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Ana Elisa
Bairro a Bairro Ah! O Ipiranga! Esse bairro paulistano tão especial!
Ana Elisa Rodrigues Bueno
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O Bairro do Ipiranga, símbolo da história do nosso país, construído por tantas pessoas e nacionalidades, suas histórias, seus contrastes e memórias, está às vésperas do seu bi-centenário. Para comemorar tão importante data o projeto “ O Grito do Ipiranga”, idealizado e desenvolvido por um grupo de “sessentões” integrantes do Coletivo Trabalho60+, onde eu me incluo, tem como foco nessa primeira etapa a produção de uma mini-série em 4 capítulos, apresentada pela UPTV, WebTV do ABC, à partir do próximo mês de Outubro. A coordenação geral está a cargo de Flávio Luiz Passaia, seu idealizador. A mini-série vem resgatar as memórias do Ipiranga e seus encantos, dar notoriedade ao potencial econômico, sócio-cultural, gastronômico e turístico, com uma mescla de história e modernidade, e potencializar ainda mais a Voz desse bairro tão importante da região sudeste da cidade de São Paulo. O programa está recheado de muitas vozes do Ipiranga, historiadores, bate-papo entre velhos amigos de escola, depoimentos de antigos e atuais moradores, novas abordagens e descobertas, os novos recursos do bairro. Esse Grito, essa Voz do Ipiranga será surpreendente. Não perca!
Foto: USP
Aprendizagem na 3ª idade Somos o que fazemos com nossas lembranças
Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade
As perguntas formuladas por um leitor desta Magazine 60+ motivaram meu artigo anterior. Para relembrar: “É natural a pessoa apresentar falhas de memória com o avanço da idade? A atenção fica prejudicada no idoso? A pessoa, à medida que envelhece vai perdendo sua capacidade de concentração?”. Aqueles que já ultrapassaram os sessenta anos de idade precisam conhecer os cuidados que devemos dedicar à atenção, à concentração e à memória. São três competências que o cérebro possui e que se encontram estreitamente vinculadas. Coletar informações oferecidas pelo ambiente e processá-las de forma a reagir adequadamente a elas; transformá-las – informações e reações – em aprendizagens; resgatar lembranças bem ou mal sucedidas, agir e, assim ser capaz de se adaptar às condições apresentadas na vida cotidiana são exemplos de algumas das muitas ações mentais que fazemos ao longo de nossas vidas, na maioria das vezes sem nos darmos conta de sua existência ou importância. A memória participa de todas elas e depende da concentração e da atenção que garantem a retenção das informações. Entre as muitas atribuições que nosso sistema nervoso possui, a memória é aquela destinada a adquirir habilidades e conhecimentos úteis e importantes para garantir e preservar a vida da pessoa. Incluem-se aqui tanto as informações e aprendizagens que dizem respeito à subsistência pessoal quanto as que asseguram a participação na sociedade. Temos um sem número de informações em nossa memória que variam desde as mais simples e corriqueiras às mais intrincadas e complexas. As memórias nos tornam pessoas únicas, diferentes de todas as outras, pois se revestem ou se associam às emoções que despertaram no momento em que foram vividas. Daí a diferença entre as memórias de pessoas que viveram ou presenciaram o mesmo fato. Emoções, grau de compreensão e de consciência, além do
magazine 60+ #27 - Setembro/2021 - pág. 57
Foto: arquivo estado de ânimo, respondem pelo modo como as memórias se fixam em nosso cérebro. As memórias são responsáveis pelo que fomos no passado, pelo que somos no presente e pelo que seremos no futuro. Nossas memórias e o que fazemos com elas. O envelhecimento, como qualquer outra etapa do desenvolvimento humano, traz perdas e ganhos para quem chega nesta idade. Esquecimentos constituem uma das queixas frequentemente citadas nas consultas médicas pelas pessoas que possuem sessenta anos ou mais. Ao envelhecermos a memória é a principal fonte de nossos conhecimentos e os possíveis lapsos são dolorosamente sentidos pelos idosos. Neste momento é que começamos a reconhecer a importância da memória para vivermos uma velhice mais saudável e lúcida. Diariamente ficamos expostos a grandes quantidades das mais variadas informações que chegam até nós pelos canais sensoriais: visão, audição, paladar, tato e olfato. No sistema nervoso todas serão processadas, algumas compreendidas e armazenadas, enquanto outras serão descartadas. Aquelas que permanecerão serão relacionadas com outras já armazenadas para complementar e enriquecer o conhecimento que possuímos sobre um determinado assunto ou contexto. Assim, ao lhes conferir sentido e armazená-las são estabelecidas as relações que facilitarão sua evocação. Durante toda a vida nos lembramos e nos esquecemos de situações, nomes de pessoas, datas e de inúmeras outras informações. É normal e necessário esquecermos. O esquecimento retira da memória o que não é relevante para nós, abrindo espaço para o armazenamento do que é importante, facilitando sua precisa e rápida evocação. O esquecimento também ocorre para informações que foram armazenadas e que não são utilizadas. O desempenho cognitivo do idoso é o resultado de diversas condições que ao longo da vida vão sendo determinadas: cuidados com a saúde, exercícios físicos, o engajamento social, o contato intergeracional, a leitura, a meditação e a reflexão sobre os acontecimentos do cotidiano tanto em termos do âmbito pessoal quanto no âmbito social. A alimentação saudável e uma série de outras situações provocarão impactos positivos – favorecendo a plasticidade do cérebro adulto e a manutenção do desempenho cognitivo saudável – ou negativos no envelhecimento da pessoa. Se a atenção, concentração e memória se tornaram motivo de real preocupação para o idoso e sua família porque associadas a sintomas que podem indicar problemas de saúde e dificuldades físicas, convém buscar uma orientação médica de um neurologista ou um neuropsicólogo. Entretanto, muitas vezes, para não dizer quase sempre, as razões são comportamentais, podem ser diagnosticadas e tratadas sem remédios ou terapias intensas. Sempre será possível adotar hábitos de vida mais saudáveis, praticar e desenvolver exercícios que estimulam as funções cognitivas – memória, atenção, planejamento, socialização... Nós da Feliz Idade teremos prazer em ajudar para que as melhores alternativas sejam encontradas, nesta prática de envelhecer saudavelmente. Escreva para nosso e-mail: qualidadevidaidosos@gmail.com, ou para a Magazine 60+. Teremos prazer em responder.
Pergunta:
Aqui entre nós
Perguntas do Leitor
J. L. Scheling – Chapecó – SC 1 – Parabéns pelos seus artigos, sempre úteis e otimistas. Um amigo meu - que já passou dos oitenta anos e casado há mais de cinquenta – se queixa de que está insuportável conviver com as manias de sua esposa, ela reclama de tudo o tempo todo, diz que ele “não passa de um velho chato e imprestável”. Os dois tomam remédios, mas não adianta nada; o que vocês responderem eu vou ler para os dois. Muito obrigado! Sr. Scheling, como é importante a presença de amigos que se importam e se preocupam com a gente. Certamente a amizade, principalmente quando vinda de longa data, nos torna meio que irmãos, tamanho é o conhecimento que um tem a respeito do outro, a confiança e a cumplicidade que se estabelecem em função da amizade. Graças a esse sentimento o senhor se mobilizou para ajudar o casal a enfrentar esse problema relacional que ora se apresenta. O casamento, embora ocorra por razões bem mais complexas, também se reveste dos sentimentos de amizade, confiança e cumplicidade. Presume-se que o casal ao longo dos anos, pela proximidade não apenas física, mas de ideias e ideais, venha a se conhecer tão intensamente que às vezes um único olhar é o suficiente para traduzir tudo o que se pensa ou o que seria dito em palavras a respeito de determinadas situações. Um conhecimento profundo, íntimo que vai se completando à medida que os filhos nascem e são iniciados na vida pelo carinho e amorosidade desses pais. A partir daí são muitos os desafios, as dúvidas, as surpresas, as novidades, as ilusões e desilusões. Os filhos crescem, escolhem seus caminhos e o casal volta à condição inicial: duas pessoas que supostamente se complementam.
Malu Navarro Gomes
Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso.
blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com