ouimportante destacar que além problemas várzeas que contêm depósitos dedos sedimentos. sedimentos. como, mercúrio, cobre, cádmio e o chumbo. analisados acima, aestanho, mineração também desencadeia a Esse impacto dificulta do uso da pelos região para atividades do solo e das águas metais pesados É contaminação importante destacar que além dos problemas É importante destacar que além dos mineral, problemasbem analisados agrícolas posteriores à extração comoa a como, mercúrio, cobre, cádmio e o chumbo. analisados acima, aestanho, mineração também desencadeia acima, a mineração também desencadeia a contaminação poluição da rede hidrográfica e cadeia alimentar local. Esse impacto do uso da pelos regiãometais para atividades contaminação dodificulta solo e das águas pesados do solo e das águas pelos metais pesados como, mercúrio, agrícolas posteriores à extração mineral, bem como como, mercúrio, estanho, cobre, cádmio e o chumbo.a poluição dadificulta rede hidrográfica cadeia alimentar local. estanho, cobre, cádmio e ouso chumbo. Esse impacto dificulta do Esse impacto do daeregião para atividades agrícolas posteriores à extração mineral, bemà como a uso da região para atividades agrícolas posteriores extração poluição rede hidrográfica alimentar mineral,dabem como a poluição e dacadeia rede hidrográfi ca elocal. cadeia
alimentar local.
158 Geografia | Curso Enem 2019
No esquema, o problema atmosférico relacionado No esquema, o problema atmosférico relacionado ao ciclo ao ciclo da águaapós acentuou-se apósindustriais. as revoluções da água acentuou-se as revoluções Uma No esquema, Uma o problema atmosférico relacionado industriais. consequência consequência direta desse problema está na direta desse ao ciclo daestá água acentuou-se após as revoluções No esquema, ona problema atmosférico relacionado problema industriais. Umaacentuou-se consequência desse ao ciclo da água apósdireta as revoluções a) redução a) redução da flora.da flora. problema estáUma na industriais. consequência direta desse b) elevação das marés. a) redução da está naflora. b) problema elevação das marés. c) erosão das encostas. b) redução elevaçãoda dasflora. marés. a) c) erosão das encostas. d) laterização dos solos. c) elevação erosão das encostas. b) das marés. e) fragmentação das rochas. d) c) laterização dosdas solos. d) erosão laterização dos solos. encostas.
e) laterização fragmentação das rochas. dos solos. e) fragmentação 2. d) (Enem) Os das doisrochas. principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram e) fragmentação das rochas. 2. (Enem) Os dois principais rios que alimentavam oséculos. Mar de 2. (Enem) principais alimentavam o nível eOso dois volume do marrios porque muitos Aral, oAmurdarya e Sydarya, mantiveram o nível emantiveram oe volume do Mar de Aral, Sydarya, Entretanto, o Amurdarya projeto de e estabelecer expandir mar(Enem) por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer 2. Os dois principais rios que alimentavam produção de algodão aumentou a oa nível e o volume do marirrigado por muitos séculos. e expandir a produção de algodão irrigado aumentou oEntretanto, Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram dependência várias repúblicas da Ásia Centrala o de projeto de estabelecer e expandir dependência de ovárias dairrigado Ásia Central da irrigação oada nível e volume do mar por séculos. irrigação monocultura. O muitos aumento daa produção deerepúblicas algodão aumentou e monocultura. aumento da de demanda resultou desvio Entretanto, o estabelecer eno expandir demanda Oresultou no desvio crescente de água dependência deprojeto várias repúblicas da Ásia Central crescente de água de para a irrigação, acarretando redução ada produção algodão irrigado aumentou para a irrigação, redução drástica do irrigação e acarretando monocultura. O aumento da a drástica do volume de tributários do Aral. Foi criado volume deresultou tributários MarMar dede Aral. Foi dependência de várias repúblicas da Ásia Central demanda no do desvio crescente decriado água na Ásia um novo deserto, maisOde 5drástica milhões de naCentral Ásia Central novocom deserto, com mais de da irrigação e um monocultura. aumento para a irrigação, acarretando redução doda hectares, como dano redução em volume. 5 milhões de hectares, como resultado redução demanda resultou desvio crescente de água volume deresultado tributários do Mar de Aral.da Foi criado emÁsia volume. na Central um novo deserto, comdrástica mais de para a irrigação, acarretando redução do TUNDISI, J. G. Água nohectares, século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 5 milhões como resultado da redução volume tributários do Mar de Aral. criado TUNDISI, J.de G.de Água no século XXI: enfrentando a Foi escassez. 2003. em Ásia volume. na Central um novo deserto, com mais São Carlos: Rima, 2003.de A intensa interferência humana na região descrita provocou o 5 milhões de hectares, resultado da redução TUNDISI, J. Água nodesértica séculocomo XXI: adaescassez. surgimento deG.uma área emenfrentando decorrência A intensa interferência humana na região descrita em volume. São Carlos: Rima, 2003. provocou o surgimento de uma área desértica em
J. G. Água XXI: enfrentando a escassez. a)TUNDISI, erosão. decorrência da no século A intensa interferência humana na região descrita
b)
São Carlos: Rima, 2003.
a) erosão. provocou o surgimento de uma área desértica em salinização. decorrência da b) salinização. A intensa interferência humana na região descrita a) erosão. provocou o surgimento de uma área desértica em c) laterização. decorrência da b) salinização. d) compactação.
a) c) laterização. e) erosão. sedimentação. b) d) salinização. compactação.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Impactos Ambientais
c)
laterização.
d)
compactação.
e)
sedimentação.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009.
Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a
3. (Enem) Antes de o sol começar a esquentar as terras da faixa ao sul do Saara conhecida como Sahel, duas dezenas de mulheres da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas e verduras alimentam a população local. É um pequeno terreno que, visto do céu, forma uma mancha verde – um dos primeiros pedaços da “Grande Muralha Verde”, barreira vegetal que se estenderá por 7000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de um plano conjunto de vinte países africanos. GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. Paulo. 20 maio 2013 (adaptado).
O projeto ambiental descrito proporciona a seguinte consequência regional imediata: a)
Facilita as trocas comerciais.
b)
Soluciona os conflitos fundiários.
c)
Restringe a diversidade biológica.
d)
Fomenta a atividade de pastoreio.
e)
Evita a expansão da desertificação.
a)
ampliação de sistemas de reutilização hídrica.
b)
expansão da irrigação por aspersão das lavouras.
c)
intensificação do controle do desmatamento de florestas.
d)
adoção de técnicas tradicionais de produção.
e)
criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos.
6. (Enem) Um dos principais objetivos de se dar continuidade às pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resolver os problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série de impactos ambientais. Além disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso conhecer como a água executa seu trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes áreas. GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).
4. (Enem) A maior parte dos veículos de transporte atualmente é movida por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm obtido bons resultados na redução do consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo.
A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar catástrofes em função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho contrário a essa solução é a)
a aração.
b)
o pousio.
c)
o terraceamento.
(adaptado).
d)
a drenagem.
Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de transporte e uma medida para promover a redução do seu uso, estão indicados, respectivamente, em:
e)
o desmatamento.
MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011
a)
Aumento da poluição sonora — construção de barreiras acústicas.
b)
Incidência da chuva ácida — estatização da indústria automobilística.
c)
Derretimento das calotas polares — incentivo aos transportes de massa.
d)
Propagação de doenças respiratórias — distribuição de medicamentos gratuitos.
e)
CAPÍTULO 5
Elevação das temperaturas médias — criminalização da emissão de gás carbônico.
5. (Enem) O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX.
7. (Enem) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível em: http:// www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido a)
o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as necessidades básicas dos moradores.
b)
a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e financiadas pelo poder público.
c)
a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços naturais circundantes.
Curso Enem 2019 | Geografia
159
CAPÍTULO 5
Impactos Ambientais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d)
a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes perdas materiais e humanas.
e)
o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro.
c)
multiplica o número de lixões a céu aberto, considerados atualmente a ferramenta capaz de resolver de forma simplificada e barata o problema de deposição de resíduos nas grandes cidades.
d)
estimula o empreendedorismo social, visto que um grande número de pessoas, os catadores, têm livre acesso aos lixões, sendo assim incluídos na cadeia produtiva dos resíduos tecnológicos.
8. (Enem) Em 1872, Robert Angus Smith criou o termo “chuva ácida”, descrevendo precipitações ácidas em Manchester e) possibilita a ampliação da quantidade de rejeitos que após a Revolução Industrial. Trata-se do acúmulo demasiado podem ser destinados a associações e cooperativas de dióxido de carbono e enxofre na atmosfera que, ao C a p ítu lo 5 – IMP ACTOS A M BI E NTA IS de catadores de materiais recicláveis, financiados por reagirem com compostos dessa camada, formam gotículas instituições da sociedade civil ou pelo poder público. de chuva ácida e partículas de aerossóis. A chuva ácida não necessariamente ocorre no local poluidor, pois tais poluentes, ao seremAlançados na forma atmosfera, levados pelos ventos, água de purasão apresenta pH 7, e, ao 10. (Enem) Os lixões são o pior tipo de disposição final 10. (Enem) Os lixões são o pior tipo de disposição final dos podendocontatar provocar aagentes reação em regiões distantes. poluidores, reage modificando dos resíduos sólidos de uma cidade, representando resíduos sólidos de uma cidade, representando um grave seu pH para 5,6 e até menos que isso, o que um grave problema ambiental e de saúde pública. problema ambiental de saúde pública. Nesses locais, A água deprovoca forma pura apresenta pH 7, consequências. e, ao contatar agentes reações, deixando Nesses locais, oe lixo é jogado diretamente no o lixosolo é jogado diretamente e a céu norma aberto, de sem poluidores, reage modificando seu pH para 5,6 e até menos e a céu aberto, no semsolo nenhuma Disponível em: http://www.brasilescola.com. nenhuma norma de controle, o que causa, entre outros que isso, o que provoca reações, deixando consequências. controle, o que causa, entre outros problemas, a Acesso em: 18 maio 2010 (adaptado). problemas, a contaminação doesolo águas pelo chorume contaminação do solo dase das águas pelo chorume (líquido escuro escuro com altacom carga alta poluidora, (líquido cargaproveniente poluidora,da Disponível em: http://www.brasilescola.com. Acesso em: 18 maio 2010 O texto aponta para um fenômeno atmosférico decomposição da matéria orgânica presente no lixo). proveniente da decomposição da matéria orgânica (adaptado). causador de graves problemas ao meio ambiente: presente no lixo).
a chuva ácida (pluviosidade com pH baixo). Esse
O texto fenômeno aponta para umcomo fenômeno atmosférico causador tem consequência de graves problemas ao meio ambiente: a chuva ácida a) a corrosão de metais, pinturas, monumentos (pluviosidade com pH baixo). Esse fenômeno tem como históricos, destruição da cobertura vegetal e consequência acidificação dos lagos. a)
b) adediminuição do aquecimento global, já a corrosão metais, pinturas, monumentos históricos, esse tipovegetal de chuva retira poluentes destruiçãoque da cobertura e acidifi cação dos lagos.da
b)
a diminuição do aquecimento global, já que esse tipo de a destruição da fauna e da flora e redução de chuvac)retira poluentes da atmosfera.
atmosfera.
d)
recursos hídricos, com o assoreamento dos rios. a destruição da fauna e da flora e redução de recursos hídricos, assoreamento dosatrapalham rios. d) com as oenchentes, que a vida do cidadão urbano, corroendo, em curto prazo, as enchentes, que atrapalham a vida do da cidadão urbano, automóveis e fios de cobre rede elétrica.
e)
localizadas, em sua maioria, no Nordeste do nosso país.nas regiões semiáridas, localizadas, a degradação da terra
c)
corroendo, em curto prazo, automóveis e fios de cobre e) elétrica. a degradação da terra nas regiões semiáridas, da rede em sua maioria, no Nordeste do nosso país. 9.
(Enem)
Como
os
combustíveis
energéticos,
9. (Enem)asComo os combustíveis energéticos, as tecnologias tecnologias da informação são, hoje em dia, da informação são, hoje em em todos dia, indispensáveis em todos indispensáveis os setores econômicos. os setores econômicos. Através delas, um maior número Através delas, um maior número de produtores de produtores é capaz inovar obsolescência de é capaz de de inovar e eaa obsolescência debens bens e serviços se acelera. de Longe estender vida útilados e serviços se Longe acelera. de aestender vida equipamentos e a sua capacidade deereparação, o ciclo de vidade útil dos equipamentos a sua capacidade desses produtos diminui, resultando em maior necessidade reparação, o ciclo de vida desses produtos diminui, de matériaprima paraem a fabricação de novos. resultando maior necessidade de matériaprima para a fabricação de novos.
RICARDO, B.; CANPANILLI, M. RICARDO, B.; CANPANILLI, M. Almanaque Brasil Socioambiental 2008. Almanaque Brasil Socioambiental 2008. Paulo, Instituto Socioambiental, 2007. São Paulo,São Instituto Socioambiental, 2007.
Considere municípioque que deposita deposita os Considere um um município os resíduos resíduos sólidos produzidos por sua população lixão. sólidos produzidos por sua população em em um um lixão. Esse Esse procedimento é considerado um de procedimento é considerado um problema deproblema saúde pública saúde pública porque os lixões porque os lixões a)
causam problemas respiratórios, devido ao
b)
são locais propícios à proliferação de vetores
a)
causam problemas respiratórios, devido ao mau cheiro mau cheiro que provém da decomposição. que provém da decomposição.
b)
de doenças, de contaminarem solo e são locais propícios àalém proliferação de vetores deo doenças, ascontaminarem águas. além de o solo e as águas.
c)
c) provocam o fenômeno da chuva ácida, provocam o fenômeno da chuva ácida, devido aos gases devido aos gases oriundos da decomposição oriundos da decomposição da matéria orgânica. da matéria orgânica.
d)
são próximos ao centro dasaocidades, afetando d) instalados são instalados próximos centro das toda a cidades, populaçãoafetando que circulatoda diariamente na área. que a população
e)
são responsáveis pelo desaparecimento das nascentes e)região são onde responsáveis pelo o desaparecimento dasde na são instalados, que leva à escassez água. nascentes na região onde são instalados, o
circula diariamente na área.
que leva à escassez de água.
11. (Enem) O gráfico a seguir mostra a área desmatada da 2 cada ano, no período de 1988 a 2008. Amazônia, em km 11. (Enem) O , agráfico a seguir mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008.
GROSSARD, C. Le Monde Diplomatique Brasil. Ano 3, no 36, 2010 (adaptado). GROSSARD, C. Le Monde Diplomatique Brasil. Ano 3, nº 36, 2010 (adaptado).
A postura consumista de nossa sociedade indica a crescente produçãoAde lixo, principalmente nasnossa áreas urbanas, o que, postura consumista de sociedade indica crescente produção de lixo, principalmente associadoaa modos incorretos de deposição, nas áreas urbanas, o que, associado a modos
a)
incorretos de deposição, provoca a contaminação do solo e do lençol freático, ocasionando assim graves problemas socioambientais, a) provoca a contaminação do solo e do lençol que se adensarão com a continuidade da cultura do freático, ocasionando assim graves problemas consumo desenfreado. socioambientais, que se adensarão com
b)
produz efeitos perversos nos ecossistemas, que são desenfreado. sanados por cadeias de organismos decompositores produz efeitosdeperversos nos dos ecossistemas, que b) assumem o papel eliminadores resíduos que sanados por cadeias de organismos depositados emsão lixões.
a
continuidade
da
cultura
do
consumo
decompositores que assumem o papel de eliminadores dos resíduos depositados em lixões.
| Curso Enem 2019 160 Geografia c) multiplica o número de lixões a céu aberto,
considerados atualmente a ferramenta capaz de resolver de forma simplificada e barata
As informações do gráfico indicam que a)
o maior desmatamento ocorreu em 2004.
b)
a área desmatada foi menor em 1997 do que em 2007.
c)
a área desmatada a cada ano manteve-se
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Impactos Ambientais
As informações do gráfico indicam que a)
o maior desmatamento ocorreu em 2004.
b)
a área desmatada foi menor em 1997 do que em 2007.
c)
a área desmatada a cada ano manteve-se constante entre 1998 e 2001.
d)
a área desmatada por ano foi maior entre 1994 e 1995 do que entre 1997 e 1998.
CAPÍTULO 5
Analisando-se os dados do gráfico apresentado, que remetem a critérios e objetivos no estabelecimento de unidades de conservação no Brasil, constata-se que a) o equilíbrio entre unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável já atingido garante a preservação presente e futura da Amazônia. b)
e)
as condições de aridez e a pequena diversidade biológica observadas na Caatinga explicam por que a área destinada à proteção integral desse bioma é menor que a dos demais biomas brasileiros.
o total de área desmatada em 1992, 1993 e 1994 é maior Capí tu l oc) 5 o–Cerrado, IM PACT OS AM BIENT AIS que 60.000 km2. a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais intensamente modificados pela ação humana, 12. (Enem) Calcula-se que 78% do desmatamento na apresentam proporção maior de unidades de proteção Amazônia tenha sido motivado pela pecuária - cerca de d) integral o estabelecimento deuso sustentável. unidades de 12.do(Enem) que que de unidades de 35% rebanhoCalcula-se nacional está na78% regiãodo- edesmatamento que pelo menos conservação deve ser incentivado para na Amazônia tenha motivado pela produtivos. pecuária 50 milhões de hectares desido pastos são pouco preservação dos recursosdehídricos e a deve ser - cerca de 35% do rebanho nacional está na d) o aestabelecimento de unidades conservação Enquanto o custo médio para aumentar a produtividade de manutenção da biodiversidade. região - e que pelo menos 50 milhões de hectares incentivado para a preservação dos recursos hídricos e a 1 hectare pastagem de 2 milprodutivos. reais, o custoEnquanto para derrubar de de pastos são é pouco o e) manutenção a sustentabilidade do Pantanal é inatingível, da biodiversidade. igual área de flmédio oresta épara estimado em 800 o que estimula custo aumentar a reais, produtividade de razão pela qual não foram criadas unidades novos desmatamentos. Adicionalmente, madeireiras retiram 1 hectare de pastagem é de 2 mil reais, o custo uso sustentável bioma. e) a de sustentabilidade donesse Pantanal é inatingível, razão pela para de derrubar igual área de estimadopara em a as árvores valor comercial quefloresta foram éabatidas 800 reais, o que estimula novos desmatamentos. qual não foram criadas unidades de uso sustentável criação de pastagens. Os pecuaristas sabem que problemas Adicionalmente, madeireiras retiram as árvores 2006, foi realizada uma conferência ambientais como esses podem provocar restrições à pecuária 14. (Enem) nesseEm bioma. de valor comercial que foram abatidas para a das Nações Unidas em que se discutiu o problema nessas criação áreas, adeexemplo do que ocorreu em sabem 2006 com pastagens. Os pecuaristas que o do lixo eletrônico, também denominado e-waste. 14. (Enem) Em 2006, foi realizada uma conferência plantioproblemas da soja, o qual, posteriormente, foipodem proibido em áreas ambientais como esses provocar Nessa ocasião, destacou-se a necessidade de os das Nações em que seserem discutiu o problema do de floresta. restrições à pecuária nessas áreas, a exemplo do países em Unidas desenvolvimento protegidos que ocorreu em 2006 com o plantio da soja, o qual, das doações nemtambém sempre bem-intencionadas dos Nessa Época, 3/3/2008 e 9/6/2008 (com adaptações). lixo eletrônico, denominado e-waste. posteriormente, foi proibido em áreas de floresta. países mais ricos. Umaaveznecessidade descartados de ou doados, ocasião, destacou-se os países em equipamentos eletrônicos chegam a países em Época, 3/3/2008descrita, e 9/6/2008 (com adaptações). A partir da situação-problema conclui-se que desenvolvimento das doações nem desenvolvimento serem com o protegidos rótulo de “mercadorias sempre bem-intencionadas dos países mais ricos. Uma vez recondicionadas”, mas acabam deteriorando-se partir da situação-problema descrita, conclui-se a) o A desmatamento na Amazônia decorre principalmente em lixões, liberando chumbo, cádmio, eletrônicos mercúrio e chegam descartados ou doados, equipamentos que da exploração ilegal de árvores de valor comercial. outros materiais tóxicos. a países em desenvolvimento com o rótulo de “mercadorias a) o desmatamento na Amazônia decorre Internet:mas <g1.globo.com> (com adaptações). principalmente da exploração ilegal de recondicionadas”, acabam deteriorando-se em lixões, b) um dos problemas que os pecuaristas vêm enfrentando árvores de valor comercial. liberando chumbo, cádmio,associados mercúrio ao e outros na Amazônia é a proibição do plantio de soja. A discussão dos problemas e-wastemateriais b) um dos problemas que os pecuaristas vêm leva à conclusão de que tóxicos. enfrentando Amazônia do c) a mobilização de na máquinas e édea proibição força humana Internet: <g1.globo.com> (com adaptações). plantio de soja. a) os países que se encontram em processo torna o desmatamento mais caro que o aumento da de industrialização necessitam de matériasc) a mobilização de máquinas e de força humana produtividade de pastagens. primas dos recicladas oriundas dos países mais leva à torna o desmatamento mais caro que o A discussão problemas associados ao e-waste ricos. aumento da produtividade de pastagens. conclusão de que d) o superávit comercial decorrente da exportação de carne d) o na superávit comercial a possível decorrente da b) o objetivo dos países ricos, ao enviarem produzida Amazônia compensa degradação exportação de carne produzida na Amazônia mercadorias recondicionadas para os países ambiental. a) osempaíses que se encontram em processo de compensa a possível degradação ambiental. desenvolvimento, é o de conquistar industrialização necessitam mercados consumidores para de seus matériasprodutos. primas e) a recuperação áreas desmatadas e ode e) a recuperação de áreas de desmatadas e o aumento recicladas oriundas dos países mais ricos. aumento produtividade pastagens c) o avanço rápido do desenvolvimento produtividade dasde pastagens podem das contribuir para a podem contribuir para a redução do tecnológico, que torna os produtos obsoletos reduçãodesmatamento do desmatamento na Amazônia. na Amazônia. b) o objetivo dos países ricos, ao enviarem mercadorias em pouco tempo, é um fator que deve ser
13. (Enem)
13. (Enem)
recondicionadas os países em desenvolvimento, considerado empara políticas ambientais. é o de conquistar mercados consumidores para seus d) o excesso de mercadorias recondicionadas produtos. enviadas para os países em desenvolvimento c)
e)
é armazenado em lixões apropriados.
o avanço rápido do desenvolvimento tecnológico, que as mercadorias recondicionadas oriundas de torna os ricos produtos obsoletos emopouco tempo, é um fator países melhoram muito padrão de vida da população dos países em desenvolvimento. que deve ser considerado políticas ambientais.
o excesso de mercadorias recondicionadas enviadas para 15. d) (Enem) os países em desenvolvimento é armazenado em lixões apropriados.
e)
Analisando-se os dados do gráfico apresentado, que remetem a critérios e objetivos no estabelecimento de unidades de conservação no Brasil, constata-se que a)
o equilíbrio entre unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável já
as mercadorias recondicionadas oriundas de países ricos melhoram muito o padrão de vida da população dos países em desenvolvimento.
Curso Enem 2019 | Geografia
161
d)
o excesso de mercadorias recondicionadas enviadas para os países em desenvolvimento é armazenado em lixões apropriados.
CAPÍTULO 5 recondicionadas Impactos Ambientais e) as mercadorias oriundas de
países ricos melhoram muito o padrão de vida TRODUÇÃO À FILOSOFIA da população dos países em desenvolvimento.
15.(Enem) (Enem) 15.
e)
17. (Enem) Se, por um lado, o ser humano, como animal, é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo a funcionalidade harmônica dos ambientes naturais.
do, que mento ata-se
ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2005 (adaptado).
A relação entre a sociedade e a natureza vem sofrendo profundas mudanças em razão do conhecimento técnico. A partir da leitura do texto, identifique a possível consequência do avanço da técnica sobre o meio natural.
rvação ável já ente e
equena aatinga oteção a dos
Pampa, os pela maior ue de
a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na estiagem, sem prejudicar os ecossistemas.
A maior frequência na ocorrência do fenômeno A maior frequência na ocorrênciana dofigura fenômeno atmosféricoa atmosférico apresentado relaciona-se apresentado na figura relaciona-se a a) concentrações urbano-industriais. episódiosurbano-industriais. de queimadas florestais. a) b)concentrações c) atividades de extrativismo vegetal. b) episódios de queimadas florestais. d) índices de pobreza elevados. c) e)atividades dequentes extrativismo vegetal. climas e muito úmidos.
d)
índices de pobreza elevados.
e)
climas quentes e muito úmidos.
Cabeceiras ameaçadas. Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que exijam a)
a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense.
b)
a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade.
c)
o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de gramíneas, evite a erosão do solo. o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo nível das águas durante o período de cheias.
162 Geografia | Curso Enem 2019
sociedade aumentou o uso de insumos químicos – agrotóxicos e fertilizantes – e, assim, os riscos de contaminação.
b)
O homem, a partir da evolução técnica, conseguiu explorar a natureza e difundir harmonia na vida social.
c)
As degradações produzidas pela exploração dos recursos naturais são reversíveis, o que, de certa forma, possibilita a recriação da natureza.
d)
O desenvolvimento técnico, dirigido para a recomposição de áreas degradadas, superou os efeitos negativos da degradação.
e)
As mudanças provocadas pelas ações humanas sobre a natureza foram mínimas, uma vez que os recursos utilizados são de caráter renovável.
149
16. (Enem) As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes para a planície pantaneira matogrossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas da calha dos principais rios,cujovolumetemdiminuído,principalmente nas cabeceiras.
d)
a)
18. (Enem) No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela a)
incapacidade de se manter uma atividade econômica ao longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente.
b)
incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos naturais e de fontes não renováveis de energia.
c)
interação de todas as dimensões do bem- estar humano com o crescimento econômico, sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a Antiguidade.
d)
proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas tropicais devido ao avanço de atividades como a mineração, a monocultura, o tráfico de madeira e de espécies selvagens.
e)
necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e ambiental.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 5
Impactos Ambientais
19. (Enem) Cerca de 1% do lixo urbano é constituído por resíduos sólidos contendo elementos tóxicos. Entre esses elementos estão metais pesados como o cádmio, o chumbo e o mercúrio, componentes de pilhas e baterias, que são perigosos à saúde humana e ao meio ambiente.
Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que a)
os regimes climáticos da Terra são desprovidos de padrões que os caracterizem.
Quando descartadas em lixos comuns, pilhas e baterias vão para aterros sanitários ou lixões a céu aberto, e o vazamento de seus componentes contamina o solo, os rios e o lençol freático, atingindo a flora e a fauna. Por serem bioacumulativos e não biodegradáveis, esses metais chegam de forma acumulada aos seres humanos, por meio da cadeia alimentar. A legislação vigente (Resolução CONAMA no 257/1999) regulamenta o destino de pilhas e baterias após seu esgotamento energético e determina aos fabricantes e/ou importadores a quantidade máxima permitida desses metais em cada tipo de pilha/ bateria, porém o problema ainda persiste.
b)
as intervenções humanas nas regiões polares são mais intensas que em outras partes do globo.
c)
o processo de aquecimento global será detido com a eliminação das queimadas.
d)
a destruição das florestas tropicais é uma das causas do aumento da temperatura em locais distantes como os polos.
e)
os parâmetros climáticos modificados pelo homem afetam todo o planeta, mas os processos naturais têm alcance regional.
Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acesso em: 11 jul. 2009 (adaptado).
Uma medida que poderia contribuir para acabar definitivamente com o problema da poluição ambiental por metais pesados relatado no texto seria a)
deixar de consumir aparelhos elétricos que utilizem pilha ou bateria como fonte de energia.
b)
usar apenas pilhas ou baterias recarregáveis e de vida útil longa e evitar ingerir alimentos contaminados, especialmente peixes.
21. (Enem) O crescimento rápido das cidades nem sempre é acompanhado, no mesmo ritmo, pelo atendimento de infraestrutura para a melhoria da qualidade de vida. A deficiência de redes de água tratada, de coleta e tratamento de esgoto, de pavimentação de ruas, de galerias de águas pluviais, de áreas de lazer, de áreas verdes, de núcleos de formação educacional e profissional, de núcleos de atendimento médico-sanitário é comum nessas cidades. ROSS, J. L .S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2009 (adaptado)
c)
devolver pilhas e baterias, após o esgotamento da energia armazenada, à rede de assistência técnica especializada Capítulo 5 – Sabendo IMPACTOS AMBIENTAIS que o acelerado crescimento populacional urbano para repasse a fabricantes e/ou importadores. está articulado com a escassez de recursos financeiros e a dificuldade de implementação de leis de proteção ao meio d) criar nas cidades, especialmente naquelas com mais de criar nas cidades, especialmente naquelas Sabendo que o acelerado crescimento populacional ambiente, pode-se estabelecer o estímulo a uma relação 100 mil d)habitantes, pontos estratégicos de coleta de com mais de 100 mil habitantes, pontos urbano está articulado com a escassez de recursos baterias e pilhas, para posterior repasse a fabricantes e/ sustentável entre conservação e produção a partir estratégicos de coleta de baterias e pilhas, financeiros e a dificuldade de implementação para posterior repasse a fabricantes e/ou de leis de proteção ao meio ambiente, pode-se ou importadores. importadores. estabelecer o estímulo a uma relação sustentável a) do aumento doa consumo, pela população mais pobre, de entre conservação e produção partir e) fabricantes exigir que fabricantes invistam pesquisa para a e) exigir que invistam em em pesquisa produtos industrializados para o equilíbrio da capacidade para a substituição desses metais tóxicos por a) do aumento do consumo, pela população substituição desses metais tóxicos por substâncias de consumo entreindustrializados as classes. substâncias menos nocivas ao homem e ao mais pobre, de produtos menos nocivas ao homem ao ambiente, e que não ambiente, e que nãoesejam bioacumulativas. para o equilíbrio da capacidade de consumo entre as classes. sejam bioacumulativas. b) da seleção e recuperação do lixo urbano, que já é uma 20. (Enem) b) da seleção e recuperação lixo urbano, que prática rotineiradonos grandes centros urbanos dos países já é uma prática rotineira nos grandes centros 20. (Enem) urbanosem dos desenvolvimento. países em desenvolvimento. c)
d)
e)
da diminuição acelerada do uso de recursos c) daainda diminuição acelerada dodauso de recursos naturais, naturais, que isso represente perda qualidade de vida deisso milhões de pessoas. ainda que represente perda da qualidade de vida de da fabricação dede produtos reutilizáveis e milhões pessoas. biodegradáveis, evitando-se substituições e descartes, como medidas para a redução da d) da fabricação degradação ambiental. de produtos reutilizáveis
e biodegradáveis, evitando-se substituições e descartes, como medidas transferência dos aterros sanitários para paramais a redução da degradação partes periféricas das grandes ambiental.
da as cidades,visando-se ambientes naturais.
e)
22.
à
preservação
dos
da transferência dos aterros sanitários para as partes mais periféricas das grandes cidades,visando-se à preservação (Enem) O volume de matéria-prima recuperado dosdo ambientes pela reciclagem lixo está naturais. muito abaixo das necessidades da indústria. No entanto, mais que uma forma de responder ao aumento da demanda industrial por matérias-primas e energia, a 22. é(Enem) O devolume de omatéria-prima reciclagem uma forma reintroduzir lixo no processo industrial. do lixo está muito abaixo das reciclagem
recuperado pela necessidades da SCARLATO, F. C.; J. A. Do nicho que ao lixo.uma forma de responder indústria. NoPONTIN, entanto, mais São Paulo: Atual, 1992 (adaptado). ao aumento da demanda industrial por matérias-primas e A prática abordada no texto corresponde, no de reintroduzir o lixo no energia, a reciclagem é uma forma contexto global, a uma situação de sustentabilidade processo industrial. que
Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que a)
os regimes climáticos da Terra são desprovidos de padrões que os caracterizem.
b)
as intervenções humanas nas regiões polares são mais intensas que em outras partes do globo.
c)
o processo de aquecimento global será detido
a)
reduz o buraco na camada de ozônio nos distritos industriais. SCARLATO, F. C.; PONTIN, J. A. Do nicho ao lixo. São Paulo: Atual, 1992
b)
ameniza os efeitos das chuvas ácidas nos polos petroquímicos.
c)
diminui os efeitos da poluição atmosférica das indústrias siderúrgicas.
d)
diminui a possibilidade de formação das ilhas Curso de calor nas áreas urbanas.
e)
reduz a utilização de matérias-primas nas indústrias de bens de consumo.
(adaptado).
Enem 2019 | Geografia
163
CAPÍTULO 5
Impactos Ambientais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A prática abordada no texto corresponde, no contexto global, a uma situação de sustentabilidade que a) reduz o buraco na camada de ozônio nos distritos industriais. b) ameniza os efeitos das chuvas ácidas nos polos petroquímicos. c)
diminui os efeitos da poluição atmosférica das indústrias siderúrgicas.
d) diminui a possibilidade de formação das ilhas de calor nas áreas urbanas. e) reduz a utilização de matérias-primas nas indústrias de bens de consumo. 23. (Enem) O ecossistema urbano é criado pelo homem e consome energia produzida por ecossistemas naturais, alocando-a segundo seus próprios interesses. Caracteriza-se por um elevado consumo de energia, tanto somática (aquela que chega às populações pela cadeia alimentar), quanto extrassomática (aquela que chega pelo aproveitamento de combustíveis), principalmente após o advento da tecnologia de ponta. Cada vez mais aumenta o uso de energia extrassomática nas cidades, o que ocasiona a produção de seu subproduto, a poluição. A poluição urbana mais característica é a poluição do ar. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008.
Os efeitos da poluição atmosférica podem ser agravados pela inversão térmica, processo que ocorre muito no sul do Brasil e em São Paulo. Esse processo pode ser definido como a) processo no qual a temperatura do ar se apresenta inversamente proporcional à umidade relativa do ar, ou seja, ar frio e úmido ou ar quente e seco. b) precipitações de gotas d’água (chuva ou neblina) com elevada temperatura e carregadas com ácidos nítrico e sulfúrico, resultado da poluição atmosférica. c)
inversão da proteção contra os raios ultravioleta provenientes do Sol, a partir da camada mais fria da atmosfera, que esquenta e amplia os raios.
d) fenômeno em que o ar fica estagnado sobre um local por um período de tempo e não há formação de ventos e correntes ascendentes na atmosfera. e) fenômeno no qual os gases presentes na atmosfera permitem a passagem da luz solar, mas bloqueiam a irradiação do calor da Terra, impedindo-o de voltar ao espaço. 24. (Enem) Uma parcela importante da água utilizada no Brasil destina-se ao consumo humano. Hábitos comuns referentes ao uso da água para o consumo humano incluem: tomar banhos demorados; deixar as torneiras abertas ao escovar os dentes ou ao lavar a louça; usar a mangueira para regar o jardim; lavar a casa e o carro. Agência Nacional de Águas; Fundação Roberto Marinho. Caminho das águas, conhecimento, uso e gestão: caderno do professor 1. Rio de Janeiro, 2006 (adaptado).
164 Geografia | Curso Enem 2019
A repetição desses hábitos diários pode contribuir para a) o aumento da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água. b) a manutenção da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água. c)
a diminuição da disponibilidade de água para a região onde você mora e do custo da água.
d) o aumento da disponibilidade de água para a região onde você mora e a diminuição do custo da água. e) a diminuição da disponibilidade de água para a região onde você mora e o aumento do custo da água. 25. (Enem) As queimadas, cenas corriqueiras no Brasil, consistem em prática cultural relacionada com um método tradicional de “limpeza da terra” para introdução e/ou manutenção de pastagens e campos agrícolas. Esse método consiste em: (a) derrubar a floresta e esperar que a massa vegetal seque; (b) atear fogo, para que os resíduos grosseiros, como troncos e galhos, sejam eliminados e as cinzas resultantes enriqueçam temporariamente o solo. Todos os anos, milhares de incêndios ocorrem no Brasil, em biomas como Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, em taxas tão elevadas, que se torna difícil estimar a área total atingida pelo fogo. CARNEIRO FILHO, A. Queimadas. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007 (adaptado).
Um modelo sustentável de desenvolvimento consiste em aliar necessidades econômicas e sociais à conservação da biodiversidade e da qualidade ambiental. Nesse sentido, o desmatamento de uma floresta nativa, seguido da utilização de queimadas, representa a) método eficaz para a manutenção da fertilidade do solo. b) atividade justificável, tendo em vista a oferta de mão de obra. c)
ameaça à biodiversidade e impacto danoso à qualidade do ar e ao clima global.
d) destinação adequada para os resíduos sólidos resultantes da exploração da madeira. e) valorização de práticas tradicionais dos povos que dependem da floresta para sua sobrevivência. 26. (Enem) Inundações naturais dos rios são eventos que trazem benefícios diversos para o meio ambiente e, em muitos casos, para as atividades humanas. Entretanto, frequentemente as inundações são vistas como desastres naturais, e os gestores e formuladores de políticas públicas se veem impelidos a adotar medidas capazes de diminuir os prejuízos causados por elas. Qual das medidas abaixo contribui para reduzir os efeitos negativos das inundações? a) A eliminação de represas e barragens do leito do rio. b) A remoção da vegetação que acompanha as margens do rio.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Impactos Ambientais
c)
A impermeabilização de áreas alagadiças adjacentes aos rios.
d) A eliminação de árvores de montanhas próximas do leito do rio. e) O manejo do uso do solo e a remoção de pessoas que vivem em áreas de risco. 27. (Enem) Na Serra do Navio (AP), uma empresa construiu uma usina de beneficiamento, um porto, uma estrada de ferro e vilas. Entretanto, depois que as reservas foram exauridas, a companhia fechou a mina e as vilas se esvaziaram. Sobrou uma pequena comunidade de pescadores. São 1,8 mil moradores que sofrem com graves problemas nos rins, dores no corpo, diarreia, e vômitos decorrentes da contaminação do solo e da água por arsênio. MILANEZ, B. “Impactos da mineração”. Le monde diplomatique. São Paulo, ano 3, n. 36. Adaptado.
c)
CAPÍTULO 5
mais intensa nos solos onde são realizados cultivos temporários, em comparação àqueles sobre os quais as coberturas de mata são preservadas.
d) mais intensa em solos expostos a chuvas bem distribuídas, em comparação àqueles sobre os quais a quantidade de chuvas é concentrada ao longo do ano. e) menos intensa nos solos cujos alinhamentos dos cultivos seguem as linhas de maior inclinação, em comparação àqueles onde são aplicadas técnicas de terraceamento. 29. (Enem) A sociedade em movimento tem gestado algumas alternativas. Surgem novas experiências de luta no campo, nas quais os movimentos sociais têm buscado formas para permanecer na terra, afirmando sua territorialidade. Estes novos sujeitos sociais, de que são exemplo os seringueiros no Acre e as quebradeiras de coco no Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí, têm lutado por seu reconhecimento, chegando em certos casos a obter mudanças na legislação.
A existência de práticas de exploração mineral predatórias no Brasil tem provocado o(a)
MAROUES, M. O conceito de espaço rural em questão. São Paulo: Terra Livre,
a) criação de estruturas e práticas geradoras de impactos socioambientais pouco favoráveis à vida das comunidades.
De acordo com o debate apresentado no texto, e visando à permanência digna no campo, a organização social e política dos seringueiros busca
b) adequação da infraestrutura local dos municípios e regiões exploráveis à recepção dos grandes empreendimentos de exploração.
a) a implementação de estratégias de geração de emprego e renda apoiadas na automação produtiva de ponta.
c)
ampliação do número de empresas mineradoras de grande porte que têm sua atuação prejudicada pelo atendimento às normas ambientais brasileiras.
d) distanciamento geográfico das áreas exploráveis em reação às demarcações de terras indígenas que são pouco apropriadas à extração dos recursos. e) estabelecimento de projetos e ações por parte das empresas mineradoras em áreas de atuação nas quais as reservas mineralógicas foram exauridas. 28. (Enem) Estima-se que cerca de 80% da área cultivada do estado de São Paulo esteja sofrendo processo erosivo, causando uma perda de mais de 200 milhões de toneladas de solo por ano. 70% desse solo chegam aos mananciais, causando assoreamento e poluição. ZOCCAL, J. C. “Adequação de erosões: causas, consequências e controle de
ano 18, v. 2, jul/dez 2002.
b) a efetivação de políticas públicas para a preservação das florestas como condição de garantia de sustentabilidade. c)
d) o estímulo à implantação generalizada de indústrias do setor de papel e celulose focadas na Amazônia. e) o aprofundamento de políticas governamentais que potencializem os fluxos sociais para as cidades. 30. (Enem) A urbanização afeta o funcionamento do ciclo hidrológico, pois interfere no rearranjo dos armazenamentos e na trajetória das águas. CHRISTOFOLETTI. A. “Aplicabilidade do Conhecimento Geomorfológico nos Projetos de Planejamento”. In: GUERRA. A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio do Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
erosão rural”. Soluções cadernos de estudos em conservação do solo e da água. Presidente Prudente: Codasp, v. 1, n. 1, maio 2007. Adaptado.
Como São Paulo, todo o Brasil sofre com o problema da deflagração e aceleração da erosão hídrica em áreas cultivadas, sendo que a perda de solos por esse tipo de erosão caracteriza-se por ser a) mais intensa em solos onde se utiliza a técnica de associação de culturas, em comparação com cultivos que deixam a maior parte do solo exposto ás intempéries. b) menos intensa em solos que, revolvidos, ficam expostos às chuvas, em comparação àqueles onde são aplicadas técnicas de plantio direto.
a distribuição de grandes extensões de terra com financiamentos voltados à produção agroindustrial em larga escala.
Os efeitos da urbanização sobre os corpos hídricos apresentados no texto resultam em a) circulação difusa da água pela superfície, provocada pelas edificações urbanas. b) redução da quantidade da água do rio, em virtude do aprofundamento do seu leito. c)
alteração do mecanismo de evaporação, dada a pouca profundidade do lençol freático.
d) redução da capacidade de infiltração da água no solo, em decorrência da sua impermeabilização.
Curso Enem 2019 | Geografia
165
por ser
c)
técnica paração arte do
olvidos, paração cas de
alizados paração e mata
d)
proibição permanente natureza.
alteração do mecanismo de evaporação, dada a pouca profundidade do lençol freático.
d) redução da CAPÍTULO 5
capacidade de infiltração dae) definição Impactos Ambientais água no solo, em decorrência da sua exploração impermeabilização. TRODUÇÃO À FILOSOFIA
da
exploração
de áreas prioritárias econômica.
para
da a
e) assoreamento no curso superior dos rios, trecho de maiorsuperior declividade, em função do 33. (Enem) assoreamento no curso dos rios, trecho de33. maior (Enem) transporte e deposição dos sedimentos. declividade, em função do transporte e deposição dos sedimentos. 31. (Enem) 31. (Enem)
e)
chuvas àqueles uvas é
mentos maior nde são Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br.
A charge ironiza um problema recorrente nas áreas urbanas Acesso em: 28 fev. 2012. nos períodos de maior precipitação, cujas causas são intensificadas pela
gestado riências mentos manecer Estes mplo os coco no ado por casos a
questão. ez 2002.
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A charge ironiza um problema recorrente nas áreas urbanas nos períodos dedamaior precipitação, cujas a) ocorrência do fenômeno chuva frontal, típica das áreas urbanas localizadas no litoral brasileiro. causas são intensificadas pela a) BRASIL. Ministério do Meio Ambiente/IBGE. No mapa estão representados os biomas brasileiros que, em Biomas. 2004 função de suas características físicas e do modo de(adaptado). ocupação do território, apresentam problemas ambientais distintos. b) No sentido, mapa estão representados biomas brasileiros Nesse o problema ambientalosdestacado no mapa que, em função de suas características físicas e indica do modo de ocupação do território, apresentam ambientais distintos. Nesse sentido, o a) problemas desertificação das áreas afetadas. c) problema ambiental destacado no mapa indica b) poluição dos rios temporários. a) desertificação das áreas afetadas. c) queimadas dos remanescentes vegetais. b) poluição dos rios temporários. d) c) desmatamento dasdos matas ciliares. d) queimadas remanescentes vegetais.
e) d) contaminação das águas subterrâneas. desmatamento das matas ciliares. e) contaminação das águas subterrâneas. 32. (Enem) A questão ambiental, uma das principais pautas contemporâneas, possibilitou o surgimento de concepções políticas diversas, dentre as quais se destaca a preservação ambiental, que sugere uma ideia de intocabilidade da natureza e impede o seu aproveitamento econômico sob qualquer justificativa.
e)
PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
Considerando as atuais concepções políticas sobre a questão ambiental, a dinâmica caracterizada no texto quanto à proteção do meio ambiente está baseada na 153 a)
prática econômica sustentável.
b)
contenção de impactos ambientais.
c)
utilização progressiva dos recursos naturais.
d)
proibição permanente da exploração da natureza.
e)
definição de áreas prioritárias para a exploração econômica.
166 Geografia | Curso Enem 2019
b)
ampliação do efeito estufa provocado pela onda de calor,
ocorrência do fenômeno da chuva frontal, aumentando a evaporação nas metrópoles. típica das áreas urbanas localizadas no litoral c) c) construção de canais concretados e submersos em brasileiro. função da ocupação das margens dos rios urbanos. d) ampliação formação de ilhas calor nos centros urbanos e maior dode efeito estufa provocado precipitação devido ao aumento da temperatura.
pela onda de calor, aumentando a evaporação nas e) metrópoles. impermeabilização do solo e no acúmulo de lixo nas áreas de grande circulação das cidades.
construção de canais concretados e 34. (Enem) Todos que moram em grandes cidades convivem submersos em função da ocupação das diariamente com a poluição do ar e sofrem os efeitos desse grande mal. Olhos irritados lacrimejantes; o incômodo margens dos rios eurbanos.
causado por odores desagradáveis e, às vezes, repugnantes; as formação tentativas de manter casa limpa pó negro de ailhas dedaquele calor nos e centros oleoso, provocado pela fuligem das chaminés das indústrias. urbanos e maior precipitação ao Tudo isso são problemas considerados normais na vida devido dos habitantes dos grandes centros urbanos. aumento da temperatura. BRANCO, S. M.; MURGEL, E. Poluição do ar. São Paulo: Moderna, impermeabilização do solo e no1995.acúmulo de lixo nas áreas ambientais de grande circulação das Destaca-se dentre os problemas que caracterizam cidades. o aumento da temperatura nas áreas urbanas o(a)
a)
ilha de calor.
b)
inversão térmica.
c)
efeito estufa.
d)
rarefação da camada de ozônio.
e)
chuva ácida.
35. (Enem)
154
Texto I
Os problemas ambientais são consequência direta da intervenção humana nos diferentes ecossistemas da Terra, causando desequilíbrios o meio ambiente e comprometendo a qualidade de vida. Disponível em: www. Repositoty.utl.pt. Acesso em: 29 jul. 2012
ecossistemas da Terra, causando desequilíbrios o meio ambiente e comprometendo a qualidade de vida. Impactos Ambientais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Disponível em: www. Repositoty.utl.pt. Acesso em: 29 jul. 2012.
Texto II
CAPÍTULO 5
Texto II
As imagens representam as geleiras da Groelândia, que
As imagens representam as geleiras da Groelândia, sofreram e sofrem impactos, resultantes do(a) que sofreram e sofrem impactos, resultantes do(a) a)
a)
b)
ilha de calor.
ilha de calor. chuva ácida.
b)
c)
chuva ácida. erosão eólica.
c)
d)
erosão eólica. inversão térmica.
d)
e)
aquecimentotérmica. global. inversão
e)
aquecimento global. 36.(Enem) O acúmulo gradual de sais nas camadas superiores do solo, um processo chamado salinização, retarda o crescimento das safras, diminui a produção das culturas e, consequentemente, mata as plantas e arruína o solo. A salinização mais grave ocorre na Ásia, em especial na China, na Índia e no Paquistão. MELLER, G. Ciência ambiental. São Paulo: Thomson, 2007.
O fenômeno descrito no texto representa um grande impacto ambiental em áreas agrícolas e tem como causa direta o(a) a)
rotação de cultivos.
b)
associação de culturas.
c)
plantio em curvas de nível.
d)
manipulação genética das plantas.
e)
instalação de sistemas de irrigação.
GABARITO 1
A
10
B
19
E
28
C *HRJUD¿D
2
B
11
D
20
D
29
3
E
12
E
21
D
30
D
4
C
13
D
22
E
31
A
5
A
14
C
23
D
32
D
6
C
15
A
24
E
33
C
B
7
D
16
D
25
C
34
A
8
A
17
A
26
E
35
E
9
A
18
E
27
A
36
E
Curso Enem 2019 | Geografia
167
CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos CONCEITOS: • Energias Convencionais: são as energias mais utilizadas em escala global. Exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural e energia nuclear e hidráulica.
• Energias Alternativas: são as energias utilizadas para substituírem as energias convencionais. Exemplos: eólica, solar, geotérmica, biomassa, maremotriz, xisto betuminoso e hidrogênio.
•
Energias Fósseis: são as energias formadas pela decomposição de antigos seres vivos, em tempo geológico, soterrados em áreas de bacias sedimentares. Exemplos: Petróleo, gás natural e xisto betuminoso – formados pela decomposição de plânctons, em antigos ambiente lacustres. Carvão mineral: formado pela decomposição de antigas formações vegetais.
• Energia Não-Renovável: é toda energia produzida com o uso de recursos naturais que não se renovam, ou não podem ser renovados, em tempo humano. Exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear.
• Energia Renovável: é toda energia produzida com o uso de recursos naturais que se renovam, ou podem ser renovados, em tempo humano. Exemplos: biomassa, solar, eólica, geotérmica, maremotriz, hidráulica e hidrogênio.
•
Energia Limpa: é toda energia que não polui a atmosfera.
Exemplos: solar, eólica, geotérmica, maremotriz, nuclear e hidrogênio. Observações: 1) A energia hidráulica tradicionalmente é caracterizada como uma forma de energia limpa. Porém, o processo de construção das hidrelétricas tem promovido uma poluição significativa da atmosfera, pela liberação de gás metano após a formação do
168 Geografia | Curso Enem 2019
lago de geração de energia. Como na maioria das construções a vegetação não é retirada para a formação do lago, após ser alagada, ela entra em decomposição, promovendo a liberação de gás metano e poluindo a atmosfera 2) A biomassa não é considerada energia limpa, porque a queima da matéria orgânica libera na atmosfera CO2. Porém, é uma forma de energia sustentável devido ao balanço nulo de poluição. uando o vegetal utilizado como biomassa é replantado, ocorre a captura de CO2 da atmosfera, equilibrando a quantidade de gás carbônico. - Energia Sustentável: é a que dá sustentação à produção e ao consumo porque está disponível para o uso no decorrer do tempo, ou seja, é a energia gasta em uma quantidade e velocidade nas quais a natureza pode repô-la, mantendo-se disponível para as próximas gerações. Exemplos: solar, eólica, geotérmica, maremotriz, biomassa, hidráulica (desde que seja usada de forma racional) e Hidrogênio.
O Brasil e o mundo frente ao desafio da energia A descoberta das gigantescas jazidas de petróleo na camada pré-sal debaixo do leito do Oceano Atlântico muda definitivamente a história da matriz brasileira de energia, pois tornará o pais autossuficiente no setor por muito tempo. Alguns dos campos encontrados são de petróleo leve, mais valioso e rentável, e do qual o país tinha carência par suas refinarias. Ao mesmo tempo, o Plano Nacional de Energia 2050, do Ministério de Minas e Energia, que prevê cenários socioeconômicos e de necessidade de energia do Brasil até meados do século, calcula que a demanda por energia no país triplicará até 2050 e, para tanto, não será possível contar apenas com energia limpa ou com a maior eficiência no consumo. Por isso, o volume de emissões de gases deve dobrar no período de 36 anos. Segundo o documento, lançado em 2014, haverá forte expansão das emissões de gases de efeito estufa, como consequência do maior consumo de energia, puxado principalmente pela expansão do setor de transportes e pela indústria.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Recursos Energéticos
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de 2003 a 2013, cresceu pouco mais de 40%, chegando a 4,8 trilhões de 2013. No mesmo período, o consumo de energia cresceu 63%, o que significa um esforço enorme para produzir essa oferta suplementar. É desse desafio que estamos tratando quando se discute a construção de usinas hidrelétricas ou novos poços de petróleo. Esse fenômeno não é só brasileiro. O consumo de energia cresce no mundo todo. Atualmente, isso é ainda mais intenso nas grandes economias emergentes, como as do Brasil, China e Índia. Nos dois gigantes asiáticos, a questão é aguda, pois suas economias crescem a taxas elevadas, e suas populações somadas superam 2,6 bilhões de pessoas, mais de um terço da humanidade. A pressão por mais oferta de energia vem levando a um aumento do uso de fontes não renováveis e poluidoras.
- Matrizes de energia A energia é o que move e aquece nosso corpo, é essencial para todos os seres vivos e é também necessária para o funcionamento das sociedades, da agricultura, da indústria e das cidades. Todos os países mantêm políticas prioritárias de busca por novas fontes de energia e de aumento de sua produção e oferta. Isso ocorre porque o consumo de energia tende sempre a crescer quando a economia está saudável. Para esse crescimento, é necessário ter energéticos (água, petróleo, carvão mineral, gás natural, urânio), senão a sociedade para – da mesma forma que uma carro sem gasolina. Todos os países calculam periodicamente quantos recursos possuem de energia, quanto gastam e em quais usos. Esse conjunto é chamado de matriz de energia ou matriz energética. Ela é calculada também para regiões e blocos econômicos, como a União Europeia, e inclui as empresas que produzem sua própria energia para funcionar. Conheça os principais componentes de uma matriz de energia:
•
Recursos de energia primários
São os obtidos na natura: petróleo, xisto, carvão mineral, lixívia, lenha, cana-de-açúcar, mamona e soja, urânio, água, sol, ventos. • Recursos de energia secundários São derivados dos primários, como óleo cru e diesel, gasolina e querosene, biodiesel, bagaço de cana, etanol (álcool), carvão vegetal e eletricidade. • Energia Renovável É aquela produzida com recursos primários que se renovam ou podem ser renovados, poluentes ou não. Exemplos: a energia obtida da água, da luz do sol, dos ventos e dos produtos agrícolas.
•
Energia não renovável
É aquela produzida com recursos primários que, cedo ou tarde, acabarão, como o petróleo, o carvão mineral, o gás natural e o urânio. Para a sua produção, a natureza exige milhões de anos. Por ser mais barata e prática, é a mais usada hoje no mundo.
•
CAPÍTULO 6
Setores de consumo
Os transportes, as indústrias, a agricultura, o comércio e as residências. Dispor dos recursos necessários de energia é um fator essencial e, portanto, estratégico para qualquer país. Nas regiões mais pobres da África Subsaariana, na Índia, em Bangladesh e em países do Sudeste Asiático e da Oceania, há falta de fontes de energia limpas: quando não têm madeira disponível para o uso, as pessoas queimam até esterco seco ou lixo para cozinhar. Para os países, também é importante garantir que o recurso utilizado esteja sempre disponível, e garantir que ele não prejudique o meio ambiente. A razão disso é que a forma mais primária de produzir energia é a mais utilizada no mundo: queimar a fonte de energia. E a queima de madeira, carvão vegetal ou mineral e combustíveis de petróleo libera gases que agravam o efeito estufa, questão que hoje é uma preocupação global. Esses fatores deram origem a novos conceitos ligados à energia e à proteção ao meio ambiente.
- Energia Sustentável É aquela que utiliza os recursos naturais disponíveis de forma a preservá-los para uso futuro, ou seja, que consome os recursos em quantidade e velocidade nas quais a natureza consegue repô-los, e de forma a evitar ou minimizar os impactos sobre o meio ambiente. O conceito de energia sustentável é proposto como uma diretriz que se busca seguir, um desafio a ser alcançado. São exemplos a energia hídrica, a solar e a eólica. Porém, a queima de biomassa (como bagaço da cana e resíduos de madeira), de gás natural, de biodigestores de esterco animal e o gás liberado no ar pelos aterros sanitários, por exemplo, são considerados mais sustentáveis do que outros, por serem de recursos que são repostos e porque emitem menos dióxido de carbono (CO2).
- Energia limpa É aquela que não polui o ambiente, ou que polui menos, como a hidrelétrica, a eólica (dos ventos), a solar, a das marés e a geotérmica (gerada a partir de fontes de calor natural vulcânico). O etanol e o gás natural veicular (GNV), por seu lado, são considerados mais limpos do que a gasolina ou o diesel, porque poluem menos.
- Matriz no Brasil O Brasil tem uma posição privilegiada entre as maiores economias na questão da energia. O país é líder mundial em quantidade de energia renovável, e a única grande economia que produz quase metade da energia que consome de fontes próprias e renováveis, principalmente a água, para gerar eletricidade, e os combustíveis de origem vegetal, com destaque para o etanol (álcool anidro e hidratado) de canade- açúcar. Em 2013, a energia renovável respondeu por 41% do total consumido no país. Em 2012, a média de produção de energias renováveis no mundo foi de 13,5%. Além disso, o Brasil obteve autossuficiência em petróleo, tende a consolidála com as descobertas do pré-sal e possui grandes reservas de gás natural e de urânio para produzir energia nuclear. Nos países mais industrializados, há uma forte dependência de importações de energia.
Curso Enem 2019 | Geografia
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CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Mas o Brasil não foi sempre assim. Por mais de 400 anos, até a década de 1970, a madeira foi o combustível mais usado em território nacional. Trata-se de uma fonte primitiva de energia, que produz uma fumaça tóxica ao ser humano. A introdução de petróleo aconteceu lentamente, a partir do final do século XIX. Em 1973, o Choque do Petróleo leva o governo militar a diversificar a matriz, pois o país dependia muito da importação do produto. Dos anos 1970 até os 1990, são descobertas no Brasil grandes jazidas de petróleo, o governo amplia o uso do carvão mineral, do etanol de cana-de-açúcar em automóveis, constrói represas hidrelétricas e as usinas nucleares em Angra dos Reis (RJ). A partir de 2000, amplia-se o uso de gás natural importado e de termoeletricidade, a produção de veículos flex (álcool e gasolina), de biodiesel e a construção de usinas eólicas. Em 2013, as fontes de energia mais usadas na matriz brasileira foram o petróleo, seguida pela cana-de- açúcar, gás natural e hidroeletricidade. Segundo o Plano Nacional de Energia 2050, o consumo de energia no país saltará de 296 mil toneladas de Ca p í tequivalente ulo 6 – REC R S Ode S energia), ENER ÉTI CO Smil em 2050, com o aumento da oferta de energia petróleo (medida deU consumo emG2013, para 604 principalmente pela geração de eletricidade a partir de todas as fontes e de gás natural, o estudo aponta que esforços de economia de energia, ou de eficiência energética, por parte das indústrias e da população, têm potencial para reduzir em 18% o consumo de energia elétrica até 2050.
- Mudanças no mundo -O Mudanças no mundo aumento do consumo de energia, e especialmente de carvão mineral por China e Índia, ameaça anular os esforços para reduzir a
de gases ligados ao de efeito estufa. Oecarvão mineral é a fonte de energia em maior no planeta. É o mais barato, Oemissão aumento do consumo energia, especialmente de carvão mineral porquantidade China e Índia, ameaça anular os porém é para também o maisapoluente de CO , o gás emitido em maior volume entre os que reforçam o efeito estufa. Em 2012, esforços reduzir emissãoemissor de gases ligados ao efeito estufa. O carvão mineral é a fonte de energia em maior 2 a China já respondia por 45% totalbarato, mundialporém de extração e uso do mineral. Osemissor chinesesde estão reduzirem o uso do quantidade no planeta. É o do mais é também o carvão mais poluente COprocurando , o gás emitido maior 2 volume entre que reforçam o efeito Em 2012, os a China jáUnidos respondia 45%emissor do total mundial de2extração carvão em suasosatividades econômicas, poisestufa. o país ultrapassou Estados comopor o maior mundial de CO . e uso do carvão mineral. Os chineses estão procurando reduzir o uso do carvão em suas atividades econômicas, pois o país ultrapassou Estados Unidos como maior emissor mundial depassou CO2. a ser muito explorada nos Estados Como a busca por energiaosbarata é permanente, uma onova fonte de energia primária Unidos, onde está provocando mudanças impactantes e muita polêmica: é o gás e um tipo de petróleo presente jazidas Como a busca por energia barata é permanente, uma nova fonte de energia primária passou a ser muitonas explorada naturais de folhelho, chamado de gás de xisto. Os norte-americanos passaram a exploraré esses comdeuma nova nos Estados Unidos,também onde está provocando mudanças impactantes e muita polêmica: o gásprodutos e um tipo petróleo tecnologianas considerada de risco: um inicialmente vertical, de ao chegar fundo, Os realiza uma perfuração horizontal naa presente jazidas naturais de perfuração folhelho, também chamado gás deo xisto. norte-americanos passaram explorar esses produtos uma tecnologia considerada risco:gera umenorme perfuração inicialmente ao jazida. Nela, é injetada umacom mistura de nova água, produtos químicos e areia. Ademistura pressão, que produz vertical, fraturas em chegar fundo, e realiza horizontal Nela, injetada uma mistura em de pouca água,produção. produtos todas aso direções libera ouma gás eperfuração o petróleo. No passado, na essajazida. tecnologia eraéapenas vertical e resultava químicos e areia. norteA mistura gera de enorme pressão, fraturas as mercado direçõesmais e libera gáso de e o Agora, a produção americana gás e petróleo de que xisto produz cresceu muito, comem umtodas preço de baratooque petróleo. passado, essagás tecnologia era apenas vertical e resultava em pouca produção. a produção nortepetróleo eNo gás comum. Esse natural (metano) lançado diretamente no ambiente, como nos lixõesAgora, e rios com esgoto, reforça americana gás estufa e petróleo xisto cresceu muito, com um preço de mercado mais barato que o de petróleo muito mais de o efeito do quede o CO 2. Porém, quando é queimado, polui bem menos do que o petróleo e o carvão mineral. e gás comum. Esse gás natural (metano) lançado diretamente no ambiente, como nos lixões e rios com esgoto, reforça muito mais o efeito estufa do que o CO2. Porém, quando é queimado, polui bem menos do que o petróleo e o carvão mineral.
Curso Enem 2019 170 AGeografia expansão| do xisto influenciou na recente queda do preço do barril de petróleo. Outros fatores que levaram ao recuo nas cotações foram a demanda menor do que a esperada na Europa e na Ásia (as economias da China e Índia estão crescendo em ritmo menor do que antes) e o fato de que, diante do excesso de oferta do produto no mercado
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Recursos Energéticos
CAPÍTULO 6
A expansão do xisto influenciou na recente queda do preço do barril de petróleo. Outros fatores que levaram ao recuo nas cotações foram a demanda menor do que a esperada na Europa e na Ásia (as economias da China e Índia estão crescendo em ritmo menor do que antes) e o fato de que, diante do excesso de oferta do produto no mercado internacional, os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiram não reduzir o teto de produção, independentemente de a cotação ter caído no mercado mundial. O preço continua em queda no início de 2015, e chegou a ser negociado abaixo de 50 dólares o barril, valor mais baixo em seis anos. A energia nuclear continua ocupando um lugar relevante na matriz mundial, sobretudo em países como a França, que têm poucas fontes disponíveis, e dependem de usinas atômicas para gerar eletricidade. Apesar do desastre no Japão como acidente na usina nuclear de Fukushima, e da decisão da Alemanha de fechar aos poucos toas as suas usinas, há previsão de construção de novas usinas nucleares no mundo, incluindo o Brasil. Os Estado Unidos são o maior produtor de energia nuclear atualmente, seguidos por França, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha e Japão. Juntos, esses seis países respondem por 70% do total mundial de geração nuclear. Mesmo com as previsões de declínio da produção, pelo esgotamento das reservas, o petróleo parece ter garantido por muito tempo o trono da produção de energia no mundo. uando sobe sua cotação, jazidas com baixa rentabilidade se viabilizam, novas tecnologias ampliam as possibilidades de prospecção e extração, a roda começa novamente a girar. As fontes alternativas ainda custam muito. Neste início de século XXI, o Brasil tirou C a sorte SeUR bemS utilizada, riqueza colocar apígrande tu l ocom 6 o–pré-sal. REC OS Esua NE R G Épode TIC OS o Brasil entre os grandes nomes do jogo energético mundial, e também ser um passaporte para um futuro melhor para a população brasileira, por boa parte da vida de nossos leitores, que se preparam agora para ingressar na universidade.
Exercícios
EXERCÍCIOS
Fonte: Atualidades Vestibular + ENEM - 2015
C apí t u l o 6 – R EC U R S O S EN ER G ÉTI C O S 1. (Enem) No mundo contemporâneo, as reservas energéticas tornam-se estratégicas para muitos países no cenário internacional. 1. (Enem) No mundo contemporâneo, as reservas energéticas tornam-se estratégicas para muitos países no Os gráficos apresentados mostram os dez países com as maiores reservas de petróleo e gás natural em reservas comprovadas até cenário internacional. Os gráficos apresentados mostram os dez países com as maiores reservas de petróleo janeiro de 2008. e gás natural em reservas comprovadas até janeiro de 2008.
Exercícios 1.
(Enem) No mundo contemporâneo, as reservas energéticas tornam-se estratégicas para muitos países no cenário internacional. Os gráficos apresentados mostram os dez países com as maiores reservas de petróleo e gás natural em reservas comprovadas até janeiro de 2008.
As reservas venezuelanas figuram em ambas as classificações porque a)
a Venezuela já está integrada ao MERCOSUL.
b)
são reservas comprovadas, mas inexploradas. a) a Venezuela já ainda está integrada ao MERCOSUL.
c)
b) são reservas comprovadas, mas ainda inexploradas. podem ser exploradas sem causarem alterações ambientais.
d)
já estão com o setor industrial interno daquele país. d) ser já estão comprometidas com o setor industrial interno daquele país. c) comprometidas podem exploradas sem causarem alterações ambientais.
e)
e) a Venezuela é uma grande potência energética mundial. d) já estão com o setor industrial interno daquele país. a Venezuela é uma comprometidas grande potência energética mundial.
As venezuelanas reservas venezuelanas figuram ambas as as classificações porque As reservas figuram emem ambas classificações porque
a)
a Venezuela já está integrada ao MERCOSUL.
b)
são reservas comprovadas, mas ainda alterações inexploradas. c) podem ser exploradas sem causarem ambientais.
2. (Enem)e) 2.
(Enem) é uma grande potência energética mundial. a2.Venezuela
(Enem)
A imagem indica pontos com ativo uso de tecnologia, correspondentes a que processo de intervenção no espaço? Curso Enem 2019 | Geografia a)
Expansão das áreas agricultáveis, com uso intensivo de maquinário e insumos agrícolas.
b)
Recuperação de águas eutrofizadas em decorrência da contaminação por esgoto doméstico.
171
CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A imagem indica pontos com ativo uso de tecnologia, correspondentes a que processo de intervenção no espaço?
Para o Brasil, as vantagens da produção de energia a partir da biomassa incluem:
a) Expansão das áreas agricultáveis, com uso intensivo de maquinário e insumos agrícolas.
a) implantação de florestas energéticas em todas as regiões brasileiras com igual custo ambiental e econômico.
b) Recuperação de águas eutrofizadas em decorrência da contaminação por esgoto doméstico.
b) substituição integral, por biodiesel, de todos os combustíveis fósseis derivados do petróleo.
c)
c)
Ampliação da capacidade de geração de energia, com alteração do ecossistema local.
d) Impermeabilização do solo pela construção civil nas áreas de expansão urbana. e) Criação recente de grandes parques industriais de mediano potencial poluidor. 3. (Enem) Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em curso. SANTOS, M.; SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e sociedade do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e com maior intensidade, na Amazônia Legal, com a a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais dos estados. b) ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos. c)
construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira.
d) instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação. e) formação de uma infraestrutura de torres que permitem a comunicação móvel na região. 4. (Enem) O potencial brasileiro para gerar energia a partir da biomassa não se limita a uma ampliação do Pró-álcool. O país pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande variedade de óleos vegetais e explorar a alta produtividade das florestas tropicais plantadas. Além da produção de celulose, a utilização da biomassa permite a geração de energia elétrica por meio de termelétricas a lenha, carvão vegetal ou gás de madeira, com elevado rendimento e baixo custo. Cerca de 30% do território brasileiro é constituído por terras impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração florestal. A utilização de metade dessa área, ou seja, de 120 milhões de hectares, para a formação de florestas energéticas, permitiria produção sustentada do equivalente a cerca de 5 bilhões de barris de petróleo por ano, mais que o dobro do que produz a Arábia Saudita atualmente. José Walter Bautista Vidal. Desafios Internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, ago./2002 (com adaptações).
172 Geografia | Curso Enem 2019
formação de florestas energéticas em terras impróprias para a agricultura.
d) importação de biodiesel de países tropicais, em que a produtividade das florestas seja mais alta. e) regeneração das florestas nativas em biomas modificados pelo homem, como o Cerrado e a Mata Atlântica. 5. (Enem) Empresa vai fornecer 230 turbinas para o segundo complexo de energia à base de ventos, no sudeste da Bahia. O Complexo Eólico Alto Sertão, em 2014, terá capacidade para gerar 375MW (megawatts), total suficiente para abastecer uma cidade de 3 milhões de habitantes. MATOS, C. “GE busca bons ventos e fecha contrato de R$820mi na Bahia”. Folha de S. Paulo, 2 dez. 2012.
A opção tecnológica retratada na notícia proporciona a seguinte consequência para o sistema energético brasileiro: a) Redução da utilização elétrica. b) Ampliação do uso bioenergético. c)
Expansão de fontes renováveis.
d) Contenção da demanda urbano-industrial. e) Intensificação da dependência geotérmica. 6. (Enem) Suponha que você seja um consultor e foi contratado para assessorar a implantação de uma matriz energética em um pequeno país com as seguintes características: região plana, chuvosa e com ventos constantes, dispondo de poucos recursos hídricos e sem reservatórios de combustíveis fósseis. De acordo com as características desse país, a matriz energética de menor impacto e risco ambientais é a baseada na energia a) dos biocombustíveis, pois tem menos impacto ambiental e maior disponibilidade. b) solar, pelo seu baixo custo e pelas características do país favoráveis à sua implantação. c)
nuclear, por ter menos risco ambiental a ser adequada a locais com menor extensão territorial.
d) hidráulica, devido ao relevo, à extensão territorial do país e aos recursos naturais disponíveis. e) eólica, pelas características do país e por não gerar gases do efeito estufa nem resíduos de operação. 7. (Enem) SOBRADINHO O homem chega, já desfaz a natureza Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Recursos Energéticos
O São Francisco lá pra cima da Bahia Diz que dia menos dia vai subir bem devagar E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar.
A racionalização do uso da eletricidade faz parte dos programas oficiais do governo brasileiro desde 1980. No entanto, houve um período crítico, conhecido como “apagão”, que exigiu mudanças de hábitos da população brasileira e resultou na maior, mais rápida e significativa economia de energia. De acordo com o gráfico, conclui-se que o “apagão” ocorreu no biênio
SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado).
O trecho da música faz referência a uma importante obra na região do rio São Francisco. Uma consequência socioespacial dessa construção foi a)
a migração forçada da população ribeirinha.
b)
o rebaixamento do nível do lençol freático local.
c)
a preservação da memória histórica da região.
d)
a ampliação das áreas de clima árido.
CAPÍTULO 6
a)
1998-1999.
b)
1999-2000.
c)
2000-2001.
d)
2001-2002.
e)
2002-2003.
C a p í t u l o 6 – RE C U RS O S E NE RG É T I C O S a redução das áreas de agricultura irrigada. 10. (Enem) O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação do espaço 8. (Enem) A usina hidrelétrica de Belo Monte será construída natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da no rio Xingu, no município de Vitória de Xingu, no Pará. A 8. (Enem) A usina hidrelétrica de Belo Monte será 10. (Enem) O homem construiu sua história por humana, foi adeintensidade exploração. usina será a terceira do mundo e a maior totalmente meio experiência construída nomaior rio Xingu, no município de Vitória do constante processo ocupação dessa e Xingu, no Pará. Ade usina terceira maior brasileira,decom capacidade 11,2será mil amegawatts. Os índios transformação do espaço natural. Na verdade, o Disponível em: http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu. br. Acesso em: mundo e a maior totalmente brasileira, com nos diversos momentos da experiência do Xingudo tomam a paisagem com seus cocares, arcos e flechas. que variou, capacidade de 11,2 mil megawatts. Os índios humana, foi a intensidade dessa exploração. 09 jul. 2009 (adaptado). Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam estradas de uma do Xingu tomam a paisagem com seus cocares, Disponível em: http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu. região que seráe flechas. inundada águas usina. arcos Empelas Altamira, no da Pará, agricultores br. Acesso em: 09 jul. 2009 (adaptado). Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente fecharam estradas de uma região que será inundada pelas águas da usina. Uma das consequências que pode ser intensifi cação da exploração deatribuída recursos naturais, facilitada BA I A, D. IR , .: B R S, R. im do leilão, começo da confusão. Istoé Dinheiro. intensificação da exploraçãoao de ���������, D. ����R��, �.� ��R���, R. �i� do leilão, Ano 13, n.o 655, 28 abri 2010 (adaptado). à crescente pelo desenvolvimento tecnológico longo da história, é e)
começo da confusão. Istoé Dinheiro. Ano 13, n.o 655, 28 abri 2010 (adaptado).
Os impasses, resistências e desafios associados à construção impasses, de resistências e desafios associados da Usina Os Hidrelétrica Belo Monte estão relacionados a)
b)
c)
d)
recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é
ao potencial hidrelétrico dos rios no norte e nordeste a) comparados ao potencial hidrelétrico dos rios cas no norte quando às bacias hidrográfi das regiões e nordeste quando do comparados às bacias Sul, Sudeste e Centro-Oeste país.
a)
a diminuição do comércio entre países e regiões, que de bens e
a)
a diminuição do comércio entre países e se que tornaram autossufi cientes nanaprodução regiões, se tornaram autossuficientes produção de bens e serviços. serviços.
b)
a ocorrência de desastres ambientais de b) a ocorrência desastres de grandes grandes proporções, de como no casoambientais de derramamento de óleo por no navios proporções, como casopetroleiros. de derramamento de óleo por
à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte estão relacionados
hidrográficas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
c)
esforços para a conservação ambiental.
d)
o desmatamento, que eliminou grandesda eliminação população mundial, a partir extensões de diversos biomas improdutivos, desigualdades econômicas na atualidade. cujas áreas passaram a ser ocupadas por centros industriais modernos.
e)
o aumento demográfico mundial, sobretudo diversos biomas improdutivos, cujas áreas passaram a ser nos países mais desenvolvidos, que ocupadas portaxas centros modernos. apresentam altas deindustriais crescimento vegetativo.
à necessidade de equilibrar e compatibilizar o b) à necessidade de equilibrar compatibilizar investimento no crescimento doepaís com os oesforços investimento no crescimento do país com os para a conservação ambiental. c) à grande quantidade de recursos disponíveispara as à grande quantidade de recursos disponíveis as obras escassezdirecionados dos recursos para o obras e para à escassez dose àrecursos direcionados para o pagamento pela pagamento pela desapropriação das terras. desapropriação das terras. d) aohistórico direito histórico dos indígenas posse terras ao direito dos indígenas à posseà dessas dessas e à ausência de reconhecimento e à ausência deterras reconhecimento desse direito por parte desse direito por parte das empreiteiras. das empreiteiras. e)
a melhora generalizada das condições de vida navios petroleiros. da população mundial, a partir da eliminação das na atualidade. c) desigualdades a melhora econômicas generalizada das condições
de vida da das
d)
o desmatamento, que eliminou grandes extensões de
e)
o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países
ao aproveitamento da mão de obra dispõe 11. (Enem) A mais Lei Federal n0. 11.097/2005 desenvolvidos, que apresentam altas taxas de especializada da disponível na obra região especializada Norte e) ao aproveitamento mão de sobre a introdução do biodiesel na matriz e o interesse das construtoras na vinda de crescimento vegetativo. disponível na região Norte e o interesse das construtoras energética brasileira e fixa em 5%, em volume, o profissionais do Sudeste do país. percentual mínimo obrigatório a ser adicionado ao na vinda de profissionais do Sudeste do país. 11. (Enem) A consumidor. Lei FederalDe n0acordo . 11.097/2005 dispõe sobre a óleo diesel vendido ao com 9. (Enem) O co gráfico a seguir ilustra a evolução biocombustível é “derivado biomassa introdução do biodiesel nadematriz energética brasileira e 9. (Enem) O gráfi a seguir ilustra a evolução do do consumo essa lei, consumo de eletricidade no Brasil, em GWh, em para uso em motores a combustão de eletricidade no Brasil, em GWh, em quatro setores de renovável fixa em 5%, em volume, o percentual mínimo obrigatório quatro setores de consumo, no período de 1975 interna com ignição por compressão ou, conforme consumo,a no período de 1975 a 2005. a ser adicionado ao óleo 2005. regulamento, para geração de diesel outro vendido tipo de ao consumidor. De energia que possa parcial ou totalmente acordo comsubstituir essa lei, biocombustível é “derivado de biomassa combustíveis de origem fóssil”.
renovável para uso em motores a combustão interna com
ignição por ou, na conforme A introdução de compressão biocombustíveis matriz regulamento, para energética brasileira geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial a)
b)
A racionalização do uso da eletricidade faz parte dos programas oficiais do governo brasileiro desde 1980. No entanto, houve um período crítico, conhecido como “apagão”, que exigiu mudanças de hábitos da população brasileira e resultou na maior, mais rápida e significativa economia de energia. De acordo com o gráfico, conclui-se que o “apagão” ocorreu no biênio
colabora na redução dos de efeitos ou totalmente combustíveis origemdafóssil”. degradação ambiental global produzida pelo uso de combustíveis fósseis, como os A introdução de biocombustíveis na matriz derivados do petróleo.
brasileira provoca uma redução de 5% na quantidade de
energética
carbono emitido pelos veículos automotores ea)colabora no controle do desmatamento. colabora na redução dos efeitos da degradação ambiental
c)
global produzida pelobrasileiro uso de combustíveis fósseis, como incentiva o setor econômico a se adaptar ao uso de do uma fonte de energia os derivados petróleo. derivada de uma biomassa inesgotável.
d)
aponta para pequena possibilidade de expansão do uso de biocombustíveis, fixado, por lei, em 5% do consumo de derivados do Curso Enem 2019 | Geografia petróleo.
e)
diversifica o uso de fontes alternativas de energia que reduzem os impactos da
173
CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA b) provoca uma redução de 5% na quantidade de carbono emitido pelos veículos automotores e colabora no controle do desmatamento. c)
incentiva o setor econômico brasileiro a se adaptar ao uso de uma fonte de energia derivada de uma biomassa inesgotável.
d) aponta para pequena possibilidade de expansão do uso de biocombustíveis, fixado, por lei, em 5% do consumo de derivados do petróleo. e) diversifica o uso de fontes alternativas de energia que reduzem os impactos da produção do etanol por meio da monocultura da cana de açúcar. 12. (Enem) Uma fonte de energia que não agride o ambiente, é totalmente segura e usa um tipo de matéria-prima infinita é a energia eólica, que gera eletricidade a partir da força dos ventos. O Brasil é um país privilegiado por ter o tipo de ventilação necessário para produzi-Ia. Todavia, ela é a menos usada na matriz energética brasileira. O Ministério de Minas e Energia estima que as turbinas eólicas produzam apenas 0,25% da energia consumida no país. Isso ocorre porque ela compete com uma usina mais barata e eficiente: a hidrelétrica, que responde por 80% da energia do Brasil. O investimento para se construir uma hidrelétrica é de aproximadamente US$ 100 por quilowatt. Os parques eólicos exigem investimento de cerca de US$ 2 mil por quilowatt e a construção de uma usina nuclear, de aproximadamente US$ 6 mil por quilowatt. Instalados os parques, a energia dos ventos é bastante competitiva, custando R$ 200,00 por megawatt-hora frente a R$ 150,00 por megawatt-hora das hidrelétricas e a R$ 600,00 por megawatt-hora das termelétricas. “Época”, 21/4/2008 (com adaptações).
De acordo com o texto, entre as razões que contribuem para a menor participação da energia eólica na matriz energética brasileira, inclui-se o fato de a) haver, no país, baixa disponibilidade de ventos que podem gerar energia elétrica. b) o investimento por quilowatt exigido para a construção de parques eólicos ser de aproximadamente 20 vezes o necessário para a construção de hidrelétricas. c)
o investimento por quilowatt exigido para a construção de parques eólicos ser igual a 1/3 do necessário para a construção de usinas nucleares.
d) o custo médio por megawatt-hora de energia obtida após a instalação de parques eólicos ser igual a 1,2 multiplicado pelo custo médio do megawatt-hora obtido das hidrelétricas. e) o custo médio por megawatt-hora de energia obtida após a instalação de parques eólicos ser igual a 1/3 do custo médio do megawatt- hora obtido das termelétricas. 13. (Enem) A economia moderna depende da disponibilidade de muita energia em diferentes formas, para funcionar e crescer. No Brasil, o consumo total de energia pelas indústrias cresceu mais de quatro vezes no período entre 1970 e 2005. Enquanto os investimentos em energias limpas e renováveis,
174 Geografia | Curso Enem 2019
como solar e eólica, ainda são incipientes, ao se avaliar a possibilidade de instalação de usinas geradoras de energia elétrica, diversos fatores devem ser levados em consideração, tais como os impactos causados ao ambiente e às populações locais. RICARDO, B.; CAMPANILI, M. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007 (adaptado).
Em uma situação hipotética, optou-se por construir uma usina hidrelétrica em região que abrange diversas quedas d’água em rios cercados por mata, alegando-se que causaria impacto ambiental muito menor que uma usina termelétrica. Entre os possíveis impactos da instalação de uma usina hidrelétrica nessa região, inclui-se a) a poluição da água por metais da usina. b) a destruição do habitat de animais terrestres. c)
o aumento2 expressivo na liberação de CO para a atmosfera.
d) o consumo não renovável de toda água que passa pelas turbinas. e) o aprofundamento no leito do rio, com a menor deposição de resíduos no trecho de rio anterior à represa. 14. (Enem) Um dos insumos energéticos que volta a ser considerado como opção para o fornecimento de petróleo é o aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetuminosos, mais conhecidos como xistos pirobetuminosos. As ações iniciais para a exploração de xistos pirobetuminosos são anteriores à exploração de petróleo, porém as dificuldades inerentes aos diversos processos, notadamente os altos custos de mineração e de recuperação de solos minerados, contribuíram para impedir que essa atividade se expandisse. O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de xisto. O xisto é mais leve que os óleos derivados de petróleo, seu uso não implica investimento na troca de equipamentos e ainda reduz a emissão de particulados pesados, que causam fumaça e fuligem. Por ser fluido em temperatura ambiente, é mais facilmente manuseado e armazenado. Internet: <www2.petrobras.com.br (com adaptações.)
A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo óleo derivado do xisto pode ser conveniente por motivos a) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca interferência no solo e no subsolo. b) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de produção de óleo, embora seu uso demande troca de equipamentos. c)
econômicos: é baixo o custo da mineração e da produção de xisto.
d) políticos: a importação de xisto, para atender o mercado interno, ampliará alianças com outros países. e) estratégicos: a entrada do xisto no mercado é oportuna diante da possibilidade de aumento dos preços do petróleo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 6
Recursos Energéticos
15. (Enem) Com a perspectiva do desaparecimento das geleiras no Polo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios, hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das potências. KOPP, D. Guerra Fria sobre o Ártico. Le monde diplomatique Brasil. Setembro, n. 2, 2007 (adaptado).
GABARITO 1
E
5
C
9
C
13
B
2
C
6
E
10
B
14
E
3
C
7
A
11
A
15
A
4
C
8
B
12
B
16
A
No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo, bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco – torna-se atraente não só em função de seu formidável potencial, mas também por a)
situar-se em uma zona geopolítica mais estável que o Oriente Médio.
b)
possibilitar o povoamento de uma região pouco habitada, além de promover seu desenvolvimento econômico.
c)
garantir, aos países em desenvolvimento, acesso a matérias-primas e energia, necessárias ao crescimento econômico.
d)
contribuir para a redução da poluição em áreas ambientalmente já degradadas devido ao grande volume da produção industrial, como ocorreu na Europa.
e)
promover a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial, dominada, majoritariamente, pelas fontes renováveis, de maior custo.
16. (Enem) Responda sem pestanejar: que país ocupa a liderança mundial no mercado de etanol? Para alguns, a resposta óbvia é o Brasil. Afinal, o país tem o menor preço de produção do mercado, além de vastas áreas disponíveis para o plantio de matéria-prima. Outros dirão que são os EUA, os donos da maior produção anual. Nos próximos anos, essa pergunta não deve gerar mais dúvida, pois a disputa não se dará em plantações de cana- de-açúcar ou nas usinas, mas nos laboratórios altamente sofisticados. TERRA, L. Conexões: estudos de geografia geral. São Paulo: Moderna, 2009 (adaptado).
A biotecnologia propicia, entre outras coisas, a produção dos biocombustíveis, que vêm se configurando em importantes formas de energias alternativas. ue impacto possíveis pesquisas em laboratórios podem provocar na produção de etanol no Brasil e nos EUA? a)
Aumento na utilização de novos tipos primas para a produção do etanol, elevando a produtividade.
b)
Crescimento da produção desse combustível, causando, porém, danos graves ao meio ambiente pelo excesso de plantações de cana-de-açúcar.
c)
Estagnação no processo produtivo do etanol brasileiro, já que o país deixou de investir nesse tipo de tecnologia.
d)
Elevação nas exportações de etanol para os EUA, já que a produção interna brasileira é maior que a procura, e o produto tem qualidade superior.
e)
Aumento da fome em ambos os países, em virtude da produção de cana-de-açúcar prejudicar a produção de alimentos.
Curso Enem 2019 | Geografia
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CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional CONCEITOS POPULACIONAIS Os conceitos populacionais se dividem em dois grandes grupos: os indicadores demográficos e os indicadores sociais. Os indicadores demográficos são utilizados para a compreensão do comportamento do crescimento populacional, permitindo a visualização de padrões populacionais de diferentes locais, ou seja, da dinâmica populacional. Como exemplos de indicadores demográficos destacam-se:
•
População absoluta: É a população total de um determinado local.
•
População relativa ou densidade demográfica:
É a relação entre o número de habitantes total de um determinado local e sua área ocupada.
•
País populoso: É o país que possui elevada população absoluta.
• País povoado: É o país que possui elevada população relativa. • Superpovoamento: São áreas que possuem uma elevada densidade demográfica, associada a baixas condições socioeconômicas e baixo desenvolvimento tecnológico. Dessa forma, uma área densamente povoada não necessariamente é superpovoada, já que este conceito possui como base as condições socioeconômicas deficitárias locais. •
Taxa de natalidade: Relação entre o número de nascidos no ano, multiplicado por 1.000, e dividido pela população total. Exemplo: População absoluta = 20.000.000 hab. Taxa de natalidade: (650.000 x 1.000) / 20.000.000 = 32,5‰ ou 3,25%
• Taxa de mortalidade: Relação entre o número de óbitos no ano, multiplicado por 1.000 e dividido pela população total. 176 Geografia | Curso Enem 2019
Exemplo: População absoluta = 20.000.000 hab. Taxa de mortalidade: (400.000 x 1.000) / 20.000.000 = 20‰ ou 2,0%
•
Crescimento vegetativo ou crescimento natural:
Taxa de natalidade - Taxa de mortalidade. Exemplo: 32,5‰ – 20‰ = 12,5 ‰ ou 1,25%
• Crescimento demográfico: Crescimento Vegetativo + Taxa de migração • Taxa de emigração: uantidade de pessoas que saíram de um determinado local em um determinado período de tempo. • Taxa de imigração: uantidade de pessoas que chegaram em um determinado local em um determinado período de tempo. •
Taxa de migração: Taxa de imigração - Taxa de emigração
• Taxa de mortalidade infantil: Relação entre o número de óbitos de crianças de 0 a 1 ano de idade no ano, multiplicado por 1.000 e dividido pela população total de nascidos vivos do mesmo ano. • Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher ao longo de seu período reprodutivo, que geralmente é considerado de 15 a 49 anos. • Taxa de fertilidade: é a proporção de mulheres que se encontram na idade de reprodução, 15 a 49 anos, em relação ao total de mulheres de um determinado local. Os indicadores sociais representam a qualidade de vida de um determinado grupo de população, trazendo informações sobre suas condições socioeconômicas. Como exemplos de indicadores sociais podem-se citar a expectativa de vida, analfabetismo, concentração de renda, fome, mortalidade infantil (também é considerado um indicador demográfico), trabalho infantil, saneamento básico, IDH, entre outros. O estudo mais aprofundado de alguns dos indicadores sociais será realizado posteriormente.
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA O processo da transição demográfica é composto por três fases distintas, 1a, 2a e 3a fases, sendo que a 2a fase pode ser subdivida em dois períodos distintos.
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DEMOGRÁFICA
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
00
Dinâmica Populacional
O processo da transição demográfica é composto por três fases distintas, 1ª, 2ª e 3ª fases, sendo que a 2ª fase pode ser subdivida em dois períodos distintos. - Transição demográfica nos países desenvolvidos
•
CAPÍTULO 7
Os filhos continuavam a ser considerados mão-de- obra,
- Transição demográfica nos países desenvolvidosagora utilizados na indústria nascente;
• A manutenção dos hábitos vividos na zona rural não havendo, inicialmente, incorporação dos valores urbanos (que ainda estavam em formação).
/
2° Período: Diminuição gradativa da taxa de natalidade.
• Com a evolução do processo de industrialização o trabalho infantil foi proibido e os filhos deixaram de ser vantajosos para o rendimento familiar, descaracterizando a unidade produtiva familiar;
to e.
%
to
1 FASE – Rural a
• Elevado custo econômico de criação dos filhos no meio urbano, dificultando a possibilidade de uma família numerosa.
• A maior inserção da mulher no mercado de trabalho, A principal característica dessa fase é o baixo crescimento necessitando deixar os filhos em creches ou com empregadas, vegetativo da população determinado pelas elevadas taxas o que dificulta se ter um número elevado de filhos. �eo��a�a de natalidade e mortalidade. • Desenvolvimento da tabelinha (método contraceptivo). As elevadas taxas de natalidade desse contexto devem-se aos seguintes fatores:
A queda da taxa de mortalidade desse contexto deve- se aos seguintes fatores:
• ausência de métodos contraceptivos eficazes no controle da natalidade. O que se observava quanto à principal tentativa de diminuição da reprodução era o coito interrompido;
• maior desenvolvimento da medicina, propiciando a cura de doenças anteriormente sem solução;
•
os filhos eram considerados mão-de-obra, caracterizando as famílias do contexto, como unidades produtivas. Sendo assim, quanto maior o número de filhos, maior disponibilidade de mão-de-obra futuramente. Mesmo os filhos apresentando um gasto inicial de criação, a garantia da mão-de-obra futura era compensatória. As elevadas taxas de mortalidade desse contexto devem-se aos seguintes fatores:
• baixo desenvolvimento da medicina, que ainda não conseguia explicar as principais causas das doenças; • o pequeno acesso aos médicos, já que a maior parte da população habitava a zona rural; •
não desenvolvimento do saneamento básico (composto por água encanada, esgotamento sanitário, coleta de lixo e limpeza urbana) e da higiene pessoal e familiar, promovendo a propagação de doenças como diarréia, cólera, entre outras.
2a FASE – Urbana A principal característica dessa fase é o alto crescimento vegetativo da população, porém dividida em dois períodos distintos. Em ambos, a taxa de mortalidade se mostra em declínio, sendo que no primeiro período a taxa de natalidade se mantém elevada e no segundo se mostra em declínio. uanto ao comportamento da taxa de natalidade, pode-se explicar da seguinte forma: 1° Período: Manutenção das elevadas taxas de natalidade que eram observadas no meio rural.
• Ausência dos métodos contraceptivos eficazes no controle da natalidade;
• maior acesso aos médicos pela maior proximidade dos centros de saúde, já que a população é significativamente urbana nesse contexto. Mesmo que parte da população não tenha acesso aos tratamentos médicos, a proporção que tinha acesso era maior que no meio rural; • melhoria das condições de saneamento básico, diminuindo o contato direto da população com fontes veiculadoras de doenças, como o esgoto a céu aberto.
3a FASE – Urbana A principal característica dessa fase é o baixo crescimento vegetativo determinado pelas baixas taxas de natalidade e mortalidade. Nessa fase se verifica a continuação da redução da natalidade, processo iniciado na segunda fase, e o aumento da taxa de mortalidade, devido ao envelhecimento da população. Os países desenvolvidos e países que foram socialistas, em grande maioria, possuem uma terceira fase avançada, indicando a configuração de uma quarta fase do processo de transição demográfico. Esse novo período da evolução populacional é caracterizado pela implosão demográfica, ou seja, fase em que o crescimento vegetativo é negativo, levando a uma diminuição em números absolutos da população total. A diminuição absoluta da população de alguns desses países ocorre devido a uma baixa taxa de natalidade, que não alcança a taxa de fecundidade de 2,1 filhos por mulher, denominada taxa de reposição. Reforçando esse comportamento da população em idade de reproduzir, a proporção elevada de idosos contribui ainda mais para a redução da taxa de natalidade, considerando que geralmente o idoso não se reproduz. Os idosos como estão mais propícios ao falecimento, elevam as taxas de mortalidade.
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CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Problemas da implosão demográfica: • Perda de expressividade econômica, devido à redução da mão de obra e do mercado consumidor.
• Perda de influência geopolítica, afetando a composição do exército e mercado consumidor.
Para Malthus desastres naturais, epidemias e guerras eram necessárias para o controle populacional. Além disso, era defensor do casamento tardio, de maneira que a população se casasse somente quanto tivesse condições financeiras de sustentar seus filhos. Se não houvesse possibilidade de sustento econômico da família o indivíduo deveria evitar relações sexuais. A teoria Malthusiana, apesar de ter sido utilizada até meados do século XIX, foi ultrapassada pelos seguintes fatores:
Transição demográfica nos países em desenvolvimento
• Malthus não contava com a diminuição do ritmo de crescimento populacional.
• Perda de expressividade cultural, devido ao menor número de nascimentos e ao processo migratório.
Os países subdesenvolvidos industrializados estão em conclusão da segunda fase da transição, enquanto os países subdesenvolvidos estão no início dessa fase. O processo de transição nos países em desenvolvimento segue as mesmas etapas dos países desenvolvidos, com a ocorrência da primeira, segunda e, futuramente, terceira fase. Porém, existem fatores que diferenciam o processo ocorrido nos países desenvolvidos e o ocorrido nos países em desenvolvimento:
• a Revolução Verde desenvolvida pela humanidade, com a produção de tecnologias envolvidas nas atividades agropecuárias, elevou a produção de alimentos, de maneira que, atualmente, é maior que o necessário para o abastecimento da população global. Teoria Neomalthusiana –1950
Segundo os Neomalthusianos uma população jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os países subdesenvolvidos, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos • o período de passagem da primeira para a segunda fase: nos setores agrícola e industrial, o que impede o pleno nos países desenvolvidos a segunda fase da transição iniciaCapít ulo – D I NÃ Mindustrializados I CA PO PU NAL das atividades econômicas e, portanto, da desenvolvimento se em 1750, nos países7subdesenvolvidos em LACIO melhoria das condições de vida da população. 1950 e nos países subdesenvolvidos em 1990;
• a velocidade de conclusão da segunda fase da transição a velocidade de conclusão da segunda fase da demográfica. Os países desenvolvidos demoraram cerca transição demográfica. Os países desenvolvidos de 200 anos para concluir fase, anos ao passo os países demoraram cercaessa de 200 paraque concluir essa subdesenvolvidos expectativa fase, ao industrializados passo que os possuem países uma subdesenvolvidos de conclusão de 70 anos, com início observado em 1950 e ade industrializados possuem uma expectativa conclusão 702020. anos,Écom início observado conclusão prevista de para interessante ressaltarem que1950 a a conclusão prevista para 2020. É o interessante segundaefase se desenvolve conjuntamente com processo ressaltar que a segunda fase se desenvolve de urbanização. Sendo assim, quanto maior a velocidade de conjuntamente com o processo de urbanização. conclusão da segunda maior amaior tendência ocorrênciade Sendo assim,fase, quanto a de velocidade de uma urbanização desordenada, sem planejamento urbanode conclusão da segunda fase, maior a tendência ocorrência de uma urbanização desordenada, sem para a ocupação do espaço; •
Dessa forma, pode-se concluir que para os Neomalthusianos Dessa maior forma, que maior paraseráos quanto for o pode-se crescimentoconcluir populacional a Neomalthusianos quanto maior for o crescimento pobreza e a miséria de um determinado país. populacional maior será a pobreza e a miséria de um determinado país.
Se realmente o investimento social fosse privilegiado em Se realmente o investimento social fosse privilegiado detrimento do econômico não se veriam tantas áreas de em detrimento do econômico não se veriam tantas miséria e pobreza, sem nenhuma condição de sobrevivência, áreas de miséria e pobreza, sem nenhuma condição como demonstra as imagens abaixo: as imagens abaixo: de sobrevivência, como demonstra
planejamento urbano para a ocupação do espaço;
as melhorias médico-sanitárias foram desenvolvidas as melhorias médico-sanitárias foram desenvolvidas pelos países desenvolvidos, enquanto os países em pelos países desenvolvidos, enquanto os países desenvolvimento importaram a importaram maioria delas.a maioria delas. em desenvolvimento
TEORIAS DE CRESCIMENTO TEORIAS DE POPULACIONAL
CRESCIMENTO Malthus fundou sua teoria com base em dois postulados: POPULACIONAL Teoria Malthusiana – 1798
1) A população cresceria em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32,...) e constituiria um fator variável, ou seja, cresceria sem parar. Dessa forma, a população mundial duplicaria a cada 25 anos. Malthus fundou sua teoria com base em dois postulados:
Teoria Malthusiana – 1798
1) alimento A população em progressão geométrica 2) O cresceriacresceria em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 4, 8, 16, e constituiria um depender fator variável, 10,...) e (2, possuiria um 32,...) limite de produção, por do limite territorial doscresceria continentes. ou seja, sem parar. Dessa forma, a população mundial duplicaria a cada 25 anos.
Dessa forma o crescimento populacional ultrapassa a 2) O dealimento em crise progressão aritmética produção alimentos cresceria e, por isso, uma de abastecimento (2, 6, 8, 10,...) e possuiria um limite de produção, alimentar se4, confi guraria. por depender do limite territorial dos continentes.
Dessa forma o crescimento populacional ultrapassa a produção de alimentos e, por isso, uma crise de | Curso alimentar Enem 2019 178 Geografia abastecimento se configuraria. Para Malthus desastres naturais, epidemias e guerras eram necessárias para o controle populacional. Além
Fonte: HTTP://www.veganos.org.br/fome2.jpg Fonte: HTTP://www.veganos.org.br/fome2.jpg HTTP://camila-arocha.zip.net/ HTTP://camila-arocha.zip.net/imagens/favela.jpg. imagens/favela.jpg. Acessado em Acessado 27/01/2009 em 27/01/2009
Solução segundo os neomalthusinos: adoção do Planejamento Familiar, em que as famílias deveriam buscar a família nuclear (mãe, pai e 2 filhos). Para isso, a sociedade deveria adotar os seguintes métodos: distribuição gratuita e em massa de pílulas anticoncepcionais ou de camisinhas, especialmente
a contribuir para o sustento familiar, justificando a divisão etária apresentada.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
De acordo com a distribuição etária da população o país pode ser classificado em:
CAPÍTULO 7 Dinâmica Populacional Jovem: quando possui mais de 50% da população total na faixa etária dos jovens.
-
Solução segundo os neomalthusinos: adoção do Planejamento Familiar, em que as famílias deveriam buscar a família nuclear (mãe, pai e 2 filhos). Para isso, a sociedade deveria adotar os seguintes métodos: distribuição gratuita e em massa de pílulas anticoncepcionais ou de camisinhas, especialmente para as famílias de baixa renda; abortos em massa, ligadura das tubas uterinas ou até a retirada do útero; vasectomia entre outros. O Brasil não adotou a política de planejamento familiar de maneira explícita. Apesar de medidas antinalistas serem desenvolvidas a partir de 1970, o governo não se denominava antinatalista por pressão da igreja católica. Como a religião não apoia o uso de métodos contraceptivos o governo brasileiro preferiu evitar um confronto ideológico direto, o que dificultaria o controle do crescimento populacional.
Teoria Reformista – 1950 Contrariamente aos Neomalthusianos, os reformistas admitem que a situação de pobreza e exploração, a que foram submetidos os países subdesenvolvidos, é a responsável pelo excessivo crescimento demográfico e consequente estado de miséria. Ou seja, não é o crescimento populacional que é responsável pela pobreza e miséria, mas sim o estado de pobreza e miséria responsável pelo crescimento populacional.
Maduro: quando possui mais de 50& da população total na faixa etária dos adultos.
- Maduro: quando possui mais de 50& da população total na - etária Em transição: faixa dos adultos. quando não possui nem 50% de jovens e nem 50% de adultos.
- Em transição: quando não possui nem 50% de jovens e nem 50% de adultos.
Pirâmides etárias
Pirâmides etárias
A base da pirâmide demonstra a população jovem de
sendoa que, quanto maior Aum basedeterminado da pirâmide local, demonstra população jovem de for um sua proporção de jovens, mais larga será a base da determinado local, sendo que, quanto maior for sua proporção pirâmide. de jovens, mais larga será a base da pirâmide. A população adulta, que geralmente representa a Apopulação população economicamente adulta, que geralmente a população ativa,representa é demonstrada pelo corpo da pirâmide. economicamente ativa, é demonstrada pelo corpo da
pirâmide.
Já a população idosa é demonstrada pelo topo ou ápice da pir�mide� �ua��o maior for a população idosa de um
Jádeterminado a população idosa é demonstrada pelo topo ou ápice da pir local, mais largo será o topo de pirâmide. mide. uanto maior for a população idosa de um determinado Demonstrando aso topo diferenças de configurações das local, mais largo será de pirâmide.
A população é dividida de acordo com faixas etárias
A população dividida de acordoécom etárias e sexos. e sexos. é Essa distribuição de faixas extrema importância Essa distribuição é de extrema importância o governo,da para o governo, pois possibilita a para visualização pois possibilita ade visualização participação de cada faixaDe participação cada faixada etária na população total. acordo com as informações adquiridas distribuição etária na população total. De acordo com pela as informações etária, épela possível determinar política pública – adquiridas distribuição etária, qual é possível determinar educação criação de qual política infantil, pública –previdência educação privada, infantil, previdência novoscriação empregos – necessita de –maiores investimentos privada, de novos empregos necessita de maiores para atender às demandas populacionais. investimentos para atender às demandas populacionais. No Brasil, a distribuição das faixas etárias geralmente
faz ada seguinte forma: Nose Brasil, distribuição das faixas etárias geralmente se faz da seguinte forma: População Jovem: até 14 anos.
População Adulta ou Madura: de 15 a 64 anos. - População Jovem: até 14 anos. - População Adulta ou Madura: de 15 aAcima 64 anos. População Idosa ou Senil: de 65 anos. - População Idosa ou Senil: Acima de 65 anos.
Nos países em que se verifica a necessidade dos
saírem para mais dos cedo e ossaírem idosos Nosjovens países em que se verifitrabalhar ca a necessidade jovens trabalharem até uma idade mais avançada, de maneira para trabalhar mais cedo e os idosos trabalharem até uma a contribuir para o sustento familiar, justificando a idade mais avançada, de maneira a contribuir para o sustento divisão etária apresentada. familiar, justificando a divisão etária apresentada. De acordo com a distribuição etária da população o país
ser classificado em: Depode acordo com a distribuição etária da população o país pode ser-classifi cado em: Jovem: quando possui mais de 50% da população total na faixa etária dos jovens.
- Jovem: quando possui mais de 50% da população total na Maduro: quando possui mais de 50& da população faixa etária dos jovens. total na faixa etária dos adultos.
-
Em transição: quando não possui nem 50% de jovens e nem 50% de adultos.
Pirâmides etárias
Países dese médico-san conseguem de vida, po Essa inform etária atrav em desenv de alargam pela impor sanitárias,
- Pirâ
O Brasil viv demográfic cresciment natalidade Analise as
pirâmides etárias, que se relacionam diretamente com
o estágio evolutivo da transição observe Demonstrando as diferenças de confidemográfica, gurações das pirâmides as pirâmides abaixo:diretamente com o estágio etárias, que seetárias relacionam evolutivo da transição demográfica, observe as pirâmides etárias abaixo:
Países em
Países em desenvolvimento desenvolvimento
As ideias da teoria reformista se mostram mais coerentes por se tratar de um quadro de miséria que dificulta a C instrução a p í t u l o 7 – D I N Ã MI C A da população. O cotidiano demonstra que, na maioria das vezes, quanto maior for o grau de instrução da população menor é o número de filhos por família. Se o governo destina um investimento maior para a formação educacional da Países desenvolvidos população a tendência é que, naturalmente, diminui-se o número de filhos por mulher.
ESTRUTURA POPULACIONAL ESTRUTURA POPULACIONAL
jovem rep para os ad geralmente responsáve teoricamen quanto ma gasto com economicam
PO PU L A C I O NAL
Países desenvolvidos
�eo�ra�a Fonte: VESENTINI, J. Willian. Sociedade e Espaço: Geografi a geralGeografia e do Brasil. Fonte: VESENTINI, J. Willian. Sociedade e Espaço: SãoÁtica, Paulo: Ática, 2003, pág. 225. geral e do Brasil. São Paulo: 2003, pág. 225.
Aocompararmos compararmos as pirâmides países em Ao as pirâmides de países emde desenvolvimento desenvolvimento e de países desenvolvidos podemos e de países desenvolvidos podemos perceber claramente diferença entre elas. Como os aperceber diferençaclaramente entre elas. aComo os países desenvolvidos já países desenvolvidos já alcançaram a terceira fase alcançaram a terceira fase da transição demográfica, as taxas da transição demográfica, as taxas de natalidade de natalidade são extremamente baixas, demonstradas são extremamente baixas, demonstradas pela base pela base da estreita da pirâmide. Contrariamente, os países estreita pirâmide. Contrariamente, os países em em desenvolvimento aindavivenciam vivenciama asegunda segunda fase fase da da desenvolvimento ainda transição ca, o que já já implica emem uma queda na transiçãodemográfi demográfica, o que implica uma queda na taxa de natalidade, porém ainda elevadas taxa de natalidade, porém taxas aindataxas elevadas demonstradas demonstradas pela base da pirâmide. pela base da pirâmide. O grande problema das elevadas taxas de natalidade,
uma visão neomalthusiana, o fato a população Oem grande problema das elevadas étaxas dede natalidade, em jovem um é encargo uma visãorepresentar neomalthusiana, o fato de aeconômico-social população jovem para os adultos. A população economicamente ativa, representar um encargo econômico-social para os adultos. A geralmente representada pela população adulta, é população economicamente ativa, geralmente representada responsável pelo sustento da população jovem, que pela população adulta, é responsável pelo sustento da teoricamente não deveria trabalhar. Dessa forma, população jovem, teoricamente não deveria trabalhar. quanto maior forque a população de jovens, maior será o Dessa quanto maior for a realizado população pela de jovens, maior gastoforma, com essa faixa etária população será o gasto com essa faixa etária realizado pela população economicamente ativa. economicamente ativa. possuem uma melhor qualidade Países desenvolvidos
médico-sanitária da população. Sendo assim, conseguem alcançar elevadas taxas de expectativa de vida, possuindo uma grande proporção de idosos. Curso Enem 2019 Essa informação pode ser visualizada na| Geografia pirâmide 179 etária através do alargamento do seu topo. Nos países em desenvolvimento é possível perceber um início
Fonte: Borges.
O grande problema das elevadas taxas de natalidade, em uma visão neomalthusiana, é o fato de a população jovem representar um encargo econômico-social para os adultos. A população economicamente ativa, geralmente representada pela população adulta, é CAPÍTULO 7 Dinâmica responsável pelo sustento da populaçãoPopulacional jovem, que teoricamente não deveria trabalhar. Dessa forma, TRODUÇÃO À FILOSOFIA quanto maior for a população de jovens, maior será o gasto com essa faixa etária realizado pela população economicamente ativa.
, de maneira ustificando a
ulação o país
da população
da população Países desenvolvidos possuem uma melhor qualidade Países desenvolvidos possuem uma melhor qualidade médico-sanitária da população. Sendo assim, conseguem médico-sanitária da população. Sendo assim, elevadas taxas de expectativa de vida, possuindo nem 50% de alcançar conseguem alcançar elevadas taxas de expectativa uma proporção uma de idosos. Essaproporção informação ser de grande vida, possuindo grande depode idosos. Essa informação visualizada na pirâmide visualizada na pirâmidepode etáriaser através do alargamento do seu etária dodesenvolvimento alargamento doéseu topo.perceber Nos países topo. Nosatravés países em possível um em de desenvolvimento é possível perceber um início início alargamento do topo da pirâmide, principalmente de alargamento do topo da pirâmide, principalmente importação e implantação de melhorias médicoão jovem de pela pela importação e implantação de melhorias médicosanitárias, elevando a expectativa de vida da população. to maior for sanitárias, elevando a expectativa de vida da população. á a base da
Pirâmide Brasileira
- Pirâmide Brasileira
epresenta a Brasilvive vive atualmente atualmente aa terceira fase da da transição terceira fase transição nstrada pelo O OBrasil demográfica, queimplica implicauma umaredução redução do do ritmo ritmo do demográfi ca, o o que crescimento populacional, coma adiminuição diminuiçãoda da taxa taxa de crescimento populacional, com de opo ou ápice natalidade e um aumento da expectativa de vida. natalidade e um aumento da expectativa de vida. idosa de um Analise as pirâmides abaixo. de pirâmide.
urações das amente com fica, observe
• a mulher possui maior preocupação com a saúde, o que tende a facilitar a descoberta de doenças.
DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL SEGUNDO OS SETORES DA ECONOMIA Entende-se como população economicamente ativa (PEA) as pessoas que trabalham em atividades remuneradas, bem como a população que não possui trabalho momentâneo, porém está empenhada na conquista de uma atividade remunerada. Dessa forma, a população economicamente ativa é o mesmo que força de trabalho, ou seja, a população disponível para o mercado de trabalho. Às pessoas que não trabalham e não estão empenhadas em encontrar um emprego denomina-se população nãoeconomicamente ativa (PNEA), que inclui crianças, estudantes que não trabalham, donas de casa, aposentados, pessoas impossibilitadas de trabalhar por doenças, etc. Os setores de atividades econômicas A população economicamente ativa distribui-se em quatro setores de atividades:
• Setor Primário: inclui a agricultura, pecuária e extrativismo, que, por sua vez divide-se em mineral (Ex.: minério de ferro), vegetal (Ex.: carnaúba) e animal (Ex.: pesca). • Setor Secundário: inclui a atividade que abrange as indústrias, responsáveis pela transformação da matéria prima através do uso de maquinário. Fonte: TERRA, ARAUJO, Regina, GUIMARÃES, Raul Fonte: TERRA, Lygia,Lygia, ARAUJO, Regina, GUIMARÃES, Raul Borges. Borges. Conexões: Estudos Geografia e do Brasil. Conexões: Estudos de Geografide a Geral e do Brasil.Geral São Paulo: São Paulo:Moderna, Moderna, 2008, pág. 390. 2008, pág. 390
É possível perceber a redução da base da pirâmide, 167 o que demonstra a diminuição proporcional da população jovem, em função da redução da taxa de natalidade, e o alargamento do topo da pirâmide, o que demonstra o aumento proporcional da população idosa, decorrente do aumento da expectativa de vida. A análise das pirâmides, com destaque para a de 2006, permite constatar que a expectativa de vida feminina é maior que a expectativa de vida masculina. Essa variação permite ser compreendida pelos seguintes fatores:
• o trabalho masculino tende a ser mais desgastante fisicamente, apesar de atualmente as mulheres participarem mais do mercado de trabalho. •
os hábitos de bebida e fumo são mais comuns entre os homens, o que tende a torna-los mais vulneráveis a doenças cardíacas e respiratórias.
• os homens se envolvem mais em acidentes de carro do que as mulheres. •
o aumento de mortes por causas violentas relacionadas com o aumento do crime organizado incidiuprincipalmente sobre a população masculina.
180 Geografia | Curso Enem 2019
• Setor Terciário: inclui as atividades de prestação de serviços (Ex.: bancos, transportes, etc.) e comércio. • Setor Quaternário: inclui o desenvolvimento de tecnologia que será utilizada por todos os setores da economia. • Setor Quinário: inclui os serviços sem objetivo de lucro como a saúde, a educação, a cultura, a investigação (não remunerada), a polícia, os bombeiros, atividades domésticas e outras instituições não governamentais ou mais conhecidas como ONG’s. As modificações de uma economia contribuem para a redistribuição da população economicamente ativa pelos setores de atividades. Entre os fatores que causam alterações na estrutura da população segundo os setores de produção, podem-se destacar:
• Industrialização: a oferta de trabalho nas indústrias impulsiona o êxodo rural – migração definitiva do campo para a cidade, e, consequentemente, a urbanização. Dessa forma, aumenta a participação da população nos setores secundário – relacionada com o crescimento industrial, e terciário, relacionado com o crescimento urbano. • Urbanização: o crescimento das cidades, que nem sempre se relaciona com o processo de industrialização, promove uma maior participação da população no setor terciário.
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Setor Quaternário: inclui o desenvolvimento de tecnologia que será utilizada por todos os economia. Setor Quinário: inclui os serviços sem objetivo de lucro como a saúde, a educação, a cultura, a (não remunerada), a polícia, os bombeiros, atividades domésticas e outras instituições não gov ou mais conhecidasDinâmica como ONG’s. Populacional CAPÍTULO 7
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
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As modificações de uma economia contribuem para a redistribuição da população economicamente setores de atividades. Entre os fatores que causam alterações na estrutura da população segundo o produção, podem-se destacar: a oferta denas trabalho nas do indústrias impulsiona rural – da migração definiti • Modernização do setor primário: aIndustrialização: maior utilização de tecnologia atividades campo, por exemplo,oaêxodo mecanização para a rural cidade, e, consequentemente, urbanização. Dessa forma, aumenta a participação da po agricultura, promove o desemprego estrutural e a consequente liberação deamão de obra para as cidades. setores secundário – relacionada com o crescimento industrial, e terciário, relacionado com o Observe o gráfico abaixo que demonstraurbano. a distribuição populacional segundo os setores da economia no Brasil. Urbanização: o crescimento das cidades, que nem sempre se relaciona com o processo de indu promove uma maior participação da população no setor terciário. Fonte: IBGE, Anuários estatísticos do Brasil, 1978, 1982, 1994 e 1995 e PNAD 2001. (Adas, Melhem, Adas, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses Modernização do setor primário: a maior utilização de tecnologia nas atividades do campo, p e desafios socioespaciais. São Paulo: Moderna, 2004, pág. 293.). a mecanização da agricultura, promove o desemprego estrutural rural e a consequente liberação obra para as cidades. A mulher no mercado deObserve trabalho o gráfico abaixo que demonstra a distribuição populacional segundo os setores da economia
Por muito tempo, a estrutura social predominante era a de o homem ser responsável pela renda familiar, e a mulher, pelos cuidados da casa e dos filhos. Porém, há algumas décadas, essa situação se transformou em vários países, devido às novas organizações da sociedade capitalista, como o predomínio de pessoas habitando o meio urbano, e a longa luta da mulher.
A participação da mulher no mercado de trabalho foi uma Cap í t u l o 7 – D INÃ M IC A PO PU L A C IO NA L dos acontecimentos mais importantesFonte: das últimas décadas, IBGE, Anuários estatísticos do Brasil, 1978, 1982, 1994 e 1995 e PNAD 2001. (Adas, Melhem, Adas, Ser do Brasil: contradições, e desafios socioespaciais. Paulo: Moderna, 200 mas foi a partir de 1960 que as conquistas femininasGeográfico se tornaram mais evidentes. No impasses entanto elas não aconteceram daSão mesma forma em todos os países. A mulher no mercado de trabalho A participação da mulher no mercado de trabalho foi uma dos acontecimentos mais importantes das últimas
Por muito tempo, a estrutura social predominante era a de o homem ser responsável pela renda
décadas, mas foi partir de 1960 que as conquistas femininas sede tornaram mais No entantoeconomicamente elas não Ao analisar o mercado deatrabalho, émulher, possível constatar que a porcentagem mulheres sobreevidentes. ohá total da população pelos cuidados da casa e dos filhos. Porém, algumas décadas, essa situação se transformo da mesma forma em todos os países. ativa é,aconteceram quase sempre, menor que apaíses, masculina e, ainda, com médias salariais inferiores. devido às novas organizações da sociedade capitalista, como o predomínio de pessoas habit Ao analisar o mercado de trabalho, é possível constatar a porcentagem de mulheres sobre o total da população urbano, e a longa luta da que mulher. economicamente ativa é, quase sempre, menor que a masculina e, ainda, com médias salariais inferiores.
A mulher possui uma dupla jornada de trabalho, já que ela continua responsável pela maior parte das atividades domésticas. A mulher possui uma dupla jornada de trabalho, já que ela continua responsável pela maior parte das atividades domésticas.
168 de trabalho A participação da mulher no mercado aumenta a cada ano, ano, mas mas aindaainda está está longe de igualar-se à masculina, A participação da mulher no mercado de trabalho aumenta a cada longe de igualar-se à especialmente emespecialmente rendimentos. em Essarendimentos. desigualdade,Essa quedesigualdade, é histórica, é reforçada por estereótipos que a mulher em masculina, que é histórica, é reforçada porinferiorizam estereótipos que mulher uma em relação ao homem,de julgando uma de realização das tarefas pelas relaçãoinferiorizam ao homem,ajulgando menor capacidade realização dasmenor tarefascapacidade pelas mesmas ou, até mesmo, questões biológicas, ou, atégravidez mesmo,equestões biológicas, como a menstruação, gravidez e amamentação. como mesmas a menstruação, amamentação.
*
Rendimento segundo o gênero Rendimento segundo o gênero
Mesmo com a crescente absorção da mão de obra feminina no mercado de trabalho, é possível perceber uma
Mesmo com a crescente absorção da mão de obrafeminino femininatornou-se no mercado de trabalho, é possível que, perceber uma geral, participação participação marginal da mulher. O trabalho dominante nas atividades de modo marginal da mulher.menor O trabalho feminino tornou-se dominante atividades que, de modo geral, apresentam exigência apresentam exigência de qualificação e que, pornas isso, oferecem menor remuneração, como osmenor serviços domésticos, de educação e saúde.menor remuneração, como os serviços domésticos, de educação e saúde. de qualifi cação e que, por isso, oferecem Essa desigualdade está sujeita a inúmeras exceções e se encontra em mudança. Há uma nítida tendência de
Essa desigualdade está sujeita a inúmeras exceções e se encontra em mudança. Há uma nítida tendência de redução redução do desnível educacional entre homens e mulheres e, cada vez mais, a mão de obra feminina ingressado emdesnível ocupações exigem qualificação intermediária elevada. educacional entreque homens e mulheres e, cada vez mais, aou mão de obra feminina ingressa em ocupações que exigem qualificação intermediária ou elevada.
Índice de participação feminina
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Mesmo com a crescente absorção da mão de obra feminina no mercado de trabalho, é possível perceber uma participação marginal da mulher. O trabalho feminino tornou-se dominante nas atividades que, de modo geral, apresentam menor exigência de qualificação e que, por isso, oferecem menor remuneração, como os serviços domésticos, de educação e saúde.
CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional
Essa desigualdade está sujeita a inúmeras exceções e se encontra nítida tendência Ca píem t ulmudança. o 7 – HáDuma IN Ã M ICA POde PULACIONA redução do desnível educacional entre homens e mulheres e, cada vez mais, a mão de obra feminina ingressa em TRODUÇÃO À FILOSOFIA ocupações que exigem qualificação intermediária ou elevada.
Índice de participação Índice de participação feminina
feminina LEITURA COMPLEMENTAR IDH mede a qualidade de vida Veja como é medido o índice das Nações Unidas, a posição de diferentes países e a evolução ocorrida no Brasil Guia de Atualidades 2015
Uma das mais importantes medidas da qualidade de vida de uma população é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O índice compara os padrões de vida da população de 187 países, sob o pressuposto de que o bem-estar de uma pessoa tem a ver, também, com as suas condições de levar uma vida longa, saudável e de qualidade, com acesso aos avanços tecnológicos e científicos. O IDH não deve ser confundido com um “índice de felicidade”, ou de melhor lugar para viver. É um índice que sintetiza o que a ONU considera serem as condições essenciais para qualidade de vida: renda, educação e saúde. Conheça o modo como são medidos os parâmetros: -
Saúde: É medida pela expectativa de vida –
Fonte: http://ctb-am.blogspot.com/2010_05_01_archive.html em15/01/2011) 15/01/2011) quanto mais saudável (acessado uma população, maior sua Fonte: http://ctb-am.blogspot.com/2010_05_01_archive.html (acessado em
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COMPLEMENTAR
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IDH mede a qualidade de vida Veja como é medido o índice das Nações Unidas, a posição de diferentes países e a evolução ocorrida no Brasil Guia de Atualidades 2015
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Uma das mais importantes medidas da qualidade de vida de uma população é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O índice compara os padrões de vida da população de 187 países, sob o pressuposto de que o bem-estar de uma pessoa tem a ver, também, com as suas condições de levar uma vida longa, saudável e de qualidade, com acesso aos avanços tecnológicos e científicos. O IDH não deve ser confundido com um “índice de felicidade”, ou de melhor lugar para viver. É um índice que sintetiza o que a ONU considera serem as condições essenciais para qualidade de vida: renda, educação e saúde. Conheça o modo como são medidos os parâmetros:
A desigua enquanto renda dar IDH entre todavia é diferença árabes, d que apres de educa analfabeto consegue básica pre
• Saúde: É medida pela expectativa de vida – quanto mais saudável uma população, maior sua longevidade. • Renda: É medida pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita (a soma do PIB do país mais a renda recebida do exterior dividida pela população total). • Educação: É medida pela média de anos de estudo da população acima de 25 anos e pela expectativa de escolaridade para crianças no início da vida escolar. O IDH é calculado pela média geométrica de todas essas medidas. Para que a comparação entre países seja possível, o ID é apresentado como uma régua, de 0 a 1. uanto mais perto de 1, maior a qualidade de vida. O Pnud divulga anualmente o IDH, num ranking de países. -
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Renda: É medida pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita (a soma do PIB do país mais a renda recebida do exterior dividida pela população total).
O Brasil e IDH de 0 desenvolv Pnud, o B Caribe no 1980: 36,
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Populacional
Desde que o IDH foi criado, os critérios de cálculo se alteraram. Assim, não é possível comparar diretamente a evolução do índice de um país ao longo de todos os anos. Mas o Pnud divulgou um relatório com dados estatísticos ponderados, que permite a comparação. Em 2014, o ranking foi dividido em quatro faixas, conforme o grau de desenvolvimento humano: muito alto (igual ou acima de 0,800), alto (igual ou acima de 0,700), médio (acima de 0,550) e, abaixo disso, baixo desenvolvimento. O IDH mede o desenvolvimento humano potencial de uma nação. Para analisar quanto desse potencial é efetivamente realizado, o Pnud divulga um índice complementar, o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que avalia a situação real em cada país.
Ranking 2014 Os países no topo de ranking de 2014 são os mais ricos do planeta. No último relatório divulgado pelo Pnud, das dez nações de maior IDH, cinco estão na Europa Ocidental, duas estão na América do Norte (Estados Unidos e Canadá), duas na Oceania (Austrália e Nova Zelândia) e apenas uma na Ásia (Cingapura). No final da lista, estão os países pobres, a maioria dos quais situados na África Subsaariana. De acordo com o Pnud, o desenvolvimento humano cresce na média mundial, principalmente nas regiões que concentram países pobres e em desenvolvimento, ainda que mais lentamente desde a crise econômica de 2008. É entre os países de baixo desenvolvimento humano que se registram avanços mais rápidos. O Zimbábue foi o país que mais cresceu no IDH, graças a um aumento na expectativa de vida, quase quatro vezes acima da média de crescimento mundial entre 2012 e 2013. No sentido inverso, diversos países caíram de posição – muitos deles, como a República Centro-Africana, a Líbia e a Síria, devido a conflitos armados. A desigualdade também caiu, em termos globais. Mas, enquanto os indicadores de saúde melhoram, os de renda darraparam. América Latina e Caribe têm o maior IDH entre as regiões não desenvolvidas do mundo, todavia é a região de maior desigualdade na renda (a diferença entre os mais ricos e os mais pobres). Países árabes, do sul da Ásia e da África Subsaariana são os que apresentam maiores disparidades nos indicadores de educação. Neles, existem ainda muitos adultos analfabetos e uma grande parcela de jovens que não consegue passar dos primeiros anos da escolaridade básica prevista.
IDH do Brasil O Brasil está na 79a posição do ranking de 2014. O IDH de 0,744 coloca o país entre aqueles com alto desenvolvimento humano. Segundo os cálculos do Pnud, o Brasil é o país da região da América Latina e Caribe no qual a qualidade de vida mais subiu desde 1980: 36,4%. A melhora ocorreu nas três dimensões do índice. Nas últimas três décadas, o brasileiro ganhou mais de 11 anos de expectativa de vida e viu sua renda aumentar em 56%. A expectativa de anos de estudo das crianças subiu mais de cinco anos, e a média de estudos dos adultos, mais de quatro ano.
CAPÍTULO 7
O Pnud atribui o bom desempenho brasileiro a políticas sócias, que aumentaram a renda das famílias com baixa renda, seu acesso a serviços básicos, como saúde, à redução no mercado de trabalho informal e programas de alfabetização de adultos. Mas, em termos de igualdade, o Brasil ainda tem muito a avançar. Se a qualidade de vida for medida descontando-se a desigualdade, pelo IDHAD, o Brasil perde 27% de sua nota.
MOBILIDADE POPULACIONAL O deslocamento populacional sobre o território, que pode ser uma cidade, um estado, uma região e entre países, se relaciona a vários fatores. Entre eles pode-se destacar:
•
Naturais: características do clima, relevo, solo, vegetação e da hidrografia exercem um papel de grande importância para a mobilidade populacional.
• Históricos: locais que possuem uma história de ocupação inicial que determina o desenvolvimento de espaços econômicos, em um determinado local, são de extrema importância na orientação do deslocamento populacional. •
Econômicos: atualmente é o de maior importância na orientação do deslocamento populacional sobre o território. As pessoas tendem a sair de locais em que as oportunidades de desenvolvimento econômico não são satisfatórias e a seguirem para locais em que a oferta de serviços seja adequada, permitindo melhores condições de vida.
• Guerras: áreas instáveis militarmente são áreas de repulsão populacional, forçando a migração para locais onde não se tenha ameaça. •
Político-Ideológico: a incoerência de ideias políticas entre alguns governos e seu povo, impulsiona a migração populacional que segue em busca de ideias semelhantes.
• Religiosos: a ausência de tolerância religiosa em alguns locais do globo força a população a migrar para regiões em que exista o respeito às diferenças de crenças. A associação principal entre os fatores econômicos e históricos favoreceram a distribuição populacional no território brasileiro. A maior concentração de pessoas ocorre na região litorânea. O processo de colonização brasileira, em que a promoveu uma ocupação inicial do litoral, favoreceu o desenvolvimento das principais atividades econômicas brasileiras nessa mesma faixa territorial. Atualmente, o Brasil vive uma expansão dos seus espaços econômicos, principalmente, para as regiões Centro-Oeste e Norte, mas ainda é evidenciada a maior importância do litoral em relação às demais regiões brasileiras. As migrações agrupam duas direções do movimento populacional que se dividem em:
• Emigração: ato de sair de um determinado local, que pode ser uma cidade, um estado, uma região ou um país. • Imigração: ato de chegar a um determinado local, que pode ser uma cidade, um estado, uma região ou um país.
Curso Enem 2019 | Geografia
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apítulo 7 – D I N ÃMICA POPULACIO NA L C ap ítulo 7 – D INÃMIC A POP U LA C I O N
as subiu adultos,
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-
Migração temporária do campo para a cidade (onde o migrante busca trabalho na indústria, na - CAPÍTULO Imigração: ato7 de Dinâmica chegar a um Populacional determinado construção civil ou no setor terciário) e, depois de Migração temporária do campo para a cidade local, que pode ser uma cidade, um estado, uma algum tempo, o retorno para a área de origem. TRODUÇÃO À FILOSOFIA (onde o migrante busca trabalho na indústria, na região ou um país. São exemplos de e, pessoas construção civil os ou deslocamentos no setor terciário) depois da de Bahia e de outros estados do Nordeste e de Minas Também é possível dividir as migrações quanto ao algum tempo, o retorno para a aárea de(onde origem. Também é possível dividir as migrações quanto ao espaço • Migração temporária do campo para cidade o espaço que podem ser internas ou nacionais e ainda, Gerais em direção cidades de São Rio de São exemplos os às deslocamentos dePaulo, pessoas que podem ser internas ou nacionais e ainda, externas ou migrante busca trabalho na indústria, na construção civil ou da externas ou internacionais. �uanto ao tempo divide-se Janeiro e Belo Horizonte. e de outros estados dotempo, Nordeste e de Minas internacionais. uanto aoa pessoa tempo divide-se em definitivas, noBahia setor terciário) e, depois de algum o retorno para a em definitivas, quando fixa-se definitivamente Gerais em direção às cidades de São Paulo, Rio de quando a pessoa fi xa-se defi nitivamente no local de chegada, área de origem. São exemplos os deslocamentos de pessoas no local de chegada, ou temporárias quando a Indígenas que, já aculturados, migram para e Belo Horizonte. ou temporárias quando a pessoa fixa-se temporariamente daJaneiro Bahia e de outros estados do Nordeste e de Minas Gerais pessoa fixa-se temporariamente no local de destino e ganhar algum dinheiro que ajude a sobrevivência no local de destino e posteriormente retorna para o local de emdadireção cidades de de São Paulo,tempo Rio de Janeiro e Belo posteriormente retorna para o local de origem. tribo.àsDepois para - Horizonte. Indígenas que, já algum aculturados, retornam migram para origem. sua comunidade indígena. ganhar algum dinheiro que ajude a sobrevivência -
Classificação das migrações
• da Indígenas já aculturados, migram pararetornam ganhar algum tribo. que, Depois de algum tempo para Trabalhadores rurais e urbanos que se deslocam dinheiro que ajude a sobrevivência sua comunidade indígena. da tribo. Depois de algum para se empregarem nas construções de usinas tempo retornam para sua comunidade indígena. • hidrelétricas. Trabalhadores rurais e urbanos que se deslocam realizada entre as regiões. • Trabalhadores rurais e urbanos se deslocamde para se • Migração intra-regional: corresponde à para se empregarem nas que construções usinas - empregarem Trabalhadores que, na entressafra agrícola da nas construções de usinas hidrelétricas. migração de pessoas dentro de mesma • Migração intra-regional: corresponde à uma migração de hidrelétricas. região onde moram, deslocam-se para os lugares região. pessoas dentro de uma mesma região. • Trabalhadores que, na entressafraetc.). agrícola da região de garimpo (ouro, cassiterita Trabalhadores que, na entressafra agrícola da • Transumância: são populacionais deslocamentos onde moram, deslocam-se para os lugares de garimpo (ouro, • Transumância: são deslocamentos temregião onde moram, deslocam-se para os lugares populacionais temporários relacionados, cassiterita etc.). porários relacionados, normalmente, às estações do ano ou de garimpo (ouro, cassiterita etc.). normalmente, às estações do ano ou às às atividades econômicas. Esse movimento é observado em atividades econômicas. Esse movimento é várias partes do mundo como entre pastores da Europa, Ásia observado em várias partes do mundo como e África. entre pastores da Europa, Ásia e África.
- Classifi cação dasinter-regional: migrações • Migração
refere-se à migração de pessoas realizada entre as Migração inter-regional: refere-se à migração de pessoas regiões.
stória de lvimento do local, ação do
ômicos e ional no pessoas onização ão inicial rincipais ma faixa xpansão , para as denciada s demais
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do local, ma região
-
-
Pendular: movimento realizado diariamente por milhares de trabalhadores urbanos que se deslocam de sua moradia, geralmente Pendular: movimento realizadopor diariamente • • Pendular: movimento realizadoda diariamente milhares localizada nas cidades Região Metropolitana por milhares urbanos de trabalhadores urbanosde quetrabalhadores se deslocam de sua moradia,que de grandes cidades, para a empresa em que se localizada deslocam sua geralmente geralmente nas de cidades damoradia, Região Metropolitana trabalham ou para o exercício de atividade localizada daem Região Metropolitana de grandes cidades, nas paracidades a empresa que trabalham ou ligada ao trabalho informal. de grandes cidades, a empresa para o exercício de atividade ligadapara ao trabalho informal.em que trabalhamseourelaciona para o exercício de atividade Esse movimento diretamente com o Esse movimento se relaciona diretamente com o processo ligada ao trabalho informal. processo de periferização dos grandes centros urbanos, de periferização dos grandes centros urbanos, como Belo como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, Esse movimento relaciona comem o Horizonte, São Paulosee Rio de Janeiro,diretamente em que a população que a população mais carente se vê forçada a buscar processo de periferização dos grandes centros urbanos, mais carente se vê forçada a buscar a periferia dessas cidades, a periferia dessas cidades, devido ao de preço elevado como BeloaoHorizonte, São dos Paulo e Rio Janeiro, em devido preço elevado terrenos. A especulação dos terrenos. A especulação imobiliária associada à queimobiliária a população mais carentedo seespaço vê forçada a buscar associada à saturação urbano eleva o saturação do espaço urbano eleva o preço dos terrenos a periferia dessas ecidades, devido ao preço elevado preço dos terrenos imóveis, impossibilitando o acesso da e imóveis, impossibilitando o acesso da população com população comAmenor poder aquisitivo. dos terrenos. especulação imobiliária associada à menor poder aquisitivo. saturação do espaço urbano eleva o preço dos terrenos •
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-
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Fonte: http://br.olhares.com/na_rota_da_transumancia_ foto828284.html foto828284.html (acessado em 15/01/2011) (acessado em 15/01/2011)
No Brasil é possível verificar o movimento de No Brasil é possível verificar o movimento de transumância transumância em alguns lugares do país:
em alguns lugares do país:
-
Nordeste: ocorre entre o Sertão e o Agreste e - Nordeste: entre oApós Sertãoae colheita o Agreste ede a Zona da Mata. a Zonaocorre da Mata. produtos de Apóssubsistência, a colheita de produtos subsistência, comoem o feijão como o de feijão e o milho, suas e o pequenas milho, em suas pequenas propriedades, trabalhadores propriedades, trabalhadores deslocamdeslocamse para a Zona Mata, aonde aonde vão empregar no e imóveis, impossibilitando o acesso da população com se para a Zona dada Mata, vãosese empregar trabalho sazonal dosazonal corte da cana-de-açúcar, retornando para menor poder aquisitivo. no trabalho do corte da cana-de-açúcar, suasretornando propriedadespara ao término da safra. suas propriedades ao término da safra. - Sul/Sudeste: trabalhadores rurais paulistas se deslocam -paraSul/Sudeste: trabalhadores se o Estado do Paraná, entre fevereirorurais e maio,paulistas para colher deslocam paraaoépoca Estado Paraná, entre fevereiro algodão. Chegando do do corte da cana-de-açúcar, em colher algodão. a época finaledemaio, maio epara junho, retornam para oChegando Estado de São Paulo. do corte da cana-de-açúcar, em final de maio e junho, retornam para o Estado de São Paulo. - Sudeste/Nordeste: trabalhadores rurais da Bahia, de Minas
do Piauí e do Maranhão trabalhadores em direção ao Estado de São -Gerais, Sudeste/Nordeste: rurais da Paulo, na época do corte da cana-de-açúcar onde, muitas Bahia, de Minas Gerais, do Piauí e do Maranhão vezes, submetidos a precárias condições de época moradia, emsão direção ao Estado de São Paulo, na do alojados sem a necessária de higiene corteemdabarracões cana-de-açúcar onde, condição muitas vezes, são e sem instalações asanitárias satisfatórias, comdeinsufi ciente Fonte: submetidos precárias condições moradia, Fonte: http://www.flickr.com/photos/thalesmion/1356233644/ (acessado em http://www.flickr.com/photos/thalesmion/1356233644/ ventilação e iluminação. alojados em barracões sem a necessária condição 15/01/2011) (acessado em 15/01/2011) de higiene e sem instalações sanitárias satisfatórias, Fonte: http://www.flickr.com/photos/thalesmion/1356233644/ • Êxodo Rural: é o movimento de migração da com insuficiente ventilação e iluminação.
184 Geografia | Curso Enem 2019
•
(acessado em 15/01/2011) população do campo para as grandes cidades. Esse deslocamento foi fortemente vivenciado Êxodo Rural: é o movimento de migração da pela população dos para paísesas subdesenvolvidos, população do campo grandes cidades. principalmente, a partir da década de 1950, devido Esse deslocamento foi fortemente vivenciado
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional P O P U L ACI ON AL • Êxodo Rural: é o movimento de migração da população do campo para as grandes cidades. Esse deslocamento foi Fatores fortemente vivenciado pela população dos rural: países brasileiros que favoreceram o êxodo subdesenvolvidos, principalmente, a partir da década de - devido a estrutura fundiária antidemocrática, em que 1950, às grandes mudanças nas economias nacional os grandes latifúndios, em muitas das vezes e mundial.
ra a cidade ndústria, na e, depois de de origem. improdutivos, dificultam a fixação do homem a pessoas da terra. Associada a essao situação é interessante e e de Minas Fatores brasileiros que favoreceram êxodo rural: destacar que, na maioria das vezes, os minifúndios Paulo, Rio de não conseguem atender às necessidades mínimas - a estrutura fundiária antidemocrática, em que os grandes de um grupo familiar, tendo como base o tamanho latifúndios, em muitas das vezes improdutivos, dificultam das terras – muito pequenas, a falta de técnicas igram para a fi xação do homem a terra. Associada a essa situação é adequadas para o plantio o que promove uma baixa obrevivência destacar que, nadificuldade maioria das de vezes, os minifúndios da produtividade ea comercialização tornam para interessante não conseguem atender necessidades mínimas um produção, já queàssão produtos que não de possuem grupo familiar, tendo como o tamanho terras –um uma qualidade tão base elevada e não das possuem se deslocam muito pequenas, a falta de técnicas o plantio preço comercial, devido àadequadas pequena para produção; s de usinas o que promove uma baixa produtividade e a dificuldade de o Estatuto Trabalhador Rural, que foi promulgado comercialização da do produção, já que são produtos que não 1964 com o objetivo de levar as leis trabalhistas possuemem uma qualidade tão elevada e não possuem um agrícola da ao campo. Apesar de serprodução; uma medida de melhoria preço comercial, devido à pequena a os lugares das condições de trabalho da população rural o Estatuto contribui para a migração campo- o Estatuto do Trabalhador Rural, que foi promulgado em 1964 cidade, a partir do momento em que os grandes com o objetivo de levarde asterras leis trabalhistas ao campo. Apesar proprietários não aceitaram a efetivação de ser uma de melhoria das trabalho da dasmedida leis trabalhistas e condições optaramdepelo trabalho população rural o Estatuto contribui para a migração campotemporário, personificado na figura do boia-fria. cidade, aApartir do momento em que os grandes maioria dos trabalhadores não seproprietários submeteu às de terraspéssimas não aceitaram a efetivação das leis etrabalhistas condições de trabalho optaram epor novas oportunidades optarambuscarem pelo trabalho temporário, personifide cadotrabalho na figuranos centros urbanos; do boia-fria. A maioria dos trabalhadores não se submeteu
diariamente urbanos que geralmente Metropolitana resa em que de atividade
nte com o ros urbanos, Janeiro, em ada a buscar eço elevado associada à dos terrenos pulação com
/1356233644/ m 15/01/2011)
migração da des cidades. vivenciado senvolvidos, 1950, devido
às péssimas condições de trabalho e optaram por buscarem a Revolução Verde que favoreceu o aumento do novas oportunidades de trabalho nos centros urbanos;
desemprego estrutural no campo e a concentração de terras. Esse processo que consiste em o - a Revolução Verde que favoreceude o aumento do desemprego emprego crescente tecnologia no setor estrutural no campo e a concentração terras. Esse agropecuário promove a de liberação daprocesso mão-deque consiste o emprego acrescente de tecnologia noe a obra, em ao intensificar mecanização do campo, setor agropecuário promove a liberação da mão-deconcentração de terras pela vantagem da obra, grande ao intensifi car a mecanização do campo, e aaconcentração de produção e produtividade para comercialização. terras pela vantagemdas da grande produção e produtividade A absorção pequenas e médias propriedades rurais pelos grandes proprietários ou pore empresas para a comercialização. A absorção das pequenas médias rurais,rurais em um intenso processo de concentração propriedades pelos grandes proprietários ou por darurais, propriedade, contribuindo para as famílias empresas em um intenso processo de que concentração saíssemcontribuindo do campo para e se que dirigissem para as zonas da propriedade, as famílias saíssem do urbanas; campo e se dirigissem para as zonas urbanas; -
Migrações Internas Ao relacionarmos os grandes fluxos de migração brasileiros é possível percebermos uma mudança quanto à destinação das pessoas. Se antes a população possuía uma tendência de migração entre as regiões atualmente esse movimento é muito mais percebido dentro das próprias regiões. Essa nova destinação se relaciona diretamente com o desenvolvimento de novos espaços econômicos e a saturação da principal área receptora de migrantes – a Região Sudeste. A tabela abaixo sintetiza os principais fluxos migratórios internos. Breve Histórico das Migrações Internas no Brasil Século
Características
XVI e XVII
Saída de nordestinos da Zona da Mata rumo ao Sertão atraídos pela expansão da pecuária.
XVIII
Saída de nordestinos e paulistas rumo à região mineradora (Minas Gerais).
XIX
Saída de mineiros rumo ao interior paulista atraídos pela expansão do café.
XIX
Saída de nordestinos rumo à Amazônia para trabalhar na extração da borracha.
XX – Década de 1950
Saída de nordestinos rumo ao CentroOeste (Goiás) para trabalhar na construção de Brasília. Esse período ficou conhecido como a “Marcha para o Oeste”, e os migrantes foram chamados pejorativamente de “candangos”.
Década de 1950 e 1960
Saída de nordestinos (principalmente) rumo ao Sudeste, motivada pela industrialização. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro receberam o maior fluxo de imigrantes.
Década de 1960 e 1970
Saída de nordestinos que continuaram migrando para o Sudeste, o CentroOeste (Mato Grosso) e o Sul (Paraná). A partir de 1967, com a criação da Zona Franca de Manaus, ocorreu intensa migração de nordestinos rumo à Amazônia (principalmente Manaus). Em grande parte foi uma migração orientada pelo governo federal.
Década de 1970 a 1990
Saída de sulistas rumo ao Centro-Oeste (agropecuária) e de nordestinos rumo à Amazônia (agropecuária e garimpo). Em consequência, o Norte e o CentroOeste foram, respectivamente, as regiões que apresentaram o maior crescimento populacional do Brasil nas últimas décadas.
a inserção das imagens de televisão no campo,
- a inserção das imagens de televisão no campo, da de a partir da década de 1950, levandoa partir a ideia década de levando a ideia de um de meiopossibilidades urbano repleto de um1950, meio urbano repleto de possibilidades de desenvolvimento social uma e desenvolvimento econômicoeconômico e social ee com com uma diversãogarantida. garantida. diversão
Fonte: IBGE. Atlas nacional do Brasil, 2000. P. 76. (Tércio e MARINA, Lúcia. Fronteiras da Globalização: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 2005, pág. 241.)
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Curso Enem 2019 | Geografia
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CAPÍTULO 7
Dinâmica Populacional
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
EXERCÍCIOS
TEXTO II
1. (Enem) Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conservadorismo brasileiro. Há um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transformar o país, porque a sociedade é conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da redemocratização e da redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema C a p í tulopolítico. 7 – Ele D INÃ MICA POP ULACconvencer I ONA La se mantém porque consegue sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo.
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migração mudança população as regiões percebido destinação imento de a principal este.
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mo à região
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ntro-Oeste trução de do como a ntes foram dangos”.
NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso 28 mar. 2014 (adaptado). A característica do sistema em: político brasileiro,
ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da
A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no a) dispersão regional texto, obtém sua legitimidade dado poder econômico.
A Índia deu um passo alto no setor de teleatendimento para países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos e as nações europeias. Atualmente mais de 245 mil indianos realizam ligações para todas as partes do mundo a fim de oferecer cartões de créditos ou telefones celulares ou cobrar contas em atraso. Disponível em: www.conectacallcenter.com.br. Acesso em: 12 nov. 2013 (adaptado).
Ao relacionar os textos, a explicação para o processo de territorialização descrito está no(a) a)
aceitação das diferenças culturais.
b)
adequação da posição geográfica.
b)
polarização acentuada da disputa partidária.
c)
orientação radical dos movimentos populares.
c)
incremento do ensino superior.
d)
condução eficiente das ações administrativas.
d)
qualidade da rede logística.
e)
custo da mão de obra local.
a)
dispersão regional do poder econômico.
b)
polarização acentuada da disputa partidária.
c)
orientação radical dosideológica movimentosdas populares. e) sustentação desigualdades
d)
condução eficiente das ações administrativas.
existentes.
e) ideológica desigualdades 2. sustentação (Enem) O jovem das espanhol Danielexistentes. se sente
perdido. Seu diploma de desenhista industrial e seu alto conhecimento de inglês devem ajudá-lo 2. (Enem) O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu a tomar um rumo. Mas a taxa de desemprego, diploma desenhista seutêm alto menos conhecimento quede supera 52% industrial entre os eque de 25 de inglês devem ajudá-lo a tomar um convencido rumo. Mas a de taxaque de anos, o desnorteia. Ele está desemprego, que supera 52% entre os que têm menos de seu futuro profissional não está na Espanha, 25 anos, o desnorteia. está convencido de que seu futuro como o de, peloEle menos, 120 mil conterrâneos que profissional não está na últimos Espanha,dois comoanos. o de, pelo menos, 120 emigraram nos O irmão dele, mil conterrâneos que emigraram nos conseguiu últimos doisemprego anos. O que é engenheiro-agrônomo, irmãono dele,Chile. que é engenheiro-agrônomo, conseguiu de emprego Atualmente, Daniel participa uma no Chile. Atualmente, Daniel uma “oficina de “oficina de procura de participa emprego”deem países como procura de emprego” países Acomo Brasil, Alemanha Brasil, Alemanhaem e China. oficina é oferecida pore China.uma A ofiuniversidade cina é oferecidaespanhola. por uma universidade espanhola. GUILAYN, P. “Na Espanha, universidade ensina a emigrar”. GUILAYN, P. “Na Espanha, universidade ensina a emigrar”. O Globo, 17 fev. 2013 O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado). (adaptado).
A situação ilustra uma crise econômica que implica
Capít ulo 7 – DINÃMICA POP U LA CIONA
4. (Enem) O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em 22 minutos de casa para o trabalho, todos os dias. Nunca foi atingido por um carro. Mesmo assim, é vítima diária do trânsito de São O Paulo: a cada Paulo minutoSaldiva sobre a bicicleta, 4. (Enem) professor pedala 6seus km em são 22 envenenados minutos decom casa o trabalho, todos pulmões 3,3 para microgramas de poluição os dias. Nunca foi atingido um carro. Mesmo particulada – poeira, fumaça, fuligem,por partículas de metal em assim,sulfatos, é vítima diáriacarbono, do trânsito de São Paulo: ea suspensão, nitratos, compostos orgânicos minutonocivas. sobre a bicicleta, seus pulmões são outrascada substâncias
vive nas mesmas condições socioambientais das
do professor no texto apresentará uma ampliação da taxacitado de fecundidade.
a)
valorização do trabalho fabril. tecnológicos. b) expansão dos recursos
b)
diminuição da expectativa de vida.
elevação do crescimento vegetativo. de vida. b) diminuição da expectativa
tendência de a)
ampliação da taxa de fecundidade.
nte) rumo trialização. de Janeiro tes.
b)
c) exportação de mão de obra qualificada. expansão dos recursos tecnológicos.
c)
c)
d) diversificação mercados produtivos. exportação de mão dedos obra qualificada.
d)
c) elevação do crescimento aumento na participação relativa devegetativo. idosos.
ontinuaram ntro-Oeste A partir de de Manaus, tinos rumo naus). Em ntada pelo
d)
e)
d) aumento na participação de idosos. redução na proporção de jovens narelativa sociedade.
e)
intensificação dos intercâmbios estudantis.
diversificação dos mercados produtivos.
e)
e) cação dos intercâmbios estudantis. 3. intensifi (Enem) 3. (Enem) TEXTO I
redução na proporção de jovens na sociedade.
5. (Enem)
TEXTO I
5.
(Enem)
ntro-Oeste s rumo à mpo). Em este foram, resentaram o Brasil nas
76. (Tércio e rafia geral e , pág. 241.)
TEXTO II A
Índia
deu
um
passo
alto
no
setor
de
| Curso Enem 2019 186 Geografia teleatendimento para países mais desenvolvidos,
ue domina ntender o
como os Estados Unidos e as nações europeias. Atualmente mais de 245 mil indianos realizam ligações para todas as partes do mundo a fim de
b) c) d)
A população de uma metrópole brasileira que vive nas ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estado de São Paulo. Ago. 2008. mesmas condições socioambientais das do professor citado no texto apresentará uma tendência de A população de uma metrópole brasileira que a)
valorização do trabalho fabril.
a)
envenenados com 3,3 microgramas de poluição particulada – poeira, fumaça, fuligem, partículas de ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estadonitratos, de São Paulo.carbono, Ago. 2008. metal em suspensão, sulfatos, compostos orgânicos e outras substâncias nocivas.
A situação ilustra uma crise econômica que implica a)
O pr cons
Na imagem, é ressaltado, em tom mais escuro, um grupo de países que na atualidade possuem características político-econômicas comuns, no sentido de a)
adotarem o liberalismo político na dinâmica dos seus setores públicos.
e)
7.
(Ene
5.
redução na proporção de jovens na sociedade.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
e)
(Enem)
Dinâmica Populacional
Na imagem, é ressaltado, em tom mais escuro, um grupo de países que na atualidade possuem características político-econômicas comuns, no Na imagem, sentido deé ressaltado, em tom mais escuro, um grupo de
CAPÍTULO 7
países que na atualidade possuem características políticoa) adotarem o liberalismo político na dinâmica econômicas comuns, no sentido de
dos seus setores públicos.
a) o liberalismo político na seus b) adotarem constituírem modelos dedinâmica ações dos decisórias setores públicos. à social-democracia. vinculadas
c) constituírem instituírem sobre Na imagem, éfóruns ressaltado, em discussão tom vinculadas mais escuro, b) modelos de açõesde decisórias à um grupo de países que na atualidade possuem intercâmbio multilateral de economias social-democracia. c)
d)
d)
e)
e)
6. (Enem) (Enem)
6.
promoverem a integração representativa dos diversos povos integrantes de seus territórios. apresentarem uma frente de desalinhamento político aos polos dominantes do sistemamundo.
(Enem)
PO P U L AC I O NAL
Ago. 2008.
sileira que entais das ntará uma
consequência demográfica:
a) Decréscimo da população absoluta. Decréscimo da população absoluta.
b)
174 b) Redução do crescimento vegetativo.
c)
Diminuição da proporção de adultos.
d)
natalidade. Expansão de políticas de controle da natalidade.
e)
Aumento da renovação da população economicamente economicamente ativa. ativa.
Redução do crescimento vegetativo. c)
Diminuição da proporção de adultos.
d)
Expansão
de
políticas
e)
Aumento
da
renovação
7.(Enem) (Enem) 7.
um(a)
b)
menor proporção de homens na área rural. b) menor proporção de homens na área rural.
c)
c) aumento da proporção de fecundidade aumento da proporção de na área rural.na 8. (Enem) Asfecundidade migrações transnacionais
e) queda urbana.
do número de idosos na área urbana
área rural.
intensificadas e generalizadas nas últimas década d) queda da longevidade na área rural. d) queda da longevidade na área rural. do século XX, expressam aspectos particularment e) queda do número de idosos na área urbana. da na problemática racial, visto com e) quedaimportantes do número de idosos área urbana. dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos (Enem) As migrações 8.8. (Enem) As migrações transnacionais, transnacionais, intensifilugares cadas e próximos famílias e coletividades para intensificadas e generalizadas últimas décadas generalizadas nas últimas décadas donas século XX, expressam distantes, envolvendo mais ou meno do século XX, expressam aspectosmudanças particularmente aspectos particularmente importantes da problemática racial, importantes da problemática racial,de visto como drásticas nas condições vida e trabalho, em visto como dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos, dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos, Deslocam-s padrões e valores socioculturais. famílias e coletividades para lugares próximospróximos e distantes, famílias e coletividades para lugares e para sociedades semelhantes ou radicalment envolvendo mudanças mais ou mudanças menos drásticas distantes, envolvendo maisnas oucondições menos cultura de vida e distintas, trabalho, emalgumas padrões valores socioculturais. drásticas nas condições deevezes vida e compreendendo trabalho, em padrões e sociedades valorescivilizações socioculturais. oupara mesmo totalmente diversas. Deslocam-se semelhantes ouDeslocam-se radicalmente
de
controle
da
da
IANNI, O. ACivilização era do globalismo. IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Brasileira, 1996 Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve um papel importante na formação social e econômica de*HRJUD¿D diversos estados nacionais. Uma razão para os movimentos *HRJUD¿D migratórios nas últimas décadas e uma política migratória atual dos países desenvolvidos são a)
a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras contra a imigração.
b)
a necessidade de qualificação profissional e a abertura das fronteiras para os imigrantes.
c)
o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento dos bens dos imigrantes.
d)
a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes qualificados.
e)
a fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de políticas sociais.
população
o.
sociedade.
queda da longevidade na área rural.
a) menor proporção de fecundidade na área menor proporção de fecundidade na área urbana.
.
e idosos.
d)
a)
paraalgumas sociedades semelhantes ou radicalmente distintas, vezes compreendendo culturas ou mesmo IANNI, O. A era do globalismo distintas, algumas vezes compreendendo culturas civilizações totalmente diversas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996 ou mesmo civilizações totalmente diversas.
O processo registrado no gráfico gerou a seguinte O processo registrado consequência demográfi ca: no gráfico gerou a seguinte
174a)
menor proporção de fecundidade na áre urbana.
b) menor proporção de homens na área rural. apresentarem uma frente de desalinhamento c) instituírem fóruns de discussão sobre apresentarem umapolos frente de desalinhamento político aos dominantes dopolítico sistema- A interpretação c) e aumento da fiproporção de fecundidade n a correlação das guras a dinâmica A interpretação e a correlação dassobre figuras sobre intercâmbio multilateral de economias aos polos dominantes do sistema- mundo. mundo. a dinâmica demográfica demonstram área rural. brasileira demográfi ca brasileira demonstram um(a) emergentes.
e)
dala 6 km lho, todos ro. Mesmo o Paulo: a lmões são e poluição artículas de , carbono, as nocivas.
a)
promoverem a integração representativa dos diversos territórios. b) constituírem modelos de ações decisórias povos integrantes de seus territórios. vinculadas à social-democracia.
d)
6.
A interpretação e a correlação das figuras sobr a dinâmica demográfica brasileira demonstram um(a)
características político-econômicas comuns, no emergentes. sentido fóruns de instituírem de discussão sobre intercâmbio promoverem a integração representativa multilateral de economias emergentes. a) adotarem o liberalismo político na dinâmica dos diversos povospúblicos. integrantes de seus dos seus setores
9. (Enem) A vida na rua como ela é O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) realizou, em parceria com a ONU, uma pesquisa
Curso Enem 2019 | Geografia
187
b)
e) últimas a fugadécadas decorrente depolítica conflitos políticos e o e uma migratória atual fortalecimento de políticas dos países desenvolvidos são sociais. 9.
a)
defendem os direitos dos consumidores junto e
“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. aos armazéns e mercados das fazendas Disponível em: http://www.mte.gov.br. carvoarias. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
a busca de oportunidades de trabalho e o
de rua barreiras contra (Enem) aumento A vida na como ela aé imigração.
CAPÍTULO 7
substituem as autoridades policiais e jurídicas Dinâmica Populacional Nosc)lugares mencionados no texto, o papel dos b) a necessidade de qualificação profissional ea na resolução dos conflitos entre patrões e O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate grupos de defesa dos direitos humanos tem sido aberturarealizou, das fronteiras para os imigrantes. empregados. FILOSOFIA à Fome (MDS) emTRODUÇÃO parceria com aÀONU, fundamental, porque eles o desenvolvimento de projetos de pesquisaque e umac)pesquisa nacional sobre a população encaminham Ministério a) d) negociam com os denúncias fazendeiros ao o reajuste dos Público o acautelamento bens dos imigrantes. vive na rua, tendo sidodos ouvidas 31.922 pessoas nacional sobre a população que vive na rua, tendo sido a) negociam os fazendeiros o reajuste dos horária honorários ecom promovem ações conscientização dos honorários e a redução dade carga dee a expansão da fronteira agrícola e a expulsão em d) 71 cidades brasileiras. Nesse levantamento, trabalho. ouvidas 31.922 pessoas em 71 cidades brasileiras. Nesse trabalhadores. a redução da carga horária de trabalho. dos imigrantes qualificados. constatou-se que a maioria dessa população sabe levantamento, constatou-se que a maioria dessa população b) e) defendem os direitos consumidores junto ler ee)escrever que a fuga (74%), decorrente de apenas conflitos15,1% políticosvivem e o fortalecem a dos administração pública ao b) defendem os direitos dos consumidores junto aos sabe ler e escrever (74%), que apenas 15,1% vivem de esmolas aosministrarem armazéns e aulas mercados das fazendas e fortalecimento de políticas sociais.de rua que de esmolas e que, entre os moradores aos seus servidores. armazéns e mercados das fazendas e carvoarias. e que, entre os moradores de rua que ingressaram no ensino carvoarias. ingressaram no ensino superior, 0,7% se diplomou. superior, 0,7% se diplomou. Outros dados da pesquisa são 9. (Enem) A vida na rua como é Outros dados da pesquisa são ela apresentados nos c) substituem c) substituem as autoridades policiais e jurídicas as autoridades policiais e jurídicas na apresentados nos quadros a seguir. 11. (Enem) A figura a seguir apresenta dados na resolução dos conflitos patrões e quadros a seguir. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate resolução dos conflitos entre patrões entre e empregados. percentuais que integram os Indicadores Básicos empregados. à Fome (MDS) realizou, em parceria com a ONU, para a Saúde, relativos às principais causas de uma pesquisa nacional sobre a população que d) encaminham denúncias ao ao Ministério Público e d)mortalidade encaminham denúncias Ministério Público de pessoas do sexo masculino. vive na rua, tendo sido ouvidas 31.922 pessoas promovem ações de conscientização dos trabalhadores. em 71 cidades brasileiras. Nesse levantamento, constatou-se que a maioria dessa população sabe ler e escrever (74%), que apenas 15,1% vivem de esmolas e que, entre os moradores de rua que ingressaram no ensino superior, 0,7% se diplomou. Outros dados da pesquisa são apresentados nos quadros a seguir.
e)
e promovem ações de conscientização dos trabalhadores.
fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas e) seus fortalecem aos servidores. a administração pública ao ministrarem aulas aos seus servidores.
11. (Enem) A figura a seguir apresenta dados percentuais que integram a Saúde, relativos 11. (Enem) osA Indicadores figura a Básicos seguirpara apresenta dados percentuais quede integram os Indicadores às principais causas mortalidade de pessoas Básicos do sexo para a Saúde, relativos às principais causas de masculino. mortalidade de pessoas do sexo masculino.
informações apresentadas no texto são AsAs informações apresentadas no texto são sufi cientes para se suficientes para se concluir que concluir que a) as pessoas que vivem na rua e sobrevivem de a) as pessoas quesão vivem na rua que e sobrevivem de esmolas esmolas aquelas nunca estudaram. são aquelas que nunca estudaram. b) as pessoas que vivem na rua e cursaram o ensino que fundamental, completo ou incompleto, b) as pessoas vivem na rua e cursaram o ensino são aquelas que ou sabem ler e escrever. fundamental, completo incompleto, são aquelas que As
informações
apresentadas
no
texto
são
c)sabem existem pessoas que declararam mais de um ler e escrever. suficientes para se concluir que motivo para estarem vivendo na rua. a) pessoas as pessoas vivem na rua sobrevivem de c) existem que que declararam mais deeum motivo para d) mais da metade das pessoas vivem na são aquelas que nuncaque estudaram. estarem esmolas vivendo na rua. rua e que ingressaram no ensino superior se b) as pessoas que vivem na rua e cursaram o d) maisdiplomou. da ensino metadefundamental, das pessoas que vivemou naincompleto, rua e que completo aquelas que sabem ler e escrever. no ensino superior se diplomou. e)ingressaram as são pessoas que declararam o desemprego motivo para na rua c)como existem pessoas queviver declararam maistambém de um e) as pessoas que declararam o desemprego motivo para estarem vivendo nacomo rua. motivo declararam a decepção amorosa. para viver na rua também declararam a decepção d) mais da metade das pessoas que vivem na amorosa. e que ingressaram no ensino superior se 10. (Enem) rua Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil diplomou. libertados de fazendas onde 10.brasileiros (Enem) Entreforam 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros e) as pessoas que declararam o desemprego trabalhavam como se fossem escravos. Ocomo governo foram libertados de fazendas onde trabalhavam se como motivo para viver na rua os também criou uma lista em que ficaram expostos nomes fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram declararamflagrados a decepçãopela amorosa. dos fazendeiros expostos os nomes dos fazendeiros flagradosfiscalização. pela fiscalização.No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que No10. Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem (Enem) Entre 2004 e 2008,dopelo menos 8 mil o mais sofrem com a fraqueza poder público, com a brasileiros fraqueza doforam poder libertados público, o bloqueio dos canais de fazendas onde dosagrícola canaispara detais financiamento agrícola debloqueio financiamento fazendeiros sido a trabalhavam como se fossem escravos.tem O governo paracriou tais fazendeiros tem sido aexpostos principal de principal armauma de combate esseficaram problema, mas os governos lista emaque osarma nomes combate acom esse problema, mas osprovocada governospelas ainda dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No ainda sofrem a falta de informações, sofrem com a falta informações, provocada Norte, Nordeste e de Centro-Oeste, regiões que distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários. pelas distâncias e apelo poder mais sofrem com fraqueza do intimidador poder público,dos o bloqueio dos canais de financiamento agrícola proprietários. Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral para tais fazendeiros tem sido a principal arma de
da Terracombate têm agido corajosamente, acionando as autoridades a esse problema, mas os governos ainda públicassofrem e ministrando aulas direitos provocada sociais e com a falta de sobre informações, *HRJUD¿D trabalhistas. pelas distâncias e pelo poder intimidador dos
Causas externas - M1 agressões - M2 acidentes de trânsito - M3 causas externas de intenção indeterminada - M4 lesões autoprovocadas voluntariamente -externas M5 afogamentos e submersões acidentais Causas externas Causas - M1 agressões Doenças do aparelho circulatório M1 agressões - M2 acidentes de trânsito - M6 doenças isquêmicas do coração • M2 acidentes trânsito de intenção indeterminada - M3 causasde externas - M8 doenças cardiovasculares - M4 lesões autoprovocadas voluntariamente • M3 externas de intenção indeterminada - M4 -causas M9 outras doenças cardíacas - M5 afogamentos e submersões acidentais lesões autoprovocadas voluntariamente
•
•
- M11 pneumonia - M8 doenças cardiovasculares Doenças do aparelho circulatório - M9doenças outras doenças cardíacas • M6 isquêmicas do coração - M8 doenças Doenças do aparelho digestivo cardiovasculares Doenças do aparelho respiratório - M7 doenças do fígado • M9 outras doençascrônicas cardíacasdas vias aéreas inferiores - M10 doenças
Internet: <tabnet.datasus.gov.br> (com adaptações). - M11 pneumonia
Doenças do aparelho respiratório
Doenças do aparelho digestivo
- M7doenças doençascrônicas do fígado • M10 das vias aéreas inferiores - M11 pneumonia Internet: <tabnet.datasus.gov.br> (com adaptações).
Doenças do aparelho digestivo
•
proprietários.
www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles
188 Geografia | Curso Enem 2019
175
M7 doenças do fígado Internet: <tabnet.datasus.gov.br> (com adaptações).
“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://
*HRJUD¿D
Doenças do aparelho respiratório Doenças do aparelho circulatório M5 afogamentos e submersões acidentais - M10 doenças crônicas das vias aéreas inferiores - M6 doenças isquêmicas do coração
Com base nos dados, conclui-se que a)
175
a proporção de mortes por doenças isquêmicas do coração é maior na faixa etária de 30 a 59 anos que na faixa etária dos 60 anos ou mais.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Populacional
b)
pelo menos 50% das mortes na faixa etária de 15 a 29 anos ocorrem por agressões ou por causas externas de intenção indeterminada.
c)
as doenças do aparelho circulatório causam, na faixa etária de 60 anos ou mais, menor número de mortes que as doenças do aparelho respiratório.
d)
e)
uma campanha educativa contra o consumo excessivo de bebidas alcoólicas teria menor impacto nos indicadores de mortalidade relativos às faixas etárias de 15 a 59 anos que na faixa etária de 60 anos ou mais. o Ministério da Saúde deve atuar preferencialmente no combate e na prevenção de doenças do aparelho respiratório dos indivíduos na faixa etária de 15 a 59 anos.
12. (Enem) O movimento migratório no Brasil é significativo, principalmente em função do volume de pessoas que saem de uma região com destino a outras regiões. Um desses movimentos ficou famoso nos anos 80, quando muitos nordestinos deixaram a região Nordeste em direção ao Sudeste do Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, este processo continuou crescente no período seguinte, os anos 90, com um acréscimo de 7,6% nas migrações deste mesmo fluxo. A Pesquisa de Padrão de Vida, feita pelo IBGE, em 1996, aponta que, entre os nordestinos que chegam ao Sudeste, 48,6% exercem trabalhos manuais não qualificados, 18,5% são trabalhadores manuais qualificados, enquanto 13,5%, embora não sejam trabalhadores manuais, se encontram em áreas que não exigem formação profissional. O mesmo estudo indica também que esses migrantes possuem, em média, condição de vida e nível educacional acima dos de seus conterrâneos e abaixo dos de cidadãos estáveis do Sudeste. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado).
Com base nas informações contidas no texto, depreende-se que a)
o processo migratório foi desencadeado por ações de governo para viabilizar a produção industrial no Sudeste.
b)
os governos estaduais do Sudeste priorizaram a qualificação da mão de obra migrante.
c)
o processo de migração para o Sudeste contribui para o fenômeno conhecido como inchaço urbano.
d)
as migrações para o sudeste desencadearam a valorização do trabalho manual, sobretudo na década de 80.
e)
a falta de especialização dos migrantes é positiva para os empregadores, pois significa maior versatilidade profissional.
13. (Enem) Na democracia estadunidense, os cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
CAPÍTULO 7
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é a)
submeter o indivíduo à proteção do governo.
b)
hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
c)
estimular a formação de propriedades comunais.
d)
vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
e)
defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades.
14. (Enem) Um fenômeno importante que vem ocorrendo nas últimas quatro décadas é o baixo crescimento populacional na Europa, principalmente em alguns países como Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca queda na taxa de natalidade. Esse fenômeno é especialmente preocupante pelo fato de a maioria desses países já ter chegado a um índice inferior ao “nível de renovação da população”, estimado em 2,1 filhos por mulher. A diminuição da natalidade europeia tem várias causas, algumas de caráter demográfico, outras de caráter cultural e socioeconômico. OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. São Paulo: Ática, 2004 (adaptado).
As tendências populacionais nesses países estão relacionadas a uma transformação a)
na estrutura familiar dessas sociedades, impactada por mudanças nos projetos de vida das novas gerações.
b)
no comportamento das mulheres mais jovens, que têm imposto seus planos de maternidade aos homens.
c)
no número de casamentos, que cresceu nos últimos anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
d)
no fornecimento de pensões de aposentadoria, em queda diante de uma população de maioria jovem.
e)
na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua ascensão, decorrente de pandemias na primeira infância.
15. (Enem) A tabela a seguir apresenta dados coletados pelo Ministério da Saúde a respeito da redução da taxa de mortalidade infantil em cada região brasileira e no Brasil. 2002
2004
Variação % 2002-2004
N
27,0
25,6
↓ 5,2
NE
37,2
33,9
↓ 8,9
SE
15,7
14,9
↓ 5,2
S
16,0
15,0
↓ 6,7
CO
19,3
18,7
↓ 3,0
Brasil
24,3
22,5
↓ 7,4
FONTE: MS, SVS E SIM. Disponível em: http://portal.saude. gov.br. Acesso em: 1 out. 2008.
Curso Enem 2019 | Geografia
189
c) fiscalização do Estado e incremento da 25,6 p5,2 S N 16,027,0 15,0 p6,7 b) educação geração de empregos e aprimoramento do nacional. 33,9 p8,9 poder judiciário. CO NE 19,337,2 18,7 p3,0 d) nacionalização de empresas e aumento da SE 24,3 15,722,5 14,9 p5,2 BRASIL p7,4 c) distribuição fiscalização de dorenda. Estado e incremento da CAPÍTULO 7 Populacional S 16,0 15,0 Dinâmica p6,7 educação nacional. FONTE: MS, SVS E SIM. Disponível em: http://portal.saude. e) sindicalização dos trabalhadores e contenção CO 19,3 18,7 p3,0 TRODUÇÃO À FILOSOFIA gov.br. Acesso em: 1 out. 2008. d) da nacionalização de empresas e aumento da migração interna. BRASIL 24,3 22,5 p7,4 distribuição de renda. Considerando os índices de mortalidade infantil FONTE: MS, SVS E SIM.de Disponível em:infantil http://portal.saude. Considerando os eíndices mortalidade apresentados 17.(Enem) (Enem) e) sindicalização dos trabalhadores e contenção 17. apresentados os respectivos percentuais de gov.br. Acesso em: 1 out. 2008. da migração interna. e os respectivos percentuais de variação de 2002 a 2004, é variação de 2002 a 2004, é correto afirmar que correto afirmar que os índices de tomadas, mortalidade infantil a) Considerando uma das medidas a serem visando 17. (Enem) apresentados edeste os respectivos percentuais à melhoria indicador, consiste nade a) variação uma das de medidas aaserem tomadas, visando à melhoria 2002 2004, é correto afirmar que redução da taxaconsiste de natalidade. deste indicador, na redução da taxa de umaatingiu das medidas a serem tomadas, visando b) a) o Brasil sua meta de reduzir ao máximo natalidade. à melhoria deste indicador, consiste na a mortalidade infantil no país, equiparandoredução da sua taxa de natalidade. b) oseBrasil atingiu de reduzir ao máximo a aos países maismeta desenvolvidos. b) o Brasilinfantil atingiuno sua meta de reduzirseaoaos máximo mortalidade país, equiparandopaíses c) o Nordeste ainda é a região onde se registra mortalidade infantil no país, equiparandomais a desenvolvidos. a maior taxa de mais mortalidade infantil, dadas se aos países desenvolvidos. condições de vida de suasepopulação. c) c) oas Nordeste ainda é a região onde registra maior taxa o Nordeste ainda é a região onde ase registra infantil, dadas as condições de vida de d) de a mortalidade região Sul foi a que registrou menor a maior taxa de mortalidade infantil, dadas sua população. crescimento econômico já que as condições de vida deno sua país, população. apresentou uma redução significativa da a região Sul foi registrou a que menor registrou menor d) d) amortalidade região Sul foi a que crescimento infantil. crescimento no país, que econômico no país, econômico já que apresentou uma já redução e) signifi a região Norte apresentou a variação da apresentou uma redução significativa da cativa da mortalidade infantil. mortalidade infantil. infantil mais baixa, redução da mortalidade em vastidão de suada e) e) atendo região Nortevista apresentou aa variação redução UmUm fatorfator no Brasil explica demonstrada a região Norteque apresentou adavariação da no que Brasil quea situação explicasocial a situação social extensão einfantil o difícil a comunidades mortalidade mais acesso baixa, tendo emmais vista baixa, que a redução da mortalidade infantil no demonstrada gráfico está expresso em: no gráfico está expresso em: isoladas de políticas tendo em vistaaeformulação que vastidão de sua vastidão deimpedem sua extensão o difícilaacesso a comunidades Um fator no Brasil que explica a situação social de saúdes eficazes. extensão e ao formulação difícil acesso a comunidades Declínio do trabalho formal. isoladas impedem de políticas de saúdes a) a) Declínio do trabalho formal.está demonstrada no gráfico expresso em: isoladas impedem a formulação de políticas eficazes. b) Subsídio econômico do governo. b) Subsídio econômico do governo. de saúdes eficazes. a) Declínio do trabalho formal. 16. (Enem) 16. (Enem) c) do controle dagoverno. migração. b) Aumento Subsídio econômico do c) Aumento do controle da migração. TEXTO I 16. (Enem) TEXTO I d)c) Decréscimo renda da dosmigração. empregados. Aumento doda controle d) Decréscimo da renda dos empregados. Em TEXTO março 2004,2004, o Brasil oreconheceu na Organizaçãona das Em marçodeI de Brasil reconheceu e)d) Expansão dada demanda deempregados. mão de obra. Decréscimo renda dos Nações Unidasdas a existência, país, dea pelo menos 25no mil Organização Nações no Unidas existência, e) Expansão da demanda de mão de obra. Em março de 2004, o Brasil reconheceu na pessoas em condição análoga à escravidão — e esse é um país, de pelo menos 25 mil pessoas em condição e) Expansão da demanda de mão de obra. Organização das Nações aé existência, no índice considerado otimista. De 1995 a agosto de 2009, cerca análoga à escravidão — eUnidas esse um índice 18. (Enem) país, pelo menos 25 mil pessoas emdos condição de 35 milde pessoas foramDe libertadas ações grupos 18. (Enem) considerado otimista. 1995 aem agosto de 2009, análoga à escravidão — e esse é um índice 18. (Enem) móveis fiscalização do Ministério do Trabalho em e Emprego. cerca dede35 mil pessoas foram libertadas ações considerado otimista. De 1995 a agosto de 2009, Mentiras maismóveis contadas trabalho escravo. dos grupos desobre fiscalização do Ministério do cerca de 35 mil pessoas foram libertadas em ações Trabalho e Emprego. dos grupos móveis de fiscalização do Ministério do Disponível em www.reporterbrasil.com.br. Acesso em 22 ago. 2011. Mentiras contadas sobre trabalho escravo. Trabalho mais e Emprego. (Adaptado.) Disponível em www.reporterbrasil.com.br.
Mentiras mais contadas sobre trabalho escravo. TEXTO Acesso emem 22IIwww.reporterbrasil.com.br. ago. 2011. (Adaptado.) Disponível Brasil subiu quatro posições entre 2010(Adaptado.) no ranking Acesso em 222009 ago. e2011.
O do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo TEXTO IIdas Nações Unidas para Desenvolvimento. Mas, se Programa TEXTO IIem conta apenas a questão da escolaridade, a o IDH levasse O Brasil subiu quatro posições entre 2009 e 2010 posição do Brasil no ranking mundial ficaria pior, passando de O Brasildo subiu quatro posições entre 2009 e 2010 no ranking Índice de Desenvolvimento Humano 73 para 93. no divulgado ranking dopelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Programa das Nações Unidas divulgado peloMas, Programa das Nações para(IDH), Desenvolvimento. se o IDH levasseUnidas em UCHINAKA, F.; CHAVES-SCARELLI, T. Brasil é país mais avança, apesarem da para Desenvolvimento. seque o IDH conta apenas a questão da Mas, escolaridade, alevasse posição variável “educação” puxar IDH para baixo. Disponível em: http://noticias.uol. conta apenas a questão da escolaridade, a posição do Brasil no ranking mundial ficaria pior, passando Acessoficaria em: 22 ago. 2011.passando (Adaptado). dopara Brasil93. no rankingcom.br. mundial pior, de 73 de 73 para 93. UCHINAKA, F.; CHAVES-SCARELLI, Brasil éde país que mais Estão sugeridas nos textos duasT.situações exclusão social, UCHINAKA, F.;da CHAVES-SCARELLI, T. Brasil é país que mais avança, apesar variável “educação” puxar IDH para cuja superação exige, respectivamente, medidas de avança, apesar variável “educação” puxar IDHem: para baixo. Disponível em:da http://noticias.uol.com.br. Acesso a) redução de impostos e políticas de ações afirmativas. baixo. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em:
22 ago. 2011. (Adaptado). 22 ago. 2011. (Adaptado).
b)
geração de empregos e aprimoramento do poder judiciário.
c)
fiscalização do Estado e incremento da educação nacional.
d)
nacionalização de empresas e aumento da distribuição de renda.
*HRJUD¿D *HRJUD¿D e)
sindicalização dos trabalhadores e contenção da migração interna.
190 Geografia | Curso Enem 2019
A mudança na distribuição das classes de 2005 A mudança na implicou distribuição das classes de 2005 a 2010 implicou mudança na distribuição das classes de 2005 aA 2010 uma expressiva alteração no uma expressiva alteração no formato do primeiro para no o a 2010 implicou uma expressiva alteração formato do primeiro para o segundo gráfico. Um segundo gráfico. processo associado a essa mudança está formato doUm primeiro omudança segundo gráfico. Um processo associado a para essa está indicado processo indicado no(a) associado a essa mudança está indicado no(a) no(a) expansão do mercado a) a)expansão do mercado interno. interno. a) expansão do mercado interno. concentração danacional. renda nacional. b) b)concentração da renda b) concentração da renda nacional. c) persistência da crise internacional. c) persistência crise internacional. c) persistência da crise da internacional. d)d) crescimento demográfico acelerado. crescimento demográfico d) crescimento demográfi co acelerado.acelerado. e)e) fracasso redistributivas. fracasso das das políticas políticas redistributivas. e) fracasso das políticas redistributivas. 19. (Enem) Há cerca de um ano, 248 famílias de baixa renda que moravam em área de deslizamento do Morro do Preventório, em Niterói (RJ), ganharam apartamentos em um 177 177 condomínio. Com uma renda média mensal de dois salários mínimos e um apartamento com padrão de classe média, as famílias foram às compras de móveis e eletrodomésticos. Mas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Dinâmica Populacional
CAPÍTULO 7
acabaram surpreendidas com as primeiras contas que não pagavam na favela: a maior parte está endividada. SPITZ, C. Entre o céu e o purgatório da inclusão social. O Globo, 10 jun. 2011 (adaptado).
Uma política pública relacionada com a contradição descrita e uma ação que reduziria seus efeitos estão identificadas, respectivamente, em: a)
Financeira – expansão das linhas de crédito para as classes médias.
b)
Habitacional – apoio a geração de emprego e renda entre os mais pobres.
c)
Demográfica – restrição à migração e incentivo ao retorno das famílias de migrantes.
d)
Ambiental – preservação de encostas e parques ecológicos.
e)
Educacional – combate ao analfabetismo e a evasão escolar em comunidades pobres.
20. (Enem) Os nossos ancestrais dedicavam-se à caça, à pesca e à coleta de frutas e vegetais, garantindo sua subsistência, porque ainda não conheciam as práticas de agricultura e pecuária. Uma vez esgotados os alimentos, viam-se obrigados a transferir o acampamento para outro lugar. HALL, P. P. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson, 2011 (adaptado).
O texto refere-se ao movimento migratório denominado a)
sedentarismo.
b)
transumância.
c)
êxodo rural.
d)
nomadismo.
e)
pendularismo.
GABARITO 1
E
6
B
11
B
16
C
2
C
7
A
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C
17
E
3
E
8
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13
D
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A
4
B
9
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14
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19
B
5
C
10
D
15
C
20
D
Curso Enem 2019 | Geografia
191
CAPÍTULO 8
Urbanização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Capítulo 8
CAPÍTULO 8
UrbanizaçãoURBANIZAÇÃO
CONCEITOS: •
CONCEITOS:
Urbanização: processo determinado pelo maior crescimento populacional nas áreas urbanas em relação às áreas rurais, que traz- como consequênciaprocesso a formação e expansão de espaços Urbanização: determinado pelo maiorurbanizados. crescimento populacional nas áreas urbanas em relação às
•
áreas rurais, que traz como consequência a formação e expansão de espaços urbanizados.
Crescimento urbano: processo de expansão física de áreas urbanas.
-
Crescimento urbano: processo de expansão física de áreas urbanas.
É possível ter, em se um ter, determinado crescimento urbano sem que necessariamente ele necessariamente viva a urbanização. ele O crescimento É se possível em um local, determinado local, crescimento urbano sem que viva a das cidades não tem limites e pode continuar indefinidamente. A urbanização, entanto, tem limites: alguns países (aqueles cuja urbanização. O crescimento das cidades não tem limites e podeno continuar indefinidamente. A urbanização, população ultrapassa os 95%alguns do total) já os atingiram. no urbana entanto, tem limites: países (aqueles cuja população urbana ultrapassa os 95% do total) já os atingiram.
Países desenvolvidos
Países desenvolvidos
Os países desenvolvidos são as áreas mais urbanizadas do mundo. A urbanização desses países remete-se ao processo inicial de industrialização, em que a população aglomerava-se próxima as áreas de ofertas de serviços, formando áreas urbanas. Devido ao Os países desenvolvidos são as áreas áreasapresentam, mais urbanizadas do mundo. A urbanização dessesComo países remete-se ao da processo antigo de urbanização essas atualmente, apenas um crescimento urbano. a grande maioria processo industrialização, em que populaçãojáaglomerava-se população já inicial vive emdeáreas urbanas, o processo de a urbanização foi concluído. próxima as áreas de ofertas de serviços, formando áreas urbanas. Devido ao processo antigo de urbanização essas áreas apresentam, atualmente, apenas um crescimento urbano. Como a grande maioria da população já vive em áreas urbanas, o processo de urbanização já foi concluído.
As principais causas da urbanização nos países capitalistas desenvolvidos foram:
•
As principais causas da urbanização nos países capitalistas desenvolvidos foram:
Industrialização: a oferta de empregos em áreas industriais foi um forte motivo de êxodo rural, contribuindo, de maneira signifi para o processoadeoferta urbanização. - cativa, Industrialização: de empregos em áreas industriais foi um forte motivo de êxodo rural, contribuindo,
•
de maneira significativa, para o processo de urbanização.
Mecanização do campo: o desenvolvimento de novas técnicas agropecuárias reduziu a necessidade de trabalhadores, Mecanização do campo: o desenvolvimento de novas técnicas agropecuárias reduziu a necessidade de impulsionando o êxodo rural. trabalhadores, impulsionando o êxodo rural.
A urbanização desses paísesser costuma ser considerada pois foi acompanhada dede grande oferta de A urbanização desses países costuma considerada “normal”, pois“normal”, foi acompanhada de grande oferta empregos urbanos. empregos não ocorrem problemas de na favelas e mendicância, na paisagem Assim, não ocorremurbanos. os gravesAssim, problemas de favelasose graves mendicância, comuns paisagem urbana dos comuns países subdesenvolvidos. dos países subdesenvolvidos. Como anos o processo durou,se, aproximadamente, anos para concluirComo ourbana processo durou, aproximadamente, duzentos para concluirele é caracterizadoduzentos como lento e ordenado. se, ele é caracterizado como lento e ordenado.
Países em desenvolvimento
Países em desenvolvimento
Os países em desenvolvimento se dividem em dois grupos distintos: subdesenvolvidos e subdesenvolvidos industrializados Os países Nos em dois desenvolvimento se dividem em dois grupos e períodos subdesenvolvidos (emergentes). grupos o processo de industrialização ocorreu adistintos: partir do subdesenvolvidos século XX, porém em distintos. Os industrializados (emergentes). Nos iniciaram dois grupos o processo de industrialização a partir docoincidiu século XX, países subdesenvolvidos industrializados seu processo, de maneira significativa, a ocorreu partir de 1950, o que com o porémde em períodos distintos. Os países subdesenvolvidos industrializados iniciaram seu processo, de maneira processo industrialização. Já os países subdesenvolvidos desencadearam o seu processo, de maneira significativa, a partir de significativa, a partir de 1950, o que coincidiu com o processo de industrialização. Já os países subdesenvolvidos 1990, com a intensificação da violência e a pobreza da sociedade. desencadearam o seu processo, de maneira significativa, a partir de 1990, com a intensificação da violência e a pobreza da sociedade. Apesar de períodos distintos, o processo de urbanização nos países em desenvolvimento aconteceu de maneira
rápida e |desordenada. Curso EnemNesse 2019 grupo de países, a urbanização não aconteceu de maneira semelhante ao processo 192 Geografia
dos países desenvolvidos, pois este não é acompanhado de igual ritmo de industrialização e geração de empregos.
192
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Urbanização
Apesar de períodos distintos, o processo de urbanização nos países em desenvolvimento aconteceu de maneira rápida e desordenada. Nesse grupo de países, a urbanização não aconteceu de maneira semelhante ao processo dos países desenvolvidos, nãoRB é acompanhado de igual Ca p í t u l opois 8 este – U A N IZA ÇÃ O ritmo de industrialização e geração de empregos. Nos países em desenvolvimento o êxodo rural não acontece essencialmente mecanização daso atividades agrícolas Nos países em pela desenvolvimento êxodo rural não e pela oferta de empregos urbanos. de a criaçãodas de acontece essencialmente pela Além mecanização novos empregos no meio em um menor atividades agrícolas e rural pelaocorreu oferta de ritmo empregos que o do Além crescimento condições de vida no da urbanos. de a populacional, criação de as novos empregos população, geralmente, precárias. a isso, as meio rural ocorreu emsãoum ritmo Associado menor que o do cidades, especialmente as grandes metrópoles,de exercem crescimento populacional, as condições vida um da fascínio muito grande sobre a população pois dão a população, geralmente, são precárias.rural, Associado impressão de oferecerem uma vidaas mais fácil, mais moderna e isso, as cidades, especialmente grandes metrópoles, com maiores de grande progresso social.a população exercem um possibilidades fascínio muito sobre rural, pois dão a impressão de oferecerem uma vida mais fácil,a mais e coma maiores possibilidades Quanto tabelamoderna que demonstra taxa de urbanização por decontinentes, progressoésocial. interessante destacar que o continente africano vive um intenso processo de urbanização, devido a dois �uanto a tabela que demonstra a taxa de urbanização fatores principais: a miséria profunda que a população por continentes, é interessante destacar querural o vive, o que leva a uma crença, dessa população, continente africano vive por umparte intenso processo que de as áreas urbanas são mais favoráveis à maior urbanização, devido a dois fatoresà sobrevivência principais: aemiséria violência que que aapopulação ruralrural está mais zonas profunda população vive,exposta. o queAsleva a urbanas também palco de confl itos, porémque as áreas rurais uma crença, por são parte dessa população, as áreas são maissão vulneráveis à atuação das guerrilhas. urbanas mais favoráveis à sobrevivência e à maior violência que a população rural está mais exposta. As zonas urbanas também são palcojáde conflitos, porém No final da década de 1960 o Brasil alcançava o posto de aspaís áreas rurais sãoque mais vulneráveis à atuação das urbano, sendo a maior proporção de população guerrilhas. urbana se encontrava na região Sudeste, sendo os fatores de os seguintes: Nourbanização final da década de 1960 o Brasil já alcançava o posto de país urbano, sendo que a maior proporção a estruturaurbana fundiária que os grandes de• população seantidemocrática, encontrava naem região Sudeste, latifúndios, em muitas das vezes improdutivos, sendo os fatores de urbanização os seguintes:dificultam a fixação do homem a terra. Associada a essa situação é a estrutura fundiária antidemocrática, em que interessante destacar que, na maioria das vezes, os minifúndios os grandes latifúndios, em muitas das vezes nãoimprodutivos, conseguem atender às necessidades de um dificultam a fixação mínimas do homem a grupo familiar, tendo como base o tamanho das terras – terra. Associada a essa situação é interessante muito pequenas, a falta de técnicas o plantio destacar que, na maioria dasadequadas vezes, ospara minifúndios o que uma baixa produtividade e a dificuldade de nãopromove conseguem atender às necessidades mínimas comercialização da produção, já que são produtos que não de um grupo familiar, tendo como base o tamanho possuem uma qualidade tão elevada ae falta não possuem um das terras – muito pequenas, de técnicas preço comercial,para devido à pequena produção; adequadas o plantio o que promove uma baixa produtividade e a dificuldade de comercialização da • produção, o Estatuto do Rural, queque foi promulgado em já Trabalhador que são produtos não possuem 1964 com o objetivo de levar as leis trabalhistas ao campo. uma qualidade tão elevada e não possuem um Apesar decomercial, ser uma medida condições de preço devidodeà melhoria pequenadas produção; trabalho da população rural o Estatuto contribui para a - migração o Estatuto do Trabalhador Rural, que foi promulgado campocidade, a partir do momento em que os em 1964 com o objetivo de levar as leis trabalhistas grandes proprietários de terras não aceitaram a efetivação ao campo. Apesar de ser uma medida de melhoria das leis trabalhistas e optaram pelo trabalho temporário, das condições de trabalho da população rural personificado na figura do boia-fria. A maioria dos o Estatuto contribui para a migração campotrabalhadores não se submeteu às péssimas condições de cidade, a partir do momento em que os grandes trabalho e optaram buscarem novas oportunidades de proprietários depor terras não aceitaram a efetivação trabalho nos centros urbanos; das leis trabalhistas e optaram pelo trabalho temporário, personificado na figura do boia-fria. Revolução Verde que favoreceu o aumento do desempreA maioria dos trabalhadores não se submeteu às go péssimas estrutural nocondições campo e a concentração Esse prode trabalho de e terras. optaram por cesso que consiste em ooportunidades emprego crescente tecnologianos no buscarem novas dedetrabalho setor agropecuário promove a liberação da mão de obra, ao centros urbanos; intensificar a mecanização do campo, e a concentração de tera Revolução Verde que favoreceu o aumento do ras pela vantagem da grande produção e produtividade para desemprego estrutural no campo e a concentração a comercialização. absorçãoque das consiste pequenasem e médias prode terras. EsseAprocesso o emprego
•
crescente de tecnologia no setor agropecuário promove a liberação da mão de obra, ao intensificar a mecanização do campo, e a concentração de terras pela vantagem da grande produção e produtividade para a comercialização. A absorção das pequenas e médias propriedades rurais pelos grandes
CAPÍTULO 8
priedades rurais pelos grandes proprietários ou por empresas rurais, em um intenso processo de concentração da propriedade, contribuindo para que as famílias saíssem do campo e se dirigissem para as zonas urbanas;
•
o próprio crescimento natural da população urbana;
• a inserção das imagens de televisão no campo, a partir da década de 1950, levando a ideia de um meio urbano repleto Ao a tabela abaixo, podemos de observarmos possibilidades de desenvolvimento econômicoperceber e social ea proporção da população brasileira urbana, por regiões. com uma diversão garantida. Grandes Taxa de urbanização segundo as Grandes Ao observarmos a tabela abaixo, podemos perceber a Regiões Regiões – 1960/2012 proporção da população brasileira urbana, por regiões. 1960
1970
1980
1991
2000
2012
Norte
Grandes Regiões
37,38
45,13
50,32
59,04
69,83
75,30
Nordeste
33,89
Sudeste
57,00
72,68
82,81
88,02
90,52
93,20
Sul
37,10
44,27
62,41
74,12
59,04 81,28
80,94
69,83 86,73
85,20
75,30 90,10
60,65
69,04
73,40
Taxa de urbanização segundo as Grandes Regiões – 41,81 50,46 60,65 69,04 73,40 1960/2012
1960
1970
1980
1991
2000
2012
Norte CentroOeste Nordeste
37,38 34,22
45,13 48,04
50,32 70,84
33,89
41,81
50,46
Brasil Sudeste
44,67 57,00
55,92 72,68 67,59 82,81 75,59 88,02 81,23 90,52 84,80 93,20
IBGE, Anuário do Brasil80,94 1996, p. 2-46 SulFonte:37,10 44,27 estatístico 62,41 74,12 85,20
e IBGE, Censo Demográfico 2000, vol. 7, p. 127. (Adas,
CentroMelhem, Sergio. 70,84 Panorama Geográfico Brasil: 34,22Adas,48,04 81,28 86,73 do90,10 Oeste contradições, impasses e desafios socioespaciais. São Paulo: Brasil
44,67
55,92
pág.84,80 218.). 67,59Moderna, 75,59 2004, 81,23
Fonte: IBGE, Anuário estatístico do Brasil 1996, p. 2-46 e IBGE, Censo Demográfico 2000, vol. 7, p. 127. (Adas, Melhem, Adas, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses e desafios socioespaciais. São Paulo: Moderna, 2004, pág. 218.).
Urbanização Brasileira Urbanização Brasileira
http://1.bp.blogspot.com/-IeS3zrmTwrM/UZk_B-cfFxI/ AAAAAAAAAOI/ http://1.bp.blogspot.com/-IeS3zrmTwrM/UZk_B-cfFxI/ e6LSpOTuK7s/s1600/MAPA_taxa_urba_ BRASIL_2010.gif
AAAAAAAAAOI/e6LSpOTuK7s/s1600/MAPA_taxa_urba_ BRASIL_2010.gif
CONCEITOS: - Megacidades
CONCEITOS: São as cidades que possuem um contingente populacional
de mais de 10 milhões de habitantes, independente da sua área de extensão e do grau de desenvolvimento econômico
- Megacidades
São as cidades que possuem um contingente Enem 2019 | Geografia 193 populacional de mais deCurso 10 milhões de habitantes, independente da sua área de extensão e do grau de desenvolvimento econômico da aglomeração
CAPÍTULO 8
Urbanização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA da aglomeração urbana. Geralmente, são áreas que apresentam um rápido processo de urbanização. As megacidades, no contexto lo 8Tóquio, – URBANIZ AÇeà O atual, concentram mais de 10% da população urbana mundial, tendo comoCap algunsítu exemplos Bombaim, São Paulo Nova York. Atualmente, o crescimento das megacidades vem acontecendo, de maneira intensa, principalmente, em países subdesenvolvidos muitos deles, o processo intenso de urbanização é desacompanhado do processo de industrialização, o que eEm subdesenvolvidos industrializados.
promove a formação de problemas sérios, como a falta de saneamento básico, poluição do solo, dos mananciais aquíferos e da atmosfera, além de problemas sociais como a violência urbana, submoradias em favelas e periferias, Em muitos deles, o processo intenso de urbanização é desacompanhado dooprocesso de congestionamentos, industrialização, o queentre promove a forfalta de emprego à parte significativa da população disponível para trabalho, outros. mação de problemas sérios, como a falta de saneamento básico, poluição do solo, dos mananciais aquíferos e da atmosfera, além Nesse caso temos o fenômeno denominado macrocefalia urbana, em que o município possui uma importância de problemas sociais como a violênciamas urbana, em favelas e periferias, falta de emprego à parte significativa da devido ao tamanho da população, comsubmoradias graves problemas sociais.
população disponível para o trabalho, congestionamentos, entre outros. Nesse caso temos o fenômeno denominado macrocefalia urbana, em que o município possui uma importância devido ao tamanho da população, mas com graves problemas sociais.
Aglomerações urbanas com mais de 10 milhões Ca p í t u l o 8 de – URBANIZAÇÃO habitantes urbanas com mais de 10 milhões de habitantes Aglomerações
Em muitos deles, o processo intenso de urbanização é desacompanhado do processo de industrialização, o que promove a formação de problemas sérios, como a falta de saneamento básico, poluição do solo, dos mananciais aquíferos e da atmosfera, além de problemas sociais como a violência urbana, submoradias em favelas e periferias, falta de emprego à parte significativa da população disponível para o trabalho, congestionamentos, entre outros. Nesse caso temos o fenômeno denominado macrocefalia urbana, em que o município possui uma importância devido ao tamanho da população, mas com graves problemas sociais.
Aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes
Atlas Geográfico: Espaço Mundial. Autora: Maria Graça Lemos
Atlas Geográfico: Espaço Mundial. Autora: Maria Graça Lemos.
– Hierarquia e Rede Urbana
– Hierarquia e Rede Urbana – Hierarquia e Rede Urbana
A hierarquia urbana relaciona-se ao grau de desenvolvimento das cidades, que determina uma ordem de importância entre elas. Para o IBGE alguns fatores precisam ser levados em consideração para o estabelecimento da hierarquia urbana tais como: a rede viária presente no local (sendo que a convergência destas para um determinado loca A hierarquia urbana relaciona-se ao grau de desenvolvimento das cidades, quemobilidade determina uma ordem de importância entre movimentação de significa importância mesmo); populacional, com a movimentação de passageiros; A hierarquia urbana relaciona-se ao grau de desenvolvimento das do cidades, que determina uma ordem de importância bens de qualquer espécie o setor de (saúde,urbana educação,tais comércio varejista e atacadista, elas. Para o IBGE alguns fatores precisam ser levados em consideração parae oprincipalmente estabelecimento daserviços hierarquia como: entre elas. Para o IBGE alguns fatores precisam ser levados em raras) consideração para o estabelecimento dadesenvolve hierarquia bancos e profissões existentes nas cidades. À medida que uma cidade e amplia a oferta de bens aurbana rede viária presente no local (sendo que a convergência destas para um determinado local signifi ca importância do mesmo); e serviços para atender às necessidades da população, cresce sua importância e influência sobre a região. tais como: a rede viária presente no local (sendo que a convergência destas para um determinado local
mobilidade populacional, a movimentação depopulacional, passageiros; movimentação bensuma de qualquer espécie e principalmente A ligação entre as cidades que de formam urbana constitui o que caracterizamos significa importância docom mesmo); mobilidade com a movimentação dehierarquia passageiros; movimentação deo de rede urbana, que é um sistema integrado dessões cidades que vai desde as menores, ou sub-centros, atéque às cidades gigantescas, setor (saúde, educação, comércio varejista e atacadista, bancos e profi raras) existentes nas cidades. medida bensde deserviços qualquer espécie e principalmente o setor serviços educação, comércio e Àatacadista, ou de cidades globais. (saúde, Nesse intuito, VESENTINI (2003) elucidavarejista que, “Uma rede urbana, dessa forma, é um espaço uma cidade desenvolveraras) e amplia a oferta de bens e serviços para atender àsinfluência necessidades da população, cresce importância hierarquizado a que partir uma da (econômica, política, e cultural) ou da polarização umae(ou mais) metrópole bancos e profissões existentes nas cidades. À medida cidade desenvolve amplia asua oferta deque bens exerce sobre as demais e mesmo sobre o meio rural. E essa hierarquia, ou relações de comando e de influência, infl uência sobre região. às necessidades da população, e serviços paraa atender cresce sua importância e influência sobre a região. prossegue das cidades médias para as menores, e assim por diante.” A ligação entre as cidades que formam uma hierarquia urbana constitui o que caracterizamos de rede urbana,
A ligação entre as cidades que formam uma hierarquia urbana que é um sistema integrado de cidades que vai desde as menores, ou sub-centros, até às cidades gigantescas, constitui o que caracterizamos de rede urbana, que é umelucida sistemaque, “Uma rede urbana, dessa forma, é um espaço ou cidades globais. Nesse intuito, VESENTINI (2003) integrado de cidades quedavaiinfluência desde as menores, ou sub-centros, até hierarquizado a partir (econômica, política, cultural) ou da polarização que uma (ou mais) metrópole às cidades gigantescas, ou cidades globais. Nesse intuito, VESENTINI exerce sobre as demais e mesmo sobre o meio rural. E essa hierarquia, ou relações de comando e de influência, (2003) elucida “Umamédias rede urbana, dessa forma, eé assim um espaço prossegue dasque, cidades para as menores, por diante.” hierarquizado a partir da influência (econômica, política, cultural) ou da polarização que uma (ou mais) metrópole exerce sobre as demais e mesmo sobre o meio rural. E essa hierarquia, ou relações de comando e de influência, prossegue das cidades médias para as menores, e assim por diante.” *HRJUD¿D
194 Geografia | Curso Enem 2019
181
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Urbanização
O grau de integração entre as cidades, que constituem uma rede urbana, varia de acordo com o grau de desenvolvimento econômico dos grupos de países. Os países desenvolvidos por apresentarem um maior desenvolvimento do transporte e da comunicação possuem redes urbanas completas (com todas as categorias hierárquicas) e interligadas. Já os países em desenvolvimento, por possuírem um menor desenvolvimento do transporte e comunicação, usufruem de uma rede urbana incompleta, em que muitas das vezes não possuem metrópoles nacionais e globais, e não interligadas. Dessa forma, uma verdadeira rede urbana pressupõe não apenas um grande número de cidades urbana, mas Capít ulo e8de–população UR BANIZ AÇ ÃO também bons transportes e um intrincado sistema de fluxo (movimento) de mercadorias e pessoas.
CAPÍTULO 8
• Metrópole Nacional: é a cidade que possui as características de uma metrópole convencional e, além disso, consegue promover uma influência em escala nacional. Geralmente as metrópoles nacionais possuem um raio de atuação de acordo com o seu grau de desenvolvimento econômico e social, como pode ser observado na figura abaixo, que retrata a influência de algumas metrópoles no território mineiro. As metrópoles nacionais brasileiras são: Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza.
• Metrópole Regional: é a cidade que possui as características de uma metrópole convencional, mas As metrópoles são: Porto O grau de integração entre as cidades, que constituem que apresenta menor nacionais grau de brasileiras desenvolvimento que as Os esquemas ao lado rededeurbana Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, uma demonstram rede urbana, avaria acordobrasileira, com o grau de metrópoles nacionais, quanto aos serviços e comércio. Sendo Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza. até aproximadamente 1970, e sua modifi cação a partir desse desenvolvimento econômico dos grupos de países. assim, a área de influência dessas cidades é menos expressiva. Os países desenvolvidos por apresentarem um maior contexto. Metrópole Regional: é a cidade que possui as desenvolvimento do transporte e da comunicação As metrópoles regionais são: Goiânia, Belém e características de brasileiras uma metrópole convencional, possuem redes urbanas completas (com todas as mas que apresenta menor grau de desenvolvimento Fortaleza. O esquema I demonstra rígida organização da Já rede categoriasuma hierárquicas) e interligadas. os países que as metrópoles nacionais, quanto aos serviços
em possui desenvolvimento, possuírem urbana, ou seja, que uma menor por integração entreum as menor e comércio. Sendo assim, a área destaque, de influência Outros dois grupos de cidades merecem mesmo desenvolvimento do transporte e comunicação, dessas cidades é menos expressiva. As metrópoles cidades que compunham a hierarquia urbana. Nesse processo, usufruem de uma rede urbana incompleta, em que não apresentando o mesmo nível de desenvolvimento regionais brasileiras são: Goiânia, Belém e das as cidades menores possuem uma direta com as muitas das vezes nãoligação possuem metrópoles nacionais Fortaleza. metrópoles: e globais, e acima não interligadas. Dessa forma, uma cidades que se encontram logo do seu nível hierárquico. Outros dois grupos de cidades merecem destaque, verdadeira rede urbana pressupõe não apenas um Sendo assim, as trocas sociais e econômicas estabeleciam-se mesmo não apresentando o mesmo nível de grande número de cidades e de população urbana, mas • Centro Regional: é uma cidade que ainda não possui desenvolvimento das metrópoles: somente entre astambém cidadesbons que transportes se relacionavam diretamente e um intrincado sistema de características que permitam classificá-la como metrópole, fluxoEssa (movimento) de mercadorias e pessoas. na hierarquia urbana. organização se dava pelo precário Regional: é uma cidade que ainda não mas -que,Centro pelo destaque no setor de comércio e serviços, possui características que permitam classificá-la esquemas ao lado demonstramque a rede desenvolvimento Os do transporte e da comunicação, não urbana exerce infl uência sobre asmas demais cidades da região em que como metrópole, que, pelo destaque no setor brasileira, até aproximadamente 1970, e sua favoreciam a ligação das cidades em escala nacional. de Os comércio serviços, brasileiros exerce influência sobre modificação a partir desse contexto. se encontra. centroseregionais são: Florianópolis, demais cidades da região em que se encontra. Londrina as (PR), Ribeirão Preto (SP), Campo Grande, Cuiabá, O esquema I demonstra uma rígida organização da rede Os centros regionais brasileiros são: Florianópolis, A partir de 1970, a rede urbana se torna mais flexível e integrada, urbana, ou seja, que possui uma menor integração entre Vitória, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Natal, Teresina, São Luís, Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP), Campo Grande, promovendo umaas ligação maior das cidadesamenores as Nesse cidades que compunham hierarquiacom urbana. Cuiabá, Vitória,Macapá Aracaju, Maceió, Porto Velho, Rio Branco, e Boa Vista.João Pessoa, processo, as cidades menores possuem uma ligação cidades maiores, como demonstrado no esquema II. A relação Natal, Teresina, São Luís, Porto Velho, Rio Branco, direta com as cidades que se encontram logo acima do Macapá e Boa Vista. direta de hierarquia foi quebrada e uma cidade local passa seu nível hierárquico. Sendo assim, as trocas sociais •e Centro Sub-regional: é uma cidade que influencia apenas a se comunicar e econômicas promover trocas sociais e somente econômicas, é umado cidade influencia estabeleciam-se entre de as cidades sua zona Centro rural eSub-regional: cidades menores seu que entorno. O maior apenas sua zona rural e cidades menores do seu que se relacionavam na hierarquia maneira mais intensa, com a cidadesdiretamente maiores. Essa mudança urbana. número de cidades classifi ca-se em centros sub-regionais. entorno. O maior número de cidades classifica-se Essa organização se dava pelo precário desenvolvimento nas relações se deu devido à Revolução Técnico- Científica em centros sub-regionais. do transporte e da comunicação, que não favoreciam a É interessante destacar que a ligação e interação entre essas que promoveu umligação grande transporte e dasdesenvolvimento cidades em escala do nacional. É interessante destacar que a ligação e interação presentes em umpresentes determinado território é chamada da comunicação. A partir de 1970, a rede urbana se torna mais flexível cidades e entre essas cidades em um determinado de rede urbana. Já a diferenciação quantoJáao desenvolvimento integrada, promovendo uma ligação maior das cidades território é chamada de rede urbana. a diferenciação menores de com as cidadesdas maiores, como demonstrado ao desenvolvimento social econômico,dos quefluxos socialquanto e econômico, que promove umaeordenação Mesmo com essa mudança ordenação relações urbanas, promove uma ordenação dos fluxos populacionais e no esquema II. A relação direta de hierarquia foi populacionais e informacionais, é denominada hierarquia o Brasil ainda nãoquebrada possui uma rede urbana completamente informacionais, é denominada hierarquia urbana. e uma cidade local passa a se comunicar urbana. interligada. O precário desenvolvimento transporte de emmaneira e promover trocas sociais do e econômicas, mais intensa, com Essa mudança algumas áreas, principalmente nasa cidades regiões maiores. Centro-Oeste, nas relações se deu devido à Revolução TécnicoNorte e Nordeste,Científica dificulta que a ligação de várias localidades e promoveu um grande desenvolvimento das trocas que podem ser estabelecidas entre elas. do transporte e da comunicação. Mesmo com essa mudança de ordenação das relações
urbanas, o Brasil ainda não possuideuma rede urbana O mapa abaixo demonstra claramente a falta ligação completamente interligada. O precário desenvolvimento entre vários pontos do território nacional, difi cultando o do transporte em algumas áreas, principalmente nas desenvolvimento regiões do país como Centro-Oeste, Norte e Nordeste, dificulta a ligação de várias localidades e das trocas que podem
ser estabelecidas entre elas. As cidades que compõem a Hierarquia Urbana podem ser O mapa abaixo demonstra claramente a falta de ligação divididas da seguinte maneira:
•
entre vários pontos do território nacional, dificultando o desenvolvimento do país como
- Conurbação - Conurbação
Metrópole global: é a cidade que, além de possuir As cidades que compõem a Hierarquia Urbana podem É o contato físico entre áreas urbanas de duas cidades as características ser de divididas uma metrópole convencional, possui da seguinte maneira: próximas, devido ao crescimento de ambas, ou de É o apenas contatouma físico entre áreas urbanas dedasduas cidades um grande desenvolvimento do setor informacional, delas. O crescimento horizontal cidades Metrópole global: é a cidade que, além de possuir próximas, devido áreas ao crescimento ambas, ou dedas apenas cria extensas urbanas emde que, em muitas as características metrópole convencional, estabelecendo contato direto com de as uma principais cidades vezes, Onão se consegue, separardas fisicamente cidades um maior grande desenvolvimento do setor uma delas. crescimento horizontal cidades cria extensas globais, ou seja, as quepossui possuem destaque econômico, distintas, a não ser com a ajuda de indicativos e placas informacional, estabelecendo contato direto com áreasinformacionais. urbanas em que, em muitas das vezes, se consegue, em um contexto mundial. Como exemplos de metrópoles Apesar de estarem unidas não fisicamente, as principais cidades globais, ou seja, as que fisicamente cidades distintas, a não ser com a ajuda de duas cidades conurbadas continuam a possuir origem e globais podemos citar possuem Nova York,maior Londres, Tóquio, entre outras.em umseparar destaque econômico, administração contexto mundial. Como exemplos de metrópoles indicativos e placasdiferenciadas. informacionais. Apesar de estarem unidas No caso brasileiro, a cidade que mais possui expressividade globais podemos citar Nova York, Londres, Tóquio, fisicamente, duas cidades conurbadas continuam a possuir nacional e mundial é entre São Paulo, caracterizada como outras.sendo No caso brasileiro, a cidade que administração diferenciadas. - eRegião Metropolitana cidade ou metrópole global. mais possui expressividade nacional e mundial origem é São Paulo, sendo caracterizada como cidade ou metrópole global.
-
Metrópole Nacional: é a cidade que possui as características de uma metrópole convencional e, além disso, consegue promover uma influência em escala nacional. Geralmente as metrópoles nacionais possuem um raio de atuação de acordo com o seu grau de desenvolvimento econômico e
É a região formada pelas relações estabelecidas entre uma metrópole (ou pelo centro urbano mais desenvolvido da região) e as cidades menores do seu entorno. Segundo ADAS (2004), Curso “Região Enem metropolitana 2019 | Geografia é uma região estabelecida por legislação estadual, e que corresponde a um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e de infraestrutura comuns, ou
195
CAPÍTULO 8
Urbanização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
- Região Metropolitana É a região formada pelas relações estabelecidas entre uma metrópole (ou pelo centro urbano mais desenvolvido da região) e as cidades menores do seu entorno. Segundo ADAS (2004), “Região metropolitana é uma região estabelecida por legislação estadual, e que corresponde a um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e de infraestrutura comuns, ou necessidade de seu estabelecimento, em função de um sistema de conexão existente entre as unidades que a compõem.”
C a p í tu l o 8 – URB AN I Z AÇ ÃO
Para se estabelecer uma região metropolitana é necessário se observar alguns fatores importantes:
• O contingente populacional: para o IBGE a formação de uma região metropolitana necessita da presença mínima de 800.000 Para se uma região metropolitana é necessárioCom se observar alguns fatores importantes: habitantes na estabelecer metrópole de orientação da região metropolitana. esse contingente populacional acredita-se que uma cidade, O possua contingente para o IBGE a formação de umade região metropolitana da presença desse -porte, funçõespopulacional: urbanas diversifi cadas e especializadas, o que, fato, caracteriza umanecessita metrópole. •
mínima de 800.000 habitantes na metrópole de orientação da região metropolitana. Com esse contingente
populacional acredita-se que uma cidade, desse porte, funções urbanas diversificadas especializadas, A integração das cidades menores com a metrópole: em possua uma região metropolitana as cidadesemenores possuem uma o que, de fato, caracteriza uma metrópole. ligação intensa com as atividades da metrópole. Por mais que não exista conurbação entre as cidades, a economia das cidades - depende A integração das cidades menores com a metrópole: em uma região metropolitana as cidades menores menores da economia da metrópole. possuem uma ligação intensa com as atividades da metrópole. Por mais que não exista conurbação entre as cidades, a economia das cidades menores depende da economia da metrópole.
• Planejamento urbano comum: mesmo com a separação das administrações, desde 1973, o Congresso Nacional determinou Planejamento urbano comum: mesmo com a separação das administrações, desde 1973, o Congresso zonas metropolitanas com planejamento urbano integrado de desenvolvimento social e econômico, além de projetos de Nacional determinou zonas metropolitanas com planejamento urbano integrado de desenvolvimento social e saneamento básico, uso do solo metropolitano, sistema básico, viário euso de transporte, entre outros.sistema viário e de transporte, econômico, além de projetos de saneamento do solo metropolitano, entre outros.
Os mapas abaixoabaixo demonstram a região metropolitana de Belo e a distribuição das regiões metropolitanas nacionais. Os mapas demonstram a região metropolitana deHorizonte Belo Horizonte e a distribuição das regiões metropolitanas nacionais.
Regiões Metropolitanas Nacionais
Regiões Metropolitanas Nacionais
Fonte: Simielli, 2008.
- Megalópole
Fonte: Simielli, 2008.
- Megalópole Entende-se pelo termo megalópole a formação de uma grande área urbanizada, com a presença de duas metrópoles
ou mais, e várias cidades menores organizadas no entorno das metrópoles. Na área da megalópole, as cidades
podem estar conurbadas ou não. Porém, é intensa a circulação de bens, serviços, pessoas e ideias, o que exige Entende-se pelo termo megalópole a formação de uma grande área urbanizada, com a presença de duas metrópoles ou mais, e uma infraestrutura de transportes, comunicações, saneamento básico, equipamentos de serviços bem complexos várias ecidades menoresEsse organizadas entorno das metrópoles. área da megalópole, as cidades podem estar conurbadas ou desenvolvidos. processono está concentrado nos paísesNa desenvolvidos, como Boswash, Chipitts e San-San nos não. Porém, é intensa Estados Unidos.a circulação de bens, serviços, pessoas e ideias, o que exige uma infraestrutura de transportes, comunicações, saneamento básico, equipamentos de serviçosembora bem complexos e desenvolvidos. processo está concentradoRionos países O Brasil não possui nenhuma megalópole, existam duas em formação, Esse segundo o IBGE. A megalópole São Paulocomo e a megalópole São Paulo-Campinas. Pela proximidade e nível de desenvolvimento, provavelmente o desenvolvidos, Boswash, Chipitts e San-San nos Estados Unidos. primeiro processo a se concluir será São Paulo-Campinas.
O Brasil não possui nenhuma megalópole, embora existam duas em formação, segundo o IBGE. A megalópole Rio- São Paulo e a megalópole São Paulo-Campinas. Pela proximidade e nível de desenvolvimento, provavelmente o primeiro processo a se concluir será São Paulo-Campinas.
196 Geografia | Curso Enem 2019
ou mais, e várias cidades menores organizadas no entorno das metrópoles. Na área da megalópole, as cidades podem estar conurbadas ou não. Porém, é intensa a circulação de bens, serviços, pessoas e ideias, o que exige uma infraestrutura de transportes, comunicações, saneamento básico, equipamentos de serviços bem complexos e desenvolvidos. Esse processo está concentrado nos países desenvolvidos, como Boswash, Chipitts e San-San nos CAPÍTULO 8 Estados Unidos. Urbanização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
O Brasil não possui nenhuma megalópole, embora existam duas em formação, segundo o IBGE. A megalópole RioSão Paulo e a megalópole São Paulo-Campinas. Pela proximidade e nível de desenvolvimento, provavelmente o primeiro processo a se concluir será São Paulo-Campinas.
C a p ítu lo 8 – U RBANIZAÇÃO
- Fonte: Tecnopolos IBGE, Atlas nacional do Brasil, 2000, p. 157. (Adas, Melhem, Adas, Sergio. Panorama Geográfico do Brasil: contradições,
impasses e desafios socioespaciais. São Paulo: Moderna, 2004, pág. 157.). - Tecnopolos Os tecnopolos são cidades que se destacam pela produção de tecnologia, concentrando uma grande quantidade de
mão de obra qualificada. Essas áreas têm como objetivo a criação e melhoramento de produtos e técnicas, que são
Os tecnopolos são cidades que se destacam pela produção de tecnologia, concentrando uma grande quantidade de mão de obra absorvidos por todos os setores da econômica, mas, principalmente, o de tecnologia, concentrando uma grande *HRJUD¿D qualifi cada. Essas áreas têm como objetivo a criação e melhoramento de produtos e técnicas, que são absorvidos por 183 todos os quantidade de maejamento urbano.to, desemprego, pelas indústrias. setores da econômica, mas, principalmente, o de tecnologia, concentrando uma grande quantidade de maejamento urbano.to, desemprego, pelascidade indústrias. Para que uma seja considerada tecnopolo, é necessária a associação de indústrias e universidade, local de produção da tecnologia. Os centros de ensino recebem subsídios do governo e de companhias privadas, de maneira
a estimular e viabilizar a criação detecnopolo, técnicas mais avançadas. Para que uma cidade seja considerada é necessária a associação de indústrias e universidade, local de produção da tecnologia. Os centros de ensino recebem subsídios do governo e de companhias privadas, de maneira a estimular e viabilizar a Os principais tecnopolos se concentram em países desenvolvidos, local de grande oferta de capital e disponibilidade criação de técnicas mais avançadas.
de mão de obra qualificada, porém aparecem em alguns locais de subdesenvolvimento como é o caso de Campinas, devido à presença da Universidade de Campinas (UNICAMP), e de São José dos Campos, devido à presença do CTA Os(Centro principais tecnopolos se concentram emInstituto países desenvolvidos, de grande(ITA) ofertadois de capital e disponibilidade deárea mão de Técnico de Aeronáutica) e ao de Tecnologialocal Aeronáutica centros de excelência na obra qualifi cada, porém aparecem em alguns locais de subdesenvolvimento como é o caso de Campinas, devido à presença da de engenharia aeronáutica.
Universidade de Campinas (UNICAMP), e de São José dos Campos, devido à presença do CTA (Centro Técnico de Aeronáutica) e ao Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) dois centros de excelência na área de engenharia aeronáutica.
Exercícios
EXERCÍCIOS
1.
(Enem) Os dados dos gráficos a seguir foram extraídos da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios 1. (Enem) Os dados dos gráficos a seguirde foram extraídos da Pesquisa(IBGE), Nacionala por Amostras de Domicílios do Instituto (PNAD), do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística respeito da população nas(PNAD), cinco grandes Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), respeito damostra população nas cinco grandes regiões brasileiras. gráfimilhões co da esquerda regiões brasileiras. O gráfico daa esquerda a distribuição da população brasileira,O em de mostra habitantes a distribuição brasileira, em milhões habitantes e,reside o da direita, mostra ourbanos percentual dasaneamento população que e, oda dapopulação direita, mostra o percentual da de população que em domicílios sem básico adequado. reside em domicílios urbanos sem saneamento básico adequado
Considerando as informações dos gráficos, região que o menor número absoluto de pessoas residentes em áreas Considerando as informações dosa gráficos, a concentra região que concentra o menor número absoluto de pessoas urbanasresidentes sem saneamento básico adequado a região em áreas urbanas sem ésaneamento básico adequado é a região a)
Norte.
b)
Nordeste.
c)
Sudeste.
a)
Norte.
b)
Nordeste.
c)
Sudeste.
d)
Sul.e)
e)
d)
2.
Sul. Centro-Oeste.
Centro-Oeste.
(Enem) No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no centro das cidades é causa da especialização
2. (Enem) séculoeXIX, preço mais alto dos terrenos situados no centro é causa especialização dos bairros dosNo bairros de osua diferenciação social. Muitas pessoas, que das nãocidades têm meios de da pagar os altos aluguéis dose de sua diferenciação social. Muitas que não têm meios de pagar osaaltos aluguéiscomo dos bairros elegantes,esão bairros elegantes, sãopessoas, progressivamente rejeitadas para periferia, os subúrbios os progressivamente bairros mais afastados. rejeitadas para a periferia, como os subúrbios e os bairros mais afastados. RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado). RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).
Uma consequência geográfica do processo socioespacial descrito no texto é a a)
criação de condomínios fechados de moradia.
b)
decadência das áreas centrais de comércio popular.
Curso Enem 2019 | Geografia
197
CAPÍTULO 8
Urbanização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
3.
Uma consequência geográfica do processo socioespacial descrito no texto é a
c)
presença hegemônica do transporte localizado nas periferias das cidades.
a)
criação de condomínios fechados de moradia.
d)
b)
decadência das áreas centrais de comércio popular.
aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a construção do transporte metroviário.
c)
aceleração do processo conhecido como cercamento.
e)
predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticas.
d)
ampliação do tempo de deslocamento diário da população.
e)
contenção da ocupação de espaços sem infraestrutura satisfatória.
3. (Enem) (Enem)
alternativo
5. (Enem) Trata-se de um gigantesco movimento de a p í tnecessário u l o 8para–o U R B A N I Z A ÇÃ construção deC cidades, assentamento residencial dessa população, bem como de suas necessidades de trabalho, abastecimento, transportes, saúde, energia, água etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento urbano não tenha respondido satisfatoriamente a todas essas A dinâmica de transformação das cidades ten necessidades, o território foi ocupado e foram construídas as a apresentar como consequência a expansão d condições para viver nesse espaço.
áreas periféricas pelo(a)
MARICATO, E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis, Vozes,
a)
crescimento da população urbana e aume 2001. da especulação imobiliária.
A dinâmica de transformação das cidades tende a apresentar b) direcionamento fluxo de pesso como consequência a expansão das áreas maior periféricasdo pelo(a) a)
devido à existência de um grande número serviços. crescimento da população urbana e aumento da especulação imobiliária.
c)
delimitação de áreas para uma ocupaç
b)
direcionamento maior do fluxo pessoas, físico, devido à melhorando organizada dodeespaço existência de um grande número de serviços. qualidade de vida.
c)
delimitação áreas para uma ocupação organizada dopúblicas d) deimplantação de políticas espaço físico, melhorando a qualidade de vida.
q promovem a moradia e o direito à cidade a seus moradores. d) implantação de políticas públicas que promovem a moradia e o direito à cidade aos seus moradores.
O fluxo migratório representado está associado ao processo
e)
Odefluxo migratório representado está associado ao processo de a)
fuga de áreas degradadas.
b)
inversão da hierarquia urbana.
c)
busca por amenidades ambientais.
d)
conurbação entre municípios contíguos.
e)
desconcentração dos investimentos produtivos.
a)
b) c)
d) e)
4.
fuga de áreas degradadas. inversão da hierarquia urbana. busca por amenidades ambientais. dos
reurbanização
de
moradias
nas
áre
6. (Enem) Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno urbanização na África, haja na Ásiadados e na América 6. da (Enem) Embora comuns que d Latina, os impactos são distintos em cada continente e unidade ao fenômeno da urbanização na África, mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se e na América Latina, os impactos são distin deem com oÁsia mesmo conjunto de inovações.
conurbação entre municípios contíguos. desconcentração
e)
reurbanização centrais, de moradias mantendo nas áreas centrais, mantendo o trabalhador próximo o trabalhador seu próximo ao seu emprego, diminuindo emprego, diminuindo ososdeslocamen deslocamentospara para aaperiferia. periferia.
em cada continente e mesmo dentro de ca deem com IV, n. 11, set./dez. 1988. mesmo conjunto de inovações.
ELIAS, D. Fim dopaís, século e ainda urbanização no Brasil. Ciência Geográfica, ano que asRevista modernizações se
investimentos
ELIAS, D. Fim do século e da urbanização 4. (Enem) A urbanização brasileira, no início da segunda O texto aponta para a complexidade urbanizaçãono Brasil. Rev produtivos. Ciência Geográfica, Comparando ano IV, n. 11, metade do século XX, promoveu uma radical alteração nos diferentes contextos socioespaciais. a set./dez. 19 nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade construídos. A O bonde foi a primeira brasileira, vítima fatal. O destino O texto apontanopara a complexidade da urbanizaç é perceptível aspecto (Enem) urbanização no iníciodesse fenômeno do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte nos diferentes contextos socioespacia da segunda metade do século XX, promoveu coletivo saiu definitivamente dos trilhos. a) espacial, em função do sistema integrado que envolve as Comparando a organização socioeconômica d uma radical alteração nas cidades. Ruas foram cidadesregiões locais e globais. citadas, a unidade desse fenômeno
alargadas, túneis e viadutos foram construídos. JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: www.iab.org.br. Acesso em: 9 fatal. jan. 2014 (adaptado). O bonde foi a primeira vítima O destinob) do sistema ferroviário não foi muito diferente. entre transportes urbanização é explicada, no dos OA relação transporte coletivoe saiu definitivamente c) texto, pela trilhos.
a) JANOT, retirada L.dos estatais aplicados em em: F. Ainvestimentos caminho de Guaratiba. Disponível transporte de massa. www.iab.org.br. Acesso em: 9 jan. 2014 (adaptado). d) demanda por transporte individual ocasionada pela Ab) relação entre transportes e urbanização é expansão da mancha urbana.
explicada, no texto, pela a)
a)
demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana.
espacial, em função do sistema integra
quefunção envolve as cidades demográfico, em da localização daslocais maiorese globais. aglomerações urbanas e continuidade do fluxo campocultural, em função da semelhança histór cidade. b)
e da condição de modernização econômic
territorial, em política. função da estrutura de organização e planejamento das cidades que atravessam as fronteiras c) demográfico, em função da nacionais.
localizaç das maiores aglomerações urbanas continuidade do fluxo campo-cidade.
retirada dos investimentos estatais aplicados
| Curso Enemde 2019 em transporte massa. 198 Geografia
b)
no semelhança aspecto histórica e da cultural,perceptível em função da condição de modernização econômica e política.
d)
territorial, em função da estrutura organização e planejamento das cidades q atravessam as fronteiras nacionais.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Urbanização
e)
econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribui para a fixação do homem ao lugar.
7. (Enem) Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrônicos, o automóvel produzido pela indústria fordista promoveu, a partir dos anos 50, mudanças significativas no modo de vida dos consumidores e também na habitação e nas cidades. Com a massificação do consumo dos bens modernos, dos eletroeletrônicos e também do automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os valores, a cultura pí tu l odo 8ambiente – U Rconstruído. BANI ZAÇÃO eCa o conjunto Da ocupação do solo urbano até o interior da moradia, a transformação foi profunda. MARICATO, Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles Uma dasE.consequências das inovações tecnológicas brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em:diferentes 12 ago. 2009 das últimas décadas, que determinaram (adaptado).é formas de uso e ocupação do espaço geográfico, a instituição das chamadas cidades globais, que se por Uma caracterizam das consequências das inovações tecnológicas das
c)
o número de veículos em circulação nas grandes cidades é parte importante do problema.
d)
a segurança no trânsito se alcança com base numa escolha responsável da matriz energética.
e)
a solução para os problemas ambientais da atualidade é o retorno a meios de transporte antigos.
9. (Enem) As cidades não são entidades isoladas, mas interagem entre si e articulam-se de maneira cada vez mais complexa à medida que as funções urbanas e as atividades econômicas se diversificam e sua população cresce. Intensificam-se os fluxos de informação, pessoas, capital, mercadorias e serviços que ligam as cidades em redes urbanas. Sobre esse processo de complexificação dos
Sobre esse processo de complexifi dosque espaços urbanos espaços urbanos é correto cação afirmar é correto afirmar que a)
a)
últimas décadas, que determinaram diferentes formas de a) possuírem o mesmo nível de influência no uso e ocupação do espaço geográfico, é a instituição das cenário mundial. chamadas cidades globais, que se caracterizam por a)
fortalecerem os laços de cidadania e solidariedade possuírem o mesmoentre nível os demembros influênciadas nodiversas cenário comunidades. mundial.
b)
c) constituírem umcidadania passo e solidariedade importante entre para fortalecerem os laços de a diminuição desigualdades sociais os membros das diversasdas comunidades.
c)
d)
e)
b)
CAPÍTULO 8
a centralidade urbana das pequenas cidades é função da sua capacidade de captar o
a centralidade urbana das pequenas cidades é função excedente agrícola das áreas circundantes da sua captarseus o excedente agrícola das e capacidade mantê-lo deem estabelecimentos áreas comerciais. circundantes e mantê-lo em seus estabelecimentos comerciais.
b)
as
grandes
redes
de
supermercados
b)
organizam urbanas, pois organizam seus esquemas as grandes redesredes de supermercados redes de distribuição atacadista e varejista circulam urbanas, pois seus esquemas de distribuição atacadista pelas cidades e fortalecem sua centralidade. e varejista circulam pelas cidades e fortalecem sua c) as capitais nacionais são sempre as grandes centralidade.
causadas pela polarização social e pela segregação urbana. constituírem um passo importante para a diminuição das
c)
gestão sobre osão território degrandes um país, além de as capitais nacionais sempre as metrópoles, exportarem bens edeserviços. pois concentram o poder gestão sobre o território de um país, de exportarem bens e serviços. d) o além desenvolvimento das técnicas de
desencadeado a partir do final dos anos terem 1970. sido diretamente impactadas pelo processo de
d)
o desenvolvimento técnicas de comunicação, a formação dedas redes urbanas regionais e transporte e gestão permitiu a aformação de redes urbanas nacionais articuladas redes internacionais e regionais e nacionais articuladas a redes internacionais e cidades globais. cidades globais. e) a descentralização das atividades e serviços
e)
a descentralização das atividades e serviços paracidades cidades poder econômico e político das menores ocasiona perda de poder econômico e político hegemônicas das redes urbanas. das cidades hegemônicas das redes urbanas.
desigualdades sociaisdiretamente causadas pela polarização social e d) terem sido impactadas pelo pela segregação urbana. processo de internacionalização da economia, internacionalização da economia, desencadeado a partir e) final terem sua1970. origem diretamente relacionada ao do dos anos processo de colonização ocidental do século
terem XIX. sua origem diretamente relacionada ao processo de colonização ocidental do século XIX.
8. (Enem) O trânsito nas grandes cidades em se 8. (Enem) O trânsito nas grandes cidades se transformou transformou emcriatividade problemaeque exigeinvestimentos. criatividade problema que exige pesados e pesados investimentos. dos A multiplicação dos acidentes,A multiplicação congestionamentos acidentes, congestionamentos quilométricos quilométricos e a poluição urbana, por exemplo, preocupam e a poluição urbana, por exemplo, preocupam a sociedade. A indústria, por sua vez, teve de investir tanto a sociedade. A indústria, por sua vez, teve de em segurança ativa, facilitando o controle do veículo pelo investir tanto em segurança ativa, facilitando o motorista, quanto passiva, a fim de diminuir as consequências controle do veículo pelo motorista, quanto passiva, dos sinistros. preocupação ambiental engloba também a fim de Adiminuir as consequências dos sinistros. o trânsito, mas uma solução efetiva nessa área não podeo A preocupação ambiental engloba também se restringir escolha de combustíveis pouconessa poluentes. trânsito,à mas uma solução efetiva área A escritora Raquel ueiroz, àfazendo exão bemnão pode se de restringir escolhauma de refl combustíveis humorada, artigo da revista ‘O Cruzeiro’ , desafi ava o leitor pouco em poluentes. A escritora Raquel de �ueiro�� a imaginar como seriam as cidades da década deem 1970artigo com fazendo uma reflexão bem-humorada, carruagens puxadas‘OporCruzeiro’, cavalos: “a desafiava poluição causada pelosa da revista o leitor excrementos doscomo animais literalmente sufocaria imaginar seriam as cidades daa todos”. década de 1970 com carruagens puxadas por cavalos: “a Disponível em: http://www.primeiramao.com.br. Acessodos em: 20animais set. 2008 poluição causada pelos excrementos literalmente sufocaria a todos”. (adaptado).
Com base no texto anterior e na situação atual do trânsito, Disponível em: http://www.primeiramao.com.br. Acesso em: infere-se que 20 set. 2008 (adaptado). a)
os acidentes frequentes na época Com base no eram texto mais anterior e na situação atualdas do carruagens, devido à que falta de segurança nos transportes. trânsito, infere-se
b)
a) carruagens os acidentes eram maisem frequentes época as à tração animal circulaçãona têm alto das carruagens, devido à falta de segurança impacto ambiental. nos transportes.
b)
as carruagens à tração animal em circulação têm alto impacto ambiental.
c)
o número de veículos em circulação nas grandes cidades é parte importante do problema.
metrópoles, pois concentram o poder de
comunicação, transporte e gestão permitiu
para cidades menores ocasiona perda de
10. (Enem) 10. (Enem)
A imagem registra uma especificidade do contexto
A imagem registra uma especificidade do contexto urbano urbano em que a ausência ou ineficiência das em que a ausência ou ineficiência das políticas públicas políticas públicas resultou em resultou em garantia dos direitos humanos. a) a) garantia dos direitos humanos. b)
b)
superação do déficit habitacional.
d)
mediação dos conflitos entre classes.
e)
aumento da segregação socioespacial.
superação do défi habitacional.imobiliária. c) controle dacit especulação
Curso Enem 2019 | Geografia
11. (Enem) Pense no crescimento tecnológico de sua cidade nos últimos 10 ou 15 anos e perceberá que,
199
urbanos de acordo com as condições culturais dos grupos que os ocupam.
CAPÍTULO 8
facilitar o assentamento de populações nas áreas fluviais urbanas para incentivar Urbanização a formação de espaços produtivos TRODUÇÃO À FILOSOFIAdemocráticos.
c)
controle da especulação imobiliária.
d)
mediação dos conflitos entre classes.
e)
aumento da segregação socioespacial.
e)
13. 13.(Enem) (Enem) População residente, por situação do domicílio Brasil – População residente, por situação 1940/2000 domicílio Brasil – 1940/2000
11. (Enem) Pense no crescimento tecnológico de sua cidade nos últimos 10 ou 15 anos e perceberá que, embora ela tenha crescido, a maioria dos novos bairros é moradia de pessoas humildes que, ou foram expulsas da área mais central pelo progresso técnico-científico, ou vieram do campo ou de outras regiões buscando melhores condições de vida, mas agora residem em lugares desprovidos dos serviços básicos. SOUZA, A. J. Texto e sugestões de atividades para abordar os conceitos de progresso e desenvolvimento. In: Ciência Geográfica, AGB, dez. 1995 (adaptado).
Com as transformações ocorridas nas áreas rurais e urbanas das cidades pelo advento das tecnologias, as pessoas procuram se beneficiar de novas formas de sobrevivência. Para isso, apropriam-se dos espaços irregularmente. Diante dessa situação, o poder público deve criar políticas capazes de gerar a)
adaptação das moradias para oferecer qualidade de vida às pessoas.
b)
locais de moradia dignos e infraestrutura adequada para esses novos moradores.
c)
mutirões entre os moradores para o melhoramento estético das moradias populares.
d)
financiamentos para novas construções acompanhamento dos serviços técnicos.
e)
O processo indicado no gráfico demonstra um aumento significativo da população urbana em relação à população rural no Brasil. Esse fenômeno pode ser explicado pela a) atração de mão de obra pelo setor produtivo concentrado *HRJUD¿D nas áreas urbanas. b)
manutenção da instabilidade climática nas áreas rurais.
c)
concentração da oferta de ensino nas áreas urbanas.
e
d)
inclusão da população das áreas urbanas em programas assistenciais.
situações de regularização de seus terrenos, mesmo que em áreas inadequadas.
e)
redução dos subsídios para os setores da economia localizados nas áreas rurais.
12. (Enem) A crise do modelo de desenvolvimento brasileiro, perverso e excludente, foi marcada, especialmente, pela concentração de renda. As consequências dessa agravante são observadas por alguns problemas caóticos, como gastos infinitos com segurança pública, vias saturadas e mal planejadas, poluição hídrica e aglomerados urbanos sem infraestrutura. SOUZA, J. A. et. al. Ocupação Desordenada. In: Revista Conhecimento Prático Geografia, abr. 2010 (adaptado).
No espaço urbano brasileiro, vêm se agravando os problemas socioambientais relacionados a um modelo de desenvolvimento que configurou formas diversas de exclusão social. Uma ação capaz de colaborar com a solução desses problemas é
14. (Enem) Mediante o Código de Posturas de 1932, o poder público enumera e prevê, para os habitantes de Fortaleza, uma série de proibições condicionadas pela hora: após as 22 horas era vetada a emissão de sons em volume acentuado. O uso de buzinas, sirenes, vitrolas, motores ou qualquer objeto que produzisse barulho seria punido com multa. No início dos anos 1940 o último bonde paria da Praça do Ferreira às 23 horas. SILVA, FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult, 2001 (adaptado).
Como Fortaleza, muitas capitais brasileiras experimentaram, na primeira metade do século XX, um novo tipo de vida urbana, marcado por condutas que evidenciam uma
a)
investir de forma eficiente em melhorias na qualidade de vida no campo para impedir o êxodo rural.
a)
b)
integrar necessidades econômicas e sociais na formulação de estratégias de planejamento para as cidades.
experiência temporal regida pelo tempo orgânico e pessoal.
b)
c)
transferir as populações das favelas para áreas não suscetíveis à erosão em outros estados.
experiência que flexibilizava a obediência ao tempo do relógio.
c)
considerar a organização dos espaços urbanos de acordo com as condições culturais dos grupos que os ocupam.
relação de códigos que estimulavam o trânsito de pessoas da cidade.
d)
normatização do tempo com vistas à disciplina dos corpos da cidade.
e)
cultura urbana capaz de conviver com diferentes experiências temporais.
d) e)
facilitar o assentamento de populações nas áreas fluviais urbanas para incentivar a formação de espaços produtivos democráticos.
200 Geografia | Curso Enem 2019
do
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 8
Urbanização
15. (Enem) Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno da urbanização na África, na Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada continente e mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se deem com o mesmo conjunto de inovações. ELIAS, O. Fim do século e urbanização no Brasil. Revista Ciência Geográfica, ano
A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pela a)
retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa.
b)
demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana.
c)
presença hegemônica do transporte localizado nas periferias das cidades.
d)
aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a construção do transporte metroviário.
e)
predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticas.
IV, n. 11, set/dez, 1988.
O texto aponta para a complexidade da urbanização nos diferentes contextos socioespaciais. Comparando a organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade desse fenômeno é perceptível no aspecto a)
espacial, em função do sistema integrado que envolve as cidades locais e globais.
b)
cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização econômica e política.
c)
demográfico, em função da localização das maiores aglomerações urbanas e continuidade do fluxo campocidade.
d)
e)
territorial, em função da estrutural de organização e planejamento das cidades que atravessam as fronteiras nacionais.
alternativo
GABARITO 1
D
6
C
11
B
16
D
2
D
7
D
12
B
17
E
3
D
8
C
13
A
4
E
9
D
14
A
5
A
10
E
15
C
econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribuiu para fixação do homem ao lugar.
16. (Enem) No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no centro das cidades é causa da especialização dos bairros e de sua diferenciação social. Muitas pessoas, que não têm maios de pagar os altos aluguéis dos bairro elegantes, são progressivamente rejeitadas para a periferia, como os subúrbios e os bairros mais afastados. RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).
Uma consequência geográfica do processo socioespacial descrito no texto é a a)
criação de condomínios fechados de moradia.
b)
decadência das áreas centrais de comércio popular.
c)
aceleração do processo conhecido como cercamento.
d)
ampliação do tempo de deslocamento diário da população.
e)
contenção da ocupação de espaços sem infraestrutura satisfatória.
17. (Enem) A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte coletivo saiu definitivamente dos trilhos. JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: www.iab.org.br. Acesso em: 9 jan. 2014 (adaptado).
Curso Enem 2019 | Geografia
201
I NDUST R I AL I ZAÇÃ O
CAPÍTULO 9
Industrialização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
C apít ulo 9
CAPÍTULO 9
ESTÁGIO DE Industrialização TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
-
Foi a principal forma de alteração da matéria prim de meados da Idade Média até 1750.
-
Início da divisão entre os detentores dos meios d produção e os artesãos que possuíam apenas mão de obra como forma de trabalho.
I N DU ST R IA LIZA Ç ÃO
��anto aos estágios de transformação da matéria • A criatividade do artesão era essencial para a produção. prima é possível classificar três que estão ordenados • Uso de máquinas rudimentares. de acordo com a evolução:
ESTÁGIO DE TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
Quanto aos estágios de transformação da matéria prima é possível classificar três que estão ordenados de acordo com a evolução:
•
Abastecimento local.
Foi a principal forma de alteração da matéria prima Artesanato: ESTÁGIO DE de meados da Idade Média até 1750. Ausência da divisão do trabalho, em que o artesão • Início da divisão entre os detentores dos meios de Artesanato: era responsável por todas as etapas da produção. produção e os artesãos que possuíam apenas a TRANSFORMAÇÃO •A produção dependia da energia e habilidademão de obra como forma de trabalho. humanas. DA- MATÉRIA-PRIMA A criatividade do artesão era essencial para a Início da divisão entre os detentores dos meios de produção e os artesãos que possuíam apenas a mão de obra como forma de trabalho.
Ausência da divisão do trabalho, em que o artesão era responsável por todas as etapas da produção.
•
• Foi a principal forma de alteração da matéria prima de meados da Idade Média até 1750.
A produção dependia da energia e habilidade humanas.
��anto aos produção. de transformação da matéria • estágios A criatividade do artesão era essencial para a produção. prima é- possível classificar três que estão ordenados Uso de ferramentas. de acordo com a evolução: • Uso de ferramentas. Abastecimento familiar.
http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive.ht (Acessado em 09/06/200
•FoiAbastecimento familiar. a principal forma de alteração da matéria prima
Artesanato: o surgimento da humanidade atédesde a Idade •desde Foi a principal forma de alteração da matéria prima
Maquinofatura:
-
-
-
oMédia. surgimento da humanidade até a Idade Média. Ausência da divisão do trabalho, em que o artesão era responsável por todas as etapas da produção.
-
A produção dependia da energia e habilidade humanas.
-
A criatividade do artesão era essencial para a produção.
-
Uso de ferramentas.
-
Abastecimento familiar.
-
Foi a principal forma de alteração da matéria prima desde o surgimento da humanidade até a Idade Média.
Divisão do trabalho consolidada, em que o trabalhadores não precisam mais conhecer toda as etapas de produção.
-
A produção não depende mais da energia habilidade humanas, utilizando-se de fontes d energia, como o carvão mineral e o petróleo, associando produtividade ao avanço tecnológic http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive.html do maquinário. http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive.html -
(Acessado em 09/06/2009)
em 09/06/2009) Uso de máquinas(Acessado com avanço tecnológico.
Abastecimento Maquinofatura:
regional com produção em larg
escala. Maquinofatura: • Divisão do trabalho consolidada, em que os trabalhadores
É a principal forma de alteração da matéria prim Divisão domaistrabalho consolidada, em que os não precisam conhecer todas as etapas de produção. de 1750 os dias mais atuais. trabalhadores nãoaté precisam conhecer todas • Aetapas dependeda mais da energia e habilidade -produção Consolidação divisão de classes, com a detençã as denão produção. humanas, utilizando-se dede fontes de energia, como o carvão dos meios produção. http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive. http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive.html A produção não depende mais da energia e
Manufatura:
-
mineral e o petróleo, e associando produtividade ao avanço html (Acessado em 09/06/2009) (Acessado em 09/06/2009)habilidade tecnológico dohumanas, maquinário. utilizando-se de fontes de
Manufatura: • Início da divisão do trabalho,
mas com o artesão conhecendo todas as etapas da produção.
energia, como o carvão mineral e o petróleo, e • Uso de máquinas com avanço tecnológico. associando produtividade ao avanço tecnológico do maquinário. • Abastecimento regional com produção em larga escala.
Uso de máquinas com avanço tecnológico. Início da divisão do trabalho, mas com o artesão• É a principal forma de alteração da matéria prima de 1750 Abastecimento todas as etapase habilidade da produção. até os dias atuais. regional com produção em larga •conhecendo A produção dependia da energia humanas. escala. A produção dependia da energia e habilidade É a principal forma de alteração da matéria prima humanas. de 1750 até os dias atuais. 202 Geografia | Curso Enem 2019 A criatividade do artesão era essencial para a Consolidação da divisão de classes, com a detenção produção. dos meios de produção. http://ideotario.blogspot.com/2007_07_01_archive.html
-
energia, como o carvão mineral e o petróleo, e associando produtividade ao avanço tecnológico do maquinário.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
abilidade
l para a
Uso de máquinas com avanço tecnológico.
-
Abastecimento regional com produção em larga escala.
-
É a principal forma de alteração da matéria prima de 1750 até os dias atuais.
•
Consolidação da divisão de classes, com a detenção dos Consolidação da divisão de classes, com a detenção meios de produção.
-
chive.html /06/2009)
o artesão .
-
dos meios de produção.
Industrialização
CAPÍTULO 9
• Principais indústrias: metalurgia, siderurgia, petroquímica e automobilística •
Energia mais utilizada: petróleo
• Desenvolvimento de máquinas à vapor, navios à vapor e ferrovias Quanto à organização do trabalho, a Segunda Revolução Industrial, se mostra mais equipada, devido ao C a p í t u l o 9 – I N DU S TRI A L IZ AÇ ÃO desenvolvimento de um sistemas de produção denominados Ca p ítu lo 9 – IN DUSTRIAL IZA Ç Ã O Taylorismo e Fordismo, que possuem o objetivo de otimizar o tempo de produção, aumentando a produtividade e o volume total produzido.
INDUSTRIALIZAÇÃO INDUSTRIALIZAÇÃO DOS PAÍSES DOS PAÍSES INDUSTRIALIZAÇÃO DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS 189 DESENVOLVIDOS DESENVOLVIDOS
http://www.historiadetudo.com/revolucao-industrial.html http://www.historiadetudo.com/revolucao-industrial.html (Acessado em 09/06/2009) (Acessado em 09/06/2009)
Os
países
desenvolvidos
foram
os
pioneiros
Taylorismo e Fordismo Taylorismo e Fordismo Taylorismo e Fordismo
no
países desenvolvidos desenvolvidos foram os pioneiros pioneiros no Os Ospaíses os no desenvolvimento industrialforam e apresentaram três fases desenvolvimento industrial e apresentaram apresentaram trêsetapas fases distintas de evolução da e modelo industrial. As desenvolvimento industrial três fases de desenvolvimento industrial distintas evolução da da modelosão: industrial. As As etapas de distintas dedeevolução modelo industrial. etapas industrial são: são: de desenvolvimento desenvolvimento industrial
Primeira Revolução Primeira Revolução Industrial
Primeira Revolução Industrial • Período de ocorrência: 1750 a 1850/1870 Industrial Período de ocorrência: 1750 a 1850/1870 •
Área de ocorrência: Inglaterra
-
Área de ocorrência: Inglaterra
-
Principal indústria: têxtil
-
Energia mais utilizada: carvão mineral
-
Desenvolvimento de máquinas à vapor, navios à
-
ocorrência: • Período Principalde indústria: têxtil 1750 a 1850/1870
-
de ocorrência: • Área Energia mais utilizada: Inglaterra carvão mineral
-
indústria: • Principal Desenvolvimento de têxtil máquinas à vapor, navios à vapor e
-
ferrovias vapor e ferrovias Energia mais utilizada: carvão mineral
Desenvolvimento de máquinas à vapor, navios à vapor e ferrovias
interessantedestacar destacar que que aa produtividade É Éinteressante produtividade dos dos estabelecimentos industriais era extremamente estabelecimentos industriais era extremamente baixa,baixa, já que já que a tecnologia utilizada era rudimentar e, ainda, a tecnologia utilizada era rudimentar e, ainda, não existia não existia um padrão de trabalho a ser seguido pelo umtrabalhador, padrão de trabalho a ser seguidoopelo trabalhador, de de maneira a otimizar tempo de trabalho maneira a otimizar tempo de trabalho industrial, o que era industrial, o queoera compensado pelas longas jornadas de trabalho enfrentadas pelos pelas longas jornadas trabalho enfrentadas É compensado interessante destacar que trabalhadores. adeprodutividade dos pelos trabalhadores. estabelecimentos industriais era extremamente baixa, já que a tecnologia utilizada era rudimentar e, ainda, Industrial nãoSegunda existia umRevolução padrão de trabalho a ser seguido pelo trabalhador, de maneira a otimizar o tempo de trabalho • Período de ocorrência: 1850/1870pelas a 1950/1970 industrial, o que era compensado longas jornadas de trabalho enfrentadas pelos1850/1870 trabalhadores. Período de ocorrência: a 1950/1970 • Áreas de ocorrência: Europa ocidental, Estados Unidos e Japão
Primeira Revolução Industrial -
Áreas de ocorrência: Europa ocidental, Estados
Unidos e Japão Primeira Revolução Principais indústrias: metalurgia, Industrial petroquímica e automobilística
-
siderurgia,
Energia mais utilizada: petróleo Período de ocorrência: 1850/1870 a 1950/1970
“O taylorismo, organização do trabalho sistematizada pelo engenheiro norte-americano Frederich W. Taylor, por volta de 1900, consiste na rígida separação do trabalho por tarefas e níveis hierárquicos (executivos e operários). Existe um controle sobre o tempo gasto em “O tarefa taylorismo, organização sistematizada cada e um constante esforçodo detrabalho racionalização, “O que taylorismo, do trabalho sistematizada pelo engenheiro Frederich Taylor, para a tarefaorganização sejanorte-americano executada num tempo mínimo.W. pelo engenheiro norte-americano Frederich W. Taylor, por O por tempo de cada trabalhador passana a ser vigiado e volta do volta de 1900, consiste rígida separação cronometrado, e aqueles que produzem mais em menos de 1900, consiste na rígida separação do trabalho por tarefas e trabalho por tarefas e níveis hierárquicos (executivos tempo recebem prêmiosum como incentivo; comootempo tempo, e níveis hierárquicos (executivos esobre operários). Existe um em operários). Existe controle gasto todos serãosobre obrigados a produzir tempo controle o um tempo gasto emnum cada tarefa emínimo um constante cada tarefa e constante esforço de racionalização, cera quantidade de peças ou produtos. O taylorismo esforço de aracionalização, para que a tarefa seja executada para que tarefa sejade executada num tempo aumentou a produtividade fábrica, mas também a mínimo. num tempo mínimo. tempo cadaapassa trabalhador passa a ser e O tempo cadaO trabalhador a ser vigiado exploração dode trabalhador, que de passa produzir mais vigiado cronometrado, e aqueles que produzem em e aqueles que produzem maismais em menos emcronometrado, menos etempo.
menos tempo recebem prêmios comoincentivo; incentivo; com o tempo, tempo recebem prêmios como com o tempo,
Como um complemento do taylorismo, surgiu na todosde serão obrigados a produzir num tempo mínimo cera todos serão produzir num década 1920 obrigados o fordismo, a termo que vem do tempo nome mínimo quantidade de peçasdeoupeças produtos. taylorismo quantidade ou O produtos. taylorismo docera industrial norte-americano Ford, um pioneiroOaumentou da a produtividade de fábrica, masdetambém a exploração do a aumentou a produtividade fábrica, mas também indústria automobilística no início do século. Esse processo consiste conjunto métodos voltados trabalhador, que passa a produzirde mais em menos tempo. mais exploração do num trabalhador, que passa a produzir para em massa, em quantidades nunca em produzir menos tempo. vistas anteriormente. Ele absorve algumas técnicas do Como um complemento do taylorismo, surgiu na década de taylorismo, mas complemento vais além: trata do de organizar a linha Como um taylorismo, surgiu na 1920 o fordismo, termo que vem do nome do industrial nortededécada montagem de cada fábrica para produzir mais, do nome de 1920 o fordismo, termo que vem controlando melhor as fontes de matérias-primas e de do industrial norte-americano Ford, um pioneiro da energia, a formação da mão de obra, os transportes, indústria automobilística no início do século. Esse o aperfeiçoamento das máquinas para ampliar a processo num conjunto dea2019 métodos voltados Cursoampliar Enem | Geografia 203 produção, etc.consiste O fordismo buscava produção produzir em massa, em quantidades nunca e opara consumo.
vistas anteriormente. Ele absorve algumas técnicas do taylorismo, mas vais além: trata de organizar a linha
O grande lema do fordismo era “produção em massa e
CAPÍTULO 9
Industrialização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA americano Ford, um pioneiro da indústria automobilística no início do século. Esse processo consiste num conjunto de métodos voltados para produzir em massa, em quantidades nunca vistas anteriormente. Ele absorve algumas técnicas do taylorismo, mas vais além: trata de organizar a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais, controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, a formação da mão de obra, os transportes, o aperfeiçoamento das máquinas para ampliar a produção, etc. O fordismo buscava ampliar a produção e o consumo. O grande lema do fordismo era “produção em massa e consumo em massa”. O fordismo marcou a supremacia industrial dos Estados Unidos no século XX e foi adotado em praticamente todos os países desenvolvidos. Nos demais países havia um fordismo parcial, localizado apenas em A lógica do fordismo consiste na seguinte ideia: para algumas áreas específicas ou sem parcelas da população: em se produzir em massa é necessário que existam regiões da Coréia do Sul ou até, em menor proporção, no Brasil, consumidores para comprar toda essa produção por exemplo. Mas, nesses casos, nunca houve a generalização (de automóveis, por exemplo, o grande símbolo do do fordismo por toda a sociedade, pois isso significaria que fordismo). Ora, para isso, torna-se necessário um esses países não seriam mais subdesenvolvidos. imenso mercado consumidor, e a maioria da população de qualquer país é constituída pelos trabalhadores;
Alogo lógica do fordismo seguinte ideia:para paraque se é preciso pagar consiste bem aosnatrabalhadores produzir em massa é necessário que existam consumidores eles possam comprar, possam consumir em grandes para comprar otoda produção (de automóveis, quantidades, que essa aumenta a produção e os lucros.por exemplo, o grande símbolo do fordismo). Ora, para isso, tornaAonecessário contrárioum doimenso taylorismo, se preocupava mais se mercadoque consumidor, e a maioria da com a máxima utilização do tempo de trabalhadores; trabalho do população de qualquer país é constituída pelos operário, o fordismo também comeles o logo é preciso pagar bemseaospreocupa trabalhadores para que tempo comprar, livre e, possam principalmente, com o consumo. Não possam consumir em grandes quantidades, trata apenas de trabalhar mais intensamente, como oseque aumenta a produção e os lucros. no taylorismo, e sim de trabalhar menos, com maior
especialização e produtividade, e consumir Ao contrário do taylorismo, que se preocupava maismais. com generalização do fordismo, forma,do foi operário, um dos aA máxima utilização do tempo dessa de trabalho que se ajudaram melhoriacom dos opadrões vida ofatores fordismo preocupanatambém tempo de livre e, dos países desenvolvidos no século principalmente, com o consumo. Não XX.” se trata apenas de trabalhar mais intensamente, como no(Sociedade taylorismo,e eEspaço sim de Autor: J. William Vesentini – GeografiaeGeral e do Brasil) trabalhar menos, com maior especialização produtividade, e consumir mais. A generalização do fordismo, dessa forma, foi um dos fatores que ajudaram na melhoria dos padrões de vida dos países desenvolvidos no século XX.”
Terceira Revolução Industrial Autor: J. William Vesentini (Sociedade e Espaço – Geografia Geral e do Brasil)
Período de ocorrência: A partir de 1950/1970 Terceira Revolução Industrial -
Período de ocorrência: A partir de 1950/1970
•
telecomunicações, química fina, biotecnologia, Áreas de ocorrência: Países desenvolvidos
•
Principal
indústria:
informática,
entre o melhoramento da tecnologia das indústrias
que aparece a energia nuclear
Energia mais utilizada: petróleo (É nesse contexto que Desenvolvimento de máquinas com alto nível aparece a energia nuclear
•
“Toyotismo é o modelo japonês de produção, criado pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após 9 o fim GuerraIMundial. Nessa época, Capít ulo – daISegunda NDU STR ALI ZA ÇÃ O o novo modelo era ideal para o cenário japonês, ou seja, um mercado menor, bem diferente dos mercados americano e europeu, que utilizavam os modelos de produção Fordista e Taylorista. Na década de 70, em meio a uma crise de capital, o modelo Toyotista espalhou-se pelo mundo. A ideia Na década 70, em meio a umao crise de capital, o modelo principal eradeproduzir somente necessário, reduzindo os estoques (flexibilização da produção), Toyotista espalhou-se pelo mundo. A ideia produzindo principal era em pequenos lotes, o com a máximareduzindo qualidade,ostrocando produzir somente necessário, estoques a(flpadronização diversificação e produtividade. exibilização dapela produção), produzindo em pequenos As relações trabalho também foram amodificadas, lotes, com ade máxima qualidade, trocando padronização pois o cação trabalhador deveria ser mais qualificado, pelaagora diversifi e produtividade. As relações de trabalho participativo e polivalente, ou seja, deveria estar apto também foram modificadas, pois agora o trabalhador deveria a trabalhar em mais de uma função.
ser mais qualificado, participativo e polivalente, ou seja,
Os desperdícios nas fábricas deveria estar aptodetectados a trabalhar em mais de uma montadoras função. foram classificados em sete tipos: produção antes do necessário, produção maior do queforam o Os tempo desperdícios detectados nas fábricas montadoras necessário, humano (por isso trabalho classificadosmovimento em sete tipos: produção anteso do tempo passou a ser feito em grupos), espera, transporte, necessário, produção maior do que o necessário, movimento estoque e operações desnecessárias no processo de humano (por isso o trabalho passou a ser feito em grupos), manufatura.As principais características do modelo espera, transporte, estoque e operações desnecessárias Toyotista são:
no processo de manufatura.As principais características do
Toyotista são:da produção: produzir apenas o - modelo Flexibilização necessário, reduzindo os estoques ao mínimo.
•
tecnológica, formando as indústrias de ponta.
Desenvolvimento de máquinas com alto nível tecnológica, formando as indústrias de ponta.
Flexibilização
da
produção:
produzir
apenas
o
- necessário, Automatização: utilizando máquinas que reduzindo os estoques ao mínimo. desligavam automaticamente caso ocorresse problema, ummáquinas funcionário poderia • qualquer Automatização: utilizando que desligavam manusear várias ao mesmo tempo, automaticamente caso máquinas ocorresse qualquer problema, um diminuindo os gastos comvárias pessoal. funcionário poderia manusear máquinas ao mesmo -
tempo, diminuindo os gastos com pessoal. Just in time (na hora certa): sem espaço para
armazenar matéria-prima e mesmo a produção, Just in time (na hora certa): sem espaço para armazenar criou-se um sistema para detectar a demanda e matéria-prima e mesmo a produção, criou-se um sistema para produzir os bens, que só são produzidos após a detectar a demanda e produzir os bens, que só são produzidos venda.
•
robotização,
Principal informática, robotização, existentes. indústria: telecomunicações, química fina, biotecnologia, entre o Energia mais utilizada:das petróleo (É existentes. nesse contexto melhoramento da tecnologia indústrias
•-
Sistema Flexível /Toyotismo
Áreas de ocorrência: Países desenvolvidos
•
-
A Terceira Revolução Industrial promove a modificação do sistema de produção que busca uma nova lógica de produção em que se tem por objetivo a qualidade total dos produtos produzidos, em um menor tempo possível de produção. Esse novo sistema é denominado Toyotismo.
após a venda. -
Kanban (etiqueta ou cartão): método para Kanban (etiqueta ou cartão): paraoprogramar programar a produção, de método modo que just em a produção, deefetive. modo que o just em time se efetive. time se
•
-•
Team work (equipe de trabalho): os trabalhadores Team work (equipe de trabalho): os passaram a trabalharpassaram em grupos,aorientados líder. O trabalhadores trabalharpor emuma grupos, orientados por uma líder. O objetivo é de ganhar objetivo é de ganhar tempo, ou eliminar os “tempos mortos”.
•
tempo, ou eliminar os “tempos mortos”.
Controle de qualidade total: todos os trabalhadores, em
- todas Controle de qualidade total: pela todos os as etapas da produção são responsáveis qualidade trabalhadores, em todas as etapas damercado produção do produto e a mercadoria só é liberada para o após responsáveis qualidadeA do produto e a umasão inspeção minuciosapela de qualidade. ideia de qualidade mercadoria só é liberada para o mercado após total também atinge diretamente os trabalhadores, que uma inspeção minuciosa de qualidade. A ideia de devem ser “qualifi cados” para serem contratados. Dessa lógica qualidade total também atinge diretamente os nasceram os certificados qualidade, ou ISO. trabalhadores, que de devem ser “qualificados” para serem contratados. Dessa lógica nasceram os Embora possa parecer que o modelo Toyotista de produção certificados de qualidade, ou ISO.
valorize mais o trabalhador do que os modelos anteriores
Curso Enem 2019 promove a modificação A Terceira |Revolução Industrial 204 Geografia
do sistema de produção que busca uma nova lógica de produção em que se tem por objetivo a qualidade total dos produtos produzidos, em um menor tempo
Embora parecer que o émodelo Toyotista de (fordista epossa taylorista), tal impressão uma ilusão. Na realidade produção valorize mais o trabalhador do que os modelos anteriores (fordista e taylorista), tal impressão é uma ilusão. Na realidade da fábrica, o que ocorre é o aumento da concorrência entre os trabalhadores, que disputam melhores índices de produtividade entre si. Tais disputas sacrificam cada vez mais o trabalhador, e tem como consequência, além do
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Industrialização
da fábrica, o que ocorre é o aumento da concorrência entre os trabalhadores, que disputam melhores índices de produtividade entre si. Tais disputas sacrificam cada vez mais o trabalhador, e tem como consequência, além do aumento da produtividade, o aumento do desemprego. Em suma, a lógica do mercado continua sendo a mesma: aumentar a exploração de mais-valia do trabalhador.” http://www.infoescola.com/industria/toyotismo/ (Acessado em 08/06/2009) / Autora: Thais Pacievitch
Classificação das Indústrias As indústrias podem ser classificadas de acordo com vários critérios e a compreensão desses é de extrema importância para a compreensão dos processos industriais de uma forma geral. - Quanto ao histórico:
• Original ou Clássica: são as indústrias que surgiram durante a 1a e 2a Revoluções Industriais, originadas nos países desenvolvidos, no contexto de século XVIII e XIX. • Planificada: são indústrias desenvolvidas nos países socialistas e que, por isso, são de propriedade do Governo. Esse grupo de indústria surgiu durante o século XX, possuindo como carro chefe a União Soviética.
CAPÍTULO 9
As que se relacionam com a produção de matéria prima são denominadas siderúrgica, especializada na produção de aço, e metalúrgica, especializada na extração, fabricação, fundição e tratamento dos metais e suas ligas de maneira geral. - Quanto à destinação e objetivação dos produtos produzidos:
• Indústria de base ou de bens de produção: são indústrias que produzem produtos que serão necessários à produção de outras indústrias - matéria prima e energia. Também são classificadas como indústrias pesadas, devido à grande utilização de matéria prima e energia. Como exemplo de indústria de base é interessante ressaltar a indústria petroquímica, metalúrgica, siderúrgica, cimento, entre outras. • Indústria de bens de capital ou intermediária: são indústrias que produzem maquinário, equipamentos, ferramentas ou autopeças para outras indústrias, como, por exemplo, a indústria de componentes eletrônicos e a de motores para carros ou aviões. O nome bens de capital é devido à grande transformação da matéria prima que essas indústrias promovem, elevando o valor agregado dos produtos produzidos por elas. A presença delas em um determinado país indica uma menor dependência quanto à importação de maquinários dos países desenvolvidos e aumento da arrecadação, já que o ganho obtido por essas indústrias é elevado pela venda do maquinário.
•
• Indústria de bens de consumo: são indústrias que produzem produtos que já estão prontos para o consumo populacional, ou seja, que possuem acabamento para utilização. Esse grupo de indústrias pode ser dividido em:
- Quanto à evolução tecnológica:
• Indústrias de bens de consumo duráveis: são indústrias que produzem produtos que não se esgotam apenas com a utilização populacional, mas sim com a depreciação consecutiva do produto, como automóveis, eletroeletrônicos, entre outros.
Tardia ou Retardatária: são indústrias que se desenvolveram nos países emergentes, subdesenvolvidos industrializados, durante o século XX, principalmente em sua segunda metade.
• Indústrias Tradicionais: são indústrias que possuem um baixo grau de tecnologia envolvida no processo produtivo e que, por isso, necessitam de muita mão de obra, em relação ao que se produz, e possuem pouca rentabilidade. • Indústrias Modernas ou Dinâmicas: são indústrias que possuem um elevado grau de tecnologia envolvida no processo produtivo e que, por isso, necessitam de pouca mão de obra em relação ao que se produz, e possuem alta rentabilidade. - Quanto à quantidade de matéria- prima e energia consumidas:
• Indústrias leves: são indústrias que utilizam menor quantidade de matéria prima e energia, em relação ao que está sendo produzido, em suas etapas de produção por, geralmente, produzirem produtos que utilizam matérias primas já trabalhadas por outras indústrias. • Indústrias pesadas: são indústrias que utilizam maior quantidade de matéria prima e energia, em relação ao que está sendo produzido, em suas etapas de produção por, geralmente, produzirem produtos que serão matéria prima para outras indústrias, ou seja, a matéria prima trabalhada é bruta ou in natura. Porém, é interessante ressaltar que não são apenas indústrias de produção de matéria prima consideradas como indústrias pesadas. Outras indústrias como a automobilística de navios e fabricação de maquinário, também são consideradas indústrias pesadas.
• Indústrias de bens de consumo não duráveis: são indústrias que produzem produtos que se esgotam apenas com a utilização populacional como vestuário, calçado, bebidas, alimentos, entre outras. Geralmente, aparecem em maior número, se comparadas com as indústrias duráveis, devido à maior facilidade de instalação, por necessitarem de menores investimentos para sua implantação.
INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA O processo de industrialização brasileiro, apesar de consolidar-se à partir da década de 1930 com as políticas varguistas, começa a se organizar desde um contexto de Segundo Reinado (1840-1889), passando por vários outros momentos que foram de extrema importância para a formação do parque industrial recente. No período de Segundo Reinado a atividade industrial desenvolvida no Brasil era extremamente rudimentar, com alguns postos industriais trabalhando em esquema de manufatura, mas importante para a formação inicial de um parque industrial. Apesar de não se ter consolidado o processo de industrialização nesse contexto, formando apenas alguns postos industriais, é importante destacar dois fatos que contribuíram para esse desenvolvimento inicial:
Curso Enem 2019 | Geografia
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C ap í t u l o 9 – INDU S T RIA L IZ AÇÃO CAPÍTULO 9
Industrialização
INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA TRODUÇÃO À FILOSOFIA
O processo industrialização apesar de à partir daque década 1930 com asa políticas • Tarifa de Alves Branco (1844):brasileiro, tarifa alfandegária que consolidar-se É interessante destacar durantede a República Velha forvarguistas, se organizar desdede um contexto Segundo Reinadoe vilas (1840-1889), elevava o começa preço dosa produtos importados, maneira a demação de sindicatos de operáriospassando contribuiu por para vários a outros momentos foram de os extrema a formação do parque sindicalistas industrial recente. valorizar o produtoque nacional. Como produtosimportância internacionaispara formação de movimentos que culminaram em eram muito mais caros, em relação aos nacionais, a indústria grandes greves trabalhistas. Impulsionados pelos movimenNo período de Segundo Reinado a atividade industrial desenvolvida no Brasil era extremamente rudimentar, com brasileira nascente era estimulada. tos já vividos na Europa os trabalhadores se organizavam para alguns postos industriais trabalhando em esquema de manufatura, mas importante para a formação inicial de buscar melhores condições de trabalho como a redução da um parque industrial. Apesar de não se ter consolidado o processo de industrialização nesse contexto, formando jornada de trabalho, descanso e férias remuneradas, entre apenas postos industriais, é importante destacar dois fatos que contribuíram para esse desenvolvimento • Leialguns Eusébio de Queiroz (1850): proibia o tráfico negreiro, outros. Mesmo diante de toda uma movimentação sindical inicial: estimulando a formação de um contingente de mão de obra é interessante destacar que as leis trabalhistas que protegem livre – consumidores, além de promover a sobra de capital, os trabalhadores só dos surgem na década de 1930, comde o gov- Tarifa Alves Branco (1844): tarifa alfandegária que elevava o preço produtos importados, maneira que seria gasto com o tráfico negreiro, para outros setores erno Vargas, mas algumas melhoras foram atendidas. Alguns a valorizar o produto nacional. Como os produtos internacionais eram muito mais caros, em relação aos econômicos, como o industrial. grupos sindicalistas possuíam ideias anarquistas levaram a nacionais, a indústria brasileira nascente era estimulada. fundação do anarco-sindicalismo no Brasil, favorecendo a forO favorecimento trazido pelas duas leis ao desenvolvimenmação do Partido Comunista em 1922. - Lei de Queiroz (1850): de proibia tráfico to Eusébio industrial promoveu a liberalização capital,o por partenegreiro, estimulando a formação de um contingente de mão de obra livre – consumidores, além de promover a sobra de capital, que seria gasto com o tráfico negreiro, do governo, para obras de infraestrutura, bem como o melA Era Vargas é marcada pelo início da consolidação do procespara outros setores econômicos, como o industrial. horamento de vários setores que contribuem para o desenso de industrialização brasileiro com a iniciativa de Vargas em volvimento da economia, como transporte, e O favorecimento trazido pelas duas leis comunicação ao desenvolvimento industrial promoveu a liberalização de Vargas capital, fortalecer a indústria de base brasileira. Para Getúlio o por serviços. parte do governo, para obras de infraestrutura, bem como o melhoramento de vários setores que contribuem parque industrial brasileiro deveria ser consolidado de manei- para o desenvolvimento da economia, como transporte, comunicação e serviços. ra gradativa, promovendo inicialmente o desenvolvimento da Já no período da República Velha (1889-1930) a atividade inindústria de em seguida a indústria de bens de capital Já no período da aRepública Velha (1889-1930) a atividade industrialbase, continua a ser estimulada, principalmente dustrial continua ser estimulada, principalmente a indústria e, finalmente, o desenvolvimento da indústriadademão bensde de obra a indústria têxtil, pelo fim da escravidão e a chegada de vários imigrantes. Com a inexistência têxtil, pelo fim da escravidão e a chegada de vários imigrantes. consumo duráveis.além Vale lembrar que a indústria de bens de escrava, teoricamente, todas as pessoas de possibilidades de consumo, de o imigrante, principalmente o Com a inexistência da mão de obra escrava, teoricamente, consumo nãoprocesso duráveis desenvolvia-se desde o período Seeuropeu, conhecer o trabalho de industrial, a Europa vive seu de industrialização desdede1750, e todas asjápessoas de possibilidades consumo, pois além de o gundo Reinado, marcada por um processo em curso. possuir hábitos de consumo favoráveis ao desenvolvimento industrial. imigrante, principalmente o europeu, já conhecer o trabalho industrial, pois seu processo industrialização Concentradas noa Europa Rio devive Janeiro e São de Paulo, principalmente, presentes no Brasil vivem um período Alémasdeindústrias se ter um modelo a ser seguido de desenvolvimento desde 1750, e possuir durante hábitos de consumo favoráveis ao de grande crescimento a Primeira Guerra Mundial. Apesar de ser considerado apenas um surto industrial, industrial, para Vargas o crescimento da indústria deveria ser industrial. nãodesenvolvimento consolidando de fato o parque industrial brasileiro, esse período viveu um aumento expressivo no número financiado pelo governo nacional, privado ou estatal. Sendo de indústrias, processo denominado de Substituição de Importação. contexto a Divisão assim, o Como parque nesse industrial seria fortalecido, comInternacional muito pouca do Concentradas noFunção Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente, Trabalho (DIT) – ou atividade econômica desenvolvida por cada de países no mercado necessidade degrupo importação, e não dependente dointernacional, capital inindústrias presentes no–Brasil vivem um período de grande era as considerada simples Países desenvolvidos: produção de produtos industrializados e Países subdesenvolvidos: ternacional, com o financiamento nacional. crescimento durante aprima Primeirae Guerra Mundial. ser produção de matéria alimento, os Apesar paísesde subdesenvolvidos tiveram a necessidade de começar a produzir considerado apenas um surto industrial, não consolidando parte do que antes era importando, já que os paísesdedesenvolvidos para o abastecimento Na tentativaestavam de colocarproduzindo em prática seu plano de desenvolvi- da fato o parque industrial brasileiro, esse período viveu um auguerra. mento Vargas impulsiona a indústria de base brasileira, demento expressivo no número de indústrias, processo denomstacada nesse contexto, pela criação da Companhia SiderúrÉ interessante destacar que durante a República Velha inado de Substituição de Importação. Como nesse contexto a a formação de sindicatos e vilas de operários contribuiu gicaem Nacional ou greves CSN (1941) e da Companhia Vale do Riopelos paraDivisão a formação de movimentos sindicalistas culminaram grandes trabalhistas. Impulsionados Internacional do Trabalho (DIT) – Função ouque atividade Doce. Concentradas na Região Sudeste, devido à presença movimentos vividos na os trabalhadores se organizavam para buscar melhores condições de trabalho econômica já desenvolvida porEuropa cada grupo de países no merdo uadrilátero Ferrífero essas duas empresas representam como a redução da jornada de trabalho, e férias remuneradas, entre outros. Mesmo diante de todaa uma cado internacional, era considerada simples descanso – Países desende desenvolvimento varguista, desse período. movimentação sindical interessante destacareque as leis política trabalhistas que protegem os trabalhadores só surgem volvidos: produção de éprodutos industrializados Países na década de 1930,produção com o de governo mas algumas melhoras foram atendidas. Alguns grupos sindicalistas subdesenvolvidos: matéria Vargas, prima e alimento, os A República Populista é marcada por fases distintas de desenpossuíam ideias anarquistas a fundação doa anarco-sindicalismo no Brasil, favorecendo a formação do países subdesenvolvidos tiveramlevaram a necessidade de começar volvimento industrial, sendo que no primeiro momento as Partido Comunista em antes 1922. produzir parte do que era importando, já que os países ações de desenvolvimento industrial se mostram ainda naciodesenvolvidos estavam produzindo para o abastecimento da A Era Vargas é marcada pelo início da consolidação do processo denoindustrialização brasileiro comde a Juscelino iniciativa de nalistas e, segundo momento, com a entrada guerra. Vargas em fortalecer a indústria de base brasileira. Para Getúlio Vargas o parque industrial brasileiro deveria Kubitschek à presidência brasileira, se torna internacional. É ser consolidado de maneira gradativa, promovendo inicialmente o desenvolvimento da indústria de base, em seguida a indústria de bens de capital e, finalmente, o desenvolvimento da indústria de bens de consumo duráveis. Vale lembrar que a indústria de bens de consumo não duráveis desenvolvia-se desde o período de Segundo Reinado, 206 Geografia | Curso Enem 2019 marcada por um processo em curso. Além de se ter um modelo a ser seguido de desenvolvimento industrial, para Vargas o crescimento da indústria
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Industrialização
interessante destacar, quanto à política nacionalista desse período, o retorno de Vargas ao poder, de 1951 a 1954. Nesse mandato, Vargas coloca em prática novamente seu ideário de desenvolvimento industrial nacionalista com a construção da Petrobrás em 1953. Como ele objetivava, inicialmente, a consolidação da indústria de base a criação da Petrobrás era indispensável para o desenvolvimento do setor. Em 1956, Juscelino Kubitschek assume o poder brasileiro e reorienta a política de desenvolvimento industrial, tendo como base agora, o capital estrangeiro. Diferente do que Vargas propunha como modelo de industrialização, JK fundamentou seu processo de desenvolvimento industrial na indústria de bens de consumo duráveis, principalmente a indústria automobilística. A ação de JK de abrir as portas brasileiras às multinacionais promoveu um rápido crescimento industrial, mas com grandes dívidas externas. A necessidade de melhoramento da infraestrutura brasileira para a implantação do parque industrial, bem como o fortalecimento da indústria de base foi realizada à base de grandes empréstimos, contraindo uma enorme dívida externa para o país. Além disso, convém ressaltar que, tendo como base o modelo industrial de Getúlio Vargas, o próximo passo de desenvolvimento industrial do Brasil seria estimular as indústrias de bens de capital ou de maquinário, que promove um grande aumento no valor agregado do produto produzido, já que a modificação da matéria prima é significativa. Porém, JK quando opta por desenvolver a indústria de bens de consumo duráveis salta essa fase de industrialização, colocando o Brasil na posição de grande importador de máquinas, o que dificulta, consideravelmente, a nossa autonomia industrial. O desenvolvimento da industrial se faz com a utilização de maquinário e, se o Brasil não o possui, então é necessário importar. Dessa forma, a situação se mostra da seguinte maneira: contração de grande dívida externa para a implantação do modelo desenvolvimentista de JK – “50 anos em 5”, associada à dependência de importação de maquinário para a sustentação do modelo adotado, lembrando que o maquinário é extremamente caro. A consolidação do parque industrial brasileiro não se fez da maneira autônoma como propôs Getúlio Vargas. Mesmo diante dessa situação não se pode deixar de constatar a grande transformação vivenciada pela economia brasileira, diante do modelo adotado por JK. O Brasil saiu, a partir de 1960, da situação de país agrário exportador para a situação de urbano industrial. Ou seja, a nossa economia passa a ser embasada, principalmente, pela produção industrial e pelos serviços e comércio que são desenvolvidos em áreas urbanas. A atividade do setor primário ainda é muito importante para a economia brasileira, mas não compõe mais de 50% do PIB – Produto Interno Bruto. É interessante destacar que o processo de industrialização vivenciado pelo Brasil e vários outros países emergentes acontece a partir de 1950, devido a um contexto internacional. Com o fim da Segunda Guerra Mundial a economia europeia e japonesa são estimuladas, diretamente, pela ajuda financeira promovida pelos Estados Unidos com o Plano Marshall e Plano Colombo, respectivamente. Somada ao grande desenvolvimento tecnológico ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, as economias dos Estados Unidos, Europa ocidental e Japão vivem um grande crescimento econômico e o início do desenvolvimento das indústrias de ponta, que
CAPÍTULO 9
apresentam um elevado grau de tecnologia envolvida na produção. Essas indústrias são interessantes para a economia desses países, pois produzem produtos com maior valor agregado, além da alta qualidade, necessitam de uma menor quantidade de energia, matéria prima e mão de obra e poluem muito menos que as indústrias tradicionais da Segunda Revolução Industrial. Dessa forma, a medida que as indústrias de ponta ganham espaço nas economias das áreas destacadas acima, as indústrias tradicionais se mostram desinteressantes e são transferidas para os países subdesenvolvidos, em que os fatores de produção se mostram mais acessíveis e mais baratos como a mão de obra, energia, matéria prima, ausência de leis ambientalistas, entre outros. É possível então concluir que o desenvolvimento industrial dos países subdesenvolvidos, que a partir disso passam a serem denominados países subdesenvolvidos industrializados ou países emergentes, incluindo o brasileiro se faz por uma demanda externa e não tão somente pelas demandas internas. O período militar foi marcado pela continuação das ações de desenvolvimento industrial promovidas por Juscelino Kubitschek. Com a manutenção dos investimentos nas indústrias de bens de consumo duráveis os militares aumentaram o endividamento brasileiro para esse fim e para a realização das obras faraônicas observadas no contexto. Em uma visão militar de ocupação dos espaços, eles acreditam que a proteção das fronteiras nacionais só aconteceria mediante a presença da população brasileira. Sendo assim, muitos investimentos foram feitos nesse sentido como a construção da rodovia Transamazônica, da rodovia Cuiabá Santarém, da Usina de Itaipu, entre outros. É importante destacar que todas as ações promovidas durante o período militar faziam parte do projeto de desenvolvimento econômico, denominado Plano Nacional de Desenvolvimento – PND, que tinha por objetivo o estímulo a vários setores da economia como a indústria, a logística de infraestrutura, tecnologia, entre outros. O período de maior importância do governo militar, compreendido entre 1968-73, é contexto de Milagre Econômico. Marcado pelo forte crescimento econômico, no qual o Brasil crescia a um ritmo de 10% ao ano, e pela posição brasileira entre as dez primeiras economias mundiais, esse período representou um resultado das ações promovidas pelo governo militar de estímulo ao desenvolvimento do parque industrial brasileiro. Porém, é interessante destacar que foi um período de grande concentração da renda brasileira bem como do reforço da concentração industrial na região sudeste. Desde o governo de Getúlio Vargas o parque industrial brasileiro tendeu a se concentrar na Região Sudeste, devido aos atrativos industriais que a região possuía por ter sido palco, ou participar ativamente, dos grandes ciclos econômicos brasileiros. Quanto aos atrativos industriais é possível perceber a concentração populacional que participa como mão de obra e mercado consumidor, a presença de matéria prima, devido à fixação das indústrias de base e quadrilátero ferrífero, maior desenvolvimento da infraestrutura de logística e energia estimulada do Segundo Reinado pela chegada da Família Real e a disponibilidade de capital com a queda da atividade cafeeira. Dessa forma, o que o governo militar promovia durante o Milagre Econômico era o reforço da concentração que já existia do parque industrial.
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�uanto aos atrativos industriais é possível perceber Como o maquinário utilizado pelas lavouras não era produzido no Brasil – já que JK não estimulou o a concentração populacional que participa como desenvolvimento desse setor industrial, passando mão de obra e mercado consumidor, a presença de da indústria de base diretamente para a indústria de matéria prima, devido à fixação das indústrias de bens de consumo duráveis -, e as áreas modernizadas CAPÍTULO 9 Industrialização base e quadrilátero ferrífero, maior desenvolvimento produziam, em sua grande maioria, para a exportação da infraestrutura de logística e energia estimulada a Década Perdida não prejudicou o desenvolvimento ÀReal FILOSOFIA do Segundo Reinado pela TRODUÇÃO chegada da Família e do setor primário. Primeiramente, a Revolução Verde a disponibilidade de capital com a queda da atividade concentrou-se nas regiões Sudeste e Sul, sendo cafeeira. Dessa forma, o que o governo militar que a partir da década de 1980 seguiu em direção à O fim do Milagre Econômico deveu-se a Primeira Crise do promovia durante o Milagre Econômico era o reforço da plantio, que já se desenvolviam como áreas melhoradas, além região promovendo aumento das Petróleoconcentração desencadeada pela Guerra de Yom Kippur em de ampliarCentro-Oeste, as melhorias para áreas que jáum possuíam produção. que já existia do parque industrial. áreas de plantio, que já se desenvolviam como áreas
1973, no Oriente Médio. A Síria e Egito resolveram atacar fim Israel, do Milagre Econômico Primeirana Crise o EstadoO de buscando reaver deveu-se as áreas aperdidas do Petróleo desencadeada pela Guerra de Yom Kippur Guerra dos Seis Dias em 1967, Colinas de Golã e Península do em 1973, no Oriente Médio. A Síria e Egito resolveram Sinai, respectivamente, no dia do Perdão – Yom Kippur, por atacar o Estado de Israel, buscando reaver as áreas acreditarem que o exército de Israel estaria vulnerável pelas perdidas na Guerra dos Seis Dias em 1967, Colinas de comemorações locais. Porém, do que acreditavam, o do Golã e Península do diferente Sinai, respectivamente, no dia Estado de Israel reagiu ataque deacreditarem guerra e acabou Perdão – Yomao Kippur, por queganhando o exército de a guerraIsrael árabe-israelense por maispelas umacomemorações vez. Diante disso, estaria vulnerável locais. os paísesPorém, da Ligadiferente Árabe, formada 1945 por Egito, Iraque, de do queemacreditavam, o Estado reagiu de guerra e acabou ganhando Jordânia,Israel Líbano, Síriaaoe ataque Arábia Saudita com o objetivo de a guerra árabe-israelense mais uma vez.lutar Diante evitar a construção do Estado de Israelpor e, posteriormente, os países Liga infl Árabe, formada 1945 por contra adisso, sua presença, pordaterem uência sobre aem extração Egito, Jordânia,na Líbano, e Arábia do petróleo, já Iraque, que se localizam maior Síria área de reservaSaudita de o objetivo de evitar a construção do Estado de petróleocom do mundo, resolvem aumentar o preço do petróleo Israel e, posteriormente, lutar contra a sua presença, de $ 2,70 para $ 11,00 dólares. Essa medida foi tomada diante por terem influência sobre a extração do petróleo, já da visãoque da incapacidade Estado de Israel via se localizam de na vencerem maior áreao de reserva de petróleo militar, edo seria uma forma de atacar os países que defendiam a de mundo, resolvem aumentar o preço do petróleo presença$ do Estado região da Palestina. 2,70 parade $ Israel 11,00nadólares. Essa medida foi tomada
Convém não esquecer que o uso intenso de tecnologia melhoradas, além de ampliar as melhorias para áreas se que concentra entre os produtosConvém que serão já possuíam produção. não exportados, esquecer normalmente desenvolvidos em grandes propriedades. que o uso intenso de tecnologia se concentra entre A os produtos queao serão exportados, normalmente produção destinada abastecimento nacional, geralmente em egrandes propriedades.não A produção se desenvolvidos faz em pequenas médias propriedades possuindo ao abastecimento nacional, geralmente se fazda as destinada mesmas tecnologias utilizadas para o desenvolvimento em pequenas e médias propriedades não possuindo as agricultura de exportação. mesmas tecnologias utilizadas para o desenvolvimento da agricultura de exportação.
A Década Perdida vivenciou diversas tentativas de melhoria A Década Perdida vivenciou diversas tentativas de com os planos econômicos desenvolvidos como Plano melhoria com os planos econômicos desenvolvidos Cruzado (1986),Cruzado Bresser (1986), (1987) eBresser o Plano(1987) Verão e(1989) não como Plano o Plano apresentando grande na estabilização econômica Verão (1989) não êxito apresentando grande êxito na brasileira. estabilização econômica brasileira. A década de 1990 é marcada pela abertura econômica
A brasileira década de 1990 é marcadadapela abertura econômica com a implantação política neoliberal. Essa brasileira a implantação da políticade neoliberal. Essa política políticacom proposta pelo Consenso Washington para proposta pelo Consenso de Washington paraLatina, melhoramento melhoramento da economia da América trouxe aberturada econômica do Brasil e aa abertura chegada econômica de vária daaeconomia América Latina, trouxe Essas indústrias promoveram maior diante da visão da incapacidade de vencerem o Estado domultinacionais. Brasil e a chegada de vária multinacionais. Essas indústrias diversificação e melhoramento do parque industrial O fato é que para o Brasil e para as nações que possuíam de Israel via militar, e demais seria uma forma de atacar os promoveram maior diversificação e melhoramento do parque brasileiro, bem como o fechamento de várias empresas países quebase defendiam a presença do Estado de do Israel industrial o petróleo como energética o aumento do preço brasileiro, bem como o fechamento de várias brasileiras. região da Palestina. petróleonarepresentou um grande empecilho à manutenção empresas brasileiras. Atualmente, devido à crise econômica mundial e à do desenvolvimento econômico. inicialmente O fato é que para o Brasil e No paraBrasil, as demais nações que concorrência com produtos chineses, vários setores representou o fim odopetróleo Milagre como Econômico e, posteriormente, devido à crise econômica mundial e à possuíam base energética o aumento Atualmente, industriais do Brasil vivenciam uma queda na produção com a Segunda Crise do Petróleo em 1979, a confi guração de do preço do petróleo representou um grande empecilho concorrência com produtos chineses, setores industriais e até mesmo o fechamento de vários unidades industriais, um longo de crise denominada década No doprocesso à período manutenção doeconômica, desenvolvimento econômico. Brasil vivenciam uma queda na produção e até mesmo o denominado desindustrialização. perdida.Brasil, inicialmente representou o fim do Milagre fechamento de unidades industriais, processo denominado Econômico e, posteriormente, com a Segunda Crise do desindustrialização. Petróleo em 1979, configuração de umna longo período Essa crise vivenciada pela aeconomia brasileira década crise econômica, denominada décadaeconômico, perdida. de 1980decaracterizou pelo baixo crescimento Distribuição industrial brasileira concentrado secundário e terciário, brasileira além de na Essa nos crisesetores vivenciada pela economia elevadasdécada taxas de ação,caracterizou ou seja, aumento descontrolado deinfl 1980 pelo baixo crescimento econômico, concentrado setores secundário do preço dos produtos em geral. nos Nesse período, o setor e terciário, além de elevadas taxas inflação, ou seja, secundário do Brasil cresceu a taxas ínfi mas, de sendo que vários aumento sucatearam-se descontrolado pela do falta preçodedos produtos em ramos industriais investimentos no setor.geral. Nesse período, o setor secundário do Brasil
Distribuição industrial brasileira
cresceu a taxas ínfimas, sendo que vários ramos industriais sucatearam-se pela falta de investimentos É interessante destacar que a década perdida atingiu, de no setor.
maneira significativa, apenas o setor secundário e terciário. O É interessante destacar que a o década perdida atingiu, setor primário praticamente não sentiu momento de crise, de maneira significativa, apenas o setor das secundário apresentando, inclusive, um grande crescimento áreas e terciário. O setor primário praticamente não sentiu o produtoras e um melhoramento da produção, principalmente, momento de crise, apresentando, inclusive, um grande dos produtos destinados à exportação. Essa incoerência crescimento das áreas produtoras e um melhoramento se deu pelo fato de o setor primário brasileiro vivenciar a da produção, principalmente, dos produtos destinados Revolução Verde – Implantação de tecnologias à exportação. Essa incoerência se deurelacionadas pelo fato de o ao setorsetor primário como o uso de maquinário, primário brasileiro vivenciar amelhoramento Revolução Verde da qualidade do solo e dade lavoura com a utilização de insumos – Implantação tecnologias relacionadas ao setor químicosprimário (pesticidas e adubos), e, maquinário, até mesmo, seleção de como o uso de melhoramento da de qualidade solo e da lavoura com aadequada utilização de sementes, maneirado a se encontrar a linhagem insumos químicos (pesticidas eaadubos), mesmo, para o clima em que será desenvolvida produçãoe,-, até desde a seleção década de 1970. de sementes, de maneira a se encontrar a linhagem adequada para o clima em que será
desenvolvida a produção -, desde não a década de 1970. Como o maquinário utilizado pelas lavouras era produzido no Brasil – já que JK não estimulou o desenvolvimento desse setor industrial, passando da indústria de base diretamente para a indústria de bens de consumo duráveis -, e as áreas modernizadas produziam, em sua grande maioria,�eo�ra�a para a exportação a Década Perdida não prejudicou o desenvolvimento do setor primário. Primeiramente, a Revolução Verde concentrou-se nas regiões Sudeste e Sul, sendo que a partir da década de 1980 seguiu em direção à região Centro-Oeste, promovendo um aumento das áreas de
208 Geografia | Curso Enem 2019
Autores: João Carlos Moreira Eustáquio dee do Sene. Autores: João Carlos Moreira e Eustáquio de Sene. eGeografi a Geral Brasil: Geografia Geral e do Brasil: e globalização, espaçoespaço geográfigeográfico co e globalização, pág. 387-398. pág. 387-398.
195
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Industrialização
EXERCÍCIOS
CAPÍTULO 9
modo diferente do modelo de produção em série.
c) 1. (Enem) A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do desdobramento da divisão territorial d) do trabalho no Brasil. A produção industrial torna-se mais C apí tul o 9 – Isobretudo, N DU Spara T R novas I A L áreas I Z Ado ÇÃO complexa, estendendo-se, e) Sul e para alguns pontos do Centro- Oeste, do Nordeste e do Norte.
Exercícios
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
empregavam fontes de energia abundantes para o funcionamento das máquinas. realizava parte da produção por cada operário, com uso de máquinas e trabalho assalariado. faziam interferências do processo produtivo por técnicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo de produção.
4. (Enem) 4. (Enem)
1. fator (Enem) dos anos impõe-se um Um geográfiAco partir que contribui para o 70, tipo de alteração da movimento dedescrito desconcentração da produção configuração territorial no texto é: industrial,
uma
das
manifestações
do
a)
desdobramento da divisão territorial do trabalho Obsolescência dos portos.
b)
complexa,deestendendo-se, sobretudo, para novas Estatização empresas.
c)
Oeste, dode Nordeste e fido Norte. Eliminação incentivos scais.
d)
Ampliação deterritório políticaseprotecionistas. O Brasil: sociedade no início do século XXI.
e)
Desenvolvimento dos meios de comunicação.
no Brasil. A produção industrial torna-se mais
áreas do Sul e para alguns pontos do CentroSANTOS, M.; SILVEIRA, M. L.
Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
Um fator geográfico que contribui para o tipo de alteração da configuração descrito no 2. (Enem) Na produção social qualterritorial os homens realizam, texto é:em determinadas relações indispensáveis e eles entram a) Obsolescência dos portos. independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento b) Estatização de empresas. das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas c) Eliminação de incentivos fiscais. relações constitui a estrutura econômica da sociedade – d) Ampliação de políticas protecionistas. fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas Desenvolvimento dos meios de comunicação. políticae)e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.
Disponível em: http://ensino.univates.br.
Na imagem, estão representados dois de(adaptado) produção. Acesso em 11modelos maio 2013 A possibilidade de uma crise de superprodução é distinta Na imagem, estão representados dois modelos entrede elesprodução. em função do fator: de uma crise de A seguinte possibilidade superprodução é distinta entre eles em função do
a)
Origem defator: matéria-prima. seguinte
b)
a) Origem matéria-prima. qualifi cação dede mão de obra.
c)
Velocidade de processamento. c) Velocidade de processamento.
d)
d) Necessidade de armazenamento. Necessidade de armazenamento.
(Enem) Na produção social qual os homens
e)
Amplitude do mercado consumidor.
São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado). indispensáveis e 3. independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um definido deeconomia desenvolvimento das suas Para oestágio autor, a relação entre e política estabelecida forças materiais produção. A totalidade dessas no sistema capitalista fazde com que relações constitui a estrutura econômica da fundamento o de qual se a) osociedade proletariado–seja contempladoreal, pelo sobre processo maiserguem as superestruturas política e jurídica, e valia. ao qual correspondem determinadas formas de b) oconsciência trabalho se social. constitua como o fundamento real da
5.
(Enem) Até o século XVII, as paisagens rurais
c)
produção MARX, K.material. Prefacio a Critica da economia politica. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, a consolidação das forças produtivas seja 1977compatível (adaptado).
a)
a erradicação no mundo. aa) erradicação da fomeda no fome mundo.
b)
d)
Para o autor, a relação entre economia e política nosociedade sistema capitalista faz com queao aestabelecida autonomia da civil seja proporcional
o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas das áreas urbanas. urbanas. c) a maior demanda por recursos naturais,
c)
a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os d) a menor necessidade de utilização de adubos recursos energéticos.
d)
ae) menor de utilização adubos o necessidade contínuo aumento da de oferta dee corretivos emprego no setor primário da economia, em face da na agricultura.
e)
o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário economia, em face daem mecanização. (Enem)da Um trabalhador tempo flexível
2.
MARX,realizam, K. Prefacio a Critica economia em politica. In. MARX, K. ENGELS F. Textos elesdaentram determinadas relações
e)
com o progresso humano.
desenvolvimento econômico. a) o proletariado seja
processo de mais-valia.
contemplado
pelo
a burguesia revolucione o processo social de formação b) o trabalho se constitua como o fundamento da consciência classe. material. real da de produção
c) a consolidação das forças produtivas seja 3. (Enem) A evolução do processo de transformação de compatível com o progresso humano. matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios: manufatura d) artesanato, a autonomia dae maquinofatura. sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
Um desses foi o artesanato, emoque se e) estágios a burguesia revolucione processo social de a) 3.
b)
formação da consciência de classe.
trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira padronizada.
(Enem) A evolução do processo de transformação
de matérias-primas produtos acabados trabalhava geralmente semem o uso de máquinas e de ocorreu em três estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o artesanato, em que se a)
trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira padronizada.
b)
trabalhava
geralmente
sem
o
uso
de
b�
e)
��a�����a�ão de mão de obra.
Amplitude do mercado consumidor.
5. (Enem) Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas eram marcadas por atividades rudimentares e por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir de baixa produtividade. A partir da Revolução da Revolução Industrial, porém, sobretudo com advento da da Industrial, porém, sobretudo com o oadvento revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo revolução tecnológica, houve um desenvolvimento do setor agropecuário. contínuo do setor agropecuário. portanto, consequências São, São, portanto, observadasobservadas consequências econômicas, econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à no período posterior à Revolução Industrial, as Revolução Industrial, as quais incluem quais incluem b)
o aumento das áreas rurais e a diminuição
entre os quais os recursos energéticos. e corretivos na agricultura.
6.
mecanização.
controla o local do trabalho, mas não adquire
6. (Enem) trabalhador em otempo flexívelem controla local maiorUm controle sobre processo si. Ao essa do trabalho, não estudos adquire maior controle sobre o processo altura, mas vários sugerem que a supervisão em si.do A trabalho essa altura, estudos queos a supervisão é vários muitas vezes sugerem maior para ausentes do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente e o poder sobre o escritório do que paradescentralizado os presentes. O trabalho é fisicamente trabalhador, mais direto.
SENNETT R. A corrosão do caráter, consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).
Curso Enem 2019 | Geografia Comparada à organização do trabalho característica 209 do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que
CAPÍTULO 9
Industrialização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.
II. O texto refere-se à produção informatizada, e o quadrinho, à produção artesanal.
SENNETT R. A corrosão do caráter, consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).
Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que a)
as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais.
b)
as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico.
c)
os procedimentos de tercerização sejam aprimorados pela qualificação profissional.
d)
as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional.
e) 7.
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não depende do conhecimento de todo o processo por parte do operário. Dentre essas afirmações, apenas: a)
I está correta.
b)
II está correta.
c)
III está correta.
d)
I e II estão corretas.
e)
I e III estão corretas.
9. (Enem) De todas as transformações impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística de transportes, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma que logística” C arazão p í tmuito u l osimples: 9 – oIpotencial NDUS Ttal R“ferramenta IALIZA ÇÃ O ostenta permite que haja, de fato, um sistema de transportes os mecanismos de controle sejam deslocados dos condizente com a escala geográfica do Brasil. processos para os resultados do trabalho. HUERTAS. D. M. O papel transportes expansão recente da fronteira A necessidade dedos modais de na transporte interligados, agrícola brasileira. Revista Transporte y Territorio. Universidade de Buenos
(Enem) O fechamento de seis unidades de
7. (Enem) O fechamento de seis unidades uma empresa uma empresa calçadista na Bahiadedeve resultar calçadista na Bahia de deve1 resultar na demissão de 1 800 na demissão 800 funcionários. Enquanto funcionários. Enquanto no Brasil, empresa abre demite no Brasil, demite a empresa abre auma fábrica na umaÍndia. fábricaNas na Índia. Nas seis unidades fechadas na Bahia seis unidades fechadas na Bahia eram cabedaisdede calçados esportivos que eramproduzidos produzidos cabedais calçados esportivos que serão serão também fabricados também na Índia. fabricados na Índia.
no território brasileiro, justifica-se pela(s)
Aires, n. 3, 2010 (adaptado).
a)
variações climáticas no território, associadas à interiorização da produção. A necessidade de modais de transporte interligados, no
território ca-se pela(s) b) brasileiro, grandesjustifi distâncias e a busca da redução dos custos de transporte.
a)
variações climáticas no território, associadas à interiorizac) daformação ção produção. geológica do país, que impede o
A estratégia produtiva adotada pela empresa, queempresa, explica o A estratégia produtiva adotada pela processo está indicada na:descrito, está que econômico explica o descrito, processo econômico
b)
grandes distâncias e a busca da redução dos custos de d) proximidade entre a área de produção transporte.
a)
c)
formação geológica do país, fluxos que impede o uso de um e) diminuição dos materiais em único detrimento modal. de fluxos imateriais.
d)
proximidade entre a área de produção agrícola intensiva
O Globo. 172011 dez 2011 (adaptado). O Globo. 17 dez (adaptado).
indicada na:
Redução dos custos logísticos. a)
Redução dos custos logísticos.
b)
Expansão dos benefícios sociais. sociais. b) Expansão dos benefícios
c)
Planifi cação da produção industrial.industrial. c) Planificação da produção
d)
d) Modificação da estrutura Modifi cação da estrutura societária.societária.
e)
Ampliação da qualificação profissional.
8.
(Enem) …Um operário desenrola o arame, o outro
e)
Ampliação da qualificação profissional.
8. (Enem) ...Um operário desenrola arame, o outro o o endireita, um terceiro corta,o um quarto o afia endireita, um terceiro um quarto afia nas do pontas para nas pontas paracorta, a colocação daocabeça alfinete; para fazer cabeça requerem-se 3 ou a colocação da a cabeça dodo alfialfinete nete; para fazer a cabeça do4 alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; ... operações diferentes; … Smith, Adam. sobre A riqueza das nações. Smith, Adam. A riqueza das nações. Investigação a sua natureza e suas Investigação sobre a causas. sua natureza e suas causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural,Vol. 1985.I. São Paulo: Nova Cultural, 1985. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de 1977.
uso de um único modal.
agrícola intensiva e os portos.
10. (Enem) e os portos.A industrialização do Brasil é fenômeno recente e se processou de maneira bastante daquela nos EstadosdeUnidos e) diversa diminuição dos fluxosverificada materiais em detrimento fluxos e na Inglaterra, sendo notáveis, entre outras imateriais. características, a concentração industrial em São Paulo eA a forte desigualdade renda mantida 10. (Enem) industrialização do Brasilde é fenômeno recenteao e longo dodetempo. se processou maneira bastante diversa daquela verificada
nos Estados Unidos e na Inglaterra, sendo notáveis, entre Outra característica da industrialização brasileira outras características, a concentração industrial em São Paulo foi desigualdade de renda mantida ao longo do tempo. e a forte a)
a fraca intervenção estatal, dando-se preferência às forças de mercado, que os estatal, produtos e as técnicas sua a fracadefinem intervenção dando-se preferênciapor às forças deconta. mercado, que definem os produtos e as técnicas
Outra característica da industrialização brasileira foi a)
por b) sua a conta. presença de políticas públicas voltadas
do Brasil, 19 fevereiro de 1977. A respeito do texto Jornal e do quadrinho sãodefeitas as seguintes afirmações:
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, submetidos os operários. à qual são submetidos os operários.
II.
O texto refere-se à produção informatizada,
quadrinho, à produção artesanal. Enem 2019 210 Geografiae| oCurso
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não depende do
para a supressão das desigualdades sociais e
b)
a presença de políticas públicas voltadas para a supresregionais, e desconcentração técnica. são das desigualdades sociais e regionais, e desconcentração c) otécnica. uso de técnicas produtivas intensivas em
c)
o uso de intensivas em mão-de-obra emtécnicas relaçãoprodutivas aos países com indústria pesada. qualificada e produção limpa em relação aos países com indústria d) a pesada. presença constante de inovações
d)
a presença constante de inovações empresas privadas em tecnológicas pesquisa eresulem tantesdesenvolvimento dos gastos das empresas privadas em pesquisa e de novos produtos. em desenvolvimento de novos produtos.
mão-de-obra qualificada e produção limpa
tecnológicas
e)
resultantes
dos
gastos
das
a substituição de importações e a introdução de cadeias complexas para a produção de matérias-primas e de bens intermediários.
11. (Enem)
mão-de-obra qualificada e produção limpa em relação aos países com indústria pesada. d)
as as
alho,
zada,
oduto e do parte ções,
ostas l à s de muito stica” ma de ca do
ansão porte 2010 ado).
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
1977.
a presença constante de inovações tecnológicas resultantes dos gastos das empresas privadas em pesquisa e em desenvolvimento de novos produtos.
e) a substituição de importações e a introdução e) a substituição de importações e a introdução de cadeias de cadeias complexas para a produção de complexas para a produção de matérias-primas e de matérias-primas e de bens intermediários. bens intermediários. (Enem) 11.11. (Enem)
Industrialização
CAPÍTULO 9
empresa. Mesmo não exercendo diretamente suas atividades profissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão, para o caso de a empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão, para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager. A remuneração para esse estado de alerta é irrisória ou inexistente. KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. In: DEDECCA, C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 2006 (adaptado).
A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho apresentada pelo texto implica o a)
prolongamento da jornada de trabalho com a intensificação da exploração.
Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização Considerando-se a dinâmica entreé caracterizada tecnologia e do trabalho, a representação contida no cartum organização do relação trabalho, a representação contida pelo pessimismo em à no cartum é caracterizada pelo pessimismo em à progresso. a)relação ideia de
b)
aumento da fragmentação da produção com a racionalização do trabalho.
c)
privilégio de funcionários equipamentos eletrônicos.
b)a) concentração do capital. ideia de progresso.
d)
crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada.
e)
declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos.
NEVES, E. Engraxate. Disponível em: www.grafar. NEVES, E. Engraxate. Disponível em: www.grafar.blogspot. blogspot. com. com. Acesso em: 15 fev. 2013 Acesso em: 15 fev. 2013
c)b) noção de sustentabilidade. concentração do capital. d)c) organização sindicatos. noção dedos sustentabilidade. e) obsolescência dos equipamentos. d) organização dos sindicatos. 12. (Enem) Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico e) obsolescência dosdos equipamentos. quanto uma certa liberação ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela 197 marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso — todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
Secult-CE, 2001 (adaptado).
a)
melhoria da qualidade da produção industrial.
b)
redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
c)
permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
d)
diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
e)
ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.
13. (Enem) Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior das fronteiras que separam o espaço de trabalho e o do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanismos modernos de comunicação permitem que, no horário de descanso, os trabalhadores permaneçam ligados à
com
14. (Enem) Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas da Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.
SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a
familiarizados
A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a) a)
intensificação da busca do lucro econômico.
b)
flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.
c)
esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.
d)
aumento das oportunidades de confraternização familiar.
e)
multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.
15. (Enem) Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
Curso Enem 2019 | Geografia
211
CAPÍTULO 9
Industrialização
TRODUÇÃO À FILOSOFIA SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult-CE, 2001 (adaptado).
Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a
d)
organização em rede e tecnologia de informação.
e)
gestão centralizada e protecionismo econômico.
GABARITO
a)
melhoria da qualidade da produção industrial.
1
E
6
E
11
A
16
D
b)
redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
2
B
7
A
12
E
17
D
c)
permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
3
B
8
E
13
A
4
D
9
B
14
C
d)
diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
5
C
10
E
15
E
e)
ampliação do período disponível para a jornda de trabalho.
16. (Enem) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plantações de 19271928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi o(a) a)
atração de empresas estrangeiras.
b)
reformulação do sistema fundiário.
c)
incremento da mão de obra imigrante.
d)
desenvolvimento de política industrial.
e)
financiamento de pequenos agricultores.
17. (Enem) Um carro esportivo é financiado pelo Japão, projetado na Itália e montado em Indiana, México e França, usando os mais avançados componentes eletrônicos, que foram inventados em Nova Jérsei e fabricados na Coreia. A campanha publicitária é desenvolvida na Inglaterra, filmada no Canadá, a edição e as cópias, feitas em Nova York para serem veiculadas no mundo todo. Teias globais disfarçam-se com o uniforme nacional que lhes for mais conveniente. REICH, R. O trabalho das nações: preparando-nos para o capitalismo no século XXI. São Paulo: Educator, 1994 (adaptado).
A viabilidade do processo de produção ilustrado pelo texto pressupõe o uso de a)
linhas de montagem e formação de estoques.
b)
empresas burocráticas e mão de obra barata.
c)
controle estatal e infraestrutura consolidada.
212 Geografia | Curso Enem 2019
ul o 10 pAG í t Ca uRO lp oí tPE 10 C UÁ RI A
Agropecuária
A G R OP E C U ÁR IA
Capítulo 10
R OPE CU ÁCAPÍTULO RIA 10
CONCEITOS:
Agropecuária
- Agropecuária:
CONCEITOS:
atividade ligada ao setor primário da economia que realiza a agricultura e pecuária.
- Agropecuária: - Sistema agropecuário:
CONCEITOS: CEITOS:
atividade ligada ao setorpelo primário da economia que conjunto de técnicas utilizadas homem para realiza a agricultura e pecuária. obter do solo, ou com ele desenvolver, os produtos
���������������������������������������������������� - Acessado emé 02/03/2016 dessa mão de obra precisa ser elevada. No Brasil, o tipo de
sistema intensivo predominante.
- Sistema agropecuário - • Sistema agropecuário: Agropecuária: ���������������������������������������������������� - extensivo: Acessado em 02/03/2016 conjunto de técnicas utilizadas pelo homem para atividade ligada ao setor primário da economia que realiza a - Sistema opecuária: obter do agropecuário solo, ou com ele desenvolver, os produtos processo que utiliza o solo de maneira pouco agricultura e pecuária. vegetais e animais. Os sistemas agropecuários intensa, não aproveitando o solo em sua capacidade - Sistema agropecuário intensivo: podem se dividir em intensivo ou extensivo. ligada ao •setor primário da economia que máxima de cultivo ou criação. O sistema extensivo Sistema agropecuário: vegetais e animais. Os sistemas agropecuários podem se dividir em intensivo ou extensivo.
extensivo:
agricultura e pecuária. processo que utiliza o solo de maneira intensa,
caracteriza-se pelo(a):
- Sistema agropecuário intensivo: ema agropecuário:
conjunto de técnicas utilizadas pelo homem para obter do produzindo em sua capacidade máxima de cultivo - uso quase insignificante processo que utilizade o maquinário. solo de maneira pouco solo, ou com ele desenvolver, os produtos vegetais e animais. intensa, não aproveitando o solo em sua capacidade ou criação. O sistema intensivo pode se dividir em: - uso de ferramentas. Os sistemas agropecuários podem se dividir em intensivo ou https: i. timg.com vi l i Sp ej maxresdefault.jpg máxima de cultivo ou criação. O sistema extensivo extensivo. possui como principal fator de em 02/03/2016 trabalho: -���������������������������������������������������� baixacaracteriza-se utilização depelo(a): insumosAcessado químicos. processo que utiliza o solo de maneira intensa, Acessado em 02/03/201 produção o elevado número de trabalhadores de técnicas utilizadas pelo homem para de cultivo -- Sistema extensivo: não seleção de espécies e sementes. em sua capacidade máxima - usoagropecuário quase insignificante de maquinário. • produzindo Sistema agropecuário intensivo: por área, que realizam, principalmente na solo, ou com desenvolver, os produtos ou ele criação. O sistema intensivo pode se dividir em: -processo mão -de obra reduzida desqualificada. uso de ferramentas. que utiliza o solo deemaneira pouco intensa, não agricultura, intensivos. processo quecuidados utiliza o solomanuais de maneira intensa, produzindo aproveitando o solo em sua capacidade máxima de cultivo ou e animais. Os sistemas agropecuários trabalho: possui como ouprincipal - baixa utilização de insumos químicos. Normalmente, faz máxima uso dedeinsumos químicos em- sua capacidade cultivo criação. O fator sistemade criação. O sistema extensivo caracteriza-se pelo(a): dividirnaturais em intensivo ou extensivo. produção o elevado número de trabalhadores intensivo se dividir em: maquinário. epode não utiliza Esse - não seleção de espécies e sementes. área, que de realizam, principalmente na - uso quase insignificante de maquinário. - uso de ferramentas. sistema por é chamado jardinagem e é - mão de obra reduzida e desqualificada. agricultura, cuidados intensivos. - trabalho: possui como principal fator de produção o - baixa utilização de insumos químicos. fortemente encontrado no manuais continente Normalmente, faz uso por decomo insumos químicos - não seleção de espécies e sementes. elevadoem número de que trabalhadores área, que realizam, asiático, áreas possuem clima processo utiliza ocada. solobásica de maneira pouc de obra que reduzida e desqualifi é- mão o cultivo de produtos da dieta de uma principalmente na agricultura, cuidados manuais intensivos. naturais e não utiliza maquinário. o de Monções, produzindo principalmente Esse intensa, não aproveitando o solo em sua capacidad Normalmente, faz uso insumos químicos naturais e não sistema é de chamado de jardinagem e é localidade, que são destinados ao consumo próprio arroz (rizicultura). Agricultura de subsistência: utiliza maquinário. Esse sistema é chamado de jardinagem e- à comercialização excedente. fortemente encontrado no continente máxima de cultivodoou criação. O sistema extensiv e é fortemente em asiático,encontrado em áreas no quecontinente possuemasiático, como clima é o cultivo de produtos da dieta básica uma localidade, caracteriza-se pelo(a): é o cultivo de produtos dadedieta básica de uma que utiliza solo decomo maneira áreasoque possuem clima o deintensa, Monções, produzindo o de Monções, produzindo principalmente que são destinados ao consumo próprio e à comercialização localidade, que são destinados ao consumo próprio principalmente arroz (rizicultura). excedente. arroz (rizicultura). do em sua capacidade máxima de cultivo - do uso quase insignificante de maquinário. e à comercialização do excedente.
ema agropecuário nsivo:
- Sistema agropecuário - Agricultura de extensivo: subsistência: - Agricultura de subsistência:
- Agricultura familiar:
o. O sistema intensivo pode se dividir em:
realizada -uso Agricultura familiar: predominantemente pelo -agricultura de ferramentas.
- Agricultura familiar: quando necessário, que produz, agricultura realizada predominantemente pelo químicos. grupo familiar, balho: possui como principal fator de -somente baixa utilização de insumos contratando outros funcionários somente quando necessário, normalmente, produtos de subsistência destinados agricultura realizada predominantemente pelo dução o elevado número de trabalhadores que produz, normalmente, de subsistência -ao não seleção de espécies e sementes. consumo próprio e contratando ao produtos abastecimento No grupo familiar,próprio outros local. funcionários destinados ao consumo e ao abastecimento local. área, que realizam, principalmente na Brasil, é a agricultura responsável pela maior parte somente quando necessário, que produz, Brasil,de é aobra agricultura responsável maior parte do - No mão reduzida e pela desqualificada. cultura, cuidados manuais intensivos. do abastecimento normalmente, produtos de subsistência destinados abastecimento nacional.nacional. ao consumo próprio e ao abastecimento local. No malmente, faz uso de insumos químicos Brasil, é a agricultura responsável pela maior parte http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agriculturaurais e não utiliza maquinário. Esse jardinagem.htm - Acessado em 02/03/2016 do abastecimento nacional. ema é chamado de jardinagem e é capital: possui como principala/agriculturafator http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografi http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agriculturaemente encontrado no continente - -Acessado em 02/03/2016 de produção jardinagem.htm o jardinagem.htm capital, que financia o Acessado em 02/03/2016 tico, emdesenvolvimento áreas que possuem como clima e a aquisição das tecnologias é o cultivo de produtos da dieta básica de um - capital: possui como principal fator de produção o - produzindo capital: possui como principalcapital, fator e Monções, principalmente utilizadas nao desenvolvimento agropecuária. Normalmente, que financia e a aquisição das tecnologias de produção o capital, que financia o localidade, que são destinados ao consumo própr z (rizicultura). faz utilizadas uso de insumos Normalmente, químicos sintéticos, na agropecuária. faz uso de insumos desenvolvimento e a aquisição das tecnologias e à comercialização do excedente. maquinário e sementes O químicos sintéticos, maquinário selecionadas. e sementes selecionadas. O grupo familiar, contratando outros funcionários
- Agricultura de subsistência:
utilizadas na agropecuária. Normalmente,
número de de trabalhadores/área é reduzido e a qualificação número é reduzido faz trabalhadores/área uso de insumos químicos sintéticos, e a qualificação dessa mão de obra precisa maquinário e sementes selecionadas. O ser elevada. No Brasil, é o tipo de sistema número de trabalhadores/área é reduzido intensivo epredominante. a qualificação dessa mão de obra precisa
- Agricultura familiar:
Curso Enem 2019 | Geografia 213 agricultura realizada predominantemente pe familiar, contratando outros funcionário somente quando necessário, que produz
ser elevada. No Brasil, é o tipo de sistema grupo intensivo predominante.
CAPÍTULO 10
C a pí t ul o 1 0 – A G R OP E C U Á R I A
Agropecuária
C apí tu l o 10 – A G R OP E C UÁ R I A
TRODUÇÃO À FILOSOFIA C a pí t u l o 1 0 – A G R O P E C U Á R IA
O agronegócio abrange toda a cadeia produtiva da
incluindo bovinos, aves agrícolas, os O implementos –da como O máquinas agronegócio toda a GR cadeia produtiva Cagricultura apeíequipamentos t uabrange l o e1 0da –pecuária, A P E C UÁRIA agricultura dalovinos pecuária, aves, e–incluindo caprinos. cadeiaa começa na adubos e defensivos -, o0benefi ciamento ou a manufatura Csuínos, ap íet u o 1 A GRObovinos, PEssa EC UÁRIA suínos, ovinos e ecaprinos. Essa cadeia começa na isso partir da produção enas a distribuição produtos, tudo indústria empresas fornecem equipamentos O agronegócio abrange todados aque cadeia produtiva da indústria e nas empresas que fornecem equipamentos, éagricultura chamado de agronegócio. O agronegócio abrange todaaves, adubos como sementes, tratores, colheitadeiras, e da pecuária, incluindo bovinos, como sementes, tratores, colheitadeiras, adubos, asuínos, produtiva da agricultura eaEssa da pecuária, Ocadeia agronegócio abrange toda cadeia produtiva ovinos eagrícolas. caprinos. cadeia começa rações e defensivos agrícolas. Emincluindo seguida, rações e defensivos Em seguida, estão a da na estão a bovinos, aves, suínos, ovinos e caprinos. Essa cadeia começa O agronegócio abrange toda a cadeia produtiva da agricultura e da pecuária, incluindo bovinos, indústria e nas empresas que fornecem equipamentos, plantação e de a criação animais. Umaéaves, terceira etapa é plantação e a criação animais. de Uma terceira etapa agricultura ede da pecuária, incluindo bovinos, aves, suínos, ovinos eempresas caprinos. Essa cadeia começa na indústria e nas que fornecem equipamentos, como sementes, tratores, colheitadeiras, adubos, a na das indústrias transformação, como os frigoríficos, a das indústrias de transformação, como os frigoríficos suínos, ovinos e caprinos. cadeia começa na indústria e defensivos nas empresas queEssa fornecem equipamentos, como sementes, tratores, colheitadeiras, adubos, rações rações e Em seguida, empresas de torrefação deagrícolas. café, usinas de açúcar e estão empresas de tratores, torrefação de café, usinas de aaçúcar e ee nas empresas que fornecem como sementes, colheitadeiras, adubos, eindústria defensivos agrícolas. Emde seguida, plantação e a álcool, de suco de laranja, óleo de estão soja eaequipamentos, de couros, plantação a criação de animais. Uma terceira etapa é álcool, de suco de laranja, de óleo de soja como sementes, tratores, colheitadeiras, adubos, rações eanimais. defensivos agrícolas. Em seguida, estão por exemplo. O setor abrange ainda os setores de deae de couros criação de Uma terceira etapa é a das indústrias a das indústrias de transformação, como os frigoríficos, http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ rações defensivos agrícolas. Em estão plantação e acomo criação detransporte animais. Uma terceira etapa pore exemplo. setor abrange osaé setores de embalagens, e seguida, empresas http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ Agricultura-Familiar_Miolo.jpg Acessado 03/03/2016 transformação, os O frigorífi cos,café, empresas deainda torrefação empresas conservação, de torrefação de usinas dedeaçúcar e Agricultura-Familiar_Miolo.jpg-- Acessado emem 03/03/2016 plantação e a criação de animais. Uma terceira etapa é a das indústrias de transformação, como os frigoríficos, comércio exterior (as trandings). embalagens, conservação, transporte e empresas de Agricultura-Familiar_Miolo.jpg - Acessado em 03/03/2016de café, usinas de açúcar e álcool,de deóleo suco de laranja, de álcool, de de suco detransformação, laranja, soja eaçúcar deóleo couros, a das indústrias de como frigoríficos, empresas torrefação de café, usinasos de e comércio exterior (as trandings). de sojaexemplo. ede de suco couros, exemplo. O setor abrange ainda ose de por O por setor abrange ainda setores do Agronegócio http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ PIB empresas de torrefação de usinas de açúcar álcool, de laranja, decafé, óleo de soja eos de couros, setores de embalagens, conservação, transporte esetores empresas embalagens, conservação, transporte e empresas Agricultura-Familiar_Miolo.jpg Acessado em 03/03/2016 álcool, de suco de laranja, de óleo de soja e de couros, por exemplo. O setor abrange ainda os de de http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ PIB Brasil R$ 5,5 Trilhões PIB2014: do Agronegócio de comércio exterior (as(as trandings). comércio exterior trandings). por exemplo. O setor abrange ainda eosempresas setores de embalagens, conservação, transporte de Agricultura-Familiar_Miolo.jpg - Acessado em 03/03/2016 http://sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2013/11/ embalagens, conservação, transporte e empresas de comércio Brasil exterior (as trandings). Agricultura-Familiar_Miolo.jpg - Acessado em 03/03/2016 2014: R$ 5,5 Trilhões PIBPIB do Agronegócio comércio exterior (as trandings). PIB do Agronegócio PIB do Agronegócio PIB do Brasil 2014: R$ 5,5 Trilhões PIB Agronegócio PIB Brasil 2014: R$ 5,5 Trilhões PIB Brasil 2014: R$ 5,5 Trilhões
http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportal Acessado em 03/03/2016
- http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportal Agricultura comercial: - Acessado em 03/03/2016
Pauta de Exportação Agronegócio
http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportalPrincipais Produtos Jan-Dez/2014 é a produção que objetiva a produção deem alimentos http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportal -Acessado 03/03/2016 http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportal
- Agricultura comercial: para atender à demanda Acessado do mercado interno em Acessado em03/03/2016 03/03/2016 http://cdn.ecoportal.net/var/ecoportal -
e externo de uma determinada região país. Acessado em ou 03/03/2016 Pauta2014: de Exportação Agronegócio é a produção que aobjetiva produçãoagrícola de alimentos Transcende própriaaatividade rural, para que PIB Brasil R$ 5,5 Trilhões Pauta de Agronegócio Pauta de Exportação Exportação Agronegócio grande do mecanização e profissionalização atenderrecebe à demanda mercado interno e externo de Pauta Exportação Agronegócio Pauta dede Exportação Agronegócio Principais Produtos Jan-Dez/2014 do setor, que formando cadeias produtivas do Principais Produtos é a determinada produção objetiva aaprodução de alimentos uma região ou aspaís. Transcende a alimentos própria Principais ProdutosJan-Dez/2014 Jan-Dez/2014 é a produção objetiva produção é aagronegócio. produção queque objetiva a produção dedealimentos Principais Produtos Jan-Dez/2014 atividade rural, que recebeagrande mecanização e para atender à demanda do mercado interno aagrícola produção produção de alimentos atender à objetiva demanda domercado mercado interno paraépara atender àque demanda do interno profi ssionalização do setor, formando as produtivas para atender à demanda docadeias mercado interno e externo de uma determinada região ou país. e eexterno de uma determinada região ou país. externo de uma determinada região ou país. eTranscende externo de uma atividade determinada região rural, ou país. a própria atividade agrícola agrícola que do agronegócio. Transcende rural, Transcende aa própria própria atividade agrícola rural, queque Transcende a própria atividadeeagrícola rural, que recebe grande mecanização profissionalização é a grande produçãomecanização e incrementoe e de tecnologia na recebe profissionalização recebe mecanização recebe grande mecanização eprofissionalização profissionalização do grande setor, formando as cadeias produtivas do - do Revolução Verde: Esse processo promove o aumentodo do do agropecuária. setor, formando as cadeias setor, formando as cadeias produtivas do setor, formando as cadeias produtivas produtivas do agronegócio. da produtividade (produção por área), da produção agronegócio. agronegócio. agronegócio. (volume total produzido) e da qualidade dos
-- Agricultura comercial: - Agriculturacomercial: comercial: Agricultura - Agricultura comercial:
- Revolução Verde:
é a produção e incremento de tecnologia na agropecuária. Esse produtos A produtividade humanidade (produção já vivenciou processo promoveofertados. o aumento da por várias Revoluções Verdes, sendoe da a qualidade primeira área), da produção (volume total produzido) Mercado Externo – Importância para o Brasil é a produção e 10.000 incremento de tecnologia realizada a cerca de anos atrás, no período na doséprodutos ofertados. Aeincremento humanidade jáde vivenciou váriasna é a produção incremento tecnologia na agropecuária. Esse processo promove o aumento a produção e de tecnologia Neolítico, quando o ser humano é adenominado produção eEsse incremento de tecnologia na Revoluções Verdes, sendo a processo primeira realizada aoda de agropecuária. promove ocerca aumento da produtividade (produção por área), produção agropecuária. processo promove aumento deixou de serEsse nômade e tornou-se sedentário. A agropecuária. Esse processo promove o aumento 10.000 anos atrás, no período denominado Neolítico, quando da produtividade (produção por área), da produção (volume total produzido) e da qualidade dos Verde(produção atual, tratada livros, ocorreu da Revolução produtividade por nos área), da produção oda ser humano deixou de ser nômade e etornou-se sedentário. (volume total produzido) qualidade produtividade (produção área), produção produtos ofertados. A humanidade jáda vivenciou nos países desenvolvidos na década de 1960 edos (volume total produzido) epor dada qualidade dos produtos ofertados. A humanidade vivenciou várias Revoluções Verdes, avivenciou primeira A(volume Revolução Verde atual, tratada nos livros, ocorreu países dos Mercado Externo – Importância para o Brasil foi levada a alguns em desenvolvimento total produzido) e sendo da qualidade produtos ofertados. Apaíses humanidade jájános várias Verdes, sendo primeira realizada adecerca 10.000 anos atrás,a no período Principais Produtos Jan-Dez/2014 na década 1970. características são as desenvolvidos naRevoluções década dede 1960 e foi levada países produtos ofertados. ASuas humanidade vivenciou Mercado Externo – Importância para o Brasil várias Revoluções Verdes, sendoa alguns ajá primeira Mercado Externo – Importância para o Brasil realizada a cerca de 10.000 anos atrás, período denominado Neolítico, quando ocaracterísticas serno humano seguintes: em desenvolvimento na década de 1970. Suas realizada a cerca de 10.000 anos atrás, no período váriasdenominado Revoluções Verdes, sendo a primeira o sedentário. ser humano serNeolítico, nômade equando tornou-se A Mercado Externo – Importância para o Brasil - deixou uso de intenso de maquinário. são as seguintes: denominado Neolítico, quando ser no humano realizada a cerca de 10.000 anosoatrás, período
- Revolução Verde:
-Revolução RevoluçãoVerde: Verde: -- Revolução Verde:
deixou de ser nômade tornou-se sedentário. A Revolução Verde atual, e tratada nos livros, ocorreu
seleção de sementes, com atual inserção deixou serNeolítico, nômade e tratada tornou-se Ae denominado quando ser humano Revolução Verde atual, nososedentário. livros, nos de países desenvolvidos na década de ocorreu 1960 - uso intensodos de Verde maquinário. OGM’s (Organismos Geneticamente Revolução atual, tratada nos livros, nos países desenvolvidos naem década de ocorreu 1960 e A foi de levada a alguns países desenvolvimento deixou ser nômade e tornou-se sedentário. Modificados). - seleção de sementes, com países atual inserção dos OGM’s nos foi países desenvolvidos na características década de 1960 e levada adealguns em desenvolvimento na década 1970. Suas são as Revolução Verde atual, tratada nos livros, ocorreu (Organismos Geneticamente Modifi cados). uso insumos químicos, como agrotóxico, foi levada adealguns países em desenvolvimento na década de 1970. Suas características são as seguintes: nosdepaíses desenvolvidos na década 1960 e adubo, vacina e Suas ração animal. - uso insumos químicos, agrotóxico, adubo, de vacina seguintes: na década de 1970.como características são eas uso intenso depaíses maquinário. foi levada a alguns em desenvolvimento ração animal. - - logística de armazenamento e distribuição da seguintes: uso intenso maquinário. - de seleção de de sementes, com atual inserção década de 1970. Suas características são ashttp://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#.Vtd3RvkrLcc produção (frigoríficos, silos, transportadoras). - na logística armazenamento e distribuição da produção – Acesso em 02/03/2016. - - usoseleção intenso de maquinário. de sementes, com atual inserção dos OGM’s (Organismos Geneticamente seguintes: (frigorífi cos, silos, transportadoras).
dos OGM’s (Organismos Modificados).
Geneticamente
seleção de sementes, com atual inserção -- - Agronegócio: uso intenso de(Organismos maquinário. -dosModificados). uso de insumos químicos, como agrotóxico, OGM’s Geneticamente
- Agronegócio:
- Estrutura fundiária:
- Modificados). uso de químicos, como agrotóxico, adubo, vacina animal. o seleção cultivo agrícola ee ração a produção de animais deinsumos sementes, com atual inserção adubo, vacina e ração animal.e Geneticamente para abate compõem a agropecuária. �ua��o da logística de armazenamento distribuição dos OGM’s (Organismos - seagrícola uso dee ainsumos químicos, como agrotóxico, o cultivo produção de animais para abate compõem somam as de demais atividades ligadas aos da - adubo, logística armazenamento e distribuição produção silos,atividades transportadoras). Modificados). vacina e ração animal. a agropecuária. uando se(frigoríficos, somam as demais ligadas produtos agropecuários, como a pesquisa, a produção (frigoríficos, silos, transportadoras). aos agropecuários, como a pesquisa, a indústria deda indústria máquinas e equipamentos agrícolas, logística de armazenamento ecomo distribuição - -produtos uso dedeinsumos químicos, agrotóxico, os produção implementos – como adubos e defensivos -, (frigoríficos, transportadoras). adubo, vacina e raçãosilos, animal. o beneficiamento ou a manufatura a partir da o cultivo agrícola e a produção de animais - produção logística armazenamento e distribuição da e ade distribuição dos produtos, tudo isso é opara cultivo agrícola e aa produção de animais abate compõem agropecuária. �ua��o chamado de Enem agronegócio. produção (frigoríficos, silos, transportadoras). | Curso 2019 214 Geografia para abate compõem agropecuária. �ua��o se somam as demaisa atividades ligadas aos se somam as demais atividades ligadas aosa produtos agropecuários, como a de pesquisa, o cultivo agrícola e a produção animais produtos agropecuários, como a pesquisa, a indústria máquinasa e agropecuária. equipamentos agrícolas, para abate de compõem �ua��o �eogra�a indústria de máquinas e equipamentos agrícolas,
-
- Agronegócio: - Agronegócio:
- Agronegócio:
- Agronegócio:
éhttp://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#.Vtd3RvkrLcc a maneira como a terra está dividida entre os indivíduos de uma sociedade. A–divisão das02/03/2016. terras Acesso em http://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#.Vtd3RvkrLcc no Brasil é http://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#. desigual, tendo-se –muitas terras nas Acesso em 02/03/2016. Vtd3RvkrLcc – Acesso 02/03/2016. mãos de poucas pessoas e poucas terrasem nas mãos
http://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#.Vtd3RvkrLcc
muitas pessoas. Percebemos regionalmente a – Acesso em 02/03/2016. -de Estrutura fundiária: seguinte distribuição: - Estrutura fundiária: http://www.faculdadecna.com.br/agronegocio#.Vtd3RvkrLcc
– Acesso em 02/03/2016 - éEstrutura fundiária: a maneira a terra está divididadas entre os indivíduos decomo uma sociedade. A divisão terras é a maneira como a terra está dividida entre os
indivíduos uma sociedade. divisão das terras no Brasil édedesigual, tendo-seA muitas terras nas no Brasil é desigual, tendo-se muitas terras nas os mãos de poucas pessoas e poucas terras nas é a maneira como a terra está dividida entre 201mãos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Agropecuária
CAPÍTULO 10
a pí tulo 1 0 – A GRO P E C U Á RI A Mercado Externo – Importância para o Brasil
-
- Estrutura fundiária:
é a maneira a terraaestá dividida entre os indivíduos de Região Sul: como possui estrutura fundiária sociedade. A divisão terraso noque Brasilpode é desigual, maisuma bem distribuída dodaspaís, sertendose muitas terras nas mãos de poucas pessoas e poucas resultado da sua colonização por imigrantes terras nas mãos de reproduziram muitas pessoas. Percebemos a europeus, que o padrão regionalmente agrário seguinte distribuição: familiar dos países de origem.
-
• Região Sul: possui a estrutura mais bem Região Sudeste: observa-se umafundiária complexa distribuída do país, o que pode ser resultado convivência entre áreas de forte, média eda sua colonização por imigrantes que reproduziram o pequena desigualdade naeuropeus, concentração de padrão agrário familiar dos países de origem. terras.
-
• Região Sudeste: observa-se uma complexa convivência Região Nordeste: mantém-se a forte entre áreas de média e pequena na concentração de forte, terras herdada do desigualdade período concentração de terras. colonial, da monocultura de exportação de açúcar e algodão, e de mantém-se grandes propriedades • Região Nordeste: a forte concentração pastoris do sertão. Nas últimas décadas, uma de terras herdada do período colonial, da monocultura de expansão agrícola desmata o Cerrado, no exportação de açúcar e algodão, e de grandes propriedades oeste da Bahia e no Nas sul de Piauí e Maranhão. pastoris do sertão. últimas décadas, uma expansão
-
-
agrícola desmata o Cerrado, no oeste da Bahia e no sul de Centro-Oeste: a agricultura de grãos reforça Piauí e Maranhão.
a concentração de terras que já a marcava • Centro-Oeste: baseada a agriculturanade grãos reforça a historicamente, pecuária concentração de terras que já a marcava historicamente, extensiva, com o desmate do Cerrado baseadaàna pecuária extensiva, com o desmate do Cerrado chegando Floresta Amazônica. chegando à Floresta Amazônica.
Região Norte: há grandes plantações nas • Região Norte: Amazônica, há grandes plantações bordas da Floresta no Pará,nas embordas da Floresta Amazônica, no Pará, em contraste contraste com a predominância de pequenascom a predominância pequenas propriedades de posseiros e propriedades de de posseiros e ribeirinhos que ribeirinhos que sobrevivem do plantio, pesca e extrativismo. sobrevivem do plantio, pesca e extrativismo. - Latifúndio:
São grandes extensões de terras - propriedade rural -, que2. Latifúndio: podem ser trabalhadas pelo sistema extensivo e/ou pelo
pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos Texto II que têm origem na grilagem de terras públicas. as fazendas Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado). O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio TEXTO II mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno de propriedades produtivas e sustentáveis e que proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil de gerem empregos. Apoiar euma empresa produtiva manter, pois tem de ser produtivo os encargos são difíceis de que gere emprego é muito mais barato e gera arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e sustentáveis muito maisempregos. do que apoiar a reforma agrária.que e que gerem Apoiar uma empresa produtiva
gere emprego é muito mais e gera muito mais do que LESSA, C. Disponível em:barato www.observadorpolítico.org.br. apoiar a reforma agrária. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado). LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos (adaptado).Isso em relação à reforma agrária se 2011 opõem. acontece porque os autores associam a reforma Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação agrária, respectivamente, à
à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores
a) redução inchaço urbano à e à crítica ao associam a reformado agrária, respectivamente, minifúndio camponês. a) redução do inchaço urbano nacional e à crítica ao minifúndio b) ampliação da renda e à prioridade camponês. ao mercado externo.
c) contenção da nacional mecanização agrícola e ao b) ampliação da renda e à prioridade ao mercado externo. combate ao êxodo rural. d) privatização de empresas estatais e ao c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao estímulo ao crescimento econômico. êxodo rural. e) d)
correção de distorções históricas e ao prejuízo
privatização de empresas estatais e ao estímulo ao ao agronegócio. crescimento econômico.
e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao (Enem) agronegócio.
São grandes extensões terrasde- produção propriedade sistema intensivo. Osde objetivos do latifúndio podem ser de abastecimento do mercada ou externo, rural -, que podem ser trabalhadas pelointerno sistema muito ligados com a especulação extensivo embora e/ouno Brasil pelo estejam sistema intensivo. Os objetivos fundiária. de produção do latifúndio podem ser de abastecimento do mercada interno ou externo, - Especulação fundiária:muito ligados com a embora no Brasil estejam é a utilização da especulação fundiária.terra como objeto de negociação, a partir da
sua valorização do comércio, sem que ela, necessariamente, cumpra sua função social de moradia e produção agropecuária. Ou seja, a terra fica sem uso esperando valorização para sua comercialização.
Especulação fundiária:
é a utilização da terra como objeto de negociação, a partir da sua valorização do extensões comércio, sem- propriedade que - Minifúndio: São pequenas de terras ela, necessariamente, cumpra sua função social rural -, que normalmente trabalham com o sistema extensivo. de moradia produção agropecuária. Ou seja, a No e Brasil, concentram a agricultura familiar, que produzem terra fica sem uso esperando valorização para sua para o abastecimento do mercado interno. comercialização.
Minifúndio: 1. (Enem)
EXERCÍCIOS TEXTO I
São pequenas extensões de terras - propriedade A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, rural -, que normalmente trabalham com o sistema cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de extensivo. No Brasil, concentram a agricultura 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos familiar, que produzem para o abastecimento do mercado interno.
Exercícios
3.
2. (Enem)
Na visualiza-se método de cultivo Na imagem, imagem, visualiza-se um um método de cultivo e as e as transformações provocadas no espaço transformações provocadas no espaço geográfi co. Ogeográfico. objetivo Oimediato objetivo imediato dautilizada técnica da técnica agrícola é agrícola utilizada é a) controlar a erosão a) controlar a erosão laminar. laminar. b) preservar as nascentes fluviais. b)
preservar as nascentes fluviais.
c)
diminuir a contaminação química.
d)
incentivar a produção transgênica.
c) d) e)
diminuir a contaminação química. incentivar a produção transgênica. implantar a mecanização intensiva.
(Enem)
Curso Enem 2019 | Geografia
215
e a a o
a)
controlar a erosão laminar.
b)
preservar as nascentes fluviais.
c) d) e) 3.
e)
diminuir a contaminação química. CAPÍTULO 10 Agropecuária incentivar a produção transgênica.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
implantar a mecanização intensiva. implantar a mecanização intensiva.
Caribe. São Paulo: Boitempo, 2006 (adaptado).
(Enem)
Os textos demonstram que, tanto na Europa do século XIX quanto no contexto latino-americano do século XXI, as alterações tecnológicas vivenciadas no campo interferem na vida das populações locais, pois
e o s r e o 8. m
r. ).
3. (Enem) Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço *HRJUD¿D rural brasileiro derivada dessa modificação produtiva está presente em: a)
Expansão das terras agricultáveis, com manutenção de desigualdades sociais.
b)
Modernização técnica do território, com redução do nível de emprego formal.
c)
Valorização de atividades de subsistência, com redução da produtividade da terra.
d)
Desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da concentração fu ndiária.
e)
Melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação de produtos primários.
4. (Enem)
TEXTO I
Ao se emanciparem da tutela senhorial, muitos camponeses foram desligados legalmente da antiga terra. Deveriam pagar, para adquirir propriedade ou arrendamento. Por não possuírem recursos, engrossaram a camada cada vez maior de jornaleiros e trabalhadores volantes, outros, mesmo tendo propriedade sobre um pequeno lote, suplementavam sua existência com o assalariamento esporádico. MACHADO, P. P. Política e colonização no Império. Porto Alegre: EdUFRGS, 1999 (adaptado).
TEXTO II Com a globalização da economia ampliou-se a hegemonia do modelo de desenvolvimento agropecuário, com seus padrões tecnológicos, caracterizando o agronegócio. Essa nova face da agricultura capitalista também mudou a forma de controle e exploração da terra. Ampliou-se, assim, a ocupação de áreas agricultáveis e as fronteiras agrícolas se estenderam.\ SADER, E.; JINKINGS, I. Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do
216 Geografia | Curso Enem 2019
a)
induzem os jovens ao estudo nas grandes cidades, causando o êxodo rural, uma vez que formados, não retornam à sua região de origem.
b)
impulsionam as populações locais a buscar linhas de financiamento estatal com o objetivo de ampliar a agricultura familiar, garantindo sua fixação no campo.
c)
ampliam o protagonismo do Estado, possibilitando a grupos econômicos ruralistas produzir e impor políticas agrícolas, ampliando o controle que tinham dos mercados.
d)
aumentam a produção e a produtividade de determinadas culturas em função da intensificação da mecanização, do uso de agrotóxicos e cultivo de plantas transgênicas.
e)
desorganizam o modo tradicional de vida impelindo-as à busca por melhores condições no espaço urbano ou em outros países em situações muitas vezes precárias.
5. (Enem) A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos e lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente por água. MARAFON, G. J. et al. O desencanto da terra: produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produziram impactos socioambientais como a)
redução do custo de produção.
b)
agravamento da poluição hídrica.
c)
compactação do material do solo.
d)
aceleração da fertilização natural.
e)
redirecionamento de parte da água dos cursos fluviais.
6. (Enem) A singularidade da questão da terra na África Colonial é a expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais no acesso à terra. Após a independência, as populações de colonos brancos tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em posse da minoria branca não ter diminuído proporcionalmente. MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no Zimbábue. In: FERNANDES, B. M.; AR S, . I. . S I, J. . rg. . Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
Com base no texto, uma característica socioespacial e um consequente desdobramento que marcou o processo de ocupação do espaço rural na África subsaariana foram: a)
Exploração do campesinato pela elite proprietária —
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Agropecuária
Domínio das instituições fundiárias pelo poder público. b) Adoção de práticas discriminatórias de acesso a terra — Controle do uso especulativo da propriedade fundiária. c)
Desorganização da economia rural de subsistência — Crescimento do consumo interno de alimentos pelas famílias camponesas.
d) Crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar — Avanço crescente das áreas rurais sobre as regiões urbanas. e) Concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador — Aumento da ocupação da população pobre em territórios agrícolas marginais. 7. (Enem) A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda essa taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na última década do século XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se desse conta de que o maior patrimônio natural do país está sendo torrado. AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.
CAPÍTULO 10
d) menor compactação do solo pelo uso de maquinário agrícola de porte. e) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fósseis pelas máquinas. 9. (Enem) Uma empresa norte-americana de bioenergia está expandindo suas operações para o Brasil para explorar o mercado de pinhão manso. Com sede na Califórnia, a empresa desenvolveu sementes híbridas de pinhão manso, oleaginosa utilizada hoje na produção de biodiesel e de querosene de aviação. MAGOSSI, E. O Estado de São Paulo. 19 maio 2011 (adaptado). A partir do texto, a melhoria agronômica das sementes de pinhão manso abre para o Brasil a oportunidade econômica de
a) ampliar as regiões produtoras pela adaptação do cultivo a diferentes condições climáticas. b) beneficiar os pequenos produtores camponeses de óleo pela venda direta ao varejo. c)
abandonar a energia automotiva derivada do petróleo em favor de fontes alternativas.
Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para acelerar o problema ambiental descrito é:
d) baratear cultivos alimentares substituídos pelas culturas energéticas de valor econômico superior.
a) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos à chegada de novas empresas mineradoras.
e) reduzir o impacto ambiental pela não emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera.
b) Difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas. c)
Construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do país.
d) Criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta. e) Ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras. 8. (Enem) No Estado de São Paulo, a mecanização da colheita da cana-de-açúcar tem sido induzida também pela legislação ambiental, que proíbe a realização de queimadas em áreas próximas aos centros urbanos. Na região de Ribeirão Preto, principal polo sucroalcooleiro do país, a mecanização da colheita já é realizada em 516 mil dos 1,3 milhão de hectares cultivados com cana- de-açúcar. BALSADI, O. et al. Transformações Tecnológicas e a força de trabalho na agricultura brasileira no período de 1990-2000. Revista de economia agrícola. V. 49 (1), 2002.
O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra socioeconômica, que integram o processo de modernização da produção canavieira. Em torno da associação entre elas, uma mudança decorrente desse processo é a a) perda de nutrientes do solo devido à utilização constante de máquinas. b) eficiência e racionalidade no plantio com maior produtividade na colheita. c)
ampliação da oferta de empregos nesse tipo de ambiente produtivo.
10. (Enem) De 15% a 20% da área de um canavial precisa ser renovada anualmente. Entre o período de corte e o de plantação de novas canas, os produtores estão optando por plantar leguminosas, pois elas fixam nitrogênio no solo, um adubo natural para a cana. Essa opção de rotação é agronomicamente favorável, de forma que municípios canavieiros são hoje grandes produtores de soja, amendoim e feijão. As encruzilhadas da fome. Planeta. São Paulo, ano 36, n.° 430, jul. 2008 (adaptado).
A rotação de culturas citada no texto pode beneficiar economicamente os produtores de cana porque a) a decomposição da cobertura morta dessas culturas resulta em economia na aquisição de adubos industrializados. b) o plantio de cana-de-açúcar propicia um solo mais adequado para o cultivo posterior da soja, do amendoim e do feijão. c)
as leguminosas absorvem do solo elementos químicos diferentes dos absorvidos pela cana, restabelecendo o equilíbrio do solo.
d) a queima dos restos vegetais do cultivo da cana-deaçúcar transforma-se em cinzas, sendo reincorporadas ao solo, o que gera economia na aquisição de adubo. e) a soja, o amendoim e o feijão, além de possibilitarem a incorporação ao solo de determinadas moléculas disponíveis na atmosfera, são grãos comercializados no mercado produtivo.
Curso Enem 2019 | Geografia
217
516 mil m cana-
a força de 990-2000. 1), 2002.
biental e cesso de m torno corrente
Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).
cana-de-açúcar transforma-se em cinzas, sendo reincorporadas ao solo, o que gera economia na aquisição de adubo.
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasileira nas últimas décadas do século XX, consequência
e) a soja, o amendoim e o feijão, além CAPÍTULO 10 Agropecuária possibilitarem a incorporação ao solo
de de determinadas moléculas disponíveis na TRODUÇÃO À atmosfera, são grãos comercializados no mercado produtivo.
11. (Enem) 11. (Enem)
esse tipo uso de
bustíveis
mica das Brasil a
daptação máticas.
mponeses
ivada do vas.
stituídos onômico
emissão osfera.
b) da recomposição dos salários do trabalhador rural. sociais da modernização da agricultura. dos impactos c) da exigência de qualificação do trabalhador b) da recomposição dos salários do trabalhador rural. rural. da diminuição importância da agricultura. c) d) da exigência de qualifida cação do trabalhador rural. e) dos processos de desvalorização de áreas d) da diminuição rurais. da importância da agricultura.
tio com
São Paulo. daptado).
dos impactos sociais da modernização da
a)
utilização
ana de es para o manso. envolveu eaginosa el e de
a)
FILOSOFIAagricultura.
O gráfico representa a relação entre o tamanho
O gráfi representados a relação entre o tamanho e a totalidade e a co totalidade i���eis rurais no Brasil. �ue doscaracterística imóveis ruraisdanoestrutura Brasil. ue característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada noestá gráfico apresentado? fundiária brasileira evidenciada no gráfico apresentado? a)
a)
e) dos processos de desvalorização de áreas rurais. 14. (Enem) A luta pela terra no Brasil é marcada por 14. diversos (Enem) A aspectos luta pela terra Brasil é marcada porEntre diversos que no chamam a atenção. os aspectos que chamam a atenção. Entre aosperseverança aspectos positivos, aspectos positivos, destaca-se dos movimentos do campesinato e, entre aspectos destaca-se a perseverança dos movimentos do os campesinato negativos, a violência manchou de sangue e, entre os aspectos negativos,que a violência que manchou de essaessa história. Os Os movimentos sangue história. movimentospela pelareforma reforma agrária agrária articularam-se por todo onacional, território nacional, articularam-se por todo o território principalmente principalmente entre 1985de e 1996, conseguiram entre 1985 e 1996, e conseguiram maneiraeexpressiva a inde desse maneira a inserção desse tema nas serção temaexpressiva nas discussões pelo acesso à terra. O mapa discussões pelo acesso à dos terra. mapa seguinte seguinte apresenta a distribuição conflOitos agrários em todistribuição dose oconflitos agrários dasapresenta as regiões doaBrasil nesse período, número de mortes em todas as regiões do Brasil nesse período, e o ocorridas nessas lutas. número de mortes ocorridas nessas lutas.
A concentração de terras nas mãos de
A concentração de terras nas mãos de poucos. poucos.
A existência de poucas agricultáveis. b) b)A existência de poucas terras terras agricultáveis.
e)
d)
A primazia da agricultura familiar.
e)
A debilidade dos plantations modernos.
Um Amé a) b) c) d) e)
16. (Ene habi pess foi s Em c cada
O a prod qual que a)
O domínio territorial dos minifúndios. c) c)O domínio territorial dos minifúndios.
d)
área mort
A primazia da agricultura familiar.
b)
A debilidade dos plantations modernos.
12. (Enem) Antes, eram apenas as grandes cidades 12.que (Enem) Antes, eram apenas grandes se apresentavam como o as império da cidades técnica, que se objeto apresentavam como o império da técnica, objeto de de modificações, suspensões, acréscimos, modifi cações, suspensões, vez mais cada vez mais sofisticadasacréscimos, e carregadascada de artifício. sofiEsse sticadas e carregadas de artifício. mundo artificial mundo artificial inclui, hoje, oEsse mundo rural.
c)
inclui, hoje, o mundo rural. SANTOS, M. A Natureza do Espaco.
São Paulo: Hucitec, 1996. SANTOS, M. A Natureza do Espaco. São Paulo: Hucitec, 1996.
d)
Considerando a transformação mencionada no texto, uma �eo�ra�a consequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural brasileiro é
e)
a)
a redução do processo de concentração de terras.
b)
o aumento do aproveitamento de solos menos férteis.
c)
a ampliação do isolamento do espaço rural.
d)
a estagnação da fronteira agrícola do país.
e)
a diminuição do nível de emprego formal.
13. (Enem)A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria é hoje exportadora de trabalhadores. Empresários de Primavera do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria para conseguir mão de obra. É gente indo distante daqui 300, 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22/03/98). Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasileira nas últimas décadas do século XX, consequência
218 Geografia | Curso Enem 2019
Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela posse de terra no Brasil, a região
*HRJUD¿D a) conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a de maior violência.
b)
do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressivos.
c)
conhecida como oeste baiano tem o maior número de mortes.
d)
do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura mecanizada, é a mais violenta do país.
e)
da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes.
15. (Enem) Apesar do aumento da produção no campo e da integração entre a indústria e a agricultura, parte da população da América do Sul ainda sofre com a subalimentação, o que gera conflitos pela posse de terra que podem ser verificados em várias áreas e que frequentemente chegam a provocar mortes.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Agropecuária
Um dos fatores que explica a subalimentação na América do Sul é a)
a baixa inserção de sua agricultura no comércio mundial.
b)
a quantidade insuficiente de mão de obra para o trabalho agrícola.
c)
a presença de estruturas agrárias arcaicas formadas por latifúndios improdutivos.
d)
a situação conflituosa vivida no campo, que impede o crescimento da produção agrícola.
e)
os sistemas de cultivo mecanizado voltados para o abastecimento do mercado interno.
16. (Enem) No século XIX, para alimentar um habitante urbano, eram necessárias cerca de 60 pessoas trabalhando no campo. Essa proporção foi se modificando ao longo destes dois séculos. Em certos países, hoje, há um habitante rural para cada dez urbanos.
CAPÍTULO 10
De acordo com o gráfico e com referência à De acordo das com áreas o gráfico referência à e) distribuição rurais enocom Brasil, conclui-se e) distribuição das áreas rurais no Brasil, conclui-se que que a) imóveis improdutivos são predominantes a)De imóveis improdutivos sãoreferência predominantes acordo com oàsgráfi co e com à distribuição das em relação demais formas de ocupação em relação às demais formas ocupação áreas no conclui-se que darurais terra noBrasil, âmbito nacional e nade maioria das da terra no âmbito nacional e na maioria das regiões. a) regiões. imóveis improdutivos são predominantes em relação às b) o índice de 63,8% de imóveis improdutivos demais de ocupação da terra no b) o índice formas de 63,8% de imóveis improdutivos demonstra que grande parte do âmbito solo nacional e na maioria das regiões. demonstra que grande parte do solo brasileiro é de baixa fertilidade, impróprio brasileiro é de baixa fertilidade, impróprio para a atividade agrícola. b) para o índice de 63,8% de imóveis improdutivos demonstra a atividade agrícola. 19. (Enem) O ma c) o que percentual de imóveis grande parte do soloimprodutivos brasileiro é de igualabaixa fertilidade, 19. (Enem) ma c) o percentual de imóveis improdutivos igualano bioma O amaz seimpróprio ao de imóveis produtivos somados aos para a atividade agrícola. no bioma amaz se ao de imóveis pelo desmatam minifúndios, o que produtivos justifica a somados existência aos de pelo desmatam minifúndios, o que justifica a existência de na região por terra. c) conflitos o percentual de imóveis improdutivos iguala- se ao deterra terra na região conflitos por terra. grande c somados aoso minifúndios, d) a imóveis regiãoprodutivos Norte apresenta segundo o quecom com grande d c mais escuras d) a região Norte apresenta o segundo justificapercentual a existência de confl itos porprodutivos, terra. menor imóveis mais escuras d cabeças de bov menor percentual de imóveis produtivos, possivelmente em razão da presença de cabeças de bov em florestal, razão daprotegida presença de d) possivelmente a regiãocobertura Norte apresenta o segundo menor percentual de densa por densa cobertura florestal, protegida por imóveis produtivos, possivelmente em razão da presença legislação ambiental. legislação ambiental. densaCentro-Oeste cobertura florestal, protegida por legislação e) a de região apresenta o menor e) a região Centro-Oeste apresenta o menor ambiental. percentual de área ocupada por minifúndios, percentual de área ocupada minifúndios, o que inviabiliza políticas de por reforma agrária e) o aque região Centro-Oeste apresenta o menor percentual de inviabiliza políticas de reforma agrária nesta região. área ocupada nesta região. por minifúndios, o que inviabiliza políticas
de reforma agrária nesta região.
18. (Enem) O clima é um dos elementos fundamentais 18. não (Enem) O clima é um édos fundamentais na caracterização das naturais, 18.só(Enem) O clima umelementos dospaisagens elementos fundamentais não SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: EDUSP, 2008. não na caracterização das paisagens naturais, mas também no histórico de ocupação do espaço só só na caracterização das paisagens naturais, mas também no mas também no histórico de ocupação do espaço geográfico. histórico de ocupação do espaço geográfi co. O autor expõe uma tendência de aumento de produtividade geográfico. Tendo em vista determinada restrição climática, a agrícola por trabalhador rural, na qual menos pessoas proTendo emvista vistadeterminada determinada restrição climática, a afigura que Tendo em restrição climática, figura que representa o uso de tecnologia voltada duzem mais alimentos, que pode ser explicada figura representa o uso de voltada tecnologia representa o usoé:de tecnologia para voltada a produção é: para a que produção para a produção é: a) pela exigência de abastecimento das populações urbaa)a) a) nas, que trabalham majoritariamente no setor primário
da economia.
b)
pela imposição de governos que criam políticas econômicas para o favorecimento do crédito agrícola.
c)
pela incorporação homogênea dos agricultores às técnicas de modernização, sobretudo na relação latifúndio-minifúndio.
d)
pela dinamização econômica desse setor e utilização de novas técnicas e equipamentos de produção pelos agricultores.
e)
pelo acesso às novas tecnologias, o que fez com que
A análise do m A análise do m a) os estado a) os estado detêm a detêm a ao bioma ao bioma b) os mun b) os mun responsá responsá bovinos, bovinos, c) a criação c) a criação principal principal d) o efetivo d) o efetivo amplame amplame e) as terras e) as terras favorávei favorávei bovinos. bovinos.
b) b)b)
áreas em lo altas10 latitudes, acima de 66°, passassem Ca p ítu – AGROP ECU ÁR I aAser grandes produtoras agrícolas. C ap ítu lo 10 – AG ROP ECU ÁRIA
17. (Enem) O gráfi mostra o percentual de áreas de ocupadas, 17. (Enem) O co gráfico mostra o percentual áreas segundo o tipo desegundo propriedade rural Brasil, no anorural de 2006. ocupadas, o tipo denopropriedade no
17. (Enem) O gráfico mostra o percentual de áreas Brasil, no ano de 2006. ocupadas, segundo o tipo de propriedade rural no Brasil, no ano de 2006.
c)
206c)c) 206
d) d)d)
De acordo com o gráfico e com referência à distribuição das áreas rurais no Brasil, conclui-se De acordo com o gráfico e com referência à que distribuição das áreas rurais no Brasil, conclui-se que a) imóveis improdutivos são predominantes em relação às demais formas de ocupação a) imóveis improdutivos são predominantes da terra no âmbito nacional e na maioria das em relação às demais formas de ocupação
e) e)
Curso Enem 2019 | Geografia
219
d)
CAPÍTULO 10
Agropecuária
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
cia à ui-se
referência à asil, conclui-se
e)
A interpretação do mapa indica que, entre 1990 e 2006, a expansão territorial da produção brasileira de soja ocorreu da região
e)
antes pação predominantes dasocupação sa de
na maioria das
utivos s solo improdutivos óprio rte do solo
ade, impróprio
19. (Enem) O mapa mostra a distribuição de bovinos no
19. (Enem) O mapa mostra distribuição bovinos pelo ualabioma amazônico, cuja aocupação foi de responsável 19. (Enem) O mapa mostra a distribuição de bovinos bioma amazônico, cuja ocupação foi responsável sdutivos aos iguala- no desmatamento de signifi cativas extensões de terra na região. no bioma amazônico, cuja ocupação foi responsável aos pelo desmatamento de significativas extensões de iasomados de Verifica-se que existem municípios com grande contingente desmatamento significativas extensões de existência de terra napelo região. Verifica-se de que existem municípios de bovinos, mais escuras do mapa, entre 750 001 e 1 terranas na áreas região. Verifica-se que existem municípios com grande contingente de bovinos, nas áreas undo com grande contingente de bovinos, nas áreas 500 000 cabeças bovinos. o segundo mais escuras do de mapa, entre 750 001 e 1 500 000 tivos, mais escuras do mapa, entreque 750 001 e 1 500 000 is produtivos, cabeças A análise dobovinos. mapa permite concluir de a de cabeças de bovinos.
presença de por protegida por
menor enta o menor ndios, or minifúndios, eforma agrária grária
a)
Sul em direção às regiões Centro-Oeste e Nordeste.
b)
Sudeste em direção às regiões Sul e Centro- Oeste.
c)
Centro-Oeste em direção às regiões Sudeste e Nordeste.
d)
Norte em direção às regiões Sul e Nordeste.
e)
Nordeste em direção às regiões Norte e Centro-Oeste.\
21. (Enem)Osúltimosséculosmarcam,paraaatividade agrícola, com a humanização e a mecanização do espaço geográfico, uma considerável mudança em termos de produtividade: chegou-se, recentemente, à constituição de um meio técnicocientífico-informacional, característico não apenas da vida urbana, mas também do mundo rural, tanto nos países avançados como nas regiões mais desenvolvidas dos países pobres. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
s fundamentais entais gens naturais, urais, ção do espaço spaço
A modernização da agricultura está associada ao desenvolvimento científico e tecnológico do processo produtivo em diferentes países. Ao considerar as novas relações tecnológicas no campo, verifica-se que a
ão climática, a ca, a voltada nologia
a)
introdução de tecnologia equilibrou o desenvolvimento econômico entre o campo e a cidade, refletindo diretamente na humanização do espaço geográfico nos países mais pobres.
b)
tecnificação do espaço geográfico marca o modelo produtivo dos países ricos, uma vez que pretendem transferir gradativamente as unidades industriais para o espaço rural.
c)
construção de uma infraestrutura científica e tecnológica promoveu um conjunto de relações que geraram novas interações socioespaciais entre o campo e a cidade.
ltada
análise do do Pará, mapa Mato permite concluir que os Aestados Grosso e Rondônia detêm a A análise mapa concluir a)do os estados do Pará, Matoque Grosso e Rondônia maior parte de permite bovinos em relação ao bioma amazônico.
a)
a)
b)
b) c)
detêm maiorMato parteGrosso de bovinos em relação os estados doaPará, e Rondônia
ao bioma amazônico. os municípios de parte maior de extensão sãoem responsáveis pela detêm a maior bovinos relação maior produção de bovinos, a legenda. ao b) bioma os amazônico. municípios de segundo maior mostra extensão são responsáveis pela maior produção de municípios deé amaior são aoscriação de bovinos atividade econômica principal bovinos, segundo mostraextensão a legenda.
responsáveis pela maior produção nos municípios mostrados no mapa.
de c) a criação demostra bovinosaé legenda. a atividade econômica bovinos, segundo principal nos municípios mostrados no mapa.
d) c)
oaefetivo cabeças deébovinos se distribui amplamente criaçãodede bovinos a atividade econômica d)bioma o efetivo de cabeças de bovinos distribui pelo amazônico. principal nos municípios mostrados no se mapa.
d) e)
o efetivo cabeçassão de as bovinos se distribui as terrasasflde orestadas áreas favoráveis e) terras florestadas são mais as áreas mais ao amplamente pelo bioma amazônico. desenvolvimento da criação de bovinos.da criação de favoráveis ao desenvolvimento
amplamente pelo bioma amazônico.
bovinos. as terras florestadas são as áreas mais
e) 20. 20.(Enem) (Enem) ao desenvolvimento da criação de favoráveis bovinos.
*HRJUD¿D
20. (Enem)
d)
aquisição de máquinas e implementos industriais, incorporados ao campo, proporcionou o aumento da produtividade, libertando o campo da subordinação à Cacidade. pí t ul o 10 – A G RO PE CU Á RI A
e) incorporação de novos produtivos oriundos Capítulo 10 – elementos AGROPECUÁRIA da atividade rural resultou em uma relação com a cadeia produtiva industrial, subordinando a cidade ao campo. 22. (Enem) 22. (Enem) 22. (Enem)
*HRJUD¿D
A interpretação do mapa indica que, entre 1990 e
Enem 2019 220 Geografia 2006,| aCurso expansão territorial da produção brasileira
de soja ocorreu da região a)
Sul em direção às regiões Centro-Oeste e
O gráfico mostra a relação da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas com a área plantada no Brasil, no período de 1980 a 2008. Verifica-se uma grande variação da produção em comparação à área plantada, o que caracteriza crescimento da O gráfico mostra a relação da oprodução de cereais,
leguminosas e oleaginosas com a área plantada no a) economia. Brasil, no período b) área plantada. de 1980 a 2008. Verifica-se uma grande variação da produção em comparação à c) produtividade. área plantada, o que caracteriza o crescimento da
se em: a)
Exigência de mão de obra com qualificação.
b)
Agropecuáriada atividade CAPÍTULO 10 Implementação do ecoturismo.
c)
Aumento do número de famílias assentadas.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O gráfico mostra a relação da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas com a área plantada no Brasil, no período de 1980 a 2008. Verifica-se uma grande variação da produção em comparação à área plantada, o que caracteriza 25. o crescimento da a)
economia.
b)
área plantada.
c)
produtividade.
d)
sustentabilidade.
e)
racionalização.
23. (Enem) Um sistema agrário é um tipo de modelo de produção agropecuária em que se observa que cultivos ou criações são praticados, quais são as técnicas utilizadas, como é a relação com o espaço e qual é o destino da produção. Existem muitas classificações de sistemas agrários, pois os critérios para a definição variam de acordo com o autor ou a organização que os classifica. Além disso, os sistemas agrários são diferentes conforme a região do globo ou a sociedade, sua cultura e nível de desenvolvimento econômico. CAMPANHOLA, C.; Silva, J. G. O novo rural brasileiro, uma análise nacional e regional. Campinas: Embrapa/Unicamp, 2000 (adaptado).
Dentro desse contexto, o sistema agrário tradicional tem como características principais o predomínio de pequenas propriedades agrárias, utilização de técnicas de cultivo minuciosas e de irrigação, e sua produção é destinada preferencialmente ao consumo local e regional. Essa descrição corresponde a que sistema agrícola?
d) e)
d) e)
Demarcação de terras para povos indígenas. Demarcação de terras para povos indígenas.
Ampliação do crédito à agricultura familiar. Ampliação do crédito à agricultura familiar.
25. (Enem) (Enem)
Na Na charge háuma uma ao produtivo processo produtivo charge há críticacrítica ao processo agrícola brasileirobrasileiro relacionada aorelacionada ao agrícola a) b) c) d) e)
a) b) c) d) e)
elevado preço das mercadorias no comércio. elevado preço das mercadorias no comércio.
aumento da demanda por produtos naturais. aumento da demanda por produtos naturais.
crescimento da produção de alimentos. crescimento da produção de alimentos.
hábito de adquirir derivados industriais. hábito de adquirir derivados industriais. uso de agrotóxicos nas plantações. uso de agrotóxicos nas plantações.
26. (Enem) Tanto potencial ter ficado pelo 26. (Enem) Tanto potencial poderiapoderia ter ficado pelo caminho, caminho, seo reforço não fosse o reforço tecnologia que se não fosse em tecnologia que um em gaúcho buscou. b) Sistema de roças. um Hágaúcho buscou. Há pouco mais de oito anos, pouco mais de oito anos, ele usava o bico da botina para c) Agricultura orgânica. e descobrir o nível para de umidade do solo, na ele cavoucar usava aoterra bico da botina cavoucar a terra e tentativa de saber o momento ideal para acionar os pivôs de descobrir o nível de umidade do solo, na tentativa d) Agricultura itinerante. conheceu uma estação meteorológica que,os pivôs de irrigação. saber Até o que momento ideal para acionar e) Agricultura de jardinagem. instalada na propriedade, ajuda a determinar a quantidade de irrigação. Até que conheceu uma estação de água de que a planta necessita. Assim, quando inicia um 24. (Enem) A necessidade de se especializar, de forma talvez meteorológica que, instalada na propriedade, plantio, o agricultor já entra no site do sistema e cadastra a indireta, aproximou significativamente o campo e a cidade, ajuda a determinar quantidade água de que a área, o pivô, a cultura, o a sistema de plantio, ode espaçamento na medida em que vários aparatos tecnológicos advindos Assim, quando um plantio, do espaço urbano foram incorporados às práticas agrícolas. planta entre necessita. linhas e o número de plantas, para inicia então receber Maquinários altamente modernos, insumos industrializados o agricultor recomendações dossite técnicos universidade. jádiretamente entra no dodasistema e cadastra na lavoura são fatores que contribuíram para uma nova forma de produzir no campo, cada vez com maior rapidez e a área, o pivô, a cultura, o sistema de plantio, o CAETANO, M. O valor de cada gota. Globo Rural, n. 312, out. 2011. especialização. espaçamento entre linhas e o número de plantas, para então receber recomendações diretamente OLIVEIRA, E B S. “Nova relação campo-cidade: tendências do novo rural A implementação das tecnologias mencionadas no texto brasileiro”. Revista Geografia. (São Paulo: Escala Educacional, maio 2011 – dos técnicos da universidade. garante o avanço do processo de a)
Plantations.
adaptado)
Com base na aproximação indicada no texto, uma consequência da modernização técnica para os sistemas produtivos dos espaços rurais encontra- se em: a)
Exigência de mão de obra com qualificação.
b)
Implementação da atividade do ecoturismo.
c)
Aumento do número de famílias assentadas.
a)
CAETANO, M. O valor de cada gota.
monitoramento da produção. Globo Rural, n. 312, out. 2011.
b) valorização do preço da terra. A implementação das tecnologias mencionadas no texto garante o avanço do processo de c) correção dos fatores climáticos.
a)
b) c)
d) e)
monitoramento da produção. divisão de tarefas na propriedade.
valorização do preço da terra. estabilização da fertilidade do solo.
correção dos fatores climáticos.
d)
divisão de tarefas na propriedade.
e)
Enem 2019 | Geografia estabilização da Curso fertilidade do solo.
221
CAPÍTULO 10
Agropecuária
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 27. (Enem) O mundo rural, com a Revolução Verde e suas sementes híbridas, e seu mais recente desdobramento com a biotecnologia dos transgênicos e do plantio direto, está sofrendo mudanças ecológicas, sociais, culturais e, sobretudo, políticas. À medida que o componente técnico-científico passa a se tornar mais importante no processo produtivo, maior é o poder das indústrias de alta tecnologia, que passam a comandar os processos de normatização (candidamente chamados normas de qualidade). PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
Com o argumento de aumentar a produção agrícola pela implementação de tecnologias avançadas e manipulação genética, a Revolução Verde implicou a a)
construção de monopólios técnicosassociados aos protocolos de patentes.
b)
proposta de transformação social combinada com mudanças no estatuto científico da produção agrícola.
c)
estratégica de oferecer conhecimentos técnicos aos pequenos agricultores, pensando na segurança alimentar.
d)
intervenção ambiental, com o objeto de atenuar os grandes impactos ambientais oriundos da monocultura.
e)
ação educacional, com intento de capacitar os trabalhadores rurais para atuarem com tecnologias de ponta.
produtivos
GABARITO 1
E
8
B
15
C
22
C
2
A
9
A
16
D
23
E
3
A
10
E
17
A
24
A
4
E
11
A
18
D
25
E
5
E
12
B
19
A
26
A
6
E
13
A
20
A
27
A
7
B
14
B
21
C
222 Geografia | Curso Enem 2019
Globalização, Comércio e Transporte
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 11
Globalização, Comércio e Transporte
CONCEITOS • Neoliberalismo: prega o domínio do livre mercado sobre a economia e a diminuição do papel do Estado na vida econômica. Entre suas características estão a eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros, privatizações, redução de gastos sociais e desregulamentação do mercado de trabalho. •
Consenso de Washington: a expressão surgiu em 1989 e refere-se à política que os Estados Unidos preconizavam para a América Latina. Essa orientação, também chamada de neoliberalismo, tornou-se o modelo que o FMI e o Banco Mundial propõem para todos os países.
• Globalização: mudança econômica iniciada no fim do século XX, com o surgimento de um cenário de interdependência entre governos, empresas e movimentos sociais. O termo descreve uma situação facilitada pela internet, com a troca instantânea de informações, a realização on-line de operações bancárias, a facilidade em promover relocalizações de fábricas e a integração mundial do mercado financeiro. • OMC: a Organização Mundial do Comércio foi fundada em 1995 como um fórum de discussão para regulamentar e fiscalizar o comércio internacional dentro dos moldes da globalização. A Rodada de Doha, aberta em 2001 para negociar avanços no comércio internacional, deveria ter acabado em 2006, mas empacou, opondo os países ricos às nações emergentes. •
Blocos econômicos: agrupamentos de nações com o objetivo de facilitar a circulação de mercadorias entre membros. Sob a economia globalizada, ajudam a abrir as fronteiras de cada nação ao livre fluxo de capitais. Podem ser zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.
• Brics: grupo dos principais países emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Reforça sua aproximação política e econômica com a fundação em 2014 do Novo Banco de Desenvolvimento.
Brasil sob pressão na OMC Medidas de proteção à produção nacional se chocam com as diretrizes do comércio internacional no período da globalização Guia de Atualidades - 2015
Para incentivar empresas brasileiras a preservar empregos, o governo federal adota a orientação, em certos setores da economia, de garantir um “conteúdo nacional” na produção. São medidas que envolvem o aumento de impostos para importados ou a concessão de subsídios econômicos. Isso faz parte da política industrial nacional, cuja diretriz é o desenvolvimento econômico e social do país. Em julho de 2015, porém, o Japão fez uma reclamação formal contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmando que essas medidas prejudicam suas exportações ao mercado brasileiro. Para o governo japonês, a política industrial brasileira é discriminatória, o que contraria as regras da OMC. O Japão segue uma via iniciada pela União Europeia em 2013. Caso não haja acordo, o Brasil pode ter de pagar pesadas indenizações aos reclamantes e cancelar as medidas adotadas. Isso acontece porque vivemos na globalização, com o mercado mundial interligado e as economias nacionais interdependentes. A soberania que os países tinham para fechar seus mercados e seguir suas prioridades hoje está em questão pelo funcionamento integrado do mercado global, pela facilidade com que investimentos migram de um país para outro e pelas diretrizes de organizações como a OMC, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
História Para entendermos a globalização, é preciso saber que o fenômeno em si começou há muito tempo. Os primeiros passos rumo à conformação de um mercado mundial e de uma economia global remontam aos séculos XV e VI, com a expansão ultramarina europeia. uando Colombo chegou à América, em 1492, deu início ao que alguns historiadores chamam de primeira globalização. O desenvolvimento do mercantilismo estimulou a procura de diferentes rotas comerciais da Europa para a Ásia e a África, cujas riquezas iriam somar-se aos tesouros extraídos das minas de prata e ouro do continente americano. Essas riquezas forneceram a base para a Revolução Industrial no fim do século XVIII, que, com o tempo, desenvolveu o trabalho assalariado e o mercado consumidor. As descobertas científicas e as invenções provocaram grande expansão dos setores industrializados e possibilitaram o desenvolvimento da exportação de produtos.
Curso Enem 2019 | Geografia
223
CAPÍTULO 11
Globalização, Comércio e Transporte
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Começaram a surgir, no fim do século XIX, as corporações multinacionais, industriais e financeiras, que iriam crescer durante o século XX. O mercado mundial estava, então, atingindo todos os continentes. A interdependência econômica entre as nações tornou- se evidente em 1929: após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, a depressão econômica norte- americana teve consequências negativas no mundo todo. Enquanto isso, a Revolução Russa de 1917 e outras ocorridas após a II Guerra Mundial retiraram diversos países de uma inserção direta no mercado mundial. Mas, com o tempo, os regimes comunistas passaram a sentir uma crescente pressão econômica e política e foram se abrindo, gradualmente.
• desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas.
Neoliberalismo
Nas últimas duas décadas, a expansão do comércio global resultou na intensificação do fluxo de capitais entre os países. A busca de elevar a lucratividade levou as empresas a investirem cada vez mais no mercado financeiro, que se tornou o centro da economia globalizada.
O fim do século XX assiste a um salto nesse processo. Em 1989, acontece a queda do Muro de Berlim, marco inicial da derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu. Nos anos seguintes, a maioria desses países será incorporada ao sistema econômico mundial. A própria integração da economia global acentuou-se a partir dos anos 1990, por intermédio da revolução tecnológica. A internet, rede mundial de computadores, revelou-se uma inovadora tecnologia de comunicação e informação. As trocas de informações (dados, voz e imagens) tornaram-se quase instantâneas, o que acelerou em muito a integração das atividades econômicas. Há atualmente uma política econômica dominante em escala mundial chamada de neoliberalismo, cujas diretrizes surgiram nos governos de Ronald Reagan (1981-1989), nos Estados Unidos, e de Margaret Thatcher (1979-1991), no Reino Unido. O neoliberalismo também é conhecido como Consenso de Washington. Essa expressão surgiu durante reunião na capital norte- americana, Washington, em 1989, quando funcionários do governo dos EUA, de organismos internacionais e economias latino-americanos debatiam diretrizes para que a América Latina superasse a crise econômica da época. Era um período difícil para os países latino- americanos, com dívida externa elevada, estagnação econômica, inflação, recessão e desemprego. As conclusões do encontro passaram a ser chamadas de Consenso de Washington, expressão atribuída ao inglês John Williamson. Por decisão do Congresso norte-americano, essas medidas foram adotadas como políticas impositivas cada vez que esses países viessem solicitar a negociação de suas dívidas. Mais tarde, as soluções apontadas no Consenso de Washington tornaram-se o modelo do FMI e do Banco Mundial para outros países. O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo esses defensores, a presença do Estado na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Algumas de suas características são:
• abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros; •
amplas privatizações;
• redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos;
224 Geografia | Curso Enem 2019
Historicamente, as ideias do neoliberalismo contrapõem- se às de keynesianismo – ideário formulado pelo economistas John Keynes (1883-1946), dominante no período do pós-guerra, a partir de 1945 0, que defendia uma presença ativa do Estado na economia como forma de impulsionar o desenvolvimento (um exemplo da política de Keynes foi o New Deal, adotado nos EUA após a quebra da Bolsa em 1929, com maciços investimentos estatais para reativar a economia). A ascensão do neoliberalismo na década de 1980 se dá na contramão do keynesianismo.
A atual mobilidade do mercado mundial permite que empresas façam a relocalização de suas fábricas – nome que se dá ao fechamento de unidades de produção em um local e sua abertura em outra região ou outro país. Esse mecanismo é usado para cortar gastos com mão de obra, encerrando a produção em países nos quais os salários são maiores, para organizar a produção onde há menos custos – considerandose também impostos e infraestrutura produtiva. À medida que as nações reduzem as barreiras comerciais, a fabricação em qualquer ponto do mundo e a exportação torna-se cada vez mais rentável.
OMC Um dos grandes instrumentos da expansão recente do comércio foi a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995, com o objetivo de abrir as economias nacionais, eliminar o chamado protecionismo (quando um país impõe taxas ou outras barreiras comerciais para restringir a importação de produtos e proteger a sua própria produção interna) e facilitar o livre trânsito de mercadorias. Em sua atividade de rotina, a OMC atua como um fórum que resolve litígios comerciais entre países aderentes – e, no limite, até os julga. Para abordar os problemas do comércio mundial, a OMC funciona com rodadas de discussão sobre temas, que chegam ao final quando se fecham os acordos, fixando novas regras para o comércio global. Ocorre que a Rodada de Doha, aberta em 2001 (com prazo previsto até 2006), entrou num impasse não resolvido até hoje, pois os países ricos querem maior acesso de seus produtos aos países em desenvolvimento, esses buscam restringir as vantagens econômicas (subsídios) que os ricos dão a seus produtores agrícolas, e não se chega a um acordo. O prolongado impasse mostra a dificuldade da globalização em beneficiar o conjunto dos países e das populações do globo. É com o desafio de destravar essas negociações internacionais que o brasileiro Roberto Azevêdo assumiu a Presidência da OMC em 2013.
Blocos Econômicos Outra expressão importante da economia globalizada é a formação de blocos econômicos, como a União Europeia, o Nafta (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte) e o Mercosul. Os primeiros agrupamentos de nações
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Globalização, Comércio e Transporte
surgiram com o objetivo de facilitar e baratear a circulação de mercadorias entre seus membros. Sob a economia globalizada, porém, essas medidas reforçam a tendência de abrir as fronteiras das nações ao livre fluxo de capitais, ao reduzir barreiras alfandegárias e coibir práticas protecionistas e regulamentações nacionais. Existem quatro modelos básicos de bloco econômico:
• Zona de livre-comércio, em que há redução ou eliminação de tarifas alfandegárias; •
União aduaneira, que, além de abrir o mercado interno, define regras para o comércio com nações de fora do bloco;
• Mercado comum, que permite a livre circulação de capitais, serviços e pessoas; e
CAPÍTULO 11
O agrupamento foi constituído para a discussão de temas convergentes, pois são países que compartilham vários problemas em comum. Depois, os Brics ampliaram os seus laços. O mais importante foi adotado em Fortaleza (CE), em sua reunião de julho de 2014, com a fundação do Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado Banco dos Brics, para ser uma fonte alternativa ao FMI e Banco Mundial como centro de financiamento para projetos de desenvolvimento e para socorro a países em dificuldades. A fundação do banco cria condições para uma maior aproximação dos cinco países, que têm nítidas vantagens na colaboração econômica, mas enfrentam desafios políticos, sobretudo diante dos papéis de Rússia e China no cenário mundial – as duas integram o Conselho de Segurança da ONU e têm atritos geopolíticos de magnitude com os EUA.
• União econômica e monetária, em que os países adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única.
Desigualdades
A formação de blocos econômicos acelerou o comércio mundial. Antes, qualquer produto importado chegava ao consumidor com um valor significativamente mais alto, em função das taxações impostas ao se cruzar a alfândega. Os acordos entre os países reduziram – e em alguns casos acabaram – com essas barreiras comerciais, processo conhecido como liberalização comercial.
Os grandes investidores internacionais podem, atualmente, com o simples acesso ao computador de um banco, retirar milhões de dólares de nações nas quais vislumbram problemas econômicos, políticos ou sociais. uando os países tornam-se vulneráveis a esses movimentos -, organismos como o FMI liberam empréstimos para que possam enfrentar a sangria de dólares. Em contrapartida, os governos beneficiados ficam obrigados a obedecer um receituário de ajuste econômico.
O bloco econômico mais importante do mundo é a União Europeia (EU), tanto pela força de algumas de suas principais economias – como as da França, Alemanha e Reino Unido -, quanto pela profundidade das relações entre seus membros. Os norte-americanos impulsionaram o Nafta (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte), tornado México e Canadá economias diretamente vinculadas à sua. Os EUA também fazem parte da Apec (Área de Livre-Comércio da Ásia e do Pacífico), integrada por Japão, China, Austrália e Chile, entre outras nações. Na América do Sul, o grande bloco é o Mercosul, criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que desde o nascimento teve os EUA como parceiro principal – pelo chamado Acordo 4+1. Recentemente, o bloco teve a adesão da Venezuela. O Mercosul tem ainda a Bolívia em processo de adesão e, como países associados, o Chile, o Peru, a Colômbia, o Equador, a Guiana e o Suriname. Em 2012, foi criada a Aliança do Pacífico, bloco comercial que engloba Chile, Peru, Colômbia, México e Costa Rica, que pretende evoluir para uma zona de livre-comércio. Os cinco países têm acordos de livre-comércio com os EUA, o que tem impulsionado suas economias.
Brics Os países emergentes cresceram de importância no cenário mundial desde o início da crise econômica global, em 2008. Os emergentes são as grandes economias entre os países em desenvolvimento, e foram menos atingidos que as nações ricas no momento de eclosão da crise. Seus mais destacados membros criaram um grupo de articulação econômica e política, que não é um bloco e aparece com frequência no noticiário: os Brics, acrônimo para o grupo com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em inglês).
Uma das consequências é que, além de muitas vezes penalizar as populações carentes, por causa da contenção de investimentos sociais, essas políticas tendem a frear o crescimento econômico, por força da maior carga tributária, do congelamento de investimentos públicos e da elevação dos juros. Assim, a globalização acenou com perspectivas que não se concretizaram. Imaginou-se um mundo integrado e sem fronteiras, coma redução das desigualdades entre as nações. Não é isso, porém, o que se vê. Há um aumento das desigualdades no cenário mundial. O comércio internacional é intenso, mas as exportações dos países ricos cresceram muito mais do que a dos países pobres nas últimas décadas e, atualmente, apenas dez países (dos 195 no mundo) monopolizam mais da metade de todo o comércio internacional.
TRANSPORTES Transportes terrestres Os transportes terrestres abrangem o rodoviário e o ferroviário. Transporte ferroviário É muito utilizado em países desenvolvidos como EUA, Canadá, países da União Europeia e Japão. Em vários países latino-americanos e africanos, as ferrovias são deficitárias por terem sido implantadas de maneira isolada, com várias bitolas (largura dos trilhos). Além disso, não integram maiores áreas do país e, como foram construídas para levar um determinado produto no interior para o litoral, não apresentam cargas de retorno, o que encarece os fretes.
Transporte rodoviário É o transporte mais utilizado no mundo inteiro, tanto para carga como para passageiros.
Curso Enem 2019 | Geografia
225
CAPÍTULO 11
Globalização, Comércio e Transporte
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Apresenta as desvantagens do custo de manutenção da rodovia, consumo de combustível, pequena capacidade de carga e segurança. É o transporte com o maior número de acidentes em todo o mundo.
O Brasil, na atualidade, apresenta o predomínio do transporte rodoviário sobre os demais sistemas, tanto para carga como para passageiros.
Transporte Aquático
É o transporte mais indicado para distâncias de até 300 quilômetros.
É um sistema de transporte utilizado pelo ser humano desde o início da civilização.
Desvantagens:
Apresenta as vantagens de ser barato, seguro e ter grande capacidade de carga, com as desvantagens de ser lento e exigir uma infraestrutura complexa para a construção de eclusas, portos, dragagem e sinalização.
•
Elevado custo de manutenção da rodovia
•
Elevado consumo de combustível
•
Pequena capacidade de carga
Pode ser fluvial, marítimo e lacustre.
• Baixo nível de segurança (é o transporte com o maior número de acidentes em todo o mundo).
Transporte Fluvial
Transporte Ferroviário
É o mais barato de todos os sistemas de transporte. Porém exige rios caudalosos, de preferência de planície e exorreicos para permitir ligação com os oceanos.
Devido ao sucateamento do todo o sistema ferroviário brasileiro e à falta de recursos, o governo federal já privatizou toda a malha da Rede Ferroviária Federal, no sistema de concessão temporária.
É um sistema muito utilizado na Federação Russa, Europa Ocidental, China e Estados Unidos. Entre os rios mais navegados no mundo se destacam: rio Mississipi (EUA), rio São Lourenço (EUA/Canadá), rio Amazonas (Peru, Colômbia e Brasil), rio da Prata (Argentina/Paraguai), rio Reno (Suíça/Alemanha/ França/Países Baixos) e Volga (Rússia).
Transporte Marítimo
Com a privatização se pretende reformular totalmente o transporte ferroviário, com a recuperação das ferrovias e equipamentos, modernização e conclusão de alguns ramais importantes.
Características atuais:
É o mais utilizado para a movimentação intercontinental de cargas.
O transporte ferroviário brasileiro é essencialmente de carga, transportando minérios e grãos das áreas extratoras ou produtoras aos portos.
É um sistema de transporte fundamental para exportação e importação.
Também em alguns ramais se verifica o transporte de combustíveis das refinarias a centros mais distantes.
Em todo o mundo a movimentação de mercadorias através de navios é subordinada a preços impostos por um grande cartel de armadores (donos de navios).
O transporte de passageiros é utilizado nas áreas metropolitanas – trens de subúrbio e metrô – no estado de São Paulo e também no Maranhão e Leste do Pará, através da E. F. Carajás.
Transporte Lacustre
Problemas:
É um sistema utilizado em alguns países. Com exceção da navegação nos Grandes Lagos (Superior, Michigan, Huron, Eirê e Ontário), é um sistema tipicamente interno, efetivado entre as bordas dos lagos.
Ainda perduram os problema de:
Transporte Aéreo É um sistema rápido, seguro e caro, sendo o mais utilizado como transporte de passageiros intercontinental. Também, cada vez mais é utilizado para o transporte de cargas.
•
multiplicidade de bitolas;
• ramais antieconômicos por traçados sinuosos, tornando os percursos longos e demorados; •
falta de integração entre as ferrovias;
• ramais obsoletos que não permitem composições maiores e mais rápidas;
OS TRANSPORTES NO BRASIL
•
Transporte Rodoviário
Transporte Aquático
O impulso para a construção de rodovias iniciou no governo de Washington Luís, e a partir do governo JK ela passou a ser prioridade em todos os planos do governo.
Com litoral demais de 7mil km e cerca de 50mil km de rios, o transporte aquático pode ser muito utilizado, tanto para transporte regional, inter-regional, como internacional.
226 Geografia | Curso Enem 2019
material rodante ultrapassado e mal conservado.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Globalização, Comércio e Transporte
CAPÍTULO 11
Transporte Fluvial É utilizado principalmente no rio Amazonas e alguns de seus afluentes para o transporte de carga e de passageiros. No rio Paraguai é utilizado para o transporte de gado, minérios do Maciço de Urucum e passageiros das regiões ribeirinhas. Destacam-se ainda a navegação em pequena escala nos rios São Francisco, Tocantins, Araguaia, Paraná, Uruguai e Jacuí.
Transporte Lacustre Em maior intensidade se verifica na lagoa dos Patos, permitindo o acesso a porto de Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS). Problemas do Transporte Aquático:
C a p ít u lo 1 1 – G L OB A L I Z A Ç Ã O , C O M É R C I O E T R A N S P O R T E
Algumas dificuldades cercam o transporte aquático no Brasil, como:
•
costa rasa, retilínea e aberta;
•
rios deEm planaltos com quedas; maior intensidade se verifica na lagoa dos Patos, permitindo o acesso a porto de Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS).
•
rios de planície afastados das áreas industrializadas;
•
rasa, retilínea e aberta; portos- malcosta equipados;
•
- programas rios de planície afastados das áreas industrializadas; falta de de construções de eclusas e canais de navegação;
•
embarcações reduzido e ultrapassadas; faltaem de número programas de construções de eclusas e canais de navegação;
•
entidades corporativistas que impedem a modernização dos portos sob o temor do desmprego e perda de regalias;
•
pressão deregalias; grandes grupos econômicos ligados ao setor do transporte rodoviário.
Transporte Lacustre Problemas do Transporte Aquático:
Algumas dificuldades cercam o transporte aquático no Brasil, como: -
rios de planaltos com quedas;
-
portos mal equipados;
-
embarcações em número reduzido e ultrapassadas;
-
entidades corporativistas que impedem a modernização dos portos sob o temor do desmprego e perda de
-
pressão de grandes grupos econômicos ligados ao setor do transporte rodoviário.
Transporte Aéreo
Transporte Aéreo
É utilizado principalmente como transporte internacional de passageiros e, internamente, como transporte de executivos. É utilizado principalmente como transporte internacional de passageiros e, internamente, como transporte de executivos.
Pelo seu elevado custo, não é utilizado pela maior parte da população.
Pelo seu elevado custo, não é utilizado pela maior parte da população.
Nos anos últimos anos vivenciou uma popularização, ao melhoramento da econômica e aumento do poder Nos últimos vivenciou uma popularização, devido devido ao melhoramento da econômica e aumento do poder aquisitivo da aquisitivo da população. população.
Exercícios 1. (Enem)1.
EXERCÍCIOS
(Enem)
uma das personagens adota diferente uma forma os países “não desenvolvidos”, porém, tem-se Cada uma dasCada personagens adota uma forma dediferente designardeosdesignar países “não desenvolvidos”, porém, atualmente atualmente tem-se adotado a terminologia “países em desenvolvimento” porque adotado a terminologia “países em desenvolvimento” porque a)
representa melhor a ausência de desigualdades econômicas que se observa hoje entre essas nações.
b)
facilita as relações comerciais no mercado globalizado, ao aproximar países mais e menos desenvolvidos.
c)
indica que os países estão em processo de desenvolvimento, reduzindo o estigma inerente ao termo “subdesenvolvidos”.
a)
representa melhor a ausência de desigualdades econômicas que se observa hoje entre essas nações.
b)
facilita as relações comerciais no mercado globalizado, ao aproximar países mais e menos desenvolvidos.
c)
indica que os países estão em processo de desenvolvimento, reduzindo o estigma inerente ao termo “subdesenvolvidos”.
d)
de desenvolvimento. demonstra o crescimento econômico desses países, que vem sendo maior ao longo dos anos, erradicando as desigualdades.
e)
2. que (Enem) Em a 1961, o presidente De que Gaulle apelou com êxito aos recrutas franceses contra o golpede militar dos reafirma durante Guerra Fria os países eram subdesenvolvidos alcançaram estágios avançados desenvolvimento.
d) e)
demonstra o crescimento econômico desses países, que vem sendo maior ao longo dos anos, erradicando as desigualdades. reafirma que durante a Guerra Fria os países que eram subdesenvolvidos alcançaram estágios avançados
seus comandados, porque os soldados podiam ouvi-lo em rádios portáteis. Na década de 1970, os discursos do aiatolá Khomeini, líder exilado da futura Revolução Iraniana, eram gravados em fita magnética e prontamente levados para o Irã, copiados e difundidos.
Curso 2019 | Geografia HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia.Enem das Letras, 1995. Os exemplos mencionados no texto evidenciam um uso dos meios de comunicação identificado na a)
manipulação da vontade popular.
227
CAPÍTULO 11
Globalização, Comércio e Transporte
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 2. (Enem) Em 1961, o presidente De Gaulle apelou com êxito aos recrutas franceses contra o golpe militar dos seus comandados, porque os soldados podiam ouvi-lo em rádios portáteis. Na década de 1970, os discursos do aiatolá Khomeini, líder exilado da futura Revolução Iraniana, eram gravados em fita magnética e prontamente levados para o Irã, copiados e difundidos. HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
A necessidade de modais de transporte interligados, no território brasileiro, justifica-se pela(s) a)
variações climáticas no território, associadas à interiorização da produção.
b)
grandes distâncias e a busca da redução dos custos de transporte.
c)
formação geológica do país, que impede o uso de um único modal.
d)
proximidade entre a área de produção agrícola intensiva e os portos.
e)
diminuição dos fluxos materiais em detrimento de fluxos imateriais.
Cia. das Letras, 1995.
Os exemplos mencionados no texto evidenciam um uso dos meios de comunicação identificado na a)
manipulação da vontade popular.
b)
promoção da mobilização política.
c)
insubordinação das tropas militares.
d)
implantação de governos autoritários.
e)
valorização dos socialmente desfavorecidos.
5. (Enem)
3. (Enem) O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia. No restaurante, toda uma série de elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo; Martins, 1959
Disneylândia
Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong E produzem com matéria-prima brasileira Para competir no mercado americano [...] Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul [...] Crianças iraquianas fugidas da guerra Não obtêm visto no consulado americano do Egito Para entrarem na Disneylândia ANTUNES, A. Disponível em: www.radio.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2013 (fragmento).
Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto internacional atual, das seguintes situações:
(adaptado).
a)
Acirramento do controle alfandegário e estímulo ao capital especulativo.
A situação descrita é um exemplo de como os costumes resultam da
b)
Ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos populacionais.
a)
assimilação de valores de povos exóticos.
c)
b)
experimentação de hábitos sociais variados.
Intensificação do controle informacional e adoção de barreiras fitossanitárias.
c)
recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
d)
Aumento da circulação mercantil e desregulamentação do sistema financeiro.
d)
fusão de elementos de tradições culturais diferentes.
e)
e)
valorização de comportamento de grupos privilegiados.
Expansão do protecionismo comercial e descaracterização de identidades nacionais.
4. (Enem) De todas as transformações impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística de transportes, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razão muito simples: o potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de transportes condizente com a escala geográfica do Brasil. HUERTAS, D. M. O papel dos transportes na expansão recente da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y Territorio, Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010 (adaptado).
228 Geografia | Curso Enem 2019
6. (Enem) Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada. SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: n o loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas estratégias tem sido
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: n o loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
culturais
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
No texto estão apresentadas estratégias Globalização, Comércio empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas estratégias tem sido
e grupos
impostas cional à mais de zão muito logística” stema de gráfica do
são recente y Territorio, adaptado).
erligados, )
ssociadas
a)
o crescimento carga tributária. oa)crescimento da cargadatributária.
b)
o aumento da mobilidade ocupacional.
c)
a redução da competitividade entre as empresas. empresas.
d)
o direcionamento das pararegioos od)direcionamento das vendas paravendas os mercados nais. mercados regionais.
e)
a ampliação dodepoder de planejamento ae)ampliação do poder planejamento dos Estadosdos naEstados nacionais. cionais.
b)
o aumento da mobilidade ocupacional.
c)
a
redução
da
competitividade
entre
as
HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C.W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: UNESP, 2006.
7. (Enem) 7. (Enem)
O mapa procura representar a lógica espacial do mundo contemporâneo pós-União Soviética, no contexto de avanço da globalização e do neoliberalismo, quando a divisão entre países socialistas e capitalistas se desfez e as categorias de “primeiro” e “terceiro” mundo perderam sua validade explicativa. Considerando esse objetivo interpretativo, tal distribuição espacial aponta para
impede o produção em
resas em
a
omésticos
mericanos
o do Egito
uol.com.br. ragmento).
CAPÍTULO 11
O espaço mundial sob a “nova des-ordem” é um emaranhado de zonas, redes e “aglomerados”, espaços hegemônicos e contra-hegemônicos que se cruzam de forma complexa na face da Terra. Fica clara, de saída, a polêmica que envolve uma nova regionalização mundial. Como regionalizar um espaço tão heterogêneo e, em parte, fluido, como é o espaço mundial contemporâneo?
dução dos
iais
e Transporte
O organograma apresenta os diversos atores que O organograma apresenta os diversos atores que integram uma cadeia agroindustrial e a os intensa uma integram cadeia agroindustrial e a intensa relação entre setores relação entre os setores Nesse primário, secundário e primário, secundário e terciário. sentido, a disposição terciário. Nesse sentido, a demonstra disposição dos atores dos atores na cadeia agroindustrial
a)
a autonomia do setor primário. a)
a autonomia do setor primário.
ab)importância do setordo financeiro. a importância setor financeiro.
c)
oc)distanciamento entre campo cidade.e cidade. o distanciamento entreecampo
a estagnação dos Estados com forte identidade cultural.
b)
o alcance da racionalidade anticapitalista.
c)
a influência das grandes potências econômicas.
d)
a dissolução de blocos políticos regionais.
e)
o alargamento da força econômica dos países islâmicos.
9. (Enem) Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante é a venda e compra de grandes somas de áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos ainda não consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se literalmente protetorados.
na cadeia agroindustrial demonstra
b)
a)
BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global? Disponível em: http://opiniaoenoticia.com.br.
a subordinação da indústria à agricultura. Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado). ad)subordinação da indústria à agricultura. C apítulo 11 – G LO B ALIZ A Ç Ã O , C O M É R C I O E T R A N SP O R T E e) a horizontalidade das relações produtivas. e) a horizontalidade das relações produtivas. A presença econômica da China em vastas áreas do globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto, como é possível 8. (Enem) 8. (Enem) A presença econômica da China em vastas caracterizar a relação econômica da áreas China com o continente do globo é uma realidade do século XXI. A partir africano? *HRJUD¿D do texto, como é possível caracterizar a relação
d)
econômica da China com o continente africano? a)
b)
c)
d)
a) Pela presença de órgãos econômicos internacionais Pela presença de órgãos econômicos como o Fundo (FMI) e o Banco internacionais como Monetário o Fundo Internacional Monetário Internacional e o Banco Mundial, que Mundial,(FMI) que restringem os investimentos chineses, uma restringem os investimentos chineses, uma vez que estes não se preocupam com a preservação do vez que estes não se preocupam com a meio ambiente. preservação do meio ambiente. Pela
ação
de
ONGs
(Organizações
b) Pela ação de ONGs (Organizações Não Governamentais) Não Governamentais) que limitam os que limitam os investimentos estatais investimentos estatais chineses, uma vez chineses, uma vez que estes se mostram desinteressados em que estes se mostram desinteressados em relação aos relação aos problemas sociais africanos. problemas sociais africanos. Pela aliança com os capitais e investimentos
diretos pelos os países ocidentais, c) Pelarealizados aliança com capitais e investimentos diretos promovendo o crescimento econômico de realizados pelos países ocidentais, promovendo o algumas regiões desse continente. crescimento econômico de algumas regiões desse Pela presença cada vez maior de investimentos continente. diretos, o que pode representar uma ameaça à soberania dos países africanos ou
e)
manipulação das ações governos em d) Pela presença cadadestes vez maior de investimentos diretos, o favorque dos pode grandes projetos. uma ameaça à soberania dos países representar Pela presença número cada vezações maiordestes governos em africanosde ouum manipulação das de diplomatas, o que pode levar à formação favor dos grandes projetos. de um Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os interesses ocidentais.
O espaço mundial sob a “nova des-ordem” é um emaranhado de zonas, redes e “aglomerados”, espaços hegemônicos e contra-hegemônicos que se cruzam de forma complexa na face da Terra. Fica clara, de saída, a polêmica que envolve uma nova regionalização mundial. Como regionalizar
10. (Enem) No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, pertencente Curso Enem 2019 | Geografia e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao principal porto da região, em São Luís.
229
CAPÍTULO 11
Globalização, Comércio e Transporte
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
e) Pela presença de um número cada vez maior de diplomatas, o que pode levar à formação de um Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os interesses ocidentais. 10. (Enem) No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao principal porto da região, em São Luís. Por seus, aproximadamente, 900 quilômetros de linha, passam, hoje, 5353 vagões e 100 locomotivas. Dísponivel em: http://www.transportes.gov.br. Acesso em 27 jul. 2010 (adaptado).
A ferrovia em questão é de extrema importância para a logística do setor primário da economia brasileira, em especial para porções dos estados do Pará e Maranhão. Um argumento que destaca a importância estratégica dessa porção do território é a a) produção de energia para as principais áreas industriais do país. b) produção sustentável de recursos minerais não metálicos. c)
capacidade de produção de minerais metálicos.
d) logística de importação de matérias-primas industriais. e) produção de recursos minerais energéticos. 11. (Enem) O G-20 é o grupo que reúne os países do G-7, os mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia). Esse grupo de países vem ganhando força nos fóruns internacionais de decisão e consulta. ALLAN. R. Crise global. Dísponivel em: http://conteudoclippingmp. planejamento.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), termo criado em 2001 para referir-se aos países que a) apresentam características econômicas promissoras para as próximas décadas. b) possuem base tecnológica mais elevada. c)
apresentam índices de igualdade social e econômica mais acentuados.
d) apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a economia global. e) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a economia mundial. 12. (Enem) O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o
230 Geografia | Curso Enem 2019
atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém, qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em cinquenta horas no mínimo”. Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos à Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação, Santos. DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).
O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com base em imigrantes europeus foi importante, porque a) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das ferrovias, era feito a pé ou em muares; no entanto, o tempo de viagem era aceitável, uma vez que o café era plantado nas proximidades da capital, São Paulo. b) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São Paulo permitiu que mão de obra estrangeira fosse contratada para trabalhar em cafezais de regiões cada vez mais distantes do porto de Santos. c)
o escoamento da produção de café se viu beneficiado pelos aportes de capital, principalmente de colonos italianos, que desejavam melhorar sua situação econômica.
d) os fazendeiros puderam prescindir da mão de obra europeia e contrataram trabalhadores brasileiros provenientes de outras regiões para trabalhar em suas plantações. e) as notícias de terras acessíveis atraíram para São Paulo grande quantidade de imigrantes, que adquiriram vastas propriedades produtivas. 13. (Enem) A abertura e a pavimentação de rodovias em zonas rurais e regiões afastadas dos centros urbanos, por um lado, possibilita melhor acesso e maior integração entre as comunidades, contribuindo com o desenvolvimento social e urbano de populações isoladas. Por outro lado, a construção de rodovias pode trazer impactos indesejáveis ao meio ambiente, visto que a abertura de estradas pode resultar na fragmentação de habitats, comprometendo o fluxo gênico e as interações entre espécies silvestres, além de prejudicar o fluxo natural de rios e riachos, possibilitar o ingresso de espécies exóticas em ambientes naturais e aumentar a pressão antrópica sobre os ecossistemas nativos. BARBOSA, N. P. U; FERNANDES, G. W. A destruição do jardim. Scientific American Brasil. Ano 7, número 80, dez. 2008 (adaptado).
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Globalização, Comércio e Transporte
Nesse contexto, para conciliar os interesses aparentemente contraditórios entre o progresso social e urbano e a conservação do meio ambiente, seria razoável a) impedir a abertura e a pavimentação de rodovias em áreas rurais e em regiões preservadas, pois a qualidade de vida e as tecnologias encontradas nos centros urbanos são prescindíveis às populações rurais. b) impedir a abertura e a pavimentação de rodovias em áreas rurais e em regiões preservadas, promovendo a migração das populações rurais para os centros urbanos, onde a qualidade de vida é melhor. c)
permitir a abertura e a pavimentação de rodovias apenas em áreas rurais produtivas, haja vista que nas demais áreas o retorno financeiro necessário para produzir uma melhoria na qualidade de vida da região não é garantido.
d) permitir a abertura e a pavimentação de rodovias, desde que comprovada a sua real necessidade e após a realização de estudos que demonstrem ser possível contornar ou compensar seus impactos ambientais. e) permitir a abertura e a pavimentação de rodovias, haja vista que os impactos ao meio ambiente são temporários e podem ser facilmente revertidos com as tecnologias existentes para recuperação de áreas degradadas. 14. (Enem) Populações inteiras, nas cidades e na zona rural, dispõem da parafernália digital global como fonte de educação e de formação cultural. Essa simultaneidade de cultura e informação eletrônica com as formas tradicionais e orais é um desafio que necessita ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica, com estilos e valores culturais de outras sociedades, pode inspirar apreço, mas também distorções e ressentimentos. Tanto quanto há necessidade de uma cultura tradicional de posse da educação letrada, também é necessário criar estratégias de alfabetização eletrônica, que passam a ser o grande canal de informação das culturas segmentadas no interior dos grandes centros urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de educação. BRIGAGÃO, C. E; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado).
Com base no texto e considerando os impactos culturais da difusão das tecnologias de informação no marco da globalização, depreende-se que a) a ampla difusão das tecnologias de informação nos centros urbanos e no meio rural suscita o contato entre diferentes culturas e, ao mesmo tempo, traz a necessidade de reformular as concepções tradicionais de educação. b) a apropriação, por parte de um grupo social, de valores e ideias de outras culturas para benefício próprio é fonte de conflitos e ressentimentos. c)
as mudanças sociais e culturais que acompanham o processo de globalização, ao mesmo tempo em que refletem a preponderância da cultura urbana, tornam obsoletas as formas de educação tradicionais próprias do meio rural.
CAPÍTULO 11
d) as populações nos grandes centros urbanos e no meio rural recorrem aos instrumentos e tecnologias de informação basicamente como meio de comunicação mútua, e não os veem como fontes de educação e cultura. e) a intensificação do fluxo de comunicação por meios eletrônicos, característica do processo de globalização, está dissociada do desenvolvimento social e cultural que ocorre no meio rural. 15. (Enem) Sozinho vai descobrindo o caminho O rádio fez assim com seu avô Rodovia, hidrovia, ferrovia E agora chegando a infovia Para alegria de todo o interior GIL, G. Banda larga cordel. Disponível em: www.uol. vagalume.com.br. Acesso em: 16 abr. 2010 (fragmento).
O trecho da canção faz referência a uma das dinâmicas centrais da globalização, diretamente associada ao processo de a) evolução da tecnologia da informação. b) expansão das empresas transnacionais. c)
ampliação dos protecionismos alfandegários.
d) expansão das áreas urbanas do interior. e) evolução dos fluxos populacionais. 16. (Enem) O intercâmbio de ideias, informações e culturas, através dos meios de comunicação, imprimem mudanças profundas no espaço geográfico e na construção da vida social, na medida em que transformam os padrões culturais e os sistemas de consumo e de produção, podendo ser responsáveis pelo desenvolvimento de uma região. HAESBAERT, R. Globalização e fragmentação do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: EdUFF, 1998.
Muitos meios de comunicação, frutos de experiências e da evolução científica acumuladas, foram inventados ou aperfeiçoados durante o século XX e provocaram mudanças radicais nos modos de vida, como por exemplo, a) a diferenciação regional da identidade social por meio de hábitos de consumo. b) o maior fortalecimento de informações, hábitos e técnicas locais. c)
a universalização do acesso a computadores e a Internet em todos os países.
d) a melhor distribuição de renda entre os países do sul favorecendo o acesso a produtos originários da Europa. e) a criação de novas referências culturais para a identidade social por meio da disseminação das redes de fast-food. 17. (Enem) O mundo entrou na era do globalismo. Todos estão sendo desafiados pelos dilemas e horizontes que se abrem com a formação da sociedade global. Um processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações.
Curso Enem 2019 | Geografia
231
esses países.
CAPÍTULO 11
A����������. J A. �. Relações Internacionais contemporâneas: a ordem mundial depois da Guerra Fria. Petrópolis: Vozes, 2007 (adaptado).
Globalização, Comércio e Transporte
No texto, é feita referência a um momento do desenvolvimento do capitalismo. A expansão do sistema capitalista de produção nesse momento está fundamentada na a)
difusão de práticas mercantilistas.
b)
propagação dos meios de comunicação.
c)
ampliação dos protecionismos alfandegários.
d)
manutenção do papel controlador dos Estados.
e)
conservação das partilhas imperialistas europeias.
18. (Enem) Entre as promessas contidas na ideologia do processo de globalização da economia estava a dispersão da produção do conhecimento na esfera global, expectativa que não se vem concretizando. Nesse cenário, os tecnopolos aparecem como um centro de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia que conta com mão de obra altamente qualificada. Os impactos desse processo na inserção dos países na economia global deram- se de forma hierarquizada e assimétrica. Mesmo no grupo em que se engendrou a reestruturação produtiva, houve difusão desigual da mudança de paradigma tecnológico e organizacional. O peso da assimetria projetou- se mais fortemente entre os países mais desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. BARROS, F. A. F. Concentração técnico-científica: uma tendência em expansão no mundo contemporâneo? Campinas: Inovação Uniemp, v. 3, no 1, jan./fev. 2007 (adaptado).
Diante das transformações ocorridas, é reconhecido que a)
a inovação tecnológica tem alcançado a cidade e o campo, incorporando a agricultura, a indústria e os serviços, com maior destaque nos países desenvolvidos.
b)
os fluxos de informações, capitais, mercadorias e pessoas têm desacelerado, obedecendo ao novo modelo fundamentado em capacidade tecnológica.
c)
as novas tecnologias se difundem com equidade no espaço geográfico e entre as populações que as incorporam em seu dia.
d)
os tecnopolos, em tempos de globalização, ocupam os antigos centros de industrialização, concentrados em alguns países emergentes.
e)
o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, decorrente da dispersão da produção do conhecimento na esfera global, equipara-se ao dos países desenvolvidos.
d
a)
e
Consolidação da interdependência depois da Guerra Fria. Petrópolis: Vozes, 2007econômica (adaptado). – aproximação comercial entre os países. Os aspectos destacados no que diferenciam os estágios – b) Conjugação detexto políticas governamentais dos processos de integração da União Europeia e do Mercosul enrijecimento do controle migratório. são, respectivamente: c) Criação de inter-relações sociais – articulação de políticas a) Consolidação da nacionais. interdependência econômica –
d) Composição deentre estratégias de comércio aproximação comercial os países. exterior – homogeneização das políticas b) Conjugação de políticas governamentais – enrijecimento cambiais. do controle migratório. e) Reconfiguração de fronteiras internacionais – padronização dassociais tarifas externas. c) Criação de inter-relações – articulação de políticas nacionais. 20. (Enem) Figuram no atual quadro econômico d) Composição de estratégias de comércio exterior – mundial países considerados economias homogeneização das políticas cambiais. emergentes, também chamados de novos países Apresentam considerável e) industrializados. Reconfiguração de fronteiras nível internacionais – depadronização industrialização e externas. alto grau de investimentos das tarifas externos, no entanto as populações desses países 20.convivem (Enem) Figuram atual quadro econômico mundial com no estruturas sociais e econômicas países considerados economias emergentes, também arcaicas e com o agravamento das condições de vida chamados de novosAs países industrializados. Apresentam nível nas cidades. principais economias emergentes considerável de industrialização e alto grau de investimentos que despertam o interesse dos empresários do externos, nosão: entanto as populações convivem mundo Brasil, Rússia, desses Índia países e China (BRIC). com estruturas e econômicas arcaicas e com o Tais países sociais apresentam características comuns, agravamento das condições de vida nas cidades. As principais como mão de obra abundante e significativas economias emergentes que despertam o interesse dos reservas de recursos minerais. empresários do mundo são: Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). do quadro apresentado, é possível TaisDiante países apresentam características comuns, como mãoinferir de que a reunião desses países,desob a sigla BRIC, obra abundante e signifi cativas reservas recursos minerais. aponta para apresentado, é possível inferir que a reunião Diante do quadro desses sob a sigla BRIC, aponta para a) países, um novo sistema socioeconômico baseado na superação das desigualdades que conferiam a) um novo sistema socioeconômico baseado na superação sentido à ideia de Terceiro Mundo. das desigualdades que conferiam sentido à ideia de b) a razoabilidade do pleito de participarem do Terceiro Mundo. Conselho de Segurança da Organização das b) a razoabilidade do pleito de participarem do Conselho Nações Unidas (ONU). da Organização das condições Nações Unidas (ONU).em c)de Segurança a melhoria natural das sociais decorrência dacondições aceleração e da a melhoria natural das sociaiseconômica em decorrência redução dos níveis de desemprego. da aceleração econômica e da redução dos níveis de desemprego. d) a perspectiva de que se tornem, a médio prazo, economias desenvolvidas com uma d) a perspectiva que se tornem, a médio prazo, economias série dededesafios comuns. desenvolvidas com uma série de desafios comuns. e) a formação de uma frente diplomática com o objetivo de defender os interesses dos países e) a formação de uma frente diplomática com o objetivo de defender os interesses dos países menos desenvolvidos. menos desenvolvidos. c)
21. (Enem) 21. (Enem)
19. (Enem) Na União Europeia, buscava-se coordenar políticas domésticas, primeiro no plano do carvão e do aço, e, em seguida, em várias áreas, inclusive infraestrutura e políticas sociais. E essa coordenação de ações estatais cresceu de tal maneira, que as políticas sociais e as macropolíticas passaram a ser coordenadas, para, finalmente, a própria política monetária vir a ser também objeto de coordenação com vistas à adoção de uma moeda única. No Mercosul, em vez de haver legislações e instituições comuns e coordenação de políticas domésticas, adotamse regras claras e confiáveis para garantir o relacionamento econômico entre esses países. A B R . J A. . Relações Internacionais contemporâneas: a ordem mundial
232 Geografia | Curso Enem 2019
c
Os aspectos destacados no texto que diferenciam dos processos de integração da União Europeia e do Mercosul são, respectivamente:
os estágios TRODUÇÃO À FILOSOFIA IANNI. O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.
b
218
22. ( a e e a d d o e
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U n
a
b
c
d
e
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Globalização, Comércio e Transporte
CAPÍTULO 11
O diálogo entre os personagens da charge evidencia, no Brasil, a(s) a)
reinserção do país na economia globalizada.
b)
transformações políticas na vigência do Estado Novo.
c)
alterações em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país.
d)
suspensão das eleições legislativas durante o período da Ditadura Militar.
e)
volta da democracia após um período sem eleições diretas para o Executivo Federal.
22. (Enem) Não acho que seja possível identificar a globalização apenas com a criação de uma economia global, embora este seja seu ponto focal e sua característica mais óbvia. Precisamos olhar além da economia. Antes de tudo, a globalização depende da eliminação de obstáculos técnicos, não de obstáculos econômicos. Isso tornou possível organizar a produção, e não apenas o comércio, em escala internacional. HOBSBAWM, E. O novo século: entrevista a Antonio Polito. São Paulo: Cia. das Letras, 2000 (adaptado).
Um fator essencial para a organização da produção, na conjuntura destacada no texto, é a a)
criação de uniões aduaneiras.
b)
difusão de padrões culturais.
c)
melhoria na infraestrutura de transportes.
d)
supressão das barreiras para comercialização.
e)
organização de regras nas relações internacionais.
GABARITO 1
C
7
B
13
D
19
A
2
B
8
C
14
A
20
D
3
D
9
D
15
A
21
E
22
C
4
B
10
C
16
E
5
B
11
A
17
B
6
B
12
B
18
A
Curso Enem 2019 | Geografia
233
FILOSOFIA Capítulo 1 - A Síntese Filosófica:
236
Capítulo 2 - Filosofia Medieval à Filosofia Moderna
246
Capítulo 3 - Exercícios
26 8
CAPÍTULO 1
Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 1
A Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências 1. Natureza e Cultura Determinismo e liberdade a) No mundo animal, o determinismo rege a vida. Não há possibilidade de liberdade, uma vez que o instinto natural conduz a vida dos animais.Dessa forma, o ser humano, em sua natureza animal, encontra-se também preso a determinismos: tem um corpo sujeito às leis da física e da química; é um ser vivo que pode ser compreendido pela biologia; é um ser que tem necessidades, determinismos constitutivos de sua natureza. Não há como negar os determinismos, ignorá-los, viver se eles. b) O voo do pássaro, apesar de parecer liberdade, é expressão de uma lei natural à qual ele está preso. Ele não pode não voar. Há uma programação genética no mundo animal que nos faz afirmar o determinismo, a ausência de liberdade, a ausência da capacidade de consciência e distanciamento reflexivo. c) Em contrapartida, o ser humano, situado no universo da cultura, vai além dos determinismo; ele é também consciência dos determinismos. Isso significa que, ao tomar consciência da necessidade de certas ações, ele tem o poder ou a capacidade de um relativo distanciamento crítico desse impulso físico. d) Embora livre, a liberdade humana é sempre condicionada pelos limites da cultura. Assim, não há liberdade humana absoluta. Toda liberdade é situada. e) Portanto, o mundo animal é um mundo fechado, inscrito na determinação biológica. Em contrapartida, o ser humano vive no universo infinito e aberto da cultura, sempre em transformação, pela mediação da linguagem simbólica, pela mediação do trabalho, da ciência, da tecnologia, da educação, da arte, da religião etc. LEIA O FRAGMENTO: O que é então a liberdade? Nascer é ao mesmo tempo nascer no mundo e nascer do mundo. O mundo está já constituído, mas também não está nunca completamente constituído. Sob o primeiro aspecto, somos solicitados, sob o segundo somos abertos a uma infinidade de possíveis. Mas esta análise ainda é abstrata, pois existimos sob os dois aspectos ao mesmo tempo. Portanto, nunca há determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou coisa e nunca sou consciência nua.[...]. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes. 1999. p. 608.
236 Filosofia | Curso Enem 2019
2. O Mito (primeira forma de conhecimento e de consciência) a) O mito primitivo é uma narrativa sobre a e sobre a origem dos deuses (teogonia) e origem das coisas ( cosmogonia), que se encontra nos deuses. b) É uma forma autônoma de pensamento, fruto da imaginação e da intuição. c) A origem do mito está sempre vinculado a consciência coletiva. d) É um saber fundamentado na fé e não é um saber racionalmente demonstrativo e) Entre as funções do mito consta: apaziguar o espírito inquieto e gerar coesão social no grupo que compartilha o mito LEIA O FRAGMENTO: O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra. Logos e mito são duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à “lógica”; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma). Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante ato de fé, caso pareça “belo” ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações. GRIMAL,Pierre. A mitologia grega. 3ª ed. Tradução Carlos Coutinho. São Paulo: Brasiliense, 1982.p. 8-9.
Na Grécia, antes da invenção do alfabeto, a consciência comum pensava que as Musas eram responsáveis por inspirar os poetas com o dom da palavra, com o dom do encantamento. Esses poetas eram os Aedos, e sua missão era compor canções. Ao som da lira ou da cítara, transmitiam em forma de musica e canto, as tradições, as crenças, cultivando nos ouvintes a memória
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
3. Do Mito ao Logos: O Nascimento da Consciência Filosófica Da tragédia grega A Tragédia narra a origem da polis, das leis e da política democrática. Encontramos, assim, no palco o fim da aristocracia e o começo da democracia, representada pelo coro dos cidadãos. A tragédia apresenta também o conflito entre a lei da família e a lei da cidade, muito bem ilustrado na Antígona de Sófocles. No palco teatral, encontraremos deuses e personagens aristocráticos, definidos pelos seus valores característicos, exemplificados na beleza física, coragem na guerra, na astúcia, na esperteza e nos laços de sangue. A passagem do mito ao logos na Grécia antiga aconteceu de modo lento e gradativo. Vários são os elementos que foram fundamental para essa passagem refere-se às atividades comerciais e marítima. As permanentes viagens proporcionaram as trocas, não só de produtos materiais, mas acima de tudo de conhecimentos, de informações são exemplos. Além disso, a invenção da escrita, do calendário, da moeda, todos esses elementos ajudaram na complexificação da mente humana e na aprendizagem do pensamento abstrato, condição fundamental para o nascimento da filosofia. OS FILÓSOFOS NATURALISTAS: (Pré-socráticos) Superando a consciência mítica, os primeiros filósofos abandonaram a cosmogonia e se concentraram na cosmologia; ou seja, buscaram a origem da natureza em algum elemento primordial da própria natureza: o arché, o elemento primordial que teria dado origem a tudo. No quadro a seguir, o elemento primordial, o arcké, identificado e seu respectivo filósofo. TALES = ÁGUA
XENÓFANES: A TERRA (uma cobinação de ága e terra)
ANAXIMANDO= o apeíron ( indeterminado, ilimitado
HERÁCLITO: o fogo em permanente devir, sob a regulamentação do lógos
ANAXÍMENES= o ar
PARMÊNIDES: o Ser imutável
PITÁGORAS: o número ,a harmonia dos números
EMPÉDOCLES: a origem está nas quatro raízes: terra, fogo, água e ar agregando-se pelo amor e desagregando-se pelo ódio
:
DEMÓCRITO: O átomo
PHILO+ SOPHIA: Duas expressões gregas: Philo: amigo, amante, e Sophia: sabedoria. Philosophia é atitude e forma de saber relacionada à sabedoria. Filósofo é aquele que busca a sabedoria. Da mesma forma como o amado procura a amada, nunca a possuindo, a Filosofia busca a verdade, lutando contra toda forma de dogmatismo.
CAPÍTULO 1
LEIA O FRAGMENTO A Filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força. SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. Tradução de Mônica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 02 (Frafmento).
A atititude filosófica nasce como problematização do senso comum, como um saber reflexivo, critico e radical, que buscas as raízes mais profundas do saber de modo processual. Dessa forma, contra posturas dogmáticas e autoritárias, a filosofia parte da dúvida, conforme o fragmento. “Não menos que saber, duvidar me agrada.” afirma Dante. [...] A verdade e a razão são comuns a todos e não pertencem mais a quem as diz primeiro do que ao que as diz depois. Não é mais segundo Platão, do que segundo eu mesmo, que tal coisa se enuncia, desde que a compreendamos. [...] MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Livro I. Cap. XXVI. Tradução de. Sérgio Milliet. São Paulo: Novas cultural, 1991. P. 75-83 (Os pensadores)
4. Do Naturalismo ao Humanismo: Os Sofistas e Sócrates a) Os Sofistas e a oratória: O ensino da virtude ( Protágoras, Hipías, Górgias) CONTEXTO: Durante o século V a.C, o problema antropológico vai tomando corpo, sobrepondo-se, progressivamente, ao cosmológico. O novo contexto urbano e comercial,que caracterizava Atenas, estava fazendo a transição da aristocracia para a democracia. Ora esse novo individuo político que estava nascendo devia de ser educado. Na educação desse novo homem e cidadão, a grande virtude estará vinculada à excelência da oratória, técnica ensinada pelos sofistas, mediante pagamento. A virtude é a habilidade da oratória capaz de destruir ou derrubar o argumento alheio, sem a necessidade de ter compromisso com a verdade. Mesmo porque o lema sofista, proclamado por Protágoras, era: “ O homem é a medida de todas as coisas...” (PLATÃO, Teeteto, 152a2-4). Em decorrência desse lema pressuposto, temos o humanismo e o relativismo A erística é essa habilidade que busca a vitória na argumentação, a qualquer preço, servindo-se de diferentes técnicas de manipulação da palavra como, por exemplo, servir-se de falácias, de ambiguidades verbais ou de silêncios como estratégias persuasivas. LEIA O FRAGMENTO Os sofistas, com efeito, operaram verdadeira revolução espiritual (deslocando o eixo da reflexão filosófica
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CAPÍTULO 1
Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
TRODUÇÃO À FILOSOFIA da physis e do cosmo para o homem e àquilo que concerne à vida do homem, como membro de uma sociedade) e, portanto, centrando seus interesses sobre a ética, a política, a retórica, a arte, a língua, a religião e a educação, ou seja, sobre aquilo que hoje chamamos a cultura do homem. Portanto, é exato afirmar que, com os Sofistas, inicia-se o período humanista da Filosofia antiga. REALE, G., ANTISERI, D. Historia da Filosofia: Filosofia pagã antiga. Trad. Ivo Storniolo. Vol 1. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004. p. 127-128. (Fragmento)
b) A busca dialética da verdade, em Sócrates Lema de Socrátes (470/469-399 a.C): “Conhece-te a ti mesno” ( humanismo). Objetivo: conduzir as pessoas ao auto-conheicmento e à busca das verdades essenciais: desenvolver a essência humana: a razão. Sócrates via o seu magistério como uma missão e tarefa que seu deus interior (daimon) lhe ordenara executar para o bem da cidade. Assim, o ato de filosofar e buscar a verdade é um serviço à pólis. Sócrates tinha por hábito ficar na àgora, na praça pública, dialogando com as pessoas, estimulando-as ao autoconhecimento. Quando ele percebia uma injustiça, sua voz interior não se calava. Essa interior era o seu daimon, seu demônio, ou seja, seu espírito inquieto, sua consciência que o interpelava a falar, a se manifestar. Essa consciência somente se manifestava para impedir a pratica de ações injustas. Método da de maiêutica: começa pela parte considerada destrutiva, chamada ironia. Por meio de geniais perguntas e problematizações desconstruía as certezas que, até então, interlocutor julgava saber. Nada mais restava ao interlocutor, senão confessar a própria ignorância. A partir desse momento inicia-se o processo de indução em busca da construção da verdade essencial, que estará o conceito. Pratica de vida socrática: voltada para o tema da educação da alma, que possibilitará ao homem aprender a controlar as paixões cegas que o arrastam em sentido contrário ao que a meditação e o diálogo nos proporcionam. Em decorrência, a tarefa primordial e suprema do educador é ensinar aos homens a cuidarem da própria alma. O pressuposto de Sócrates, que nos ajuda a entender seu pensamento, diz: Conhecer é ser, conhecer é saber. Assim, quem sabe o que é a justiça, pratica a justiça. Se alguém pratica a injustiça, deve-se ao fato de ele estar na ignorância. Razão por que Sócrates investe na educação da alma. Nesse ponto, o racionalismo de Platão já se afasta, uma vez que passa a considerar a vontade como um elemeno motivador importante da ação. O conceito de virtude aparece com auto-domínio, governo da razão sobre as paixões. Com efeito, o elemento decisivo aqui é a ciência ou o conhecimento, pois sem ele não será possível a virtude, a liberdade, a justiça e outros valores morais. A coerência de vida de Sócrates o levou à prisão e à condenação à morte. Mesmo tendo oportunidades de fugir da prisão,
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ele a sentença e prefere a morte em vez de renunciar à missão de levar as pessoas ao autoconhecimento e à evolução moral e espiritual, superando formas medíocres de vida humana. c) Concepção de ser humano no pensamento socrático-platônico Na alegoria do cocheiro, Platão afirma a tripartição da alma humana. Afirma que há uma carruagem conduzida por um cocheiro e puxada por dois cavalos, um bom e dócil e outro furioso e indisciplinado. A parte racional da alma é o condutor; a parte emocional é o cavalo obediente. Tanto o condutor ( alma racional) quanto o bom cavalo (emoção, alma irascível) sofrem muito e precisam de muito esforço para controlar o rebelde ( paixão, alma concupiscível, ) permitindo, assim, a atuação conjunta. Para chegar ao conhecimento, portanto, é preciso que a razão conduza a vontade e os sentidos em busca do que há de mais nobre: a contemplação da verdadeira realidade: o Bem supremo. O bem, ideia principal entre todas, leva à verdade, à beleza e à justiça. LEIA O FRAGMENTO Portanto, não compete à razão governar, uma vez que é sábia e tem o encargo de velar pela alma toda, e não compete à cólera ser sua súdita e aliada? [...]. E estas duas partes, assim criadas, instruídas e educadas de verdade no que lhes respeita,dominarão o elemento concupiscível (que, em cada pessoa, constitui a maior parte da alma e é, por natureza, a mais insaciável de riquezas) e hão de vigiá-lo, com receio que ele, enchendo-se dos chamados prazeres físicos, se torne grande e forte, e não execute a sua tarefa, mas tente escravizar e dominar uma parte que não compete à sua classe e subverta toda a vida do conjunto”. PLATÃO. A República. Trad. Maria Pereira. 8 ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian,1996. [441e - 442a ].
5. O conhecimento e a Política, em Platão Platão (427-347a.C.), no livro VII de “A república”, elabora a Alegoria da Caverna para ilustrar seu pensamento, explicando a evolução no processo de conhecimento e a diferença entre a verdadeira realidade e o âmbito das incompletas projeções que dela são feitas, as sombras. Antes de tudo,a Alegoria da Caverna, como o próprio Platão adverte, diz respeito à educação ou à falta dela. Platão procura, a partir do ensino do método dialético, mostrar que devemos separar luz e sombra. Na caminhada em direção à ideia, ao conhecimento verdadeiro, Platão distingue graus ou níveis evolutivos de conhecimento. No âmbito sensível, encontramos a crença e a opinião(doxa); no âmbito intermediário, encontramos raciocínio, que é o caminho capaz de proporcionar a saída da caverna. E, no último nível, encontramos a intuição intelectiva, que capta a essência, a ideia. As ideias são a verdadeira realidade e conhecê-las é ter conhecimento verdadeiro. Em termos políticos, a alegoria da caverna passa a mensagem de que é papel do filósofo governar a cidade. Assim a melhor forma de governo defendida por Platão é a sophocraica, o go-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
verno de uma elite de sábios. E a pior forma de governo, a mais corrompida, seria a democracia, pois o povo não apresenta ciência política.
CAPÍTULO 1
Para Platão, a alma humana é tripartida. Há três almas diferentes e cada uma delas teria uma função social.
ALMA
CLASSES SOCIAIS
VIRTUDES
Concupiscível,
Camponeses, artesãos, comerciantes:
apetitiva carnal. (aspecto mais elementar)
produzem os bens
Para essa classe social, que é expressão do elemento mais baixo de nossa alma tripartida, a virtude solicitada é a temperança. Essa virtude é conquistada através da força de vontade que governa sobre as paixões cegas, e consegue sua submissão.
Irascível ( colérica, volitiva)
Soldados, guardas vigilantes na defesa do bem da cidade;
Homens assemelhados
Devem lutar contra os impulsos de uns que pretendem acumular muita riqueza, gerando excessiva pobreza em outros.
Racional
Os Filósofos são os governantes da cidade
Elemento mais nobre. Faculdade do pensamento
Para essa classe social, que é expressão do elemento intermediário de nossa alma tripartida, A virtude solicitada é a da coragem, da fortaleza em agir contra os impulsos primários, cuja tendência é sempre a desorganização, o excesso ou a falta, formas viciadas de viver. Para essa classe social, expressão do elemento supremo e imortal de nossa alma, a virtude solicitada é a Sabedoria prática, a prudência decorrente da verdadeira ciência, da contemplação do Bem ideal, da Verdade, do Belo.
A Justiça nada mais é do que a harmonia que se estabelece entre essas três virtudes. A justiça perfeita se realiza quando cada cidadão e cada classe social desempenham da melhor forma as funções que lhe são próprias por natureza ou por lei. A CRITICA PLATÔNICA À POESIA. Platão denuncia a poesia como imitação, afirmando que sua beleza é apenas aparente, com ritmo e harmonia que seduzem e trazem desequilíbrios no espírito. “Parece-me que o poeta, por meio de palavras e frases, sabe colorir devidamente cada uma das artes, sem entender delas mais do que saber imitálas”. (A República, 601a) Com o racionalismo grego, especialmente no pensamento socrático-platônico, acentua-se, portanto, o aspecto irracional da poesia. Dessa forma, além de ela não colaborar na busca filosófica pela verdade, coloca-se em sua contramão. Assim, no Livro X de A República, encontramos a reflexão de Platão que destaca os motivos de a poesia não poder ser usada como instrumento de educação política dos cidadãos e, muito menos, de busca pela verdade. Não se trata, simplesmente, de banir a poesia da cidade. Ela pode apresentar dimensões positivas. O que não se deve mais aceitar é o status ou o lugar que ela ainda vem tendo na cidade. Platão afirma esse papel de formadora do cidadão e de busca da verdade cabe à filosofia, que, portanto, deverá retirar a poesia desse âmbito. O que há de detestável nos poetas, para Platão, é o fato de eles imitarem tudo, fingirem ser qualquer coisa, qualquer ser. Esse tipo de poeta não será aceito na cidade ideal de Platão. Contudo, se o poeta for um imitador somente de homens bons e nobres, ele poderá permanecer, pois nesse caso, ele exerce um papel positivo
6. A Filosofia de aristóteles O desejo da Felicidade, fim absoluto.
O conjunto das ações humanas e o conjunto dos fins particulares para os quais elas tendem subordinam-se a um "fim último", que é "bem supremo", que todos os homens concordam em chamar "felicidade". Os fins são vários e nós escolhemos alguns dentre eles [...]. Segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, só existe um fim absoluto [...] Ora, nós chamamos de absoluto aquilo que merece ser buscado por si mesmo, e não com vistas em outra coisa; por isso, chamamos de absoluto incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa. Ora, esse é o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade. [...] A felicidade é, portanto, algo absoluto e autossuficiente, sendo também a finalidade da ação. ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Nova Cultural. 1991. p. 1-7 .livro I. (Os Pensadores). (Fragmento).
O individuo humano como ser político: O homem é, por sua natureza, como dissemos desde o começo, ao falarmos do governo doméstico e do dos escravos, um animal feito para a sociedade civil. Assim, mesmo que não tivéssemos necessidade uns dos outros, não deixaríamos de desejar viver juntos. Na verdade, o interesse comum também nos une, pois cada
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CAPÍTULO 1
Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
TRODUÇÃO À FILOSOFIA um aí encontra meios de viver melhor. Eis, portanto, o nosso fim principal, comum a todos e a cada um em particular. Reunimo-nos mesmo que seja só para pôr a vida em segurança.[...]. Mas não apenas para viver juntos, mas, sim, para bem viver juntos que se fez o Estado. ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p.53.livro II, cap.5. (Fragmento).
é um ser particular, mas o “ser enquanto ser”, sua substância, sua essência. d) As quatro causas: da potência ao ato Para Aristóteles, tudo o que existe é uma decorrência do movimento de passagem de potência para ato, um movimento que abarca quatro causas. Leia o fragmento:
a) A Filosofia e o espanto admirativo em Aristóteles A Filosofia nasce da admiração e do espanto. Sem essa experiência e atitude inicial não se desenvolve a capacidade problematizadora de quem busca conhecer radicalmente. Para Aristóteles, os homens começam a filosofar a partir do espanto (to thaumázein). É o espanto que está na raíz o conhecimento. Ao espantar-se, a pessoa reconhece a própria ignorância, ao mesmo tempo em que se coloca na dinâmica da busca. b) Conhecimento e conversão ética, em Aristóteles Considerando a profunda vinculação entre o saber teorético e a vida prática, uma vez atingido o conhecimento racional, poderá haver, por isso mesmo, um processo de conversão ética e moral. A mudança no ser e no fazer é oriunda do conhecimento, da compreensão das essências; pois, como alguém poderá ser justo se não souber o que é a justiça? Dessa forma, as virtudes éticas decorrem de nosso cultivo cotidiano, de nosso hábito, de nossa prática. Ou seja, não são naturais. Embora não sejam naturais, elas são possíveis; pois, existe em nós a potencialidade para a virtude, como existe a potencialidade para a felicidade. Com efeito, as virtudes são expressão do governo da vida racional, por isso, as virtudes são conaturais com a felicidade, eudaimonia. Considerando que o fim da vida humana está relacionado à sabedoria contemplativa, as virtudes dianoéticas (virtudes intelectuais) estão acima das virtudes éticas. A atividade da mente humana busca conhecer a essência das coisas, os princípios primeiros, a substância, aquilo que permanece, o imutável. Nessa dimensão racional há duas dimensões, uma teórica, outra prática. No âmbito da prática, a virtude por excelência é a phrónesis, a prudência. No âmbito da vida teorética, a virtude por excelência é a sophia, a sabedoria teórica. Portanto, as virtudes dianoéticas nascem e se alimentam do estudo, da pesquisa, que tem por objetivo o conhecimento da verdade, que conduz à retidão de vida. c) A metafísica e os campos do saber O conhecimento verdadeiro é o conhecimento das causas. Este é o campo da metafísica, da razão intuitiva. Outras formas de saber não conseguem chegar a esse conhecimento, como é o caso da arte, do conhecimento científico, da sabedoria pratica e, mesmo, da sabedoria filosófica, que é razão demonstrativa. A metafísica ou Filosofia primeira é a ciência teorética mais importante, pois fornece os princípios primeiros dos quais dependem os princípios das matemáticas e da física, que também são ciências teoréticas. O objeto de seu estudo não
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É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento). Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.)
A causa formal (a substancia ou a essência), a causa material (a matéria de algo);), causa eficiente (ação motora que inicia o movimento e transforma a matéria) e causa final (finalidade para que existe). Exemplificando, consideremos o mármore (matéria), que vai sendo trabalhado pelo escultor (eficiência) e transformado em estátua (forma) para ser colocada na praça pública (finalidade). Para falar de um ser é preciso distinguir essência (substância) de acidente, atributo que o ser poderia ou não possuir. O que faz um homem ser homem? Aristóteles dirá que a essência, a substância do homem é a racionalidade, ao passo que características como jovem, alto, baixo, gordo ou magro são acidentes, pois mudam de ser para ser, mas não mudam o ser em si. Além da distinção entre substância e acidente, Aristóteles faz uso da distinção entre matéria e forma. Todo ser é composto de matéria e forma. A matéria, pura passividade, contém a forma em potência. Esse olhar permite captar e expressar a dinamicidade da vida. Por isso, no ser individual é preciso distinguir o que está atualmente e o que tende a ser (ou seja ato e potência): o grão é planta em potência e a planta, como ato, é a realização da potência. A mudança universal é passagem incessante da potência ao ato. e) Mimesis e katharsis Em Aristóteles a arte, como imitação, é também aprendizagem e abre a mente para progredir no caminho do conhecimento. Dessa forma, a arte está um nível acima da experiência empírica, pois permite o ensino. Na obra Poética, Aristóteles se refere à mímesis e à Katharsis (purgação, purificação) em sentido positivo. Vejamos
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
É pois a tragédia imitação de um caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamento distribuídas pelas diversas partes do drama, imitação que se efetua não por narrativa, mas mediante atores, e que suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação destas emoções. (ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. cap. VI. p.205. Para Aristóteles, a imitação é uma das dimensões que integra natureza humana. Na mímesis existe um aspecto positivo: o resgate de valores, de recriação de uma situação nobre. Portanto, há um aspecto de mediação simbólica que faz a imitação não ser somente passividade, mas criatividade, vinculada ao ato de conhecer. No que tange à catarse, estamos diante de um efeito produzido pela tragédia na alma do público. Na conclusão da tragédia, as emoções do público passam por uma purificação, pela vivência da compaixão. Essas emoções adquirem tal força de catarse que podem ser comparados à arte da medicina, gerando um sentimento de cura, de agradável alívio após fortes abalos emocionais. E isso pode ser favorável ao homem, no caminho evolutivo de seu espírito.
7. Noçoes de Lógica a) Sentenças e proposições As sentenças ou frases podem ser declarativas, interrogativas, exclamativas e imperativas. Contudo, somente as sentenças declarativas são proposições, pois têm valor de verdade, seja seu conteúdo verdadeiro ou falso. Pode parecer estranho, mas uma sentença, mesmo sendo falsa tem um valor de verdade, pois há algo que está sendo declarado e, como tal, seu conteúdo poderá ser verdadeiro ou falso. Por exemplo, se alguém afirmar que “o Estado de Sergipe é maior que o de Amazonas”, estaremos diante de uma proposição. Toda proposição tem valor lógico, podendo ser verdadeira ou falsa. Outros exemplos de proposições: “Belo Horizonte é a capital de Minas Gerais”; “Paraíba é um estado brasileiro que pertence à região centro-oeste”. Esta última proposição, embora seja falsa, tem valor de verdade; ou seja, ela necessariamente é verdadeira ou falsa. É isso que a torna uma proposição.
CAPÍTULO 1
horas, são? Para essas sentenças não se pode atribuir um valor lógico, não serão verdadeiras ou falsas. O mesmo caso se aplica às sentenças exclamativas, por exemplo: “Sucesso!”; “Prometo estudar mais!”. Igualmente, as sentenças imperativas não apresentam valor lógico, por exemplo: Acorde mais cedo!”; “Faça seu dever!”. Essas sentenças não podem ser reconhecidas como verdadeiras ou falsas. b) Principio da identidade , da não contradição e do terceiro excluído Aristóteles captou as leis do ser e as constituiu em princípios lógicos fundamentais: os princípios de identidade, de não contradição e do terceiro excluído. O princípio de identidade diz que um enunciado é idêntico a si mesmo. Ou seja, se ele é verdadeiro, ele é verdadeiro. Se ele é falso, é falso. Simbolicamente, x = x. O princípio da não contradição diz que uma proposição não poder ser ao mesmo tempo verdadeira e falsa. Se x = x, então “x” não pode ser “não x”. E, finalmente, o princípio do terceiro termo excluído; ou seja, ou “x” é verdadeiro, ou “x” é falso, não havendo espaço para um outro termo intermediário. A estrutura e as formas de uma proposição categórica. Quanto às formas lógicas, Aristóteles acreditava haver somente quatro (4) tipos de proposições categóricas: 1) UNIVERSAL AFIRMATIVA (A): Todo X é Y ( Ex. O brasileiro é latino-americano) 2) UNIVERSAL NEGATIVA (E) Nenhum X é Y ( ex. Nenhum ser humano é alado) 3) PARTICULAR AFIRMATIVA (I): Algum X é Y (Há brasileiras que são budistas) 4) PARTICULAR NEGATIVA (O): Algum X não é Y ( Nem todos os brasileiros são católicos)
c) Teoria do Silogismo Considerando a lógica aristotélica, por silogismo entendemos o processo argumentativo formado por duas premissas e uma conclusão. d) Estrutura e tipos de argumento
Assim, para que uma sentença seja proposição deve ser uma oração que tenha sujeito e predicado.Dessa forma, a proposição possui dois valores lógicos, verdadeiro ou falso. Por isso, a proposição é declarativa.
Tradicionalmente dividimos os argumentos em dois tipos: dedutivos e indutivos. Quanto à analogia, permanece como uma forma de indução. Vejamos:
Contrariamente às sentenças declarativas, as sentenças interrogativas, exclamativas e imperativas não apresentam valor de verdade, não são nem verdadeiras nem falsas. Considere, por exemplo, sentenças interrogativas: “quem venceu a partida?”; “qual o nome do autor desse livro?; “que
Argumento dedutivo é aquele cuja validade ou invalidade depende exclusivamente de sua forma lógica. Assim, argumentos dedutivos validos são aqueles nos quais, considerada a verdade das premissas, é logicamente impossível a conclusão ser falsa. Nos argumentos dedutivos, a validade depende da forma do argumento.
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Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Argumento dedutivo é aquele cuja validade ou invalidade depende exclusivamente de sua forma lógica. Assim, argumentos dedutivos validos são aqueles nos quais, considerada a verdade das premissas, é logicamente impossível a conclusão ser falsa. Nos argumentos dedutivos, a validade depende da forma do argumento.
e ) Regras fundamentais da inferência na lógica aristotélica. Para podermos dizer se o raciocínio é válido e a conclusão verdadeira ou falsa, a inferência do silogismo deve obedecer a regras fundamentais:
1ª- Um silogismo deve ter um termo maior, um menor e um médio e somente três, nem mais nem menos. 2ª- O termo médio, que figura nas duas premissas e jamais na conclusão, deve aparecer como universal pelo menos uma vez, possibilitando, assim, a ligação do maior com o menor. Exemplificando: se eu disser que “os catarinenses são brasileiros” e “os mineiros são brasileiros”, torna-se inviável qualquer conclusão, uma Os três termos do silogismo. Considerando a lógica aristovez que o termo médio (“brasileiros”) sempre figurou télica, no silogismo, há sempre três (3) termos. Considerando como parte e nunca como todo. que as premissas não podem estar desconectadas,o elemento 3ª- Nenhum termo pode ser mais abrangente na conque as une funciona como dobradiça, e ele constitui o termo clusão do que nas premissas. Disso resulta que uma médio, unindo os outros dois termos, chamados de termos das premissas deve ser sempre universal. extremos, sendo um termo maior e outro termo menor. 4ª - Nenhuma conclusão se segue de duas premissas negativas, uma vez que o médio não terá ligado os exVejamos um exemplo de silogismo: tremos. 5ª - Nenhuma conclusão se segue de duas premissas Nenhum peixe é mamífero; particulares, pois o médio não figurou como universal pelo menos uma vez, não podendo ligar o maior com ora, Baleia é mamífero; o menor. 6ª - Sendo as duas premissas afirmativas, a conclusão, logo, Baleia não é peixe. obviamente, será afirmativa. 7ª - A conclusão sempre acompanha a parte mais fraPerceba que a conclusão deve sempre conter os termos meca. Em outras palavras: se houver premissa particular, nor (“Baleia”), que será o sujeito da conclusão, e o termo maior a conclusão será particular; se houver uma premissa (“peixe”), que sempre será o predicado da conclusão. O termo negativa, a conclusão será negativa; se houver premédio (“mamífero”) jamais aparecerá na conclusão, pois sua missa particular negativa, a conclusão será particular função é ligar os extremos, portanto, deve estar somente nas 7ª - A conclusão sempre acompanha a parte mais fraca. Em outras palavras: se houver pre negativa. premissas. conclusão será particular; se houver uma premissa negativa, a conclusão será negativa; particular negativa, a conclusão será particular negativa. Argumento INDUTIVO. Nos argumentos indutivos, é possíf) Noções de validade, verdade e correção. vel que a conclusão seja falsa, mesmo as premissasf.sendo ver-de validade, Noções verdade e correção. dadeiras. Assim, na indução, temos apenas a probabilidade de Inicialmente, o que determina a validade do argumento é verdade da conclusão. Contudo, um bom argumento indutivo Inicialmente, o quea determina validade argumento a suaválida: forma. Assim, por exemplo, um sua forma. aAssim, pordo exemplo, uma éforma é aquele em que a conclusão, precedida de premissas verdadeiras, muito provavelmente também será verdadeira. Todo “x” é “y”. Ora, “z” é “x”. Logo, “z” é “y”. Todo “x” é “y”. Ora, “z” é “x”. Logo, “z” é “y”. Podemos demonstrar a validade ou a invalidade de um arguGraças à indução, as ciências experimentais progridem. Um mento usando ou a ferramenta dade teoria conjuntos. Quando, Podemos demonstrar a validade a invalidade um dos argumento usando a ferramenta da te cientista, na área biomédica, generaliza uma conclusão a parpor exemplo, dizemos que todo “x” é “y”, estamos dizendo Quando, por exemplo, dizemos que todo “x” é “y”, estamos dizendo que oque conjunto “x” está tir de um número limitado de experimentos. Portanto, no rao conjunto “x” está contido dentro do conjunto “y”, conforme o. conjunto “y”, conforme a ilustraçã ciocínio indutivo, considerando o exemplo do medicamento a ilustração. feito a partir de casos particulares, não se pode afirmar que Por exemplo, o argumento que apresentar esta forma: todo “x” é “y”, todo “y” é “z”; logo, todo “x” é “z”, é um argumento válido, quaisquer que sejam os significados atribuídos às letras ‘x’, ‘y’ e ‘z’. Além disso, toda atribuição de significados que produza premissas verdadeiras vai, necessariamente, produzir também uma conclusão verdadeira.
em todas as circunstâncias que tal medicamento for aplicado os resultados serão sempre os esperados, conforme se tem observado no passado. Veja um exemplo de indução:
Y
X
Podemos perceber que, se é verdade que todo “x” é “y”, e todo
Podemos perceber setorna é verdade que todo “x”esteja é “y”, e todo “z” que, é “x, se impossível que “z” fora de “y”.“z” é “x, se torna imposs O cobre é condutor de eletricidade, o zinco fora é condutor de “y”.
de eletricidade, o ferro é condutor de eletricidade, o ouro é Ex: Todo brasileiro (x) é sul-americano (y); ora, Betinho (z) é condutor de eletricidade. (Dados particulares suficientemente brasileiro; logo, Betinho é(y); sul-americano. Ex: Todo brasileiro (x) é sul-americano ora, Betinho (z) é brasileiro; logo, Betinho enumerados); ora, cobre, zinco, ferro e ouro são metais; Vejamos um exemplo de argumento inválido: Todo “x” é “y”. argumento Todo “x” é “y”. Ora, “z” é ”y”. Logo, “z” logo, os metais são condutores de eletricidade.Vejamos um exemplo Ora, “z”de é ”y”. Logo, “z” éinválido: “x”.
Como foi dito, no argumento indutivo, o conteúdo da conAqui, percebemos queque “y” é“x”, maior que “x”, não portanto não éafirmar corAqui, percebemos que “y” é maior portanto é correto que todo “ reto afirmar que todo “z” (que é também “y”) seja “x”. Assim, clusão excede o das premissas, fornecendo-nos tão somente “y”) seja “x”. Assim, estamos diante de um argumento inválido, pois não haver, de umverdadeiras. argumento inválido, pois não haver, probabilidades. conclusão falsa aestamos partir dediante premissas
Ex: Todo brasileiro é sul-americano; ora, Alberto é sul-americano; logo, Alberto é brasil 242 Filosofia | Curso Enem 2019
g) As Falácias no processo argumentativo
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
logicamente, uma conclusão falsa a partir de premissas verdadeiras. Ex: Todo brasileiro é sul-americano; ora, Alberto é sul-americano; logo, Alberto é brasileiro. g) As Falácias no processo argumentativo Conforme vimos, o objetivo de um argumento é apresentar as razões que sustentam a conclusão. Contudo, no cotidiano existem muitas formas de raciocínios nos quais as razões apresentadas não sustentam a conclusão. A falácia refere-se a tipo de raciocínio incorreto, embora tenha a aparência de correção. É conhecida também como sofisma (a expressão "sofisma" vem sendo usada no sentido pejorativo, decorrente da intenção de enganar o interlocutor). Existem as falácias formais (de forma) e as não formais (de conteúdo e não de forma) Nas falácias formais, o argumento não atende às regras do pensamento correto e válido. Veja o exemplo que parece correto, mas é inválido: 1. "Todos os homens são vertebrados; 2. ora, eu sou vertebrado; 3. logo, eu sou homem". As falácias não formais ou informais são bastante comuns na vida diária. Muitas premissas, apesar de irrelevantes para a aceitação da conclusão são usadas com uma função psicológica, afetando as emoções, para efeito de convencimento. A tipologia de falácias não formais classifica ou diferencia as falácias por irrelevância, insuficiência e ambiguidade. FALÁCIAS DA IRRELEVANCIA. Nessas falácias, a conclusão não é sustentada pelas premissas, que são irrelevantes. Essa falácia é também conhecida como Ignoratio Elenchi. a) Apelo à tradição (Argumentum ad antiquitatem) Argumenta-se que algo é bom por ser antigo. “Porque sempre foi assim”.
Exemplo: “A teoria da reencarnação é verdadeira, pois ninguém conseguiu provar que a reencarnação não existe”. Ou, inversamente, “a teoria da encarnação é falsa, uma vez que ninguém conseguiu provar sua verdade d) Apelo à força ( Argumentum ad baculum) Trata-se de um raciocínio que se serve da intimidação. Usa-se a coerção psicológica sobre o interlocutor, para força-lo a aceitar a conclusão como verdadeira. Exemplo: “Se não votarem em Dilma, perderão o ‘Bolsa Família’ ”. e) Contra a pessoa ( argumentum ad hominem) Ataca-se a pessoa e não a tese. Busca-se desvalorizar a pessoa, para fazer com que a conclusão seja aceita. Exemplo: a tua tese não tem nenhum valor, você ainda é uma criança. Ou ainda, Carlos diz que viu meu irmão cometer um crime. Mas, Carlos é um bêbado e viciado em drogas. Logo, o testemunho de Carlos é sem valor. f) Apelo à autoridade ( Argumentum ad verecundiam) Recorre-se a uma autoridade ou a uma personalidade famosa, mas cujo saber ou competência é irrelevante para a matéria em questão Exemplo: Esse é o melhor creme hidrante. Gisele Bündchen anuncia esse produto na TV. FALÁCIAS DA INSUFICÊNCIA. Nesses raciocínios argumentativos, os dados levantados para que a conclusão seja aceita como verdadeira são insuficientes. Entre as principais falácias da insuficiência destacam-se: a) Argumento circular ou petição de principio (Petitio principii) É uma falácia de presunção. A inferência não é válida. A conclusão que se pretende afirmar como verdadeira, já faz parte da premissa que se pressupõe como verdadeira. Exemplo: Considera um diálogo entre dois personagens A: Deus existe!
Exemplo: O cristianismo é a religião verdadeira, pois existe há mais de dois mil anos”
B: Como você sabe?
b) Apelo à piedade, à emoção (argumentum ad misericordiam)
B: E por que a Bíblia estaria certa?
Apela-se à misericórdia para convencer o interlocutor de que a conclusão sugerida deve ser acolhida como verdadeira. Exemplo: Sr. Juiz, sou pai de família e trabalhador. Sou eu que sustento minha família. Tenho três filhos menores de idade, Minha esposa está doente. Por isso, senhor Juiz, a minha prisão é injusta. c) Apelo à ignorância ( argumentum ad ignorantiam) Determinada afirmativa deverá ser acolhida como verdadeira, pois não há provas contrárias. Ou, inversamente, deve ser rejeitada como falsa, pois ninguém conseguiu provar sua verdade.
CAPÍTULO 1
A: Por que a Bíblia afirma!
A: Por foi escrita sob inspiração de Deus! b) Generalização apressada A partir de um número muito limitado de dados, impõem uma conclusão que se pretende verdadeira. Exemplo: Ontem, eu andava perdido pelo centro da cidade, um francês me ajudou. Ele me levou gratuitamente até meu endereço. Realmente, os franceses são muito gentis. c) Falsa causa Na falácia da falsa causa, atribui-se a causa a um fenômeno
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CAPÍTULO 1
Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
TRODUÇÃO À FILOSOFIA que não foi a causareal. Algo que simplesmente acontece “depois”, passa a ser visto como consequência. Exemplo: Depois da primeira guerra mundial, aconteceu a segunda guerra mundial. A falácia consiste em dizer que a segunda guerra foi consequência da primeira ou que a primeira guerra foi a causa da segunda guerra. Não há uma conexão necessária entre esses dois eventos separados por aproximadamente 30 anos. Um outro exemplo: O gato miou quando eu abri a porta. A falácia consiste e dizer: o gato miou porque eu abri a porta. FALACIAS DA AMBIGUIDADE a) Da Equivocidade. Consiste em usar, em uma argumentação, termos com duplo sentido, o que impossibilita o argumento de ser correto, devido a ambiguidade introduzida. O fim da vida política é o bem comum, assim como o objetivo do direito é promover a justiça. Dessa forma, o fim de algo é seu objetivo, sua plenitude. Por isso, a morte, que é o fim da vida, consiste na plenitude da vida. b) Do falso Dilema. Consiste em reduzir demasiadamente as opções possíveis. Exemplo: “Ou és meu amigo ou és meu inimigo
8. As Escolas Helenísticas: O Cultivo da Vida Interior a) A passagem da era clássica para a era helenística As conquistas de Alexandre Magno (334-323 a.C) ocasionaram a destruição do antigo e consagrado contexto vital da cidade-Estado, da Pólis grega e fez também desmoronar um pensamento muito hegemônico, até então. Nasce a cosmópolis, a cidade universal. E com ela nasce uma nova Filosofia, uma nova maneira de se relacionar consigo, com o tempo, com os outros. Longe do centro das decisões politicas e delas ausente, o pensamento filosófico, nesse perído helenístico, volta-se para as questoes morais, questões focadasna interioridade da alma humana, para o problema da felicidade, da angústia da existência, para o mistério do mal e da morte. Assim, a filosofia torna-se conforto e orientação moral. Nesse contexto, nasce um acentuado individualismo, no qual as preocupações centrais giram em torno da interioridade de cada indivíduo. A Filosofia torna-se uma tentativa de responder às angústias do indivíduo, em proporcionar à pessoa orientações para a sua salvação interior, para a busca da paz, da ataraxia, ou seja, da ausência de perturbações. Este será o espírito das grandes Filosofias da idade helenística: Cinismo, Epicurismo, Estoicismo, Pirronismo (Ceticismo).
diz prazer pelo puro prazer, máximo de prazer. O prazer é entendido como ausência de dor e de inquietação, a aponía e a ataraxía. Trata-se de uma ética que convida a uma vida marcada pela capacidade de resistir e suportar a dor, o medo e o sofrimento que estão sempre à nossa volta. Epicuro, na Carta a Meneceu, aborda a maneira de como o homem deve encarar a vida, à medida que procura a felicidade. Qualquer pessoa, em qualquer idade, pode buscar a felicidade, dedicando-se à Filosofia. Basicamente, para ser feliz, o homem necessitava de três coisas: liberdade, amizade e tempo para meditar. Dessa forma, a filosofia é a arte da vida, pois possibilita conhecimento do mundo, e assim, mediante o conhecimento, busca libertar o homem dos grandes temores que ele tem a respeito da sua vida, da morte, do além-túmulo. Verdadeiros e falsos prazeres Os nossos prazeres são de três naturezas: primeiramente, os prazeres naturais e necessários: comer, beber e dormir, quando se tem necessidade. Em segundo lugar, os prazeres igualmente naturais, porém não necessários: beber vinhos, comer em pratos sofisticados, dormir em lençóis de seda. Essa dinâmica do desejo não tem fim; segui-la, sem discernimento, implica o fim da paz interior. Em terceiro lugar, Epicuro fala dos prazeres que não são nem naturais, nem necessários. refere-se apenas aos que criamos para nós mesmos e das quais nos tornamos escravos: o luxo e a riqueza. Dessa forma, Epicuro combate a vida devassa, e tem plena consciência do preço que se paga ao se pretender seguir as orientações do desejo: alienação da liberdade. Com essa busca pela ataraxia, pela paz interior de uma vida tranquila, a máxima que o acompanha diz: “oculta a tua vida”. Dessa forma, percebemos uma resposta à nova situação política, na qual o homem deixa de ser cidadão e as preocupações giram em torno da individualidade. Nesse contexto, a política torna-se sinônimo e fonte de agitação. Enveredar na política é desperdiçar um precioso tempo que poderá ser investido no cuidado da própria alma. Dessa forma, em vez do tumulto da ágora, da praça pública das grandes e infindáveis discussões, Epicuro propõe o cultivo da amizade, pois não há felicidade sem amizade. Nessa perspectiva, a valorização do prazer como algo natural e que deve ser buscado com moderação e equilíbrio, para proporcionar a paz interior, torna-se característica fundamental do epicurismo. A austeridade faz parte da vida feliz, mas não a supressão dos prazeres e desejos naturais. b) Estoicismo: Obediência à lei natural
b) Epicurismo: felicidade e prazer da vida oculta e moderada
Zenão de Cítio (334-262 a.C) é considerado o fundador da escola estóica. O termo “estoicismo” tem sua origem da palavra grega “stoa”, que significa pórtico, local onde os membros da escola se reuniam.
Em Epicuro de Samos (341-270), encontramos uma ética voltada para a busca do prazer. Contudo, este não é entendido como o compreendemos a partir de um senso comum que
Quais eram a ideias centrais defendidas por Zenão e pelos estoicos? Acima de tudo, defendiam a indiferença e o autocontrole, na aceitação dos acontecimentos da vida. Assim, para
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Síntese Filosófica: Pressupostos e decorrências
os estoicos, o ideal de vida é viver de acordo com a natureza, uma vez que ela é um todo solidário, dirigido por uma razão universal. Em decorrência, Zenão aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser, não no sentido de insensibilidade, mas, no sentido de compreender que há uma força maior do que nós que regula as coisas. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo. Em decorrência dessa aceitação do curso dos acontecimentos, encontramos no estoicismo uma ética fortemente marcada pelo caráter fatalista e determinista. Há uma forte noção de destino; contudo, não se trata de um destino cego. Há um belo e famoso exemplo que traduz bem o pensamento estóico: considere aguém se afogando. Você tentará fazer de tudo para salvar a pessoa em afogamento. Caso você não consiga salvá-la era porque a razão que governa o mundo assim o estabeleceu. Por isso, não cabe o desespero. Eis o sentido de indiferença. Mesmo não entendendo, há uma lógica que conduz o mundo. É preciso aprender a aceitar. Leia o fragmento: “Ouvirás muitos dizerem: ‘Aos cinquenta anos me refugiarei no ócio, aos sessenta estarei livre de meus encargos’. E quem garantirá que tudo irá conforme planejas? Não te envergonhas de reservar para ti apenas as sobras da vida e destinar à meditação somente a idade que já não serve para mais nada? Quão tarde começas a viver, quando já é hora de deixar de fazê-lo. Que negligência tão louca a dos mortais, de adiar para o quinquagésimo ou sexagésimo ano os prudentes juízos, e a partir deste ponto, ao qual poucos chegaram, querer começar a viver!” (SÊNECA. Sobre a brevidade da vida. Trad. William Li. São Paulo: Nova Cultural, 1993. III, 5). (Fragmento).
c) O Ceticismo: Conhecimento e suspensão de juízo O ceticismo filosófico nasce não propriamente como um sistema filosófico, mas como método para encontrar a serenidade e a tranquilidade de alma. Seu fundador foi Pirro, que viveu entre 360-270 a.C. Na sequência desse pensamento, criou-se um estilo de vida, uma tradição. Sob a ótica do conhecimento, o ceticismo nos faz ver que o ato de conhecer é sempre subjetivo. Por isso, afirma que conhecer é interpretar, é perceber. Em decorrência disso, muitas serão as leituras que o real poderá receber, inclusive contraditórias. Portanto, essas leituras não são a verdade do real, mas, atribuições subjetivas, frutos da relatividade do olhar de cada sujeito que se volta para o real. Assim, cada indivíduo apresenta uma percepção. E o que teremos? Razões equivalentes; ou seja, nenhuma delas deve pretender ser mais verdadeira do que outra, uma vez que são pontos de vista, que são vistas de um ponto particular.
CAPÍTULO 1
Metodo: suspensão de juízo Diante disso, parece que o caminho mais seguro é evitar decidir entre o certo e o errado. O melhor é aprender a caminhar com a multiplicidade de olhares, que procedem das diversas experiências particulares. Isso implica a aprendizagem do diálogo. O método da suspensão de juízo é,portanto, um combate ao dogmatismo, à qualquer tentativa impositiva, que se pretenda portadora da verdade da realidade. Essa forma cética de caminhar traz grandes contribuições para a vida democrática, devido à forma como a pluralidade é concebida. As formas de perceber o real estão condicionadas pelas vivências do sujeito. A situação na qual cada observador está mergulhado faz com que sua leitura seja diferente, própria, específica. Por exemplo: “Um mesmo vinho pode parecer doce a um e a outro parecer azedo, dependendo do alimento que um ou outro ingeriu em instante imediatamente anterior”. Em busca da ataraxia, da imperturbabilidade de alma. Partindo do pressuposto de que conhecer é interpretar, pretender um conhecimento certo, seguro e definitivo torna-se fonte de perturbação, uma vez que as conclusões serão sempre provisórias e remeterão a novas leituras, em novos contextos. Na contramão dessa instabilidade, os céticos buscam a serenidade. O grande objetivo da vida dos céticos é alcançar o estado de paz interior, de ataraxia, de imperturbabilidade. Ora, somente o método da suspensão de juízo será capaz de proporcionar esse fim almejado. Contudo, é necessário lembrar que a suspensão de juízo não significa ausência de percepção, nem mesmo ausência de manifestação da percepção. Ao contrário, é justamente a manifestação e o reconhecimento da percepção como uma percepção, sempre particular. Nesse sentido, o cético não dogmatiza. Qualquer afirmativa categórica será evitada pelos céticos, por trazer a pretensão de verdade. Assim, as afirmativas céticas, normalmente, vem precedidas pela expressão: “a mim parece” ou “parece”. Estamos diante de um relativismo. Assim, entre os absolutos do saber dogmático e da ignorância, os céticos localizam-se no meio do caminho, reconhecendo a inapreensibilidade do mundo, ao confessarem a fragilidade e o limite da razão humana. Por isso, o silêncio prudente é expressão de virtude para os céticos. Para os céticos, o objetivo da vida é a felicidade, alcançável através de uma vida tranquila e pacífica, sem grandes crenças e sem fanatismo no que quer que seja. Dessa forma, podemos ver no ceticismo uma maneira de viver, um esforço constante para adquirir a maior possível independência dos acontecimentos do mundo, de fazer a felicidade depender o menos possível de eventos externos, sujeitos aos acasos da vida.
Por isso, um dos primeiros postulados do ceticismo é a afirmativa de que não parece ser possível um conhecimento seguro de como o mundo seja precisamente.
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CAPÍTULO 2
Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 2
Filosofia Medieval à Filosofia Moderna 9. Filosofia medieval: da Fé e da Razão, A Filosofia cristã dos primeiros séculos, elaborada pelos padres da Igreja, é denominada Patrística. Inicialmente, essa Filosofia tinha uma preocupação apologética, ou seja, de defesa do cristianismo contra os ataques dos chamados “pagãos” e defesa contra as heresias. Foi devido a essa necessidade de esclarecer os seus pressupostos, que o Cristianismo recorre à Filosofia, à argumentação racional, nos moldes da Filosofia grega clássica, buscando dar consistência lógica à sua doutrina. a) Concepção cristão de ser humano Em suma, a antropologia cristã concebe o homem como sendo criado à imagem do Deus criador, originariamente em comunhão com a Graça de Deus. Contudo, o mau uso do livre-arbítrio e a pretensão do ser humano em querer para si a ciência do bem e do mal, que são atributos exclusivos da Divindade, levaram-no a pecar. Como fruto ou decorrência do pecado, o homem encontra-se decaído, impotente, expulso da comunhão divina. Encontra-se em uma condição histórica de afastamento da Graça, no que consiste sua miserabilidade efraqueza. Nada conseguirá por suas próprias forças. Somente mediante a Graça de Deus conseguirá o resgate e a salvação. Daí a expressão: “Se Deus quiser! ” b) Santo Agostinho: A questão do mal Parra Aurélio Agostinho (354- 430), se Deus criador é amor e tudo criou por amor, de onde vem o mal? Eis a grande questão. Após ter caído vítima do maniqueísmo com suas explicações dualistas, Agostinho vai encontrar em Plotino, as luzes para resolver essa questão que o aflige. De acordo com Plotino, o mal não é um ser, mas uma deficiência e privação do ser. A questão do mal recebeu, em Agostinho, três diferentes abordagens: Sob o ponto de vista metafísico, não existe o mal no cosmo. Não existe uma entidade má no mundo. O que existe são seres em diferentes graus em relação a Deus, uns maiores, outros menores, até os ínfimos. Na verdade, tudo é momento articulado de uma grande harmonia cósmica.
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Sob o ponto de vista moral, o mal é o pecado. E o pecado tem relação direta com a vontade corrompida, a má vontade. Naturalmente ou originariamente, a vontade tenderia para o Bem supremo, Deus. Contudo, dada a existência de muitos bens criados e finitos, a vontade se desvia de sua direção e se subverte preferindo bens finitos e inferiores aos bens supremos. Trata-se, portanto, de uma escolha incorreta. Dessa forma, o mal moral é uma aversão a Deus e uma conversão às criaturas. O mal se expressa no mau uso desse bem. Por isso, Agostinho nos diz: “O bem que está em mim é obra tua, é teu dom; o mal em mim é meu pecado”. Sob o ponto de vista físico, a maioria dos nossos males, como as doenças, sofrimentos e tormentos físicos e espirituais e a própria morte são consequência do mal moral, decorrência do pecado. Nossa natureza primeira e originária é de seres feitos para a comunhão com Deus. O pecado não faz parte dessa natureza. O pecado é uma ruptura que criamos como o nosso livre-arbítrio. Assim, o mal, sendo amor a si (soberba), tanto individualmente quanto comunitariamente, é sempre uma corrupção ou da medida, ou da forma, ou da ordem natural. Nenhuma natureza é má. O mal se manifesta como desvio e carência do bem. c) Fé e razão. Em termos de conhecimento, o pressuposto do qual se partia era o de que a verdade se encontrava em Deus. Deus era a fonte da verdade. Por isso, a condição para ter acesso à verdade era a fé, dom de Deus. Para a razão humana, Deus é mistério insondável. A razão não consegue, de forma autônoma e independente, conhecer e compreender a verdade de Deus. Assim, o entendimento das verdades eternas pressupõe a fé. Esse pressuposto vem expresso na afirmativa do profeta Isaías, que diz: “Se não crerdes, não entendereis”. Assim, a Graça divina eleva a inteligência e lhe dá forças para buscar razões, argumentos que auxiliem na compreensão e na divulgação da verdade acolhida na fé. É isso que vem expresso na afirmativa de Agostinho, que traz a fé como princípio e fim do conhecimento: “crer para compreender, e compreender para crer”. Dessa forma, na relação entre fé e razão aparece, inicialmente, a superioridade da fé em relação à razão. Essa superioridade transparece na afirmativa agostiniana: “Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
Essa superioridade da fé em relação aos poderes da razão vem também muito bem expressa no pensamento do maior filósofo e teólogo medieval, Tomás de Aquino (1221-1274), que afirma: Há algumas verdades que superam todo o poder da razão humana, como por exemplo, a verdade de que Deus é uno e trino. Outras verdades podem ser pensadas pela razão natural, como por exemplo, as verdades de que Deus existe, de que Deus é uno, e outras mais. AQUINO, Tomás de.Súmula contra os gentios. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: abril cultural, 1973, p.70.(Os pensadores).
Considerando a centralidade da teologia como ciência da fé, partindo da fé, a razão se eleva; partindo da teologia, a Filosofia se aprimora. Por isso, fé e razão apresentam profunda complementaridade, embora as verdades da fé transcendam em muito os poderes de compreensão da razão humana. Contudo, a nossa natureza racional deverá sempre buscar maior compreensão do Mistério que acolhemos na fé. A relação de complementaridade entre razão e fé não pode admitir a contradição. Quem melhor expressará essa ideia da não contradição é Tomás de Aquino, recordando que na raiz dessas formas de conhecimento encontra-se a mesma fonte: Deus, incapaz de contradição uma vez que é a fonte da razão e da fé, e Ele não pode contradizer-se. Vejamos este fragmento: Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural. É um fato que esses princípios naturalmente inatos à razão são absolutamente verdadeiros[...], tampouco é permitido considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que Deus confirmou de maneira tão evidente. [...]. Se Deus infundisse em nós conhecimentos contrários, a nossa inteligência seria com isso mesmo impedida de conhecer a verdade. Deus não pode fazer tais coisas. TOMÁS DE AQUINO. Súmula contra os gentios. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 2000 p. 143-144 (Os pensadores). (Fragmento)
10. A Filosofia Renascentista: da Autonomia e da Soberania O período humanista-renascentista transcorreu durante duzentos anos, ocupando os anos 1400 e 1500. Assim, a Renascença tem raízes na Idade Média e frutos na modernidade. Ela é preparada no final da idade média e ela prepara a revolução científica que acontecerá na modernidade. Portanto, não falaremos nem em ruptura com a idade média nem diremos que a Renascença seja modernidade. a) O ideal da vida ativa Se na Idade Média o teocentrismo gerava um ideal de vida mais voltado para a contemplação dos ideais celestes, divinos e eternos, o humanismo renascentista resgata o ideal da vida
CAPÍTULO 2
ativa, uma vez que joga sobre o ser humano a responsabilidade pelo seu destino e transfere a vida dos grandes centros monásticos, de vida ascética, para o chão da história, da luta por construir uma cultura verdadeiramente humana. Por isso, em decorrência, reina a ideia de história, de movimento, de transitoriedade, superando a visão estamental que caracterizava a idade média. Portanto, há uma revolução espiritual, no sentido de haver uma profunda mudança na mentalidade. Esse fenômeno que se inicia na Renascença recebe o nome de Secularização da consciência, que se manifestará em todos os âmbitos da vida. Na política, como veremos, esse fenômeno será chamado de laicização, que expressa a autonomia da política em relação às orientações da religião ou da ética cristã. b) A dignidade humana fundada na liberdade e na autonomia Pico della Mirandola (1463-1494) é o pensador renascentista que melhor reflete sobre as temáticas da liberdade e da dignidade humana Leia o fragmento no qual Pico de Mirandola imagina a fala de Deus ao ser humano no ato da criação “A ti, ó Adão, não te temos dado, nem um lugar determinado, nem um aspecto próprio, nem qualquer prerrogativa só tua, para que obtenhas e conserves o lugar, o aspecto e as prerrogativas que desejares, segundo tua vontade e teus motivos. A natureza limitada dos outros está contida dentro das leis por nós prescritas. Mas tu determinarás a tua sem estar constrito por nenhuma barreira, conforme teu arbítrio, a cujo poder eu te entreguei. Coloquei-te no meio do mundo para que, daí, tu percebesses tudo o que existe no mundo. Não te fiz celeste nem terreno, mortal nem imortal, para que, como livre e soberano artífice, tu mesmo te esculpisses e te plasmasses na forma que tivesses escolhido. Tu poderás degenerar nas coisas inferiores, que são brutas, e poderás, segundo o teu querer, regenerar-te nas coisas superiores, que são divinas”. [...]. No homem, o Pai infundiu todo tipo de sementes, de tal sorte que tivesse toda e qualquer variedade de vida. As que cada um cultivasse, essas cresceriam e produziriam nele os seus frutos. MIRANDOLA, Pico Della. A dignidade humana. Trad. Luis Feracine. São Paulo: Ed. Escala, s/d. nº26. p. 39-42.
c) a importância da experiência para o conhecimento Leonardo da Vinci (1452-1519) é o representante por excelência da Renascença, no que tange ao tema do conhecimento. Em Leonardo já aparece a ideia que será um dos fundamentos da revolução científica do século XVII, a concepção de que a linguagem do mundo é a matemática. Em sua visão, há uma ordem e uma mecânica necessárias em toda a criação, que derivam do criador. E o ser humano, como criatura feita à imagem e semelhança do Criador, é ser inteligente, que tem as potencialidades para decifrar a lógica e as leis de funcionamento da criação. Dessa forma, por meio da experiência e da razão, o homem tem a missão de desvendar a lógica do mundo, estudar sua
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CAPÍTULO 2
Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
TRODUÇÃO À FILOSOFIA linguagem matemática. Portanto, a autoridade não mais será uma figura humana, mas o argumento fundamentado na experiência. Com essa visão, o espírito renascentista prepara e lança as raízes da ciência moderna. d) Consciência de mundo infinito. Giordano Bruno (1548-1600) comunga com a visão copernicana de universo, que inaugura na história do pensamento a visão heliocêntrica, superando o paradigma ptolomaico ou geocêntrico, até então hegemônico. Sua visão de mundo o coloca na contramão da visão cristã. Sua defesa da infinitude do universo será elemento que atrairá contra si todo o dogmatismo cristão da época. Para Giordano, embora haja um princípio supremo, causa de todas as coisas, esse elemento primordial não poderá jamais ser conhecido. Contudo, esse princípio animador do mundo está presente em todas as coisas. Sendo o mundo é infinito, infinito é o movimento, eterna é a mutação de todas as coisas. Nada morre, tudo se transforma. O movimento do ser provoca novas formas de ser.
ver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria do que o modo de se preservar [...]. Assim é necessário a um Príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. MAQUIAVEL.N. O príncipe.Trad. Livio Xavier. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. Cap. XV. p. 36.
Dessa forma, será o olhar atento à circunstancia que irá ditar a natureza das ações. A analogia de “remédios amargos para males amargos” traduz bem a possibilidade dessa necessidade na ação política de um Príncipe. Nesse realismo político, toda escolha do Príncipe deve submeter-se ao critério da funcionalidade, tendo em vista a eficácia do seu governo, a estabilidade do Estado, na preservação da ordem e da paz social. Assim, Maquiavel reforça a concepção de soberania do poder do Estado e nunca da pessoa do príncipe.
10.1. O ceticismo, em Montaigne
A virtude política
Nesse contexto, Montaigne representa o espírito crítico, inclusive da razão em sua avaliação dos costumes, tradições e instituições. Michel Montaigne (1533-1592) é conhecido por nós através da leitura de sua obra prima: Os ensaios. Através da ironia, do ceticismo e da perspicácia, Montaigne vai afirmando a subjetividade e a relatividade das expressões culturais.
Com base nessa reflexões, já poderemos inferir que a virtude do Príncipe nada tem a ver com a virtude cristã. Ao contrário, terá que ser marcada por uma habilidade política muito especial, a competência de saber adaptar-se a cada situação e agir em conformidade, para o bem do povo, para a ordem social. Assim, a virtude é uma forma de astúcia política, que implica saber separar o que vale na esfera privada, nas convicções pessoais e o que vale na esfera pública.
Reconhecendo o limite da razão e a pluralidade dos costumes humanos, Montaigne denuncia as atitudes dogmáticas dos que se pretendem portadores da verdade, do certo e do errado. É preciso reconhecer a relatividade de cada olhar e, nela, a parcialidade da verdade, sempre situada historicamente. A grande dificuldade dos humanos é conseguir ver o diferente como portador de uma dignidade que lhe é própria e não julgá-lo a partir de nosso pretenso olhar de verdade.
10.2. Autonomia da Política, em Maquiavel. O pensamento político de Nicolau Maquiavel (1469-1527), situado na Renascença, inaugura a política moderna, pois seu pensamento afasta-se da forma de fazer política que era predominante até então. Ora, a política que se praticava era atrelada à dimensão religiosa, vinculada à ética cristã. Por isso, é correto afirmar que Maquiavel inaugura a autonomia da política. Dessa forma, o pensamento político passa a não ter mais nenhuma outra referência ou critério de ação que não seja a própria política. Não se aceita mais a ingerência do idealismo cristão com sua ética prescritiva, que estabelecia, a priori, o certo e o errado. Leia o fragmento: “Todavia, como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas do que pelo que delas se possa imaginar. [...]. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria vi-
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10.3. A utopia política, em Thomas Morus Thomas Morus (1478-1535) é o autor de uma das mais conhecidas obras da Renascença: a Utopia.. O grande sucesso do escrito Utopia nos revela um profundo desejo do ser humano por uma nova sociedade, por aquilo que efetivamente deveria existir e que ainda não tem lugar na história. O espírito da Renascença solicita uma nova sociedade, sem os vícios da Inglaterra do século XVI: desigualdade, miséria, concentração de renda etc.
10. 4. A soberania política em Jean Bodin Jean Bodin (1529-1596), escritor cristão e jurista, maior teórico do absolutismo. Situa-se entre os excessos do realismo político de Maquiavel e do utopismo de Thomas Morus. Em seu escrito seis livros sobre a república, defende a necessidade de uma forte soberania para a existência do Estado, que manterá os membros sociais unidos num só corpo. E por soberania entende o fato de o Estado não estar sujeito ao comando de outrem, ao fato de ele poder promulgar leis para outros cumprirem. Bodin é considerado o teórico da soberania. Considerando o conceito de soberania como “poder supremo”, verificamos que, na escala dos poderes, o poder inferior é subordinado ao superior, que, por sua vez se subordina a outro poder superior, o summa potestas, que é o poder soberano. Dessa forma, onde há um poder soberano encontramos um Estado. É o que podemos verificar na definição do próprio Bodin: “por soberania se entende o poder absoluto e perpétuo de uma República [que é próprio do Estado]” (Livro I, cap.VIII)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
O adjetivo absoluto refere-se a incondicionado, que não tem outros limites senão os da lei divina e da lei natural.Dessa forma, entre as características da soberania se encontra o fato de ela ser absoluta, perpétua e indivisível. As únicas limitações desse poder absoluto são a lei divina e a lei natural. O adjetivo perpétuo refere-se ao fato de que a soberania não se identifica com a figura histórica do príncipe, que é governo que passa. A soberania não é transitória, não se transmite. Ela pertence ao Estado, que permanece. Em outras palavras, afirma-se a permanência ou a continuidade da República.
10. 5. O direito natural e o direito positivo Em princípios de 1600, a cultura ocidental acompanha a formação da teoria do direito natural. Os principais representantes fundadores são Albérico Gentili (1552-1608) e Hugo Grotius (1583- 1645). De acordo com o jusnaturalismo, Deus, no ato da criação, inscreveu nas criaturas a sua lei. Assim, a lei natural foi instituída por Deus, no coração de suas criaturas. Os homens, através do uso de sua razão, podem conhecer os princípios dessa lei. Assim, natureza e razão são os fundamentos do direito natural. Sendo o direito natural de ordem divina, ele traz a marca da universalidade e da imutabilidade, pois a perfeição divina nele deixou a sua marca. Entre os direitos naturais, destacam-se os direitos à vida, à felicidade, à propriedade, à liberdade, à dignidade. Com esse reconhecimento, estabelece-se a natural igualdade de todos os homens. Todos os homens tem os mesmo direitos. São Iguais e são livres. Ora, essas são as precondições fundamentais para haver um possível pacto ou contrato entre os homens. Assim, o jusnaturalismo está na base do contratualismo moderno.
11. A FILOSOFIA MODERNA: TEMA DO CONHECIMENTO Falar em modernidade implica ter referência obrigatória ao conhecido “século das luzes”. Esse movimento intelectual do século XVIII exalta a capacidade humana de conhecer e de agir. Afirma-se a maioridade do ser humano, o que implica dizer que o ser humano passou do estágio da heteronomia moral para a autonomia ética e moral. Na infância da humanidade, caracterizada pelo pensamento teocêntrico, a obediência à autoridade era característica sempre presente. Agora, na modernidade, o critério de autoridade passa a ser a experiência conjugada com o argumento racional. A partir da idade moderna, a ética e política se tornam laicas, secularizadas. Em outras palavras, o fundamento dos valores e das ações humanas não se encontra mais em Deus, mas no próprio ser humano, considerado sujeito da história. Por isso, as justificativas da ação humana e da norma moral se fundamentam não mais em explicações religiosas, mas na lei natural, no interesse e na razão humana. a) O homem indivíduo e senhor da natureza. A nova visão de homem, que nasce a partir da Renascença, está fortemente marcada pelo desejo de emancipação da esfera religiosa e eclesial. Esse projeto de emancipação se faz
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presente em praticamente todos os âmbitos. Em conformidade com esse ideal, rompe-se com qualquer ideia de dependência ou existência alienada. O objetivo é assumir-se como sujeito e senhor de seu próprio destino. Enquanto o humanismo renascentista, acentuando o papel da experiência e da razão, busca conhecer o mundo natural, o antropocentrismo moderno, ao fazer do homem senhor da natureza, subjuga as outras formas de vida ao senhorio humano. b) A liberdade: o espírito do homem moderno O espírito do homem moderno, encarnado e expresso no iluminismo, é identificado pelo desejo de liberdade, entendido inicialmente libertação de todas as formas de alienação às quais o homem vinha submetido. O projeto do iluminismo, ao ser processo de esclarecimento e lustração, caminha nessa direção. Deseja devolver o homem a si mesmo, fazê-lo ser senhor de si. Para tanto, a marca maior será a busca por libertação. Importa não estar mais vinculado a nada que prenda ou limita o ser humano, desde uma esfera exterior. A modernidade será, assim, marcada por grandes revoluções e utopias, em diferentes âmbitos da vida humana: nas questões relacionadas ao mundo do trabalho, nas relações de gênero, nas questões religiosas etc. A partir dessa ideia de liberdade como libertação, nasce uma nova ideia de liberdade no contexto do contratualismo moderno, na qual o ser humano buscará, ele próprio, construir limites e vínculos para as suas relações. Portanto, nasce a ideia de liberdade política. c) A revolução científica do século XVII No âmbito do conhecimento, a modernidade realiza uma verdadeira revolução espiritual. Nasce uma nova visão de mundo, de universo, de ciência, de metodologia científica. Emblematicamente, encontramos a imagem newtoniana do universo-relógio. O universo moderno, diferentemente do mundo medieval, é aberto e infinito, regido por leis e escrito em linguagem matemática, decifrável pela razão humana. A natureza revolucionária do pensamento científico moderno pode ser percebido na radicalidade das mudanças. Se, anteriormente, havia a perspectiva metafísica, especulativa, dogmática, religiosa e mítica, agora a perspectiva é física, empírica, experimental, marcada pela dúvida e pela incerteza. Por isso, em vez de verdades impostas de cima para baixo, o que importa é uma determinada metodologia de trabalho, muito mais indutiva. Obviamente, haverá muitas hipóteses que serão estabelecidas e que deverá ser comprovada por uma metodologia aberta a todos, pública e acessível. Dessa forma, verificaremos que a ciência moderna se desvincula da fé, e caminha com um método que permite progressos e avanços nas ciências e no conhecimento das leis que regem o universo e os fenômenos. Esse realismo na ciência, que supera o idealismo da fé cristã medieval encontramos, exemplarmente, em Galileu Galilei (1564-1642) para o qual a ciência tem por objetivo captar e descrever a realidade, seu funcionamento. Galileu defende e estabelece a autonomia do método científico em sua busca descritiva de realidades objetivas e mensu-
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA ráveis, uma vez que o próprio livro da natureza está escrito em linguagem matemática. Assim, a visão moderna de ciência substitui o essencialismo grego e o idealismo medieval pelo mecanicismo, pelo estudo da mecânica do universo. O texto a seguir, de Alexandre Koyré, ilustra de maneira brilhante o que foi a revolução científica do século XVII, a começar pelo título. Leia os fragmentos: Admite-se de maneira geral que o século XVII sofreu e realizou uma radicalíssima revolução espiritual de que a ciência moderna é ao mesmo tempo a raiz e o fruto. Alguns historiadores viram seu aspecto mais característico na secularização da consciência, seu afastamento de metas transcendentes para objetivos imanentes, ou seja, a substituição da preocupação pelo outro mundo e pela outra vida pela preocupação com esta vida e este mundo. Para outros autores, sua característica mais assinalada foi a descoberta, pela consciência humana, de sua subjetividade essencial e, por conseguinte, a substituição do objetivismo dos medievos e dos antigos pelo subjetivismo dos modernos; outros ainda creem que o aspecto mais destacado daquela revolução terá sido a mudança de relação entre teoria e práxis, o velho ideal da vida contemplativa cedendo lugar ao da vita activa. Enquanto o homem medieval e o antigo visavam à pura contemplação da natureza e do ser, o moderno deseja a dominação e a subjugação. [...] Pode-se dizer, aproximadamente, que essa revolução científica e filosófica [...] causou a destruição do cosmo, ou seja, o desaparecimento dos conceitos válidos, filosófica e cientificamente, da concepção do mundo como um todo finito, fechado e ordenado hierarquicamente (um todo no qual a hierarquia de valor determinava a hierarquia e a estrutura do ser, erguendo-se da terra escura, pesada e imperfeita para a perfeição cada vez mais exaltada das estrelas e das esferas celestes), e a sua substituição por um universo indefinido e até mesmo infinito que é mantido coeso pela identidade de seus componentes e leis fundamentais, e no qual todos esses componentes são colocados no mesmo nível do ser. Isto, por seu turno, implica o abandono, pelo pensamento científico, de todas as considerações baseadas em conceitos de valor, como perfeição, harmonia, significado e objetivo, e, finalmente, a completa desvalorização do ser, o divórcio do mundo do valor e do mundo dos fatos. KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. RJ/SP, Forense: 1979. p 13-14.
11.1.O racionalismo de René Descartes René Descartes (1596-1650) é considerado o pai da Filosofia moderna. Em suas obras “Discursos do Método” e “Meditações metafísicas” aborda o problema do conhecimento. Em linhas gerais, podemos dizer que o programa da Filosofia de Descartes consiste em estabelecer e desenvolver o uso disciplinado da razão livre e autônoma, na busca pela verdade do real. Partindo da racionalidade como atributo humano fundamental, Descartes vincula o erro ao sensível, às percepções e suas
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linguagens. Para o racionalismo, a percepção sensível é confusa e fonte de erros, de obscuridade e visões provisórias e particulares. Ora, a consciência dos erros originados das sensações, faz Descartes buscar um método que lhe possibilite chegar a verdades indubitáveis, que resistam a qualquer dúvida. Vejamos o fragmento a seguir que ilustra esse procedimento: Se vós tivésseis um cesto de maçãs dentre as quais várias estivessem podres, contaminando assim as restantes, o que fazer senão esvaziá-lo todo e, tomando cada maça uma a uma, recolocar as boas no cesto e jogar fora as más? (Descartes. Sétimas objeções) Descartes objetiva, inicialmente, chegar a uma primeira verdade que não possa ser posta em dúvida. Propõe-se encontrar uma certeza básica, imune às dúvidas céticas sobre a possibilidade de ciência em geral. Embora não fosse cético, considerava o ceticismo muito importante, devido às questões que colocava sobre a possibilidade de um conhecimento seguro. Descartes estabelece a dúvida como seu método. Assim, sua argumentação começa com a dúvida metódica, mediante a qual coloca em questão todo o conhecimento adquirido da tradição, toda a ciência clássica, todas as opiniões, tidas como certas até então. Após se ver mergulhado em dúvidas, nasce a intuição fundamental de Descartes: percebe-se duvidando, com certeza e clareza. E ao duvidar encontra-se pensando. A consciência de que está pensando vem expressa no cogito ergo sum: “penso, logo existo”. Um coisa que pensa, existe, pelo menos enquanto pensa. Descartes encontra, assim, a certeza primeira. E diz: “Por intuição entendo não o inconstante testemunho dos sentidos ou o ilusório juízo de uma imaginação que compõe mal o seu objeto, mas uma conceituação da mente pura e atenta, tão óbvia e distinta, sobre a qual não resta absolutamente qualquer dúvida”. Portanto, o objetivo para Descartes é encontrar um fundamento seguro para o saber. O caminho (método) tem objetivo fundamental oferecer procedimentos através dos quais o intelecto possa afastar-se tantos dos juízos precipitados quanto das prevenções, ou seja, das opiniões pré-fabricadas a que aderimos acriticamente, nas quais evitamos a responsabilidade de um juízo livre e racional. Dessa forma, a razão deverá constantemente examinar-se a si mesma durante o processo de busca da verdade. Para tanto, faz-se fundamental encontrar o caminho seguro: “Entendo por Método regras certas e fáceis, graças às quais todos os que as observem exatamente jamais tomarão como verdadeiro aquilo que é falso e chegarão, sem se cansar com esforços inúteis e aumentando progressivamente sua Ciência, ao conhecimento verdadeiro de tudo o que lhes é possível esperar”. (Descartes, Discurso do Método)
Em sua obra Regras para a direção do espírito, composta de 21 regras, René Descartes descreve o seu método, que ele mesmo sintetiza em seu Discurso do Método, mediante quatro preceitos fundamentais na busca do conhecimento verdadeiro:
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
1º. Jamais acolher alguma coisa como verdadeira sem a conhecê-la como tal. 2º. Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas forem necessárias para melhor resolvê-las. 3º. Ordenar os pensamentos, começando pelos mais simples e fáceis de conhecer, para progressivamente ir subindo, degrau por degrau, até o conhecimento mais complexo. 4º. Proceder a constantes e completas enumerações e revisões, para ter a certeza de não haver omitido nada. A partir desses preceitos, podemos perceber que a evidência é critério decisivo de verdade para Descartes. Sem a clareza e a distinção não há verdade racional. Encontrar verdades claras e distintas, ou seja, evidentes, será um trabalho árduo e disciplinado, uma vez que é possível duvidar de tudo, considerando a relatividade e provisoriedade das opiniões, crenças e dos costumes das pessoas e dos povos. Assim, o racionalismo parte do pressuposto da existência de uma verdade universal, acessível mediante atividade intramental, superando as ilusões e os enganos provenientes do âmbito sensível.
11.2. O empirismo de David Hume O empirismo é a doutrina filosófica moderna que se opõe ao racionalismo e que afirma que o conhecimento procede principalmente da experiência. Os principais representantes são filósofos ingleses que viveram entre os séculos XVI e XVIII. Os principais representantes são Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley e David Hume. Para compreender o pensamento empirista, vamos abordar o pensamento de David Hume (1711-1776), no qual o empirismo alcançou a sua maior expressão. Para o empirismo, nosso conhecimento começa sempre com a experiência dos sentidos, ou seja, com as nossas sensações. Os nossos sentidos são excitados pelos objetos exteriores com os quais entramos em relação: vemos cores, sentimos sabores, ouvimos sons,etc. As sensações formam percepções. Por exemplo: a percepção mental de uma rosa é formada pelas sensações da cor, do perfume, da maciez. Assim, todos os conteúdos da mente humana são percepções. E toda percepção passa por dois momentos: ela é primeiramente sentida (de modo vivo) como impressão e é pensada (de modo mais fraco) como ideia. Assim, a impressão é originária e a ideia é dependente. As impressões simples sempre precedem às ideias correspondentes, ao passo que o contrário nunca se dá. Por exemplo, nós não podemos perceber uma cor ou experimentar uma sensação simplesmente pensando-as. As impressões são a causa das ideias. Dessa forma, o primeiro princípio diz que todas as ideias simples provêm de suas correspondentes impressões. Esse princípio, diz Hume, acaba coma questão das ideias inatas. Por isso, o segundo princípio (que nada mais é do que consequência do primeiro) diz: para provar a validade de cada ideia sobre a qual se discute é necessário apresentar a sua relativa impressão. No fragmento a seguir, Hume elabora a sua reflexão sobre a origem das ideias. Vamos considerar a reflexão:
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Nada, à primeira vista, pode parecer mais ilimitado que o pensamento humano, que não apenas escapa a todo poder e autoridade dos homens, mas está livre até mesmo dos limites da natureza e da realidade. (...) Mas, embora nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, um exame mais cuidadoso nos mostrará que ele está, na verdade, confinado a limites bastante estreitos, e que todo esse poder criador da mente consiste meramente na capacidade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que os sentidos e a experiência nos fornecem. Quando pensamos em uma montanha de ouro, estamos apenas juntando duas ideias consistentes, ouro e montanha, com as quais estávamos anteriormente familiarizados. (...) Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados da sensação externa ou interna, e à mente e à vontade compete apenas misturar e compor esses materiais. Ou, para expressar-me em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, ou percepções mais tênues, são cópias de nossas impressões, ou percepções mais vívidas. HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano. Seção 2: da origem das ideias. Trad. Oscar de A. Marques. Editora UNESP. 1999
Sendo cada ideia cópia de uma impressão e sendo a impressão necessariamente particular, segue-se que também as ideias devem ser determinadas do mesmo modo, individual e particular. David Hume critica essa ideia de universalidade e de necessidade. Essa crítica o leva a problematizar a noção de relação necessária entre causa e efeito. Causa e efeito, diz Hume, são duas ideias bem distintas entre si, no sentido de que nenhuma análise da ideia de causa pode nos fazer descobrir a priori o efeito que dela deriva. Não é possível à mente encontrar o efeito da pretensa causa, dado que o efeito é totalmente diverso da causa e, consequentemente, não pode nunca ser descoberto nela. Sendo assim, o fundamento de todas as nossas conclusões sobre causa e efeito é a experiência.
11.3. O método científico e a nova ciência em Francis Bacon Francis Bacon (1561-1626) é o filósofo da era industrial e científica. Seu pensamento nos mostra o quanto o saber é poder. Saber é poder de conhecimento das causas. Saber é poder de intervenção, manipulação e exploração. Por isso, deve ser superada a visão de uma ciência que não tenha vínculos com a vida prática. Isso se verifica em sua veemente crítica à metafísica medieval, apresentada como estéril, sem contribuições para a vida concreta dos seres humanos. No fragmento a seguir ele faz uma critica ao empirismo e ao racionalismo Leia o fragmento que segue: Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmos extraem o que lhes
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA serve para a teia. A abelha representa a posição intermediária: recolhe a matéria prima das flores do jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere. Não é diferente o labor da verdadeira Filosofia, que se nãoserve unicamente das forças da mente, nem tampouco se limita ao material fornecido pela história natural ou pelas artes mecânicas, conservado intato na memória. Mas ele deve ser modificado e elaborado pelo intelecto. Por isso muito se deve esperar da aliança estreita e sólida (ainda não levada a cabo) entre essas duas faculdades, a experimental e a racional. BACON, Francis. Novum organum, XCV. Tradução José A. Reis de Andrade. São Paulo: Abril cultural, 1979 (Os pensadores).
No fragmento a seguir, ele faz referencia ao método da nova ciência: Nem a mão nua, nem o intelecto abandonado a si mesmo têm poder. Os resultados são alcançados com instrumentos e com auxílios e destes tem necessidade não menos o intelecto do que a mão. Como os instrumentos ampliam e regem o movimento da mão, também os instrumentos da mente guiam ou mantêm o intelecto.A ciência e o poder humano coincidem, porque a ignorância da causa faz com que falte o efeito. A natureza, com efeito, não se vence a não ser obedecendo a ela, e o que na teoria tem valor de causa, na operação tem valor de regra. (...) Ao intelecto dos homens, portanto, não devemos acrescentar asas, mas chumbo e pesos a fim de impedi-lo de saltar e voar. Isso até agora não foi feito; quando isso for feito se poderão nutrir mais altas esperanças sobre o destino das ciências1. BACON, Francis. Novum organum. Tradução José A. Reis de Andrade. São Paulo: Abril cultural, 1979 (Os pensadores).
Em decorrência dessa visão, Bacon passa a denunciar todas as formas de preconceitos, buscando sua eliminação e a purificação do saber científico dessas formas degenerativas de saber. Bacon denomina esses preconceitos de ídolos, ilusões humanas que impedem a humanidade de caminhar na direção do conhecimento verdadeiro. A partir dessa constatação, o trabalho no qual ele se concentra é na denúncia e no combate dessas ilusões, com o objetivo de libertar o intelecto da influencia desses ídolos. Dessa forma, passada a primeira fase da limpeza e da purificação, o trabalho será o de apresentar as regras do método verdadeiramente científico, marcado pela indução, conciliando as experiências particulares com a formulação da teoria geral. O primeiro desses ídolos refere-se aos ídolos da tribo. O gênero humano (tribo), ao se dirigir para a natureza, faz uma leitura inadequada dessa natureza, movida pela pretensão de captar a essência das coisas. Na verdade, a subjetividade humana projeta sobre as coisas uma visão carregada de afeto, de vontades e interesses que estabelecem como verdade essencial uma visão subjetiva e fugaz, muitas vezes distorcida do real.
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Assim, os ídolos da tribo se referem à ingenuidade humana de considerar a opinião oriunda dos sentidos como certeza de captar a verdade dos fenômenos. A segunda série desses ídolos é denominada ídolos da caverna, pois considera as ilusões ou sombras que guiam os indivíduos particulares. Essa série de ídolos está inspirada na Alegoria da Caverna, de Platão. Nessa alusão os primeiros estágios do conhecimento que caracteriza o senso comum são a opinião e a crença de que sua opinião corresponde à verdade essencial. Ora, o que caracteriza essa caverna é a diversidade de opiniões fugazes. Isso jamais poderá significar conhecimento verdadeiro. Em terceiro lugar, Bacon se refere aos ídolos do foro (do mercado). Com essa expressão ele faz referencia à feira, ao mercado, às palavras ou discursos que arrastam as pessoas para profundas discordâncias e as desviam da verdade. Nesse sentido cabe recordar o provérbio: “uma mentira repetida inúmeras vezes acaba sendo aceita como verdade”. Finalmente, Bacon refere-se aos ídolos do teatro, que são tão somente uma representação, e não significam a realidade. Com essa caracterização, Bacon critica as fábulas criadas no passado, pelos sofistas, pelos empíricos e pelos dogmáticos, todos marcados pela absoluta falta de comprovação científica. O verdadeiro método indutivo, que supera o método aristotélico, consiste em, primeiramente, extrair e fazer surgir os axiomas da experiência e, em seguida, deduzir e derivar novos experimentos dos axiomas. A indução proposta por Bacon é uma indução por eliminação, somente esta seria capaz de captar a natureza, a forma ou a essência dos fenômenos.
11.4. Nem empirismo nem racionalismo: O Racionalismo Critico em Kant Immanuel Kant (1724-1804), em seu texto “O que é a ilustração”, demonstra todo o otimismo iluminista acerca das possibilidades de o homem, através de sua razão, passar a construir o próprio destino, guiando a própria vida com autonomia, superando a velha dependência em relação às crenças, opiniões e decisões alheias. Partindo do pressuposto antropológico de que os constituintes fundamentais do ser humano são a razão e a liberdade, a Filosofia kantiana buscará devolver o homem a si mesmo, devolvê-lo a si naquela dimensão de universalidade que o constitui. Por isso, as quatro grandes questões que orientarão a Filosofia de Kant são: o que posso saber? como devo agir? o que posso esperar? o que é o ser humano? No texto a seguir, Kant expressa o seu projeto de buscar a emancipação do espírito humano, a caminhada da menoridade para a maioridade. É um texto clássico. Seguem alguns fragmentos do texto. Resposta à pergunta: que é ilustração? Esclarecimento é a saída do homem da condição de menoridade auto-imposta. Menoridade é a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem a direção de um outro. Essa menoridade é auto-imposta quan-
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do a causa da mesma reside na carência não de entendimento, mas de decisão e coragem em fazer uso de seu próprio entendimento sem orientação alheia. Sapere aude! Tenha a coragem de servir-te de teu próprio entendimento. Este é o mote do Esclarecimento. Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia (naturaliter maiorennes), ainda permanecem, com gosto e por toda a vida, na condição de menoridade. Se for perguntado: vivemos agora em uma época esclarecida? A resposta é: não, vivemos em uma época de Esclarecimento. Falta ainda muito para que os homens em geral, nas condições atuais, estejam habilitados a servir-se bem de seu próprio entendimento das questões religiosas sem o auxílio da compreensão alheia. Porém temos claros indícios de que agora o campo lhes foi aberto para se desenvolverem livremente e que gradualmente tornam-se menores os obstáculos ao esclarecimento geral e à saída de sua menoridade auto-imposta.(...) KANT, Resposta à pergunta: “O que é Esclarecimento”? Trad. Danilo Marcondes. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Ética. De Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. P.95-100.
“A revolução copernicana” No âmbito do conhecimento, Kant realizou uma verdadeira “revolução copernicana” ao atribuir ao sujeito um papel determinante no ato de conhecer. O ato de conhecer já não mais se concebe como uma adequação do sujeito a uma realidade exterior; mas, ao contrário, de uma construção mental do próprio sujeito, a partir da realidade exterior. Ao chamar esse mudança de visão como revolução copernicana, Kant faz referência à mudança de paradigma que Copérnico realizou na ciência, ao substituir o modelo geocêntrico pelo heliocêntrico. Nem empirismo, nem racionalismo: Criticismo ou racionalismo crítico A Filosofia de Kant recebeu o nome de criticismo, pois entre seus grandes objetivos constava submeter a razão a uma grande e profunda crítica, na busca de um conhecimento bem fundamentado, descartando como conhecimentos seguros aqueles que não apresentavam base científica. Nessa lógica, Kant estabelece que o conhecimento seguro deriva da experiência e caminha para os juízos universais. Ou seja, ele faz uma síntese entre o empirismo e o racionalismo, articulando essas duas visões que eram vistas como antagônicas, contrárias, irreconciliáveis. Nessa síntese entre empirismo e racionalismo, que eram vistos como antagônicos e separados, Kant afirma que a matéria de nosso conhecimento vem da experiência, do mundo exterior, por meio de nossos sentidos. Nesse sentido, o ponto de partida do conhecimento está na experiência, no a posteriori. Contudo, essas informações vem de uma forma desconexa, pois na experiência não existem as noções de causa e efeito,
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por exemplo, que poderiam servir para organizar essas dados. Assim, é preciso recorrer a algo que existe em nos de forma apriori, anterior a qualquer experiência, que possibilita a própria experiência e a organiza. Com efeito, existem em nós formas de sensibilidade e formas do entendimento. Por meio das formas da sensibilidade temos acesso ao mundo exterior e pelas formas do entendimento construímos conceitos, a partir desse contato sensível com o mundo. A coisa em si e o fenômeno Dessa forma, Kant distingue o mundo dos fenômenos (realidade de nossa experiência) do mundo do númeno,(realidade em si), que podemos pensar, mas não conhecer, pois o que conhecemos não é o real, “a coisa-em si”, mas sempre o real em relação com o sujeito do conhecimento, ou seja, o real enquanto objeto. Por isso, Kant afirma , em sua Analítica transcendental, que “ não podemos pensar nenhum objeto senão mediante categorias e não podemos conhecer nenhum objeto pensado senão mediante intuições que correspondam àqueles conceitos”.Com efeito,“a intuição sem conceitos é cega, os conceitos sem intuição são vazios”. Em seus estudos sobre as possibilidades e limites da razão humana, Kant concluiu que é impossível conhecer as coisas tais como elas são em si mesmas (noumenon), mas apenas podemos conhecer a forma como a nós aparecem isto é, o fenômeno, a aparência. E mais. Ao referirmo-nos a realidades metafísicas, tais como existência de Deus e imortalidade da alma nada podemos afirmar. É o limite da razão. Contudo, a originalidade de Kant está em afirmar que o conhecimento não é reflexo do objeto exterior, mas é construção do espírito humano. Assim, conhecer não é adequar-se a algo que exista fora, no exterior; ao contrário, conhecer é construir significado. A vida racional e a ética do dever Em Kant, a razão humana é razão legisladora, razão que elabora normas universais que servirão de guia para a vida humana em sociedade. Sendo os homens racionais, uma ação ou decisão com base na razão é passível de universalidade. As normas morais têm, portanto, sua origem na razão. Para a construção dessas leis morais, Kant parte de um pressuposto estranho para muitos: todos nós nascemos com um dom natural relacionado com a capacidade de distinguir o certo do errado. Desta forma, há em todo ser humano uma lei moral universal e inata capaz de orientar a ação de todos os homens; isto é, valendo para todos e em todas as situações. Assim ele formula o seu imperativo categórico: “age apenas segundo aquelas máximas através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem em lei geral”. Essa norma moral é universal e está acima de qualquer conteúdo concreto. Com base nesse imperativo, por exemplo, o ser humano irá decidir a melhor ação em cada situação particular. Trata-se de uma ética formalista e não conteudista. Ela não fornece os conteúdos morais, apenas o imperativo categórico, que deve servir como orientação na escolha desses conteúdos. Dessa forma, a orientação básica para a conduta humana encontra-se no princípio do imperativo categórico: “age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA valer como principio universal de conduta”; “age sempre de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, como fim e não apenas como meio”. Isso significa que, quando fazemos algo, devemos estar certos de que gostaríamos que todas as outras pessoas, diante da mesma situação, agissem como nós. O que Kant quer dizer com seu imperativo categórico é que a nossa ação deve ser tal que possa ser universalizada, realizada por todos sem prejuízo para a humanidade. Se não puder ser universalizada, essa ação não será moralmente correta e só poderá ser realizada como exceção, nunca como regra. Considerando a sua concepção de homem como ser racional e livre, a ética kantiana parte da autonomia da razão humana. E essa autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever. Contudo, o dever de realizar a liberdade não é estranho ao ser humano. O imperativo se impõe como dever, mas a exigência não é heterônoma, externa e irrefletida, e sim livremente querida e assumida pela pessoa que se assume sujeito da história, sujeito de auto-determinação na determinação do mundo. Formalmente, Kant distingue o campo da moral do campo jurídico. Com efeito, a moralidade vem marcada pelo dever interior e o campo jurídico traz a marca da obrigação externa. Dessa forma, o direito se situa no mundo das relações externas e práticas entre os homens, pertencendo ao campo das relações intersubjetivas. A moralidade parece ter um valor em si mesmo, pois expressa um dever puro, tendo sua origem na razão, de forma a priori e não a posteriori. Em outras palavras, a moralidade indica um dever de forma categórica; ou seja, ordena categoricamente, e não hipoteticamente.
12. Filosofia Moderna: Tema da Político 12.1 Thomas Hobbes: Estado natural e contrato social Thomas Hobbes (1588-1679) parte do pressuposto da natureza individualista, egoísta e violenta do ser humano. Em decorrência dessa natureza não poderá haver paz e segurança enquanto perdurar esse estado natural. Deixar os homens entregues a si é o mesmo que perpetuar a insegurança e o medo. Não há garantias de estabilidade econômica e bem estar social, uma vez que cada homem encontra no outro o seu rival, o inimigo, o lobo devorador. Essas disputas provocarão a guerra de todos contra todos. Contudo, no estado natural, não há espaço para o bem e o mal objetivos e, portanto, para os valores morais. Com efeito, para Hobbes, o bem é aquilo ao qual tendemos e o mal aquilo do qual fugimos. Mas, como alguns homens desejam algumas coisas e outros desejam outras e como alguns fogem de algumas coisas e outros não, daí decorre que bem e mal é algo relativo; relativo à pessoa, ao local, ao tempo e às circunstâncias. Naturalmente, a condição em que os homens se encontram é uma condição de guerra de todos contra todos. Cada qual tende a se apropriar de tudo aquilo que necessita para a sua própria sobrevivência e conservação. E, como cada qual tem direito sobre tudo, não havendo limite imposto pela natureza,
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nasce, então, a predominância de uns sobre outros. E é nesse contexto que Hobbes usa a frase de Plauto homo homini lupus, o homem é o lobo do homem, no sentido de pura constatação estrutural, indicando uma situação, e não um pessimismo moral, à qual deve-se dar um remédio. Por isso, em decorrência, o Estado não é natural, mas artificial. No fragmento a seguir, Hobbes descreve a natureza do pacto entre os súditos. Quando alguém transfere seu direito, ou a ele renuncia, fá-lo em consideração a outro direito que reciprocamente lhe foi transferido, ou a qualquer outro bem que daí espera. Pois é um ato voluntário, e o objetivo de todos os atos voluntários dos homens é algum bem para si mesmos. (...) A transferência mútua de direitos é aquilo a que se chama contrato.(...). Quando se faz um pacto em que ninguém cumpre imediatamente sua parte, e uns confiam nos outros, na condição de simples natureza ( que é uma condição de guerra de todos os homens contra todos os homens), a menor suspeita razoável torna nulo esse pacto. Mas se houver um poder comum situado acima dos contratantes, com direito e força suficiente para impor seu consentimento, ele não é nulo1.
Em si mesmas, essas leis não bastam para constituir a socie dade, já que também é preciso um poder que obrigue os homens a respeitá-las: "sem a espada que lhes imponha o respeito", os acordos não servem para atingir o objetivo a que se propõem. Por conseguinte, segundo Hobbes, é preciso que todos os homens transfiram a um único homem (ou a uma assembleia) o poder de os governar. Mas é preciso atender bem a um pormenor: esse "pacto social" não é firmado pelos súditos com o soberano, mas sim pelos indivudos entre si O soberano fica fora do pacto, permanecendo como o único a manter todos os direitos originários. O poder do soberano (ou da assembleia) é indivisível e absoluto.
12.2. John Locke: Estado natural e Contrato social Diferentemente de Hobbes, John Locke (1636-1704) não descreve o estado natural como um estado de guerra de todos contra todos. O estado de natureza é o estado em que os homens se encontram naturalmente. Esse estado é o de uma perfeita liberdade de agir, de dispor de sua pessoa e de suas propriedades, dentro dos limites da lei natural. Sobre a lei natural, é interessante observar os princípios que a definem: liberdade, disposição da pessoa e propriedade. A liberdade do homem é a liberdade em relação a todo poder terrestre superior, sob a única condição da autopreservação. Essa liberdade é a condição de tudo. Locke parece ver nela a essência da vida: ninguém pode atacar a liberdade do outro. Assim como a vida, a liberdade é também inalienável. Ninguém tem o direito de fazer-se escravo, como também ninguém tem o direito de querer morrer. Cada um tem o direito e o dever de defender o seu direito natural. Por isso, no estado natural, cada homem tem o direito de punir o agressor e de ser o executor da lei natural, que autoriza a autodefesa e solicita a autoconservação.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
Desta forma, o estado natural é um estado de liberdade e de igualdade: cada indivíduo, dotado das mesmas faculdades por Deus, tem tanto poder quanto um outro e está submetido apenas à lei natural, que lhe ordena conservar-se e, tanto quanto possível, preservar a humanidade. Essa preservação implica a subsistência e a propriedade. Contudo, devido ao fato de, no estado natural, cada homem ser seu próprio juiz e agir em defesa de seus interesses e direitos naturais, torna-se pouco provável, nesse estado originário, uma vida social harmônica. Vejamos o texto no qual Locke reflete sobre essa sua visão de estado natural. Esse texto integra o capítulo XI: Dos fins da sociedade política e do governo Se o homem é tão livre no estado de natureza como se tem dito, se ele é o senhor absoluto de sua própria pessoa e de seus bens, igual aos maiores e súdito de ninguém, porque renunciaria a sua liberdade, a este império, para sujeitar-se à dominação e ao controle de qualquer outro poder. A resposta é evidente: ainda que no estado de natureza ele tenha tantos direitos, o gozo deles é muito precário e constantemente exposto às invasões dos outros (...) Por isso, o objetivo capital e principal da união dos homens em comunidades e de sua submissão a governos é a preservação de sua propriedade. O estado de natureza é carente de muitas condições. Em primeiro lugar, ele carece de uma lei estabelecida, fixada, conhecida, aceita e reconhecida pelo consentimento geral, para ser o padrão do certo e do errado e também a medida comum para decidir todas as controvérsias entre os homens (...) Em segundo lugar, falta no estado de natureza um juiz conhecido e imparcial, com autoridade para dirimir todas as diferenças segundo a lei estabelecida (...) Em terceiro lugar, no estado de natureza, frequentemente, falta poder para apoiar e manter a sentença quando ela é justa, assim como para impor sua devida execução. LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. 4ª ed. Trad. Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 2006. P.156-157.
12.3. Rousseau: O estado de natureza e o Contrato social Defensor da vida natural, Rousseau (1712-1778) levantou a hipótese do homem natural originalmente íntegro, biologicamente sadio e moralmente justo. Dessa forma, a maldade e a injustiça não são naturais no homem, mas derivadas da ordem social. Ou seja, a sociedade da propriedade privada corrompeu as inclinações naturais do ser humano. O homem é visto originariamente como um “bom selvagem”, no qual os instintos e a paixão precedem a razão.
CAPÍTULO 2
assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: "defendei-vos de ouvir impostor, estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e a terra não pertence a ninguém!"2 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p 259.
Assim, a desigualdade nasce com a propriedade privada. E com a propriedade nascem a hostilidade entre os homens, a escravidão e a miséria. Imputando à razão moderna e ao "progresso" os maiores problemas, Rousseau realiza uma radical antítese entre natureza e cultura, entre estado primitivo e estado civil, na sua configuração sócio-econômica. Para Rousseau, o grande desafio é recuperar a saúde integral do ser humano, para tanto propõe como caminhos a articulação da lei com a educação. Assim, não basta somente um contrato social é preciso também que os indivíduos sejam educados sob a perspectiva da vida comunitária. Será essa ênfase na supremacia da comunidade sobre o individuo que marcará a diferença de Rousseau em relação a Locke e a Hobbes. Em sua primeira natureza, o homem é marcado pela dimensão impulsiva e individualista. Por meio do contrato social, ele passará por uma radical mudança. Vejamos o fragmento a seguir, no qual Rousseau descreve e caracteriza essa mudança. Escreve Rousseau:
A passagem do estado de natureza para o estado civil determina ao homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando às suas ações a moralidade que antes lhes faltava. É só então que, tomando a voz do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, até aí levando em consideração apenas a sua pessoa, vê-se forçado a agir baseando-se em outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir suas inclinações. Embora nesse estado se prive de muitas vantagens que frui da natureza, ganha outras de igual monta: suas faculdades se exercem e se desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos se enobrecem, toda a sua alma se eleva a tal ponto, que, se os abusos dessa nova condição não o degradassem frequentemente a uma condição inferior àquela donde saiu, deveria sem cessar bendizer o instante feliz que dela o arrancou para sempre e fez, de um animal estúpido e limitado, um ser inteligente e um homem. ROUSSEAU. Contrato social. Livro I. Cap. VIII. São Paulo: Nova cultural, 1991. Trad. Lourdes S. Machado, pp 33-36.
Em seu Discurso sobre a desigualdade, Rousseau responde: "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acredita-lo. Quantos crimes, guerras e
Assim, a soberania pertence ao corpo político. Dessa forma, cada indivíduo é membro do soberano. Onde existe o corpo não há necessidade de qualquer justificativa ou garantia, pois o corpo não poderá agir contra si mesmo. Por essa razão, diz Rousseau:
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA O soberano, sendo formado tão-só pelos particulares que o compõem, não visa nem pode visar a interesse contrário ao deles, e, consequentemente, o poder soberano não necessita de qualquer garantia em face de seus súditos, por ser impossível ao corpo desejar prejudicar a todos os seus membros. [...]. O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui ROUSSEAU. Contrato social. Livro I. Cap. VIII. São Paulo: Nova cultural, 1991. Trad. Lourdes S. Machado, pp 33-36)
Rousseau afirma que a soberania pertence à vontade geral, que não é a mesma coisa que vontrade de todos ou da maioria. A vontade geral não é numérica ou quantitativa, ela é qualitativa. A vontade geral é a conformidade com o que a lei expressa. Creio poder fixar como princípio incontestável que só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado segundo o fim de sua instituição, que é o bem comum.[...]. O vínculo social decorre daquilo que há de comum nesses interesses diferentes: se não houvesse algum ponto no qual concordam todos os interesses, a sociedade não poderia existir. Assim, o motor do corpo social é a vontade geral que busca o interesse comum. A vontade geral é sempre certa e tende sempre à utilidade pública. (...) Há comumente muita diferença entre a vontade de todos e a vontade geral. Esta se prende somente ao interesse comum; a outra, ao interesse privado e não passa de uma soma das vontades particulares. (...). Deve-se compreender, nesse sentido, que, menos do que o número de votos, aquilo que generaliza a vontade é o interesse comum que os une, pois nessa instituição cada um necessariamente se submete às condições que impõe aos outros. (...) O pacto social estabelece entre os cidadãos tal igualdade, que eles se comprometem todos nas mesmas condições e devem todos gozar dos mesmos direitos. Igualmente, devido à natureza do pacto, todo ato de soberania, isto é, todo ato autêntico da vontade geral obriga ou favorece igualmente todos os cidadãos, de modo que o soberano conhece unicamente o corpo da nação e não distingue nenhum que a compõe. Que será, pois, propriamente, um ato de soberania? Não é uma convenção entre o superior e o inferior, mas uma convenção do corpo com cada um de seus membros: convenção legítima, por ter como base o contrato social; equitativa, por ser comum a todos; útil, por não poder ter outro objetivo que não o bem geral, e sólida, por ter como garantia a força pública e o poder supremo. Enquanto os súditos só estiverem submetidos a tais convenções, não obedecem a ninguém, mas somente à própria vontade. (...) O povo, por si, sempre quer o bem, mas por si nem sempre o encontra. A vontade geral é sempre certa, mas o julgamento que a orienta nem sempre é esclarecido.(...) Os particulares discernem o bem que rejeitam; o público quer o bem que não discernem. Todos
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necessitam, igualmente, de guias. A uns ó preciso obrigar a conformar a vontade à razão, e ao outro, ensinar a conhecer o que quer. Então, das luzes públicas resulta a união do entendimento e da vontade no corpo social, daí o perfeito concurso das partes e, enfim, a maior força do todo. Eis donde nasce a necessidade de um Legislador3. ROUSSEAU, J.J. Do contrato social. São Paulo: Nova cultural, 1991. Trad. Lourdes S. Machado. São Paulo: Nova cultural, 1991. p..43-56.
12.4. Três espécies de governo, em Montesquieu. O pensamento político de Montesquieu (1689- 1755) está centrado na reflexão sobre as leis humanas e as instituições sociais. Foi um destacado pensador no combate ao absolutismo. Nessa lógica, escreveu sobre a necessidade de separação dos três poderes. Portanto, em Montesquieu encontramos a idealização de um Estado regido pela separação entre os poderes executivo, legislativo e Judiciário. No texto a seguir, Montesquieu faz um comparativo entre as formas republicana, monárquica e despótica. Nessa comparação, faz uma distinção das diferentes formas de soberania e das formas que sustentam o poder. Nessa abordagem, faz a distinção entre a força, a lei e a virtude. Trata-se de um texto clássico, que merece a atenção de nosso olhar. Existem três espécies de governo: o republicano, o monárquico e o despótico. O governo republicano é aquele em que o povo, em sua totalidade ou uma parte dele, possui o poder soberano; o monárquico é aquele em que só um governa, mas com base em leis fixas e imutáveis; ao passo que o despótico é aquele em que também um só governa, mas sem leis e sem regras, decidindo de tudo com base em sua vontade e ao seu bel-prazer. Para um governo monárquico ou para um despótico não é preciso muita probidade para manter-se ou sustentar-se. A força das leis em um, o braço do príncipe sempre levantado no outro, regulam ou regem todas as coisas. Mas em um estado popular é preciso uma mola a mais, que não é outra coisa senão a virtude. O que eu disse é confirmado pelo curso inteiro da história, e é igualmente bem conforme a natureza das coisas. É claro, com efeito, que em uma monarquia, na qual quem faz executar as leis julga a si próprio como estando acima delas, se tem necessidade de virtude em medida menor do que em um governo popular, no qual quem faz executar as leis sente que ele próprio está a elas submetido, e carregar á seu peso. (...). Os políticos gregos, que viviam em um governo popular, reconheciam na virtude a única força capaz de sustentá-lo. Os políticos de hoje nos falam apenas de manufaturas, de comércio, de finanças, de riquezas, até de luxo. Quando vem a faltar esta virtude, entra a ambição nos
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corações prontos para recebê-la, e a avidez em todos. Os desejos mudam de objeto: aquilo que antes se amava, não é mais amado; antes se era livre com as leis, agora se quer sê-lo contra elas. Cada cidadão parece um escravo fugido da casa do patrão. O que antes era máxima, agora é chamado rigor; o que antes era regra, agora estorvo; o que antes era proteção, agora temor. É a frugalidade que agora chama-se avidez, não o desejo de possuir. Antes os bens dos indivíduos formavam o tesouro público; agora o tesouro público torna-se patrimônio dos indivíduos. A república é um corpo morto, cuja força é constituída apenas pelo poder de alguns cidadãos e pela licença de todos.(...). Assim como em uma república é necessária a virtude, e na monarquia a honra, também no governo despótico é preciso o medo: a virtude não é necessária e a honra seria perigosa. O poder imenso do príncipe passa inteiramente para as mãos daqueles aos quais ele o confia. Pessoas capazes de ter grande estima de si mesmas poderiam então fazer revoluções. Portanto, o medo deve abater todas as coragens, apagar também o mais fraco senso de ambição. MONTESQUIEU,C.L. O espírito das leis. Livro terceiro. São Paulo: Abril cultural, 1973.
13. Filosofia Contemporanea: A Condição Humana O existencialismo e a afirmação da liberdade Após a primeira guerra mundial, em meio a profundas crises políticas, inicia-se uma reflexão sobre a identidade humana, especialmente a partir dos sentimentos de melancolia e de angústia. Na dinamarca, o pensamento de Sören A. Kierkegaard (1813- 1855) desloca a reflexão do idealismo para a existência humana concreta, para o campo das decisões humanas no cotidiano da existência. Nasce a Filosofia da existência, conhecida como existencialismo. Para o existencialismo, o ser humano é o único responsável pelo destino dos humanos. Não cabe nenhum recurso à deuses, à possíveis divindades que comandem a vida humana. As consequencias das duas grandes guerras jogaram por terra os ideais humanitários e a ideia de um progresso linear e infinito. As utopias que mobilizavam os seres humanos foram corroídas pelo sentimento de fracasso, pessimismo e desilusão. Martin Heidegger (1889 – 1976) ocupa-se, prioritariamente do problema do sentido da existência humana. Sua abordagem busca uma existência humana autêntica, na qual o ser humano mergulha em sua interioridade e confre sentido à sua vida, com a consciênica de que é um ser para a morte e deve viver, cotidianamente, a angustia que resulta da obrigadoriedade de assumir a sua vida, que é palco de risco e incerteza
CAPÍTULO 2
Jean Paul Sartre (1905-1980) torna-se a expressão mais consagrada do existencialismo. Seu principal postulado ou convicção filosófica é a liberdade humana, na qual o indivíduo constrói a própria essência, determina a direção de sua exisência. A sua obra"O Ser e o Nada" tornou-se a referência fundamental da teoria existencialista. Porém, Sartre apresentou o seu existencialismo de uma forma muito mais clara e breve em "O Existencialismo é um Humanismo", que foi uma conferência ministrada em Paris em 1945. Para o existencialismo, o que define inicialmente a existência humana é a sua indeterminação. Diferentemente dos demais seres, o homem encontra-se lançado no mundo, com a consciência de que sua vida está por fazer. Essa abertura da existência humana difere do mundo fechado que caracteriza o reino animal, inscrito no reino do determinismo. Ora, onde há liberdade, há imprevisibilidade. Portanto, a existência humana escapa e transcende aos poderes da previsibilidade científica. A partir dessa imprevisibilidade que decorre da liberdade, não há espaço para pensarmos em destino prévio para a existência humana. A impulsividade e a paixão humana costumam influenciar profundamente na projeção que os indivíduos dão à sua vida. Com efeito, infinitas ou múltiplas são as possibilidades que marcam a vida humana. Assim, existir é incerto, impreciso. Leia o fagmento: (...) Se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significará aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro principio do existencialismo. É também a isso que se chama a subjetividade, e o que nos censuram sob este mesmo nome. Mas o que queremos dizer nós com isso, senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se projetar no futuro. (...) Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Col. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 11-12.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Em conformidade com essa reflexão de Jean Paul Sartre, não pode haver uma natureza humana igual, uma vez que a liberdade é o jeito humano de caminhar, através do qual cada um projeta a sua existência de forma imprevisível. Por isso, diz Sartre: “O homem é o futuro do homem”, pessoal e coletivamente.
13.2 O estruturalismo e os limites da liberdade O estruturalismo é um método de análise que apresenta um modelo explicativo da realidade e dos comportamentos sociais. Esse modelo são as estruturas, que sinalizam para elementos interconectados, defendendo a impossibilidade de ações isoladas. Considerando a imagem de uma estrutura, podemos pensar nos elementos não visíveis, que garantem a sustentação do edifício, no interior do qual acontecem as relações.. Na Filosofia e na reflexão sobre a história dos sistemas, Michel Foucault (1926-1984) é o nome mais lembrado e seu pensamento é o mais estudado. Assim, o estruturalismo parte do pressuposto de que o ser humano está inserido em uma rede de relações que condicionam o seu comportamento. Há uma lógica social que antecede o indivíduo e é mais forte que sua vontade individual. Dessa forma, cada individuo desempenha papéis nesse tecido, tem seu lugar e dele se espera algo. Em decorrência, questiona-se a absoluta liberdade defendida pelo existencialismo de Jean Paul Sartre. Para o estruturalismo, não se pode falar em autonomia individual, no sentido de sujeito que age independentemente do meio social. Com efeito, a ação individual é um reflexo ou uma reprodução de uma estrutura que é coletiva. Obviamente, que isso não acontece de forma explícita, mas disfarçada, alimentando, inclusive, o sentimento de liberdade e de autonomia individual. Dessa forma, para explicar uma realidade ou um comportamento é preciso considerar a estrutura que se encontra escondida, não aparente. Existe, portanto, na estrutura, uma força impessoal que comanda e determina os comportamentos individuais.
13.3 A microfísica do poder, o controle social, em Foucault.
aqueles que se encontram dele alijados. Rigorosamente falando, o poder não existe; existem sim práticas ou relações de poder. O que significa dizer que o poder é algo que se exerce, que se efetua, que funciona. E que funciona como uma maquinaria, como uma máquina social, que não está situada em um lugar privilegiado ou exclusivo, mas se dissemina por toda estrutura social. Não é um objeto, uma coisa, mas uma relação. MACHADO R. in. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: edições Graal, 1979, p. XIV (introdução)
Essa força relacional oculta, não personalizada, atua em todos os âmbitos produzindo um ser humano domesticado ou docilizado. Assim, o poder difuso realiza um controle difuso. Um exemplo no qual podemos fazer ou perceber a aplicação dessa ideia encontra-se na estrutura das fábricas ou dos presídios, nos quais se encontra ou uma torre ou vidros transparentes, por meio dos quais a absoluta vigilância se exerce, nela o vigiado acaba interiorizando o olhar do vigia. Sobre o poder como rede que atravessa todo o corpo social, Foucault assim expressa: Se o poder fosse somente repressivo, se não fizesse outra coisa a não ser dizer não você acredita que seria obedecido? O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discursoDeve-se considera-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instancia negativa que tem por função reprimir. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: edições Graal, 1979, p. 8.
Em sua obra “Vigiar e punir”, Foucault nos mostra como o Estado moderno exerce seu poder de monitoramento, de controle e punição, por meio de um complexo aparato, que inclui escolas, igrejas, instituições de trabalho, prisões etc. Assim, o que existe na verdade são infinitos mecanismos de saber e poder que perpassam todo o tecido social, gerando e modificando condutas nos indivíduos.
Michel Foucault (1926-1984) é um dos representantes mais destacados do estruturalismo contemporâneo na Filosofia.
13.4. A fenomenologia e a intencionalidade da consciência
Roberto Machado ao fazer a introdução à obra Microfísica do poder, de Foucault, assim sintetiza seu pensamento:
A fenomenologia pode ser considerada tanto um método quanto uma filosofia. A refeência histórica inicial é Franz Brentano, em fins do do século XIX. Um dos expoentes da fenomenologia é filósofo Edmund Husserl. O que distingue a fenomenologia de Hussel é a permanente tentativa de superar as perspectivas reducionistas do empirismo e do idealismo, como também da dicotomia ou do dualismo entre o sujeito e o objeto. Na crítica ao empirismo, afirma que ele conduz ao ceticismo. Na crítica ao idealismo, afirma que ele reduz o conhecimento à pura psicologia, à algo intramental.
Os poderes não estão localizados em nenhum ponto específico da estrutura social. Funcionam como uma rede de dispositivios ou mecanismos a que nada ou ninguém escapa, a que não existe exterior possível, limites ou fronteiras. Daí a importante e polêmica ideia de que o poder não é algo que se detém como uma coisa, como uma propriedade, que se possui ou não. Mão existe de um lado os que têm o poder e de outro
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A tese ou o postulado da fenomenologia afirma que toda consciência é intencional, ou seja, o objeto só existe para um
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sujeito que lhe dá significado. Para a fenomenologia, a consciência é sempre consciência de alguma coisa; portanto, não há uma realidade pura. O que existe é uma consciência que se volta para o objeto ( não dicotomia), para uma realidade enquanto percebida. Portanto, é a partir da intencionalidade da consciência, do movimento da consciência que se volta para algo ou alguém, que devemos entender como se produz o conhecimento.
13.5. O homem como paixão e vontade de potência em Nietzsche A partir da leitura da obra de Shopenhauer, O mundo como vontade e representação, Nietzsche (1844-1900) desenvolve uma reflexão antropológica na qual encontra profunda identificação pessoal. Em conformidade com essa visão, a vida é impulso passional. Em decorrência não é possível pensar em previsibilidade humana, pois a paixão é irracional, sem lógica. Com esses pressupostos, Nietzsche se coloca em posição diametralmente oposta aos racionalismo grego, especialmente o pensamento socrático-platônico, que concebe o homem como essencialmente racional. Por isso, o projeto de Nietzsche passa pelo resgate de valores e ideais de vida anteriores ao racionalismo grego. Esses valores e ideais ele encontra na Tragédia grega, período no qual a excelência humana estava vinculada á força, à astucia. A areté ou virtude tinha matriz aristocrática. Buscava-se a superação, destacar-se em relação aos comuns. Nessa visão, buscava-se a harmonia entre humanidade e natureza. Os símbolos dessa harmonia são retirados de duas divindades ligadas à arte: a integração das forças de Dionísio e de Apolo, da embriagues e da ordem, da paixão e da racionalidade. Essa forças opostas que se integram e passam a atuar juntas formam a tragédia ática, esse ideal de vida e de pensamento defendido por Nietzsche. Há uma característica que sobressai na visão de mundo especifica da Tragédia grega, sob a perspectiva do dionisíaco, que Nietzsche considera: o “pessimismo da força”, entendido não em sentido negativo, mas como uma tendência em concentrar-se na dimensão problemática da existência, que luta contra o destino e no final encontra-se vencida pelo destino. O resgate dessa dimensão, na qual o homem luta contra o destino, está vinculada à concepção de homem como ser de paixão, movido por uma vontade de potência,de superação, de energia vital, energia criadora, que se propõe uma finalidade e a persegue. No texto Da utilidade e desvantagem da história para a vida, Nietzsche desafia o homem para que acorde, deixe de ser massa disforme e assume sua história e a refaça. Essa luta contra o destino vem expressa na existência legítima do homem que se propõe como fim. Vejamos alguns fragmentos: A história só pode ser suportada por personalidades fortes, as fracas elas extingue totalmente. [...].Somente quando a história suporta ser transformada em obra de arte e, portanto, tornar-se pura forma artística, ela
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pode talvez, conservar instintos ou mesmo despertá-los. [...]. Não levar sua geração ao túmulo, mas fundar uma nova geração ___ é isso que os impele incansavelmente para diante: esse eles mesmos nasceram como retardatários ___ há um modo de viver que faz esquecer isso ___, as gerações vindouras só os conhecerão como primícias. [...]. Para que está aí o “mundo”, para que está aí a “humanidade” ___ isso por enquanto não deve nos afligir, a não ser que queiramos fazer uma piada: pois o atrevimento do pequeno verme humano é o que há de mais jocoso e de mais hilariante sobre o palco terrestre; mas, para que tú, indivíduo, estás aí? ___ Isso te pergunto, e se ninguém te pode dizê-lo, tenta apenas uma vez legitimar o sentido de tua existência como que a posteriori, propondo tú a ti mesmo um fim, um alvo, um “para quê”, um alto e nobre “para quê”. Morre por ele ___não conheço nenhuma finalidade melhor para a vida do que morrer pelo grandioso e pelo impossível. NIETSCHE, F. Considerações extemporâneas. Tradução e notas de Rubens Rodrigues T. Filho. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p .28-34 ( os pensadores)
Portanto, o convite à vida autêntica ou existência legítima implica radical crítica à moral tradicional do senso comum, marcado pela predominância da alienação, da superficialidade ou da massificação cultural. Assumir-se como super-homem é deixar fluir a potencialidade humana que existe em cada um. Com efeito, a repressão racionalista cristã deforma a consciência, trazendo sentimentos de culpa e de pecado onde havia a vivência da espontaneidade humana. Essa repressão à alegria da vida, provocada pelo ideal ascético do racionalismo fará com que Nietzsche denomine essa cultura de geração de homens decaídos, fracos. Tendo com referência a obra “a genealogia da moral”, de Nietzsche, podemos identificar o ponto central de critica: o estilo racionalista de vida moral foi erguido como finalidade repressora e não para garantir o exercício da liberdade,uma vez que impôs, com os nomes de virtude e dever, tudo o que oprime a natureza humana. Assim, Em termos morais, seu objetivo será o nascimento do super-homem, do homem que esteja acima dos valores culturais, que diz sim à vida. Esse novo homem é marcado pelo poder de criação e pela vontade e afirmação da potência humana. Assumir-se como paixão e impulso criador implica reconhecer o eterno movimento de volta sobre si e a permanente tarefa e desafio que é ser homem e humanizar-se. No fragmento a seguir, Nietzsche aborda a tema da fugacidade e do eterno retorno. Vamos nos concentrar nesse trecho. No texto a seguir, Nietzsche constrói a sua crítica ao ideal ascético. Vamos mergulhar nessa crítica. Uma vida ascética é uma autocontradição; aqui domina um ressentimento raro, o de um insaciado instinto e vontade de potência, que gostaria de se tornar senhor, não sobre algo na vida, mas sobre a própria vida, suas mais profundas, mas fortes, mais básicas condições;
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Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
TRODUÇÃO À FILOSOFIA aqui, é feito um ensaio de usar a força para estancar as fontes da força; aqui se dirige o olhar, verde e maligno, contra o próprio prosperar fisiológico, em particular, contra a expressão, a beleza, a alegria. [...]. Uma autocontradição tal como parece apresentar-se no asceta, “vida contra a vida”, é ... simplesmente insensatez. [...] O homem prefere ainda querer o nada, a não querer. NIETSCHE, F. Para a genealogia da moral. Tradução e notas de Rubens Rodrigues T. Filho. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p .94 ( os pensadores)
14. Filosofia Contemporanea: Tema do Conhecimento 14.1. O Positivismo: A ciência como única forma de conhecimento a) O otimismo técnico-científico A revolução industrial mudou radicalmente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se cristalizaram em torno da ideia de progresso humano e social irrefreável, uma vez que, de agora em diante, possuíam os instrumentos para a solução de todos os problemas. Esses instrumentos eram, na concepção de época, a ciência e suas aplicações na indústria, bem como o livre intercâmbio e a educação. Assim, a era do positivismo é época perpassada por um otimismo geral, que brota da certeza de progresso ilimitado, rumo a condições de bem estar generalizado em uma sociedade pacífica e prenhe de solidariedade humana. Dessa forma, o processo de industrialização e o desenvolvimento da ciência e da tecnologia constituem os pilares do meio sociocultural que o positivismo interpreta, exalta e favorece. Nesse contexto, o positivismo reivindica o primado da ciência, afirmando que conhecemos somente aquilo que as ciências nos dão a conhecer, pois o único método de conhecimento é o das ciências naturais, capazes de captar e descrever a verdade do objeto. Por isso, em decorrência, o positivismo combate toda forma de idealismo, uma vez que a referencia deve ser o fato físico, empírico, positivo e não as especulações metafísicas. b) Os três estágios da humanidade Esse pensamento positivo ou físico caracteriza o estágio adulto da humanidade. Para Auguste Comte (1798-1857), o ser humano passa por três estágios: todo homem é teólogo, na infância; é metafísico, em sua juventude; e é físico em sua maturidade. Com a lei dos três estágios, Comte quer mostrar o caminho da humanidade. Nessa forma evolutiva, o estágio atual, para Comte, é o estágio positivo, no qual os métodos teológicos e metafísicos não são mais empregados. Histori-
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camente, ao estágio teológico corresponde a supremacia do poder militar (feudalismo); ao estágio metafísico corresponde o idealismo juvenil (que começa com a Reforma Protestante e termina com a Revolução Francesa); e, finalmente, ao estágio positivo corresponde a sociedade industrial, a era da ciência e da tecnologia. O verdadeiro conhecimento, que consiste na atividade científica, descarta qualquer busca por causas últimas, metafísicas. O foco está no estudo das relações existentes entre os fatos, que são observáveis pelo método científico. Em conformidade com o pressuposto do positivismo, existe uma verdade no objeto, ou seja, existe uma lógica, uma mecânica observável no funcionamento do objeto. Em decorrência disso, torna-se possível estabelecer uma previsibilidade na dinâmica da realidade. Em outras palavras, o homem adulto, que é o homem da ciência e da tecnologia, superou as visões supersticiosas, as crenças e as idealizações do mundo juvenil e se agarra ao mundo físico. O lema “ordem e progresso”, expressão de Augusto Comte, é um retrato da Filosofia positivista, que acredita no poder da razão científica e técnica em trazer progresso linear e infinito, bem como a ordem e o bem-estar à sociedade. Trata-se de uma expressão que é filha de um otimismo filosófico-científico, no qual reina o espírito da Revolução Industrial Em suma, numa tentativa de caracterização geral do positivismo, Augusto Comte, na obra Discurso sobre o espírito positivo, caracteriza o positivismo como a Filosofia compromissada em primeiro lugar com a realidade, mediante pesquisas verificáveis através da experiência, abandonando os mistérios insondáveis das causas primeiras e últimas. Em segundo lugar, o positivismo tem um olhar focado na utilidade; ou seja, o conhecimento deve servir para o amadurecimento e aperfeiçoamento da espécie humana, abandonando as especulações estéreis e vazias da metafísica. Em terceiro lugar, na condição de um saber científico, o positivismo tem compromisso com a verdade e com a certeza, abandonando as eternas dúvidas da especulação meramente mental. Em quarto lugar, focalizando no valor do método científico, o positivismo tem um compromisso com a precisão, a organização e a previsibilidade. E finalmente, compromisso com o aperfeiçoamento científico, que deverá caminhar para cada vez maior expressão da verdade da realidade.
14.2 A crítica de Nietzsche ao positivismo: Conhecer é interpretar. A centralidade no sujeito como ser de paixão, no pensamento de Nietzsche, repercute no campo do conhecimento. Para Nietzsche, conhecer é interpretar, atribuir sentido. Esse pressuposto nos faz reconhecer a ausência de sentido literal nas coisas. Dito de outra forma, os fatos são absurdos, ou estúpidos; ou seja, eles não carregam em si um sentido. O sentido depende do olhar do sujeito que os interpreta. A partir dessa concepção, o que será a verdade? Que significado terá o conceito? Será o conceito expressão da realidade ou será apenas a fixação momentânea, subjetiva, histórica e cultural de um sentido ou significado? Haverá verdades atemporais e universais?
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As decorrências que se impõe a partir do pressuposto de que conhecer é interpretar nos levam a reconhecer, com Nietzsche, que a afirmação da verdade é o estabelecimento de um ponto de vista particular. Aqui se coloca toda a critica que Nietzsche realiza ao racionalismo cristão, uma vez que essa visão impõe verdades e dogmas, estabelece certezas absolutas, verdades eternas. Ora, para Nietzsche todo conceito é uma construção histórica, situada temporalmente. Por isso, diante das afirmativas de verdade universal, Nietzsche constrói o seu método, a genealogia, com o intui de desmascarar ou de descobrir a origem histórica dos conceitos. Com esse método, Nietsche almeja alcançar aquilo que foi omitido, excluído, abafado ou negligenciado na construção de um conceito, pois o conceito é a igualação do não igual. Vejamos essa ideia no trecho a seguir: "Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma folha é inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha formado é formado por arbitrários abandonos dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas houvesse algo que fosse "folha", uma espécie de folha primordial, segundo a qual todas as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como cópia fiel da forma primordial. [...]. A desconsideração do individual e efetivo nos dá o conceito, assim como também nos dá a forma, enquanto que a natureza não conhece formas nem conceitos, portanto também não conhece espécies, mas somente um X, para nós inacessível e indefinível. Pois mesmo nossa oposição entre indivíduo e espécie é antropomórfica e não provém da essência das coisas. Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. São Paulo: Nova cultural, 1991. p. 34.
A partir desse fragmento, podemos perceber que o real deixa de ser racional, ou seja, não mais possui um sentido, uma lógica, uma verdade inerente. O conceito que estabelece a verdade da coisa é claramente uma construção humana, um projeto que escolhe e rejeita elementos para formar uma visão. Dessa forma, existe grande oposição entre a vida real e a verdade que o racionalismo impõe.Vejamos essa ideia da verdade como ilusão, metáfora e metonímia no trecho a seguir O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem forma sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas...Até agora só ouvimos falar da obrigação que a sociedade, para
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existir, estabelece: de dizer a verdade, isto é, de usar metáforas usuais, portanto, expresso moralmente: da obrigação de mentir segundo uma convenção sólida, mentir em rebanho, em um estilo obrigatório para todos. Ora, o homem esquece sem dúvida que é assim que se passa com ele: mente, da maneira designada, inconscientemente e segundo hábitos seculares - e justamente por essa inconsciência, justamente por esse esquecimento, chega ao sentimento da verdade Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. São Paulo: Nova cultural, 1991. p. 35.
Nietzsche deixa bem claro que a verdade é um sentimento e um juízo, uma crença subjetiva. Aos estabelecer um desses juízos como padrão universal nasce o sentimento de verdade que, em realidade, é uma ilusão, ou seja, é algo que deve ser concebido como transitório, fugaz, pois a verdade é filha do tempo. Assim como para o sofista Protágoras, também para Nietzsche, o homem deve ser a medida de todas as coisas, deve criar novos valores e pô-los em prática. Isso requer uma nova atitude diante da história, não mais monumental ou antiquária, características de quem se prende ao passado, mas crítica, característica de um homem emancipado, que age como um juiz. Dessa, Nietsche combate as posturas dogmáticas e faz uma grande convocação á atitude crítica dos seres humanos, na qual a soberania e a maturidade se manifestem. Renunciando a toda metafísica, Nietzsche propõe como método a genealogia, pois reconhece que tpda moral, que todo costume, tudo o que defendemos como verdade ou mentira certo ou errado, teve um começo em algum momento da história e das culturas. Com esse método, seria possível diagnosticar esse momento, desnaturalizando aquela fala que diz: “sempre foi assim”. Na verdade, tudo é construção histórica e cultural, situada no tempo.
14.3 Karl Popper e critica ao Positivismo a) A impossibilidade da neutralidade científica Karl Popper (1902-1994) no fragmento a seguir critica a pretensão positivista em afirmar a neutralidade da ciência. Uma ciência não é meramente um “corpo de fatos”. Será, no mínimo, uma coleção, e como tal depende dos interesses do colecionador, de um ponto de vista. Em ciência, esse ponto de vista é determinado por uma teoria científica; isto é, escolhemos dentre a infinita variedade de fatos e dentre a infinita variedade de aspectos dos fatos aqueles fatos e aspectos que são interessantes porque ligados a alguma teoria científica mais ou menos preconcebida4. POPPER. Karl.A sociedade aberta e seus inimigos. Tomo 2. 3ª edição. São Paulo: Itatiaia, 1998. p.267.
A partir disso, podemos afirmar que essa habilidade do cientista foi construída por meio de muitas vivências pessoais, que alimentaram princípios, valores, ideologias, inquietações. Essa carga subjetiva acompanha o cientista em suas atividades.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA A partir desse dado, podemos construir uma reflexão sobre a impossibilidade de neutralidade cientifica, uma vez que a ciência, sendo atividade humana, é movida pelo poder da imaginação, por interesses e escolhas prévias, estando sempre inserida em um contexto histórico e cultural que a condiciona, como um modelo imaginado dentro do qual se move. Por isso, talvez o melhor não seja dizer que a ciência começa pela observação, pois muitos observam e nada segue. Se, porém, houver a problematização do observado, inicia-se um movimento da consciência que busca por conhecimentos mais profundos. Afinal, para elaborar uma hipótese, o indivíduo que age como cientista teve que alçar elevadíssimos voos com a sua imaginação. Por isso, Rubem Alves afirma que “um cientista sem imaginação é como um pássaro sem asas” 4. ΩKarl Popper reconhece que não é possível afirmar, com fundamento, a neutralidade da ciência, uma vez que é uma atividade humana movida por interesses, escolhas e recortes que obedecem a objetivos previamente estabelecidos. Assim, é impossível um pesquisador estar isento das influencias da cultura, de seus próprios pressupostos que direcionam suas problematizações. Por isso, a atividade de pesquisa é condicionada pelo contexto histórico e cultural, social e pessoal. Por isso, Popper afirma que a ciência não é simplesmente um corpo de fatos, de dados brutos, mas sempre também uma aproximação interessada à realidade externa. Isso impossibilita a neutralidade da atividade científica. b) O princípio da falseabilidade, em Karl Popper. Essa reflexão deixa claro que a pesquisa científica inicia pelos problemas e não por puras observações. A partir da elaboração de hipóteses, muitas conclusões se fazem possíveis. Se houver confirmação ou corroboração, diremos que, no momento histórico presente, a hipótese permanece válida, confirmada. Mas o caminho de testes continuará e poderão nascer conclusões que nos obrigarão a dizer que essa hipótese ou teoria elaborada se tornou problemática e não mais responde adequadamente, e se encontra no caminho de sua falseação. Para que uma teoria seja, então, científica ela deve poder ser verificada e suas consequências confirmadas ou falseadas. Por exemplo, será que existe alguma madeira que não boia na água? Muitos experimentos serão feitos, no intuito de falsear a teoria. Dessa pesquisa, sabemos que ébano é madeira que não boiou e não boia na água. A partir disso, Popper afirma que uma teoria poderá se aproximar mais da verdade do que outra. Isso coloca a questão da preferência de uma teoria sobre outra, uma vez que a seguinte teoria corrigiu um erro da anterior. Com efeito, o progresso na atividade cientifica está relacionado com a superação de teorias anteriores. Por isso, para Karl Popper, o cientista deve ter presente o objetivo de superar ou falsear uma teoria, em busca de uma nova teoria mais complexa que corrija a anterior e proporcione evoluções e progressos nos caminhos da ciência. Leia o fragmento: O método da ciência reside na procura de fatos que possam refutar a teoria. É a isso que chamamos comprovar uma teoria __ ver se podemos ou não encontrar brechas nela. Mas embora os fatos sejam coligidos com vista à teoria, e a confirmem enquanto a teoria
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se mantiver de pé em face dessas comprovações, são eles mais do que simplesmente uma espécie de repetição vazia de uma teoria preconcebida. Apenas confirmarão a teoria se forem os resultados de tentativas mal sucedidas para derrubar suas predições e, portanto, uma testemunha que fale em seu favor. Sustento, assim, que é a possibilidade de derrubá-la, ou sua falsificabilidade, o que constitui a possibilidade de pô-la a prova e, portanto, de comprovar o caráter científico de uma teoria; e o fato de que todas as provas de uma teoria são tentativas de desmentir as predições que se deduzem com sua ajuda fornece a chave do método científico. Essa concepção do método científico é confirmada pela história da ciência, que mostra que as teorias científicas são muitas vezes derrubadas por experimentações e que a derrubada da teoria é, na verdade, o veículo do progresso científico. POPPER, Karl. A sociedade aberta e seus inimigos. Tomo 2. 3ª edição. São Paulo: Itatiaia, 1998. p.267-268
c) Os limites da indução Sendo a indução um procedimento generalizante, a sua conclusão fornece apenas probabilidades, e não certezas, pois o conteúdo da conclusão excede em muito o conteúdo das premissas. Ora, a indução é o procedimento normal das ciências experimentais. Por isso, Karl Popper critica a pretensão de verdade contida no caminho indutivo das ciências.
É comum dizer-se “indutiva” uma inferência, caso ela conduza de enunciados singulares (...), tais como descrições dos resultados de observações ou experimentos, para enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias. Ora, está longe de ser óbvio de um ponto de vista lógico, haver justificativa no inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente de quão numerosos sejam estes; com efeito, qualquer conclusão colhida desse modo sempre pode revelar-se falsa; independentemente de quantos cisnes brancos possamos observar, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos. POPPER, Karl. Lógica da pesquisa científica. Tradução de Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota, São Paulo: EDUSP, 1985. p. 27
14.4. A teoria dos paradigmas, em Thomas Kuhn Todo modelo é uma construção mental, fruto da imaginação humana. Por isso, é uma aposta.Thomas Kuhn (1922- 1996), físico americano, em seu livro: “A estrutura das revoluções científicas”, afirma que a comunidade científica se forma, organiza-se e caminha através da construção de certos modelos, chamados paradigmas, que são sistemas historicamente adequados para responder aos problemas que a ciência encontra no dia a dia de seus estudos sobre o mundo. Leia o fragmento:
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Considero “paradigmas” as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência. [...]. O estudo dos paradigmas, muitos dos quais bem mais especializados do que os indicados acima [astronomia “Ptolomaica” (ou “copernicana) “dinâmica aristotélica (ou “newtoniana”), óptica corpuscular” ou (“óptica ondulatória)] é o que prepara basicamente o estudante para ser membro de uma comunidade científica determinada na qual atuará mais tarde. KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções Científicas. São Paulo: Editora Perspectiva. 2ª ed. 1978. p. 13.30
Durante o seu percurso histórico, a ciência já construiu e superou inúmeros modelos. O mais conhecido é aquele que ainda hoje reina no senso comum, presente em nossa linguagem cotidiana quando falamos em “pôr do sol”. Esse paradigma, que acredita no movimento do sol em torno da Terra, é conhecido como ptolomaico, pois foi Ptolomeu (90-168), cientista grego, que o estruturou a partir do sistema de mundo criado por Aristóteles ( 384-322 a.C). Esse modelo, que respondeu muito bem a todas as questões ou problemas que a ciência formulava em sua pesquisa compreensiva do mundo, tornou-se inadequado e ineficiente a partir dos novos estudos feitos na renascença. Os novos questionamentos feitos pela ciência, que não foram respondidos adequadamente, deram origem à crise do paradigma tradicional. A partir dessa crise, novo paradigma começa a ser formulado. A partir de Nicolau Copérnico (1473-1543) formula-se o paradigma heliocêntrico, que foi reformulado por Johannes Kepler (1571-1630). Esses cientistas, astrônomos e matemáticos consolidaram uma revolução científica. Por revolução científica entendemos, conforme Thomas Kuhn, a passagem de um paradigma para outro. Entre os muitos paradigmas já assumidos historicamente pela comunidade científica encontram-se o paradigma ptolomaico ou geocêntrico, superado pelo paradigma copernicano ou heliocêntrico; o paradigma criacionista superado pelo paradigma evolucionista; o paradigma que definia o ser humano como essencialmente racional, problematizado pelo paradigma psicanalítico que coloca a primazia no inconsciente. Essa passagem de um paradigma a outro constitui o que Kuhn chama de Revolução Científica. Como acontece essa revolução? Inicialmente, estamos diante daquilo que Kuhn nomeia “ciência normal”, ou seja, a ciência que caminha normalmente no interior de um paradigma consolidado e aceito pela comunidade científica. Todos os questionamentos que essa comunidade faz são feitos no interior desse paradigma e satisfatoriamente respondidos por esse mesmo paradigma. Contudo, chega o momento histórico no qual novos questionamentos surgem e o paradigma tradicional não consegue mais responder adequadamente aos novos questionamentos. Nasce a crise do paradigma. Durante essa crise do paradigma instaura-se a ciência extraordinária, dividida entre diferentes concepções. Somente a partir do momento em que um novo paradigma se consolida na comunidade científica é que a ci-
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ência volta à normalidade. Essa passagem de um paradigma a outro mediada pela crise é que recebe o nome de Revolução Científica. Essa passagem de um paradigma a outro representa progresso científico? Thomas Kuhn responde que essas mudanças não representam necessariamente um avanço ou progresso, uma vez que nos falta a ciência da direção final. Não sabemos para onde caminha a ciência. Assim não temos o horizonte à luz do qual possamos afirmar que determinada mudança significou progresso. Apenas podemos dizer que estávamos ali e agora encontramo-nos aqui.
14.5 O materialismo histórico e dialético em Karl Marx a) Contra a política liberal: a dimensão política do ser humano Com o pensamento de Marx (1818-1883), estamos diante do processo de desmascaramento da política liberal. O liberalismo acentuava uma concepção individualista de homem. Nessa visão, o homem era indivíduo portador de direitos naturais, entre os quais o direito à propriedade privada. Nessa concepção, o pressuposto subjacente é a de que a propriedade privada é um direito natural, socialmente útil e moralmente legítimo, uma vez que estimula o trabalho concorrencial e competitivo, combatendo o vício da preguiça e estimulando o crescimento social. Contudo, Marx parte de outro pressuposto. O homem é essencialmente ser histórico e social, marcado pela produção de sua existência em sociedade. Por isso, o homem não pode ser entendido de forma abstrata e isolada. Marx e Engels, em A ideologia Alemã escrevem: “nós conhecemos somente uma única ciência: a ciência da história”; ou seja, as relações históricas que acontecem entre os homens determinam a forma de pensamento e as instituições sociais e políticas do povo. b) O materialismo histórico e dialético Para Marx, o nosso jeito de ser e pensar é determinado pelas relações sociais de produção. Isso significa o termo materialismo. Nele, a consciência humana é determinada a pensar as ideias oriundas das condições materiais. Materialismo se opõe a idealismo. No caso, Marx passa a se opor ao idealismo de Hegel, que considera que são as ideias que movem o mundo. Para Marx, Hegel é pensador utópico e ideológico, pois interpreta o mundo de cabeça para baixo. Na condição de seres sociais, somos decorrência da práxis, da ação, dos conflitos históricos. Isto é, a matéria nos define. O materialismo é histórico, pois a sociedade e a política não são de instituição divina nem naturalmente dadas. Ao contrário, nascem e dependem da ação concreta dos seres humanos situados no tempo, fazendo história. O materialismo histórico pretende-se explicativo da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infraestrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.).
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Assim, a base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as ideias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. c) A dimensão dialética da história: as luta dos contrários Partindo do pressuposto de que as ações humanas se desenvolvem mediante o conflito de classes, temos que a história não é retilínea, um progresso linear e contínuo, uma sequência determinada de causa e efeitos, mas dialética. Assim, a história é processual, marcada por transformações sociais determinadas pelas contradições entre os meios de produção e as forças produtivas. A luta dos contrários move a história. Por isso, a história é uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos; a história da humanidade é constituída por uma permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O Manifesto Comunista: “A história de toda sociedade passada é a história da luta de classes”. Dessa forma, percebemos que as classes são os produtos das relações econômicas de cada era. Assim, apesar das diversidades aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas sucessivas de um processo único que caminha para o comunismo como etapa final desse processo. d) Capitalismo: Trabalho e alienação Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, no qual a riqueza é resultante de um processo de exploração sobre o trabalhador. O capitalismo, de acordo com Marx, é selvagem, considerando que o operário produz para o seu patrão, produz riqueza e colhe pobreza. Dessa forma, o capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração e degradação da vida, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema. Considerando que o trabalho, que deveria ser condição de liberdade,torna-se fonte de opressão, Marx condena a forma capitalista de organizar o trabalho, degenerando-o. Nele, o fruto do trabalho não pertence ao trabalhador, e este permanece preso ao patrão.Dessa forma, o trabalho aliena o operário. Vale lembrar aqui o sentido da expressão alienação. Etimologicamente, originada do latim alienare, alienus, alienação significa tornar-se preso, alheio a si, estranho a si, pertencente a um outro. Assim, a alienação do trabalho acontece na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. Dessa forma, o operário se nega (é negado) no objeto criado. É o processo de objetificação, coisificação ou reificação. Por isso, o trabalho que é alienado permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Havendo essa apropriação do valor incorporado ao objeto, graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove-se a negação da negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação, a libertação. e) A práxis revolucionária Considerando a realidade de luta de classes e a divisão social do trabalho, a práxis humana se dará nessas condições históricas dadas. E considerando que a consciência é determinada pelas condições materiais em que vive, é preciso discernir a realidade para perceber se as ideias veiculadas são representação da realidade ou ideologia, inversão da realidade.
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Considerando que o capitalismo gerou o trabalhador despossuído, ausente de todas as posses e propriedades, transformando-o em “livre vendedor de sua força de trabalho”, expropriado, submetido às regras do modelo capitalista de exploração, a única saída para os trabalhadores conquistarem a sua dignidade humana fundamental será a revolução, uma vez que a burguesia detém todos os recursos materiais e intelectuais, jurídicos, políticos e militares para a manutenção dessa estrutura econômica a seu serviço. Por isso, a emancipação histórica dos trabalhadores será tarefa e realização dos próprios trabalhadores. Será a práxis revolucionária da atual classe trabalhadora que criará a sociedade comunista, sem propriedade privada dos meios de produção, sem poder estatal, verdadeiramente livre e igualitária. Com esse projeto, Marx resgata o valor do trabalho humano, como práxis humana criadora da dignidade pessoal e coletiva.
14.6 Totalitarismo e manipulação ideológica O século XX contemplou, durante as décadas de 20, 30 e 40, uma experiência política sem precedentes: o totalitarismo. A partir de meados do séc. XX compreendeu-se o totalitarismo como o regime do partido único, opressor, absoluto, sistema político no qual as atividades do ser humano estão submetidas ao Estado. Dentre as características que identificam um estado totalitário podemos reconhecer, inicialmente, a exaltação do Estado, decorrente da crítica ao liberalismo e à concepção individualista, conforme a fala de Mussolini: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. O Estado coincide com a totalidade da atividade humana, isto é, nada resta de privacidade, tudo, desde a vida familiar até o lazer, passando pela vida intelectual é vigiada pela ideologia oficial. Dessa forma, o Estado concentra e detém os meios de comunicação e as técnicas de propaganda política. Em decorrência disso, o sistema totalitário é um processo de vigilância, fiscalização e espionagem, quer seja pela polícia militar, quer seja pela atmosfera generalizada de delação, pelo difuso sentimento de nacionalismo e paixão política. Devido ao poder da ideologia oficial, existe uma coesão social, um sentimento de unidade, que consegue evitar ou minimizar as tentativas de dissidência. Vejamos alguns fragmentos do discurso da servidão voluntária, proferido por Etiéne de la Boétie (1530-1575). Esse filósofo e humanista renascentista, amigo pessoal de Michel Montaigne, faz uma reflexão sobre a voluntária servidão de todo um povo a um tirano. Ele se pergunta sobre as razões dessa servidão. De onde um só tirano tira força e poder para submeter cidades inteira a si? Esse discurso realiza uma apologia e um hino à liberdade, defendida como valor maior da vida. Acompanhemos o fragmento de Etiene de La Boetie, referindo-se à servidão voluntária. No momento, gostaria apenas que me fizessem compreender como é possível que tantos homens, tantas cidades, tantas nações às vezes suportem tudo de um tirano só, que tem apenas o poderia que lhe dão, que
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CAPÍTULO 2
a) A dialética negativa não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto aceitam suportá-lo, e que não poderia fazer-lhes mal algum se não preferissem, a contradizê-lo, suportar tudo dele. [...] Se dois, três, quatro cedem a um, é estranho, porém possível: talvez se pudesse dizer, com razão: é falta de fibra. Mas se cem, se mil deixam-se oprimir por um só dir-se-ia ainda que é covardia, que não ousam atacá-lo, que por desprezo ou desdém não querem resistir a ele? [...] Oh! não é só covardia, ela não chega a isso – assim como a valentia não exige que um só homem escale uma fortaleza, ataque um exército, conquiste um reino! Que vício monstruoso então é esse que a palavra covardia não pode representar, para o qual toda expressão, que a natureza desaprova e a língua se recusa a nomear? [...]. Parece-me que os homens desdenham unicamente a liberdade, porque, se a desejassem, tê-la iam; como se se recusassem a fazer esta conquista preciosa porque ela é demasiado fácil. LA BOÉTIE, Etiéne de. Discurso da servidão voluntária.
A organização totalitária é conseguida mediante o culto à figura do guia, do duce ou führer (aquele que conduz), que garante a centralização administrativa e a realização da unanimidade do Estado. Aliada ao culto da personalidade, acontece a exaltação da disciplina. Essas características aparecem no lema fascista: “Crer, obedecer e combater”. A paixão política que existe nas massas movidas pela ideologia distingue o sistema totalitário de uma manifestação política meramente autoritária, que se impõe sobre uma população normalmente marcada pela apatia política.
14.7. A escola de Frankfurt e a crise da razão moderna A escola de Frankfurt surgiu a partir do Instituto de Pesquisa Social fundado em Frankfurt, em de 1923. Em 1931, Max Horkheimer assume a direção do Instituto e com ele a Escola de Frankfurt passou a ser conhecida como “teoria critica da sociedade”. Devido à perseguição nazista, os componentes da escola de Frankfurt foram forçados a abandonar a Alemanha. Encontram-se em Nova York.Terminada a segunda guerra mundial, os filósofos representantes dessa escola seguiram por diferentes rumos: alguns permanecem permaneceram nos Estados Unidos, outros voltam para a Alemanha. Adorno, Horkheimer e Pollock voltaram para Frankfurt, fazendo renascer em 1950, o “Instituto de pesquisa social”. O contexto das reflexões dessa escola são a sociedade em seu mais alto desenvolvimento tecnológico. Nessa sociedade tecnologia avançada, na era conhecida como pós Auschwitz, pós holocausto dos judeus. Como pretender certezas e precisões em um mundo marcado pelos contrastes, incertezas e imprevisibilidades? Nesse contexto de absurdos, nasce o pressuposto que acompanha as reflexões desses pensadores: a falta de sentido da historia, a não identificação entre o real e o racional; ou seja, a realidade não tem uma lógica. Em suma, esse pressuposto pode ser sintetizado na expressão “dialética negativa”.
Em parceria com Max Horkheimer (1895-1973), Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)escreve a conhecida obra “Dialética do Iluminismo”, analisando a contemporânea sociedade tecnológica. Adorno e Horkheimer concebem “iluminismo” não somente como a era das luzes e o seu movimento de pensamento, mas, fundamentalmente, como o próprio caminho que a razão vai traçando na cultura ocidental. Esse caminho traz a marca da exploração, da manipulação, da técnica que tudo busca dominar. Ora, o que esperar como decorrência dessa lógica exploradora e destrutiva? Qual é fim que se aproxima? Com efeito, o iluminismo tem uma tendência suicida, embora seu projeto inicial não tenha sido esse. Se, inicialmente, queria libertar os homens, o iluminismo tornou os homens reféns, escravos de uma razão técnica, manipuladora, que tudo reduz a objeto. Assim, a razão filosófica transforma-se em razão instrumental. Já não é mais razão que fundamenta, que propõe, que critica, que discute a finalidade das ações humanas e da própria destinação da vida humana. Torna-se razão instrumental, uma vez que se reduz à fabricação de instrumentos e meios adequados à realização dos fins previamente estabelecidos e controlados pelo sistema, através da indústria cultural. Com a anestesia da razão filosófica e o império da razão instrumental, o homem contemporâneo vive em uma sociedade totalmente administrada. Quanto mais aumenta a produtividade econômica, mais aumenta a concentração da renda e a formação de grupos econômicos, diante dos quais o indivíduo torna-se insignificante, um “zero econômico”, apesar do melhor nível de acesso a coisas que jamais teve. Quanto mais o sistema abastece o indivíduo de coisas, mais esse indivíduo desaparece. Quanto maior o número de bens fornecidos, mais a massa se torna impotente e manipulável, dirigível. b) O eclipse da razão. Para Max Horkheimer (1895-1973), a cultura industrial moderna corrompeu a razão de sua finalidade primordial. A razão encontra-se viciada, sem a autonomia que lhe é própria, reduzida à serva da administração. É a decadência do pensamento que perpetua a mesmice, no reinado do capital e do controle do trabalho. Por isso, Horkheimer chega a afirmar, em 1939, que o fascismo é a verdade da sociedade moderna. Estabelece uma identificação entre capitalismo e fascismo, sendo as leis econômicas, leis do mercado e do lucro, “pura lei do poder”. E o comunismo, também, não passa de capitalismo de Estado, uma variante do Estado totalitário, uma vez que os homens permanecem reduzidos a objetos manipulados por uma administração central. Para que esse reino do controle se perpetue foi necessária progressiva repressão. Que razão pode nascer da (des)humana vontade e necessidade de subjugar e dominar a natureza? Certamente uma razão doente. No contexto de um projeto de dominação e exploração, a razão humana, presa e refém do progresso infinito e linear, coloca-se à serviço da destruição da vida e da instrumentalização do ser humano. Ironicamente, o progres-
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CAPÍTULO 2
Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
TRODUÇÃO À FILOSOFIA so, que nasceu para realizar a humanidade, está destruindo precisamente seu objetivo primeiro, o homem e sua emancipação. Nesse contexto, os fins foram substituídos pelos meios, e a razão tornou-se instrumento para atingir fins, dos quais a razão está alienada, uma vez que o indivíduo perde a autonomia racional. E a grande pergunta e o grande desafio que Horkheimer lança é: que serviço a razão poderia prestar ao que atualmente se chama de “razão”? Seguramente, diz, a “denúncia do que é comumente chamado de razão”. No texto a seguir, Horkheimer e Adorno criticam o iluminismo pela essência técnica de seu saber, que tudo reduz a objeto de exploração e manipulação. Desde sempre o iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores. Mas, completamente iluminada, a terra resplandece sob o signo do infortúnio triunfal. O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação, por meio do saber. [...] O entendimento, que venceu a superstição, deve ter voz de comando sobre a natureza desenfeitiçada. Na escravização da criatura ou na capacidade de oposição voluntária aos senhores do mundo, o saber que é poder não conhece limites. Horkheimer e Adorno. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p.3-5
14.8. Ética do discurso: da ação estratégica à ação Comunicativa Jürgen Habermas é filósofo e sociólogo alemão, nascido em Düsseldorf em 18 de junho de 1929. Seu pensamento integra a tradição da teoria crítica, ligada à Escola de Frankfurt, especialmente em sintonia com Theodor Adorno e Herbert Marcuse. Da sociologia, herdou de Max Weber, especialmente, a influência em sua reflexão sobre racionalização da sociedade moderna. Na dinâmica da reflexão da Escola de Frankfurt, seu pensamento situa-se sobre o tema das relações humanas, da ética e da política em sociedades afetadas pelo capitalismo avançado, com sensibilidade especial para o tema da democracia, de onde brota a sua reflexão sobre a ação humana orientada para o entendimento mútuo, para a construção de consensos universais. Recordando a crítica da Escola de Frankfurt, a razão filosófica, originalmente crítica, foi transformada, por meio do iluminismo moderno, em razão instrumental, técnica, manipulatória, a serviço dos interesses do capital, refém de um modelo econômico capitalista. Nesse âmbito impera a ação estratégica, em uma sociedade profundamente individualista, na qual cada indivíduo é estimulado a realizar os seus projetos individuais, por meio de estratégias que influenciem ou manipulem outros indivíduos.
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Esse espírito vem sendo cultivado pelo liberalismo em todos os âmbitos da vida. Qualquer eventual cooperação que possa existir acontece motivada por interesses individuais envolvidos. Assim, na ação estratégica, não se dá ouvidos à argumentação do outro. Nesse espírito de época, vivemos o desmoronamento das grandes narrativas, de cosmovisões metafísicas e religiosas. Há uma infinidade de discursos individuais. Uma das maiores decorrências disso, para Habermas, verifica-se no horizonte das motivações pessoais. Estamos vivendo uma profunda crise na formação da vontade e na motivação racional e política dos indivíduos. Instaurou-se uma crise em vários âmbitos da vida. Sob esse contexto ideológico, Habermas busca recuperar a dimensão emancipatória da razão moderna. Habermas parte do pressuposto de que a racionalidade humana apresenta a capacidade para deliberar e agir em função de interesses racionais e coletivos. Mas essa capacidade precisa ser cultivada, aprendida. Segundo Habermas, o maior desafio para os homens na sociedade contemporânea é a passagem da ação estratégia para a ação comunicativa. E por ação comunicativa entende as ações orientadas para o entendimento mútuo, superando a ênfase individualista da razão moderna. Ora, isso pressupõe aprendizagem de uma nova habilidade, a do diálogo, da discussão, do debate público, em busca de consensos. Dessa forma, na ação comunicativa o foco está nos melhores objetivos a serem buscados coletivamente. As ações passarão a ser coordenadas. Nisso, verdadeiramente, resgata-se a democracia. Uma democracia deliberativa, na qual os cidadãos participam de forma crítica e argumentativa. Com o diálogo, acontecerá a construção dos consensos, não havendo necessidade para estratégias de repressão e censura, pois o entendimento mútuo, com base em uma razão livre e crítica, será suficiente para estabelecer os contornos da vida social. Habermas se mostra bem sensível ao pluralismo do mundo contemporâneo, que apresenta diferentes estilos de vida, todos igualmente legítimos e que deverão ter o espaço aberto à participação na construção dos consensos, que fortalecerão suas identidades pessoais, a partir do reconhecimento. Nesse encontro plural a questão motivadora do diálogo será: “o que é bom para todos por igual”? Nesse recorte moral, objetiva-se o que seja justo. Todas as pessoas eventualmente concernidas chegarem à convicção de que, em relação a uma matéria que precisa de regulamentação, um determinado modo de agir é igualmente bom para todos, elas considerarão obrigatória essa práxis. O consenso alcançado no discurso tem, para os envolvidos, algo de relativamente definitivo. Ele não estabelece nenhum fato, mas ‘fundamenta’ uma norma, que não ‘consiste’ em outra coisa senão ‘merecer’ um reconhecimento intersubjetivo – e os envolvidos partem da ideia de que podem estabelecer exatamente isso nas condições aproximativamente ideais de um discurso racional HABERMAS, Jürgen. Verdade e Justificação: ensaios filosóficos. Trad. Milton Camargo Mota. São Paulo: Loyola, 2004. pp. 291.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Da Filosofia Medieval: À Filosofia Moderna
CAPÍTULO 2
Ao se concentrar nas dimensões da construção de consensos, reconhecemos que a ótica ou a ética de Habermas apresenta matriz universalista. Nessa ética, inicialmente, não existe um conteúdo definido. O mais importante, é que ela deve ser uma ética aberta, ou seja, acessível a qualquer pessoa interessada em participar publicamente das discussões, em busca das melhores decisões, e não somente de soluções simplistas e imediatistas. Por isso, essa ética não é conteudista, mas formalista, um ethos, um jeito de ser e de viver no qual as soluções são buscadas de forma colegiada e racional. Por Discurso, Habermas entende a “forma de comunicação caracterizada pela argumentação”, na qual se considera a valides das pretensões de cada membro participante da discussão. Por isso, os discursos conduzem ao entendimento, uma vez que são marcados pela reflexividade. Para que a ética do discurso tenha efetividade, para que funcione na prática, torna-se necessário um enorme investimento em educação política e uma profunda aprendizagem da razão comunicativa, argumentativa por todos os indivíduos. Além disso, é preciso que a instituições sociais e políticas sejam também marcadas por essa racionalidade. É sobre esse aspecto que Habermas insiste: Toda a moral universalista assenta em formas de vida correspondentes. É necessário que exista certa harmonia entre esta moral universalista e as práticas de socialização e educação, que se constroem no controle da consciência fortemente interiorizado e que promovem identidades individuais relativamente abstratas. Uma moral universalista necessita também de uma certa harmonia com aquelas instituições políticas e sociais, nas quais já estão incorporadas concepções jurídicas e morais pós-convencionais. HABERMAS, Jürgen. Comentários à ética do discurso. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p. 27. ( Fragmento).
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
EXERCÍCIOS 1. Leia o fragmento a seguir: No senso comum, costumamos ouvir expressões como: “gostaria de ser livre feito um pássaro” ou “feliz é a borboleta que voa para onde quer”. Contudo, o voo livre de uma borboleta ou de um pássaro é uma ilusão, uma vez que se encontram determinados pelo instinto de sobrevivência típico de sua espécie. Não há liberdade quando o instinto governa. A liberdade acontece à medida que reina a consciência, atributos exclusivamente humanos. MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. Belo Horizonte: PAX Editora, 2010. p.55-56
No âmbito das ciências humanas e sociais, cultura é compreendida como o jeito de viver, o conjunto de costumes, tradições e valores que identifica e, portanto, diferencia os grupos sociais que se formam no distanciamento sem ruptura da vida natural. Dessa forma, a cultura se transforma em uma espécie de segunda natureza para os homens. Considerando a relação natureza e cultura, os elementos constitutivos dessa relação estabelecem que a) o mundo natural, por não apresentar leis, convenções e pactos é o reino da liberdade fundamental, vivida sem restrições. b) o universo da cultura apresenta determinismos que impedem a realização da liberdade, uma vez que limitam os seres humanos ao meio sociocultural. c)
o mundo natural apresenta limites aos animais, que não existem para os seres humanos, por estes serem absolutamente livres.
d) a cultura é compreendida como o singular jeito humano de viver, que se constrói na ruptura com o reino animal. e) o que distingue a cultura da natureza é o universo da liberdade e da consciência, atributos que fazem da cultura a segunda natureza dos homens. 2. Leia o fragmento que segue. O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. (...) LARAIA, R.B . Cultura: Um conceito antropológico. RJ: Jorge Zahar ed. 2009. P.45
A distinção e a relação entre natureza e cultura devem-se, essencialmente, ao fato de a) a cultura nascer devido a ação genial de alguns indivíduos dotados de capacidades naturais distintivas e superiores. b) a natureza animal ser o reino da liberdade e da espontaneidade e a cultura ser o espaço que inviabiliza as liberdades humanas.
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c)
a natureza humana trazer inscrita a cultura como evolução natural, o que impossibilita a existência de indivíduos à margem da cultura.
d) a cultura ser processo e resultado acumulativo de humanização do animal homem, possibilitando e expressando conquistas materiais e espirituais. e) a cultura, tanto quanto a herança genética, determinar o comportamento do homem, uma vez que os homens são simultaneamente natureza e cultura. 3. (Uel 2015) Leia os textos a seguir. Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre. HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91.
Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada e sustento aos homens. “A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em: <http://super.abril.com.br/religiao/criacaomundo-447670.shtm>. Acesso em: 1 abr. 2014.
No começo do tempo, tudo era caos, e este caos tinha a forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e Yang, as duas forças opostas que compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e luz, feminino e masculino, frio e calor, seco e molhado. PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo. Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22.
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a passagem do mito para o logos na filosofia, considere as afirmativas a seguir. I. As diversas narrativas míticas da origem do mundo, dos seres e das coisas são genealogias que concebem o nascimento ordenado dos seres; são discursos que buscam o princípio que causa e ordena tudo que existe. II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e impreciso, em geral grandes feitos apresentados como fundamento e começo da história de dada comunidade. III. Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em certa medida, um modo de expressar determinadas verdades que fogem ao raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser. IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é reduzido a um conto fictício desprovido de qualquer correspondência com algum tipo de acontecimento, em que inexiste relação entre o real e o narrado. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 4. (Uel 2015) Leia o texto a seguir e responda à próxima questão. De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas. Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta. a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses. b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas. c)
Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação.
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas. e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas. 5. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia
CAPÍTULO 3
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões. b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão. c)
inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica. 6. (Ueg 2013) O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente processo de racionalização da vida na cidade, em que o ser humano abandona a verdade revelada pela codificação mítica e passa a exigir uma explicação racional para a compreensão do mundo humano e do mundo natural. Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, destaca-se: a) a concepção política expressa em A República, de Platão, segundo a qual os mais fortes devem governar sob um regime político oligárquico. b) a criação de instituições universitárias como a Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles c)
A filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos como legado a recusa de uma fé inabalável na razão humana e a crença de que sempre devemos acreditar nos sentimentos.
d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas mediante a exigência de que, para cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um fundamento racional. 7. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade entre ambos. A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos. Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou seus predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao mito foi retomada. Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a opção que ex-
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA pressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga.
c)
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão liberada da religiosidade.
d) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica.
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada imaginativamente, e a filosofia caracteriza-se como explicação racional que retoma questões presentes no mito. c)
O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a filosofia, também fundamentada no rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida. 8. (Unicentro 2012) A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é correto afirmar: a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a passagem do Mito ao Logos. b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi responsabilidade dos tiranos de Siracusa. c)
A economia grega estava baseada na industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito ao Logos.
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com outros povos com as mesmas preocupações e culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito ao Logos. e) A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos, a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos. 9. (Unesp 2012) Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.
e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam. 10. (Ifsp 2011) Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o seguinte: a) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo. b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência. c)
Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os homens.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico. e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela observação direta ou pela experiência. 11. Leia os trechos a seguir Trecho 1 O mito é um sistema de comunicação, é uma mensagem. Eis por que não poderia ser um objeto, um conceito, ou uma ideia: ele é um modo de significação, uma forma... já que o mito é uma fala, tudo pode constituir um mito, desde que seja suscetível de ser julgado por um discurso. O mito não se define pelo objeto de sua mensagem, mas pela maneira como a profere: o mito tem limites formais, mas não substanciais. BARTHES, Roland. Mitologias. Trad. Rita Buongermino e Pedro de Souza. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p.131.
Trecho 2
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos,
Lévi-Strauss mostrou que o Mito não é uma narrativa histórica, mas a representação generalizada de fatos que recorrem com uniformidade na vida dos homens: nascimento e morte, luta contra a fome e as forças da natureza, derrota e vitória, relacionamento entre os sexos. Por isso o Mito nunca reproduz a situação real, mas opõe-se a ela, no sentido de que a representação é embelezada, corrigida e aperfeiçoada, expressando assim as aspirações a que a situação real dá origem.
a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007. P.786.
b) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.
A partir da leitura desses trechos, o que melhor define o mito é o fato de que
(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
CAPÍTULO 3
a) o mito pode estar presente em todos os conteúdos, uma vez que o que define o mito é a forma da abordagem.
c)
b) a forma mítica de pensar e de falar é específica da infância do ser humano; por isso, o ideal é a forma científica de ver o mundo.
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
c)
a narrativa mítica retrata uma realidade histórica sobre a qual o ser humano sente profundo desconforto e da qual busca superação.
d) o mito é um discurso pronunciado com o objetivo de convencer sobre a presença de seres sobrenaturais no governo da vida humana. e) a abordagem mítica denuncia os abusos e as pretensões da razão em querer explicar a totalidade da vida, sem alusão às dimensões da emoção. 12. Leia o fragmento que segue O mito é uma forma autônoma de pensamento e de vida. Nesse sentido, a validade e a função do mito não são secundárias e subordinadas em relação ao conhecimento racional, mas originárias e primárias, situando-se num plano diferente do plano do intelecto, porém dotado de igual dignidade. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins fontes, 2007.
Com base nesse fragmento e em outras informações, o mito é uma forma de conhecimento que é a) emotiva e pré-reflexiva, de natureza inferior ao conhecimento filosófico. b) argumentativa, buscando convencer a razão sobre a existência de divindades. c)
intuitiva e particular, com o qual cada indivíduo organiza a sua vida subjetivamente.
d) específica dos homens primitivos, pois ainda não existia o saber científico. e) poética e imaginativa, que nasce da insegurança humana e do desejo de sentido. 13. (UEL 2003) “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima… podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles investigado. a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação. 14. (Ueg 2015) A cultura grega marca a origem da civilização ocidental e ainda hoje podemos observar sua influência nas ciências, nas artes, na política e na ética. Dentre os legados da cultura grega para o Ocidente, destaca-se a ideia de que a) a natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais que podem ser plenamente conhecidos pelo nosso pensamento. b) nosso pensamento também opera obedecendo a emoções e sentimentos alheios à razão, mas que nos ajudam a distinguir o verdadeiro do falso. c)
as práticas humanas, a ação moral, política, as técnicas e as artes dependem do destino, o que negaria a existência de uma vontade livre.
d) as ações humanas escapam ao controle da razão, uma vez que agimos obedecendo aos instintos como mostra hoje a psicanálise. 15. (Uncisal 2012) O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões filosóficas. Suas discussões se prendem a Cosmologia, sendo a determinação da physis (princípio eterno e imutável que se encontra na origem da natureza e de suas transformações) ponto crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto, Demócrito afirma ser a realidade percebida pelos sentidos ilusória. Ele defende que os sentidos apenas capturam uma realidade superficial, mutável e transitória que acreditamos ser verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as mutações das coisas, no fundo, os elementos primordiais que constituem essa realidade jamais se alteram.” Assim, a realidade é uma coisa e o real outra. Para Demócrito a physis é composta: a) pelas quatro raízes: úmido, seco, o quente e o frio b) pela água c)
pelo fogo
d) pelo ilimitado e) pelos átomos 16. (Uff 2010) “Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa/ Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas/ Como um mar/ Num indo e vindo infinito/ Tudo que se vê não é/ Igual ao que a gente/ Viu há um segundo/ Tudo muda o tempo todo/ No mundo/ Não adianta fugir/ Nem mentir/ Pra si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/ Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar/ Como uma onda no mar/ Como uma onda no mar” (Lulu Santos e Nelson Motta).
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego Heráclito, que viveu no século VI a.C. e que usava uma linguagem poética para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não se entra duas vezes no mesmo rio”. Dentre as sentenças de Heráclito a seguir citadas, marque aquela em que o sentido da canção de Lulu Santos mais se aproxima: a) A morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é sono.
uma forma de conhecimento que nasce como crítica do senso comum. A partir disso, sobre o senso comum, infere-se que ele é uma forma de conhecimento que consiste em ser a) atitude cética, fundamentada no princípio da dúvida universal. b) herança cultural, assimilada de forma mecânica e espontânea. c)
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra. c)
Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência. e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade. 17. Leia o fragmento a seguir. “ Não menos que saber, duvidar me agrada.” afirma Dante. [...] A verdade e a razão são comuns a todos e não pertencem mais a quem as diz primeiro do que ao que as diz depois. Não é mais segundo Platão, do que segundo eu mesmo, que tal coisa se enuncia, desde que a compreendamos. [...] O proveito de nosso estudo está em nos tornarmos melhores e mais avisados. É a inteligência que vê e ouve; é a inteligência que tudo aproveita, tudo dispõe, age, domina e reina. Tudo o mais é cego, surdo e sem alma. Certamente tornaremos a criança servil e tímida se não lhe dermos a oportunidade de fazer algo por si. [...] saber de cor não é saber: é conservar o que se entregou à memória para guardar. Do que sabemos efetivamente, dispomos sem olhar para o modelo, sem voltar os olhos para o livro. MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Livro I. Cap. XXVI. Tradução de. Sérgio Milliet. São Paulo: Novas cultural, 1991. P. 75-83 (Os pensadores)
Com base nesse fragmento e em outras informações, a filosofia deve ser compreendida como a) saber que parte da dúvida e estabelece verdade universais e perenes e as transmite aos humanos comuns. b) herança cultural que encontra no recurso à autoridade uma das estratégias e critérios de conhecimento seguro. c)
atitude de diálogo de busca coletiva da verdade, uma vez que a razão é atributo comum a todos os homens e deve ser o guia da vida humana.
d) estudo sistemático sobre realidades essenciais e abstratas, desvinculado do viver cotidiano. e) Inteligência diferente, capaz de reter as informações de forma privilegiada, distinguindo, por isso, os filósofos do comum dos mortais. 18. A filosofia é uma forma de conhecimento, um saber e uma atitude que tem em sua origem experiências humanas marcadas pela admiração ou indignação, pela problematização ou negação do saber culturalmente recebido, sendo, portanto,
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postura prática, amante da filosofia e da busca pela verdade.
d) saber marcado pelo bom senso, pois traz a sabedoria popular. e) saber compartilhado, que não admite preconceitos e discriminações. 19. (...) Mas a arte, a ciência e a filosofia exigem mais: traçam planos sobre o caos. Essas três disciplinas não são como as religiões, que invocam dinastias de deuses, ou a epifania [manifestação] de um Deus único, para pintar sobre o guarda-sol um firmamento, como as figuras de uma Urdoxa [crença originária, certeza da crença] de onde derivariam nossas opiniões. A filosofia, a ciência e a arte querem que rasguemos o firmamento e que mergulhemos no caos. Só o venceremos a este preço. DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é Filosofia? Rio de Janeiro, ed. 34, 1992. p. 259-261
Com base nesse fragmento e em outras informações, a filosofia é a) atitude e saber que transforma fato em problema, considerando a passividade do senso comum inimiga da filosofia. b) saber equiparado à arte e religião, uma vez que busca a paz de espírito longe dos conflitos cotidianos. c)
alimento para o espírito científico, por considerar a ciência a única forma segura de conhecimento verdadeiro.
d) inimiga do caos, uma vez que a natureza da filosofia busca certezas e não suporta a desordem do caos. e) forma de conhecimento que tem por principal objetivo romper o firmamento, uma vez que a identidade filosófica está na negação. 20. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e carece de qualquer utilidade prática. [...] A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é demasiado complexa; não a compreendo; está além do meu alcance; não tenho vocação para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil o interesse por questões fundamentais da vida; cabe abster-se de pensar no plano geral para mergulhar, através de trabalho consciencioso [cuidadoso], num capítulo qualquer da atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, basta ter “opiniões” e contentar-se com elas. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar minha vida. Adquiriria outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade insólita [não habitual, estranha], teria de rever meus juízos. [...] O problema
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz. (Karl JASPERS. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1993)
Relacionando esse fragmento com a Alegoria da Caverna, de Platão, reconhecemos a singularidade da presença da filosofia, uma vez que a) apresenta uma natureza muito elevada e inacessível à maioria dos mortais, sendo ciência de iniciados. b) busca o impossível, um mundo metafísico, que transcende toda cotidianidade da vida, razão pela qual desperta o “estranhamento” do comum dos mortais. c)
é problematizadora do senso comum, buscando romper e superar a esfera das opiniões para concentrar-se no universo reflexivo, em busca das ideias claras.
d) reforça o senso comum que, apesar de ser profundamente criticado, apresenta uma complexidade de saber, capaz de fornecer abrangente leitura da realidade. e) traz a marca da crítica, sendo a sua essência marcada pela negatividade, mediante a constante procura por rupturas. 21. No convite à comunidade acadêmica a participar da I Jornada de Filosofia Política da UnB, entre os dias 29 a 31 de outubro de 2013, na Universidade de Brasília – DF consta a seguinte reflexão: “Há um intenso debate que vem ocorrendo no Brasil e no mundo em torno da articulação entre o pensamento e a vida, a política e a justiça, entre a teoria e a prática. O fato desses temas figurarem como importantes pontos de pauta na agenda nacional e internacional de nossa contemporaneidade revela o grande interesse da sociedade civil e da academia em discutir não só a filosofia como atividade formuladora de conceitos abstratos ou metafísicos, mas sobretudo em que medida o pensamento filosófico pode contribuir para a crítica e para a transformação da sociedade. O tema do engajamento constitui aspecto essencial para a filosofia política, que possui uma vocação eminentemente prática. O cenário atual mundial, e sobretudo, o brasileiro, apresentam um mosaico de problemas que exigem reflexão e uma intervenção filosófica. O problema da desigualdade, do combate à miséria, do pluralismo cultural, da tolerância, da efetivação dos direitos humanos e da participação popular – noção reclamada publicamente por diversas manifestações no Brasil ocorridas recentemente são alguns exemplos”. Disponível em https://www.facebook.com/jornada.unb. Acesso em 01/02/2019.
Com base nessa reflexão a natureza da filosofia vem apresentada como saber e atitude a) eminentemente teórica e prática, na qual a teoria está em função da justificação das práticas sociais. b) essencialmente política, que deve se traduzir-se na reflexão filosófica de significativas questões sociais e no engajamento politico. c)
essencialmente destinado a formular conceitos abstratos e metafísicos, seguindo a tradição de sua presença na historia do pensamento ocidental.
CAPÍTULO 3
d) que não deve ser instrumentalizado ou usado para projetos políticos e partidários, pois isso desviaria o pensamento filosófico de seu objetivo principal. e) que articula os âmbitos da teoria com a prática, na qual a prática é o campo no qual as clássicas teorias são testadas. 22. “Talvez alguém diga: “ Sócrates, será que você não pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quieto, calado?” Ora, eis a coisa mais difícil de convencer alguns de vocês. Pois, se eu disser que tal conduta seria desobediência ao deus e que por isso não posso ficar quieto, vocês acharão que estou zombando e não acreditarão. E se disser que falar diariamente da virtude e das outras coisas sobre as quais me ouvem falar e questionar a mim e a outros é o bem maior do homem e que a vida que não se questiona não vale a pena viver, vão me acreditar menos ainda.(...) Porque se pensam que condenando homens à morte evitam a reprovação dos seus atos errôneos, estão enganados. Essa escapatória de modo algum é possível nem honrosa; a saída mais fácil e digna não é eliminar os outros, mas tornar-se bom ao máximo. E com essa profecia para os que me condenaram, retiro-me. Platão, “Apologia de Sócrates”. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 3.ed. Zahar: Rio de Janeiro, 2000.
Com base no fragmento acima, e em outras informações, considerando a reflexão realizada por Sócrates, a) a presença da filosofia na ágora, na praça pública, é estímulo para a paz espiritual, o conforto da alma em tempos de inquietude. b) a virtude é o ideal de vida e se torna objeto de ensino da filosofia socrática e consiste na aprendizagem da arte da oratória, da persuasão. c)
os motivos da condenação de Sócrates à morte referem-se à leviandade e futilidade de seu estilo de vida, escândalo para os cidadãos gregos.
d) a voz da consciência e guia da vida de sócrates é o daimonion, seu deus interior, que se manifestava para impedir a prática de uma ação injusta. e) o foco da atuação filosófica consiste na atividade contemplativa, no afastamento das atividades políticas e no mergulho na vida interior. 23. O ingresso da massa na atividade política, causa originária e característica da democracia, é um pressuposto histórico necessário para se colocarem conscientemente os problemas eternos que com tanta profundidade o pensamento grego se colocou naquela fase da sua evolução e legou à posteridade. (W. Jaeger, Paidéia. São Paulo: Martins fontes, 2001.p. 337.)
“O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são". (Protágoras) A partir desses fragmentos e considerando outros conhecimentos, a presença dos sofistas na emergente democracia grega significou a) O início da formação do cidadão para a vida na pólis, mediante discussões e diálogos sobre temas éticos e políti-
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA cos, buscando definir as primeiras verdades e princípios universais. b) A permanência da virtude política vinculada à aristocracia, de matriz guerreira, em conformidade com a qual o ateniense é considerado naturalmente virtuoso. c)
O nascimento do humanismo e do relativismo, relacionados à formação da habilidade da oratória e da retórica persuasiva.
d) A retomada do naturalismo, afirmando que as cidades, as leis sociais devem ser construídas com base na ordem e nas leis naturais. e) O ensino da virtude concebida como habilidade de autodomínio, de domínio sobre as paixões desordenadas. 24. (ENEM 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na: a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c)
relativização do saber verdadeiro.
d) valorização da argumentação retórica. e) investigação dos fundamentos da natureza. 25. (UNCISAL 2011) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia a) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense. b) transmitia conhecimentos de natureza científica. c)
baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c)
a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 27. (UNIMONTES 2011) Lembremos a figura de Sócrates. Dizem que era um homem feio, mas, quando falava, exercia estranho fascínio. Podemos atribuir a Sócrates duas maneiras de se chegar ao conhecimento. Essas duas maneiras são denominadas de a) doxa e ironia. b) Ironia e maiêutica. c)
maiêutica e doxa.
d) maiêutica e episteme. 28. (UEA 2013) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. (Platão. O sofista, 1970. Adaptado.)
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar a) A maiêutica, que pressupõe a contradição dos argumentos. b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores.
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.
c)
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica.
d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus.
26. (UNICAMP 2013) A Sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de
e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano.
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o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
29. (UFU 2012) Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se sabe?
CAPÍTULO 3
nhecer seus preconceitos e opiniões, rejeitá-los e, através da razão, atingir a verdade imutável. 31. (UFU 2010) Em um importante trecho da sua obra Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos seguintes termos: Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro a fixar a atenção nas definições. (Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.)
Platão, “A Apologia de Sócrates”, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a alternativa INCORRETA.
Com base na filosofia de Sócrates e no trecho supracitado, assinale a alternativa correta.
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera aparência do saber.
a) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. Para ele, a investigação filosófica é a busca pela “Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por isso, o método socrático era idêntico aos utilizados pelos filósofos que o antecederam (Pré-socráticos).
b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência das contradições que traz consigo. c)
Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que defendendo uma opinião não devidamente examinada.
d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática. 30. (UNIOESTE 2010) O Oráculo de Delfos teria declarado que Sócrates (470-399 a.C.) era o mais sábio dos homens. Essa profecia marcou decisivamente a concepção socrática de Filosofia, pois sua verdade não era óbvia: “Logo ele, sem qualquer especialização, ele que estava ciente de sua ignorância? Logo ele, numa cidade [Atenas] repleta de artistas, oradores, políticos, artesãos? Sócrates parece ter meditado bastante tempo, buscando o significado das palavras da pitonisa. Afinal concluiu que sua sabedoria só poderia ser aquela de saber que nada sabia, essa consciência da ignorância sobre as coisas que era sinal e começo da autoconsciência.” (J. A. M. Pessanha)
Sobre a filosofia de Sócrates, é INCORRETO afirmar que a) a filosofia de Sócrates consiste em buscar a verdade, aceitando as opiniões contraditórias dos homens; quanto mais importante era a posição social de um homem, mais verdadeira era sua opinião. b) a sabedoria de Sócrates está em saber que nada sabe, enquanto os homens em geral estão impregnados de preconceitos e noções incorretas, e não se dão conta disso. c)
o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro passo para a sabedoria, pois, assim, podemos nos livrar dos preconceitos e abrir caminho para a verdade.
d) após muito questionar os valores e as certezas vigentes, Sócrates foi acusado de não respeitar os deuses oficiais (impiedade) e corromper a juventude; foi julgado e condenado à morte por ingestão de cicuta. e) o caminho socrático para a sabedoria deve ser trilhado pelo próprio indivíduo, que deve por ele mesmo reco-
b) O método socrático era empregado simplesmente para ridicularizar os homens, colocando-os diante da própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais são inatingíveis para o homem; por isso, para ele, as definições são sempre relativas e subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima “o Homem é a medida de todas as coisas”. c)
Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o que é o bem para o indivíduo num dado momento de sua existência.
d) O método utilizado por Sócrates consistia em um exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a formular conceitos de validade universal (definições). 32. (UFU 2013) Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Sócrates. a) O fim último do método dialético socrático era a refutação do seu interlocutor. Assim sendo, é legítimo afirmar que o reconhecimento da própria ignorância equivale à constatação de que a verdade é relativa a cada indivíduo. b) Sócrates é considerado um divisor de águas na Filosofia graças a sua teoria ética sobre a imobilidade do Ser. Por isso, sua missão sempre foi a investigação de um fundamento absoluto da moral. c)
Sócrates estabelece uma ligação muito estreita entre o conhecimento da virtude e a ação humana, a ponto de sustentar que aquele que conhece o que é o correto não pode agir erroneamente, visto que o erro de conduta é fruto da ignorância sobre a verdade.
d) Sócrates fazia uso de um método refutativo de investigação, o que significa que seu principal intento era levar o interlocutor à contradição, independentemente se o último estivesse ou não com a razão 33. (Uepa 2015) A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente. (Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17)
Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: a) oligarquia b) república c)
democracia
d) monarquia e) plutocracia 34. (Uel 2015) A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição. PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena R Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p.457.
O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado. ARISTÓTELES. Poética. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203.
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. c)
Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida.
d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova dimensão. e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. 35. (Uel 2015) Leia o texto a seguir. É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quan-
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do julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento). ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. Vincenzo C. São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que indica, corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas primeiras. a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal. b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente. c)
Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final.
d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente. 36. (Uel 2013) Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando sobre as questões de amor [eros] discorria, e uma vez ela me perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse amor e desse desejo? A natureza mortal procura, na medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse amor acompanham. (Adaptado de: PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.38-39.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o amor em Platão, assinale a alternativa correta. a) A aspiração humana de procriação, inspirada por Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza física. b) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos e vulgares, uma vez que atende à mera satisfação dos apetites sensuais. c)
O eros físico representa a vontade de conservação da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização por obras que perdurarão na memória.
d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos deuses. e) Os seres humanos, como criação dos deuses, seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite eternidade. 37. (Ufu 2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio. de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência). b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). c)
Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto. 38. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica corretamente com suas concepções. a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as concepções de caráter empírico defendidas por Platão. b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de conceitos transcendentais. c)
Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do conhecimento sensível.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios. e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo. 39. (Uel 2011) Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar: a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto co-participante da criação divina, alcança a verdadeira
CAPÍTULO 3
causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz. b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras acessíveis à razão. c)
Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas.
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si. e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-las como tais na percepção de sua aparência. 40. (Uenp 2011) Platão foi um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da vida. Considera a alma humana prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca do caminho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa correta. a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento platônico. b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racionalista que desconsiderava a vontade como elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem). c)
Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas têm natureza diversa, de acordo com sua composição, isso faz com que os homens devam ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis.
d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a uma outra forma de conhecimento (inferior) denominada episteme. e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final. 41. (Uel 2011) Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma, compreendida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível.
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma humana, é correto afirmar: a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem. b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da alma é considerado excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão. c)
A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar.
d) O elemento mimético cultivado pela poesia é justamente aquele que estimula, na alma humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões. e) A reflexividade crítica presente nos elementos miméticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são. 42. (Uel 2012) No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis como domínio da necessidade, com o advento do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a necessidade de a natureza fixar-se na constância do hábito. VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. Coleção Filosofia - 8, 2000, p.11-12.)
Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal como empregada por Aristóteles, compreende: a) A disposição da ação humana, que ordena a natureza. b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza. c)
A ordem da natureza, que determina o hábito das ações humanas.
d) A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da natureza. e) A razão matemática, que assegura ordem à natureza. 43. (Ufpa 2012) Tendemos a concordar que a distribuição isonômica do que cabe a cada um no estado de direito é o que permite, do ponto de vista formal e legal, dar estabilidade às várias modalidades de organizações instituídas no interior de uma sociedade. Isso leva Aristóteles a afirmar que a justiça é “uma virtude completa, porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo” ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 332.
De acordo com essa caracterização, é correto dizer que a função própria e universal atribuída à justiça, no estado de direito, é
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a) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias racionais com poder normativo positivo e irrestrito. b) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria se não fossem os mecanismos contidos nos sistemas jurídicos. c)
determinar, para as relações sociais, critérios legais tão universais e independentes que possam valer por si mesmos.
d) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade entre as necessidades do Estado e as de cada cidadão individualmente. e) estabelecer a regência na relação mútua entre os homens, na medida em que isso seja possível por meio de leis. 44. “A dialética é a única que, rejeitando sucessivamente as hipóteses, se eleva até o princípio mesmo para assegurar solidamente suas conclusões, a única sobre a qual é verdadeiro dizer que retira pouco a pouco o olho do lamaçal grosseiro em que está escondido e o eleva para o alto” (Platão, República, livro 7). “Aquele que conhece a arte de interrogar e de responder, tu o chamas de outro modo que dialético?” (Platão, Crátilo)
Considerando o pensamento socrático-platônico, o conceito de dialética a) traduz a arte de perguntar e de responder, sendo expressão do relativismo que caracteriza a postura sofística. b) evidencia o reconhecimento da multiplicidade de leituras do real, o que conduz o investigador à suspensão do juízo acerca do que seja a essência do real c)
revela a impossibilidade de um conhecimento seguro, uma vez que tudo nessa vida é processo, mudanças sem fim.
d) expressa o método que rejeita novas hipóteses, uma vez que parte, de forma dedutiva, das verdades eternas. e) é compreendido como método de divisão e técnica da mais alta investigação em busca da intuição da verdade de uma realidade. 45. Leia o fragmento a seguir, extraído de um diálogo entre Sócrates e Glauco. SOCRATES ___ Agora imagina a maneira como segue o estado de nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça.[...]. PLATÃO. A República. Livro VII. Tradução Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova cultural, 2000. p.225
A partir desse fragmento do diálogo, considerando a alegoria da caverna, de Platão,
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
a) a caverna pode ser vista como símbolo do senso comum, realidade que o filósofo deverá sempre ignorar em seu caminhar. b) a educação da alma do homem implica reviravolta e purificação do olhar, que caminha da doxa à episteme, das opiniões em busca das ideias claras c)
a ignorância que caracteriza a realidade sensível, representada pela vida no interior da caverna, impossibilita a saída da ignorância.
d) a saída da caverna somente é possível mediante uma educação democrática, na qual todos tem acesso às mesmas condições de chegar à felicidade politica. e)
o objetivo da filosofia é alcançar a contemplação das ideias. Ao realizar esse objetivo, o filósofo, finalmente, desvincula-se do comum dos mortais.
46. Leia os fragmentos a seguir Os fins são vários e nós escolhemos alguns dentre eles [...] segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, só existe um fim absoluto [...]. Ora, nós chamamos de absoluto aquilo que merece ser buscado por si mesmo, e não com vistas em outra coisa; por isso chamamos de absoluto incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa. Ora, esse é o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade. [...]. Para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, pois que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a mais feliz. (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, Livro I).
Estranho seria fazer do homem sumamente feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mundo sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade. (ARISTOTELES, Ética a Nicômaco. Livro V. 2)
Com base nesses fragmentos e em outras informações sobre o pensamento aristotélico, o conceito da felicidade se traduz como a) dimensão particular e subjetiva, uma vez que os homens são movidos por seus interesses particulares. b) fim último da vida, que pode receber diferentes formas, dependendo das orientações das paixões humanas que se encaminham para a honra, o sucesso ou a fama. c)
fim último conatural à virtude e fim último da vida, que não se subordina a nada, na qual o homem vive em conformidade com as orientações da alma racional.
d) fim último, voltado à vida contemplativa e espiritual, reservada aos homens livres, sem relação com as condições materiais da existência. e) princípio afetivo que guia a vida humana, em conformidade com os desejos e as paixões que trazem bem estar físico e prosperidade.
CAPÍTULO 3
47. Nossa investigação concerne à substância, já que os princípios e causas que buscamos são as substâncias. [...] Evidencia-se, assim, por força da explicação dada acima que há uma substância que é eterna, imóvel, e independente das coisas sensíveis. ARISTÓTELES, Metafísica. Trad. Edson Bini. Livro XII. 2ª ed. São Paulo: Edipro, 2012, p. 297ss
Em suas reflexões sobre ato e potência, Aristóteles afirma que a) a substância consiste na forma de um objeto que sempre está em movimento de nova formação. b) o ato puro é algo que não existe em lugar algum, não sendo possível pertencendo a qualquer ser. c)
em todo indivíduo humano existem muitas potencias que necessariamente se tornarão atos.
d) no horizonte final de nossas realizações, está o desafio de nos tornarmos ato puro. e) a potência é uma possibilidade que está inscrita no ser, cuja atualização depende de cultivo. 48. É por força de seu maravilhamento que os seres humanos começam agora a filosofar e, originalmente, começaram a filosofar; maravilhando-se primeiramente ante perplexidades óbvias e, em seguida, por um processo gradual [...]. Ora, aquele que se maravilha e está perplexo sente que é ignorante [...]. Portanto, se foi para escapar à ignorância que se estudou Filosofia, é evidente que se buscou a ciência por amor ao conhecimento, e não visando qualquer utilidade prática. ARISTÓTELES, Metafísica. Trad. Edson Bini. Livro I. 2ª Ed. São Paulo: Edipro, 2012, p. 44-46
Considerando essa reflexão, em conformidade com o pensamento de Aristóteles, afirma-se: a) A busca por conhecimento verdadeiro tem por objetivo essencial a solução de algum problema prático. b) A capacidade de maravilhar-se ou de ficar espantado diante de algo está na raiz da Filosofia. c)
A utilidade da filosofia consiste na elaboração de estratégias para destruir o argumento alheio.
d) A ignorância é a ausência de conhecimento e a consciência dessa ausência está na contramão da filosofia. e) A filosofia, devido ao encantamento, atribui aos deuses o destino das vidas humanas. 49. De acordo com Aristóteles, as proposições podem assumir quatro (4) formas lógicas: Particular afirmativa, particular negativa, universal afirmativa, universal negativa. Algumas são subcontrárias e outras são contrárias. Assinale a alternativa na qual a segunda parte da sentença nega a primeira parte da sentença, sendo-lhe contrária. a) Os brasileiros são passionais. Não, alguns brasileiros são passionais. b) Nenhum europeu dança carnaval. Não, alguns europeus não dançam carnaval. c)
Alguns estudantes são estudiosos. Alguns estudantes não são estudiosos.
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) Todos os menores infratores da lei não vão para a cadeira. Nenhum menor infrator da lei vai para a cadeia. e) Todos os matemáticos entendem de economia. Alguns matemáticos não entendem de economia. 50. O quadrado das oposições é um instrumento lógico que nos auxilia a negar corretamente as proposições. Assinale a alternativa abaixo na qual quadrado das oposições está corretamente colocado. a) Todo europeu é disciplinado. OPOSIÇÃO: Nenhum europeu é disciplinado. b) Todo religioso é fanático. OPOSIÇAO: Algum religioso é fanático c)
Nenhum brasileiro é budista. OPOSIÇÃO: Todo brasileiro é budista
d) Todo brasileiro é corrupto. OPOSIÇÃO: Algum brasileiro é não corrupto e) Há aves que não voam. OPOSIÇÃO: Há aves que voam 51. Na argumentação lógica, as ideias são estruturadas de forma correta. E desse encadeamento lógico surgem a conclusão, que é sustentada pelas proposições anteriores, denominadas premissas. Classicamente, existem duas formas de argumentação: a dedução e a indução. Na dedução, a articulação das premissas consideradas verdadeiras conduz necessariamente à verdade da conclusão. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta um argumento dedutivo a) Alguns irlandeses são protestantes; ora alguns protestantes jejuam. Logo alguns irlandeses jejuam. b) Estudantes estudam 8 horas por dia. Bárbara é estudante. Portanto, Bárbara estuda 8 horas por dia. c)
Felipe é muito bom em Matemática e tem excelente rendimento em física. André é muito bom em Matemática. Logo, ela deverá ter excelente rendimento em Física.
d) O cobre é um ótimo condutor de eletricidade; o ferro é ótimo condutor de eletricidade. O ouro é excelente condutor de eletricidade. Ora, cobre, ferro e ouro são metais. Logo, os metais são excelentes condutores de eletricidade. e) Este livro de Hermann Hesse é excelente, gostei muito. Vou ler este outro livro aqui, que é do mesmo autor. Com certeza, vou gostar. 52. Nos raciocínios lógicos, as premissas podem ser verdadeiras e a conclusão também ser verdadeira. Contudo, esse mesmo raciocínio pode ser inválido, uma vez que não respeitou as regras da lógica. Assinale o raciocínio que em termos lógicos é argumento dedutivo válido. a) O fanatismo é a expressão de cegueira racional. Pedro é fanático. Portanto, Pedro é racionalmente cego. b) A filosofia transforma fato em problema. Platão transforma fato em problema. Logo, Platão é filósofo. c)
A ciência usa o método empírico. Galileu usa o método empírico. Portanto, Galileu é cientista.
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d) Bárbara, Débora e Rachel são estudantes de direito e amam filosofia. Zé Ramalho estuda direito, logo, deve amar filosofia. e) Ontem encontrei treze idosos e todos afirmavam comer diariamente bastante proteína para a firmeza de seus músculos. Amanhã, encontrarei mais treze idosos. Seguramente, eles também deverão me informar que comem bastante proteína, diariamente. 53. A forma lógica que torna os argumentos válidos ou inválidos independe da verdade das premissas e da conclusão. Enquanto validade ou invalidade se referem aos argumentos, verdade ou falsidade se referem às sentenças. Dessa forma, podemos tanto encontrar argumentos válidos com conclusão falsa, quanto argumentos inválidos com conclusão verdadeira. Uma das alternativas a seguir apresenta um argumento inválido, que pode ser verificado na alternativa que diz: a) Etnocêntrica é a atitude de quem julga sua etnia superior a de outro. Peter julga sua cultura americana superior à cultura dos índios. Peter apresenta atitude etnocêntrica. b) O ceticismo recusa a afirmação de uma verdade única e universal, sendo relativistas. Sexto Empírico é cético. Portanto, ele é relativista. c)
Nenhum sindicalista da CUT vai votar contra o a greve. André é sindicalista que não pertence à CUT. Logo, André vai votar contra a greve.
d) Todo comportamento humano é simbólico. Priscilla é humana. Portanto, seu comportamento é simbólico e) A programação genética caracteriza o comportamento dos animais. E onde já programação genética há determinismo. Portanto, um pássaro não é livre, pois segue o determinismo. 54. No pensamento lógico existe o raciocínio dedutivo, indutivo e por analogia. Considerando essa tipologia, infere-se de modo correto que
a) Na forma indutiva de argumentar, parte-se de uma tese geral e concluir-se, em afirmativas universais b) Na argumentação dedutiva, tendo sido estabelecida a verdade das premissas, segue-se de modo lógico a verdade da conclusão. c)
Na argumentação dedutiva, não existe a possibilidade de haver argumento inválido.
d) No argumento indutiva, não há argumentos válidos, uma vez que as conclusões são apenas prováveis. e) A comparação entre alternativas particulares sem conclusão universal denomina-se dedução. 55. É preciso perceber que é a forma lógica que torna os argumentos válidos ou inválidos, independentemente da verdade das premissas e da conclusão. Enquanto validade ou invalidade se referem aos argumentos, verdade ou falsidade se referem às sentenças. Por isso, não basta a validade de um argumento para que tenhamos a verdade na conclusão de uma
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
sentença. Dessa forma, podemos tanto encontrar argumentos válidos com conclusão falsa, quanto argumentos inválidos com conclusão verdadeira. MEIER, Celito. Filosofia: Por uma inteligência da complexidade. Belo Horizonte: PAX Editora, 2010.
Nessa questão você deve avaliar a validade ou a invalidade lógica de um argumento. Uma das alternativas a seguir apresenta um argumento válido, que pode ser verificado na alternativa que diz: a)
Nenhum deputado do PV vai votar contra a reforma política. Simão é deputado que não pertence ao PV. Logo, Simão vai votar contra a reforma política.
b) Todo brasileiro adora carnaval. Obama não é brasileiro, portanto, não adora carnaval. c)
Alguns alunos passaram na prova do ENEM. Logo, alguns alunos não passaram na prova do ENEM.
d) Todo brasileiro é torcedor do Flamengo; ora, Fidel Castro é brasileiro; logo, Fidel castro é torcedor do flamengo. e) Algum latino-americano é argentino; ora, algum argentino é obeso; logo, algum latino latino-americano é obeso.
CAPÍTULO 3
58. Assinale a alternativa que representa argumentação válida a) Todos os homens são vertebrados. Eu sou vertebrado. Logo, sou homem. b) Todos os japoneses são asiáticos. Nakamori é asiático. Logo, Nakamori é japonês c)
Alunos brilhantes são disciplinados. Alberto é disciplinado. Alberto é aluno brilhante.
d) Professores excelentes adotam pedagogia crítica. Rafael adota pedagogia crítica. Rafael é excelente professor. e) Excelentes centros educativos educam para a autonomia. O Determinante é um excelente centro educativo. O Determinante educa para a autonomia. 59. (Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos. LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.
56. Nesta questão, existem argumentos válidos e inválidos. Assinale a alternativa que traz um argumento inválido.
O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:
a) Todas as baleias são mamíferos. Todos os mamíferos têm pulmões. Portanto, todas as baleias têm pulmões.
a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
b) Todas as aranhas têm seis pernas. Todos os seres de seis pernas têm asas. Portanto, todas as aranhas têm asas
b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.
c)
c)
Se eu possuísse o ouro de Serra Pelada, seria muito rico. Não possuo o ouro de Serra Pelada. Portanto, não sou muito rico.
d) Nenhum vegetariano come carne. Magalhães é vegetariano. Portanto, Magalhães não come carne. e) Países democráticos apresentam elevado nível de educação. O Brasil é um país democrático. Brasil apresenta elevado nível de educação 57. Nesta questão, existem argumentos dedutivos e indutivos. Assinale a alternativa que traz raciocínio construído com argumentação indutiva. a)
Mineiros gostam de pão de queijo. JK é mineiro. Portanto, JK gosta de pão de queijo.
b) Ouve-se falar muito que os cariocas passam mais tempo na praia e nos bares bebendo do que no seu trabalho. Felipe viveu 20 anos no Rio de Janeiro. Portanto, não deve ser uma boa ideia contratá-lo para esse cargo, pois exige muita dedicação, disciplina e amor ao trabalho. c)
Nenhum vegetariano come carne. Magalhães é vegetariano. Portanto, Magalhães não come carne.
Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente. e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo. 60. (Enem 2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano. EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim a) alcançar o prazer moderado e a felicidade. b) valorizar os deveres e as obrigações sociais. c)
aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) Todo metal é condutor de eletricidade; ora, algum condutor de eletricidade é líquido; logo; algum metal é líquido
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
e) Todo gremista é sulista; ora, todo sulista é brasileiro. Logo, todo gremista é brasileiro.
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 61. (Ufsm 2013)
Considere as seguintes afirmativas sobre esse texto:
A economia verde contém os seguintes princípios para o consumo ético de produtos: a matéria-prima dos produtos deve ser proveniente de fontes limpas e não deve haver desperdício dos produtos. O Estado, entretanto, não impõe, até o presente momento, sanções àqueles cidadãos que não seguem esses princípios.
I. Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.
Considere as seguintes afirmações: I. Esses princípios são juízos de fato. II. Esses princípios são, atualmente, uma questão de moralidade, mas não de legalidade. III. A ética epicurista, a exemplo da economia verde, propõe uma vida mais moderada. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas I e II. c)
apenas III.
d) apenas II e III.
II. Segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a riqueza e o prazer. III. Segundo Marco Aurélio, conseguindo fama, podemos transcender a finitude da vida humana. IV. Para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos permite compreender que a morte é parte de um processo da natureza e assim evita que nos angustiemos por ela. V. Para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo pode libertar o homem do temor da morte. VI. Para Marco Aurélio, o homem participa de uma realidade divina. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e V estão corretas. b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. c)
Somente as afirmativas IV e VI estão corretas.
e) I, II e III.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
62. (Ufsj 2012) Sobre a ética na Antiguidade, é CORRETO afirmar que
e) Somente a afirmativa IV está correta.
a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um estado de plena serenidade para lidar com os sobressaltos da existência. b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades universalmente válidas. c)
Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade de purificação da alma para se alcançar a ideia de bem.
d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista voltada para o bem individual, que, ao ser exercida, se espargiria por todos os homens. 63. (Unisc 2012) Nas suas Meditações, o filósofo estoico Marco Aurélio escreveu: “Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua essência, um fluxo, seus sentidos, um turbilhão, todo o seu corpo, algo pronto a apodrecer, sua alma, inquietude, seu destino, obscuro, e sua fama, duvidosa. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é como o fluxo de um rio, e, quanto á alma, sonhos e fluidos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa terra estranha, e a reputação, esquecimento. O que pode, portanto, ter o poder de guiar nossos passos? Somente uma única coisa: a Filosofia. Ela consiste em abster-nos de contrariar e ofender o espírito divino que habita em nós, em transcender o prazer e a dor, não fazer nada sem propósito, evitar a falsidade e a dissimulação, não depender das ações dos outros, aceitar o que acontece, pois tudo provém de uma mesma fonte e, sobretudo, aguardar a morte com calma e resignação, pois ela nada mais é que a dissolução dos elementos pelos quais são formados todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para esses elementos em sua contínua transformação, por que, então, temer as mudanças e a dissolução do todo?”
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64. (Uenp 2011) Julgue as afirmações sobre a filosofia helenista. I. É o último período da filosofia antiga, quando a pólis grega desaparece em razão de invasões sucessivas, por persas e romanos, sendo substituída pela cosmópolis, categoria de referência que altera a percepção de mundo do grego, principalmente no tocante à dimensão política. II. É um período constituído por grandes sistemas e doutrinas que apresentam explicações totalizantes da natureza, do homem, concentrando suas especulações no campo da filosofia prática, principalmente da ética. III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o epicurismo, o ceticismo e o neoplatonismo. Estão corretas as afirmativas: a) Todas elas. b) Apenas I e II. c)
Apenas III.
d) Apenas II e III. e) Apenas I. 65. (Ufsj 2011) . Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar que a) os céticos buscaram uma mediação entre “o ser” e o “poder-ser”. b) o ceticismo relativo tem no subjetivismo e no relativismo doutrinas manifestamente apoiadas em seu princípio maior: toda interatividade possível.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
c)
Protágoras (séc. V a.C.), relativista, afirmou que “o Homem só entende a natureza porque o conhecimento emana dela e nela se instala”.
d) Górgias (485-380 a.C.) e Pirro (365-275 a.C.) são apontados como possíveis fundadores do ceticismo absoluto. 66. (Ueg 2011) Em meados do século IV a.C., Alexandre Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que incluía, entre outros territórios, a Grécia. Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de outro império, o romano. Esse período ficou conhecido como helenístico e representou uma transformação radical na cultura grega. Nessa época, um pensador nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola filosófica que pregava a ideia de que: a) seria impossível conhecer a verdade. b) seria inadmissível permanecer na mera opinião. c)
os princípios morais devem ser inferidos da natureza.
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo prazer. 67. (Uenp 2010) Sobre as escolas éticas do período helenístico, da antiguidade clássica da Filosofia Grega, associe a primeira com a segunda coluna e assinale e alternativa correta.
I.
epicurismo
II. estoicismo III. ceticismo IV.
ecletismo
A - É uma moral hedonista. O fim supremo da vida é o prazer sensível; o critério único de moralidade é o sentimento. Os prazeres estéticos e intelectuais são como os mais altos prazeres. B - Visa sempre um fim último éticoascético, sem qualquer metafísica, mesmo negativa. C - Se nada é verdadeiro, tudo vale unicamente. D - A paixão é sempre substancialmente má, pois é movimento irracional, morbo e vício da alma.
a) I – A, II – B, III – C, IV – D b) I – A, II – B, III – D, IV – C c)
I – A, II – D, III – C, IV – B
d) I – A, II – D, III – B, IV – C e) I – D, II – A, III – B, IV – C 68. Epicurismo, estoicismo, ceticismo e cinismo são escolas helenísticas, que desenvolvem uma reflexão em torno de temas éticos e morais, em contexto de destruição da pólis, em tempos de cosmopolítica. Confrontando a estoicismo com o epicurismo, o que especifica o pensamento estóico é:
CAPÍTULO 3
a) A construção de conceitos, fundamentado no racionalismo b) A indiferença e o autocontrole, na aceitação dos acontecimentos da vida c)
A busca por prazer, definido como o objetivo da vida humana.
d) Submissão ao destino, que representa um designio dos deuses e) Amor à convenções culturais e a paixão pela vida política 69. (Uff 2010) “Filosofia” (Noel Rosa) O mundo me condena, e ninguém tem pena Falando sempre mal do meu nome Deixando de saber se eu vou morrer de sede Ou se vou morrer de fome Mas a filosofia hoje me auxilia A viver indiferente assim Nesta prontidão sem fim Vou fingindo que sou rico Pra ninguém zombar de mim Não me incomodo que você me diga Que a sociedade é minha inimiga Pois cantando neste mundo Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo Quanto a você da aristocracia Que tem dinheiro, mas não compra alegria Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente Que cultiva hipocrisia. Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André Filho. a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apreendemos pela intuição mental. b) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade. c)
As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injustiças, mas para impedir que as sofram.
d) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim suas ações e intenções. e) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós somos donos. 70. Bayle, no seu “Dicionário histórico e crítico”, atribui dois princípios ao pirronismo: "que a natureza absoluta e interior dos objetos nos é escondida e que somente podemos estar seguros de como eles [os objetos] nos parecem a certos respeitos" ("Pirro" txt, p. 734). O primeiro diz respeito à parte crítica do pirronismo, em que se denunciam as pretensões dogmáticas, enquanto o segundo apresenta sua parte positiva. Para compreender adequadamente o ceticismo, é preciso entender sua atitude diante da pretensão filosófica de ter um conhecimento absoluto da natureza das coisas, bem como sua doutrina sobre o que é possível dizer sobre as coisas. (SMITH, Plínio Junqueira. Bayle e o ceticismo antigo In: Kriterion vol.48 no.115 Belo Horizonte 2007)
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A partir desse fragmento, sobre o ceticismo é correto afirmar que ele é a a) doutrina científica que afirma serem as evidencias racionais extraíveis da atividade intramental, sem vínculo com a experiência. b) doutrina do constante questionamento, especialmente no que se refere a questões metafísicas, dogmáticas e religiosas. c)
doutrina científica que combate o dogmatismo, afirmando que a verdade absoluta existe somente no âmbito da experiência.
d) doutrina filosófica que renuncia à busca pela verdade e afirma que o princípio e o fim da vida é o prazer.
"As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã."(Santo Tomás de Aquino ) Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que: a) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de Santo Tomás de Aquino, refletindo a diferença de épocas. b) a encíclica papal procura complementar Santo Tomás de Aquino, pois este colocava a natural acima da fé. c)
a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II.
d) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação com o pensamento filosófico.
e) doutrina científica que persegue a essência dos fenômenos para alcançar a ataraxia, que resulta desse conhecimento.
e)
71. Deus não pode infundir no homem opiniões ou uma fé que vão contra os dados do conhecimento adquirido pela razão natural. (...) Do exposto se infere: quaisquer que sejam os argumentos que se aleguem contra a fé cristã, não procedem retamente dos primeiros princípios inatos à natureza e conhecidos por si mesmos. Por conseguinte, não possuem valor demonstrativo, não passando de razões de probabilidade. E não é difícil refutá-los.
73. Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema __ de vós, ó Deus __ e tendendo para as coisas baixas: vontade que derrama as suas entranhas e se levanta com intumescência [vaidade, soberba] (...)
Tomás de Aquino. Contra os gentios. São Paulo: Abril Cultural, 1973 p. 70 ( Col. Os pensadores).
A partir desse trecho e de outras informações sobre a relação fé e razão, no pensamento de Tomás de Aquino, é correto afirmar que a) a razão, afetada pela fragilidade da condição humana, deve aceitar as verdades da fé, mesmo que irracionais e contraditórias. b) a inteligência e a vontade do homem são instâncias necessárias de suficientes para conferir livremente sentido à vida. c)
existe harmonia fundamental entre fé e razão, devendo a razão ser capaz de articular o conhecimento das realidades criadas, objeto da revelação divina, de forma argumentativa.
d) a fé se encontra subordinada à razão, que a potencializa para aproximar-se do Mistério, buscando sua compreensão. e) a razão deve renunciar à tentativa de justificar as verdade da fé cristã, uma vez que estas procedem diretamente de Deus. 72. (ENEM/1999) "(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé." (Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da Igreja católica sobre as relações entre fé e razão, 1998)
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tanto a encíclica papal como a frase de Santo Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamentos sobre fé e razão
O corpo, devido ao peso, tende para o lugar que lhe é próprio, porque o peso não tende só para baixo, mas também para o lugar que lhe é próprio. Assim, o fogo encaminha-se para cima e a pedra para baixo. Movem-se segundo seu peso. Dirigem-se para o lugar que lhes compete. O azeite derramado sobre a água aflora à superfície; a água vertida sobre o azeite submerge-se debaixo deste: movem-se segundo seu peso e dirigem-se para o lugar que lhes compete. As coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam. O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que vá, é ele quem me leva. Agostinho, As confissões. Livro VII,16 e VIII, 9. Trad. J. Oliveira Santos e Ambrósio Pina. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
Em conformidade com o pensamento patrístico de Agostinho, presente nos fragmentos acima, sua concepção de mal afirma que: a) metafisicamente, o mal é um mistério dentro do qual o ser humano se move. Torna-se impossível aos homens afastarem-se desse âmbito b) moralmente, o mal é uma criação da cultura, na qual os interesses individuais se sobrepõem às necessidades do corpo coletivo c)
fisicamente, o mal se identifica com a fragilidade e a morte, uma vez que os homens aspiram à vida eterna e a morte representa o fim desse ideal de vida
d) o mal consiste na falta, na desmedida, na inversão do amor, no apego às coisas terrenas, na perversão da vontade desviada de sua vocação primeira. e) a realização da vocação humana acontece no exercício do livre-arbítrio, sendo o mal a renúncia ao exercício do livre arbítrio. 74. Não obstante tudo isso [a criação do Universo, pelo Supremo Arquiteto e Pai], ao término do seu labor, desejava o
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
Artífice que existisse alguém capaz de compreender o sentido de tão grande obra, que amasse sua beleza e contemplasse a sua grandiosidade. (...) Tomou então o homem, essa obra de tipo indefinido e, tendo-o colocado no centro do universo, falou-lhe nesses termos: “A ti, ó Adão, não te temos dado, nem um lugar determinado, nem um aspecto próprio, nem qualquer prerrogativa só tua, para que obtenhas e conserves o lugar, o aspecto e as prerrogativas que desejares, segundo tua vontade e teus motivos. A natureza limitada dos outros está contida dentro das leis por nós prescritas. Mas tu determinarás a tua sem estar constrito por nenhuma barreira, conforme teu arbítrio, a cujo poder eu te entreguei. Coloquei-te no meio do mundo para que, daí, tu percebesses tudo o que existe no mundo. Não te fiz celeste nem terreno, mortal nem imortal, para que, como livre e soberano artífice, tu mesmo te esculpisses e te plasmasses na forma que tivesses escolhido. Tu poderás degenerar nas coisas inferiores, que são brutas, e poderás, segundo o teu querer, regenerar-te nas coisas superiores, que são divinas”. (...) (MIRANDOLA , Pico Della. A dignidade humana. Trad. Luis Feracine. São Paulo: Ed. Escala. pp. 39-42)
c)
CAPÍTULO 3
o retorno à tradição grega, que encontra no recurso à autoridade uma das estratégias e critérios de conhecimento seguro.
d) o resgate da experiência e a valorização da razão como critérios e guias no caminho do conhecimento verdadeiro. e) o estudo sistemático sobre realidades essenciais e metafísicas, transcendendo as realidades temporais. 76. “Os que se dedicam à critica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo. (...). Nossa maneira habitual de fazer está em seguir os nossos impulsos instintivos para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo, segundo as circunstâncias. Só pensamos no que queremos no próprio instante em que o queremos, e mudamos de vontade como muda de cor o camaleão”. MONTAIGNE, M. Ensaios. Livro II. Cap. I. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Nova cultural, 1991. P.157. (col. Os pensadores)
Com base nesse trecho renascentista, que resgata o humanismo, é possível afirmar que
Em conformidade com o fragmento acima, sobre as condições do agir humano, é coerente afirmar que
a) a ciência divina, que tudo criou, estabeleceu para o ser humano um destino que ele deverá realizar, conciliando liberdade e obediência.
a) a obediência às metas previamente estabelecidas é o caminho para realizar a potencia racional que os homens carregam em si.
b) a dignidade humana, que difere o ser humano dos demais animais, está na liberdade da automodelação e autodestinação.
b) a dimensão racional do ser humano possibilita buscar e alcançar o nexo causal existente nas ações humanas.
c)
a finitude ou a realidade limitada e mortal do ser humano é uma dimensão essencial, presente desde a criação do ser humano por Deus.
c)
existe no ser humano um principio racional comum a todos, capaz de ordenar e interpretar a lógica das ações humanas.
d) a graça divina, que acompanha o ser humano, impede a queda humana na degradação e degeneração.
d) os homens, naturalmente, agem movidos por suas paixões e impulsos, dos quais derivam a imprevisibilidade e a inconstância de suas ações.
e) o homem foi criado por Deus para a imortalidade. Mas, devido ao pecado, tornou-se mortal, como castigo pela sua transgressão.
e) o ser humano, pelo fato de ser livre e consciente, torna-se responsável pelas consequências de seus atos, individual e coletivamente.
75. Esse o homem novo do Renascimento: aquele que se liberta da tradição pela dúvida e confirma seu valor através dos resultados de seus esforços; aquele que confia em suas experiências e em sua razão; o que confia no novo, pois assume sua realização dentro da temporalidade.
77. (ENEM 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
PESSANHA, José Américo Motta. Humanismo e pintura. In: NOVAES, Adauto. Artepensamento. São Paulo: Companhia das Letras,1994. P. 34
Com o Renascimento renascem os estudos científicos e o interesse pela vida social. A partir do fragmento acima, o que melhor caracteriza o renascimento é a) o ideal da vida contemplativa, uma vez que a libertação da tradição cristã e medieval remete o homem para o ócio e a criação artística. b) o saber que parte da dúvida e estabelece verdade universais e dogmáticas, reforçando o principio da objetividade.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.)
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. c)
compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. 78. (UNICAMP 2016). Quanto seja louvável a um príncipe manter a fé, aparentar virtudes e viver com integridade, não com astúcia, todos o compreendem; contudo, observa-se, pela experiência, em nossos tempos, que houve príncipes que fizeram grandes coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e souberam, pela astúcia, transtornar a cabeça dos homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir. (Maquiavel. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 73-85.)
A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, é correto afirmar que: a) O jogo das aparências e a lógica da força são algumas das principais artimanhas da política moderna explicitadas por Maquiavel b) A prudência, para ser vista como uma virtude, não depende dos resultados, mas de estar de acordo com os princípios da fé. c)
Os princípios e não os resultados é que definem o julgamento que as pessoas fazem do governante, por isso é louvável a integridade do príncipe.
d) A questão da manutenção do poder é o principal desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja. 79. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. ( MAQUIAVEL, N. O príncipe. RJ: Bertrand, 1991.)
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser: a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c)
guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seu direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
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80. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos c)
afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem. e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. 81. Admite-se de maneira geral que o século XVII sofreu e realizou uma radicalíssima revolução espiritual de que a ciência moderna é ao mesmo tempo a raiz e o fruto. Alguns historiadores viram seu aspecto mais característico na secularização da consciência, seu afastamento de metas transcendentes para objetivos imanentes, ou seja, a substituição da preocupação pelo outro mundo e pela outra vida pela preocupação com esta vida e este mundo. Para outros autores, sua característica mais assinalada foi a descoberta, pela consciência humana, de sua subjetividade essencial e, por conseguinte, a substituição do objetivismo dos medievos e dos antigos pelo subjetivismo dos modernos; outros ainda creem que o aspecto mais destacado daquela revolução terá sido a mudança de relação entre teoria e práxis, o velho ideal da vida contemplativa cedendo lugar ao da vita activa. Enquanto o homem medieval e o antigo visavam à pura contemplação da natureza e do ser, o moderno deseja a dominação e a subjugação. KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. RJ/SP, Forense: 1979. p 13-14.
A partir desse fragmento, a melhor afirmativa para caracterizar o significado da revolução científica do século XVII refere-se ao fato de que ela a) destruiu o princípio da dúvida e da incerteza, em nome de uma verdade que possa ser aplicada universalmente. b) construiu a passagem para o objetivismo, no qual a verdade representa uma realidade objetiva, externa e anterior ao sujeito. c)
resgatou a preocupação com metas que transcendem o imediatismo do mundo presente, buscando conhecer as causas e as finalidades dos movimentos dos corpos.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
d) implicou a passagem de uma visão objetivista de mundo hierarquizado e ordenado para uma noção de universo infinito, regido por leis passíveis de estudo. e) realizou profunda crítica à mentalidade secularizada, uma vez que reconhece a importância da dimensão religiosa, ainda que privatizada. 82. ( Enem 2012)
a) A expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. c)
ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
TEXTO I Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos fragmentos permite assumir que Descartes e Hume a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. c)
CAPÍTULO 3
são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do com hecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento. 83. (Enem 2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente. CUPANI, A. “A tecnologia como problema filosófico: três enfoques.” Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos 84. Leia o fragmento a seguir À primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade. (...) Entretanto, embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência. (...) Todos os materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas ou internas; mas a mistura e composição deles dependem do espírito e da vontade. (...) Todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas. HUME, David. “Investigação a cerca do entendimento humano”. Seção II. Da origem das ideias. Trad. Anoar Aiex. 5ª edição. São Paulo: Nova Cultural, 1992 (os pensadores) P.70
A partir desse fragmento e de outras informações, sobre o pensamento de David Hume é correto afirmar que: a) O ato de conhecer somente é possível devido à existência das ideias inatas e das faculdades mentais preexistentes. b) A afirmativa sobre a possibilidade de ideias universais é verdadeira, pois a experiência que as possibilita é uma realidade universalmente vivenciada. c)
O intelecto humano encontra-se limitado e inscrito no círculo da experiência; por isso, o conhecimento seguro vincula a ação da mente humana à experiência.
d) As experiências nos permitem captar o nexo causal e, em decorrência, proceder a generalizações na busca pela verdade. e) As nossas ideias, que nascem das percepções, são mais vivas e fortes do que as sensações originárias. 85. Leia o fragmento a seguir “É evidente a quem investiga o objeto do conhecimento humano haver ideias atualmente impressas nos sentidos, ou percebidas considerando as paixões e operações do espírito, ou finalmente formuladas com auxílio da memória e da imaginação, compondo, dividindo ou simplesmente representando as originariamente apreendidas pelo modo acima referido.
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Pela vista tenho ideias de luzes e cores (...). Pelo tato percebo o áspero e o macio, o quente e o frio (...) O olfato fornece-me aromas, o paladar sabores, e o ouvido traz ao espírito os sons na variedade de tom e composição.[...]. Mas ao lado da infinita variedade de ideias ou objetos do conhecimento, há alguma coisa que os conhece ou percebe, e realiza diversas operações como querer, imaginar, recordar, a respeito deles.. Este percipiente, ser ativo, é o que chamo mente, espírito, alma, ou eu (...). Todos concordarão que nem os pensamentos, nem as paixões, nem as ideias formadas pela imaginação existem sem o espirito. (...) Que são os objetos mencionados (casas, montanhas, rios, todos os objetos sensíveis) senão coisas percebidas pelos sentidos? BERKELEY, George Tratado sobre os princípios do conhecimento humano. Trad. Antônio Sérgio. 5ªedição. São Paulo: Nova Cultural, 1992 (Os pensadores). P.13.17
A partir do fragmento acima, é correto afirmar que a) o conhecimento está diretamente vinculado à atividade intramental, à intuição intelectiva da realidade. b) o pressuposto fundamental do conhecimento afirma que conhecer é captar a verdade e a essência presente dos objetos. c)
a existência objetiva dos objetos, independentemente da mente subjetiva, é a condição previa que possibilita as ideias universais.
d) o conhecimento possível encontra-se vinculado ao pressuposto de que conhecer é perceber. Por isso, toda ideia é ideia de algo percebido.
d) na proporção em que nos concentramos nas múltiplas formas das coisas, aproximamo-nos de um conhecimento sólido. e) essencialmente, a mesma realidade permanece, pois as mudanças são acidentais e não afetam a substância do ser. 87. Leia o fragmento a seguir O argumento do consenso universal, do qual se faz uso para demonstrar que existem princípios inatos, me parece uma demonstração do fato de que não existe nenhum princípio semelhante, posto que não existe princípio sobre o qual universalmente os homens estejam de acordo. (LOCKE, Ensaio sobre o Entendimento Humano).
Em verdade, todos os argumentos derivados da experiência se fundam na semelhança que constatamos em objetos naturais e que nos induz a esperar efeitos semelhantes àqueles que temos visto resultar de tais objetos. HUME, David. Investigação a cerca do entendimento humano. Seção IV. Dúvidas céticas sobre as Operações do Entendimento. Trad. Anoar Aiex. 5ª edição. São Paulo: Nova Cultural, 1992 (os pensadores) P. 80.
Na disputa com Renê Descartes, sobre a possibilidade de ideia inata e universal, John Locke e David Hume afirmam que: a) o conhecimento, na visão epistemológica do empirismo, parte das percepções sensíveis para, finalmente, concentrar-se na atividade intramental. b) os conteúdos da mente humana são percepções, estimuladas e possibilitadas pelas ideias a priori.
e) a ideia que a mente pode ter dos objetos não depende da existência real dos objetos, pois conhecer é intuir mentalmente.
c)
86. Leia o fragmento a seguir
d) o conhecimento fundado na experiência permite-nos falar em verdades universais, uma vez que todos os humanos podem fazer as mesmas experiências.
Tomemos, por exemplo, esse pedaço de cera que acabo de tirar da colmeia; ele não perdeu ainda a doçura do mel que continha, retém ainda algo do odor das flores... sua cor, sua figura, sua grandeza são evidentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. (...). Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se... Embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após essa modificação? (DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 96. Coleção Os Pensadores).
A partir de uma perspectiva racionalista, a) torna-se impossível uma radical separação entre forma e essência, de tal modo que a uma mudança na forma afeta também a essência. b) o conhecimento verdadeiro é atividade intramental e, por isso, descarta qualquer procedimento com base na dúvida. c)
a aparência é tudo o que vemos, por isso, é preciso renunciar à pretensão de um conhecimento conceitual.
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as ideias universais são uma crença resultante do hábito da associação de ideias particulares originadas das sensações, sempre particulares.
e) A verdade é uma espécie de intuição, fruto da abstração mental. Por essa razão, é possível sempre de novo esperar o que já aconteceu. 88. (Ufsj 2011). Leia o fragmento a seguir John Locke é apontado como pioneiro do materialismo moderno. Sobre o “materialismo moderno”, é CORRETO afirmar que: a) “Deriva as ‘ideias’ de que se constitui o conhecimento diretamente das sensações que se marcaram na mente [...] não cabendo assim ao pensamento nada mais, [...] que combinar, comparar e analisar essas mesmas ideias”. b) “Todo o princípio do conhecimento material é sensorial, transponível, relativo e infinito”. c)
“O valor da experiência sensível, como fator primário da elaboração cognitiva, está na possibilidade de conhecer a essência da natureza”.
d) “O conhecimento deve ser introjetado a partir da experiência extrassensorial, peculiar a todo ser pensante”.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
89. Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. (...) Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me persuade de que não devo menos cuidadosamente impedir-me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis, do que às que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. E, para isso, não é necessário que examine cada uma em particular, o que seria um trabalho infinito; mas, visto que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas as minhas antigas dúvidas estavam apoiadas. Tudo o que recebi, até presentemente, como mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos. Ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e que de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. ( DESCARTES. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural. Os pensadores.)
A partir desse fragmento de Descartes, sobre a concepção e os procedimentos do racionalismo infere-se que: a) No caminho das ciências torna-se impossível alcançar alguma verdade que resista ao princípio da dúvida. b) O erro está vinculado às intuições do intelecto, que muitas vezes estabelece sentenças sem vínculo com a realidade empírica. c)
O verdadeiro conhecimento encontra-se vinculado à tradição, pois já foi testado através dos tempos.
CAPÍTULO 3
TEXTO II É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F.L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. c)
investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. 91. (ENEM 2014) É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. (SILVA, F. l. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a)
d) O princípio da dúvida, especialmente aplicado a tudo que se origina de nossas sensações, passa a ser o caminho privilegiado na busca por ideias claras e distintas.
a) dissolução do saber científico.
e) Descartes defende uma postura empirista, para a qual fora da experiência concreta nenhuma verdade poderá ser definida como segura.
c)
b) recuperação dos antigos juízos. exaltação do pensamento clássico.
d) surgimento do conhecimento inabalável. e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.
90. (Enem 2013) TEXTO I Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
92. ( ENEM 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias. (Descartes, R. Regras para a orientação do espírito) Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da: a) Investigação de natureza empírica
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA b) Retomada da tradição intellectual
A partir do texto, é correto afirmar que:
c)
a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são conceitos equivalentes.
Imposição de valores ortodoxos
d) Autonomia do sujeito pensante e) Liberdade do agente moral 93. (Unesp 2018) De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo. (Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.)
A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico.
b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico. c)
O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando opiniões e verdades são coincidentes.
d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são fundamentos do pensamento filosófico moderno 96. (Ufsj 2012) Ao analisar o cogito ergo sum – penso, logo existo, de René Descartes, conclui-se que a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria corporal. b) a subjetividade científica só pode ser pensada a partir da aceitação de uma relação empírica fundada em valores concretos. c)
o eu cartesiano é uma ideia emblemática e representativa da ética que insurgia já no século XVI.
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e extensão.
d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas científicos e filosóficos ao lançar a dúvida sistemático-indutiva respaldada pelas ideias iluministas e métodos incipientes da revolução científica.
c)
97. (Ufsj 2011) Analise a seguinte afirmação:
o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo.
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza espiritualista. e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente filosófico 94. (Ufsm 2015) O conhecimento é uma ferramenta essencial para a sobrevivência humana. Os principais filósofos modernos argumentaram que nosso conhecimento do mundo seria muito limitado se não pudéssemos ultrapassar as informações que a percepção sensível oferece. No período moderno, qual processo cognitivo foi ressaltado como fundamental, pois permitia obter conhecimento direto, novo e capaz de antecipar acontecimentos do mundo físico e também do comportamento social? a) Dedução. b) Indução. c)
Memorização.
d) Testemunho. e) Oratória e retórica. 95. (Unicamp 2014) A dúvida é uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste comportamento, a verdade é atingida através da supressão provisória de todo conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da Filosofia. (Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.)
290 Filosofia | Curso Enem 2019
“Uma prática pela qual conhecendo a força e as ações do fogo, da água, dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam, tão distintamente como conhecemos os diferentes misteres de nossos artesãos, pudéssemos aplicá-los pela mesma forma a todos os usos para os quais são próprios, e tornando-nos assim como senhores e possuidores do Universo”. Essa afirmação refere-se a) à alusão de Descartes acerca do conhecimento que se configura como domínio do Homem sobre a realidade. b) à manipulação conceitual por meio da qual se originam todas as operações lógicas com a finalidade de alcançar o conhecimento. c)
à famosa questão dos “universais” que agitou e, dada a posição central que ocupa, atualizou em boa parte, durante séculos, o melhor do pensamento filosófico.
d) ao objeto de que se ocupam os pensadores que levam em consideração o conhecimento, que deriva da metafísica aristotélica. 98. (Ufu 2011) Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um novo método de investigação baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, controle. Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese. a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta decompor o problema em seus elementos últimos, ou mais simples.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos últimos ou mais simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos. c)
99. (Uel 2011) O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]” (DESCARTES. René. “Meditações Metafísicas”. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)
Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar: a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis. b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados. c)
enunciado eu, eu sou, eu, eu existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes que é por mim proferido ou concebido na mente. (DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Tradução, nota prévia e revisão de Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.)
A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até os mais complexos; a regra da síntese orienta prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples.
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra da análise orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião.
Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real.
d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar. e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada. 100. ( Uel 2010) Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo. De sorte que, depois de ponderar e examinar cuidadosamente todas as coisas é preciso estabelecer, finalmente, que este
CAPÍTULO 3
Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano, é correto afirmar: a) A existência decorre do ato de aparecer e se apresenta independente da essência constitutiva do ser. b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao trazer à mente a imagem da coisa pensada, assegura a sua realidade. c)
A existência é concebida pelo ato originário e imaginativo do pensamento, o qual impede que a realidade seja mera ficção.
d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização dos objetos, cuja integridade é dada pela manifestação da sua aparência. e) A existência é a evidência revelada ao ser humano pelo ato próprio de pensar. 101. (Uff 2012) “Logo que adquiri algumas noções gerais relativas à Física, julguei que não podia mantê-las ocultas, sem pecar grandemente contra a lei que nos obriga a procurar o bem geral de todos os homens. Pois elas me fizeram ver que é possível chegar a conhecimentos que sejam úteis à vida e assim nos tornar como que senhores e possuidores da natureza. O que é de desejar, não só para a invenção de uma infinidade de utensílios, que permitiriam gozar, sem qualquer custo, os frutos da terra e de todas as comodidades que nela se acham, mas principalmente também para a conservação da saúde, que é sem dúvida o primeiro bem e o fundamento de todos os outros bens desta vida.” (DESCARTES, Discurso do Método) Assinale a alternativa que resume o pensamento de Descartes. a) O conhecimento deve ser mantido oculto para evitar que seja empregado para dominar a natureza. b) O conhecimento da natureza satisfaz apenas ao intelecto e não é capaz de alterar as condições da vida humana. c)
Nosso intelecto é incapaz de conhecer a natureza.
d) Devemos buscar o conhecimento exclusivamente pelo prazer de conhecer. e) O conhecimento e o domínio da natureza devem ser empregados para satisfazer as necessidades humanas e aperfeiçoar nossa existência. 102. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá. KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
Curso Enem 2019 | Filosofia
291
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa.
b) O elemento determinante do caráter moral de uma ação está na inclinação da qual se origina, sendo as inclinações serenas moralmente mais perfeitas do que as passionais. c)
b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. c)
opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas. 103. (Enem PPL 2016) Os ricos adquiriram uma obrigação relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua existência ao ato de submissão à sua proteção e zelo, o que necessitam para viver; o Estado então fundamenta o seu direito de contribuição do que é deles nessa obrigação, visando a manutenção de seus concidadãos. Isso pode ser realizado pela imposição de um imposto sobre a propriedade ou a atividade comercial dos cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos e de uso dos juros obtidos a partir deles, não para suprir as necessidades do Estado (uma vez que este é rico), mas para suprir as necessidades do povo. KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
O sentimento é o elemento determinante para a ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar uma direção à presente inclinação, na medida em que fornece o meio para alcançar o que é desejado.
d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se nos “propulsores” humanos naturais, os quais se direcionam ao bem próprio e ao bem do outro. e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se na razão prática pura, e as leis morais devem ser independentes de qualquer condição subjetiva da natureza humana. 105. (Ufsm 2015) A necessidade de conviver em grupo fez o homem desenvolver estratégias adaptativas diversas. Darwin, num estudo sobre a evolução e as emoções, mostrou que o reconhecimento de emoções primárias, como raiva e medo, teve um papel central na sobrevivência. Estudos antigos e recentes têm mostrado que a moralidade ou comportamento moral está associado a outros tipos de emoções, como a vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no entanto, teorias éticas que afirmam que as ações boas devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não por impulsos ou emoções. Essa teoria é a ética
Segundo esse texto de Kant, o Estado
a) deontológica ou kantiana.
a) deve sustentar todas as pessoas que vivem sob seu poder, a fim de que a distribuição seja paritária.
b) das virtudes.
b) está autorizado a cobrar impostos dos cidadãos ricos para suprir as necessidades dos cidadãos pobres. c)
dispõe de poucos recursos e, por esse motivo, é obrigado a cobrar impostos idênticos dos seus membros.
d) delega aos cidadãos o dever de suprir as necessidades do Estado, por causa do seu elevado custo de manutenção. e) tem a incumbência de proteger os ricos das imposições pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam mais tributos. 104. (Uel 2015) As leis morais juntamente com seus princípios não só se distinguem essencialmente, em todo o conhecimento prático, de tudo o mais onde haja um elemento empírico qualquer, mas toda a Filosofia moral repousa inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao homem, não toma emprestado o mínimo que seja ao conhecimento do mesmo (Antropologia). KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p.73.
Com base no texto e na questão da liberdade e autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta. a) A fonte das ações morais pode ser encontrada através da análise psicológica da consciência moral, na qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o que ele deveria ser.
292 Filosofia | Curso Enem 2019
c)
utilitarista.
d) contratualista. e) teológica.
106. (Unesp 2015) A fonte do conceito de autonomia da arte é o pensamento estético de Kant. Praticamente tudo o que fazemos na vida é o oposto da apreciação estética, pois praticamente tudo o que fazemos serve para alguma coisa, ainda que apenas para satisfazer um desejo. Enquanto objeto de apreciação estética, uma coisa não obedece a essa razão instrumental: enquanto tal, ela não serve para nada, ela vale por si. As hierarquias que entram em jogo nas coisas que obedecem à razão instrumental, isto é, nas coisas de que nos servimos, não entram em jogo nas obras de arte tomadas enquanto tais. Sendo assim, a luta contra a autonomia da arte tem por fim submeter também a arte à razão instrumental, isto é, tem por fim recusar também à arte a dimensão em virtude da qual, sem servir para nada, ela vale por si. Trata-se, em suma, da luta pelo empobrecimento do mundo. (Antônio Cícero. “A autonomia da arte”. Folha de São Paulo, 13.12.2008. Adaptado.)
De acordo com a análise do autor, a) a racionalidade instrumental, sob o ponto de vista da filosofia de Kant, fornece os fundamentos para a apreciação estética.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
b) um mundo empobrecido seria aquele em que ocorre o esvaziamento do campo estético de suas qualidades intrínsecas. c)
a transformação da arte em espetáculo da indústria cultural é um critério adequado para a avaliação de sua condição autônoma.
d) o critério mais adequado para a apreciação estética consiste em sua validação pelo gosto médio do público consumidor. e) a autonomia dos diversos tipos de obra de arte está prioritariamente subordinada à sua valorização como produto no mercado. 107. (Uel 2014) Kant, mesmo que restrito à cidade de Königsberg, acompanhou os desdobramentos das Revoluções Americana e Francesa e foi levado a refletir sobre as convulsões da história mundial. Às incertezas da Europa plebeia, individualista e provinciana, contrapôs algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao menos no pensamento, a sociabilidade e a paz entre as nações com vista à constituição de uma federação de povos – sociedade cosmopolita.
dernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. c)
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil do prejudicial torna imperativo um governo paternal para indicar a felicidade. b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade, sendo considerados cidadãos ativos também as mulheres e os empregados. c)
No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os membros da comunidade e o chefe de Estado.
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir igualdade de ação em conformidade com a lei universal da liberdade. e) Os súditos estão autorizados a transformar em violência o descontentamento e a oposição ao poder legislativo supremo. 108. (Enem 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. 109. (Enem 2012) Um Estado é uma multidão de seres humanos submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder executivo na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do juiz.
(Adaptado de: ANDRADE, R. C. “Kant: a liberdade, o indivíduo e a república”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.49-50.)
Com base nos conhecimentos sobre a Filosofia Política de Kant, assinale a alternativa correta.
CAPÍTULO 3
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
De acordo com o texto, em um Estado de direito a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem o verdadeiro poder. b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação da vontade geral. c)
o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.
d) o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações. e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano. 110. (Uel 2012) O desenvolvimento não é um mecanismo cego que age por si. O padrão de progresso dominante descreve a trajetória da sociedade contemporânea em busca dos fins tidos como desejáveis, fins que os modelos de produção e de consumo expressam. É preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende predominantemente por desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades (menos energia, menos água, mais eficiência, mais tecnologia), mas pouco as qualidades: que desenvolvimento, para que e para quem? (LEROY, Jean Pierre. “Encruzilhadas do Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente”. Le Monde Diplomatique Brasil. jul. 2008, p.9.)
Tendo como referência a relação entre desenvolvimento e progresso presente no texto, é correto afirmar que, em Kant, tal relação, contida no conceito de Aufklärung (Esclarecimento), expressa:
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da lógica de produção capitalista.
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Mo-
b) A segmentação do desenvolvimento tecnocientífico nas diversas especialidades.
Curso Enem 2019 | Filosofia
293
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
A ampliação do uso público da razão para que se desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito técnico e material das sociedades. e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na resolução dos problemas da filosofia prática. 111. (Uncisal 2011) ( com alteração) No século XVIII, o filósofo Emanuel Kant formulou as hipóteses de seu idealismo transcendental. Segundo Kant, todo conhecimento logicamente válido inicia-se pela experiência, mas é construído internamente por meio das formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias lógicas do entendimento. Dessa maneira, para Kant, não é o objeto que possui uma verdade a ser conhecida pelo sujeito cognoscente, mas sim o sujeito que, ao conhecer o objeto, nele inscreve suas próprias coordenadas sensíveis e intelectuais. De acordo com a filosofia kantiana, pode-se afirmar que a) a mente humana é como uma “tabula rasa”, uma folha em branco que recebe todos os seus conteúdos da experiência. b) os conhecimentos são revelados por Deus para os homens. c)
todos os conhecimentos são inatos, não dependendo da experiência.
d) a revolução kantiana consiste em reconhecer a primazia do objeto sobre o sujeito. e) para Kant, o centro do processo de conhecimento é o sujeito, não o objeto. 112. (Uel 2011) Na Primeira Secção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos fundamentais de sua teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo categórico. Esses dois conceitos traduzem as duas condições básicas do dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu aspecto subjetivo, o acatamento da lei pela subjetividade livre, como condição necessária e suficiente da ação. (DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 29.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria moral kantiana, é correto afirmar: a) A vontade boa, enquanto condição do dever, consiste em respeitar a lei moral, tendo como motivo da ação a simples conformidade à lei. b) O imperativo categórico incorre na contingência de um querer arbitrário cuja intencionalidade determina subjetivamente o valor moral da ação. c)
Para que possa ser qualificada do ponto de vista moral, uma ação deve ter como condição necessária e suficiente uma vontade condicionada por interesses e inclinações sensíveis.
d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio para a satisfação de todas as necessidades e assim realizar seu verdadeiro destino prático: a felicidade.
294 Filosofia | Curso Enem 2019
e) A razão, quando se torna livre das condições subjetivas que a coagem, é, em si, necessariamente conforme a vontade e somente por ela suficientemente determinada. 113. (Ufu 2013) Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85.
De acordo com a doutrina ética de Kant: a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva. b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a satisfação de paixões subjetivas. c)
Inclinação é a independência da faculdade de apetição das sensações, que representa aspectos objetivos baseados em um julgamento universal.
d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento determinante do agir, para a satisfação das inclinações. 114. Portanto, tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há espaço para a indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente, não há cultivo da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. (...) Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é consequência: que nada pode ser injusto. A noção de bem e mal, de justiça ou de injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. [...] É esta pois a miserável condição em que o homem realmente se encontra por obra da simples natureza. (Hobbes, O Leviatã. Capítulo XIII. Dos direitos dos soberanos por instituição. Trad. João Paulo M. e Maria Beatriz N.S . São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os pensadores).
A partir desse fragmento, a noção de estado de natureza, presente no pensamento de Thomas Hobbes, expressa a ideia de que a) a desconfiança que os homens alimentam uns dos outros, impossibilitando toda forma de comércio, tem sua origem nas primeiras guerras civis. b) a violência passa a existir a partir do momento em que os homens rompem o pacto livremente construído.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
c)
nenhuma ação humana, no estado natural, poderá ser definida como justa ou injusta, uma vez que nessa esfera inexiste a lei.
d) o individualismo dos homens não é natural, mas é atitude e espirito decorrentes da histórica competição entre os homens e) o individualismo moderno, ao alimentar o espírito de competição, inibe a sociabilidade humana natural. 115. (Unioeste 2012) “Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, porque abrirá ele mão dessa liberdade, porque abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito incerta e está constantemente exposta à invasão de terceiros porque, sendo todos reis tanto quanto ele, todo homem igual a ele, e na maior parte pouco observadores da equidade e da justiça, a fruição da propriedade que possui nesse estado é muito insegura, muito arriscada. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da propriedade e dos bens a que chamo de 'propriedade'”. Locke
CAPÍTULO 3
116. A primeira e a mais importante consequência decorrente dos princípios até aqui estabelecidos é que só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de sua instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição dos interesses particulares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi o acordo desses mesmos interesses que o possibilitou. O que existe de comum nesses vários interesses forma o liame social e, se não houvesse um ponto em que todos os interesses concordassem, nenhuma sociedade poderia existir. Ora, somente com base nesse interesse comum é que a sociedade pode ser governada. Afirmo, pois, que a soberania, não sendo senão o exercício da vontade geral, jamais pode alienar-se e que o soberano, que nada é, senão um ser coletivo, só pode ser representado por si mesmo. O poder pode transmitir-se; não porém, a vontade. (...) A soberania é indivisível pela mesma razão que é inalienável, pois a vontade ou é geral, ou não o é, ou é a do corpo do povo, ou somente de uma parte. (...) Há comumente muita diferença entre a vontade de todos e a vontade geral. Esta se prende somente ao interesse comum; a outra, ao interesse privado e não passa da soma das vontades particulares. ROUSSEAU, J. Jacques, Do contrato social. Livro segundo.Trad. Lourdes Santos Machado. 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. P. 43-47. (Os pensadores)
A partir desse fragmento, em conformidade com Rousseau, o que caracteriza a noção de soberania é a ideia de que a) a soberania indivisível e indestrutível exige dos súditos absoluta obediência às orientações do governante, que foi eleito para a defesa do bem comum.
Sobre o pensamento político de Locke e o texto acima, seguem as seguintes afirmativas:
b) o governo, seja ele democrático ou aristocrático, torna-se poder soberano, se for legitimamente instituído, atendendo a vontade de todos.
I. No estado de natureza, os homens usufruem plenamente, e com absoluta segurança, os direitos naturais.
c)
II. O objetivo principal da união dos homens em comunidade, colocando-se sob governo, é a preservação da “propriedade”. III. No estado de natureza, falta uma lei estabelecida, firmada, conhecida, recebida e aceita mediante consentimento, como padrão do justo e injusto e medida comum para resolver quaisquer controvérsias entre os homens. IV. Os homens entram em sociedade, abandonando a igualdade, a liberdade e o poder executivo que tinham no estado de natureza, apenas com a intenção de melhor preservar a propriedade. V. No estado de natureza, há um juiz conhecido e imparcial para resolver quaisquer controvérsias entre os homens, de acordo com a lei estabelecida. Das afirmativas feitas acima a) somente a afirmação I está correta. b) as afirmações I e III estão corretas. c)
as afirmações II e V estão corretas.
d) as afirmações IV e V estão corretas. e) as afirmações II, III e IV estão corretas.
a soberania pertence à vontade de maioria, pois esse é o critério da verdadeira democracia.
d) a soberania deve ser transferida aos governantes, uma vez que o individualismo dos cidadãos caminha na contramão da vontade geral. e) o contrato social proporciona ao corpo político poder de soberania inalienável, vontade soberana, que requer do governante a subordinação à vontade geral. 117. O povo, por si, quer sempre o bem, mas por si nem sempre o encontra. A vontade geral é sempre certa, mas o julgamento que a orienta nem sempre é esclarecido. (...) Os particulares discernem o bem que rejeitam; o público quer o bem que não discerne. Todos necessitam, igualmente, de guias. A uns é preciso obrigar a conformar a vontade à razão, a outro, ensinar a conhecer o que quer. Então, das luzes públicas resulta a união do entendimento e da vontade no corpo social, daí o perfeito concurso das partes e, enfim, a maior força do todo. Eis donde nasce a necessidade de um Legislador.(...) Aquele que ousa empreender a instituição de um povo deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a natureza humana, transformar cada ser indivíduo, que por si mesmo é um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior, do qual de certo modo esse indivíduo recebe sua vida e seu ser; alterar a constituição do homem para fortificá-la, substituir a existência física e independente, que todos nós recebemos da natureza, por uma existência parcial e moral.
Curso Enem 2019 | Filosofia
295
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA ROUSSEAU, J. Jacques, Do contrato social. Livro segundo.Trad. Lourdes Santos Machado. 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (Os pensadores) P.56-57 )
A partir desse fragmento, que expressa a reflexão de Rousseau, a ideia de governo da natureza humana expressa que a)
a principal função do legislador está em lutar contra a natureza individualista, irracional e amoral do individuo, adaptando-a para a vida coletiva.
b) a natureza humana no âmbito público, na esfera da coletividade, dispensa a necessidade de um guia espiritual. c)
a vontade particular, embora normalmente não apresente o conhecimento do que seja o bem comum, caminha na direção da vontade geral.
d) o que deteriora a natureza humana é a natural competitividade mesma, uma vez que o homem, originariamente bom, posteriormente degenerou-se no âmbito natural. e) O perfil necessário ao legislador não se encontra entre os humanos. Por essa razão, o poder deve ser uma aristocracia intelectiva. 118. (Enem 2015) A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles a) entravam em conflito.
consultavam os anciãos.
d) apelavam aos governantes.
c)
Monarquia Republicana.
d) Monarquia Absolutista. e) Despotismo Esclarecido. 120. (Pucpr 2015) “É do homem que devo falar, e a questão que examino me indica que vou falar a homens, pois não se propõem questões semelhantes quando se teme honrar a verdade. Defenderei, pois, com confiança a causa da humanidade perante os sábios que a isso me convidam e não ficarei descontente comigo mesmo se me tornar digno de meu assunto e de meus juízes”. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.159.
A partir da teoria contratualista de Rousseau, assinale a alternativa que representa aquilo que o filósofo de Genebra pretende defender na obra. a) Que a desigualdade social é permitida pela lei natural e, portanto, o Estado não é responsável pelo conflito social. b) Que a desigualdade social é autorizada pela lei natural, ou seja, que a natureza não se encontra submetida à lei. c)
Que no estado natural existe apenas o direito de propriedade.
d) Que a desigualdade moral ou política é uma continuidade daquilo que já está presente no estado natural. e) Que há, na espécie humana, duas espécies de desigualdade: a primeira, natural, e a segunda, moral ou política 121. (Unioeste 2013)
Bobbio.
e) exerciam a solidariedade. 119. (Uema 2015) Para Thomas Hobbes, os seres humanos são livres em seu estado natural, competindo e lutando entre si, por terem relativamente a mesma força. Nesse estado, o conflito se perpetua através de gerações, criando um ambiente de tensão e medo permanente. Para esse filósofo, a criação de uma sociedade submetida à Lei, na qual os seres humanos vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupõe que todos renunciem à sua liberdade original. Nessa sociedade, a liberdade individual é delegada a um só dos homens que detém o poder inquestionável, o soberano. HOBBES, T . Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João Paulo Monteiro; Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora NOVA Cultural, 1997.
A teoria política de Thomas Hobbes teve papel fundamental na construção dos sistemas políticos contemporâneos que consolidou a (o)
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b) Despotismo Soberano.
“Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no consenso, de subordinação do poder executivo ao poder legislativo, de um poder limitado, de direito de resistência, Locke expôs as diretrizes fundamentais do Estado liberal.”
b) recorriam aos clérigos. c)
a) Monarquia Paritária.
Considerando o texto citado e o pensamento político de Locke, seguem as afirmativas abaixo: I. A passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil, segundo Locke, é realizada mediante um contrato social, através do qual os indivíduos singulares, livres e iguais dão seu consentimento para ingressar no estado civil. II. O livre consentimento dos indivíduos para formar a sociedade, a proteção dos direitos naturais pelo governo, a subordinação dos poderes, a limitação do poder e o direito à resistência são princípios fundamentais do liberalismo político de Locke. III. A violação deliberada e sistemática dos direitos naturais e o uso contínuo da força sem amparo legal, segundo Locke, não são suficientes para conferir legitimidade ao direito de resistência, pois o exercício de tal direito causaria a dissolução do estado civil e, em consequência, o retorno ao estado de natureza.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
IV. Os indivíduos consentem livremente, segundo Locke, em constituir a sociedade política com a finalidade de preservar e proteger, com o amparo da lei, do arbítrio e da força comum de um corpo político unitário, os seus inalienáveis direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade. V. Da dissolução do poder legislativo, que é o poder no qual “se unem os membros de uma comunidade para formar um corpo vivo e coerente”, decorre, como consequência, a dissolução do estado de natureza. Das afirmativas feitas acima a) somente a afirmação I está correta.
CAPÍTULO 3
[...] O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição [...] nisto temos a clara diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham confundido, eles estão tão distantes um do outro [...]. LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978.
Leia o texto acima e assinale a alternativa correta. a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de destruição, inimizade, enfim uma guerra “de todos os homens contra todos os homens”.
b) as afirmações I e III estão corretas.
b) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra.
c)
c)
as afirmações III e IV estão corretas.
d) as afirmação II e III estão corretas. e) as afirmações III e V estão incorretas. 122. (Uel 2011) Locke divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder de declarar a guerra, concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o governo continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e quando o governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania. (LOCKE, John. In: MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III. p. 1770.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar: I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a vigência da legalidade. II. O Estado deve cuidar do bem-estar material dos cidadãos sem tomar partido em questões de matéria religiosa. III. O poder legislativo ocupa papel preponderante. IV. Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o Estado tem o poder de fazer as leis e obrigar que sejam cumpridas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 123. (Ufu 2011). Os filósofos contratualistas elaboraram suas teorias sobre os fundamentos ou origens do poder do Estado a partir de alguns conceitos fundamentais tais como, a soberania, o estado de natureza, o estado civil, o estado de guerra, o pacto social etc.
Segundo Locke, para compreendermos o poder político, é necessário distinguir o estado de guerra do estado de natureza.
d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no fato de ambos utilizarem o conceito de estado de natureza exatamente com o mesmo significado. 124. (Uel 2010) Aquele que se alimentou com bolotas que colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou das árvores na floresta, certamente se apropriou deles para si. Ninguém pode negar que a alimentação é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os cozinhou? Quando os levou para casa? Ou quando os apanhou? (LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 98)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de John Locke, é correto afirmar que a propriedade: I. Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma vez que ao acrescentar algo que é seu aos objetos da natureza o homem os transforma em sua propriedade. II. A possibilidade que o homem tem de colher os frutos da terra, a exemplo das maçãs, confere a ele um direito sobre eles que gera a possibilidade de acúmulo ilimitado. III. Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e sem a intervenção humana, pertencem a um direito comum de todos. IV. Nasce da sociedade como consequência da ação coletiva e solidária das comunidades organizadas com o propósito de formar e dar sustentação ao Estado Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 125. (Unioeste 2010) “Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que es-
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA tado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as suas posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem. [...] Estado também de igualdade, no qual é recíproco qualquer poder e jurisdição, ninguém tendo mais do que qualquer outro […]. Contudo, embora seja um estado de liberdade, não o é de licenciosidade; apesar de ter o homem naquele estado liberdade incontrolável de dispor da própria pessoa e posses, não tem a de destruir-se a si mesmo ou a qualquer criatura que esteja em sua posse, senão quando uso mais nobre do que a simples conservação o exija. O estado de natureza tem uma lei de natureza para governá-lo, que a todos obriga. [...] E para impedir a todos os homens que invadam os direitos dos outros e que mutuamente se molestem, e para que se observe a lei da natureza, que importa na paz e na preservação de toda a Humanidade, põe-se, naquele estado, a execução da lei da natureza nas mãos de todos os homens, mediante a qual qualquer um tem o direito de castigar os transgressores dessa lei em tal grau que lhe impeça a violação, pois a lei da natureza seria vã, como quaisquer outras leis que digam respeito ao homem neste mundo, se não houvesse alguém nesse estado de natureza que não tivesse poder para pôr em execução aquela lei e, por esse modo, preservasse o inocente e restringisse os ofensores.” (Locke) Considerando o texto citado, é correto afirmar, segundo a teoria política de Locke, que a) o estado de natureza é um estado de perfeita concórdia e absoluta paz, tendo cada indivíduo poder ilimitado para realizar suas ações como bem lhe convier, sem nenhuma restrição de qualquer lei, seja ela natural ou civil. b) concebido como um estado de perfeita liberdade e de igualdade, o estado de natureza é um estado de absoluta licenciosidade, dado que, nele, o homem tem a liberdade incontrolável para dispor, a seu bel-prazer, de sua própria pessoa e de suas posses. c)
pela ausência de um juiz imparcial, no estado de natureza todos têm igual direito de serem executores, a seu modo, da lei da natureza, o que o caracteriza como um estado de guerra generalizada e de violência permanente.
d) no estado de natureza, pela ausência de um juiz imparcial, todos e qualquer um, julgando em causa própria, têm o “direito de castigar os transgressores” da lei da natureza, de modo que este estado seja de relativa paz, concórdia e harmonia entre todos. e) no estado de natureza, todos os homens permanentemente se agridem e transgridem os direitos civis dos outros.
126. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana (...). Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr
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todo homem no domínio do que ele é de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 11-12)
Com base nesse fragmento e em outras reflexões sobre o existencialismo em Sartre, sobre o tema da condição humana infere-se a) a angústia da existência, pois os seres humanos são movidos por um profundo e permanente medo da morte violenta. b) a essencial liberdade, dimensão inalienável, da qual nasce a responsabilidade moral pelas decorrências das ações humanas, pessoal e socialmente. c)
a inútil luta humana contra o destino, pois as forças exteriores da cultura abafam a originalidade e a criatividade dos indivíduos.
d) nada define o homem, pois sua vida é uma incógnita, um mistério, que não apresenta uma base a partir da qual as ações humanas possam ser avaliadas. e) a natureza humana difere da natureza animal uma vez que a primeira possui uma inteligência abstrata e metafísica 127. (Enem 2016) Ser ou não ser – eis a questão. Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte Quando tivermos escapado ao tumulto vital Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão Que dá à desventura uma vida tão longa. SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre a) consciência de si e angústia humana. b) inevitabilidade do destino e incerteza moral. c)
tragicidade da personagem e ordem do mundo.
d) racionalidade argumentativa e loucura iminente. e) dependência paterna e impossibilidade de ação. 128. (Ufsj 2013) Na obra “O existencialismo é um humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é definido pela livre escolha e valores inventados pelo sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza humana essencial. b) mostrar o significado ético do existencialismo. c)
criticar toda a discriminação imposta pelo cristianismo, através do discurso, à condição de ser inexorável, característica natural dos homens.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
CAPÍTULO 3
d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação humanas que só se fortalecem a partir do exercício da liberdade
Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia existencialista de Sartre e nas informações acima, assinale a alternativa correta.
129. (Ufsj 2012) A angústia, para Jean-Paul Sartre, é
a) Porque entende que somos livres, Sartre defendeu uma filosofia não engajada, isto é, uma filosofia que não deve se importar com os acontecimentos sociais e políticos de seu tempo.
a) tudo o que a influência de Shopenhauer determina em Sartre: a certeza da morte. O Homem pode ser livre para fazer suas escolhas, mas não tem como se livrar da decrepitude e do fim. b) a nadificação de nossos projetos e a certeza de que a relação Homem X natureza humana é circunstancial, objetiva, e pode ser superada pelo simples ato de se fazer uma escolha. c)
a certificação de que toda a experiência humana é idealmente sensorial, objetivamente existencial e determinante para a vida e para a morte do Homem em si mesmo e em sua humanidade.
d) consequência da responsabilidade que o Homem tem sobre aquilo que ele é, sobre a sua liberdade, sobre as escolhas que faz, tanto de si como do outro e da humanidade, por extensão. 130. (Ifsp 2011) Ao defender as principais teses do Existencialismo, Jean-Paul Sartre afirma que o ser humano está condenado a ser livre, a fazer escolhas e, portanto, a construir seu próprio destino. O pressuposto básico que sustenta essa argumentação de Sartre é: a) A suposição de que o homem possui uma natureza humana, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal. b) A compreensão de que a vida humana é finita e de que o homem é, sobretudo, um ente que está no mundo para a morte. c)
A ideia de que a existência precede a essência e, por isso, o ser humano não está predeterminado a nada.
d) A convicção de que o homem está desamparado e é impotente para mudar o seu destino individual. e) A ideia de que toda pessoa tem uma potencial a realizar, desde quando nasce, mas é livre para transformar ou não essa possibilidade em realidade. 131. (Ufu 2011) Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) encontrou um motivo de reflexão sobre a liberdade na obra de Dostoiévski Os irmãos Karamazov: “se Deus não existe, tudo é permitido”. A partir daí teceu considerações sobre esse tema e algumas consequências que dele podem ser derivadas. [...] tudo é permitido se Deus não existe e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. [...] Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9.
b) Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em Deus e não do fato de sermos absolutamente livres ou como ele afirma “o homem está condenado a ser livre”. c)
As ações humanas são o reflexo do equilíbrio entre o livre-arbítrio e os planos que Deus estabelece para cada pessoa, consistindo nisto a verdadeira liberdade.
d) Para Sartre, as ações das pessoas dependem somente das escolhas e dos projetos que cada um faz livremente durante a vida e não da suposição da existência e, portanto, das ordens de Deus. 132. (ENEM 2013) O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chama-lo, se quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não contado, mas desfeito – tudo por uma simples ideia de arquitetura! BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2006
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos a)
religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
b) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida. c)
repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
d) sutis, que adestram os corpos no espaço tempo por meio do olhar como instrumento de controle. e) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas. 133. (Unioeste 2016) Os estudos realizados por Michel Foucault (1926-1984) apresentam interfaces que corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das prisões”, na qual propunha uma nova concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados que marcaram a posição tradicional da esquerda do período. Sobre a concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar. a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe dominante que detém o poder econômico.
Curso Enem 2019 | Filosofia
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CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de Estado, que é o instrumento privilegiado do poder. c)
Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida econômica é organizada determina a política.
d) O poder tem como essência dividir os que possuem poder (classe dominante) daqueles que não têm poder (classe dos dominados). e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe dominante: as relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência. 134. (PUC-PR 2008) Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA: a) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas. b) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico. c)
A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce automaticamente.
d) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplina-mecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares. e) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplina - mecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência. 135. (ENEM 2010) . A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo. FOUCAULT. M. “Aula de 14 de janeiro de 1976” In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é a) combater ações violentas na guerra entre as nações.
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b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. c)
criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos. e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados 136. “O homem é algo que deve ser superado. O que fizestes para superá-lo? Todos os seres, até hoje, criaram algo que ia além de si mesmos: e vós, ao contrário, quereis ser o refluxo dessa grande vaga, e voltar a ser animais em vez de superar o homem? O que é o macaco para o homem? Algo que faz rir, ou algo que provoca um doloroso senso de vergonha? A mesma coisa será o homem para o Super-Homem: um motivo de riso ou de dolorosa vergonha. (...) Suplico-vos, irmãos, sede fiéis à terra, e não acreditais naqueles que vos falam de esperanças extraterrenas! Eles são manipuladores de venenos, quer saibam-no ou não. (...) Pecar contra a terra, eis a coisa mais terrível que se pode fazer hoje. (...) Outrora a alma olhava o corpo com desprezo e então nada era superior a esse desprezo; ela o queria magro, faminto, horrível. Pensava escapar assim dele e da Terra. Oh, aquela alma era ela mesma horrível, magra, faminta: e a sua alegria era a crueldade!” (NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra)
A partir do fragmento e de outros conhecimentos, percebemos que Nietzsche alimenta uma ideia de super-homem que a) é testemunha de uma loucura personificada, do desprezo à virtude e à qualquer moralidade possível. b) está para além do bem e do mal, acima das prescrições, dos ritos e das leis, pois apela para a realização da vontade de potência, para a imaginação criadora. c)
inaugura uma nova concepção de vida moral, na qual a humildade e a prudência são as virtudes maiores.
d) alimenta a perspectiva metafísica e teológica, a esperança extraterrena como realização definitiva da essência humana. e) Representa e realiza forte critica ao humanismo, pois encarna profundo pessimismo antropológico. 137. (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos Apolo e Dionísio, respectivamente, como a) complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas. b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência humana. c)
alteridade e virtu: expressões dinâmicas de intervenção e subversão de toda moral humana.
d) razão e desordem: dimensões complementares da realidade. 138. No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-Homem, um dos mais conheci-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
dos personagens das histórias em quadrinhos. a) A diferença entre os dois “super-homens” está no fato de Nietzsche defender que o super-homem b) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, repudiando o uso da força física e da violência na consecução de seus objetivos. c)
expressaria os princípios morais do protestantismo, em contraposição ao materialismo presente no herói dos quadrinhos.
d) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas do cristianismo. e) representaria os valores políticos e morais alemães, e não o individualismo pequeno burguês norte-americano. 139. Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é fundamental entender a crítica que ele faz à metafísica. Nesse sentido, é CORRETO afirmar que essa crítica a) tem o sentido, na tradição filosófica, de contentamento, plenitude.
e) o estágio atual da humanidade é o estágio positivo, do método científico que capta a verdade do objeto e descreve suas leis de funcionando. 141. (Ufrgs 2012) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx identificam imperfeições na sociedade industrial capitalista, embora cheguem a conclusões bem diferentes: para o positivismo de Comte, os conflitos entre trabalhadores e empresários são fenômenos secundários, deficiências, cuja correção é relativamente fácil, enquanto, para Karl Marx, os conflitos entre proletários e burgueses são o fato mais importante das sociedades modernas. A respeito das concepções teóricas desses autores, é CORRETO afirmar: a) Comte pensava que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a justiça social. b) Comte considera que a partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade principal das coletividades passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à resolução de todos os conflitos. c)
b) é a inauguração de uma nova forma de pensar sem metafísica através do método genealógico. c)
é o discernimento proposto por Nietzsche para levar à supressão da tendência que o homem tem à individualidade radical.
d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua razão, tem como conceber uma metafísica qualquer, que não tenha recebido a chancela da observação. 140. “A existência humana não podia, pois, sistematizar-se plenamente, enquanto o regime teológico prevalecesse, porque nossos sentimentos e nossos atos imprimiam então a nossos pensamentos dois impulsos essencialmente inconciliáveis. Seria, ademais, supérfluo apreciar aqui a inanidade necessária [vaidade] da coordenação metafísica, que, a despeito de suas pretensões absolutas, nunca pôde retirar da teologia o domínio afetivo, sendo sempre menos própria a abarcar a vida ativa.” COMTE, Augusto. Discurso sobre o conjunto do positivismo. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 48.
A partir do fragmento acima e em conformidade com o positivismo de Augusto Comte, a) o espírito metafísico é fundamental para a superação de um estágio para outro, em direção a uma sociedade emancipada de todo pragmatismo e cientificismo. b) o verdadeiro conhecimento parte da interpretação do fato social, ocasionando diferentes formas de leituras do real, resultando na impossibilidade de neutralidade científica. c)
o verdadeiro homem, que superou as superstições, crenças e idealizações, desconfia também do saber científico, alimentando postura cética.
d) torna-se impossível qualquer pretensão de emancipação do espírito teológico, que está na base de toda forma de pensamento.
CAPÍTULO 3
Marx acredita que a história humana é feita de consensos e implica, por um lado, o antagonismo entre opressores e oprimidos; por outro lado, tende a uma polarização em dois blocos: burgueses e proletários.
d) Para Karl Marx, o caráter contraditório do capitalismo manifesta-se no fato de que o crescimento dos meios de produção se traduz na elevação do nível de vida da maioria dos trabalhadores embora não elimine as desigualdades sociais. e) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx concordam que a sociedade capitalista industrial expressa a predominância de um tipo de solidariedade, que classificam como orgânica, cujas características se refletirão diretamente em suas instituições. 142. (Unioeste 2012) A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte – foi sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por que o pensamento positivista deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar que a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a metafísica. b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado positivo. c)
o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida moral.
d) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutá veis nos fenômenos observáveis.
Curso Enem 2019 | Filosofia
301
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e) para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem. 143. Uma ciência não é meramente um “corpo de fatos”. Será, no mínimo, uma coleção, e como tal depende dos interesses do colecionador, de um ponto de vista. Em ciência, esse ponto de vista é determinado por uma teoria científica; isto é, escolhemos dentre a infinita variedade de fatos e dentre a infinita variedade de aspectos dos fatos aqueles fatos e aspectos que são interessantes porque ligados a alguma teoria científica mais ou menos preconcebida. [...] O método da ciência reside na procura de fatos que possam refutar a teoria. Karl POPPER. A sociedade aberta e seus inimigos. Tomo 2. 3ª edição. São Paulo: Itatiaia, 1998. p.267-268.
Com base nesse fragmento e em outras informações sobre a concepção de Karl Popper, sobre a atividade científica é correto afirmar que ela é a) a busca da verdade da realidade; portanto, tem caráter objetivo e imparcial; de onde deriva sua universalidade; b) situada culturalmente e realizada a partir de interesses e ideologias pessoais e/ou coletivos, de onde deriva a relatividade de seus projetos e processos. c)
saber dos fatos que estão submetidos à relação causa-efeito, captada pela pesquisa científica, de onde deriva sua neutralidade.
d) movida pelo princípio da falseabilidade, uma vez que não há compromisso com a verdade ou com o progresso em sua pesquisa. e) procedimento dedutivo, pois parte de teorias que já existem e busca as necessárias aplicações aos casos particulares. 144. “Considero “paradigmas” as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”. (...). A ciência normal, atividade na qual a maioria dos cientistas emprega inevitavelmente quase todo o seu tempo, é baseada no pressuposto de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do sucesso do empreendimento deriva da disposição da comunidade para defender esse pressuposto __ com custos consideráveis, se necessário. Por exemplo, a ciência normal frequentemente suprime novidades fundamentais, porque estas subvertem necessariamente seus compromissos básicos. (...) São denominados de revoluções científicas os episódios extraordinários nos quais ocorre essa alteração de compromissos profissionais. As revoluções científicas são os complementos desintegradores da tradição à qual a atividade da ciência normal está ligada. (...) O estudo dos paradigmas, muitos dos quais bem mais especializados do que os indicados acima [astronomia “Ptolomaica” (ou “copernicana) “dinâmica aristotélica (ou “newtoniana”), óptica corpuscular” ou (“óptica ondulatória)] é o que prepara basicamente o estudante para ser membro de uma comunidade científica determinada na qual atuará mais tarde. Thomas KUHN. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Ed .erspectiva. 2ª ed. 1978 p.15-30
302 Filosofia | Curso Enem 2019
As grandes realizações das ciências encontram-se sempre circunscritas por um paradigma, seja ele já consolidado ou emergente. Infere-se disso que a) a pesquisa científica passa de um paradigma a outro, sem demorar-se em crises, pois essas dificultam o caminhar das ciências. b) a revolução na ciência e na humanidade, na passagem de um paradigma a outro, é sempre passagem para um estágio melhor e mais evoluído. c)
a ciência normal é a ciência que existe no período em que o paradigma se encontra vigente e consolidado, alimentando a confiança do cientista.
d) a revolução científica, concebida por Thomas Kuhn, expressa o espírito e a atitude cientificista, movida pela certeza e neutralidade do saber cientifico. e) a ciência extraordinária, que se desenvolve durante a crise do paradigma tradicional, desconfia do poder que as novas leituras possam trazer. 145. “Visto que qualquer descrição tem que ser parcial, a História Natural típica omite com frequência de seus relatos imensamente circunstanciais exatamente aqueles detalhes que cientistas posteriores considerarão fontes de iluminações importantes. (...) Não é de admirar que nos primeiros estágios do desenvolvimento de qualquer ciência, homens diferentes confrontados com a mesma gama de fenômenos __ mas em geral não com os mesmos fenômenos particulares __ os descrevem e interpretem de maneiras diversas. É surpreendente (e talvez também único, dada a proporção em que ocorrem) que tais divergências iniciais possam em grande parte desaparecer nas áreas que chamamos ciência. As divergências realmente desaparecem em grau considerável e então, aparentemente, de uma vez por todas. Além disso, em geral seu desaparecimento é causado pelo triunfo de uma das escolas pré-paradigmáticas, a qual, devido a suas próprias crenças e preconceitos característicos, enfatizava apenas alguma parte especial do conjunto de informações demasiado numeroso e incoativo.” Thomas S. Kuhn. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva. 2. ed.1978, p.36-37
A partir do fragmento acima, e considerando-se a reflexão de Thomas Kuhn, a estrutura da revolução cientifica afirma que a) a crise do paradigma inaugura a ciência normal, pois esse passa a ser o novo perfil da ciência contemporânea. b) a crise de paradigma que acontece na ciência deve-se, essencialmente, à inquietude da comunidade cientifica, que sempre tende a rejeitar paradigmas. c)
o elemento central da revolução científica é a reflexão sobre o destino final da evolução científica. A preocupação central é com a direção para a qual a humanidade caminha.
d) o conhecimento é processo e produto sempre situado historicamente, tendendo, no campo científico, à formação de um paradigma predominante. e) no campo das ciências, não há espaço para as divergências, devido ao caráter objetivo e universal que necessariamente perpassa todo o processo da pesquisa cientifica.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
146. Thomas Kuhn tomou como ponto de partida um estudo sobre a história da ciência. Ele desenvolveu sua teoria acerca da história da ciência entendendo-a na contramão da concepção positivista. Desse modo, considerando sua filosofia da ciência é correto afirmar que: a) o progresso da ciência é linear, passando por estágios cada vez mais evoluídos b) a ciência passa por revoluções, nas quais há uma quebra de paradigma. c)
a ciência normal é aquela que caminha em meio a crise de paradigma
d) a ciência, devido ao seu método, realiza um conhecimento puro, neutro e imparcial. e) ciência e filosofia não se distinguem. São saberes que buscam o conhecimento. 147. Karl Popper é conhecido como filósofo que fez uma profunda critica ao positivismo de augusto Comte. Nessa crítica, Popper afirma que: a) A atividade científica é neutra, uma vez que a subjetividade não interfere na pesquisa
CAPÍTULO 3
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem forma sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas.” Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. Col. Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1991. p. 34-35
Com base nesse fragmento, considerando o tema do conhecimento, o pensamento de Nietzsche afirma que a) a verdade que devemos procurar somente é possível mediante a construção conceitual. Dessa forma, todo esforço metodológico deve estar a serviço dessa construção. b) a verdade da história se revela progressivamente ao pesquisador. Para captar essa verdade, é preciso uma notável abertura de espírito. c)
o conceito que expressa a verdade de uma realidade é uma decorrência das características objetivas dos objetos.
b) A ciência é a única forma segura de conhecimento, por ter um método de capta a verdade
d) o conceito, sendo igualação do não igual, descarta as diferenças, as ilusões, e capta a essência do fenômeno.
c)
e) as verdades, que a cultura cristã racionalista ocidental nos impõem, não passam de ilusões, uma vez que são visões singulares vinculadas a um tempo histórico particular.
O progresso científico é possível, devido às aprendizagens como o processo de falseação
d) O caminho do conhecimento segue uma escala evolutiva linear. e) O método da suspensão de juízo e da dúvida hiperbólica é o caminho para o conhecimento. 148. Kuhn é conhecido como o filósofo da revolução científica. Isso se deve ao fato de ele afirmar que: a) A verdade científica é sempre uma verdade dentro de um modelo, dentro de um paradigma em vigor b) Não existe conhecimento científico verdadeiro c)
A humanidade caminha por estágios, começando pelo estágio metafísico até chegar no estágio físico
d) A revolução científica consiste em quebrar todos os paradigmas e deles se libertar e) A verdade científica é possível se e somente se o conhecimento ficar no nível da experiência 149. "Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma folha é inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha formado é formado por arbitrários abandonos dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas houvesse algo que fosse "folha", uma espécie de folha primordial, segundo a qual todas as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como cópia fiel da forma primordial (...)
150. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir a sua colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo de trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade. MARX, K. O capital: crítica da economia política. Trad. Reginaldo Sant’Anna. 5ª ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1980 Livro Primeiro. Vol. I. Pág. 202. (Fragmento)
De acordo com essa reflexão de Karl Marx, infere-se que: a) O que distingue a atividade humana das operações de uma abelha está no fato desta última ser marcada pela abstração. b) O trabalho humana não consegue se livrar da alienação á qual sempre está submetido c)
As operações dos animais são trabalhos libres, uma vez que não sofrem das exigências da cultura
d) O trabalho humano tem a sua singularidade no fato de ser resultante de uma projeção mental. e) tanto o trabalho de uma abelha quanto o trabalho do ser humano são frutos de projetos.
Curso Enem 2019 | Filosofia
303
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 151. Consideramos até aqui a alienação, a espoliação do operário, só sob um aspecto, o de sua relação com os produtos de seu trabalho. Ora, a alienação não aparece somente no resultado, mas também no ato da produção, no interior da própria atividade produtora. Como o operário não seria estranho ao produto de sua atividade se, no próprio ato de produção, não se tornasse estranho a si mesmo? (...) O trabalho alienado, o trabalho no qual o homem se espolia, é sacrifício de si, mortificação. Enfim, o operário ressente a natureza exterior do trabalho pelo fato de que não é seu bem próprio, mas o de outro, que não lhe pertence; que no trabalho o operário não pertence a si mesmo, mas a outro. MARX, K. esboço de uma crítica da economia política. Tradução Constança Terezinha M. César. São Paulo: Paulus, 1997. p.250-251.
A partir desse trecho, considerando a reflexão de Karl Marx, a alienação é concebida como a) resultado de um processo no qual o trabalhador é responsável por sua situação degradante. b) mal necessário, pois é o preço a pagar para conquistar melhor condição social e emancipação política. c)
resultado e processo no qual o trabalhador é vítima de um modelo econômico que o despersonaliza e coisifica.
d) conatural ao trabalho, uma vez que este é essencialmente contrário à natureza humana, que tende ao ócio. e) vinculada à estrutura e à dinâmica do trabalho, pois a essência do trabalho consiste na luta contra a nossa natureza impulsiva. 152. Leia o trecho a seguir. A consciência não pode nunca ser outra coisa senão o ser consciente e o ser dos homens é seu processo de vida real. E se, em toda ideologia, os homens e suas relações nos parecem postos de cabeça para baixo como numa câmera escura, este fenômeno decorre de seu processo de vida histórica, absolutamente como a inversão dos objetos na retina decorre de seu processo de vida diretamente física. MARX,K; “Ideologia alemã” In: VV.AA. Os filósofos através dos textos. De Platão a Sartre. Tradução de Constança Terezinha M. César. São Paulo: Paulus, 1997. P.253-254.
A partir desse fragmento e considerando o pensamento filosófico, econômico e político de Karl Marx, a ideologia é concebida como. a) conjunto de valores e ideais decorrente da determinada prática do proletariado em sua luta contra a dominação b) recurso estratégico da classe dominante para impedir a formação da consciência critica e a organização do proletariado. c)
componente da superestrutura, que é a dimensão determinante na formação da consciência critica dos cidadãos.
d) movimento ascendente, responsável pelo progressivo engajamento político, que alimenta o espírito revolucionário. e) força política que possibilita a revolução do proletariado contra a alienação historicamente imposta pela classe dominante.
304 Filosofia | Curso Enem 2019
153. “A sociedade não pode mais viver sob o domínio da burguesia, vale dizer, a sua existência não é mais compatível com a sociedade. A condição essencial para a existência e do domínio da classe burguesa é a acumulação da riqueza em mãos privadas, a formação e o crescimento do capital; a condição do capital é o trabalho assalariado. O trabalho assalariado baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si.” MARX, Karl e ENGELS, Friedrich O Manifesto do Partido Comunista
“Ao contrário da filosofia alemã que desce do céu à terra, é da terra ao céu que se sobe aqui. Dito de outro modo, não partimos do que os homens dizem, imaginam, representam, nem sequer do que são nas palavras, no pensamento, na imaginação e na representação de outro, para chegar em seguida aos homens em carne e osso; não, partimos dos homens em sua atividade real; é a partir de seu processo de vida real que representamos também o desenvolvimento dos reflexos e dos ecos ideológicos desse processo vital. E mesmo as fantasmagorias no cérebro humano são sublimações resultantes necessariamente do processo de sua vida material que se pode constatar empiricamente e que repousa em bases materiais. Em consequência desse fato, a moral, a religião, a metafísica e todo o resto da ideologia, assim como as formas de consciência que lhe correspondem, perdem logo toda aparência de autonomia.” MARX, Karl. Ideologia Alemã. VV.AA. Os filósofos através dos textos. De Platão a Sartre. Trad. Constança Terezinha. São Paulo: Paulus, 1997. p.253.
Com base no fragmento acima e em outros conhecimentos, sobre o pensamento político e econômico de Karl Marx infere-se que a)
a ideologia pode servir a diferentes objetivos, pode servir de instrumento tanto para a libertação quanto para a alienação do trabalhador.
b)
a injustiça presente no capitalismo não se deve à sua estrutura, mas à sua conjuntura que, alterada, poderá trazer vida justa para as pessoas.
c)
o materialismo se apresenta como uma crítica ao idealismo, por este último apresentar uma visão de mundo universalista e desencarnada.
d) a consciência mantém uma nítida autonomia em relação às bases materiais da vida, uma vez que são as ideias que movem o mundo. e) a religião tem forte dimensão ideológica, uma vez que traz acentuado poder de mobilização social e de libertação. 154. (Enem 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c)
a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. 155. ( UFU, 2016) Marx e Engelsm se seu Manifesto do Partido Comunista, consideram que “a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.” Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o proletariado. a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a produção, e o proletariado é desprovido de liberdade para vender sua força de trabalho. b) Os burgueses são proprietários que utilizam da manufatura do proletariado para a produção de mercadorias, e o proletariado impulsiona o desenvolvimento da manufatura. c)
Os burgueses são os grandes proprietários de terras, e o proletariado detém o poder social e econômico.
d) Os burgueses são os detentores dos meios de produção, e o proletariado vende sua força de trabalho 156. (UNICAMP, 2010) A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilusões religiosas. A estrutura econômica da sociedade condiciona suas formas jurídicas, políticas e religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ela contrai que determinam a consciência. (Adaptado de K. Marx e F. Engels. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Ômega, s/d. vol. 1. P. 21-23, 301-302)
As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao pensamento conhecido como a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas a partir de ideias universais independentes da realidade histórica e social. b) materialismo histórico, que concebe a história a partir da luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações de produção.
c)
CAPÍTULO 3
socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do proletariado.
d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da ação direta. 157. “O poder corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em uníssono, em comum acordo. O poder jamais é propriedade de um indivíduo; pertence ele a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. (...) Governo algum, exclusivamente baseado nos instrumento da violência, existiu jamais. Mesmo o governante totalitário, cujo principal instrumento de dominação é a tortura, precisa de uma base de poder __a polícia secreta e a sua rede de informações (...). Homens isolados sem outros que os apoiem nunca têm poder suficiente para fazer uso da violência de maneira bem-sucedida. (...) Assim, nas questões internas, a violência funciona como o último recurso do poder contra os criminosos ou rebeldes, isto é, contra indivíduos isolados que, pode-se dizer, recusam-se a ser dominados pelo consenso da maioria”. ARENDT, Hannah. Da violência. Col. Pensamentos Políticos. Brasília: Ed. UnB, 1985.p.24.
Tendo como referência o fragmento de Hannah Arendt, o que caracteriza o poder é o fato de ele ser a) capacidade natural do ser humano, verificada na superioridade de uns sobre outros. b) realidade inerente à pessoa instituída de autoridade e que tem função de comando. c)
habilidade que brota do grupo e subsistir à medida que o grupo mantiver consensos.
d) ilegítimo ao usar da violência contra os indivíduos que atuam à margem da lei. e) característica normalmente presente, mas não necessária, para a existência de governo. 158. Há duas maneiras de subestimar, desdenhar e se equivocar no julgamento da importância do Holocausto para a sociologia como teoria da civilização, da modernidade, da civilização moderna. Uma é apresentar o Holocausto como algo que aconteceu aos judeus, como um evento da história judaica. Isso torna o Holocausto único, confortavelmente atípico e sociologicamente inconsequente. [...]. Outra maneira de apresentar o Holocausto [...] é como um caso extremo de uma ampla e conhecida categoria de fenômenos sociais, categoria seguramente abominável e repulsiva, mas com a qual podemos (e devemos) conviver. [...] Assim, o Holocausto é como mais um item (embora de destaque) numa ampla categoria que abarca muitos casos “semelhantes” de conflito, preconceito ou agressão. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Trad. Marcus Penchel. Rio de janeiro: Zahar, 1998. p. 19-20.
O mundo dos campos da morte e a sociedade que engendra revelam o lado progressivamente mais obscuro da civilização judaico-cristã. Civilização significa escravidão, guerras, exploração e campos da morte. Também significa higiene médica, elevadas ideias religiosas, belas artes e requintada música. É
Curso Enem 2019 | Filosofia
305
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA um erro imaginar que civilização e crueldade selvagem sejam antíteses... Em nosso tempo as crueldades, como muitos outros aspectos do nosso mundo, passaram a ser administradas de maneira muito mais efetiva que em qualquer época anterior. Não deixaram e não deixarão de existir. Tanto a criação como a destruição são aspectos inseparáveis do que chamamos civilização.
Relacione os princípios do Marco Civil da Internet às normas listadas.
RUBENSTEIN, Richard. “The Cunning of History”. Nova York: Harper, 1978, p. 91, 195. Citado em BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Trad. Marcus Penchel. Rio de janeiro: Zahar, 1998. p. 28.
( ) O sigilo e a inviolabilidade dos fluxos de comunicação e de conversas armazenadas devem ser garantidos.
I. Neutralidade II. Privacidade III. Liberdade de expressão
A partir desses fragmentos, considerando o tema do totalitarismo, sobre o fenômeno do holocausto infere-se que ele
( ) A remoção de conteúdo, para impedir a censura, não fica a cargo do provedor, podendo ser feita mediante ordem judicial.
a) é uma antítese da civilização moderna, um produto histórico sem lógica, um horror localizado no passado de nossa civilização.
( ) As fotos de indivíduos devem ser autorizadas por eles para serem veiculadas em anúncios na rede.
b) é fruto coerente de um modelo de civilização tecnológica, que mostra uma forma de realização da racionalidade moderna, de sua razão instrumental. c)
nasce do interior da própria cultura judaico-cristã que, diferente de outras culturas, tem uma história de perseguição e morte.
d) é uma aberração, uma violência desprovida de sentido, uma vez que a civilização é a historia da humanização do homem. e) nasce da natureza violenta do ser humano e se iguala a tantas outras formas cotidianas de violência e terror com as quais convivemos.
159. (Enem PPL 2015) Falava-se, antes, de autonomia da produção significar que uma empresa, ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via da publicidade. Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção. Mas, atualmente, as empresas hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzirem os produtos. Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede a produção dos bens e dos serviços. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000 (adaptado).
O tipo de relação entre produção e consumo discutido no texto pressupõe o(a) a) aumento do poder aquisitivo.
( ) Os pacotes de dados que circulam pela rede devem ser tratados de forma isonômica, sem distinção por conteúdo, origem, destino ou serviço. Assinale a opção que mostra a relação correta, de cima para baixo. a) I, III, II e I. b) II, I, II e III. c)
III, III, I e II.
d) I, II, III e III. e) II, III, II e I 161. (Unesp 2014) Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório. (Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.)
b) estímulo à livre concorrência.
O tema abordado pelo texto refere-se
c)
a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa.
criação de novas necessidades.
d) formação de grandes estoques. e) implantação de linhas de montagem. 160. (Fgv 2015) A regulamentação dos meios de comunicação tem gerado controvérsias, trazendo à tona a discussão sobre o direito de liberdade de expressão. Recentemente, no Brasil, esse debate se desenvolveu em torno do Marco Civil da Internet, sancionado em 2014.
306 Filosofia | Curso Enem 2019
b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa. c)
ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.
d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
CAPÍTULO 3
e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento.
c)
162. As queixas acerca da tendência do gosto musical são, na prática, tão antigas quanto esta experiência ambivalente que o gênero humano fez no limiar da época histórica, a saber: a música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento. [...]. A nova etapa da consciência musical das massas se define pela negação e rejeição do prazer no próprio prazer. [...]. O fascínio da canção da moda, do que é melodioso, e de todas as variantes da banalidade, exerce a sua influência desde o período inicial da burguesia. [...]. A liquidação do indivíduo constitui o sinal característico da nova época musical em que vivemos. [...]. Com efeito, a música atual, na sua totalidade, é dominada pela característica de mercadoria: os últimos resíduos pré-capitalistas foram eliminados.
d) estabelecer uma relação de independência frente à conjuntura política imediata.
ADORNO, Theodor W “O fetichismo na música” In. Max Horkheimer e Theodor W. Adorno. Textos escolhidos. Trad. Zeljko Loparié... [et al.] 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, p. 79-86. (Os pensadores)
A partir desse trecho, sobre o fenômeno da indústria cultural, infere-se que a) a arte, no mercado dos capitais, recebeu um novo vigor, recobrando seu sentido de bela arte. b) a gratuidade e o verdadeiro prazer artístico resistem à tendência econômica de manipular o universo da arte.
subordinar-se aos imperativos políticos e materiais de transformação da sociedade
e) contemplar as aspirações políticas das populações economicamente excluídas. 164. A expressão “indústria cultural” visa substituir a expressão “cultura de massa”, em voga, na época (1960). Para Adorno e Horkheimer, a expressão “cultura de massa” é fruto de um engodo, uma ideologia, uma inversão, de quem quer que apareça como se a massa fosse, espontaneamente, criando uma cultura. Ora, o que existe na prática é uma indústria que entope os indivíduos de imagens e necessidades artificiais que os reduzem a meros consumidores. Essa indústria cultural “integra verticalmente” os seus consumidores, determinando em larga escala o próprio consumo. Na condição de cúmplice da ideologia capitalista e a seu serviço, a indústria cultural falsifica as relações entre os homens e destes com a natureza, frutificando num anti-iluminismo, uma vez que impede o desenvolvimento das consciências, em nome do progresso e do domínio tecnológico. A indústria cultural impede a formação de pessoas autônomas, críticas, capazes de decisão consciente. Instaura-se um reino de mecanização, que vai do trabalho ao lazer, e o próprio ócio está em função do trabalho alienado. É preciso não trabalhar para poder ter mais forças e novamente se submeter ao trabalho mecanizado.
a música, na sociedade contemporânea, exerce a função de critica social, sendo expressão de arte engajada.
MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. Belo Horizonte:
d) as manifestações de arte, na cultura capitalista, foram transformadas em mercadorias sem densidade, expressões de vida líquida.
A partir da leitura desse fragmento sobre a indústria cultural infere-se que ela
c)
e) a liquidação do individuo, presente na forma contemporânea da música, é mal necessário para o ressurgimento do individuo autêntico. 163. (Unesp 2013) Uma obra de arte pode denominar-se revolucionária se, em virtude da transformação estética, representar, no destino exemplar dos indivíduos, a predominante ausência de liberdade, rompendo assim com a realidade social mistificada e petrificada e abrindo os horizontes da libertação. Esta tese implica que a literatura não é revolucionária por ser escrita para a classe trabalhadora ou para a “revolução”. O potencial político da arte baseia-se apenas na sua própria dimensão estética. A sua relação com a práxis (ação política) é inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais imediatamente política for a obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de transcendência e mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e Rimbaud que nas peças didáticas de Brecht.
PAX Editora, 2010. P. 450-451
a) sinaliza para o poder mobilizador da massa, capaz de criar cultura liberta das dominações e alienações. b) “integra verticalmente” as pessoas, ou seja, possibilita aos cidadãos a ascensão social, com consequente melhoria na qualidade de vida. c)
resulta do modelo econômico capitalista que transforma os indivíduos em consumidores de necessidades artificialmente criadas.
d) possibilita em larga escala o acesso aos bens básicos e fundamentais da vida, especialmente econômicos e culturais. e) fomenta o consumo responsável e o tempo livre, sendo meio privilegiado para a reflexão filosófica.
a) apresentar conteúdos ideológicos de caráter conservador da ordem burguesa.
165. (Uel 2011) Habermas distingue entre racionalidade instrumental e racionalidade comunicativa. A racionalidade comunicativa ocorre quando os seres humanos recorrem à linguagem com o intuito de alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir (ação moral). A racionalidade instrumental, por sua vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas, como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio e fim).
b) comprometer-se com as necessidades de entretenimento dos consumidores culturais.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar:
(Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d.)
Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte caracteriza-se por
Curso Enem 2019 | Filosofia
307
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando obter algo que desejamos e que sabemos que não receberíamos se disséssemos a verdade é um exemplo de racionalidade comunicativa. b) Realizar um debate entre os alunos de turma da faculdade buscando decidir democraticamente a melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de formatura é um exemplo de racionalidade instrumental. c)
Um adolescente que diz para seu pai que vai dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai para uma festa com amigos, é um exemplo de racionalidade comunicativa.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a moral em Habermas, é correto afirmar: a) A formação racional de normas de ação ocorre independentemente da efetivação de discursos e da autonomia pública. b) O discurso moral se estende a todas as normas de ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de vista da razão. c)
A validade universal das normas pauta-se no conteúdo dos valores, costumes e tradições praticados no interior das comunidades locais.
d) Alguém que decide economizar dinheiro durante vários anos a fim de fazer uma viagem para os Estados Unidos da América é um exemplo de racionalidade instrumental.
d) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo sem o consentimento da participação popular, garante a solução moral de conflitos de ação.
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir democraticamente o que irão fazer com o dinheiro que ganharam em um bolão da Mega Sena é um exemplo de racionalidade instrumental.
e) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de normas pautam-se no princípio do direito divino.
166. (Uel 2013)A utilização da Internet ampliou e fragmen tou, simultaneamente, os nexos de comunicação. Isto impacta no modo como o diálogo é construído entre os indivíduos numa sociedade democrática. (Adaptado de: HABERMAS, J. “O caos da esfera pública”. Folha de São Paulo, 13 ago. 2006, Caderno Mais!, p.4-5.)
A partir dos conhecimentos sobre a ação comunicativa em Habermas, considere as afirmativas a seguir. I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao usar os interlocutores como meios e desconsiderar o ser humano como fim em si mesmo. II. A validade do que é decidido consensualmente assenta-se na negociação em que os interlocutores se instrumentalizam reciprocamente em prol de interesses particulares. III. Como regra do discurso que busca o entendimento, devem-se excluir os interlocutores que, de algum modo, são afetados pela norma em questão. IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é construído a partir do diálogo e da argumentação que prima pelo entendimento mútuo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
168. (Uel 2012) Elaborada nos anos de 1980, em um contexto de preocupações com o meio ambiente e o risco nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as teorias deontológicas que a antecederam. Um exemplo está contido no texto a seguir. De maior gravidade são as consequências que um conceito restrito de moral comporta para as questões da ética do meio ambiente. O modelo antropocêntrico parece trazer uma espécie de cegueira às teorias do tipo kantiano, no que diz respeito às questões da responsabilidade moral do homem pelo seu meio ambiente. (HABERMAS, Jürgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. de Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p.212.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso, é correto afirmar que a ética a) abrange as ações isoladas das pessoas visando adequar-se às mudanças climáticas e às catástrofes naturais. b) corresponde à maneira como o homem deseja construir e realizar plenamente a sua existência no planeta. c)
compreende a atitude conservacionista que o sistema econômico adota em relação ao ambiente.
d) implica a instrumentalização dos recursos tecnológicos em benefício da redução da poluição. e) refere-se à atitude de retorno do homem à vida natural, observando as leis da natureza e sua regularidade
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
169. (Uel 2012) Leia o texto a seguir.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
O ser humano, no decorrer da sua existência na face da terra e graças à sua capacidade racional, tem desenvolvido formas de explicação do que há no intuito de estabelecer um nexo de sentido entre os fenômenos e as experiências por ele vivenciados. Essas vivências, à medida que são passíveis de expressão através das construções simbólicas contidas na linguagem, apresentam um caráter eminentemente social.
167. (Ueg 2012) “Uma moral racional se posiciona criticamente em relação a todas as orientações da ação, sejam elas naturais, autoevidentes, institucionalizadas ou ancoradas em motivos através de padrões de socialização. No momento em que uma alternativa de ação e seu pano de fundo normativo são expostos ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a problematização. A moral da razão é especializada em questões de justiça e aborda em princípio tudo à luz forte e restrita da universalidade.” (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. p. 149.)
308 Filosofia | Curso Enem 2019
(HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: Edições Cefil, 1999. p.13.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, assinale a alternativa correta.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Exercícios
CAPÍTULO 3
a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade.
d) enfatiza a compreensão individualista e instrumental do papel do cidadão na lógica privada do mercado.
b) As construções simbólicas se valem do apreço instrumental e do valor mercantil.
e) concilia, na mesma base, direitos humanos e soberania popular, reconhecendo-os como distintos, porém complementares.
c)
A importância do simbólico na sociedade decorre de sua adequação aos parâmetros funcionais e técnicos.
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à forma como o homem assegura sentido à realidade. e) A forma de expressăo dos elementos simbólicos na arena social deve atender a uma utilidade prática. 170. (Uem 2011) Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à escola de Frankfurt, também conhecida como Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de investigação filosófica. Sobre o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for correto. a) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas abandona, ao mesmo tempo, a teoria crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental. b) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas continua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à ortodoxia marxista. c)
A relação posta pela Filosofia positivista entre o objeto da investigação científica e o sujeito que investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser adotado por uma racionalidade que deseja a emancipação humana.
d) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas, elabora-se na interação intersubjetiva, mediatizada pela linguagem de sujeitos que desejam alcançar, por meio do entendimento, um consenso autêntico. 171. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter impessoal das leis e na proteção das liberdades individuais, de tal modo que o processo democrático é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição republicana, a primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, entendido como uma deliberação coletiva que conduz os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem comum. (Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. “Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar que Habermas a) privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento de uma democracia participativa. b) concede maior relevância à autonomia pública, opondo-se à autonomia privada. c)
ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, substituindo-as pela utilidade das normas morais.
172. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas apresenta uma reformulação do conceito weberiano de racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a pertinência da conexão dialética entre essas categorias, das quais deriva a diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita efetivamente a conexão entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa à instrumental”. (Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, é correto afirmar: a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência administrativa conduzem à organização das relações sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer formas de dominação. b) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento da técnica e da ciência depende da prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução material da vida e suas respectivas formas interativas. c)
O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças produtivas, permite estabelecer uma nova forma de legitimação que, por sua vez, nega as estruturas da ação instrumental, assimilando-as à ação comunicativa.
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a luta pela emancipação diz respeito tanto ao agir comunicativo, contra as restrições impostas pela dominação, quanto ao agir instrumental, contra as restrições materiais pela escassez econômica. e) A racionalização na dimensão da interação social submetida à racionalização na dimensão do trabalho na práxis social determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das forças produtivas e do bem-estar da vida humana. 173. (Uel 2009) A utilização de organismos geneticamente modificados, já presente em alimentos como soja e milho, remete para a questão dos limites éticos da pesquisa. Tendo presente a obra de Jürgen Habermas, é correto afirmar. a) O debate sobre as consequências éticas da ciência, especialmente da biotecnologia, deve ocorrer a posteriori para não atrapalhar um possível progresso resultante das novas descobertas científicas.
Curso Enem 2019 | Filosofia
309
CAPÍTULO 3
Exercícios
TRODUÇÃO À FILOSOFIA b)
A pesquisa com seres humanos, sobretudo quando envolve a possibilidade futura de intervenções terapêuticas e de aperfeiçoamento, requer que se faça uma clara distinção entre eugenia positiva e negativa.
c)
Para que a ciência progrida e as pesquisas avancem na direção de novas descobertas, a ciência necessita estar sintonizada com o princípio da neutralidade científica.
d)
Diante da inserção dos laboratórios de pesquisa na lógica de mercado, caso seja possível alterar geneticamente características dos bebês, caberá aos pais estabelecer limites éticos para as possibilidades oferecidas.
e)
O ritmo lento da produção legislativa frente à rapidez das novas descobertas científicas torna sem sentido estabelecer limites ético-normativos para questões que envolvem a ciência.
GABARITO 1
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31
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D
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2
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310 Filosofia | Curso Enem 2019
121
E
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D
SOCIOLOGIA Capítulo 1 - Socioantropologia Capítulo 1 - Socioantropologia - Exercícios Capítulo 2 - Ciência Políticas Capítulo 2 - Ciência Políticas- Exercícios
Capítulo 3 - Ciências Sociais em Temas Capítulo 3 Ciências Sociais em Temas - Exercícios
312 332 35 6 369 380 389
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
APRESENTAÇÃO Este material foi pensado e projetado para ser executado por você, estudante do Determinante, em parceria com seus colegas e amigos, sob a supervisão e as orientações do seu mestre, o professor. Seja muito bem-vindo (a)! No decorrer de nossa trajetória, buscaremos integrar duas dimensões fundamentais: Por um lado, conhecer teorias sociológicas, antropológicas e políticas. Por outro lado, aprender a fazer sociologia, antropologia e ciência política. Isso implicará, ao menos, uma tríplice atenção e cultivo. Inicialmente, uma conversão de nosso olhar para as múltiplas dimensões da realidade social, antropológica e política, buscando captar singularidades, relações, conflitos, e diferentes processos de construções históricos. Implicará, igualmente, leitura atenta das teorias que caracterizam os autores mais expressivos das áreas de conhecimento que compõem as ciências sociais. Em terceiro lugar, implicará a aprendizagem de competências e habilidades relacionadas ao aprender a fazer análises sociológicas, leitura e interpretação de textos O conteúdo que veremos poderá não nos ser estranho. Ele provavelmente será muito familiar, uma vez que o vemos ou ouvimos diariamente em diferentes meios. Contudo, a forma de abordar essa realidade familiar deverá ser diferente da forma corriqueira de como tratamos o assunto. Conforme Gilberto Velho, “O que sempre vemos e encontramos pode ser familiar mas não é necessariamente conhecido e o que não vemos e encontramos pode ser exótico mas, até certo ponto, conhecido” (VELHO;1987:126). Desse modo, deveremos aprender a “estranhar o familiar”, com uma atitude de distanciamento crítico. Essa nossa tarefa de sermos aprendizes de sociologia, de antropologia e de ciência políticas em espaços sociais cada vez mais complexos e diversificados, pede de nós uma atitude capaz de desnaturalizar as questões, de reconhecer a dimensão histórica presente em tudo o que constitui as sociedades humanas. Dito isso, reitero o convite a fazermos uma aprendizagem verdadeiramente significativa, na qual possamos nos apropriar das muitas conquistas das ciências sociais, ao mesmo tempo em que nos capacitemos e habilitemos para podermos intervir no universo social e político tendo em vista uma sociedade democrática, plural e inclusiva. O autor.
312 Sociologia | Curso Enem 2019
INTRODUÇÃO: EM BUSCA DA IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA O que precisam [os indivíduos de hoje em dia] e o que sentem precisar é uma qualidade do espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber com lucidez o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar ocorrendo dentro deles mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas e professores, artistas e públicos, cientistas e editores estão começando a esperar daquilo que poderemos chamar de imaginação sociológica [...] O primeiro fruto dessa imaginação e a primeira lição da ciência social que a incorpora é a ideia de que o indivíduo só pode compreender a sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu próprio período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstancias em que ele. [...]. Para compreender as modificações de muitos ambientes pessoais temos a necessidade de olhar além deles. E o número e a variedade dessas modificações estruturais aumentam à medida que as instituições dentro das quais vivemos se tornam mais gerais e mais complicadamente ligadas entre si. Ter consciência da ideia da estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes de pequena escala. Ser capaz de usar isso é possuir a imaginação sociológica. (MILLS;1982: p. 9-17)
1. A modernidade científica e o positivismo a) A sociologia na emergente sociedade industrial e capitalista Num período de oitenta anos, ou seja, entre 1780 e 1860, a Inglaterra havia mudado de forma marcante a sua fisionomia. País com pequenas cidades, com uma
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
população rural dispersa, passou a comportar enormes cidades, nas quais se concentravam suas nascentes indústrias, que espalharam produtos para o mundo inteiro. Tais modificações não poderiam deixar de produzir novas realidades para os homens dessa época. A formação de uma sociedade que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente implicava a reordenação da sociedade rural, a destruição da servidão, o desmantelamento da família patricial etc. A transformação da atividade artesanal em manufatureira e, por último, em atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade, assim como engajou mulheres e crianças em jornadas de trabalho de pelo menos doze horas, sem férias e feriados, ganhando um salário de subsistência. Em alguns setores da indústria inglesa, mais da metade dos trabalhadores era constituída por mulheres e crianças, que ganhavam salários inferiores dos homens. A desaparição dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a imposição de prolongadas horas de trabalho etc. tiveram um efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas habituais de vida. Estas transformações, que possuíam um sabor de cataclisma, faziam-se mais visíveis nas cidades industriais, local para onde convergiam todas estas modificações e explodiam suas consequências. (MARTINS; 1994: p. 12)
As revoluções Industrial e Francesa provocaram profundas transformações na sociedade moderna, especialmente relacionadas à industrialização e urbanização. A rapidez das mudanças fez com que a sociedade moderna se transformasse em um problema a ser investigado e explicado. A sociologia se forma nesse contexto com essa finalidade, tentando compreender as novas condições sociais do mundo em mudança. Portanto, pode-se afirmar que a Sociologia é a forma de conhecimento genuinamente moderna, expressando uma nova visão de mundo. b) O positivismo e o otimismo técnico-científico Para Comte, o objeto e o objetivo da ciência deve ter relação com a pesquisa e o conhecimento das leis que regem os fenômenos. E as leis são como que as relações necessárias que derivam da natureza de cada fenômeno. Uma vez tendo ciência dessas leis, o resultado disso será a possibilidade efetiva de prever o funcionamento futuro desses fenômenos. E com essa habilidade, o ser humano poderá ter uma vida melhor, poderá usar isso para o seu proveito, poderá agir sobre a natureza. Desse modo, para Comte, ciência possibilita conhecimento, conhecimento possibilita previsão, previsão possibilita ação. Buscando conhecer as leis dos fenômenos sociais, a Sociologia coloca-se no caminho da observação dos fatos e neles busca as regularidades. Embora a sociologia, como ciência, busque o conhecimento, esse conhecimento não é fim em si mesmo. Em Comte, a sociologia volta-se também para fins práticos, de natureza intelectual, moral e política, para o aperfeiçoamento moral do ser humano. Desse modo, os sociólogos deveriam atuar como “sacerdotes”, capazes de aconselhar, de orientar. Por um lado, existiria o Estado, com o poder temporal. Por outro lado, existiria o poder espiritual, que seria o poder da sociedade civil, na qual os sociólogos deveriam estar e atuar com formadores ou reformadores da opinião publica.
CAPÍTULO 1
c) O positivismo e os estágios da humanidade No primeiro estagio da humanidade , o ser humano explica os fenômenos fazendo referência a vontades exteriores, sobrenaturais, divindades. Comte denomina esse estado de teológico ou fictício, encarnado historicamente no período medieval. A passagem do primeiro estado, o teológico, para o segundo estágio, o metafísico ou abstrato representou uma verdadeira revolução, por trazer uma nova visão de mundo. No segundo estado, estado da metafísica, acontece um deslocamento dos deuses para as abstrações. Trata-se ainda de uma preocupação com o absoluto, só que agora localizado não mais em seres sobrenaturais, mas em ideias abstratas. Historicamente, a revolução francesa seria representação desse estagio. Finalmente, o terceiro estágio, o estado físico, é aquele em que o ser humano abandona as pretensões metafísicas ou absolutas, concentrando-se nas evidencias empíricas, naquilo que é relativo, e não absoluto. Há uma radical mudança da imaginação abstrata para a observação. Augusto Comte, na obra Discurso sobre o espírito positivo, caracteriza o positivismo como a saber compromissado com a realidade, por meio de pesquisas verificáveis através da experiência. d) Nos caminhos da antropologia Nos processos renascentistas e modernos de colonização, não é difícil imaginar a reação dos viajantes europeus ao se depararem com povos bem distintos, tanto física quanto culturalmente. A antropologia cultural nasce com esse olhar sobre as culturas não europeias. E como foram esses primeiros olhares? O que sabemos desses olhares? Veremos isso a seguir. O Evolucionismo Cultural A concepção evolucionista está no contexto da publicação da obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin, em 1859. Um postulado histórico específico do século XIX é o princípio do monogenismo, postulado pós-darwiniano que afirma que toda a humanidade teria uma origem comum. Nesse caso, tendo os seres humanos a mesma ou comum origem, como se deveria compreender e explicar a diversidade que existe entre as diferentes tradições culturais? Essa é a grande questão com a qual os antropólogos evolucionistas se defrontaram. E a resposta que constitui o modo singular de pensar dessa tradição afirma que os povos evoluem numa mesma direção de modo uniforme e ascendente, partindo do estágio selvagem, passando pelo estágio da barbárie, até chegar no estágio civilizacional. Haveria desse modo uma natureza homogênea da humanidade. Entre os antropólogos mais importantes desse período merecem destaque o americano Lewis Henri Morgan (1818-1881) e o Inglês Edward Burnett Tylor (1832-1917) e o escocês James George Frazer (1854-1941). Esse evolucionismo cultural serviu como a ideologia que motivou os processos de colonização realizados pelo imperialismo europeu nos diferentes continentes. Nesse contexto, entende-se a ideia de que haveria diferentes raças humanas. E não é difícil imaginar como esse conceito, situado historicamente, pode ser usado para justificar a exploração dos europeus sobre outros povos, outras etnias. Atualmente, o termo que se usa para essa atitude é etnocentrismo ou, especificamente, eurocentrismo.
Curso Enem 2019 | Sociologia
313
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA O Culturalismo americano de Franz Boas Para o antropólogo Franz Boas (1858-1942), cada cultura tem sua história singular. E não se deveria proceder a comparações à luz de um pretenso sentido único, ascendente, evolutivo, uma vez que a história seria múltipla e variada. Contrapondo a cultura à natureza biológica, Franz Boas critica um dos valores liberais mais fortes, o valor da igualdade, por reconhecer na forma como essa ideia estava sendo pensada um caráter etnocêntrico, que não permitia reconhecer as diferentes histórias, as diferentes sociedades. Isso representou uma grande revolução nos começos da antropologia, uma vez que a condição humana não deve ser olhada sob o ângulo da biologia, mas sob a perspectiva da cultura. O funcionalismo inglês de Malinowski O antropólogo polonês Bronislaw Malinowski (1884-1942) é considerado um dos fundadores da Antropologia Social. Sua reflexão antropológica supera a visão evolucionista e, com seu o novo método antropológico, conhecido como etnografia*, trouxe uma decisiva contribuição para os caminhos que a antropologia iria percorrer a partir de então. Boas e Malinowski identificam o antropólogo como um profissional da “pesquisa de campo”. Cabe ao antropólogo ir ao campo e ele mesmo deverá fazer as pesquisas e estudar os modos particulares de vida de cada grupo cultural. Por essa razão, podemos afirmar que esses dois antropólogos são considerados os fundadores da etnografia. *ETNOGRAFIA: Observação participante . Segundo Malinowski, para que haja uma verdadeira aproximação à compreensão de uma cultura, em sua singularidade, é preciso que o pesquisador ou o antropólogo faça etnografia, ou seja, que seu método consista em uma pesquisa de profundidade, tornando-se membro da comunidade cuja vida e relações serão estudadas e analisadas. Trata-se de uma “observação participante”, que capta ações e palavras no ato, no momento em que acontecem. Para compreender uma cultura singular, o antropólogo mergulha em suas tradições, passando a conviver com a comunidade local. Desse modo poderá evitar a formulação de juízos abstratos e preconceituosos. Esse método de compreensão e de interpretação dos traços de uma cultura, de sua língua, de seus costumes, de seus valores e de suas práticas, por meio de diferentes técnicas e instrumentos é conhecido como etnografia. Com essas reflexões torna-se compreensível o quanto a antropologia é bem definida como ciência da alteridade* ou da diversidade cultural. Para se conseguir ver e reconhecer a alteridade em suas singularidades foi preciso superar o “olhar de fora e de longe” e instaurar a etnografia definida como o olhar “de perto e de dentro” (MAGNANI; 2002:11).
Com essas reflexões torna-se compreensível o quanto a antropologia é bem definida como ciência da alteridade* ou da diversidade cultural. Para se conseguir ver e reconhecer a alte-
314 Sociologia | Curso Enem 2019
ridade em suas singularidades foi preciso superar o “olhar de fora e de longe” e instaurar a etnografia definida como o olhar “de perto e de dentro” (MAGNANI; 2002:11). *ALTERIDADE provém do vocábulo latino alteritas, que significa “outro”. Desse modo, alteridade significa o encontro entre “outros”, o plano das relações intersubjetivas, heterogêneas, entre individuos diferentes que se reconhecem e se respeitam como outros. Nessa habilidade de colocar-se na ótica do outro e buscar ver o mundo com os olhos dos “nativos”, em um encontro autentico com as expressões culturais do outro, podem acontecer alterações nas próprias expressões culturais dos indivíduos ou grupos que entram em relação. A abordagem antropológica provoca, assim, uma verdadeira revolução epistemológica, que começa por uma revolução do olhar. Ela implica um descentramento radical, uma ruptura com a ideia de que existe um "centro do mundo" e, correlativamente, uma ampliação do saber e uma ampliação de si mesmo. (LAPLANTINE;2000:p. 22)
Cultura: Um conceito polissêmico Etimologicamente, a palavra cultura deriva do verbo latino colere, que significa cultivar, criar, cuidar. Desse modo, da forma de cultivar e de cuidar nascem certos hábitos, comportamentos, produtos, objetos e técnicas. Nesse sentido, cultura é tudo o que foi cultivado e criado pelo fazer humano, tanto em sua dimensão material, de objeto criado, quanto em sua dimensão psíquica ou espiritual, das ideias, dos valores, das crenças.
2. Karl Marx e a sociologia do capitalismo a) O materialismo histórico e dialético Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstancias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. (MARX; 1974: p.335)
O pensamento filosófico e sociológico de Karl Marx Karl Marx (1818-1883) a concepção filosófica segundo a qual o modo de pensar do ser humano está condicionado pelo seu contexto material, por suas relações sociais, pelos meios de produção e reprodução de sua existência, conforme consagrada e repetida expressão de Marx: “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência” ( MARX; 1997: 254). Contra uma perspectiva liberal centrada no indivíduo e seus direitos individuais, Marx parte do pressuposto de que o ser humano é um ser social e político. E isso não de maneira abstrata, mas bem concreta, como um ser que tem sua vida condicionada historicamente pelo meio onde vive, pelas condições que afetam a sua realidade de vida e os modos como vai
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produzir e reproduzir a sua sobrevivência e a sua existência, em termos materiais e imateriais, econômicos e espirituais, dimensões que caminham juntas, de modo inseparável.
influenciado por Feuerbach, o Estado não resultaria de um acordo entre os indivíduos de uma sociedade, mas do poder organizado da classe dominante..
b) A divisão social em Classes sociais.
f) Infraestrutura e superestrutura.
Para Marx, a divisão social no sistema capitalista deve ser compreendida como sendo estruturada a partir de classes antagônicas. Existe a classe dos proprietários dos meios de produção e existe a classes dos não proprietários, dos trabalhadores. Nessa divisão em classes, a classe dominante é a dos proprietários que cria estratégias para perpetuar essa situação.
Esses são dois conceitos centrais no pensamento de Karl Marx. Na contramão do idealismo, a teoria materialista de Marx afirma que no centro de toda a vida social está a estrutura econômica, a infraestrutura que forma a unidade central e que tudo conecta. Por isso nada pode ser pensado fora da estrutura econômica, a base material de tudo, a matéria-prima, os meios de produção e a relações de produção. Assim, por exemplo, a linguagem é um fenômeno social, a religião é um fenômeno social, as leis, os valores, tudo deve ser visto como decorrência dessa base material, da produção material da existência humana. É dessa necessidade humana de produzir e reproduzir a vida que se forma a consciência.
c) O trabalho humano alienado. Segundo Marx, a automação do processo produtivo implica não só a alienação do trabalhador e a alienação do produto do seu trabalho, mas produz uma vida estranha, de opressão não natural. Estes trabalhadores, que precisam vender a si próprios aos poucos, são uma mercadoria como qualquer outro artigo do comércio, e são, por consequência, expostos a todas as vicissitudes da competição, a todas as flutuações do mercado. Em virtude do uso excessivo de maquinarias e da divisão do trabalho, o trabalho dos proletários perdeu todo o seu caráter individual e, em consequência, todo o estímulo para o trabalhador. Ele se torna um apêndice da máquina e dele só é exigida a habilidade mais simples, mais monótona e mais facilmente adquirida. Por isso, o custo da produção de um trabalhador é restrito, quase completamente, aos meios de subsistência que ele requer para a sua manutenção e para a propagação de sua raça. (MARX e ENGELS; 1998: p. 20).
Para o operário, o trabalho, no sistema capitalista, transformase em mortificação do ser do trabalhador, uma atividade estranha, que não realiza a personalidade do trabalhador d) A ideologia como instrumento de classe O instrumento que a classe dominante cria para a manutenção do status quo, para a perpetuação da situação de exploração, é a ideologia, capaz de fazer a classe dominada pensar que a situação na qual se encontra seja natural. Desse modo, a ideologia é instrumento da burguesia para dominar a consciência do oprimido, invertendo o sentido das coisas, mascarando a realidade e impedindo a percepção da ação opressora de uma classe sobre a outra. Portanto, a dimensão ideológica consiste em manipular a consciência a partir de cima, de cima para baixo, dos interesses da burguesia que são universalizados, impostos a todos. Com isso, a consciência do trabalhador fica refém de uma mentalidade estranha à verdadeira realidade. É nesse estranhamento, no qual o operário não mais se pertence, que consiste em a alienação. e) A Natureza classista do Estado Marx (1818-1883) analisa o Estado em perspectiva oposta a de Hobbes. Em Hobbes, o Estado aparece como a solução criada pela sociedade, pois dará fim ao reino da violência que resulta da impulsividade agressiva do ser humano, lobo do homem. Para Marx, o Estado seria um conjunto de meios de coerção, criado por uma classe para dominar a outra. Sob a ótica de Marx, na contramão de Hobbes e do idealismo de Hegel, e
A consciência não se forma do nada. Ela pressupõe uma base concreta, constituída pelas relações humanas concretas. E essa consciência situada no concreto se exterioriza ou se expressa por meio da linguagem. A superestrutura, na visão de Marx, seria um produto, uma criação da classe dominante para consolidar a dominação que ela exerce sobre a classe dos trabalhadores ou operários. Assim, a super-estrutura seria a estrutura jurídica, política e ideológica (Estado, Leis, Religião, Meios de comunicação, etc.), que não pode ser explicada por si mesma ou em si mesma, ela é uma criação a serviço de algo. Em Marx, são criações burguesas a sérvio dos interesses de sua classe. g) A mais-valia Desse processo de exploração e alienação, segundo Marx, nascem margens cada mais amplas de lucro, mola mestra do capitalismo. A força de trabalho seria mera mercadoria, mas uma mercadoria capaz de criar valor, e o valor criado terá direta relação com o tempo dispendido e com as tecnologias investidas no serviço da mercadoria. Com efeito, todo o investimento capitalista está em função do lucro. Dessa forma, a organização do trabalho é feita com o objetivo de adquirir sempre maior mais-valia A mais valia refere-se ao excedente ou à diferença entre o que o patrão gasta com o operário e o que ele ganha com o produto desse trabalho. Pode-se falar em “um trabalho não pago, disfarçado pela forma de salário, do qual se extrai a mais-valia” (DUSSEL; 2000: p. 327). Com o investimento em novas tecnologias, e com as exigências de um mundo cada vez mais acelerado em todos os âmbitos da vida capitalista, a tendência desse excedente ou desse lucro é ser crescentemente maior, uma vez que não haveria significativas contrapartidas para o trabalhador. E o mais sério ou profundo seria a progressiva substituição do trabalhador por máquinas que realizariam esse trabalho com mais eficiência e rapidez. h) As crises cíclicas do capitalismo Para Marx e Engels, em termos econômicos, o capitalismo consiste num tripé: produzir mercadoria, circular mercadoria e consumir mercadoria. É disso que resulta o acúmulo privado de riqueza e é dessa lógica que decorrem as permanentes ou
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA cíclicas crises do sistema capitalista. Para esses autores, o capitalismo tem um incontrolável impulso que vira uma epidemia, a epidemia da superprodução. As condições da sociedade burguesa são estreitas demais para abranger toda a riqueza que criou. E como faz a burguesia para vencer essas crises? Por um lado, reforça a destruição da massa de forças produtivas; por outro lado, tenta conquistar novos mercados e busca uma exploração mais completa dos antigos. Ou seja, pavimentando o caminho para crises mais extensas e mais destrutivas e diminuindo os meios pelos quais previnem-se crises. (Marx e Engels;1998: p.19) i) Revolução do proletariado Considerando a histórica realidade de opressão e dominação por parte da classe dominante, a libertação do trabalhador viria somente na negação das múltiplas negações que lhe são impostas. E como se faria essa afirmação da dignidade do trabalhador? Marx se refere a uma revolução do proletariado, por meio da qual a propriedade de si mesmo e de sua produção deverá voltar aos trabalhadores. Isso implicaria a destruição da realidade da propriedade privada, que se encontra condicionada por uma realidade histórica de classe dominante . Quando os indivíduos que foram transformados em vítimas pelo sistema se unirem em comunidade, somente então, afirma Marx, poderá acontecer a superação da imposição capitalista. Marx sinaliza para a condição de superação histórica das alienações: a atuação da comunidade. E sem a opressão de classe, as relações humanas passariam a ser mais autônomas e livres, e os objetos produzidos não seriam mais concebidos como propriedade privada, mas como propriedade coletiva, resultante de um trabalho cooperativo. A partir de Marx, podemos sintetizar o modo de produção socialista como o modelo econômico estruturado sobre a propriedade social ou coletiva dos meios de produção. Por meio do socialismo*, o comunismo poderia ser instaurado e com ele teríamos o fim do Estado classista que existe no capitalismo. : O SOCIALISMO é um sistema econômico e político, um modelo de organização social, que nasce como um novo ideal, em reação às péssimas condições de vida dos trabalhadores no século XIX. Esse modelo se contrapõe ao liberalismo e ao capitalismo, fundados na propriedade privada dos meios de produção. Entre os ideais de luta do socialismo temos a extinção da propriedade privada dos meios de produção, a tomada do poder por parte dos operários, por meio da revolução do proletariado, o controle do Estado no sentido de assegurar a igualdade social, a destruição do sistema de classes e uma divisão de renda igualitária, revolucionando o modo de produção que não mais estaria voltado para o lucro, mas para o bem comum, por meio da cooperação. Segundo Marx, após a implantação desse novo modelo social, o comunismo poderia ser instalado.
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3. Sociologia de Émile Durkheim Émile Durkheim ( 1858-1917), ao lado de Comte, Marx e Weber, é um dos pais da sociologia. a) O método de trabalho: Os fenômenos sociais como “coisas” As ciências sociais emergentes na era industrial necessitam de um método para fazer aparecer aquilo que é não evidente, para explicitar as relações implícitas. Dessa forma, há um rigor presente no método que o afasta do olhar mecânico e irrefletido do senso comum. Por isso, o primeiro passo do método de trabalho do cientista social é a atitude do olhar que toma distancia para ver com novos olhos a realidade, buscando perceber as tendências que estão se formando na vida social. Dessa forma, transcendendo a intuição sensível, a atitude do cientista social vem marcada por profunda habilidade analítica. É preciso considerar os fenomenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. [...] Essa regra aplica-se portanto à realidade social inteira, sem que haja motivos para qualquer exceção. (DURKHEIM; 2007:p. 28-29) Influenciado pelo pensamento positivista de Augusto Compte, Durkheim insiste em analisar os fatos sociais como coisas objetivas, externas, anteriores ao indivíduo. Desse modo, pode-se encontrar uma ênfase na ideia de que as subjetividades não deveriam interferir no procedimento científico. b) O objeto da sociologia: O fato social FATO SOCIAL é toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais. (DURKHEIM; 2007: p.13) A partir desse fragmento, vemos que o conceito de fato social se refere à realidade social como independente e anterior ao sujeito que a vivencia. Assim, em primeiro lugar, os fatos sociais são marcados pela exterioridade e pela objetividade; ou seja, existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua livre e consciente adesão. Assim, cada indivíduo ao nascer em uma sociedade é recebido e educado numa tradição já existente. Em decorrência disso, uma segunda dimensão se impõe: a coercitividade; o fato social traz sua identidade vinculada à coerção social. Em outros termos, as normas, as regras, os costumes sociais exercem força e pressão prévias sobre o indivíduo. Uma terceira característica do fato social é a generalidade, ele se impõe a todos os indivíduos daquele grupo social. Vinculada à noção de generalidade, Durkheim aborda a noção de consciência coletiva. Entendida como conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma comunidade, a consciência coletiva forma a moral vigente na sociedade, em conformidade com a qual atitudes serão interpretadas como morais ou imo-
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rais, louváveis ou reprováveis. Em suma, sociologicamente, na perspectiva de Durkheim, estamos falando da prioridade do todo sobre as partes. Assim, o conjunto social não se reduz à soma dos elementos. Ao contrário, os indivíduos sentem a pressão do meio e suas ações são socialmente condicionadas. c) O Suicídio como fato social normal e patológico Suicídio é todo ato de morte provocado direta ou indiretamente por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que devia provocar esse resultado. (DURKHEIM; 2000: p. 14) Mesmo quando a solidão se associa ao desespero, levando o indivíduo ao suicídio, é a sociedade que está na raiz dessa decisão, é a sociedade que move a consciência desse indivíduo e o conduz a esse ato solitário. Durkheim estava seguro de que o suicídio dependia de uma realidade social e não da vontade dos indivíduos, uma vez que era perfeitamente observável e verificável a sua regularidade, que acontecia sempre em conformidade com as mesmas ou similares condições históricas. É fato verificável: em condições normais, as taxas de suicídio nos países se mantêm constantes de um ano para outro. Considerando que as circunstâncias sociais determinam as taxas de suicídio, Durkheim acredita que seja possível estabelecer uma tipologia de suicídio. Nessa pesquisa, ele define quatro tipos de suicídio: suicídio egoísta, altruísta e anômico e fatalista Suicídio egoísta. Em relação ao suicídio egoísta, há maior tendência ao suicídio quando o pensamento do indivíduo está basicamente voltado sobre si mesmo¸ sem a presença e a força integradora do grupo social. É o afastamento do grupo. Essa forma de suicídio se manifesta por um estado de apatia e pela ausência de vínculo com a vida, decorrente do enfraquecimento do vínculo social. Esse tipo de suicídio, portanto, bem merece o nome que lhe demos. O egoísmo não é apenas um fator auxiliar dele; é sua caua geradora. Se nesse caso, o vínculo que liga o homem à vida se solta, é porque o próprio vínculo que o liga à sociedade se frouxou. Quanto aos incidentes da vida privada, que parecem inspirar imediatamente o suicídio e que passam por ser suas condições determinantes, na realidade são apenas causas ocasionais. Se o indivíduo cede ao menor choque das circunstâncias, é porque o estado em que a sociedade se encontra fez dele uma vítima sob medida para o suicídio. (DURKHEIM; 2000: p. 266-267) Suicídio altruísta Em relação ao tipo altruísta de suicídio, que pode ser classificado como heroico ou religioso, um traço comum nesses casos é o excessivo vínculo ao grupo, predominando nele a paixão, a entrega vital. Se uma individuação excessiva leva ao suicídio, uma individuação insuficiente produz os mesmos efeitos. Quando é desligado da sociedade, o homem se mata facilmente, e também se mata quando é integrado
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nela demasiado fortemente. [...]. Em todos esses casos, com efeito, vemos o indivíduo aspirar a se despojar de seu ser pessoal para mergulhar nessa outra coisa, que ele vê como sua verdadeira essência. Pouco importa o que lhe dê, é nela, e apenas nela, que ele acredita existir, e é para existir que ele se inclina tão energicamente a se confundir com ela. Portanto, é porque o indivíduo se considera como não tendo existência própria. A impessoalidade, aqui, é levada a seu máximo; é o altruísmo em estado agudo. (DURKHEIM; 2000: p. 269.280) O exemplo clássico dessa modalidade de suicídio é o que foi praticado, durante a segunda guerra mundial pelos Kamikazes, pilotos japoneses que voluntariamente se lançaram contra os navios inimigos. E você certamente se lembra do atentado terrorista de 11 de setembro de 2011, em Nova York, no ataque ocorrido contra as famosas Torres Gêmeas do World Trade Center, por dois aviões comerciais. Nesse caso, não se trata evidentemente de suicídio por excesso de individualismo, mas, ao contrário, pelo completo desaparecimento do indivíduo no grupo. O indivíduo se mata devido aos imperativos sociais, sem pensar sequer em fazer valer seu direito à vida. Do mesmo modo, o comandante de um navio que não quer sobreviver à perda da sua nave se suicida por altruísmo; sacrifica-se a um imperativo social interiorizado, obedecendo ao que o grupo lhe ordena, a ponto de sufocar o próprio instinto de conservação. (ARON; 2008: p. 484)
Suicídio anômico Um terceiro tipo de suicídio, que é justamente o que mais interessava a Durkheim, é o denominado anômico. A palavra anômico tem sua origem no vocábulo grego nomos, que significa norma. Dessa forma, a palavra anomia refere-se à falta de normas ou de referências. Assim, suicídio anômico tem relação com a debilidade dos laços que vinculam o indivíduo ao grupo na sociedade moderna. Percebe-se uma correlação entre a frequência do suicídio e a instabilidade da vida social, econômica e cultural. Em tempos de crise ou de prosperidade econômica, situações que indicam “perturbações da ordem coletiva”, os índices de suicídio são mais elevados. Se, portanto, as crises industriais ou financieiras aumentam os suicídios, não é por empobrecerem, uma vez que crises de prosperidade têm o mesmo resultado; é por serem crises, ou seja, perturbações da ordem coletiva. Toda ruptura de equilíbrio, mesmo que resulte em maior abastança e aumento da vitalidade geral, impele à morte voluntária. Todas as vezes que se produzem graves rearranjos no corpo social, sejam eles devidos a um súbito movimento de crescimento ou a um cataclismo inesperado, o homem se mata mais facimente. Como isso é possivel? [...] Qualquer ser vivo só pode ser feliz ou até só pode viver se suas necessidades têm uma relação suficiente com seus meios.[...]. Seja qual for o prazer que o homem tenha em agir, em se mover, em fazer esforços, é preciso que ele sinta que seus esforços não são vãos e que andando ele avança. Ora, não avançamos quando não andamos na direçao de nenhum objetivo. (DURKHEIM; 2000: p.311-314)
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Suicídio fatalista
FORMAS DE SOLIDARIEDADE: MECÂNICA E ORGÂNICA
Sendo historicamente mais raro, o caso do suicídio fatalista é aquele que é realizado em situações de extrema pressão , de excessiva regulamentação social, em que o indivíduo se percebe como em situação de quase ausência de liberdade. Essa é a razão pela qual Durkheim afirma ser raro esse tipo de suicídio na modernidade. Esta tem sido uma das explicações para os muitos suicídios que aconteceram entre escravos que não suportavam a opressão social.
Durkheim se refere a duas formas de solidariedade. Inicialmente, considerando as primeiras formas de sociedade, em contexto pré-capitalista, nas quais o processo de identificação dos indivíduos operava-se especialmente por meio da tradição familiar e religiosa. Nesses modelos de sociedade, a forma de solidariedade reinante era a “mecânica”, uma forma de solidariedade por semelhança, na qual a consciência coletiva estava marcadamente presente. Nessas sociedades, por exemplo, um filho costuma aprender de seu pai a profissão e o substitui. É uma forma de solidariedade mecânica, sem a dimensão da escolha explicita, consciente ou reflexiva.
Assim se confrontarmos as tipificações de suicídios, construídas por Durkheim, veremos que ele os coloca em relação aos critérios de alta ou baixa regulamentação social e alta ou baixa integração social. Assim, poderíamos esquematizar dessa forma BAIXA INTEGRAÇÃO SOCIAL
SUICIDIO ANÔMICO
ALTA (EXCESSIVA) INTEGRAÇÃO
SUICIDIO ALTRUÍSTA
BAIXA REGULAMENTAÇÃO
SUICIDO ANOMICO
ALTA (EXCESSIVA) REGULAMENTAÇÃO
SUICIDIO FATALISTA
Embora o suicídio seja um fato social normal, o aumento da taxa de suicídio na sociedade moderna é fato social patológico. E o principal sintoma patológico da sociedade moderna é a insuficiente integração do indivíduo na coletividade. Um dos traços da vida moderna é a permanente novidade, a superação dos valores tradicionais e a ausência de valores sociais substitutivos daqueles que foram superados. Em decorrência, sentimentos modernos comuns são a frustração e o desgosto com a vida, relacionados com o hiato que existe entre a expectativa pessoal e o que a sociedade oferece.
Nessas sociedades, predominam na consciência do indivíduo os sentimentos e as crenças comuns a todos, que orientam a vida social. É possível perceber a força dessa consciência coletiva por ocasião de algum crime. Quanto mais intensa for a consciência coletiva maior será a indignação e a revolta contra o crime, que é uma a violação do imperativo social que comanda as vidas particulares Nas sociedades de matriz capitalista, fundamentadas na divisão social do trabalho, a forma de solidariedade passa a ser “orgânica”, pois existe maior e mais complexa interdependência, devido ao processo de acentuada especialização das diversas atividades e devido à crescente diferenciação existente entre os indivíduos. Apesar de haver maior interdependência entre as diversas atividades, o individualismo moderno enfraquece a consciência coletiva. Isso é perceptível, por exemplo, na pouca mobilização social coletiva contra o crime. No reino da solidariedade orgânica, as reações coletivas contra a violação daquilo que é considerado como proibido decrescem acentuadamente. e) A Religião como Instituição social.
d) A divisão social e as formas de consciência e solidariedade
“A religião existe, é um sistema de fatos dados; numa palavra, ela é uma realidade”.
Ao considerarmos o fenômeno da divisão social do trabalho, depois das análises de Karl Marx, talvez a nossa maior tentação seja fazer uma leitura econômica. Contudo, para Durkheim, a divisão social da sociedade produz em efeito moral muito mais significativo do que o efeito econômico. Por essa razão ele se concentra nessa dimensão moral. Para Durkheim, será graças à divisão do trabalho que a própria vida social se torna possível, uma vez que ela cria entre os indivíduos o sentimento da solidariedade, da percepção de que estão vinculados, de que um depende do outro.
(DURKHEIM; 1978: p. 232)
Como pode uma reunião de indivíduos constituir uma sociedade? Como nasce o consenso? Émile Durkheim constrói uma reflexão sobre as possibilidades e os fundamentos de uma vida em sociedade. Nessa reflexão, ele afirma que sociedade não é uma simples justaposição de indivíduos. A sociedade cria a moral. E a moral social cria o indivíduo social. E é por meio da moralidade que a própria sociedade de sustenta. Assim, em Durkheim, a força motriz que gera e transforma a vida social é a solidariedade, produzida pela divisão social do trabalho. Durkheim reconhece duas formas de consciência, duas formas de solidariedade. Em uma delas predomina a consciência coletiva; na outra, predomina a personalidade individual. Vejamos a reflexão que o sociólogo desenvolve
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Para Durkheim, importa analisar a religião sob a perspectiva de uma instituição social. Nessa lógica de pesquisa, ele acredita que a sociologia ganhará muito em sua busca de compreensão e explicação da relação que existe entre comportamentos individuais e vida social. Os rituais que existem nas religiões criam entre os indivíduos vínculos e alimentam sentimentos que corroboram uma consciência coletiva. Um dos principais estudos de Durkheim encontra-se em As formas elementares da vida religiosa, obra publicada em 1912. Nela, afirma que a religião é um “sistema de crenças e de práticas”, que não necessariamente está vinculado a um Deus transcendente. “A simples consideração das formas religiosas que nos são familiares fez acreditar durante muito tempo que a noção de deus era uma característica de tudo o que é religioso. Ora, a religião que estudaremos mais adiante é, em grande parte, estranha a toda ideia de divindade. (DURKHEIM; 1978: p. 209). Para Durkheim, na religião a sociedade toma consciência de si mesma, uma vez que é expressão da consciência coletiva.
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A religião é, decididamente, o sistema de símbolos pelos quais a sociedade toma consciência de si mesma; é a maneira de pensar própria do ser coletivo. Eis, portanto, um amplo conjunto de estados mentais que não se teriam produzido se as consciências particulares não se tivessem unido, os quais resultam dessa união e se sobrepuzeram aos que derivam das naturezas individuais. (DURKHEIM; 2000: p.402) Para Durkheim, a base humana que motiva essa busca coletiva é de natureza emotiva. Os seres humanos têm necessidade da vivencia comunitária, e a buscam por questões afetivas. É o afeto que o conduz. A religião pode ser vista como expressão da autocriação humana. É muito interessante percebermos que ao submeter-se à religião, que é imagem e produto social, os indivíduos encontram-se condicionados à própria sociedade. Sendo uma instituição social, a religião reflete a sociedade em todos os seus aspectos, positivos e negativos. A religião é uma coisa eminentemente social. As representações religiosas são representações coletivas que exprimem realidades coletivas; os ritos são maneiras de agir que nascem no seio dos grupos reunidos e que são destinados a suscitar, a manter ou a refazer certos estados mentais desses grupos. DURKHEIM; 1978: p. 212) Não existem religiões falsas Mas, debaixo do símbolo, é preciso saber atingir a realidade que ele figura e que lhe dá sua significação verdadeira. Os ritos mais bárbaros ou os mais extravagantes, os mitos mais estranhos traduzem alguma necessidade humana, algum aspecto da vida, seja individual ou social. As razões que o fiel concede a si mesmo para justificá-los podem ser __, e muitas vezes, de fato, são __ errôneas; mas as razões verdadeiras não deixam de existir e é tarefa da ciência descobri-las [...] É um postulado essencial da sociologia que uma instituição humana não pode repousar sobre o erro e a mentira, caso contrário não pode durar”.[...].No fundo, portanto, não há religiões falsas. Todas são verdadeiras a seu modo: todas correspondem, ainda que de maneiras diferentes, a condições dadas da existência. (DURKHEIM; 1978a: 206. Os fenômenos religiosos distribuem-se muito naturalmente em duas categorias fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras são estados da opinião, consistem em representações; os segundos são modos de ação determinados, e entre as duas classes de fatos existe toda a diferença que separa o pensamento do movimento [...]. DURKHEIM; 1978a: p.40 O sagrado e o profano A divisão do mundo em dois domínios, compreendendo um tudo o que é sagrado, o outro tudo o que é profano, tal é o traço distintivo do pensamento religioso; as crenças, os mitos, os gnomos, as lendas são representações que exprimem a natureza das coisas sagra-
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das, as virtudes e o poderes que lhe são atribuídos, a sua história, as suas relações umas com as outras e com as coisas profanas. Contudo, por coisas sagradas, não devemos entender simplesmente esses seres pessoais chamados deuses ou espíritos; um rochedo, uma árvore, uma fonte, uma pedra, um pedaço de madeira, uma casa e, numa palavra, qua qualquer coisas, podem ser sagradas. Um rito pode ter o mesmo caráter e nem sequer existe rito que em certo grau não o tenha. Há termos, palavras, fórmulas, que não podem ser pronunciadas senão pela boca de personagens consagrados; há gestos, movimentos que nem por toda a gente podem ser executados. (DURKHEIM; 1978a:40 ) Religião motivação e ação Para Durkheim, a verdadeira função da religião não está no campo das ideias, mas no campo da motivação e da ação. A verdadeira função da religião não é fazer-nos pensar, enriquecer nossos conhecimentos, acrescentar às representações que devemos à ciência representações de uma outra origem e de um outro caráter, mas a de fazer-nos agir, auxiliar-nos a viver. O fiel que se comunicou com seu deus, não é apenas um homem que vê novas verdades que o descrente ignora; ele é um homem que pode mais. Ele sente em si mais força, seja para suportar as dificuldades da existência, seja para vencê-las. Ele está como que elevado acima das misérias humanas porque está elevado acima de sua condição de homem; acredita-se salvo do mal, sob qualquer forma, aliás que ele conceba o mal. O primeiro artigo de toda fé é a crença na salvação pela fé. Ora não se vê como uma simples ideia poderia ter essa eficácia (DURKHEIM; 1978a:222 )
Desse modo, a religião é mais do que pensamento e ideia. É atitude de sair do profano e buscar o sagrado na esfera do sagrado. Nessa dinâmica compreende-se a importância do culto, como mediação eficaz, que cria e recria periodicamente a fé e exalta a vida moral. Para que a sociedade possa tomar consciência de si e manter, no grau de intensidade necessário, o sentimento que ela tem de si mesma, é preciso que se reúna e se concentre. Ora, esta concentração determina uma exaltação da vida moral, que se traduz por um conjunto de concepções ideais onde se exprime a vida nova que assim despertou. (DURKHEIM; 1978a:226)
4. A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER a) A ação social: objeto e método da sociologia Para Weber, a sociologia deve ser compreensiva, uma vez que seu objeto de estudo é a ação humana. Weber parte do pres-
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA suposto de que o ser humano é movido pelo sentido que atribui às coisas e às relações; ou seja, toda ação humana recebe um sentido que orienta o ser humano em suas práticas cotidianas. Por ação social, Weber entende toda ação motivada do indivíduo, influenciada socialmente. Trata-se de uma ação que acontece inserida em um contexto sociocultural, que recebe um sentido ou uma motivação subjetiva, tendo como referência a ação do outro. Dessa forma, a Sociologia é concebida como “uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos”. (WEBER; 1998:3). Assim, o objeto da sociologia seria captar e compreender a conexão de sentidos das ações humanas. Por ação entende-se qualquer conduta, já ação social seria uma “ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou os agentes, refere-se ao comportamento de outros, orientandose por este em seu curso” (WEBER; 1998:3). Na sociologia compreensiva de Weber, existem quatro tipos ideais de motivações dos comportamentos humanos: ação social realizada por tradição, por afeto, por valor, por uma finalidade. Inicialmente, inseridos na cultura, os seres humanos costumam agir pela força da tradição, do hábito ou do costume social. Nessa dimensão, estamos diante de uma conduta muitas vezes irrefletida, pouco ou nada racional. Isso dificulta a própria compreensão dessa conduta humana.
preocupada com a escolha dos melhores meios para atingir o objetivo desejado. Portanto, a ética da responsabilidade não é fim em si mesma, mas está voltada para fora de si, para os efeitos desejados. Por outro lado, a ética da convicção age com base na convicção em si, sendo uma ação movida por uma ideia prévia, anterior a qualquer contexto. Entre a ética da responsabilidade e a ética da convicção não encontramos uma necessária contradição; ao contrário, encontramos complementaridade. Evidentemente, há muita diferente entre a ótica de um chefe de Estado e a ótica de um cidadão comum. O primeiro, seguramente, estará mais vinculado à dimensão pública; por isso, mais focado na responsabilidade, na preocupação pelos efeitos da ação e mais concentrado na escolha dos meios mais eficazes. Em contrapartida, o cidadão comum, provavelmente, tenderá a agir mais em conformidade com a ética da convicção Por um lado, encontramos a dimensão pura e abstrata de uma ética separada do contexto; por outro lado, a ética encarnada na realidade histórica e política dos homens. Assim, se um indivíduo adere cegamente à ética da pura convicção, ele poderá, inclusive, alimentar atitudes fundamentalistas, fanáticas e intolerantes. É no campo político que esses antagonismos costumam se manifestar. c) Estado, poder e dominação, na ótica de Max Weber
Em segundo lugar, a atividade humana é também passível de ser movida pelo afeto, pela dimensão emotiva, impulsiva. Nesse horizonte, inserem-se muitas de nossas ações cotidianas, também as ações movidas pelas paixões do ódio ou da vingança.
No campo das ações sociais e políticas, Weber trabalha com os conceitos de poder e de dominação. Quanto à concepção weberiana de poder e de domínio, encontramos em Raymond Aron uma excelente síntese
Outra forma de ação humana é aquela atividade racional movida pelo valor. Nesse terreno, encontramo-nos na ética da convicção, pois o sujeito é movido por uma causa, seja ela religiosa, politica, artística ou científica. Aqui, o olhar traz uma coerência interna, portador de convicções, não necessariamente conectado a uma consciência das decorrências de suas ações.
O poder (Macht) é definido simplesmente como a probabilidade de um ator impor sua vontade a outro, mesmo contra a resistência deste. Situa-se, portanto, dentro de uma relação social, e indica a situação de desigualdade que faz com que um dos atores possa impor sua vontade ao outro. Estes atores podem ser grupos __ por exemplo, Estados __ ou indivíduos. A dominação (Herrschaft) é a situação em que há um senhor (Herr); pode ser definida pela probabilidade que tem o senhor de contar com a obediência dos que, em teoria, devem obedecê-lo. A diferença entre poder e dominação está em que, no primeiro caso, o comando não é necessariamente legítimo, nem a obediência forçosamente um dever; no segundo, a obediência se fundamente no reconhecimento, por aqueles que obedecem, das ordens que lhe são dadas. As motivações da obediência permitirão, portanto, construir uma tipologia da dominação.
A forma racional de atividade, guiada pela finalidade, inserese no horizonte da ética da responsabilidade, na qual o olhar considera as consequências possíveis da ação. Aqui se estabelece a relação entre fins e meios. Busca-se os melhores meios para chegar à meta estabelecida. Nessa escolha dos fins, costuma também estar presente a ação guiada por valor. Nesse caso, o indivíduo estabelece prioridades e, assim, atribui maior valor a um meio específico em detrimento de outros. b) Ética da Responsabilidade e ética da convicção Para Max Weber, em toda ação social deve-se ficar atento a dois aspectos fundamentais: por um lado, às influências do meio sociocultural e, por outro lado, as motivações individuais. Considerando as motivações individuais das ações sociais, Weber reconhece duas espécies de motivações, que darão origem a duas formas fundamentais de ética, denominadas ética da responsabilidade e da convicção. Nessa abordagem, de um lado, está a referência a Maquiavel e, de outro, a Kant. Por um lado, a ação praticada sob a ótica ou ética da responsabilidade considera os efeitos ou consequências possíveis da ação. É o reino da política. Nessa dinâmica, o olhar se volta para a eficácia da ação, para os efeitos desejados. Por isso, a ética da responsabilidade está
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ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 7ª ed. Trad. Sergio Bath. São Paulo: Martins Fontes, 2008. p. 806-807.
d) Vocação política: paixão, responsabilidade e senso de proporção. Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder ___ seja porque o considere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoís-
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tas, seja porque deseje o poder “pelo poder”, para gozar do sentimento de prestígio que ele confere. (WEBER; 2000: p. 56)
Para Max Weber, quem se dedica à vida pública, assumindo a carreira política deve ter determinados traços de personalidade que esse estilo de vida requer. Quais são os riscos, os desafios e as alegrias inerentes a essa vida? O que se espera de quem se dedica a essa vida? A carreira política concede, antes de tudo, o sentimento de poder. A consciência de influir sobre outros seres humanos, o sentimento de participar do poder e, sobretudo, a consciência de figurar entre os que detêm nas mãos um elemento importante da história que se constrói podem elevar o político profissional, mesmo o que só ocupa modesta posição, acima da banalidade da vida cotidiana. Pode-se dizer que há três qualidades determinantes do homem político: paixão, sentimento de responsabilidade e senso de proporção. Paixão no sentido de “propósito a realizar”, isto é, devoção apaixonada a uma causa [...]. Com efeito, a paixão apenas, por sincera que seja, não basta. Quando se põe a serviço de uma causa, sem que o correspondente sentimento de responsabilidade se torne a estrela polar determinante da atividade, ela não transforma um homem em chefe político. Faz-se necessário, enfim, o senso de proporção, que é a qualidade psicológica fundamental do homem político. Quer isso dizer que ele deve possuir a faculdade de permitir que os fatos ajam sobre si no recolhimento e na calma interior do espírito, sabendo, por consequência, manter à distância os homens e as coisas. A “ausência de distância”, como tal, é um dos pecados capitais do homem político. [...] O que se chama “força” de uma personalidade política indica, antes de tudo, que ela possui essa qualidade. ( WEBER;
CAPÍTULO 1
e) Tipos e Fundamentos da legitimidade Entre os fundamentos que conferem legitimidade, Max Weber indica a crença na tradição, o carisma pessoal e a legalidade. Ou seja, existe uma tradição de longo tempo, que criou a moral da comunidade. Essa moral permite falar em identidade de um povo ou comunidade. E de acordo com esse povo, o seu representante, para chegar à eleição e ao exercício legitimo de seu poder, deve apresentar um carisma político que receba da comunidade sua efetiva e afetiva adesão. Existem, em princípio, três razões internas que justificam a dominação, existindo, consequentemente, três fundamentos da legitimidade. Antes de tudo, a autoridade do “passado eterno”, isto é, dos costumes santificados pela validez imemorial e pelo hábito, enraizado nos homens, de respeitá-los. Tal é o “poder tradicional”, que o patriarca ou senhor das terras, outrora, exercia. Existe, em segundo lugar, a autoridade que se funda em dons pessoais e extraordinários de um indivíduo (carisma) ___ devoção e confiança estritamente pessoais depositadas em alguém que se singulariza por qualidades prodigiosas, por heroísmo ou por outras qualidades exemplares que dele fazem o chefe. [...]. Existe, por fim, a autoridade que se impõe em razão da “legalidade”, em razão da crença na validez de um estatuto legal e de uma “competência” positiva, fundada em regras racionalmente estabelecidas ou, em outros termos, autoridade fundada na obediência, que reconhece obrigações conformes ao estatuto estabelecido. Tal é o poder, como o exerce o “servidor do Estado” em nossos dias e como o exercem todos os detentores do poder que dele se aproximam sob esse aspecto. (WEBER; 2000:57-58)
f) O Estado, a burocracia e o uso legítimo da força
2000:105-106)
Se, portanto, o amor a uma causa deve ser sentimento preponderante na vida do indivíduo que exerce função pública, a vaidade é, então, a grande inimiga política, uma vez que essa leva o individuo a centrar-se em si mesmo, esquecendo os projetos sociais e políticos. Assim, a vaidade conduz à mediocridade política. Em verdade e em última análise, existem apenas duas espécies de pecado mortal em política: não defender causa alguma e não ter sentimento de responsabilidade. [...]. De uma parte, a recusa de se colocar a serviço de uma causa o conduz a buscar a aparência e o brilho do poder, em vez do poder real; de outra parte, a ausência do senso de responsabilidade o leva a só gozar do poder pelo poder, sem deixar-se animar por qualquer propósito positivo. [...]. Política dessa ordem não passa jamais de produto de um espírito embotado, soberanamente artificial e medíocre, incapaz de apreender qualquer significação da atividade humana. Nada, aliás, está mais afastado da consciência do trágico, de que se penetra toda ação, e, em especial, toda ação política do que essa mentalidade. (WEBER: 2000, p.107-108)
Sociologicamente, o Estado não se deixa definir a não ser pelo específico meio que lhe é peculiar, tal como é peculiar, a todo outro agrupamento político, ou seja, o uso da coação física. [...]. Em todos os tempos, os agrupamentos políticos mais diversos ___ a começar pela família ___ recorreram à violência física, tendo-a como instrumento normal de poder. Em nossa época, entretanto, devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território ___ a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado ___ reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física. [...]. O Estado se transforma, portanto, na única fonte do “direito” à violência. (WEBER; 2000:56).
O ESTADO pode ser concebido sob duas perspectivas diferentes: juridicamente e politicamente. Sob o ponto de vista jurídico, para que haja Estado, é preciso haver território, povo, governo e soberania.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Assim, por exemplo, a nação cigana não constitui um Estado, por não ter um território; igualmente, não existe o Estado da Palestina, pois não tem uma autonomia, embora haja povo e território. O povo é a população que tem vínculo jurídico com o Estado: certidão de nascimento, carteira de identidade, título de eleitor, etc. O governo corresponde aos indivíduos inseridos no poder executivo: prefeito, governador, presidente. Diferentemente do Estado, é importante lembrar que o governo, que é um componente do Estado, é temporário, como foram os governos FHC, Lula, Dilma, Temer. Politicamente, como se define o Estado? O conceito mais claro foi construído por Max Weber, para quem o Estado é a Instituição que detém o monopólio legítima do uso da força física dentro de um determinado território. No âmbito do Estado, que é o do domínio legal, a burocracia exerce um papel decisivo para a criação, o fortalecimento e a perpetuação do Estado Moderno. A BUROCRACIA, em Max Weber, é uma forma de administrar na qual cada funcionário, aprovado em concurso público sob critérios igualmente públicos e universais, exerce uma função específica e especializada, dentro de uma hierarquia reconhecida. Estabelecendo uma relação de superioridade, a burocracia é um mecanismo de poder. Em sua atuação a serviço do Estado, o funcionário tem uma série de proteções e garantias, que fazem com que muitos busquem esse serviço. Essa estrutura burocrática acentua a impessoalidade nas repartições públicas, uma vez que o funcionário deve fazer com que sua especialidade funcione, com que sua função seja bem exercida, com que o regulamento seja bem cumprido, buscando atender e administrar a igualdade reivindicada pelas pessoas.
5. A sociologia de G. Simmel: a vida na metrópole a) A vida na metrópole moderna Nesse contexto moderno de migração para os centros urbanos e de formação das metrópoles, onde a vida acontece de modo mais agitado, a sociologia de Georg Simmel (1858-1918) está focada nas reações dos indivíduos a esse rápido processo de urbanização, no qual torna-se problemática a questão da autonomia do sujeito diante das forças impessoais da cultura em rápida expansão. O indivíduo sente a pressão, a força coercitiva de uma sociedade que está ficando cada mais mecanizada e provoca alterações profundas na vida privada e social dos indivíduos. Afinal, para Simmel, a sociedade não é constituída pelos indivíduos, mas ela é a eles anterior, ela preexiste a eles e os condiciona, ao mesmo tempo que os socializa. O locus por excelência dessa modernidade é a grande metró-
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pole, onde se verifica não só a mais elevada divisão econômica do trabalho, como também o acentuado divórcio entre a cultura subjetiva e objetiva. E nesse divórcio o mais grave de tudo é que a luta humana não é por humanização, evolução e aperfeiçoamento da subjetividade, mas por sobrevivência, como na natureza, só que agora em uma disputa na qual o produto será concedido, à duras penas, por outros homens. b) A divisão do trabalho e a tragédia da cultura Simmel se refere à modernidade como tragédia cultural. A tragicidade desse fenômeno consiste especialmente no fato de os objetos culturais, que são produtos do espírito humano e que formam a cultura objetiva, caminham para a autonomização de tal nível que deixam de ser objetos ou meios e passam a se tornar fins, alienando a si seus próprios criadores. Simmel usa a expressão “tragédia cultural” para referir-se a essa acentuada discrepância entre as conquistas materiais da sociedade e o estado pouco evoluído do próprio ser humano. Nessa grande tragédia cultural, os sujeitos que criam a cultura não mais se reconhecem e nem são reconhecidos na cultura que criam. Portanto, a sociedade moderna, marcada pelas crescentes metrópoles, iniciou um processo de automatização da vida, que implicou a alienação do indivíduo. A sobreposição da cultura objetiva sobre a cultura subjetiva tem sua origem na divisão do trabalho e da imposição da economia monetária, uma vez que a especialização crescente da produção está fundamentada no princípio da calculabilidade precisa, mediada pelo dinheiro. Dessa forma, o que possibilita tanto a produção quanto o consumo é a economia monetária, da impessoalidade e generalidade do dinheiro que tudo nivela sob o princípio da quantificação, do calculabilidade, da previsibilidade, da ação e razão instrumental ou estratégica. Trata-se de uma sociedade governada pelo impessoalidade do dinheiro, sem consideração à pessoa. c) Comportamento reserva e atitude blasé Se, por um lado, a vida moderna exalta a liberdade como libertação das amarras e coloca no centro o indivíduo e suas buscas, por outro lado, o estilo de vida moderna deixa as relações sociais com vínculos mais débeis ou fracos, se comparados com as relações sociais em sociedades mais tradicionais. A nova mediação fundamental entre as pessoas seria realizada pelo aspecto monetário, pelo dinheiro, que é algo impessoal e universal. E nessa dinâmica, segundo Simmel o que mais se intensifica é a vida nervosa, os estímulos, as múltiplas excitações. Em razão disso, os indivíduos passam a adquirir um comportamento de reserva em relação aos outros, o que funcionaria como uma forma de defesa de sua individualidade. Assim, o individualismo é apresentado como a marca do espírito moderno. Considerando os estilos e os ritmos da vida moderna, Simmel afirma que os indivíduos são cotidianamente submetidos a um excesso de estímulos. Hiperestimulado, o indivíduo acaba ficando sem forças de reação; nas palavras de Simmel: “incapaz de reagir a novos estímulos com as energias adequadas”. Com isso, nasceria uma impessoalidade que caracterizaria a vida do indivíduo metropolitano moderno, produzindo indiferença. Para falar desse sentimento e atitude Simmel fala em atitude blasé, uma espécie de anestesia, de insensibilidade, de não reação, de não espanto, de distanciamento passivo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
6. A natureza repressora da cultura, em Sigmund Freud O mal-estar na civilização Na parte V de sua obra O mal-estar na civilização, de 1930, Sigmund Freud (1856-1939) fala da natural agressividade que existe no ser humano. Sendo assim, a vida em sociedade não aparece como algo natural. Com efeito, a instituição da sociedade civil acarretará no ser humano um necessário mal-estar, devido à impulsividade e natural busca pelo prazer que terá de ser reprimida pela sociedade. A existência da inclinação para a agressão, que podemos detectar em nós mesmos e supor com justiça que ela está presente nos outros, constitui o fator que perturba nossos relacionamentos com o nosso próximo e força a civilização a um tão elevado dispêndio de energia. Em consequência dessa mútua hostilidade primária dos seres humanos, a sociedade civilizada se vê permanentemente ameaçada de desintegração. [...]. Daí, portanto, o emprego de métodos destinados a incitar as pessoas a identificações e relacionamentos amorosos inibidos em sua finalidade, daí a restrição à vida sexual e daí, também, o mandamento ideal de amar ao próximo como a si mesmo, mandamento que é realmente justificado pelo fato de nada mais ir tão fortemente contra a natureza original do homem. A despeito de todos os esforços, esses empenhos da civilização até hoje não conseguiram muito. Espera-se impedir os excessos mais grosseiros da violência brutal por si mesma, supondo-se o direito de usar a violência contra os criminosos; no entanto, a lei não é capaz de deitar a mão sobre as manifestações mais cautelosas e refinadas da agressividade humana. FREUD: Mal-estar na civilização. Obras psicológicas completas. Edição Standart brasileira. Rio de Janeiro: Imago editora, 1996. p. 160-161
Uma das estratégias da cultura para reprimir a libido humana tem relação com o culto ao trabalho, conduzindo os indivíduos a trabalharem cada vez mais. Contudo, isso também acaba contribuindo para um profundo mal-estar no indivíduo nessa sociedade. Sobre a repressão social, na parte IV de sua obra Mal-estar na civilização Freud assim se expressa: A tendência por parte da civilização em restringir a vida sexual não é menos clara do que sua outra tendência em ampliar a unidade cultural. Sua primeira fase, totêmica, já traz com ela a proibição de uma escolha incestuosa de objeto, o que constitui, talvez, a mutilação mais drástica que a vida erótica do homem em qualquer época já experimentou. Os tabus, as leis e os costumes impõem novas restrições, que influenciam tanto homens quanto mulheres. Nem todas as civilizações vão igualmente longe nisso, e a estrutura econômica da sociedade também influencia a quanti-
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dade de liberdade sexual remanescente. Aqui, como já sabemos, a civilização está obedecendo às leis da necessidade econômica, visto que uma grande quantidade da energia psíquica que ela utiliza para seus próprios fins tem de ser retirada da sexualidade FREUD S. Mal-estar na civilização. Obras psicológicas completas. Edição Standart brasileira. Rio de Janeiro: Imago editora, 1996; p. 109.
7. Processo civilizador em Norbert Elias. a) O processo civilizador e o refinamento das ações e dos sentimentos Em O processo Civilizador, Norbert Elias Norbert Elias (18971990) analisa a formação dos valores sociais e os efeitos que o Estado moderno provoca sobre os costumes e a conduta moral dos indivíduos. O Olhar de Elias favorece a desnaturalização dos valores e dos sentimentos morais. Os nossos sentimentos e valores seriam uma construção história, que tem contexto, e atenderiam a objetivos ou interesses de classe. Desse modo, no percurso histórico de construção da cultura, os valores sociais aprendidos e apreendidos ou assimilados e internalizados passam a ser vistos como se fossem naturais, e incorporam a estrutura da personalidade do indivíduo. Por exemplo, o sentimento de vergonha, que muitos julgam como natural, Elias evidencia como socialmente aprendido nas relações sociais. Uma das mais significativas contribuições de Norbert Elias está justamente na crítica que faz à ideia de civilização que imperava, evidenciando que as maneiras “civilizadas” não são naturais, mas resultado de um lento e progressivo desenvolvimento histórico, no qual vai sendo processado um “refinamento” das ações e dos sentimentos dos indivíduos, por meio de coações e coerções sociais, transformando modos de pensar, de perceber, de sentir e de agir . Metodologicamente, Elias se concentra em uma documentação referente à instituição de regras e padrões de conduta, manuais de boas maneiras que lentamente promovem o “refinamento” das ações e dos sentimentos dos indivíduos. Norbert Elias mostra como, historicamente, a centralização do poder nas monarquias absolutistas exigia maior controle das emoções e dos impulsos entre os indivíduos que se relacionavam nesse nível hierárquico a ponto de ser um elemento definidor da identidade, que distinguia a elite social. A partir do momento em que a burguesia passa a assumir funções governamentais, a instituição família receberá como uma de suas principais funções a educação das crianças, na direção do seu condicionamento para os padrões de comportamento socialmente aceitos. Esse processo civilizador seria um processo de internalização dos comportamentos considerados “civilizados”, culminando no autocontrole das ações e emoções, produzindo uma mudança profunda na personalidade do sujeito. Para Elias, a condição de sobrevivência de uma sociedade está atrelada à canalização das pulsões e emoções do indivíduo na
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA direção de algo socialmente aceito e valorizado. É nesse contexto que nascem ou se formam as normas de conduta. Mostramos como o controle efetuado através de terceiras pessoas é convertido, de vários aspectos, em autocontrole, que as atividades humanas mais animalescas são progressivamente excluídas do palco da vida comum e investidas de sentimentos de vergonha, que a regulação de toda a vida instintiva e afetiva por um firme autocontrole se torna cada vez mais estável, uniforme e generalizada. Isso tudo certamente não resulta de uma ideia central concebida há séculos por pessoas isoladas, e depois implantada em sucessivas gerações como a finalidade da ação e do estado desejados, até se concretizar por inteiro nos “séculos de progresso”. Ainda assim, embora não fosse planejada e intencional, essa transformação não constitui uma mera sequência de mudanças caóticas e não estruturadas. ( ELIAS; 1993: 193-194
Desse modo, o processo civilizador, muito mais do que um processo racional, se constituiria como um processo no qual aumenta o sentimento de vergonha sobre determinados comportamentos indesejados socialmente, gerando profundas alterações emocionais e mentais nos sujeitos culturais.
Na verdade, [a limitação dos instintos] é cultivada desde tenra idade no indivíduo, como autocontrole habitual, pela estrutura da vida social, pela pressão das instituições em geral, e por certos órgãos executivos da sociedade (acima de tudo, pela família) em particular. Por conseguinte, as injunções e proibições sociais tornam-se cada vez mais partes do ser, de um supere(ELIAS; 1993: 186-187) go estritamente regulado.
Assim, a força coercitiva da cultura move os comportamentos sociais de seus membros. O próprio indivíduo passa a exercer um autocontrole para não frustrar as expectativas sociais e sentir-se incluído socialmente. Nesse sentido, para Norbert Elias, o critério que define ou orienta o processo civilizador de uma cultura é a passagem da coerção externa para a autocoerção, estágio no qual, de forma antecipada, o indivíduo evita a necessidade da punição externa, necessidade através de um comportamento socialmente esperado, sendo gentil, polido e generoso. Portanto, o processo civilizador acontece na medida em que os impulsos primários e agressivos do ser humano são controlados e canalizados para a vida social.
8. A Antropologia de Lévi-Strauss. a) O estruturalismo como método O antropólogo Lévi-Strauss (1908-2009) é considerado fundador da antropologia estrutural. Ele introduziu na Antropologia o método estruturalista, que consiste em descobrir os elementos mais profundos que existem numa cultura e que sustentam determinados costumes e valores.
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OBJETO DE ESTUDO DA ANTROPOLOGIA: O OUTRO “Enquanto as maneiras de ser ou de agir de certos homens forem problemas para outros homens, haverá lugar para uma reflexão sobre estas diferenças, que, de forma sempre renovada, continuará a ser o domínio da (LÉVI-STRAUSS; 1962: p.54) antropologia.” Em sua obra, o pensamento selvagem, Lévi- Strauss ao falar do objeto e da metodologia do etnólogo ou do antropólogo afirma: (...) O que todo etnólogo tenta fazer com culturas diferentes: colocar-se no lugar dos homens que aí vivem, compreender sua intenção em seu princípio e em seu ritmo, perceber uma época ou uma cultura como um (LÉVI-STRAUSS,1989: p. 292) conjunto significante. No reconhecimento da singularidade das diferentes etnias, afirma: Um povo primitivo não é um povo ultrapassado ou atrasado; num ou noutro domínio pode demonstrar um espírito de invenção e realização que deixa aquém os êxitos dos civilizados. (LÉVI-STRAUSS, 1967: P.122)
Além da visão distorcida e preconceituosa, costuma prevalecer, no senso comum, uma concepção essencialista de identidade cultural. Quando se pergunta sobre o significado de ser índio costuma-se ouvir uma resposta padrão, universalizada, como se houvesse uma única identidade indígena, desvinculada de seu movimento histórico. Cada vez que somos levados a qualificar uma cultura humana de inerte ou estacionária, devemos, portanto, nos perguntar se este imobilismo aparente não resulta da ignorância que temos de seus interesses verdadeiros, conscientes ou inconscientes, e se, tendo critérios diferentes dos nossos, esta cultura não é, a nosso respeito, vítima da mesma ilusão. (LÉVI-STRAUSS,1976: P. 346) Portanto, a identidade cultural não é simplesmente singular e fixa, ou seja, não há um único jeito de ser índio, por exemplo, e nem permanece de uma única forma ao longo da história. A identidade é complexa e dinâmica. Sendo histórica, toda cultura é comunidade imaginada, pensada, inventada, em projeção e em realização. Em Lévi-Strauss, encontramos uma preocupação mais focada em olhar para a singularidade de cada povo na situação atual em que se encontra, um olhar sincrônico, e não tanto para a dimensão diacrônica, ou seja, um olhar mais voltado para a estrutura do que para o movimento histórico das transformações. Lévi-Strauss busca captar no momento, na situação real os elementos mais profundos de uma cultura e nelas perceber a presença de algo universal. E somente após haver compreendido como a cultura está estruturada e como ela opera seria possível refletir e compreender os processos de mudança.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
De acordo com Lévi-Strauss, ao olhar para as relações sociais, para os modos de vida, para os sistemas de representação, o antropólogo encontra a matéria-prima para construir os modelos que evidenciam a estrutura social. O foco especial do seu olhar era chegar ao que fosse comum ao grupo, algo que fosse um universal humano. Diferentemente da metodologia emprega pela História, focada em expressões conscientes, a etnologia (Antropologia cultural e social) busca as relações inconscientes da vida social, aqueles elementos não conscientes, profundos, os invariantes universais que funcionam como cimento ou elo da vida social. Ao optar pela estrutura, a antropologia não estava recusando a história, mas concentrandose metodologicamente num aspecto. Levi- Strauss foi um antropólogo que dedicou sua vida ao estudo do comportamento e do pensamento dos índios americanos. Para esse estudo, ele usou o método estruturalista, que consistia em captar os invariantes profundos da mente humana, a “procura por harmonias inovadoras”. Para tanto, sempre partia da empeiria, da experiência, e nela percebeu que não há motivos para aceitar a noção de que a civilização ocidental é privilegiada. Em seus inúmeros estudos, que aconteciam entre inúmeras viagens para muitas tribos indígenas, sempre reconhecia que a mente “selvagem” é igual à “civilizada”. Afirmava que as características humanas são as mesmas. Ele se dedicava especialmente a buscar a racionalidade nativa. A passagem da natureza para a cultura é o ponto central de sua reflexão. Ele afirma que essa passagem se dá pela mediação da linguagem. O ser humano usa, por exemplo a língua, que tem sua própria racionalidade, que nós mesmos não conhecemos. No estudo de natureza e cultura, afirmava que o ser humano é uma espécie passageira, que um dia estará extinta. Em 2005, quando completou 97 anos, ele recebeu, na Espanha, um premio internacional. Na ocasião, ele se pronunciou nesses termos: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". b) A proibição do incesto e a formação da cultura Em As estruturas elementares do parentesco, Lévi-Strauss afirma que existem na natureza humana ou no espírito humano determinados esquemas ou modelos universais de pensamento. E nesses modelos se encontraria o fundamento da passagem da natureza à cultural, a partir da proibição do incesto e a partir das instituições matrimoniais. Para Lévi-Strauss, a proibição do incesto deve ser vista dentro de uma regra de reciprocidade positiva, na dinâmica da dádiva, que exige a troca das mulheres nos sistemas de aliança matrimonial. Como avesso negativo dessa regra surgiu a proibição do incesto. Dessa forma, a troca aparece como o fundamento da vida social. Existe aqui um postulado de uma unidade estrutural do ser humano na diversidade das culturas, no interior das quais sempre se encontram modelos classificatórios duais.
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No princípio da reciprocidade, existe uma transferência de valor, consentida entre indivíduos, que faz com que uma nova qualidade seja acrescentada ao valor transferido. A proibição do incesto aparece assim como a verdadeira certidão do nascimento da vida social, “a passagem do fato natural da consanguinidade para o fato cultural da aliança” (Lévi-Strauss, 1967: p.35). O que faz o incesto ser interdito socialmente é o fato de ele ser uma ameaça a uma ordem social estabelecida. Lévi-Strauss se recusa a pensar ou a aceitar a proibição do incesto em termos biológicos ou psíquicos. Ele chega a afirmar que: “ Nada existe na irmã, na mãe, nem na filha que as desqualifique enquanto tais. O incesto é socialmente absurdo antes de ser moralmente condenável (LÉVI-STRAUSS, 1976: p. 526) Portanto, não aceita qualquer explicação essencialista ou substantiva, como se houvesse alguma coisa intrínseca às pessoas. Sua abordagem é estruturalista, ou seja, o fator explicativo deve ser buscado não nos termos em si, mas na relação entre os termos. E, no caso do incesto, deve-se atentar para a posição dos indivíduos dentro de um sistema de parentesco. Quem está na posição de pai ou irmão, deve dar suas filhas e irmãs em casamento a outros homens que, por sua vez estão submetidos à mesma regra geral dentro do grupo. Assim, a proibição do incesto institui, além do casamento, o parentesco A proibição do incesto é menos uma regra que proíbe casar-se com a mãe, a irmã ou a filha do que uma regra que obriga a dar a outrem a mãe, a irmã e a filha. É a regra do dom por excelência (LÉVI-STRAUSS, 1976A: P. 522).
9. O processo de vigilância social em Michel Foucault a) O monitoramento do individuo Nas reflexões de Michel Foucault (1926-1984) fica evidenciado o quanto o sujeito é sempre um resultado de determinada prática social. Ou seja, o indivíduo é produzido pela sociedade, e uma das instituições responsáveis por essa fabricação de um determinado ou esperado sujeito é a escola. E a escola funcionaria como uma das “instituições de sequestro”, que retiram o individuo do seio familiar e, durante, um determinado período de tempo, vão moldando suas condutas e disciplinando seus comportamentos, à luz das expectativas sociais Quando Foucault reflete sobre o poder, insiste no reconhecimento de que os poderes não estão localizados em nenhum ponto específico da estrutura social. Funcionam como uma rede de dispositivos ou mecanismos aos quais nada ou ninguém escapa. Por essa razão, Foucault apresenta forte interesse nos aspectos microfísicos do poder, em sua presença estendida por todo o corpo social. Em decorrência disso, ele combate a ideia de um Estado como força repressora que esteja em algum lugar específico. Em sua obra “Vigiar e punir”, Foucault nos mostra como o Estado moderno exerce seu poder de monitoramento, de controle e punição, por meio de um complexo aparato, que inclui escolas, igrejas, instituições de trabalho, prisões etc. Assim, o que existe na verdade são infinitos mecanismos de saber e poder
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA que perpassam todo o tecido social, gerando e modificando condutas nos indivíduos. Essa força relacional oculta, não personalizada, atua em todos os âmbitos produzindo um ser humano domesticado ou docilizado. Assim, o poder difuso realiza um controle difuso. Um exemplo no qual podemos fazer ou perceber a aplicação dessa ideia encontra-se na estrutura das fábricas ou dos presídios, nos quais se encontra ou uma torre ou vidros transparentes, por meio dos quais a absoluta vigilância se exerce, nela o vigiado acaba interiorizando o olhar do vigia. O Panóptico, na inspiração de Jeremy Bentham, era um edifício circular. No centro do pátio havia uma torre com vigilantes, a partir de onde se via todas as celas e tudo o que acontecia em seu interior. Esse “grande olho que tudo vê”, foi tematizado no romance 1984, de George Orwell. A partir desse romance, percebemos a atualidade do Big Brother, do olho que tudo fiscaliza, fazendo circular o poder, criando um sistema permanente de recompensas e penalidades que classificam as condutas, com o objetivo de, acima de tudo, homogeneizar os indivíduos. Segundo Foucault, “o panóptico é uma máquina maravilhosa que, a partir dos desejos mais diversos, fabrica efeitos homogêneos de poder”. (FOUCAULT; 2008:167): As relações de poder Na introdução à obra Microfísica do poder, Roberto Machado afirma O poder não é algo que se detém como uma coisa, como uma propriedade, que se possui ou não. Não existem de um lado os que têm o poder e de outro aqueles que se encontram dele alijados. Rigorosamente falando, o poder não existe; existem sim práticas ou relações de poder. O que significa dizer que o poder é algo que se exerce, que se efetua, que funciona. E que funciona como uma maquinaria, como uma máquina social, que não está situada em um lugar privilegiado ou exclusivo, mas se dissemina por toda estrutura social. Não é um objeto, uma coisa, mas uma relação. ( MACHADO; 1970: XVI). Foucault reflete sobre o Estado e a não identidade ou o não monopólio que o Estado teria do poder, afirmando que o poder não pertence a alguém especificamente ou esteja em um lugar determinado. O que há são múltiplas práticas ou relações de poder. Por dominação eu não entendo o fato de uma dominação global de um sobre outros, ou de um grupo sobre outro, mas as múltiplas formas de dominação que podem se exercer na sociedade. Portanto, não o rei em sua posição central, mas os súditos em suas relações recíprocas: não a soberania em seu edifício único, mas as múltiplas sujeições que existem e funcionam no interior do corpo social. (FOUCAULT; 1985: 181) Segundo esses termos, Foucault sinaliza para o fato de o poder atuar de forma ramificada, circular, em rede, não podendo ser monopólio de alguém.Com essa concepção de poder difuso e atuante na sociedade contemporânea, Foucault explicita que vivemos dentro de uma estrutura que nos condiciona o
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tempo todo. Por isso, o estruturalismo é uma radical denúncia da ideia existencialista de que o homem é ser livre, sujeito autônomo de sua história. O pensamento de Karl Marx também sinaliza, em seu materialismo, que as relações materiais de produção da existência determinam a forma de pensar e de agir do ser humano; ou seja, o ser social do homem, seu meio cultural, determina a sua consciência. Sobre o poder como rede que atravessa todo o corpo social, Foucault assim expressa: Se o poder fosse somente repressivo, se não fizesse outra coisa a não ser dizer não você acredita que seria obedecido? O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instancia negativa que tem por função repri(FOUCAULT;1979: p.8.) mir. Para Foucault, o indivíduo moderno é fortemente monitorado e controlado por muitas instâncias de poder. Esse monitoramento generalizado acontece atualmente, também, nas compras que um indivíduo faz, por exemplo, com seu cartão de crédito, nos produtos que consume, etc. Foucault argumenta que em toda sociedade existem os discursos de verdade, linguagens que vão moldando corpos e comportamentos, condicionando os indivíduos: Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade, isto é, os tipos de discurso que aceita e faz funcionar como verdadeiros..., os meios pelo qual cada um deles é sancionado, as técnicas e procedimentos valorizados na aquisição da verdade; o status daqueles que estão encarregados de dizer o que conta como verdadeiro. (FOUCAULT; 1979:12)
10. Pierre Bourdieu: O Habitus e o Efeito “Lugar”. a) O espaço social e o espaço físico O sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) traz análises decisivas para compreendermos a dinâmica e dialética relação que existe entre indivíduo e sociedade. Ele traz uma especial sensibilidade para abordar o modo como acontecem os processos de socialização, de interiorização e de exteriorização de crenças, tradições, valores, princípios, ações comuns a grupos. Entre os temas fundamentais encontramos o tema da interação social, do capital social, cultural e simbólico, a questão do poder e da dominação, a questão das classes sociais, do sentido atribuído pelos indivíduos às suas ações. Acima de tudo, sua reflexão gira em torno do problema da mediação entre o indivíduo, como agente social e a sociedade. E será no conceito de habitus, como aprendizagem socialmente situada, que ele encontrará essa mediação .
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Para Bourdieu, “o espaço social se traduz no espaço físico”. Considerando nossa sociedade capitalista, quanto mais capital alguém historicamente possuir mais ele costuma fazer parte de um grupo que se distancia socialmente de outros grupos privados do capital. E nessa distância social, os bens e os serviços costumam estar concentrados com aqueles que detém o capital econômico, cultural, simbólico. Relacionado a isso, formam-se as diferentes regiões do espaço social, e cada região vai recebendo o seu valor, considerando a oportunidade ou não de acesso aos melhores bens e serviços disponíveis, os mais raros e mais cobiçados, de melhor qualidade em educação, saúde, segurança, transporte, lazer. “O capital permite manter à distância as pessoas e as coisas indesejáveis ao mesmo tempo que aproximar-se de pessoas e coisas desejáveis [...] Inversamente, os que não possuem capital são mantidos à distância, seja física, seja simbolicamente, dos bens socialmente mais raros [...] A falta de capital intensifica a experiência da finitude: ela prende a um lugar. BOURDIEU, P. “Efeitos do lugar”. In: BOURDIEU, P (Org). A miséria do Mundo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.p. 164
Quem ocupa qual lugar no espaço social? De modo geral, indivíduos socialmente distantes, como ricos e pobres, costumam ter fronteiras bem definidas entre eles. E essas fronteiras não são somente definidas pelo capital econômico, mas também pelo capital cultural, social e simbólico. A tendência é de esses grupos se fecharem em si mesmos, em bairros tidos como nobres ou chiques, por um lado, e em bairros periféricos, favelas, morros e guetos, por outro lado. O bairro estigmatizado degrada simbolicamente os que o habitam, e que, em troca, o degradam simbolicamente, porquanto, estando privados de todos os trunfos necessários para participar dos diferentes jogos sociais, eles não têm em comum senão sua comum excomunhão. A reunião num mesmo lugar de uma população homogênea na despossessão tem também como efeito redobrar a despossessão, principalmente em matéria de cultura e de prática cultural. ( BOURDIEU; 1997:166) Construindo o Habitus Todo individuo é situado socialmente e passa por um processo de socialização, por meio do qual aprende a ver o mundo, apreende modos de ser e de pensar, a dar valor a certas coisas, a agir de determinadas maneiras. E nesse processo o conceito de habitus, do modo como foi desenvolvido por Bourdieu, torna-se um conceito chave para compreender os modos como as socializações acontecem.. O habitus tem uma dimensão social e uma dimensão individual. Inicialmente, existe o elemento externo e objetivo, o coletivo, o grupo, a classe social. Esse grupo tem seus valores, seus princípios, sua visão de mundo. O indivíduo que nasce no referido grupo irá internalizar ou interiorizar essa objetividade, a visão do grupo e formará um habitus subjetivo relativamente homogêneo ao do grupo. E essa internalização que o sujeito faz está condicionada pela posição social que
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ele ocupa, influenciado pelas instituições sociais de socialização às quais ele tem acesso. Desse modo, habitus se forma nos grupos e nos indivíduos no interior de uma sociedade que traz as marcas de seus antepassados. Partindo do pressuposto de que o homem é um ser social, situado historicamente em uma comunidade, a sua conduta sempre sofrerá as influências do meio. Em decorrência disso, afirma Bourdieu, o indivíduo assimilará diferentes grupos de esquemas e a partir dessa assimilação vai construindo seus esquemas e os aplica a situações particulares. É isso que se entende por habitus. Trata-se de um instrumento de percepção e de ação. Cada Indivíduo aprende a ver o mundo e cria um estilo de vida influenciado pelo meio em que vive. O habitus adquirido na família está no princípio da estruturação das experiências escolares, o habitus transformado pela escola, ele mesmo diversificado, estando por sua vez no princípio da estruturação de todas as experiências ulteriores (BOURDIEU. P. Esquisse d'une theorie de la pratique, p. 162-189. In: ORTIZ; 1983: 18)
Desse modo, Bourdieu define habitus como um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas, que permitem resolver os problemas da mesma forma, e às correções incessantes dos resultados obtidos, dialeticamente produzidas por esses resultados. (BOURDIEU. P.Esquisse d'une theorie de la pratique. In: ORTIZ; 1983: 65)
Em suma, para Bourdieu existe uma relação dialética, dinâmica e conflitiva entre sociedade e indivíduo. Servimo-nos das palavras a seguir como síntese, nas quais Bourdieu cria o rótulo de “estruturalismo construtivista” para definir seu pensamento Por estruturalismo, ou estruturalista, quero dizer que existem, no próprio mundo social e não apenas nos sistemas simbólicos - linguagem, mito, etc. -, estruturas objetivas, independentes da consciência e da vontade dos agentes, as quais são capazes de orientar ou coagir suas práticas e representações. Por construtivismo, quero dizer que há, de um lado, uma gênese social dos esquemas de percepção, pensamento e ação que são constitutivos daquilo que chamo de habitus e, de outro, das estruturas sociais, em particular do que chamo de campos e grupos, e particularmente do que se costuma chamar de classes sociais. BOURDIEU. P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, 1990. p. 149
11. Gilberto Freyre: O Brasil miscigenado a) Contra a tese do branqueamento
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Gilberto Freyre (1900- 1986) busca uma nova interpretação da formação brasileira. Nessa nova leitura, fará forte oposição às interpretações racistas, naturalistas e ao determinismo geográfico.Para Freyre, o ser humano deverá ser pensado como ser biológico e cultural. Apoiado na antropologia de seu mestre Franz Boas, rejeita a tese racista do branqueamento* do Brasil, explicitando como as relações interétnicas aconteciam no Brasil, afirmando que o determinismo seja racista ou climático não exercia influência no desenvolvimento de um país. Freyre vai propor uma interpretação positiva do Brasil como país Miscigenado tanto biológica quanto culturalmente Tese do branqueamento Em fins do século XIX e primeira metade do século XX, em várias partes do mundo defendiam-se teses eugenista, que afirmavam a superioridade europeia, da “raça” branca, supostamente mais bela e mais civilizada, comparando com outros povos, concebidos na época como as outras “raças”: a amarela, a vermelha e a negra, ou seja, os asiáticos, os indígenas e os africanos. Essa perspectiva se desenvolver a partir da teoria de Arthur de Gobineau (1816-1882), que afirmava que a inevitável mistura de raças conduziria a humanidade à degeneração física e intelectual. Além dessa teoria, a perspectiva do Darwinismo social, desenvolvida por Herbert Spencer (1820-1903) também marcará forte influencia para a formação da tese do branqueamento. No Brasil, a teoria ou tese do branqueamento afirmava que com a vida dos europeus, que deveria ser cada vez mais estimulada, a miscigenação faria com que, em cada nova geração, os negros ficassem cada vez mais brancos. Um dos representantes brasileiros dessa perspectiva foi o antropólogo João Baptista Lacerda (1846-1915) que defendia como muito positivo a miscigenação brasileira, pois ela favoreceria o branqueamento, uma vez que o branco iria se sobrepor às mais cores. Essa teoria racialista, de fato, começará a ser desacreditada somente após a segunda guerra mundial, com as intervenções da Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945. b) O patriarcalismo familial rural e escravocrata: Despotismo e proximidade. Segundo Freyre, desde 1532, percebe-se na organização econômica e civil do Brasil, que os portugueses mudariam da perspectiva extrativista para a atividade agrícola. Dessa forma, em termos econômicos, o que passa a predominar era a monocultura latifundiária desenvolvida por meio do trabalho escravo. Em termos sociais, o aspecto a destacar passa a ser a família patriarcal resultante da união do homem português com a mulher índia. Em termos políticos, o senhor de terras e dos escravos reinava como autoridade absoluta. Em termos culturais, devido à forte presença do catolicismo associada à enorme dependência política e econômica que o Brasil vivia em relação ao patriarcado, era comum encontrar dentro da casa do senhor de terras e de escravos”, altar religioso, e em seu território, um exército particular. Dessa forma, material e simbolicamente, o patriarcalismo familiar reinou com grandes poderes, sendo expressão da organização da própria sociedade.
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c) A potencialidade para uma democracia étnico-racial no Brasil Se considerarmos todas as sociedades escravocratas americanas, encontraremos como elementos comuns a produção escravocrata, em sistema econômico de monocultura e em regime de família patriarcal. Para Freyre, contudo, a identidade cultural do Brasil colônia deve ser estudada a partir desse encontro singular entre o português e o negro, que une de modo ambíguo despotismo e proximidade algo que seria bem singular da escravidão efetivada no Brasil. Um aspecto que fez com que Freyre viesse a pensar a possibilidade de o Brasil ter em si o potencial para uma democracia étnica foi, por exemplo, a educação conjunta ou “co-educação” que havia entre negros e brancos no mesmo espaço. Realidade essa que ele não via fora daqui, em outros países que também estavam em regime de escravidão. A presença dessa realidade vislumbrava um possível caminho de “democracia racial”. Ele não afirmava que ela existia, mas que havia como que sementes. d) Dois modelos diferentes de escravidão No intuito de compreender a singularidade da escravidão brasileira, Freyre compara e distingue duas formas de escravidão, a ocidental europeia pós-industrial e a oriental árabe pré-industrial. Na primeira, o escravo seria reduzido à máquina de trabalho, na escravidão de tipo árabe, à qual a escravidão brasileira se assemelha, o escravo seria praticamente uma pessoa da família. Essa caracterização ajuda em muito a compreender o modo como Freyre percebia a formação social no Brasil colônia. Em citação extraída de Novo mundo nos trópicos, Freyre se refere explicitamente a essa singularidade: Em toda parte, fiquei impressionado pelo fato de que o parentesco sociológico entre os sistemas português e maometano de escravidão parece responsável por certas características do sistema brasileiro. Características que não são encontradas em nenhuma outra região da América onde existiu a escravidão. O fato de que a escravidão, no Brasil, foi, evidentemente, menos cruel do que na América inglesa, e mesmo do que nas Américas francesa e espanhola, já me parece documentado de forma idônea [...] A concepção maometana da escravidão, como sistema doméstico ligado à organização da família, inclusive às atividades domésticas, sem ser decisivamente dominada por um propósito econômico-industrial, foi um dos valores mouros ou maometanos que os portugueses aplicaram à colonização predominantemente, mas não exclusivamente cristã, do Brasil (FREYRE, 1969: p.179-180).
Em “Sobrados e mocambos” (1936), o sociólogo e antropólogo mostra como o patriarcado rural começa a ruir e o que nasce e se eleva são as elites brasileiras urbanas, de matriz europeia. Assim, as “casas-grandes” dão lugar aos sobrados europeus e as senzalas migram para os casebres dos bairros pobres das cidades. Com a crescente urbanização, haverá uma profunda mudança na concepção de hierarquia social. Agora, o status destacado
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passará a estar relacionada aos valores burgueses dos centros urbanos. O patriarca perde aquela tradicional referência. Novos valores passam a comandar a sociedade, e o senhor patriarca terá de adaptar-se inclusive a esses novos valores, de natureza impessoal e abstrata. Com a urbanização, inicia-se o processo moderno da burocratização. A presença do Estado, por meio da figura do Imperador, com seus burocratas, os juízes, os fiscais, normalmente muito mais próximos dos que possuíam as melhores condições econômicas.Com a revolução urbana, valorizam-se o mercado, a máquina, a inovação técnica, o conhecimento, o talento individual, ideias liberais. Como decorrência, teremos a diminuição da cultura patriarcal. Contudo, os velhos problemas sociais continuavam. A urbanização não melhorou as condições de vida dos negros e mestiços pobres. e) Um Brasil miscigenado. A reflexão antropológica e sociológica de Gilberto Freyre começa a superar o conceito “raça” e sua substituição pelo conceito “cultura”. Assim, a ideia de mescla cultural passa a ser dominante. A miscigenação étnica é o resultado do encontro ou do cruzamento de indivíduos de diferentes etnias ou culturas: povos indígenas, negros africanos, colonizadores europeus, imigrantes europeus, árabes, japoneses, sul-americanos, etc. O sociólogo Jessé Souza apresenta a visão de Freyre nesses termos: Segundo Freyre, a singularidade de nossa cultura é a propensão para o encontro cultural, para a síntese das diferenças, para a unidade na multiplicidade. É por isso que somos únicos e especiais no mundo. Devemos, portanto, ter orgulho e não vergonha de sermos “mestiços”; o tipo físico funcionaria como um referente de igualdade social e de um tipo peculiar de “democracia”. (SOUZA, 2004: p. 94) Em suma, a visão de Freyre destoa de uma visão etnocêntrica, ao mostrar que negros e índios são portadores de culturas que contribuem para constituição da identidade plural do povo brasileiro.
12. Sergio Buarque De Holanda: Raízes do Brasil Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) publica sua obra Raízes do Brasil em 1936, uma análise de nossa história, refletindo sobre as perspectivas para superar a nossa herança colonial. Embora o Brasil, na década de 30, já estivesse parcialmente integrado à modernidade, sua economia ainda era muito debilitada, a sociedade era basicamente agrária e bastante pobre, com altos índices de analfabetismo. Em termos políticos, o que se via eram permanentes disputas entre as diferentes oligarquias agrárias. A elite brasileira, segundo Sergio Buarque, era profundamente conservadora e autoritária. a) Ética do trabalho e ética da aventura: Semeador e ladrilhador Na obra Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda serve-se de uma linguagem plástica para descrever os padrões domi-
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nantes em nossa cultura. Com os termos dualistas “trabalho” e “aventura”, “semeador” e “ladrilhador”, o autor cria tipos ideais para ler a história que se construiu no Brasil. Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois princípios que se combatem e regulam diversamente as atividades dos homens. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador [...]. Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. [...]. Entre esses dois tipos não há tanto uma oposição absoluta como uma incompreensão radical. Ambos participam, em maior ou menor grau, de múltiplas combinações e é claro que, em estado puro, nem o aventureiro, nem o trabalhador possuem existência real fora do mundo das ideias. Mas também não há dúvida que os dois conceitos nos ajudam a situar e a melhor ordenar nosso conhecimento dos homens e dos conjuntos sociais. (HOLANDA, 2004: p. 44-45).
Servindo-nos do conceito weberiano de tipo-ideal, um conceito idealizado, um instrumento para a compreensão da realidade, Sérgio Buarque se refere a duas éticas distintas. A ética da aventura e a ética do trabalho. A ética da aventura tem, como o nome sugere, uma plasticidade, uma adaptabilidade, que fez com que o português se adaptasse aos trópicos e ocupasse o território criando um modelo de geração de riqueza fundamentado no latifúndio e na mão de obra escrava. Ao se referir aos portugueses no Brasil, Buarque fala em “semeador”, em oposição ao planejador, uma vez que a colonização busca a riqueza fácil e mais imediata ou próxima sem ter de produzir grandes obras. Para Sérgio Buarque de Holanda, os portugueses não apresentavam um destacado amor ao trabalho disciplinado; ao contrário, o que os caracterizava era o espírito aventureiro. E isso, segundo Buarque, marcará fortemente no tipo de colonização que aqui se operou. b) A família patriarcal como modelo de relação A realidade do patriarcado rural atravessará séculos e influenciará na configuração do Estado brasileiro, inserindo aí seus elementos singulares, como o clientelismo e a aversão a impessoalidade, por exemplo. Esse padrão de convívio que tem como modelo as relações privadas construídas no patriarcado, receberá o nome de “cordialidade”, em oposição à civilidade, uma vez que civilidade implica impessoalidade e polidez. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. ( HOLANDA, 1995: p. 160) Será nesse contexto do poder patriarcal que se desenvolve “ o homem cordial”, um tipo ideal, um modelo de sociabilidade. c) O
homem cordial como o avesso do “cidadão”
Sendo avesso à impessoalidade e às responsabilidades típicas da vida pública, o homem cordial, das relações afetivas e
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA pessoais, torna-se referência negativa, que vai na contramão da cidadania moderna. Se lembrarmos das reflexões feitas por Max Weber, recordaremos que a modernidade tem como marcas distintivas a burocracia e a racionalidade, a legalidade, acompanhadas da impessoalidade e de necessários formalismos. Desta forma, pode-se afirmar, a partir de Buarque, que o homem cordial é o inverso do protestante ascético descrito por Max Weber. Aqui, entre nós, destaca Buarque, predomina a indiferença à lei geral, quando essa contraria as afinidades emotivas dos indivíduos. Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os seus componentes, tendo em vista um fim exterior a eles, foram sempre os mais decisivos. De onde, com certeza, a vitalidade, entre nós, de certas forças afetivas e tumultuosas, em prejuízo das qualidades de disciplina e método, que parecem melhor convir a um povo em vias de se organizar politicamente (HOLANDA, 2004: p.61).
Dessa forma, na contramão de uma visão de senso comum, com a expressão “homem cordial”, Sérgio Buarque de Holanda não se refere a uma suposta generosidade, afabilidade ou inocência do brasileiro, mas às relações impessoais, à hostilidade à formalidade da lei, da burocracia. O acento recai sobre relações amistosas e lealdades pessoais não conflitivas, corporativismos, personalismos, o que acaba gerando uma instabilidade no campo da norma e das instituições. No caso de conflitos, “o homem cordial” apresenta-se passional, comumente com reações impulsivas e violentas. Em suma, na narrativa de Sérgio Buarque de Holanda, o ethos específico predominante em Raízes do Brasil pode ser visto a partir dos pares antagônicos: trabalho x aventura; civilidade x cordialidade; racionalização x afetividade; igualdade x hierarquia; lei impessoal x personalismo e relações afetivas; procedimentos e rituais sociais formais x diluição da separação público e privado; justiça como equidade x “você sabe com quem está falando?” d) A superação do “homem cordial” Sérgio Buarque escreve o livro “Raízes do Brasil” para pensar o passado brasileiro e para projetar um futuro que, em sua perspectiva deveria ser radicalmente democrático. O homem cordial aparece como uma herança da família rural, que é patriarcal, na qual o pai manda e desmanda sem contestação. Com o processo de modernização, Sérgio Buarque acreditava que haveria o processo de urbanização e com esse processo de constituição das grandes cidades, a característica mais marcante seria a do anonimato, e não mais as relações de caráter tão pessoal e íntimo. Dessa forma, para Sérgio Buarque, a transformação da sociedade brasileira seria possível somente por meio dessa mudança radical na qual o homem cordial teria ficado para trás, como algo do passado, e não mais presente no horizonte futuro. Será pela modernização, como Max Weber a pensava, que implica racionalização e burocracia, que se conseguirá superar a tríade do espírito aristocrático, personalista e autoritário.
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13. Florestan Fernandes e a escravidão que continua a) Uma sociologia da sociedade a partir das vítimas Para Florestan (1920-1995), pensar sociologicamente a realidade é pensa-la como uma totalidade. Dessa forma, a sociologia consistiria em captar as relações, os nexos muitas vezes invisíveis que tecem o tecido social. Nos estudos realizados sobre índios, negros e brancos no Brasil, em especial focalizando suas chances educacionais, Florestan Fernandes não esconde sua simpatia e solidariedade incondicionais pelos oprimidos, excluídos, desprivilegiados.. (FREITAG, 2015) As linhas gerais de seu pensamento são marcadas pela análise crítica das desigualdades sociais, explicitando as contradições da sociedade de classes. Em suas reflexões sobre a formação do povo brasileiro, destaca inicialmente a história colonialista e imperialista marcada pelo escambo e escravidão, ao mesmo tempo que marcada por lutas e revoltas. Posteriormente, em contexto de urbanização e industrialização, acentua a formação de castas e da sociedade de classes.. Criticando a noção de democracia racial, presente na obra “Casa grande e senzala”, de Gilberto Freyre, Florestan Fernandes afirma que esse “mito” está fundamentado em duas noções equivocadas: na ideia do Senhor de terras como um bom senhor e na ideia de que o escravo é um escravo submisso. Para Florestan, haveria uma pseudocordialidade, vista como cordialidade, e que essa noção exerceria um papel fundamental para a manutenção das condições adversas à efetiva integração do negro na sociedade. Além disso, a noção de submissão acabaria sendo um desvio da realidade, uma não percepção da violência que caracterizava a escravidão. No fragmento a seguir, Florestan Fernandes toca em um ponto central para percebermos a construção histórica e a manutenção história da escravidão e das desigualdades sociais no Brasil. A desagregação do regime escravocrata e senhorial operou-se, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado ou a Igreja ou outra qualquer instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objetivo prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto viu-se convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva. (FERNANDES, 1790: p.1).
b) A escravidão que continua Com base nessa reflexão de Florestan Fernandes, evidencia-se a razão histórica da escravidão que perdurou. Verdadeiramen-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia te, não basta assinar uma lei que decrete o fim da escravidão, quando os até então escravizados permanecem excluídos dos direitos sociais e não têm a oportunidade histórica de se prepararem para competirem com os outros em condições de dignidade humana. Embora, oficialmente, o tipo escravista não mais seja aceito na atualidade, ele subsiste inclusive dentro do capitalismo. Ainda existem muitos setores que usam do trabalho escravo no mundo. Se considerarmos a globalização da nossa economia e a população empobrecida nos grandes centros urbanos, percebemos que as condições para a permanência da escravidão estão dadas. A mão-de-obra barata está fartamente disponível como estratégia e fruto do próprio sistema que dela se alimenta. Esse fenômeno recebe o nome de dumping social; ou seja, a atitude praticada por Estados ou governos que consiste em reduzir drasticamente o custo da mão de obra, praticando salários de miséria e condições desumanas de trabalho, para assim fazer com que seus produtos alcancem o mercado internacional com preços bem competitivos. Contudo, o custo social disso é alto.
14. Darcy Ribeiro e o processo de formacão do povo brasileiro
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conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. (RIBEIRO, 2001: p.120). b) O Cunhadismo na formação do povo brasileiro Em O povo brasileiro, Darcy fala que a criação do Brasil somente se deu devido ao cunhadismo, que era a prática indígena de fornecer uma moça índia como esposa para que o estranho se incorporasse à comunidade nativa e formasse com ela um parentesco. Dessa forma, assim que crescer, o brasileiro, brasilíndio ou mameluco, não aceitará a mãe índia, será ignorado pelo pai branco, rejeitado por seus irmãos europeus. É assim que se formou o brasil.
Como cada europeu posto na costa podia fazer muitíssimos desses casamentos, a instituição funcionava como uma forma vasta e eficaz de recrutamento de mão-de-obra para os trabalhos pesados (...). A função do cunhadismo na sua nova inserção civilizatória foi fazer surgir numerosa camada de gente mestiça que efetivamente ocupou o Brasil. (...) Sem a prática do cunhadismo, era impraticável a criação do Brasil. (RIBEIRO, 1995: p.83)
a) O processo civilizatório: a luta por reconhecimento Em sua obra, O processo civilizatório: Etapas da evolução sociocultural, Darcy Ribeiro (1922-1997) escreve, a partir do terceiro mundo, uma nova teoria explicativa do processo histórico global, buscando as especificidades esquecidas ou omitidas em outras explicações, como a dos colonizados, africanos ou indígenas, historicamente considerados inferiores em relação à metrópole. Para Darcy, as leituras até então realizadas seguiam uma matriz eurocêntrica e, portanto, etnocêntrica. Ele, em perspectiva anticolonialista, busca novas categorias explicativas que contemplem e reconheçam as singularidades dos povos nativos, em suas identidades culturais. Assim, ele pensa uma teoria da história com as marcas do materialismo histórico e dialético, no qual a história é compreendida como movimento e resultado do conflito entre contrários. Para Darcy, entre os povos “primitivos” e os da civilização moderna não existe linearidade evolutiva, como se houvesse na história uma lógica ascendente que caminhasse de um povo menos evoluído para um mais evoluído. Na história, o que existe são diversas culturas que interagem. A história é marcada pelo conflito de povos, por rupturas. Essa sua visão é marcada profundamente pelo materialismo histórico e dialético, segundo o qual a história vai sendo escrita em meio às tentativas de dominação de uns sobre outros. Como decorrência dessa visão histórica conflitiva, o hibridismo torna-se uma concepção que marcará sua obra. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se
b) A “ninguendade” e a escravidão Darcy reflete sobre o brasileiro em sua busca por identidade, a partir da empresa escravista que produz a ninguendade original. Os brasilíndios como o afro-brasileiros existiam numa terra de ninguém, etnicamente falando, e é a partir dessa carência essencial, para livrar-se da ninguendade de não-índios, não-europeus e não-negros, que eles se vêem forçados a criar a sua própria identidade étnica: a brasileira. [...]. Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na ninguendade. (RIBEIRO; 1995: pp 131.453) De forma similar, não menos violenta, aconteceu a formação do mulato-brasileiro. Darcy se refere aos atos desumanizadores e destruidores da etnia que o povo negro sofreu ao ser tratado como animal de carga. Assim como o brasilíndio, o afro-brasileiro também se forma numa terra que etnicamente não pertence a ninguém. Com efeito, no Brasil em formação existem os que não são mais nem índios, nem africanos, nem europeus. Será dessa “ninguendade” que nascerá a identidade étnica brasileira. A empresa escravista, fundada na apropriação de seres humanos através da violência mais crua e da
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA A partir do fragmento, em conformidade com o positivismo de Augusto Comte,
coerção permanente, exercida através dos castigos mais atrozes, atua como uma mó desumanizadora e deculturadora de eficácia incomparável. Submetido a essa compreensão, qualquer povo é desapropriado de si, deixando de ser ele próprio, primeiro, para ser ninguém ao ver-se reduzido a uma condição de bem semovente, como um animal de carga; depois, para ser outro, quando transfigurado etnicamente na linha consentida pelo senhor, que é a mais compatível com a preservação dos seus interesses. RIBEIRO, 1995: p.118)
a) o espírito metafísico é força motriz que produz conhecimento seguro, uma vez que não necessita do vínculo com a experiência empírica. b) o verdadeiro conhecimento parte da interpretação do fato social, ocasionando diferentes formas de leituras do real, resultando na impossibilidade de neutralidade científica. c)
EXERCÍCIOS 1. Ter consciência da ideia da estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes de pequena escala. Ser capaz de usar isso é possuir a imaginação sociológica. MILLS, C.Wright. A imaginação sociológica. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. P.17.
Entre os objetivos da sociologia destaca-se o esforço em identificar o que não está evidente, buscando explicitar as relações causais existentes entre os fenômenos sociais, não transparentes ao senso comum. Em decorrência, o que identifica o papel do sociólogo são a observação e a análise das forças sociais e das tendências que podem ser generalizadas ao relacionar fatos sociais. Com base nesses fragmentos, fica evidenciado que o objetivo do estudo e da atividade sociológica consiste em a) combater a ingenuidade da imaginação sociológica, uma vez que não apresenta a necessária dimensão empírica. b) compreender a estrutura da sociedade a partir do estudo dos comportamentos individuais que a constituem. c)
elaborar uma profunda e sistemática crítica da estrutura social, em busca de uma vida pessoal mais autônoma.
d) explicitar e reforçar a concepção que existe no senso comum, uma vez que nele a imaginação sociológica encontra-se naturalmente formada. e) perceber as relações causais que existem na dinâmica da vida social, uma vez que os comportamentos sociais sempre são socialmente condicionados.
2. “A existência humana não podia, pois, sistematizar-se plenamente, enquanto o regime teológico prevalecesse, porque nossos sentimentos e nossos atos imprimiam então a nossos pensamentos dois impulsos essencialmente inconciliáveis. Seria, ademais, supérfluo apreciar aqui a inanidade necessária da coordenação metafísica, que, a despeito de suas pretensões absolutas, nunca pôde retirar da teologia o domínio afetivo, sendo sempre menos própria a abarcar a vida ativa.” COMTE, Augusto. Discurso sobre o conjunto do positivismo. Trad. José Arthur Giannotti. SP: Nova Cultural, 1991. p. 48.
332 Sociologia | Curso Enem 2019
o verdadeiro homem, que superou as superstições, crenças e idealizações, desconfia também do saber científico, alimentando postura cética.
d) torna-se impossível qualquer pretensão de emancipação do espírito teológico, que está na base de toda forma de pensamento. e) o estágio atual da humanidade é o estágio positivo, do método científico que busca captar a verdade do objeto e descrever suas leis de funcionamento. 3. (Unioeste 2012) A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte – foi sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por que o pensamento positivista deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar que a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a metafísica. b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado positivo. c)
o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida moral.
d) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos fenômenos observáveis. e) para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem. 4. (Unimontes 2010) Uma das grandes preocupações de Auguste Comte era a crise de sua época, causada, segundo ele, pela desorganização social, moral e de ideias. A solução se encontraria na constituição de uma teoria apropriada – a Sociologia –, capaz de extinguir a anarquia científica vigente, origem do mal. Esse seria, precisamente, o momento em que se atingiria o estado positivo, o grau máximo de complexidade da ciência. Estão corretos os conceitos que foram discutidos e defendidos por Auguste Comte como os mais importantes para a sua Sociologia:
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
7. (UEM - 2011) Sobre a relação entre a revolução industrial e o surgimento da sociologia como ciência, assinale o que for correto.
a) estática, dinâmica, individualismo e alienação. b) positivismo, ordem e progresso, autoridade moral. c)
cientificismo, organicismo, evolucionismo e indústria cultural.
d) consenso moral, individualismo.
altruísmo,
contratualismo
e
5. (Enem 2010) O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A resposta foi a consciência de classe e a ambição de classe. Os pobres então se organizavam em uma classe específica, a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança: a Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização permanente.
a) A consolidação do modelo econômico baseado na indústria conduziu a uma grande concentração da população no ambiente urbano, o qual acabou se constituindo em laboratório para o trabalho de intelectuais interessados no estudo dos problemas que essa nova realidade social gerava. b) A migração de grandes contingentes populacionais do campo para as cidades gerou uma série de problemas modernos, que passaram a demandar investigações visando à sua resolução ou minimização. c)
(HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.)
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa e Industrial para a organização da classe operária. Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era originária do significado da vitória revolucionária sobre as classes dominantes, a “necessidade da mobilização permanente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria da compreensão de que: a) a competitividade do trabalho industrial exigia um permanente esforço de qualificação para o enfrentamento do desemprego. b) a completa transformação da economia capitalista seria fundamental para a emancipação dos operários. c)
a introdução das máquinas no processo produtivo diminuía as possibilidades de ganho material para os operários.
d) o progresso tecnológico geraria a distribuição de riquezas para aqueles que estivessem adaptados aos novos tempos industriais. e) a melhoria das condições de vida dos operários seria conquistada com as manifestações coletivas em favor dos direitos trabalhistas. 6. (UEM - 2011) O evolucionismo social do século XIX teve um papel fundamental na constituição da sociologia como ramo científico. Sobre essa corrente de pensamento, que reunia autores como Augusto Comte e Herbert Spencer, assinale o que for correto. a) O evolucionismo define que as estruturas, naturais ou sociais, passam por processo de diferenciação e integração que levam ao seu aprimoramento. b) O evolucionismo propõe que a evolução das sociedades ocorre em estágios sucessivos de racionalização. c)
CAPÍTULO 1
O evolucionismo considera o Estado Militar como a forma mais evoluída de organização social, fundamentada na cooperação interna e obrigatória.
d) O evolucionismo rejeita o modelo político e econômico liberal, baseado na livre iniciativa e no laissez-faire, considerando-o uma orientação contrária à evolução social. e) O evolucionismo defende a unidade biológica e cognitiva da espécie humana, independente de variações particulares
Os primeiros intelectuais interessados no estudo dos fenômenos provocados pela revolução industrial compartilhavam uma perspectiva positiva sobre os efeitos do desenvolvimento econômico baseado no modelo capitalista.
d) Os conflitos entre capital e trabalho, potencializados pela concentração dos operários nas fábricas, foram tema de pesquisa dos precursores da sociologia e continuam inspirando debates científicos relevantes na atualidade. e) A necessidade de controle da força de trabalho fez com que as fábricas e indústrias do século XIX inserissem sociólogos em seus quadros profissionais, para atuarem no desenvolvimento de modelos de gestão mais eficientes e produtivos 8. A sociologia surgiu para suprir a necessidade de se entender os fenômenos sociais e as regras fundamentais pelas quais se baseiam nossas relações. Entretanto, a sociologia contemporânea difere-se da ideia original, na medida em que: a) entende-se que as sociedades são como organismos vivos, com leis de funcionamento estabelecidas e imutáveis. b) é amplamente aceito que as diferenças raciais determinam características do convívio do sujeito, uma vez que é a raça que estabelece o comportamento social. c)
entende-se que as sociedades e as relações sociais possuem infinitas variações, não sendo possível traçar leis gerais que justifiquem ou expliquem, em termos absolutos, todas as formas de interação humana no mundo social.
d) deixou de ser uma área do conhecimento válida, uma vez que não é possível estudar uma sociedade em razão da enorme quantidade de diferenças entre os sujeitos que a compõem. 9. (Ueg 2013) A sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções burguesas sob o signo do positivismo elaborado por Augusto Comte. As características do pensamento comtiano são: a) a sociedade é regida por leis sociais tal como a natureza é regida por leis naturais; as ciências humanas devem utilizar os mesmos métodos das ciências naturais e a ciência deve ser neutra.
Curso Enem 2019 | Sociologia
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA b) a sociedade humana atravessa três estágios sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o teológico, no qual predomina a religião positivista.
d) V,V,V,F.
c)
O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no positivismo do século XIX, é correto afirmar:
a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário das ciências naturais, não pode ser neutra porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e estão envolvidos reciprocamente.
d) o processo de evolução social ocorre por meio da unidade entre ordem e progresso, o que necessariamente levaria a uma sociedade comunista. 10. (Ufu 2013) Na parte mais tardia de sua carreira, Comte elaborou planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade francesa em particular, e para as sociedades humanas em geral, baseado no seu ponto de vista sociológico. Ele propôs o estabelecimento de uma “religião da humanidade”, que abandonaria a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no centro dessa nova religião
12. (Uel 2011)
a) A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior das ciências naturais, razão pela qual o conhecimento sobre o mundo dos homens não é científico. b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto do conhecimento científico, haja vista sua incompatibilidade com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a neutralidade científica. c)
(GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 28. )
Com base nessa assertiva, Comte aponta para o papel da Sociologia como ciência fundamental para a compreensão a) da ideia da revolução, como solução para sanar as questões da desigualdade social. b) da crença na ação dos indivíduos, como fator de intervenção na realidade. c)
do consenso moral, como solução para regular e manter unida a sociedade.
d) dos elementos subjetivos da sociedade, tendo em vista a pluralidade social. 11. (Unimontes 2012) Auguste Comte (1798-1857) foi um pensador positivista que propôs uma nova ciência social à Sociologia, que inicialmente foi chamada de Física Social. Sobre os princípios dessa ciência para esse autor, analise as afirmativas e assinale as alternativas, marcando V para verdadeiro ou F para falso. ( ) No estágio positivo, a vida social será explicada pela filosofia, triunfando sobre todas as outras formas de pensamento. ( ) A imposição da disciplina era, para os positivistas, uma função primordial da escola, pois ali os membros de uma sociedade aprenderiam, desde pequenos, a importância da obediência e da hierarquia. ( ) A maturidade do espírito seria encontrada na ciência; por isso, na escola de inspiração positivista, os estudos literários e artísticos prevalecem sobre os científicos. ( ) Defendeu a necessidade de substituir a educação europeia, ainda essencialmente teológica, metafísica e literária, por uma educação positiva, conforme o espírito da civilização moderna. A sequência correta é a) F,V,V.F. b) F,V,F,V. c)
V,F,F,F.
334 Sociologia | Curso Enem 2019
Apreender a sociedade como um grande organismo, a exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investigações empreendidas no âmbito das ciências sociais.
d) A ciência social tem como função organizar e racionalizar a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas historicamente. e) O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de socialização obtido no seio familiar. 13. (Ufu 2010) A Sociologia surge em um período em que o fazer científico encontrava-se influenciado por algumas teses desenvolvidas durante o século XIX. Herbert Spencer, Charles Darwin e Auguste Comte, por exemplo, tiveram grande importância para o pensamento sociológico. O primeiro, por aplicar às ciências humanas o evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias sobre a seleção das espécies do segundo. Com relação a Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na formação dos muitos intelectuais do período. Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no pensamento sociológico, podemos afirmar que: a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na área das ciências naturais, não teve impacto decisivo na constituição da sociologia. b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do período, mas a sociologia rejeitou a sua adoção, assim como qualquer comparação entre seus efeitos no reino natural e no mundo social. c)
A explicação sociológica procurou, desde o seu início, afastar-se de qualquer forma de determinismos, fossem biológicos ou geográficos, pois se contrapunha fortemente às explicações de cunho evolucionista.
d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a Sociologia passou pela valorização e incorporação dos métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas organicistas, assim como conferindo ênfase à noção de função.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
CAPÍTULO 1
14. (Ufpa 2009)
17. (Ueg 2015)
Auguste Comte identificou os movimentos vitais da sociedade como dinâmicos e estáticos. Em relação a esses movimentos, é correto afirmar que o movimento dinâmico
Para Marx, diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar regras de ação, é preciso considerar as formas de conhecimento ilusório que mascaram os conflitos sociais. Nesse sentido, a ideologia adquire um caráter negativo, torna-se um instrumento de dominação na medida em que naturaliza o que deveria ser explicado como resultado da ação histórico-social dos homens, e universaliza os interesses de uma classe como interesse de todos. A partir de tal concepção de ideologia, constata-se que
a) se refere à velocidade na produção industrial da Europa do século XIX. b) representa mudanças nos modos de vida em sociedade para formas mais complexas. c)
preserva a base de todas as instituições sociais totalizantes.
d) proporciona a coesão das instituições e a competição entre os indivíduos.
a) a sociedade capitalista transforma todas as formas de consciência em representações ilusórias da realidade conforme os interesses da classe dominante.
e) incentiva a manutenção da ordem, valendo-se de modos tradicionais de viver em sociedade.
b) ao mesmo tempo que Marx critica a ideologia ele a considera um elemento fundamental no processo de emancipação da classe trabalhadora.
15. (Ufu 2003) Auguste Comte foi quem deu origem ao termo Sociologia, pensada como uma física social, capaz de pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua opinião, ainda no século XIX. A respeito das concepções fundamentais do autor para o surgimento dessa nova ciência, todas as alternativas abaixo são corretas, EXCETO:
c)
a) O objetivo era conhecer as leis sociais para se antecipar, racionalmente, aos fenômenos e, com isso, agir com eficácia, na direção de se permitir uma organização racional da sociedade. b) As preocupações de natureza científica, presentes na obra de Comte, não apresentavam relação prática com a desorganização social, moral e de ideias do seu tempo. c)
Era necessário aperfeiçoar os métodos de investigação das leis que regem os fenômenos sociais, no sentido de se descobrir a ordem inscrita na história humana.
d) Entre ordem e progresso há uma necessidade simultânea, uma vez que a estabilidade (princípio estático) e a atividade (princípio dinâmico) sociais são inseparáveis. 16. (Ufu 2001) Surgida no momento de consolidação da sociedade capitalista, a Sociologia tinha uma importante tarefa a cumprir na visão de seus fundadores, dentre os quais se destaca Augusto Comte. Assinale a alternativa correta quanto a essa tarefa: a) Desenvolver o puro espírito científico e investigativo, sem maiores preocupações de natureza prática, deixando a solução dos problemas sociais por conta dos homens de ação. b) Incentivar o espírito crítico na sociedade e, dessa forma, colaborar para transformar radicalmente a ordem capitalista, responsável pela exploração dos trabalhadores. c)
Contribuir para a solução dos problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, tendo em vista a necessária estabilização da ordem social burguesa.
d) Tornar realidade o chamado “socialismo utópico”, visto como única alternativa para a superação das lutas de classe em que a sociedade capitalista estava mergulhada.
a superação da cegueira coletiva imposta pela ideologia é um produto do esforço individual principalmente dos indivíduos da classe dominante.
d) a frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma noção genérica e abstrata de trabalho, mascarando as reais condições do trabalho alienado no modo de produção capitalista 18 . (Uem 2012) A sociologia marxista propõe uma interpretação da sociedade que toma as condições materiais de existência dos homens como fator determinante dos fenômenos sociais. Sobre essa concepção, assinale o que for correto. I - Forças produtivas e relações sociais de produção são os dois componentes básicos da infraestrutura que determinam em última instância as demais dimensões da vida social. II - Instituições como a Escola, o Estado e a Igreja fazem parte da superestrutura social, dotada de autonomia frente às determinações econômicas de cada momento histórico. III - Mudanças na estrutura social são desencadeadas quando se desenvolvem incongruências entre a infraestrutura produtiva e a superestrutura, com predomínio da primeira sobre a última. IV - As instituições que compõem a superestrutura desempenham importantes funções de controle social e ideológico que contribuem para a manutenção das relações produtivas vigentes. V - As classes sociais são definidas segundo a posição que ocupam nas instituições que compõem a dimensão superestrutural das sociedades. Estão corretas: a) I, II, V b) II, III, IV c)
I, IV, V
d) II, III, V e) I, III, IV
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 19. (Ufu 2003) Considere a citação abaixo e, a seguir, marque a alternativa correta acerca da concepção materialista da história formulada por Karl Marx. "... na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência." MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa, 1973. p. 28.
a) Marx expressa, também nessa passagem, sua concepção determinista e finalista, segundo a qual o conjunto das relações sociais reduz-se ao âmbito da produção econômica. b) Marx afirma que a moral, os sistemas políticos, os princípios jurídicos e as ideologias não têm vida própria diante do modo pelo qual os homens produzem e reproduzem a existência. c)
Marx nega todo e qualquer papel ativo na história à consciência, sendo esta, antes, um mero reflexo da esfera da produção material.
d) Marx sustenta que o ser social que pensa, que atua politicamente e que representa o seu espaço reproduz simplesmente as condições históricas vigentes, independente de sua classe social. 20. (Uel 2005) Analise a figura a seguir.
a) A finalidade do Estado é o exercício da justiça entre os homens e, portanto, é um bem indispensável à sociedade. b) O Estado é um instrumento de dominação e representa, prioritariamente, os interesses dos setores hegemônicos das classes dominantes. c)
O Estado tem por finalidade assegurar a felicidade dos cidadãos e garantir, também, a liberdade individual dos homens.
d) O Estado visa atender, por meio da legislação, a vontade geral dos cidadãos, garantindo, assim, a harmonia social. e) Os regimes totalitários são condição essencial para que o Estado represente, igualmente, os interesses das diversas classes sociais. 21. (Enem 2015) O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um instrumento econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo. Porém os próprios chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real significado: o mercado não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo para a construção e edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e é inerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização da sociedade chinesa. OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros Amigos, 31 jan. 2011 (adaptado)
No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção de um país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo econômico chinês atual se contrapõe é a a) desestatização da economia. b) instauração de um partido único. c)
manutenção da livre concorrência.
d) formação de sindicatos trabalhistas. e) extinção gradual das classes sociais. 22. (Ufrgs 2012) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx identificam imperfeições na sociedade industrial capitalista, embora cheguem a conclusões bem diferentes: para o positivismo de Comte, os conflitos entre trabalhadores e empresários são fenômenos secundários, deficiências, cuja correção é relativamente fácil, enquanto, para Karl Marx, os conflitos entre proletários e burgueses são o fato mais importante das sociedades modernas. A respeito das concepções teóricas desses autores, é CORRETO afirmar: a) Comte pensava que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a justiça social.
A figura ilustra, por meio da ironia, parte da crítica que a perspectiva sociológica baseada nas reflexões teóricas de Karl Marx (1818-1883) faz ao caráter ideológico de certas noções de Estado. Sobre a relação entre Estado e sociedade segundo Karl Marx, é correto afirmar:
336 Sociologia | Curso Enem 2019
b) Comte considera que a partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade principal das coletividades passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à resolução de todos os conflitos. c)
Marx acredita que a história humana é feita de consensos e implica, por um lado, o antagonismo entre opressores e oprimidos; por outro lado, tende a uma polarização em dois blocos: burgueses e proletários.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
d) Para Karl Marx, o caráter contraditório do capitalismo manifesta-se no fato de que o crescimento dos meios de produção se traduz na elevação do nível de vida da maioria dos trabalhadores embora não elimine as desigualdades sociais. e) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx concordam que a sociedade capitalista industrial expressa a predominância de um tipo de solidariedade, que classificam como orgânica, cujas características se refletirão diretamente em suas instituições. 23. (Unimontes) A questão das classes sociais ocupa um papel fundamental na teoria de Karl Marx. Para ele, existem condicionantes e determinantes na complexa relação entre indivíduo e sociedade e entre consciência e existência social. Considerando as reflexões de Karl Marx sobre esse tema, marque a alternativa incorreta. a) A luta de classes desenvolve-se no modo de organizar o processo de trabalho e no modo de se apropriar do resultado do trabalho humano. b) A luta de classes está presente em todas as ações dos trabalhadores quando lutam para diminuir a exploração e a dominação. c)
Em meio aos antagonismos e lutas sociais, o indivíduo pode repensar a realidade, reagir e até mesmo transformála, unindo-se a outros em movimentos sociais e políticos.
d) As classes sociais sustentam-se em equilíbrios dinâmicos e solidários, sendo a produção da solidariedade social o resultado necessário à vida em sociedade. 24. (Uema) As sociedades modernas são complexas e multifacetadas. Mas é com o capitalismo que as divisões sociais se tornam mais desiguais e excludentes. Marx já observara que só o conflito entre as classes pode mover a história. Assim sendo, para o referido autor, em qual das opções se evidencia uma característica de classe social? a) O status social e cultural dos indivíduos. b) A função social exercida pelos indivíduos na sociedade. c)
A ação política dos indivíduos nas sociedades hierarquizadas.
d) A identidade social, cultural e coletiva. e) A posição que os indivíduos ocupam nas relações de produção. 25. (Uema) É a condição material dos indivíduos que determinaria os demais aspectos de sua vida. A importância dada por Marx a esse quesito de nossas vidas é justificada, segundo sua teoria, em razão do impacto que a situação econômica de um sujeito tem em sua trajetória de formação. a) Essa linha de pensamento é chamada de: b) Evolucionismo material. c)
Capitalismo selvagem.
d) Contratualismo. e) Materialismo histórico.
CAPÍTULO 1
26. (Enem 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de maisvalia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c)
a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. 27. (UNICAMP, 2010) A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilusões religiosas. A estrutura econômica da sociedade condiciona suas formas jurídicas, políticas e religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ela contrai que determinam a consciência. (Adaptado de K. Marx e F. Engels. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Ômega, s/d. vol. 1. P. 21-23, 301-302)
As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao pensamento conhecido como a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas a partir de ideias universais independentes da realidade histórica e social. b) materialismo histórico, que concebe a história a partir da luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações de produção. c)
socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do proletariado.
d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da ação direta. 28. (Enem 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova .DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na
a) ao divórcio entre a estrutura e a dinâmica da vida social, por um lado, e as escolhas e as decisões individuais, por outro lado b) ao fato de o suicídio ser uma decisão pessoal que revela a fragilidade da estrutura humana que encontra enormes dificuldades na adaptação a um novo modelo de sociedade. c)
a) vinculação com a filosofia como saber unificado. b) reunião de percepções intuitivas para demonstração. c)
formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político 29. O fato social consiste em maneiras de agir, pensar e sentir, exteriores ao indivíduo e dotados de um poder coercitivo do qual se lhe impõem. (...). É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais (DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Editora Martins Fontes. 2007, p. 2.)
A partir dessa reflexão de Émile Durkheim, infere-se que o fato social diz respeito a) à forma de agir, sentir e pensar do indivíduo que pode ser independente e autônomo em relação ao tecido social. b) à realidade social que passa a ser relevante a partir do momento em que o indivíduo a considera e percebe sua importância em sua vida. c)
à realidade social que é exterior e anterior ao indivíduo e que sobre ele exerce forte poder coercitivo.
ao processo de industrialização e de progresso da civilização que traz naturalmente um sentimento de malestar, que condiciona o espírito humano para a busca de saídas para essa situação.
d) às rápidas mudanças estruturais da sociedade moderna, que implicaram em radicais mudanças na natureza humana e, em decorrência, nos comportamentos das novas gerações. e) ao modo como o processo de industrialização se efetivou, formando um estado de anomalia, de patologia, de anormalidade, comprometendo a coesão social. 31. É, pois, uma lei da historia a de que a solidariedade mecânica, que, a princípio, é única ou quase, perde tereno progressivamente e que a solidariedade orgânica se torna pouco a pouco preponderante [...] DURKHEIM. É. Da divisão do trabalho social. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 157.
A partir desse fragmento e considerando o corpo das reflexões realizadas por E. Durkheim, sobre as formas de solidariedade existentes na vida social, infere-se que a) a interdependência que passa a existir nas modernas sociedades industriais, torna a solidariedade entre os indivíduos algo mecânico. b) o individualismo moderno solicita uma nova forma de educação, na qual os seres humanos sejam educados para a competitividade social. c)
nas sociedades pré-capitalistas predominam na consciência do indivíduo os sentimentos comuns a todos, constituindo a solidariedade orgânica.
d) a realidades sociais que poderão ou não exercer pressão sobre os indivíduos, dependendo da capacidade de autonomia do sujeito.
d) nas sociedades capitalistas forma-se uma acentuada especialização nas tarefas, instaurando a solidariedade orgânica.
e) aos objetos materiais, que são o conteúdo de análise dos cientistas sociais no objetivo de melhor compreender a alma humana.
e) nas sociedades modernas, a especialização é crescente e a solidariedade passa a ser um valor do passado.
30. “Há razão para crer que esse agravamento (da taxa de suicídio) deve-se não à natureza intrínseca do progresso, mas às condições particulares em que ele se realiza em nossos dias, e nada nos assegura que essas condições sejam normais. (...).Em menos de cinquenta anos esse número triplicou, quadruplicou ou quintuplicou, de acordo com o país. DURKHEIM, Émile. De la division du travail social. p. 422
Para E. Durkheim, o que explica o elevado aumento na taxa de suicídios na moderna sociedade industrial deve-se
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32. (Ufu 2003) Sobre as duas definições de solidariedade de acordo com o pensamento sociológico de Durkheim, considere o texto a seguir para responder a questão proposta. “É completamente diferente a solidariedade produzida pela divisão do trabalho. Enquanto a precedente implica que os indivíduos se assemelhem, esta supõe que difiram uns dos outros. A primeira só é possível na medida em que a personalidade individual é absorvida pela personalidade coletiva. A segunda é apenas possível se cada um tem uma esfera de ação que lhe é própria, por conseguinte, uma personalidade. É preciso, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que aí se estabele-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
çam estas funções especiais que ela não pode regulamentar; quanto mais extensa esta região, tanto mais forte é a coesão resultante desta solidariedade.” DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2 ed. São Paulo: Cultural, 1983. Coleção Os Pensadores. pp. 69-70.
Marque a alternativa correta, considerando a citação acima, que explicita os efeitos da evolução a) da solidariedade individualista à solidariedade coletivista. b) da solidariedade coletivista à solidariedade individualista. c)
da solidariedade mecânica à solidariedade orgânica.
d) da solidariedade orgânica à solidariedade mecânica. 33. (Ufu 2017) A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba alerta pais e responsáveis por crianças e adolescentes e os profissionais da educação e saúde em relação ao ‘jogo’ Baleia Azul, que propõe 50 desafios aos participantes e sugere o suicídio como última etapa. Disponível em: <http://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/jogo-baleia-azul-deixa-curitiba-em-alerta-oito-ja-brincaram-com-morte/>. Acesso em: 22 abr. 2017.
Esse foi um dos alertas, nos últimos meses, relacionados ao “jogo Baleia Azul” e à possibilidade de suicídios de adolescentes (13 a 17 anos) ligadas a ele.
Pode-se realizar uma relação desses possíveis suicídios com os tipos de suicídios de Durkheim, pois, para esse pensador, os indivíduos são determinados pela realidade coletiva.
CAPÍTULO 1
35. (Ufu 2016) Em 1987, a então Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, deu uma declaração durante uma entrevista que resumia, em parte, o seu ideário político liberal: “A sociedade não existe. Existem homens, existem mulheres e existem famílias”. O governo de Thatcher ficaria conhecido como um dos precursores do chamado Estado neoliberal, que enfatizava, entre outros ideais, o individualismo. Assim, esta concepção de governo contradiz os fundamentos da Sociologia de Durkheim, segundo o qual a sociedade poderia ser identificada a) como a soma de indivíduos que definem seus valores em comum, unindo-se por laços de solidariedade voluntária. b) a partir da existência de um contrato social que dá origem ao Estado e à sociedade civil. c)
como o resultado da ação da classe dominante, capaz de reunir e controlar as massas.
d) pela síntese de ações e sentimentos individuais que originam uma vida psíquica sui generis 36. (Ueg 2016) O objeto de estudo da sociologia, para Durkheim, é o fato social, que deve ser tratado como “coisa” e o sociólogo deve afastar suas prenoções e preconceitos. A construção durkheimiana do objeto de estudo da sociologia pode ser considerada a) dialética, pois reconhece a existência de uma realidade exterior ao pesquisador. b) weberiana, pois aborda a ação social racional atribuída por um sujeito.
Assim, os suicídios gerados pelo “jogo” seriam classificados como:
c)
a) Suicídio egoísta.
d) kantiana, pois trata da “coisa em si” e realiza a coisificação da realidade.
b) Suicídio anômico. c)
Suicídio etnocêntrico.
positivista, pois se fundamenta na busca de objetividade e neutralidade.
e) nietzschiana, pois coloca a “vontade de poder” como fundamento para a pesquisa.
d) Suicídio cultural. 34. (Ufu 2016) A Sociologia surge no século XIX, momento marcado por uma intensa crise social na Europa. Émile Durkheim não deixou de ser influenciado por esse contexto. Nesse sentido, um dos seus objetivos era fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz de criar repostas aos desafios enfrentados pela sociedade moderna. Entre os desafios, colocava-se a crescente contradição entre capital e trabalho, entendida pelo autor como um exemplo dos efeitos de um estado de anomia, caracterizado a) pela excessiva regulamentação estatal sobre as atividades econômicas. b) pela intensificação dos laços de solidariedade mecânica no interior das corporações. c)
pela ausência de instituições capazes de exercerem um poder moral sobre os indivíduos.
d) pelo aprofundamento da desigualdade econômica.
37. (Unioeste 2015) “Solidariedade orgânica” e “solidariedade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a 'coesão social' em diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a 'solidariedade orgânica', onde os indivíduos se percebem diferentes embora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de 'anomia'. De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica a) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados. b) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar como líderes dos grupos dos quais fazem parte.
Curso Enem 2019 | Sociologia
339
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha as mesmas regras e normas e têm dificuldades para distinguir, por exemplo, o certo do errado e o justo do injusto.
d) o consumismo exacerbado das novas gerações, representado pelo aumento do número de shopping centers nas cidades. e) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol. 38. (Unimontes 2015) Coube a Émile Durkheim (1858-1917) a institucionalização da Sociologia como disciplina acadêmica. Para o sociólogo clássico francês, a sociedade moderna implica uma diferenciação substancial de funções e ocupações profissionais. Sobre as análises desse autor, é CORRETO afirmar: a) O problema social é estritamente econômico e depende de vontades individuais. b) O desenvolvimento da sociedade moderna deve passar por um processo de ruptura social e permanente anomia. c)
A questão social é também um problema de moralização e organização consciente da vida econômica.
d) Para Durkheim, na sociedade moderna não há possibilidades de desenvolvimento das coletividades, por necessitar de novos pactos políticos dos governantes. 39. (Ufu 2015) A concepção da Sociologia de Durkheim se baseia em uma teoria do fato social. Seu objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma Sociologia objetiva e científica, conforme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social.
a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c)
Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica.
d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais. 41. (Unioeste 2012) Émile Durkheim é considerado um dos fundadores das Ciências Sociais e entre as suas diversas obras se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do Trabalho Social”. Sobre este último estudo, é correto afirmar que a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produtividade econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo específico de solidariedade. b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu uma robotização dos comportamentos humanos. c)
a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais tradicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existentes nas comunidades de menor taxa demográfica.
Em vista do exposto, assinale a alternativa correta.
d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por representar uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano.
a) Durkheim demonstrou que o fato social está desconectado dos padrões de comportamento culturais do indivíduo em sociedade e, portanto, deve ser usado para explicar apenas alguns tipos de sociedade.
e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabelecidas pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e valores morais comuns.
b) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais fundamental, é considerar os fatos sociais como coisas para serem analisadas.
42. (Ufu 2011) Segundo Durkheim, o crime é um fato social presente em toda sociedade. Para o autor, nem todo crime é anômico, mas apenas aquele que corresponde a uma crise de coesão social. A partir do exposto acima, assinale a alternativa correta sobre o significado de anomia social em Durkheim.
(ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 336)
c)
O estado normal da sociedade para Durkheim é o estado de anomia, quando todos os indivíduos exercem bem os fatos sociais.
d) A solidariedade orgânica, para Durkheim, possui pequena divisão do trabalho social, como pode ser demonstrada pela análise dos fatos sociais da sociedade. 40. (Uel 2014) A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada.Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta.
340 Sociologia | Curso Enem 2019
a) Ocorre quando há, nas sociedades modernas, com seus intensos processos de mudança, uma situação em que o conjunto de regras, valores e procedimentos são reconhecidos por todos os indivíduos, levando ao desenvolvimento da sociedade. b) Conceito que descreve os sentimentos de objetivos e de desespero provocados pelo de mudanças do mundo moderno, os quais na perda da influência das normas sociais comportamento individual.
falta de processo resultam sobre o
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
c)
Conceito que descreve a ocorrência, nas sociedades modernas, com seus intensos processos de mudança, de um estado de complementaridade e interdependência entre os indivíduos, o que leva a uma menor divisão do trabalho social e ao fortalecimento das instituições sociais.
d) Ocorre quando os sentimentos de falta de objetivos e de desespero provocados pelo processo de mudanças do mundo moderno resultam no fortalecimento da coesão social e da influência das normas sociais sobre o comportamento individual. 43. (Ufu 2011) De acordo com Durkheim, para se garantir a objetividade do método científico sociológico, torna-se necessário que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos sociais, os quais devem ser tratados como “coisas”. Considerando a frase acima, assinale a alternativa correta sobre fato social. a) Corresponde a um conjunto de normas e valores que são criados diretamente pelos indivíduos para orientar a vida em sociedade. b) Corresponde a um conjunto de normas e valores criados exteriormente, isto é, fora das consciências individuais. c)
É desprovido de caráter coercitivo, uma vez que existe fora das consciências individuais.
d) É um fenômeno social difundido apenas nas sociedades cuja forma de solidariedade é orgânica. 44. Sociologicamente, o Estado não se deixa definir a não ser pelo específico meio que lhe é peculiar, tal como é peculiar, a todo outro agrupamento político, ou seja, o uso da coação física.[...]. Em nossa época, entretanto, devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território ___ a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado ___ reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física. [...] WEBER, Max. Ciência e Política. Duas vocações. Trad. Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mora. São Paulo: Cultrix, 2000, p.56.
A partir desse fragmento, a alternativa que melhor expressa a concepção weberiana de Estado afirma que a) o uso da repressão, por meio da força policial, é violência ilegítima, pois mostra o fracasso do Estado no exercício de suas funções.
CAPÍTULO 1
e) o uso da violência destrói toda forma de poder, pois dispersa e dilui a comunidade, que é a verdadeira fonte do poder. 45. Existem, em princípio, três razões internas que justificam a dominação, existindo, consequentemente, três fundamentos da legitimidade. Antes de tudo, a autoridade do “passado eterno”, [....]. Existe, em segundo lugar, a autoridade que se funda em dons pessoais e extraordinários de um indivíduo (carisma). [...]. Existe, por fim, a autoridade que se impõe em razão da “legalidade”, em razão da crença na validez de um estatuto legal e de uma “competência” positiva, fundada em regras racionalmente estabelecidas [...]. WEBER, Max. Ciência e Política. Duas vocações. Trad. Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mora. São Paulo: Cultrix, 2000, p.57-58
A partir desse fragmento, existe uma profunda relação entre autoridade, domínio e obediência. Dessa relação infere-se que a) a dominação degenera a legítima relação entre os seres humanos, transformando-a em imposição unilateral e em obediência obrigatória. b) a obediência à autoridade torna-se possível somente devido à imposição das leis, mediante as quais existe a dominação da impulsividade humana. c)
a dominação política deve caminhar com a legitimidade, uma vez que é condição fundamental para a existência das comunidades, construídas sobre tradições, crenças e leis.
d) o poder que existe nas relações humanas é sempre legítimo, uma vez que sua existência implica liberdade de adesão à ação sofrida. e) o exercício da autoridade na vida política é a realização do natural desejo humano de influenciar e impor suas vontades individuais sobre a vida de outros. 46. Toda a atividade orientada segunda a ética pode ser subordinada a duas máximas inteiramente diversas e irredutivelmente opostas. Pode orientar-se segundo a ética da responsabilidade ou segundo a ética da convicção. [...]. Diríamos em linguagem religiosa, “o cristão cumpre seu dever e, quanto aos resultados da ação, confia em Deus” ___ e a atitude de quem se orienta pela ética da responsabilidade, que diz: “Devemos responder pelas previsíveis consequências de nossos atos”. [...]. Vemos, assim, que a ética da convicção e a ética da responsabilidade não se contrapõem, mas se completam e, em conjunto, formam o homem autêntico, isto é, um homem que pode aspirar à “vocação política”. WEBER, Max. “A política como vocação”. In: Ciência e Política. Duas vocações. Trad. Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mora. São Paulo: Cultrix, 2000, p.110-122.
b) o recurso à violência física, nas formas históricas de associação, foi concebido como barbárie, mal a ser superado.
A partir da leitura desse fragmento, no confronto entre as éticas da convicção e da responsabilidade, infere-se que
c)
o Estado contemporâneo é a única organização que reivindica para si o monopólio do uso legítimo da violência física.
a) a ética da responsabilidade é incompatível com a ética da convicção, pois uma refere-se à dimensão subjetiva e outra à dimensão objetiva.
d) o uso da violência é inerente à natureza humana, marcada pela impulsividade natural, que denuncia o fracasso das tentativas de socialização bem sucedida.
b) a ética da convicção, em si mesma, apresenta uma dimensão abstrata e metafísica, e pode, inclusive, alimentar atitudes fundamentalistas e fanáticas.
Curso Enem 2019 | Sociologia
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
o homem público, inserido na espera política, deve sempre agir motivado pela ética da convicção, pois os conflitos são a mola da vida social.
d) a ética da convicção é a causa suficiente para a autenticidade da vida humana e política, pois nela aparece a dimensão da consciência e da autonomia. e) a ética da responsabilidade é insuficiente para julgar as ações políticas dos representantes legitimamente eleitos. 47. Weber é frequentemente apontado como o mais antigo defensor das perspectivas de ação social. Ainda que reconhecesse a existência das estruturas sociais __ como classes, partidos, grupos de status e outros __ , ele sustentava que essas estruturas foram criadas através de ações sociais dos indivíduos. (GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4ª ed. Trad. Sandra Regina Netz. Porto Alegre, Artmed, 2005. p. 35)
Considerando o conceito de ação social, na perspectiva de Max Weber, infere-se que: a) as ações sociais são ações individuais cujo foco concentrase nas motivações do sujeito, de onde decorrem os sentidos da ação humana. b) as ações individuais são socialmente motivadas, comprometendo o campo da liberdade e da autonomia do sujeito. c)
o indivíduo é fruto do meio, razão pela qual a consciência coletiva determina o sentido da ação individual.
d) a ação social é sinônimo de senso comum, pois são ações exercidas por grupos sociais com base em sua consciência comum e) existe uma oposição entre indivíduo e sociedade, de modo que as motivações e as ações individuais não mantem relação com a tradição. 48. (cafecomsociologia.com) 2 – A respeito dos estudos comparativos, a resposta de Weber foi a elaboração de “tipos ideais”, que constituem um dispositivo generalizante, um modelo heurístico, sobre o qual era possível aplicar a comparação. Nas suas explicações históricas comparadas, Weber rejeita sempre a hipótese de leis ou de monocausalidade; ele pensa, portanto, que um evento pode ter diversas causas e que conjuntos diversos de causas podem ter o mesmo efeito. A validade das comparações em Weber provém das suas construções empíricas dos processos de indução e de introspecção mais do que de uma verificação causal de hipóteses. REBUGHINI, Paola. A comparação qualitativa de objetos complexos e o efeito da reflexividade. In: Alberto Melluci (org.) Por uma sociologia reflexiva: pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 242
Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial, assinale a opção correta a respeito de “tipos ideais”, segundo a formulação proposta por Max Weber.
c)
A comparação não é essencial para a construção dos “tipos ideais”.
d) Os “tipos ideais” não permitem uma explicação histórica. e) Os “tipos ideais” são construídos essencialmente a partir da verificação causal de hipóteses. 49. (cafecomsociologia.com) Um exemplo clássico da relação entre ética e política é a teoria weberiana sobre a “ética de convicção” e a “ética de responsabilidade”. Assinale a opção que representa a forma como Max Weber definia essas duas éticas. a) “A ética de convicção” está vinculada à ideia de revolução, e a “ética de responsabilidade”, à ideia de bom senso. b) A “ética de convicção” diz respeito àqueles que vivem “da” política; a “ética de responsabilidade”, àqueles que vivem “para” a política. c)
A “ética de convicção” está relacionada ao nosso sistema de crenças e valores; a “ética de responsabilidade”, ao dever de respondermos pelas previsíveis conseqüências de nossos atos.
d) A “ética de convicção” relaciona-se ao cumprimento da lei; a “ética de responsabilidade”, ao nosso senso de proporção. e) A “ética de convicção” equivale ao compromisso com a sociedade; a “ética de responsabilidade”, ao compromisso com o governo. 50. (cafecomsociologia.com) Sobre os conceitos de poder e dominação, tal como elaborados por Max Weber, é correto afirmar que: a) a dominação prescinde do poder, uma vez que os indivíduos que se submetem a uma ordem de dominação não levam em conta os recursos que possuem aqueles que exercem a dominação. b) são equivalentes, pois tanto um quanto outro são relações sociais às quais os indivíduos atribuem sentido, compartilhando, portanto, motivações. c)
toda relação de poder implica uma relação de dominação, já que a força sem uma base de legitimação não pode ser exercida.
d) não são equivalentes, pois a dominação supõe a presença do consentimento na relação entre “X” e “Y”, o que, necessariamente, não se dá com o poder. 51. ( cafecomsociologia.com) Sobre o legado do pensamento científico de Max Weber, Carlos B. Martins afirma que: “A obra de Weber representou uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, abrangendo os mais variados temas, como o direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte, de modo destacado, a música. Seus trabalhos sobre a burocracia tornaram-no um dos grandes analistas deste fenômeno.” !MARTINS, Carlos B. O Que é Sociologia? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991, 28 ed.,
a) Os “tipos ideais” não são construções empíricas. b) B- A causalidade única é a base dos “tipos ideais”.
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p. 66).
A respeito das contribuições de Weber acerca dos conceitos de poder e dominação, assinale a alternativa correta.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
a) Ao passo que poder é toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, considerada legítima. b) Há, para Weber, não mais que dois tipos puros de dominação, quais sejam, a carismática (típica das sociedades tradicionais) e a legal-racional (típica das sociedades modernas). c)
A transição de uma ordem política patrimonial-tradicional para uma ordem burocrática-legal é acompanhada por uma consolidação do tipo de dominação carismática.
d) A dominação legal-racional dá-se por meio da obediência do quadro administrativo à pessoa do senhor, em detrimento de estatutos impessoalmente estabelecidos 52. (http://sociologia-religioso.blogspot.com) O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) definiu dominação como a “possibilidade de encontrar obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas” (WEBER, M. Economia e sociedade. Brasília: UnB, 1991. p. 139).
Em Weber este conceito está relacionado à ideia de autoridade e a partir dele é possível analisar a estrutura das organizações e instituições como empresas, igrejas e governos. Na sociedade capitalista, dentre os vários tipos de dominação existentes, predomina a dominação burocrática ou racional. Assinale a alternativa que indica corretamente a quem se deve obediência nesse tipo de dominação. a) “Ao líder carismaticamente qualificado como tal, em virtude de confiança pessoal na sua capacidade de revelação, heroísmo ou exemplaridade.” b) “À pessoa do senhor nomeada pela tradição e vinculada a esta, em virtude de devoção aos hábitos costumeiros.” c)
“Ao senhor, mas não a normas positivas estabelecidas. E isto unicamente segundo a tradição.”
d)
“À ordem impessoal, objetiva e legalmente estatuída e aos superiores por ela determinados, em virtude da legalidade formal de suas disposições.”
e) “Aos mais velhos, pois são eles os melhores conhecedores da tradição sagrada.” 53. (http://sociologia-religioso.blogspot.com) Sobre a definição de ação social para Weber, assinale a alternativa correta. a) Está fundada na coletividade, de forma a estabelecer uma relação social. b) Implica necessariamente uma relação social, prescindindo de significação. c)
É um conceito de análise típico-ideal, sem nenhuma correspondência com a realidade histórica.
d) É aquela que se orienta pela ação dos outros, sendo, portanto, reciprocamente referida.
CAPÍTULO 1
54. (Uel 2011) O conceito de ação social desempenha papel fundamental no conjunto teórico construído por Max Weber. Sobre este conceito utilizado por Max Weber, considere as afirmativas a seguir: I. A ação social foca o agente individual, pois este é o único capaz de agir e de atribuir sentido à sua ação. II. Interpretar a reciprocidade entre as ações sociais possibilita ao cientista social a compreensão sobre as regularidades nas relações sociais. III. A imitação e as ações condicionadas pelas massas são exemplos típicos de ação social, pois são motivadas pela consciência racional da importância de viver em sociedade. IV. O que permite compreender o agir humano enquanto ação social é o fato de ele possuir um sentido único e objetivo para todos os agentes envolvidos. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) B. Somente as afirmativas II e IV são corretas c)
C. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) D. Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) E. Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 55. (UEM (2011) Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, assinale o que for correto. I) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social impõe-se aos indivíduos como força exterior e coercitiva, submetendo, assim, as vontades desses indivíduos aos padrões sociais estabelecidos. II) A ação social é entendida como um comportamento dotado de sentido subjetivamente visado e orientado para o comportamento de outros atores. III) O sociólogo tem como tarefa fundamental a identificação e a compreensão causal dos sentidos e das motivações que orientam os indivíduos em suas ações sociais. IV) O que garante a cientificidade da análise sociológica é o recurso à objetividade pura dos fatos. V) As instituições sociais são definidas como resultados de relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de serem alteradas a partir de transformações nos sentidos atribuídos pelos indivíduos às suas ações. Estão corretas: a) A. Todas estão corretas b) B. I, II, III e IV c)
C. II, III e V
d) D. III, IV, V e) E. I, III e IV 56. (cafecomsociologiacom) – Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber (1864-1920), que reflete sobre a relação entre ciência social e verdade:
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA “[…] nos é também impossível abraçar inteiramente a seqüência de todos os eventos físicos e mentais no espaço e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo elemento do real. De um lado, nosso conhecimento não é uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-lo, reconstruí-lo com a ajuda de conceitos, de outra parte, nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que eles se esforçam em explicar e compreender. Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso resulta que todo conhecimento, inclusive a ciência, implica uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade e a significação que damos a isto que tentamos apreender”.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 58. (Uel 2014) Leia o texto a seguir. Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas. Mas hoje em dia tudo é muito diferente com o progresso nossa gente nem sequer faz uma ideia. Tenho saudade de rever nas currutelas as mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração. E quando olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão.
(Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que, para Weber: a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são infinitas, ao invés de buscar compreendê-lo, deve limitarse a descrever sua aparência. b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis envolvidas na geração dos fatos sociais permite a elaboração teórica totalizante a seu respeito. c)
O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer parcialmente as conexões internas de um objeto, portanto, é limitado para abordá-lo em sua plenitude.
d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados cientificamente na sua totalidade porque são menos complexos do que outros nas conexões internas de suas causas. e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um conhecimento totalizante do objeto é o fato de desconsiderar contribuições de áreas como a biologia e a psicologia, que tratam dos eventos físicos e mentais. 57. (Uel 2014) Weber compreende a cidade como uma expressão tipicamente ligada à racionalidade ocidental. Com base nos conhecimentos da sociologia weberiana sobre a racionalidade ocidental, considere as afirmativas a seguir. I. A compreensão da cidade ocidental moderna é possível quando se considera uma sequência causal universal na história. II. A existência do capitalismo como sociedade específica do mundo ocidental moderno explica o surgimento das cidades. III. A explicação da cidade no Ocidente exige compreender a existência de diferentes formas do poder e da dominação. IV. Um dos traços fundamentais da cidade no Ocidente é a constituição de um corpo burocrático administrativo regular. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
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(Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de Boiadeiro.)
O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de a) Comte, que defende a necessidade de formas tradicionais de vida em detrimento da desilusão do progresso. b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento desagregador da vida social ao provocar o enfraquecimento das instituições. c)
Marx, que condena o desenvolvimento das forças produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem.
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e vê o passado como mais rico culturalmente. e) Weber, para quem a modernização e a racionalização são acompanhadas pelo desencantamento do mundo. 59. (Ufu 2013) Ao contrário de outros pensadores sociológicos anteriores, Weber acreditava que a Sociologia deveria se concentrar na ação social e não nas estruturas. (GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 33)
De acordo com esta assertiva, Weber considera que a) as ideias, os valores e as crenças têm o poder de ocasionar transformações. b) o conflito de classes é o fator mais relevante para a mudança social. c)
as estruturas existem externamente independentemente dos indivíduos.
ou
d) os fatores econômicos são os mais importantes para as transformações sociais. 60. (Ufu 2013) Em artigo intitulado “Clientelismo ainda domina política no interior do Brasil”, da BBC, de 27 de outubro de 2002, o jornalista Paulo Cabral desenha o painel de parte da política nacional. Ele destaca que, em comício de uma certa deputada, um grande churrasco foi oferecido para os eleitores de uma vila: "Sob um sol escaldante, um caminhão de som tocava o jingle – forró da candidata a todo o volume, a população sentia o cheiro da carne sendo assada trancada dentro de uma casa. Comida, só quando chegasse a candidata”. BBC. Disponível em: . Acesso: 11 mar. 2013.
A relação descrita entre os eleitores e a candidata aproximase, na matriz teórica weberiana, de um tipo puro de relação de dominação, uma vez que
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
a) inscreve-se como relação de poder em que a candidata aproveita-se de uma probabilidade de impor sua vontade, ainda que sem legitimidade. b) estabelece-se, retirando das relações os elementos não racionais, isto é, em evidente processo de desencantamento do mundo. c)
sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o conformismo.
d) expõe características típicas das formas carismáticas de dominação, demonstrada pelo dom da graça extraordinário e pessoal manifesto nas práticas clientelistas. 61. (Unioeste 2013) A Sociologia de Max Weber é considerada uma ciência compreensiva e explicativa. Na sua concepção, compete ao sociólogo compreender e interpretar a ação dos indivíduos, assim como os valores pelos quais os indivíduos compreendem suas próprias intenções pela introspecção ou pela interpretação da conduta de outros indivíduos. Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, é correto afirmar que a) segundo o método da sociologia compreensiva de Max Weber, há uma ênfase metodológica sobre a sociedade como a unidade inicial da explicação para se chegar a significados objetivos de ação social. b) na sociologia compreensiva de Max Weber, a primeira tarefa da sociologia é reformar a sociedade ou gerar algum tipo de teoria revolucionária. Weber herda efetivamente um ponto de vista sociológico compreensivo imputado à escola marxista. c)
para Max Weber, a sociologia está voltada unicamente para a compreensão dos fenômenos sociais. Na sociologia compreensiva, o homem não consegue compreender as intenções dos outros em termos de suas intenções professadas.
d) no método compreensivo de Weber, os fenômenos sociais são considerados como a simples expressão de causas exteriores que se impõem aos indivíduos. Weber define a sociologia compreensiva em termos de fatos sociais e não em termos de atividade ou ação. e) Max Weber entende por sociologia compreensiva uma ciência que se propõe a compreender a atividade social e, deste modo, explicar causalmente seu desenrolar e seus efeitos. Para explicar o mundo social, importa compreender também a ação dos seres humanos do ponto de vista do sentido e dos valores. 62. (Unicentro 2012) Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma. (COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979).
CAPÍTULO 1
A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em a) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros. b) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares. c)
Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados.
d) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais. e) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens. 63. (Uema 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação social como ação a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais. b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional. c)
humana associada a um sentido objetivo.
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela. e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum.
64. (Ufu 2012) Nas Ciências Sociais, particularmente na Ciência Política, definir o Estado sempre foi uma tarefa prioritária. As tentativas nesta direção fizeram com que vários intelectuais vissem o Estado de formas diferentes, com naturezas diferentes. Numa palestra intitulada Política como vocação, Max Weber nos adverte, por exemplo, que o Estado pode ser entendido como uma relação de homens dominando homens. No trecho da canção d´O Rappa, Tribunal de Rua, dominação é o que se percebe, também, na relação entre cidadãos e policiais (braço armado do Estado). A viatura foi chegando devagar E de repente, de repente resolveu me parar Um dos caras saiu de lá de dentro Já dizendo, aí compadre, você perdeu Se eu tiver que procurar você tá fodido Acho melhor você ir deixando esse flagrante comigo [...]. (O Rappa. Lado A Lado B. Warner, 1999)
A partir da perspectiva weberiana, relacionada ao trecho da canção acima, evidencia-se que a dominação do Estado a) ocorre a partir da imposição da razão de Estado, ainda que contra as vontades dos cidadãos que, normalmente, àquela resistem. b) é estabelecida por meio da violência prioritariamente exercida contra grupos e classes excluídos social e economicamente. c)
é exercida pela autoridade legal reconhecida, daí caracterizar-se fundamentalmente como dominação racional legal.
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA d) a exemplo da dominação de outras instituições, opera de forma genérica, exterior e coercitiva. 65. (Unisc 2016) Leia atentamente o texto e responda a questão assinalando uma das alternativas abaixo. “Max Weber frequentemente utilizou a imagem da máquina na análise da natureza da organização burocrática. Tal como uma máquina, a burocracia era o sistema de utilização de energias para a execução de tarefas específicas. O membro de uma burocracia ‘é apenas uma peça em um mecanismo móvel que lhe prescreve uma marcha essencialmente fixa. A burocracia, em comum com a máquina, poderia ser posta a serviço de muitas questões diferentes. Mais ainda, uma organização burocrática funciona tão eficientemente a ponto de seus membros serem ‘desumanizados’: a burocracia ‘desenvolvida mais perfeitamente... mais completamente tem sucesso em eliminar das atribuições dos funcionários amor, ódio e todos os elementos puramente pessoais, irracionais e emocionais que escapem ao cálculo’. [...] O avanço da burocracia aprisionava as pessoas na Gehäuse der Hörigkeit, a ‘jaula de ferro’ da divisão especializada do trabalho da qual dependia a administração da ordem social e econômica moderna [...]”. GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 58-59.
Segundo o texto acima, sobre o conceito de burocracia de Max Weber, é correto afirmar que a) a burocracia é um sistema eficiente de organização do trabalho somente quando é aplicado em poucas questões específicas. b) a burocracia consiste em um sistema de divisão especializada do trabalho que busca a eficiência a partir de atribuições impessoais, racionais e calculadas impostas aos seus funcionários. c)
os funcionários burocráticos podem se expressar livremente, desde que dentro de regras prescritas de forma impessoal e calculada.
d) a burocracia é um sistema arcaico que deve ser superado por outros processos de administração do trabalho típicos da modernidade. e) nenhuma das alternativas acima pode ser afirmada corretamente sobre o conceito de burocracia. 66. (Unioeste 2012) Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas. Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade. Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade pessoal.
346 Sociologia | Curso Enem 2019
b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum treinamento profissional. c)
na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para serem designadas para tais funções.
d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a obediência à ordem pessoal e subjetiva. e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em prática o princípio da especialização das funções administrativas. 67. A mente moderna se tornou mais e mais calculista. A exatidão calculista da vida prática, que a economia do dinheiro criou, corresponde ao ideal da ciência natural: transformar o mundo num problema aritmético, dispor todas as partes do mundo por meio de fórmulas matemáticas.[...]. Não há talvez fenômeno psíquico que tenha sido tão incondicionalmente reservado à metrópole quanto a atitude blasé. A atitude blasé resulta em primeiro lugar dos estímulos contrastantes que, em rápidas mudanças e compressão concentrada, são impostos aos nervos. [...]. Uma vida em perseguição desregrada ao prazer torna uma pessoa blasé porque agita os nervos até o seu ponto de mais forte reatividade por um tempo tão longo que eles finalmente cessam completamente de reagir. SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In:VELHO, Otávio G. O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Editor: Zahar Ed.,1967. p.14-15
Georg Simmel, em seu texto clássico A metrópole e a vida mental, menciona profundas alterações na mente humana causadas pela cidade grande. Sobre esse tema infere-se que a) A vida na metrópole encontra nos laços afetivos mais intensos a forma privilegiada de proteção do indivíduo. b) A vida nas metrópoles abre para o indivíduo novas possibilidades de emancipação, superando o sentimento e a realidade da alienação. c)
A modernidade realiza uma grande integração entre as culturas objetiva e subjetiva, permitindo ao indivíduo um melhor processo de identificação.
d) A modernidade intensifica os estímulos a tal ponto que gera nos indivíduos atitudes de reserva e de indiferença às questões que transcendem seu mundo pessoal . e) As divisões do trabalho na sociedade moderna fortalecem os laços comunitários contribuindo para autorrealização do sujeito 68. (IFB 2017) De acordo com Norbert Elias (1994), o processo de transição de um modo de pensar mais autônomo, ao menos no tocante aos eventos naturais, esteve intimamente ligado ao avanço mais generalizado da individualização nos séculos XV, XVI e XVII. Sobre o conceito de processo de individualização, julgue os itens abaixo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
I) A individualização é um processo contínuo e não planejado, construído nos avanços e recuos do processo civilizador individual, no qual todos os indivíduos, como fruto de um processo civilizador social em construção a longo tempo, são automaticamente ingressos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau e sucesso. II) O processo de individualização se diferencia do processo de civilização, visto que este último faz parte de uma crescente interação com as atividades sociais, sem qualquer relação com as atividades psíquicas dos indivíduos no interior das configurações. III) O conceito de individualização está intimamente ligado com o de autocontrole, que é o processo que vai da exteriorização à interiorização. O indivíduo interioriza os sentimentos, paixões, emoções, controles e representações produzidas nas relações sociais e em suas atividades mentais, e depois ele exterioriza suas representações através de comportamentos, hábitos e relações de poder. IV) A ideia de individualização torna-se mais visível ao passo que a história humana avança, demonstrando que a humanidade, o indivíduo e a sociedade são processos sem início e fim à vista. Nessa história, torna-se perceptível a transferência cada vez maior de funções relativas à proteção e ao controle do indivíduo, previamente exercidas por pequenos grupos tradicionais e consanguíneos (tribo, feudo, igreja etc.), para os grupos densamente habitados, como podemos perceber na configuração dos Estados modernos altamente complexos e urbanizados. V) Na individualização existe um indivíduo biológico e individuado socialmente, que busca ser controlador das forças naturais. Desde os primeiros dias da humanidade até o século XXI, não foram somente as estruturas sociais e as condições materiais de existência que mudaram. O biológico parece mais ‘sólido’ e ‘resistente’, as forças naturais não-humanas parecem ser cada vez mais ‘controladas’ e ‘previstas’, enquanto o social parece mais ‘controlador’, ‘mutável’ e ‘vulnerável’ às mudanças ao longo da história humana. Assinale a alternativa que apresenta apenas sentenças CORRETAS. a) A) I, III, IV e V b)
B) I, II, III e IV
c)
C) III, IV e V
d)
D) I, IV e V
e)
E) I, II, IV e V
69. (IF-AC – 2014) O conceito de indivíduo adquiriu maior força no século XVI com a Reforma Protestante, A partir da ideia de que o indivíduo poderia relacionar-se diretamente com Deus, sem o intermédio de outra pessoa. Com a Revolução Industrial, esta ideia firmou-se definitivamente, pois se colocou a felicidade individual como objetivo principal da nova sociedade. Para Norbert Elias, o estudo do indivíduo deverá ser realizado dinamicamente a fim de compreendê-lo dentro do contexto social e, vice-versa. Para explicar essa relação de interdependência entre indivíduo e sociedade, esse sociólogo utiliza o conceito de a) configuração.
70. Mostramos como o controle efetuado através de terceiras pessoas é convertido, de vários aspectos, em autocontrole, que as atividades humanas mais animalescas são progressivamente excluídas do palco da vida comum e investidas de sentimentos de vergonha, que a regulação de toda a vida instintiva e afetiva por um firme autocontrole se torna cada vez mais estável, uniforme e generalizada. Isso tudo certamente não resulta de uma ideia central concebida há séculos por pessoas isoladas, e depois implantada em sucessivas gerações como a finalidade da ação e do estado desejados, até se concretizar por inteiro nos “séculos de progresso”. Ainda assim, embora não fosse planejada e intencional, essa transformação não constitui uma mera sequência de mudanças caóticas e não estruturadas. Elias, N. O processo civilizador. Vol.II. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993, p. 193-194.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações sobre o pensamento de Norbert Elias, sobre o processo civilizador infere-se que: a) a trajetória da história é algo absolutamente aleatório, casual e inesperado, sem a possibilidade de um planejamento racional. b) no passado, pessoas projetaram a direção do progresso da humanidade, que caminha ordenadamente dentro de sua lógica preconcebida. c)
a história possui um sentido e uma lógica que não nos autoriza afirmar a possibilidade da imprevisibilidade histórica.
d) a trajetória da história da civilização traz é uma história na direção de um controle cultural sobre os impulsos naturais primários do ser humano. e) as manifestações da impulsividade passional e da agressividade humanas não conseguirão ser minimizadas e canalizadas para a vida social. 71. (UFMT - 2015 - IF-MT - Em) “A sociedade dos indivíduos”, Norbert Elias discute um problema epistemológico da sociologia, que se localiza no enviesar dicotômico para leitura dos fenômenos indivíduo e sociedade. De fato, o autor propõe uma análise do indivíduo e da sociedade na longa cadeia de interdependência, entrelaçando estrutura social e estrutura psíquica. Leia atentamente o texto. [...] é um processo contínuo e não planejado, construído nos avanços e recuos do processo civilizador individual no qual todos os indivíduos, como fruto de um processo civilizador social em construção a longo tempo, são automaticamente ingressos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau e sucesso. Pois nenhum ser humano chega civilizado ao mundo, o individual é obrigatoriamente social e vice-versa. (ELIAS, N. Introdução à sociologia. Edições 70. Lisboa: Pax, 1980.)
b) estrutura social.
O texto acima define o conceito de
c)
a) (Habitus.
relação social.
d) ação social
CAPÍTULO 1
b) Individualização.
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CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
Civilização.
d) Configuração social 72. (FGV – 2016 – SME - SP) “Na sociedade aristocrática de corte, a vida sexual era por certo muito mais escondida do que na sociedade medieval. O que o observador de uma sociedade industrializada-burguesa amiúde interpreta como ‘frivolidade’ da sociedade de corte nada mais é do que essa orientação rumo à privacidade. Não obstante, medidos pelo padrão de controle dos impulsos na própria sociedade burguesa, o ocultamento e a segregação da sexualidade na vida social, tanto quanto na consciência, foram relativamente sem importância nessa fase. Aqui, também, o julgamento de fases posteriores é com frequência induzido em erro porque os padrões, da pessoa que julga e da aristocracia de corte, são considerados como absolutos e não como opostos inseparáveis, e também porque o padrão próprio é utilizado como medida de todos os demais.” (ELIAS, N. O Processo Civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, v. 1, p. 178).
Em O Processo Civilizador, Norbert Elias analisa a história dos costumes, buscando compreender o curso das transformações gerais da sociedade ocidental que, na longa duração, contribuíram para um processo civilizatório. A esse respeito, com base no fragmento acima, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. ( ) O autor examina a dinâmica civilizadora, entendida como as reações dos indivíduos às condições materiais de vida. ( ) O autor estuda os processos de naturalização de hábitos e costumes, como os processos de controle das emoções individuais. ( ) O autor identifica representações sociais e hábitos analisando o processo cognitivo pelo qual lhe são atribuídos significados. As afirmativas são, respectivamente, a) (A) F, V e F. b) (B) F, V e V. c)
(C) V, F e F.
d) (D) V, V e F. e) (E) F, F e V 73. (UEL/2017) O homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos acostumados a considerar como típica ou como sinal característico do homem “civilizado”. Se um homem da atual sociedade civilizada ocidental fosse, de repente, transportado para uma época remota de sua própria sociedade, tal como o período medievo-feudal, descobriria nele muito do que julga “incivilizado” em outras sociedades modernas. Sua reação em pouco diferiria daquela que nele é despertada no presente pelo comportamento de pessoas que vivem em sociedades feudais fora do Mundo Ocidental. Dependendo de sua situação e de suas inclinações, sentir-se-ia atraído pela vida mais desregrada, mais descontraída e aventurosa das classes superiores dessa sociedade ou repelido pelos costumes “bárbaros”, pela pobreza e rudeza que nele encontraria. E como quer que entendesse sua própria “civilização”, ele concluiria, da maneira a mais inequívoca, que a sociedade existente nesses tempos pretéritos da história ocidental
348 Sociologia | Curso Enem 2019
não era “civilizada” no mesmo sentido e no mesmo grau que a sociedade ocidental moderna. (Adaptado de: ELIAS, N. O processo civilizador. v.1. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.13.)
Com base no texto e nos conhecimentos de Norbert Elias sobre as normas e as emoções disseminadas nas práticas cotidianas, especialmente no tocante à formação da civilização na sociedade moderna ocidental, assinale a alternativa correta. a) A construção social do processo civilizador comprova que este é um fenômeno sem características evolutivas, dadas as sucessivas rupturas e descontinuidades observadas, por exemplo, em relação aos controles das funções corporais. b) Os estudos do processo civilizador comprovam que as emoções são inatas, com origem primitiva, o que garante a empatia entre indivíduos de diversas sociedades e culturas, bem como de diferentes classes sociais. c)
Os mecanismos de controle e de vigilância da sociedade sobre as maneiras de gerenciar as funções corporais correspondem a um aparelho de repressão que se forma na economia política da sociedade, sendo, portanto, exterior aos indivíduos.
d) O modo de se alimentar, o cuidado de si, a relação com o corpo e as emoções em resposta às funções corporais são produtos de um processo civilizador, de longa duração, por meio do qual se transmitem aos indivíduos as regras sociais. e) O processo civilizador propiciou sucessivas aproximações sociais entre o mundo dos adultos e o das crianças, favorecendo a transição entre etapas geracionais e reduzindo o embaraço com temas relativos à sexualidade. 74 . (MJ 2009) Norbert Elias define o conceito de estigmatização como um aspecto da relação entre estabelecidos e outsiders onde muitas vezes é criado pelo grupo dos estabelecidos um tipo de fantasia coletiva para justificar a aversão e o preconceito deste grupo sobre o dos outsiders. Como justificativa para comprovar a veracidade deste tipo infundado de fantasia coletiva, é habitual a) a sistematização de atributos jurídicos ao estigma social. b) a desqualificação estigmatizado. c)
da
religiosidade
do
grupo
a demarcação espacial como estratégia de separação de um grupo do outro.a negação dos atributos humanos do grupo estigmatizado.
d) a objetificação e a atribuição de características inatas ou biológicas ao estigma social. 75. Claude Lévi-Strauss, em “As estruturas elementares do parentesco” escreve o seguinte: “A proibição do incesto não é nem puramente de origem cultural nem puramente de origem natural, e também não é uma dosagem de elementos variados tomados de empréstimo parcialmente à natureza e parcialmente à cultura. Constitui o passo fundamental graças ao qual, pelo qual, mas sobretudo no qual se realiza
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
CAPÍTULO 1
a passagem da natureza à cultura”. Vê-se que a temática com a cultura traz nesse embate enfoques disciplinares diferentes entre antropólogos, historiadores, sociólogos, psicólogos e filósofos.
que se dedica mais fortemente ao tema da estrutura social, compreendida como conjunto de relações estabelecidas em um determinado contexto social em um dado contexto histórico.
Nesse contexto, escolha o item correto sobre cultura, verificando (na afirmativa do item) tal noção entre as visões das disciplinas, assim como correspondem, ou não.
b) A oposição entre Natureza e Cultura é central na obra de Claude Lévi-Strauss, e o ponto fundamental de sua obra foi demonstrar a unidade da humanidade em termos de seu potencial para produzir cultura, apesar de argumentar que as estruturas profundas de pensamento entre povos “selvagens” é radicalmente diferente daquela dos povos civilizados.
a) Os filósofos, a partir do século XVIII, passam a considerar que os humanos não diferem da natureza. b)
c)
Para muitos historiadores, o ponto de ação que demarca a instituição da cultura é o trabalho do homem. Mas assim como os filósofos (e antropólogos) incluem as categorias: pensamento, linguagem e ação voluntária.
c)
A antropologia estuda os seres humanos na condição de seres naturais.
d) A diferença entre homem e natureza, que dá origem à cultura, surge com a lei da proibição do incesto, lei existente entre os animais. e) Os seres humanos dão sentido à sexualidade: ela não é apenas a satisfação imediata de uma necessidade biológica. 76. No dia 16 de junho de 2010, o Senado brasileiro aprovou o Estatuto da Igualdade Racial. Os senadores [...] suprimiram do texto o termo “fortalecer a identidade negra”, sob o argumento de que não existe no país uma identidade negra [...]. “O que existe é uma identidade brasileira. Apesar de existentes, o preconceito e a discriminação não serviram para impedir a formação de uma sociedade plural, diversa e miscigenada”, defende o relatório de Demóstenes Torres. (Folha.com. Cotidiano, 16 jun. 2010. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2010.)
Com base no texto e nos conhecimentos atuais sobre a questão da identidade, é correto afirmar: a) A identidade nacional brasileira é fruto de um processo histórico de realização da harmonia das relações sociais entre diferentes raças/etnias, por meio da miscigenação.
O princípio da comunicação assume uma dimensão importantíssima na antropologia estrutural proposta pelo autor, de modo que o objeto de sua produção na antropologia recai sobre os sentidos dos mitos em sua riqueza semântica e suas feições culturais em contextos etnográficos específicos.
d) Para o autor francês, a proibição do incesto é tomada como a primeira regra, e o universo das regras é o universo da cultura. Apesar de assumir feições diferentes em diferentes culturas, a universalidade da proibição do incesto pode ser compreendida como síntese do momento de passagem da natureza à cultura. e) O princípio da reciprocidade é fundamental para este autor, pois a cultura pode ser compreendida como conjunto de sistemas simbólicos, de modo que as trocas econômicas, materiais e de pessoas não assumem tanta importância quanto a troca de mensagens. 78. (UFU 2016/2) A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações ditas primitivas se autodesigna com um nome que significa 'os homens' (ou às vezes – digamo-lo com mais discrição? – os 'bons', os 'excelentes', 'os completos'), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de 'maus', 'malvados', 'macacos da terra' ou de 'ovos de piolho'. LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989: p. 334.
b) A ideia de identidade nacional é um recurso discursivo desenraizado do terreno da cultura e da política, sendo sua base de preocupação a realização de interesses individuais e privados.
Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum às das sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural.
c)
Tal reação pode ser definida como uma tendência:
Lutas identitárias são problemas típicos de países coloniais e de tradição escravista, motivo da sua ausência em países desenvolvidos como a Alemanha e a França.
a) Iluminista
d) Embora pautadas na ação coletiva, as lutas identitárias, a exemplo dos partidos políticos, colocam em segundo plano o indivíduo e suas demandas imediatas.
b) Relativista
e) As identidades nacionais são construídas socialmente, com base nas relações de força desenvolvidas entre os grupos, com a tendência comum de eleger, como universais, as características dos dominantes
d) Ideológica
77. (IF/RS, 2015) Sobre o conceito de cultura na obra de Claude Lévi-Strauss, indique a alternativa CORRETA. a) A cultura não é o assunto central na obra do pensador,
c)
Etnocêntrica
79. (UENP 2011) Na madrugada de 1º de novembro de 2009, morre na França o etnólogo e antropólogo Claude Lévi-Strauss aos 101 anos de idade. Sua morte teve grande repercussão no Brasil, sobretudo porque foi um dos primeiros professores de sociologia da Universidade de São Paulo, logo na sua fundação, tendo
Curso Enem 2019 | Sociologia
349
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA feito várias expedições ao Brasil Central. Seu pensamento influenciou gerações de filósofos, antropólogos e sociólogos. É correto afirmar:
b) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico.
a) A corrente estruturalista, da qual Lévi-Strauss é o principal teórico, surgiu na década de 40 com uma proposta diferente do funcionalismo, predominante até então. O funcionalismo se preocupava com o funcionamento de cada sociedade e em saber como as coisas existiam na sua função social. O estruturalismo queria saber do trabalho intelectual. Olhar para os povos indígenas e buscar uma racionalidade e uma reflexão propriamente nativa.
c)
b) Lévi-Strauss não encontrou evidências de que os povos nativos desenvolvessem um pensamento selvagem, nem que ocorresse a passagem de homem natural para o homem cultural entre os povos indígenas.
e) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplina mecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência.
c)
82. (ENEM 2010) A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.
Lévi-Strauss acreditava que o homem não é uma espécie transitória, e sugeriu uma visão essencialista do ser humano, já que o mundo existe quando o homem o interpreta, chegando a afirmar, em várias passagens, que o mundo começou com o homem e vai terminar com ele.
d) Lévi-Strauss concorda com Sartre que não existe oposição entre sociedades com história e sociedades sem história, sendo que isso é demonstrando pela sociologia e pela etnografia contemporâneas ao constatarem que toda sociedade se desenvolve no curso de uma história específica. e) Não pode ser atribuído ao legado de Lévi-Strauss o respeito ao pensamento dos chamados povos primitivos, em especial dos povos indígenas da América, pelas diferenças culturais e pela diversidade, sem as quais a criatividade humana cessa e, por tudo que há no mundo, antes e depois da passagem do humano pela Terra. 80. ( DPE-SP – FCC- 2015) A teoria antropológica de Claude Lévi-Strauss (1908-2009) envolve as seguintes categorias: a) Interpretação, descrição densa, símbolos, sentido e teias de significado. b) Diversidade, relativismo, indução e história. c)
Progresso, linearidade, estágios, leis gerais e monogenismo.
d) Invariantes, sistema, inconsciente, linguagem e sincronia. e) Fato social total, potlatch, trocas simbólicas e representações 81. (PUC-PR, 2008) Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA: a) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas.
350 Sociologia | Curso Enem 2019
A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce automaticamente.
d) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplina-mecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares.
FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é a) combater ações violentas na guerra entre as nações. b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. c)
criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos. e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados 83. (ENEM 2013) O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chama-lo, se quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não contado, mas desfeito – tudo por uma simples ideia de arquitetura! BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2006
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos a)
religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
b) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida. c)
repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
d) sutis, que adestram os corpos no espaçotempo por meio do olhar como instrumento de controle.
CAPÍTULO 1
d) um conjunto de regras que limita a interação entre indivíduos de classes e estratos diferentes em sociedades estamentais. 86. Foucault, em Vigiar e Punir, faz uma reflexão importante sobre os mecanismos de disciplina. Considere os itens abaixo.
e) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas.
I- Foucault notou que o controle disciplinar não era exclusivo das prisões e, sim, permeava várias instituições, como as fábricas, exércitos, hospitais e escolas.
84. (Unioeste 2016) Os estudos realizados por Michel Foucault (1926-1984) apresentam interfaces que corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das prisões”, na qual propunha uma nova concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados que marcaram a posição tradicional da esquerda do período.
II- A disciplina não pode se identificar com uma instituição nem com um aparelho, mas com uma sociedade disciplinar.
Sobre a concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar.
IV- A prisão é o final previsível da passagem por instituições pela qual a sociedade acredita impedir a delinquência, como os abrigos e medidas socioeducativas.
a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe dominante que detém o poder econômico. b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de Estado, que é o instrumento privilegiado do poder. c)
Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida econômica é organizada determina a política.
d) O poder tem como essência dividir os que possuem poder (classe dominante) daqueles que não têm poder (classe dos dominados). e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe dominante: as relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência. 85. (Unioeste 2016) O filósofo e teórico social Michel Foucault (1926-1984) dedica sua obra “Vigiar e punir” (1999) para o entendimento das formas de controle social externas e internas. Segundo o autor, a construção do sujeito dócil, útil e submisso à ordem estabelecida é possível apenas por meio de processos “disciplinadores”, nos quais o corpo e a mente do sujeito são moldados de acordo com o que se pede no meio social. Para entender esse fenômeno, Foucault voltou-se para a observação de instituições disciplinadoras, como a escola e os quartéis, onde os indivíduos que ali permanecem vivem sob o controle da instituição. Podemos concluir que, para Foucault, controle social é: a) a forma de controlar a reprodução biológica de um grupo social. b) a forma de estabelecer critérios em relação à reprodução humana em países superpopulosos. c)
um conjunto entre formas externas e internas de intervenção no comportamento do sujeito desviante.
III- É pela disciplina que as relações de poder se tornam mais facilmente observáveis, pois é por meio da disciplina que se estabelecem as relações.
A alternativa com a indicação correta dos itens que melhor representam o pensamento de Foucault é: a) I e II b) I e III c)
I, II e III
d) II e IV 87. (PUC - PR 2008) A partir do livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault, considere as seguintes afirmações a respeito da disciplina: I. Ela é exercida de diferentes formas e tem como finalidade única a habilidade do corpo. II. Ela pode ser entendi da como a estratégia empregada para o controle minucioso das operações do corpo, sendo seu efeito maior a constituição de um indivíduo dócil e útil. III. Ela se constitui também pelo controle do horário de execução de atividades, em que o tempo medido e pago deve ser sem defeito e, em seu transcurso, o corpo deve ficar aplicado a seu exercício. De acordo com as afirmações acima, pode mos dizer que: a) Todas as afirmações estão corretas . b) A afirmação I está incorreta. c)
Apenas a afirmação III está correta.
d) As alternativas II e III estão incorretas. e) Apenas a afirmação II está correta.
Curso Enem 2019 | Sociologia
351
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 88. (PUC- PR 2008) Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina -mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolvera m, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico.
b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de Estado, que é o instrumento privilegiado do poder. c)
Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA: a)
A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplina mecanismo, desenvolvi da no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência.
b) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, total mente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas. c)
A disciplina- mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico.
d)
É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplina mecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares.
e) A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter -relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce automaticamente. 89. A expressão microfísica do poder , cunhada pelo filósofo Michel Foucault, designa: a) as mudanças de regi me político nos períodos revolucionários. b) uma rede de dispositivos ou mecanismos de poder que se disseminam por toda a estrutura social. c)
a forma repressiva da dominação capitalista .
d) o Estado como instância coercitiva que origina e fundamenta todo tipo de poder social. e) o aparato de pompa envolvido no espetáculo das punições durante o Antigo Regime. 90. (Unioeste 2016)
Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida econômica é organizada determina a política.
d) O poder tem co mo essência dividir os que possuem poder (classe dominante ) daqueles que não têm poder (classe dos dominados). e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe dominante: as relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência 91. (SANEPAR/2006) O sociólogo francês Pierre Bourdieu é um dos principais teóricos da sociologia contemporânea. Sua abordagem sociológica, autodenominada estruturalismo-construtivista, propõe-se a superar a divisão existente na Sociologia entre as abordagens teóricas objetivistas e subjetivistas. Dentro da construção conceitual desse autor, destacam-se duas noções utilizadas para a compreensão/explicação das práticas sociais: as noções mutuamente relacionadas de habitus e de campo. O conceito de campo, segundo Bourdieu, expressa um espaço “no interior do qual há uma luta pela imposição de uma definição do jogo e dos trunfos necessários para dominar este jogo” (BOURDIEU, P. Coisas Ditas). É um lugar em que se manifestam relações de poder, de estratégia e de interesse. Em número indeterminado e estruturado em dois polos, dos dominantes e dos dominados, existirão tantos campos quantos interesses forem postos em confronto. Na união entre um campo e um habitus se manifestam as condições não intencionadas que estruturam as ações coletivas e individuais. Levando em consideração o exposto acima, assinale a alternativa que expressa o conceito de habitus, segundo Pierre Bourdieu. a) Sistema formado por quatro funções elementares: adaptação, perseguição de objetivos, integração e latência. b) Sistemas de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a agir como estruturas estruturantes.
Os estudos realizados por Michel Foucault (1926 -1 984) apresentam interfaces que corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das prisões”, na qual propunha uma nova concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados que marcaram a posição tradicional da esquerda do período.
c)
Sobre a concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar.
92. ( ENADE, 2011)
a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe dominante que detém o poder econômico.
352 Sociologia | Curso Enem 2019
Estruturas formadas por elementos universais e invariantes da sociedade humana presentes na própria mente humana.
d) Estruturas subconscientes da personalidade que predispõem os indivíduos a comportamentos sociais determinados. e) Estruturas econômicas da sociedade que diferenciam os indivíduos em classes sociais com interesses antagônicos.
A cultura legítima, referendada pelos exames e diplomas, vem a ser aquela pertencente às classes privilegiadas. Logo, para os filhos de camponeses, de operários, de empregados ou de pequenos comerciantes, a cultura escolar é aculturação.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Socioantropologia
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. Les héritiers: les étudiants et laculture. Paris: Minuit, 1964, p. 37
c)
No fragmento acima, Bourdieu e Passeron a) ressaltam a centralidade e importância da cultura na sociedade contemporânea. b) utilizam o conceito de aculturação como sinônimo do conceito de socialização.
CAPÍTULO 1
O habitus se apresenta, ao mesmo tempo, como social e individual, de modo que a pessoa, em suas experiências de vida, vai construindo um habitus individual próprio, ainda que indissociável do primário.
d) O habitus é estruturado por meio das instituições de socialização dos agentes, que impõem aos indivíduos certos princípios classificatórios, de visão de mundo e divisão de gostos.
enfatizam a importância da instituição escolar, que, com seus exames e diplomas, contribui para a manutenção da cultura.
e) A partir do habitus, se estabelece o que é bom e o que é mau, o que é distinto e o que é vulgar, o que é valorizado e o que é desvalorizado em dado segmento social.
d) apontam para o fato de que a cultura legítima de uma sociedade é aquela que tem origem nas classes populares, especialmente entre os não escolarizados.
95. ( SEE/MG,2012) A importância da obra de Gilberto Freyre, Casa Grande & Senzala, para a análise do comportamento dos diferentes grupos raciais na sociedade brasileira, consiste na
e) sinalizam que, em uma mesma sociedade, existem diversas culturas, que são desigualmente valoradas em função dos recortes de classe social.
a) Afirmação de uma democracia racial na sociedade brasileira
c)
93. ( FGV, 2013 – SEDUC -SP) Para Pierre Bourdieu, a escola é um espaço de produção de capital cultural, com diversos agentes e valores sociais envolvidos nesse processo. As opções a seguir consideram a escola a partir do quadro conceitual oferecido pelo sociólogo, à exceção de uma. Assinale–a . a) A escola é uma ferramenta de poder, que reproduz desigualdades, ao perpetuar de forma implícita hierarquias e constrangimentos. b) Na escola se desenvolvem lutas pela obtenção e manutenção do poder simbólico, produzindo valores que acabam sendo aceitos pelo senso comum. c)
b) Substituição de uma explicação biológica das diferentes raças por uma interpretação cultural c)
Elaboração de uma interpretação biológica das diferenças raciais por oposição a uma ênfase em elementos culturais
d) Ênfase nas diferenças socioestruturais por oposição às diferenças culturais. 96. ( ENADE, 2005) Gilberto Freire, no livro Casa Grande e Senzala, analisa aspectos das relações inter-raciais no Brasil. Considerando a maneira como esse autor desenvolve, em sua análise, o mito da harmonia entre as três raças que constituíram a nação brasileira, assinale a opção correta.
A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.
a) Para o autor, o fenômeno da miscigenação indica um desequilíbrio entre as três raças constitutivas da nação brasileira
d) O aluno é um ator social ligado à engrenagem da produção simbólica, dela participando como herdeiro e transmissor inconsciente de valores.
b) No mito da harmonia racial, Gilberto Freire sugere a preponderância absoluta do elemento branco sobre os negros e os índios.
e) A escola é um artifício de reafirmação de poderes, onde estruturas sociais diferentes convivem e se enfrentam com seus variados estilos de vida
c)
94. ( Bourdieu) (IF -RS, 2015) A noção de habitus cumpre um papel central na teoria de Pierre Bourdieu quanto à análise das desigualdades sociais. A este conceito pode-se associar todas as perspectivas abaixo, EXCETO: a) Na medida em que se trata de princípios geradores de práticas distintas e distintivas entre as classes sociais, o habitus está expresso, por exemplo, no que se come e na maneira de comer, bem como no esporte que se pratica e na forma de praticá-lo. b) O habitus, como um sistema de disposições incorporadas, está ligado aos esquemas inconscientes da cultura, uma vez que a teoria de Bourdieu privilegia em suas análises as dimensões subjetivas do gosto e da estética dos individuos sociais.
O preconceito racial é, segundo esse autor, um elemento fundador do mito da nação brasileira.
d) A análise de Gilberto Freire está focada na ideia de dissidência entre as três raças, o que constitui o principal ponto de conflito da nação brasileira. e) Segundo esse autor, a miscigenação produz uma sociedade singular nos trópicos, caracterizada principalmente pela convivência pacífica entre as raças. 97. (ENADE, 2011) Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade - daremos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza [afabilidade] no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes expressões de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. Nossa
Curso Enem 2019 | Sociologia
353
CAPÍTULO 1
Socioantropologia
TRODUÇÃO À FILOSOFIA forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da polidez. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, pp. 146-147.
Em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda utiliza o conceito de “homem cordial” a) para definir o caráter nacional brasileiro, cuja origem encontra-se em nossos ancestrais ibéricos. b) como fruto da análise da psicologia do brasileiro, por meio da qual busca estabelecer os traços genéricos da cultura nacional. c)
para descrever o modo de ser de todo brasileiro, isto é, um indivíduo afetuoso e acolhedor, características elogiadas pelos estrangeiros que visitam o país.
d) como um tipo ideal, sem existência efetiva; com esse conceito, busca compreender a conduta dos agentes sociais sem pretender fixar um caráter nacional. e) para indicar como a cordialidade foi imprescindível para a consolidação da democracia no Brasil, criando instituições marcadas pelas relações familiares e pessoais. 98. (Enem 2015) Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os indivíduos, tenham sido quase sempre os mais decisivos. As agregações e relações pessoais, embora por vezes precárias, e, de outro lado, as lutas entre facções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela um todo incoerente e amorfo. O peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidade ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.
Um traço formador da vida pública brasileira expressa-se, segundo a análise do historiador, na a) rigidez das normas jurídicas. b) prevalência dos interesses privados. c)
solidez da organização institucional.
d) legitimidade das ações burocráticas. 99. (UEL, 2011) Leia o texto a seguir. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. (HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 160.)
O trecho de Raízes do Brasil ilustra a interpretação de Sérgio Buarque de Holanda sobre a tradição política brasileira. A esse respeito, considere as afirmativas a seguir.
354 Sociologia | Curso Enem 2019
I. As mudanças políticas no Brasil ocorreram conservando elementos patrimonialistas e paternalistas que dificultam a consolidação democrática. II. A política brasileira é tradicionalmente voltada para a recusa das relações hierárquicas, as quais são incompatíveis com regimes democráticos. III. As relações pessoais entre governantes e governados inviabilizaram a instauração do fenômeno democrático no país com a mesma solidez verificada nas nações que adotaram o liberalismo clássico. IV. A cordialidade, princípio da democracia, possibilitou que se enraizassem, no país, práticas sociais opostas aos princípios do clientelismo político. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 100. (UNIOESTE, 2013) O antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, em sua obra O Povo Brasileiro, afirma: “Nós, brasileiros, somos um povo sem ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela, fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros.” (RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. 1995, p.453)
Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa INCORRETA. a) A identidade nacional brasileira nasceu do encontro e mestiçagem entre diversos grupos étnicos. b) A miscigenação do povo brasileiro se deu fisicamente e principalmente no seu modo de ser e agir. c)
A mestiçagem no Brasil foi um erro histórico e um obstáculo para a construção de uma identidade nacional.
d) As identidades não são coisas com as quais nascemos, são formadas e transformadas no interior das representações coletivas. e) O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado, é herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e as experiências adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. 101. (Uema 2016) (...) Em entrevista à Folha de S. Paulo, o sociólogo espanhol Manuel Castells chegou a tempo de enfiar o dedo nas escancaradas escaras da sociedade brasileira. (...) “A imagem mítica do brasileiro simpático só existe no samba. Na relação entre pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata”. [...] “Para os leitores de Sergio Buarque de Holanda, o sociólogo espanhol apenas redescobre as raízes da sociedade brasileira
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 1
Socioantropologia
plantadas nos terraços da escravidão, entre a casa-grande e suas senzalas. (...) Sob a capa do afeto, o cordialismo esconde as crueldades da discriminação e da desigualdade.”
GABARITO 1
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BELLUZZO, Luiz Gonzaga. A incivilidade gourmet. Carta Capital, Ano XXI, Nº
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A matéria retratada aponta como ilusória a ideia de que o brasileiro teria como característica a cordialidade, sendo, ao contrário, preconceituoso e agressivo. As frases expressivas da arrogância discriminativa presente no cotidiano da sociedade brasileira estão indicadas em
4
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a)
“Você não pode discutir comigo porque não fez faculdade.” “Quem poderia resolver essa situação?”
b)
“E você, quem é mesmo?” “Um momento enquanto verifico o seu processo.”
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c)
“A culpa é da Princesa Isabel.” “Este é o número do seu protocolo, agora é só esperar”.
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d)
“Eu sou o doutor Fulano de Tal.” “O senhor será o próximo a ser atendido.”
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“O senhor sabe com quem está falando?” “Coloque-se no seu lugar.”
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102. (Uenp, 2010)Do ponto de vista sociológico, no Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso.
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Analise as afirmações:
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I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociais.
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B
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II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por justiça. III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação. Assinale a alternativa correta: a)
todas as afirmações são verdadeiras.
b)
apenas a afirmação II e verdadeira.
c)
as afirmações I e III são verdadeiras.
d)
as afirmações I e II são falsas.
e)
todas as afirmações são falsas
Curso Enem 2019 | Sociologia
355
CAPÍTULO 1
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 2
Ciência Políticas 15. A democracia na Atenas clássica Falar em política na história da civilização ocidental implica considerar a emergência de Atenas como a mais destacada polis ou “cidade-estado”, ou ainda “cidade-república”, no século V a.C. Atenas tornou-se o ápice de um movimento que já vinha acontecendo na Grécia há mais tempo. O contexto era de crescimento marítimo e comercial, especialmente em cidades costeiras. Esse crescimento acentuado e rápido foi historicamente possível devido ao modelo escravista de economia, no qual a existência dos trabalhadores escravos permitiu aos cidadãos o status de iguais e livres para a atividade política. Entre os gregos, especialmente entre os atenienses aconteceu o que Robert Dahl denomina a “primeira transformação democrática”, a instituição da cidade-Estado democrática, depois de uma história de governos de outra natureza que não democráticos, como a tirania, a oligarquia e aristocracia. Se considerarmos as diferenças entre a cidade-Estado democrática e uma não democrática, um dos fatores decisivos foi que as pessoas consideradas iguais, os cidadãos, homens adultos livres adquiriram o direito de participar diretamente do governo, tendo em suas mãos os recursos necessários e as instituições necessárias para o bom funcionamento da cidade-Estado. a) Democracia de pequena escala O modelo ateniense de Democracia emerge em comunidades relativamente pouco numerosas, nas quais os indivíduos moravam relativamente próximos e a comunicação entre eles também era, por isso, relativamente rápida e fácil. Mesmo nessa primeira forma de democracia, encontramos uma democracia restritiva, da qual participavam somente os iguais, que eram os atenienses nativos, homens adultos. Além dos elementos da igualdade e da liberdade dos cidadãos, a relação dos atenienses com a lei e a com a justiça tem sido outro fator definidor do que viria a se tornar uma forma democrática de vida e de governo. Essa democracia de pequena escala era, portanto, uma democracia na qual havia uma relativa homogeneidade que facilitava os acordos ou consensos políticos sobre o melhor para todos, sendo esses todos os cidadãos iguais e livres. O contexto moderno será bem diferente, nele a democracia será marcada pela heterogeneidade, sendo mais inclusiva.
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b) A virtude cívica O pressuposto antropológico do ser humano como animal político, expresso por Aristóteles, fazia com que a concepção de vida humana plena, feliz e realizada passava pela participação na vida da pólis. Dessa forma, a boa vida humana era também vida política, ou seja, a ética e a política caminhavam juntas. O indivíduo era concebido como membro de corpo social. E a função do membro é trabalhar para a unidade, a saúde e a harmonia do corpo. Nesse modelo de democracia direta, na qual todos os que são cidadãos tem a possibilidade de se reunirem, debaterem os problemas da cidade-estado e de promulgarem as leis da cidade. Democracia grega implicava a isonomia, a igualdade dos cidadãos diante da lei, e a isegoria, ou seja, todo cidadão tinha o direito de falar na assembleia soberana e de ser ouvido, de expressar suas convicções. Será dessas partilhas de convicções que nascem e se reforçam as leis, que emergem como livre autoimposição de limites. Assim, ser livre será respeitar e obedecer a lei, que é fruto da própria liberdade. A oposição não será, portanto entre liberdade e lei, mas entre lei e tirania. A virtude cívica será então compreendida como aquela na qual o bem do indivíduo coincide como bem comum. Nessa perspectiva grega, a boa cidade é aquela produz bons cidadãos, felizes, participativos, íntegros, que fazem o bem e praticam a justiça. Com efeito, a paixão transforma todos os homens em irracionais. A animosidade, principalmente, torna cegos os altos funcionários, até mesmo dos mais íntegros. A lei, pelo contrário, é o espírito desembaraçado de qualquer paixão. ( ARISTÓTELES, 2002: p.153) c) As características da democracia, segundo Aristóteles Em seu livro “A Política”, Aristóteles nos fornece os elementos centrais, as características comuns de uma perspectiva democrática de vida e de governo. “Deve-se antes chamar democracia o Estado que os homens livres governam, e oligarquia o que os ricos governam”. (ARISTÓTELES, 2002: p.120). Dessa forma, um princípio básico da constituição de uma democracia é a liberdade. David Held (1987:pp 18-19) apresentando a concepção aristotélica de democracia, assim sintetiza as características democráticas mencionadas por Aristóteles:
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a. Eleições para cargos públicos por todos dentre todos. b. Governo de todos sobre cada um e de cada um, em turno, sobre todos. c. Cargos públicos ocupados por diferentes pessoas de cada vez, ou, pelo menos, aqueles cargos que não exigem experiencia ou habilidade. d. A qualificação para a posse de um cargo público não depende de posses ... e. O mesmo homem não pode deter o mesmo posto duas vezes, ou apenas raramente... f. Mandatos de curta duração para todos os servidores públicos, ou pelo menos, para tantos quanto for possível. g. Todos devem participar de juris... h. A assembleia com autoridade soberana em tudo, ou, pelo menos, nos assuntos mais importantes... [...]
d) A Crítica de Platão à democracia. Para Platão, na democracia, os desiguais são tratados como iguais, e qualquer um pode assumir um cargo por sorteio, mesmo que não tenha qualificação para tal. Além disso, a liberdade de fazer o que se quer, marca da democracia, não era vista com bons olhos por Platão. Em sua obra A República, Platão desenvolve a metáfora do navio, em cujo leme deve estar alguém qualificado nas técnicas da navegação. Nessa metáfora, Platão critica a democracia na qual acontecem disputas pelo poder sem haver, experiência, conhecimento ou qualificação para tanto. Será muito comum, nessa dinâmica, que a democracia se torne um interminável campo de conflitos pelo poder, que traga em si a possibilidade da tirania, da imposição de uns sobre os outros. Na mesma obra, Platão desenvolve uma segunda metáfora, a partir da qual ele apresenta a sua forma ideal de governo. Ele associa o povo à metáfora da besta ou do “grande e poderoso animal”, que tem desejos admiráveis e abomináveis. Será preciso saber cuidar desse animal e harmonizar suas tendências contraditórias. E quem será capaz de fazer esse governo? Segundo Platão, somente um grupo de sábios, uma aristocracia intelectiva, os filósofos, uma vez que a virtude de um bom governo depende de conhecimento. E ó conhecimento que está na base de toda virtude. “Enquanto os filósofos não forem reis nas cidades, ou aqueles que hoje denominamos reis e soberanos não forem verdadeira e seriamente filósofos, enquanto o poder político e a Filosofia não convergirem num mesmo indivíduo [...],não terão fim, meu caro Glauco, os males das cidades, nem, conforme julgo, os do gênero humano, e jamais a cidade que nós descrevemos será edificada. PLATÃO. A República. Trad. Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 2000. Livro V. p. 180-181.
16. A república: o humanismo cívico, em Maquiavel. Com Nicolau Maquiavel (1469-1527), podemos afirmar que estamos no início da política moderna, que tem como marca
CAPÍTULO 2
distintiva a busca por conciliar os poderes do estado e os poderes dos cidadãos ou, em outros termos, conjugar a soberania do estado com a soberania popular. Considerando o contexto de instabilidade reinante na Itália de seu tempo, Maquiavel renuncia ao idealismo e busca pensar de acordo com as demandas do momento histórico. Nesse realismo político, a escolha do Príncipe deve submeter-se ao critério da funcionalidade, buscando a eficácia do seu governo, a estabilidade do Estado, na preservação da ordem e da paz social. Assim, Maquiavel reforça a concepção de soberania do poder do Estado e nunca da pessoa do príncipe. a) A Autonomia da política Seguramente, uma das marcas mais distintivas de Maquiavel, sua novidade política, consiste em afirmar que não há nada anterior à política à qual ela deva estar subordinada: uma ordem natural, uma religião ou um deus. A política deve ter autonomia em relação a qualquer outra instancia, especialmente religiosa. E a grande razão para buscar essa autonomia está no fato de a política ter de ser realista, fugindo dos idealismos. “Todavia, como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas do que pelo que delas se possa imaginar. [...]. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria do que o modo de se preservar [...]. Assim é necessário a um Príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. MAQUIAVEL.N. O príncipe.Trad. Livio Xavier. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. Cap. XV. p. 36.
E sua função será a de ordenar o mundo, ou seja, colocar ordem no mundo político, que tende ao caos, devido à natureza egoísta e interesseira do ser humano. Por essa razão, a política terá relação com a conquista e a manutenção do poder e da unidade do corpo social. Mas como fazer isso, se os homens naturalmente não estão propensos a isso? No texto a seguir, Maquiavel usa a metáfora do leão e da raposa, para simbolizar duas estratégias diferentes de ação, quando a ação com base na lei não é suficiente. Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis; outra, ela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes, a primeira não é suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao Príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] E uma sem a outra é a origem da instabilidade. Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os laços*, e a raposa, contra os lobos. MAQUIAVEL.N. O príncipe. Trad. Livio Xavier. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. p. 40. cap. XVIII. (Fragmento).
*Em outras traduções a expressão usada é “armadilha”.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA
Quando Maquiavel se refere às formas de governo, afirma que há três espécies de governo: o monárquico, que traz em si o risco de cair no despotismo, o aristocrático, que traz em si o risco de cair na oligarquia, e o popular, que traz em si o risco da permissividade. O remédio contra as formas corrompidas desses governos seria, para Maquiavel, o governo misto que, devido à melhor representatividade, tende a ser o mais durável. A forma mista de governo tem a seu favor o fato de nela ser muito mais provável ou possível um equilíbrio de interesse entre grupos sociais antagônicos, como ricos e pobres, por exemplo, o que essa forma de governo mais apta para resistir ao tempo. Contudo, sempre é preciso considerar a realidade e nela perceber qual a forma de governar que potencialmente terá maior probabilidade de resistir ao tempo, proporcionando segurança ao país e liberdade aos cidadãos. Para Maquiavel, uma cidade cresce quando nela existe o espírito da liberdade, assegurado por uma constituição mista, condição essencial para evitar a dominação dos interesses de determinados grupos sobre outros e por uma permanente vigilância por parte do Estado para que os interesses da comunidade sempre estejam acima dos interesses de indivíduos particulares. Em outras palavras, a cidadania implicava deveres com a “coisa pública”. Em nome desse bem, em nome da ordem e da harmonia na sociedade, o Estado podia fazer uso da força. Para Maquiavel, era fundamental que o Estado fosse instituição forte e segura, pois sem ela não haveria sequer liberdade assegurada aos cidadãos. Dessa forma, encontramos em Maquiavel o precursor do que será uma concepção moderna de Estado. b) Do conflito de interesses às boas instituições e às boas leis Maquiavel faz uma clara distinção entre os cidadãos ricos e poderosos, por um lado, e o povo, por outro lado; Os nobres querem dominar e expandir seus podres e o povo deseja não ser dominado. Os poderosos estariam claramente em oposição aos interesses do bem comum. Tendo a liberdade como objetivo a ser conquistado e assegurado, as divisões sociais jogariam um importante papel nesse sentido, sendo o povo, para Maquiavel, o guardião da liberdade, a partir de seu desejo de não ser dominado. Em termos institucionais, as leis devem assegurar essa liberdade em regime de governo misto, buscando atender aos interesses em jogo sem comprometer o bem comum. A preservação do bem comum será conseguida com a virtú do governante mas também com boas leis e instituições que asseguram a liberdade, bem como com a ação do povo que ama a pátria e o bem comum. Liberdade e virtú, associada à habilidade de bem agir de acordo com as circunstancia, juntas, são as condições que fomentam uma boa vida política.
17. Thomas Hobbes: natureza humana e contrato social No contexto da vida política de Hobbes (1588-1679), as monarquias absolutistas eram um regime político difundido por toda a Europa e busca-se fundamentar e justificar os poderes ilimitados dos monarcas.
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a) A passagem do estado de natureza para a sociedade civil Hobbes é conhecido com um dos contratualistas que afirma que a origem do Estado ou da sociedade regida por leis está num contrato. Hobbes chegou a imaginar uma situação hipotética, que serviu de instrumento e de experimento para a sua teoria. Imaginou os seres humanos em situação anterior à existência de um estado, de um poder comum a todos. Nesse condição originária, que ele denominou “estado de natureza”, os indivíduos tomariam com referencia para as suas ações e decisões os chamados “direitos naturais’’, que incluíam tudo o que fosse possível e necessário para assegurar a própria vida. Não é difícil imaginar a conclusão. Resulta disso a clássica expressão: “a vida é uma guerra de todos contra todos”. No capítulo XIII, de O Leviatã, “Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria”, Hobbes assim se expressa: Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é consequência: que nada pode ser injusto. As noções de bem e mal, de justiça e injustiça não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há justiça. (HOBBES, 1984: 78.
Segundo Hobbes, nesse estado de natureza, no qual o conflito seria generalizado, os indivíduos percebem e reconhecem quão solitária, brutal, desagradável e curta é a vida humana. E nisso todos são iguais. Se uns tem mais força, outros podem ser mais espertos. Nesse estado natural, nada estaria assegurado, a não ser a discórdia, motivada por competição por algum lucro, desconfiança em relação à desejada segurança e o desejo de glória e reputação. Outra consequência da mesma condição é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada um aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo. É pois esta a miserável condição em que o homem realmente se encontra, por obra da simples natureza. Embora com uma possibilidade de escapar a ela, que em parte reside nas paixões, e em parte em sua razão. (HOBBES, 1984: 78) Enquanto perdurar este direito da cada homem a todas as coisas, não poderá haver para nenhum homem (por mais forte e sábio que ele seja) a segurança de viver todo o tempo que geralmente a natureza permite aos homens viver HOBBES, 1984: 82) E será para sair dessa condição e assegurar longevidade e segurança que os indivíduos, nesta hipótese de Hobbes, chegam à conclusão da necessidade de um pacto social, em favor de um poder comum, que assegurasse a vida dos indivíduos. Mas esse desejo implicaria abrir mão daquele direito natural a todas as coisas. Sob quais condições? Sob a condição de que todos façam o mesmo. Desse acordo nasceria o Estado, todo poderoso, o poder soberano, uma autoridade conferida pelo povo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
Da primeira lei fundamental da natureza que consistiria em buscar a paz com os outros, se nela acreditar, e fazer tudo para a seguir ou, em caso contrário, servir-se da guerra, para assegurar sua vida, nasça esta segunda lei da qual resultaria o pacto: Assim, o contrato surge dessa mútua renúncia de direito e de sua transferência a um outro, seja ele uma pessoa ou uma assembléia de pessoas. Sendo um ato voluntário, cada um o faz pensando no bem para si mesmo. Mas, considerando a natureza humana egoísta, passional e impulsiva, cada um aceitará transferir o direito sob alguma garantia. Imaginemos que alguém quebre o pacto e agride o outro. Nesse caso, tendo um renunciado ao direito natural de autodefesa, a vida voltara ao estado de guerra, caso ele revide a agressão sofrida. É por essa razão que Hobbes, no capítulo XVII, afirma que o “pacto sem a espada é nulo”, que “os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém” (HOBBES, 1984: p. 107), fazendo clara referencia ao poder do Estado, que teria sido criado a partir do pacto para defender os direitos individuais na vida em sociedade. “E ninguém tem a liberdade de resistir à espada do Estado, em defesa de outrem, seja culpado ou inocente”. (HOBBES, 1984: p. 138) Dessa forma o poder do Estado é um poder pleno, absoluto, que não pode ser contrabalanceado por algum outro poder. E esse Estado, para Hobbes, seria a condição para que a sociedade fosse possível. b) Da obediência ao Estado soberano e da liberdade de desobediência O soberano não tem a obrigação de atender aos caprichos ou desejos de cada súdito. Sua ação está relacionada ao dever de agir, como julgar melhor, no campo da segurança ,da proteção, da defesa da vida dos súditos. Contudo, o individuo tem uma obrigação natural, de acordo com o direito de natureza, de não agir contra sua própria vida e de fazer tudo o que estiver ao seu alcance contra a ameaça à sua vida. Por isso, Hobbes, no capítulo XXI, dedicada à liberdade dos súditos, afirma:
CAPÍTULO 2
18. O constitucionalismo liberal em John Locke O século XVII na Inglaterra é de muitos conflitos entre a coroa e o parlamento, entre o absolutismo e a burguesia liberal ascendente. Praticamente durante 10 anos, entre 1640 e 1649, reinou uma profunda guerra civil na Inglaterra, conhecida como revolução puritana, em cuja raiz estava radical confronto entre Carlos I e o Parlamento. O fim dessa revolução termina com Cromwell mandando decapitar o rei Carlos I. Com isso, termina a guerra civil e se implanta na Inglaterra a república. John Locke (1632-1704),.entre 1679-1680, Locke escreve os Dois tratados, publicados após a Revolução Gloriosa. No primeiro volume, o foco de Locke está em combater e refutar a teoria do direito divino dos reis. Existia a forte ideia de que o poder do monarca tinha relação com a autoridade de Adão, o primeiro homem criado por Deus e que teria sido como que uma espécie de primeiro monarca. No segundo volume, Locke indica e estabelece os critérios da autoridade política. Estes não mais se encontram vinculados a uma suposta autoridade religiosa ou a uma tradição. A única fonte legítima de poder político, para Locke, será o que for decidido ou pactuado pelos indivíduos, o consentimento da população. a) O estado de natureza Para Locke, os indivíduos teriam direitos naturais. O estado de natureza é um estado de perfeita liberdade, no sentido de que as ações humanas são livremente executadas pelo indivíduo, sem autorização de outra pessoa, no intuito de proteção de sua vida e de suas posses. A propriedade é um direito fundamental, concedido por Deus no ato da criação. Por meio do trabalho o indivíduo poderia assegurar esse direito. Esse estado de natural liberdade é também um estado de natural igualdade, não havendo hierarquias ou superioridade natural entre os indivíduos.
Todo súdito tem liberdade em todas aquelas coisas cujo direito não pode ser transferido por um pacto. Portanto, se o soberano ordenar a alguém ( mesmo que justamente condenado) que se mate, se fira ou se mutile a si mesmo, ou que não resista aos que o atacarem, ou que se abstenha de usar os alimentos, o ar, os medicamento, ou qualquer outra coisa sem a qual não poderá viver, esse alguém tem a liberdade de desobedecer. (HOBBES, 1984: p. 137).
Para Locke a liberdade e a igualdade de todos encontra-se traduzida na única submissão que a todos se impõe: seguir a lei de natureza, que é uma lei da razão natural, segundo a qual ninguém pode destruir a vida de si e ou de um outro individuo, além do dever de respeitar a propriedade do outro, sua vida e não prejudicar o outro em qualquer aspecto. Caso haja uma agressão ou transgressão dessa lei de natureza, todos igualmente têm o direito de castigar o seu transgressor. Essa é uma lei da natureza. Dessa forma, vemos que em Locke, o estado de natureza não é um estado de guerra de todos contra todos, mas um estado de liberdade e de direitos naturais. O Estado de guerra nasceria quando um indivíduo usar sua “força sem o direito” sobre o outro, na ausência de um juiz comum.
c) A lei civil como comando do soberano
b) O Contrato social e da sociedade civil
No pensamento de Hobbes, o poder de editar leis, as leis da sociedade, as leis civis, é um atributo do soberano, que decorre de seu poder de constrangimento; é somente o Estado (ou república) que enuncia uma regra, e o legislador da república é somente o soberano. É ele que prescreve algo e isso será um comando que emana de sua autoridade e se impõe como obrigação de obediência nas ações dos indivíduos na vida em sociedade.
Nem sempre os indivíduos respeitam as leis da natureza e os direitos dos outros, especialmente o direito de propriedade, e iniciam um estado de guerra. Por essa razão, especialmente para evitar esse estado e assegurar os direitos, especialmente o direito à propriedade de si, de sua vida e de seus bens, nasce o contrato social no qual o povo soberano delega a governantes a função de assegurar os direitos dos governados, aplicando a lei, que nasceu do consentimento da comunidade. Assim,
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA havendo agora um uma autoridade comum a todos, a lei, forma-se a sociedade civil, na qual a soberania pertence ao povo. Caso os governantes não respeitassem os termos do que foi contratado ou pactuado, o povo soberano, justificadamente, poderia destituir os governantes e institui um novo governo. Ao afirmar que são os membros da comunidade política que escolherão seus representantes para as funções de governo, Locke se coloca contra a legitimidade da monarquia como forma de governo civil. A autoridade de decisão estará vinculada à maioria do corpo político, conforme vem expresso no capítulo VIII, do Segundo Tratado Sobre o Governo E assim todo homem, concordando com os outros em formar um corpo político sob um governo, assume a obrigação para com todos os membros dessa sociedade de se submeter à resolução da maioria conforme esta assentar; se assim não fosse, esse pacto inicial, pelo qual ele juntamente com os outros se incorpora a uma sociedade, nada significaria, e deixaria de ser pacto, se aquele indivíduo ficasse livre e sob nenhum outro vínculo senão aquele em que se achava no estado de natureza. ( LOCKE, 1973: p. 77) Sobre a finalidade de uma sociedade política e sobre a finalidade da existência de um governo comum, Locke afirma que essa finalidade está em assegurar o que não se encontra assegurado no estado de natureza, ou seja, a fruição dos direitos, o gozo da propriedade que é muito incerto e inseguro no estado natural. No capitulo IX do Segundo Tratado Sobre o Governo encontra-se a seguinte afirmativa O objetivo grande e principal, portanto, da união dos homens em comunidades, colocando-se eles sob governo, é a preservação da propriedade. Para este objetivo, muitas condições faltam no estado de natureza. Primeiro, falta uma lei estabelecida, formada, conhecida, recebida e aceita mediante consentimento comum, como padrão do justo e injusto e medida comum para resolver quaisquer controvérsias entre os homens [...] LOCKE: 1973: p. 88
c) Da divisão dos poderes No capitulo XI e XII do Segundo Tratado Sobre o Governo ao falar dos poderes legislativo, executivo e federativo da comunidade civil, Locke afirma que, devido à tentação humana pelo poder, não convém que as mesmas pessoas que detém o poder de fazer as leis sejam também as pessoas que tenham o poder de executar essas leis, pois facilmente elas próprias se isentariam de cumprir a lei. Em uma sociedade civil, bem organizada, afirma Locke, o poder de legislar pertence a várias pessoas que se reúnem para fazer as leis que valem para todos. Na seqüência, essas pessoas se dispersam e todas elas se encontrarão submetidas às mesmas leis que fizeram. O poder legislativo é também denominado por Locke de poder supremo, pois nele se encontra o poder conjunto de todos os membros da sociedade, poder cedido à pessoa ou grupo de pessoas que constitui o legislador. No capítulo XIII deste mesmo Segundo Tratado Sobre Locke se refere à hierarquia dos poderes e conclui dizendo que em
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uma sociedade política bem organizada só pode haver um poder supremo, que é o legislativo; contudo, cabe ao povo o poder supremo de destituir ou alterar o legislativo quando julgar que os representantes do legislativo já não mais estão atuando como instrumentos da confiança popular. Com Isso Locke afirma que o poder supremo permanece com a comunidade política.
19. Os governos e a liberdade, em Montesquieu O filósofo e político francês Charles-louis de Secondat, Barão de Montesquieu (1689-1755), viveu e sofreu o contexto do absolutismo mais radical, o governo de Luis XIV, que governou na França de 1661-1715. Luis XIV era conhecido como Rei Sol, e ele afirmava: “O Estado sou eu”.Profundamente crítico do absolutismo, Montesquieu tinha uma preocupação e um objetivo permanente: como estabelecer as condições e quais seriam elas, capazes de assegurar um governo representativo, capaz de preservar a liberdade dos cidadãos e de combater e prevenir a corrupção e as muitas formas de desmando. Ele escreveu muito sobre os necessários e intransponíveis limites à ação do Estado. a) O governo constitucional A forma de governo para assegurar as liberdades dos cidadãos deveria ser, para Montesquieu, assim como já era para Locke, um governo constitucional, ou seja, um Estado no qual não houvesse chance para o personalismo, para os abusos de autoridade, um Estado no qual os governos deveriam estar submetidos a leis, que condicionassem o exercício de seu próprio governo; um Estado no qual houvesse uma Constituição construída sobre a base da separação dos três poderes. De modo mais claro que Locke, Montesquieu distinguiu os três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário. O executivo deveria ter o poder de vetar leis que fossem inaceitáveis. Fazia parte do legislativo o poder de vetar ações ilegais do executivo. O poder judiciário tinha de ser independente do executivo e do legislativo. Para combater abusos e desmandos, é preciso que haja instituições sociais e políticas capazes de canalizar as energias humanas para a cidadania. Com efeito, havendo a distribuição dos poderes, todo e qualquer abuso seria contido e, com isso, a liberdade poderia florescer. E por liberdade Montesquieu compreendia “o direito de fazer tudo o que a lei permite”; ou seja, só há liberdade dentro dos limites da lei. Em Montesquieu a ideia de lei já não mais apresenta resquícios da ideia de lei sob inspiração divina. As leis passam a ser pensadas na esfera da política, e a política pensada fora do âmbito religioso ou teológico. Em sua obra O espírito das leis, Montesquieu evidencia as leis como um produto das relações políticas, das relações entre os diferentes grupos sociais. Dessa forma, seu foco são as leis positivas, ou seja, as leis e as instituições criadas pelos seres humanos pensando nas relações que os indivíduos devem ter na vida em sociedade. Essa é a ideia básica presente em o espírito das leis. b) As formas de governo e seus princípios Ao se referir à natureza do governo, Montesquieu pensa em quem detém o poder. E isso seria possível de três formas diferentes. Inicialmente, existe a monarquia, na qual o poder se
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encontra em um só que governa, o príncipe, por meio de leis e de instituições estabelecidas. Nessa forma monárquica de governo, o princípio que move o pensamento e as ações é a honra, uma paixão social, relacionada a um sentimento de desigualdade, no qual a nobreza tem seus privilegias que a diferenciam dos demais. Sendo uma paixão, a busca pela honra poderá fazer com que o nobre supere seus impulsos mais primários ou os canalize para se expressarem na paixão e no interesse pela coisa pública. Graças ao governo das instituições, que caracteriza a monarquia, esta pode ter uma estabilidade. Nas monarquias, a política faz com que se executem as grandes coisas com a menor soma de virtude possível; tal como nas mais belas máquinas, a arte emprega a menor soma possível de movimentos, de forças e de rodas. O Estado subsiste independentemente do amor pela pátria, do desejo da verdadeira glória, da renúncia a si próprio, do sacrifício dos seus mais caros interesses, e de todas essas virtudes heróicas que nós encontramos nos antigos, e das quais temos somente ouvido falar. As leis ocupam o lugar de todas essas virtudes [...](MONTESQUIEU, 2012: p. 49)
Na república, quem governa é o povo, seja de modo pleno ou parcial. Por isso, esse regime depende da qualidade dos cidadãos. O princípio fundamental na forma republicana de governar é a virtude, o espírito cívico, a consciência de que o bem público está acima dos interesses particulares. Será a presença desse espírito que evitaria a anarquia e o despotismo, que são tendência presente em governos nos quais todos são tidos como iguais. Segundo Montesquieu, é comum que os “grandes” não queiram a república, e o povo não saiba como preservar a república, por falta de virtude cívica. Por essas razões, a república traz em si uma grande fragilidade, que requer um grande investimento em educação para ensinar, desde a mais tenra idade, o amor às leis e a pátria. De acordo com Montesquieu uma república pode ser democrática ou aristocrática. “Quando, na república, o povo incorporado exerce o poder soberano, isso significa uma democracia. Quando o poder se acha entre as mãos de uma parte do povo, dá-se o nome de aristocracia” . (MONTESQUIEU, 2012: p.33). E uma aristocracia, segundo Montesquieu se corrompe quando o poder dos nobres se torna arbitrário e hereditário, faltando-lhes a virtude. O despotismo, praticamente, é o espaço não político, pois nele não há instituições ou princípios estabelecidos a serem compartilhados e seguidos. Com efeito, o despotismo tende às rebeliões, à desagregação social uma vez que “no despótico, um só individuo, sem lei e sem regra, submete tudo à sua vontade e a seus caprichos”. (MONTESQUIEU, 2012: p.32) c) A defesa da liberdade política Para Montesquieu, a boa vida política, na qual se assegura e se promove a liberdade política, tem como exigência ou condição a existência de mecanismos nos quais um poder possa frear outro poder, evitando os abusos de poder.
CAPÍTULO 2
É verdade que nas democracias o povo parece fazer aquilo que quer, mas a liberdade política não consiste em se fazer aquilo que se quer. Num Estado, isto é, numa sociedade onde existem leis, a liberdade não pode consistir senão em se poder fazer aquilo que se deve querer, e em não se ser constrangido a fazer aquilo que não se deve querer. É preciso, portanto, que se tenha em mente o que é a independência e o que é a liberdade. A liberdade é o direito de fazer aquilo que as leis permitem; e, se um cidadão pudesse fazer aquilo que as leis proíbem, ele já não teria mais liberdade, porque os outros teriam também esse mesmo poder. (MONTESQUIEU, 2012: p. 189)
A liberdade política existe ali onde há governo moderado, no qual existem instituições que fazem a mediação e impedem o abuso do poder por alguma das partes. Nas clássicas palavras de Montesquieu: “Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição as coisas, o poder refreie o poder”. (MONTESQUIEU, 2012: p. 190)
20. O Radicalismo Democrático de Rousseau Na contramão das monarquias e dos governos absolutos, nos quais a soberania se encontrava nas mãos de um rei, de um senhor soberano, Jean Jacques Rousseau (1712-1778) constrói um pensamento político no qual a soberania deve pertencer a todo o corpo político da comunidade. Mas, para bem entender esse ponto, vamos voltar aos fundamentos que o levaram a essa conclusão. a) A hipótese do estado natural Concebo, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física [...] a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos vários privilégios de que gozam uns em prejuízo de outros, como o serem mais ricos, mais poderosos e homenageados do que outros, ou ainda por fazerem-se obedecer por eles. (ROUSSEAU, 1991: p. 235) Rousseau começa dizendo “Comecemos, pois, por afastar todos os fatos” e concentrar-se em “raciocínios hipotéticos”. Concluamos que, errando pelas florestas, sem indústrias, sem palavra, sem domicílio, sem guerra e sem ligação, sem qualquer necessidade de seus semelhantes, bem como sem qualquer desejo de prejudicá-los, talvez sem sequer conhecer alguns deles individualmente, o homem selvagem, sujeito a poucas paixões e bastando-se a si mesmo, não possuía senão os sentimentos e as luzes próprias desse estado [...] Então não havia nem educação, nem progresso [...]:a espécie já era velha e o homem continuava sempre criança. (ROUSSEAU, 1991: p. 256-257)
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA b) A sociedade civil e a instituição da propriedade No início da segunda parte do discurso sobre a desigualdade, Rousseau afirma que será com a instituição da propriedade privada que se funda a sociedade civil e com ela se originam muitas misérias humanas e os males sociais. O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer: isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo: Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: Defendei-vos de ouvir esse impostor, estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!” (ROUSSEAU, 1991: p. 259) Desse modo, a imposição de uns sobre outros, fez com que uns se afirmassem como poderosos, usando sua força sobre outros, que se tornaram enfraquecidos e necessitados, e que passaram a trabalhar para os outros. Uns passam a se perceber como senhores do direito sobre a manipulação do outro. Disso decorrem as mais generalizadas desordens, vinculadas às mais variadas ambições, usurpações e extorções. Segundo Rousseau, os que se tornaram poderosos teriam se servido de uma espécie de ideologia, de um discurso que, invertendo a realidade, tinha por propósitos seduzir e manipular a mente dos dominados e justificar as suas posses conseguidas com a exploração. Para Rousseau, a natureza humana foi violentada. A solução virá por um Contrato social que irá dirigir ou direcionar a evolução da humanidade. c) A soberania que decorre do contrato social O fragmento a seguir explicita a concepção de Rousseau sobre a passagem do estado de natureza para a sociedade civil A passagem do estado de natureza para o estado civil determina no homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando às suas ações a moralidade que antes lhes faltava. É só então que, tomando a voz do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem até aí levando em consideração apenas a sua pessoa, vê-se forçado a agir baseando-se em outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir as inclinações.[...[ O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui. (ROUSSEAU, 1991:107-
berania. Dessa forma, o soberano não será o executivo, mas o povo, autor das leis, e o governante passa a ser um agente dessa soberania. A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. É ela mesma ou é outra coisa, não há meio-termo. Os deputados do povo não são, nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar. Em absoluto, não é lei. O povo inglês pensa ser livre e muito se engana, pois só o é durante a eleição dos membros do parlamento; uma fez estes eleitos, ele é escravo, não é nada. Durante os breves momentos de sua liberdade, o uso que dela faz, mostra que merece perde-la. (ROUSSEAU, 1991:107-108) d) Vontade geral e vontade da maioria No capítulo III do livro segundo Do Contrato Social encontra-se uma das mais clássicas distinções de Rousseau ao afirmar que a vontade geral não deve ser confundida com vontade de todos. A primeira é de natureza qualitativa e a segunda é quantitativa. A vontade geral, diz Rousseau, “é sempre certa e tende sempre à utilidade pública”, pois está vinculada ao bem comum, ao passo que a vontade de todos ou da maioria “não passa de uma soma das vontades particulares”, estando vinculada a interesses privados.
21. A República extensa, em James Madison James Madison ( 1751-1836), foi o quarto presidente dos Estados Unidos, entre 1809 e 1817. Sua excelente formação em Direito e seu exercício em advocacia foram fatores fundamentais em sua decisiva colaboração na elaboração e na promoção da constituição americana, a tal ponto que ficou conhecido como “pai da constituição”. Junto com Alexander Hamilton e John Jay escreveram O Federalista, uma obra composta por 85 artigos nos quais ratificam a Constituição do Estados Unidos. a) O remédio contra as facções. Madison parte do pressuposto já presente em Hobbes de que os seres humanos não são anjos, mas seres movidos por interesses pessoais e agem tendo em vista a proteção de seus direitos, especialmente o da liberdade e da propriedade. No artigo 10 de O Federalista, Madison assim expressa.
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Dessa forma, na vida política, por meio do contrato social, o ser humano adquire a liberdade civil, que é a liberdade vivida sob as orientações da lei, que é construída pelo próprio corpo político, que é a sociedade. Para essa conquista da liberdade civil e da igualdade civil, o preço que ele pagou foi a alienação da liberdade natural e da igualdade natural. Forma-se um corpo social, e esse corpo é soberano, e cada individuo, como membro do corpo, dele participa como membro da so-
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A natureza humana encerra germes escondidos de facções. [...]. Os homens são arrastados por uma inclinação tão poderosa a animosidades recíprocas que, quando eles não tem ocasiões importantes para exercitá-las, as distinções mais frívolas e mais extravagantes tem bastado para acordar paixões inimigas e para fazer nascer violentos combates (O FEDERALISTA, 1973: p. 100)
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Madison retoma e fortalece a crítica de Platão à democracia pura, na qual a vida política fica restrita a alguns, a algumas poucas facções que brigam entre si com fortes rivalidades e conflitos entre seus participantes, com tendência a uma se impor sobre a outra. Nesses governos populares não há instituições capazes de gerenciar esses conflitos e harmonizar a vida social, o que deixa essa forma de governo muito instável e incapaz de gerar prosperidade. No capítulo X de O Federalista, Madison afirma que todos os lados ouvem-se queixas e duras críticas de virtuosos cidadãos a esses governos populares: Todos eles se queixam de que nossos governos têm muito pouca estabilidade; que o bem público é sempre esquecido nos conflitos dos partidos rivais; que as questões são muitas vezes decididas pela força superior de uma maioria interessada e opressiva, sem atender às regras da justiça e aos direitos do partido mais fraco. Por muito que desejássemos que tais queixas fossem sem fundamento, a notoriedade dos fatos não permite negar-lhes até certo grau de justiça. (MADISON, 1973: p. 100)
Dessa forma, para Madison, o grande problema da política será o de como lidar com as facções, com as disputas entre as partes. Por facção ele entende um grupo de cidadãos unidos entre si e age com base em alguma paixão, em algum impulso ou interesse conflitivo com o de outros cidadãos ou conflitivo em relação com algum interesse geral comum. Ele afirma que não é possível acabar com essas facções, pois em sua origem está a natureza humana que tende às divisões. Então, se não há possibilidade de atacar as causas, a questão que se coloca será a de controlar ou corrigir os efeitos das facções. Entre as causas que tem feito despertar mais e mais facções “tem sempre sido a desigual distribuição das propriedades. Os interesses dos proprietários têm sempre sido diferentes dos interesses daqueles que não o são” ( p.102) E essa ideia vale para todos os campos da sociedade. Existem diferentes grupos, cada qual com seus diferentes interesses, muitas vezes conflitantes e entre si contraditórios. E como fazer para que a balança da justiça não tenda para um dos lados? Como regular os vários interesses em jogo? O governo representativo será uma das exigências fundamentais. Contudo não basta a representação para proteger os direitos dos cidadãos. Madison está falando em contexto de Estados Unidos da América, e fala da necessidade de uma república extensa, com vasta extensão territorial e com grande número de cidadãos, bem diferente da democracia de pequena escala como a da antiga Atenas. Além disso, na república, os poderes são delegados por todo o povo a um pequeno número. Com isso, pode-se aumentar a depuração, o filtro dos melhores candidatos, evitando o domínio ou a tirania de uma facção, em um vasto território marcado pela diversidade social. A república aparta-se da democracia em dois pontos essenciais; não só a primeira é mais vasta e muito maior o número de cidadãos, mas os poderes são nela delegados a um pequeno numero de indivíduos que
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o povo escolhe. [...]. Num tal governo é mais possível que a vontade pública, expressa pelos representantes, esteja em harmonia com o interesse público do que no caso de ser ela expressa pelo povo mesmo, reunido (O FEDERALISTA, 1973: p. 104) para tal fim. Essa república ampliada será o remédio contra a tirania das facções. Assim, paradoxalmente, o remédio contra os efeitos das facções é aumentar as facções para que nenhuma chegue a ser majoritária. No capítulo ou artigo 51, Madison reflete sobre a necessidade de combater a ambição dos indivíduos por meio da própria ambição, combinar de tal modo o interesse pessoal com o direito constitucional que a defesa do bem comum, por parte dos indivíduos em comandos de poder, também seja a defesa de interesses e direitos pessoais.
22. O Estado mínimo no Utilitarismo de J. Bentham e Mill Jeremy Bentham (1748-1832) foi um iluminista, filósofo e jurista preocupado com o mundo da vivência moral, com a construção de uma sociedade reformada, na qual fosse possível construir uma felicidade geral. Por essa razão, sua filosofia ou teoria ética ficou conhecida como utilitarismo, por estar voltada para a construção de ações que tragam em si a tendência de maior felicidade para o maior numero de pessoas. Nas reflexões de Jeremy Bentham, James Mill e John Stuart Mill realiza-se uma das mais consagradas características da modernidade ocidental: o individualismo como ideia e valor. A filosofia e a ética desenvolvidas por esses expoentes ficou conhecida como utilitarismo clássico. a) Do cálculo da maior felicidade do maior numero Seguindo um pressuposto já presente em uma vasta tradição ocidental, sintetizada em Hobbes, na qual os seres humanos são movidos por interesses e desejos pessoais, sendo os critérios motivadores das ações humanas a dor e o prazer, conforme vem expresso e formulado por Bentham no trecho 1 e por James Mill, no trecho 2: Trecho 1 A natureza colocou a humanidade sob o governo de dois senhores soberanos, dor e prazer. Somente a eles cabe indicar o que devemos fazer, assim como determinar o que faremos. Ao seu trono estão atados, de um lado, o critério do certo e errado e, de outro, a cadeia de causas e efeitos (BENTHAM, 1948: p. 1). Trecho 2 As posições que já estabelecemos no que tange à natureza humana, e que assumimos como fundamentos, são as seguintes: que as ações dos homens são governadas por suas vontades, e suas vontades por seus desejos; que seus desejos são direcionados ao prazer e ao alívio da dor como fins, e à riqueza e ao poder como os principais meios (MILL, 1978: p. 69).
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Os utilitaristas pensam em um parâmetro para julgar as ações na vida social. E esse critério para julgar as ações humanas será aritmético, quantitativo, será o cálculo da utilidade, movida pela fórmula da maior felicidade do maior numero possível de indivíduos. Nas palavras de Bentham: O princípio da utilidade significa aquele princípio que aprova ou desaprova cada ação de acordo com a tendência que apresenta a aumentar ou a diminuir a felicidade daqueles cujo interesse está em jogo; ou, o que é o mesmo em outras palavras, a promover ou se opor àquela felicidade. Eu digo de toda e qualquer ação, e portanto não somente de toda ação de um indivíduo privado, mas também de toda medida de governo (BENTHAM, 1948: p. 2).
b) O Estado no processo de civilização Considerando essa diversidade de interesses, como harmonizar as divergências para que a vida social seja viável? Quem será o mediador para aplicar o que a razão julgar como mais universal? Será o Estado. Caberá ao Estado essa difícil tarefa. Os utilitaristas, em contexto de iluminismo e ascensão da burguesia, embora concordem com a ideia de que o ser humano seja um átomo de egoísmo, colocam a ênfase em um novo aspecto, na perfectibilidade, na potencialidade a ser trabalhada pela educação. Esse ser bruto e imperfeito, de impulsos egoístas pode ser lapidado. Em termos políticos, portanto, a democracia é apresentada como o instrumento mais apto ou a melhor forma de governo e estilo de vida, pois tem como objeto e objetivo a defesa dos direitos individuais, contra o uso despótico do poder político; além de zelar pela liberdade nas diferentes esferas e estar construída sobre a separação dos poderes. E será na democracia representativa que se encontraria o melhor caminho para a realização da felicidade geral. Em uma sociedade democrática, com uma ótima legislação, os interesses individuais poderiam ser canalizados de acordo com realidades nas quais a utilidade pública poderia ser assegurada. A grande descoberta dos tempos modernos será talvez o sistema de representação, a solução de todas as dificuldades, tanto especulativas como práticas. [...] A própria comunidade deve controlar esses indivíduos, pois do contrário eles seguirão seus interesses e produzirão mau governo (MILL, 1978: p. 73). .A razão da obediência às decisões do pacto encontram-se portanto, nas vantagens que ele proporciona para cada individuo e para a sociedade. Essa é a razão da obediência do cidadão ao Estado, que teria a função de zelar pela maior felicidade do maior numero possível de pessoas. Assim, uma ação será boa ou melhor na medida em que produzir bons efeitos e colaborar para a felicidade geral, para o maior numero de pessoas. No utilitarismo, o foco sempre se volta ao campo empírico movido, pelo princípio da utilidade prática, como fundamento de toda conduta de vida em sociedade; em termos concretos, as ações humanas devem proporcionar prazer e felicidade
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para si e para os outros. Por essa razão, muitos se referem a essa ética como ética hedonista, na qual se busca evitar tudo o que produza como resultado a dor e o sofrimento e se busca ativamente aquilo que traga bem estar.
23. As novas condições da democracia em Mary Wollstonecraft. a) A Reivindicação dos direitos das mulheres Mary Wollstonecraft (1759-1797) foi escritora inglesa, filósofa, humanista, libertária, defensora dos direitos das mulheres. Sua vida pessoal foi marcada por essa originalidade, sendo referência histórica para o movimento feminista. Lutou por abrir caminho para uma nova condição histórica das mulheres e de sua participação na vida política. Com isso, ela também traz novas bases para a democracia moderna. Contudo, Rousseau e a maioria dos escritores masculinos que seguiram seus passos, calorosamente inculcaram que toda a tendência da educação feminina deve ser direcionada para um ponto: torná-las agradáveis. [...]. Para ganhar os afetos de um homem virtuoso, o fingimento é necessário? A natureza deu a mulher uma estrutura física mais fraca que a do homem; [...] A fraqueza pode estimular a ternura, e gratificar o orgulho arrogante do homem, mas os afagos insolentes de um protetor não gratificarão uma mente nobre que pede e deseja ser respeitada. [...]. Além disso, a mulher que fortalece seu corpo e exercita sua mente irá, ao administrar sua família e praticar várias virtudes, tornar-se uma amiga, e não a dependente humilde de seu marido (WOLLSTONECRAFT, 2015: p. 52 e 54). b) A imagem culturalmente produzida da mulher submissa Para Mary Wollstonecraft, não se trata de uma incapacidade natural, mas de produção cultural, de um produto criado pela educação. As mulheres foram criadas para se tornarem o que se tornaram, mulheres isoladas à esfera doméstica, longe do campo político. Nessa perspectiva, são as circunstancias históricas e os condicionamentos socioculturais das épocas que estão na raiz da atual situação de submissão e exclusão na qual as mulheres se encontram. Nesse mesmo sentido, a filósofa e ativista política Simone de Beauvoir (1908-1986) inicia o segundo volume de sua obra “O Segundo Sexo” com essa afirmativa: “Não se nasce mulher, torna-se mulher” De acordo com o diagnóstico de Mary Wollstonecraft, se a Revolução Francesa anunciou igualdade e liberdade, na vida cotidiana, porém, as mulheres ficaram excluídas dessas dimensões, voltadas quase que exclusivamente para os homens. Para Mary Wollstonecraft, essas ridículas distinções de posição social fazem com que a humanidade acabe por não evoluir como poderia e deveria. Para Wollstonecraft, somente com a emancipação política das mulheres e sua participação na vida pública, a razão humana e a moral estarão em melhores condições de se realizarem e de se expressarem historicamente de modo mais digno.
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Para Mary Wollstonecraft, se a humanidade está se libertando do direito divino dos reis, chegou a hora de ela também se libertar da tirania dos homens, do “direito divino dos maridos”. Em suma, a grande falta ou deficiência da sociedade como um todo consiste nessa desigualdade entre os sexos, que acabou abafando as condições para a emancipação feminina, inviabilizando a mulher na história. “Para se tornar respeitável, o exercício do entendimento é necessário; não há outro fundamento para a independência de caráter; eu quero explicitamente dizer que elas devem apenas se curvar para a autoridade da razão” (WOLLSTONECRAFT, 2015: p. 81).
24. A liberdade política em Alexis de Tocqueville Alexis-Charles-Henri Clérel, visconde de Tocqueville ( 18051859) foi um pensador político francês dedicado ao tema da liberdade política em contexto de uma democracia não mais da pólis, não mais das pequenas comunidades ou cidades, mas em contexto de modernidade, em contexto de sociedade de massa. a) Despotismo democrático: Os riscos de uma manipulação da igualdade. Considerando a abordagem de Tocqueville, a democracia americana moderna em sua dimensão burguesa, está centrada no individualismo, em assegurar a igualdade de oportunidades, mais do que a igualdade econômica. Dessa forma, ao acentuar o valor do individuo, a democracia estaria fragilizando o individuo, uma vez que ele sozinho não tem poder para a defesa de seus direitos. A própria democracia poderia estar desmobilizando os indivíduos. É por isso que ele afirma que essa igualdade poderia estar dando inicio a uma nova forma de tirania, a tirania da maioria, um despotismo das massas. Refletindo a partir da democracia nos Estados Unidos da América, na qual o espírito e a prática do associativismo já é uma longa tradição, Tocqueville assume que esse espírito é fundamental para garantir a liberdade política. A liberdade não se impõe de cima para baixo, ela deve ser um desejo que brota da alma de um povo, de uma nação. Dessa forma, a liberdade de associação torna-se um antídoto e uma garantia contra a tirania de alguns sobre a maioria. Para Tocqueville, com a modernidade instaura-se na América um processo de gradual desenvolvimento da igualdade de condições entre os cidadãos. E será essa crescente igualdade que deve ser vista como o aspecto fundamental da democracia. E a grande preocupação se traduz na questão: “como preservar a liberdade nesses tempos”? Duas exigências fundamentais: a existência de instituições democráticas, que trabalhem no sentido de descentralizar a administração e incentivar maior participação do povo, chamado à soberania, e a existência de uma constituição e leis que possam assegurar a manutenção das liberdades fundamentais, por meio de uma permanente vigilância para que não ocorra a manipulação ou a alienação da liberdade por parte de minorias políticas.
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Para o sociólogo Raymond Aron, ao olhos de Tocqueville A democracia consiste na igualização das condições. Democrática é a sociedade em que não subsistem distinções de ordens e de classes; em que todos os indivíduos que compõem a coletividade são socialmente iguais, o que não significa que sejam intelectualmente iguais, o que é absurdo, ou economicamente iguais, o que, para Tocqueville, é impossível. A igualdade social significa a inexistência de diferenças hereditárias de condições (ARON, 2008: p.320-321) As verdadeiras causas da liberdade de que goza a democracia americana são as boas leis e, mais ainda os hábitos, os costumes e as crenças, sem as quais não pode haver liberdade (ARON, 2008: p.328)
25. A Teoria Elitista de Democracia em Schumpeter Entre os representantes da teoria contemporânea da democracia, destaca-se o pensamento do cientista político austríaco Joseph Alois Schumpeter, (1883-1950) conhecido como crítico da democracia clássica, tendo desenvolvido um pensamento que ficou conhecido como teoria elitista de democracia. Seu modelo de democracia está condicionado pelos problemas enfrentados pelas grandes nações industriais modernas na Europa no período entre guerras. a) A crítica aos pressupostos da teoria clássica da democracia Em sua obra Capitalismo, Socialismo e Democracia, publicada originalmente em 1942, Schumpeter realiza uma crítica a certos pressupostos da doutrina clássica da democracia, especialmente no que tange ao pressuposto de que existiria uma vontade comum, que corresponderia exatamente ao interesse, ao bem-estar ou à felicidade comuns e que seria o “farol orientador da vida política” (SCHUMPETER, 1984: p.305). Na consideração do indivíduo moderno, o que parece ser a forma motriz de suas ações é muito mais um “feixe indeterminado de impulsos vagos” e não um desejo efetivo e uma vontade racional definida. Quando muito, poderá haver uma vontade popular manufaturada, manipulada por alguns agentes ou interesses particulares que, ao modo de uma publicidade comercial, fabricam as pautas políticas. Isso, para Schumpeter equivale a afirmar que “a vontade do povo é o produto e não o motor do processo político”. (SCHUMPETER, 1984: p. 329). Dessa forma, Schumpeter posiciona-se contra o pressuposto da democracia do século XVIII. A filosofia da democracia do século XVIII pode ser expressa na seguinte maneira: o método democrático é o arranjo institucional para se chegar a certas decisões políticas que realizam o bem comum, cabendo ao próprio povo decidir, através da eleição de indivíduos que se reúnem para cumprir-lhe a vontade (SCHUMPETER,
1984: p.305)
Para Schumpeter não haveria um bem comum inequivocamente determinado ou determinável que o povo assumisse
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA por uma argumentação racional. Na contramão do utilitarismo, afirma que a diversidade e o desencontro de interesses na sociedade contemporânea atestam que a afirmativa de um bem que seja “comum” não passa de uma idealização ou romantização. Para Schumpeter, o equívoco da teoria clássica da democracia decorreu da não percepção de que a sociedade burguesa transformou radical e substancialmente o mundo dos valores, a ponto de o “bem comum” ficar cada vez mais distante da busca dos indivíduos concretos; transformou-se em um princípio metafísico. b) A democracia como método político para eleger líderes Schumpeter constrói uma visão de democracia reduzida a um método político capaz de ser eficaz para tomar decisões, bem longe não só da ideia de soberania popular como também afastada da noção de que o povo elege seus representantes que seriam expressão de sua vontade. "o método democrático é aquele acordo institucional para se chegar a decisões políticas em que os indivíduos adquirem o poder de decisão através de uma luta competitiva pelos votos da população".» (SCHUMPETER, 1984: p.336)
De modo pragmático, diz Schumpeter, a vida real nos mostra, que o povo não passa de um eleitor de pessoas intermediárias ou líderes que serão os responsáveis por tomar decisões e produzir um corpo que será o governo. E considerando o principio do imediatismo que move cada vez mais as decisões dos indivíduos modernos, Schumpeter, ainda, se posiciona contra a perspectiva clássica da democracia ao se referir ao fato de os eleitores não terem em seu horizonte uma perspectiva de nação; ao contrário, serem muito mais condicionados pelo imediatismo, o que os caracterizaria como maus juízes. "os eleitores são maus juízes, frequentemente corruptos e muitas vezes até mesmo são maus juízes de seus próprios interesses de longo prazo, pois apenas a premissa de curto prazo diz alguma coisa politicamente e apenas a racionalidade de curto prazo se afirma de modo efetivo". (SCHUMPETER, 1984: p. 326) Contudo, não são somente os eleitores seriam maus juízes. Nas próprias lideranças, a força motriz seriam as perspectivas dos interesses imediatos ou muito próximos, interesses de uma nova classe que se formou, a classe dos políticos, profissionais de carreira. Em suma, considerando a crítica de Schumpeter à democracia clássica, podemos reter como elementos principais, em primeiro lugar, a critica à ideia da existência de um bem comum com o qual o povo concorde e em torno do qual ela vai agir; ao contrário, o que existe e predomina são os interesses individuais e, muitas vezes, conflitantes e contraditórios. Em segundo lugar, essa ideia leva Schumpeter a afirmar que o povo não sabe o que quer, não havendo portanto uma vontade do povo, mas apenas vontades e interesses particulares, que podem até, em alguns momentos, se somar umas às outras. Em terceiro lugar, o individualismo também se expressaria na apatia ou na indiferença em relação às questões políticas em geral. E, finalmente, essa apatia das massas faz com que suas
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opiniões sejam facilmente manufaturas, manipuladas, moldadas por discursos e por propagandas políticas.
26. A Política em Hannah Arendt Hannah Arendt (1906-1975), cientista política, foi enviada a Israel, em 1961, como representante da revista The New Yorker, para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, acusado de crimes de guerra durante o período da II grande Guerra Mundial, crimes contra a humanidade, crimes contra o povo judeu. Eichmann foi um executante de ações que resultaram na morte de milhões de judeus. Hannah Arendt escreveu uma série de artigos sobre o caso, de onde resultou o lançamento, 1963, do seu livro Eichmann em Jerusalém. a) Da superficialidade e da banalidade do mal à profundidade da reflexão. Para Hannah Arendt, ao acompanhar as declarações do Eichmann durante o julgamento, o que mais lhe chama a atenção é para a normalidade com a qual o acusado fala de sua inocência e de que somente cumpriu ordens, sem se sentir responsável por absolutamente nada. Ele teria cumprido ordens do Estado. A frieza e a ausência de reflexão seriam características dessa banalidade do mal. Eu quero dizer que o mal não é radical, indo até as raízes (radix), que não tem profundidade, e que por esta mesma razão é tão terrivelmente difícil pensarmos sobre ele, visto que a razão, por definição quer alcançar as raízes. O mal é um fenômeno superficial, e em vez de radical, é meramente extremo. Nós resistimos ao mal em não nos deixando ser levados pela superfície das coisas, em parando e começando a pensar, ou seja, em alcançando uma outra dimensão que não o horizonte de cada dia. Em outras palavras, quanto mais superficial alguém for, mais provável será que ele ceda ao mal. Uma indicação de tal superficialidade é o uso de clichês, e Eichmann, (...) era um exemplo perfeito. (ARENDT, 2001: p.145)
Para Arendt, o totalitarismo que se impôs entre 1914-1945 tinha como características fundamentais a exaltação do Estado e, com ele a imposição de uma ideologia oficial, que implicava em completa vigilância da vida dos indivíduos. O Estado detinha os meios de comunicação e as técnicas de propaganda política, por meio dos quais veiculava notícias de seu interesse no intuito de moldar consciências, de manipulação da massa e nela produzir um difuso sentimento de nacionalismo e paixão política, conduzindo à atrofia da razão, à anestesia do pensamento crítico, ao fanatismo, a formas irracionais de conduta. Em sua obra, Origens do totalitarismo, Hannah Arendt associa governo totalitário com processo de massificação e com ausência de relações sociais normais. Os movimentos totalitários são organizações maciças de indivíduos atomizados e isolados. Distinguem-se dos outros partidos e movimentos pela exigência de lealdade total, irrestrita, incondicional e inalterável de cada membro individual. [...].
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O totalitarismo jamais se contenta em governar por meios externos, ou seja, através do Estado e de uma máquina de violência; graças à sua ideologia peculiar e ao papel dessa ideologia no aparelho de coação, o totalitarismo descobriu um meio de subjugar e aterrorizar os seres humanos internamente. (ARENDT, 2012: p. 453-455) Uma das destacadas características do governo totalitário é, portanto, a instauração do terror, que aniquila o poder popular e perpetua a violência. Nas palavras de Arendt: “O terror não é o mesmo que violência; ele é, antes, a forma de governo que advém quando a violência, tendo destruído todo o poder, ao invés de abdicar, permanece como controle total”. (ARENDT, 1994: p. 43) Todas essas experiências vividas afetaram profundamente o pensamento de Hannah Arendt, que foi buscar na Grécia Clássica, no pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles os fundamentos da vida política, suas características e seus ideais. b) A política como fundamento dos direitos. Os direitos humanos e os direitos civis. Para Hannah Arendt, a realidade contemporanea dos apátridas e das minorias, dos excluídos socioculturais mostra que a simples natureza humana não é portadora de direitos. Para Hannah Arendt, esses direitos nascem com a política. Será somente no espaço público (da política) que terá lugar o universo da isonomia e da liberdade. Portanto, os direitos não se fundamentariam na natureza humana, mas no universo da cultura, na vida política. Para Hannah Arendt, com as Revoluções Americana e Francesa, teria acontecido a subordinação dos direitos humanos, defendidos pelos contratualistas como inerentes à natureza humana, aos direitos dos nacionais, em contexto de absoluta valorização da soberania nacional. E aqui surge uma das mais graves questões das sociedades contemporâneas: Quais são os direitos dos refugiados, dos apátridas, quando os direitos humanos, nas democracias liberais, estão atrelados ou até reduzidos aos direitos dos cidadãos (em seu próprio país)? Para Arendt, seria próprio do contratualismo identificar direitos humanos com direitos dos cidadãos, subordinados às leis dos Estados-nacionais, Com isso, os direitos humanos estariam reduzidos aos direitos civis. Contudo, a desintegração dos Estados-nação, durante e imediatamente após o período das duas grandes guerras, provocou uma nova realidade: os apátridas, os deslocados, as minorias, os imigrantes econômicos, pessoas e povos sem Estado, expulsos de seus países pelos governantes vitoriosos. Com isso, esses indivíduos ou povos, ficando sem um Estado nacional, sem cidadania, não pertenciam a um corpo político no interior do qual tivessem proteção. Em suma, Arendt apresenta uma dupla critica à noção contratualista de direitos humanos e à concepção de direitos humanos presente nas revoluções francesa e americana. Em primeiro lugar, para Hannah Arendt, os homens não são iguais por natureza, como vinha sendo afirmado na tradição contratualista. A igualdade brota no horizonte da política, pois somente neste campo será possível, por meio de determinadas
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instituições, assegurar a convivência pacífica. Assim, é somente nesse plano político que se pode pensar, lutar e assegurar “direitos humanos”. c) Para além das fronteiras dos Estados-Nacionais: a Humanidade Depois dos horrores do totalitarismo, criou-se, 1945, a Organização das Nações Unidas, a ONU, no interior da qual uma das comissões tratava dos direitos humanos. Essa comissão criou a “Declaração Universal dos Direitos Humano”, aprovada em Assembleia, em 1948, em cujo preâmbulo encontra-se a seguinte afirmativa: "o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo". Esse torna-se o grande ideal comum a ser efetivado por todos os povos e todas as nações. Permanece no horizonte, uma vez que ainda não se efetivou um espaço político internacional que assegure os direitos humanos. Se consideramos como critério não o Estado-nação, mas a humanidade, não haverá lugar para os “sem lugar”. Sob a perspectiva da humanidade, só haverá inclusão. Diante desse horizonte, cabe-nos a luta contra formas, sistemas e regimes de governo que ainda perpetuam múltiplas formas de exclusão. Afinal, todos os direitos não são dados pela natureza, eles são construídos ou conquistados no campo da comunidade política.
27. O Holocausto e a modernidade, na ótica de Zygmunt Bauman a) Modernidade. Racionalidade instrumental e holocausto As análises de Zygmunt Bauman (1925-2017) concentramse nos temas da modernidade, do holocausto e da pósmodernidade. Sobre a pós-modernidade, tece profundas análises buscando retratar as características do que ele chama de “tempos líquidos”, pelas mudanças rápidas que vem acontecendo na sociedade globalizada e tecnológica, em um tempo definido como tempo de relações frágeis, marcadas pela superficialidade, numa rede na qual a atratividade está na facilidade que existe em poder conectar e desconectar sem os traumas que essa atitude implicaria na vida real, no face a face. Com a metáfora da “liquidez”, Bauman caracteriza a modernidade tardia ou pósmoderna em sua incapacidade de manter a forma, em as novas crenças poderem se solidificar em costumes. Tudo se torna muito fugaz e provisório. No terreno da política, uma das óticas ou reflexões de Zygmunt Bauman alerta para a necessidade de um novo olhar para o fenômeno do Holocausto. Em sua abordagem, apresenta uma dimensão desconcertante, que incomoda, uma vez que apresenta o Holocausto não como uma antítese da civilização moderna; ao contrário, como um fruto dessa civilização marcada pela racionalidade técnica, instrumental. Assim, o Holocausto mostra o quanto o projeto de dominação, construído desde a revolução industrial, é efetivo, funciona perfeitamente.
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CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Há duas maneiras de subestimar, desdenhar e se equivocar no julgamento da importância do Holocausto para a sociologia como teoria da civilização, da modernidade, da civilização moderna. Uma é apresentar o Holocausto como algo que aconteceu aos judeus, como um evento da história judaica. Isso torna o Holocausto único, confortavelmente atípico e sociologicamente inconsequente. [...]. Outra maneira de apresentar o Holocausto [...] é como um caso extremo de uma ampla e conhecida categoria de fenômenos sociais, categoria seguramente abominável e repulsiva, mas com a qual podemos (e devemos) conviver. [...] Assim, o Holocausto é como mais um item (embora de destaque) numa ampla categoria que abarca muitos casos “semelhantes” de conflito, preconceito ou agressão. ” BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Trad. Marcus Penchel. Rio de janeiro: Zahar, 1998. p. 19-20
Assim, o Holocausto se encontra no fio da coerência do projeto iluminista moderno. Não se trata de uma aberração, mas de uma expressão da própria civilização, de “seu verdadeiro potencial”. Em sua obra, cita a reflexão do teólogo Richard L. Rubenstein: O mundo dos campos da morte e a sociedade que engendra revelam o lado progressivamente mais obscuro da civilização judaico-cristã. Civilização significa escravidão, guerras, exploração e campos da morte. Também significa higiene médica, elevadas ideias religiosas, belas artes e requintada música. É um erro imaginar que civilização e crueldade selvagem sejam antíteses. Em nosso tempo as crueldades, como muitos outros aspectos do nosso mundo, passaram a ser administradas de maneira muito mais efetiva que em qualquer época anterior. Não deixaram e não deixarão de existir. Tanto a criação como a destruição são aspectos inseparáveis do que chamamos civilização. RUBENSTEIN, Richard. The Cunning of History. Nova York: Harper, 1978, p. 91, 195. Citado em BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Trad. Marcus Penchel. Rio de janeiro: Zahar, 1998. p. 28.
A partir dessa citação, Bauman considera como um mito a ideia que temos da civilização como história da humanização do homem e mostra como a modernidade possibilitou o Holocausto.
A civilização moderna não foi condição suficiente para o Holocausto; foi, no entanto, com toda a certeza, sua condição necessária”. Sem ela, o Holocausto seria impensável. Foi o mundo racional da civilização moderna que tornou viável o Holocausto BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Trad. Marcus Penchel. Rio de janeiro: Zahar, 1998. p. 32.
28. Teoria da Justiça e o Liberalismo Político em John Rawls a) Como tornar as sociedades mais justas? Dois princípios. O filósofo norte-americano John Rawls (1921-2002) é especialmente conhecido por sua teoria da justiça como equidade. Essa teoria, de natureza contratualista, integra, basicamente, dois princípios: O primeiro princípio de sua teoria da justiça é o princípio da igual liberdade para todos. Cada individuo deve ter direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas para todos os envolvidos ou pactuantes. Trata-se de uma teoria liberal da justiça, não reduzida ao aspecto econômico. Se o primeiro princípio determina a liberdade, o segundo regula sua aplicabilidade, corrigindo desigualdades irracionais e antiprodutivas para o corpo da sociedade. O segundo princípio aborda a diferença e discorre sobre os arranjos que deverão ser dados às desigualdades sociais e econômicas. Continuando, pois, os dois princípios de justiça são os seguintes: 1. Cada pessoa tem direito igual a um esquema plenamente adequado de direitos e liberdades básicas iguais, sendo esse esquema compatível com um esquema similar para todos. 2. As desigualdades sociais e econômicas devem satisfazer duas condições: primeiro, elas devem estar ligadas a cargos e posições abertos a todos em condições de justa igualdade de oportunidade; segundo, elas devem beneficiar maiormente os membros menos favorecidos da sociedade. (RAWLS,John. 1992)
b) A hipótese do véu da ignorância Imagine-se em uma situação original, na qual você não saiba de sua própria posição, nessa situação você está ignorante inclusive de suas perspectivas sociais futuras. Imagine que você se encontra atrás de um véu de ignorância, que seja impedimento para atribuir benefícios ou privilégios a quem quer que seja. Universalize, agora, essa situação, aplicando-a para todos, inclusive para si mesmo. Na posição original, em virtude do véu de ignorância, nada se sabe sobre posições religiosas, morais ou filosóficas. Se alguém tiver de escolher alguns princípios para a ação, mas estiver encoberto pelo véu da ignorância, nada sabendo da posição das pessoas envolvidas, sem nada saber sobre passado ou futuro de cada um, ou sobre o que seria mais vantajoso ou desvantajoso para si e para os demais, que princípios escolheria? Segundo Ralws, as escolhas seriam voltadas para o interesse geral, que combina o bem individual com o social. Tendo em mente não serem prejudicados, segundo Rawls, os indivíduos iriam escolher justamente os dois princípios que ele estabeleceu acima. c) A justiça como equidade. Um conceito político.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
CAPÍTULO 2
(VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand
O que marca distintivamente a justiça como equidade é o fato de colocar as partes envolvidas, em condição inicial, ou em seu ponto de partida, como racionais e consensuadas no que se refere a dois elementos essenciais: igualdade na atribuição de deveres e direitos básicos e a possibilidade da desigualdade econômica e social, sob condição de que dela resultarão benefícios compensatórios para cada um, de modo particular para os menos favorecidos da sociedade. Dito de outro modo, não há injustiça nos benefícios maiores conseguidos por uns poucos, desde que, com isso, também melhore a situação dos menos afortunados. Considerando as liberdades fundamentais, Rawls destaca a liberdade política, que se realiza na possibilidade de participar da vida política: votar e ser votado, ocupar cargos públicos; a liberdade de consciência, de pensamento, de expressão, de proteção contra opressão de diferentes naturezas; o direito à propriedade privada; direito à proteção contra prisão e detenção arbitrárias, em contexto de sociedade marcada pelo estado de direito. Todas essas dimensões da liberdade, reconhecidas para cada individuo em particular, é condição previa fundamental para a cooperação social.
EXERCÍCIOS 1. (IFP/2009) A democracia ateniense antiga (dos séculos V e IV a. C.) possui algumas características que a torna diferente das democracias modernas, ainda que estas se inspirem nela para se constituírem. São características da democracia ateniense, referentes ao período acima relacionado, as seguintes assertivas: I. Na democracia ateniense, nem todos são cidadãos. Mulheres, criança, escravos e estrangeiros são excluídos da cidadania. II. É uma democracia representativa, como as modernas. Um cidadão? Mais sábio? É escolhido para representar o povo, garantindo, portanto, o poder de um sobre os outros. III. É uma democracia direta ou participativa, e não uma democracia representativa, como as modernas. Na democracia ateniense, os cidadãos participam diretamente das discussões e da tomada de decisões, pelo voto. IV. A democracia ateniense não exclui da política a ideia de competência ou de tecnocracia: em política uns são mais sábios e competentes que outros (os cidadãos comuns), aqueles devendo exercer o poder sobres estes. Assinale a alternativa corretas a) As assertivas III e IV são corretas. b) As assertivas I e III são corretas. c)
As assertivas I, II e IV são corretas.
d) Apenas a assertiva I está correta. e) As assertivas II, III e IV estão corretas. 2. (Enem 2014) Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.
Brasil, 1992).
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio: a) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos. b)
Transparência — acesso às informações governamentais.
c)
Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais.
d) Equiparação — igualdade de gênero na participação política. e) Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos. 3. (UDESC 2017/2) “Mas, já que estamos a examinar qual é a constituição política perfeita, sendo essa constituição a que mais contribui para a felicidade da cidade... os cidadãos não devem exercer as artes mecânicas nem as profissões mercantis; porque este gênero de vida tem qualquer coisa de vil, e é contrário à virtude. É preciso mesmo, para que sejam verdadeiros cidadãos, que eles não se façam lavradores; porque o descanso lhes é necessário para fazer nascer a virtude em sua alma, e para executar os deveres civis. (Aristóteles. A política. Livro IV, cap. VIII)
A partir da citação acima e de seus conhecimentos sobre a estrutura político-social da Grécia Antiga, assinale a alternativa correta. a) A ideia de democracia grega está ligada ao fato de que todos aqueles que habitavam uma cidade-estado dispunham dos mesmos direitos e deveres, uma vez que todos os trabalhos e profissões eram igualmente valorizados b) A cidadania era uma forma de distinção social porque nem todos os habitantes de uma cidade eram considerados cidadãos. Estrangeiros e mulheres, por exemplo, não dispunham dos direitos de cidadania e não tinham direito a voto nas assembleias c)
As profissões mercantis eram desencorajadas devido à supremacia da Igreja Católica na administração política grega, durante o Período Clássico. Neste período, a usura e o exercício do lucro eram vivamente condenados por ferirem os princípios cristãos.
d) Todos os homens que habitavam uma cidade eram considerados cidadãos. A cidadania, na Grécia Clássica, era qualificada em ordens, sendo que os proprietários de terras eram cidadãos de primeira ordem e os trabalhadores braçais de segunda ordem. Todos, porém, tinham direito de voz e voto nas assembleias. e) A ideia de cidadania, descrita por Aristóteles, é considerada ainda hoje um ideal, uma vez que é plenamente inclusiva e qualifica de forma igualitária todos os trabalhos e profissões.
Curso Enem 2019 | Sociologia
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CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 4. (UFRGS 2017) Na sua narrativa da Guerra do Peloponeso, Tucídides assim relata as práticas funerais atenienses. “Desse cortejo participam livremente cidadãos e estrangeiros; e as mulheres da família estão presentes, ao túmulo, fazendo ouvir sua lamentação. Depositam-se, em seguida, os despojos no monumento público, situado na mais bela avenida da cidade, e onde as vítimas de guerra são sempre sepultadas – à exceção dos mortos de Maratona: a estes, considerando-se seu mérito excepcional, concedeu-se sepultura no próprio lugar da batalha. Uma vez que a terra recobre os mortos, um homem escolhido pela pólis, reputado por distinguir-se intelectualmente e gozar de alta estima, pronuncia em sua honra um elogio apropriado; depois disto, todos se retiram. Assim têm lugar esses funerais; e, durante toda a guerra, quando era o caso, aplicava-se o costume”. Citado em LORAUX, N. A invenção de Atenas. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. p. 39.
Assinale a alternativa correta a respeito da história da antiguidade grega, a partir do texto apresentado. a) Os ritos funerais na Grécia antiga eram cerimônias religiosas, destinadas apenas a conduzir ao paraíso os heróis mortos. b) Os metecos, participantes das práticas funerais, formavam parte do demos ateniense e possuíam os mesmos direitos políticos que os cidadãos da pólis. c)
Todos os soldados atenienses mortos nos confrontos com Esparta, em razão do grande mérito de seus feitos, eram sepultados no próprio lugar da batalha.
d) A cena descrita, ocorrida na democracia ateniense, indica o valor dado aos cidadãos mais eloquentes da cidade. e) A realização de um discurso fúnebre por alguém escolhido na massa de cidadãos de Atenas revela o caráter secundário e improvisado da cerimônia. 5. (PUCCAMP) “É precisamente para assegurar o reino da igualdade, para permitir que os mais humildes cidadãos assumam uma parte legítima na vida política, que o Estado concede uma remuneração àqueles que se colocam ao seu serviço participação das Assembleias.” O texto referente à Atenas, no século V, expressa:
6. (UFSCar-2002) E muitos a Atenas, para a pátria de geração divina,reconduzi, vendidos que foram - um injustamente, o outro justamente; e outros por imperiosas obrigações exilados, e que nem mais a língua ática falavam, de tantos lugares por que tinham errado; e outros, que aqui mesmo escravidão vergonhosa levavam, apavorados diante dos caprichos dos senhores, livres estabeleci. O texto, um fragmento de um poema de Sólon–arconte ateniense, 594 a.C. - , citado por Aristóteles em A Constituição de Atenas, refere-se a) ao fim da tirania. b) à lei que permitia ao injustiçado solicitar reparações. c)
à criação da lei que punia aqueles que conspiravam contra a democracia.
d) à abolição da escravidão por dívida. e) à instituição da Bulé. 7. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temi do que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. (MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991)
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata para praticar o bem a si e aos outros b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política c)
guiado por interesse, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais
a) o interesse do Estado em criar uma sociedade igualitária, remunerando melhor os funcionários públicos.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seis pares
b) a necessidade de estimular os desinteressados habitantes da das Assembleias políticas.
8. (Ciência Política - UNIP)
c)
a fragilidade da democracia ateniense, uma vez que aos cidadãos não correspondiam direitos políticos, apenas obrigações.
d) a preocupação do regime democrático em garantir o direito de igualdade política aos cidadãos atenienses mais pobres. e)
a determinação dos tribunais atenienses em banir a escravidão no vasto território grego sob o seu domínio.
370 Sociologia | Curso Enem 2019
Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter , que aprenda a poder ser mal e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade” (Maquiavel, O Príncipe, São Paul o: abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69)
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente. b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética. c)
o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude.
d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus. e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade política onde o governante age conforme a virtude. 9. (Ciência Política - UNIP) “Creio que a sorte seja árbitro da metade dos nossos atos, mas que nos permite o controle sobre a outra metade, aproximadamente. Comparo a sorte a um rio impetuoso que, quando enfurecido, inunda a planície, derruba casas e edifícios, remove terra de um lugar para depositá-la em outro. Todos fogem diante de sua fúria, tudo cede sem que se possa detê-la. Contudo, apesar de ter essa natureza, quando as águas correm quietamente é possível construir defesas contra elas, diques e barragens, de modo que, quando voltam a crescer, sejam desviadas para um canal, para que seu ímpeto seja menos selvagem e devastador. O mesmo se dá com a sorte, que mostra todo o seu poder quando não foi posto nenhum empenho para lhe resistir, dirigindo sua fúria contra os pontos que não há dique ou barragem para detê-la. [...] O príncipe que baseia seu poder inteiram ente na sorte se arruína quando esta muda. Acredito também que é prudente quem age de acordo com as circunstâncias, e da mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que o seu tempo exige”. Considerando o pensamento político de Maquiavel e o texto acima, é INCORRETO afirmar que a) o êxito da ação política do príncipe depende do modo como ele age de acordo com as circunstâncias. b) a manutenção do poder e a estabilidade política são proporcionadas pelo príncipe de virtù, independentemente dos meios por ele utilizados. c)
o sucesso ou o fracasso da ação política para a manutenção do poder depende exclusivamente da sorte e do uso da força bruta e violenta.
d) na manutenção do poder, a ação política do príncipe se fundamenta, não no uso da força bruta e da violência, mas na utilização da força com virtù. e) o êxito da ação política, com vistas à manutenção do poder, resulta do saber aproveitar a ocasião dada pelas circunstâncias e da capacidade de entender o que o seu tempo exige
CAPÍTULO 2
10. (Ciência Política - UNIP) Certamente, a brusca mudança de direção que encontramos nas reflexões de Maquiavel, em comparação com os humanistas anteriores, explica-se em larga medida pela nova realidade política que se criar a em Florença e na Itália, mas também pressupõe uma grande crise de valores morais que começava a grassar. Ela não apenas constatava a divisão entre “ser” e “dever ser”, mas também elevava essa divisão a princípio e a colocava como base da nova visão dos fatos políticos. (REALE, G.; ANTISERI , D. História da Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. V. II, p. 127.)
Dentre as contribuições de Maquiavel à Filosofia Política, é correto afirmar: a) Inaugurou a reflexão sobre a constituição do Estado ideal. b) Estabeleceu critérios para a consolidação de um governo tirânico e despótico. c)
Consolidou a tábua de virtudes necessárias a um bom homem.
d) Fundou os procedimentos de verificação da correção das normas. e) Rompeu o vínculo de dependência entre o poder civil e a autoridade religiosa 11. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo. b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos. c)
afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem. e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. 12 . Nicolau Maquiavel (1.469 - 1527) assim se expressara em sua obra O Príncipe:“(...) O mesmo acontece com a fortuna, que demonstra sua força onde não encontra uma virtú (virtude) ordenada, pronta para resistir-lhe e volta seu ímpeto [impulso; força] para onde sabe que não foram erguidos diques ou barreiras para contê-las. Se considerares a Itália, que é sede
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CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e origem dessas alterações, verás que ela é um campo sem diques e sem qualquer defesa; caso ela fosse convenientemente ordenada pela virtú, como a Alemanha, a Espanha e a França, ou esta cheia não teria causado as grandes mudanças que ocorrem, ou estas nem sequer teriam acontecido.” (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973 – p. 109.)
Sobre o conceito de Virtú, peça chave para se entender as ações de um governante (ou príncipe), CONSIDERE as assertivas abaixo: I – A virtú é a qualidade dos oportunistas, que agem guiados pelo instinto natural e irracional do egoísmo e almejam, exclusivamente, sua vantagem pessoal. II – O homem de virtú é antes de tudo um sábio, é aquele que conhece as circunstâncias do momento oferecido pela fortuna e age seguro do seu êxito. III – Mais do que todos os homens, o príncipe tem de ser um homem de virtú, capaz de conhecer as circunstâncias e utilizá-la a seu favor. IV – Partidário da teoria do direito divino, Maquiavel vê o príncipe como um predestinado e a virtú como algo que não depende dos fatores históricos. ASSINALE a ÚNICA alternativa que contém as assertivas verdadeiras:
d) A religião dos súditos é sempre um instrumento útil nas mãos do Príncipe, o qual deve aparentar ser virtuoso em matéria religiosa. e) O dirigente político deve se esforçar para tornar-se, também, o dirigente religioso de seu povo, rompendo, assim, com o preceito do Estado laico. 14. (UEL 2003 )“Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões não serão bem-sucedidos. (…) E há de se entender o seguinte: que um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião.” (MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 74-75).
A partir das metáforas propostas por Nicolau Maquiavel, pensador italiano renascentista, considere as afirmativas sobre a noção do poder próprio ao governante. a) A sabedoria e o uso da força fundamentam o poder.
a) I, II, III
b) O poder encontra seu fundamento na bondade e na caridade.
b) II e III
c)
c)
II e IV
d) II, III e IV e) I, II e IV 13. (UEL 2005) Em O Príncipe, Maquiavel (1469-1527) formulou ideias e conceitos que firmaram a sua reputação de o fundador da Ciência Política moderna. Dentre elas, pode-se citar os aspectos relacionados às ações políticas dos governantes e à dominação das massas. Para ele, a política deveria ser compreendida pelo governante como uma esfera independente dos pressupostos religiosos que até então a impregnavam. Ao propor a autonomia da política (esfera da vida pública e da ação dos dirigentes políticos) sobre a ética (esfera da vida privada e da conduta moral dos indivíduos), é legítimo afirmar que Maquiavel não deixou, entretanto, de reconhecer e valorizar a religião como uma importante dimensão da vida em sociedade. Segundo Maquiavel, a religião dos súditos deveria ser objeto de análise atenta por parte do governante. Sobre a relação entre política e religião, de acordo com Maquiavel, é correto afirmar: a) A religião deve ser cultivada pelo governante para garantir que ele seja mais amado do que temido. b) Por se constituírem em personagens importantes na vida política de uma comunidade, os líderes religiosos devem formular as ações a serem executadas pelos príncipes. c)
O sentimento religioso dos súditos é um valor moral e, portanto, deverá ser combatido pelo príncipe, uma vez que conduz ao fanatismo e prejudica a estabilidade do Estado.
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A sobrevivência do poder depende das virtudes da fé e da religião.
d) Os fins podem justificar os meios, para resolver conflitos na disputa pelo poder. Estão de acordo com o pensamento de Maquiavel apenas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c)
I e IV.
d) II e III. e) III e IV 15. Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas. “A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck(1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa:
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”. (Veja, 02.03.2011. Adaptado.)
A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre populações civis. b) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrandose avesso a qualquer tipo de manifestação de autoritarismo por parte dos governantes. c)
foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels.
d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política. e) refletiu sobre a política prioritariamente pragmáticos.
através
de
aspectos
16. (Enem 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
IV. O juiz responsável por aplicar a lei não decide em conformidade com o poder soberano; ele favorece os mais fortes. Estão corretas as afirmativas: a) I e II b) I e III c)
II e IV
d) I, III e IV e) II, III e IV 18. (Ufsj, 2013) Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”, para todo súdito, é a) “construída por aquelas regras que o Estado lhe impõe, oralmente ou por escrito, ou por outro sinal suficiente de sua vontade, para usar como critério de distinção entre o bem e o mal”. b) “a lei que o deixa livre para caminhar para qualquer direção, pois há um conjunto de leis naturais que estabelece os limites para uma vida em sociedade”. c)
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
CAPÍTULO 2
“reguladora e protetora dos direitos humanos, e faz intervenção na ordem social para legitimar as relações externas da vida do homem em sociedade”.
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as pessoas buscam entrar num Estado Civil, em consonância com o direito natural, no qual ele – o súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade e os seus bens”.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
19. (Ufu 2013)
c)
Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em resumo, fazer aos outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas semelhantes.
compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos. e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. 17. (Ufpa 2013) “Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é conseqüência: que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos e paixões.”
HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 103.
Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:
HOBBES, Leviatã, São Paulo: Abril cultural, 1979, p. 77.
a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce com o advento do contrato social deve assiná-lo, para submeter-se aos compromissos ali firmados.
Quanto às justificativas de Hobbes sobre a justiça e a injustiça como não pertencentes às faculdades do corpo e do espírito, considere as afirmativas:
b) A condição natural do homem é de guerra de todos contra todos. Resolver tal condição é possível apenas com um poder estatal pleno.
I. Justiça e injustiça são qualidades que pertencem aos homens em sociedade, e não na solidão. II. No estado de natureza, o homem é como um animal: age por instinto, muito embora tenha a noção do que é justo e injusto. III. Só podemos falar em justiça e injustiça quando é instituído o poder do Estado.
c)
Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a criação do Estado deve servir como instrumento de realização da isonomia entre tais homens.
d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado repressor. O homem não deve se submeter de bom grado à violência estatal.
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CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 20. (Ufu 2011) Os filósofos contratualistas elaboraram suas teorias sobre os fundamentos ou origens do poder do Estado a partir de alguns conceitos fundamentais tais como, a soberania, o estado de natureza, o estado civil, o estado de guerra, o pacto social etc. [...] O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição [...] nisto temos a clara diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham confundido, eles estão tão distantes um do outro
realizar suas ações como bem lhe convier, sem nenhuma restrição de qualquer lei, seja ela natural ou civil. b) concebido como um estado de perfeita liberdade e de igualdade, o estado de natureza é um estado de absoluta licenciosidade, dado que, nele, o homem tem a liberdade incontrolável para dispor, a seu belprazer, de sua própria pessoa e de suas posses. c)
(LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978)
Leia o texto acima e assinale a alternativa correta. a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de destruição, inimizade, enfim uma guerra “de todos os homens contra todos os homens”. b) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra. c)
Segundo Locke, para compreendermos o poder político, é necessário distinguir o estado de guerra do estado de natureza.
d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no fato de ambos utilizarem o conceito de estado de natureza exatamente com o mesmo significado. 21. (Unioeste 2010) “Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as suas posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem. [...] Estado também de igualdade, no qual é recíproco qualquer poder e jurisdição, ninguém tendo mais do que qualquer outro […]. Contudo, embora seja um estado de liberdade, não o é de licenciosidade; apesar de ter o homem naquele estado liberdade incontrolável de dispor da própria pessoa e posses, não tem a de destruir-se a si mesmo ou a qualquer criatura que esteja em sua posse, senão quando uso mais nobre do que a simples conservação o exija. O estado de natureza tem uma lei de natureza para governá-lo, que a todos obriga. [...] E para impedir a todos os homens que invadam os direitos dos outros e que mutuamente se molestem, e para que se observe a lei da natureza, que importa na paz e na preservação de toda a Humanidade, põe-se, naquele estado, a execução da lei da natureza nas mãos de todos os homens, mediante a qual qualquer um tem o direito de castigar os transgressores dessa lei em tal grau que lhe impeça a violação, pois a lei da natureza seria vã, como quaisquer outras leis que digam respeito ao homem neste mundo, se não houvesse alguém nesse estado de natureza que não tivesse poder para pôr em execução aquela lei e, por esse modo, preservasse o inocente e restringisse os ofensores.” (Locke) Considerando o texto citado, é correto afirmar, segundo a teoria política de Locke, que a) o estado de natureza é um estado de perfeita concórdia e absoluta paz, tendo cada indivíduo poder ilimitado para
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pela ausência de um juiz imparcial, no estado de natureza todos têm igual direito de serem executores, a seu modo, da lei da natureza, o que o caracteriza como um estado de guerra generalizada e de violência permanente.
d) no estado de natureza, pela ausência de um juiz imparcial, todos e qualquer um, julgando em causa própria, têm o “direito de castigar os transgressores” da lei da natureza, de modo que este estado seja de relativa paz, concórdia e harmonia entre todos. 22. (ENEM 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente. MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas. b) consagração do poder político pela autoridade religiosa. c)
concentração do poder nas mãos de elites técnico-cientifícas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo. e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito. 23. (ENEM 2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).
A característica de democracia ressaltada por Monstesquieu diz respeito a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis. c)
à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências. e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. 24. (Unioeste, 2017) Texto 1: “Por princípio da utilidade entende-se aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou a diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em jogo, ou, o que é a mesma coisa em outros termos, segundo a tendência de promover ou comprometer a referida felicidade. Digo qualquer ação, com o que tenciono dizer que isto vale não somente para qualquer ação de um indivíduo particular, mas também de qualquer ato ou medida de governo. [...] A comunidade constitui um corpo fictício, composto de pessoas individuais que se consideram como constituindo os seus membros. Qual é, nesse caso, o interesse da comunidade? A soma dos interesses dos diversos membros que integram a referida comunidade”. (BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 10)
CAPÍTULO 2
e) Enquanto Bentham defendia a democracia representativa como sendo uma forma de impedir que os governos imponham seus interesses aos do povo, Stuart Mill defende tal forma de governo como a melhor forma para se controlar os governantes e ao mesmo tempo aumentar a riqueza total da sociedade. 25. (Enem 2012) O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no todo. ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme expressa o texto, diz que a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria natureza. b) as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua essência natural. c)
o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições sociais dependem dele.
Texto 2:
d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto.
“Para compreendermos o valor que Mill atribui à democracia, é necessário observar com mais atenção a sua concepção de sociedade e indivíduo [...]. O governo democrático é melhor porque nele encontramos as condições que favorecem o desenvolvimento das capacidades de cada cidadão”.
e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o homem é um ser político.
(WEFFORT, F. (org.). Os clássicos da política 2. 3 ed. São Paulo: Ática, 1991. p. 197-98).
Sobre o utilitarismo e o pensamento de Bentham e Stuart Mill, é INCORRETO afirmar. a) Para o utilitarismo clássico, o principal critério para a moralidade é o princípio da utilidade, que defende como morais as ações que promovem a felicidade e o bem-estar para o maior número de pessoas envolvidas.
26. (Pucpr 2015) Leia o fragmento a seguir, extraído do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, de Rousseau: “É do homem que devo falar, e a questão que examino me indica que vou falar a homens, pois não se propõem questões semelhantes quando se teme honrar a verdade. Defenderei, pois, com confiança a causa da humanidade perante os sábios que a isso me convidam e não ficarei descontente comigo mesmo se me tornar digno de meu assunto e de meus juízes”. ROUSSEAU, J-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.159.
b) Para os utilitaristas Bentham e Stuart Mill, uma ação é considerada moralmente correta se promove a felicidade e o bem-estar para o indivíduo, não importando suas consequências em relação ao conjunto da sociedade.
A partir da teoria contratualista de Rousseau, assinale a alternativa que representa aquilo que o filósofo de Genebra pretende defender na obra.
c)
a) Que a desigualdade social é permitida pela lei natural e, portanto, o Estado não é responsável pelo conflito social.
Utilitaristas como Bentham defendem que o papel do legislador é o de produzir leis que sejam do interesse dos indivíduos que constituem uma comunidade e que resultem na maior felicidade para o maior número deles.
d) O pensamento de Stuart Mill propõe mudanças importantes à agenda política, na medida em que reconhece que a participação política não pode ser tomada como privilégio de poucos. O Estado deverá, portanto, adotar mecanismos que garantam a institucionalização da participação mais ampliada dos cidadãos.
b) Que a desigualdade social é autorizada pela lei natural, ou seja, que a natureza não se encontra submetida à lei. c)
Que no estado natural existe apenas o direito de propriedade.
d) Que a desigualdade moral ou política é uma continuidade daquilo que já está presente no estado natural.
Curso Enem 2019 | Sociologia
375
CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA e) Que há, na espécie humana, duas espécies de desigualdade: a primeira, natural, e a segunda, moral ou política. 27. (Ufpa 2011) “A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei.” (ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109)
Rousseau, ao negar que a soberania possa ser representada preconiza como regime político: a) um sistema misto de democracia semidireta, no qual atuariam mecanismos corretivos das distorções da representação política tradicional.
29. (Enem 2018) TEXTO I Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção. HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983. TEXTO II Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano. ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).
b) a constituição de uma República, na qual os deputados teriam uma participação política limitada.
Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma
c)
a) predisposição ao conhecimento.
a democracia direta ou participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos.
d) a democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo. e) um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim como as diferenças entre cidadão e súdito 28. (Unicamp 2012) “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”
b) submissão ao transcendente. c)
tradição epistemológica.
d) condição original. e) vocação política. 30. (PUC-RJ-2010/adaptada) Alexis de Tocqueville, nobre francês que viajou pelos Estados Unidos e relatou suas impressões em seu livro “A Democracia na América”, de 1835, assim se referiu à sociedade norte-americana: “Os colonos americanos exerciam, desde o início, direitos de soberania. Nomeavam os seus magistrados, concluíam a paz, declaravam a guerra, promulgavam as leis, como se sua fidelidade só fosse devida a Deus. (...) Nas leis da Nova Inglaterra encontramos o germe e o desenvolvimento da independência local é a mola da liberdade americana de nossos dias.” (TOCQUEVILLE. A. A Democracia na América: Leis e Costumes. Livro I. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 73.).
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
No trecho apresentado, o autor a) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade política. b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais. c)
defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um único senhor.
376 Sociologia | Curso Enem 2019
A partir da leitura anterior, marque o item que apresenta uma correta interpretação do pensamento do autor. a) Defende a ideia de que os poderes políticos devem estar concentrados sob a autoridade quase que de um único indivíduo, conforme defende o autor no texto, dentro de uma perspectiva iluminista. b) A independência dos EUA foi influenciada ideologicamente por princípios do Iluminismo, entre eles, o de participação do individuo, na condição de cidadão, no processo político. c)
Um dos elementos da transição do status de colônia para um país autônomo é a formação de um movimento separatista, que o autor observou no texto, mas sem o
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciência Políticas
imperativo de qualquer ideologia ou condições prévias, que justifiquem o movimento. d) Os EUA se tornaram a primeira independente da América justamente por que apresentou características diferentes as descritas por Tocqueville no texto de referência. e) Apesar de centralizar seu discurso a respeito dos EUA, Tocqueville não conferiu grande importância à emancipação política daquele país. 31. (...) Como a Revolução Francesa não teve apenas por objetivo mudar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da sociedade, ela teve de ver-se a braços a um só tempo com os poderes estabelecidos, arruinar todas as influências reconhecidas, apagar as tradições, renovar os costumes e os usos e, de alguma maneira, esvaziar o espírito humano de todas as ideias sobre os quais se tinham fundado até então o respeito e a obediência. [...]. […] A centralização não pereceu com a Revolução porque era o próprio começo e o próprio sinal desta Revolução... A revolução democrática que destruiu tantas instituições do antigo regime tinha, portanto, que consolidar esta unidade, e a centralização encontrava com tanta naturalidade seu lugar na sociedade formada pela Revolução que é fácil entender por que a consideram obra sua” (A. Tocqueville. O Antigo Regime e a Revolução. Brasília: Ed.UnB, 1979. p. 56. 89
Em conformidade com o pensamento de Tocqueville, é correto afirmar que: a) Os franceses queriam recuperar os valores da tradição, especialmente o valor da descentralização política e administrativa. b) Tocqueville denomina como aristocráticas as sociedades históricas que estavam saindo das estruturas sociais herdadas do feudalismo c)
A democracia anunciada por Tocqueville tem como foco a igualdade econômica, como expressão de justiça social
d) A democracia é apresentada como uma totalidade abstrata fundada no valor da hierarquia para administrar a cidade. e) A liberdade não pode ser construída sobre o fundamento da desigualdade, mas da igualdade de condições, asseguradas por instituições democráticas. 32. (ENEM PPL,2014) No sistema democrático de Schumpeter, os únicos participantes plenos são os membros de elites políticas em partidos e em instituições públicas. O papel dos cidadãos ordinários é não apenas altamente limitado, mas frequentemente retratado como uma intrusão indesejada no funcionamento tranquilo do processo "público" de tomada de decisões. HELD, D. Modelos de democracia. Belo Horizonte: Paideia, 1987.
O modelo de sistema democrático apresentado pelo texto pressupõe a
CAPÍTULO 2
a) consolidação da racionalidade comunicativa. b) adoção dos institutos do plebiscito e do referendo. c)
condução de debates entre cidadãos iguais e o Estado.
d) substituição da dinâmica representativa pela cívicoparticipativa. e) deliberação dos líderes políticos com restrição da participação das massas. 33. (POLITEC-MT/2017) De acordo com a filósofa Hannah Arendt, o totalitarismo é uma forma de governo essencialmente diferente de outras formas de opressão política conhecidas, como o despotismo, a tirania e a ditadura. Considerando as características e as expressões históricas do totalitarismo no século XX, assinale a afirmativa INCORRETA. a) O totalitarismo procura reforçar a distinção entre esfera pública e esfera privada. b) Nazismo e stalinismo são dois exemplos históricos de regimes totalitários. c)
A propaganda é um meio importante para a difusão da ideologia oficial nos governos totalitários.
d) O terror é um princípio fundamental da ação política totalitária 34. (UEMG 2012) LEIA, abaixo, o comentário que a filósofa Hannah Arendt fez sobre as ações do comandante do Reich, Adolf Karl Eichmann,acusado de crimes contra o povo judeu: “Os feitos eram monstruosos, mas o executante (...) era ordinário, comum, e nem demoníaco nem monstruoso.” Hannah Arendt, A vida do espírito. In: Eduardo Jardim de Moraes e Newton Bignotto, Hannah Arendt: diálogos, reflexões e memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, p.138.
Assinale a alternativa em que o fator cultural presente nas ações comentadas explica CORRETAMENTE o fenômeno histórico acima mencionado: a) A execução de atos criminosos com requintes de crueldade, ordenada pelas autoridades, foi praticada por pessoas comuns, afetadas principalmente pela falta de alimento e de emprego. b) A banalidade na execução de crimes contra a humanidade se deve à burocratização do genocídio, implementada pela cúpula nazista, para liberar as pessoas de preocupações com a moral comum e com as leis. c)
A participação da juventude hitlerista no processo de construção do nacionalismo reforçou o senso político de oposição aos regimes socialistas autoritários.
d) A experiência nazista é um exemplo de fortalecimento da sociedade pelo Estado, criador de símbolos e valores culturais, que reforçam os princípios autoritários de governo.
Curso Enem 2019 | Sociologia
377
CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA 35. Visto que a autoridade sempre exige obediência, ela é comumente confundida com alguma forma de poder ou violência. Contudo, a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; onde a força é usada, a autoridade em si mesma fracassou. A autoridade, por outro lado, é incompatível com a persuasão, a qual pressupõe igualdade e opera mediante um processo de argumentação. ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 3ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992. p. 129ss)
Hannah Arendt desenvolve um conceito de autoridade inspirado no pensamento de Platão. Considerando esse conceito de autoridade política, assinale a alternativa que melhor expressa essa concepção. Segundo Hannah Arendt, a autoridade a) pertence ao governante, cuja necessariamente se faz necessária.
obediência
não
b) implica, por ela mesma, obediência e exige o recurso e o uso da violência. c)
está associada à ideia de um determinado saber ou conhecimento para o exercício do poder
d) está associada à natural igualdade e que, por isso, se impõe pelo convencimento. e) tem em si o poder de impor a violência, quando a persuasão não basta. 36. Trecho 1 Ora, a Democracia surge, penso eu, quando após vitória dos pobres, estes matam uns, expulsam outros, e partilham igualmente com os que restam o governo e as magistraturas, e esses cargos são, na maior parte, tirados à sorte. (...). É natural, portanto, que a tirania não se estabeleça a partir de nenhuma outra forma de governo que não seja a democracia, e, julgo eu, que do acúmulo da liberdade é que surge a mais completa e mais selvagem das escravaturas. (PLATÃO, A República. Livro VII. [557 a - e]).
Uma sociedade na qual os que têm direito ao voto são os cidadãos masculinos maiores de idade é mais democrática do que aquela na qual votam apenas os proprietários e é menos democrática do que aquela em que têm direito ao voto também as mulheres BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 31
Com base na leitura desses fragmentos, considerando a caminhada histórica da democracia na cultura ocidental, infere-se que a) Na Atenas Clássica, a arte de livremente discutir os destinos da cidade, na praça pública, foi expressão de uma democracia estendida e ampla b) Na perspectiva de Platão, a democracia é forma positiva de governo, na qual os poderes são distribuídos de acordo com as competências individuais. c)
Pelo voto, os cidadãos gregos escolhem um grupo de sábios para governarem a pólis, por serem os mais qualificados
378 Sociologia | Curso Enem 2019
d) Na perspectiva de Platão, a democracia é forma corrompida de governo, pois o que se verifica é a tirania da liberdade individual sem freio. e) Segundo Bobbio, não é possível comparar uma forma histórica de democracia com outra forma histórica. 37. “Em primeiro lugar, se hoje existe uma ameaça à paz mundial, esta vem ainda uma vez do fanatismo, ou seja, da crença cega na própria verdade e na força capaz de impô-la. (...). Em segundo lugar, temos o ideal da não violência: Jamais me esqueci do ensinamento de Karl Popper segundo o qual o que distingue essencialmente um governo democrático de um não democrático é que apenas no primeiro os cidadãos podem livrar-se dos seus governantes sem derramamento de sangue. As tão frequentemente ridicularizadas regras formais da democracia introduziram pela primeira vez na história as técnicas de convivência, destinadas a resolver conflitos sociais sem o recurso à violência. Apenas onde essas regras são respeitadas o adversário não é mais um inimigo (que deve ser destruído), mas um opositor que amanhã poderá ocupar o nosso lugar. Em terceiro lugar: o ideal da renovação gradual da sociedade através do livre debate das ideias e da mudança das mentalidades e do modo de viver: apenas a democracia permite a formação e a expansão das revoluções silenciosas (...). O método democrático não pode perdurar sem se tornar um costume. (BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia, 4ª ed. RJ: Paz e terra, 1986 p. 38-40)
Com base nesse fragmento e em outras informações sobre o pensamento de Norberto Bobbio, acerca da democracia infere-se que: a) as regras formais da democracia são, muitas vezes, ridicularizadas por introduzirem dimensões artificiais na convivência humana. b) a democracia é o regime político que iguala os não iguais; por isso, está destinada a perpetuar injustiças sociais. c)
a democracia é a forma de governo e método que possibilita a revolução gradual da sociedade através de revoluções silenciosas não violentas.
d) a democracia, por sua defesa da liberdade de expressão, alimenta fanatismos que impedem o amadurecimento da raça humana. e) o derramamento de sangue pode ser aceito somente como última condição para derrubar um governo democraticamente eleito. 38. (ENEM 2018) TEXTO I. As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem e articulam, por elas passando discursos de legitimação da ordem social tanto quanto do conflito. CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.
TEXTO II As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias e informação que rendem dinheiro andam de mãos dadas com a pressão para cavar novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento daqueles que em consequência perdem, física ou espiritualmente, suas raízes.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA CAPÍTULO 2
Ciência Políticas
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
GABARITO
A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende e
1
B
11
2
A
a)
liberação da circulação de pessoas.
3
B
b)
preponderância dos limites naturais.
4
c)
supressão dos obstáculos aduaneiros.
d)
desvalorização da noção de nacionalismo.
e)
seletividade dos mecanismos segregadores.
39. (ENEM 2018) Um dos teóricos da democracia moderna, Hans Kelsen, considera elemento essencial da democracia real (não da democracia ideal, que não existe em lugar algum) o método da seleção dos líderes, ou seja, a eleição. Exemplar, neste sentido, é a afirmação de um juiz da Corte Suprema dos Estados Unidos, por ocasião de uma eleição de 1902: “A cabine eleitoral é o templo das instituições americanas, onde cada um de nós é um sacerdote, ao qual é confiada a guarda da arca da aliança e cada um oficia do seu próprio altar”.
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B
E
BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 (adaptado).
As metáforas utilizadas no texto referem-se a uma concepção de democracia fundamentada no(a) a)
justificação teísta do direito,
b)
rigidez da hierarquia de classe.
c)
ênfase formalista na administração.
d)
protagonismo do Executivo no poder.
e)
centralidade do indivíduo na sociedade.
40. (ENEM 2018) A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente degradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o parecer, do qual todo ter efetivo deve extrair seu prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade individual tornou-se social, diretamente dependente da força social, moldada por ela. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.
Uma manifestação contemporânea do fenômeno descrito no texto é o(a) a)
valorização dos conhecimentos acumulados.
b)
exposição nos meios de comunicação.
c)
aprofundamento da vivência espiritual.
d)
fortalecimento das relações interpessoais.
e)
e) reconhecimento na esfera artística
Curso Enem 2019 | Sociologia
379
CAPÍTULO 3
Introdução Ciências Sociais à Sociologia em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA
CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas 29. Preconceitos e Discriminações a) Preconceito de “raça” e de “marca” Uma das melhores abordagens sobre o tema do preconceito encontra-se em Oracy Nogueira (1917-1996), um dos cientistas sociais brasileiros que integrou as primeiras turmas de mestres formados pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo. Ao se referir ao preconceito racial, Oracy NOGUEIRA afirma que ele é uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o preconceito de raça se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico, para que sofra as consequências do preconceito, diz-se que é de origem. (NOGUEIRA, 2007) Diferentemente do que acontece em sociedades mais igualitárias, aqui no Brasil, o preconceito que predomina não é o de origem, mas de marca. Quando o indivíduo é vítima do preconceito de marca, sua reação difere daquela do indivíduo que é discriminado por preconceito de origem, conforme continua a reflexão de Oracy Nogueira: [...] onde o preconceito é de marca, a reação tende a ser individual, procurando o indivíduo "compensar" suas marcas pela ostentação de aptidões e característicos que impliquem aprovação social tanto pelos de sua própria condição racial (cor) como pelos componentes do grupo dominante e por indivíduos de marcas mais "leves" que as suas; onde o preconceito é de origem, a reação tende a ser coletiva, pelo reforço da solidariedade grupal, pela redefinição estética etc (NOGUEIRA, 2007)
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Para Norberto Bobbio (1909-2004), o preconceito é uma opinião errônea tomada fortemente por verdadeira. Entende-se por “preconceito” uma opinião ou um conjunto de opiniões, às vezes até mesmo uma doutrina completa, que é acolhida acrítica e passivamente pela tradição, pelo costume, ou por uma autoridade de quem aceitamos as ordens sem discussão [...], por inércia, respeito ou temor, e a aceitamos com tanta força que resiste a qualquer refutação racional, vale dizer, a qualquer refutação feita com base em argumentos racionais. Por isso se diz corretamente que o preconceito pertence à esfera do não racional, ao conjunto das crenças que não nascem do raciocínio e escapam de qualquer refutação fundada no raciocínio. (BOBBIO, 2002: p. 103)
Em 2019, o Brasil celebra os 30 anos da Lei 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito racial, determinando a pena de reclusão a quem tenha cometido atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. b) Os desafios para uma ética da reciprocidade Em 21 de março de 2003, através de Medida Provisória convertida na Lei nº 10.678, de 23 de maio de 2003, o presidente da República cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) Com efeito, o tema da igualdade é tema recorrente na modernidade, como expressão e exigência de cidadania. O que as análises em ciencias humanas e sociais têm demonstrado é que o que produz a exclusão não é a situação de pobreza ou de carencia material, mas a mentalidade preconceituosa em relação às vítimas dessa situação. Isso pode ser um indicativo da dificuldade em se aceitar a ideia moderna de cidadania, definida por Marshall como “igualdade humana básica” (Marshall, 1967), ou a ideia de uma “ética da reciprocidade”, desenvolvida por Elisa Reis (REIS, 2000). Com efeito, o preconceito é, seguramente, a mola de impulsiona multiplas formas de violencia. Estigma. Erving Goffman (1922-1982), antropólogo e sociólogo canadense, parte da categoría estigma para entender determinadas situações depreciativas. Em suas reflexões e análises. “O estigma é a situação do
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indivíduo que está inabilitado para a aceitação social plena (GOFFMAN, 1988: p. 7). O estigma, como um preconceito, acaba produzindo uma lógica de exclusão. As pesquisas relacionadas a essa realidade apontam para a mesma realidade: confrontando um negro pobre com um branco pobre, as chances de ascensão social são muito maiores para o branco. Todos os indicadores sociais mostram a mesma perversidade. Com efeito, a superação do etnocentrismo, da discriminação étnica e do “racismo” requer políticas afirmativas da diversidade. Em outros termos, seremos democracia substancial, e não apenas formal, se houver igualdade de condições ou possibilidades de as diferentes etnias culturais serem os sujeitos ativos de sua história e não permanecerem vítimas da dominação branca. Portanto, a questão étnica deixa a periferia e passa para o centro, para o coração da democracia brasileira e de seu desenvolvimento. c) O respeito à diversidade como garantia para paz “Em primeiro lugar, se hoje existe uma ameaça à paz mundial, esta vem ainda uma vez do fanatismo, ou seja, da crença cega na própria verdade e na força capaz de impô-la” (BOBBIO, 1986: p. 38)
CAPÍTULO 3
Um fato social é normal para um tipo social determinado, considerado numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando ele se produz na média das sociedades dessa espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução. (DURKHEIM, 2007: p.65) Contudo, pode haver fatos que extrapolem os limites do aceitável e tolerável pela ordem social e moral da cultura. Esse é o caso dos fatos sociais patológicos, que devem receber tratamento especial, para que sejam transitórios. Sociologicamente, o crime é um ato proibido pela consciência coletiva; portanto, será sempre definido desde o exterior, a partir da consciência coletiva. Nesse sentido, criminoso é aquele que deixou de obedecer às leis do Estado. Dessa violação nasce a sanção. E o objetivo da sanção, inicialmente, não está vinculado à ideia de ressocialização ou de prevenção de crimes futuros, mas consiste, essencialmente, em satisfazer a consciência coletiva. Nessa dinâmica, o castigo repara o sentimento de todos. O sentido da violência deve ser procurado menos no interior da subjetividade do ator, e mais a partir do referencial das redes sociais e das coações materiais legítimas onde o indivíduo está colocado. A violência nesse quadro é sempre o outro nome para designar a desigualdade na falta de ligação social. (MARTUCCELLI,1999: p.172.
E como superar isso? Não há outro caminho senão a educação democrática, conforme a afirmativa de Bobbio: “a renovação gradual da sociedade através do livre debate das ideias e da mudança das mentalidades e do modo de viver. Apenas a democracia permite a formação e a expansão das revoluções silenciosas.”. (BOBBIO, 1986: p. 40)
30. O crime como fato social e a violência como problema sociológico a) Crime como fato social normal Vivemos em uma sociedade com camadas sociais bem contrastantes, bem definidas. Nos extremos, há os da camada “de cima” e há os da camada “de baixo”; para “os de cima”, existe toda uma rede de proteção; para os outros, a vulnerabilidade, a permanente exposição a toda sorte de desequilíbrios. É nesse contexto de desigualdade que a nossa reflexão sobre a violência está inserida. Vimos que o objeto de estudo e análise da sociologia é o fato social, marcado pela regularidade, exterioridade, coerção e generalidade. Essas características também encontramos no crime, um fato social normal. A normalidade do fato social vem expressa e verificada na sua continuada presença histórica nas sociedades, desde que não extrapole determinados limites.
Sociologicamente, trata-se de buscar no âmbito social os elementos explicativos do fenômeno, visto como um fato social. Trata-se de estudar a natureza das relações sociais, situadas em contextos culturais, de onde derivam as múltiplas formas de violência. “Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais”. (MICHAUD, A Violência, 1989: p. 10-11)
A segunda definição buscamos em Alba Zaluar, em seu artigo “Um debate disperso: violência e crime no Brasil da redemocratização”: Violência vem do latim violentia, que remete a vis (força, vigor, emprego de força física ou os recursos do corpo em exercer sua força vital). Esta força torna-se violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tácitos e regras que ordenam relações, adquirindo carga negativa ou maléfica. É, portanto, a percepção do limite e da perturbação (e do sofrimento que provoca) que vai caracterizar um ato como violento, percepção essa que varia cultural e historicamente. (ZALUAR, 1999: p. 8 )
Tipos de violência O tema da violência integra a análise da natureza das ações humanas e das relações sociais que acontecem em contexto.
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CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Nessa observação, percebemos que não se trata de violência no singular, mas no plural. São muitas as formas de violência. Se considerarmos as tipologias de violência, são TIPOS
Aberta Física Vermelha Branca Visível Interpessoal Coletiva Pública
Simbólica Verbal Ideológica Invisível Anônima Privada Auto-infligida
ESPAÇOS
MOTIVOS
ATORES
VÍTIMAS
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO
Privado Público Rural Urbano
Politicos Religiosos Étnicos Afirmação identitária Orientação sexual
Adolescentes Jovens Adultos Polícia Familiares Estado
Crianças Adolescentes Jovens Mulheres Idosos Homoafetivos Pobres Desempregados Imigrantes
Física Psicológica Sexual De Gênero Patrimonial Privação Abandono Socioeconômica
“É tentador encarar explosões de violência coletiva “vinda de baixo” como sintomas de crise moral, de patologias das classes baixas, ou como tantos outros indícios de iminente ruptura societal da “lei e da ordem”. (...) Entretanto, a atenta análise comparativa de seu tempo, contexto e desenvolvimento mostra que, longe de expressões irracionais e atávicas de incivilidade, a recente inquietação pública dos pobres urbanos da Europa e da América do Norte constitui uma resposta (socio)lógica à compacta violência estrutural liberada sobre eles por uma série de transformações econômicas e sociopolíticas que se reforçam mutuamente.” (WACQUANT, 2001: p. 28-29.)
Segundo o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) “Em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde (MS). Isso equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil. (IPEA, 2018)
31. Pobreza Multidimensional, Desigualdade e Políticas Públicas. a) Pobreza: um problema político, social e econômico NO texto a seguir, Milton Santos nos prepara para a complexidade do tema da pobreza. Para Milton Santos ( 1926- 2001) a realidade da pobreza deve ser tematizada e compreendida como um problema científico e político. Deve-se buscar uma teorização adequada e evitar posturas reducionistas. Para exemplificar a natureza política da pobreza, podemos citar colocar algumas questões: Qual é o nível de desigualdade socialmente aceito? “Quem estabelece as metas do planejamento, é o Estado, a Constituição, são os governos, os ministros,” Quem estabelece a linha que separa pobreza da miséria?
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inúmeros os âmbitos, para os quais o nosso olhar deve ficar atento: seus atores, seus motivos, suas vítimas, tipos de dano causado etc.
A pobreza não é apenas uma categoria econômica, mas também uma categoria política acima de tudo. Estamos lidando com um problema social. Ora, um problema sintético e complexo não pode ser compreendido através do estudo isolado de fragmentos de informação. Somente um exame do contexto, responsável num dado momento por uma determinada combinação, pode ser de alguma ajuda para a construção de uma teoria coerente e capaz de servir como base para a ação.[...]. O assunto exige um tratamento dinâmico, no qual todo o conjunto de fatores é levado em conta __ pois do contrário haverá ênfase em soluções parciais que são mutuamente contraditórias. O problema essencial está na estrutura analítica escolhida, ou seja, na tentativa de uma teorização adequada. As explicações simplistas ou falsas a respeito do que é pobreza e como ela é criada, como funciona e evolui continuam sendo o verdadeiro problema. [...] Há muitas maneiras de esquivar-se ao problema da pobreza, seja tratando o assunto como uma questão isolada, seja ignorando que a sociedade é dividida em classes. [...] Por que existem pobres? Que explicação poderíamos dar a esse problema que tem suscitado uma multiplicidade de interpretações, as quais, em sua maioria, não fornecem uma explicação satisfatória? (SANTOS, 2013: P. 18-23)
Para salientar a complexidade da pobreza que não cabe em um conceito matemático e estático, Milton Santos recorre à afirmativa de Buchanan O termo ‘pobreza” não só implica um estado de privação material como também um modo de vida __ e um conjunto complexo e duradouro de relações e instituições sociais, econômicas, culturais e políticas criadas para encontrar segurança dentro de uma situação insegura. BUCHANAN, I. Singapore in Southeast Asia. London: Bell and Sons, 1972: p. 225
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Para Milton Santos, são exemplos de explicações parciais e insuficientes as interpretações que reduzem o fenômeno a dados climáticos, a questões de educação como relação causal, a insuficiência da produção agrícola, a questões de crescimento demográfico como causa da pobreza urbana. Nessa última interpretação, “um raciocínio mecânico conduz a outro: a limitação do crescimento demográfico é considerada indispensável á eficácia da manutenção do crescimento econômico” ( SANTOS, 2013: p. 24)
Ao considerar essas múltiplas dimensões para medir a pobreza, os governos terão melhores condições para pensar políticas públicas integradas e mais eficazes. Nessa obra, o filósofo e economista indiano Amarthya Sen, influenciado pela teoria da justiça de Jonh Rawls, constrói uma reflexão sobre a justiça social fundamentada na ideia de efetivas liberdades e capacidades individuais. Uma ideia constante em suas reflexões consiste em afirmar que o meio e o fim do desenvolvimento deve estar voltado para a expansão das liberdades, removendo os vários tipos de restrições, que no dia a dia da vida prática acabam por reduzir o poder de escolha dos indivíduos e as oportunidades de poderem agir de modo racional e livre. Ao pensarmos no que uma pessoa pode efetivamente fazer é condicionado ou influenciado pelas oportunidades econômicas, sociais, culturais e políticas, pelo seu acesso a uma boa educação escolar, à saúde com qualidade, a um bom nível de segurança e infraestrutura, etc. b) A má distribuição dos recursos na raiz da pobreza Na introdução de sua obra, O espaço do Cidadão, Milton Santos de modo sintético afirma a realidade da pobreza em contexto mais abrangente. O progresso material obtido nestes últimos anos no Brasil teve como base a aceitação extrema de uma racionalidade econômica exercida pelas firmas mais poderosas, estrangeiras ou nacionais, e o uso extremo da força e do poder do Estado na criação de condições gerais de produção propícias à forma de crescimento adotada. Essas condições gerais da produção não se cingiam à criação de infraestruturas e sistemas de engenharia adequadas, mas chegavam à formulação das condições políticas que assegurassem o êxito mais retumbante à conjugação de esforços públicos e privados, no sentido de ver o país avançando, em passo acelerado, para uma forma “superior” de capitalismo. Por isso, a noção de direitos políticos e de direitos individuais teve que ser desrespeitada, se não frequentemente pisoteada e anulada. Sem esses pré-requisitos, seria impossível manter como pobres milhões de brasileiros, cuja pobreza viria de fato a ser criada pelo modelo econômico anunciado como redentor. (SANTOS; 2012: 15)
32. Movimentos Sociais e Novos Atores da Sociedade Civil Organizada a) Ações coletivas organizadas que emergem como reação
CAPÍTULO 3
MOVIMENTOS SOCIAIS: são ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar suas demandas. Na ação concreta, essas formas adotam diferentes estratégias que variam da simples denúncia, passando pela pressão direta (mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de desobediência civil, negociações etc.) até as pressões indiretas para a sociedade (GOHN, 2011: p. 335)
Esse engajamento social e coletivo por reconhecimento de direitos, em busca de uma sociedade justa, caracteriza os movimentos sociais contemporâneos. Dessa forma, não se trata mais de movimentos necessariamente vinculados a uma classe social, mas que brotam da sociedade civil organizada. Se os tradicionais movimentos modernos eram basicamente movimentos de classe, vinculados a sindicatos, pertencentes ao mundo do trabalho, atualmente o que congrega as pessoas em movimentos sociais é o desejo de ver seus direitos afirmados, a luta pelo reconhecimento do direito das minorias. Nesse sentido, são exemplos os movimentos feministas, estudantis, afrodescendentes, de mobilização pela sustentabilidade socioambiental, de orientação sexual etc Em sentido alargado, a ideia de Movimento Social se constrói em torno do tema da identidade ou da identificação social, étnica, ideológica, de orientação sexual etc. Assim, trata-se da articulação de sujeitos e atores coletivos que lutam por um projeto, luta que implica superar uma oposição ou resistência. Esses novos movimentos contemporâneos não se prendem a fronteiras geográficas. A possibilidade da conexão transnacional, a partir da sociedade da tecnologia e da informação, traz uma nova faceta a muitos desses movimentos. Um exemplo disso é o Forum Social Mundial, um evento altermundialista; ou seja, um movimento social que propõe alternativas em busca por um outro mundo possível.
33 . Comunidades Quilombolas: sua resistencia e suas lutas a) As dinâmicas de identificação quilombola De acordo com a Associação Brasileira de Antropologia, o que distingue as comunidades quilombolas é o fato de serem “grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção de reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar”. Dessa forma, desde os 300 anos de escravidão e continuando após a abolição da escravidão no século XIX, as comunidades quilombolas trazem em suas experiências vividas uma brutal e injusta realidade de desigualdade e, no interior desse quadro, vêm compartilhando valores característicos que reforçam sua coesão social. Uma de suas lutas consiste na conquista da titularidade das terras, assegura pela constituição de 1988.
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CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.” (BRASIL. Constituição Federal. Artigo 68)
Nesse mesmo sentido, o alcance da definição de comunidades remanescentes de quilombos contida no decreto n. 4.887/2003, conjuga a referência à identidade ao uso do território: Art. 2º – Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. (Brasil, 2003: art. 2) As comunidades quilombolas de hoje já não são simples remanescentes dos quilombos, são formadas por uma identidade étnica dinâmica e não mais tão homogênea como no passado. Elas se compreendem e se definem como comunidade bem viva e atuante, organizada social e politicamente de forma a cultivar sua resistência e sua autonomia. Ao quilombo contemporâneo deve estar associado uma interpretação mais ampla, não somente de resistência no passado, mas, sobretudo, no presente. De um território étnico capaz de se organizar e se reproduzir diferentemente no espaço geográfico de condições adversas, ao longo do tempo e com resistência para a manutenção da sua forma particular de viver” (ANJOS, 2009: p. 108.).
Seguramente, o exemplo que vem à memória de todos é Zumbi, herói da resistência e da luta do Quilombo de Palmares, em Alagoas, no Brasil Colônia, em 1600. Sua presença no quilombo de Palmares foi a de um exemplar guerreiro e de líder da comunidade, entre o 1675 e 1695, quando é violentamente morto, aos quarenta anos de idade. Sua memória é anualmente celebrada no dia 20 de novembro, que ficou instituído como o dia da consciência Negra, e que hoje integra oficialmente o calendário escolar.
34. Diversidade Indigena e “Terra Livre” a) O Estado brasileiro e as sociedades indígenas A história das relações entre o Estado brasileiro e sociedades indígenas no Brasil tem um percurso em que se podem reconhecer dois paradigmas: o paradigma da assimilação, da dominação e homogeneização cultural, e o paradigma do pluralismo cultural, ou melhor, a perspectiva de reconhecimento, da afirmação de uma sociedade nacional multilíngue e pluricultural, vislumbrada pelos princípios constitucionais a partir de 1988. (GUIMARÃES, 2002.)
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O primeiro paradigma, da assimilação, está vinculado ao contexto do século XVIII, marcado pelo processo de colonização e escravização dos índios, tanto pelas atividades dos colonos quanto pela atuação do catolicismo, que os confinava em aldeias, em reduções missionárias para a evangelização, catequese e conversão ao cristianismo. Portanto, é um paradigma decorrente do colonialismo, preso a uma visão etnocêntrica ou eurocêntrica. b) O direito ao território e ao reconhecimento étnico Em conformidade com a Constituição da República Federativa do Brasil, ao falar da Ordem Social, no capítulo VIII, artigo 231, vem expresso: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Nas palavras de Kretã Kayngang,: “Somos mais de 305 povos indígenas no Brasil, não somos iguais, somos povos com culturas e conhecimentos diferentes, depende de cada um e dos seus interesses a maneira que quer viver”, disse. “A única política comum para todos se trata de resolver a questão fundiária para acabar com o genocídio desses povos” http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-12/indigenas-pedemque-funai-continue-no-ministerio-da-justica . Acesso: 26/12/2018).
c) Por uma nova educação: Intercultural e Bilíngue, Específica e Diferenciada. O desafio para a educação é a construção de uma concepção na qual a unidade seja concebida como plural. O enfoque nessa pluralidade ou interculturalidade do povo brasileiro enfatiza a relação, o intercâmbio de visões de mundo que formam a unidade da nação. Educar para a multiculturalidade e para o diálogo intercultural torna-se compromisso fundamental de todo projeto educativo, especialmente em contexto brasileiro. O grande desafio para o Estado brasileiro é garantir que as comunidades indígenas tenham seu direito à preservação da sua memória e da sua identidade respeitado e cultivado mediante um processo de educação voltada para tal finalidade e não refém da matriz etnocêntrica. Para tanto, as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena estabelecem que a educação escolar indígena seja “intercultural e bilíngue, específica e diferenciada”. Há muito tempo as comunidades indígenas vinham exigindo que a educação de seus filhos fosse bilíngue, para que as suas tradições, transmitidas oralmente, fossem preservadas como seu patrimônio cultural. E a esperança renasce quando nos deparamos com orientações e fundamentos que se encaminham para um novo paradigma que constrói o pensamento e a política para o horizonte da pluralidade cultural, do respeito e da promoção das múltiplas identidades étnicas existentes no país.
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A Constituição Brasileira reconhece aos índios o direito à diferença, isto é, à alteridade cultural, rompendo com a postura com que sempre procurou incorporar e assimilar os índios à "Comunidade Nacional" e que os entendia como categoria étnica e social transitória, fadada ao desaparecimento certo. Com o mais recente texto constitucional em vigor, os índios deixam de ser considerados como espécie em via de extinção, sendo-lhes reconhecida sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. À União não mais caberá a incumbência de incorporá-los à comunhão nacional, mas de legislar sobre as populações indígenas, conforme o artigo 22 da Nova Constituição, no intuito de protegê-las. DIRETRIZES para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena. Brasília: MEC, SEF, 1993. (Cadernos educação básica. Série institucional, 2).
35. Industria cultural, sob a ótica da Escola de Frankfurt. Entre os temas sobre os quais escola de Frankfurt constrói suas reflexões, encontram-se a sociedade tecnológica altamente desenvolvida e suas implicações na vida dos indivíduos, o tema da razão crítica, ou da crítica a um modelo de razão e de pensamento moderno, uma critica ao frutos que o iluminismo trouxe, entre os quais o fenômeno do totalitarismo. a) A Dialética do esclarecimento na sociedade tecnológica Em parceria com Max Horkheimer, Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969) escreve a conhecida obra “Dialética do Iluminismo”, analisando a contemporânea sociedade tecnológica. Adorno e Horkheimer concebem “iluminismo” não somente como a era das luzes e o seu movimento de pensamento, mas, fundamentalmente, como o próprio caminho que a razão vai traçando na cultura ocidental. Esse caminho seria um caminho de exploração e de manipulação técnica, que tudo busca dominar. Ora, o que esperar como decorrência dessa lógica exploradora e destrutiva? Se, inicialmente, o iluminismo queria libertar os indivíduos das alienações, das trevas, da menoridade, na prática teria tornado os indivíduos reféns, escravos de uma razão técnica, manipuladora, que tudo reduz a objeto. Assim, a razão filosófica teria sido esquecida e em seu lugar teria surgido o que se denomina atualmente de razão instrumental. Segundo essa critica da Escola de Frankurt, a razão que governa a vida da sociedade tecnológica já não seria mais uma razão crítica, dos fundamentos, que discute a finalidade das ações humanas e da própria destinação da vida humana. Ao contrário, uma razão instrumental, razão serva dos interesses econômicos de grandes corporações no interior do sistema capitalista, cujo objetivo está construído em torno do lucro e da exploração. No texto a seguir, Horkheimer e Adorno criticam o iluminismo pela essência técnica de seu saber, que tudo reduz a objeto de exploração e manipulação. No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posi-
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ção de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber. [...] O entendimento que vence a superstição deve imperar sobre a natureza desencantada. O saber que é poder não conhece barreira alguma, nem na escravização da criatura, em na complacência em face dos senhores desse mundo. [...] A técnica é a essência desse saber, que não visa conceitos e imagens, nem o prazer do discernimento, mas o método, a utilização do trabalho de outros, o capital. [...] O que os homens querem aprender da natureza é como empregá-la para dominar completamente a ela e aos homens. Nada mais importa. [...] Doravante, a matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades ocultas. O que não se submete ao critério da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. A partir do momento em que ele pode se desenvolver sem a interferência da coerção externa, nada mais pode segurá-lo. [...] O esclarecimento é totalitário. (ADORNO e HORKHEIMER, 1985: p. 17-19)
Dessa forma, a razão se transforma em razão manipuladora e fabricadora de instrumentos e dos meios adequados à realização dos fins previamente estabelecidos e controlados pelo sistema, através da indústria cultural, que transforma tudo em mercadoria, em objeto para o mercado. Essa razão seria uma razão doente necessitada de ser denunciada,criticada e superada. b) A atrofia da imaginação e do pensamento critico Nos fragmentos a seguir, extraídos do texto: “A industria cultural:O Esclarecimento como Mistificação das Massas”, Adorno e Horkheimer expressam a massificação produzida pela indústria cultural. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos [...] paralisam essas capacidades em virtude de sua própria constituição objetiva. São feitos de tal forma que sua apreensão adequada exige [...] de tal sorte que proíbem a atividade intelectual do espectador, se ele não quiser perder os fatos que desfilam velozmente diante de seus olhos.[...] A violência da sociedade industrial instalou-se nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até os distraídos vão consumi-los alertadamente. Cada qual é um modelo da gigantesca maquinaria econômica que, desde o início, não dá folga a ninguém, tanto no trabalho quanto no descanso, que tanto se assemelha ao trabalho. A industria cultural permanece a industria da diversão.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA [...] O poder da industria cultural provém de sua identificação com a necessidade produzida. [...] A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao processo de trabalho mecanizado, para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo. [...] Ao processo de trabalho na fábrica e no escritório só se pode escapar adaptando-se a ele durante o ócio. [...] (ADORNO e HORKHEIMER, 1985: p. 104-113)
36. A mídia de massa e o consumismo A hiper-realidade do consumo, sob a ótica de Jean BAUDRILLARD O sociólogo francês Jean Baudrillard (1927–2007) concentrou suas análises sobre os impactos da comunicação e das mídias na vida das pessoas, nas sociedades contemporâneas ou pós-modernas. Sua obra deve ser lida nesse contexto de capitalismo avançado, de elevado poder técnico e tecnológico, onde impera uma comunicação de massa, repleta de imagens e códigos. Seu pensamento ganhou notoriedade a partir da revolução estudantil de maio de 68, na França. Nesse momento histórico, percebe-se a influência que recebeu do pensamento anticapitalista de Karl Marx. Progressivamente, seu pensamento vai se especificando no tema do consumo. Superando a teoria econômica clássica, que afirmava que os objetos possuíam um valor de uso e um valor de troca, Baudrillard acentua o valor de signo que os objetos passam a assumir, pois, o atribuem um determinado status aos seus proprietários. Nessa sociedade pós-moderna, o consumo aparece como uma necessidade. Mas, na verdade, é uma realidade criada, uma hiper-realidade, que nunca entra em saturação ou satisfação. A ideia central de Baudrillard é a de que o objeto de consumo, além do valor de uso e de troca, tem um valor simbólico. Nessa abordagem, o olhar sobre o objeto não é considerado somente como mercadoria e objeto de uso, mas como signo, portador de mensagem. A sociedade pós-moderna é marcada pelo marketing e pela publicidade, que vendem estilos de vida, ideais a serem perseguidos. Por isso, ao desejarmos um objeto de consumo, não é somente o objeto que desejamos, mas a inserção em um modo de vida, consumimos uma ideia, um sistema. Para Baudrillard, o consumo deve ser visto dentro de uma ordem ou de uma lógica social. Assim, o consumo não é uma realidade individual, mas algo socialmente instituído, um estilo coletivo de vida, um sistema de valores que fornece sensação de pertencimento a uma coletividade. Em decorrência dessa impulsividade consumidora, somos inundados por objetos. Somos rodeados não por pessoas, mas por objetos sempre mais desejados, e nos objetos, consumimos marcas.
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O consumidor moderno integra e assume espontaneamente esta obrigação sem fim: comprar a fim de que a sociedade continue a produzir, a fim de se poder pagar aquilo que foi comprado [...]. Em cada homem o consumidor é cúmplice da ordem de produção e sem relação com o produtor – ele próprio simultaneamente – que é vítima dela. Esta dissociação produtor-consumidor vem a ser a própria mola da integração: tudo é feito para que não tome jamais a forma viva e crítica de uma contradição. BAUDRILLARD, J. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva 2006, p. 169-170
Nessa lógica, os meios de comunicação desempenham um importante papel, uma vez que a inundação de imagens e mensagens acaba criando uma banalização que nos afasta da realidade, negando-a. “A imagem, o signo, a mensagem, tudo o que ‘consumimos’ é a própria tranquilidade selada pela distância em relação ao mundo, o que ilude, mais do que compromete, a alusão violenta ao real”. BAUDRILLARD, J. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva 2006, p. 2.
Nesse distanciamento da vida real, produzido pela indústria cultural, indivíduos são induzidos ao consumo inconscientemente, por uma pressão social. Por essa razão, questiona-se a liberdade no interior do ato de consumir. O consumo acontece impulsivamente, como uma comunicação em massa. Assim, a sociedade de consumo se comunica por meio dos objetos de consumo, signos, marcas. O consumo se torna o fim almejado. Para tanto a produção de objetos e o próprio trabalho estão orientados para esse consumo. Assim, os indivíduos são condicionados pelo sistema a buscarem e assumem um sistema de valores que cria a “cultura do simulacro”, da sombra, da imagem, da marca, da exterioridade, da ilusão. b) O Consumismo inconsequente e insustentável, na ótica de Zygmunt BAUMAN. Sem a repetida frustração dos desejos, a demanda de consumo logo se esgotaria e a economia voltada para o consumidor ficaria sem combustível. [...] Bombardeados de todos os lados por sugestões de que precisam se equipar com um ou outro produto fornecido pelas lojas se quiserem ter a capacidade de alcançar e manter a posição social que desejam, desempenhar suas obrigações sociais e proteger a autoestima __ assim como serem vistos e reconhecidos por fazerem tudo isso __, consumidores de todos os sexos, todas as idades e posições sociais irão sentir-se inadequados, deficientes e abaixo do padrão a não ser que respondam com prontidão a esses apelos. BAUMAN, Zygmunt. A vida para o consumo. A transformação das pessoas em mercadorias. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 64-65. 74
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“Nada no mundo se destina a permanecer, muito menos para sempre [...] nada é necessário de fato, nada é insubstituível [...] tudo deixa a linha de produção com um prazo de validade afixado [...] A modernidade líquida é uma civilização do excesso, da superfluidade, do refugo e da sua remoção”. BAUMAN, Zygmunt. A cultura do lixo. In: Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004, pág.120
Vejamos um fragmento do livro da psicóloga Maria de Fátima Vieira Severiano Na idealização, o sujeito, ao fascinar-se pelo objeto fetichizado, cria um estado a-conflitivo, no qual toda falta está ausente. Esse movimento regressivo da psique, aos moldes do ego narcísico primitivo, de natureza conservadora, gera uma atitude de imobilidade e ausência de qualquer negatividade ou crítica. Provavelmente, essa pseudocompletude fornecida pelo “fascínio” do objeto-fetiche é um dos principais responsáveis pelo poder de sedução que a “marca” exerce e os mass media em geral, sobre seus consumidores, fornecendo-lhes “prestígio” e “personalidade”, atenuando e gerenciando conflitos. SEVERIANO, M. F. V. Narcisismo e publicidade: uma análise psicossocial dos ideais do consumo na contemporaneidade. 2ª edição. São Paulo: Annablume, 2007.p.222
c) A Sociedade do espetáculo, na ótica de Guy Debord Guy Debord (1931-1994) é um escritor francês, que influenciou muito o movimento estudantil nas manifestações de maio de 68. Seus escritos difundem a teoria crítica sobre a sociedade do espetáculo. O contexto de sua vida e época, especialmente após a segunda guerra mundial, foi marcado pela popularização de máquinas que projetavam imagens, como a câmera fotográfica, cinema e televisão. Por essa razão, o espetáculo já se tornava algo comum; contudo, não a crítica à sociedade do espetáculo que estava sendo construída. Debord escreve, em 1967, sobre o capitalismo após a segunda guerra, e faz uma análise crítica desse capitalismo tardio, fundamentado nas análises de Karl Marx, servindo-se dos conceitos de alienação, fetichismo da mercadoria e coisificação do indivíduo. Na análise de Debord, a sociedade capitalista é uma sociedade de mercadorias. Nela tudo adquire a forma de mercadoria. Essa formatação é uma exigência da sociedade do espetáculo, que requer representações, aparências. O conceito de espetáculo traduz o espírito de fruição, de prazer fugaz, de consumo exacerbado de imagens e marcas. Não é o espaço do diálogo e da transparência, mas da separação, da manipulação e da ilusão. Esse conceito pressupõe a separação entre o ator e o público. Assim, trata-se de uma metáfora. É algo muito mais profundo do que uma mera crítica ao que se assiste nos programas de televisão, por exemplo. Para Debord, “o espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante na sociedade”, [...] “é a afirmação da
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aparência e a afirmação de toda a vida humana - isto é, social- como simples aparência” DEBORD, G. A sociedade do espetáculo – Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. p.14.16
É importante pensar nessa ideia do espetáculo que implica separação. Com isso, compreenderemos melhor a ótica de Karl Marx que está no fundamento da reflexão de Debord. Por exemplo, considerando o cotidiano do trabalhador, existem muitas separações: Inicialmente, o trabalhador vende a sua força de trabalho; posteriormente, aconteça a alienação do produto do seu trabalho; encontramos, ainda, entre outras, a separação entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores. No espetáculo, existe a separação entre o expectador e o ator. O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta na sua plenitude a essência de qualquer sistema ideológico: o empobrecimento, a submissão e a negação da vida real. O espetáculo é, materialmente, «a expressão da separação e do afastamento entre o homem e o homem». O «novo poderio do embuste» que se concentrou aí tem a sua base nesta produção pela qual «com a massa dos objetos cresce... o novo domínio dos seres estranhos aos quais o homem está submetido». É o estádio supremo duma expansão que virou a necessidade contra a vida. «A necessidade de dinheiro é, portanto, a verdadeira necessidade produzida pela economia política, e a única necessidade que ela produz» (Manuscritos económico-filosóficos). O espetáculo alarga a toda a vida social o princípio que Hegel concebe como o do dinheiro; é «a vida do que está morto movendo-se em si própria». [...]. A necessidade de imitação que o consumidor sente é precisamente a necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da sua despossessão fundamental [...] DEBORD. G. A sociedade do espetáculo. Cap. IX: A ideologia materializada. n. 215. 219
Essa tendência ao espetáculo, como objetivo buscado, verifica-se nos “reality shows”, programas de auditório, programas e publicações que buscam reproduzir cenas e fatos de pessoas comuns. Nesses programas, indivíduos desconhecidos rompem o anonimato e são transformadas em celebridades. Vai-se do vazio à fama, num piscar de olhos. Nessa massificação social, os meios de comunicação fortalecem a sociedade do espetáculo, mediante a excessiva exploração da vida privada, das emoções e dos sentimentos, manipulando e banalizando o cotidiano das pessoas, gerando um processo de alienação.
37: A CRISE AMBIENTAL e A SOCIEDADE DE RISCO A modernidade reflexiva e a sociedade do risco em Ulrich Beck Ulrich Beck ( 1944-2015) desenvolveu a teoria da modernização reflexiva, na qual defende a tese de que na modernidade
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA se configurou uma sociedade de risco, como uma forma de reação às decorrências destrutivas dos processos de industrialização e modernização. E considerando que as decorrências desses processos são globais, também vem se tornando cada vez mais global a modernização reflexiva. Segundo Beck a modernidade pode ser concebida em duas etapas. A primeira fase seria marcada pela modernidade como rompimento com o passado, inaugurando um espírito otimista, de quem crê na razão humana e na liberdade como potenciais emancipadores, capazes de construir uma nova sociedade, livre das alienações típicas do passado medieval. Na reflexão de Beck, as instituições criadas nessa primeira fase fracassaram. E cita, como exemplo, concepção positivista de progresso linear infinito, a luta de classes como geradora de emancipação do proletariado, o Estado-nacional capaz de gerar um Bem-estar social. A segunda fase seria propriamente a sociedade de risco, constituída pelas decorrências desse processo técnico e científico de intervenção humana sobre o mundo natural e o universo cultural. E é aqui que se entende a noção do risco, uma vez que o futuro é sempre imprevisível e seus efeitos incontroláveis, embora sejam uma decorrência das ações humanas no presente. Nessa segunda fase emergem o cálculo de risco, o princípio do seguro e da compensação diante dos riscos futuros, que são perigos fabricados pelo processo de industrialização. A partir da sociologia de Beck, evidencia-se a realidade do risco como uma marca da modernidade ocidental. A nova condição humana, neste século XXI, tem como característica mais radical a incerteza decorrente desses riscos incalculáveis e imprevisíveis. Dessa forma, o risco torna-se princípio organizador da sociedade moderna e cria uma nova ética vinculada ao ideal de vida possível. Na sociedade de risco, a ciência e tecnologia já não mais são vistas como instituições que conseguem prever e controlar os efeitos das ações humanas. E aqui está um das mais significativas contribuições de Beck: a sociologia do risco ou a análise sociológica sobre a realidade do risco, afastando-se de uma perspectiva positivista e do império das ciências da natureza. Considerando as mudanças climáticas, a crise ambiental, o fenômeno do terrorismo, as crises financeiras, evidenciam-se os riscos globais, para além de qualquer fronteira. Nessa nova condição de ameaça e risco que caracteriza as sociedades do século XXI, e que afeta democraticamente a todos, forma-se a reflexividade, a crítica contra uma forma de razão que imperou na primeira fase da modernidade, a razão técnico-científica, razão instrumental, que transforma tudo em meio para atingir fins econômicos. Assim, os efeitos não planejados e não desejados do progresso negam o principio da linearidade e da previsibilidade desse mesmo progresso. Esse “voltar-se contra”, essa ideia de efeitos não projetados que negam o otimismo da primeira fase da modernidade constitui o sentido mais forte de reflexividade, conforme pensado por Beck. Mais do que a Idea de uma reflexão pessoal sobre si, trata-se de reação aniquiladora da própria modernidade sobre si mesma.
38. Bioética: Ética aplicada à vida. Em todas as culturas, em suas diferenças, a análise dos conceitos de vida e morte é decisiva para a compreensão da concepção de pessoa que existe em determinada cultura.
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Embora em nossa sociedade ocidental, essas concepções estejam profundamente vinculadas à tradição religiosa judaicocristã, o moderno processo de secularização fez com que a definição de vida e morte migrasse da esfera religiosa para a esfera da ciência, da biologia especificamente. A história ocidental contemporânea, especialmente no período entre guerras, assistiu a várias experiências científicas realizadas em seres humanos, sem levar em consideração o tema da dignidade humana e tampouco ponderar sobre os limites éticos das ciências. Com o avanço das tecnologias aplicadas à área da saúde, surgem novos desafios que necessitam de ser tematizados. Nesse contexto, surge a bioética, um saber interdisciplinar, um estudo sistemático da conduta humana, que considera como objeto de estudo os conflitos éticos e morais resultantes da pesquisa envolvendo seres humanos. O surgimento das novas tecnologias aplicadas ao diagnóstico e prolongamento da vida fomentam o debate sobre o início e o fim da vida. Hoje, tornou-se possível prolongar “artificialmente” a vida, com respiradores artificiais. Tornou-se possível a reprodução assistida, a intervenção com os transplantes de órgãos vitais. Princípios da bioética Três são os princípios fundamentais da bioética: beneficência e não maleficência; o respeito à autonomia do paciente; a justiça. Como se relacionam esses princípios? Os princípios da bioética articulam três dimensões: o profissional da saúde, o paciente e o Estado. Aplica-se ao profissional em saúde os principio da beneficência e não maleficência e do o respeito à autonomia do paciente, devendo ele socorrer sempre e não causar dano intencional; maximizando os benefícios e minimizando os riscos potenciais para o paciente; além de buscar o consentimento do paciente e ou de seus familiares, no caso de o paciente não estar em condições de comunicar sua vontade. Quanto ao princípio da justiça, o Estado e os governos têm o dever de zelar por políticas de saúde que garantam a equidade, a igualdade de acesso aos melhores tratamentos. Toda essa temática da bioética fica ainda mais polêmica uma vez que ela vem inserida no tema dos direitos individuais, dos direitos sobre os usos que a pessoa poderá fazer de seu próprio corpo. Por exemplo, a mulher tem o direito de interromper uma gestação? Nessa polêmica, a análise enfrentará duas óticas: as posições ou vertentes vinculadas às religiões e as da sociedade laica, da sociedade civil. A BIOÉTICA é um discurso sobre a tolerância. Com o reconhecimento da pluralidade moral da humanidade, e da ideia de que diferentes crenças e valores regem temas como o aborto, a eutanásia ou a clonagem, tornou-se imperativa a estruturação de uma nova disciplina acadêmica que reflita sobre esses conflitos, frequentes no campo da saúde. DINIS, Débora; GUILHEM, Dirce. O que é bioética. São Paulo: editora Brasiliense, 2001
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
EXERCÍCIOS 1. A categoria movimentos sociais tem ocupado lugar privilegiado na teoria sociológica clássica e contemporânea. Sua análise baseia-se nas tensões da sociedade, na identificação de mudança e na passagem de um estágio de integração para outro por meio da transformação induzida por atores coletivos. (...). Alberto Melucci , por exemplo, considerou que na sociedade moderna a existência de sujeitos sociais extrapola a categoria das classes sociais, à medida que a posição do sujeito nas relações de produção não determina, necessariamente, suas outras posições com relação às questões ambientais, de direitos humanos, etc. Por essa razão, esse autor propõe focalizar a análise sociológica dos movimentos sociais na categoria de ações coletivas. (...) Um resultado desse processo é que a organização desses movimentos pela ampliação dos direitos de cidadania, por exemplo, se realiza de forma mais espontânea na esfera da cultura, isto é, à margem dos sindicatos e dos partidos políticos. DIMENSTEIN, Gilberto. Dez lições de sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008. P.253.
A partir do trecho acima, a identidade e a função dos novos movimentos sociais expressa que a) a identidade dos novos atores é essencialmente determinada pela estrutura social que determina a forma de pensamento especifica dos indivíduos de cada grupo e os mobiliza para a ação. b) a identidade dos novos grupos sociais que atuam como sujeitos de transformação social encontra seu elemento central na primazia das relações econômicas. c)
na sociedade pós-industrial, os movimentos sociais, como o feminista e o ecológico, realizam uma revolução em sua identidade, que se desloca da categoria de classe para a esfera cultural.
d) o elemento comum aos movimentos sociais, nos séculos, XIX, XX e XXI é a reação contra a exploração realizada pela classe dominante sobre a classe dos trabalhadores. e) a identidade democrática de nosso modelo político e cultural ainda não se tornou visível na natureza dos novos movimentos sociais. ]
CAPÍTULO 3
b) o único movimento social revolucionário ainda atuante é o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). c)
o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), especialmente em São Paulo, não pode ser caracterizado como um movimento social, pois visa apenas à obtenção de moradia para os seus membros.
d) os movimentos sociais caracterizam-se pela abrangência das causas defendidas por diferentes atores sociais coletivos. e) os movimentos sociais são ações sociopolíticas constituídas por atores sociais coletivos pertencentes unicamente à classe dos trabalhadores rurais sem terra e ao movimento dos sem teto. 3. (ENEM 2015) Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos diferentes tipos de movimentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo de democratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de vazios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado. GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).
No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram para a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados. b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais. c)
difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política.
d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos. e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado
2. (UNICENTRO, 2019) “Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas vivenciados pelo grupo na sociedade.”
4. (UFU, 2008) Movimentos e ONGs cidadãs têm se revelado estruturas capazes de desempenhar papéis que as estruturas formais, substantivas, não têm conseguido exercer enquanto estruturas estatais, oficiais, criadas com o objetivo e o fim de atender a área social.
GOHN, M.G. Teoria dos Movimentos Sociais. São Paulo: Loyola, 1997. Apud TASCNHER, Gisela. Cultura do consumo, cidadania e movimentos sociais. In: Ciências Sociais Unisinos 46(1):47-52, janeiro/abril 2010, p. 49.
A respeito do papel político dos novos movimentos sociais e das organizações não governamentais no contexto brasileiro, marque a alternativa correta.
Acerca dos movimentos sociais, é correto afirmar que, no Brasil, a) os movimentos sociais foram substituídos pelos partidos políticos que, a partir de 2004, passaram a monopolizar as demandas de movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
GOHN, Maria da Glória. Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 1997. p. 303.
a) Os novos movimentos sociais surgiram no Brasil em um contexto marcado pelo autoritarismo e pela exiguidade de espaços democráticos de participação política. b) Em seus primórdios, na década de 1970, os novos movimentos sociais constituíram-se como uma extensão do aparato estatal na sociedade civil.
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CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA c)
As bandeiras de luta defendidas pelos novos movimentos sociais, desde os anos 1970, limitam-se à problemática trabalhista e sindical.
d) Coube aos novos movimentos sociais, desde seu florescimento nos anos 1970, reforçar as práticas e estruturas de poder centralizadas em torno do Estado. 5. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, art. 68 do Ato das disposições Constitucionais Transitórias.
A partir desse fragmento, considerando o tema e a realidade das comunidades quilombolas no Brasil, infere-se que: a) a perspectiva histórica, a partir da inclusão social das minorias, aponta para o desaparecimento das comunidades quilombolas. b) a memória de Zumbi dos palmares é um exemplo que ilustra o habitual reconhecimento oficial dos papeis desempenhados pelos negros na construção da nação brasileira. c)
7. (ENEM-2001) Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira. I. “Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até fisicamente.A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus. (…) É preciso congelar essas idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas.(…) Nós, índios, queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.” Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de S. Paulo, 31 de agosto de 1994.
II. “O Brasil não terá índios no final do século XXI (…) E por que isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório.” Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994.
Pode-se afirmar, segundo os textos, que
a partir das lutas de Zumbi dos Palmares, o resultado histórico alcançado no Brasil Colônia foi o reconhecimento definitivo da propriedade e a delimitação das terras dos quilombolas.
a) Tanto Terena quanto Jaguaribe propõem idéias inadequadas, pois o primeiro deseja a aculturação feita pela “civilização branca”, e o segundo, o confinamento de tribos.
d) as características essenciais das comunidades quilombolas permanecem sendo a resistência a um modelo de sociedade e a busca pelo cultivo sua identidade, em uma terra própria.
b) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois pretende mudar até mesmo a língua do país, enquanto a idéia de Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade cultural dos índios.
e) as comunidades quilombolas devem atualmente ser vistas como comunidades de negros fugidos, refugiados e distanciados da vida cotidiana da sociedade.
c)
6. (ENEM( 2017) A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um rumo contrário ao imaginário nacional e ao consenso científico, formado a partir dos anos 1930. Por um lado, o Movimento Negro Unificado, assim como as demais organizações negras, priorizaram em sua luta a desmistificação do credo da democracia racial, negando o caráter cordial das relações raciais e afirmando que, no Brasil, o racismo está entranhado nas relações sociais. O movimento aprofundou, por outro lado, sua política de construção de identidade racial, chamando de “negros” todos aqueles com alguma ascendência africana, e não apenas os “pretos". GUIMARÃES, Antônio. S. Alfredo. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2012.
A estratégia utilizada por esse movimento tinha como objetivo a) eliminar privilégios de classe. b) alterar injustiças econômicas. c)
combater discriminações étnicas.
d) identificar preconceitos religiosos. e) reduzir as desigualdades culturais.
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Terena compreende que a melhor solução é que os brancos aprendam a língua tupi para entender melhor o que dizem os índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI, seja feita uma limpeza étnica no Brasil.
d) Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura dos índios e Jaguaribe acredita na inevitabilidade do processo de aculturação dos índios e de sua incorporação à sociedade brasileira. e) Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa e progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integração resulte de decisão autônoma das comunidades indígenas. 8. (UFMG) Leia o texto.“A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (...) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...)." (GANDAVO, Pero de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.)
A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas expressam a relação dos portugueses com a cultura indígena, exceto: a) A busca de compreensão da cultura indígena era uma preocupação do colonizador.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
CAPÍTULO 3
b) A desorganização social dos indígenas se refletia no idioma.
b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais.
c)
c)
A diferença cultural entre nativos e colonos era atribuída à inferioridade do indígena.
Diminuição dos investimentos industriais desvalorização dos postos qualificados.
e
d) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação vocabular.
d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal.
e) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima eram homogêneos
e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego
9. (ENEM 2009) Um certo carro esporte é desenhado na Califórnia, financiado por Tóquio, o protótipo criado em Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos EUA e México, com componentes eletrônicos inventados em Nova Jérsei (EUA), fabricados no Japão. (…). Já a indústria de confecção norte-americana, quando inscreve em seus produtos ‘made in USA’, esquece de mencionar que eles foram produzidos no México, Caribe ou Filipinas. (Renato Ortiz, Mundialização e Cultura)
11. (Enem PPL 2015) Falava-se, antes, de autonomia da produção significar que uma empresa, ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via da publicidade. Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção. Mas, atualmente, as empresas hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzirem os produtos. Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede a produção dos bens e dos serviços.
O texto ilustra como em certos países produz-se tanto um carro esporte caro e sofisticado, quanto roupas que nem sequer levam uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas costumam ser feitas em fábricas — chamadas “maquiladoras” — situadas em zonas-francas, onde os trabalhadores nem sempre têm direitos trabalhistas garantidos.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000 (adaptado).
O tipo de relação entre produção e consumo discutido no texto pressupõe o(a)
A produção nessas condições indicaria um processo de globalização que
a) aumento do poder aquisitivo.
a) fortalece os Estados Nacionais e diminui as disparidades econômicas entre eles pela aproximação entre um centro rico e uma periferia pobre.
c)
b) garante a soberania dos Estados Nacionais por meio da identificação da origem de produção dos bens e mercadorias. c)
fortalece igualmente os Estados Nacionais por meio da circulação de bens e capitais e do intercâmbio de tecnologia.
b) estímulo à livre concorrência. criação de novas necessidades.
d) formação de grandes estoques. e) implantação de linhas de montagem. 12. (Fgv 2015) A regulamentação dos meios de comunicação tem gerado controvérsias, trazendo à tona a discussão sobre o direito de liberdade de expressão. Recentemente, no Brasil, esse debate se desenvolveu em torno do Marco Civil da Internet, sancionado em 2014.
d) compensa as disparidades econômicas pela socialização de novas tecnologias e pela circulação globalizada da mão-de-obra.
Relacione os princípios do Marco Civil da Internet às normas listadas.
e) reafirma as diferenças entre um centro rico e uma periferia pobre, tanto dentro como fora das fronteiras dos Estados Nacionais.
I. Neutralidade II. Privacidade III. Liberdade de expressão
10. (ENEM 2015) No final do século XX e em razão dos avanços da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa.
( ) O sigilo e a inviolabilidade dos fluxos de comunicação e de conversas armazenadas devem ser garantidos.
SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado).
Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral.
( ) A remoção de conteúdo, para impedir a censura, não fica a cargo do provedor, podendo ser feita mediante ordem judicial. ( ) As fotos de indivíduos devem ser autorizadas por eles para serem veiculadas em anúncios na rede. ( ) Os pacotes de dados que circulam pela rede devem ser tratados de forma isonômica, sem distinção por conteúdo, origem, destino ou serviço. Assinale a opção que mostra a relação correta, de cima para baixo.
Curso Enem 2019 | Sociologia
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CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) I, III, II e I. b) II, I, II e III.
b) Não há uniformização artística, pois, toda cultura de massa se caracteriza por criações complexas e diversidade cultural.
c)
c)
III, III, I e II.
d) I, II, III e III.
d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução cultural e econômica da sociedade.
e) II, III, II e I 13. (Unesp 2014) Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório. (Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.)
O tema abordado pelo texto refere-se a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa. b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa. c)
A cultura é independente em relação aos mecanismos de reprodução material da sociedade.
ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.
d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo. e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento. 14. (Unioeste 2017) O ensaio “Indústria Cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é considerado um dos textos essenciais do século XX que explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria do entretenimento. É uma das várias contribuições para o pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um ponto decisivo para a compreensão do conceito de “Indústria Cultural” é a questão da autonomia do artista em relação ao mercado. Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural” é CORRETO afirmar. a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita da mídia e nem de campanhas publicitárias para ser divulgada para o público.
392 Sociologia | Curso Enem 2019
e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma em artigo de consumo. 15. ( Enem 2018) A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente degradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o parecer, do qual todo ter efetivo deve extrair seu prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade individual tornou-se social, diretamente dependente da força social, moldada por ela. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.
Uma manifestação contemporânea do fenômeno descrito no texto é o(a) a) valorização dos conhecimentos acumulados. b) exposição nos meios de comunicação. c)
aprofundamento da vivência espiritual.
d) fortalecimento das relações interpessoais. e) reconhecimento na esfera artística. 16. (Enem 2014) Para o sociólogo Don Slater, as pessoas compram a versão mais cara de um produto não porque tem maior valor de uso do que a versão mais barata, mas porque significa status e exclusividade; e, claro, esse status provavelmente será indicado pela etiqueta de um designer ou de uma loja de departamentos. BITTENCOURT, R. Sedução para o consumo. Revista Filosofia, n. 66, ano VI, dez. 2011.
Os meios de comunicação, utilizados pelas empresas como forma de vender seus produtos, fazem parte do cotidiano social e têm por um de seus objetivos induzir as pessoas a um(a) a) vida livre de ideologias. b) pensamento reflexivo e crítico. c)
consumo desprovido de modismos.
d) atitude consumista massificadora. e) postura despreocupada com estilos. 17. (Enem 2005) Os plásticos, por sua versatilidade e menor custo relativo, têm seu uso cada vez mais crescente. Da produção anual brasileira de cerca de 2,5 milhões de toneladas, 40% destinam-se à indústria de embalagens. Entretanto, este crescente aumento de produção e consumo resulta em lixo que só se reintegra ao ciclo natural ao longo de décadas ou mesmo de séculos.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
Para minimizar esse problema uma ação possível e adequada é a) proibir a produção de plásticos e substituí-los por materiais renováveis como os metais. b) incinerar o lixo de modo que o gás carbônico e outros produtos resultantes da combustão voltem aos ciclos naturais. c)
queimar o lixo para que os aditivos contidos na composição dos plásticos, tóxicos e não degradáveis sejam diluídos no ar.
d) estimular a produção de plásticos recicláveis para reduzir a demanda de matéria prima não renovável e o acúmulo de lixo. e) reciclar o material para aumentar a qualidade do produto e facilitar a sua comercialização em larga escala. 18.(ENEM 2004) A necessidade de água tem tornado cada vez mais importante a reutilização planejada desse recurso. Entretanto, os processos de tratamento de águas para seu reaproveitamento nem sempre as tornam potáveis, o que leva a restrições em sua utilização. Assim, dentre os possíveis empregos para a denominada “água de reuso”, recomenda-se a) o uso doméstico, para preparo de alimentos. b) o uso em laboratórios, para a produção de fármacos. c)
o abastecimento de reservatórios e mananciais.
d) o uso individual, para banho e higiene pessoal. e) o uso urbano, para lavagem de ruas e áreas públicas. 19. (SANEPAR (UFPR -2006) Ao longo do século XX, as preocupações com o meio ambiente adquiriram suprema importância. A problemática ambiental, como ficou conhecida, trouxe à tona uma série de críticas à ciência clássica, sendo a principal delas sua incapacidade para desvendar as inter-relações de caráter complexo que envolvem o tema. Nesse contexto, o pensamento sistêmico aparece como uma alternativa ao paradigma mecanicista, sendo que, por volta dos anos 30, a maior parte de seus critérios de importância-chave já tinha sido formulada. Sobre o tema, considere as afirmativas abaixo. 1. Em qualquer sistema complexo, o comportamento do todo pode ser analisado em termos das propriedades de suas partes. 2. O pensamento sistêmico tem a capacidade de deslocar a própria atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos. 3. Os sistemas vivos são totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas às de partes menores. 4. As propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, e só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior. Assinale a alternativa correta, de acordo com os critérios do pensamento sistêmico.
CAPÍTULO 3
a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. c)
Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. 20. (SANEPAR ( UFPR -2006) Os problemas ambientais têm questionado seriamente os fundamentos da ciência moderna e o mesmo tem acontecido com as políticas públicas. Dentro desse contexto, argumenta-se, por exemplo, que nem os sistemas internacionais, baseados em Estados soberanos, nem a estrutura de gestão do Estado moderno, baseado em políticas setoriais, teriam condições de abordar corretamente a problemática ambiental, devido às características desses problemas que, em sua maioria, são do tipo transnacional e transetorial. Nesse sentido, percebe-se que há um esforço intelectual, apesar da diversidade disciplinar e teórica, em encontrar princípios (não regras ou receitas) que orientem o processo de tomada de decisões e implementação de políticas públicas que levem em consideração o meio ambiente. Com relação ao tema, assinale a alternativa que está de acordo com os princípios que orientam a implementação de políticas públicas com uma visão ambientalista, democrática e ética. a) As práticas institucionalizadas pelo Estado deveriam maximizar a ação das instâncias políticas e técnicas, em detrimento dos canais de participação da sociedade civil, para agilizar a regulação pública ambiental. b) As políticas ambientais devem ser independentes das outras políticas públicas (saneamento, saúde pública, educação, etc.), na medida em que as dimensões natural e social não estão correlacionadas. c)
Um dos fundamentos indispensáveis para agregar preocupações ecológicas às políticas públicas é a ideia de que a sustentabilidade deve ser abandonada quando implicar uma limitação às possibilidades de crescimento econômico.
d) As políticas ambientais devem privilegiar a conservação dos ecossistemas e restringir o crescimento econômico, porque a preservação natural se sobrepõe às demandas por desenvolvimento socioeconômico. e) As políticas ambientais devem estar de acordo com o estabelecimento de uma boa qualidade de vida ambiental, baseada numa relação equilibrada entre a sociedade e a natureza. 21. ( ENADE, 2011) Em finais do século XIX, com o fortalecimento do movimento abolicionista e as críticas crescentes à monarquia, uma série de modelos e teorias começavam a chegar no Brasil. Positivismo, evolucionismo, determinismos e darwinismo social transformavam-se em instrumentos de batalha nas mãos das novas elites intelectuais. SCHWARCZ, L. M. Racismo à brasileira. Apud: CODATO, A.; LEITE, F. Classe Social. In: ALMEIDA, H. B.; SZWAKO, J. (Orgs.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009.
A respeito do uso das teorias mencionadas no texto como instrumentos de batalha intelectual em finais do século XIX no Brasil, conclui-se que
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CAPÍTULO 3
Ciências Sociais em Temas
TRODUÇÃO À FILOSOFIA a) preponderou a perspectiva liberal europeia, que orientou a instauração da República e a defesa dos princípios de igualdade e cidadania. b) o tema do branqueamento racial favoreceu o movimento de instauração da República e dos princípios de igualdade, liberdade e cidadania. c)
a mobilização do positivismo, evolucionismo e darwinismo pelas elites intelectuais do período permitiu a superação da naturalização das diferenças sociais presente no senso comum.
d) a ênfase dada à interpretação racial na formação da nação brasileira e na leitura sobre suas potencialidades futuras teve como consequência a desqualificação de temas como a cidadania e a igualdade social. e) a formação de uma elite de médicos e juristas, e o avanço das instituições e do Estado formal possibilitaram a superação das concepções racistas e dos dilemas sobre o futuro de uma nação formada por uma população miscigenada. 22. (FUVEST 2009) Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma forma de escravidão que consiste na privação da liberdade de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a trabalhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sido contraída no momento da contratação. Essa forma de escravidão já existia no Brasil, quando era preponderante a escravidão de negros africanos que os transformava legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adaptado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo, 2007.)
Com base no texto, considere as afirmações abaixo: I. O escravo africano era propriedade de seus senhores no período anterior à Abolição. II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas, com a Lei Áurea. III. A escravidão de negros africanos não é a única modalidade de trabalho escravo na história do Brasil. IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão. V. As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira atual. São corretas apenas as afirmações: a) I, II e IV b) I, III e V c)
I,IV e V
d) II,III e IV e) III,IV e V
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23. (FUVEST 2009) O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho em condições de escravidão, pois ainda existem muitos trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modalidade de exploração do ser humano, analise as afirmações abaixo. I. As relações entre os trabalhadores e seus empregadores marcam-se pela informalidade e pelas crescentes dívidas feitas pelos trabalhadores nos armazéns dos empregadores, aumentando a dependência financeira para com eles. II. Geralmente, os trabalhadores são atraídos de regiões distantes do local de trabalho, com a promessa de bons salários, mas as situações de trabalho envolvem condições insalubres e extenuantes. III. A persistência do trabalho escravo ou semi-escravo no Brasil, não obstante a legislação que o proíbe, explicase pela intensa competitividade do mercado globalizado. Está correto o que se afirma Em: a) I, somente b) II, somente c)
I e II, somente
d) II e III, somente e) I,II e III 24. (Enem 2011) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. c)
reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação. e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnicoracial do país. 25. (ENEM 2018) “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando 70 anos em tempo de desafios crescentes, quando o ódio, a discriminação e a violência permanecem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
“Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu promover a dignidade humana em todos os lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos como um padrão comum de conquistas para todos os povos e todas as nações”, disse Audrey. “Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados de condições básicas de subsistência e de oportunidades. Movimentos populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala sem precedentes. A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável promete não deixar ninguém para trás __ e os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso.” Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco lidera a educação em direitos humanos para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e os direitos dos outros https://nacoesunidas.org/unesco-declaracao-dos-direitos-humanos-chegaaos-70-anos-em-meio-a-desafios-crescentes/ Acesso em: 3 de abril de 2018 (adaptado)
Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora-geral da Unesco aponta, como estratégia para esse fim, a a) Inclusão de todos na Agenda 2030 b) extinção da intolerância entre os indivíduos. c)
discussão desse tema desde a educação básica.
Os consultores internacionais, especialistas em elaborar relatórios sobre a miséria, talvez não tenham em conta o impacto dramático da destruição dos laços familiares e das relações de entreajuda. Nações inteiras estão tornando-se “órfãs”, e a mendicidade parece ser a única via de uma agonizante sobrevivência. COUTO, M. E se Obama fosse africano? & outras intervenções. Portugal: Caminho, 2009.
Em uma leitura que extrapola a esfera econômica, o autor associa o acirramento da pobreza à a) Afirmação das origens ancestrais. b) Fragilização das redes de sociabilidade c)
e) Globalização das tecnologias de comunicação. 28. Em 1996, a Presidência da República criou o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) sobre a População Negra. Desse grupo nasceu a primeira definição do que sejam ações afirmativas.Veja a definição: Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. GTI/População Negra. Brasília: Ministério da Justiça/Secretaria de Direitos Humanos, 1996. p. 10.
e) promoção da dignidade humana em todos os lugares
Formação de leitores e construção da cidadania, memória e presença do PROLE. Rio de Janeiro: FBN, 2008.
Padronização das políticas educacionais.
d) Fragmentação das propriedades agrícolas.
d) conquista de direitos para todos os povos e nações.
26. (Enem, 2011) No Brasil, a condição cidadã, embora dependa da leitura e da escrita, não se basta pela enunciação do direito, nem pelo domínio desses instrumentos, o que, sem dúvida, viabiliza melhor participação social. A condição cidadã depende, seguramente, da ruptura com o ciclo da pobreza, que penaliza um largo contingente populacional.
CAPÍTULO 3
Considerando o conceito apresentado, sobre as ações afirmativas afirma-se que elas são a) estratégias de ação governamental que buscam eliminar as diferenças, em nome do princípio da igualdade fundamental. b) estratégias de ação política por meio das quais o Estado pretende fortalecer a consciência das vítimas para a necessidade da luta por emancipação.
Ao argumentar que a aquisição das habilidades de leitura e escrita não são suficientes para garantir o exercício da cidadania, o autor
c)
a) critica os processos de aquisição da leitura e da escrita.
d) medidas históricas especiais e temporárias, no intuito de eliminar ou minimizar as injustas desigualdades culturalmente construídas.
b) fala sobre o domínio da leitura e da escrita no Brasil. c)
incentiva a participação efetiva na vida da comunidade.
d) faz uma avaliação crítica a respeito da condição cidadã do brasileiro. e) define instrumentos eficazes para elevar a condição social da população do Brasil. 27. (ENEM 2018) Em algumas línguas de Moçambique não existe a palavra “pobre”. O indivíduo é pobre quando não tem parentes. A pobreza é a solidão, a ruptura das relações familiares que, na sociedade rural, servem de apoio à sobrevivência.
expressões da justiça como equidade, uma vez que o Estado vem em auxílio das minorias que são naturalmente mais fracas e impotentes.
e) medidas necessárias, que integram essencialmente o sistema democrático, pois nele as diferenças sociais tendem a aumentar. 29. Cultura é a dimensão qualitativa de tudo que cria o homem. E o que tem sentido profundo para o homem é sempre qualitativo [...] Os objetos de arte, pelo fato de que incorporam uma mensagem que nos toca a sensibilidade, a imaginação, com frequência respondem a necessidades profundas de nosso espírito, aplacam nossa angústia de seres a um só tempo gregários e solitários. O homem, com seu gênio criativo,
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CAPÍTULO 3
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA dá significação às coisas, e são essas coisas impregnadas de significação que constituem a nossa cultura. FURTADO, Celso. Ensaios sobre Cultura e o Ministério da Cultura. Organização Rosa Freire d’Aguiar Furtado. Rio de Janeiro: Contratempo: Centro Internacional Celso Furtado, 2012. p.51.
Na antropologia cultural, existe um profundo trabalho de interpretação e análise da vida e dos hábitos de tribos e comunidades, em busca da compreensão da densidade e da complexidade de seus modos de vida. Tal procedimento de contato entre pesquisador e pesquisado, com o objetivo de captar valores e crenças do grupo cultural pesquisado, a partir dos seus comportamentos cotidianos, recebe o nome de etnografia. Os dois termos gregos que compõem a palavra são etno (povo, grupo cultural) e grafia (escrita). O pesquisador necessita fazer a experiência participante, vivida no interior daquela rede de relações e símbolos que caracteriza a comunidade local. (MEIER, Celito. Sociologia. ( no prelo)
A partir desses fragmentos, considerando a dimensão cultural do ser humano e os procedimentos de pesquisa cultural, infere-se que a) A cultura pode ser reconhecida especialmente observando-se o caráter quantitativo das obras produzidas pelos grupos sociais. b) A cultura representa uma dimensão antinatural do ser humano, que é essencialmente solitário e individualista, indisposto à dimensão coletiva c)
A etnografia é um procedimento metodológico da sociologia e da antropologia cultural, que consiste em publicar a memória dos povos.
d) A antropologia busca o conhecimento da identidade de uma cultura mediante a experiência participante, na qual o pesquisador mergulha no centro da comunidade e participa de sua vida. e) Os valores são criações subjetivas e somente como tal devem sempre ser vistos, uma vez que naturalmente não existem valores. 30. A história das relações entre o Estado brasileiro e sociedades indígenas no Brasil tem um percurso em que se podem reconhecer dois paradigmas: o paradigma da assimilação, da dominação e homogeneização cultural, e o paradigma do pluralismo cultural, ou melhor, a perspectiva de reconhecimento, da afirmação de uma sociedade nacional multilíngue e pluricultural, vislumbrada pelos princípios constitucionais a partir de 1988. GUIMARÃES, Susana Martelletti Grillo. A aquisição da escrita e diversidade cultural: a prática de professores Xerente. Brasília: FUNAI/DEDOC, 2002.
A Constituição Brasileira reconhece aos índios o direito à diferença, isto é, à alteridade cultural, rompendo com a postura com que sempre procurou incorporar e assimilar os índios à "Comunidade Nacional" e que os entendia como categoria étnica e social transitória, fadada ao desaparecimento certo. DIRETRIZES para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena. Brasília: MEC, SEF, 1993. (Cadernos educação básica. Série institucional)
A partir desses fragmentos, infere-se que
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a) o paradigma que sinaliza a atual relação do Estado Brasileiro com os povos indígenas é marcado pela assimilação e pela homogeneidade cultural. b) o modelo que atualmente predomina na política de Estado é o que busca reconhecer e afirmar a língua brasileira como elemento essencial da identidade nacional. c)
os povos indígenas estão se encaminhando para serem integrados à civilização, condição previa para a afirmação de sua dignidade.
d) a concepção que predomina nas culturas ocidentais contemporâneas alimenta a ideia da progressiva extinção dos povos indígenas. e) a tendência na política do Estado brasileiro caminha na direção do reconhecimento da diversidade dos povos e das expressões culturais que constituem a nação brasileira. 31. Um povo primitivo não é um povo ultrapassado ou atrasado; num ou noutro domínio pode demonstrar um espírito de invenção e realização que deixa aquém os êxitos dos civilizados. LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Tradução e Coordenação de Maria do Carmo Pandolfo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 122
Quando vemos hoje um índio vestindo bermudas, boné e camiseta de time de futebol, é fácil acusá-lo de ter “abandonado” sua identidade cultural. Esquecemo-nos, porém, que essa identidade cultural não é uma essência pura, que deve ser supostamente “preservada”, e sim um modo de se construir socialmente. Assim, seria melhor vermos a identidade cultural indígena como um conceito em disputa, sujeito a interações com outros grupos sociais e à própria interpretação feita pelos povos indígenas contemporâneos sobre suas origens e suas estratégias políticas MAIA, João Marcelo Ehlert; PEREIRA, Luis Fernando Almeida. Pensando com a Sociologia. Rio de janeiro: Editora FGV, 2009. p. 82
Com base nesses fragmentos e considerando outras informações relacionadas ao teor dessa reflexão, segue que a) no senso comum já existe uma visão que compreende a cultura indígena em sua e complexidade e dinamicidade histórica. b) posturas evolucionistas e etnocêntricas leram e conceberam as culturas dos povos indígenas como culturas atrasadas, ainda não civilizadas. c)
historicamente, a visão que predomina sobre os povos indígenas é a que os compreende e reconhece como uma etnia brasileira em construção.
d) vem se consolidando no imaginário nacional a consciência da relatividade e da provisoriedade das formas históricas de expressão da identidade indígena. e) cresce a consciência popular de que as culturas indígenas, historicamente vistas como atrasadas, tem aspectos mais evoluídos do que muitos na chamada “civilização”.
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
32. É possível controlar os desvios institucionais? De acordo com a visão de Émile Durkheim, os desvios institucionais são normais na vida social [razão de sua proibição] (...) Os desvios institucionais produzem a ineficiência do Estado e, por conseguinte, má alocação dos recursos públicos.(...). O primeiro elemento central é controlar o poder do Estado e proibir a existência de qualquer forma de privilégio ou abuso de poder.(...) É essencial para o controle dos desvios institucionais a existência de mecanismos democráticos presentes no império da lei O Estado deve adotar princípios fundamentais, como o princípio da publicidade, da moralidade e do dever de ofício de funcionários públicos e agentes privados. Da mesma maneira, é fundamental a participação dos cidadãos nos processos decisórios do Estado, bem como no acompanhamento da implementação de suas politicas públicas. DIMENSTEIN, Gilberto. Dez lições de sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008. P.211
A partir desse texto, relacionando democracia e cidadania, a organização da vida social deve a) considerar que os governantes, uma vez eleitos, tem plena autonomia para exercerem os poderes, na confiança de seus governados. b) interpretar o principio da publicidade como a necessária vinculação dos meios de comunicação à esfera estatal. c)
partir do principio de que o governante é soberano para legislar e aplicar a lei em conformidade com as orientações de sua consciência
d) obedecer ao princípio da soberania popular na implantação da Vontade Geral, ao serviço da qual os funcionários do Estado devem estar subordinados. e) ser regulada pelo regime democrático, pois este defende o princípio da liberdade contra qualquer dispositivo legal restritivo da liberdade individual. 33. A doutrina democrática repousa sobre uma concepção individualista de sociedade [...] Isso explica por que a democracia moderna se desenvolveu e hoje exista apenas onde os direitos de liberdade foram constitucionalmente reconhecidos. [...]. Não há dúvida de que a democracia tenha nascido da concepção individualista, atomista, da sociedade. Não há também dúvida de que a democracia representativa nasceu do pressuposto (equivocado) de que os indivíduos, uma vez investidos da função pública de escolher os seus representantes, escolheriam os melhores. BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 23 e 154.
Com base nesse fragmento, sobre a natureza e as históricas realizações da democracia, infere-se que a) a natureza humana é essencialmente politica e social, razão pela qual a democracia é a forma equivoca de governo. b) a naturezas humana é racional e política, razão pela qual a consciência amadurecida pela reflexão buscará os melhores representantes para a coletividade.
c)
CAPÍTULO 3
a consciência política e os ideias do bem comum são dimensões estranhas à natureza da democracia e do estado democrático de direito.
d) em nome da democracia, exalta-se o individualismo e os esforços políticos convergem para a afirmação da liberdade e dos direitos individuais. e) o liberalismo é uma visão sistêmica da realidade social que caminha na contramão de um Estado ou sistema democrático de governo. 34. Na contramão das tendências dominantes, as políticas de orçamento participativo permitem fortalecer os direitos de cidadania e resgatar a importância do espaço político e o significado dos interesses públicos, e dão início a um processo de reforma radical do Estado centrada numa esfera pública renovada ___ nem estatal, nem privada: pública [...]. Trata-se de reformular a relação dos governos com a cidadania, de colocar as estruturas de governo sob controle direto da população, de levar a cabo uma tentativa de mobilização permanente dos cidadãos, apontando para outra forma de Estado, na prática incompatível não apenas com os modelos políticos liberais, mas com a própria dinâmica do capitalismo, ainda mais em sua fase neoliberal, em que os mecanismos de mercado e de liberdade da propriedade privada primam sobre tudo. SADER, Emir. Para outras democracias. In: SANTOS, Boaventura de Souza (Org.) Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2009. P. 670.
Com base nesse fragmento, considerando as exigências e o desafio da construção de uma nova forma de Estado e governo, afirma-se que a) a forma de Estado essencialmente presente no modelo liberal caminha na direção da promoção das liberdades individuais e da justiça social. b) a estrutura e a dinâmica do capitalismo, em sua fase neoliberal, universaliza o acesso aos direitos individuais, especialmente ao da propriedade privada. c)
a população deve exercer o controle absoluto e direto das contas públicas do Estado, sob o risco de se perder o autêntico sentido da democracia.
d) o grande desafio é caminhar na direção de uma democracia verdadeiramente representativa dos interesses da população. e) o orçamento participativo é exemplo de política que possibilita uma conversão do Estado, tornando-o público, aberto e acessível ao cidadão. 35. A desagregação do regime escravocrata e senhorial operou-se, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado ou a Igreja ou outra qualquer instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objetivo prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto viu-se convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
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TRODUÇÃO À FILOSOFIA FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus /Edusp. 1970. p.1
Segundo cálculos da Comissão Pastoral da Terra, no Brasil, 25.000 pessoas, a maioria homens semi-analfabetos, entre 25 e 40 anos de idade, trabalham em condições subumanas, sem acesso a água potável, alojamento, salário e com o cerceamento de outro direito básico: o da liberdade. [...]. http://reporterbrasil.org.br/2006/09/escravos-do-seculo-XXI. Acessado em 20/09/2013.
Com base nesses fragmentos, sobre o fenômeno do trabalho escravo no Brasil e as implicações do processo de desagregação do regime escravocrata infere-se que a) a Igreja foi a única instituição que deu apoio e proteção aos escravos libertados, assegurando-lhes as condições mínimas para a subsistência de uma vida humana. b) desde que a Princesa Isabel assinou a lei áurea pondo fim à escravidão no Brasil, o Estado Brasileiro tem se empenhado em erradicar efetivamente o trabalho escravo no Brasil. c)
o escravo negro, quando libertado, pode assumir com autonomia moral a construção de sua história e a assistência material de seus dependentes.
d) há uma profunda relação entre a situação atual na qual se encontram negros e brancos no Brasil e a forma como foi feita a desagregação do regime escravocrata. e) os contrastes étnicos ainda hoje existentes no Brasil devem-se ao fato da diferença e da desigualdades naturais que existem entre os seres humanos. 36. A desigualdade é a marca mais expressiva da sociedade brasileira e apresenta-se como um fenômeno multidimensional, transversal e durável. O perverso resultado que ela produz está associado a um pronunciado estiramento da estrutura social e tem impacto sobre questões tão relevantes quanto o destino da democracia, a exposição ao risco fatal e a realização da justiça social. Como uma construção social, ela depende das circunstâncias e das escolhas realizadas ao longo da história de cada sociedade. Todas as sociedades atuais experimentam desigualdades, que se apresentam em diversas formas: poder, riqueza, renda, prestígio, entre outras; e as suas origens são tão variadas quanto as suas manifestações. O que torna o Brasil um caso especial é a sobrevivência de desigualdades históricas em meio a um processo de modernização acelerado. Mais ainda, nossos níveis de desigualdade de renda são extremamente elevados, até mesmo para um continente tão desigual quanto a América Latina. SCALON, Celi; SANTOS, José Alcides Figueiredo. Desigualdades, classes e Estratificação Social. In: Horizontes das ciências sociais no Brasil: sociologia. São Paulo: ANPOCS, 2010. P. 79.
Com base nesse fragmento, sobre o fenômeno da estratificação e da desigualdade existente no Brasil afirma-se que a) a estratificação e a desigualdade são fenômenos universalmente presentes nos sistemas democráticos, uma vez que os homens livres são desiguais. b) a realização da justiça social no Brasil não é incompatível com a desigualdade social, uma vez que os projetos e os esforços individuais são muito diferentes.
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c)
a desigualdade é uma realidade social multidimensional, transversal e durável, pois é expressão da condição humana.
d) a desigualdade que existe no Brasil é diferenciada em relação à mundial, pois aqui o elemento religioso é decisivo para a sua aceitação. e) o contraste que existe no Brasil entre modernização e desigualdade desvela a estrutura injusta que perdura no país e que produz a estratificação social. 37. (Uel 2012) Leia O ser humano, no decorrer da sua existência na face da terra e graças à sua capacidade racional, tem desenvolvido formas de explicação do que há no intuito de estabelecer um nexo de sentido entre os fenômenos e as experiências por ele vivenciados. Essas vivências, à medida que são passíveis de expressão através das construções simbólicas contidas na linguagem, apresentam um caráter eminentemente social. (HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: Edições Cefil, 1999. p.13.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, assinale a alternativa correta. a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade. b) As construções simbólicas se valem do apreço instrumental e do valor mercantil. c)
A importância do simbólico na sociedade decorre de sua adequação aos parâmetros funcionais e técnicos.
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à forma como o homem assegura sentido à realidade. e) A forma de expressăo dos elementos simbólicos na arena social deve atender a uma utilidade prática 38. Se considerarmos a globalização da nossa economia e o excesso de contingente da população empobrecida nos grandes centros urbanos, percebemos que as condições para a permanência da escravidão estão dadas. A mão-de-obra barata está fartamente disponível como estratégia e fruto do próprio sistema que dela se alimenta. Esse fenômeno recebe o nome de dumping social; ou seja, a atitude praticada por Estados ou governos que consiste em reduzir drasticamente o custo da mão de obra, praticando salários de miséria e condições desumanas de trabalho, para assim fazer com que seus produtos alcancem o mercado internacional com preços bem competitivos. O custo social disso é alto. [...] Considerando somente os últimos 500 anos da civilização ocidental, facilmente percebemos que os modos de produção e de dominação que determinados países exercem sobre outros cria, alimenta e aumenta o fosso entre a riqueza e a pobreza no mundo. A economia mundial que conhecemos está na raiz da atual situação de desigualdade entre os povos, desde o colonialismo presente na expansão europeia, especialmente de Portugal e Espanha, iniciada século XV. Com sua economia mercantilista e com sua política imperialista, criaram e dominaram colônias, a serviço do enriquecimento das metrópoles. Inúmeras foram as práticas que criaram e alimentaram depen-
TRODUÇÃO À FILOSOFIA Ciências Sociais em Temas
CAPÍTULO 3
dências de toda espécie da colônia em relação à metrópole, que ainda hoje perduram na economia, na tecnologia, na política etc. MEIER, Celito. Sociologia. ( No prelo)
Com base nesse trecho, considerando as formas contemporâneas de escravidão, infere-se que a)
o dumping social é uma estratégia politica e economia internacionalmente praticada com vistas em corrigir distorções históricas.
b)
a fenômeno da globalização que passou a caracterizar a economia mundial é a grande oportunidade histórica de erradicar a escravidão contemporânea.
c)
a história da civilização ocidental revela que a escravidão é, essencialmente, um fenômeno resultante da natural agressividade dos indivíduos em sua ânsia por poder.
d)
historicamente, a escravidão é uma expressão social e política vinculada a paradigmas econômicos, que subsistem alimentando perversos vínculos de dependência.
e)
a escravidão é uma realidade contemporânea que subsiste, especialmente, devido à acentuada concentração da população nos grandes centros urbanos.
GABARITO 1
C
11
C
21
D
31
B
2
D
12
E
22
B
32
D
3
B
13
E
23
C
33
D
4
A
14
D
24
E
34
E
5
D
15
B
25
C
35
D
6
C
16
D
26
D
36
E
7
D
17
D
27
B
37
D
8
A
18
E
28
D
38
D
9
E
19
B
29
D
10
E
20
E
30
E
Curso Enem 2019 | Sociologia
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