Língua Omar Ribeiro Thomaz Sebastião Nascimento
A busca por uma definição objetiva de língua nos levaria certamente à linguística. Ferdinand de Saussure (1857-1913), em seu Curso de Linguística Geral (1913), define língua como, primordialmente, um instrumento de comunicação. Para esse autor pioneiro, existe uma arbitrariedade linguística fundamental: o pensamento, considerado anterior à língua, não seria mais que uma massa amorfa, uma nebulosa, um código no interior do qual teríamos estabelecida uma correspondência entre imagens auditivas e conceitos. A fala, por sua vez, seria sua utilização ou, em outras palavras, a atualização desse código pelos falantes. No limite, para o linguista, a língua existiria de forma independente dos sujeitos falantes. As assertivas de tantos outros autores do campo da análise linguística que se esforçaram em destacar a ampla incidência de fatores sociais e históricos na criação, consolidação e desenvolvimento dos códigos linguísticos nos levam na direção do enfoque que assume a língua como uma construção histórica, social e política. A língua portuguesa pode ser um bom exemplo dos distintos sentidos e usos que pode ganhar um código que, em períodos históricos específicos e em geografias distantes, é definido como sendo uma mesma língua. Exploraremos aqui, sem qualquer propósito exaus-
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