LIVRO DE RESUMOS
COPYRIGHT 2014 © RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS, LARISSA FONTINELE DE ALENCAR & FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (ORG.) Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa dos organizadores.
CAPA: MAURÍCIO FONTINELE DE ALENCAR PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR REVISÃO: OS AUTORES SUPERVISÃO: RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) FICHA CATALOGRÁFICA FEITA PELO EDITOR C145 Caldas, Raimunda Benedita Cristina et al. Inclusão e preservação de saberes para o bom viver: livro de resumos do Seminário Tradução e Interculturalidade / Raimunda Benedita Cristina Caldas, Larissa Fontinele de Alencar, Fernando Alves da Silva Júnior. Bragança/PA: PPLSA, 2014. 172p. Il. Color.; 14x21 ISBN: 1. Comunidades tradicionais. 2. Educação no Campo. 3. Estudos Culturais. 4. Estudos linguísticos. 5. Estudos literários. 6. Estudos terminológicos. 7. Interculturalidade. 8. Linguagem e Educação. 9. Tradução. 10. Tradução cultural. 11. Título. CDD 400 CDU 82
RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS; LARISSA FONTINELE DE ALENCAR; FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (Org.)
Inclusão e preservação de saberes para o bom viver
Livro de RESUMOS Seminário Tradução e Interculturalidade
PPLSA Bragança/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Carlos Edílson de Almeida Maneschy Reitor Horacio Schneider Vice-Reitor Emmanuel Zagury Tourinho Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA Sebastião Rodrigues da Silva Junior Coordenador Janice Muriel Cunha Vice-Coordenadora PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA Raimunda Benedita Cristina Caldas Coordenadora José Guilherme dos Santos Fernandes Vice-Coordenador PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra. Raimunda Benedita Cristina Caldas COMISSÃO CIENTÍFICA Ana Suelly Arruda Câmara Cabral Beatriz Gama Rodrigues Carmem Lúcia Reis Rodrigues Esteban Reyes Celedón Flávio Leonel Abreu da Silveira Frederico Augusto Garcia Fernandes Georgina Negrão Kalife Cordeiro João de Jesus Paes Loureiro José Guilherme dos Santos Fernandes Luis Júnior Costa Saraiva Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Nilsa Brito Ribeiro Paula Tavares Pinto Paiva Pere Petit Penarrocha Raimunda Cristina Caldas Regina Helena Urias Cabreira Roberta Alexandrina da Silva Salomão Antonio Mufarrej Hage Sylvia Maria Trusen Tabita Fernandes da Silva Valéria da Silva Medeiros
COMISSÃO ORGANIZADORA Adriana da Silva Lopes Aldilene Lopes de Morais Andréia Ribeiro Daniele Silva Edileuza Amoras Pilletti Elenilda do Rosário Costa
Elizabeth Conde de Morais Fernando da Silva Junior Francisco Pereira de Oliveira Juciany Soares
Larissa Fontinele Alencar Márcia Saviski Pinho Michelly S. Machado Natacha Penna Rosana Brito Viviane Carvalho
MONITORIA Adriano V. dos Santos Alessandra Nascimento Ane Caroline Lisboa Anilton Costa Camilla Rodrigues dos Santos Carmem Ferreira Miranda Cássia Sueny Sousa da Cunha Cleiton da Costa Ribeiro Daisy Sousa Santana Elivelton Elivelton Silva Reis Francinei dos Santos Padilha Francisca Dulciléia da Silva Gleciane da Silva Pantoja Ingrid Clairley Barbosa Ivonete Souza Campelo Izabelle Dayanne de Morais Jacqueline Bianca Matos Keila Cristina R. Pacheco Keila de Paula Fernandes Luciana de Fátima Rosário Luciana de Fátima do Rosário Luis Humberto de O. Junior
Luma Caroline Rabelo Marcia Taynãn Rodrigues Marclei da Silva Moura Marcos Roberto Costa Maria Evangelina dos Santos Milena de Paula da Silva Miriane da Luz Soares Morgana da Silva Perreira Nayara Leão Nunes Paula Karine de Oliveira Paulo Vitor Ramos Ribeiro Raiane Miranda Gomes Renata Guimarães Pinheiro Rosangela da Silva Rosinely Costa Pereira Sigrid Corrêa Fonseca Silvana Ribeiro Pereira Suellem Fernandes Tamires Cassia da Silva Sousa Valdinei Ferreira da Costa Vitor Hugo de Souza Gomes Yara das Chagas Furtado
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes....................................................... 23
ORALIDADE E INTERCULTURALIDADE DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI: a linguagem do maravilhoso em “um sonho” Elenilda Rosário Costa | Sylvia Trusen.................................................... 25 ELEMENTOS NÃO VERBAIS como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas Aline do Socorro dos Santos Araújo........................................................ 26 “MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”: as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia oriental Fernando Alves da Silva Júnior.............................................................. 27 NO LABIRINTO DA MEMÓRIA: a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira Juliana Patrizia Saldanha de Sousa....................................................... 28 PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA: a quarta morada do sebastianismo Sônia Moraes do Nascimento | Fernando Alves da Silva Júnior............... 28
TRADUÇÃO CULTURAL E ESTUDOS TERMINOLÓGICOS A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO
medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico Fernanda Analena Ferreira Borges da Costa | Abdelhak Razky................ 30 AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico Aldilene Lopes de Morais | Roberta Alexandrina da Silva......................... 31 BANQUETE: um estudo sincrônico e diacrônico do termo Andréia da Silva Ribeiro | Raimunda Benedita Cristina Caldas................ 32 TERMINOLOGIA da piscicultura no Pará Josué Leonardo Santos de Souza Lisboa | Abdelhak Razky..................... 32
ESTUDOS LINGUÍSTICOS E INTERCULTURALIDADE I ANÁLISE FONOLÓGICA descritiva da língua ka’apor Lorram Tyson dos Santos Araújo | Raimunda Benedita Cristina Caldas.. 34 ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA dos contatos culturais no município de Bragança Yara das Chagas Furtado | Tabita Fernandes da Silva............................. 35 TOPÔNIMOS DO TUPI: rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA Sara Concepción Chena Centurión | Carmen Lucia Reis Rodrigues......... 36 TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS em Macunaíma por Curt Mayer-Clason Marco Peixoto | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................... 37
EDUCAÇÃO NO CAMPO E INTERCULTURALIDADE A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de Bacuriteua-Bragança-Pará Viviane dos Santos Carvalho | Georgina Negrão Kalife Cordeiro............... 38
A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA na formação de educadores e educadoras das escolas do campo: uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA Edileuza Amoras Pilletti | Georgina Kalife Negrão Cordeiro...................... 39 PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO matemática e formação de professores do campo Fabio Colins da Silva | Tadeu Oliver Gonçalves....................................... 40 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA: desafios e perspectivas Maria Emília de Vasconcelos.................................................................. 41
GÊNERO, IDENTIDADE E INTERCULTURALIDADE A IDENTIDADE FEMININA sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA Antonia Edylane Milomes Salomão......................................................... 43 AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL: representações do gênero em relatos sobre a tortura Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa............................................... 44 QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia Turé-Mariquita de Tomé-Açu/PA Michelly Silva Machado.......................................................................... 45 RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE: festividade de São Braz, na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará Antonio Edson Farias............................................................................. 45
LITERATURA TRADUZIDA NA AMAZÔNIA E TRADUÇÃO CULTURAL A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013) Suellen Cordovil da Silva........................................................................ 47
A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS: aspectos teórico-metodológicos Delisa Pinheiro | Joyce Ribeiro................................................................ 48 A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder Rafaella Dias Fernandez | Izabela Guimarães Guerra Leal....................... 49 A TRAPAÇA do Iauaretê Leomir Silva de Carvalho | Sílvio Augusto de Oliveira Holanda.................50 AS CICATRIZES DE MARIA: entre dores e rupturas Luciana de Barros Ataide....................................................................... 51 CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS: o olhar apressado do outro Bene Martins.......................................................................................... 52 “JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica Francisco Pereira Smith Júnior.............................................................. 52 MEMÓRIAS DE TRABALHO e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II Elizabete Lemos Vidal............................................................................. 53 PAULO PLÍNIO ABREU e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia Geovane Silva Belo | Sônia Araújo........................................................... 54
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE I A VARIAÇÃO DIATÓPICA no dicionário escolar Brayna Conceição dos Santos Cardoso................................................... 56 A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL: um estudo do português falado em Mocajuba Maria Sebastiana da Silva Costa | Regina Célia Fernandes Cruz.............. 57 DEVIRES KYIKATÊJÊ Juliana do Monte Gester | Sue Rivera Ikeda | Hiran de Moura Possas |
Lucivaldo Silva da Costa......................................................................... 58 INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da região do Gurupí Eliene Rosa Chaves | Tabita Fernandes da Silva..................................... 59 TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo Tembé Lena Cláudia dos Santos Amorim Saraiva.............................................. 60 VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA: análise acústica preliminar Gisele Braga Souza | Regina Célia Fernandes Cruz................................. 61
ESTUDOS DE TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES de Haroldo de Campos e Herberto Helder Geovanna Marcela da Silva Guimarães | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................................................................................... 63 À PROCURA DE MÁRIO Faustino tradutor Thiago André Veríssimo......................................................................... 64 DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA em O Xangô de Baker Street Fernando Henrique Crepaldi Cordeiro................................................... 65 MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS: um estudo de nomes de lugares de origem indígena de Curuçá (PARÁ) Ilzaléa Rocha da Silva | Carmen Lúcia Reis Rodrigues............................. 66 ROBERT STOCK: poeta, tradutor e vagabundo Dayana Crystina Barbosa de Almeida.................................................... 66 TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA de São Domingos do Capim/PA Jeconias Monteiro de Araújo | Carmen Lúcia Reis Rodrigues................... 67
ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI: primeiras reflexões Joyce Ribeiro | Lidia Sarges.................................................................... 69 O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO, e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande” Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa | Deyse Carla da Silva Mota | Sylvia Maria Trusen..........................................................................................70 O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA: uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense” Elizabeth Conde de Morais | Carmen Lucia Reis Rodrigues | Sylvia Maria Trusen................................................................................................... 71 O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA: a tradução e a performance do narrador Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa | Sylvia Maria Trusen.................. 72 PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução Márcia Saviczki Pinho | Carmem Lúcia Rodrigues Reis........................... 73
ESTUDOS LITERÁRIOS E OUTRAS ARTES “CACHORRO DOIDO”: uma análise antropológica da homossexualidade na narrativa curta, de Haroldo Maranhão Rodrigo Maroja Barata | Joel Cardoso..................................................... 75 ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade contemporânea Joel Cardoso.......................................................................................... 76 ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE) Hyago Átilla Sousa dos Santos | Edson Soares Martins........................... 77
ESTRATÉGIAS DE LEITURA: uma experiência local marajoara Jurema do Socorro Pacheco Viegas | Joel Cardoso.................................. 78 MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS: cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA) Ninon Rose Tavares Jardim.................................................................... 79 MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes Glayce de Fatima Fernandes da Silva | Ediane Maria Guimarães Monteiro | Joel Cardoso.......................................................................... 80
ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE I A ATIVIDADE DE CAÇA como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá José Rondinelle Lima Coelho | Felype Mota Moreira............................ 82 A MEMÓRIA DO CONSUMO: aspectos culturais da vila Cearazinho Rafaella Contente Pereira da Costa | Pere Petit Peñarrocha...................... 83 MANDIOCULTURA: estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil” Natascha Penna dos Santos | Luis Junior Costa Saraiva......................... 83 O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará Luis Junior Costa Saraiva...................................................................... 84 OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ: uma breve discussão metodológica Pâmela Paula Souza Neri | Gilcilene Dias Costa....................................... 85 QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA? alteridade e família na Amazônia Kirla Korina dos Santos Anderson.......................................................... 86 RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO
como fonte de renda sustentável em comunidades rurais no município de Bragança Délio Saraiva dos Santos........................................................................ 87 UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR como resistência sociocultural Evilania Bento da Cunha........................................................................ 88
LINGUAGENS DISCURSIVAS E CULTURAIS ESTUDOS DOS GESTOS dêiticos na linguística Romário Duarte Sanches | Sabine Reiter................................................. 90 LITERATURA E CINEMA: perspectiva intercultural amazônica Cleidiane Maria Pureza Moraes | Tabita Moraes de Castilho | Lilian Pereira Nascimento.................................................................................92 NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO: análise das intervenções do professor de língua portuguesa em textos escolares Eduarda Otacília Silva Meireles | Fernanda Ramos Correa | Hadson José Gomes de Sousa............................................................................. 93 SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS: letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA Mônica de Jesus dos Anjos Nunes | José Sena Filho | Luiz Guilherme Junior................................................................................... 94 SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES: o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas décadas de 1960-1990 Ariane Baldez Costa | Pedro Petit Peñarrocha.......................................... 95
ESTUDOS LITERÁRIOS E INTERCULTURALIDADE A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez Raimundo Conceição de Araujo de Sousa | Iris de Fátima
Lima Barbosa......................................................................................... 96 A BIOGRAFIA de Benedito César Pereira Lidiane Sousa da Silva........................................................................... 97 A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula e da História da Princesa da Pedra Fina Thays da Costa Pantoja | Suzy Maria Campelo Rodrigues | George Pellegrini................................................................................................ 98 BATUQUES E UMBANDAS: entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em Bragança/PA Nazareno Araújo Barbosa....................................................................... 98 ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade Adriana da Silva Lopes | Roberta Alexandrina da Silva............................ 99 LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA de São Benedito em Bragança-PA Larissa Fontinele de Alencar.................................................................. 100 MARIA LÚCIA MEDEIROS: trajeto e palavra Aline de Fátima da Silva Lucena | José Guilherme dos Santos Fernandes.............................................................................................. 101 RASTROS DE “CAMÕES” em narrativas orais bragantinas Maria Evangelina Gato dos Santos | Larissa Fontinele de Alencar............102
ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE II ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS: a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950 Amilcar de Souza Martins Sobrinho | Roberta Alexandrina da Silva......... 104 ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO: um exercício de etnografia Carlos Alberto Corrêa Dias Junior.......................................................... 105
MEMÓRIAS MIRIENSES: heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ Leidiane Pena Pinheiro | Carlos Alberto Corrêa Dias Junior..................... 106 NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES: através do contato com a capa, as mãos tocam a história Renan Brigido Nascimento Felix | Francivaldo Alves Nunes..................... 107
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua Keila Cristina Redig Pacheco | Tabita Fernandes da Silva........................ 109 ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ: desafios da tradução Tabita Fernandes da Silva...................................................................... 110 O SUJEITO enquanto manifestação gramatical Janúbia Lucas Guague Guimarães | Tabita Fernandes da Silva...............111 UM ESTUDO DA HOMONÍMIA no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi Elivelton Silva Reis | Tabita Fernandes da Silva...................................... 111
COMUNIDADES TRADICIONAIS, SABERES E INTERCULTURALIDADE A PRODUÇÃO DE SABERES na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus, Taperaçu Campo, Bragança (PA) Alceny Nunes de Araujo | Fernando Alves da Silva Júnior...................... 113 AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA... - uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas da compreensão humana Carolina Maria Mártyres Venturini......................................................... 114 CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA
(Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus LINNAEUS 1763 (Brachyura, Ucididae) Bruna Patricia Brito Matos | Claúdia Nunes Santos............................... 115 DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS como estratégia para o conhecimento e a preservação da Amazônia Juciclea Ataide da Silva | Bruna Patrícia Brito Matos | Rita de Cássia Oliveira dos Santos................................................................. 116 O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso Ana Célia Barbosa Guedes | Danila Guedes Azevedo | Alik Nascimento de Araújo............................................................................................... 117 OS SABERES DA GENTE DO MAR: o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do Treme, Bragança (PA) Roseli da Silva Cardoso | José Guilherme dos Santos Fernandes............. 118
ENSINO, INCLUSÃO E INTERCULTURALIDADE MEMÓRIA E RESISTÊNCIA: saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ Andréa Lima de Souza Cozzi | Giselle Maria Pantoja Ribeiro.................... 121 NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA” em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA Adão Souza Borges................................................................................. 122 O XOTE DAS MENINAS” como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos Simone de Nazaré Viana Lima | Rita de Nazareth Souza Bentes......................................................................................... 123 PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação Kelry Leão Oliveira | Camila Claide Oliveira de Souza | Gilcilene Dias da Costa................................................................................................. 124
ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE CRÍTICA E TRADUÇÃO na obra de Ana Cristina César Beatriz de Souza Carvalho | Mayara Ribeiro Guimarães......................... 126 O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR em fanfictions – reescritas no meio virtual Fabíola Reis | Izabela Guimarães Guerra Leal........................................ 127 OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO em Ana Cristina Cesar Mayara Ribeiro Guimarães..................................................................... 128 TRADUÇÃO LITERÁRIA: recepção nos suplementos literários letras & artes e arte-literatura Eldinar Lopes......................................................................................... 128
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE III ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em Capanema Suely Cunha de Souza | Raimunda Benedita Cristina Caldas.................. 131 GESTOS DE APONTAR (POINTING): elementos linguísticos e culturais Simone Negrão de Freitas | Romário Duarte Sanches.............................. 132 INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO na toponímia de Tracuateua Maria de Fátima dos Santos Vale | Tabita Fernandes da Silva................. 132 O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor Raimunda Benedita Cristina Caldas....................................................... 133
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor Estelita Araújo Barros | Maria Augusta Raposo de Barros Brito............... 135 GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO: trabalhando a oralidade com os alunos da EJA Gleciane da Silva Pantoja | Camilla da Silva Souza.................................. 136 INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de graduação em letras língua inglesa Marcus Alexandre Carvalho de Souza..................................................... 137 NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA e inclusão na escola Giselle Maria Pantoja Ribeiro | Tatiana Cristina Vasconcelos Maia.......... 138 RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD Antonia Edleuza Alves | Jaed Ríllare Alves de Sousa............................... 139
LÍNGUAS HISPÂNICAS E TRADUÇÃO CULTURAL LITERATURA E HISTORIA: traços de resistência na literatura paraguaia Carlos Henrique Lopes de Almeida......................................................... 141 O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM: El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar Fernanda da Costa Silva | Iris de Fátima Lima Barbosa.......................... 142 O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL: como reconhecê-los? Rozilda Rodrigues Monteiro | Valéria da Costa Cabral | Carmen Lúcia Rodrigues............................................................................................... 143 TRADUTORES HISPÂNICOS traduzindo para o português Eva Yolanda Taberne Albarenga | Giane da Silva Mariano Lessa..............143
ENTRE A TERRA, O MANGUE E O MAR: DIALOGANDO COM OS DIVERSOS SABERES DA PESCA AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude Norma Cristina Vieira Costa | Deis Elucy Siqueira.................................. 145 PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA Sebastião Rodrigues da Silva Júnior..................................................... 146 PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia Darcy de Nazaré Flexa Di Paolo | Deis Elucy Siqueira.............................. 147
“SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”: a importância do conhecimento ecológico local para o bom viver na Amazônia Roberta Sá Leitão Barboza................................ ..............................148 TREME: um nome que conta as origens da comunidade Maria de Lima Gomes | Deis Elucy Siqueira............................................ 149
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: ESTUDOS INTERCULTURAIS A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital Sybelle Rúbia Duarte Sampaio | Cicera Edilene Alves da Silva................ 151 A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no ensino superior Maria da Conceição Azevêdo................................................................... 152 FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES culturais para construção da escola bragantina Luciane Silveira Rodrigues | Maria Adriana Leite | Robson de Sousa Feitosa................................................................................................... 153
GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA: uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências didáticas Tânia Maria Moreira | Paulo da Silva Lima.............................................. 154 LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS? um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará Kelry Leão Oliveira | Gilcilene Dias da Costa........................................... 155 O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA Maria Adriana Leite | Luciane Silveira Rodrigues..................................... 156
DISCURSO E REPRESENTAÇÃO DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO: as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011 Hildete Pereira dos Anjos | Flavia Marinho Lisboa................................... 158 ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS: interdiscursivade no campo jurídico Suelem Cristina Silva Bezerra.................................................................159 MST E MÍDIA: o trabalho de produção de imagens Laécio Rocha de Sena | Nilsa Brito Ribeiro.............................................. 159 O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO: os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO, na memória dos atingidos e no discurso dos jornais Cícero Pereira da Silva Júnior................................................................ 160 O DISCURSO SOBRE A HERESIA na formação de uma identidade cristã ortodoxa Rosana Brito da Cruz | Roberta Alexandrina da Silva.............................. 161 OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES de evento de educação especial Ingrid Fernandes Gomes Pereira Brandão | Mírian Rosa Pereira | Hildete Pereira dos Anjos.................................................................................... 162
MESAS REDONDAS A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE na conversão semiótica João de Jesus Paes Loureiro................................................................... 164 A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO na transmissão de conhecimento Maria Teresa Costa Gomes Roberto Cruz................................................ 165 A MORTE VIRGINAL: arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da república Aldrin Moura de Figueiredo.................................................................... 165 PESCA SUSTENTÁVEL: das questões químicas às questões de gênero Marileide Moraes Alves........................................................................... 166 TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória Carmen Lúcia Reis Rodrigues................................................................. 167
TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO: leituras interculturais Esteban Reyes Celedón....................................................................... 167
Apresentação
APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes
O
Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia, do Campus Universitário de Bragança, da Universidade Federal do Pará, convida para o evento denominado I SEMINÁRIO NACIONAL EM TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE, que será realizado no período de 08 a 10 de dezembro de 2014, no Campus Universitário de Bragança, cidade localizada a 200 quilômetros da cidade de Belém, capital do estado do Pará, na região nordeste e litorânea da Amazônia brasileira. O Seminário congrega discussões a respeito das variedades de discursos e usos de linguagem as convergências de feições de línguas e, por conseguinte, de culturas nos mais variados modos de relação que formam na perspectiva regional as interseções de outros modos de se compreender a legitimar ideologia e identidade amazônicas. O evento reúne por meio das conferências, mesas redondas, sessões temáticas e programação artística e cultural pesquisadores que desenvolvem e apresentam experiências de caráter interdisciplinar e intercultural. As práticas, por sua vez, redimensionarão os processos dialógicos e dialéticos nas discussões e proposições acadêmicas e nas apresentações de amostras interculturais. OBJETIVOS Ampliar discussões a partir da tradução e das relações interculturais advindas das práticas de integração em línguas e intralínguas, as quais configuram os processos de formação e composição da realidade (pan) amazônica, bem como divulgar as produções de práticas interculturais na Amazônia.
23
Apresentação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA O Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia (PPGLS), na modalidade de curso de mestrado, está vinculado ao Campus Universitário de Bragança, da Universidade Federal do Pará, e tem por finalidade a formação continuada e o fomento da prática investigativa de profissionais portadores de diploma de nível superior, que sejam capazes de atuar no ensino de graduação e pós-graduação, na gestão e na intervenção cultural especializada, tendo como objetivo precípuo estudar, a partir de movimentos endógenos e exógenos, as diversas representações e práticas que perfizeram e perfazem as várias configurações das culturas da/na Amazônia, mediante a compreensão das diferentes formações discursivas, em diferentes linguagens, e suas correspondentes condições sociais e históricas de produção. O PPGLS existe desde 2011, quando realizou sua primeira seleção, com aprovação de 12 candidatos. O Programa foi aprovado na 122ª Reunião do CTC, da Capes, com o conceito 3, o que reforça nossa motivação para alavancar este Programa, daí a necessidade de realizar eventos, como o II SLINS, que possibilitem maior interação entre pesquisadores e entre a Academia e a Comunidade em geral, com a possibilidade de transferência de conhecimentos. No Programa existe uma área de concentração – Linguagens e Saberes – e duas linhas de pesquisa: Leitura e Tradução Cultural e Memória e Saberes Interculturais. Para maiores detalhes acerca do PPGLS, acesse: pplsa.blogspot.com.br.
24
Oralidade e interculturalidade
ORALIDADE e interculturalidade Coordenador: Fernando Alves da Silva Junior
DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI: a linguagem do maravilhoso em “um sonho” Elenilda Rosário COSTA (Bolsista Capes/PPLSA/UFPA) E-mail: helen__costa@hotmail.com Sylvia TRUSEN (Orientadora) E-mail: syviatrusen@oi.com.br
A
definição atual dada ao maravilhoso é a de que ele supõe o sobrenatural e que ao longo da narrativa permanecerá inexplicado de acordo com as leis que regem a nossa realidade humana. Partindo desta perspectiva, observaremos quanto de veracidade há nessa lógica sob os olhos do sonho. O sonho, a partir do século IV quando o cristianismo se torna religião e, mais que isso, ideologia, no Ocidente se torna fenômeno cultural, o qual passa a ser conhecido em proporções e significados de maior e menor grau em diversas sociedades humanas. Assim, “Um sonho”, narrativa oral coletada pelo projeto Imaginário nas Formas Narrativas Orais da Amazônia Paraense (IFNOPAP) faz parte de uma coletânea de narrativas intitulada Um portal para Bragança e é a partir de sua análise que seguiremos no desenvolver deste trabalho. Buscamos, aqui, falar da linguagem do maravilhoso no período medieval e de como essa linguagem atua e/ou foi traduzida no século atual. Será que são maiores as semelhanças ou as incongruências? A tradução desse maravilhoso tem a mesma função/finalidade hoje que no Medievo? Por meio da narrativa citada procuramos entender como se comporta os ensinamentos deste gênero e como que a narrativa oral I Seminário Tradução e Interculturalidade
25
Oralidade e interculturalidade
atual revela tais características; tudo isso, visto sob a perspectiva do sonho, pois além de tratar deste aspecto como o próprio título revela, o maravilhoso nesse âmbito é também riquíssimo na Idade Média. Para fundamentar esta ideia autores como Le Goff, Lévi-Strauss, Todorov, Walter Benjamin, Cuche entre outros serão abordados aqui. Palavras-chave: Maravilhoso. Linguagem. “Um sonho”. Narrativa oral. ELEMENTOS NÃO VERBAIS como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas Aline do Socorro dos Santos ARAÚJO (UFPA) E-mail: alinearaujo21@live.com
E
ste trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla que propõe investigar estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas, produzidas por falantes de comunidades rurais. Nesta comunicação apresentamos parte do resultado de análises de narrativas orais fantásticas produzidas por falantes da comunidade de Santa Rita do Crauateua localizada na zona rural do município de São Miguel do Guamá no Nordeste do Pará. Nesta comunicação analisamos os elementos não verbais empregados como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas. A análise mostra que os elementos não verbais, também denominados elementos paralinguísticos, constituem recursos muito importantes para compor o jogo argumentativo da narrativa. Nota-se que o falante, ao produzir uma narrativa fantástica, precisa garantir a persuasão e convencer seu ouvinte de que a história contada por ele é verídica. Assim é de grande utilidade para o falante, ao narrar um evento fantástico, valerse de elementos como gestos, olhares, movimentos corporais, tom de voz, ritmo diferenciado, modulações na altura da voz, os quais, além de servirem para cativar e prender o ouvinte na historia narrada, contribuem para dizer que o fato é verdadeiro e digno de ser aceito enquanto tal. Para este trabalho foram privilegiadas as manifestações linguísticas da área rural por advirem de pessoas que habitam em um ambiente propício para o cultivo do imaginário. Para este estudo serão utilizados como base teórica obras de autores como Koch (2008), Todorov (2004) e Fernando Tarallo (1986) entre outros. A concepção de argumentação adotada neste trabalho é a de que todo texto é argumentativo e a de que a argumentação está inscrita na própria I Seminário Tradução e Interculturalidade
26
Oralidade e interculturalidade
língua e que tanto elementos verbais como não verbais participam do jogo de argumentação levado a efeito num evento comunicativo. Palavras-chave: Elementos não verbais. Estratégias argumentativas. Narrativas orais fantásticas. “MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”: as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia oriental Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA) E-mail: macuninfeta@gmail.com
C
om base na coleta de narrativas orais de cunho sobrehumano durante a pesquisa de campo realizada na comunidade Taperaçu Campo (Bragança, PA), observou-se um grande número de narrativas que cuidam da metamorfose de pessoas em porco, ou seja, em “labisonho”, tendo como base essa transformação, o objetivo desse estudo é enfatizar a alteridade nas narrativas de metamorfose animal. Utiliza-se o termo sobrehumano para não sugerir uma visão positivista ao reforçar a oposição entre natureza e cultura suscitada pelo conceito de sobrenatural (BRELICH, 1983). Destaca-se neste trabalho a duplicidade de alguns indivíduos desta localidade por conta do perspectivismo ameríndio de Viveiros de Castro (2008, 2011) asseverar que existem modos de perceber o mundo que se diferem entre os diversos seres, isso implica dizer que em um encontro de subjetividades, ou seja, quando duas espécies se encontram na mata, cada uma enxergará a outra a partir de seu ponto de vista. Viveiros de Castro explica que no contato de um indígena com um porco do mato (caititu), o humano terá apenas um ponto de vista acerca desse encontro, que ele se deu com um animal, não obstante, o encontro se deu com dois, por isso pode-se considerar o ponto de vista do caititu e, para este, o animal é o indígena, não ele. Como os encontros são, via de regra, agressivos, e nesse exemplo, o indígena certamente tentará matar o porco, o caititu que ver a si mesmo como humano, enxergará seu algoz como um jaguar, pois as onças caçam e matam os humanos, na mesma medida em que se alimentam de caititus. Em vista do exposto, a humanidade é sempre uma conquista, uma vez que todos se enxergam como humanos, é dentro deste edifício conceitual construído por Viveiros de Castro que se pretende discutir a presença deste labisonho na poética oral desta comunidade pertencente a I Seminário Tradução e Interculturalidade
27
Oralidade e interculturalidade
Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, (Bragança, PA), enfatizando, sobremodo, a discussão de alteridade nas histórias de metamorfose. Palavras-chave: Labisonho. Poética oral. Perspectivismo Ameríndio. Taperaçu Campo. NO LABIRINTO DA MEMÓRIA: a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira Juliana Patrizia Saldanha de SOUSA (UNAMA) E-mail: j.luar@hotmail.com
E
ntre os anos de 1981 a 1985 explode um conflito agrário no Nordeste Paraense envolvendo diretamente o município de Santa luzia do Pará. Na liderança dos colonos, neste conflito, destacou-se Armando Quintino de Lira, que buscava liberar as terras para o colono ter a oportunidade para o trabalho. Sem solução para a questão agrária, eles articulam-se e buscam outro meio de fazer “justiça”, utilizando a força armada. Neste trabalho pretendo investigar as narrativas orais relativas as ações do Quintino, enquanto agia como Gatilheiro. Será necessário a utilização de entrevistas e tendo como instrumento relevante, para que a pesquisa se realize, a memória dos cidadãos residentes em Santa Luzia do Pará. Busco resgatá-las e catalogá-las numa perspectiva de construção de um acervo como parte da história do município de Santa Luzia do Pará. A caminhada metodológica terá como base o uso de pesquisa qualitativa e envolverá, além de pesquisas documentais e bibliográficas, a pesquisa de campo, promovendo entrevistas com cidadãos que atuaram com Quintino no conflito e/ou foram testemunhas desse fato histórico e cultural para os luzienses. Busca-se compreender a grande influência causada pelas ações do Gatilheiro na sociedade Luziense. Palavras-chave: Quintino. Conflito agrário. Memória. Narrativas orais. PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA: a quarta morada do sebastianismo Sônia Moraes do NASCIMENTO (UFPA) E-mail: sonia.mnascimento@hotmail.com Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
28
Oralidade e interculturalidade
E-mail: macuninfeta@gmail.com
O
presente trabalho visa apresentar uma breve descrição da presença do sebastianismo na cidade de Viseu-PA, especificamente na Pedra do Gurupi e na Ilha da Iara, dois espaços que podem ser considerados místicos. A pesquisa tem por base as narrativas orais de moradores e pescadores locais. Acerca das figuras sobrenaturais, analisou-se as narrativas a partir dos estudos realizados por Heraldo Maués, que os denomina simplesmente como “encantados” (...) “aqueles que se apresentam sob forma de animais aquáticos, nos rios e igarapés Oiara, estes sob forma humana, no Mangal ou Caruana os que incorporam nos pajés” (MAUÉS, 1995, p. 190). A pesquisa inicial vislumbrou estas entidades a fim de entender os eventos que ocorriam entre a pedra e a ilha, e as manifestações que ainda ocorrem, como descrito por Cascudo (2010, p. 229), de que neste local “é crença, entre os povos (...) [que] nas noites de luar, ouvese distintamente, lá embaixo, um rumor de vozes humanas e de repiques de sinos”, crença esta confirmada pelos narradores, de que este lugar é o reino de “bastião”. Sendo assim, Maués considera três locais como morada deste soberano português, “a primeira delas é a ilha de Maiandeua, no município de Maracanã, onde se situam a praia e o lago da princesa, que é a filha do rei (...). A segunda é a ilha de Fortaleza, no município de São João de Pirabas, onde existe a ‘pedra do rei Sabá’ e o ‘coração da princesa’ (...) O mesmo acontece com a ilha dos Lençóis, no litoral do Maranhão, esta é a terceira morada do rei Sebastião” (MAUÉS, 2005, p. 264). Tendo em vista a forte crença de que a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara trocavam de lugar até serem “benzidas” por um padre, e que ainda há relatos de pescadores e curandeiros de Viseu afirmando a presença do rei Sebastião nesses espaços, sendo que a ilha pertence à filha do rei encoberto e a pedra o seu lócus privilegiado de aparição, neste trabalho defende-se que a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara corresponde à quarta morado do Rei Sebastião. Palavras-chave: Sebastianismo. Quarta Morada. Pedra do Gurupi. Ilha da Iara.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
29
Tradução cultural e estudos terminológicos
TRADUÇÃO CULTURAL e estudos terminológicos Coordenador: Elias Maurício da Silva Rodrigues
A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico Fernanda Analena Ferreira Borges da COSTA (PPGL/UFPA) E-mail: analenacosta@gmail.com Abdelhak RAZKY (Orientador) E-mail: arazky@gmail.com
E
ste -vocálico medial na região Norte do Brasil, com foco em 18 (dezoito) localidades distribuídas estrategicamente pela região, determinadas pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB); excetuando cidades capitais. Configura-se, portanto, em um estudo Geolinguístico, representado inicialmente por Gilliéron (1915), na França, e por Aguilera (1998) e Cardoso (2014) no Brasil, entre outros, atrelado a uma análise de cunho variacionista, ou seja, uma abordagem laboviana dos dados. O objetivo está em verificar qual(s) variante(s) da variável (r) apresenta(m) maior ocorrência na fala dessa Região, bem como pontuar a influência de variáveis linguísticas e sociais na realização dos róticos em contexto interno, para posterior documentação dos dados em cartas linguísticas que demonstrem a distribuição diatópica das variantes identificadas. A análise é desenvolvida a partir de 4.608 ocorrências de (r) pós-vocálico medial, no entanto, até o momento foi verificada a metade desse corpus equivalente a 9 (nove) localidades do Pará, proveniente da fala de 72 informantes (36 informantes até o momento) estratificados por meio de variáveis sociais: sexo e faixa etária, e variáveis linguísticas dependentes e independentes. Para I Seminário Tradução e Interculturalidade
30
Tradução cultural e estudos terminológicos
codificar, processar e analisar os dados utiliza-se o programa estatístico GOLVARB X. A título de resultados parciais, esta pesquisa também encontra a fricativa glotal surda/sonora (aspirada) [/] como a mais empregada por todos os falantes, seguida do zero fonético []. Palavras-chave: Sociolinguística. Variável. Variantes. Geolinguística.
AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico Aldilene Lopes de MORAIS (PPLSA/Bolsista Capes) E-mail: aldmorais@hotmail.com Roberta Alexandrina da SILVA (orientadora) E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com
O
presente trabalho tem como meta fazer uma investigação do termo santo. Vislumbrando-o com uma palavra que não faz parte do léxico geral da língua, mas como um elemento que está inserido dentro das línguas de especialidade. Assim, será imprescindível entendermos como a terminologia estuda o comportamento dos termos dentro das línguas de especialidade. Para essas ponderações teremos como aporte teórico Krieger e Finatto. As autoras explicam-nos que o termo está atrelado às línguas técnicas, ou seja, as línguas de especialidade. Nesta perspectiva, estudaremos como se dá o processo de tradução do termo para as inúmeras situações comunicacionais que ele está inserido. A tradução é feita quando há uma mudança de significado de um campo para outro. Quando há uma troca cultural ocorre um processo de significação de determinados aspectos de uma cultura para outra. Veremos que a tradução não se dá apenas entre línguas, mas esse processo acontece entre culturas diferentes. Peter Burke, assim como Krieger e Finatto nos darão suporte teórico para esse diálogo. Nossa pesquisa se detém em pesquisas em dicionários e também em teóricos que argumentam sobre o termo santo nas religiões cristãs, assim como em outras religiões. Krieger e Finatto (2004). Peter Burke e Hsia (2009), Luigi Moraldi (1999) e Mircea Elidade (2010) serão os principais teóricos que servirão como base para nossa pesquisa. Palavras-chave: Terminologia. Santo. Língua de Especialidade.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
31
Tradução cultural e estudos terminológicos
BANQUETE: um estudo sincrônico e diacrônico do termo Andréia da Silva RIBEIRO (Bolsista do PPLSA/UFPA) E-mail: asr_letras@yahoo.com Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora) E-mail: rcriscaldas@gmail.com
O
presente estudo discute pontos específicos do termo ‘banquete’ no campo da Terminologia. A análise voltada à investigação desse termo de especialidade toma-o como elemento linguístico constituído socialmente, e, portanto, passível de ressignificação. Objetivou-se lançar uma abordagem em torno do conceito de diacronia e sincronia para análise do termo técnico da culinária, cuja metodologia empregada envolve a pesquisa bibliográfica em textos que discutem o léxico de especialidade. O arcabouço teórico contempla os estudos das autoras Krieger e Finatto (2004), Biderman (1996), Faulstich (1998) e Bastarrica (1999). Portanto, o termo “banquete” representa o objeto de estudo em perspectiva etimológica, sincrônica e diacrônica. Assoma-se o estudo de Bettencourt (2001) com contribuições a respeito da definição de banquete. Nesta perspectiva, estabelece relações com a área da tradução – para compreender a representação e motivação na tradução dos termos técnico-científicos. Do mesmo modo, dialoga com SOBRAL (2008) a respeito da prática tradutória e com textos literários que tratam sobre o termo em questão. Corroboram para esta análise alguns exemplares de textos consagrados, a saber: O Banquete de Platão, O Banquete em Rabelais de Mikhail Bakhtin e textos bíblicos, com os quais verificam-se mudanças de perspectiva do termo, da nomeação de assento para designar uma refeição celebrativa. Palavras-chave: Linguagem. Tradução. Termo de especialidade. Banquete. TERMINOLOGIA da piscicultura no Pará Josué Leonardo Santos de Souza LISBOA (UFPA) E-mail: josueleonardo10@hotmail.com Abdelhak RAZKY (Orientador) I Seminário Tradução e Interculturalidade
32
Tradução cultural e estudos terminológicos
E-mail: arazkyl@gmail.com
O
presente trabalho consiste na elaboração do glossário da terminologia da piscicultura, ramo da aquicultura, de cultivo de peixes, nos municípios de Belém, Castanhal, Peixe-Boi e Igarapé-Açu, no Estado do Pará. O corpus denominado PisciTerm é constituído de entrevistas com piscicultores, técnicos, engenheiros da pesca, professores especialistas, estudantes e trabalhadores braçais do dia a dia das fazendas, laboratórios e estações de piscicultura. Assim sendo, o objeto de estudo é o léxico especializado e as variantes terminológicas linguísticas e de registro pertencentes à piscicultura, delimitadas em três campos semânticos: reprodução induzida, engorda e comercialização. Têm-se, como ferramenta de auxílio para o levantamento, a análise, edição, a organização e distribuição dos verbetes, os programas computacionais WordSmith Tools (versão 5.0) e Lexique Pro (versão 3.3.1.). A pesquisa está ancorada nos procedimentos teórico-metodológicos da socioterminologia estabelecidos por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 2001, 2010). O objetivo é documentar, a linguagem técnica e as variantes orais dessa área do conhecimento humano, em expansão no mundo, no Brasil e no Pará, de grande relevância ambiental, econômica, nutricional e social, tornando-se uma importante ferramenta tanto para os profissionais da área, quanto para os demais profissionais, e a para todos os interessados pela terminologia da piscicultura. Palavras-chave: Socioterminologia. Glossário. Piscicultura.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
33
Estudos linguísticos e interculturalidade I
ESTUDOS LINGUÍSTICOS e interculturalidade I Coordenadora: Sara Concepción Chena Centurión
ANÁLISE FONOLÓGICA descritiva da língua ka’apor Lorram Tyson dos Santos ARAÚJO (UFPA) E-mail: proflorram@gmail.com Raimunda Benedita Cristina Caldas (Orientadora) E-mail: criscaldas@ufpa.br
O
presente trabalho disserta sobre estudo linguístico do Ka’apor, língua indígena que, descoberta por volta de 1930, integra um conjunto de oito línguas do ramo VIII da família Tupí-Guaraní, falada na região noroeste do estado do Maranhão e nordeste do Pará por cerca de mais de 600 falantes, distribuídos em quatro aldeias indígenas. Os estudos concernentes à língua ka’apor apresentam relativa atualidade, contudo, compõem considerável material de estudo acerca de fundamentos estruturais da mesma, além de estudos respeitantes a questões etnohistóricas. Nesse sentido, objetivamos, à luz dos campos fonético-fonológico e morfossintático da língua, tecer análise descritiva de aspectos linguísticos que caracterizam a língua Ka’apor, por meio de sistemas que a norteiam e que lhe conferem uma gramática interna e em descobrimento. Desse modo, debruçamo-nos, mais especificamente, neste labor sobre aspectos como: representação fonético-fonológica (fonemas, alofones, segmentos vocálicos e consonantais) padrão silábico, acentuação tônica, dentre outros. A pesquisa, em fase preliminar de estudo, confere caráter de ordem bibliográfica e pretende colaborar com a literatura em torno da língua em análise, tendo em vista a necessidade de ampliação dos estudos I Seminário Tradução e Interculturalidade
34
Estudos linguísticos e interculturalidade I
de tal língua com o propósito de melhoramento do ensino do ka’apor nas escolas de suas aldeias; de registro da referente língua, por meio da escrita, dentre outros aspectos; para tanto amparamo-nos nos estudos de KAKUMASU (1986), KAKUMASU & KAKUMASU (1988, 1990), CALDAS (2001, 2004, 2010), SILVA (2001, 2001), CORRÊA DA SILVA (1997), RODRIGUES (1986), RIBEIRO (1996), bem como de outros pesquisadores, que discorrem pesquisas de inúmeras ordens sobre a língua em estudo. Palavras-chave: análise linguística; fonética e fonologia; Ka’apor. ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA dos contatos culturais no município de Bragança Yara das Chagas FURTADO (UFPA) E-mail: yarafurtadorcc@hotmail.com Tabita Fernandes da Silva, (Orientador) E-mail: tabitafs1@hotmail.com
O
presente trabalho busca apresentar evidências dos contatos culturais no município de Bragança por meio do estudo de antropônímos encontrados em registros oficiais de óbitos e de nascimento que datam do período de 1826 a 1846. Bragança e regiões circunvizinhas, no passado, foram espaços onde entrecruzaram europeus, indígenas e africanos, fato que é conhecido pelos registros históricos e documentos antigos disponíveis em Bragança. Encontramos na antroponímia a possibilidade de identificar mais evidências do contato entre as três matrizes que formam a sociedade brasileira na região do Caeté em registros oficiais e verificar, nesses registros, de que modo o influxo entre povos distintos exerceu influência na escolha dos nomes de pessoas da localidade, bem como nas escolhas dos modos pelos quais as pessoas eram nomeadas. Este trabalho tem como fundamento teórico principalmente os trabalhos de Dick (1986) e Carvalinhos (2007). A antroponímia tem sua origem na metade do século XIX e é um dos ramos da Onomástica, que estuda especificamente os nomes próprios de pessoas, sejam prenomes ou alcunhas de família, explicando sua origem e evolução e variação em função de local, época e costumes ,tem fortes ligações com a história e a geografia, e considera que, no antropônimo, ficam registradas atitudes e posturas sociais de um povo, suas crenças, profissões, região de origem (Carvalhinhos, 2007). Embora este trabalho I Seminário Tradução e Interculturalidade
35
Estudos linguísticos e interculturalidade I
apresente apenas resultados parciais uma vez que a pesquisa ainda está em andamento, os resultados obtidos até então mostram a importância de se identificar o indivíduo por meio da condição e do papel social deste no momento de registrar o advento de seu nascimento ou de sua morte. Palavras-chave: Antroponímia. Contatos culturais. Sociedade bragantina. TOPÔNIMOS DO TUPI: rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA Sara Concepción Chena CENTURIÓN (PPGLSA/UFPA) E-mail: sarachena@gmail.com Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora) E-mail: reisrodrigues@oi.com.br
E
ste trabalho pretende evidenciar as marcas identitárias deixadas pelos indígenas e materializadas nos topônimos de origem Tupi na cidade de Castanhal (zona urbana). Para alcançar esse objetivo e trazer à luz da demonstração que os topônimos são marcas e fazem parte da memória do castanhalense foi necessário o levantamento da parte histórica da construção da estrada de ferro Belém-Bragança, assim como, da fundação da cidade de Castanhal. Além dos dados históricos também recorremos a recursos como cartas geográficas desta cidade dos anos (1990; 1998; 2014), bem como pesquisadores como Dick (1990, 1999, 2007); Carvalinhos (2002; 2008); Cunha (1992); Cruz (1955), Gagnebin (2006), Orlandi (1997, 2008), entre outros. Elementos toponímicos como Ibirapuera, Curuçá, Capanema, Tangarás e Sucupira, dentre outros quando analisados minuciosamente evidenciam parte da história, elementos motivadores e significados que nos levam a entender que estão registrados na memória dos citadinos desta cidade marcas indígenas. Um dado importante conseguimos alcançar, de que, se em um primeiro momento não nos aparece o elemento motivacional indígena, num segundo o elemento principal de motivação é sem dúvida a língua Tupi. Outro ponto que constatamos é a ocorrência em maior porcentagem de topônimos de natureza física, em ordem decrescente temos os fitotopônios, os zootopônimos e dos hidrotopônimos. Palavras-chave: Onomástica. Topônimos. Castanhal. Tupi. I Seminário Tradução e Interculturalidade
36
Estudos linguísticos e interculturalidade I
TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS em Macunaíma por Curt Mayer-Clason Marco PEIXOTO (UFPA/Bolsista PIBIC) E-mail: marco.f.o.peixoto@hotmail.com Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora) E-mail: izabelaleal@gmail.com
A
presente pesquisa tem como interesse principal a reflexão a respeito da tradução para o alemão do clássico modernista brasileiro Macunaíma – o herói sem nenhum carácter (1928.), de Mario de Andrade. A tradução aqui mencionada é de Curt MeyerClason, responsável pela tradução para a língua alemã de grandes obras da literatura brasileira, como Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A pesquisa tem como foco a tradução dos termos indígenas empregados por Mario de Andrade. É igualmente importante ressaltar a relação desses vocábulos com o tempo histórico e artístico em que Mario de Andrade lançava sua obra, avaliando o quanto ela foi essencial para o envolvimento da literatura com o país. É importante investigar se o tradutor foi capaz de manter o elemento intertextual da obra original, cuja relação se dá pelo entrelaçamento do português regular com os termos e as narrativas indígenas que o herói Macunaíma introduz, numa manifestação que evoca a pluralidade linguística e a diversidade cultural, acarretando uma estrutura narrativa singular. Para isso, será exposto um levantamento dos termos indígenas na em Macunaíma e levanta os questionamento quanto a tradução desses mesmos para o alemão, ressaltado aqueles que forem considerados de maior relevância pra construção do sentido da obra. Mais que uma simples representação do momento artístico em que se insere, a obra se estrutura de forma complexa, revelando relações de intertextualidade e apontando para uma dimensão de recriação artística. Palavras-chave: Tradução. Intertextualidade. Macunaíma.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
37
Educação no campo e interculturalidade
Educação no Campo e interculturalidade Coordenadora: Edileuza Amoras Pilletti
A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de BacuriteuaBragança-Pará Viviane dos Santos CARVALHO (PPLSA/UFPA, Bolsista PAC/UNEB) E-mail: vivres76@hotmail.com Georgina Negrão Kalife CORDEIRO (Orientadora) E-mail: cordeiro@ufpa.br
D
urante muito tempo, a linguagem que prevaleceu na escola ocidental moderna foi a acadêmica, científica, de uma ciência linear, racional, fragmentada, homogênea, ligada à lógica dos colonizadores; portanto, que deslegitima os conhecimentos e saberes dos camponeses, em especial dos pescadores e marisqueiras. Estamos em processo inicial de um estudo de caso da escola do campo Raimundo Martins Filho, situada na comunidade Vila de Bacuriteua, no município de Bragança, Nordeste do Pará, cujos (as) discentes são filhos (as) de pescadores e marisqueiras, na sua quase totalidade. Pretendemos, através dessa pesquisa, com viés etnográfico e da utilização de aspectos da história oral, perceber se os saberes e fazeres dos pescadores e das marisqueiras estão inseridos na prática pedagógica da referida escola; além da tentativa de contribuirmos para a valorização da identidade desses grupos pela instituição escolar estudada. Utilizaremos as técnicas da observação participante, entrevista e análise de documentos. Nesta produção escrita, propomos reflexões em torno da conexão da linguagem, seu sentidos e I Seminário Tradução e Interculturalidade
38
Educação no campo e interculturalidade
importância, com questões culturais e os conhecimentos da natureza, do trabalho, da vivência dos pescadores e marisqueiras; bem como, um estudo sobre a presença da escola no contexto sociocultural desses pescadores e marisqueiras, como um espaço de socialização de conhecimentos e formação de identidades. Para tanto, lançamos mãos de alguns autores: Kristeva (1969), Hoijer (1974) e Todorov (1996), que abordam sobre a linguagem; Lévi- Strauss (1997), Cuche (1999), Bosi (1992) as questões de cultura; Arroyo (2012), Munarim (2009), Fernandes (2006), Freire (2005) educação do campo; Oliveira (1993), que se refere à linguagem e ao processo de socialização e aprendizagem; Bourdieu (2007), que expõe sobre as relações de poder sociais e a aprendizagem da linguagem; Hall (2005) sobre questões de identidade; entre outros. A partir desse trabalho, pensamos em contribuir para desmistificar a legitimação de alguns saberes, fazeres e linguagens veiculados pela escola como únicos verdadeiros e de relevância. Palavras-chave: Linguagem. Saberes. Escola. Pescadores. Marisqueiras. A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA na formação de educadores e educadoras das escolas do campo: uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA Edileuza Amoras PILLETTI (IFPA/PPLSA) E-mail: edileuza.pilletti@ifpa.edu.br Georgina Kalife Negrão CORDEIRO (Orientadora) E-mail: cordeiro@ufpa.br
E
ste estudo tem como foco o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) que oferta formação acadêmica ancorada na Pedagogia da Alternância, uma proposta pedagógica que surgiu na França, em 1935, num vilarejo chamado Lot-et-Garone, que tem como pressupostos a formação integral do jovem ou adulto que vive no campo, aliando o conhecimento tradicional ao científico. O educando vive um período na escola e outro em sua comunidade de origem. Na Pedagogia da Alternância, na escola, os educandos estudam segundo um ritmo de alternância, havendo dois tempos de estudo: o Tempo Escola e Tempo Comunidade, que se alternam entre os Períodos letivos. A partir disso, a pesquisa teve como objetivo central analisar I Seminário Tradução e Interculturalidade
39
Educação no campo e interculturalidade
como se materializa a formação dos/as educadores/as do campo, formandos do curso de LPEC em Bragança, no Nordeste Paraense no decorrer do Tempo Comunidade. Os demais objetivos buscou-se, numa perspectiva geral, refletir sobre a concepção e os princípios pedagógicos que norteiam Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) no âmbito do IFPA, considerando o lugar de onde se fala, isto é, de uma instituição centenária que tem suas bases alicerçadas na educação profissional, na qual a experiência com a Educação Superior é muito recente. Pretende-se também constatar os desafios enfrentados e as estratégias utilizadas pelos sujeitos envolvidos na execução da referida licenciatura. Para esta pesquisa, propus como metodologia de estudo a Pesquisa Qualitativa por meio de um Estudo de Caso. Os dados iniciais foram obtidos através de observação direta e participante. A análise documental foi a nossa fonte primordial para obtenção dos dados da pesquisa, leitura dos documentos da instituição referentes a matricula dos educando e análise do Projeto Político Pedagógico da LPEC. Como resultado, este trabalho sinaliza que o PROCAMPO gerou novos conhecimentos que ao serem confrontados com o currículo em vigência aponta sua inadequação. O trabalho também assinala as dificuldades e limites de ordem estrutural que, de certo modo, comprometeu a dimensão pedagógica da referida formação. Palavras-chave: Educação do Campo. Pedagogia da Alternância. Formação de Professores. PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO matemática e formação de professores do campo Fabio Colins da SILVA (PPGECM/UFPA) E-mail: colins.uepa@hotmail.com Tadeu Oliver GONÇALVES (Orientador) E-mail: tadeuoliver@yahoo.com.br
E
ste artigo tem como objetivo apresentar e discutir as práticas de professores alfabetizadores das escolas do campo. As práticas docentes que tratamos nesse texto voltam-se ao processo de alfabetização matemática. O que chamamos de alfabetização matemática são as práticas de leitura e escrita nas quais as crianças se envolvem no contexto escolar e extraescolar e que precisam mobilizar conhecimentos associados à quantificação, às operações I Seminário Tradução e Interculturalidade
40
Educação no campo e interculturalidade
aritméticas, à movimentação e orientação no espaço e à leitura de gráficos, relacionados com a resolução de situações problemas. Esse estudo é parte resultante da pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da Universidade Federal do Pará ofertado pelo Instituto de Educação Matemática e Científica. Os sujeitos dessa pesquisa são dois professores alfabetizadores do campo que ensinam matemática nos anos iniciais do ensino fundamental e que integram o Programa Federal de Formação Continuada de Professores Alfabetizadores, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Para fundamentar as discussões sobre Alfabetização Matemática utilizamos as pesquisas de Fonseca (2004) e Danyluk (1989), sobre Educação do Campo consideramos as produções de Antunes-Rocha e Hage (2010) e Arroyo (2011). O material selecionado para apresentação e discussão são as sequências didáticas construídas e aplicadas pelos professores alfabetizadores em turmas multisséries das escolas do campo. Os dados coletados possibilitou-nos apontar conhecimentos matemáticos que foram mobilizados pelos professores no processo de alfabetização matemática. Palavras-chave: Alfabetização Matemática. Formação de Professores. Educação do Campo. PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA: desafios e perspectivas Maria Emília de VASCONCELOS (SEMED/UFPA) E-mail: emiliavasconcelos@bol.com.br
E
ste trabalho é fruto de um estudo de caso do Programa Brasil Alfabetizado Rural, em Bragança PA, o qual tem como foco alfabetizar jovens de 15 anos em diante, com o interesse de encaminhá-los já alfabetizados a 1º etapa da Educação de Jovens e Adultos afim de superar o analfabetismo no município ora citado. Ademais, faremos uma reflexão sobre os desafios e dificuldades encontrados, bem como os aspectos conceituais, filosóficos e operacionais do mesmo que se baseia no método de Paulo Freire, para fazer uma análise do perfil dos perfil dos alfabetizadores e alfabetizandos que compõem as 32 turmas envolvidas nesta iniciativa. Para tal, essa servirá como exemplo de transformação educacional na vida de 840 alfabetizandos que tiveram a oportunidade de resgatar o I Seminário Tradução e Interculturalidade
41
Educação no campo e interculturalidade
estudo perdido por vários motivos dentro de uma educação transformadora. Vale destacar ainda, que nosso objetivo é acompanhar 36 turmas rurais locadas em escolas, igrejas, centros comunitários, associações residências e até casa de farinha. Com a média de 15 alunos por turma, sendo na sua maioria mulheres. Nosso desafio é durante o desenvolvimento do Programa, verificarmos os pontos positivos e negativos detectados na aplicabilidade tais como: material didático, seleção e qualificação dos alfabetizadores e coordenadores, desempenho dos alfabetizadores, dificuldades de formar o quantitativo de matriculas, rejeição por parte do público alvo, alta taxa de evasão, falta de ações voltadas para a cidadania, alto índice de repetência e a baixa taxa de continuidade dos estudos. E como poderemos colaborar com sugestões de alterações para reverter este quadro e executar com perspectivas de pleno sucesso o processo de alfabetização. Palavras-chave: Brasil Alfabetizado. Alfabetizar. Rural. Desafio. Perspectivas. 42
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Gênero, identidade e interculturalidade
GÊNERO, IDENTIDADE e Interculturalidade Coordenadora: Camilla da Silva Souza
A IDENTIDADE FEMININA sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA Antonia Edylane Milomes SALOMÃO (PPLSA/UFPA) E-mail: dilamil@yahoo.com.br
E
sta pesquisa tem como eixo central indagar sobre a identidade feminina no processo de transmissão do conhecimento relacionado às plantas e ervas de uso medicinal tendo como exemplo a comunidade Quilombola de Pimenteiras. Porque é incomum a presença do homem nesse campo de conhecimento? A construção do conhecimento relacionado às plantas medicinais é predominantemente oral e, na grande maioria de saber feminino repassado entre as gerações e partilhado entre as mulheres. Como exemplo para esta pesquisa será tomados alguns dados transcritos do falar de uma moradora da comunidade Quilombola da Pimenteira que resguarda um conhecimento particular no campo das plantas e ervas de uso medicinal, repassado entre as gerações femininas de sua família. Alguns autores serão basilares na pesquisa desse trabalho como Pedro Paulo A. FUNARI (2003), Joan SCOTT (1990), José Rivair MACEDO (1999), Vicente Junior SABINO (2002). O objeto deste estudo são as pesquisas no campo da identidade de gênero no decurso da história feminina. Com base nesta investigação o trabalho em questão proporciona como resultado a compreensão da relação feminina com as plantas e ervas medicinal, observando que este saber não foi marcado de forma positiva na distinção dos gêneros. A presença da I Seminário Tradução e Interculturalidade
43
Gênero, identidade e interculturalidade
identidade feminina no domínio do saber sobre as ervas, em certo período histórico foi marcado como ato de punição e morte na fogueira. Palavras-chave: Gênero. Identidade Feminina. Ervas Medicinais. AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL: representações do gênero em relatos sobre a tortura Rosângela do Socorro Nogueira de SOUSA (UFPA) E-mail: ro_nogueira123@hotmail.com
E
sta Comunicação versará sobre a representação da figura feminina militante nos relatos proferidos por mulheres presas entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70, no contexto da ditadura militar. Para tanto, toma-se como arcabouço teórico o Sistema de Valoração, desenvolvido por Martin & White (2005, 2008), que, segundo Vian Jr (2009, p. 113) “...caracteriza-se como um sistema interpessoal no nível da semântica do discurso...”, e a noção de discurso na perspectiva da Análise do Discurso, além da concepção de ideologia como “conjunto de práticas” cuja a materialidade é a própria linguagem (MUSSALIM, 2001) com vistas às relações de tensão presentes nesses relatos como manifestação de práticas que reproduzem relações sociais, históricas e ideológicas enunciadas por um indivíduo que, interpelado pela ideologia, constitui-se como sujeito do dizer de um lugar discursivo determinado. São analisados 5 excertos, veiculados no livro “Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino”, de Tatiana Merlino, nos quais as sobreviventes descrevem as torturas sofridas. O livro foi lançado como parte das celebrações do mês internacional da mulher, em 2010, e apresenta o registro de vida e morte de 45 mulheres brasileiras engajadas na luta contra a ditadura e o testemunho de 27 sobreviventes. Os relatos serão analisados, visando desnudar como os recursos linguísticos materializam os posicionamentos divergentes sobre o mesmo tema, no caso, a representação da figura da mulher no contexto da ditadura militar, construindo personas discursivas e valorações negativas ou positivas sobre essas mulheres de acordo com as formações discursivas de onde se originam. As valorações sobre a mulher presentes nos relatos ocorrem, em grande parte, dentro dos subsistemas de Julgamento e Apreciação e o modo de se relacionar com as proposições, no subsistema de Comprometimento, concretizaI Seminário Tradução e Interculturalidade
44
Gênero, identidade e interculturalidade
se por meio ora da Monoglossia, em que não ocorre negociação de sentidos, ora da Heteroglossia, com os recursos de Distanciamento, como forma de negação do discurso do outro. Palavras-chave: Discurso. Ideologia. Valoração. Mulher. Ditadura Militar. QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia TuréMariquita de Tomé-Açu/PA Michelly Silva MACHADO (Bolsista CAPES-PPLSA/UFPA) E-mail: michelly_skazi@hotmail.com
A
história das etnias indígenas do Brasil é marcada por um processo de negação e segregação das identidades. No cenário Amazônico, as etnias indígenas resistem às segregações sociais existentes e estabelecem as mais variadas formas de preservar suas culturas e legitimar suas identidades étnicas. Nesse contexto, apresenta-se um estudo sobre a Aldeia Turé-Mariquita, etnia Tembé, que faz parte da nação Tenetehára e está localizada na cidade de Tomé-Açu no estado do Pará. Trata-se de um grupo que possui mais de 400 anos de contato e sofreu ao longo da história com repressões violentas; campanha de caça escravos; epidemias; diminuição de seu espaço; mão-de-obra estigmatizada; e a disputa de terras com fazendeiros, madeireiros e colônias de imigrantes. Atualmente, o grupo perdeu quase totalmente suas características étnicas, são estigmatizados como “índios remanescentes” ou “misturados” e que procuram, após esse processo, garantir a integridade de suas terras, revitalizar sua cultura e legitimar ou reafirmar sua identidade étnica. Desse modo, desvelam-se reflexões sobre a questão indígena no contexto da pós-modernidade, uma vez que, o grupo observado não é entendido como seres estáticos sem transformações e adaptações no tempo e no espaço. Para isso, dialoga-se com autores como: Ribeiro (1957), Burke (2008), Chartier (1990), Hall (2008) e Gomes (2002). Palavras-chave: Etnia Tembé. Identidade. Legitimação étnica. Resistência indígena. RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE: I Seminário Tradução e Interculturalidade
45
Gênero, identidade e interculturalidade
festividade de São Braz, na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará Antonio Edson FARIAS (SEDUC-PA) E-mail: edsonfarias13@gmail.com
E
ste trabalho busca entender as representações da religiosidade, cultura e identidade na comunidade quilombola Jacarequara, em Santa Luzia do Pará, ao longo da sua história mas principalmente durante a Festividade de São Brás, levando em consideração a representação cultural e religiosa, as quais são defendidas por autores como Peter Burke, José Guilherme dos Santos Fernandes, Vicente Salles, Edna Maria Ramos de Castro, Raymundo Heraldo Maués, entre outros. A pesquisa analisa a Festividade a partir das diversas facetas da mesma, a saber: A Festividade se inicia pela MATANÇA, que é o ato de abater os animais doados a São Brás; A MORDOMAGEM são os membros da Festividade, que logo após a ladainha podem ser escolhidos para serem JUÍZES ou PRESIDENTE da Festividade do ano seguinte; A COMILANÇA, é o jantar que é servido indiscriminadamente a todos os presentes; A PROCISSÃO e a LADAINHA em latim caboclo são o auge religioso da Festividade e dáse no horário das 06 da tarde, logo após a ladainha é feito o sorteio entre os MORDOMOS para a escolha do próximo Presidente, que ficará à frente dos preparos da Festividade para o ano seguinte, encerrando assim a parte religiosa da festividade. Na sequência, temos a festa de aparelhagem. Analisaremos, ainda, as tensões durante o desenrolar da Festividade, voltados tanto para o religioso quanto pela festa de aparelhagem. Palavras-chaves: Religiosidade. Identidade. Quilombola. São Brás.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
46
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
LITERATURA TRADUZIDA na Amazônia e tradução cultural Coordenadores: Francisco Pereira Smith Júnior e Elizabete Lemos Vidal
A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013) Suellen Cordovil da SILVA (UNIFESSPA) E-mail: sue_ellen11@yahoo.com.br
N
esta comunicação propõe-se apresentar trechos da nova tradução americana de Grande sertão: veredas (1965) com o título Grand sertão: veredas (2013) realizada por Felipe Martinez. Tem-se como objetivo geral analizar alguns trechos da nova tradução de Grande sertão: veredas. Felipe W. Martinez afirma que o problema da última tradução de 1963 foi a falta da experiência de tradução para o inglês, pois Harriet de Onís traduzia outras obras para a língua espanhola. Martinez considera que a tradução The devil to pay in thebacklands passou por simplificações. O novo tradutor decidiu utilizar novas estratégias para a tradução de Grande sertão: veredas, por exemplo, manter os neologismos, a sintaxe e a pontuação do original. Martinez descreve que os neologismos para o inglês são reinventados nessa nova tradução, diferentemente da tradução de 1963 que omitia e incluía palavras formais no lugar de recriar os neologismos para a língua inglesa. No caso da sintaxe, o novo tradutor afirma que tentou ser fiel ao original, pois os leitores americanos teriam que se adaptar às estruturas de significação da língua portuguesa. A pontuação permanece inalterada nessa nova tradução, I Seminário Tradução e Interculturalidade
47
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
pois, para Martinez, muitos tradutores são relutantes em lidar com as palavras de Guimarães Rosa. Para o novo tradutor esse método garante a conclusão da tradução. Essa tradução foi de uma parte do original, numa tentativa de recriar Grande sertão: veredas. Elaborouse um esquema com alguns trechos do original, da tradução de 1963 e de 2013, que esses novos trechos traduzidos estavam próximos ao parâmetros do original como, por exemplo a sonoridade, a sintaxe e a pontuação. As escolhas tradutórias comparadas demonstraram que as características do original podem ser transpostas para língua inglesa. Ele afirma que não permite “clichês”, pois Guimarães Rosa gostaria de chamar a atenção do leitor americano. Nessa nova tradução, Martinez tenta demonstrar o “não lugar comum” proposto por Guimarães Rosa. O tradutor alega que estudou o português por apenas um ano e mescla a sintaxe do original com o inglês gradativamente. Palavras-chave: Grand sertão: veredas.Tradução. Recepção americana. A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS: aspectos teórico-metodológicos Delisa PINHEIRO (UFPA) E-mail: delisapinheiro@yahoo.com.br Joyce RIBEIRO (Orientadora) E-mail: joyce@ufpa.br
E
stamos desenvolvendo a pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero e sexualidade/Prodoutor2013. Etnografamos dois ateliês de produção do município de Abaetetuba/PA, no decurso de 10 meses. Entre os objetivos de pesquisa está a reflexão sobre o processo de tradução da tradição deste artefato pedagógico-cultural, que tem ocorrido na justaposição entre os significados da cultura ribeirinha e os da cultura globalizada. Neste artigo, vamos apresentar o aporte teóricometodológico sobre tradução cultural que tem orientado a pesquisa. Acionamos a noção de tradução cultural em dois sentidos: como ferramenta metodológica da etnografia pós-moderna (CLIFFORD, 1998), e como ferramenta analítica, do modo como manuseada pelos Estudos Culturais desconstrutivos (BHABHA, 1998). No primeiro caso, a tradução é uma atividade de pesquisa, ou seja, a prática do pesquisador/a quando interpreta as informações produzidas no I Seminário Tradução e Interculturalidade
48
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
trabalho de campo transformando-as em texto escrito. No segundo, é uma prática humana, que se manifesta quando homens e mulheres habitam os interstícios culturais. Desse modo, concluímos que nos dois casos, a tradução cultural se materializa em meio a conflitos: como atividade de pesquisa impõe ao pesquisador decidir sobre a forma de registro das informações: se traduz garantindo a fluência e a inteligibilidade do leitor, apagando as particularidades da experiência, ou se mantém a intenção e o sentido original do texto com suas particularidades, possibilitando ao leitor perceber o foco do problema de pesquisa e o caminho escolhido pelo pesquisador-tradutor. Ao final, ao traduzir o pesquisador inventa relatos parciais sobre certa cultura, pois aciona a noção de objetividade e verdade contingentes. Como ação humana a tradução cultural é uma prática produzida como efeito do encontro cultural, logo, em meio a conflitos e tensões que não terão solução. Tais práticas tradutórias expressam a natureza múltipla e conflitiva dos significados, bem como a abertura, a hibridez, e a dinamicidade produzida pelos jogos de poder, pela diferença e pela alteridade. Palavras-chave: Tradução cultural. Estudos Culturais. Cultura tradutória. A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder Rafaella Dias FERNANDEZ (Bolsista CAPES/PPGL/UFPA) E-mail: rafaelladias_fernandez@hotmail.com Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora) E-mail: izabelaleal@gmail.com
H
erberto Helder em seus livros sobre apropriações realizadas de outros poetas não utiliza o termo tradução, e sim “poemas mudados para português”. Esta forma peculiar de definir o trabalho tradutório já aponta para o gesto de traduzir como um ato de criação literária. O tradutor não transporta para a sua língua a obra estrangeira, ele cria uma nova obra, diferente daquela que lhe deu origem. Na poética herbertiana, a criação assume lugar de destaque, e a atividade de criar está totalmente relacionada a violência. Para o poeta, a escrita é algo muito corporal, há a presença dos órgãos, dos fluxos vitais, o corpo passa a ser pensado em partes, como potência viva, isso possibilita ao poeta o vazio da forma, o espaço para novas I Seminário Tradução e Interculturalidade
49
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
formas e significados. Nessa deformação do corpo há uma violência essencial para a construção de novos sentidos poéticos. Com isto, o objetivo deste trabalho será refletir sobre a tradução literária na obra poética herbertiana e como a violência assume lugar de destaque nesse processo criador. Analisaremos três poemas traduzidos por Herberto Helder em que é nítido o trabalho de criação poética e em que percebemos a presença marcante da violência, da deformação do corpo e da palavra poética. Palavras-chave: Tradução. Criação. Violência. Poética. A TRAPAÇA do Iauaretê Leomir Silva de CARVALHO (Mestre/UFPA/bolsista CAPES) E-mail: leomircarvalho@gmail.com Sílvio Augusto de Oliveira HOLANDA (Orientador) E-mail: eellip@hotmail.com
E
sta comunicação versa sobre a linguagem do conto “Meu tio Iauaretê” (1961) de João Guimarães Rosa em sua realização transgressora. Barthes (1978) identifica a linguagem ao poder afirmando que nela as estruturas de opressão se reproduzem e se mantêm. O poeta, para o pensador francês, é um dos únicos sujeitos capazes estabelecer uma relação criativa com a linguagem passível de suspender sua fixidez mesmo que por um breve momento, a esse ato Barthes chama de trapaça. Portanto, analisa-se no conto de Guimarães Rosa como o autor brasileiro “trapaceou” ao contar a estória de um matador de onças em “Meu tio Iauaretê”. Ao lado disso, traça-se um paralelo entre a tradução criativa, como a compreende Haroldo de Campos no ensaio “A palavra vermelha de Hoelderlin” (1977), e a fala do matador de onças. Sob esse aspecto, a tradução é uma maneira chave de desdobrar a palavra em seu potencial estético e, portanto, visa escavar um outro lugar na própria linguagem distante das determinações do poder. Assim, utilizando-se do conto de Guimarães Rosa, analisa-se como a linguagem do onceiro encena ou faz-se metáfora da tradução criativa que, em seu contato com o outro, se aproxima cada vez mais de si mesmo, traçando um percurso repleto de pontos brancos e de camadas sobrepostas, que, constantemente, busca em si um lugar fora da autoridade e da repetição. Palavras-chave: “Meu tio Iauaretê”. Trapaça. Linguagem. I Seminário Tradução e Interculturalidade
50
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
AS CICATRIZES DE MARIA: entre dores e rupturas Luciana de Barros ATAIDE (PUC/MG) E-mail: lu.c.aba@hotmail.com
C
onsiderando com Beth Brait, Antonio Candido e outros teóricos que mostram como a personagem de uma narrativa encena a linguagem, construindo assim a verossimilhança que a sustenta, objetiva-se mostrar como o conto As cicatrizes do amor, de Paulina Chiziane teatraliza tal processo. Para isso, será problematizado o deslocamento da personagem Maria através de uma abordagem entre a tradição moçambicana e os valores da modernidade no espaço africano, usando, nessa produção, um tom memorialista. Cabe então lembrar que, ao caracterizar a construção da personagem, Renata Pallotini (1989) mostra como esse trabalho pode tornar essa figura ficcional verossimilhante. Tal consideração a autora o faz ao afirmar que a criação de um personagem requer o trabalho de um desenho de esquema do ser humano, atribuindo a esse ato criativo características e cores que produzirão um efeito de verdade, claro, uma verdade ficcional. Assim, entendendo a personagem como essa unidade, nota-se que o artigo apresenta uma análise do processo de construção desse ser verbal, dando-lhe sentido que, por vezes, chega a confundir o leitor quanto aos limites que separam a ficção da realidade. Para que o tom memorialístico seja desenvolvido nesse estudo, será imprescindível que se recorra a Halbwachs (2006) para uma abordagem acerca da construção da memória individual, associando-a à memória coletiva, uma vez que para evocar o passado há a necessidade de se recorrer a lembranças exteriores ao ser para que assim ele possa ser transportado a outros pontos de referência determinados pela sociedade. A análise do conto de Paulina Chiziane sob essa perspectiva mostra que a literatura tem como uma de suas funções a representação do real e é exatamente a manipulação técnica da linguagem que vai determinar a classificação de uma obra como literária ou não. Palavras-chave: Personagem. Verossimilhança. Deslocamento. Tradição. Memória.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
51
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS: o olhar apressado do outro Bene MARTINS (UFPA) E-mail: behne03@yahoo.com.br
E
m todo panorama de estereótipos populares e eruditos construídos sobre a Amazônia, permanece uma gama de conceitos impregnados daquela visão exagerada, resultante de impressões e olhares apressados, sobretudo de viajantes que por aqui passaram algum tempo e saíram difundindo o que para eles era a tônica das culturas amazônidas. Alguns dos relatos de viagens mais conhecidos são os de Luiz e Elizabeth C. Agassiz, Francisco José de L. e Almeida, Henry Walter Bates, Carlos Maria de la Condamine e o de Mário de Andrade com seu livro O turista aprendiz. Mário, em sua viagem, embarca na atmosfera do povo ribeirinho, dá asas à imaginação e divaga, tentando, naturalmente, fugir das estereotipias estrangeiras ou dos olhares opressores que os brasileiros poderosos tinham sobre os destituídos da sorte, relegados apenas às benesses da mãe-natureza. Este texto investiga o modo como as imagens estereotipadas sobre as culturas dos povos amazônidas foram construídas, demonstra o local de enunciação dos responsáveis pela elaboração das “imagens-conceitos” e identifica algumas estratégias desenvolvidas pelos habitantes da região, para se manifestarem enquanto sujeitos produtores de expressões culturais. No corpus do trabalho: fragmentos retirados de relatos de viagens; do romance O inferno verde de Alberto Rangel; de narrativas orais populares e dos romances O relato de um certo oriente, de Milton Hatoum e A terceira margem, de Benedito Monteiro. Estes para ilustrar a complexa troca intercultural entre os povos, e o convívio, nem sempre harmonioso, entre as culturas, dada a impossibilidade de uma apreensão total das particularidades que cada cultura mantém. Palavras-chave: Culturas amazônidas. Estereótipos. Enunciação. “JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica Francisco Pereira SMITH JÚNIOR (UFPA) E-mail: fsmith@ufpa.br I Seminário Tradução e Interculturalidade
52
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
O
presente artigo apresenta a obra jogos infantis de Haroldo Maranhão como um texto dotado de uma linguagem ousada no limiar de uma discussão dialética a respeito de sexo. O estudo propõe uma analise da forma como os narradores tratam da sexualidade nos quinze contos da obra. O humor e a ironia exercitam com dinamismo e simplicidade a linguagem do texto e tentam filtrar os fatos sexuais das narrativas, de maneira que possam explicar a sexualidade com senso de humor e interprete o cotidiano com mais naturalidade, típica proposta pelos escritores do Modernismo Brasileiro. A obra Jogos Infantis faz parte daqueles textos da literatura que se destaca pela sua específica linguagem “lúdica”. Repleta de expressões que criam imagens que “brincam” com o imaginário do leitor, utiliza uma linguagem que proporciona dinamismo e simplicidade, no qual há um jogo das imagens (ou entrelaçamento) do mundo ficcional com as imagens do mundo real. Faz o mundo ficcional ser integrado à estrutura de realidade pela experiência crítica do leitor e pela funcionalidade intertextual que a obra provoca. Percebe-se que o escritor procura tecer relações impensadas, que multiplica imagens e se dá por gestos sensíveis, estabelecendo novos campos de consistência e sentido. Em Jogos Infantis há um jogo que reorganiza o valor do signo, combinando ideais que possibilitam uma inversão na estrutura literal de certas construções lexicais. Palavras-chave: narrativa, sexualidade, infância, metáfora. MEMÓRIAS DE TRABALHO e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II Elizabete Lemos VIDAL (UFPA) E-mail: vidal@ufpa.br
A
s mudanças que se intensificam como consequência dos impactos causados pela construção do Complexo Hidrelétrico do Xingu revelam-se em relatos dos moradores das áreas atingidas pela construção da barragem do Complexo Hidrelétrico do Xingu que está sendo construída na Volta Grande do Rio Xingu, no município de Vitória do Xingu/Pa, região da Transamazônica, Norte do Brasil, começando com uma grande obra de barramento e um vertedouro onde a água terá sua passagem controlada. Com esse barramento, a Volta Grande do Rio Xingu foi atingida diretamente, seja com alagamento, seja pela seca do rio. Centenas de pessoas já I Seminário Tradução e Interculturalidade
53
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
abandonaram suas casas e estão recomeçando a vida em outro lugar. Tomando como elemento indicativo a coleta de narrativas das quais emerge a memória coletiva das famílias que moram e trabalham nessas comunidades ribeirinhas, este trabalho de pesquisa registra as práticas de trabalho, o modo de vida, a relação cotidiana com o rio, bem como a gestão e uso dos recursos naturais de famílias localizadas no entorno da Volta Grande do Rio Xingu. O processo de deslocamento a que são submetidos os atingidos pela barragem identificam a noção de território, no que se refere ao espaço dominado por algum tipo de poder, que vincula questões de ordem política e social. Trata-se, portanto, de um método dialético que busca compreender a decomposição do espaço na destruição da estrutura social e da memória coletiva de um grupo. Essa dialética pode ser identificada em diferentes vozes discursivas de moradores das áreas ribeirinhas da Volta Grande do Xingu, cujo perímetro compreende 05 comunidades: Arroz Cru I, Arroz Cru II, Paratizão, Santa Luzia e Itaboca. Palavras-chave: Narrativa. Oralidade. Memória. Belo Monte. 54 PAULO PLÍNIO ABREU e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia Geovane Silva BELO (DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO\UFPA) E-mail: geovanebelo@hotmail.com Sônia ARAÚJO (Orientadora) E-mail: ecosufpa@hotmail.com
P
aulo Plínio Abreu começou na literatura paraense entre os anos de 1940 e 1950. Publicou seus primeiros poemas no Suplemento Arte-Literatura, do Jornal Folha do Norte e nas revistas “Novidade” e “Terra Imatura”. O poeta apresentou uma visão sensivelmente simbólica do mundo e imprimiu em seus versos as aflições de quem vive o combate entre o pensamento e a palavra (im)passível de tradução. O objeto de sua indagação era o enigma do verbo como signo precário, por isso poetizou, alheio aos temas regionalistas, as conturbações da vida dividida entre o ser poeta e o ser ente. Paulo Plínio buscava transfigurar a linguagem e revesti-la de uma força simbólica perturbadoramente humana. Sua leitura de mundo é sempre incomodada com a inutilidade da palavra, assim foge do verso comum. Reconhecida a potencialidade de sua escrita, sua universalidade temática, notamos a invisibilizadade de sua obra no I Seminário Tradução e Interculturalidade
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
Ensino de Literatura da Amazônia. No encalço dessa leitura, extraímos a questão: que proveitos haveria para a Educação de Jovens do Ensino Médio, caso a poesia do autor estivesse mais presente nas práticas docentes? Este artigo pretende propor um debate sobre o lugar que as vozes literárias da Amazônia ocupam. Traz uma proposta dialógica de análise sobre a poética de Plínio, apresenta algumas interferências temáticas em seus textos e questiona o reducionismo e o ocultamento da Leitura de Literatura no Ensino de Literatura. O leitor de literatura tem a chave da sensibilidade e da apreensão estética. A arte literária é uma voz discursiva, força constituidora de um significado individual e coletivo com o qual o leitor estabelece uma relação cultural. Desse modo, o professor deve ativar o convite à experimentação e, por consequência, à reflexão participativa. A ação dialógica do docente é a conexão do aluno com o senso poético, por isso precisa ser uma oferta fascinante e libertadora, porque faz o jovem imergir no enigma da palavra à espera de tradução, como nos aponta Paulo Plínio Abreu. Palavras-chave: Paulo Plínio Abreu. Literatura da Amazônia. Educação.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
55
Estudos de linguagem e interculturalidade I
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade I Coordenadora: Maria Risolêta Julião
A VARIAÇÃO DIATÓPICA no dicionário escolar Brayna Conceição dos Santos CARDOSO (PPGL/UFPA) E-mail: brayna.cardoso@hotmail.com
O
presente trabalho intitulado A variação diatópica no dicionário escolar tem como objetivo principal analisar o tratamento da variação diatópica nos dicionários escolares dos acervos 3 e 4, selecionados na última edição do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD/2012). Para a realização desta pesquisa selecionamos uma amostra representativa de quatro dicionários, a saber: Caldas Aulete Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Dicionário Escolar Aurélio Júnior da Língua Portuguesa, Dicionário Houaiss Conciso e Dicionário da Língua Portuguesa Evanildo Bechara, através destes dicionários verificamos como a variação diatópica é apresentada nas estruturas megaestruturais, macroestruturais e microestruturais. Também, elaboramos um questionário aplicado a professores e alunos de escolas públicas e particulares, a fim de verificar suas atitudes acerca do uso dos dicionários em sala de aula, tendo como finalidade saber se o dicionário é utilizado; como é utilizado; em que situações faz-se o uso; as atitudes do usuário; se os verbetes que constam nas obras representam a realidade sociocultural dos usuários e seus anseios inerentes a esta temática. A pesquisa aqui delineada adota como pressupostos teóricos as contribuições advindas dos estudos em Metalexicografia (Lexicografia Teórica) e Geografia Linguística, ciências I Seminário Tradução e Interculturalidade
56
Estudos de linguagem e interculturalidade I
estas que nos fornecem suporte para avaliar e refletir como os lexicógrafos inserem a variação linguística em um importante instrumento didático, o dicionário escolar, que deve ter como função principal registrar a língua em uso, representando o repertório linguístico e sociocultural de seu usuário. Palavras-chave: Dicionário Escolar. Metalexicografia. Variação Diatópica. A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL: um estudo do português falado em Mocajuba Maria Sebastiana da Silva COSTA (PPGL/UFPA) E-mail: sebast_costa@hotmail.com Regina Célia Fernandes CRUZ (CNPq/UFPA) E-mail: regina@ufpa.br
E
ste trabalho apresenta os primeiros resultados obtidos com os dados do corpus formado, em nível de Dissertação de Mestrado (COSTA, em andamento), para a variedade linguística do português de Mocajuba (PA), vinculado ao projeto Atlas Prosódico Multimédia do Norte do Brasil (AMPER-Norte). Objetiva-se caracterizar a variação prosódica dialetal do português falado em Mocajuba (PA). Analisam-se aqui os dados relativos aos informantes do sexo feminino, nível Médio de escolaridade (BF53) e nível superior (BF55). Para o presente estudo consideram-se apenas os dados fornecidos para as frases com sintagmas nominais simples contendo 10 vogais, a saber: O pássaro gosta do pássaro (pwp), O Renato gosta do Renato (twk) e O bisavô gosta do bisavô (kwk). Todas as frases foram analisadas nas duas modalidades (declarativa e interrogativa total) investigadas pelo projeto AMPER. A análise acústica foi feita a partir das medidas acústicas das vogais de 36 enunciados, 18 de cada sexo, que sofreu seis etapas de tratamento: a) codificação e; b) Isolamento das repetições em arquivos de áudios individuais c) segmentação fonética no programa PRAAT 5.0; d) aplicação do script praat; e) seleção das três melhores repetições e; f) aplicação da interface Matlab para se obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições. Analisaram-se particularmente os parâmetros acústicos de frequência fundamental (semitons), duração (ms) e intensidade (dB). Os resultados mostraram que F0 é um parâmetro relevante na distinção das duas modalidades alvo, pois nos dados de ambos os sexos I Seminário Tradução e Interculturalidade
57
Estudos de linguagem e interculturalidade I
observou-se um movimento de pinça na sílaba tônica do vocábulo ocupando o núcleo do sintagma nominal final, resultado de um movimento descendente das declarativas e ascendentes para as interrogativas. Nestas mesmas sílabas, a duração registrou uma variação proporcionalmente inversa e significativa considerando tanto a diferença de escolaridade quanto o acento. A intensidade não foi um parâmetro acústico significativo. Palavras-chave: Prosódia. Acústica. AMPER. DEVIRES KYIKATÊJÊ Juliana do Monte GESTER (Bolsista/UNIFESSPA) E-mail: julianamgester@gmail.com Sue Rivera IKEDA (Bolsista/UNIFESSPA) E-mail: chihiro.220@hotmail.com Hiran de Moura POSSAS (Orientador) E-mail: hiranpp@hotmail.com Lucivaldo Silva da COSTA (Orientador) E-mail: lucivaldo05@yahoo.com.br
T
rata-se, aqui, de um projeto que tem por objeto de estudo a língua Kyikatêjê. Com o apoio da comunidade indígena Kyikatêjê, liderada pelo cacique Zeca Gavião Kyikatejê, estamos realizando filmagens, gravações e entrevistas com pessoas da aldeia, entre eles o diretor da escola local, moradores e professores. Temos por objetivo o mapeamento de aspectos da língua, como o alfabeto e a escrita, através de textos e conversas contendo narrativas, histórias, lendas e fatos do dia-a-dia, bem como a descrição de processos como a confecção de objetos, rituais de caça e preparação para jogos. Transitando por essas realidades, pretendemos elaborar oficinas e material didático com apoio dos professores e falantes nativos da língua, com a finalidade de trabalhar o sistema fonético e fonológico da língua e identificar/marcar tempos verbais e partículas que diferem a língua Kyikatêjê da língua Portuguesa e dessa forma, contribuir para uma cartografia social da comunidade cuja essência não se prende em dados meramente geográficos, mas destaca as vivências, memórias e interpretações dessa bagagem cultural pela ótica dos habitantes da aldeia, o que acaba por nos tornar sensíveis a esse universo de simbologias por trás de sua história, valorizando e, principalmente, incentivando uma participação mais ativa dos indivíduos pelas suas I Seminário Tradução e Interculturalidade
58
Estudos de linguagem e interculturalidade I
motivações e sensações. Roque Laraia (2001), nos diz que o patrimônio cultural de um povo se adquire com os esforços de toda a comunidade e tendo em vista que muitas línguas indígenas encontram-se ameaçadas de extinção, principalmente a língua Kyikatejê que não possui qualquer tipo de documentação, torna-se essencial a ação conjunta para propiciar as inovações e invenções. Dessa forma, as Mito-poéticas Kyikatêjê surgem não só como produto de pesquisa e investigação, mas como meio de colaborar com a continuação cultural desse povo. Palavras-chave: Língua Kyikatêjê. Devir. Cartografia. INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da região do Gurupí Eliene Rosa CHAVES (Bolsista da CAPES/UFPA) E-mail: elienerosachaves@yahoo.com Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: Tabitafs1@hotmail.com
O
presente estudo visa contribuir para o conhecimento da dinâmica do léxico de itens da flora da língua Tembé registrada por Max Boudin (1966). Este estudo faz parte de meu projeto de dissertação de Mestrado intitulado DENOMINAÇÕES DA FAUNA E DA FLORA NOS REGISTROS DE MAX BOUDIN: PERDA, CONSERVAÇÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DESSAS DENOMINAÇÕES POR ÍNDIOS TEMBÉ DA REGIÃO DO GURUPÍ em andamento no Campus Universitário de Bragança, estado do Pará. O estudo apresenta parte do levantamento do léxico da flora, encontradas nos registros de BOUDIN (1966), publicada há quase 50 anos, em comparação com as atuais denominações empregadas por falantes nativos Tembé, na aldeia Tekohaw e tem como objetivo verificar a dinâmica desse léxico e seus resultados como perda, conservação e ressignificação dessas denominações atuais. A pesquisa se justifica pela situação de extremo contato interétnico vivenciada por esses índios na atualidade, ao mesmo tempo, em que vive uma situação de bilinguismo que tem favorecido o uso do português. Interessa saber como, nesse contexto, os índios Tembé da atualidade denominam itens da flora, elementos tão intrinsecamente ligados a práticas de sobrevivência como, por exemplo, a produção da farinha e de que modo resultados como perda, I Seminário Tradução e Interculturalidade
59
Estudos de linguagem e interculturalidade I
manutenção, empréstimo e adaptação desses elementos linguísticos podem indicar os processos de tradução e ressignificação da nova situação experimentada por esses índios. Tomamos como parâmetros nesta pesquisa obras lexicográficos e descrições linguísticas disponíveis sobre os Tembé tais como BOUDIN (1966), GOMES (2002), ZANNONI (1992) E WAGLEY & GALVÃO (1966), SILVA (2010) e outros. A verificação desse léxico empregado pelos índios Tembé do Gurupí visa trazer mais contribuição para o conhecimento da dinâmica do léxico ao longo do tempo em contextos de intenso contato cultural como é a situação vivenciada pelos índios Tembé da referida região. O estudo vincula-se aos princípios teóricos da Lingüística do Contato da Socioterminologia e da Lexicologia. Palavras-chave: Dinâmica léxica. Flora. Língua Tembé. Contatos Culturais. TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo Tembé Lena Cláudia dos Santos Amorim SARAIVA (SEMED/BRAGANÇA-PA) E-mail: l-claudia-amorim@bol.com.br
A
pesquisa está em andamento e tem o propósito de discutir como se constrói o conhecimento da criança indígena, nas aldeias Sede e Cajueiro, situadas na Terra Indígena Alto rio Guamá. Apresenta as práticas cotidianas que viabilizam a aprendizagem da criança em território indígena. Nesse contexto o saber da criança é construído pela oralidade, tendo como suporte as brincadeiras, a prática cotidiana e o ambiente que a cerca. Mediante essa realidade cabe registrar como esse conhecimento é repassado, visto que as crianças estão sempre presentes na ação cotidiana. Com isso a situação a ser investigada neste espaço se faz a partir do olhar da criança Tembé como percebe o universo de conhecimento e aprendizado de seu povo. Ainda nesta dinâmica, espera-se identificar como a criança entende as expressões culturais como a pintura corporal, dança, canto e a língua materna, considerados processos identitários do grupo. Este trabalho tenta analisar como o conhecimento tradicional da criança Tembé, em consonância com as diversas realidade sociais e culturais, são significativos para a identidade da criança neste contexto, pois é necessário entender I Seminário Tradução e Interculturalidade
60
Estudos de linguagem e interculturalidade I
questionamentos centrais como: Qual a função social da criança Tembé? Como é constituído o conhecimento da criança em relação a sua identidade? A pesquisa utiliza o método etnográfico, e ainda como suporte a observação participante, entrevistas semi-estruturada e registro audiovisual. Os sujeitos envolvidos foram as crianças, professores indígenas, pajés, os idosos que são responsáveis pela continuidade e repasse da cultura. Diante dessa vivência cotidiana a criança Tembé vivencia momentos relevantes de aprendizagem, configurados desde o nascimento até a fase adulta, como o ritual do bebê, a festa do mingau, a festa da moça (Wyrau haw) entre outros. Palavras-chave: Saberes Tradicionais. Aprendizagem. Criança Tembé. VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA: análise acústica preliminar Gisele Braga SOUZA (PPGL/UFPA/CAPES) E-mail: giselebraga18@gmail.com Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora) E-mail: regina@ufpa.br
O
presente estudo visa caracterizar acusticamente as vogais médias pretônicas da variedade linguística falada no município de Barcarena/PA. Esta pesquisa é vinculada ao projeto Norte Vogais, que é integrante do Diretório Nacional PROBRAVO. O corpus total é composto por amostras de fala de 18 (dezoito) informantes nativos de Barcarena/PA, estratificados socialmente em sexo (masculino e feminino), faixa etária (15 a 25 anos; 26 a 45 anos; e acima de 45 anos) e nível de escolaridade (fundamental, médio e superior). Neste trabalho, serão apontados, especificamente, os resultados obtidos por meio da análise da terceira faixa etária investigada (acima de 45 anos), formada por 6 (seis) informantes, os quais foram gravados em situação de fala lida. Os dados foram coletados a partir da leitura de um texto sobre futebol, por meio do qual os informantes selecionados produziram 53 (cinquenta e três) vocábulos contendo as vogais médias em posição pretônica. A seleção de tais vocábulos considerou os fatores favorecedores da variação das médias pretônicas apontados nos estudos sociolinguísticos empreendidos pelo projeto Norte Vogais. No tratamento dos dados, foram tomadas medidas de média e desvio padrão de F1 e F2 (Hz) das vogais alvo. Diante da análise acústica preliminar, observou-se que, I Seminário Tradução e Interculturalidade
61
Estudos de linguagem e interculturalidade I
na fala de Barcarena/PA, as variantes médias abertas (anterior e posterior) apresentam um espaço acústico bastante definido. Em contrapartida, as variantes médias fechadas e as altas possuem maior proximidade, indicando, dessa forma, um maior grau de variação linguística. Palavras-chave: Vogais médias pretônicas. Análise acústica. Variação linguística.
62
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de tradução e interculturalidade
ESTUDOS DE TRADUÇÃO e Interculturalidade Coordenadora: Carmen Lúcia Reis Rodrigues
A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES de Haroldo de Campos e Herberto Helder Geovanna Marcela da Silva GUIMARÃES (UFPA) E-mail: geovanna_marcela@yahoo.com.br Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora) E-mail: izabelaleal@gmail.com
A
antropofagia é uma marca cultural dos povos da América Latina, tanto os de origem primitiva quanto os de origem moderna, mais precisamente como manifesto de identidade nacional. O objetivo deste trabalho é discutir como a antropofagia ressoa como discurso crítico e poético nas traduções de Haroldo de Campos, poeta brasileiro, e de Herberto Helder, poeta português, mostrando como a antropofagia, na contemporaneidade, é tomada no sentido de desconstrução e (re)valorização cultural. É importante ressaltar que a noção de antropofagia em Herberto Helder é um processo de criação poética, ao nível do texto e da linguagem, extremamente latente e concreto, enquanto que em Haroldo de Campos ela se apresenta com um caráter muito mais conceitual e reflexivo. Para exemplificar de que maneira isso ocorre, tomaremos como objeto de análise as traduções de poemas indígenas feitas por Herberto Helder e a discussão da antropofagia como desconstrução e apropriação do legado cultural estrangeiro defendida por Haroldo de Campos. Para isso, a antropofagia será concebida, em termos poéticos, como uma forma de apropriação violenta da tradição, no sentido de que ela irá encenar uma desconstrução do cânone universal. I Seminário Tradução e Interculturalidade
63
Estudos de tradução e interculturalidade
Palavras-chave: Haroldo de Campos. Herberto Helder. Antropofagia. Tradução. À PROCURA DE MÁRIO Faustino tradutor Thiago André VERÍSSIMO (Bolsista CAPES/UFSC) E-mail: thasverissimo@gmail.com
A
s décadas de 1940 e 1950 são significativas quanto ao processo de difusão cultural nos jornais brasileiros, com destaque para atuações de escritores, poetas e literatos nos diversos periódicos dessa época, o que fez do jornal um ambiente moderno e criativo em prol da cultura e da literatura. Em Belém, nesse período, há dois jornais que contribuem para o movimento cultural na cidade paraense, por meio dos respectivos suplementos literários: Arte Literatura, da Folha do Norte e Arte e Literatura, de A Província do Pará. Nesse ambiente, Mário Faustino (1930-19620) inicia a vida literária publicando crônicas em jornais e, sobretudo, atua como tradutor de textos poéticos. A confluência dessas traduções em jornais paraenses constituiu o nosso trabalho intitulado À procura de Mário Faustino Tradutor, o que engloba, primeiro, o mapeamento das traduções do texto poético realizadas na sua primeira juventude, com a publicação de poesia e prosa de autores como: Bernard Shaw, Pablo Neruda, Gabriela Mistral, Walt Whitman, Miguel Unamuno, Henri Michaux, Paul Éluard, Simonov (publicados n’A Província) e Alfonsina Storni, Rafael Alberti, Juan Ramón Jiménez, T.S. Eliot, Rainer Maria Rilke, James Joyce (publicados na Folha do Norte). Nesse sentido, esta comunicação pretende mapear o percurso de formação de Mário Faustino enquanto tradutor, a partir de suas contribuições tradutórias para os jornais paraenses até chegar às traduções publicadas na página Poesia Experiência, do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, nos anos de 1956 a 1959. Para tanto, apresentaremos o “projeto” de tradução de Mário Faustino nos suplementos culturais dos referidos jornais brasileiros, pensando na ideia de tradução como processo de formação cultural. Palavras-chave: Mário Faustino. Tradução-formação. Tradução e jornal. Tradução do texto poético.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
64
Estudos de tradução e interculturalidade
DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA em O Xangô de Baker Street Fernando Henrique Crepaldi CORDEIRO (UFPA) E-mail: fhcc2001@hotmail.com
E
sta comunicação pretende realizar uma leitura do romance O Xangô de Baker Street, de Jô Soares, obra que relata as aventuras de Sherlock Holmes, célebre detetive inglês, em terras brasileiras, promovendo uma releitura do personagem criado por Arthur Conan Doyle. Tendo em vista essa particularidade nossa apresentação terá essencialmente dois eixos: por um lado, buscará indicar as relações entre essa obra e o gênero policial; por outro, enfocará as tensões que surgem do contraponto entre as duas culturas, a inglesa, representada por Holmes e Watson, e a brasileira, na qual ambos são submergidos. Se a presença do personagem criado por Arthur Conan Doyle implica um reconhecimento quase que prétextual do gênero, um dos desvios quanto a essa forma se refere à apresentação de uma investigação que não se restringe a ser apenas um meio de se resolver o enigma. Na obra de Jô Soares, tão ou mais importante do que a revelação do assassino, é a tensão que se estabelece entre o racionalismo e a frieza – tipicamente inglesas, e mais típicas ainda de Sherlock Holmes – e a cordialidade brasileira. A paródia ao cânone sherlockiano surge, principalmente, da necessidade de adequação de Holmes ao contexto brasileiro, pois o seu deslocamento espacial (deixando a Inglaterra e vindo ao Brasil) acarreta um deslocamento, digamos, cultural. O detetive inglês encontra-se em um ambiente em que suas habilidades, em especial, sua racionalidade e sua frieza, são postas em xeque. Pode-se dizer que é como se o Brasil constituísse, para Holmes, uma espécie de “mundo pelo avesso”, um lugar onde a inteligência privilegiada dessa “supermáquina de raciocínio” não consegue impor ordem ao caos imperante. Do confronto entre esses dois modos de pensar o mundo surge, constantemente, o cômico, que se infiltra e contamina toda a narrativa, apresentando-se como um dos elementos que distanciam a obra de Jô Soares dos romances policiais mais tradicionais, marcados pela “seriedade”, pelo rigor e pela objetividade. Esse entrelaçar do sério com o cômico, por sua vez, remete-nos ao modo carnavalizado pelo qual a narrativa se constrói. Palavras-chave: Sherlock Holmes. Gênero policial. Brasil. Inglaterra. Paródia. I Seminário Tradução e Interculturalidade
65
Estudos de tradução e interculturalidade
MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS: um estudo de nomes de lugares de origem indígena de Curuçá (PARÁ) Ilzaléa Rocha da SILVA (SEMED) E-mail: rochailza@yahoo.com.br Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
E
ste trabalho integra parte de uma pesquisa mais ampla apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Uma Pesquisa Toponímica no Município de Curuçá/PA: Topônimos de Origem Indígena”. Nesta comunicação, tem-se como intuito realizar uma abordagem a respeito da motivação de determinados topônimos de origem indígena de Curuçá, município situado à região Nordeste do Estado do Pará. Para tanto, discutiremos o significado – nem sempre evidente – de determinados topônimos, por meio de sua possível estrutura morfológica, conforme as explicações etimológicas de autores como Cunha (1997), Tibiriçá (1984, 1985) e Sampaio (1987), por exemplo. Sendo assim, esse estudo partirá, sobretudo, da análise da estrutura e formação do topônimo, a fim de se ter uma tradução mais precisa das formas investigadas. O estudo da motivação e formação dos nomes de lugares analisados levará em consideração também as características físicas e culturais de Curuçá. Os dados considerados na pesquisa fazem parte do mapa do município de Curuçá/PA, e serão explorados, neste trabalho, de acordo com os princípios metodológicos propostos por Dick (1975, 1990, 1999). A exemplo do que será tratado nesta comunicação, foram identificados os topônimos Itajuba e Itarumã, onde há a sequência fonológica Ita. No entanto, é possível perceber que a presença de Ita nos dois topônimos é apenas uma coincidência fônica, pois, em Itajuba, tem-se as formas Ita ‘pedra’ + juba ‘amarelo’ (CUNHA, 1997); enquanto que, em Itarumã, tem-se as formas I ‘água’, ‘rio’ + tarumã ‘planta da família das verbenáceas’ (CUNHA, op. cit., p. 757). Palavras-chave: Topônimos indígenas. Motivação toponímica. Morfema. Curuçá-PA. ROBERT STOCK: I Seminário Tradução e Interculturalidade
66
Estudos de tradução e interculturalidade
poeta, tradutor e vagabundo Dayana Crystina Barbosa de ALMEIDA (UNIFESSPA) E-mail: almeidadcb@gmail.com
O
poeta norte-americano, chamado simplesmente de Robert Stock, viajou para Brasil, embarcou em um navio na região sul e acabou aportando, primeiramente, em São Luís do Maranhão e, posteriormente, em Belém. Quando já estava morando na capital paraense Stock descobre rapidamente a Revista Norte e entra em contato com o jovem Benedito Nunes. Robert Stock mostrou ao próprio Benedito Nunes, e aos poetas Mário Faustino e a Max Martins uma nova modalidade de “vida literária”, pois “o regime de dedicação exclusiva à poesia a que se entregava. O norte-americano circulou intensamente entre poetas e escritores, na década de 1950, em Belém. Dessa circulação podemos destacar a relação que surgiu entre Stock, Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Drummond. Esta relação ocorreu por meio da tradução, pois Stock traduz literaturas do inglês para o português para Nunes, Faustino e Martins. Faustino, por sua vez traduz Stock inglês para o português e Stock faz o caminho inverso com Drummond. Objetiva-se, nesta pesquisa, analisar brevemente as relações de Robert Stock com os escritores brasileiros: Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Carlos Drummond. A relação de Robert Stock com os brasileiros será analisada pelo viés da leitura, da Recepção e circulação de textos. Palavras-chave: Robert Stock. Tradução. Poesia. Língua Inglesa. TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA de São Domingos do Capim/PA Jeconias Monteiro de ARAÚJO (UFPA) E-mail: jeconiasmonteirodearaujo@hotmail.com Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (Orientadora) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
A
Onomástica é a parte da linguística que estuda os nomes próprios, divide-se em: Antroponímia, estudos dos nomes de pessoas (antropônimos) e Toponímia, estudos dos nomes de lugares (topônimos). À luz da toponímia, o objetivo geral deste trabalho é fazer uma análise dos topônimos de origem indígena I Seminário Tradução e Interculturalidade
67
Estudos de tradução e interculturalidade
encontrados nos nomes das comunidades ribeirinhas, rios e igarapés do Município de São Domingos do Capim/Pa. Como objetivos específicos, buscamos: a) analisar a estrutura morfológica dos topônimos, observando o processo de formação; b) verificar a etimologia dos topônimos e classificá-los de acordo com a taxonomia proposta por Dick (1990) e c) verificar os tipos de topônimos predominantes no Município, conforme os modelos taxonômicos de Dick (1990). A realização desta pesquisa obedeceu a quatro etapas: a) pesquisa bibliográfica; b) coleta de dados; c) organização dos dados e d) análise dos dados. O referencial teórico amparou-se em Andrade (2010), Dick (1990), Sampaio (1987), Tibiriçá (1984) e outros. Os resultados obtidos revelaram que existe uma relação de significação entre o topônimo e os aspectos físicos e psicológicos presentes nos lugares nomeados, o que apresenta um novo olhar em relação aos estudos realizados sobre signo linguístico, processos de formação de palavras, marcados pelo choque do tupi com o português etc. Palavras-chave: Topônimos. Estrutura morfológica. Significação. Tupi. São Domingos do Capim.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
68
Estudos literários, tradução e interculturalidade
ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade Coordenadora: Sylvia Maria Trusen
A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI: primeiras reflexões Joyce RIBEIRO (UFPA) E-mail: joyce@ufpa.br Lidia SARGES (Bolsista Prodoutor/UFPA) E-mail: lidiasarges@yahoo.com.br
U
m dos objetivos da pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero e sexualidade/Prodoutor2013, é analisar as práticas de tradução cultural de artesãos e artesãs que produzem o famoso artesanato. A pesquisa foi orientada pelo modus operandi da etnografia pós-moderna (Clifford, 1998), com uma experiência de campo de dez meses em dois ateliês de produção; produzimos informações por meio da observação do faladopensadovivido (Certeau, 1984), e de conversações com os interlocutores e interlocutoras. Para refletir as práticas de tradução cultural consideramos o encontro da cultura do passado, a tradição, e a cultura do presente, a cultura globalizada. Assim, a bicentenária tradição (Hobsbawn, 1984) do brinquedo de miriti representa o município como “a capital mundial do brinquedo de miriti”, produz identidades culturais e em certa medida “impõe” os temas dos brinquedos, homogeneizando-os, e garantindo sua própria sobrevivência. Porém, o encontro dos significados da tradição com os significados da cultura globalizada promove um curto-circuito cultural (Bhabha, 1998) cujo efeito é a tradução do brinquedo de miriti. O I Seminário Tradução e Interculturalidade
69
Estudos literários, tradução e interculturalidade
processo de tradução é marcado pela intersecção com outros fatores, entre os quais, as demandas do Círio de Nazaré, as “modernizações” estéticas orientadas pelo SEBRAE, e ainda, as demandas da diferença, mais precisamente as de gênero e de sexualidade, haja vista que nos ateliês a produção é generificada. Artesãos e artesãs não são caboclos ingênuos que traduzem o brinquedo de miriti levados unicamente por suas preferências pessoais e visão de mundo simples. Contrariamente, são sujeitos afetados por uma miríade de significados que eclodem de múltiplos espaços e tempos, como a tradição, a cultura globalizada, o SEBRAE e a diferença, sendo subjetivados por eles. Assim, a tradução do brinquedo de miriti se expressa tanto nos brinquedos com temas considerados tradicionais – aqueles que representam o cotidiano da vida ribeirinha −, quanto nos brinquedos com temas midiáticos, já que ambos são marcados por hibridações estéticas que só são possíveis nos jogos de poder, que a muitas posições de sujeito por meio da aceitação, contestação, negociação, enfim, pela tradução da tradição do brinquedo de miriti. Palavras-chave: Tradição. Brinquedo de miriti. Tradução cultural. O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO, e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande” Rayniere Felipe Alvarenga de SOUSA (UFPA) E-mail: rayniere.alvarenga@gmail.com Deyse Carla da Silva MOTA (UFPA) E-mail: deyse.silvamota@gmail.com Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora) E-mail: sylviatrusen@oi.com.br
O
presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise da narrativa coletada e transcrita pelos pesquisadores do Programa IFNOPAP – o Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense, “O mistério da Cobra Grande” (que exibe o animal habitante das profundezas dos rios amazônicos), nosso objeto de pesquisa, fomentando e estabelecendo uma compreensão da natureza das narrativas amazônicas – com a finalidade de divulgar e revisar as teorias sobre o gênero maravilhoso. A pesquisa realizada ratifica a forte ligação e relevância da narrativa “O mistério da Cobra Grande” com o gênero maravilhoso. Efetivamente, o conto integra-se à I Seminário Tradução e Interculturalidade
70
Estudos literários, tradução e interculturalidade
produção no plano do imaginário das narrativas míticas, Propõe-se, assim, a partir da leitura de PROPP (Morfologia do conto maravilhoso e o Raízes históricas do conto maravilhoso) articular a narrativa ao gênero que Todorov distinguiu do fantástico e do estranho. Outrossim, considerando-se que a narrativa foi transcrita do oral para o escrito, almeja-se refletir acerca da passagem entre esses dois registros, o oral e o escrito. O fundamento teórico que deverá, portanto, orientar a pesquisa provém dos estudos literários e das teorias da referida temática. Deste modo, o trabalho efetivou-se com a leitura analítica da narrativa do Programa IFNOPAP, em conjunto com os estudos de Todorov (1975), Vladimir PROPP, Jakobson e Jorge Larrosa. Palavras-chave: IFNOPAP. “O mistério da Cobra Grande”. Gênero maravilhoso. O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA: uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense” Elizabeth Conde de MORAIS (PPLSA/UFPA) E-mail: elibethconde@gmail.com Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora) E-mail: reisrodrigues@oi.com.br Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora) E-mail: sylviatrusen@oi.com.br
O
presente trabalho visa refletir sobre a utilização do texto oral como fonte de pesquisa, ao disponibilizar os recursos linguísticos, e possibilita compreender a criação do contexto de uso dos termos que caracterizam a prática da produção/ criação da “Cerâmica Icoaraciense”. Essa prática se faz presente na cidade de Belém, no estado do Pará, distrito industrial de Icoaraci, na região chamada de Paracuri, onde os artesãos e artesãs criam peças, que merecem destaque pelo seu valor expressivo. O texto, colhido na fala, é o ponto de partida para o processo de sistematização da investigação. O artigo é resultado do Seminário interdisciplinar Tradução e Transcrição: estudo de um caso. Esta investigação faz parte do projeto de pesquisa Aspectos Semântico – Discursivos dos termos da Cerâmica Icoaraciense, vinculado ao curso de Pósgraduação Linguagens e Saberes na Amazônia. Cujo objetivo é selecionar a partir dos discursos dos artesãos e artesãs, no plano da oralidade, os termos que caracterizam a prática da confecção da I Seminário Tradução e Interculturalidade
71
Estudos literários, tradução e interculturalidade
Cerâmica, através dos textos colhidos, junto aos informantes denominados de artesãos, no qual, expõem as suas concepções ideológicas. Para fundamentar essa atividade são usadas as leituras: para delimitar sobre o tema discurso (FOUCAULT, 2013); a respeito da Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004) e (AUBERT, 2001); sobre a Tradução Cultural (BURKE, 2009) e (VAN SETERS, 2008); no que diz respeito do processo de Tradução (BERMAN, 2013), (JAKOBON, 1995), (LARROSA, 1996), (LAGES, 2002). O processo de translado do texto oral para o texto escrito é visto como um ato de tradução e assume uma importância fundamental, durante o processo de aquisição dos dados para análise, e oportuniza ver as características próprias do fazer do artesão. Palavras-chave: Tradução. Terminologia. Cerâmica Icoaraciense. O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA: a tradução e a performance do narrador Myrcéia Carolyne Guimarães da COSTA (PPLSA/UFPA) E-mail: myrceia@yahoo.com.br Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora) E-mail: sylviatrusen@me.com
N
este trabalho é feito um estudo de tradução, transcrição e performance narrativa. Esta tradução dá-se na passagem do âmbito do oral para o do escrito, cujo objeto de estudo é uma narrativa oral em torno do Ataíde, ente mitológico dos manguezais, colhida em Taperaçu/Bragança, Pará. A finalidade deste trabalho é discorrer sobre as teorias acerca dos estudos de tradução, além de apresentar problemas que advêm dela, especialmente quanto às duas modalidades da língua: oral e escrita. Traduzir não se reduz somente à transposição de uma língua estrangeira para a língua materna. Entendemos tradução como um trabalho que suplanta a esfera das palavras, abraçando o homem e sua cultura, visto que, estudar tradução compreende analisar os problemas de recepção, o modo como certas culturas, grupos ou indivíduos leem a cultura do outro. A base teórica que fundamenta a tradução centra-se nas teorias tradutórias de Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Sabine Gorovitz, Antoine Berman, Peter Burke e Roman Jakobson. No que diz respeito às narrativas orais, o trabalho é balizado nas leituras de Junia Zaidan e Barbara Reeves (que cita Paul Thompson) para fundamentar o ato de I Seminário Tradução e Interculturalidade
72
Estudos literários, tradução e interculturalidade
transcrever/traduzir a voz do narrador em material escrito para o pesquisador. Em relação à performance, as teorias de Paul Zumthor, direciona as análises desta pesquisa. Assim, o trabalho de transcrever uma narrativa oral perpassa pela ação de traduzir, pois trata-se de uma tradução intralingual (segundo Jakobson, 1995) em que existe a passagem entre signos verbais no interior da mesma língua, no caso deste trabalho, do campo do oral para o campo do escrito. Palavras-chave: Narrativa Oral. Escrita. Performance. Tradução. PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução Márcia Saviczki PINHO (PPLSA/UFPA) E-mail: marciasav@hotmail.com Carmem Lúcia Rodrigues REIS (Orientadora) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
O
termo plantas medicinais já nos alude sua significação, devido nossa cultura ainda preservar muitos traços tradicionais. Na literatura botânica, há uma grande gama de autores que procuraram defini-la. Para Campelo e Ramalho (1989) “Planta medicinal é aquela que contém um ou mais princípio ativo que lhe confere atividades terapêuticas”. Este trabalho, a ser desenvolvido no âmbito da Terminologia e Tradução, tem por finalidade – a partir de uma amostra de corpus de pesquisa do projeto “Saberes que curam: uma incursão sobre a tradução dos nomes de plantas da comunidade da Vila-que-era (PA)” – traduzir os conhecimentos tradicionais, em relação ao poder de cura, por meio do estudo do léxico específico das plantas medicinais nos falares populares de Vila-que-era. A Terminologia é um ramo de estudos da linguística voltada ao estudo dos termos específicos de uma área também específica (KRIEGER; FINATTO, 2004). A Tradução refere-se ao transporte e à ressignificação de um texto, ou termos específicos de uma língua ou cultura de partida para outra de chegada (LARROSSA, 1996). A terminologia, neste trabalho, tem como meta embasar o estudo dos termos específicos, neste caso, sobre as plantas medicinais e a Tradução permitirá compreender a atribuição da finalidade a um dado termo, no âmbito da cura. Portanto, o foco deste trabalho é o estudo dos termos das plantas medicinais a partir de aportes teóricos e metodológicos da Terminologia e da Tradução. Para a constituição I Seminário Tradução e Interculturalidade
73
Estudos literários, tradução e interculturalidade
desse corpus foram selecionadas duas informantes visitadas e entrevistadas no período do segundo semestre de 2013 ao primeiro semestre de 2014. Os dados foram coletados através de equipamentos audiovisuais, e transcritos segundo Fávero (1999), com o auxílio dos programas Toolbox e Listen N Write. A pesquisa revelou, por meio do material coletado, até o presente momento, que as plantas medicinais são utilizadas na comunidade para curarem os malefícios tanto do corpo, como da alma. Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Plantas Medicinais. Conhecimentos tradicionais. Vila-que-era (PA).
74
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos literários e outras artes
ESTUDOS LITERÁRIOS e outras artes Coordenador: Joel Cardoso
“CACHORRO DOIDO”: uma análise antropológica da homossexualidade na narrativa curta, de Haroldo Maranhão Rodrigo Maroja Barata (ICA/UFPA) Joel Cardoso (ICA/UFPA) E-mail: jcdoriangray@gmail.com
T
omando como ponto de partida o registro do texto literário, o presente artigo visa analisar, interdisciplinarmente, o comportamento homossexual explícito e contundente, na narrativa “Cachorro Doido”, um conto de Haroldo Maranhão (escritor paraense, nascido em Belém, em 1927, e que faleceu em 2004, no Rio de Janeiro). Para as reflexões que tecemos sobre esta narrativa, parte do livro Jogos Infantis, publicado pela Editora Francisco Alves (Rio de Janeiro), no ano de 1986, levamos em conta os enfoques teóricos propostos pela Antropologia Social (prioritariamente) e, ainda, perpassamos pelas lentes elucidativas da Psicanálise e da Filosofia. Entre outras referências, pautando-nos nestas três áreas do conhecimento, tomando como referências teóricas, respectivamente, autores como Peter Fry (homossexualidade do ponto de vista das Ciências Sociais), Maria Rita Khel (homoafetividade, agora sob as lentes da Psicanálise) e Michel Foucault (com sua teoria da anátomopolítica disciplinar e da biopolítica normativa do corpo humano). O conto, cuja trama passa-se, em grande parte, num colégio, em Belém, do Pará, depois na casa de um dos personagens, traz, como I Seminário Tradução e Interculturalidade
75
Estudos literários e outras artes
protagonistas, as personagens Carlão e Luizinho, colegas de classe, os quais exteriorizam com seus comportamentos características padronizadas e nada relativistas em relação às questões de sexualidade e de poder. Propomo-nos, no artigo, investigar a sanha classificatória dos homens sobre outros homens e as variantes relacionais entre indivíduos e a homossexualidade. Palavras-chave: Homossexualidade. Antropologia. Literatura. Haroldo Maranhão. ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade contemporânea Joel CARDOSO (ICA/UFPA) E-mail: jcdoriangray@gmail.com
O
artigo versa sobre a utilização da Arte como instrumento de inclusão social. A arte apresenta um contexto muito amplo e, em nosso trabalho, não privilegiamos uma modalidade artística específica. Ao contrário, dentre as diversas possibilidades de abordar o aproveitamento do universo da arte como processos de inclusão social, optamos por fazer um breve passeio pela História da Arte, desde os primórdios, e, a partir daí, chegarmos ao contexto contemporâneo. Perpassamos pela História social da Arte, refletindo sobre a arte em seu percurso desde a Antiguidade até a Modernidade, mostrando, ainda, a arte como expressão da cultura de um povo, em suas manifestações expressas pelos costumes, crenças e pela religiosidade. Nesse sentido, a arte se apresenta como importante suporte para as manifestações sociais, configurando-se, ora como arte, ora como mercadoria, gerando renda. A seguir, fazemos um passeio pelas academias de Arte na História, bem como sobre o ensino da Educação artística em nosso país. A arte tem gerado inúmeros projetos sociais, constituindo-se, na Educação, como ferramenta facilitadora tanto na sala de aula, como fora dela. Procuramos fazer, a priori, uma exposição em que a arte foi vista, como um painel resumido, mostrando como, nos diferentes momentos, tanto a sua manifestação espontânea, como a sua mercantilização foram importantes. Por fim, falamos sobre a expansão e influência da arte através das novas mídias (cinema, música, TV, publicidade etc.). Em decorrência do alto I Seminário Tradução e Interculturalidade
76
Estudos literários e outras artes
alcance dessas mídias, hoje, a arte pode se constituir como facilitadora no desenvolvimento social. Palavras-chave: Arte & Educação. Inclusão social. Ensino de arte. ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE) Hyago Átilla Sousa dos SANTOS (Bolsista/URCA-CE) E-mail: hyagoatilla@ymail.com Edson Soares MARTINS (Orientador) E-mail: edsonmartins65@hotmail.com
O
trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre o arco compreendido entre a produção e o produto, no caso específico da tradução de Art, Religion and Symbolic Beliefs in Traditional African Context: A Case for Sculpture, do autor nigeriano Benedict Orhioghene Akpomuvie, levada a cabo dentro das atividades do Ateliê de Tradução do Núcleo de Estudos de Teorias Linguísticas e Literárias (NETLLI), grupo de pesquisa da base do Diretório Nacional dos Grupos de Pesquisa do CNPq. A tradução foi feita pelos pesquisadores do Netlli, utilizando a metodologia de trabalho desenvolvida no âmbito do Ateliê de Tradução. Pretende-se descrever as diretrizes de tal metodologia, refletir sobre suas possibilidades e limites, além de proporcionar as condições de partilha dos resultados. No caso em tela, constituiu-se um desafio peculiar para o trabalho o fato de a temática do texto alvo estar impregnada da terminologia própria de um segundo idioma, o iorubá, com o qual se nomearam as divindades representadas nos artefatos ritualísticos sagrados estudados pelo autor, no texto em inglês, além de ser necessário lidar com as transformações do iorubá em seu uso concorrente com o português falado nos terreiros de candomblé no Brasil. O fenômeno do abrasileiramento da onomástica sagrada iorubá para um público leitor de português brasileiro exigiu a compreensão do espaço de interculturalidade historicamente constituído pelo contato singular entre os povos em questão. O resultado desta experiência foi publicado em formato de livro eletrônico em PDF, com indexação padrão internacional (ISBN), nos moldes do trabalho feito pelo Ateliê de Editoração do Netlli, que é outro equipamento cultural auxiliar do grupo de pesquisa. Palavras-chave: Iorubá. Tradução Coletiva. Interculturalidade. I Seminário Tradução e Interculturalidade
77
Estudos literários e outras artes
ESTRATÉGIAS DE LEITURA: uma experiência local marajoara Jurema do Socorro Pacheco VIEGAS (PPGArtes/ICA/UFPA) E-mail: jujuviegas17@hotmail.com Joel CARDOSO (Orientador) E-mail: jcdoriangray@gmail.com
A
leitura, alicerce para o ensino-aprendizagem da Língua Materna, tanto em relação seu aspecto discursivo oral, quanto escrito, abarca uma diversidade textual mais ampla, pautada em proposição de metodologias contemporâneas, que busquem dar suporte ao aluno e, ao mesmo tempo, extrair dos textos um conhecimento mais abrangente, não somente no que diz respeito à abordagem linguística, mas, também, no que tange à aquisição de leitura, à inserção de diferentes temas atuais (ética, meio ambiente, cultura, identidade, diversidade, etc.). A leitura, nosso ponto de partida, passa a ser elemento motivador de novas práticas pedagógicas em sala de aula, em qualquer nível ou área de ensino e exerce papel fundamental na formação do educando, considerando aspectos linguístico, cognitivos, emocionais e culturais. Na prática enunciativa, podemos desenvolver reflexões e buscar respostas para diversas questões que nos afligem na contemporaneidade. O ensino da leitura, no mundo atual, deve desenvolver-se com base nas várias estratégias: contação de histórias, recitação de poesia, apresentação de peças teatrais, música, dança, etc., a partir de aspetos interdisciplinares e intertextuais, desde os primeiros anos da vida escolar. Já há alguns anos, estamos pesquisando e desenvolvendo a temática da leitura. Estas duas vertentes pedagógicas proporcionam possibilidades aos alunos de observar aspectos relacionados à recepção e à efetivação de leitura. Para dar suporte à pesquisa, utilizamos algumas obras que versam sobre o assunto, entre elas, Estratégias de Leitura, de Isabel Solé; Oficina de Leitura, de Ângela Kleiman; Intertextualidade, de Maria Zilda Cury; As Condições sociais de leitura, de Magda Soares. Apoiamo-nos, também, em pesquisas de campo, por meio de entrevistas com alunos dos Ensinos Fundamental e Médio e, ainda, com professores alfabetizadores que, hoje, atuam a partir do quinto ano do Ensino Fundamental, até o Ensino Médio, na escola Tancredo Neves, em Melgaço, no Marajó das Florestas. Acreditamos que o I Seminário Tradução e Interculturalidade
78
Estudos literários e outras artes
resultado do trabalho em pauta pode ser referência para professores e estudiosos da leitura, uma vez que buscamos despertar e amadurecer em nossos alunos o gosto pela leitura, bem como os valores sociais que estão se perdendo no mundo hodierno. Palavras-chave: Leitura. Intertextualidade. Interdisciplinaridade. MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS: cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA) Ninon Rose Tavares JARDIM (UEPA/GECA/CUIA) E-mail: ninonjardim@gmail.com
N
esta pesquisa apresento uma cartografia do saber-fazer com fibras de jupati, tecido por mulheres dos rios Chaves, Pirarara, Seringueiro, Urucuzal e da Vila de Nazaré, no município de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó das Florestas-Pa. A problemática que orientou a investigação foi analisar como essas mulheres da floresta marajoara constroem o saber-fazer na criatividade artística de tecer fibras? Quais os significados dessa arte em suas vidas? Como suas Obras dialogam com a tradição e o contemporâneo? De que modo essa arte vem se (res)significando ao longo do tempo? Seguindo orientações teóricas dos Estudos Culturais e do Pensamento PósColonial em conexões com o campo da Arte e por meio da metodologia da História Oral, procurei etnografar a paisagem física, humana e cultural de uma comunidade rural amazônica; captar a estética elaborada no cotidiano, os sentidos do saber-fazer gestados na feitura de Enfeites e Caminhos entre formas e coloridos. Neste enredo, analiso o processo produtivo e criativo durante o fazer em fibra na relação com os tempos do viver marajoara; discuto como essa arte é absorvida pelo mercado; trago à cena a arte em fibra do jupati no diálogo com questões conceituais do campo da arte, relacionando tradição e modernidade, culto e popular, arte, vida e estética do cotidiano, entrelaçados aos olhares das mulheres sobre sua Obra e os significados simbólicos, estéticos e formais. No modo de alinhavar Enfeites e Caminhos, busco aproximações com memórias indígenas e heranças históricas; analiso a morfologia da tessitura, as relações cromáticas, as funções que essa arte tem na vida dessas mulheres e as significações icônicas, indiciais e simbólicas das composições artísticas. Mergulhada nesse universo, descubro que o saber-fazer em I Seminário Tradução e Interculturalidade
79
Estudos literários e outras artes
fibras está articulado a cosmologias e ecossistemas estéticos; a arte em fibras é conhecimento e meio de vida; as Obras expressam sentimento de prazer, de gostar de tecer, incitando transgressões de códigos cosmológicos locais; fortalecem laços familiares, ligam gerações pela tradição do tecer, estabelecem encontros familiares, momentos de intimidade, cumplicidade, aprendizagem, disputas, conquistas entre mães, filhas e irmãs; (re)afirmam identidades, autoridades artísticas, estabelecendo códigos de respeito e hierarquias no reconhecimento acerca da qualidade do tecer. Palavras-chave: Arte. Estética do Cotidiano. Memória. Identidade. MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes Glayce de Fatima Fernandes da SILVA (UFPA) E-mail: glaycesilv@bol.com.br Ediane Maria Guimarães MONTEIRO (UFPA) E-mail: edianemonteiro@bol.com.br Joel CARDOSO (Orientador) E-mail: joelcardosos@uol.com.br
E
ste trabalho tem por desígnio contribuir para o aperfeiçoamento da prática dos professores de Português, mas não ambiciona abarcar as vastas possibilidades de fazê-lo, apenas apresenta algumas sugestões de atividades referentes à música, tendo em vista que abraçou como tema “Música em aulas de Língua Materna: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes”. A linha central deste estudo consiste em contemplar a música em aulas de Língua Materna, tendo como objeto de estudo a música como subsídio metodológico no processo de ensino-aprendizagem de Língua Materna. Desse modo, definiu-se o objetivo geral: Apontar e descrever como a música pode ser utilizada como subsídio metodológico no processo de ensino-aprendizagem de Língua Materna. Em vista desse objetivo, definiram-se questões mais específicas, tais como: Delinear conceitos sobre música enquanto modalidade artística; Definir as relações intersemióticas que se estabelecem entre as diversas modalidades artísticas; Assinalar como as aulas de Língua Materna podem ultrapassar as fronteiras gramaticais; Propor leituras interpretativas e I Seminário Tradução e Interculturalidade
80
Estudos literários e outras artes
metodologias intersemióticas para o ensino-aprendizagem de Língua Materna, tomando a música como ponto de partida para o diálogo com outras artes. Este estudo foi desenvolvido a partir do cunho qualitativo, definindo-se como pesquisa bibliográfica. Em vista dos anseios deste estudo, fez-se necessário apresentar alguns desdobramentos conceituais sobre: semiótica; artes; a linguagem intersemiótica entre as artes; a arte musical; e aulas para além das fronteiras gramaticais. Assim, aponta-se a relevância deste trabalho em virtude de demonstrar música para contribuir para a ampliação do horizonte de leitura dos alunos de Português, a partir do seu diálogo com outras artes. Palavras-chave: Língua Materna. Música. Artes. Intersemiótica.
81
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos culturais e interculturalidade I
ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade I Coordenador: Luís Junior Costa Saraiva
A ATIVIDADE DE CAÇA como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá José Rondinelle Lima COELHO (PPGAS/UFAM, SEDUC-PA) E-mail: coelho184@hotmail.com Felype Mota MOREIRA (UFPA) E-mail: felypemota0@gmail.com
A
reflexão feita a seguir é resultado de pesquisas realizadas na Terra Indígena Alto Rio Guamá, na aldeia Sede, mais especificamente, em caçadas junto ao povo Tembé Tenetehara no de 2013. As ponderações que proponho podem ser entendidas como um esforço de compreender o papel da atividade de caça na cosmologia do grupo em questão. Por isso busquei analisar a dinâmica de caça e regras para a manutenção da segurança do caçador no espaço do mato, assim como o processo de produção do corpo e adoecimento. Busquei fazê-los a luz de Viveiros de Castro para o entendimento das dinâmicas presentes nas relações de uma sociedade ameríndia, assim como Garnelo para pensar as categorias ligadas a saúde e doença. Some-se a esses, clássicos como Wagley e Galvão (1961), Gomes (1977) e Zanonni (1999) para uma análise da história, versões de mitos e organização social, dados recolhidos por esses autores em diferentes momentos da trajetória dos Tenetehara. E assim verifiquei que a atividade de caça é um momento xamanístico, que possui relevância para a manutenção de um mundo onde a (cosmo)lógica Tembé aparece em cada momento da caçada, seja no preparo das armas, armadilhas, moquém, nas andanças, construção I Seminário Tradução e Interculturalidade
82
Estudos culturais e interculturalidade I
do mutá e até nos momentos que antecedem e sucedem essa atividade, pois o cuidado com os parentes deve ser uma constante, evitando com isso conflitos e possíveis adoecimentos. Palavras-chave: Caçada. Corpo. Tembé. Adoecimento. A MEMÓRIA DO CONSUMO: aspectos culturais da vila Cearazinho Rafaella Contente Pereira da COSTA (PPLSA/Bolsista CAPES/UFPA) E-mail: rafaellacontente@gmail.com Pere Petit PEÑARROCHA (Orientador) E-mail: petitpere@hotmail.com
O
presente artigo busca compreender as percepções sobre o consumo de bens materiais e simbólicos em diferentes momentos da história de uma vila localizada no município de Bragança no estado do Pará, a Vila Cearazinho, fazendo uma análise cultural de aspectos do comportamento. Neste sentido, as memórias possibilitam o entendimento do conteúdo simbólico da ação do consumo e de como esses sujeitos percebem o mercado ao longo de suas trajetórias, que possuem características de formações sociais que se transformaram com o tempo. Usou-se a história oral como fonte de pesquisa, por está vinculada à memória, que é uma ocorrência nos sujeitos. Desta forma, as narrativas se apresentam como uma fonte que pode nos dizer, e muito, sobre aspectos do passado e também do presente, pois desvela saberes transformados a partir dos significados atribuídos ao consumo. A história do consumo revela como os moradores do Cearazinho percebem a si e o outro, a partir dos valores conferidos aos elementos da estrutura social que constituem tanto o espaço da vila quanto os ambientes externos, das relações de poder existentes, por meio da afirmação de identidades e de como se posicionam no processo de ressignificação do consumo, que atribui certas organizações do cotidiano em momentos históricos diversos. Palavras-chave: Consumo. Memória. Cearazinho. MANDIOCULTURA: estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil” Natascha Penna dos SANTOS (PPLSA/UFPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
83
Estudos culturais e interculturalidade I
E-mail: nat_penna@yahoo.com.br Luis Junior Costa SARAIVA (Orientador) E-mail: luisjsaraiva@yahoo.com.br
A
etnografia como tradução se propõe a vivenciar experiências. A descrição resultante do trabalho de campo reporta-nos a uma (trans)formação. A descrição citada sobre o uso da mandioca que provoca curiosidade pela forma rudimentar do preparo da farinha e da referência sobre a importância que o alimento tem para a comunidade da “nova terra”. Foram citadas relações histórico-sociais entre grupos diferentes, fazendo referência de como cada uma delas descreve o uso da mandioca, mostrando que não se trata só de cuidar de uma planta que alimenta, mas a importância da farinha na vida das pessoas apontando os impactos na memória e história de cada grupo. Para a construção deste trabalho, foram usadas fontes documentais históricas acessadas via internet, bem como livros e, a contribuição para os estudos etnográficos foi pensada a partir da análise dessas fontes. O que se pretendeu com esse trabalho foi instigar a reflexão a cerca dos estudos culturais e suas possibilidades de relação com a antropologia e os estudos etnográficos. Existe possibilidade de tradução? Como propor um estudo etnográfico definitivo sobre a questão levantada? Não há uma única resposta, o que se tem como o título nos chama atenção é uma cultura da mandioca ou a mandiocultura sendo demonstrada como descrição histórica levando o leitor a pensar na construção de uma identidade local bragantina a partir das diversas formas de intersecção entre as realidades e categorias sociais, o estrangeiro, o índio, o agricultor, a mulher, e o cultivo da mandioca proporcionando conhecimento para as ciências sociais na medida em que tenta fazer uma observação dessas dinâmicas. Palavras-chaves: Tradução. Experiência. Etnografia. História. O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará Luis Junior Costa SARAIVA (UFPA) E-mail: luisj@ufpa.br
I Seminário Tradução e Interculturalidade
84
Estudos culturais e interculturalidade I
A
presente comunicação busca refletir sobre o conjunto de narrativas orais coletadas na comunidade de Bacuriteua, umas das comunidades pertencentes a Reserva Extrativista Marinha do Caeté Taperaçu, a qual localiza-se próxima a Bragança-Pará. Nosso objetivo e refletir sobre os mitos que surgem nas narrativas orais e a relação entre mitos e meio ambiente. Levando em conta o fato de que os moradores da referida comunidade vivem da pesca e da extração do caranguejo, a relação deste com a natureza é algo importe de ser abordado a partir dos mitos. A metodologia aplicada na presente pesquisa é de cunho antropológico, dentro de uma perspectiva do estudo do imaginário e das representações sociais. A partir do trabalho de campo junto a comunidade, foi possível realizar a coleta de narrativas orais sobre os mitos com pessoas que narram essas histórias nesse contexto social. Nosso objetivo foi construir um diálogo com a comunidade envolvida partindo das realidades vividas em relação aos mitos narrados por esses diversos atores sociais, dando destaque para o mito do Ataíde. Um primeiro elemento importante, possível de destacar nas narrativas dos moradores da referida comunidade, é a forma como o mito está relacionado a preservação ambiental, pois como alguns dos entrevistados já definem em seus relatos orais, o Ataíde é o “Dono do Manguezal”, o que nos apresenta a importância social desse mito no espaço da comunidade e da sua relação com a natureza. Palavras-chave: Mito. Ataíde. Bacuriteua. Meio ambiente. Oralidade. OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ: uma breve discussão metodológica Pâmela Paula Souza NERI (PPGEDUC/UFPA/bolsista CAPES) E-mail: pamelaletras@yahoo.com.br Gilcilene Dias COSTA (Orientadora) E-mail: gilcilene@ufpa.br
O
presente trabalho pretende apresentar o projeto de pesquisa que tem como objetivo traçar uma análise sobre o processo de silenciamento da cultura indígena no município de Cametá, seguindo os rastros do que chamamos de trilha indígena, as localidades da Aldeia-Cujarió-Pacajá-Cametá-Tapera. A pesquisa toma como base a cronística de Pero de Magalhães Gândavo para viabilizar a discussão sobre a construção da representação da cultura indígena I Seminário Tradução e Interculturalidade
85
Estudos culturais e interculturalidade I
dada pela visão do colonizador. A proposta consiste em voltar quando necessário para a literatura produzida na época, como forma de perceber pela vertente pós-colonial como a representação indígena foi constituída na historiografia brasileira. Desse modo, tomaremos como base na pesquisa de Pós-graduação do Mestrado de Educação e Cultura da UFPA três vertentes de problematização, a saber: os estudos pós-coloniais, que fomentarão os discursos sobre a crítica à colonização dos saberes indígenas na historiografia brasileira. Em segundo lugar, partiremos para o estudo sobre o processo de memóriaesquecimento da cultura indígena no município de Cametá, buscando entender, num terceiro movimento, por meio do pensamento da alteridade, o movimento de afirmação e negação do outro em nossa cultura, interligando os elementos diacrônicos e sincrônicos da experiência no contexto histórico atual. Para essa primeira discussão apresentada, levantaremos os principais conceitos do pós-colonialismo que serão usados como arcabouço metodológico durante a pesquisa, perpassando pela contribuição da genealogia do sujeito e consequentemente da narrativa autobiográfica para a construção metodológica da investigação. Palavras-chave: Crônicas de viagem. Memória-esquecimento. Póscolonialismo. QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA? alteridade e família na Amazônia Kirla Korina dos Santos ANDERSON (IFPA/Campus Tucuruí) E-mail: kirla7@hotmail.com
O
objetivo principal do trabalho consiste em contribuir para a reflexão sobre interculturalidade na Amazônia, tendo como ênfase a construção do “outro”, no contexto das relações de família. Para isso, parte da ideia de que a socialização consiste num processo de interação social, que engloba os mais diversos aspectos da vida em sociedade (família, escola, grupos de amigos) e que acompanha toda a vida do indivíduo, para além do ideal de transmissão cultural. A pesquisa foi realizada entre famílias de camadas médias urbanas, na cidade de Belém/PA, e contou com pesquisa bibliográfica sobre família, socialização e camadas sociais; entrevistas com onze pessoas de diferentes posicionamentos na família, além de observações. Referida emicamente como educação I Seminário Tradução e Interculturalidade
86
Estudos culturais e interculturalidade I
e/ou criação, a socialização faz parte de um conjunto de idealizações que as famílias constroem, geralmente demarcadas por ideais de certo e errado e bem e mal, no qual a família é tratada como local de aprendizado das relações sociais, embora com especificações em cada contexto familiar. A antropologia, em seus esforços de entendimento das diferenças entre as relações sociais, dedicou grande destaque à noção de alteridade, de estar com o outro (muitas vezes, tida através do estudo de sociedades “nativas”, “exóticas”, ou seja, de uma realidade diferente da do pesquisador). A leitura de autores como Clifford Geertz, Marcell Mauss, Roberto Cardoso de Oliveira e Roberto DaMatta, mostra a necessidade de se relativizar as experiências nativas, que estão sendo observadas e compreendê-las no contexto em que são produzidas. Neste sentido, vale ressaltar que cada família apresenta a sua especificidade, ou melhor, é como se cada casa fosse um caso, por isso a diversidade de formas de pensar e sentir a socialização na família. Ao falar de sua socialização, os entrevistados procuram fazer isso ao comparar o tratamento que tiveram em relação à infância dos pais, ou a sua em relação aos seus filhos. Assim, a categoria “outro” que se investiga envolve a consideração sobre o modo de vida do grupo pesquisado, com ênfase para a maneira como construímos um espaço relacional, em que a cultura opera como uma lente através da qual enxergamos, classificamos e tratamos o outro. Portanto, a socialização é um processo relacional, em que o outro aparece como um espelho, que reflete a rede de relações a que o indivíduo está submetido, o que serve de reflexão para minha pergunta central nesta análise. Palavras-chave: Socialização. Alteridade. Antropologia. RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO como fonte de renda sustentável em comunidades rurais no município de Bragança Délio Saraiva dos SANTOS (UNINTER) E-mail: deliosaraiva@hotmail.com
N
o passado produzir panelas de barro era um requisito da “boa dona de casa”, já que acesso a materiais metálicos e outros do gênero eram de difícil acesso até meados do século XX. Esse processo produtivo ainda hoje é muito recorrente em alguns municípios do estado do Pará, porém de forma isolada este saber I Seminário Tradução e Interculturalidade
87
Estudos culturais e interculturalidade I
silenciosamente está desaparecendo, já que está guardado nas mãos de poucas senhoras, que mesmo não tendo apenas como função uso doméstico, mas também como produto de comercialização ou troca é ainda pouco explorado como negócio. Em 2003 com a parceria do SEBRAE-PA, iniciamos um processo de investigação e aperfeiçoamento de métodos e criação de equipamentos com o objetivo de através de uma produção comercial e sistemática fortalecer a cultura e manter a tradição da fabricação ceramista através da comercialização de panelas de barro. Esta tradição ceramista aos poucos vem desparecendo em virtude do não reconhecimento pelas novas gerações da importância desta produção para as gerações futuras. Buscamos através deste processo a consolidação do legado deixado pelos antecessores que aqui estiveram, incentivando, divulgando, visibilizando e mantendo esta produção que vai além da simples comercialização, tornando-se fonte de orgulho de uma tradição rica e expressiva da cultura local. Palavras-chave: Regate. Inovação. Comércio. 88 UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR como resistência sociocultural Evilania Bento da CUNHA, (PPGLS/UFPA/UNIFAP) E-mail: evilaniageo@yahoo.com.br/evilania@unifap.br José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador) E-mail: mojuim@uol.com.br
O
artigo aqui apresentado é resultado dos estudos da pesquisa de mestrado no Programa Linguagem e Saberes na Amazônia durante disciplinas cursadas para obtenção de créditos, com projeto intitulado A (RE)SIGNIFICAÇÃO DO LUGAR E AS NOVAS TERRITORIALIDADES DOS KA’APOR NAS ALDEIAS XIÉ PYHÚN RENDA, PARAKUY RENDA E TURIZINHO. Far-se-á um recorte do Projeto de Educação Ka’apor a partir do olhar da pesquisadora e de sua experiência como educadora formadora na Educação Escolar Indígena dando ênfase à avaliação diagnóstica realizada no ano de 2012, do qual originou esse projeto de pesquisa. De acordo com o Parecer Interdisciplinar Preliminar resultante da avaliação diagnóstica, o projeto de escolarização dos povos indígenas no Brasil trás consigo métodos ou formas de mensurar, ou não, o processo de aprendizagem das habilidades apresentadas no decorrer das I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos culturais e interculturalidade I
atividades impostas, desconsiderando os inúmeros espaços próprios da educação ou desenvolvimento das pedagogias indígenas, restringindo os espaços de aprendizado ao confinamento da escola. Essa perspectiva orientou os sujeitos e instituições que até o presente momento vêm “ensinando” nas escolas da Terra Indígena Alto Turiaçu. Juntamente com esse modelo e estrutura externa ao mundo do povo indígena chegam práticas, valores, metodologias de ensino e avaliação do ensino-aprendizado aos moldes da educação escolar que não conseguem ser eficientes. A avaliação teve como objetivos desenvolver atividades pedagógicas interdisciplinar com práticas do mundo kamará (não indígena) e ka’apor e fazer um levantamento da história de vida escolar dos educandos. Neste trabalho pretende-se apresentar um relato etnográfico das aulas do componente curricular História e Geografia. A metodologia adotada foi pesquisa documental do material didático utilizado para a avaliação e construção de material proveniente das aulas, além de consulta aos documentos técnicos elaborados pelos professores formadores. Palavras-chave: Ka’apor. Educação Escolar Indígena. Avaliação.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
89
Linguagens discursivas e culturais
LINGUAGENS DISCURSIVAS e culturais Coordenadores: José Sena da Silva Filho e Hadson José Gomes de Sousa
ESTUDOS DOS GESTOS dêiticos na linguística Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA) E-mail: duarte.romrio@gmail.com Sabine REITER (Orientadora) E-mail: daadbelem@daad.org.br
E
ste presente trabalho objetiva explicitar a relevância dos estudos dos gestos, em especial os gestos dêiticos, na ciência da linguagem. Como pressupostos teóricos utilizamos Kendon (1972; 2004), McNeil (1992; 2005) e Streeck (2009). Estes autores tratam da relação dos gestos com a fala, dos gestos como linguagem, e inferem discussões dos aspectos linguísticos e cognitivos, além de sistematizarem e classificarem os gestos em tipos. Haviland (2000) também serviu de base teórico-metodológica, já que suas pesquisas tratam especificamente de um dos tipos gestuais, o uso do gesto dêitico. Os pressupostos metodológicos seguem, em partes, os métodos adotados pela etnografia e pela antropologia visual. Também foram adotados alguns procedimentos no tratamento dos dados. Como se trata de um estudo experimental utilizamos apenas uma gravação audiovisual que contempla uma narrativa oral de um morador residente na Ilha de Santana, localizada no município de Santana AP, Brasil. Esta narrativa compõe o corpus de dados do Grupo de Pesquisa Núcleo de Fotografias Contemporâneas (NUFOC) da Universidade Federal do Amapá. A pesquisa nos mostrou que os I Seminário Tradução e Interculturalidade
90
Linguagens discursivas e culturais
gestos dêiticos são visualizados na interação comunicativa do sujeito durante a narrativa, e nos leva a compreender que tanto os gestos quanto a fala estão intrinsecamente ligados. Deste modo, inferimos que os gestos dêiticos também precisam ser compreendidos como categorias linguísticas de análises plausíveis. Palavras-chave: Linguística. Gestos dêiticos. Fala. INSTITUIÇÃO E CONSTITUIÇÃO da identidade do sujeito professor Hadson José Gomes de SOUSA (UFPA) E-mail: hadsonsousa@hotmail.com
N
o esforço de discutir sobre concepções/percepções acerca de tessituras identitárias é que nasce esse trabalho. Para tanto, nos dedicaremos a refletir, ancorados em Geraldi (2010a), sobre duas possibilidades de construção da identidade. A saber, os processos de instituição e constituição do ser, expressões-chave caras a este estudo; que implicam pensar duas possibilidades de relação. Em seguida queremos defender/discutir a partir de uma perspectiva dialógica, a identidade concebida como construto resultante da relação com a(s) alteridade(s) – relação Eu-Tu. A relação com a Outridade, com o absolutamente Outro, interrelação, enceta a constituição da identidade, portanto. Identidade que é construída num movimento em que a diferença identifica (GERALDI, 2010b; LÉVINAS, 1988, 2004). Por essa via, rechaça-se o ser ensimesmado e a identidade cartesiana solipsista. Após esse percurso, intuímos verticalizar essa discussão para analisar concepções de identidades que circulam socialmente e são delegadas ao sujeito professor. Tomaremos como objeto de análise charges veiculadas em espaços virtuais de interação (Facebook e WhatsApp). Num exercício crítico de refutar modelos homogeneizadores e padronizadores, de instituição, que eliminam o foco interacional-dialógico, logo não contemplam a identidade como um “(...) processo de constituição ao longo da vida”. (GERALDI, 2010a). Que no caso do professor se constitui na relação triádica: professor(es), aluno(s) e objeto(s) de ensino, dentro dos espaços de interação em que esse profissional atua; a sala de aula, no caso. Por conseguinte, percebemos que essas identidades impostas comportam discursos que circulam e tornaram-se senso comum e tentam inolucar I Seminário Tradução e Interculturalidade
91
Linguagens discursivas e culturais
e perpetrar sentidos que pauperizam a imagem social do sujeito professor. Palavras-chave: Sujeito professor. Instituição. Constituição. Identidade. LITERATURA E CINEMA: perspectiva intercultural amazônica Cleidiane Maria Pureza MORAES (UFPA) E-mail: cleidy.gyrl@gmail.com Tabita Moraes de CASTILHO (GEPEM/UFPA) E-mail: tabitamoraes@hotmail.com Lilian Pereira NASCIMENTO (Orientadora) E-mail: sralilian@gmail.com
E
ste trabalho tem por objetivo mostrar a literatura e o cinema em uma perspectiva intercultural amazônica onde aborda diferente e diferenças culturais pelo meio de uma diversidade de valores, conhecimentos e costumes que fazem parte da realidade Amazônica. Nos últimos anos a Amazônia tem sido assunto de relatórios, documentos, poemas, contos, ensaios, romances, literatura em geral e na modernidade a arte cinematográfica. E cada vez que alguém a descreve a partir de seu olhar e sua cultura, ela passa a ser narrada pelo mistério que rodeia a essência natural de cada morador, e este real torna-se conhecimento de outra cultura distinta da sua e faz com que o imaginário dessas pessoas o usufrua desses saberes regionais amazônicos. As culturas amazônicas estão rígidas por uma filosofia chamada pespectivismo, isto é, a noção de que o mundo esta habitado por uma classe diferente, humana e não humanos que aprendem a realidade de diferentes pontos de vistas e dentre esses a natureza perspectivista das cosmologias amazônicas e as fronteiras fluidas entre as culturas mestiças e indígenas que o cerca. E neste intercambio de diferentes culturas temos como metodologia a literatura e o cinema que contribuem positivamente na interculturalidade de um povo. A literatura se revela como uma área do conhecimento humano que promove facilmente essa parceria, principalmente quando conjugamos com outras formas artísticas como é o caso do cinema, o qual se revela como forma de conhecimento, ou seja, o cinema é o interlocutor dessas questões interculturais de um povo, tal como a obra “Iracema” de Jose de I Seminário Tradução e Interculturalidade
92
Linguagens discursivas e culturais
Alencar, que retrata tanto nos textos quanto no filme Iracema Uma Transa amazônica de Jorge Bodansky e Orlando Senna, dilemas comuns da cultura de um povo, é justamente essa realidade apresentada nesta obra que a torna mais cativante ao leitor, pois não se trata da historia de um super herói que faz atos incríveis de modo fantasioso e sim de uma realidade regional vividas por pessoas que são heróis de suas próprias historias. Com isso, este estudo nos fez perceber que literatura e cinema são parcerias de conhecimento intercultural. Palavras-chave: Amazônia. Cinema. Cultura. Literatura. NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO: análise das intervenções do professor de língua portuguesa em textos escolares Eduarda Otacília Silva MEIRELES (UFPA) E-mail: meirelles.eduarda@gmail.com Fernanda Ramos CORREA (UFPA) E-mail: nanndaramosfp@hotmail.com Hadson José Gomes de SOUSA (Orientador) E-mail: hadsonsousa@hotmail.com
C
om este trabalho objetivamos analisar as concepções que perpassam o ato de avaliar em Língua Portuguesa, especificamente avaliação de textos escolares, produzidos por alunos do 8º ano do ensino fundamental, do Centro Educacional Sagrada Família, localizado na cidade de Curuçá-PÁ. Com base nos rastros deixados pelo professor no processo de correção, analisaremos e interpretaremos com base nas teorias que discutem sobre avaliação escolar e textual o que é priorizado pelo professor ao intervir nos textos produzidos em sala de aula e de que maneira essa avaliação pode contribuir para a construção do conhecimento pertinente a produção textual dos alunos. Para essa análise, utilizaremos como aporte teórico, dentre outros autores, as discussões sobre avaliação em língua materna tecidas por Suassuna & Marcuschi (2007). Segundo Suassuna (in Suassuna & Marcuschi, 2007, p.11) “Uma das principais dimensões da avaliação é a de promover a construção do conhecimento.” Assim, refletiremos se as marcas deixadas pelo professor, nos textos dos alunos, servem de suporte para a retextualização e construção do conhecimento, tanto pelo aluno I Seminário Tradução e Interculturalidade
93
Linguagens discursivas e culturais
quanto pelo professor. Ou seja, se há ensino-aprendizagem nesse processo. Daí, chegaremos à discussão da(s) concepção(ões) de avaliação que prevalece(m) e/ou predomina(m) em cada ato avaliativo. Assim, tentaremos demarcar as concepções de texto que são levadas em consideração pelo professor nesse processo. Palavras-chave: Avaliação. Língua Portuguesa. Produção Textual. SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS: letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA Mônica de Jesus dos Anjos NUNES (UFPA/PARFOR) E-mail: anjos_nunes@hotmail.com José SENA FILHO (Orientador) E-mail: formadorsenal@hotmail.com Luiz GUILHERME JUNIOR (Co-Orientador) E-mail: lguilherme@ufpa.br
O
presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre narrativas orais e saberes dos ribeirinhos do Rio Jepohúba no Município de Breves, onde os contos transcritos e reescritos foram aplicados em um projeto de leitura e escrita na Escola Margarida Azevedo Nêmer, no Município de Breves – Pará, Marajó, com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. O mesmo foi elaborado e desenvolvido por causa da necessidade em atrair os alunos das referidas séries para o mundo da leitura e escrita, visto que o rendimento na sala de aula estava comprometido. O projeto foi aplicado, com base na perspectiva enunciativa de Mikhail Bakhtin e de Letramentos conforme orienta Roxane Rojo, além de outros autores da área, levando em consideração os saberes ribeirinhos como prática de leitura e escrita integrada ao seu meio social, no intento de que cada criança também usasse sua vivencia diária e em família como ferramenta de ensino e aprendizagem para uma alfabetização de qualidade, tornando assim a realidade escolar uma significação diferenciada para o discente. O resultado foram alunos leitores, capazes de criar e recriar o próprio saber e o projeto que deveria apenas coletar dados para a construção do trabalho de conclusão de curso, se tornou parte do Projeto Politico Pedagógico da escola e foi estendido para as escolas ribeirinhas, onde as narrativas foram gravadas, sendo desenvolvido em todos os turnos nas escolas, tornando alunos capazes de ler e criar seus próprios textos. I Seminário Tradução e Interculturalidade
94
Linguagens discursivas e culturais
Palavras-chave: Narrativas orais. Ribeirinhos. Letramentos. SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES: o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas décadas de 1960-1990 Ariane Baldez COSTA (PPLSA) E-mail: arianebaldez@hotmail.com Pedro Petit PEÑARROCHA (Orientador) E-mail: petitpere@hotmail.com
O
trabalho visa estudar por meio das narrativas orais daqueles que frequentaram as salas de cinema em Bragança, o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino durante os anos de 1960-1990. Mediante a isto, procuramos também discutir aspectos no que diz respeito à importância da experiência com o cinema na vida sociocultural local, procurando entender como essa experiência era vivenciada e como ocorria a recepção da sétima arte. O cinema se instala na rotina dos moradores do município de Bragança, aliás, pelo menos de uma parte dela, ainda que não fosse de forma linear (pois entre seus altos e baixos, as salas de cinema foram sobrevivendo) permanecendo assim na vida social dos bragantinos, atravessando gerações e gerações durante aproximadamente oito décadas, destacando o Cine Olímpia como a mais popular e frequentada sala de cinema da cidade. Dessa forma, o estudo permeia o universo da memória o qual privilegia os mais diversos conjuntos de experiências, prazeres e práticas sociais voltadas para as exibições cinematográficas. Seu desenvolvimento inicia a partir de uma abordagem interdisciplinar, a qual dialoga com os diversos campos de conhecimento, como a história oral, a antropologia, da sociologia, a história etc., enveredando por uma metodologia de pesquisa de campo e bibliográfica, tendo como apoio teórico Verena Alberti (2005) no âmbito das fontes orais, Maurice Halbwachs (2006) com suas considerações sobre a memória, Jean-Claude Bernardet (2006) e (2009) em um panorama sobre a história do cinema nacional e mundial, Leôncio SIQUEIRA (2208) e Benedito Cezar Pereira (1963) em um estudo historiográfico local e Graeme Turner (1997) com sua teoria do cinema como prática social. Palavras-chave: Cine Olímpia. Bragança. Espectadores. Cinema. Impacto cultural. I Seminário Tradução e Interculturalidade
95
Estudos literários e interculturalidade
ESTUDOS LITERÁRIOS e Interculturalidade Coordenadora: Larissa Fontinele de Alencar
A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez Raimundo Conceição de Araujo de SOUSA (UFPA) E-mail: araujoraimundo99@yahoo.com.br Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora) E-mail: iris_flb@hotmail.com
A
Literatura Hispano-americana por apresentar uma diversidade de temas, sejam eles em relação ao contexto local, seja aos elementos universais que afligem o gênero humano, e essa pluralidade faz com que o conjunto de obras, principalmente as produzidas a partir dos anos cinquenta do século vinte colocaram a América Latina em destaque no cenário literário mundial. Neste artigo, apresentaremos uma análise sobre algumas características presentes no romance Cem anos de solidão, do escritor Gabriel García Márquez, e que são os fios condutores que irão direcionar este trabalho. Primeiro será discutido o Boom Latino-americano e a relação que Gabriel García Márquez tem com esta definição, posteriormente, e do mesmo modo, destacaremos o Realismo Mágico e sua analogia com a obra estudada. Apresentaremos de maneira sucinta uma biografia do escritor e um comentário sobre o romance em questão. Com estas informações e com fundamentações teóricas de crítica e teoria literária entraremos no ponto principal que é a construção e atuação da personagem, para isso escolhemos a matriarca Úrsula Iguarán Buendía. Para desenvolvimento deste usamos como fundamentação teórica as obras Literatura e Sociedade, de Antonio Candido; A I Seminário Tradução e Interculturalidade
96
Estudos literários e interculturalidade
personagem, de Beth Brait, El Boom em perspectiva, de Ángel Rama; Historia da literatura Hispanoamericana, de Bella Josef; Antologia crítica de la Literatura Hispanoamericana, de John O’Kuinghttons Rodríguez. Palavras-chave: Realismo Mágico. Boom Latino-americano. Cem anos de solidão. Úrsula Iguarán Buendía. A BIOGRAFIA de Benedito César Pereira Lidiane Sousa da SILVA (UFPA) E-mail: lidyamorim04@yahoo.com.br
O
presente trabalho objetiva mostrar a biografia do poeta, político, bragantino, chamado Benedito César Pereira, este é um dos capítulos de meu TCC, que intitulou-se “Maní de Urutá: A Lenda Bragantina de Benedito César Pereira” a sua elaboração só foi possível com os relatos de seus familiares e amigos e por meio da oralidade consegui elaborar a biografia do mesmo, já que quase nada encontramos impresso que mencione este autor que muito ajudou na construção histórica cultural de Bragança. Nome importante do cenário político e poético de Bragança, dentre seus escritos destacam-se “Sinopse da História de Bragança” (1963), “Maní de Urutá” (1958), obras que o tornaram conhecido entre os escritores bragantinos, mas que poucos tiveram o privilégio de tais leituras, pois as mesmas são de difícil acesso. E dos poucos exemplares do poema “Maní de Urutá” saiu de Bragança na I Jornada Paraense de Folclore, onde o próprio autor presenteou os participantes do evento e grande parte deste público era de outras regiões do estado. “Os ‘causos’ contados durante o dia e na festa: mitos, estórias, lendas, narrativas antigas, perdidas no tempo, transmitidas de uma geração à outra sem que ninguém se lembre de um autor ou de uma origem” (BRANDÃO, 1984, p. 20). Objetivando que os relatos da família e amigos do autor não se perdessem no tempo e não ficasse somente no plano da oralidade e a cada nova informação o encanto crescia em transformar esses relatos em texto escrito. “Uma ou muitas pessoas juntando suas lembranças conseguem descrever com muita exatidão fatos ou objetos que vivenciaram” (HALBWACHS, 2006, p. 31). Para fundamentar esse estudo e enriquecer os relatos são usadas as leituras: (MOISÉS, 2004); (LARAIA, 1997); (ROSÁRIO, 1999); (LÉLIS. 1999); (COUTO, 2000). I Seminário Tradução e Interculturalidade
97
Estudos literários e interculturalidade
Palavras-chave: Bragança. Benedito César Pereira. Cultura. A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula e da História da Princesa da Pedra Fina Thays da Costa PANTOJA (UFPA) E-mail: thaysrockstar15@hotmail.com Suzy Maria Campelo RODRIGUES (UFPA) E-mail: suzy_201320@hotmail.com George PELLEGRINI (Orientador) E-mail: pellegrini13@yahoo.es
O
s romances de cavalaria encheram de encantamento e fantasia o imaginário ibérico do final da Idade Média e do início do Renascimento. Nelas, os heróis saem em busca de aventuras, dispostos a lutar contra qualquer tipo de inimigo. O âmbito onde o cavaleiro está imerso é totalmente fantástico; sempre vence a gigantes e a seres monstruosos; castelos, encantamentos e coisas sobrenaturais aparecem constantemente no mundo novelesco de cavaleiros andantes. Serviu de inspiração para que Cervantes escrevesse o mais famoso romance de todos os tempos: Don Quixote de La Mancha. Das páginas dos romances de cavalaria saíram muitos dos nomes com que os conquistadores batizaram vários lugares da América recém-descoberta. A nossa literatura de cordel traz muito do imaginário percebido nos romances de cavalaria. O universo maravilhoso de princesas, dragões e cavaleiros andantes foi transportado para o sertão. Este trabalho tem o objetivo de, através do comparatismo literário, fazer uma análise do cordel A princesa da Pedra Fina, de Leandro Gomes de Barros e do romance de cavalaria El Amadis de Gaula, anônimo, levando em consideração as principais características e outros aspectos irrelevantes relacionados com o gênero novelas de cavalarias. O principal motivo de focalizar este gênero é familiarizar os demais com gêneros poucos conhecidos, mas, que são pertinentes para a sua formação. Palavras-chave: Cordel. Romances de cavalaria. Amadis de Gaula. Literatura Comparada. BATUQUES E UMBANDAS: I Seminário Tradução e Interculturalidade
98
Estudos literários e interculturalidade
entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em Bragança/PA Nazareno Araújo BARBOSA (UFPA) E-mail: araujobarbosa2004@yahoo.com.br
N
este estudo abordaremos a relação cultural e literária entre as práticas afro-religiosas e o texto “Batuque” de Bruno de Menezes, escritor paraense. Serão investigadas, principalmente, as práticas umbandistas, na cidade de Bragança, Nordeste do Pará, mais especificamente, o Terreiro da Mãe Terezinha. Preocupamo-nos com os aspectos sociais e históricos desta prática afro-religiosa, nossa análise se volta para como ela surge na cidade de Bragança, e quais os eventos históricos a ela relacionados desde seu aparecimento até o início do século XXI. Dentro do contexto cultural atual encontramos diferentes possibilidades de expressões de religiosidade, cada uma delas permite ao homem moderno se relacionar de formas diversas com o mundo sobrenatural, sagrado e religioso. Algumas religiões sofrem preconceitos por parte da sociedade, pelo fato e reconhecimento da falta de informação sobre religiosidades e cultos afro-brasileiros. Diante desses aspectos, pretendemos relacionar comparativamente com a obra Batuque, de Bruno de Menezes, utilizando o poema de mesmo título como forma de símbolo ao batuque que é feito no terreiro de umbanda de Mãe Terezinha. Portanto, este estudo, ainda preliminar, pretende traçar pontos de intersecção entre os estudos culturais e os literários, como forma de construção social sobre as práticas afro-religiosas traduzidas culturalmente para o texto ficcional e metafórico de Bruno de Menezes. Palavras-chave: Mãe Terezinha. Bruno de Menezes. Práticas afroreligiosas. Literário. ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade Adriana da Silva LOPES (Bolsista CAPES/PPLSA) E-mail: adrianadsl1@hotmail.com Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora) E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com I Seminário Tradução e Interculturalidade
99
Estudos literários e interculturalidade
E
ste trabalho irá realizar uma investigação sobre dois termos específicos da área religiosa: o sagrado e o profano. O objetivo deste trabalho é realizar um estudo de caso desses dois termos, a investigação irá se concentrar na análise da etimologia, nas definições encontradas em diferentes dicionários, o uso dessas palavras em diversos contextos e na visão de teóricos da área religiosa. O estudo possui aportes teóricos das áreas de Terminologia, Tradução e Discurso, para assim, compreendermos a linguagem religiosa, o transporte dos termos sagrado e profano da área religiosa para outras áreas do conhecimento e entender como o discurso religioso influencia na concepção dos cristãos sobre tais termos. Faz-se necessário atentar para a origem desses termos e como os dicionários os definem. A Bíblia Sagrada é outro recurso utilizado na pesquisa, verificaremos como os termos “sagrado” e “profano” são empregados em um livro de cunho altamente religioso. Textos jornalísticos também servirão de contribuição nesse trabalho, notaremos, em um ambiente informativo, os contextos que os termos “sagrado” e “profano” integram e as associações à eles dadas. Oferecerá embasamento teórico neste estudo autores como Ieda Maria Alves, Maria da Graça Krieger, Maria José Finatto, Adail Sobral e Eni Orlandi. Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Discurso. Sagrado. Profano. LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA de São Benedito em Bragança-PA Larissa Fontinele de ALENCAR (SEDUC/UFPA) E-mail: larissafontinelle@yahoo.com.br
A
proposta deste estudo é apresentar alguns pontos limiares entres os conceitos que abrangem Cultura e Literatura, evidenciando rastros silenciados de memória afrodescendente no contexto histórico-antropológico da Marujada de São Benedito de Bragança/Pará, mas que permanecem no texto literário, mais precisamente, a obra de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara. Inicialmente, propomos uma investigação da manifestação cultural de louvação a São Benedito. Para em seguida, observamos pontos de intersecção entre aspectos culturais e literários que direcionam para uma problemática que determina o rastro de memória silenciado. Assim, para compor o tópico teórico-metodológico, observamos a noção de memória, esquecimento e silêncio a partir do olhar de I Seminário Tradução e Interculturalidade
100
Estudos literários e interculturalidade
estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, mas que convergem para esclarecer mais precisamente o conceito de “rastro”, como Ricoeur (2007), Gagnebin (2006), Assman (2011), Benjamim (1987), Ginzburg (2012), Pollak (1989), dentre outros, que tracejam o percurso para entender o rastro silenciado tanto na manifestação cultural, quanto no texto literário. Partindo desses pressupostos, relacionamos rastros da memória com a cultura originária dos negros; são códigos embrionários da cultura da Marujada que também surgem nas narrativas literárias. E, por isso, são essenciais para a compreensão do texto de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara. Ressaltamos que os rastros silenciados foram observados com a proposição de ponderar a transição de silenciamento dos rastros da memória cultural para o código ficcional. Portanto, o principal objetivo deste estudo é verificar como os rastros da memória transitam do código cultural para a narrativa literária através do viés do silenciamento. Palavras-chave: Memória. Rastro. Silêncio. Marujada de São Benedito. MARIA LÚCIA MEDEIROS: trajeto e palavra Aline de Fátima da Silva LUCENA (PPLSA/UFPA) E-mail: alinnelucena@bol.com.br José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador) E-mail: mojuim@uol.com.br
E
ste trabalho tem por objetivos estudar a ficção autobiográfica de Maria Lúcia Medeiros, pelo viés da memória, entrelaçando a tênue fronteira entre ficção e realidade; pretende-se ainda estabelecer relações entre o texto da escritora, suas memórias e vozes de entrevistados sobre a sua poética, considerando o estudo e análise de sua obra Quarto de Hora (1994). Nesta abordagem, procuraremos verificar como se intercruzam o texto literário, as vivências e memórias de Maria Lúcia e a versão dos entrevistados acerca de sua obra. Maria Lúcia produz seus textos ancorados nas próprias reminiscências e por meio das lembranças constrói uma obra rica e pungente. Em se tratando da prosa literária de Maria Lúcia, como o acessar da memória revela ou encobre vinculações entre o vivido e o imaginado? Como a restauração do passado deixa entrever o autobiográfico no literário? A autora é memória de sua obra e sua obra memória de sua autora ou vida e obra não guardam os rastros uma da outra? Vários I Seminário Tradução e Interculturalidade
101
Estudos literários e interculturalidade
são os momentos em que se verifica na obra de Maria Lúcia o fomentar da questão. Não só as suas personagens lembram, recordam, restauram; também a autora o faz, transfigurando a experiência vivida em arte, por meio de recursos vários que asseguram o ambíguo luscofusco entre autobiografia e ficção. O procedimento metodológico está pautado em descrever as bases diferenciais de uma escrita que congrega elementos reais e criação ficcional. Com base na leitura dos textos – literários e não literários – de Maria Lúcia Medeiros (contos, depoimentos) investigaremos como Maria Lúcia representa em sua escrita elementos reais que são transfigurados para a esfera da ficção por meio de uma leitura interpretativa da vida e obra da escritora. O estudo pretende, nesse sentido, traçar uma linha de leitura da obra da escritora seguindo uma perspectiva autobiográfica e memorialística, segundo a qual procura-se entender a sua obra literária como espaço onde se espelha a vida da própria escritora e a fragmentação do sujeito, típica do mundo contemporâneo. Palavras-chave: Maria Lúcia. Memória. Ficção. Autobiografia. 102 RASTROS DE “CAMÕES” em narrativas orais bragantinas Maria Evangelina Gato dos SANTOS (UFPA) E-mail: hewagts@yahoo.com.br Larissa Fontinele de ALENCAR (Orientadora) E-mail: larissafontinelle@yahoo.com.br
O
presente estudo visa apresentar uma pesquisa preliminar que consiste na coleta de narrativas orais que tematizam peripécias feitas por uma personagem denominada de Camões, são narrativas orais recorrentes entre idosos que vivem na região bragantina, nordeste paraense. Por ter uma diversidade dessas narrativas presentes nos contares populares da região, surge a necessidade de averiguar como se dá a construção do personagem, para assim, partimos para uma análise literária que esboce traços e rastros de Camões nas narrativas orais. Como pressuposto teórico, tomaremos como base: Walter Benjamin (1985), Ecléa Bosi (2003) e Paul Thompson (1992), dentre outros teóricos. Quanto aos dados, foram observadas cerca de dez narrativas orais coletadas entre pessoas idosas moradoras de Bragança-PA e arredores. É válido ressaltar, que a pesquisa está em andamento, mas já constatamos que I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos literários e interculturalidade
se trata de narrativas curtas que relatam as aventuras e anedotas de Camões, um senhor esperto, sábio e corajoso que realiza quase todas as ações dentro da narrativa, ou seja, é o personagem principal. Assim, inicialmente analisaremos como ocorreu o contato dos narradores com as narrativas de Camões; posteriormente observaremos qual a sua relevância ou significado no contexto social da região bragantina e a sua disseminação a partir da influência, de certa maneira, do mito camoniano português. Desse modo, o estudo também tem como foco traçar o percurso narrativo da personagem e considerar possíveis influências da literatura de cordel nordestina com o escritor português Luís Vaz de Camões. Palavras-chaves: Narrativas orais. Camões. Personagem.
103
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos culturais e interculturalidade II
ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade II Coordenador: Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior
ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS: a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950 Amilcar de Souza Martins SOBRINHO (PPLSA/UFPA) E-mail: peixe_martins@yahoo.com.br Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora) E-mail: alexandrinadasilva@hotmail.com
A
medicina no Brasil a partir do século XIX começou a ganhar espaço, uma vez que nesse período surgiram várias sociedades médicas e faculdades de medicina, que produziram um corpus de saber que esteve a serviço do Estado com a intenção de moldar os comportamentos da população na tentativa de promover a higienização social. O conhecimento médico organizou os mais variados discursos que, de certa forma, atingiram as mais variadas esferas da vida cotidiana de homens e mulheres, incidentes sobre questões como sexualidade, habitação, lazer, espaço de trabalho, educação e loucura. Dentro desse contexto, a bebida alcoólica era um dos focos de atenção da sociedade capitalista, que passava a ser um prazer do qual deveria ser regulado, já que o uso desregrado colocava em “xeque” a moral burguesa. Para isso, foi preciso a elaboração de um corpus teórico que colocasse a bebida alcoólica no grupo das substâncias que comprometiam, não somente o bem estar social, mas sobretudo, o organismo do individuo. A instituição médica alinhada a ideia de controle social resolveu então fomentar uma batalha contra o álcool, se valendo muita das vezes, do discurso de uma ciência neutra, símbolo do progresso da civilização, onde os médicos adquiriam o I Seminário Tradução e Interculturalidade
104
Estudos culturais e interculturalidade II
direito de intervir na vida da população no sentido se purificá-las do cancro social que era a bebida. A ordem médica foi constituída de saberes e poderes que a colocava numa condição de interloucutora entre o Estado e a Sociedade, cooperando para o desenvolvimento de uma lógica trabalhista, disciplinadora e moralizante. Em Belém, esse papel foi constituído por médicos, intelectuais, geneticistas e, principalmente, a consolidação de instituições médicas como o Hospício Juliano Morreira, a Santa Casa de Misericórdia e a Sociedade Médico-Cirúrgica. O Estado firmou uma espécie de parceria com as instituições médicas, pois através do pensamento dos esculápios, chancelaria sua proposta de intervenção das massas, o que demonstra que o “progresso da nação” passaria também pelas mentes e mãos dos médicos. Esses, instituídos de poderes e com o papel de curar a sociedade da nocividade do álcool, tiveram em seus discursos o pensamento norteador de uma campanha anti alcoólica na primeira metade do século XX. Palavras-chave: Medicina. Controle. Álcool. 105 ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO: um exercício de etnografia Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (PPGSA/UFPA) E-mail: carlosdias@ufpa.br
T
rata-se de um texto que reflete sobre a relação entre pesquisador e objeto na produção de uma etnografia. Busca-se, mais especificamente, uma compreensão nas diversas metodologias etnográficas de uma melhor abordagem para o trabalho a ser realizado na Feira Municipal de Cametá, levando em consideração diversos aspectos da própria pesquisa e do pesquisador e tomando por base o projeto Falas da Feira: narrativa, trabalho e cultura na feira Municipal de Cametá-Pará. Tomada como uma questão imprescindível para o início do trabalho de campo, esta reflexão debate os métodos utilizados desde o evolucionismo cultural até o estruturalismo de LéviStrauss e, também, a hermenêutica de Geertz. Ainda num plano de discussão de abordagem e escrita recorre-se a James Clifford para discutir os parâmetros da própria escrita etnográfica levando em consideração que parte do objeto é de caráter imaterial, como as narrativas e as falas produzidas pelos “nativos”. Entendida como uma tarefa primeiramente reflexiva, a etnografia deve ser pensada nos seus I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos culturais e interculturalidade II
mais intensos meandros e a relação entre pesquisador X objeto se torna salutar, levando em consideração o “estar lá”, o “estar aqui”, mas, no caso do projeto, o “estranhamento”, e a “familiaridade”. Discute-se também a limiaridade do termo “nativo” e a “coautoria” no processo de construção desta etnografia. Palavras-chave: Etnografia. Trabalho de campo. Feira municipal de Cametá. MEMÓRIAS MIRIENSES: heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ Leidiane Pena PINHEIRO (UFPA) E-mail: lei_d_i@hotmail.com Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (Orientador) E-mail: emaildavida@gmail.com
C
om a globalização as mulheres passaram a desempenhar um papel de protagonistas nos processos de desenvolvimento social, econômico e político. Na verdade, esse papel só passou a ser um pouco mais reconhecido e valorizado, pois desde sempre cabe à mulher a responsabilidade de transmitir os princípios morais, culturais e religiosos para seus familiares e para a comunidade onde vivem. O presente trabalho tem como objetivo o estudo do discurso e da memória a partir de narrativas orais das mulheres caboclas do interior do município de Igarapé-Miri no estado da Pará e das mulheres da aldeia Indígena Ka’apor no estado do Maranhão. Discutem-se, em linhas gerais, a problematização da suposta linearidade nas narrativas enunciativas e discursivas dessa e sua posição hierárquica junto ao seu grupo social e se as marcas enunciativas e discursivas (caso haja) provem de uma condição histórica? Ou é coisa do momento presente. Aborda-se também o papel da memória enquanto resultado do entrelaçamento das experiências cotidianas e a importância do lugar na construção do sujeito social, a partir das informações analisadas nos discursos das informantes em suas narrativas. O trabalho foi executado a partir da analise do discurso e a transcrição das narrações das informantes de Igarapé-Miri e ka’apor foram feitas seguindo as instruções de transcrição do projeto Rota do mito. É percebível que ao longo do discurso de nossas informantes há a busca pelo poder discursivo e é I Seminário Tradução e Interculturalidade
106
Estudos culturais e interculturalidade II
esse poder simbólico que permite a contínua reprodução do discurso. Desse modo ao analisarmos a linearidade nas narrativas discursivas dessas mulheres podemos afirmar que existem marcas enunciativas sim, mesmo que algumas indeléveis, essas mulheres conseguiram galgar uma determinada posição hierárquica junto a suas comunidades mesmo mediante ha situações adversas encontradas por nossas informantes. As mulheres ao longo de sua evolução cultural aprenderam a inovar na reorganização dos espaços físicos, sociais, culturais e intelectuais. E o mais importante aprendeu a inovar libertariamente, expandindo o campo das possibilidades interpretativas, alvitrando múltiplos temas de investigação, legislando novas problematizações, agrupando inúmeros sujeitos sociais, construindo novas formas de pensar, viver e perpassar seus conhecimentos culturais independentemente de sua etnia. Palavras-chave: Discurso. Memória. Narrativas Orais. Mulheres Miriense e Mulheres ka’apor. NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES: através do contato com a capa, as mãos tocam a história Renan Brigido Nascimento FELIX (PPHIST/UFPA) E-mail: renanbrigido@yahoo.com.br Francivaldo Alves NUNES (Orientador) E-mail: francivaldonunes@yahoo.com.br
N
a maioria das propostas que se voltam à análise literária, o texto sem dúvida é o referencial principal às relações constituídas. Entretanto, existem outras possibilidades que não podem ser descartadas, pois permitem aprofundar as reflexões. Nesse sentido, a objetivo da presente comunicação é levantado com a seguinte indagação: Como construir um exercício de reflexão, que leve em consideração a importância de uma imagem? Assim, observando a imagem que a primeira edição lançada em 1954, do romance Candunga de Bruno de Menezes, apresentou no frontispício da obra, propõe-se um diálogo que estabeleça conexões entre imagem, história e literatura produzida na Amazônia. Para isso, utilizaram-se os pressupostos de Peter Burke e Paul Ricoeur que entendem a importância que objetos como: pinturas, moedas, caricaturas, desenhos, tapeçarias entre outros estabelecem a compreensão do passado. Com isso, dois importantes conceitos tornaram-se I Seminário Tradução e Interculturalidade
107
Estudos culturais e interculturalidade II
fundamentais: o de narrativa visual e a representação que produções visuais adquirem frente ao debate que considere a importância atribuída tanto no momento em que foram dadas conhecer como frente às marcas que a passagem do tempo lhe conferiram. Em consequência disto, buscou-se estabelecer diálogos com a imagem que compôs a primeira edição do romance Candunga, vale destacar o subtítulo que acompanhou a obra em sua trajetória, para que se perceba o objetivo principal ao qual se destinou: “Cenas das Migrações Nordestinas na Zona Bragantina”, apresentando como chamada de capa o trem da Estrada de Ferro Bragança (EFB) atrelada a três vagões, a qual foi retratada em movimento cruzando ao meio um dado espaço. Assim, colocou-se em debate que a imagem produz uma gama de sentidos, em que pese a visibilidade para algo comum aos sujeitos que leram a obra na ocasião em que veio a público, associado a importância que ganhou no interior da narrativa. Possibilitando que através do uso da imagem articulações sejam feita entre literatura e história, dada à importância que a linha férrea teve para as cidades de Bragança e Belém. Palavras-chave: Imagem. Literatura. História. Narrativa visual. Representação.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
108
Estudos de linguagem e interculturalidade II
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II Coordenadora: Tabita Fernandes da Silva
AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua Keila Cristina Redig PACHECO (UFPA) E-mail: keila.redig@yahoo.com.br Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: tabitafs1@hotmail.com
E
ste trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que se encontra em andamento a respeito das estratégias de expressão do grau aumentativo no português falado. O estudo visa verificar que estratégias de grau são empregadas pelo falante, efetivamente, no cotidiano, para expressar as noções de grau aumentativo nos nomes, além de investigar se tais estratégias são contempladas em gramáticas tradicionais como as de Azeredo (2010), Bechara (2009), Castilho (2012), Cunha e Cintra (1985). Quanto aos dados analisados, estes foram obtidos em pesquisa de campo com os falantes da comunidade de Taquandeua, pertencente ao município de Bragança, no estado do Pará. O trabalho fundamenta-se, teoricamente em autores como Basílio (2003; 2004) e Assunção Júnior (1986). Não obstante a pesquisa esteja inconclusa, é possível observar que há importantes estratégias para a expressão do grau que não são contempladas nas gramáticas analisadas. Este estudo visa contribuir com mais dados para um tratamento da noção de grau que seja mais próximo da realidade da língua falada. Para tanto, pretende-se estudar a língua falada como objeto de pesquisa colocada em situações I Seminário Tradução e Interculturalidade
109
Estudos de linguagem e interculturalidade II
naturais de comunicação, tendo como propósito analisar a língua falada tal como é usada pela comunidade, visando investigar os modos pelos quais os informantes estabelecem a formação do grau nos nomes e adjetivos. O trabalho está sendo desenvolvido a partir da pesquisa sociolinguística, de natureza quali-quantitativa na comunidade de Taquandeua. Contudo, este trabalho contribuirá como fonte para novos dados a pesquisa cientifica, provocando discussões acerca das construções morfologia do grau em contrapartida vista pelas gramáticas, uma vez que esta pesquisa se motiva observar as estratégias de grau realizadas no uso cotidiano dos falantes. Palavras-chave: Grau aumentativo. Português falado. Gramática tradicional. ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ: desafios da tradução Tabita Fernandes da SILVA (UFPA) E-mail: tabitafs1@hotmil.com
O
Tembé é uma língua pertencente ao subramo IV da família Tupí-Guaraní, do tronco Tupí (RODRIGUES, 1984-1985; 1986; 1999). É falada atualmente por índios Tembé que vivem na região do Gurupí, na divisa Pará/Maranhão, os quais vivenciam uma situação de contato com desde os registros mais antigos da língua Tembé foram produzidos por Nimuendaju (1914/1915), Hurley (1931) e Rice (1934). Atualmente já é possível contar com dicionários, artigos, dissertações e teses, os quais indicam como a língua conta com uma documentação representativa. Os índios Tembé são bilíngues e vivenciam uma forte situação de contato com os falantes do português e de outras línguas indígenas. Nesta comunicação apresento algumas experiências de estudo com a língua Tembé e tomo tais experiências como ilustrativas de certos desafios que se impõem à tarefa da tradução em contexto intercultural. O enfoque dado à tradução, neste trabalho, leva em consideração o pensamento de Berman (2007) e Schleiermacher (2000), entre outros. Também consideramos os princípios da Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972) bastante relevantes para orientar uma tarefa de tradução que questione a noção de equivalência linguística. As experiências de pesquisa de campo com o povo Tembé ocorreram na aldeia Tekoháw e datam do período compreendido entre 2006 a 2010. I Seminário Tradução e Interculturalidade
110
Estudos de linguagem e interculturalidade II
Palavras-chave: Língua Tembé. Contexto intercultural. Desafios da tradução. O SUJEITO enquanto manifestação gramatical Janúbia Lucas Guague GUIMARÃES (UFPA) E-mail: Janubia_guimaraes@hotmail.com Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: tbitafs1@hotmail.com
E
ste trabalho consiste num estudo voltado para as formas de realização do sujeito gramatical da língua portuguesa em narrativas orais, verificando como tais realizações são tratadas e conceituadas em quatro gramáticas da língua portuguesa, a saber: Celso Cunha & Lindley Cintra (2008), Evanildo Bechara (2009), José Carlos de Azeredo (2011), Ataliba de Castilho (2012). O trabalho objetiva conferir se as realizações do sujeito gramatical, do modo como 111 se manifestam em textos orais do cotidiano, são contempladas nas gramáticas referidas e como esse processo se dá entre eles. Este estudo fundamenta-se teoricamente nas obras de Mateus (2003), Pontes (1987) e Mioto (2004). Além disso, o estudo aqui proposto visa trazer mais contribuição para a reflexão sobre a importância do estudo de fenômenos gramaticais em textos orais conforme os usos próprios do cotidiano, bem como investigar como o sujeito gramatical se manifesta nesses textos, buscando obter uma visão geral da complexidade deste componente gramatical. Os dados que serão objeto desta análise foram extraídos de textos orais coletados junto a falantes da comunidade de Taquandeua, uma vila pertencente ao município de Bragança, no estado do Pará. Por ser uma pesquisa em andamento, este estudo ainda não traz resultados conclusivos, apresenta apenas resultados parciais. Palavras-chave: Sujeito gramatical. Narrativas orais. Gramáticas da língua portuguesa. UM ESTUDO DA HOMONÍMIA no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi Elivelton Silva REIS (UFPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade II
E-mail: eliveltonreis1@gmail.com Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: tabitafs1@hotmail.com
O
presente trabalho consiste num estudo sobre a homonímia entre nomes de plantas e de animais em obras lexicográficas sobre o Tupí. Este estudo faz parte de uma pesquisa mais abrangente sobre o registro da fauna e da flora em obras lexicográficas da língua Tupí. O trabalho fundamenta-se, principalmente, em obras como as de Biderman (1981), Vilela (1994), Krieger e Finato, (2004) para o tratamento do léxico e nos estudos de Ullmann (1977) e Bechara (1999) entre outros, para o entendimento da homonímia, além de Noll e Dietrich (2010) para discussão acerca do Tupi e do Português no Brasil. Atentando também na reflexão a respeito da contribuição desses registros para o conhecimento da realidade física do Brasil da época. Os dados seguem uma metodologia de contagem geral dos itens lexicais existente em cada obra, desses itens está sendo feito a análise dos itens que coincidem entre as especialidades de flora e fauna. Os dados analisados nesta pesquisa foram extraídos de quatro obras lexicográficas: TIBIRIÇÁ (1984), LEMOS (1951), SAMPAIO (1901), AYROSA (1934). O estudo busca discutir possíveis razões para a existência da homonímia entre nomes de animais e plantas nos registros do Tupí conforme são encontrados nas obras lexicográficas referidas. A pesquisa que estamos desenvolvendo ainda não está concluída e, por essa razão, apresenta apenas resultados parciais. Palavras-chave: Nomes de plantas. Nomes de animais Homonímia. Língua Tupí.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
112
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
COMUNIDADES TRADICIONAIS, saberes e Interculturalidade Coordenadores: Francisco Pereira de Oliveira e José de Moraes Sousa
A PRODUÇÃO DE SABERES na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus, Taperaçu Campo, Bragança (PA) Alceny Nunes de ARAUJO (UVA) E-mail: alcenynunesferreira@gmail.com Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (SEDUC/UFPA) E-mail: macuninfeta@gmail.com
A
comunidade de São Mateus, subdivisão da comunidade Taperaçu Campo, pertencente à Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, é uma área rica em matéria-prima para a confecção de cerâmica, especialmente o tijolo e, em menor escala, os utensílios domésticos, como panelas de barro. Na pesquisa pretendese discutir o modo em que os saberes são construídos em torno da confecção das panelas de barro que, por um lado, apresentam-se como fonte de renda familiar e, por outro, como uma forma de transmissão de conhecimento por meio do seu processo de fabricação. As primeiras visitas à “Cerâmica de Panela de Barro São Mateus” revelaram que é no manuseio e no falar que se dá o aprendizado pela argila cujo grupo humano envolvido com a produção de cerâmica e de saberes engloba três gerações (avós, filhos e netos). A produção consiste, primordialmente, na extração e/ou na compra da argila, seguida da modelagem em torno manual, colocadas para secar em prateleira e, por fim são queimadas, tingidas e postas à venda no próprio “ateliê”. A modelação das panelas de barro da comunidade é I Seminário Tradução e Interculturalidade
113
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
um ofício que se espraia para além das olarias e atinge a escola local de educação infantil “Maria Olinda Oliveira Silva” por meio dos programas “Escola de Portas Abertas” e “Mais Educação”. É pensando nessa relação de se produzir conhecimento por meio do barro que espreitamos nosso objeto de pesquisa. Palavras-chave: Produção de Saberes. São Mateus. Panela de Barro. AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA... - uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas da compreensão humana Carolina Maria Mártyres VENTURINI (UFPA) E-mail: cventurini@ufpa.br
M
arcas prenunciaram o século XXI: a era dos direitos do Planeta Terra e de tudo o que ele e o seu entorno contenham; uma humanidade informacional; a era da cidadania; a clareza dos direitos e deveres de cada um para com a sociedade; sempre buscando suprir necessidades materiais e imateriais dos humanos, ao usufruir(-se) como/da natureza, tendo consciência de si e do mundo. Este estudo, além da produção de conhecimento, de uma natureza de campo prático, e da interligação de ambos, busca perspectivas que possibilitem novas maneiras de se perceber o mundo, de se perceber a Amazônia, sempre alvo de debates sobre a sua preservação ambiental, porém distantes de sua realidade pluralizada. Assim, esta proposição intenciona um olhar para o mundo particular desta semiosfera quanto à sua sustentabilidade cultural, e, com isto, abrir possibilidades de contribuições teórico-metodológicas para as ciências humanas e sociais, especificamente no que tange o uso da imagem fotográfica como ferramenta para as pesquisas em suas relações semiológicas imagem-identidade-imaginário. A pretensão em se debruçar para o fazer/pensar relações do cotidiano e da cultura Amazônida com seus rios por meio de olhares imagéticos, buscará interligar fragmentos capturados das ações humanas neste citado espaço, utilizando a fotografia como instrumento maior, revelador de um real e, por seu intermédio na linguagem, captar, expor, e ressignificar sentidos aos rios no cotidiano Amazônida, com foco na sua população ribierinha. As reflexões propostas instigam a tessitura (poiésis) de uma rede metodológica capaz de capturar fugidias percepções de contextos contemporâneos entre o homem/ribeirinho, o mundo/Amazônia, as I Seminário Tradução e Interculturalidade
114
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
imagens e linguagens expressas no fazer de sua arte/vida (em suas luzes, cores, formas, texturas, olhares e sensações). Tal rede vai além de um mero clique do ato fotográfico: cria representações, percepções, permite um repensar as relações culturais cotidianas, posto que, observar o que se vive e o que se conota, pode ser entendido como um ‘linguagear’, um fluir dos processos de evolução enquanto seres que existem na produção de si mesmos (autopoiesis). Palavras-chave: Ribeirinhos Amazônidas. Semiose Fotográfica. Sustentabilidade Cultural. Ecologia. CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA (Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus LINNAEUS 1763 (Brachyura, Ucididae) Bruna Patricia Brito MATOS (UFPA) E-mail: brunapatricia777@yahoo.com.br Claúdia Nunes SANTOS (Orientadora) E-mail: claudianunes.bio@gmail.com
E
m Bragança, como ao longo dos manguezais Brasileiros, a captura do caranguejo-uçá é considerada a atividade extrativista mais antiga e importante, para auto-consumo ou comercialização. Apesar disso, os conhecimentos dos consumidores bragantinos sobre esta espécie não foram sistematizados. Portanto, as concepções de moradores da área urbana deste município sobre o Ucides cordatus foram investigadas. Através de amostragem aleatória simples e questionário estruturado com perguntas abertas, foram entrevistados 154 profissionais de diversas atividades, de ambos os sexos, com escolaridade variada e idade entre 14 a 86 anos. Mas de 30% das respostas para “o que é o caranguejo-uçá?” foram alocadas na categoria consensual cujo núcleo de sentido é “não sei”. As demais respostas ficaram distribuídas em 13 categorias, que incluem concepções utilitárias (“caranguejo comestível”, “caranguejo da feira”, “mina”, “marisco”), amistosas (“bichinho”), relacionada a aspectos morfológicos (“vermelhinho”). Outras setes categorias o definem como um animal, de forma vaga (“ser vivo”, “animal”, “espécie da região bragantina”), aproximadas da classificação zoológica (“artrópode”, “crustáceo”) e algumas bem distantes (“molusco”, “réptil”). No Conhecimento Ecológico Local (CEL) aqui verificado, “caranguejo-uçá” não parece ser um etnotaxon local, além de separar machos e fêmeas I Seminário Tradução e Interculturalidade
115
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
em espécies diferentes (“caranguejo do mangue”/ “cangurua”, respectivamente). Notou-se que a percepção predominante é de indiferença ou utilidade (renda e alimentação). E ainda que a percepção preservacionista deve-se mais á relação homem-manguezal do que homem-caranguejo. O defeso é entendido por esses cidadãos como instrumento legal para o controle das atividades de alguns atores da cadeia produtiva (coletores, vendedores), sem estendê-lo aos consumidores. O valor cultural atribuído a Ucides cordatus parece ser maior como alimento/renda, do que como elemento da fauna. Estudos que aprofundem as representações sociais a ele articulados são necessários. A significação faunística-ecológica deste caranguejo, através de intervenções no ensino de zoologia e inserção deste como elemento simbólico no calendário cultural, deve ser pensada pelos programas de preservação da espécie. Palavras-chave: Percepção. Etnozoologia. Caranguejo-uçá. Bragança. DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS como estratégia para o conhecimento e a preservação da Amazônia Juciclea Ataide da SILVA (Bolsista PIBEX/UFPA) E-mail: cleiaasaff@hotmail.com Bruna Patrícia Brito MATOS (UFPA) E-mail: brunapatricia777@yahoo.com.br Rita de Cássia Oliveira dos SANTOS (Orientadora) E-mail: rcos@ufpa.br
O
Ensino de Ciências é essencial na construção do espírito crítico e na percepção da natureza como um fator dinâmico que interage com a sociedade e o meio. O livro didático ainda é o recurso mais utilizado nas aulas de ciências, mas para a região Norte tem deixado a desejar em relação à contextualização, pois a maioria desconsideram os conhecimentos tradicionais e a cultura dos alunos visto que estão inseridos em uma área cercada por biodiversidade a ser conhecida para ser preservada. Realizar exposições itinerantes de zoologia com exemplares da fauna amazônica, em escolas públicas é essencial, pois proporciona espaços coletivos de aprendizagem e troca de conhecimentos. Diante disso, o presente trabalho se propôs a realizar exposições itinerantes voltadas para o ensino de zoologia com o objetivo de contribuir com o conhecimento da fauna Amazônica I Seminário Tradução e Interculturalidade
116
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
valorizando os conhecimentos tradicionais de alunos da educação básica de Bragança-PA. Na Coleção de Zoologia do Campus de Bragança, UFPA, foram selecionados representantes de vários grupos zoológicos endêmicos, construídos cenários relacionados aos ecossistemas em que estes ocorrem e expostos nas escolas para aproximadamente 900 alunos. Foram aplicados dois questionários, um pré e outro pós-exposição, para os alunos do 4º e 5º/9, com oito questões cada, voltadas para aspectos morfológicos dos animais. Estes instrumentos visaram analisar os impactos da exposição através da comparação do conhecimento prévio e o nível de assimilação de conhecimento por parte dos alunos a respeito da taxonomia, biogeografia e ecologia dos animais após a exposição. Dos resultados da análise dos questionários com alunos do 4º/9; 36,9 % acertaram as oito questões antes da exposição e 50,5% depois, dos alunos do 5 º/9; a porcentagem de acerto foi de 36,7% antes da exposição e 57,9% depois, evidenciando a importância das exposições zoológicas para a troca de conhecimentos cotidiano. Alunos do 4º/9 ao serem questionados sobre os caranguejos pertencerem ou não à Metazoa, 28,6% afirmaram que sim antes da exposição e 86,6% responderam 117 que sim somente após a exposição, mostrando que apesar do contato direto com esses animais, por serem, filhos de “catadores de caranguejos”, conhecem mais os animais de outras regiões, do que animais da Amazônia, mostrando a importância da contextualização no ensino de Ciências. Palavras-chave: Zoologia. Interdisciplinaridade. Conhecimento tradicional. O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso Ana Célia Barbosa GUEDES (UFPA) E-mail: anacbguedes@hotmail.com Danila Guedes AZEVEDO (UEPA) E-mail: danilaguedes@hotmail.com Alik Nascimento de ARAÚJO (Orientadora) E-mail: professsoraalik@gmail.com
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
O
presente resumo tem por objetivo, compreender o samba de roda como estratégia de sobrevivência e de identificação cultural da comunidade Santa Rita da Barreira, situada no município de São Miguel do Guamá/PA. A metodologia utilizada é um estudo de caso dessa comunidade. Durante a pesquisa foi feito uma investigação bibliográfica sobre a temática, pesquisa de campo, aplicação de questionários, análise de narrativas e de cantigas compostas pelos moradores. Os dados foram coletados no período de agosto a outubro de 2014. A cultura africana tem sua expressão na música popular brasileira, a partir de diversos elementos. Assim, desde o início da colonização brasileira se tem notícia das músicas cantadas pelos negros em diferentes locais, que chegando a essas terras, foram ressignificada a outras culturas, tais como portuguesa e indígena, formando uma musicalidade compreendida como afrobrasileira. Dentro da cultura afro-brasileira e africana, a musicalidade ocupa um lugar de protagonista em festas, reuniões, rituais, no conforto de suas dores, no código de possíveis fugas, distrair seus donos, assim como na própria afirmação de sua identidade. Esse costume sobrevive até os dias atuais, principalmente nas comunidades tradicionais, como por exemplo, na comunidade quilombola em que esta pesquisa foi elaborada, em especial entre os moradores mais idosos, já que estes assume uma função social importante de lembrar e contar para os mais jovens a sua história. Após seu reconhecimento como comunidade quilombola (ITERPA, 2002) pelo Estado brasileiro, este costume reforçou-se ainda mais, pois atingiu também a população mais jovem do local. Assim, o Samba de Roda passou a ter um papel fundamental de identidade, estratégia de sobrevivência e construção simbólica para esta comunidade, haja vista que antes desse reconhecimento a maioria da população não se interessava nesse estilo musical, hoje muitos deles que ali vivem procuram a matriarca, dona Raimunda, para aprenderem a cantar e dançar samba. Lá o samba de roda, além de ter se tornado elemento de identificação cultural, é também algo espontâneo. Palavras-chave: Samba de roda. Quilombo. Identidade. Sobrevivência. OS SABERES DA GENTE DO MAR: o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do Treme, Bragança (PA) Roseli da Silva CARDOSO (PPLSA/UFPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
118
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
E-mail: roselicrds008@gmail.com José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador) E-mail: mojuim@uol.com.br
N
este estudo apresento as análises das narrativas orais dos pescadores da vila do Treme-Bragança (PA), constituídas a partir de depoimentos das experiências de vida e narrativas míticas dos pescadores, coletadas na comunidade durante a realização da pesquisa de campo com técnicas e procedimentos metodológicos da história oral com base etnográfica, considerando a presença do pesquisador, mesmo que em curto espaço de tempo, no local da pesquisa. O objetivo central é compreender a formação de identidades dos pescadores da referida vila por meio do seu ponto de vista, ou melhor, priorizando os saberes tradicionais repassados de geração a geração no contexto social desta prática milenar, a pesca artesanal. As reflexões apresentadas estão fundamentadas nos estudos sobre a memória no percurso das reminiscências dos pescadores (HALBWACHS, 2004; LE GOFF, 1996; RICOEUR, 2007; SARLO, 2007). Abordarei sobre importância das fontes orais na geração de 119 dados por informarem mais do que simples acontecimentos, não somente fatos, mas o significado destes para quem os vivenciou e os reconta (PORTELLI, 2001; ALBERT, 2005; THOMPSON, 2002). No que concerne as narrativas míticas, pressupõe-se que o narrado e o vivido pelos pescadores, na medida que se constituem de elementos que representam o comportamento desses sujeitos, são a expressão do seu próprio modo de vida e sua representação da realidade (GREIMAS, 2001; ELIADE, 1976; BARTHES, 2011; GENETTE, 1985). A pesquisa na comunidade da vila do Treme permitiu a elaboração de um conjunto de informações sócio-histórica que não pode ser considerada em toda sua complexidade, porém, mediante as informações apresentadas neste estudo temos a possibilidade de estabelecer algumas considerações basilares sobre a importância das narrativas e da história oral para os pescadores artesanais, tais como: a perpetuação dos saberes passados de pai para filho, a manutenção da tradição dos pescadores, a simbologia mítica discursiva como representação da realidade, a variedade discursiva como constructo social (BOURDIEU, 1998), a formação ambígua e ambivalente da identidade dos pescadores (BAUMAN, 2005). Este estudo pretende contribuir para a valorização e legitimação dos saberes tradicionais no âmbito acadêmico e ampliar o conhecimento acerca da pesca artesanal na região amazônica. I Seminário Tradução e Interculturalidade
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
Palavras-chave: Narrativa. Pescadores artesanais.
História
oral.
Memória.
Identidade.
120
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Ensino, inclusão e interculturalidade
ENSINO, INCLUSÃO e Interculturalidade Coordenadora: Joana D’Arc de Vasconcelos Neves
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA: saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ Andréa Lima de Souza COZZI (PPGED-UEPA) E-mail aacozzi@bol.com.br Giselle Maria Pantoja RIBEIRO (UFPA) E-mail: profgiselle@yahoo.fr
O
artigo Memória e Resistência: saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da ilha grande/Belém-Pará, objetiva ligar a humanidade com a sua origem e não deixá-la esquecer do que insiste em ser anunciado: “no princípio era o verbo”. Dentro desta perspectiva, o verbo pode ser entendido como palavra: “e o verbo se fez carne, e habitou entre nós”, a palavra enlaça a humanidade formando a sua voz, a palavra que enlaça a carne e que chega até nós. Assim compreendido, será possível acreditar na força adquirida pelo sujeito que se permite ouvir e contar histórias de um modo novo, com uma linguagem própria que aciona em quem ouve reverberações, talvez esquecidas, talvez guardadas, talvez atormentadas, talvez torturadas por forças externas. A passagem para esse entendimento se efetivará ao fazermos a interface entre as reflexões de multiculturalismo crítico trazido por Peter McLaren e Interculturalidade de Caterine Walsh, e, ainda, os diálogos críticos propostos por Regina Zilberman e Ezequiel Theodoro no livro: Literatura e pedagogia: ponto e contraponto (2008) e os saberes e prática educativas presentes no cotidiano da comunidade ribeirinha I Seminário Tradução e Interculturalidade
121
Ensino, inclusão e interculturalidade
que vive as margens do Rio São Benedito na Ilha Grande/Belém-PA. O referido relato fará o recorte dos saberes apresentados pelas vozes dos narradores e a necessidade do dialogo da escola com tais saberes e práticas educativas locais, trazendo como base o multiculturalismo crítico como possibilidade epistemológica para o estudo da educação e cultura e a compreensão da complexidade da educação na Amazônia, que envolve a reorientação curricular demandas da contextualização do real, das problemáticas percebidas e vividas pelos sujeitos, a reorganização do calendário escolar de acordo com as demandas de cada grupo, outros tempos e espaços, modos de ensinar e de avaliar, a busca de referenciais epistemológicos além da seleção dos conteúdos escolares estéreis da vida que os cercam, de historicidade, da indissociável relação entre escola e vida. Palavras-chave Multiculturalismo crítico. Currículo. História Oral. Literatura Oral. NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA” em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA Adão Souza BORGES (PPLSA/UFPA) E-mail: adaoriocapim@bol.com.br
O
presente trabalho objetiva discutir a relação entre as narrativas e as memórias de narradores e narradoras afrodescendentes do Engenho Calixto e da Aproaga, os quais articulam nas suas falas repertórios de bens materiais e imateriais, que remontam o período da escravidão, engendrando, assim, patrimônios capazes de legitimar suas identidades quilombolas e garantir direitos amparados na Constituição Federal. As referidas narrativas fazem parte do corpus de dois trabalhos já concluídos: (i) dissertação de mestrado de nossa autoria, denominada “Narrativas de Remanescentes de Quilombo: divergências e convergências na construção da identidade negra no Engenho do Calixto, em Aurora (PA)”, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes da Amazônia, da Universidade Federal do Pará (2014); (ii)“Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia: povo do Aproaga – São Domingos do Capim (2008)”, coordenado pelo pesquisador Alfredo Wagner. Nessas narrativas, os sujeitos-narradores articulam-se a partir de suas lembranças e colocam em prática o “dever da memória” a partir da prática da narração e da preservação, em seus domicílios, I Seminário Tradução e Interculturalidade
122
Ensino, inclusão e interculturalidade
de bens materiais, espaços sagrados e o resguardo dos bens coletivos, herdados de seus antepassados. Como viés teórico-metodológico, utilizamos os aportes da história oral e do debate teórico sobre a memória, bem como a teoria da Antropologia da Memória,de Jöel Candau. Palavras-chave: Aproaga. Dever da memória. Engenho do Calixto. Narrativas. Patrimônio. O XOTE DAS MENINAS” como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos Simone de Nazaré Viana LIMA (SEDUC-PA) E-mail: simone_vianalima@yahoo.com.br Rita de Nazareth Souza BENTES (SEDUC-PA/UEPA) E-mail: ritasbentes@yahoo.com.br
A
letra de música “O Xote das meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953), foi trabalhada em uma das práticas escolares 123 como elemento catalisador à luz das ideias de Signorini (2006), com a perspectiva teórico-metodológica de conceber essa letra como entrada didática favorável à emersão de outros gêneros discursivos, constituindo-se desse modo o objeto deste trabalho. Essa pratica foi realizada no mês de junho de 2013, com alunos surdos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado-AEE no contra turno, na Unidade Especializada Educacional Prof. Astério de Campos- UEES. E, como objetivo principal transformar este clássico da música popular brasileira numa narrativa visual, acessível a esses alunos surdos. O método foi baseado na pedagogia visual (Souza Campelo, 2008), utilizando-se de imagens do Google para ilustrar a realidade retratada na música, além da leitura da letra impressa em português, tendo a Língua Brasileira de Sinais-Libras, como elemento de interação e instrução. Nesse processo foram escolhidos quatro alunos que fotografados quadro a quadro, reconstituíram o sentido do texto com imagens e gravações. As imagens selecionadas foram usadas para a produção do vídeo por meio do Programa Windows Movie Maker. Os instrumentos didáticos mobilizados pelos professores foram: o texto impresso, apresentação de imagens no PowerPoint, programa Movie Maker, câmera fotográfica Sony. Na leitura dialogada ocorreu o debate sobre questões da juventude, como: namoro na adolescência, o estar apaixonado, bem como: expressões idiomáticas e I Seminário Tradução e Interculturalidade
Ensino, inclusão e interculturalidade
aspectos da geografia mencionados na música. Esta atividade mobilizou a troca de saberes de culturas diferentes entre os surdos e os não surdos sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa (L2) e da Libras (L1) e sobre o exercício e a análise de expressão corporal e facial como formas de interação verbal e não-verbal. A etapa seguinte foi apresentar a letra estudada a outros alunos sem realizar a interpretação em Libras e em seguida o vídeo produzido. Os demais alunos surdos conseguiram também envolver-se e compreender a temática constitutiva na letra da música “Xote das Meninas” exposta através da história, recontada no vídeo, e demonstraram isso por meio de uma sequencia de imagens e da explicação em língua de sinais. O trabalho desenvolvido foi possível devido ao modo diferente de ensinar a esses alunos surdos, como aos professores não surdos, considerando que produções culturais e a língua de sinais são fundamentais e diferenciadores no processo ensino e aprendizagem de uma escola que respeite as diferenças culturais presentes. Palavras-chave: Educação de Surdos. Língua de Sinais. Pedagogia Visual. PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA) E-mail: kelryoliveira03@hotmail.com Camila Claide Oliveira de SOUZA (PPGED/UFPA) E-mail: camilaclaide@hotmail.com Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: costagilcilene@gmail.com
O
trabalho a qual nos propomos a desenvolver, trata-se de uma pesquisa que vem sendo realizada neste primeiro ano de curso do mestrado em educação, motivado pela disciplina Educação Brasileira, que nos oportunizou investigar como a educação estava sendo pensada no cenário brasileiro. Isso nos levou a curiosidade de entender como o campo da educação infantil está sendo pensado em nosso país a partir dos pensamentos da vertente pós-crítica em educação. Dessa forma, escolhemos como objeto de estudo, a análise dos projetos de linguagens de uma unidade de educação infantil de Belém-Pará, com objetivo de entender, como vem sendo construídos os projetos pedagógicos nas Unidades de Educação Infantil, analisando I Seminário Tradução e Interculturalidade
124
Ensino, inclusão e interculturalidade
se as formações pedagógicas têm contribuídos para o aperfeiçoamento deste trabalho e se na prática dos professores tem inovado e dinamizando o ensino. Dessa forma, buscamos verificar como o currículo vem sendo dinamizado nesta perspectiva, analisando se tem se pensado no respeito e reconhecimento das identidades e das diferenças dos sujeitos do espaço. Isso nos levou a realizar uma pesquisa teórica, utilizando autores que discutem a pós-modernidade em educação como SILVA (2001); CORAZZA (2001); COSTA (2013) e outros e em articulação destes estudos passamos para a pesquisa de campo. Este trabalho vem se modificando ao longo do curso de acordo com os dados coletados, por meio de uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas e observação em lócus de pesquisa, trata-se de uma pesquisa em andamento que pretende contribuir com os nossos trabalhos de conclusão de curso do mestrado, que envolvem as dimensões das linguagens e os estudos pós-críticos em educação, no que tange a diferença no campo educacional. Portanto, os resultados ainda são preliminares, mas já podemos dizer que a Unidade vem desenvolvendo projetos de linguagens como impulsionadores em suas práticas pedagógicas e no trabalho 125 curricular, que as formações pedagógicas acontecem e que estes professores são atuantes na dinâmica das formações, porém é uma trabalho que ainda deixa dúvidas, receios e angustias nos professores, mas que porém tem promovido um ensino dinâmico e diferencial em relação ao que vinha sendo pensado no espaço anteriormente. Ainda temos a curiosidade de descobrir com a pesquisa se o ensino dinamizado leva em consideração o contexto sociocultural dos indivíduos e se respeita a identidade e a diferença das crianças na ressignificação de seus conhecimentos, que são metas e desejos ainda a serem respondidos com o andamento da pesquisa de campo. Palavras-chave: Projetos de Linguagens. Educação Infantil. PósCrítica. Identidade. Diferença.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos literários, tradução e interculturalidade
ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade Coordenadora: Mayara Ribeiro Guimarães
CRÍTICA E TRADUÇÃO na obra de Ana Cristina César Beatriz de Souza CARVALHO (Bolsista PIBIC/UFPA) E-mail: crvlh.beatriz@gmail.com Mayara Ribeiro GUIMARÃES (Orientadora) E-mail: mayribeiro@uol.com.br
E
sta comunicação visa apresentar ao público o plano de trabalho desenvolvido por mim em torno da relação entre a poesia de Ana Cristina Cesar e sua prática de tradução, sob o ponto de vista da tradução como crítica e do tradutor como (re)criador, promovido pela teoria concretista dos irmão Campos, em que medida por trás da tradução de vozes estrangeiras desenvolve-se uma dicção poética própria e, ainda, em que medida o gesto tradutório, para Ana Cristina, é uma continuação ou um ponto de partida da escrita poética. A partir daí, identificarei como a prática tradutória interfere em sua produção literária e também em âmbito nacional, ao promover a ampliação da atividade crítica, ensaística e literária, consequentemente causando uma renovação de seu cenário cultural. Buscarei mostrar como a pesquisa será norteada pelo estudo de reflexões de Ana Cristina César sobre tradução de prosa e poesia modernas em ensaios críticos em que a poeta comenta a tarefa tradutória, como nos ensaios “Pensamentos Sublimes Sobre o Ato de Traduzir”, “O ritmo e a tradução da prosa”, sobre traduções de Machado de Assis para o Inglês e ainda “Bastidores da Tradução” e “Traduzindo o Poema Curto”, além da a sua tradução anotada do I Seminário Tradução e Interculturalidade
126
Estudos literários, tradução e interculturalidade
conto “Bliss” de Katherine Mansfield e as suas notas, propriamente ditas, por meio das quais Ana Cristina obteve seu grau de mestre na Universidade de Essex. O eixo teórico-metodológico estará situado em teóricos de tradução como Walter Benjamin, Antoine Berman, Haroldo de Campos e outros autores para quem a autêntica tradução não segue a linha de imagem-cópia, e sim entendendo o exercício tradutório como gesto de construção literária. E assim, por meio desta pesquisa que ainda está em andamento, busco ampliar os estudos de sua obra literária e investigar os problemas levantados pela própria Ana Cristina Cesar em seus ensaios. Palavras-chave: Ana Cristina César. Tradução. Criação Poética. O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR em fanfictions – reescritas no meio virtual Fabíola REIS (PPGL/UFPA) E-mail: fsfreis@yahoo.com.br Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora) E-mail: izabelaleal@gmail.com
E
ste trabalho tem como objetivo apresentar questões relacionadas à autoria, tradução e à forma de apropriação de personagens de outros autores pelos leitores-autores de fanfictions, histórias reescritas por fãs. O leitor-autor é aquele que, dentro de uma comunidade de fãs como Harry Potter, Crepúsculo ou Senhor dos Anéis, faz uso de personagens de outros autores para criar a própria história e publicá-la na Internet, interagindo com outros leitores. O leitor-tradutor traduz as histórias do leitor-autor, novamente reescrevendo-a. Esta pesquisa apresenta de que forma acontece essa apropriação das personagens e como se dá o processo de reescrita e a interação entre leitores, autores e tradutores nesse meio. Entende-se que tradução é uma forma de reescrita e essa prática é, como afirma Lefevere em Tradução, Reescrita e Manipulação da Fama Literária (2007), algo que sempre existiu em nosso meio e que vai além do que simplesmente corrigir ou modificar uma frase, pois envolve a inserção de ideologia, crítica e cultura do reescritor no novo texto. É importante observar que a tradução de histórias de fãs é uma atividade muito recente e bastante comum entre jovens sem formação alguma na área, e que, no entanto, se disponibilizam a I Seminário Tradução e Interculturalidade
127
Estudos literários, tradução e interculturalidade
traduzir, sem custo algum, ficções de outros fãs para a língua portuguesa. Palavras-chave: Fanfiction. Autoria. Tradução. Reescrita. OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO em Ana Cristina Cesar Mayara Ribeiro GUIMARÃES (UFPA) E-mail: mayribeiro@uol.com.br
E
ntendendo o exercício de tradução literária como prática autônoma, com normas próprias, que converte o tradutor ao status de autor do texto traduzido, perfazendo-se no domínio de um crime que desencaminha a linguagem, estudar a experiência tradutória de Ana Cristina César, que passa pela tradução de poesia e ficção, envolve também o estudo de suas considerações teórico-críticas sobre o ato tradutório, registradas em ensaios, cartas, notas e nas próprias traduções. No caso particular de Ana C., por trás da tradução de vozes estrangeiras está também a reflexão sobre uma tradição literária e sobre uma dicção poética própria, pensando a tradução enquanto experiência de reflexão - nem impressão, nem metodologia, nas palavras de Antoine Berman - na qual o ato de reflexão sobre si mesma é inseparável do próprio exercício tradutório. Para Berman, tradução e crítica, na modernidade literária, tornaram-se consubstanciais ao ato de escrever, de natureza “intersticial” (Berman, 19 p. 31), conferindo à tradução uma experiência plural. Nesta comunicação buscarei investigar em que medida o gesto tradutório, para Ana C., é uma continuação, ou um ponto de partida, da escrita poética, o que nos leva a uma ponderação ancorada nos paratextos escritos pela poeta paralelamente à tradução do conto “Bliss”, de Katherine Mansfield, contista neozelandesa do início do século XX. Palavras-chave: Tradução literária. Ana Cristina Cesar. Crítica literária. Poesia. TRADUÇÃO LITERÁRIA: recepção nos suplementos literários letras & artes e arteliteratura Eldinar LOPES (UFPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
128
Estudos literários, tradução e interculturalidade
E-mail: eldlopes@yahoo.com.br
A
década de 1940 foi muito importante para a divulgação do universo artístico em geral. Primeiro porque se presenciou uma ampla abertura à literatura estrangeira, principalmente as da América Latina e as da Europa, em virtude de um contexto político e social de pós-guerra no qual influenciou diretamente os domínios literários. Segundo, em virtude da criação dos suplementos literários, que foram cadernos especialmente dedicados a publicar tudo o que envolvia o universo das Artes, isto é, eram cadernos culturais vinculados a algum jornal, cujo corpo ia-se formando a partir das publicações de textos ensaísticos e filosóficos, das divulgações de algum evento ou lançamento que diz respeito ao literário, das publicações de contos poemas traduzidos. A necessidade de proporcionar o diálogo com outros escritores e pensadores estrangeiros influenciou diretamente na mentalidade e na cultura nacional, resultando assim, não somente na tentativa de mostrar que a plêiade intelectual brasileira estava em pé de igualdade com os escritores que foram traduzidos, mas na necessidade de se pensar a 129 formação intelectual a partir do contato e abertura com o outro. Esse trabalho, portanto, se debruçará em discutir o papel da tradução nos anos compreendidos de 1946 a 1951, a partir do levantamento das traduções de textos literários que foram publicados nos suplementos Arte-Literatura, do jornal paraense Folha do Norte, e Letras & Artes, do jornal carioca A Manhã. Palavras-chave: Tradução. Pós-guerra. Suplemento.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade III
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade III Coordenadora: Eliete de Jesus Bararuá Solano
AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS no português falado em Bragança (PA): análise acústica Carlos Nédson Silva CAVALCANTE (PPGL/UFPA) E-mail: nedson@ufpa.br Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora) E-mail: regina@ufpa.br
E
ste trabalho apresenta a pesquisa As Vogais Médias Pretônicas no Português Falado em Bragança (PA): Análise acústica. Seu principal objetivo é caracterizar acusticamente as vogais orais átonas, especificamente as vogais médias, em posição pretônica, desta variedade falada na Amazônia Paraense. O corpus é constituído de amostras de fala de 18 informantes nativos de Bragança (PA) estratificadamente distribuídos por faixa etária, sexo e escolaridade, que foram gravados em dois tipos de protocolo: a) teste de projeção de imagens e b) fala lida. Para a composição dos instrumentos de coleta de dados, foram selecionados 74 vocábulos de maior frequência de ocorrência nos corpora sociolinguísticos já existentes sobre as variedades linguísticas estudadas do Pará. Os dados foram segmentados em seis níveis no programa PRAAT e estão sendo tomadas as medidas de média e desvio padrão de F1e F2 (Hz) das vogais médias alvo na posição pretônica. Além da análise no PRAAT, se se prevê igualmente o uso do software R para tratamento estatístico a ser analisado. São também previstas medidas das vogais tônicas destes 74 vocábulos com o objetivo de apresentação de um espaço vocálico de referência. Conforme o corpus já analisado, que I Seminário Tradução e Interculturalidade
130
Estudos de linguagem e interculturalidade III
compreendem 324 ocorrências das vogais médias pretônicas, observou-se que a tendência dos falantes do dialeto de Bragança(PA) é pela realização da manutenção e que as ocorrências das vogais altas não são referentes às vogais subjacentes, mas resultado de variação das vogais médias em posição pretônica. Palavras-chave: Vogais médias. Vogais pretônicas. Análise acústica. ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em Capanema Suely Cunha de SOUZA (UFPA/Bolsista PIBIC/CNPq) E-mail: scsenf@hotmail.com Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora) E-mail: rcriscaldas@gmail.com
O
estudo lexical de termos da cura usados nos artefatos medicinais na Comunidade Caeté em Capanema integra a 131 pesquisa socioterminológica, cuja abordagem teórica tipológicofuncionalista procura mostrar de que maneira as culturas estabelecem por meio da língua o saber tradicional, fazendo uso dos recursos de que dispõem. A constatação de que o ato da comunicação entre indivíduos promove o estabelecimento e desenvolvimento de saberes reforça o papel que a língua tem de promover a circulação do conhecimento dentro de uma comunidade. Por esse motivo, o estudo objetiva levantar o léxico relativo aos termos de práticas de cura com partes de plantas e animais utilizadas na confecção de artefatos medicinais na Comunidade Caeté, em Capanema. A composição das fichas terminológicas reúne o registro de termos de práticas utilizadas na medicina caseira, a fim de divulgar o saber tradicional de comunidades do Caeté no que respeita à utilização de artefatos culturais nas atividades cotidianas nessa comunidade. A investigação segue orientação de estudos de Lexicologia e Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004; BIDERMAN, 2001), e da Socioterminologia (FAULSTICH, 2000, 2002, 2004 e 2006) de cuja constituição foi possível reunir material socioterminográfico sobre mais de 100 entradas de práticas culturais na região do Caeté. Palavras-chave: Práticas de cura. Termos da medicina caseira. Comunidade Caeté. I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade III
GESTOS DE APONTAR (POINTING): elementos linguísticos e culturais Simone Negrão de FREITAS (UFPA) E-mail: sinegrabr@gmail.com Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA) E-mail: duarte.romrio@gmail.com
E
ste estudo pretende revisar a pesquisa realizada por B. Haviland (2000) sobre o uso dos gestos em comunidades aborígenes (Austrália) e ameríndias (México) e refletir sobre a importância do componente gestual como parte do funcionamento da linguagem. O objetivo de Haviland (2000) foi detectar que os gestos de apontar (pointing) são elementos relevantes tanto para uma análise linguística como também cultural das comunidades investigadas. E que tais gestos estão presentes em toda sociedade, seja ela ocidental ou oriental. Em suas pesquisas, Haviland (2000) mostra como os falantes nativos de Guugu Yimithirr (GY), por meio de narrativas orais, se utilizam dos gestos para se localizarem no espaço (‘oriented’ gestures), e também como forma de representação e manipulação do estado de coisas. Deste modo, Haviland (2000) tem como aparato teórico e metodológico os estudos de McNeil (1995; 2002); Kendon (2005) e entre outros autores que tratam gesto e fala como componentes inseparáveis. Assim, de acordo com Haviland (2000), apontar é uma forma por meio da qual as pessoas dispõem seu conhecimento sobre o espaço, usando um gesto para indicar: um lugar, uma coisa num lugar e algo que se move de um lugar para outro. O autor considera também que todos os espaços representados por gestos podem ser construções complexas do conhecimento que é ao mesmo tempo geográfico, social e cultural. Palavras-chave: Gestos. Linguagem. Cultura. INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO na toponímia de Tracuateua Maria de Fátima dos Santos VALE (UFPA) E-mail: fatimasantosvale@yahoo.com.br Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: tabitafs1@hotmail.com I Seminário Tradução e Interculturalidade
132
Estudos de linguagem e interculturalidade III
E
ste trabalho ainda em fase inicial apresenta um estudo acerca da influência do contato no léxico da Toponímia de Tracuateua (PA). Apesar de emancipado, Tracuateua ainda mantém suas raízes na cultura bragantina. Por isso, trabalhamos com a hipótese primeira de que algumas comunidades teriam se formado a partir das rotas de indígenas e quilombolas fugidos da cidade de Bragança (PA). A pesquisa em curso objetiva também encontrar explicações para o fato de tantos povoados terem recebido denominações religiosas. Quanto a essa questão, a investigação deve mostrar se essas denominações seriam, de fato, os nomes originais ou se representam o anúncio preocupante da extinção do léxico nativo. Outro fator a ser abordado implicará sobre a contribuição toponímica dos cassacos nordestinos e dos ciganos que se instalaram em Tracuateua à época da construção da estrada de ferro Belém-Bragança e da instalação do campo de sementes da EMBRAPA. Que destino tiveram esses povos? Onde deixaram suas marcas? Qual o significado para a população atual? Responder estas questões é ter o privilégio do resgate de um grande legado para a história de Tracuateua. Diante dessas premissas 133 acreditamos que somente uma pesquisa investigativa de procedimento histórico-comparativo poderá dar conta da presença de resquícios do léxico primitivo e da influência sofrida pelos falantes e seus respectivos topônimos. Contudo, trata-se de uma novidade que entusiasma, mas altamente desafiadora. Palavras-chave: Indígenas. Quilombolas. Investigação. Tracuateua. Topônimos. O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor Raimunda Benedita Cristina Caldas (PPLSA/UFPA) E-mail: rcriscaldas@yahoo.com.br
O
Ka’apór é uma língua da Família Tupí-Guaraní, pertencente ao mesmo ramo do Guajá, Wayampí, Wayampipukú, Emérillon, Zo’é, Anambé de Ehrenreich, Awré e Awrá e Takunhapé (RODRIGUES, 1984-1985; RODRIGUES e CABRAL, 2002; RODRIGUES, 2005). É falada por indígenas da Terra Indígena (T.I.) Alto Turiaçu, no noroeste do Maranhão. A configuração da T.I. da qual pertencem os Ka’apor também é constituída por uma aldeia Guajá e I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade III
uma Timbira ao lado das doze aldeias ka’apor. A língua apresenta como panorama sociolinguístico dois grupos dialetais de natureza diatópica bastante evidente, além da diversidade de ordem diafásica, diageracional, diastrática e diassexual, observados com base na Dialetologia pluridimensional e relacional, por Thun e Radtke (1996) e por Thun (1996, 1998a, 1998b, 2000a, 2000b). Nesta comunicação disponho resultados de levantamentos sociolinguísticos realizados durante o curso de Formação Básica Ka’apor, do Projeto Ka’a Namõ Jajunu’e Ha Katu, os quais servem como parâmetros para a descrição dialetológica dos Ka’apor. Os dados constituem-se como contribuições para a educação básica e formação de professores, assim como para os estudos sociogeolinguísticos, em execução pelo projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (Cabral e Razky 2013), com vistas aos avanços das investigações na área dos estudos histórico-comparativos, especialmente, no que se refere ao aspecto da constituição interna do subramo III, da Família Tupí-Guaraní, do qual pertence o Ka’apor (cf. Rodrigues 1985; Rodrigues e Cabral 2002). Palavras-chave: Língua Ka’apór. Interferências Geosociolinguísticas. Tradução.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
134
Estudos de linguagem e interculturalidade II
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II Coordenadores: Jair Cecim da Silva e Ewerton Gleison Lopes Branco
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor Estelita Araújo BARROS (UFPA/SEDUC) E-mail: estelita_barros@yahoo.com.br Maria Augusta Raposo de Barros BRITO (UFPA-Bragança) E-mail: araposo@ufpa.br
A
pesquisa foi realizada com os alunos da etnia ka’apor do 6º ao 9º ano durante as alternâncias de estudo que ocorreram em dois Polos de Ensino: Aldeia Xiépihurenda, município de Centro Novo e Aldeia Jupu’y Renda, município de Maranhãozinho. Por meio da observação participante, no decorrer das aulas do componente curricular da Etnomatemática. O processo de escolarização compõe-se de uma equipe de educadores formadores em um projeto de Educação Escolar Indígena, Aprendendo com a Floresta, visando o avanço da escolaridade de indígenas da etnia ka’apor, no estado do Maranhão. A experiência é fundamentada na pedagogia de alternância, que consiste em um sistema de ensino alternado sendo que o mesmo busca adequar-se a essa pedagogia respeitando o tempo e a cultura de cada povo inserido no mesmo. E durante essa experiência de ensino e aprendizagem, observou-se a desenvoltura e o conhecimento matemático dos alunos, os quais os aplicam de acordo com a cultura e a dinâmica do cotidiano de suas aldeias. O desenvolvimento desse trabalho nos levou a pensar em uma proposta de ensino-aprendizado que pudesse fazer com que os alunos tivessem uma visão da educação I Seminário Tradução e Interculturalidade
135
Estudos de linguagem e interculturalidade II
matemática sendo aplicada em seu dia a dia, assim como a arte do grafismo corporal que possui uma conceituação geométrica em seus traços. Valorizando o conhecimento matemático do aluno, sua forma de subsistência, sua vida sociocultural, seu contexto cultural e seus saberes. Com a realização da pesquisa constatou-se que é possível um diálogo entre os saberes culturais do povo Ka’apor e os assuntos matemáticos vistos por uma ótica mais ampliada da visão em sala de aula. Palavras-chave: Educação escolar indígena. Etnomatemática. Grafismo corporal. Educação matemática Ka’apor. Saberes Ka’apor. GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO: trabalhando a oralidade com os alunos da EJA Gleciane da Silva PANTOJA (UFPA) E-mail: gleiceane.pantoja@r7.com Camilla da Silva SOUZA (Orientadora) E-mail: souza.camilla@gmail.com
O
presente trabalho apresenta uma proposta didática acerca do gênero textual oral “entrevista de emprego” voltada para o desenvolvimento de habilidades e competências orais dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlia Quadros Peinado, localizada no município de Bragança-PA. A referente proposta foi construída a partir da observação do cotidiano escolar da turma da quarta etapa, de Educação de Jovens e Adultos (E.J.A.) e de um questionário aplicado à professora da turma. Assim, os dados apreendidos da realidade escolar da turma de E.J.A. revelaram algumas dificuldades em torno da expressão oral (postura, elementos prosódicos, expressividade facial) desses alunos. Logo, o gênero oral “entrevista de emprego” apresenta-se como uma forma de trabalhar o oral de maneira sistematizada, propondo atividades sequencias de práticas da oralidade como: a linguagem formal, os “meios cinésicos” e os “meios para-linguísticos” (Dolz e Schneuwly, 2004). Dessa forma, objetiva-se contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, no qual, os alunos possam desenvolver individualmente sua expressão oral formal pública, características próprias do gênero “entrevista de emprego”. Para fundamentar este trabalho, ou seja, para respaldar a importância de se trabalhar com a oralidade de forma sistemática a partir dos gêneros textuais traz-se as contribuições de Leonor Fávero I Seminário Tradução e Interculturalidade
136
Estudos de linguagem e interculturalidade II
(2000), Roxane Rojo (2001) e Sandoval Gomes-Santos (2012). Sendo assim, nossa proposta prevê um ensino que contemple não somente as práticas escolares, mas, as práticas sociais que vão além dos muros da escola. Pois, os alunos de E.J.A. buscam um preparo voltado para o mercado de trabalho, para o exercício de sua cidadania e a escola deve propiciar múltiplos letramentos, no qual, os discentes possam estar inseridos em diversas situações comunicativas, de forma dinâmica. Palavras-chave: Oralidade. Proposta didática. Entrevista de emprego. INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de graduação em letras língua inglesa Marcus Alexandre Carvalho de SOUZA (ILLA/UNIFESSPA) E-mail: alexandre0202@yahoo.com.br
A
aprendizagem de uma língua estrangeira não envolve apenas o 137 conhecimento de estruturas e funções da língua, mas envolve também aspectos culturais, já que não se pode aprender uma língua estrangeira sem conhecer a cultura e modos de agir, pensar e ser de falantes daquela língua-cultura. Aspectos socioculturais podem estar presentes entre os fatores que motivam ou que desmotivam os aprendentes no seu processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, sendo a motivação um aspecto muito importante quando se trata desse tipo de aprendizagem. Este trabalho tem por objetivo apresentar aspectos socioculturais da motivação para a aprendizagem de alunos do curso de Letras Língua Inglesa, trabalhando em específico com as menções feitas em relação ao intercâmbio cultural realizado por meio da vinda de Assistentes de Ensino de Inglês (English Teaching Assistants – ETAs) da Comissão Fulbright ao Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará. Os dados desta pesquisa estão inseridos em uma pesquisa maior, intitulada “Percepções dos alunos sobre sua própria (des)motivação: estudo comparativo em turmas dos cursos extensivo e intensivo de licenciatura em Letras Língua Inglesa”. Os participantes da pesquisa, em geral, percebem como aspecto primordial a proficiência adquirida na língua inglesa, não se atentando para a importância dos aspectos socioculturais que a presença dos ETAs trouxe para o curso. I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade II
Palavras-chave: Motivação. Aspectos Socioculturais. Aprendizagem de Língua Inglesa. NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA e inclusão na escola Giselle Maria Pantoja Ribeiro (UFPA) E-mail: profgiselle@yahoo.fr Tatiana Cristina Vasconcelos Maia (GELPEA/UEPA) E-mail: tat_maia@hotmail.com
E
ste artigo propõe reflexões sobre o multiculturalismo crítico e o multiletramento, como práticas inclusivas necessárias na escola e na sociedade. Durante muito tempo nas escolas o ensino da leitura se manteve em linha reta, linearmente sendo exercido e assim, se dava predominante a valorização de uma cultura dominante sobre a outra minoritária. E ocorria de se pensar em uma única forma de ensinar as crianças o caminho para se chegar à leitura e à escrita. (Ensinar o que às crianças? A leitura através da escrita?). O cenário agora pede mudança e ocorre a ampliação do entendimento do ato de leitura para se chegar a escrita. É nessa atmosfera que as reflexões aqui propostas se firmaram com o enfoque dado às outras formas de linguagens cabíveis nos espaços escolares, outras práticas de ensino da leitura que favorecem a construção do conhecimento mais amplo, pois a linguagem está voltada para as atividades cotidianas, ampliando enormemente o entendimento, desta maneira o trabalho com o multiletramento pautado no multiculturalismo crítico, enriquece as práticas escolares, a partir do momento que traz para escola o debate sobre as diferentes culturas e variadas formas de linguagens que podem ser trabalhadas, e desta forma, entender o ato de leitura não apenas como uma simples tarefa de juntar letras, formando sons para as coisas nominadas, já estabelecidas pelo sistema escolar, mas trazer para ela um diálogo amplo e dinâmico. Está pesquisa tem caráter qualitativo e nela foram traçados os seguintes procedimentos: observações, anotações no diário de campo, entrevistas, analises e leituras teóricas para comparação ou constatação do que se pretende. Neste artigo, trabalhamos os itens relacionados ao tema: A leitura multicultural de Paulo Freire, Multiculturalismo e a crítica pós-moderna, Letramento como práxis: desafios apontados, (Multi) letramento e cultura: de que educação I Seminário Tradução e Interculturalidade
138
Estudos de linguagem e interculturalidade II
estamos falando? Alfabetização, multiletramento e surdez, “Uma história da leitura” à luz de Alberto Manguel, alcançando ainda as noções de Suzana Vargas em seu livro “Leitura: uma aprendizagem de prazer”, Roland Barthes “O prazer do texto”, Regina Zilberman “Literatura e pedagogia”, concluindo com as análises e as aproximações conclusivas. Palavras-chave: Cultura. Multiculturalismo. Multiletramento. Leitura. Ensino. RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD Antonia Edleuza ALVES (SEDUC) E-mail: edleuzaal@hotmail.com Jaed Ríllare Alves de SOUSA (UFPA) E-mail: jaed.r.sousa@hotmail.com
O
presente estudo tem como tema “Relação do aluno graduando 139 com as TICs no processo de ensino aprendizagem na EaD”. A educação a distância é um dos mais promissores campos da educação na sociedade moderna, pois pelas suas propostas de universalizar o ensino procura atender as demandas educacionais da sociedade moderna. É, ainda, o processo em que o ensino ocorre por meio de ambientes virtuais de aprendizagens vinculados às tecnologias de informação e comunicação e facilita a inserção do aluno no mundo globalizado. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a relação do aluno graduando com as tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino aprendizagem na da educação a distancia. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva com o uso de questionários que foram aplicados aos alunos graduandos dos cursos de Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Biologia do Instituto Federal do Pará (IFPA) e Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) pertencentes ao Plano Nacional de Formação de Professores do Estado do Pará - Parfor/Pa, haja vista que 20% por cento da carga horária da cada disciplina devem ser cumpridas por meio da educação a distância. O questionário aplicado contém perguntas abertas e fechadas aplicadas a 53 alunos dos cursos citados totalizando 10 questões referentes ao tema apresentado. Os resultados apresentados mostram que os alunos sabem da I Seminário Tradução e Interculturalidade
Estudos de linguagem e interculturalidade II
importância das tecnologias no processo de ensino aprendizagem, mas uma parte significativa dos graduandos não tem acesso à internet com frequência. Muitos apresentam dificuldades para realizar as atividades online que correspondem a 20% do total da carga horária de cada disciplina. Percebe-se ainda que uma das dificuldades enfrentadas pelos alunos, é justamente a falta do domínio das ferramentas dos ambientes virtuais de aprendizagem oferecidas para a interação entre o professor e o aluno. Isso se justifica, justamente, porque o AVA disponibiliza variadas ferramentas e o aluno ainda se sente inibido em usá-las. Muitas vezes usa penas as ferramentas mais comuns, como e-mail, material impresso e telefone. Sendo assim, pode-se dizer que o ensino na EaD trouxe inúmeros benefícios de muita valia para a sociedade e nesse contexto merecem destaque dois fatores importantíssimos para o aperfeiçoamento e a qualidade do ensino a distancia, que são o papel desempenhado pelo professor/tutor e a comunicação dialógica dos envolvidos nesse processo de ensino. Palavras-chave: EaD. Tecnologia. Ensino. 140
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Línguas hispânicas e tradução cultural
LÍNGUAS HISPÂNICAS e Tradução Cultural Coordenador: Carlos Henrique Lopes de Almeida
LITERATURA E HISTORIA: traços de resistência na literatura paraguaia Carlos Henrique Lopes de ALMEIDA (UFPA) E-mail: carloshla@ufpa.br
E
ste estudo tem como proposta a análise e discussão de traços de resistência presentes em algumas das principais obras do autor paraguaio Augusto Roa Bastos. O corpus selecionado apresenta narrativas cujas representações destacam alguns dos fatos históricos responsáveis por importantes mudanças na configuração política, econômica e social do país mediterrâneo. As temáticas contemplam os primeiros contatos do Velho Mundo como as novas terras conquistadas, duas grandes guerras contra países vizinhos, a Grande Guerra em 1864-1870 e a Guerra do Chaco 1932-1935, ambos episódios promoveram a reconfiguração de um cenário que indicava ser promissor. Outro traço cultural que vale destacar referese à diglossia da nação Paraguaia, pois além de significar a chave para a consolidação de um nacionalismo pautado na cultura Guaraní, também funcionou como um artifício literário utilizado por Roa Bastos na tessitura de seus romances. O entrecruzamento da história e da ficção oferecerá um espaço de reflexão e discussão sobre a identidade a partir das releituras do passado existentes no universo literário das obras roabastianas. A análise será realizada a partir dos conceitos de Identidade Cultural, Alteridade e Resistência, propostos por Homi Bhabha (2011), Stuart Hall (2002), Bosi (2002) Thomas Bonicci (2009), Mentom (1993) e White (2003). I Seminário Tradução e Interculturalidade
141
Línguas hispânicas e tradução cultural
Palavras-chave: Identidade. Resistência. Literatura. Alteridade. O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM: El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar Fernanda da Costa Silva (UFPA) E-mail: fernandacostam1@gmail.com Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora) E-mail: íris_flb@hotmail.com
R
icardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto nasceu na cidade de Parral – Chile em 12 de julho de 1904 e faleceu em Santiago do Chile em 23 de setembro de 1973, tinha por pseudônimo o nome Pablo Neruda, inspirado no escritor checo Jan Neruda. Foi poeta, político, escritor e diplomático, consagrando-se como um ativista político. Considerado um dos maiores poetas Chilenos, assim como um dos nomes mais renomados da literatura contemporânea, em suas obras podemos observar várias faces do escritor, que se entrelaçam entre momentos de lirismo, angústia, amor, política, erotismo, entre outros. Vale ressaltar que para este trabalho buscamos analisar o poema El Insecto de Pablo Neruda, subsidiado por considerações a cerca do erotismo de estudiosos como: Ronaldo Vainfas, Lúcia Castello Branco, Milla Balleiro de Sá Adami, buscando analogias entre o poema e a fantasia ou fetiche de Giantess, em que a pessoa fantasia ser de uma estatura pequena para ficar à mercê dos caprichos de um (a) gigante (a). E neste desenrolar, unimos o poema com o filme Hable con Ella de Pedro Almodóvar que vem retratar também o fetiche em sua película, onde uma das supostas cenas, um casal se encontra em seu quarto, e o homem seguindo a fantasia de Giantess, se torna o pequeno ser que se dispõe a satisfazer todos os desejos de sua amada. O mesmo acontece no poema, pois o amante se revela como um inseto, em que irá percorrer, ou melhor, irá passear pelo corpo de sua amante. Fascínio é uma entre as catarses oferecidas entre estas duas obras, as quais escolhemos para analisar e mostrar uma pequena porção da literatura Hispano-Americana em analogia com a sétima arte. Palavras-chave: El Insecto. Pablo Neruda. Hable com Ella. Pedro Almodóvar. Fantasia de Giantess.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
142
Línguas hispânicas e tradução cultural
O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL: como reconhecê-los? Rozilda Rodrigues MONTEIRO (UFPA) E-mail: rozilda.rmonteiro@hotmail.com Valéria da Costa CABRAL (UFPA) E-mail: valeria.cabral19@yahoo.com.br Carmen Lúcia RODRIGUES (Orientadora) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
E
ste trabalho tem como principal objetivo apresentar as características da classe de palavras substantivo do espanhol – a segunda língua mais falada no mundo – a partir do ponto de vista tradicional e a partir dos critérios semântico, morfológico e sintático, em contraste com os substantivos do português, uma língua muito próxima do espanhol, tanto geograficamente como geneticamente, já que as duas possuem a mesma origem, o Latim. Inicialmente, serão apresentadas as definições mais tradicionais, tanto em relação ao substantivo em espanhol como em português. 143 Posteriormente, trataremos da classificação e formação do substantivo em espanhol, com suas flexões de gênero, número e grau, e enfocaremos sua função do ponto de vista sintático. Para tanto, serão apontados exemplos para uma melhor compreensão do referido objeto de estudo. A partir da identificação de características morfológicas e sintáticas do substantivo em espanhol, mostraremos que o critério semântico por si só não é suficiente para diferenciar o substantivo das demais classes de palavras, sendo necessário aplicar critérios formais para o reconhecimento dessa classe de palavra. Portanto, veremos que a definição tradicional de substantivo apoiada exclusivamente em critérios semânticos deixa lacunas em seu aprendizado, tanto por parte de quem aprende o espanhol como primeira língua como por parte de quem o aprende como segunda língua. Palavras-chave: Espanhol. Substantivo. Semântico. Morfológico. Sintático. TRADUTORES HISPÂNICOS traduzindo para o português Eva Yolanda Taberne ALBARENGA (UNILA) E-mail: evataberne@gmail.com I Seminário Tradução e Interculturalidade
Línguas hispânicas e tradução cultural
Giane da Silva Mariano LESSA (Orientadora) E-mail: giane.lessa@gmail.com
A
tradução inversa (TI), conhecida no Brasil como “versão”, que implica traduzir um texto escrito na língua materna do tradutor para uma língua estrangeira, é uma prática ainda polêmica e criticada por vários teóricos de finais do século XX. Por um lado, essa prática é defendida em alguns estudos recentes, mas ignorada em boa parte dos trabalhos acadêmicos da área, que ao falar em tradução pressupõem que esta sempre está sendo feita da língua estrangeira para a língua materna do tradutor. No entanto, há tradutores a realizam profissionalmente. No contexto brasileiro, alguns tradutores hispânicos traduzem diferentes tipos de textos (jurídicos, literários, científicos, legendas e roteiros de filmes, entre outros) do espanhol para o português. É com esse perfil de sujeitos que trabalharemos, com o objetivo de analisar as representações sobre a tradução inversa que emergem dos seus discursos, em seus comentários sobre os seguintes tópicos: as diferenças entre traduzir de forma inversa e traduzir de forma direta (para a sua língua materna); as dificuldades que enfrentam traduzindo para uma língua estrangeira; as diferenças de traduzir determinados tipos de textos; as estratégias utilizadas; as aptidões necessárias para realizar a TI e as particularidades do par linguístico espanhol/português. Tomando como base a teoria das representações, abordada a partir de uma visão construcionista. Analisar-se-á até que ponto a crença que diz respeito ao falante nativo como superior ao falante não nativo na sua competência tradutória é retomada/reafirmada/discutida nos discursos dos tradutores entrevistados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem interpretativista. Os dados foram gerados a partir de um questionário escrito, que tinha por objetivo delimitar o perfil dos participantes e uma entrevista oral, com perguntas semiestruturadas, realizada via Skype. O presente artigo apresentará os resultados da pesquisa que está sendo realizada para o desenvolvimento do TCC, ainda em andamento. Palavras-chave: Direcionalidade. Tradução inversa. Representações. Par linguístico português/espanhol. Estudos latino-americanos.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
144
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
ENTRE A TERRA, O MANGUE e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca Coordenadora: Deis Elucy Siqueira
AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude Norma Cristina Vieira COSTA (PPBA/UFPA) E-mail: normacosta@ufpa.br Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora) E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
T
rata-se de visibilizar as relações geracionais a partir dos saberes ecológicos pesqueiros locais que as constituem na comunidade de Bonifácio, em Bragança-Pará. Este trabalho apresenta parte dos resultados de pesquisa de tese desenvolvido no grupo de pesquisa ESAC-Estudos Socioambientais Costeiros/ Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança. O texto ancora-se em entrevistas parcialmente estruturadas, observação participativa e grupos focais com os membros das famílias pescadoras e moradoras da comunidade de Bonifácio. Identificou-se que na comunidade de Bonifácio as relações de parentesco são fundamentais na formação dos mais jovens, especialmente na formação daqueles que estão iniciando a atividade de pesca. É através destas relações que se constroem os primeiros conhecimentos ecológicos locais. O pai, a mãe e os parceiros de pesca obtiveram um lugar de destaque na formação do pescador e da pescadora da comunidade de Bonifácio. Aqui, os (as) jovens são inseridos socialmente na atividade de pesca. Ainda que não ocorra I Seminário Tradução e Interculturalidade
145
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
uma inserção forçada, a introdução se inicia desde muito cedo, ainda na infância e se concretiza de modo geral na juventude, quando os pescadores e as pescadoras, sobretudo os primeiros, integram os grupos pesqueiros inter familiares. Também é na juventude que os saberes da pesca apreendidos no dia-a-dia se evidenciam. Os jovens se casam por volta de 20 a 22 anos e são considerados adultos a partir daí, ainda que a passagem de crianças para jovem ocorra mais ou menos por volta de 15 anos, conforme o Estatuto. Adolescência. De qualquer maneira, ainda que não seja marcada tão forte por ruptura e crise de identidade, a juventude é uma fase que pode ser considerada intermediária entre a infância e a vida adulta (antes do casamento).Esse modelo de vida, representada em grande medida pelos vários aspectos socioculturais de uma comunidade tradicional, transita pelos diferentes, porém relacionados, campos de ação humana. Dentre eles merecem destaque as relações de gênero no processo de socialização dos conhecimentos pesqueiros. As mulheres, jovens pescadoras aprendizes, longe de ter as mesmas oportunidades e ensinamentos dos homens, aprendem prioritariamente a lida com o pescado (limpar, eviscerar, retalhar, salgar) em grande medida para fins domésticos/autoconsumo. Aos homens, jovens pescadores aprendizes, a socialização dos conhecimentos pesqueiros calca-se em direção a profissionalização no setor. Palavras-chave: Relações geracionais. Pesca Artesanal. Saberes Locais. Juventude. PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA Sebastião Rodrigues da SILVA JÚNIOR (UFPA) E-mail: sebast@ufpa.br
O
presente estudo se refere a pesquisa realizada na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, criada em 2005, localizada no município de Bragança, região nordeste do estado do Pará, Amazônia, Brasil, a mesma dispõe de uma área de 42 mil hectares, envolvendo uma população de cerca de 40 mil pessoas. O objetivo foi analisar o Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, enquanto instrumento de participação e de poder, verificando se o mesmo contribui para a mudança nas I Seminário Tradução e Interculturalidade
146
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
relações de poder entre os agentes técnicos e a população tradicional no que diz respeito à gestão desta Unidade de Conservação. O trabalho foi elaborado a partir de uma abordagem qualitativa, utilizando-se de um formulário padronizado, entrevistas semiestruturadas e informais, bem como observação participante. Concluise que não obstante os conflitos, expostos ou latentes, as disputas entre vários conselheiros, as divergências entre as instituições participantes, este se configurou como: um espaço aberto ao debate e proposições; possibilitou a ampliação da participação das populações tradicionais nos processos decisórios, ainda que em pequena abrangência. Considera-se que o mesmo foi um espaço fundamental para o processo de democratização das relações entre a sociedade local e as comunidades que vivem dos recursos que a Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu oferece. PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia Darcy de Nazaré Flexa DI PAOLO (PPGBA/UFPA) E-mail: dflexa@ufpa.br Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora) E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
O
presente resumo enfoca um pouco da Tese de Doutorado vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental (PPGBA)/UFPA, Campus de Bragança, orientada pela profa. Dra. Deis Siqueira, sob o título Práticas socioambientais e relações de gênero em uma comunidade tradicional da Amazônia. Está sendo desenvolvida na comunidade Cajueiro/nordeste paraense, a 18 km da cidade de Bragança, onde moram 120 famílias, compreendendo aproximadamente 500 moradores. Os campos constituem a principal característica ambiental, campos estes que se apresentam cheios no período chuvoso e secos em períodos que não chove. Visando identificar as principais formas de vida da comunidade, mais especificamente no que se refere à relação dos moradores com o meio ambiente, o estudo tem como objetivo identificar e analisar as principais atividades extrativistas geradoras de renda e aquelas destinadas ao autoconsumo, em sua articulação com os ciclos produtivos dos recursos naturais utilizados e os arranjos familiares que são I Seminário Tradução e Interculturalidade
147
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
construídos Tem como hipótese norteadora: as atividades produtivas socioambientais se organizam não apenas, mas significativamente, de acordo com o movimento produtivo e reprodutivo dos recursos naturais utilizados, as quais implicam em diferentes arranjos das famílias, ancorados estes, por sua vez, na divisão sexual do trabalho. Além da observação in loco e da pesquisa participante estão sendo desenvolvidos também grupos focais como metodologia básica. Neste contexto, tem-se verificado que a atividade econômica principal é a agricultura, com destaque para a mandioca, com a qual é produzida, sobretudo, tanto a farinha d’agua quanto a de tapioca. Além da agricultura, destaca-se a pesca, com vários tipos de peixe e de camarão e também o caranguejo. A pecuária é exclusivamente para o tratamento da terra, com dizem os moradores locais “para estrumar a terra”, devido, sobretudo, as plantações de mandioca. Portanto, com relação a atividades econômicas, destacam-se, sobretudo: agricultores, pescadores, e tiradores de caranguejo, porém, mesmo tendo uma dessas atividades com principal, todos se envolvem de alguma forma com cada uma delas, isto, de acordo com as respectivas épocas do ano, as quais correspondem também aos ciclos produtivos e reprodutivos dos recursos naturais existentes. Tendo presente que a apropriação dos recursos da natureza não ocorre fora do contexto dos valores humanos, o presente estudo visa contribuir como mais um produto acadêmico-científico direcionado a esta temática, fruto de estudos que estão sendo desenvolvidos pelo grupo de Estudos Socioambientais Costeiros (ESAC)/UFPA/Campus de Bragança. Palavras-chave: Extrativismo. Socioambiental. Relações de gênero. Amazônia. “SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”: a importância do conhecimento ecológico local para o bom viver na Amazônia Roberta Sá Leitão BARBOZA (FEPESCA/ESAC/UFPA) E-mail: robertasa@ufpa.br
A
valorização do saber local sobre a natureza pelos cientistas é relativamente recente. O conjunto de saberes e práticas a respeito do mundo natural e sobrenatural é conhecido como conhecimento ecológico local (CEL). Caracterizam-se como conhecimentos intimamente relacionados à natureza, utilizados no I Seminário Tradução e Interculturalidade
148
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
cotidiano de povos tradicionais, adquiridos através de observações extensivas de uma área ou de uma espécie, e transmitidos especialmente por via oral, de geração em geração de modo informal. Hoje, o entendimento do CEL pela ciência passou a ganhar espaço na conservação e manejo dos recursos naturais, constituindo-se um importante desafio. Nesse contexto, foi realizado um estudo acerca do CEL de pescadores artesanais das vilas dos Pescadores e vila Bonifácio, Bragança (Pará), sobre a ecologia alimentar de alguns peixes. Verificou-se similaridade nos relatos sobre o conhecimento do hábito alimentar dos peixes fornecidos pelos pescadores e das informações disponíveis na literatura cientifica. De acordo com os pescadores, a dieta alimentar dos peixes esteve baseada principalmente no consumo de sardinha e camarão. A partir da riqueza constatada no conhecimento dos pescadores sobre a ecologia trófica de peixes, sugere-se que estes saberes sejam empregados no manejo dos recursos pesqueiros no nordeste do Pará, contribuindo para o bom viver dessas pessoas. Palavras-chave: Conhecimento Ecológico Local. Pescadores artesanais. 149 Peixes. TREME: um nome que conta as origens da comunidade Maria de Lima GOMES (FACED/ESAC/UFPA) E-mail: normacosta@ufpa.br Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora) E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
E
ste estudo é um dos resultados da investigação realizada na Vila do Treme, em Bragança, PA, no período de agosto de 2011 a janeiro de 2013. Teve como objetivo obter informações sobre o início da ocupação do lugar. Por meio da memória dos mais antigos identificados foram entrevistados nove (9) moradores da comunidade do Treme com faixa etária entre 80 a 97 anos. Pelo efeito bola de neve, usou-se a entrevista semi-estruturada e não estruturada, como instrumento de coleta de dados. A Comunidade data do início do século XX, sendo os primeiros moradores oriundos de comunidades próximas. O lugar foi escolhido pela proximidade do rio Caeté, o que facilitava a atividade ocupacional: a pesca. Seis, são os grupos familiares que deram origem a população da comunidade, que recebeu I Seminário Tradução e Interculturalidade
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
o nome de Treme, em função de um lago que apresenta o fenômeno natura, mas incomum em região tropical, que é o tremular da terra ao se pisar nas águas do lago. A valorização da memória dos moradores mais antigos, que não tem um registro histórico, é uma forma de obtenção de informações que levam a compreensão do passado, das tradições para guarda-las, ao mesmo tempo em que possibilita a percepção de mudanças para o futuro. Este trabalho apresenta parte dos resultados de pesquisa desenvolvido no grupo de pesquisa ESACEstudos Socioambientais Costeiros/Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança. Palavras-chave: Memória. Comunidade. Idosos.
150
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Linguagem e educação: estudos interculturais
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: estudos interculturais Coordenadora: Maria da Conceição Azevedo
A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital Sybelle Rúbia Duarte SAMPAIO (Bolsista/Supervisora PIBID/CAPES/URCA) E-mail: aylana.sybelle.ce@gmail.com Cicera Edilene Alves da SILVA (Bolsista PIBID/CAPES/URCA) E-mail: edilenealves.s95@hotmail.com
A
realidade transformada das escolas, das relações sociais e dos diferentes contextos escolares, exige uma adaptação maior ao ensino contextualizado com as comunidades dos educandos. Não há como fragmentar a linguagem em processo conteudístico, sem considerar o papel da instituição na vida efetiva dos alunos. Nesse ponto, faz-se viável aproximar os saberes das situações reais e específicas, bem como desconsiderar a filosofia unificadora comum a muitas escolas de ensino médio. A construção da identidade docente em confronto com essas mutações exige maior aproximação com essa realidade contextual. Por isso o PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) propicia ao graduando um contato maior com esse trabalho. Concomitantemente, tencionamos analisar os avanços possíveis nessa interação profissional e de formações: docente e discente. A fim de encontrar alternativas de ações que promovam uma constante reflexão em torno da atuação docente versus desenvolvimento da aprendizagem dos alunos através de uma linguagem comum e compreendida socialmente. O que faz da escola I Seminário Tradução e Interculturalidade
151
Linguagem e educação: estudos interculturais
viva são os alunos, professores, pais, funcionários que interagem com ela em diferentes linguagens. Essas esferas socializam-se no contexto que elas próprias criam e recriam. E através do poder da palavra se revelam, expõem seus pontos de vista, aparelharam-se. Essa escola deve ser um lugar de ascensão e conexão de todos os participantes, na construção da cidadania. O trabalho proposto pelo PIBID objetiva formar pessoas e influenciar a estruturação da escola de maneira dinâmica e que estimule os alunos a manifestarem-se nos diversos domínios culturais. Na nossa perspectiva ainda há muitos paradigmas que precisam ser quebrados para fazer do ensino um processo eficaz em maior escala. Desfragmentar o currículo, tornando-o flexível, reflexivo, vivo e pensado coletivamente, para formar a identidade da instituição, acompanhando o desenvolvimento local e reprogramado a partir do contexto da realidade da instituição. Pretendemos dispor da linguagem cotidiana e local dos alunos do ensino médio em contato com os alunos da universidade e futuros docentes, para utilizarmos a cultura digital através de blogs interativos, redimensionarmos a prática pedagógica que ative os mecanismos de entendimento do ser e fazer dos discentes, induzindo, portanto, transformações nos moldes de uma escola ressignificada. Palavras-chave: Ensino. Linguagem. Contextualização. PIBID. A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no ensino superior Maria da Conceição AZEVÊDO (Doutoranda em Educação/USP) E-mail: cazevedo@ufpa.br
N
esta comunicação, trazemos à discussão um estudo em que analisamos o funcionamento discursivo de uma interação em sala de aula, enfocando os modos como a professora e os alunos, por meio de comportamentos verbais e não verbais, interagem reciprocamente para dar acabamento a uma interação singular, na qual os sentidos não estão dados, mas vão sendo construídos conjuntamente. Intentamos examinar de que maneira os padrões interacionais nos permitem observar a distribuição dos papéis sociais entre os participantes e as funções dos atos de linguagem praticados na cena didática, em termos de uma configuração discursiva que deriva das particularidades de um ambiente de ensino institucional. I Seminário Tradução e Interculturalidade
152
Linguagem e educação: estudos interculturais
Os dados considerados na análise originaram-se de um recorte do corpus de nossa pesquisa de Mestrado, em que foram registradas em vídeo as aulas da disciplina “Produção e Compreensão de Textos II”, ministradas para uma turma do segundo período do Curso de Letras da Universidade Federal do Pará, no Campus de Bragança/PA. Selecionamos para análise um episódio didático em que a professora faz a correção de um exercício de compreensão textual. Tomando como pressuposto a concepção da natureza interacional e dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2003, 1988), fundamentamos nossa análise em dois eixos temáticos: estudos que tematizam a organização das interações e a constituição das práticas discursivas em situações de ensino e aprendizagem (MEHAN, 1979; MORTIMER & SCOTT, 2002; GERALDI, 1997); reflexões sobre os exercícios de compreensão textual (MARCUSCHI, 1996, 2001). O estudo nos permitiu constatar que: i) a organização das trocas discursivas entre a professora e os alunos é determinada, em grande medida, pelo formato do exercício, que conduz à negociação de sentidos em função das instruções contidas nas questões propostas; ii) a constituição das interações em situações de sala de aula demanda dos sujeitos a assunção de papéis 153 convencionados institucionalmente, o que pode conduzir a uma inversão dos papéis dos participantes e das funções dos atos de linguagem. Palavras-chave: Padrões de interação. Dialogismo. Ensino superior. Aula de leitura. FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES culturais para construção da escola bragantina Luciane Silveira RODRIGUES (SEMED/BRAGANÇA-PA) E-mail: lusilveira1978@gmail.com Maria Adriana LEITE (UFPA) E-mail: m.adrianaleite@hotmail.com Robson de Sousa FEITOSA (Orientador) E-mail: rsfeitosa77@hotmail.com
A
Secretaria Municipal de Educação de Bragança-PA lançou em 2013 seu projeto de educação objetivando a construção coletiva da Escola Bragantina. Este projeto traz um Programa de Formação Continuada que visa identificar os elementos que caracterizam a comunidade bragantina e faze-los adentrar e I Seminário Tradução e Interculturalidade
Linguagem e educação: estudos interculturais
transformar os currículos das escolas que compõe esta rede de ensino, dando voz e vez aos saberes e fazeres locais. Ocorre no chão da escola, através de ações como Jornada Pedagógica e circuitos de diálogos intitulado de Caravana Pedagógica (CP), que é objeto de estudo deste artigo. Ao nos questionarmos se nossa escola está pronta para nossos alunos reais, nos deparamos com o desafio: uma proposta de formação que promova a reflexão-ação-reflexão dos docentes em rede objetivando reafirmá-los como protagonistas de sua história, sem negar a participação dos sujeitos envolvidos neste processo. Pensado no formato de construção coletiva, as CP’s constituem-se em um processo de acompanhamento periódico, cujo objetivo é estabelecer um contato com o corpo escolar e auxiliar em seus projetos. Estas propõem abrir caminhos para processo de libertação do sujeito oprimido (professor, alunos, comunidade) que, diante de uma realidade repressora (sistema, currículo, configurações sociais, formação) vê-se diminuído em seu direito de protagonista de um tempo, espaço, de uma história. As CP’s são planejadas a partir dos projetos e dados referentes ao que escola vem construindo nos últimos anos como: o IDB, dados estatísticos, programa federais, PPP, etc. Não nos propomos a levar formulas ou modelos. O princípio é partir de uma conversa inicial com os professores sobre suas práticas, o que possibilita partimos do olhar do professor, para só então construir com eles a reflexão teórica para orientação de suas atividades. O presente trabalho está sendo desenvolvidos através de análise dos discursos dos professores, com entrevistas e gravações sobre os relatos das visitações em comunidade. A diversidade encontrada nas escolas reafirma que o conhecimento não é uma “caixinha fechada” ou que tenha forma unilateral, ou ainda com a construção feita de cima para baixo em que umas poucas pessoas mandam e umas muitas pessoas procuram acatar, os saberes presentes nos diversos espaços que são abordados em cada comunidade nos leva a ver a escola como um espaço privilegiado levando-nos a acreditar em uma educação de qualidade e para todos. Palavras-chave: Saberes. Caravana pedagógica. Escola bragantina. GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA: uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências didáticas Tânia Maria MOREIRA (UNIFESSPA) I Seminário Tradução e Interculturalidade
154
Linguagem e educação: estudos interculturais
E-mail: taniammoreirabr@yahoo.com Paulo da Silva LIMA (UNIFESSPA/PIBEX) E-mail: paulosl@ufpa.br
E
ste trabalho aborda questões teóricas relativas ao estudo de gênero textual e da abordagem sequência didática como subsídio ao ensino de Língua Materna e Estrangeira. O ponto de partida desta experiência reside na necessidade de explorar e construir sequências didáticas, voltadas ao desenvolvimento de ações práticas em escolas da rede pública de Marabá, PA, que estão vinculas ao projeto de pesquisa e extensão em desenvolvimento na UNIFESSPA, “Gêneros textuais no ensino: da Educação Básica ao Ensino Superior”. O nosso objetivo nesta comunicação é apresentar uma abordagem em experimentação, voltada ao estudo e à construção de sequências didáticas que demonstrem relação entre teoria e prática. Na construção dessa abordagem, adotamos como referência teórica os estudos de Machado et al. (2004), Marcuschi (2005; 2007) e Dolz et al. (2010). Tal abordagem consiste na proposição de algumas perguntas que podem servir como um roteiro na realização de observação de 155 propostas de ensino voltadas para o trabalho com gêneros textuais. A primeira aplicação dessa abordagem ocorreu em oficinas de leitura e produção de sequências didática envolvendo os gêneros notícia e resumo, assim como em oficinas de produção de artigos de opinião. Acreditamos que o uso dessa abordagem pode contribuir no desenvolvimento de competências linguísticas e discursivas de alunos em formação na área de Letras e contribuir para o desenvolvimento da consciência crítica quanto ao estudo e à produção de atividades didáticas envolvendo diferentes gêneros textuais. Palavras-chave: Gêneros textuais. Sequência didática. Leitura e produção de textos. QUE LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS? um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA) E-mail: kelryoliveira03@hotmail.com Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: costagilcilene@gmail.com I Seminário Tradução e Interculturalidade
Linguagem e educação: estudos interculturais
E
ste trabalho visa apresentar elementos iniciais de uma pesquisa de Mestrado em Educação, cujo objetivo consiste em analisar as dimensões das linguagens artística e musical na educação infantil tendo como lócus uma Unidade de Educação Infantil no município de Belém-PA e como aporte teórico os estudos pósestruturalistas sobre linguagem, diferença, currículo, educação. A pesquisa surgiu de inquietações que se deram durante a graduação e que se estenderam para o campo profissional com a minha entrada nesta instituição de ensino a qual estou me propondo investigar, por conta da escassa discussão acerca da linguagem que leva a dificuldade dos professores em saber utilizar suas dimensões em práticas diárias como mecanismo de construção/ressignificação do conhecimento. Dessa forma, buscamos investigar os modos como a linguagem está sendo trabalhada na educação infantil, analisando como as crianças estão se desenvolvendo a partir dessa proposta de ensino e se o contexto sociocultural dessas crianças vem sendo levado em consideração nessa dinâmica de construção do conhecimento. Como proposta deste trabalho, optamos por apresentar num primeiro momento uma discussão teórica sobre linguagem a partir de uma perspectiva pós-estruturalista apoiada em autores como CORAZZA (2001); COSTA (2011 e 2013); SILVA (2001), e da “perspectiva do cotidiano” fundamentada nas ideias de Michel de Certeau (2014), com aproximações a serem feitas ao campo da educação. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os dados obtidos ainda são preliminares, porém, é possível apontar, no tocante aos estudos da linguagem, o seu caráter instável e difuso no meio social, bem como no tocante ao cotidiano escolar que os professores vem desenvolvendo um trabalho experimental no município de Belém, com uma metodologia de ensino que ainda está em processo de aprovação pela secretaria de educação do município, e que por ser nova gera muitas dúvidas em relação às formas de realizar as práticas pedagógicas, mas que ao mesmo tempo sinaliza ações satisfatórias para a formação destas crianças. Palavras-chave: Linguagem. Educação Infantil. Pós-Estruturalismo. Cotidiano. O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA I Seminário Tradução e Interculturalidade
156
Linguagem e educação: estudos interculturais
Maria Adriana LEITE (UFPA) E-mail: m.adrianaleite@hotmail.com Luciane Silveira RODRIGUES (UFPA) E-mail: lusilveira1978@gmail.com
A
s reflexões apresentadas neste artigo são parte do processo de acompanhamento da proposta de formação continuada de professores da Secretaria Municipal de Educação-Bragança-PA (SEMED-Bragança-PA), iniciada no ano de 2013. A proposta consiste num plano de formação continuada para os professores, coordenadores e gestores da rede municipal de ensino, que tem como objetivo construir coletivamente as bases para elaboração de uma Política Curricular que afirmem as diretrizes da “Escola Bragantina”. Nosso objetivo é perceber como o processo de formação continuada chega ao chão da escola tornando-se elemento capaz de contribuir para a prática da reflexão pedagógica, que promova a transformação da práxis do professor. Entendemos que o processo de formação continuada de professores precisa dar conta de promover a constante reflexão de sua práxis, partindo do olhar sobre a diversidade cultural, 157 em que a escola encontra-se inserida. Nosso trabalho é resultado do acompanhamento da implementação da proposta de construção da escola bragantina através das Jornadas pedagógicas 2013/2014, as exposições das escolas no Museu pedagógico e as Caravanas pedagógicas. O presente trabalho está estruturado três momentos sendo o primeiro explanando como se deu a implementação da proposta de construção da escola bragantina em 2013 feita através da formação de multiplicadores, no segundo momento temos ampliação da proposta com os círculos de diálogos por área de conhecimento que teve por objetivo aproximar o professor da reflexão críticas sobre os conteúdos escolares e suas relações com o complexo temático, e por fim no terceiro momento apresentamos uma reflexão a partir das análises das avaliações feitas pelos professores municipais ao final da Jornada Pedagógica em 2014. Palavras-chave: Formação Docente. Currículo Contextualizado. Complexo Temático.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Discurso e representação
DISCURSO e representação Coordenadora: Nilsa Brito Ribeiro
DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO: as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011 Hildete Pereira dos ANJOS (UNIFESSPA) E-mail: hil_dos_anjos@hotmail.com Flavia Marinho LISBOA (UNIFESSPA) E-mail: dosanjoshildete@gmail.com
O
trabalho tem como objeto os indícios de enunciados relativos à produção de um discurso fundador nos documentos relativos ao Plebiscito ocorrido no Pará em 2011, que consultou a população paraense acerca da criação de dois novos estados a saber, Carajás e Tapajós. Para efeito deste trabalho, será analisado apenas o material relativo à campanha do estado de Carajás, coletado para pesquisa de mestrado de uma das autoras, à luz de conceitos como discurso fundador, identidade e território. A noção de discurso fundador, retirada de Orlandi e Chauí, implica na convergência, a partir de formações discursivas e ideológicas diversas, para uma narrativa coerente que, pelo movimento de ser retomada e reforçada ao longo do tempo cria uma identidade territorial. O conceito de território se ampara em Santos, entendido como espaço humano produzido pelo uso, no empenho da produção da existência. O objetivo da pesquisa é articular os indícios que aparecem na forma de marcas discursivas, nos diversos suportes e gêneros discursivos, que apontem para tal convergência. Quanto à identidade o trabalho se ampara em Hall, entendendo que a produção de sentidos acerca da região, expressa em imagens, memórias, definições cria nexos e aponta para I Seminário Tradução e Interculturalidade
158
Discurso e representação
construções identitárias. O material que deverá compor o corpus analítico consta de vinhetas de rádio, notícias de jornal, panfletos e entrevistas. O percurso metodológico implica em recortar o corpus a partir de marcas que apontam para uma identidade regional. Como resultados, espera-se apontar as formações discursivas e ideológicas de base dessa produção identitária e seus pontos de convergência. Palavras-chave: Análise de Discurso. Formação discursiva. Território. Identidade. ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS: interdiscursivade no campo jurídico Suelem Cristina Silva BEZERRA (UFPA) E-mail: suezbezerra@yahoo.com.br
A
presente pesquisa se insere na esfera dos estudos que vem se desenvolvendo a partir da relação linguagem e trabalho e tem como objeto a análise do trabalho desenvolvido pelo juiz, por 159 meio da linguagem, no domínio das relações interdiscursivas no campo jurídico, tendo como referência o processo de fixação da pena. Nesse sentido, a mesma tem como corpus a sentença penal condenatória a pena privativa de liberdade que se realiza como um ato jurisdicional, materializado em um discurso jurídico que legitima a supressão de um direito, por meio de práticas discursivas que lhes são próprias, e no qual é possível identificar a coexistência de saberes de campos discursivos diversos. Objetiva-se, portanto, identificar e analisar, à luz da teoria da Análise do Discurso, que relações interdiscursivas são estabelecidas no cruzamento entre saberes no campo jurídico ao se valorar as circunstâncias judiciais descritas no art. 59, do Código Penal Brasileiro. Desta feita, a análise centrar-se-á no processo de fixação da pena-base, destacando-se, especificamente, as circunstâncias judiciais relativas à “personalidade do agente” e à “conduta social”, entendendo, sobretudo, que a linguagem é o meio pelo qual são construídos e fundados sentidos e efeitos de sentido gerados no cruzamento de saberes no campo jurídico, consequentes da realização do trabalho do juiz. Palavras-chave: Sentença penal. Prática discursiva. Interdiscurso. MST E MÍDIA: I Seminário Tradução e Interculturalidade
Discurso e representação
o trabalho de produção de imagens Laécio Rocha de SENA (UNIFESSPA) E-mail: laeciorocha@yahoo.com.br Nilsa Brito RIBEIRO (UNIFESSPA) E-mail: nilsa@unifesspa.edu.br
N
este trabalho objetivamos analisar o jogo de representações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST presente em três reportagens publicadas no ano de 1996, em dois jornais de Marabá-PA, com circulação regional – O Correio do Tocantins e Opinião. As nossas análises, elucidadas à luz de estudos de discursos, produz o movimento de aproximação do sujeito que enuncia, através do funcionamento do discurso, identificando indícios ou marcas linguísticas que, situadas na história, anunciam o trabalho ideológico da mídia em direção à construção de imagens do MST numa tensa relação com outros discursos que participam das forças políticas em contraposição a este movimento social. Nossas análises nos levam a postular que o discurso da imprensa, sob o manto da neutralidade e da informação, não só noticia fatos, mas também inscreve sua posição ideológica face ao que enuncia. Assim, os sentidos de criminalização a que os jornais recorrem no jogo de construção de imagens possuem filiações políticas e ideológicas ao discurso do latifúndio na região. Ao produzir imagens do MST, a mídia produz também sua autoimagem e a imagem de outros discursos que estão no embate político e discursivo, constituindo, assim, uma tríade discursiva entre MST, Estado e Proprietário de terra na região de Marabá-PA. Palavras-chave: Discurso. MST. Mídia. O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO: os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO, na memória dos atingidos e no discurso dos jornais Cícero Pereira da Silva Júnior (UFPA/SEDUC) E-mail: hell_vetius@hotmail.com
O
escopo deste trabalho encontra-se em entender de que maneira as mídias impressas acompanharam as tensões entre os atingidos pela Usina Hidrelétrica de Estreito-MA e os representantes do consórcio responsável por sua construção, bem I Seminário Tradução e Interculturalidade
160
Discurso e representação
como as relações de forças que emergiram em torno do empreendimento a partir do momento em que atores políticos, sociais e econômicos compostos por associações, elites políticas locais, movimentos sociais e ribeirinhos, passaram a definir suas posições estratégias em relação a ele. O esforço concentrar-se-á em entender, a partir do cruzamento das informações contidas nas matérias com a memória dos atingidos que se organizaram contra o empreendimento, os efeitos de poder e verdade, suscitados pelos debates que encontraram solo discursivo bastante fértil nas páginas impressas. O recorte documental teve como base o jornal “O Progresso” (20052011), de circulação diária, editado em Imperatriz-MA, que assumiu posição favorável à construção da barragem e direcionou as notícias de forma a criar um discurso bastante homogêneo em que as elites políticas locais e os grupos ligados às atividades comerciais de Imperatriz e região obtiveram visibilidade hegemônica e deixaram em um plano secundário as vozes dos movimentos sociais que se antepuseram à construção do empreendimento. Palavras-chave: UHE de Estreito. Conflitos. Memória. Discurso. Poder. O DISCURSO SOBRE A HERESIA na formação de uma identidade cristã ortodoxa Rosana Brito da CRUZ (PPLSA) E-mail: rosanabc87@gmail.com Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora) E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com
E
sta comunicação é resultado da defesa de monografia realizada na Universidade Federal do Pará sob a orientação do Prof. Msc. Thiago de Azevedo Porto cujo título foi “Eusébio de Cesaréia e a História Eclesiástica: um discurso identitário acerca da ortodoxia via alteridade das heresias” (2013). Com o objetivo de verificar os processos formadores da identidade cristã no século IV, através do contexto de escrita da obra História Eclesiástica do bispo Eusébio de Cesaréia, pois os textos escritos nesse momento possuíam grande importância para propagar ideais de autores sobre as diversas controvérsias religiosas e políticas que estavam em efervescência naquele cenário (séc. IV). Essa obra foi o ponto de partida para elaboração deste artigo, no qual será analisado mais precisamente um aspecto da obra, no que concerne a analise de um discurso formador I Seminário Tradução e Interculturalidade
161
Discurso e representação
de identidade que se dá através da afirmação da ortodoxia pela alteridade das heresias, buscando consolidar sua legitimidade religiosa. Trata-se, portanto de perceber, os modos através dos quais se problematiza a formação de uma identidade cristã ortodoxa nos primeiros séculos do cristianismo, destacando-se ainda as relações e cruzamentos entre os diversos cristianismos da época, com formas sociais e culturais que constituem o repertório de nossa tradição e nosso universo cultural hoje. Palavras-chave: Heresia. Ortodoxia. Identidade. OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES de evento de educação especial Ingrid Fernandes Gomes Pereira BRANDÃO (GEDPPD/ICH/UNIFESSPA) E-mail: ingridfgomes@hotmail.com Mírian Rosa PEREIRA (GEDPPD/ICH/UNIFESSPA) E-mail: mirian-pereira@hotmail.com Hildete Pereira dos ANJOS (Orientadora) E-mail: hil_dos_anjos@hotmail.com
N
este artigo, as autoras propõem uma análise do discurso não verbal presente nos cartazes produzidos pelo Núcleo de Educação Especial vinculado à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), com o propósito de divulgar a primeira e sexta Jornada de Educação Especial e Inclusão. Os eventos acadêmicos analisados constituem o primeiro e o mais recente, de uma série de seis eventos. O objetivo é analisar como os discursos sobre deficiência aparecem nesses cartazes, sob a ótica dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de origem francesa (AD); neles, são investigados os efeitos de sentido produzidos nos possíveis interlocutores, que ocupam lugares determinados na estrutura de formação social que lhes é comum, tendo o jogo simbólico da imagem como operador da memória, formulado por Michel Pêcheux e também as condições históricas de produção das formações discursivas que determinam o que pode e deve ser dito, conforme Orlandi. Os resultados evidenciados pela análise, consideraram a capacidade de abrigar discursos em uma relação de complementaridade e contradição nas imagens que forjaram a construção das marcas discursivas em cada momento do contexto I Seminário Tradução e Interculturalidade
162
Discurso e representação
histórico alusivo ao evento, que conduziu as discussões sobre educação e inclusão educacional no âmbito acadêmico da região Sul e Sudeste do Pará. Palavras-chave: Discurso Não Verbal. Efeito de Sentidos. Deficiência.
163
I Seminário Tradução e Interculturalidade
Mesas redondas
MESAS REDONDAS A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE na conversão semiótica João de Jesus Paes LOUREIRO (UFPA-ILC)
O
homem vive a remoldar de significações a vida. A fazer emergir sentidos no mundo em um processo de criação e reordenação continuada de símbolos intercorrente com a cultura. Vai redimensionando sua relação com a realidade num livre jogo com as situações e tensões culturais em que está situado. O homem cria, renova, interfere, transforma, reformula, sumariza ou alarga sua compreensão das coisas, suas ideias, através do que vai dando sentido à sua existência. A diversidade dinâmica real e simbólica de suas relações com a realidade exige uma compreensão também dinâmica e diversa dessas relações. Diferentemente da moldagem da matéria às necessidades de uso, que exige uma ação prática e material, o ajustamento dos objetos a novas necessidades de fruição intelectual obriga a ressignificação desses objetos no ato sua recepção, por um movimento não visível, mas mental. Esse ajustamento se dá pela rehierarquização de seu significado simbólico, quando ocorre uma alteração na hierarquia das funções neles contidas, modificando a posição da dominante. A função dominante representa, em cada momento dessa relação, aquilo que define o sentido cultural e emotivo do jogo intercorrente entre o homem e a realidade. E é justamente o momento complexo dessa transfiguração simbólica, que altera a recepção conceitual e prática dos objetos em sua qualidade e joga com a mobilidade de seu lugar na cultura, que denomino de conversão semiótica.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
164
Mesas redondas
A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO na transmissão de conhecimento Maria Teresa Costa Gomes Roberto CRUZ (UA-Portugal)
A
metáfora tem sido objeto de estudo em variados contextos de uso, visto permear a comunicação humana e refletir-se em toda a sua experiência; desde a mais quotidiana à mais exclusiva e especializada. A metáfora estrutura a própria forma de pensar e constitui um traço forte dos contextos de tempo e de cultura de quem comunica e, por esse motivo, é discutida como elemento de representação conceptual nos textos literários, na educação e na ciência e tecnologia. Todas as culturas têm Metáfora mas cada cultura detém as suas referências metafóricas e constrói o seu discurso com base no seu referencial rico e identitário. Esta intervenção procura discutir os desafios e condicionalismos associados à tradução da metáfora, enquanto portadora de conhecimento, e questionar estratégias tradutológicas atualmente em uso ou a considerar. Tomamos a Ecologia Linguística como premissa enquadradora e 165 abordamos a tradução da metáfora como ação essencial, complexa e tendente à diversidade. Palavras-chave: Tradução da metáfora. Transmissão de conhecimento. Ecologia Linguística. A MORTE VIRGINAL: arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da república Aldrin Moura de FIGUEIREDO (UFPA/CMA/CNPQ)
E
m 1788, Bernardin de Saint-Pierre publicou o romance Paul et Virginie, alcançando fama quase imediata e sendo traduzido para diversas línguas, do inglês ao russo, tornando-se um modelo beletrista, passando a pertencer ao domínio público internacional e a ser referido como clássico da literatura universal. Escrito no final do século XVIII, o romance traduziu uma máxima da ilustração francesa: defendia uma sociedade ideal, onde a felicidade dependeria do respeito aos direitos humanos. Saint-Pierre utilizou os conceitos de Jean-Jacques Rousseau, pleiteando uma educação do homem natural longe da civilização, no enriquecimento de seu caráter I Seminário Tradução e Interculturalidade
Mesas redondas
com noções de honestidade e moralismo. O romance relata a história de duas crianças criadas em comum, como irmão e irmã no esplendor natural do cenário tropical de uma ilha do Oceano Índico. Na adolescência, surgem sentimentos românticos entre os dois personagens, mas a mãe de Virgínia, percebendo o envolvimento, decide mantê-los longe e a envia para estudar na França. Vários anos mais tarde, Virgínia anuncia o seu regresso à Ilha Maurício, mas o navio que a traz de volta passa por uma tempestade e naufraga nas rochas, sob o olhar de desespero de Paulo. Não demora muito para ele sucumbir à dor da sua perda. Essa história é publicada no Brasil em 1811, pela Imprensa Régia no Rio de Janeiro, seguida de muitas edições posteriores. A imagem do casal apaixonado e de Virginia morta se transformou num emblema do romantismo oitocentista, chegando ao século XX, com uma importante narrativa construída pela arte brasileira, a partir da obra do pintor fluminense Antonio Parreiras. Na tela, A morte de Virgínia, de 1905, adquirida pelo governo do Pará, Parreiras revolve um vasto e eloquente repertório cognitivo sobre as representações da mulher e do amor na sociedade ocidental lido a partir dos registros simbólicos da sociedade brasileira do limiar do século XX, compondo uma narrativa visual que entrecruzava signos literários, representações de gênero, matéria de erudição, recepção crítica entre Paris, Niterói e Belém do Pará num largo espaço de tempo entre a segunda metade do século XVIII e a primeira década do século XX. PESCA SUSTENTÁVEL: das questões química às questões de gênero Marileide Moraes ALVES (UFPA/Campus Bragança)
R
elato da aplicação de resultado de pesquisa desenvolvida em laboratório da Faculdade de Engenharia de Pesca da UFPA junto a um grupo de mulheres pescadoras da comunidade do Castelo (Bragança-PA). A experiência comprova que é possível utilizar a ciência e tecnologia empregadas e desenvolvidas por pesquisadores da academia como ferramenta para incrementar a qualidade de vida das comunidades no entorno da universidade. A pesquisa levou às mulheres do Castelo a técnica de curtimento de pele de peixe (couro), a qual envolve conhecimentos de química. A utilização da técnica de curtimento e dedicação às atividades que empregam o couro, neste I Seminário Tradução e Interculturalidade
166
Mesas redondas
contexto, envolvem aspectos tradicionais e sustentabilidade.
da
socioeconomia,
conhecimentos
TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA/Campus de Castanhal) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
D
iscutiremos, neste trabalho, alguns aspectos relativos ao ato tradutório no momento da transcrição e tradução de narrativas orais xipaya. O Xipaya está classificado na família linguística Juruna (do grupo Tupi), e, assim como as demais línguas indígenas brasileiras, é uma língua de tradição oral. Note-se que, mesmo sendo considerada em perigo de extinção, essa língua ainda faz parte da memória da falante nativa mais velha da etnia xipaya. Interessa-nos, nesta comunicação, explorar por meio de exemplos algumas questões 167 linguísticas apontadas por Yakobson (1995), que vêm à tona durante o processo tradutório envolvendo, em geral, duas línguas distintas. Os exemplos serão apresentados por meio de fragmentos de narrativas xipaya – registradas pela autora desta comunicação e traduzidas para o português – que fazem parte de nosso corpus de pesquisa. Nesse estudo, concordamos com a visão do tradutor literário José Paulo Paes, ao afirmar que a tradução “é a busca de uma aproximação com o original”, já que esta “não é equivalente ao texto original” (cf. NÓBREGA; GIANI, 1988, p.53). Essa concepção de tradução coadunase com o pensamento de Walter Benjamim, pois este considera a impossibilidade de haver uma tradução quando esta busca, essencialmente, a semelhança com o original (cf. LAGES, 2008, p. 70; FURLAN, 1996, p. 100). Palavras-chave: Narrativas Xipaya. Atividade tradutória. Aspectos Linguísticos. Concepção de tradução. TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO: leituras interculturais Esteban Reyes CELEDÓN (UFAM) E-mail: estebanceledon@gmail.com I Seminário Tradução e Interculturalidade
Mesas redondas
S
e bem uma língua pode ser definida como um código de comunicação de um grupo social, ela também é uma das manifestações da cultura desse grupo (ou povo). Aprender uma língua, ter proficiência nela, usa-la é, de certa forma, aprender, viver, participar de uma cultura. Já quando queremos expressar o dito ou escrito de uma língua em outra língua, recorremos à tradução. Sendo assim, traduzir seria o ato de transpor os códigos de comunicação de um grupo social/cultural para outro grupo social/cultural. Quando estes grupos são próximos, no caso dos espanhóis e os portugueses, geralmente possuem manifestações, senão semelhantes, ao menos equivalentes, com o qual o exercício da tradução tem muitas possibilidades de ser eficaz. Porém, quando queremos fazer a transposição de códigos de grupos sociais/culturais distantes, por exemplo, entre uma língua moderna europeia, no caso o português, e uma língua indígena do Brasil, a tarefa complica-se. Nesta oportunidade, propomos evidenciar alguns problemas que se presentam ao trilhar esse caminho das transposições de um código para outro, tomando como referência experiências vivenciadas no interior do estado da Amazônia.
I Seminário Tradução e Interculturalidade
168
Organização:
Apoio:
Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia PPLSA/UFPA