Acontece - ed. 235

Page 1

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - ANO XXI - ED. 235 - ABRIL / 2021

BAIRRO CONVIVE COM GRAFITES E PICHAÇÕES - 7 LEIA TAMBÉM:

O NOVO VALE DO ANHANGABAÚ - 2 JOVENS DEFENDEM MEIO AMBIENTE - 3 ESCADAS ABRIGAM ARTE E CULTURA - 4

MUITO PREJUÍZO Estabelecimentos comerciais próximos à Universidade Presbiteriana Mackenzie reclamam dos prejuizos causados pela pandemia. 8

CAMPANHA DE ONG AJUDA CRIANÇAS - 6 A VEZ DOS COSMÉTICOS ORGÂNICOS - 9


O novo Vale do Anhangabaú O Vale do Anhangabaú vem recebendo críticas desde que foi anunciada a sua revitalização. A reforma, que inicialmente custaria 80 milhões, já ultrapassa a quantia de R$ 94 milhões Henrique Liva Dayane da Silva Nascimento

V

endido como a ‘nova paulista’, o projeto pensado e arquitetado ainda na gestão Haddad foi posto em prática pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), que em entrevista ao portal IG afirmou que obras como essa atraem recursos em momentos de retomada econômica. O projeto prevê que bares, restaurantes, cafés, galerias, entre outros estabelecimentos sejam construídos na região para movimentar o espaço. Não apenas o lado econômico da região será afetado com a revitalização do Vale do Anhangabaú, mas o lado dos moradores e comerciantes que conviviam diariamente com a falta de segurança e o total esquecimento da prefeitura pelo local. Para aqueles que transitam diariamente pela região a obra não era de extrema urgência e tão pouco teve um resultado satisfatório principalmente com a retirada das árvores, uma das referências do Vale, como afirmou Marcos Leandro da Costa, 46, frequentador da região desde 1988. Tendo como principal característica as árvores e a vegetação que atraia a atenção de quem passava em meio aos grandes prédios cinzas, o Vale do Anhangabaú perdeu sua “vida” e distinção singular. Com poucas árvores e um grande corredor de cimento o local ganha com um espaço amplo para eventos que certamente movimentarão mais o comércio ao redor. “Muitos que fazem os eventos na praça Ramos, irão migrar para o Vale do Anhangabaú”, disse Marcos ao ser questionado se com a revitalização o espaço se tornaria um novo polo cultural da cidade. Com adiamentos seguidos na data de entrega, a revitalização no

Vale do Anhangabaú fica a cada dia mais difícil de se defender, com o estouro de mais de R$14 mi no orçamento e 30 fontes de água coloridas o projeto parece longe de se estar concluído e podendo custar alguns milhões a mais nos cofres paulistanos. Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

Jornal-Laboratório dos alunos do 2o semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As reportagens não representam a opinião do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mas dos autores e entrevistados.

Acontece • 2

Diretor do CCL: Marcos Nepomuceno Coordenador do Curso de Jornalismo: André Santoro Supervisor de Publicações: José Alves Trigo

Editor: José Alves Trigo Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 100 exemplares.


Jovens em defesa do meio ambiente Conferência mundial coloca jovens na linha de frente do combate às mudanças climáticas

Jovens na Conferência Juvenil de Soluções da ACM Beatriz Ferro

A

Conferência Juvenil de Soluções, iniciativa da Aliança Mundial das ACMs, reuniu mais de 600 jovens de aproximadamente 50 países nos dias 19 e 23 de outubro, em uma plataforma digital, com o objetivo de discutir e criar soluções climáticas, alinhadas à Agenda 2030 da ONU. A ACM/YMCA (Associação Cristã de Moços), uma organização global sem fins lucrativos, fundada em 1844, é um dos principais movimentos focados no empoderamento juvenil, promovendo uma variedade de programas sociais baseados nas prioridades locais, entre as áreas de saúde, empregabilidade, engajamento cívico e meio-ambiente. A iniciativa convidou jovens a se reunirem em grupos de soluções para o desenvolvimento de projetos ambientais dentro de suas comunidades, ou além dos limites geográficos. A programação incluiu palestras de treinamento para a aplicabilidade das soluções e alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Isso é sobre o seu futuro e a maneira como você pode impactar o futuro da humanidade”, disse o secretário geral Carlos Sanvee, no painel de abertura do dia 19. Em São Paulo, uma das 11 sedes da organização é localizada no bairro da Consolação, no centro da capital, e é responsável pela participação de sete jovens na conferência. O projeto paulista nomeado Jardim Orgânico propõe uma nova relação com os alimentos, como mediador entre a sociedade e o meio-ambiente, disse Mariana Nogueira, voluntária, estudante e integrante do grupo. Sob os princípios de sustentabilidade, preservação e ecologia, a solução não somente dispõe toda a produção ao Centro de Desenvolvimento Comunitário da ACM, como também estimula o diálogo sobre mudanças climáticas e o consumo de alimentos, completou. Alexis Milonopoulos, curador, escritor e doutorando no Programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da FMUSP, além de integrante do grupo de solução, ressaltou a importância da criação de um campo de escuta

Acontece • 3

para jovens e suas experiências ao redor do mundo, que permitem contato não somente com os efeitos das mudanças climáticas, como também contato com as soluções. Torna-se evidente a relação pedagógica envolvida nas esferas da educação ambiental, assim como o valor significativo de conduzir o diálogo no período do desenvolvimento cognitivo e pessoal. Logo, ofertar posições que permitam cultivar outras condições de experiências e percepções, em locais como as escolas públicas da capital, são essenciais. “Criar um projeto pedagógico envolve a própria composição com esses outros modos de existência, que vão colocar os problemas das mudanças climáticas e a relação do homem com a natureza de uma forma diferente”, afirmou Alexis. O evento aconteceria em julho, na Califórnia, em parceria com a Universidade de São Francisco. Contudo, foi adaptado ao formato virtual devido a pandemia de Covid-19. A problemática não interferiu nos trabalhos dos 80 grupos de soluções no decorrer da conferência.


A cultura feita nos degraus Site Girai

O evento ‘Escadaria do Jazz’ é um espetáculo com muita música, no Bixiga

E escadaria ocupada por participantes durante um evento que ocorreu em agosto de 2019.

Um dia de evento e ocupação da escadaria. Chiara Christina Santos Geia

C

om o surgimento da quarenteana, no ano passado, diversos encontros com aglomeração foram cancelados em toda a capital, e com o ‘Escadaria’ não foi diferente. Uma semana antes, no dia 14 de março, um dos eventos mais famosos do bairro do Bixiga já sofria com o momento delicado que o país começava a entrar, visto que cancelou o que seria o último presencialmente. Entretanto, a cultura envolvida no ‘Escadaria do Jazz’ ultrapassa a aglomeração em si e passa para a união da comunidade do bairro. A escadaria do Bixiga, construída em 1929 pelo prefeito José Pires do Rio, é o ponto de ligamento entre as ruas 13 de Mario e dos Ingleses, encontro entre a classe alta e baixa do bairro, e já foi utilizada para filmes, novelas e peças publicitárias, entretanto, o espaço por muito tempo ficou sem utilidade cultural. Assim, em 2014, os produtores Jaime Souza e Luiz Ernani se juntaram para a criação do ‘Escadaria do Jazz’, realizado na tradicional escadaria. A escadaria era ponto de usuário, tráfico de drogas, mal iluminada, um ponto de passagem que não havia passagem, então queríamos fazer com que um espaço cultural nascesse de

um lugar que estava degradado. Dessa maneira, o evento partiu do princípio de exploração cultural, de levar cultura, música e arte para a população, de um modo gratuito, afirma Luiz Ernani Nádia Garcia, administradora do site Portal do Bixiga, também comenta sobre a revitalização, “o ‘Escadaria do Jazz’ fez a escadaria renascer e fez com que a própria população do entorno olhasse para o espaço com mais carinho”, completa a ativista. Além desse novo olhar, o encontro foi capaz de unir culturalmente a população, ela finaliza contando que o evento vem despertando a comunidade para algo que está no DNA dos moradores, que é produzir cultura e receber pessoas. A realização do ‘Escadaria’, muito mais que só ajudar a transformar um local tradicional do bairro, contribuiu na economia da comunidade. Luiz explica que um dos motivos para o evento acontecer todo segundo sábado do mês, das 14h e encerrar cedo, às 20h, é para que o pessoal de outros bairros e cidades se sintam confortáveis e acolhidos para se espalharem pelo espaço cultural do Bixiga, aproveitando restaurantes, cantinas, bares e teatros. No entanto, a pandemia atrapalhou todos os planos de sequência do evento. “Como não temos dinheiro em caixa e não possuímos patrocí-

Acontece • 4

nio para cuidarmos do ‘Escadaria’ ao longo desse ano, preferimos não fazer e só iremos voltar quando liberarem uma vacina; quando começamos em 2014 iam apenas 30 pessoas, hoje em dia, num dia comum e tranquilo, mais de mil pessoas passam no evento, então é uma responsabilidade muito grande colocar todos no meio do bairro”, encerrou Luiz. O produtor complementa dizendo que a ideia é que, após o controle do vírus, o ‘Escadaria do Jazz’ não fique só no Bixiga, pois eles querem mapear outras escadarias e expandir o evento para as periferias. Por fim, mesmo com a suspensão das atividades presenciais, é essencial reconhecer a importância do ‘Escadaria do Jazz’, visto o que fez em uma área esquecida do bairro. Conforme argumentou Luiz, é um evento não só de música, mas um ato de cidadania.


Fim de ano sem grandes festas 2020 foi um ano em que as grandes festas de final de ano sumiram do calendário

Érika Ferreira Gama Luiza Carniel D’Olivo

O

ano de 2020 foi atípico, assim como as comemorações de fim de ano também. Quem gosta de um agito, infelizmente teve que se contentar com comemorações mais tranquilas, isso porque as “festas da virada” na grande capital, como na Av. Paulista, foram suspensas para evitar aglomerações, mas ainda assim o centro urbano tem muita coisa a oferecer no réveillon. De acordo com Paula Lima Lucatto - formada na área de Eventos, e trabalha como assessora, produtora e docente na Universidade Anhembi Morumbi – as expectativas para essas festas de fim de ano são boas para uma retomada, mas nunca se esquecendo das regras de segurança. “Como organizadora de eventos sei que as coisas precisam voltar, já estão voltando graças à Deus, con-

tudo é um aperto no coração. Queremos que volte para uma grande retomada na área, mas de fato não podemos criar muita expectativa, temos que viver um dia atras do outro, assim nós estaremos preparados para que as coisas tenham uma melhora, então as expectativas são pra 2021.” A famosa virada de ano na Avenida Paulista foi cancelada pela prefeitura, apesar de ser um símbolo de São Paulo, que era palco de inúmeras apresentações. Enquanto isso, outros restaurantes, como o Terraço Itália, situado no bairro da República, irão fazer suas festividades normalmente, mas claro com as devidas precauções. Uma outra opção é o Celebre Tivoli, um dos hotéis mais luxuosos de SP, situado na Consolação, também confirmou o réveillon com a presença de DJ, escola de samba, cartomantes e tarólogas pelo espaço prontas para fazer as previsões de 2021. E uma última opção, o Espaço Desmanche também confirmou uma festa open bar, com

Acontece • 5

queima de fogos. “Os programas mais seguros são em lugares seguros em que estabelecimentos com todas as normas em dia”, afirma Paula Lucatto. Assim, sendo festas grandes ou ambiente social, como casa de familiares e amigos, vale lembrarmos algumas dicas de segurança para não termos um aumento da contaminação: lave as mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool, mantenha pelo menos 1 metro de distância entre você e qualquer pessoa que esteja tossindo ou espirrando, evite tocar nos olhos, nariz e boca e se você tiver febre, tosse e dificuldade em respirar procure atendimento médico. E nunca se esqueça de seguir as instruções da sua autoridade sanitária nacional ou local. “Torcemos pela retomada com um propósito de segurança, mas nada adianta de comemorarmos hoje, se amanhã as pessoas não estarão nem vivas”, conclui Paula.


Campanha de shopping ajuda crianças Iniciativa que ajuda a financiar as atividades extracurriculares por meio de doações é incentivada em campanha no Shopping Pátio Higienópolis

Viagem proporcionada pelo projeto Pé na Areia levou 20 meninos e meninas do Centro da Criança e do Adolescente (CCA) da Unibes ao Guarujá. Maria Esteves

C

om mais de 100 anos de história, a instituição Unibes (União Brasileira Israelita do Bem Estar Social), realiza o projeto Adote um Futuro, destinado a ampliar a formação cultural de mais de 550 crianças em situação de vulnerabilidade social. Sensibilizados pelo Adote um Futuro, o Shopping Pátio Higienópolis realiza uma colaboração com a Unibes, afim de disseminar o projeto. A iniciativa, que completa 16 anos, é realizada por meio de doações financeiras mensais de R$140. O dinheiro arrecadado é destinado a práticas culturais, oferecidas pela Área da Criança e do Adolescente da Unibes, proporcionando atividades extracurriculares como: passeios à museus, teatros, cinemas, parques de diversão. “A Unibes acredita que o futuro das crianças depende de investimentos na área de educação e na área da cultura. Por isso, justamente, que foi criado esse projeto Adore um Futuro”, explica a jornalista e colunista social Joyce Pascowitch, que também

participa deste projeto, apadrinhando uma criança. Por conta do isolamento social, os recursos destinados ao Adote um Futuro estão sendo destinados para cestas básicas, kits de limpeza e higiene. A instituição continua com seu atendimento às crianças, porém de maneira remota, por meio de gravações, fotos e vídeo-chamadas. A Coordenadora de Marketing e Relacionamento do Shopping Pátio Higienópolis, Adriana Fernandes, explica como surgiu essa parceria: “acreditamos que a educação é um fator essencial para a construção de uma sociedade mais justa; então apoiar uma causa que promove atividades culturais, capacitação profissional e educação a jovens e crianças nos pareceu natural. Por isso, decidimos nos tornar parceiros do projeto.”. “Nós apoiamos a divulgação do projeto aos clientes presenciais e também entre aqueles que nos acessam pelos nossos canais de comunicação. Nosso objetivo em dar visibilidade ao projeto é ampliar o apoio, engajando a comunidade que frequenta o shopping a contribuir e transfor-

Acontece • 6

A convite do Projeto Time do Povo, cerca de 40 meninos e meninas CCA acompanharam o treino dos jogadores do Corinthians.

mar o futuro de crianças e adolescentes.”, informa Adriana. E acrescenta “Para nós, como empresa, acreditamos que seja importante deixar o individualismo em segundo plano. Estamos percebendo, mais do que nunca, a importância do coletivismo. É mais do que cuidar da sua casa, é cuidar também da sua calçada, da sua rua, atuar e ser parte do todo.”.


Pichação e arte nos muros do Higienópolis A expressão nas paredes do Higienópolis é uma questão discutida pelo governo e população

Paola Mercandante

N

os arredores do bairro, frases ofensivas e proibidas por lei estão por toda parte. Nos muros, orelhões e até nos ônibus, grandes letras e inscrições podem ser observadas. Estas são as pichações. Vindas dentro de um recipiente de aerosol, as tintas não se caracterizam somente pela difícil remoção. Representam também brigas entre gangues, e parte das relações de uma camada mais pobre da sociedade. As embalagens, hoje, são, supostamente, vendidas apenas a maiores de dezoito anos, e contém a inscrição “pichação é crime” nas embalagens. Por outro lado, grafiteiros e artistas profissionais deixam seus trabalhos estampados em muros e áreas destinadas ao exercício artístico. O grafite é uma forma mais complexa da agressiva pichação. É uma expressão presente em toda a história da humanidade, assim como a degradação acaba por ser também. “Acredito que ambas sejam importantes, tanto as pichações quanto

os grafites. São o reflexo da realidade do nosso país, e assim como não podemos apagar a história e a realidade dos fatos e das camadas sociais, estas expressões estão lá para nos lembrar das diferenças e dos acontecimentos que acontecem em nossa sociedade”, refletiu a estudante de Arquitetura e Urbanismo Maria Flávia Campos. Diferentemente do que muitos pensam, esta forma de expressão remonta da década de 60, concebida em meio a protestos de um movimento estudantil francês. Para os artistas, colorir as paredes da cidade serve também como ganha-pão. Empresas, e até moradores contratam os grafiteiros para que pintem muros antigos, e dêem um toque de arte em uma cidade onde o cinza é predominante. Durante o ano de 2017, o governo do estado de São Paulo colocou em voga uma lei denominada “cidade limpa“, que tinha como objetivo aniquilar de uma vez as pichações que causavam poluição visual. Acontece que, além de acabarem com o grosso que degradava visualmente as paisagens urbanas, milhares de pinturas artísticas e grafites foram apagados, causando protestos e dis-

Acontece • 7

cordância entre os moradores. O governo, por sua vez, foi proibido, após uma série de conflitos, a apagar grafites sem um aval do conselho do Patrimônio Histórico e Cultural. Hoje, na cidade de São Paulo, e em bairros como o Higienópolis, é possível apreciar tal arte, mas também questionar as pichações.


Buscando recuperar prejuízos Comerciantes contam que com a pandemia correm risco de fechar as portas Mateus Frizzero de Lima Pedro Hübner Trindade Nogueira da Silva

O

s estabelecimentos da Rua Maria Antônia eram frequentados, em sua maioria, por alunos do Mackenzie. No entanto, a suspensão das aulas presenciais devido ao Covid-19 fez com que o movimento diminuísse drasticamente, colocando em risco o futuro dos comércios. Em março, o prefeito de São Paulo Bruno Covas, assinou um decreto que todos os comércios não essenciais deveriam permanecer fechados. Essa ordem foi mantida até o dia 11 de junho, quando a prefeitura confirmou a reabertura dos comércios de rua. Cinco meses depois, Flávio dos Reis, dono do Bar e Restaurante Kenzie, Angélica, gerente da Livraria Disal, e Andreia, gerente do mercado Happy Break, contaram mais sobre as dificuldades de manter um empreendimento durante este momento. Os três entrevistados relataram que a paralisação das aulas na Universidade foi prejudicial para seus negócios, pois afetou diretamente o movimento e impactou a renda. “Ficamos muito preocupados e totalmente perdidos, pois 80% do nosso faturamento depende da faculdade”, disse Andreia. Manter o equilíbrio financeiro foi o maior desafio para os comerciantes, cortes de gastos tiveram de ser aplicados para diminuir o prejuízo. “A empresa por ter uma boa estrutura manteve todos os pagamentos em dia, mas negociamos os aluguéis. Aderimos a suspensão e redução de contrato e cortamos todas as despesas possíveis” contou Angélica. Outros comércios tiveram que ir além, Flávio precisou dispensar alguns funcionários. “Eu dispensei eles, expliquei a real situação para todos e falei que, conforme as coisas fossem voltando, eu iria recontratar gradativamente. Hoje está quase todo mundo de volta com horário reduzido”, complementa.

Interior da Livraria Disal

Mercado Happy Break

Para reabrir, os comerciantes tiveram que seguir os protocolos de prevenção para a não proliferação do vírus, o uso da máscara e do álcool em gel é indispensável. Para aumentar a segurança na livraria Disal, Angélica disse que higienizou “a loja toda e mantemos a distância entre clientes e colaboradores”. Além do uso de máscaras pelos funcionários e a limpeza do ambiente, Flávio aposta na conscientização dos clientes, “A primeira coisa que a gente faz é a orientação e a conscientização dos clientes, que eu acho que é o essencial. Eu converso com eles e peço para tomarem cuidado. Respeitamos os distanciamentos e a quantidade de pessoas por mesa”.

Acontece • 8

Sobre o futuro, Andreia ainda não sabe ao certo o tamanho do prejuízo que a pandemia causou para o Happy Break, mas acredita que a volta das aulas presenciais causará um aumento do movimento e diminuindo o dano financeiro. Para o Kenzie, Flávio acredita que 2021 será um ano de recuperação. “A minha perspectiva é ficar um ano para recuperar, o ano de 2021 inteiro, para depois nós voltarmos às operações.” Apesar de todos os problemas e incertezas, os comerciantes continuam esperançosos que nos próximos meses a situação já esteja normalizada, e eles possam voltar a funcionar como no início de 2020.


Aumenta o consumo de cosméticos E já há quem desenvolva sua própria marca Sarah Raíssa do Carmo

C

osméticos naturais e veganos têm crescido no mercado nos últimos anos, a qualidade dos produtos vêm aumentando cada vez mais em comparação aos cosméticos tradicionais. A paulista Fernanda Pellicer, 23, conta como começou sua marca de cosméticos naturais e veganos, a Jangal. É fato que, nos últimos anos as pessoas vêm ficando mais conscientes com relação ao meio ambiente e o impacto dos produtos que consomem, sejam eles alimentícios ou cosméticos por exemplo. O mercado de cosméticos naturais tem crescido muito. Um estudo divulgado pelo Kantar Worldpanel mostrou que 50% dos consumidores estão preferindo produtos naturais e orgânicos. A qualidade dos produtos naturais tem sido outro fator importante na escolha de produtos, visto que, produtos veganos e naturais têm uma qualidade superior, não só para a saúde, pois não agridem a pele, mas também não prejudicam o meio ambiente. Seguindo esses preceitos, Fernanda Pellicer 23, formada em Química pela Universidade Presbiteriana Mackenzie criou a Jangal, uma marca natural e vegana, produzida pela própria Fernanda. Ela conta qu,e comçou “como química, trabalhei em algumas indústrias do ramo que me frustraram e me fizeram perceber que eu precisava olhar mais para a questão da sustentabilidade.” Além disso, ela diz que tem a vontade de despertar nas pessoas essa rotina mais natural, mostrando que não é tão difícil assim levar um estilo de vida mais ecológico. “A ideia de um cosmético vegano é diminuir o impacto ambiental e evitar que os animais sejam usados como cobaias em testes cruéis, além de serem explorados como matéria-prima” cita a química.

Sua marca retira o estigma de que produtos sustentáveis são caros, e que na verdade podem ser acessíveis, o processo de produção é 100% artesanal e os produtos são feitos sob demanda, ou seja, é produzido conforme a média de pedidos mensais, evitando assim o desperdício. Há todo um cuidado na hora da produção, segundo Fernanda. “Os produtos são pensados cuidadosamente desde a necessidade dos nossos clientes, a pesquisa de ativos que a natureza nos oferece, a matéria-prima vegana e natural que é utilizada tomando cuidado na hora de escolher o fornecedor, nas embalagens que são reutilizáveis e/ou recicláveis, nas formulações até seu descarte no meio ambiente, buscando sempre ser biodegradável”, diz a empresária. Uma das clientes, Monica Niemann, 55, que trabalha como corretora autônoma conta que antes da Jangal nunca tinha usado produtos veganos e naturais, “acredito que o mundo, as pessoas estão mudando e procurando novas alternativas, menos agressivas

Acontece • 9

a pele, e esses produtos trazem essa nova proposta, sem falar da preservação da natureza e dos animais”. A experiência para ela foi muito positiva, pois antes de conhecer produtos veganos ela diz que sofria com irritações na pele, coisa que produtos naturais não causam, além disso, os produtos naturais parecem ter uma maior eficácia devido aos ativos naturais que são melhores recebidos pela pele do que os sintéticos. Segundo Monica, “antes eu usava outras marcas e muitas vezes minha pele pedia mais creme, ficava logo ressecada. Com os produtos da Jangal hidrata em uma única aplicação”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.