método fônico
método fônico é A solução utilizAdo pelos colégios mAcKenzie, o método de AlfAbetizAção entende Que os sons dA fAlA podem ser representAdos por letrAs e A criAnçA Aprende, grAdAtiVAmente, o uso dA seQuÊnciA de letrAs e pAdrÕes dA ortogrAfiA, pArA reconHecer As pAlAVrAs VisuAlmente. resultAdo: A mAioriA dAs criAnçAs cHegA Ao finAl do Ano lendo e escreVendo
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aluna do Colégio Mackenzie São Paulo, Beatriz Ribeiro Gervastoske, de 6 anos, está no Jardim II e tem Síndrome de Down. Muitos acreditavam que ela teria dificuldades na alfabetização, porém, seu desempenho mostra um resultado bem diferente. Sua professora, Myriam Pisati, conta que ela acompanha a turma sem dificuldades e apresenta um resultado excelente. “A Bia é tratada igual aos outros alunos e ela mostrou que tem vontade de aprender. Percebi que precisava soltá-la e a grande mola condutora para o seu desenvolvimento foi o fato dela perceber que já sabia escrever seu nome. Quando isso aconteceu, ela se sentiu pertencente ao grupo e deslanchou. A Bia contribui muito durante a aula, é a primeira a mostrar qual é a letra correspondente ao som que pronunciei”, conta Myriam. A alfabetização da Beatriz acontece por meio do Método Fônico, que é utilizado nos Colégios Mackenzie. A professora Myriam já trabalhou com outros, mas foi surpreendida pelos resultados obtidos. “Confesso que tive resistência em aceitar o método. Minha orientadora pedagógica, Cilma-
ra Ferrari, teve influência nesse meu novo olhar. Fui pesquisar, procurei teorias e realmente percebi que funciona. A maioria das crianças chega ao final do ano lendo e escrevendo”. A professora Myriam conta que a Beatriz acompanha a turma sem dificuldades
os diferentes métodos de AlfAbetizAção A questão da alfabetização é algo polêmico no Brasil. Existem dois métodos para o ensino da leitura e escrita: o ideovisual e o fônico. No nosso país, o método mais usado é o ideovisual. Porém, muitos estudos científicos mostraram que a criança alfabetizada pelo método fônico aprende a ler de forma mais rápida e eficiente. Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, como o ideovisual, mostraram-se ineficazes. No ideovisual, o MEC recomenda que se dê o texto à criança e afirma que não há necessidade de ensinar a converter letras em sons e sons em letras. Além disso, diz que o professor deve aceitar tudo o que a criança escreve como uma produ-
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ção legítima. O professor não pode ensinar ou corrigir ao longo do processo. O MEC acredita que a criança aprende a ler e escrever praticamente sozinha, basta ter livros. No Método Fônico, a criança entende a correspondência entre a escrita e a oralidade. Entende que os sons da fala (fonemas) podem ser representados por letras (grafemas) e aprende, gradativamente, o uso da sequência de letras e padrões da ortografia, para reconhecer as palavras visualmente. A Língua Portuguesa é um idioma fonético, portanto, quanto mais próxima for a correspondência da letra com o som, mais fácil será para a criança apropriar-se da escrita. Os Colégios Mackenzie utilizam este método nos materiais didáticos do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e no Sistema de Ensino Ediouro Mackenzie (SEEM). Segundo Débora Muniz, gerente da Educação Básica dos Colégios Mackenzie, o Método Fônico foi escolhido pelo fato de acreditarem na sua eficiência no processo de alfabetização. “É importante lembrar que antes que ocorra a alfabetização, a criança é exposta à linguagem falada e é necessário que ela entenda a funcionalidade da língua. É desejável que ela aprenda a fazer a leitura de mundo, para inserir-se no grupo”, explica Débora.
O trabalho com o método fônico é completo. Ele desenvolve diferentes habilidades, os sentidos, o olhar para os variados textos por estar alinhado ao letramento, a compreensão e a funcionalidade da escrita. Ele trabalha voltado para o acerto, para a escrita formal da língua materna. De acordo com Márcia Régis, coordenadora do SEEM, outro fator que minimiza o erro na alfabetização é a rota fonológica que é trabalhada com a criança. “Primeiro há a leitura da palavra. Neste momento, o aluno pensa em cada fonema separadamente. Essa prática vai auxiliar no desenvolvimento da habilidade de leitura que, aos poucos, torna-se mais eficiente. A criança sempre fará essa rota e verificará se está faltando uma letra no momento da escrita.” polÊmicA A alfabetização é o período em que é preciso garantir a compreensão e o entendimento da língua. O Brasil ficou muitos anos procrastinando o aprendizado, isto é, se a criança não aprendeu agora, vai aprender no próximo ano. Porém, há muitas crianças no Ensino Fundamental sem o domínio da língua portuguesa. Segundo o teste de compreensão da leitura, PISA, que é o teste dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômi41
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co (OCDE), os países que aparecem nas primeiras colocações, como Finlândia e Inglaterra, utilizam o método fônico. Também a França, Canadá e Israel adotam o método e têm obtido ótimos resultados. Já o Brasil, que utiliza o método ideovisual, aparece nas últimas colocações. Para Márcia, o Método Fônico acaba reparando algumas questões que a alfabetização no Brasil tem sofrido. “Se olharmos a história da alfabetização no nosso país, o método fônico já foi utilizado, mas não da forma que é apresentado hoje. Na década de 70, existiam métodos fônicos que eram baseados em cartilhas. Eles eram muito criticados, porque focalizavam o ensino do fonema com questões que incomodavam a alfabetização como um todo. Por exemplo: se eu ensinasse a letra “F”, eu não podia falar o nome da letra, só o som da letra. E na cartilha, a letra “F” era associada a um guarda-chuva por conta do fonema. Porém, a criança associava que o guarda-chuva começava com a letra “G”. Além deste conflito, algumas crianças ficavam com vícios dos sons e os carregavam além da alfabetização. Essa lembrança traz algo ruim sobre o método fônico. Por isso há tanta resistência para a aceitação do novo”. Esta nova apresentação do método fônico está muito vinculada à neurociência. Estudos comprovam que quando há uma metodologia, um conceito que é repetido e interiorizado devagar, ela é mais eficaz para o ensino do que um método global, que apresenta apenas um texto. “Hoje sabemos que o caminho que ele traça é o melhor caminho para que o cérebro compreenda a estrutura da língua. Diferente dos métodos globais, que hoje são os mais divulgados no Brasil, e que estão ligados ao construtivismo. Hoje trazemos uma nova perspectiva do método, que ensina para a criança que a letra tem um nome e um som. Esse som está ligado a outros contextos. Também apresentamos as diferenças regionais, por isso a diferença no som de uma mesma letra”, defende Márcia. Alfabetização eficiente e integrada No material do SME e do SEEM, todas as disciplinas são integradas. Márcia explica que a alfabetização não é feita apenas com a Língua Portuguesa, mas também com todas as outras disciplinas. “A criança está em um mundo único e complexo. Então, é preciso integrar o movimento e o desenvolvi-
tiago tepasse
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mento das habilidades motoras (Educação Física), o olhar atento e investigativo para o mundo (Ciências), o raciocínio lógico (Matemática) e as noções de espaço e tempo (Geografia e História). A criança observa que a leitura e a escrita são ferramentas em todas as situações. Tudo isso contribui para uma alfabetização integral. É o ensino da língua materna como instrumento para a compreensão de todas as outras disciplinas, com um olhar mais integrado”. A busca pela alfabetização eficiente também é muito importante. “Não adianta fazermos um trabalho de alfabetização em que a criança chegue ao segundo ano do Ensino Fundamental e não saiba ler. É preciso perceber como as crianças estão evoluindo nisso. É importante darmos para a sociedade um resultado positivo”, ressalta Márcia.
Márcia Régis, coordenadora doSEEM, o Método Fônico trabalha voltado para o acerto, para a escrita formal da língua materna
Resultados Hoje, o SME já atinge mais de uma centena de escolas no Brasil. Segundo Débora Muniz são muitos os resultados positivos que os alunos dos Colégios Mackenzie apresentam. “Podemos destacar alguns fatores como a facilidade para identificar os sons e estabelecer a correlação com os grafemas correspondentes; a escrita espontânea acontece muito naturalmente, pois as crianças não têm medo de errar; o nível de ansiedade é baixíssimo e todos os nossos alunos chegam ao primeiro ano alfabetizados, fruto do trabalho realizado na Educação Infantil”. Não é o objetivo do Jardim II, classe onde a Bia estuda, que os alunos terminem o ano lendo e escrevendo. Porém, a maioria da turma termina o ano assim. “Nós temos uma meta que é o silábico alfabeto, isto é, quando a criança já está quase escrevendo uma palavra por inteiro, com algumas trocas ortográficas. Com o método fônico, conseguimos reduzir essas trocas. Além disso, nos últimos quatro anos tivemos 80% das turmas alfabetizadas no final do período letivo”, comemora Myriam Pisati.
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