Mururu no Amazonas

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© do texto, 2010 by Flávia Lins e Silva Direitos de edição adquiridos por Manati Produções Editoriais Ltda Av. Rio Branco, 114/702, Centro 20040-001, Rio de Janeiro, RJ Telefax: (21) 2512-4810, 2274-2942 manati@uninet.com.br www.manati.com.br É terminantemente proibida a reprodução do texto e/ou das ilustrações desta obra, em parte ou no todo, para qualquer fim, sem autorização expressa e por escrito da editora. Bia Hetzel e Hebe Coimbra Negreiros ILUSTRAÇÕES Maria Inês Martins (quarta capa e rosto) Silvia Negreiros (miolo) REVISÃO TIPOGRÁFICA Sheila Til REVISÃO DE ORIGINAIS

PROJETO GRÁFICO Silvia

Obra atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

S58M Silva, Flávia Lins e, 1971Mururu no Amazonas / Flávia Lins e Silva. - Rio de Janeiro : Manati, 2010. 88p. Prêmio João de Barro de literatura juvenil ISBN 978-85-86218-69-9 1. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Título. 10-1429.

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I

Não me fio na terra. Meu entendimento é com a água, por onde escorro os dias. A terra aqui só vem de visita. No mais, é lama submersa. Minha casa flutua no lago do Janauacá sobre doze toras grandes. Para quem vê de longe, parece jangada, mas nunca chegou a se mover. Só varia para cima e para baixo, acompanhando o suspiro do rio, ora cheio, ora mais ainda. A inundação maior acontece na época da chuva, que divide nosso ano em dois: inverno é quando chove muito; verão é quando o céu seca, esvaziando a existência. A temperatura é sempre a mesma: quente e úmida. Só refresca com o vento que anuncia tempestade. Tem coisa mais linda que o vento? Vem veloz, bulindo com tudo, causando arrepio na água. Desconfio que vento e água namoram desde sempre e que toda nuvem é cria dos dois. Quando o vento chega, corro para a janela e fecho os olhos. Sei que encontro de vento com água é quase invisível, mas se pode sentir. Os dois namoricam um pouco e o vento já parte, apressado, carregando as nuvens na imensa barriga do céu. A água então viaja para longe e vai renascer em outro canto.

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No verão, o vento descansa, as nuvens não viajam, os caminhos se esvaziam e o silêncio se espalha. Novidade não chega, recado não parte e cada um que se equilibre sobre seu filete d’água. Nasci para a água, e é ela quem me acolhe quando tudo o mais se esvai. Na água, tudo corre, tudo se move, tudo se modifica. Até mesmo os caminhos que um dia hei de seguir. Agora estão ali; logo mais podem não estar.

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II

Gosto de água de rio abraçando o corpo, gosto de água caindo do céu, se derramando nas ideias. Coisa que adoro é gosto de chuva: coloco a língua para fora e deixo gotejar. Fico assim por muito tempo, com a água entrando em mim, tocando tudo o que ainda quero ser. A vida aqui corre feito o rio — por dentro dele — e passo meses sem pisar em terra. Minha mãe conta que aprendi a remar antes mesmo de andar, me agarrando aos remos. Minha ponte é meu casquinho, minha canoa cavada em tronco. Quando o rio sobe alto, nem preciso me pendurar em galho de árvore para colher fruta: chego com o casquinho até a copa, estico a mão e puxo. A árvore carregada fica bem na altura do meu barco, é só sacudir um galho e esperar cair. Fruta que me faz encher o casquinho é cupuaçu. Ê, frutona! Pego dois cupus, bato um no outro e abro a casca dura. Com o dente, separo o gosto azedinho do caroço. Depois, levo alguns para casa e ajudo a mãe a preparar a geleia. Comemos também muita tapioca recheada de tucumã, fruto tão delicado que, se tirar casca de mais, some.

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