Pré-história do Brasil

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ORGANIZAÇÃO

Bia Hetzel Silvia Negreiros COORDENAÇÃO CIENTÍFICA

Madu Gaspar

Pré-história do Brasil FOTOS

Bernardo Magalhães Ezio Luiz Rubbioli Fernanda Turchetti Luciana Alt Luiz Claudio Marigo Luiz Monforte Mariana Massarani Roberto Alves Barrio Vitor Moura


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© 2007 by Manati Produções Editoriais Ltda. Direitos de edição adquiridos por Manati Produções Editoriais Ltda. Telefax: (21) 2512-4810, 2274-2942 manati@uninet.com.br www.manati.com.br É terminantemente proibida a reprodução do texto e/ou das ilustrações desta obra, em parte ou no todo, para qualquer fim, sem autorização expressa e por escrito da editora. Este livro foi publicado também em inglês, sob o título Prehistory of Brazil.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. P932p Pré-história brasileira / organização Bia Hetzel, Silvia Negreiros ; coordenação científica Madu Gaspar ; fotos Bernardo Guimarães... [et al.]. – Rio de Janeiro : Manati, 2007 272p. : il. col. ; Apêndice Inclui bibliografia ISBN 978-85-86218-40-8 1. Arte pré-histórica – Brasil. 2. Pinturas rupestres – Brasil. 3. Brasil – Antiguidades. I. Hetzel, Bia,1968-. II. Negreiros, Silvia,1954-. III. Gaspar, Madu. 06-2439.

CDD 709.01130981 CDU 7.031.1(81)


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AG R A D E C I M E N TO S Aos patrocinadores, por tornarem possível a realização deste projeto Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobrás Infraero – Aeroportos Brasileiros Multistock Securitizadora de Créditos Financeiros Eleb – Embraer Liebherr Banco Máxima Ao Ministério da Cultura pelo incentivo ao projeto através da Lei Rouanet Às instituições que facilitaram o acesso a seus acervos de imagens Grupo Bambuí: Ezio Rubbioli, Fernanda Turchetti, Luciana Alt, Roberto Barrio e Vitor Moura Museu Paraense Emílio Goeldi: Edithe Pereira Museu Nacional: às pesquisadoras Thereza Barcellos Baumann e Tania Andrade Lima e aos funcionários Ana Luiza Nascimento, Bruno Lima, Graciele Siqueira, Luiz Carlos Menezes e Marilene Alves Instituto Anchietano de Pesquisas – Unisinos A todos aqueles que colaboraram neste projeto Carlos Monte, Eugênia Vitória e Silva de Medeiros, Fábio Vidigal, José Pereira da Silva, Liz Medeiros, Maria Cristina Pierotti, Mariana Massarani, Marilda Bastos, Regina de Assis, Regina Werner, Ricardo Penteado e Zé de Boni

Agradecimento especial Aos cientistas e pesquisadores que gentilmente dedicaram parte do seu tempo a colaborar nesta obra através de entrevistas e depoimentos, nos quais nos apresentaram informações atualizadas sobre suas áreas de pesquisa e de especialização que serviram de base para o texto geral do livro: Alexander Kellner (Paleontologia) André Prous (Primeiros habitantes, Inscrições rupestres) Angela Buarque (Tupi) Antonio Brancaglion (Egito) Antonio Souza Lima (Índios brasileiros) Arno Kern (Missões Jesuíticas-Guarani) Cristiana Barreto (História da arqueologia brasileira) Eduardo Neves (Amazônia) Edithe Pereira (Inscrições rupestres da Amazônia) Gilson Martins (Pantanal) Ibsen de Gusmão Câmara (Megafauna, Geologia) Maria Cristina Tenório (Sambaquis) Nanci Vieira (Homem de Lagoa Santa) Niéde Guidon (Parque Nacional da Serra da Capivara) Paulo De Blasis (Primeiros habitantes) Paulo Tadeu de Souza Albuquerque (Inscrições rupestres) Pedro Ignácio Schmitz (Buracos de bugre) Walter Neves (Homem de Lagoa Santa, Antropologia evolutiva) Rosana Najjar (Iphan) Tania Andrade Lima (Arqueologia)


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Organização da obra e coordenação editorial

Bia Hetzel Silvia Negreiros

Projeto gráfico

Ensaio fotográfico

Silvia Negreiros

Bernardo Magalhães capa, 8b, 8d, 9a, 9b, 9c, 9d, 10, 47, 48, 49, 50, 51 58, 59, 68, 70, 71a, 71c, 71d, 73, 138a, 138b, 139a, 139b, 139c,

Ilustrações

Andréia Resende Coordenação científica

Madu Gaspar

Editoração eletrônica

Pesquisa

Silvia Negreiros Andreia Dias Manes

Bia Hetzel Madu Gaspar Wagner de Oliveira

Entrevistas com pesquisadores

Madu Gaspar Wagner de Oliveira

174, 176a, 176b, 180, 182a, 182b, 183, 192, 193a, 193b, 193c, 194, 195, 200, 201a, 201b, 202, 203a, 203b, 204, 205, 206a, 206b, 207a, 207b, 208, 209, 210a, 210b, 211a, 211b, 212, 213, 214, 215a, 215b, 217, 218,

Revisão de textos

253a, 253b, 254, 255, 256, 257, 258a, 258b, 259, 260, 261, 272

Luzia Ferreira de Souza Tereza da Rocha

Mariana Massarani 4, 19, 69, 162, 163, 165, 168a, 169a, 169b, 170, 171a, 171b, 172a, 172c, 172d, 172e, 172f, 172g, 172h, 173a, 173b, 175a, 177, 178a, 178b, 181, 186, 187, 188, 189a, 189b, 190a, 190b, 191a, 191b

Edithe Pereira (© Museu Paraense Emílio Goeldi)

Escaneamento de imagens

8a, 61, 71e, 126, 127a, 127b, 128a, 128b, 129, 130a, 130b, 130c, 131a,

Open Publish

131b, 131c, 132a, 132b, 132c, 132d, 133a, 133b, 134a, 134b, 134c, 134d, 135, 136a, 136b, 136c, 136d, 137a, 137b Vítor Moura 6, 7, 12,

Tratamento de imagens e produção gráfica

Wilson Barboza Silvia Negreiros

Edição de textos

Bia Hetzel Wagner de Oliveira

150, 151, 156a, 156b, 157a, 157b, 158, 159a, 159b, 160a, 160b, 161,

219a, 219b, 239, 240, 241, 242, 243, 248, 249, 250a, 250b, 251, 252,

Pesquisa de imagens

Bia Hetzel Silvia Negreiros

140, 141, 142, 143, 144a, 144b, 145, 146, 147a, 147b, 147c, 148, 149,

Impressão

Pancrom

21, 39, 67, 71b, 115, 220, 221, 222, 223a, 223b, 225, 226, 227, 228a, 228b, 230, 231a, 231b, 232, 233, 234, 235, 237, 238, 244, 246a, 246b, 247

Luiz Claudio Marigo 3, 23, 45, 63, 81, 91, 99, 103, 104, 105,

107, 110, 124, 125, 164, 166, 167, 168b, 168c, 168d, 168e, 173c, 184, 185 Luiz Monforte 71f, 152, 153, 154, 155a, 155b, 155c Roberto

Barrio 8c, 172b, 175b, 198, 199, 236 Ézio Rubioli 196, 197, 216, 245 Luciana Alt 33, 179 Fernanda Turchetti 224, 229 Fotos de acervo e pesquisa de campo

Fábio Vidigal 53a, 64a, 64b, 65a, 65b, 65c, 74a, 74b, 75, 76a, 76b, 76c, 77a, 77b, 77c, 82a, 82b, 83a, 83b, 84, 85a, 85b, 86a, 86b, 87, 88a, 88b, 88c, 89a, 89b, 97 Bia Hetzel 14, 27, 42a, 42b, 53b, 78b Angela

Buarque 96 Gilson Martins 109 Madu Gaspar 78a

L EG END A S COM P L EM ENTA R ES CAPA: Toca do Cosmo, BA ABERTURAS: p. 3, Gruta de Maquiné, MG; p. 4, Serra da Capivara, PI; p. 6, Vale do Peruaçu, MG; p. 7, Vale do Peruaçu, MG; p. 8a, Jatuarana, PA; p. 8b, Carnaúba dos Dantas, RN; p. 8c, Serra da Capivara, PI; p. 8d, Fazenda Água Limpa, SP; p. 9a, Ilha dos Corais, SC; p. 9b, Cerca Grande, MG; p. 9c, Ingá, PB; p. 9d, Toca dos Búzios, BA; p. 10, Ingá, PB; p. 12, Vale do Peruaçu, MG; p. 14, Baía da Ilha Grande, RJ; p. 19, Serra da Capivara, PI; p. 45, Gruta de Maquiné, MG; p. 61, Monte Alegre, PA; p. 91, Rio Negro, Pantanal, MS; p. 110, Índio Kanela, MA; p. 124, Serra da Capivara, PI; p. 125, Serra da Capivara, PI


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Sumário

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Apresentação

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Introdução: Para reconstruir o passado

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Três bilhões de anos de história Quando o Brasil começou As entranhas da Terra Os gigantes do Brasil A megafauna extinta

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A redescoberta do Brasil O naturalista que reinventou o passado Luzia: ícone do ancestral brasileiro

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Os primeiros habitantes do Brasil Os caçadores-coletores Os antigos soberanos da costa O caldeirão cultural amazônico

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Confrontos e conquistas A diáspora Tupi Os buracos de bugre As missões Jesuíticas-Guarani Pré-história pantaneira

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Conclusão: Para construir o futuro

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Apêndice : O interesse pelo passado

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Brasil Rupestre

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Glossário

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Referências bibliográficas


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N ó s t e mo s q u e e nt e n d e r q u e e s t e p la n e t a n ã o é n os s o.


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A P R E S E N TA Ç Ã O

P

RÉ-HISTÓRIA DO BRASIL apresenta a

história da formação, natural e social, do que é hoje o território brasileiro. Trata-se de um projeto audacioso que traça um panorama que se inicia 3 milhões de anos atrás com a formação do continente americano, os primeiros caçadores que aqui chegaram e a diversificação cultural que ocorreu. É uma síntese dos resultados de pesquisa da nossa préhistória realizada por conceituados arqueólogos, antropólogos e paleontólogos. Mostra como o estudo do passado está sendo feito e que, com o avanço das ciências envolvidas, provavelmente ainda haverá alterações em uma parte significativa do que já sabemos. Este livro representa a realização de um sonho que consiste na divulgação do patrimônio arqueológico e dos excelentes estudos que estão sendo realizados no Brasil. Até poucos anos atrás, a arqueologia se caracterizava pela elaboração de trabalhos essencialmente técnicos e descritivos que pouco atraíam os leitores. Mas, a partir de 1990, a disciplina integrou-se definitivamente às ciências sociais, propondo-se a construir interpretações sobre o modo de vida dos grupos sociais que ocuparam o Brasil antes da invasão européia. Voltou-se, também, para o estudo dos diferentes segmentos sociais que aqui se instalaram após a chegada dos europeus. Pré-história do Brasil é, portanto, uma peça importante desse esforço pela divulgação científica da saga do nosso território e dos diferentes grupos que o habitaram e ainda o habitam. Mais ainda: convoca a todos para a importante tarefa de preservar o patrimônio arqueológico brasileiro. M A D U G A S PA R


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Macaco é gente, não fala para não ter de trabalhar. Dito popular brasileiro

INTRODUÇÃO

Para reconstruir o passado

N

ão faz muito tempo, deparei com

a seguinte cena no Jardim Botânico: um grupo de macacos-prego divertia-se divertindo o público vespertino. Os macacos mostravam-se especialmente interessados nas crianças. Ouvi uma garotinha gritar de alegria por ter ensinado um macaco a balançar a cabeça e a fazer caretas. De fato: a menina e o macaco faziam movimentos sincronizados, sacudindo o rosto, mostrando os dentes, fazendo bico. Brincaram bastante, até que a menina se cansou e foi embora. O macaco ficou. Minutos depois, lá estava um rapaz gabando-se de ter ensinado graças ao mesmíssimo animal: “Olha! Ensinei o macaco a sacudir a cabeça! Olha! Ensinei ele a fazer careta!” E eu ali, pasma. Impressionada com o macaco-professor-de-turistas, ao chegar em casa fui consultar meus livros sobre mamíferos. Descobri mil coisas sobre os macacos-prego. Os Cebus apella podem viver mais de 30 anos e gostam de andar em grupos só de machos, jovens e adultos. Recentemente, descobriu-se também que são capazes de criar e usar ferramentas, como só os mais inteligentes primatas conseguem — chimpanzés, homens etc. Privilegiados que somos de morar numa cidade em parte ocupada por matas, um dia recebemos a visita de um C. apella no escritório. O macaco tinha se aproximado para comer a jaca de uma árvore próxima mas, antes de avançar na fruta, quebrou um galho e o enfiou em uma bromélia para buscar água e insetos. Empolgada, despejei sobre uma amiga meus estudos de zoologia: “Sabia que há pouco tempo descobriram que eles fabricam ferramentas?” “Sei... Mas há quanto tempo será que eles aprenderam a fabricá-las? Eles também nos observam; será que esse convívio não deu umas idéias aos bichos?”


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INTRODUÇÃO

Relato esses encontros com nossos primos primatas não para fazer um paralelo com nossas origens animais. Em pleno século XXI, sei que a maioria das pessoas já foi convencida pelo imbatível Darwin da evolução das espécies. Comento os dois episódios para ilustrar as armadilhas epistemológicas que cruzam o caminho do homem — primata que fala, que produz “cultura”, que fabrica ferramentas, que é influenciado pelo ambiente e também influencia o meio em que vive — em suas tentativas de formalizar, organizar e transmitir o conhecimento adquirido sobre o mundo ao qual pertence e também sobre si mesmo, como ser animal e ser cultural que todos somos. Para organizar e transmitir ao leitor esse panorama de descobertas e imagens da préhistória de um país que é quase um continente, temos de mergulhar em escorregadios e, em muitos aspectos, ainda incompletos campos do conhecimento que são a arqueologia, a antropologia ecológica, a paleontologia e a biologia. E esclarecer alguns pontos. Primeiramente, o homem que viveu no passado remoto do Brasil nunca “viveu” em cavernas. Se foi em grutas e abrigos sob-rocha que se preservaram os artefatos, pinturas e gravuras pré-históricos, isso ocorreu por causa da natureza de tais ambientes: abrigos naturais que protegeram das intempéries os vestígios arqueológicos. É difícil supor que o homem, mesmo 600 gerações atrás, iria se entocar em lugares úmidos e escuros tendo por perto ambientes generosos como o cerrado, as matas, os rios e o litoral. Pelo mesmo raciocínio, vamos evitar um equívoco ainda comum entre os leigos no assunto: esses povos nunca usaram “apenas” ou “principalmente” objetos e ferramentas de pedra, fosse lascada ou polida. Acontece que, em nosso clima úmido e nossos solos antigos e ácidos, a pedra tem maior durabilidade do que materiais perecíveis muito utilizados por serem mais maleáveis e fáceis de dispor, como madeira, folhas, fibras vegetais, peles, plumagens, conchas e ossos de animais. É bom esclarecer também que o homem nunca conviveu com os dinossauros. Esses répteis dominaram o planeta dezenas de milhões de anos atrás e desapareceram há 65 milhões de anos, ou seja, muito antes de nossos antepassados terem sequer a classificação de Homo. O primeiro primata “humano” conhecido, muitíssimo diferente de nós, data de 5 a 6 milhões de anos. A espécie Homo sapiens sapiens, aquela que podemos chamar de “gente” como a gente, tem só 200 mil anos. O homem e os dinossauros não se cruzaram na


PA R A R E C O N ST R U I R O PA S S A D O

escala do tempo, mas está provado que nossa espécie conviveu com a megafauna extinta há pouco mais de uma dezena de milhares de anos. Portanto, ao ler este livro, é importante que o leitor tenha em mente a escala do tempo. Não podemos esquecer também que, ao tentar reconstruir o passado, não devemos fazer como a menina e o rapaz do Jardim Botânico. É fundamental respeitar a individualidade, a particularidade e a inteligência do homem pré-histórico. Tampouco devemos imaginar o “outro”, o sujeito que interagia com o ambiente milhares ou centenas de anos atrás, sob nossa ótica particular. Se o clima e os ambientes do planeta mudam em semanas, dias, horas; se eles se mostram tão sensíveis a fatores aleatórios e fortuitos (um meteoro, uma bomba ou um terremoto); e se nós mesmos mudamos a cada década, ano, mês, dia, hora, minuto, como podemos começar a viajar pela pré-história sem antes passar uma borracha no presente e criar um silêncio ou uma tela vazia, para deixar que os extraordinários e diversos mundos naturais e culturais do passado preencham nossa mente? O processo evolutivo, as “revoluções” biológicas e culturais não aconteceram no passado: eles acontecem permantemente. Limpar nossa memória de preconceitos nos deixa livres para enxergar as descobertas científicas com mais nitidez e contraste. Não podemos imaginar a vida na pré-história como se uma máquina do tempo tivesse feito o homem aterrissar no passado com os mesmos hábitos e repertórios de conhecimento de hoje. E se o homem do passado não é o mesmo de hoje, que dirá o ambiente! Há 18 mil anos, a temperatura geral era em média 6 graus mais fria do que a atual e o litoral estava quilômetros afastado de onde hoje se situa a linha do mar. A temperatura foi esquentando, as geleiras diminuindo, o nível do mar subindo, e a terra virou mar. Chegamos ao “ótimo climático”, no qual ainda estamos, um período tão favorável que permitiu a explosão populacional de nossa espécie. Só que ninguém sabe bem por quanto tempo vai tudo ficar tão ótimo... Finalmente, mais um detalhe: quando falarmos da vida pré-histórica, dos povos nativos, não estaremos fazendo qualquer menção ao “ bom selvagem”. Ficaria um pouco difícil sustentar a idéia de um antepassado benevolente, vivendo em equilíbrio e harmonia com a natureza idílica. Apenas 500 anos atrás, milhares de pessoas que habitavam o Brasil mantinham ritos canibais e viviam em estado de guerra permanente. BIA HETZEL

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