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Fevereiro 2020
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ANO 11
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Nº77
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DO MACKENZIE
Olhar o próximo
Instituição auxilia crianças, adolescentes e suas famílias em situação de vulnerabilidade social
Arte em qualquer canto
Memórias da cidade
Cemitério da Consolação conta um pouco da história de São Paulo
Morador de rua lança segundo livro de poesias
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Museu a céu aberto
Casa da cultura
Por Fernanda Manoel Lima, Isabela Thais Figueiredo e Marco Antonio Fujiwara Junior
Por Tiago Gama Kroeff e Pedro Henrique Pascoal da Costa
Cemitério da Consolação preserva parte importante da memória da cidade de São Paulo O Cemitério da Consolação, localizado na rua do mesmo nome, é um verdadeiro museu a céu aberto. Seus mausoléus abrigam personalidades que marcaram a história nacional, como Tarsila do Amaral, Oswald e Mário de Andrade, Família Matarazzo e Marquesa de Santos, além de esculturas de um dos ícones do movimento modernista, o artista ítalo-brasileiro Victor Brecheret. Inaugurado em 15 de agosto de 1858, foi o primeiro cemitério público da cidade de São Paulo. Segundo Elaine Maria Mele dos Santos, 59 anos, administradora do cemitério, o órgão pertence à Prefeitura, mas não recebe doações de ninguém. “Quem cuida são os donos dos túmulos. Cada um cuida do seu e pronto”. Elaine explicou que os jazigos são passados através de gerações, impedindo que os familiares vendam o terreno. Considerado patrimônio histórico desde 2005, o local raramente pode ser reformado e todas as mu danças que tiverem planos para serem feitas devem ser enviadas para a Prefeitura para serem aprovadas. “O cemitério era para ter serpentina no muro e um sistema de câmeras, mas não foi aprovado por conta de alterar o layout”, disse Edimilson Batista Moraes, 43 anos, funcionário da Administração. Para aqueles que desejam visitar e conhecer mais sobre o local, existe um tour pelo cemitério. O guia Francivaldo Gomes (mais conhecido como Popó), lembra que algumas das principais personalidades enterradas no local, como a Marquesa dos Santos e a família Matarazzo. As visitas monitoradas ocorrem depois do agen damento pelo e-mail acessoriaimprensa@prefeitura. sp.gov.br. O agendamento tem o objetivo de manter o controle e estatística de visitantes no local.
Expediente O Jornal Maria Antônia é uma publicação sob responsabilidade do Instituto Presbiteriano Mackenzie, com colaboração de alunos e professores de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Gerência de Marketing e Relacionamento da Instituição.
REDAÇÃO Editor: Fernando O. Moraes Supervisão de Publicações: José Alves Trigo Coordenador do Curso de Jornalismo: Rafael Fonseca Santos Diretor do CCL: Marcos Nepumoceno Fonseca Editoração: Imagem Um/Silvio Cusato Impressão: Gráfica PifferPrint
Tiragem: 500 exemplares, distribuídos gratuitamente pelos bairros de Bela Vista, Consolação, Higienópolis, Vila Buarque, Santa Cecília e Pacaembu. Dúvidas, críticas, sugestões e contatos para publicidade: 2766-7243 - Sheila Cunha
ISSN 2318-020X
Casa Guilherme de Almeida mantém a arte viva e promove atividades educativas
Um importante ponto cultural de São Paulo é a Casa Guilherme de Almeida, que completa 40 anos. A antiga residência do escritor se transformou no primeiro museu biográfico e literário no estado. Além de contar com um significativo acervo cultural, composto de mais de 15.000 peças artísticas de personalidades marcantes no Modernismo como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, possui também uma biblioteca com mais de 5.000 livros, incluindo quase todas as obras do escritor. Apesar de subordinado à Secretaria de Cultura do Estado, a Casa é administrada em parceria com a iniciativa privada POIESIS, Organização Social de Cultura, que é responsável por mais dois museus do mesmo gênero, a Casa das Rosas e a Casa Mário de Andrade. “Mesmo com os cortes de verbas feitos pelo governo, a Casa Guilherme de Almeida e as outras se mantém vivas graças à iniciativa privada”, contou Ana Lídia da Silva Teberga, 32 anos, educadora associada ao POIESIS e guia do museu. Com um atendimento de qualidade, a Casa está sempre aberta para visitas espontâneas ou agendadas, exceto às segundas-feiras, quando acontece a manutenção do local. Pode-se fazer um passeio guiado pela casa do escritor ou participar das oficinas e outras atividades, que acontecem no anexo do museu, na rua Carlos de Almeida. O segurança do local Aires Piedade, 51 anos, comentou sobre o perfil do público que visita a Casa. “O público é bem diversificado, aqui na casa recebemos pessoas mais curiosas. Já no anexo, o público é mais ligado à literatura”. O museu tem o objetivo de preservar a memória de Guilherme de Almeida não só por meio da conservação e exposição de seus antigos pertences, mas também pela realização de estudos críticos acerca de suas obras. O Centro de Estudos de Tradução Literária, que oferece atividades relacionadas à teoria e à prática da tradução, e o Núcleo Cinematógraphos, que realiza palestras, cursos e exibições de filmes, são exemplos da vasta programação da Casa, assim como atividades educativas voltadas ao público infantil.
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Trabalho humanitário
Moda eco-friendly
Por Fernanda Manoel Lima, Marco Antonio Fujiwara Junior e Pedro Henrique Pascoal
Por Jennifer de Carvalho Soares, Maria Eduarda Leal dos Santos e Thayna Batista Matias
Criado em 2011, o Instituto C – Criança, Cuidado tem como principal objetivo o auxílio a crianças, adolescentes e suas famílias durante o processo de educação dos jovens. A instituição foi criada pela jovem empreendedora social Vera Oliveira, 34 anos, que após conhecer a médica Vera Cordeiro, 69 anos, despertou um interesse ainda maior por causas humanitárias. O foco da instituição se mantém em auxiliar famílias que possuam crianças com algum tipo de doença crônica e famílias que passam por algum tipo de vulnerabilidade social. Essa nova visão humanitária é baseada na junção do tratamento que as crianças recebem e o apoio que a família deve dar a elas. A organização trabalha baseada em aten di mentos por ciclos, que duram quatro meses e atendem em média 20 crianças. A ONG apresenta quatro projetos para ajudar as famílias: Plano de Ação Familiar (PAF), Primeira Infância, Educação em Rede e Atelier C (projeto temporariamente em pausa devido à falta de renda). Cada um desses projetos tem uma metodologia especifica para solucionar o problema demonstrado pela família. Os projetos PAF e Educação em Rede são projetos corretivos, já a primeira infância é um projeto preventivo para crianças. Segundo Vera Oliveira, grande parte da renda arrecadada vem de doações de organizações parceiras, através do crédito automático da Nota Fiscal Paulista (NFP) e eventos de captação. “Nós não podemos depender de apenas uma fonte de recursos, na hora que ela secar a empresa quebra”, diz. Existem diversas vagas para quem quiser ajudar, e uma vez por mês ocorre uma reunião para o Programa Voluntário. Para se inscrever basta ligar, ou enviar um e-mail para voluntario@institutoc.org.br. “O trabalho que realizamos aqui não tem valor no mundo
Há muitas maneiras de colaborar com o meio-ambiente, inclusive quando o assunto é moda. Brechós e moda vegan são opções para fugir do modelo fast-fashion. “Eu acredito muito nesse movimento de aproveitar o que já existe. Se já existe a peça, não tem motivo para não continuar a história dela,” conta Siomara Leite, 50 anos, que fechou sua loja de decoração para abrir um brechó, o “Agora é meu”. O empreendimento teve sucesso e a moda do “Agora é meu” virou tendência. Hoje, o comércio localizado na Vila Buarque, conta com cerca de 500 clientes ativos e peças higienizadas e em bom estado que variam entre R$14 e R$5.000, quebrando o estigma do brechó de velharia. A atemporalidade das peças possibilita o reuso e a ressignificação das roupas em diferentes momentos da vida, acabando com a simbologia da peça descartável. Roseli de Faria Alves, 32 anos, trabalha como vendedora no brechó e foi influenciada positivamente. “A ideia de sustentabilidade é essa mesma, de ajudar a fazer o diferencial”, conta a funcionária que confessou raramente comprar roupas em lojas, preferindo os brechós. Essa ideia de difundir a ação sustentável não se limita apenas a São Paulo: o “Agora é meu” conta com uma rede de franquias no Brasil e o e-commerce. Para aqueles que fazem questão de comprar uma roupa nunca usada antes, uma alternativa ecológica são as peças veganas. Eduardo Pazotto, 23 anos, é o criador da loja virtual e vegana Bruttal Vegan (@bruttalvegan.co). “Eu sempre fui muito apaixonado pela causa, então uni as duas coisas, roupas e ativismo”, explica o idealizador da marca, que garante que, além das peças serem vegans, as embalagens são recicladas e as tintas ecológicas.
ONG auxilia crianças com doenças crônicas e em situação de vulnerabilidade social e suas famílias
que paga e o valor que um trabalho voluntário tem é muito maior do que quem paga um boleto”, diz Paloma Costa, 37 anos, responsável pela área de captação de recursos e gestão.
O instituto fica na Rua General Jardim, 633 - 9º andar – Vila Buarque. Funciona de segunda à sexta, das 10h às 18h. Contato pelo email: contato@ institutoc.org.br ou pelo tel. 3459-1885.
Como ser fashion e sustentável ao mesmo tempo
Moda sustentável no Bixiga
Marco histórico
Por Jennifer de Carvalho Soares
Por Isabella Figueiredo e Tiago Kroeff
Comércio de antiguidades recicladas no bairro ajuda na decoração e contribui com o meio ambiente Conhecido por sua tradição italiana, o bairro do Bixiga também é espaço para lojas e feira de antiguidades. Comerciantes e feirantes recaracterizam objetos considerados “velharia” para chamar a atenção dos frequentadores, transformando a
chamada moda vintage em uma ação sustentável. O feirante de telefones antigos, Cláudio Rizzi, 65 anos, conta que quando não havia internet, o meio de comunicação mais viável era através dos telefones fixos. Mas, com o advento do celular, o telefone
entrou em desuso. “Hoje você está no período do descartável”. Sua estratégia de cativar o olhar das pessoas para esses objetos que estariam no lixo é utilizar cores mais chamativas. Rosa, roxo, azul e cromado, por exemplo, são as novas colorações de telefones que antes tinham tonalidades mais acinzentadas. Rizzi explica que esses aparelhos são pintados com tinta automotiva. “A gente faz uma revisão, a gente faz uma restauração, para deixar de uma maneira que seja agradável no seu imóvel”. Apesar da vivermos em uma era com presença marcante das novas tecnologias, as pessoas são saudosistas. “Então eu já deixo o passado no presente”, brinca Cláudio. O telefone mais antigo que o feirante possui é de 1880. E todos os aparelhos funcionam. O relojoeiro Ronaldo Malagrino, 81 anos, que possui sua loja no Shopping das Artes, na Rua 13 de Maio, também acredita que pratica um comércio sustentável nos dias atuais. Atuando na manutenção de relógios há 63 anos, Malagrino tem uma grande clientela, tanto do Brasil quanto fora, como Espanha e Portugal. “Tenho muito cliente que me manda relógios de lá, para serem reconstruídos aqui”, diz. Ronaldo obtém suas peças por meio de pessoas que as querem vender por considerá-las arcaicas. O relógio mais antigo de sua loja é do final do século XVIII, de origem francesa, feito manualmente, com 2,40 m de altura. A feirinha de antiguidades do Bixiga, ocorre todo domingo, na Praça Dom Orione. Já o Shopping das Artes (Rua 13 de Maio, 870 - Conexão - Rua dos Ingleses, 347) funciona diariamente. Ambas do período das 10h às 18h.
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Uma outra maneira de se tornar sustentável sem sair de casa é aderir ao estilo minimalista (conhecido também como Armário Cápsula). Um guarda-roupa que possui somente roupas essenciais, para pessoas que querem viver apenas com o que precisam realmente. Aqui o foco não é a quantidade de peças e sim a qualidade delas. Pensando nisso, é viável aderir um armário simples, porém repleto de cores que combine com seu tom de pele, olhos e cabelos. Descartando assim peças inutilizadas que só servem para ocupar espaço no seu guarda-roupa. Seguindo essas dicas, é possível estar na moda e ser sustentável ao mesmo tempo.
Com mais de 200 anos de história, Igreja da Consolação deu nome ao bairro e é ponto turístico da cidade A igrejinha de Nossa Senhora da Consolação foi aberta em 1799 e em 1909 foi reconstruída da maneira que se encontra hoje, virando ponto turístico da cidade de São Paulo devido à sua beleza. Foi no seu entorno que nasceram e se de desenvolveram os bairros da Consolação e de Higienópolis. Uma importante e curiosa celebração que acontece na igreja é a missa em espanhol para louvar a Cristo, conhecida no Peru como “El Señor de Los Milagros”, realizada todo primeiro domingo do mês especialmente para a os moradores peruanos da cidade. “Eles começaram a ter nossa igreja como referência e, uma vez por mês, é feita a missa em castelhano”. Recentemente, foi assentado o altar para autenticar essa devoção”, diz o padre Assis Donizeti de Carvalho, 64 anos, há cinco anos na Igreja da Consolação. O grupo chega a compor até 80 pessoas pertencentes à comunidade peruana que participam da missa com grande devoção, completa. A igreja também presta outros serviços à comunidade do bairro, como é o caso da Pastoral da Escuta, voluntários que se disponibilizam a acolher pessoas que precisam desabafar, ou até mesmo de um momento de oração. “Nem sempre a pessoa vem à igreja e quer se confessar com o padre, mas precisa pôr para fora algo que está sentindo, suas angústias, medos, e pode conversar com os irmãos da Pastoral”, diz padre Assis. As marcas do tempo, nem sempre de forma positiva, estão presentes no importante marco histórico da cidade de São Paulo que apresenta paredes que necessitam de pinturas e vitrais quebrados. A sua preservação depende de dízimos e doações espontâneas. “Estamos arrecadando doações e focamos em trocar os vitrais quebrados primeiro, fazendo pouco a pouco”, diz Assis. Ele explica que, por envolver um trabalho artístico, a restauração é um processo muito delicado.
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Calçada da Fama
Morar em Higienópolis é caro
Por Arthur Machado, Augusto Macedo e Isabela Matos
Por Mariana Vieira Magalhães, Ana Paula Vitoria e João Pedro Pilecco
Escritor e morador de rua, Gilberto Camporez lança segundo livro de poesias Paulista de Juquiá, litoral sul de São Paulo, Gilberto Camporez, 31 anos, teve infância e adoles cência difíceis. Ele conta que sua trajetória até chegar nas ruas o ajudou, e ainda ajuda muito, na sua arte. Hoje, Gilberto lança seu segundo livro de poe sias sobre sua relação com a rua e com a vida. Há quatro anos escreveu sua primeira poe sia, um presente para uma moça que o ajudava dia riamente com uma marmita. Junto do papel vinha um chocolate embrulhado em agradecimento às ações da garota. Gilberto relata que, comovida com a atitude e surpreendida pelo talento, ela o estimulou a escrever mais. Com alguns poemas escritos, Gilberto conseguiu reunir sua obra em um livro, que teve lançamento em 2018 na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP). Nascido em Juquiá e crescido em Jundiaí, interior do estado, Gilberto foi criado pela avó. Sua mãe o teve jovem, com 15 anos, e não teve condi ções psicológicas de criá-lo, afirmou. Sentia-se aban
O bairro oferece facilidades aos moradores, mas com alto custo de vida donado e carente pois não percebia da família afeto e carinho de filho ou neto. Quando era jovem, ele teve dificuldades em se relacionar com os primos e os irmãos pelo fato de ser disléxico e muitas vezes chamado de “drogueiro”. Parte de sua decisão de morar na rua foi por conta disso. Mudou-se para o Largo São Francisco em 2005, com 17 anos. Hoje vive por entre os bairros da Santa Cecilia e Vila Buarque. Conhecido como o morador de rua e escritor, ficou ainda mais famoso após algumas aparições na televisão. Seu ápice foi no programa da Fátima Bernardes, mas foi também à RedeTv, TV Record, Band e Globo News. Uma editora chegou a bancar o seu livro, mas não o suficiente para suprir as neces sidades de um morador de rua, declarou. Gilberto tem uma condição cognitiva, a dislexia. “Esqueci até da entrevista, mas a parte boa é que eu também não guardo mágoa e nem rancor”. Ele diz também que isso é importante para não desistir do trabalho, da sua arte e, principalmente, da vida.
Releituras urbanas
Dupla de artistas expõe “lambe-lambes” críticos de adaptações de pinturas famosas na região da Consolação Por Carina Gonçalves Obras famosas presentes nos museus foram adaptadas para as ruas por meio da arte de lambe-lambes (papeis coloridos e frases provocantes). Entre as pinturas, “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, com uma crítica com a frase “uma Vênus sem nudez” no meio do quadro. Esta e outras provocações encontram-se na frente das estações do metrô Higienópolis/Mackenzie e Consolação e nos tapumes do novo Parque Augusta. Segundo os artistas e fundadores da sociedade criativa AlmeidaGerth, Hugo Almeida e Arthur Gerth, a arte que não questiona é apenas propaganda. O projeto “Releituras Urbanas” inicialmente foi um pedido interno de um clube paulistano. O clube estava com a intenção de “levar um pouco da diversidade das artes de rua para dentro de um clube recreativo e assim combater preconceitos presente na sociedade”, declara Gerth. A ideia foi um sucesso, e agora os artistas estão reconhecendo o comportamento do público para realizar ações maiores. As releituras fazem provocações para as pessoas repensarem a arte, como, por exemplo, a censura. Gerth comenta que este
Localizado na região central, Higienópolis é considerado um dos bairros mais caros de São Paulo. Com um dos metros quadrados com os preços mais salgados da cidade, o preço reflete a grande oferta de serviços como restaurantes e cafés sofisticados, universidade, hospitais, diversas escolas, livrarias, supermercados e um shopping com lojas e boutiques variadas. Tradição e modernidade dos seus prédios, que contam um pouco da história da verticalização da cidade, também ajudam a levar o preço para as alturas. O metro quadrado chega variar de R$ 6.198,67 a R$ 9.728,67. O médico Rafael Garcia, 31 anos, conta que desde que veio para São Paulo mora na região. “Gosto do bairro Higienópolis e sempre gostei, mas sim, acho o custo de vida um pouco alto, dos supermercados próximos, aos bares e restaurantes, até o próprio condomínio do prédio”, reclama. Inaugurado em 1999, o Shopping Pátio Higienópolis, com diversas lojas sofisticadas, contribui para a elevação do custo de vida. Já quanto aos supermercados da região, eles são conhecidos pela qualidade dos produtos, mas também por ostentar preços mais alto se comparados com outras regiões da cidade. A estudante de Publicidade e Propaganda, Ronix Souza, 22 anos, diz que gosta muito do bairro, mas não deixa de reclamar sobre o custo de vida alto, apesar de dividir apartamento com mais quatro amigos para o valor ficar menor. “Acho o custo de vida bem alto, tanto de coisas básicas como alimentação, beleza e roupa, mas acho que é por ser no centro”, diz.
Obra à vista
Concessão para retomada dos trabalhos da linha 6-Laranja do Metrô assinada em novembro agrada frequentadores do bairro do Pacaembu Por Arthur Machado, Luca Boni e Pedro França
tema ainda precisa ser lembrado e rediscutido diante do governo atual, que reflete “um movimento reverso de evolução da liberdade de expressão, caminho que vem temperado com hipocrisia e falso-moralismo e que deve ser combatido”, afirma o artista. Levando a arte do museu para as ruas é possível romper o privilégio de quem pode ter acesso à cultura. “A arte de rua é um diálogo forçado com as pessoas”, afirma Gerth. Os artistas consideram que no mundo utópico a arte de rua se tornaria desnecessária, pois historicamente é a necessidade de fala das minorias para a sociedade ouvi-los, uma arte agressiva, (im)pertinente e provocativa. Um mantra dos autores é “a arte ainda vai salvar o mundo”.
A linha que liga as estações do metrô da Brasilândia e São Joaquim teve liberação do Governo de São Paulo no dia 11 de novembro de 2019. O decreto foi publicado no Diário Oficial. As obras, que estavam paradas desde 2015, não têm prazo para serem retomadas, mas para os frequentadores do bairro a publicação do decreto já é um fato a se comemorar. A Estação Pacaembu, que dará acesso ao Estádio Paulo Machado de Carvalho, Museu do Futebol e FAAP, não tinha nem mesmo a fundação iniciada. Segundo o pasteleiro Márcio Martins, 43 anos, não havia movimentação no canteiro há mais de dois anos. A Barraca do Zé, pastelaria em que Márcio trabalha, fica em frente à estação. O Estádio não só é palco de jogos como é ponto turístico da cidade. Para Carlito dos Santos, 64 anos, funcionário da manutenção do Museu do Futebol, o fluxo do local aumentaria bastante. Um fator não menos importante para o funcionário que mora no final da avenida Anhaia Melo é o transporte. Ele demora uma hora e 20 minutos e pega um ônibus e um metrô para chegar ao trabalho. A estação pouparia uma condução e cerca de 30 minutos da viagem, além de uma economia de 180 reais por mês. Eduardo Fonseca, 36 anos, é morador do bairro de Santana e torcedor do Palmeiras. Quando tem jogo o trânsito fica caótico, diz. “Eu moro relativamente perto daqui e demoro uma hora pra sair em dia de jogo”, afirmou. A região, apesar de ter avenidas largas por perto, ainda é de difícil acesso. ”Essa laranja já tava ficando azeda”, brincou. Para chegar à universidade FAAP, onde estuda, a estudante de Moda Emanuelle Lamounier, 20 anos, usa o transporte individual e diz que a maioria dos colegas também utiliza. “Não é bom só pela rapidez, mas o trânsito melhorará muito com o metrô”, acredita.
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Um pedacinho da Bahia em São Paulo
“TABULEIRO DO ACARAJÉ” vence o prêmio de melhor salgado da cidade Por Maria Eduarda Leal e Thayna Batista Matias É ali, logo atrás da estação Santa Cecília que está localizado o “Tabuleiro do Acarajé”. Local onde é feito na hora o bolinho de feijão fradinho, frito no azeite de dendê, que rendeu às irmãs Fátima e Miri de Castro o prêmio na categoria “O Melhor Salgado” da 23ª edição do Comer & Beber, guia do melhor da gastronomia paulistana de acordo com a revista Veja São Paulo. Vencedoras do prêmio, as simpáticas irmãs e donas do “Tabuleiro do Acarajé”, recebem vários elogios de clientes, como o estudante Comunicação e Multimeios, Victor Cruz, 21 anos, que já em sua primeira ida ao estabelecimento teve ótimas impressões. “Tanto o ambiente do Tabuleiro quanto
as apresentações dos drinks e das receitas me chamaram bastante atenção e creio que valem como grandes diferenciais do restaurante”. Ele completa dizendo que, pela qualidade do acarajé, foi digno da premiação. O ambiente descontraído e de muita personalidade exibe um cardápio bem simples e sem frescura. A estrela do Tabuleiro é o Acarajé, em duas versões: o tradicional (com camarão seco) e o vegano (com amendoim e castanhas), ambos R$ 16. E “para adoçar a vida”, como diz Fátima de Castro, o estabelecimento tem também cuscuz de tapioca (R$ 12) e a famosa cocada (R$ 5). “Tem alguma coisa na massa, no vatapá,
que é diferente”, diz Aryadne Gomes Pereira, 26 anos, estudante de Publicidade e Propaganda. Ela comenta já ter ido em outros estabelecimentos que vendem acarajé, mas, que no fim, o do tabuleiro acabou ganhando o título de “o mais gostoso, em todos os sentidos”. Aryadne, assim como Victor, acredita que o prêmio foi mais do que merecido. Uma tarde de sábado, um acarajé feito na hora e muita música popular nordestina é tudo o que você precisa para se sentir Bahia, sem sair de Santa Cecília. Localizado na Rua Jesuíno Pascoal, 30, Santa Cecília, o estabelecimento funciona de segunda à quinta, das 18h às 21h, e aos sábados, das 13h às 17h.
Arte e cultura na Praça da República
Dia da Consciência Negra é celebrado no espaço com diversos eventos culturais promovidos pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo Por Gabriel Henrique Carille A histórica praça no centro da cidade foi palco de eventos culturais sobre o tema consciência negra durante o mês de novembro. Shows gratuitos, em dois palcos montados na avenida Ipiranga, contaram com diversos artistas como Negra Li, Jorge Ben Jor, Tássia Reis e outros nomes da música popular brasileira. Além das atrações musicais, também fez parte do evento a segunda edição da feira Empreenda Afro, feira de empreendedorismo negro, com produtos artesanais e pratos típicos da gastronomia africana. A importância do local para a cultura da cidade não para por aí.
Inspirada na arquitetura francesa, a praça da República é chamada assim em homenagem a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. A praça é um dos pontos turísticos mais visitados de São Paulo. Segundo a técnica em turismo que trabalha no Centro de Informação Turística (CIT) na praça da República, Carina Aquino, 25 anos, estima-se que aproximadamente 200 estrangeiros visitem a praça mensalmente “Tem bastante indiano, vem também um pessoal da Europa”. Ela diz que a maioria procura por atrações históricas locais. “O pessoal confunde a
secretaria com o teatro municipal”, ironiza. A praça, que também é palco para a tradicional feira de artesanato aos domingos, teve o acesso facilitado desde 2011 com a inauguração da estação da linha amarela de metrô da República. A estudante Alicia Pimenta, 18 anos, que faz baldeação na estação diariamente, ressalta o esforço da empresa que administra o metrô na facilitação ao acesso dos passageiros à cultura “O pessoal do metrô sempre traz informações e cultura para nossos dias tão agitados”, afirma. Além do metrô também existem quatro pontos de ônibus facilitando o acesso à praça.
Saúde em risco
Preconceito e falta de informação contribuem para aumento de casos de sarampo no país Por Gabriel Carille e Isabela Aoyama O número de casos de sarampo no Brasil cresceu de forma alarmante nos últimos três meses, com um aumento de 19,71% em uma semana no Estado de São Paulo, onde se concentram mais de 95% dos casos segundo o Centro de Saúde Escola Geraldo Paulo de Souza. A doença viral que já deixou de ser surto e tornou-se epidemia é altamente transmissível e pode levar a morte. A falta de confiança na vacina e a desinformação são os principais potencializadores da epidemia. Com cinco mortes até o dia 19 de setembro já confirmadas pelo Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, o sarampo voltou a ser uma doença preocupante em 2019, mesmo com a vacina
disponível desde 1963 segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O fato de ser uma doença considerada erradicada causa displicência nas pessoas quanto à necessidade de vacinação. “A vacina nunca vai sair de moda”, comenta a técnica de enfermagem do Centro de Saúde, Ana Paula, 33 anos. Ela explica que mesmo com a falta de confiança na vacina, a imunização continua sendo o método mais efetivo. Ela confirma que é comum as pessoas terem reações após a vacinação e que os casos mais graves acontecem com pessoas imunocomprometidas, ou seja, pessoas com baixa imunidade. A meta atual segundo Ana Paula é imunizar os grupos de risco, como diminuir os casos
entre crianças de onze a seis meses de idade. Para o motorista particular Reinaldo da Silva, 52 anos, o cenário atual é resultado de preconceito, ignorância e individualismo exagerado. “Uma laranja podre contamina as outras; as pessoas não se preocupam com as outras”, diz. Mesmo com informações acessíveis e válidas sobre a vacina, ainda existem movimentos contra a vacinação. Para o estudante de Ciências Sociais da USP, Athos Sampaio, 19 anos, o corte de gastos do atual governo pode ter intensificado a atual situação epidêmica. “Acho necessária uma conscientização maior por parte do governo, ainda não é feito o bastante”, diz.