O Colar de PĂŠrolas
Graziela Bozano Hetzel
O Colar de Pérolas i l u s t r a ç õ e s
Andréia Resende
Menção Altamente Recomendável (FNLIJ, 2003)
© do texto, 2002 by Graziela Bozano Hetzel © das ilustrações, 2002 by Andréia Resende Direitos de edição adquiridos por Manati Produções Editoriais Ltda. Telefax: (21) 2512-4810, 2274-2942, manati@uninet.com.br www.manati.com.br É terminantemente proibida a reprodução do texto e/ou das ilustrações desta obra, em parte ou no todo, para qualquer fim, sem autorização expressa e por escrito da editora. Projeto gráfico: Andréia Resende Revisão de originais: Luzia Ferreira de Souza e Tereza da Rocha Obra atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa 1ª edição, 2002 / reimpressões 2003, 2005 / 2ª edição, 2011
CIP–Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
H519c 2.ed. Hetzel, Graziela Bozano, 1945– O colar de pérolas / Graziela Bozano Hetzel ; ilustrações Andréia Resende. - 2.ed. – Rio de Janeiro : Manati, 2010. 40p. : il. "Menção Altamente Recomendável (FNLIJ, 2003)" ISBN 978-85-86218-75-0 1. Alcoolismo – Literatura infantojuvenil. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Resende, Andréia. II. Título. 10.3714
CDD 028.5 CDU 087.5
S
obre o veludo azul, quase negro,
o colar de pérolas brilha, nacarado. Sem palavras, a menina se aproxima, olhos muito abertos presos ao estojo. A mãe volteia pelo quarto, ruído macio de seda misturado ao tiquetaquear dos saltos altos, perfume penetrante em vez da suave lavanda de todos os dias.
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Pela janela aberta, outros sons e aromas vêm dizer à menina que a noite será de festa e medo. Festa para a mãe que cantarola baixinho, medo para ela, em cujos olhos as pérolas despertam lágrimas. O pai entra, envolto em nuvem de fumaça adocicada. A menina, que não gosta de doces e às balas prefere o sal, limpa com os dedos as lágrimas e depois os lambe um a um, como na praia. — O que você está fazendo, Alice? — pergunta o pai, a voz abafada pelo cachimbo preso entre os dentes. Sem responder, a menina afasta-se do colar, escorregando para junto da gata que cochila em cima da cama. A gata entreabre os olhos e espreguiça-se, ronronando. Alice se faz novelo em torno dela.
Por entre as pálpebras semicerradas vê a mãe prender o colar ao pescoço. Depois, um roçar áspero de lábios em sua testa, mãos leves que aconchegam uma coberta sobre seu corpo e as luzes do quarto se apagam, restando apenas a claridade de um abajur de pé. A menina respira com dificuldade. O medo aperta sua garganta, fazendo-a grudar o corpo ao da gata. Depois de algum tempo, adormece.
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