Edição 5 - Ano 2 - Curso de Jornalismo/UFG - Fevereiro 2022
Diários da Balbúrdia tertúlias interioranas e da metrópole
Adeus, Anna Clara!
Nenhum retorno à normalidade perversa de outrora. Agora, apenas seguir em frente e reconstruir a vida
Nós, Anna Clara e as tertúlias celestiais, eternas
Ana Luiza de Abreu Silva[1] A notícia cortou como lâmina afiada, porque a dor, sabe-se, pode rasgar as almas. Anna Clara Hammes, brilhante estudante de jornalismo, na UFG, faleceu na madrugada do dia 24 de fevereiro, em uma cirurgia para retirada de tumor benigno na glândula hipófise. Este caderno literário, na sua quinta edição e construído por estudantes da disciplina Cibercultura, do curso, ainda no modo à distância, tem a honra de poder contar com um texto seu, numa homenagem à avó. Acompanham uma sonora (áudio) e foto para compor a capa. Ativa, atenta e generosa, não só fazia uma homenagem à avó, mas, pode-se intuir agora, construiu um quase manifesto de despedida. Ouviu, serena, as sugestões de pequenos ajustes e regravou o áudio para um tom coloquial, como uma conversa. Memórias página 08, remete à encontros metafóricos, em dimensões não habituais. Sugerir ir além, em tom meio profético. Assim como ventos anunciadores de outros tempos da existência ou da eternidade: Mas agora pode ir, vozinha Descanse sem receio Que a terra devora tristeza E a paz é a manobrista Deste último passeio Deixa que eu sigo aqui Segurando a tua lupa E deixando aumentar na vista Toda beleza da vida. E agradeço, vovó Pois construíste para mim A partir desse passado que te doía Um passado que me traz alegria Pois nele posso visitar a senhora
[1] . O texto contou, também, com sugestões do editor/professor responsável pela revista pedagógica.
O tema central de Diários da Balbúrdia, em forma de desabafos face a mundo que mudou profundamente, se desloca em importância. Anna ocupa o centro, de nossas mentes e da revista, onde, como aprendiz de jornalista e intelectual, escreveu, gravou e fez foto. Esta edição, portanto, estimula e recebe em troca o pensamento livre, a criatividade, a igualdade em suas mais variadas vertentes. Em resumo, a liberdade de escrever, de expressar-se. Tudo que, como sabe, é espírito e é concretude do fazer jornalístico. A revista é uma prática jornalística, onde futuros profissionais aprendem ocupar o ciberespaço, de maneira coletiva. Além disso, o atrevimento: cada autora/or recitou seu próprio texto para dialogar com quem mais sabe nos ouvir, as pessoas que não podem ver. Ousou, ainda, com o trabalho, também generoso, da jornalista Cida Costa, trazer dois desses textos em libra. A promessa, aliada à determinação, é produzir uma edição com todo conteúdo com versões sonoras e em libra, além da possibilidade de impressão em braille. Diante de uma pandemia que dura a dois anos, as vidas não voltarão nunca mais àquela doentia normalidade de um mundo de desigualdades, violências e hipocrisias, como sugere Leonardo Boff. Uma outra possibilidade, atrevida e solidária, está aí à frente. Assim, na pluralidade de ideias, estilos e formatos, os textos brotaram sobre variados assuntos, passando pelos desafios internos, familiares, cotidianos, o país e a América Latina, a filosofia, o jornalismo, a paixão, a saúde, a saudade, as delicias e as dores de amores. Nas fragilidades e incompletudes dos aprendizados nos ofícios a que agora se atira – escribas e pensadoras/es – ousa-se, também, apresentar esses primeiros passos no jornalismo. Espera-se, ainda, que Anna os utilize e os atualize nas tertúlias celestiais que se apresentar.
Diários da
TERTÚLIAS INTERIORAN
In memoriam 08
Memórias
09
Com ela, me sentia vista
Abertura 10
Cotidianos 26 Cura
Iria ser uma jornalista incrível
Eu estou ascensão dos 28 Atimes 32 definhando, emergentes no Brasil
Descaminhos 38 Brasil, o que
aconteceu com você?
14 Alívio 18 A Criação
indignadas 42 As abelhas
e você?
Era realmente 44 necessário uma continuação de Matrix?
Ironias
sei 48 Não rimar
e o bom xibom
50
Desgovernança
Crime 52 História: sagrado da divergência
Balbúrdia
AS E METROPOLITANAS
Interiores 58 Retrato
64 Saudade
66
Eu continuo acreditando
Esperas Latina: 74 Uma releitura 78 70 América sofridão e de Platão ferida
O som das feras
Espelhos
Nunca 84 souberam me amar
88 Sublime
Tempos Sobretempos, 94 contratempos e outroras
seus 96 Cadê cabelos brancos?
90
A sexta estrela
In memoriam
Anna Clara Hammes
Tradução em libras + áudio
Com ela, me sentia vista Isadora Otto
A Anna Clara era carismática, participativa, inteligente, sorridente e feliz… durante um período da faculdade de Jornalismo tive a oportunidade de dividir momentos de reunião, para elaborar atividades com a dona do sorriso cativante. A melhor parte era poder compartilhar o dia a dia com ela e escutar as falas e conselhos que a Anna sempre dava em relação ao caminho que nós estamos percorrendo. Muitas vezes, contei piadas que não tinha graça alguma ou fazia comentários irônicos e ela soltava a gargalhada. Isso me fazia sentir vista e como era bom ter essa sensação. Não consigo imaginar a luta dela e o que ela sentiu em toda essa jornada, mas espero que onde quer que ela esteja, seja um lugar para o descanso e paz.
“Iria ser uma jornalista incrível” Ana Júlia Sena
Anna é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, mesmo que eu não tenha tido mais tempo para conhecê-la melhor. Foi com ela que fiz meu primeiro trabalho da faculdade e, desde então, eu passei a vê-la como uma pessoa criativa, extremamente inteligente e prestativa. Ela me ajudou de inúmeras formas, e não sei se ela tinha noção disto. Anna, também, me passava muita verdade. Era nítido a sinceridade em sua risada contagiante e em suas palavras. Anna sempre achava que estava me incomodando, porque sempre fui uma pessoa séria e seca com as pessoas que não conhecia tão bem. Mas, Anna jamais me incomodou. Já a admirava desde os primeiros dias do curso. Tinha em mente que queria me inspirar nela, pois Anna era uma pessoa que transmitia simpatia e felicidade a qualquer momento, até no mais difícil da sua vida. Tenho certeza que iria ser uma jornalista incrível, pois era muito dedicada em tudo que fazia. Não era à toa os elogios que sempre recebiam de nós, suas e seus colegas, e dos professores. Especialmente do Rodrigo Seixas, que foi nosso professor em duas disciplinas e, sempre, deixava claro o quão Anna era uma menina especial e uma das melhores alunas que ele já teve.
Abertura
Era realmente necessária uma continuação de Matrix? Bartolomeu Pereira A trilogia Matrix, teve seu primeiro filme lançado em 1999, é uma obra bastante aclamada pelo público. Além de conquistar aqueles que gostam de acompanhar tramas com grande profundidade, também conquistou os que gostam de lutas e efeitos especiais de qualidade. A trilogia foi um grande marco para o cinema, trazendo novos efeitos especiais, como o Bullet Time, que foi, exaustivamente, utilizado por Hollywood. A trilogia se encerra no ano de 2003 com Matrix Revolutions, que trouxe um fim a história da obra. NEO se propõe a derrotar Smith morrendo no processo, mas, em troca de um acordo com as máquinas, elas entrariam em paz com os humanos e as guerras acabaram a partir daquele momento. O público amou o fim da obra que durou 18 anos até ser anunciada uma continuação. Matrix Resurrections é aquela clássica história de tentar extrair mais algum dinheiro de uma obra, já consagrada no mercado.
A trama traz NEO e Trinity, revividos pelas máquinas e colocados dentro de uma nova versão da Matrix, para gerar mais energia a partir da sua relação, que não poderia ser a mesma de antes, pois suas memórias haviam sido alteradas. Um grupo de pessoas encontra NEO na Matrix e salva o. O objetivo final do filme acaba sendo resgatar Trinity, que está presa sem se lembrar de quem era. Esse novo filme não se parece com os antigos, ele tem uma pegada mais pacífica entre humanos e máquinas, e um objetivo mais pessoal, pois, nos outros filmes, o motivo sempre é coletivo, tentando sempre buscar um bem maior. Em geral, o filme tem várias cenas espetaculares, com efeitos sensacionais, afinal de contas, Matrix sempre foi referência nesse aspecto, as batalhas são incríveis, mas, no quesito história, deixa muito a desejar. O roteiro é simples e deixa claro que aquilo só foi feito para gerar mais algum lucro em cima da obra. Em resumo, o filme tem uma alta qualidade visual, mas a trama deixa a desejar, pois, para os fãs, tudo se encerra claramente, em Matrix Revolutions.
Eu continuo acreditando Alexia Finazzi Embora muitos digam que existem caminhos mais vantajosos, que me levariam a conquistar até mesmo olhares invejosos, me questiono sobre essa incansável corrida na qual se submetem a tanto egocentrismo. Essa não é minha realidade, sigo firme na minha jornada enquanto se perdem em um eterno malabarismo, me vejo livre de algema, continuo acreditando no poder da comunicação. Embora o desânimo insista em bater à porta quando escuto a realidade de muitos colegas de profissão silenciados, desvalorizados e motivos de chacota, sei que minha escolha não foi por emoção. Em um mundo de narrativas desconhecidas, contemplo diferentes histórias a serem contadas , a esperança levo como lema, continuo acreditando no poder da comunicação.
Continuo acreditando que o agir vem pelo conhecer e como agiremos sem aqueles que se dispõem a mostrar? A informação é uma preciosidade que se deve proteger, capaz de gerar a união pela qual vale a pena lutar. Muito além desse breve poema, continuo acreditando no poder da comunicação.
Créditos: Canva
Textos e Diagramação
Alexia Finazzi Goiânia-GO
Alice Araujo Avelino Oliveira Goiânia
Ana Júlia Sena Aparecida de Goiânia-GO
Ana Luíza Lima Aparecida de Goiânia
Anna Luiza Feitosa Goiânia
Anna Clara Hammes Goiânia
Bartolomeu Pereira Lima Neto Goiânia
Camila Borges Santos Goiânia
Gabriel Alves Santana Goiânia
Everton Antunes Goiânia
Gabriel Fróes Trindade-GO
Gabriel Neves Matos
Gabriela Callegaris Gomes
Guilherme Oliveira
Isabella Palharini
Goiânia
Goiânia
Goiânia
Itajá-GO
Isadora Otto
Madu Oliveira
Goiânia
Goiânia
Pedro Marinho
Piter Salvatore
Goiânia
Itapaci-GO
Ricardo Wallison de Souza Lima Goiânia
Syang
Anápolis-GO
Stefane Goiânia
Teresa Prado Brasília-DF
Orientação e Diagramação
Ana Luiza Abreu Goiânia
Interprete de Libras
Cida Costa Goiânia
Pirenópolis Foto: Anna Luiza Feitosa
Universidade Federal de Goiás Reitora: Angelita Pereira de Lima | Vice-Reitor: Jesiel Freitas Carvalho |Pró-Reitoria de Graduação: Jaqueline Araujo Civardi | Pró-Reitor Adjunto de Graduação: Israel Elias Trindade
Faculdade de Informação e Comunicação Diretor da Faculdade: Daniel Christino | Coord. Do Curso de Jornalismo: Ricardo Pavan | Coordenadora do NDE: Ângela Moraes
Laboratórios e Coletivo Magnífica Mundi Site: magnificamundi.fic.ufg.br | Email: magnificamundiufg@gmail.com Faculdade de Informação e Comunicação – Universidade Federal de Goiás Campus Samambaia – Goiânia – GO – CEP 74001-970 – Caixa Postal 131 A revista Diários da Balbúrdia – tertúlias interioranas e da metrópole é um Caderno Literário, estritamente didático-pedagógico (e sem fins lucrativos) da disciplina de Cibercultura, vinculada ao Portal Berra Lobo, no Curso de Jornalismo – da UFG
Revista Laborial do Curso de Jornalismo Nº05 | Ano 2| Fevereiro de 2022 | Goiânia-GO
EXPEDIENTE Textos, Edição e Ilustração Eletrônicas Alexia Martins Finazzi, Alice Araujo Avelino, Ana Julia Silva Sena, Ana Luiza Lima dos Santos, Anna Clara de Souza Hammes, Anna Luiza Feitosa, Bartolomeu Pereira Lima Neto, Camila Borges Santos, Everton Antunes Benevides Filho, Gabriel Alves Santana, Gabriel Fróes Brandão, Gabriel Neves Matos, Gabriela Callegaris Gomes, Guilherme de Carvalho Oliveira, Isabella Palharini Garcia, Isadora Martins Otto, Maria Eduarda Dutra de Oliveira, Maria Teresa Pauleto do Prado, Paula Syang Chagas Gomes, Pedro Augusto Teixeira de Souza, Pedro Marinho Viana, Ricardo Wallison de Souza Lima e Stefane Amaro de Sales. Jornalista e Professor Responsável Nilton José dos Reis Rocha (Registro: GO 00299 JP) Jornalista e Tradutora Interprete de Libras Cida Costa Coordenação Gráfica e Monitoria Ana Luiza Abreu Edição Geral (pré-edição e revisão) Ana Luiza Abreu, Maria Teresa Pauleto do Prado e Nilton José dos Reis Rocha Proposta Editorial e Gráfica Letícia Silvestre, Júlia Barbosa e Nilton Rocha Capa Anna Clara de Souza Hammes, Camila Borges Santos, Everton Antunes Benevides Filho e Maria Teresa Pauleto do Prado Contra-capa Alexia Martins Finnazzi Capas da Editorias Feitas no Canva Redação Formato remoto: rede mundial de computadores e tantas casas Fora da pandemia: Laboratórios Integrados em Jornalismo Compartilhado Magnífica Mundi Faculdade de Informação e Comunicação, salas Campus II – UFG Telefone: (62) 3571-1097
Galo Vesgo Editorial/Portal Berra Lobo