Revista MBA Setembro 2014 003

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a edição do mês de setembro conversamos com Kellen Pinheiro, mãe e empresária na Nova Zelândia. Ela estampa a nossa capa com seus filhos e conta do seu trabalho mostrando um pedaço da cultura brasileira nas terras kiwis com muita alegria. E a revista não para por aí. A geração atual de crianças e adolescentes está passando por uma revolução tecnológica sem precedentes . Resolvemos abordar o assunto e gerar discussão. Como deixar que nossos filhos tenham acesso à tecnologia sem serem dominados por ela? Ainda no quesito casa e família, falamos sobre a possibilidade de educar sem castigos físicos, e damos algumas dicas para aqueles que gostariam de tentar uma educação mais gentil. Para o segundo capítulo da série “Nos caminhos do bilinguismo”, o tema abordado foi “Língua e Língua de Herança”. E claro, não poderíamos esquecer do 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil e de mais uma oportunidade de falarmos sobre nosso país para os nossos pequenos. Espero que a primavera traga muita alegria (e calor) para nossos leitores. Aproveitem!

MBA Setembro 2014 – Edição 03

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02 Editorial 03 Brazilian Society 04 Entrevista: Kellen Pinheiro 07 Independência do Brasil 08 Tecnologia nossa de cada dia 12 É possível Educar sem bater? 14: Nos Caminhos do Bilinguismo – Parte II 16: Receita do mês Edição: Cristiane Diogo Redação: Aline Nunes Fotografia: Rafael Bonatto Colaboração: Monique Derbyshire Agradecimentos: Kellen Pinheiro e Márcia Jones Apoio: Embaixada do Brasil em Wellington

Cristiane Diogo

www.mamaebrasileiraaotearoa.co.nz


Curso de primeiros socorros

É o sen'mento de solidariedade inerente ao ser humano que nos impulsiona a ajudar as pessoas em situações de emergência. Quando se trata das nossas crianças esse sen'mento se mistura com a força do ins'nto paterno ou materno para preservar nosso maior tesouro. No dia 08/08 um grupo de 18 papais e mamães par'ciparam do curso de primeiros socorros organizado pelo Mamãe Brasileira Aotearoa. Muitas trouxeram seus filhos e foi montada uma pequena “creche” na sala ao lado para que ninguém ficasse de fora. A equipe do hospital St John’s fez um excelente trabalho e todos os par'cipantes estão de parabéns. Os cer'ficados homologados pelo NZQA (New Zealand Qualifica'on Authority) serão entregues em breve.

Imagem : Cristiane Diogo

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Kellen Pinheiro é energia pura. Cearense de Fortaleza e cheia de alegria por natureza, ela não imaginava que um dia pudesse fazer da dança o seu meio de vida do outro lado do mundo. De uma esticada nas férias na Grécia para visitar um amigo na Nova Zelândia, Kellen chegou, se apaixonou pelo país e foi ficando. Hoje, 11 anos depois, divide com os kiwis um pouco da cor e força da nossa dança e música comandando o Brazilian Divas, um grupo feminino de danças brasileiras, que vem se apresentando em diversos eventos país afora e é um bom exemplo das mulheres do nosso tempo que desempenham vários papéis, como ser esposa, mãe, dona de casa, trabalhar fora e ainda encontrar tempo de se cuidar e fazer tudo isso com dedicação. 4 Imagem : Takuya Tomimatsu


MBA – Qual o maior desafio em ser mãe e trabalhar fora? Kellen - O maior desafio acho que seria ter tempo pra fazer tudo que eu gostaria de fazer... Eu tenho dois meninos (de 7 e 4 anos) bem ativos que gostam de fazer tudo comigo. Como também trabalho e organizo tudo de casa é engraçado porque meus filhos e meu marido, às vezes, não entendem que estou trabalhando e não fofocando no Facebook (risos).# #

MBA - Como é a sua rotina com os meninos? Kellen - Durante a semana os meninos estão na escola das 9h às 3h, o que me ajuda bastante. Depois da escola sempre temos alguma atividade, seja natação, futebol ou um playdate. Por volta das 5h eles fazem suas 'lições de casa' e eu começo a preparar o jantar. Comemos todos juntos e eu vou dar aula de Zumba. O meu marido dá banho e põe as crianças pra dormir. Sempre que possível, nos finais de semana fazemos atividades em família. MBA – Como surgiu a dança na sua vida? Kellen - Eu era representante de confecção no Brasil. A dança sempre foi uma paixão, mas era só pra curtir e ficar em forma. Quando cheguei na Nova Zelândia participei de alguns grupos de dança e comecei a me envolver mais e mais. MBA - Fale um pouco do Brazilian Divas. Como surgiu a ideia de formar o grupo e em que tipo de eventos vocês se apresentam? Kellen – O grupo existe há quase 8 anos e foi criado por mim e Luciana Camargo. Nós duas dançávamos em grupos diferentes e quando meu grupo terminou a Luciana sugeriu que fizéssemos algo juntas. Começamos a procurar por outras meninas brasileiras, ensaiar coreografias e o grupo foi tomando forma. Alguns anos atrás a Luciana voltou ao Brasil e eu Imagem : JC Photography assumi o grupo.

Imagem : Rowena Baines

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A maioria dos nossos eventos são corporativos, mas também fazemos muitos aniversários de 40, 50 ou 60 anos e casamentos. Já no verão participamos de Festivais em parques. MBA -Como os kiwis recebem a música e a dança brasileira? Vocês tiveram que adaptar algo nas apresentações para agradar ao gosto neozelandês? Kellen - Os kiwis adoram nossos shows e são muito receptivos e animados. A maioria das nossas apresentações tem um momento de interação onde convidamos o público para dançar com a gente. Todos se animam. Quanto às adaptações, na verdade depende de cada show e do público que vai estar presente. Em um evento durante o dia na rua, como um festival num parque, por exemplo, nós preferimos cobrir o 'bumbum' com penas. MBA - Vocês já tiveram algum tipo de problemas durante suas apresentações? Kellen - Nunca tivemos nenhum problema durante as apresentações. Pela primeira vez, este ano tive problema com um contratante que não pagou. MBA - Qual é a melhor coisa em dançar? Kellen - Como diria minha mãe "Quem dança seus males espanta". Todas nós do grupo amamos dançar e essa paixão é transmitida para quem está assistindo. O Brazilian Divas dá oportunidades para dançarinas brasileiras e estrangeiras, mas para as brasileiras fazer parte do grupo é algo bem especial, porque nos faz sentir mais perto de casa. Além de ser um prazer divulgar um pouco do nosso Brasil aqui. O Grupo Brazilian Divas está sempre procurando novas dançarinas para fazer parte do seu time, se você gostaria de obter mais informações em como participar ou sobre como contratar o grupo, o website delas é www.braziliandivas.co.nz

Imagem : Takuya Tomimatsu

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7 DE SETEMBRO: DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Que criança não gosta de ouvir uma boa história? Aqui vai uma historinha bem fácil de contar: 22 de abril de 1500 foi o dia do descobrimento, mas o Brasil ainda não 'nha nascido. O Brasil nasceu mesmo foi no dia 07 de setembro de 1822 e o pai foi D. Pedro I.

Acompanhado de seus dragões – que era como os soldados eram chamados naquela época – ele puxou da espada e gritou que o Brasil 'nha vindo ao mundo. E o Brasil cresceu, teve muitos filhos e todos foram chamados brasileiros. E os brasileiros, filhos da pátria mãe Brasil, não esquecem o dia do seu nascimento. Até fazem uma parada para celebrar. E fazem isso porque é dessa maneira que eles mostram de onde vieram e um pouco daquilo que são.

Viva o Dia da Independência do Brasil!!

MBA PS. Se a sua criança ainda é muito pequena para entender o que é o Dia da Independência do Brasil, é só explicar que esse é o dia do aniversário do país e por essa razão comemoramos. Vamos celebrar?

Imagem : Pinterest

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A tecnologia nossa de cada dia Crianças e tecnologia

Uma nova geração de crianças cresce rodeada por aparatos tecnológicos. Da escola à brincadeira dentro de casa, a tecnologia está em todos os lugares. Mas como fazer bom uso desses instrumentos sem sacrificar o contato “real”?

Imagem : Rafael Bonatto

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Quando meu filho tinha dois anos ele chegou na frente da televisão e deslizou seus dedinhos. Não, a televisão não era touch screen, mas para ele, que nasceu em 2010, esse conceito e a proximidade com esse tipo de tecnologia fazem parte da sua vida. No Brasil, na Nova Zelândia e no resto do mundo, escolas usam aparatos tecnológicos para repassarem e facilitarem informação aos alunos. Difícil encontrar uma câmera que não seja digital, um telefone que não seja smart ou uma casa sem computador (ou tablet). Estamos passando por uma revolução que não tem volta. Gostando ou não, os aparatos tecnológicos estão aqui para ficar e precisamos saber fazer bom uso deles. Muitas vezes, nas rodas de conversa entre as mães ou no nosso grupo no facebook, ouvimos as mesmas perguntas: Que tipo de aplicativo deveríamos baixar, quanto tempo eles deveriam ter acesso ao tablete/computador/telefone, como orientálos... Sei que não existem respostas “certas” ou “erradas”, porque sinceramente não sabemos como o mundo será em 5, 10, 20 anos e como o acesso à essas tecnologias afetarão as nossas vidas; mas algumas dicas podem ajudar a nos guiar e são importantes serem lembradas: •  •

Tudo em excesso faz mal, as tecnologias não podem substituir as relações pessoais. Criança precisa brincar, correr e se sentir estimulada física e mentalmente. E isso só acontece quando um adulto a motiva e dá oportunidades de desenvolvimento. Dê o exemplo! Se você passa o dia na frente do computador respondendo aos amigos no facebook ou senta no chão para brincar com a sua criança enquanto posta uma foto nova no instagram, vai ser difícil convencer sua criança que o bom é correr e pular lá fora.

Não deixar o computador no quarto das crianças é uma boa maneira de acabar com a obsessão. Faça do computador um “aliado” mas não o “melhor amigo”.

Não esqueça que nada substitui um beijo e um abraço. Jogar no tablet, computador ou telefone pode ser divertido e excitante para as crianças e adolescentes mas nada vale mais do que atenção e carinho dos pais. 9


•  Escolha aplicativos educativos e estimulantes (ainda acho brincar com aplicativos melhor do que assistir televisão, pelo menos é uma atividade ativa onde as crianças estão “fazendo” algo). •  Estabeleça limites SEMPRE. É seu trabalho como pai/mãe fazer escolhas sadias para as suas crianças/ adolescentes. Decida quando e como. •  SEMPRE cheque o que seu filho está vendo/assistindo/brincando. Eu sempre “brinco” com o aplicativo que baixo para meu filho para ver o conteúdo. Se é apropriado, se é estimulante e se traz algo de novo para ele. •  Pense nos seus objetivos ao baixar aplicativos. Você quer algo para passar o tempo? Para levar numa viagem longa? Para aprender? E lembre-se, mesmo que o aplicativo seja maravilhoso é importante sempre encorajar moderação e limites. Além dos aplicativos nos telefones e tablets, vale lembrar que a tecnologia nos rodeia de formas diferentes. Falamos com a nossa família no Brasil através do Skype, assistimos TV on demand, ouvimos rádio e baixamos música através do Itunes ou Spotfy... Nossas crianças estão expostas a novas tecnologias de uma forma que nunca estivemos. Vamos usar esse material a nosso favor? Abaixo você encontrará uma lista com alguns aplicativos educativos interessantes (muitos em português para estimular o aprendizado da nossa língua) e outras dicas: Procure ouvir músicas e histórias no Spotify (procure por Gigi do Bambalalão para ouvir algumas histórias famosas como “O Patinho Feio” ou “Branca de Neve”, ou as músicas do Palavra Cantada, tudo em português) Assine a TV Globo por um mês ou dois enquanto a vovó/titia esta visitando (R$12.90 por mês). Alguns aplicativos interessantes para baixar: Abctrace - Inglês, português ou francês – Tablet ou Smartphone Ótimo aplicativo para crianças em idade pré-escolar que estão aprendendo a escrever e reconhecer as letras do alfabeto. Além de trabalhar a coordenação motora fina, cobrindo as letras maiúsculas e minúsculas, o aplicativo “fala” em português (“P de Papagaio), tem movimento e a criança pode escolher que cor quer usar. (3-5 anos) Descobrindo o ABC – Português – Tablet ou Smartphone Nesse aplicativo as crianças irão conhecer todas as letras do alfabeto e também palavras relacionadas a elas. Mais de 60 palavras com figuras divertidas e áudio para auxiliar o aprendizado. Pré-escolar (3-4 anos)


Play2Learn – Português brasileiro e de Portugal - Tablet ou Smartphone Excelente aplicativo para crianças que não sabem muito português. É dinâmico e mostra uma diversidade grande de situações para o aprendizado de palavras novas (a casa, a fazenda, o corpo, insetos, frutas...) (3 a 10 anos dependendo do nível de português) Bobzoom– Português, Espanhol e Inglês – Tablet ou Smartphone Música e muita música! Algumas favoritas como “A Dona Aranha” e “Pintinho Amarelinho”, as crianças adoram assistir desde muito cedo. Infelizmente esse é um dos aplicativos mais caros já que você precisa comprar as músicas (dica: compre o pacote com todas as músicas em português por $9.90 – 12 músicas, vale a pena! 1-6 anos) (O aplicativo do Palavra Cantada também é uma excelente opção musical) CpqD Primeiras Palavras - Português - Smartphone Para crianças mais velhas já em fase de alfabetização. Esse aplicativo dá oportunidade às crianças de formarem palavras e completarem frases inteiras. Também trabalha a leitura. (Para crianças em idade de alfabetização 6-8 anos) Toca Kitchen - Sem língua - Tablet Ajuda as crianças a entenderem sobre alimentos e cozinha em um ambiente de brincadeiras livres. Com o aplicativo, a criança mistura e prepara alimentos e receitas para ver a reação ao ser experimentadas por humanos ou personagens de animais. O aplicativo também foi premiado, e inclui um modo opcional vegetariano. Não fala em língua nenhuma mas é uma excelente oportunidade para os pais de conversar com os filhos sobre alimentos em português (ou inglês). (3 a 6 anos) IWriteMyName – Sem Língua – Tablet e Smartphone Treinar caligrafia. Os pais podem personalizar as palavras e as crianças treinam como escrevê-las. (4+ anos) Cristiane Diogo é formada em Pedagogia com especialização em Recursos Humanos e mora na Nova Zelândia desde 2005. Depois de uma carreira em produção de eventos em Fortaleza e muita correria, Cristiane está disfrutando a maternidade em tempo integral (tem dois meninos) e o estilo de vida laid back (muito relaxado) do neozelandês.


É POSSÍVEL EDUCAR SEM BATER?

A cultura da educação sem violência já existe na Nova Zelândia há muito tempo, embora o país ainda enfrente polêmicos números estals'cos de violência contra crianças. No Brasil, apenas recentemente essa questão foi revista e seriamente considerada como caso de polícia. A Lei Menino Bernardo (também conhecida como a Lei da Palmada) foi aprovada pelo Senado em maio de 2014 e prevê uma alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que proíbe quaisquer cas'gos osicos e humilhantes contra as crianças. Isso inclui apertões, beliscões, sacudidas, xingamentos etc., e a punição é severa para aqueles que tentarem descumpri-­‐la, resultando no encaminhamento dos pais a cursos de orientação, programas oficiais de proteção à família, podendo chegar a um tratamento psicológico ou psiquiátrico. A discussão sobre educar ou não sem bater levanta opiniões diversas no Brasil. Alguns veem a lei como uma exagerada intervenção do Estado, que poderá interferir nega'vamente no “poder ou autoridade” 12 da família sobre a criança ou adolescente.


Quem ainda não viu a postagem no Facebook onde a mãe (juíza) segura uma vara de madeira (Vara da Infância e da Juventude) representando a desaprovação da lei? Segundo os psicólogos e especialistas em educação, educar sem bater é algo possível, e toda a'tude agressiva, seja psicológica ou osica, até mesmo as “palmadas pedagógicas” poderão trazer danos para as crianças no futuro. A ideia por trás da educação gen'l é que ao abandonar a palmada nos vemos obrigados a achar outras alterna'vas, aprender a conversar com nossos filhos de uma maneira mais coopera'va, mais empá'ca e menos violenta. Nunca presuma que educar sem palmadas é sinônimo de permissividade ou que as crianças não terão limites. Sem uso da força osica nós somos forçados a pensar racionalmente e acabamos nos tornando exemplo de calma para o próprio filho. Em vez de bater, fazer o quê fazer? -­‐ Estude e entenda o comportamento de cada idade. -­‐  Não mostre descontrole e não grite, se for necessário, se re're da situação de tensão e se acalme antes de resolver o problema. -­‐  Ensine às crianças a respeitarem as regras desde cedo. Tenha regras claras e bem definidas. -­‐  Não diga palavrões e frases que baixem a autoes'ma da criança. Isso poderá se voltar contra você no futuro. -­‐  Apresente argumentos coerentes e faça com que a criança veja a situação de maneira racional. -­‐  Reforce o posi'vo, elogie mais do que cri'que. -­‐  Entenda que algumas situações são desencadeadoras de “birras” (fome, sono, cansaço...), tente evitá-­‐las. -­‐  Ensine pelo exemplo. O Mamãe Brasileira Aotearoa está organizando um segundo encontro e morning tea para discussão do tema, com base no livro Educar sem Violência, de Ligia Moreira Sena e Andrea C. K. Mortensen. Será uma manhã bem agradável no Plunket Parnell (192 Parnell Rd), às 10h , do dia 24 de setembro. Todas as mamães são bem–vindas.Para mais informações envie um email para mamaebrasileiranz@gmail.com ou mande uma mensagem na nossa página do Facebook www.facebook.com/MamaeBrasileiraNZ O livro Educar sem violência está disponível para emprés'mos na biblioteca do Mamãe Brasileira Aotearoa. Os emprés'mos são gratuitos. Em casos graves de violência domés'ca contra crianças, você poderá encontrar ajuda na Nova Zelândia acessando os websites www.raisechildren.gov.nz e www.ethnicaffairs.govt.nz ou pelos telefones abaixo: Auckland -­‐ 09 362 7981 -­‐ Wellington -­‐ 04 494 0546 Hamilton -­‐ 07 839 9961 -­‐ Christchurch -­‐ 03 339 5505 or 03 339 5459 MBA


Parte 2: Língua e Língua de Herança Caro leitor, aqui estamos para desdobrar o segundo capítulo da série Nos Caminhos do Bilinguismo. Na edição anterior batemos um papo sobre identidade cultural e agora, conforme o prometido, vamos conversar sobre língua e língua de herança. Tecnicamente falando, língua é um sistema de comunicação oral ou escrito desenvolvido por uma sociedade e que possibilita a comunicação entre as pessoas. É o nosso repertório linguístico que nos conecta à família e ao grupo viabilizando as relações. Também podemos dizer que a língua nos dá acesso à sensação de pertencimento, pois somente quando nos apropriamos da língua podemos participar ativamente dos “discursos” da sociedade nos tornando parte dela. Quer um exemplo bem prático que faz parte do nosso dia a dia de imigrantes? Quem não percebe que o aprendizado da língua é o primeiro passo para que o imigrante se integre à comunidade do país que escolheu para viver? Quanto à língua de herança, entenda como sendo a língua que aprendemos em casa, com a família, e que é diferente da língua dominante no país onde vivemos. A língua de herança é transmitida no seio do nosso lar e com a qual nossos parentes mais próximos estão conectados culturalmente. No nosso caso (brasileiros na Nova Zelândia), a língua de herança é o português. Claro que a transmissão da língua de herança para os nossos filhos, ao contrário do que possa parecer, não é algo fácil, pois as influências externas e a gama de possibilidades e oportunidades na língua dominante são muitas, e acabam pesando bastante nas escolhas das crianças. Mas é aí que a palavra escolha ocupa um lugar especial em nossas vidas.

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Você pode pensar que dar-se ao trabalho de transmitir ou não a língua de herança e fazer dela parte da formação do seu filho seja uma questão de opção, não é? Nesse caso uma opção sua, o adulto, aquele ser já “formado”. Contudo, não se surpreenda se um dia você descobrir que nós adultos (e as crianças também) somos seres constituídos de compartimentações que se interconectam e se transformam a todo momento, fazendo de nós criaturas não fixas, não formadas e de identidade múltipla; e isso acontece porque múltiplas foram as oportunidades da vida, as situações do dia a dia, as influências e as escolhas daqueles que nos criaram e educaram. Tudo isso se reflete nas nossas crianças no que diz respeito ao uso da língua dominante do local onde vivem e da língua de herança. As duas precisam estar lá para que sempre haja a possibilidade de escolha, pois não há castigo maior do que a impossibilidade de se escolher algo. Até o próximo capítulo!

Aline Nunes tem formação em Letras e é professora de língua portuguesa para crianças e adultos, além de investigadora do bilinguismo na educação infantil e do ensino da língua de herança. Contato: portuguese.language@bol.com.br


RECEITA

Essa receita tem passado de mão em mão entre amigas há tempos. É super fácil de fazer e você pode congelar a massa já pronta em forminhas de gelo e só colocar no forno quando precisar. Bom demais! Ingredientes: 1 Copo de Leite (tampa azul escura) 1 Copo de queijo ralado (Edam) ½ Copo de óleo 3 Copos de farinha de tapioca 1 Colher de sal Só precisa bater tudo no liquidificador e colocar em forminhas de muffins no forno por 15-­‐18 minutos a 180 graus. Só isso!

Pão de Queijo!

Imagem : Pinterest

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