Raça Livio Sansone
O termo raça é antigo na língua portuguesa, cunhado pela primeira vez no dicionário Vocabulário portuguez e latino do clérigo Raphael Bluteau, publicado em oito volumes, entre 1712 e 1728. De acordo com o verbete: “Raça/casta. Dize-se das espécies de alguns animaes, como cavallos, cães etc. Fallando em gerações se toma sempre em má parte. Ter raça (sem mais nada) vai o mesmo que ter raça de mouro ou judeu. (volume VII, p. 86) No Diccionario da Língua Portuguesa de Antonio de Morais Silva, publicado em 1789, o termo raça encontra-se associado, sobretudo, à raça de animais ou, mais simplesmente, à raça humana. Em outra acepção, raça é equivalente a casta, espécie ou nação (p. 347), definindo uma classe, como por exemplo, raça de fidalgo (p. 493), ou indicando uma incipiente associação da raça com fenótipo (p. 545), isto é, “ter raça é ter sangue de mouro ou judeu”. No Diccionario da lingua brasileira, de Luiz Maria da Silva Pinto, publicado em 1832, o termo raça aparece muito singelamente na página 889 como equivalente a casta. Na época dos Lumes, entre os ideólogos franceses, o termo raça adquire dimensão universalista, sendo empregado para designar a espécie ou raça humana, embora sendo acentuados os diversos graus de civilização. Foi somente a partir da segunda metade do século XIX
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