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Luiz A. Moncau ..........................................................................................................71 e

Foto: portaldoenvelhecimento.com.br descubro surpreso que mentalmente ainda sou muito capaz (ou será que é doença continuar sendo capaz?). Participo de grupos e atividades em diferentes organizações a demandarem minha mente e meu tempo, o que implica em novos conhecimentos e desafios. Como muitos permaneço bastante ativo e fico me perguntando qual a classificação que a CID 11 dará para essa enfermidade. Tenho, porém, uma certeza: não quero ser “curado”! Há outro ponto importante, que muito contribui para agravar os meus sintomas. Há questão de três anos entrei para um “sanatório” (lugar em que se “sana”) chamado Trabalho 60+. E’ uma reunião de pessoas, segundo a OMS “doentes” como eu, que estimula os/as 60+ a buscarem realizar todo seu potencial acumulado em décadas de experiência de vida e trabalho. Estimulamos a busca de novas atividades, novos empreendimentos, novas conquistas e satisfações. Propagamos de forma incansável o vírus de aproveitar intensamente essa fase maravilhosa da vida. E, extremo de imprudência, não trabalhamos na surdina. Não! Somos ousados e abertos para novos adeptos que surgem dia a dia, participamos de congressos, de lives, blogs e redes sociais, colaboramos entre nós e com outras organizações para criarmos iniciativas corajosas, pois dentro de nós há uma chama que não se apaga. Estamos todos contaminados pela alegria e vontade de viver.

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E agora, lendo os jornais, descubro que por sermos idosos querem que sejamos considerados doentes. Não dá para engolir. E confesso em alto e bom som: “Estou vibrando por ser idoso! Que benção, que maravilha!”

PS: Se for a favor, assine o manifesto Velhice Não É Doença em: tinyurl. com/velhicenaoedoenca

Profissão: Escritor

MARIA ELIZABETH CANDIO Escritora A.C.L

Sou poeta, revisora e professora universitária paulistana. Cursei Mestrado em Literatura Comparada na USP e tenho dois livros publicados: Canção Necessária, de 1986, e Ávida Vida, de 2020. Conquistei alguns prêmios literários, dentre os quais o primeiro lugar no Concurso Escriba de Poesias. Pertenço à Academia Contemporânea de Letras, ocupo a cadeira 32 e minha patronesse é Clarice Lispector. Eu me descobri poeta quando minha professora do quarto ano primário, em 1969, disse que o que eu tinha escrito era um poema e não uma redação. Porque eu sempre tirava nota dez nas redações e ia ler na frente da classe. Mas, um certo dia, ela disse, ao término da minha leitura, que aquilo era um poema, não uma redação. Que eu era uma poeta. E eu nem sabia o que era poesia e poeta, Então tomei um susto. O nome dela, que foi a primeira grande professora da minha vida, era Ruthe Fonseca Pedroza. A partir daí eu comecei a buscar livros de poesia para ler. O primeiro que li foi do J.G de Araújo Jorge. Depois, Olavo Bilac, Cecília Meirelles e Manuel Bandeira. Mas me apaixonei pelo poema Tecendo a manhã, de João Cabral de Mello Neto, e passei a querer escrever como ele, que foi tema do meu Mestrado, mas com outro livro, o incrível Morte e vida Severina. Ele e Cecília foram minhas primeiras paixões poéticas, seguidas por Carlos Drummond de Andrade e Manoel de Barros que é, até hoje, meu poeta predileto. Aos onze anos, eu escrevi um poema chamado Por Amor, que declamo até hoje. Mas nunca publiquei. Aos 15 escrevi aquele que acho ser meu primeiro bom poema: Brecha. Que está tanto no Canção Necessária, quanto no Ávida Vida.

MÃE Quando dobro a esquina da memória, a mãe que eu tive encontra a mãe que eu sou. E então a porta do sagrado se abre e eu abro os braços para o divino em mim. Desenho retratos de sorriso na lembrança e guardo a chave da porta num baú de gratidão adornado com bênçãos e tulipas. Depois olho as estrelas no céu e me convenço de que há um lugar no peito onde as estrelas brilham mais.

O RESTO É SEGREDO Tenho trazido conchas que recolho nas marés

Foto: Pinterest

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