AGOSTO 2017
Numa época onde uma menina adolescente afegã (Malala Yousafzai) ganha o Nobel da paz pela sua luta a favor da educação de outras jovens como ela, onde o movimento Lean In, da COO do facebook Sheryl Sandberg moEva mulheres a assumirem riscos e se lançarem em busca de seus objeEvos sem medo e onde, possivelmente, a Na Nova Zelândia, a estação mais fria do ano não é empecilho maior potência econômica mundial pode eleger sua primeira para aproveitar o outdoor, todas n asão suas formas. presidenta (Hillary aCnatureza linton), é iem mpossível observar uma mudança Pelo contrário. As corespeelos paisagens que chegam comna oninverno nos caminhos quais vemos as mulheres ossa sociedade. são um incentivo maior para que a gente se agasalhe e saia exploNesse q uase um ano de evista MBA ercebi dá que é inegável rando. Na matéria, “Encarando o Routdoors” a pgente dicas em a parEcipação e envolvimento de algumas mulheres incríveis na como você pode dar o primeiro passo e se preparar para aventucomunidade brasileira da Nova Zelândia. Nesses úlEmos meses Eve ras incríveis nossode imenso playground natural. O pessoal do o pno rivilégio ter conhecido mulheres inteligentes, ambiciosas, Saindo de corajosas, Rota tem cexplorado a Nova Zelândia e gentilmente heias de personalidade e com muita sede dnos e contribuir em p rol d e u ma s ociedade m ais j usta. P or i sso e sse m ês a revista é cedeu as fotos para essa matéria. dedicada a nós, mulheres. Falando em fotos, o talentosíssimo fotógrafo brasileiro Julia no Baby, morador demQueenstown nadessa Ilha Sul do país, fezdum pas-o arEgo A matéria ais importante edição, é, sem úvidas, seio de helicóptero ao Mount Cook eAs seu ensaio desse mês sobre Violência DomésEca. quatro brasileiras que gestá enerosamente comparElharam s uas h istórias c om a g ente e speram q ue absolutamente fantástico. O inverno neozelandês em toda a suaseus caminhos não se repitam e que outras mulheres saibam o que fazer, grandiosidade. o quanto antes, para saírem de relações abusivas. E na capa, o carioca da gema, Pablo Lemos. Pablo é um dos Nossa colunista Camila assif escreveu sobre a saúde por Xsica e mental diretores da Riversea Trading e Ncompletamente apaixonado da m ulher e d a n ecessidade d e s e c olocar e m p rimeiro lugar, e com açaí desde criança. Depois de uma temporada como professor de um texto cheio de personalidade e empolgação, Isabelle Mesquita tênis no país, ele resolveu ceder à sua paixão maior e hoje importa e fala do poder de ser você mesma e não cair nos padrões impostos distribui o melhor açaí brasileiro direto pela sociedade. Seja livre! para a toda a Nova Zelândia. A colaboradora Lídia Elias, profissional de TI na Nova Zelândia Na n ossa c apa, quatro os cabeleireiros brasileiros ue mais badalam descreveu como é o mercado na dárea para as mulheres. Sua qmatéas madeixas das mulheres na Nova Zelândia, Amanda, Caroline, ria “Mulheres na Tecnologia na NZ” faz uma overview do mercado Daniel e Gisele dividem com a gente a sua trajetória trabalhando e traz entrevistas com mulheres brasileiras que trabalham nado área aqui, suas dificuldades e o que é trend para o resto ano. no país, excelente conteúdo. Ainda temos uma coluna nova, com Luiza Veras, Erando todas as Na coluna sobre Imigração e Vistos do nosso conselheiro de suas dúvidas sobre impostos e contabilidade na NZ, e Rosana Melo imigração Steve Norrie, um assunto que causa muitas dúvidas. escreve um arEgo completo, bem-‐feito, claro e simples de entender Ao solicitarsobre um visto, você é um candidato de boa-fé? boas in- curso os Diplomas neozelandeses (mais ou mTem enos o nosso brasileiro) como esse quais curso são pode seu pontapé tenções aotécnico ingressar no país?e Ele explica osser critérios que inicial no processo d e i migração à N ova Z elândia. a imigração usa para determinar quem é um bona fide applicant. E Luiza Veras, nossa contadora, explica que cdesde 1 de julho Duda Hawaii, um dos nossos fotógrafos olaboradores, escreveu um de 2017 o texto Brasilefaz parte dosobre CRS a(Commum Reporting Standart), mpolgante sua travessia do Tongariro, uma das caminhadas ais binformações onitas do mundo (com fotos espetaculares) e isso quer dizer que as m suas financeiras no Brasil poPeterson F abricio, n osso a gente d e i migração d e p lantão, f ala d o dem ser requeridas na NZ e vice-versa. visto de trabalho aberto dado aos que se formam por aqui. Tem informação para todos os Boa gostos. leitura e bom inverno! Se divirtam!
Cristiane Diogo
AGOSTO - EDIÇÃO 33 N° 06/2017
EDIÇÃO Cristiane Diogo
REDAÇÃO Gabriela Ferrão
DIAGRAMAÇÃO Tereza Manzi
COLUNAS Steve Norrie Rosana Melo Roberta Vieira Luiza Veras
FOTOGRAFIA Rafael Bonatto
A Revista MBA é uma publicação independente com a finalidade de informar a comunidade brasileira da Nova Zelândia e divulgar produtos e serviços que sejam do interesse dessa comunidade. A versão online desta publicação é gratuita. É proibida qualquer reprodução impressa ou digital, cópia do conteúdo, matérias, anúncios ou elementos visuais, bem como do projeto gráfico apresentados na Revista MBA com base na LEI DE DIREITOS AUTORAIS Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, com respaldo internacional.
COLABORADORES AGOSTO 2017 Juliano Baby Lídia Elias
www.revistamba.co.nz
AGRADECIMENTO AGOSTO 2017 Pablo Lemos Miller Miranda (Saindo da Rota)
PARA ANUNCIAR REVISTA.MBA.MARKETING@GMAIL.COM
ORGANIZAÇÃO
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VISTOS E IMIGRAÇÃO: VOCÊ É UM CANDIDATO DE BOA-FÉ?
09
COMO ENCARAR OS "OUTDOORS" NEO ZELANDÊS
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APOIO
DICAS DE CONTABILIDADE: TROCAS DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS ENTRE A NOVA ZELÂNDIA (IRD) E O BRASIL (RECEITA FEDERAL)
PABLO LEMOS E O AÇAÍ BRASILEIRO NA NOVA ZELÂNDIA
MULHERES EM T.I. NA NOVA ZELÂNDIA
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ENSAIO FOTOGRÁFICO: MOUNT COOK
vistos e imigração POR STEVE NORRIE
VOCÊ É UM CANDIDATO DE BOA-FÉ? Nau Mai, Haere Mai Muitas vezes eu tenho clientes que vêm me ver com cartas que receberam da Immigration New Zealand pedindo que eles provem que são um candidato de boa-fé (bona fide applicant) ou, pior, recusando seu pedido de visto porque a Imigração da Nova Zelândia acha que eles não são um candidato de boa-fé. Não ser capaz de passar no teste de boa-fé é provavelmente a razão mais comum para que pedidos de vistos sejam negados. Então, o que é um candidato de boa-fé e por que isso é tão importante? O teste de boa-fé aplica-se aos requerentes de vistos temporários; isto é visitor, student ou work visa. Uma vez que estes são vistos temporários (em oposição aos vistos de residentes), a Immigration New Zealand precisa estar convencida de que o candidato pretende genuinamente uma permanência temporária na Nova Zelândia para fins legais. O oficial de imigração que considera um pedido de visto temporário deve considerar que o candidato não é suscetível a permanecer na Nova Zelândia ilegalmente ou violar as condições de qualquer visto que lhe seja concedido. Eles também devem ser de um país para o qual possam sair ou ser deportados para (ou seja, não é um país como a Síria por exemplo). O problema com o teste de boa-fé é que ele é subjetivo. Os oficiais de imigração muitas vezes têm sua própria interpretação sobre se um candidato provavelmente permanecerá na Nova Zelândia ilegalmente ou se irá violar as condições de seu visto. A aplicação do teste de boa-fé pode ser altamente variável entre os escritórios da Immigration New Zealand e até mesmo, dentro do mesmo escritório, entre oficiais individuais.
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As consequências em falhar o teste de boa-fé Se você falhar o teste de boa-fé, o seu pedido de visto deve ser recusado. O problema com isso é que haverá uma nota no seu arquivo dizendo que você foi avaliado como não sendo de boa-fé – o que oficiais de imigração irão ver quando avaliarem quaisquer aplicações subseqüentes que você possa fazer. Se você teve um pedido recusado devido a boa-fé, eu recomendaria que você obtivesse ajuda especializada de um conselheiro de imigração licenciado pela New Zealand Immigration Advisers Licencing Authority ou um advogado com experiência nas leis de imigração da Nova Zelândia antes de fazer seu próximo pedido de visto.
Evidência, evidência, evidência! Ter boas evidências de sua boa-fé é fundamental para passar esse teste. Alguns exemplos de provas que você poderia produzir para provar sua boa-fé incluem: • Cumprimento prévio com os regulamentos e normas dos vistos da Nova Zelândia que você já teve. Por exemplo, se o seu último visto foi um visto de estudante, um certificado de conclusão de sua escola que mostre um alto percentual de comparecimento é uma boa evidência de boa-fé;
• Cópias de vistos que mostram viagens para outros países. Isso evidencia o cumprimento das leis e regulamentos de imigração de outros países; • Oferta de emprego no seu país de origem. Esta é a prova de que você tem um incentivo para sair da Nova Zelândia e voltar para casa antes ou na data de vencimento do seu visto; • Evidência de bens que você possui em seu país de origem, como propriedades, empresas ou carros. Mais uma vez, isso é uma prova de que você tem um incentivo para sair da Nova Zelândia; • Família e amigos no seu país de origem. Cartas de familiares e amigos indicam que você tem uma forte conexão social com seu país de origem.
Mantenha cópias de tudo que você enviar para Imigração da Nova Zelândia Também é importante que qualquer evidência que você apresente seja consistente com os aplicações anteriores que você submeteu para a Immigration New Zealand. Eu sempre fico surpreso com a quantidade de pessoas que encontro que não mantêm cópias das aplicações que enviaram para a Immigration New Zealand no passado. Isso torna muito difícil lembrar o que foi dito em uma aplicação passada e só basta uma pequena inconsistência para um oficial de imigração decidir que você não é de boa -fé.
Então, mantenha cópias de todas aquelas aplicações antigas!
Em caso de dúvida, obtenha conselho Não vale a pena apostar na possibilidade de que a Immigration New Zealand deixe passar algo no seu passado e decida que você é de boa-fé. Além disso, apenas porque sua última aplicação foi bem sucedida, não significa que a sua próxima será. Bona fides é considerada novamente para cada aplicação. O oficial de imigração que avalia sua próxima aplicação pode não ter uma interpretação tão leniente quanto à boa-fé como o oficial que avaliou seu último pedido. Se você tiver dúvidas, não arrisque. Obtenha conselho de um conselheiro de imigração licenciado pela New
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Zealand Immigration Advisers Authority ou um advogado que pratica na Nova Zelândia. A longo prazo, o custo de obter conselho será muito inferior ao custo de ter um visto negado se você falhar o teste de boa-fé.
Próximo mês Eu esperava escrever a coluna deste mês sobre os detalhes das mudanças de imigração anunciadas pelo Ministro da Imigração em abril passado. Infelizmente o Governo ainda não divulgou as Instruções de Imigração para essas mudanças e então terei que pedir que você aguarde mais um mês.
Hei Konā rā Steve
dicas de contabilidade com Luiza Veras TROCAS DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS ENTRE A NOVA ZELÂNDIA (IRD) E O BRASIL (RECEITA FEDERAL) Não fique assustado quando você for ao banco e eles perguntarem o seu TIN (Taxpayer Identification number) do Brasil. Esse número que o banco está perguntando e o seu CPF. A partir de 01 Julho de 2017 o Brasil estará participando do CRS. O CRS (Commum Reporting Standart) foi desenvolvido em resposta ao pedido do G20 e aprovado pelo Conselho da OCDE. Este solicita que os países participantes do CRS obtenham infor-
mações de suas instituições financeiras e troquem essa informação automaticamente com outros países anualmente. O CRS foi projetado com um amplo escopo em termos de informações financeiras a serem reportadas entre os países, os Titulares de Conta sujeitos, os relatórios e as Instituições Financeiras exigidas para denunciar, a fim de limitar as oportunidades para os contribuintes esconderem informações de uma renda financeira em um país para outro pais. Também exige que as jurisdições, como parte de sua efetiva implementação do padrão, estabeleçam regras ante-abuso para prevenir quaisquer práticas de sonegação de impostos em renda escondidas em outros países.
FOTOGRAFIAS |
Saindo da Rota
Ao contrário do que você pode imaginar, você não precisa esperar pelo verão para começar as suas aventuras explorando o “outdoors”. Atividades ao ar livre como caminhadas, escaladas ou acampar nas montanhas fazem parte do cotidiano do neoelandês. julho/agosto 2017
Muito provavelmente você já começou a ver as fotos dos seus amigos esquiando ou fazendo bonecos de neve no Mt Ruapehu, em Taupo, ou no Remarkables, em Queenstown e está pensando: “Será que dá para eu encarar essa aventura com a minha família e amigos?”. Dá sim. A Nova Zelândia é o cenário perfeito se você quer ‘cair de cabeça’ nas atividades outdoors, com lugares lindos, bem sinalizados e seguros (se você seguir todas as regras), não tem por que você não começar já. Muitas pessoas se interessam pelas aventuras mas não sabem por onde começar. Pode parecer meio assustador se você não está acostumado. Às vezes, a gente sai do Brasil achando que final de semana é para passear no shopping center. Aqui na Nova Zelândia, não. Mas não é por que esse assunto não é familiar que você não deve tentar. A melhor coisa sobre as aventuras ao ar livre, é que elas podem ser personalizadas para fazer com que você se sinta confortável e estimulado no ponto certo. O que funciona para um, não necessariamente funciona para o outro. Se você está pronto para deixar o bichinho das atividades ao ar livre morder você, aqui vão algumas dicas:
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO Comece devagar. Faça sua pesquisa e tenha um plano. Organize alguns amigos, se uma aventura sozinho(a) não te apetece. Se você decidir ir sozinho, deixe seu itinerário e planos com alguém que você confie. Use equipamento adequado para a sua aventura, principalmente nesta época do ano quando temos um inverno rigoroso e temperaturas abaixo de zero em algumas regiões. Sapatos adequados (não, seu tênis confortável não vai funcionar), roupas à prova dágua, backpacks, tendas e sacos de dormir podem fazer parte da sua lista, dependendo do que você vai fazer. Puruificador de água, comida, lanterna, fogareiro, localizadores e mapas, se a sua aventura for mais audaciosa. Invista em roupas de qualidade, a blusa de manga comprida de algodão não vai te manter aquecido (veja a lista de lojas onde você pode comprar material para as suas aventuras no final da matéria, eles também podem te dar orientação sobre o que você vai precisar).
COMECE DEVAGAR E VÁ AUMENTANDO O RITMO Se você está começando agora, sua primeira aventura não vai ser atravessar o país a pé sozinho, não é? Ache algumas caminhadas ou trilhas locais na região onde você mora e vá se aventurando. Veja qual o tipo de atividade você prefere (ou que seu nível físico permite). Quando você achar que está preparado, vá fazendo atividades mais longas e que exigem mais de você. Lembre-se de que é preciso se sentir seguro. Apesar de bem estruturadas, as atividades ao ar livre na Nova Zelândia ficam a mercê das mudanҫas repentinas do tempo, o que pode ser extremamente perigoso para alguém sem experiência ou aparato adequado. Para mais informações sobre o tempo cheque o Met Service.
FAÇA NOVAS AMIZADES E CONHEÇA OUTROS AVENTUREIROS COMO VOCÊ Atualmente, com a ajuda da Internet podemos facilmente encontrar outras pessoas e grupos que dividem os mesmos interesses e entusiasmo por determinadas atividades. Não seria diferente com as atividades ao ar livre, um excelente grupo na Nova Zelândia é o Way Wiser, com muitas informaҫões, dicas e sugestões de grupos. Quem sabe, você não encontra seu parceiro de aventuras por lá?
SITES INTERESSANTES:
Compra de roupas e material adequado www.kathmandu.co.nz www.bivouac.co.nz www.macpac.co.nz www.torpedo7.co.nz www.icebreaker.com
MAPAS DETALHADOS DE TRILHAS NA NZ www.topomap.co.nz Day trips na NZ
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INTERCÂMBIO E VIAGEM
Pablo Lemos e o açaí brasileiro na Nova Zelândia
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Todo mundo tem uma receita favorita de açaí. Na tigela ou em forma de vitaminas, batido com guaraná ou frutas, servido com granola ou até mesmo leite em pó. A lista dos adicionais pode ser imensa, mas o importante é comer açaí, ou “ah-sigh-ee”, como a gente ensina para os estrageiros. Essa frutinha originalmente da Amazônia e cheia de fibras, proteínas, anti-oxidantes, fibras e vitaminas já é bem conhecida dos brasileiros e todo mundo sabe bem dos benefícios. Aos pouquinhos, o açaí vem conquistando o interesse e o paladar do povo neozelandês, que graças ao empenho e nítida paixão de Pablo Lemos vem desbravando esse mercado para gente nos últimos anos. Pablo é carioca da gema, nascido e criado no Rio de Janeiro e completamente apaixonado por açaí desde sempre. Ele conta que tomava açaí desde os três anos de idade. Seu pai o levava para as lojas tradicionais de suco no Rio e eles dividiam uma tigela de 500ml. Para ele, era melhor tomar açaí do que sorvete. Pablo era um frequentador tão assíduo que o pessoal da loja dava camisetas (uma ele tem até hoje!), canecas e outros prêmios do programa de fidelidade da loja. Quando entrou para faculdade de Marketing e Publicidade, fez um trabalho sobre açaí e aprendeu sobre a produção, os aspectos técnicos e obviamente os benefícios da fruta. A semente estava plantada ... e quando ele saiu do Brasil, o açaí veio junto. Em 2010, Pablo visitou a Nova Zelândia pela primeira vez, mas só veio morar permanentemente no país em 2013, quando a sua experiência como técnico de tênis abriu muitas portas. Hoje, ele é sócio da Riversea Trading e distribui o único açaí com certificação orgânica na fonte (Brasil) e internacionalmente vendido na Nova Zelândia.
MBA. O que te levou a vir para a
Nova Zelândia? Eu cresci com uma ótima impressão da Nova Zelândia. Meu primo, que era como meu irmão mais velho, tinha um grupo de intercâmbio. Antes das viagens, os grupos tinham que se reunir para coletar informações do próximo destino e estudar o local. Naquela época não tinha internet e as reuniões eram muito importantes para o grupo trocar ideias. Como eu passava muito tempo com ele, participei de algumas reuniões e todas aquelas ideias ficaram na minha cabeça. Depois, com a chegada da internet, a ideia de vir para cá só aumentou. Fazer os esporte radicais, conhecer as paisagens e cenários de cinema, e é claro, por ser sempre um país tido como um dos melhores para se viver. O engraçado é que ele (o primo) acabou não vindo, o que eu acredito ter ajudado a alimentar o meu imaginário.
MBA. Além do açaí, o que você fez
na Nova Zelândia? Eu basicamente dei aula de tênis full-time! Eu jogo tênis desde os 4 anos de idade e já tinha uma boa experiência como técnico na Austrália (morei lá por dois anos) e isso me ajudou a encontrar trabalho aqui. Na minha terceira semana aqui eu já dava 10 horas de aula por
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semana. Com o tempo, eu peguei as qualificações necessárias e me registrei como New Zealand Tennis Coach. Depois foi uma questão de tempo em montar minha clientela. O tênis praticamente me deu tudo aqui na NZ. O primeiro cliente, os melhores amigos, meu sócios na Riversea, minha residência. Me deu também uma fantástica network. Eu sempre mantive uma excelente relação com meus clientes, e por isso, fui indicado para vários trabalhos enquanto não estava ocupado com o tênis. Participei de um filme para o cinema, ganhei um prêmio por um comercial que participei, fiz eventos e trabalhei na Copa do Mundo de futebol SUB-20 em 2015 com a seleção brasileira. O tênis me deu também meu primeiro grande cliente da Riversea.
MBA. Como o açaí é recebido
pelo neozelandês? A Nova Zelândia tem um cultura alimentícia muito limitada e há também muita falta de informação sobre novos alimentos. Depois de alguns anos aqui, percebi que o neozelandês em geral é aberto a conhecer novas comidas, outros hábitos alimentícios. Há também o bom momento da procura do healthy eating. Mas por ser um produto congelado, existe a questão da sazonalidade que é muito forte aqui. Contudo, eu basicamente divido com meus clientes minha
Frooty. Por já ter uma sólida estrutura de exportação, facilita o trabalho das autoridades neozelandesas. O grande desafio está sempre na montagem da programação (forecast), o que é decorrente da pergunta anterior. Temos que nos esforçar em gerar demanda consistente e ajustar nossos pedidos com a safra do Açaí (que acontece no mês de Agosto).
MBA. Onde podemos comprar o açaí experiência de 30 anos com Açaí, que é nada mais que um education process, como eles falam por aqui. Por ser muito educado, o neozelandês respeita muito isso. É prazeroso apresentar algo que amo, saudável e com bom sabor. Quando vem a questão comercial, passa a ser uma entrega de valor.
MBA. Quais são as maiores
dificuldades da importação do açaí para a Nova Zelândia? Se compararmos com a burocracia brasileira, o processo é simples. As empresas daqui operam de forma muito profissional e correta. Os prazos na grande maioria das vezes são atendidos e o fato de ser um produto congelado, não temos grandes problemas no desembaraço. Outro fator que ajuda muito é a reputação do nosso fornecedor, a
da Riversea? Nós entregamos açaí no país inteiro através de compras online feitas no nosso website. Para quem quer consumir o produto final, pode encontrar nosso açaí em restaurantes e cafés como o Bowl and Arrow, Tank Juices, Major Sprout, Dear Jervois, Longroom, Catroux, Little Bird Organics, Cereal Killa, Centre Court Cafe, Columbus Coffee, Farro Fresh, I.E Produce, Huckleberry, Naturally Organic, Moore Wilson’s, Freshchoice Queenstown.
Riversea Trading Co. O mercado de comida neozelandesa está num momento de transição que eu acredito ser muito oportuno. Cada vez mais, o consumidor busca algo mais saudável para comer e esse mesmo consumidor está cada vez mais informado.
A Riversea é a única empresa na Nova Zelândia com açaí com certificação orgânica na fonte (Brasil) e internacionalmente. O nosso açaí é certificado pela USDA, que é o selo orgânico Americano com operações no Brasil. Na verdade, nosso açaí é certificado pelos dois selos orgânicos brasileiros. Isso agrega valor ao produto. Por ser uma superfood, a certificação orgânica no açaí ajuda muito aqueles que já estão procurando algo com qualidade. Nossos produtos não tem conservantes, corantes ou GMO (genetically modified organism). Há também a questão da porcentagem de fruta sólida na polpa. Por ser polpa, existe a questão de adição de água, o que traz novamente a questão da boa reputação de nosso fornecedor. Nossos produtos são produzidos com alta concentração da fruta, o que proporciona a entrega do real sabor do açaí. É muito importante que, ao consumir açaí aqui na Nova Zelândia, saber da procedência do alimento, seja a polpa ou o pré-batido. A Riversea não manipula o açaí desde sua produção até a chegada aqui na NZ, o que caracteriza o fair trade.
FALE COM O PABLO: email: pablo@riverseatrading.com website: www.riverseatrading.com
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por LĂdia Elias
por que elas escolheram seguir essa área? foi difícil entrar no mercado de trabalho aqui na nz? há alguma diferença entre o mercado de trabalho brasileiro e neozelandês? já sofreram alguma discriminação por ser mulher? quais foram as maiores diferenças entre o BR e a NZ? ...
os tempos atuais, imaginar como seria a vida sem a tecnologia é praticamente impossível. Quando falamos em tecnologia, nomes como Bill Gates e Steve Jobs são frequentemente lembrados. Mas, muitos desconhecem grandes feitos e contribuições de mulheres, que sem as quais, possivelmente não teríamos essa gama de recursos que temos hoje. Muitos nomes femininos fazem parte da história da tecnologia, entre eles: • •
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Alda Lovelace, criadora do primeiro algoritmo da história; Betty Snyder, Marlyn Wescoff, Fran Bilas, Kay McNulty, Ruth Lichterman e Adele Goldstine (conhecidas como “as garotas ENIAC” foram as primeiras ‘computors’ da história da informática; Irmã Mary Kenneth Keller, fundamental na criação da linguagem de programação BASIC; Susan Wojcicki, presidente do You Tube, também responsável pelo Google AdWords, AdSense, Analytics e DoubleClick. Em 1998, Susan alugou sua garagem para o fundadores do Google quando ainda não passava de uma ideia sistema de buscas; Padmasree Warrior, diretora de Tecnologia da CISCO; Sue Gardner, diretora-executiva do Wikipedia, o sucesso da ferramenta é atribuído a seus esforços. julho/agosto 2017
Apesar de muitas mulheres terem feito grandes contribuições para o avanço da tecnologia, essa é uma área que atualmente é predominantemente masculina. No Brasil, de acordo com uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, somente 20% dos profissionais que atuam no mercado da Tecnologia da Informação são mulheres. Já na Nova Zelândia, segundo dados do ITSalaries. co.nz, em 2015, as mulheres representavam apenas 21% do mercado, ganhando em média 7,2% a menos que os homens. Uma pesquisa realizada pela Microsoft, apontou que na Europa, meninas em torno de 11 anos começam a demostrar interesse por Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, porém rapidamente perdem o entusiasmo por volta dos 15 anos. Segundo o professor de psicologia, Martin Bauer, que ajudou a coordenar o estudo com 11.500 garotas, em 12 países europeus, o desinteresse das adolescentes se deve a conformidade com as expectativas da sociedade. A falta de exemplos a serem seguidos por outras mulheres, devido ao estereótipo de gênero da área, acabam afastando as meninas deste mercado. Em 2015, apenas 1 em cada 5 estudantes de Tecnologia da Informação na Nova Zelândia é mulher. Esse ano, na tentativa de aumentar a participação feminina na área, a NZTech dobrou o tamanho do programa de tutores chamado ShadowTech Day e proporcionou o encontro de 500 garotas do ensino médio com mulheres que trabalham na indústria.
Com o crescimento rápido da área no país, a Associação da Indústria de Tecnologia da Nova Zelândia (Technology Industry Association) estima que nos próximos três anos haverá um déficit de mais de 10.000 funcionários. Com essa grande demanda, é fácil perceber que a média salarial também é alta. Segundo uma pesquisa do governo, o salário médio de uma pessoa que trabalha com Tecnologia da Informação (TI) é de $103.596,00 por ano. Para saber um pouco mais sobre a situação atual do mercado no país, conversamos com Nehal Shah, Gerente de Aquisição de Talentos da Fraedom, empresa de tecnologia que fornece soluções web para gestão de gastos corporativos.
mba | como está o mercado de ti na nova zelândia? nehal: O mercado de TI na Nova Zelândia tem sido como um turbilhão de emoções, com algumas empresas crescendo rapidamente, como é o caso da Fraedom, e outras, que passaram por reestruturações, resultando em demissões. No geral, acredito que há grande demanda mas pouca oferta, tornando a busca por pessoas bem qualificadas e experientes difícil.
mba | quais são as profissões mais requisitadas? nehal: Praticamente todas, incluindo desenvolvedores, arquitetos de software, engenheiros, designers gráficos e escritores técnicos.
mba | na sua opinião, quais são os conhecimentos e as habilidades que um(a) candidato(a) devem ter para obter uma carreira de sucesso? nehal: É uma combinação que inclui conhecimento técnico, excelente comunicação, adaptabilidade para trabalhar em ambientes diferentes e ser capaz de rapidamente aprender novas tecnologias. Qualquer bom candidato tem que ter, tanto conhecimento técnico quanto habilidades interpessoais para ter sucesso nessa área.
brasileiras no mercado de ti na nova zelândia E as mulheres brasileiras que trabalham com Tecnologia da Informação na Nova Zelândia? Conversamos com a Clarissa Pires, a Janaina Maia e a Flavia Machado, brasileiras que trabalham na área e falam sobre suas experiências no país. Clarissa Pires, chegou na Nova Zelandia em dezembro de 2013, formada em Engenheira de Computação pela UFSCar com mestrado e doutorado pelo ITA. Atualmente é scrum máster na Fraedom.
por que você escolheu seguir essa área? Essa é uma boa pergunta. Se eu te contar que foi quase sem querer, você acredita? (rs). Durante o primeiro-grau, eu tinha mais amigos meninos do que meninas e quando fomos mudar para o colegial, muito desses amigos foram fazer escola técnica, e eu quis ir junto. Então, meu colegial foi em uma escola
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técnica, onde estudei Informática Industrial. Foram quatro anos (e não três) de muito trabalho e estudo: aprendi cálculo, algoritmos, redes e eletrônica. Na época, em que entrei na Etep (1996) eu não tinha nem computador em casa. Foi um grande desafio, mas peguei gosto pela coisa, fiz estágio trabalhando com programação de CLP (Controladores Lógico Programáveis) em fábricas. Daí, prestei vestibular pra Engenharia de Computação, e posso dizer que depois de sofrer na escola técnica a faculdade foi “fichinha”.
foi difícil entrar no mercado de trabalho aqui na nz? Fácil não foi. Entre começar a procurar trabalho e conseguir o primeiro emprego, demorou mais de cinco meses. Apesar de toda sua qualificação e experiência no Brasil, o mais importante era conseguir uma referência aqui, alguém que te recomendasse como profissional. Não importava se você trabalhou em uma grande empresa ou estudou em famosas universidades no Brasil, afinal de contas, grande parte dos recrutadores não as conhecem. Apesar de ser compreensível, isso era muitas vezes frustrante.
na sua opinião, há alguma diferença entre o mercado de trabalho brasileiro e neozelandês? Na minha opinião se você já faz parte do mercado de trabalho da Nova Zelândia (i.e. seu inglês é bom e já provou sua
competência) o mercado de TI daqui, está melhor que o do Brasil no momento, devido à infeliz situação econômica do nosso país. A demanda por profissionais técnicos ou com experiência em gestão é grande no país. O grande desafio aqui, como comentei antes, é você conseguir a primeira oportunidade. Por isso aconselho, aprimorar o inglês, se preparar para entrevistas e tentar encontrar com pessoas da área, trabalhos voluntários e reuniões como meet-ups, são boas alternativas para «networking».
já sofreu alguma discriminação por ser mulher? Engraçado, porque eu senti isso recentemente, não discriminação em si, mas alguém me alertando sobre isso. Durante toda minha carreira no Brasil, nunca pensei em ser tratada diferente por ser mulher, nem na questão salarial. Há pouco tempo, eu pedi um honesto “feedback”
para um dos líderes com que trabalhava e que estava saindo da empresa. É normal eu ter reuniões com líderes da empresa e queria saber o que ele pensava, porque às vezes me sinto insegura em relação ao inglês, se minha comunicação é clara. Ele me disse que eu sempre trazia boas ideias e que eu não devia ter dúvidas quanto a isso, ser confiante na minha posição, e que ele entendia que isso era difícil por eu não ser kiwi ou não ter inglês como primeira língua (o que eu já esperava), e continuou: “e por ser mulher em uma indústria predominante masculina”. Essa última eu, sinceramente, não esperava, nunca ouvi isso no Brasil e olha que estudei no ITA. Confesso que nunca imaginei ouvir isso aqui na NZ, país em que se orgulha em defender o papel da mulher. Investigando um pouco mais com colegas de trabalho, parece que elas sentem mesmo, que são inferiorizadas no trabalho, seja para posição de liderança ou salários. É uma pena, mas cabe a nós mudar isso :)
quais foram as maiores diferenças entre o BR e a NZ? Para mim a maior diferença é cultural. Pior ainda, se você mora em Auckland, onde existe uma diversidade ainda maior de culturas como a chinesa, indiana e russa. Se você quer trabalhar em TI vai ter que aprender a conviver com elas (rs). Apesar dos kiwis serem muito parecidos conosco, eles se comportam diferente. Colegas de trabalho são respeitosos, mas isso não significa que são seus melhores amigos. O humor também é diferente, o que dificulta a nossa tendência de fazer piadas ou brincadeiras (eu sofro com essa). Acho que o ambiente de trabalho aqui é mais tranquilo do que no Brasil. Eles levam bem a sério o balanço entre vida pessoal e profissional, o que é muito bom, mas confesso que levei um susto quando desenvolvedores foram embora do trabalho as 4hs da tarde. “Sério?!? Não vai comitar esse código hoje?” :) Como disse, a maior diferença é cultural, mas essa também é a maior oportunidade de crescimento para qualquer pessoa. Apesar de todas as dificuldades que passamos, ter a oportunidade de morar em um país com grande qualidade de vida e diferentes culturas nos faz crescer como profissionais e também como pessoa. Aprender que as verdades que aprendemos no Brasil não são únicas, e existem outras formas de ver e viver no mundo. Eu aprendi e cresci muito nestes três anos e meio que vivo aqui, espero que vocês também. Janaina Maia, chegou na Nova Zelândia em julho de 2015. Formada em Engenharia da Computação pela UNICAMP com mestrado na Suécia na área de estratégia de projetos e PhD na Irlanda em User Experience. Jana tem sua própria empresa, a Godalive.com, que é uma plataforma SaaS para criação de Igrejas virtuais, transmissão de cultos ao vivo com uma ‘feature’ de doações, ofertas e dízimos online. Além disso, é Head of Delivery em uma agência irada de estratégia, UX (user experience) e desenvolvimento aqui em Auckland chamada Pixel Fusion.
por que você escolheu seguir essa área? Minha mãe era médica e meu pai é engenheiro. Nossa casa sempre foi estimulante com relação ao aprendizado. Meu irjulho/agosto 2017
mão e eu aprendemos desde muito cedo a gostar dos estudos e sempre fomos muito curiosos pra explorar o mundo. Isso nos ajudou a enxergar e prever que a área de tecnologia estava apenas começando a se desenvolver, identificando o potencial que essa área tinha. Dentro da Unicamp eu conheci o Jacob Nielsen, o “pai da usabilidade”, em pessoa. Tomei café com ele e trocamos várias idéias. Foi aí que a paixão pela UX (user experience) cresceu e se transformou inevitavelmente em Estratégia Digital. Segue uma definição legal de Estratégia Digital (Digital Strategy) da Liferay: Estratégia digital é o uso de tecnologias digitais em modelos de negócio com o intuito de conceder atributos diferenciais às empresas. A tendência é que as estratégias de negócios tornem-se estratégias digitais.
foi difícil entrar no mercado de trabalho aqui na Nova Zelândia? Na verdade foi bem fácil pra mim. Talvez pela minha formação e pela minha experiência na Europa. Além disso, as empresas daqui gostam muito de pessoas com perfil empreendedor. Então, a minha empresa Godalive acabou sendo uma ótima forma de abrir as portas aqui na Nova Zelândia. O mercado de tecnologia aqui em Auckland está (e acredito que vá continuar) muito aquecido. Tem muita demanda pra
desenvolvedor (frontend e backend), designer de user experience, gerente de projeto, estratégia, etc.. Sempre tem mercado pra quem trabalha com tecnologia, é dedicado e gosta do que faz. :)
na sua opinião, há alguma diferença entre o mercado de trabalho brasileiro e neozelandês? Com certeza o número de horas e a forma como as pessoas encaram o trabalho aqui na Nova Zelândia é incrivelmente mais “relax” do que no Brasil. Tenho o Brasil como sendo mais inovador que a Nova Zelândia em termos de tecnologia no momento: o Brasil é, em geral, super criativo e o push pra fazer coisas diferentes do lado de lá é bem forte. Aqui, a cultura de inovação ainda está um pouco atrás, as pessoas não são tão focadas no trabalho como no Brasil. Isso traz uma ótima oportunidade para os brasileiros que moram aqui e que estão acostumados a trabalhar muitas horas por dia.
já sofreu alguma discriminação por ser mulher? Ah, sim, claro. Ser mulher na área de tecnologia é invariavelmente mais difícil tanto no Brasil, como na Europa e também na Nova Zelândia. Ainda temos um caminho bem longo até chegarmos a igualdade. Mas acredito que as coisas estão progredindo na direção certa.
quais foram as maiores diferenças entre o BR e a NZ?
por que você escolheu seguir essa área?
Na verdade, eu já morava fora do Brasil há muito tempo quando decidi vir pra cá. Antes de chegar aqui, eu morei 10 anos na Europa, entre Suécia e Irlanda (onde fiz meu mestrado e PhD). Por isso, acho que a mudança não doeu tanto e não fiquei muito assustada com as diferenças. Acho que depois de morar tanto tempo fora você se acostuma... É claro que, o que mais sinto falta é do meu pai, do meu irmão, e dos amigos... Isso não tem jeito, a saudade dói de verdade.
Sempre tive afinidade com exatas. Aos 16 anos, um amigo me mostrou programas em BASIC, que faziam cálculos de progressão aritmética e geométrica. Ele desenvolveu os programas estudando para o vestibular de Engenharia de Computação. Acabei ficando interessada, li sobre a profissão, e visitei a universidade para conversar com os professores. Escolhi Engenharia da Computação para ter conhecimento tanto de software quanto hardware e eletrônica.
Flavia Machado, chegou na Nova Zelândia em outubro de 2010, é formada em Engenharia da Computação - Universidade Federal do Espirito Santo, além de MBA pela Universidade de Greenwich. Trabalha como Desenvolvedora de Software no ANZ.
foi difícil entrar no mercado de trabalho aqui na Nova Zelândia?
julho/agosto 2017
Nós mudamos para a NZ com um visto de residência para “Skilled Migrants”. Como já morava no exterior, eu já possuía fluência em inglês e experiência de trabalho em outros países (aqui na NZ eles chamam de “mercado comparável”). Porém, só consegui marcar entrevistas de emprego quando estava aqui pessoalmente. Mesmo sabendo as datas que chegaria na NZ (e com o visto que me permitia trabalhar), os recrutadores sempre me avisaram que só iniciariam o processo de recrutamento em pessoa. As surpresas que eu tive aqui foram poucas: o número de entrevistas de emprego (no Brasil e na Holanda nunca tive mais que 2 entrevistas); a checagem de referências é parte de todos os processos.
na sua opinião, há alguma diferença entre o mercado de trabalho brasileiro e neozelandês? Sim. É importante saber que os contratos de trabalho são baseados no número de horas semanais, e ninguém espera que você faça hora extra regularmente. Se você começa a trabalhar muitas horas extras regularmente é capaz de te perguntarem o que está acontecendo de errado. Há grande flexibilidade (pelo menos na área de informática) nas horas de trabalho e trabalho part-time ou remoto.
já sofreu alguma discriminação por ser mulher? É fato já documentado que as mulheres no mercado da NZ recebem em média 12% a menos que os homens. Porém, tenho visto um reconhecimento grande da indústria para melhorar a diversidade nos ambientes de trabalho e equalizar os salários. Várias empresas tem programas para promover minorias (mulheres, LBGT, outras raças e religiões) para posições de gerenciamento e liderança. Um dos ministérios do governo neozelandês tem um programa para ajudar as mulheres a retornar para o mercado de trabalho depois de terem filhos. Wellington ainda tem muito a melhorar, mas já vejo muitas empresas no caminho certo.
quais foram as maiores diferenças entre o br e a nz? O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Poder andar na rua sem preocupação com a sua segurança. E reconhecer que a NZ não é um “país rico de primeiro mundo”. Há pobreza, gente sem casa morando em carros e a geração mais nova esta perdendo a esperança de comprar casa própria. Porém, a população tem um enorme respeito com o patrimônio público. As pessoas em geral pensam em comunidade, o que contribui muito para o bem-estar. Me decepcionei muito com a qualidade das casas aqui, muitas são frias sem aquecimento e até mesmo com mofo. É difícil encontrar casas boas.
Para quem pensa em seguir carreira em TI, há uma gama de cursos disponíveis que vão desde de certificados até bacharelado. Segue abaixo algumas das instituições e cursos disponíveis. Ames The Institute of IT The University of Auckland AUT Whitireia New Zealand
excelente opção para quem deseja trabalhar em grupo e aprender como criar uma aplicação web. Outro projeto interessante é o Code Club Aotearoa. Fundado em Aranui (Christchurch), em 2014, o projeto filantrópico tem como objetivo oferecer cursos gratuitos de programação para crianças em idade escolar. No site, também é possível buscar oportunidades de trabalho voluntário.
Victoria University of Wellington University of Waikato Otago University Quem deseja incentivar sua(s) filha(s) dando o pontapé inicial ou aumentando o conhecimento em tecnologia, em Auckland tem o Scratchpad, Bubble Dome com cursos, para crianças a partir de 5 anos, de programação e robótica. Já em Wellington, o Code.Camp também oferece cursos de programação e robótica. Para meninas um pouco maiores, entre 15 e 25 anos, a Girl Code é uma
julho/agosto 2017
Lídia é soteropolitana, formada em Ciência da Computação e chegou em Auckland, em 2010. Já foi analista de suporte e analista de teste. Atualmente trabalha como analista de negócios na Fraedom. Mãe de dois meninos, ama música, culturas e viagens em família.
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POR JULIANO BABY
Juliano Baby Amorim é brasileiro de Florianópolis e criado no mundo. Com base na bela Queenstown, na ilha Sul da Nova Zelândia, Juliano é um fotógrafo sensível e apaixonado pelas possibilidades que a luz pode lhe dar. Com sua câmera em mãos, se sente um super herói que, com uso da técnica, criatividade e experimentação pode criar infinitas possibilidades de registros. Sua meta é criar e olhar com novos olhos, para que através de sua arte, ele possa compartilhar esse universo de formas que há na Terra. CONTATO www.julianobaby.com | facebook: /julianobaby