Elites negras Angela Figueiredo Cláudio Alves Furtado
Em toda sociedade de administração colonial, as primeiras elites eram essencialmente um desdobramento da elite metropolitana e tinham por função fundamental assegurar, a par da instituição militar e da Igreja, a concretização do empreendimento colonial mediante a estruturação política, econômica, social e administrativa. De modo especial, na colonização portuguesa, as elites mantiveram um conjunto de privilégios comerciais e fiscais como forma de facilitar e mesmo assegurar a implantação e efetivação da empresa colonial. Como destacou Ricupero (2009), a formação da elite no Brasil colônia resulta de um jogo de alianças políticas que envolvem a doação de terras, títulos nobiliárquicos, cargos e de outros mecanismos de troca de favores que refletem o imbricamento entre domínios da esfera pública e privada durante a expansão colonial. Do mesmo modo, desde a colonização que os cargos no funcionalismo público eram resultantes de recompensas por serviços prestados. O que acabou por produzir uma vinculação estreita entre a elite e o governo. Contudo, refletir acerca da formação de elites negras na África e no Brasil não é uma tarefa fácil e a sua complexidade torna-se evidente diante da ausência de estudos diretamente voltados para o tema, ou seja, pesquisas não somente destinadas à compreensão de mecanismos de mobilidade visto que essa análise já é comumente realizada. 131