Revista MBA Novembro 2014 005

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MBA Novembro 2014 – Edição 05

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revista desse mês é dedicada às diferenças raciais e sua aceitação. Morar em um país que espera ter metade da sua população formada por asiáticos, maoris e povos vindos das ilhas do pacífico até 2051 é esperar um imenso caldeirão cultural e social e aprender a viver nele. Como será que a Aotearoa vê essas diferenças sociais? Já no Brasil, 20 de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra e durante o mês inteiro se discute o assunto, se valoriza a cultura e se tenta quebrar as amarras do preconceito que, infelizmente, ainda existe no país com a maior nação negra fora da África. Nessa edição, falamos em como abordar o assunto com nossas crianças e sugerimos alguns livros que podem ajudar a conversar sobre o tema. Como exemplo da cultura negra brasileira aqui na Nova Zelândia, entrevistamos Mestre Júnior, capoeirista de Florianópolis que vive em Auckland desde 2003 e vem, com muito orgulho, promovendo, cultivando e expandindo a dança/ luta orginal dos escravos brasileiros para o deleite dos neozelandeses. No quarto capítulo da série Nos Caminhos do Bilinguismo, a professora Aline Nunes aborda o papel da família e da comunidade na trasmissão da língua de herança e dá dicas valiosas sobre manter o português dentro de casa. # E para finalizar, uma deliciosa receita de moqueca de camarão. Melhor ainda porque temos 6 garrafas de azeite de dendê e 6 latas de energético natural de açaí cortesia da Brazil Express para dar a seis leitores sortudos. Para ganhar, só precisa mandar um email para mamaebrasileiranz@gmail.com dizendo o que você cozinharia com o dendê. O sorteio dos vencedores será feito no dia 25 de novembro. (Somente para residentes da Nova Zelândia) Aproveitem!

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02 Editorial 03 Brazilian Society 04 Mestre Junior: Capoeira na NZ 07 Curiosidades sobre a Capoeira 08 Nos Caminhos do Bilinguismo 11 Movember 12 A Questão Racial na NZ 16 Receita 18 Como Justificar Seu Voto Edição: Cristiane Diogo Diagramação: Cristiane Diogo Redação: Aline Nunes Coluna: Aline Nunes Fotografia: Rafael Bonatto Colaboração: Monique Derbyshire. Agradecimentos: Fernando Junior e Verônica Prompt. Apoio: Embaixada do Brasil em Wellington

Cristiane Diogo

www.mamaebrasileiraaotearoa.co.nz

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Brazilian Society

O mês de outubro foi regado a muita diversão e brincadeiras, afinal foi o mês das crianças. O Mamãe Brasileira Aotearoa organizou uma manhã divertida com as crianças no Onepoto Domain, o Brasileirinhos: Músicas e Brincadeiras organizou uma visita e um gostoso piquenique no Crystal Mountain, e em Parnell quem fez a festa foi a Aucapoeira NZ que realizou o Brazilian Market.

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A Ginga Brasileira na Nova Zelândia

Foto: Arquivo pessoal Mestre Junior

Foram 23 anos para se tornar Mestre, mas não poderia ter sido diferente. Vindo de uma família de capoeiristas, o gingado já estava no sangue e o futuro traçado. Catarinense de Florianópolis, Fernando Junior veio para a Nova Zelândia em 2003 em busca de novas oportunidades. No ano seguinte começou a dar aulas de capoeira e não parou mais. Hoje com dois filhos nascidos na Aotearoa, Luan e João Vitor, e comandando uma academia de capoeira e artes marciais brasileira em Auckland, Mestre Junior está aqui para ficar e deixar sua marca. Conheça um pouco mais da sua história e dos caminhos da capoeira brasileira na terra dos kiwis. 4


Mestre Junior: Em 2011 Sve a oportunidade de coordenar MBA: Como e quando você aprendeu a jogar capoeira e parte do entretenimento da Rugby World Cup onde pude de onde veio a ideia de trabalhar com capoeira na Nova formar um grupo de mais ou menos 30 performers entre Zelândia? Capoeiristas, Batuqueiros e as Brazilian Divas. Foi uma experiência muito graSficante poder apresentar a cultura Mestre Junior: Bem eu comecei a praScar capoeira brasileira dentro de um estádio num evento da praScamente na barriga da minha mãe (risos) já que, magnitude da Rugby World Cup. Por esse trabalho recebi segundo ela mesmo relata, treinou durante boa parte da uma carta de gravidez. Por meu pai ser mestre de recomendação do “Por a Capoeira ser um esporte único e a nossa Capoeira, comecei a coordenador de cultura ter suas peculiaridades é sempre um práSca bem cedo, eventos da Prefeitura prazer imenso ver o desenvolvimento e os mas foi com 9 anos de Auckland. benefícios que a Capoeira trás de idade que Sem contar as independentemente da idade, sexo ou comecei a levar mais oportunidades de nacionalidade” a sério e de lá nunca workshops em outros Mestre Junior mais parei. países como Austrália, Malásia, Singapura e MBA: Há quanto Nova Caledônia. tempo existe a Aú Capoeira e como foi MBA: Os seus filhos a trajetória da também jogam então academia? você além de pai é o mestre deles. Com que Mestre Junior: A idade eles começaram Escola Aú Capoeira e quais os beneOcios foi fundada no dia que você percebeu 15/01/1996. Então que a capoeira trouxe ano que vem para a vida deles e estaremos para a relação de comemorando 19 vocês? anos de fundação. Mas a escola já Mestre Junior: Eles exisSa desde 1977, começaram a treinar porém com outro por volta de 3-­‐4 anos nome. Estou na NZ de idade. A capoeira, fazem 11 anos. nessa idade é ensinada Comecei as de uma forma bem aSvidades com a lúdica, como Capoeira no dia brincadeira mesmo. A 31/07/2004. Este Capoeira por toda sua ano completamos 10 complexidade e anos de trabalho variedade de aqui na Aotearoa. elementos, trabalha na Desde de nosso criança as mais início na diversas qualidades Foto: Rafael Bonatto Universidade de tais como a musicalidade, c oordenação, a gilidade e disciplina. Eu Auckland até hoje, com a nossa Academia, foram anos de tento f azer c om e les o q ue m eu p ai f ez comigo que é dar trabalho, divulgação e ensinamento da arte Capoeira. a l iberdade d e t reinar d e a cordo c om a vontade deles. Então e u n ão f orço n em e xijo d eles u ma seriedade, até MBA: Vocês já receberam alguma condecoração ou porque d e u ma f orma o u d e o utra a C apoeira sempre reconhecimento pela realização desse trabalho? fará p arte d a v ida d eles, e les t reinando o u n ão. Claro que pelo f ato d e o p ai e o a vô d eles s erem M estres d e Mestre Junior: Sem dúvida o imenso reconhecimento Capoeira a p arScipação d eles s e d á d e u ma f orma bem que recebemos aqui vem na forma das oportunidades natural e e spontânea. que Svemos em mostrar nossa arte. Comerciais, programas de televisão, arSgos em jornais e eventos esporSvos são só alguns exemplos.

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MBA: Qual o significado do nome Au Capoeira? Mestre Junior: Bem, Aú é o nome de um dos movimentos básicos da Capoeira, popularmente conhecido como estrela. Mas o significado vai muito mais além disso, pois o mesmo movimento quando executado tem o senSdo do homem em todas as direções. Também são a primeira e úlSma vogais dando senSdo de início e fim. Coincidentemente o nome Aú veio a calhar por também ser a abreviação de Auckland, Auckland University (onde comecei meu trabalho), Australasia, Australia, e mais recentemente descobri que au significa "eu" em Maori. Então pra mim um nome curto porém com muita força e significado. MBA: Explique pra nós o projeto Capoeira Sem Fronteiras: Mestre Junior: O Projeto Capoeira Sem Fronteiras é o ntulo do evento internacional que fazemos anualmente. Esse evento tem como objeSvo integrar a comunidade capoeirísSca da Nova Zelândia bem como do ConSnente da Oceania. Todos os anos trazemos convidados do Brasil e de outros países para ministrar palestras e workshops referentes a Capoeira e a cultura Brasileira. Por meu pai ser o mestre da nossa escola essa é uma boa desculpa para trazê-­‐lo aqui todos os anos (risos).

MBA: Vocês costumam celebrar o Dia das Crianças com eventos como o Brazilian Market. Há quanto tempo vocês fazem isso e qual o objeVvo? Mestre Junior: Esse foi o quarto ano que organizamos algo para celebrar o Dia das Crianças. O Brazilian Market foi um sucesso e realmente superou todas as nossas expectaSvas. O objeSvo principal é, como o próprio nome sugere, celebrar o Dia das Crianças e ao mesmo tempo integrar a comunidade (pais e familiares) bem como a sociedade em geral. Para nós é uma oportunidade de mostrar nosso trabalho e também divulgar e fomentar a cultura brasileira na Nova Zelândia. MBA: Vocês têm outros eventos que acontecem ao longo do ano? Mestre Junior: Além dos eventos já mencionados também realizamos uma série de outros eventos tais como palestras em escolas e outras insStuições. MBA: O que é preciso para ingressar na Au Capoeira? Mestre Junior: Somente força de vontade e a mente aberta para aprender coisas novas! Mais informações sobre a Au Capoeira NZ www.btacademy.co.nz

Foto: Rafael Bonatto

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Curiosidades sobre a capoeira: ü

O gol de bicicleta utilizado no futebol teve a influência dos movimentos da Capoeira.!

ü  Havia prisão e trabalho forçado para quem fosse pego praticando capoeira na época da proibição, no Brasil República.! ü  O uso de uma argolinha de ouro na orelha era tido como sinal de força e valentia dos negros.! ü  Nas rodas os capoeiristas jogavam sem manchar o branco de suas vestes e sem deixar cair o chapéu. Era considerado um bom jogador aquele que conseguisse sair da roda com o terno impecavelmente limpo.! ü  Milhares de capoeiristas foram para a Guerra do Paraguai, pois havia sido prometida a liberdade no final do conflito àqueles que participassem da batalha.! ü  Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei, a polícia para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão passasse pela pernas e saísse pela boca das ! calças, a pessoa era considerada capoeirista.! ü  "Vadiar" significa jogar por prazer, por diversão. Na época da escravidão a vadiação era o lazer dos escravos nas horas de descanso.!

Foto: Rafael Bonatto

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Parte 4: De que maneira a família pode ajudar na transmissão da Língua de Herança Dicas PráVcas Ao longo desta série conversamos sobre os benepcios do bilinguismo e a importância da transmissão da herança cultural e do nosso idioma para os nossos filhos, a fim de que eles possam crescer felizes e seguros quanto ao seu valor e o valor de sua família. Além disso, vimos que a educação bilingue também contribui com o desenvolvimento da inteligência da criança e abre o leque de possibilidades profissionais no futuro, uma vez que, nos dias de hoje, quem sabe mais de um idioma -­‐ seja lá o idioma que for -­‐ está em situação de vantagem em relação aos cidadãos monolíngues. Contudo, muitos poderão dizer que a tarefa não é fácil, uma vez que vivendo no exterior as influências do idioma dominante tanto sobre a criança quanto sobre os pais são muitas, o que dificulta o processo. E isso é verdade. Pois bem, neste capítulo vamos falar sobre de que maneira a família pode colaborar nessa jornada e também colocar as “mãos na massa” com 11 dicas práScas

Foto: Mike Henry Photography

1 – Seja franco com você mesmo Antes de mais nada é preciso saber que o sucesso dependerá do genuíno desejo dos pais de que a criança realmente aprenda o idioma e de todo o empenho destes para que isso aconteça. Querer apenas ou dizer que quer não vai trazer o resultado esperado. Para alcançar um objeSvo é preciso ação. Ao pai ou mãe brasileiros caberá assumir a responsabilidade da tarefa admiSndo para si mesmo que “ninguém é mais responsável por transmiSr a língua de herança para o meu filho ou filha do que eu”. 2– Comece desde a barriga Apesar da criança só conseguir disSnguir um idioma do outro a parSr dos 6 meses de idade, é aconselhável que as conversas em português iniciem desde a barriga. Desta maneira os pais vão acostumando a comunicar-­‐se com a criança neste idioma desde cedo. 3 -­‐ Mostre a importância de se aprender o português

No caso das crianças mais crescidinhas (a parSr dos 3 anos) mostre as vantagens de se falar mais de um idioma e faça-­‐a compreender a importância de se aprender o português para que seja possível a comunicação com os parentes e amigos brasileiros. Se a criança Sver avós, Sos, primos e primas, use essas pessoas como exemplo. Se a criança não encontrar uma boa razão ela não terá o desejo de esforçar-­‐se para aprender a língua. 4 -­‐ Tenha orgulho das suas raízes e busque o apoio da família não brasileira O orgulho dos pais brasileiros em falar a língua portuguesa e o incenSvo da família não brasileira (quando um dos pais é de outra nacionalidade) são muito importantes para que a criança se sinta esSmulada a aprender o português 5 -­‐ Ninguém aprende um idioma com passes de mágica Temos que aceitar que um idioma não se aprende com mágicas. Ninguém aprende uma língua sem

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Foto: Mike Henry Photography

praScá-­‐la. Se não ouvirmos e falarmos essa língua todos os dias (mesmo que pelo menos por meia hora , 20 ou 15 minutos que seja) o esperado “milagre” não vai acontecer. Ou será que você aprendeu um outro idioma sem praScá-­‐lo com frequência? Pois é. Sem práSca frequente nossas crianças também não aprendem. Simples assim. Conversas semanais com a família e amigos pelo SKYPE são uma boa forma de incenSvar. Os casos mais bem sucedidos de crianças bilingues são aqueles em que os pais se comunicam com a criança em sua língua naSva o tempo todo. 6 -­‐ Não esqueça de esVmular a habilidade de fala Há muitos casos em que a criança entende a língua portuguesa, mansão fala. Por isso é muito importante ensinar a criança a responder em português, pois na maioria das vezes em que a criança só compreende o idioma porque a habilidade de fala foi menos esSmulada do que a habilidade de escuta.

7 – Não se preocupe em ensinar a criança o idioma do país onde vive para que ela aprenda mais rapidamente Em momento algum se preocupe em “ensinar” a criança a língua do país onde você mora (nesta matéria tratamos de brasileiros que moram no exterior), pois uma vez morando fora do Brasil, será impossível que a criança não aprenda o idioma do país onde vive. 7-­‐ Não use a criança Não Sre da sua criança o direito de aprender seu idioma de herança para que você possa aprender ou praScar com ela o idioma do país onde está. Sofra o sacripcio você, para que a sua criança não seja sacrificada no futuro. 8-­‐ Tenha um bom acervo Não deixe de fazer desde cedo um bom acervo em português com muitos livros infanSs de qualidade, bons DVDs, bons CDs, aplicaSvos para iphone e ipad e muitos jogos educaSvos. Faça uso frequente deste acervo. Quanto mais material melhor; e para isso peça a ajuda da família brasileira, Para a criança que mora no exterior não há melhor presente do que materiais educaSvos em português. Também vale fazer doações e troca deste material com outras crianças.

9 – Integre-­‐se Sempre que possível parScipe de aSvidades comunitárias que promovam a cultura brasileira e o uso da língua. 10 – Aulas de português ajudam a incenVvar o aprendizado e a praVca Quanto mais oportunidades de práSca a criança Sver, melhor será o resultado. As aulas também ajudam a criança a perceber que não é a única no processo de aprendizado da língua de herança, pois há outras crianças iguais a ela. 11-­‐ Seja paciente e persistente E por úlSmo, não desista nunca. As dificuldades e resistências surgirão no meio do caminho, mas não entregue os pontos e busque estratégias para superar cada um dos obstáculos. Com o intuito de colaborar com as famílias brasileiras na Nova Zelândia o CPBC (Curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Crianças) criou em parceria com o CIAEHB Alemanha a CAP (Central de Apoio ao Português como Língua de Herança). Caso você tenha dúvidas sobre a educação bilingue da sua criança, entre em contato com a CAP. As consultas são feitas gratuitamente pelo email cap.cpbc@gmail.com

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CAP

CENTRAL DE APOIO AO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE HERANÇA

UMA PARCERIA NOVA ZELÂNDIA / ALEMANHA (CAP/CIAEB) O Censo 2013 sobre os brasileiros moradores na Nova Zelândia revelou uma preocupante realidade. Das crianças brasileiras nascidas neste país, apenas 34% falam a língua portuguesa. Para ajudar os pais brasileiros nesta tarefa de transmiSr o português para os filhos o CPBC criou a CAP, que é uma Central de Apoio ao português como língua de herança, e que presta serviço gratuitamente as famílias brasileiras por email. Através da CAP você poderá receber orientações com base em pesquisas e nas experiências do CPBC (Curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Crianças) e da CIAHEB de Monique – Alemanhã, com quem o curso tem parceria. Inicialmente a CAP atendia exclusivamente as famílias brasileiras em Auckland. A parSr deste mês de outubro, a CAP está aberta para atender todo o país. SE VOCÊ TEM DÚVIDAS QUANTO A EDUCAÇÃO BILÍNGUE DA SUA CRIANÇA OU ESTÁ TENDO DIFICULDADES EM TRANSMITIR O PORTUGUÊS EM CASA, ENTRE EM CONTATO CONOSCO. AS CONSULTAS SÃO GRATUITAS. As consultas serão feitas através do e-­‐mail: cap.cpbc@gmail.com Dúvidas frequentes •  Ele/Ela entende tudo o que eu digo em português, mas não fala. Isso é normal? Será que a culpa é minha? •  Falo com meu filho em português e ele responde em inglês. O que faço? •  Obrigo minha filha a responder em português, mas vejo que ela fica irritada e cada vez mais prefere falar em inglês. Devo conSnuar obrigando-­‐a a falar português? •  Quando voltamos das férias no Brasil minha criança falava tudo, mas depois de alguns meses parece que a coisa desandou. Tem como recuperar? •  Da úlSma vez que tentamos conversar com a vovó pelo Skype, senS que ela ficou um pouco triste porque meu filho não fala português. Fiquei com vergonha e gostaria de poder voltar no tempo para solucionar isso... O que posso fazer? *Os e-­‐mails serão enviados exclusivamente para o contactante, não sendo usados para outros fins, estando garanSdo o sigilo das informações.

Tire suas dúvidas com a CAP Foto: Mike Henry Photography

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Novembro azul com Movember!

Em 2003 um grupo de amigos australianos discuSram se o bigode ainda estava em moda e decidiram fazer um teste. Escolheram um mês do ano e juntaram outros amigos para encarar a brincadeira e deixar o bigode crescer. Nascia aí o Movember (junção de moustache e november ou bigode e novembro). Nesse primeiro ano, 30 homens encararam o desafio e decidiram apoiar a causa do Câncer de Próstata doando $10 cada um. No ano seguinte eles criaram uma empresa, lançaram um website e se tornaram um dos parceiros oficiais do PCFA (Prostate Cancer FoundaSon of Australia). Foi assim que o número de bigodudos pulou pra 480. Só para se ter uma ideia, nos úlSmos dez anos, o movimento arrecadou NZD$ 709 milhões, mais de 4

milhões de bigodes cresceram em dezenas de países ao redor do mundo, e 770 projetos de saúde já se beneficiaram da campanha. Incrível! Quer parScipar e ajudar? Vá no website: www.nz.movember.com para se tornar um Mo Bro, e arrecade dinheiro deixando crescer seu bigode. As mulheres também podem parScipar como Mo Sista ajudando a divulgar a campanha no seu local de trabalho ou comunidade. No Brasil, o nome do movimento de conscienSzação e arrecadação de recursos em prol do Câncer de Próstata é Novembro Azul. Para mais informações acesse: www.novembroazul.com.br

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A VISÃO DOS NEOZELANDESES SOBRE OS IMIGRANTES EXISTE UMA QUESTÃO RACIAL NA AOTEAROA NZ?

As questões raciais no Brasil e na NZ acontecem de maneiras diferentes, pois diferentes foram os processos históricos e de formação étnica nos dois países. Até meados do século XIX, a maior parte da população neozelandesa era composta por dois grupos principais: os maoris (povos nativos) e os europeus (basicamente britânicos, irlandeses e escoceses). Pequenos grupos de imigrantes como indianos, chineses, croatas e outros europeus continentais, já se encontravam na Nova Zelândia naquela época, mas em número muito pequeno. No final do século XIX, a população europeia já era maior do que a maori. A grande imigração dos povos do pacífico (samoanos, tonganeses, fijianos e outros) aconteceu na década de 70. Já os asiáticos começaram a chegar a partir dos anos 90. Quem anda no centro da cidade do Auckland - cidade mais populosa do país – nos dias de hoje, vê uma diversidade muito grande de transeuntes. Em todos os lados encontramos pessoas de diferentes lugares do mundo, incluindo América latina, África e Oriente médio.

Fotos: Stock Photos

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PROTEGENDO AS MINORIAS Enquanto no passado a discussão racial na NZ circulava ao redor das relações entre maoris e pakehas (descendentes de europeus), hoje, a discussão se estende a todas as nacionalidades de imigrantes que aqui vivem e ajudam a garanSr o funcionamento da máquina econômica do país com sua força de trabalho, turismo e invesSmentos. Para garanSr a “saúde” das relações o governo neozelandês tem se baseado, com muita seriedade, em acordos internacionais como a Convenção sobre a Proteção de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias (ainda não assinado pelo Brasil) e do Conselho dos Direitos Humanos, ambos redigidos pela ONU, que preveem a defesa das minorias e o direito de não sofrer discriminação em razão de raça, cor, origem étnica ou de nacionalidade; o direito ao gozo igual dos direitos civis, políScos, econômicos, sociais e culturais do país; o direito à liberdade de religião e crença, e o direito do sujeito de desfrutar de sua própria cultura, e de usar sua própria língua. “Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação dos nossos direitos” (Declaração Universal dos Direitos Humanos)” O país também tem procurado cada vez mais promover ações que incenSvem as relações raciais posiSvas, através da educação nas escolas com desenvolvimento de currículos onde as diversidades raciais e culturais sejam respeitadas e celebradas, apoiando grupos e comitês que cuidam dos interesses dos imigrantes e dos diferentes grupos étnicos; e por intermédio da garanSa do cumprimento das leis internacionais e locais de proteção as minorias. Os esforços do governo, da mídia e das organizações não governamentais de prevenção e combate à discriminação, se refletem, de maneira geral, no

comportamento da população. Claro que não se deve pensar que a Nova Zelândia seja o paraíso das relações raciais na Terra. Sim, a discriminação pode acontecer e acontece como em qualquer lugar do planeta, mas sem Você sabia de que de acordo com o governo da Nova Zelândia, a previsão é de que até 2051 cinquenta por cento da população neozelandesa será composta por Maoris, povos do Pacífico e Asiáticos? sombra de dúvidas que a Nova Zelândia é um dos países do mundo onde essas relações se dão de maneira mais pacífica e tolerante. COMO ACONTECE A EDUCAÇÃO ESCOLAR DAS CRIANÇAS NA NZ NO QUE DIZ RESPEITO A DIFENÇAS RACIAIS? Começando pela estrutura da escola, ao visitar uma escola neozelandesa é interessante ver que o staff (grupo de funcionários) normalmente é composto por pessoas de diferentes raças e nacionalidades, pois essa é a expectaSva do governo para que as crianças aprendam desde pequenos a conviver com pessoas iguais e diferentes dela. A educação escolar na NZ é chamada bi racial, pois abrange aspectos das culturas maori e pakeha, além de ter o inglês e a língua maori em seu currículo como matérias obrigatórias. A maioria das escolas têm um Fotos: Stock Photos número significaSvo de estudantes filhos de imigrantes ou estudantes

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internacionais. É esperado que os professores estejam cientes das diferentes idenSdades culturais de seus alunos (sejam eles naSvos da Nova Zelândia ou imigrantes estrangeiros) e que incorporem o contexto cultural desses estudantes na sala de aula e nos processos de ensino e de aprendizado. É comum que os pais estrangeiros sejam convidados para um bate-­‐papo com a turma para falarem sobre seu país e cultura. Todas as escolas promovem eventos e fesSvais pelo menos uma vez por ano para celebrarem a diversidade cultural, as chamadas cultural diverse

experience, realizadas pelos próprios estudantes. Estes eventos geralmente envolvem trabalhos de pesquisa que resultam em apresentações de dança, música, comidas npicas e exposições. Todas essas aSvidades têm o objeSvo de culSvar nos alunos a consciência e o orgulho de suas próprias origens, e também despertar o respeito e a admiração por culturas diferentes. O evento mais celebrado do ano nas escolas de ensino médio (Secondaryor High school) é o Pasifika FesXval, que acontece em um mesmo mês em todas as escolas que apresentam lindas performances de canto e dança dos estudantes descendentes

de povos da polinésia, com direito a grandes compeSções de grupos e premiações. O fesSval também acontece fora das escolas em feiras e parques onde os alunos se apresentam. O governo neozelandês acredita que a melhor maneira de se prevenir e combater o racismo é invesSr na construção de relações raciais harmoniosas desde de muito cedo, dando as crianças e jovens a oportunidade de conhecerem suas origens, e educando-­‐os para o respeito às diferenças.

MBA

Fotos: Stock Photos

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Como abordar o tema das diferenças raciais de maneira leve e consciente com nossas crianças em casa? O mês de novembro é o mês da celebração da consciência negra no Brasil, mas como abordar o assunto com nossas crianças de maneira honesta e natural, ajudando-­‐as a crescerem como cidadãos livres das âncoras do preconceito que apenas leva veneno para o coração e envergonha uma sociedade? Além do bom exemplo, que é seguramente a forma mais eficaz e eficiente de se combater o racismo, uma maneira simples e lúdica de orientar nossas crianças com relação a diversidades e diferenças é fazendo uso da literatura. Deixamos aqui algumas boas indicações de livros infanSs relacionados ao tema diferença racial. Fuzarca e Os Tesouros de Monifa, ambos de Sonia Rosa e disponíveis na Biblioteca do Brasileirinho: Música e Brincadeiras (peça seu formulário de inscrição através do e-­‐mail: brasileirinhonz@gmail.com) ou Menina bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, disponível através da Amazon.

Para ler:


Primeiro bimestre de 2015 das aulas de Português para crianças brasileiras (entre 3 e 8 anos) começa em Fevereiro. Faça sua matrícula e não fique de fora! Info: www.portuguesparacriancas.webs.com


RECEITA Enquanto a maioria diz que surgiu na Bahia, os capixabas não aceitam a versão e reclamam a criação do prato para si. Mas a origem é o que menos importa, já que o prato se espalhou por todo o Brasil, principalmente pelo seu litoral. Hoje, a moqueca de camarão é prato obrigatório a ser degustado por quem vai ao nordeste e, como a receita apresenta pequenas variações de ingredientes de um estado para outro é muito fácil de ser adaptada. Para nós, moradores da Nova Zelândia, a moqueca de camarão é um prato fácil de preparar. Encontramos todos os ingredientes sem problemas e até mesmo o Azeite de Dendê (peça fundamental no prato) pode ser encontrado online ou em diversos supermercados através do país. Receita para 4 pessoas: 500g de camarão 1 litro de leite de coco 1/2 cebola picada em anéis 1 tomate picado em rodelas 1 pimentão picado em faSas 2 dentes de alho 2 pimentas picadas sem semente (a não ser que você curta comida apimentada, aí pode deixar com semente) Suco de 1 limão para temperar o camarão Azeite de dendê a gosto Sal e pimenta a gosto Azeite para refogar Coentro a gosto

Tempere o camarão com o suco de limão, sal e pimenta, deixe por 20 min marinando; Refogue o alho no azeite, em seguida junte a cebola, tampe e deixe em fogo baixo para murchar; Junte o pimentão e o tomate, misture e deixe murchar com a panela tampada em fogo baixo; Quando os temperos esSverem já macios junte o camarão (escorra a marinada) e a pimenta, refogue rapidamente e junte o leite de coco; Deixe a panela tampada até ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhando por 5 minutos; Acerte os temperos, verifique o ponto do camarão e acrescente o dendê à gosto; Apague o fogo, reSre o excesso de caldo (transfira-­‐o para outra panela com uma concha) e acrescente coentro picado; Coloque a panela com o caldo reservado no fogo, quando ferver acrescente farinha de mandioca, sempre mexendo, até formar um pirão. A quanSdade de farinha vai depender do ponto que você preferir seu pirão, mais durinho ou mais mole. Sirva o pirão e arroz branco como acompanhamento da moqueca. Compre o azeite de dendê online no www.brazexpress.co.nz ou veja a lista de onde comprar produtos brasileiros na Nova Zelândia.

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Ensinando às nossas crianças como nossa bandeira nos representa

A bandeira brasileira como conhecemos hoje foi criada para substituir a bandeira imperial e representar o Brasil República. Na antiguidade as bandeiras eram usadas para que os soldados se reconhecessem. Ainda hoje a bandeira é uma maneira de fazer com que os povos de uma nação se identifiquem e mostrem sua unidade e patriotismo. Não é a toa que em todas as festas brasileiras no exterior fazemos absoluta questão de levar a bandeira do Brasil e caprichar na decoração verde e amarela. Nossa bandeira passou por um longo “processo de evolução”. Inclusive já tivemos uma bandeira parecida com a dos Estados Unidos. Aliás esse é um assunto bem legal pra conversar com as crianças.

“ Querido símbolo da terra. Da amada terra do Brasil”

1816: Bandeira do Reino Unido de Brasil e Portugal

1822: Bandeira do Brasil Imperial

1889: Bandeira proposta por José Lopes da Silva Trovão, mas que não foi aceita

1889: Bandeira que quase se tornou a nossa a bandeira definiSva

1889: Nossa bandeira definiSva

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Não pôde votar? Precisa Justificar? Saiba o que precisa fazer aqui: 1) Estou inscrito para votar em Wellington, porém estava no Brasil no(s) dia(s) de eleição. Como proceder? Eleitores inscritos para votar em Wellington que esSverem no Brasil no(s) dia(s) de eleição podem preencher o “FORMULÁRIO DE JUSTIFICATIVA” nas mesas receptoras de jusSficaSvas em qualquer Zona Eleitoral do território brasileiro. 2) Estou inscrito para votar em Wellington, mas não pude comparecer à Embaixada no(s) dia(s) de eleição. O que fazer? Eleitores inscritos para votar em Wellington que não puderem comparecer ao local de votação no(s) dia(s) de eleição devem preencher o “REQUERIMENTO de JusSficaSva” (disponível em h„p:// www.jusScaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-­‐requerimento-­‐ de-­‐jusSficaSva-­‐eleitoral-­‐pos-­‐eleicao) e enviá-­‐lo pelos correios à apreciação do Juiz Eleitoral competente (Juiz do Cartório Eleitoral no Brasil: SHIS Ql 13, Lote I, Lago Sul – CEP 71635-­‐000 – Brasília/DF) O mencionado requerimento poderá, ainda, ser encaminhado ao Juiz por intermédio da Embaixada em Wellington, pessoalmente ou pelo correio. O prazo para envio do “REQUERIMENTO de JusSficaSva” é até 4 de dezembro de 2014, para jusSficar ausência no 1º turno, e até 26 de dezembro, para jusSficar ausência no 2º turno, se houver. ATENÇÃO: O “Requerimento de JusSficaSva” deve SEMPRE ser acompanhado dos seguintes documentos: a) Cópia simples de documento oficial brasileiro de idenSficação; b) Cópia simples de comprovante de residência no exterior OU declaração assinada pelo(a) próprio(a) eleitor atestando residência no exterior. 3) Estou inscrito para votar no Brasil, porém estarei no exterior no(s) dia(s) de votação. É possível jusVficar? Eleitores inscritos para votar no Brasil que não puderem comparecer ao local de votação no(s) dia(s) das eleições devem preencher o “REQUERIMENTO de JusSficaSva” (disponível em h„p:// www.jusScaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-­‐requerimento-­‐ de-­‐jusSficaSva-­‐eleitoral-­‐pos-­‐eleicao) e enviá-­‐lo à apreciação do Juiz Eleitoral do local onde esSver inscrito o eleitor.

4) Estou inscrito para votar em outro país, porém estarei na Nova Zelândia no(s) dia(s) das eleições. Como proceder? O procedimento é o mesmo do listado no item “2” acima. Você deverá jusSficar enviando a documentação diretamente para o Cartório Eleitoral do Exterior ou por meio da Embaixada em Wellington, pessoalmente ou pelo correio, nos 60 (sessenta) dias após cada turno da eleição. 5) Moro na Nova Zelândia e quero transferir meu utulo de eleitor. Como fazer? A transferência eleitoral será reiniciada a parSr de 10 de novembro. Consulte o website da Embaixada do Brasil em Wellington (www.brazil.org.nz) para verificar como fazer a sua transferência. O pedido de transferência também regulariza todas as pendências anteriores.

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